RESSALVA Atendendo solicitação do(a) autor(a), o texto completo desta Tese será disponibilizado somente a partir de 30/08/2021. unesp UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” Faculdade de Ciências e Letras Campus de Araraquara - SP Alekssey Marcos Oliveira Di Piero A EDUCAÇÃO SEXUAL NA CONSTITUIÇÃO DA CIDADANIA GLOBAL COMO PROJETO DE TRANSIÇÃO: ENSAIO A PARTIR DAS EPISTEMOLOGIAS DO SUL ARARAQUARA – S.P. 2019 Alekssey Marcos Oliveira Di Piero A EDUCAÇÃO SEXUAL NA CONSTITUIÇÃO DA CIDADANIA GLOBAL COMO PROJETO DE TRANSIÇÃO: ENSAIO A PARTIR DAS EPISTEMOLOGIAS DO SUL Tese de Doutorado apresentada ao Programa de Educação Escolar da Faculdade de Ciências e Letras – Unesp/Araraquara, como requisito para obtenção do título de Doutor em Educação Escolar. Linha de pesquisa: Sexualidade, Cultura e Educação Sexual Orientadora: Ana Claudia Bortolozzi Maia Bolsa: CNPq ARARAQUARA – S.P. 2019 P619e Piero, Alekssey Marcos Oliveira Di A educação sexual na constituição da cidadania global como projeto de transição : ensaio a partir das Epistemologias do Sul / Alekssey Marcos Oliveira Di Piero. -- Araraquara, 2019 150 p. Tese (doutorado) - Universidade Estadual Paulista (Unesp), Faculdade de Ciências e Letras, Araraquara Orientadora: Ana Claudia Bortolozzi Maia 1. Educação Sexual. 2. Cidadania Global. 3. Transição. 4. Epistemologias do Sul. I. Título. Sistema de geração automática de fichas catalográficas da Unesp. Biblioteca da Faculdade de Ciências e Letras, Araraquara. Dados fornecidos pelo autor(a). Essa ficha não pode ser modificada. ALEKSSEY MARCOS OLIVEIRA DI PIERO A EDUCAÇÃO SEXUAL NA CONSTITUIÇÃO DA CIDADANIA GLOBAL COMO PROJETO DE TRANSIÇÃO: ENSAIO A PARTIR DAS EPISTEMOLOGIAS DO SUL Tese de Doutorado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Educação Escolar da Faculdade de Ciências e Letras – UNESP/Araraquara, como requisito para obtenção do título de Doutor em Educação Escolar. Linha de pesquisa: Sexualidade, Cultura e Educação Sexual Orientadora: Ana Claudia Bortolozzi Maia Bolsa: CNPq Data da defesa: 30/08/2019 MEMBROS COMPONENTES DA BANCA EXAMINADORA: Presidente e Orientador: Prof.ª Dr.ª Ana Claudia Bortolozzi Maia Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” Membro Titular: Prof. Dr. Paulo Rennes Marçal Ribeiro Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” Membro Titular: Prof.ª Dr.ª Josiane Cristina Bocchi Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” Membro Titular: Prof.ª Dr.ª Maria Filomena Rodrigues Teixeira Escola Superior de Educação de Coimbra Membro Titular: Prof.ª Dr.ª Maria Teresa Machado Vilaça Universidade do Minho Local: Universidade Estadual Paulista Faculdade de Ciências e Letras UNESP – Campus de Araraquara À minha esposa Maria Flor, vida da minha luz. Agradecimentos À minha esposa Maria Flor, pelo amor e apoio irrestrito, sem o qual a confecção desta tese seria impossível. Sempre juntos, temos construído uma história incrível. À querida amiga Bianca, pelo suporte e cuidado diários: não é fácil acompanhar de perto alguém na época do doutorado! À minha família e, em especial, à minha irmã Gabriella, pelo elo profundo que nos conecta. Não poderia deixar de agradecê-la por toda a ajuda e prontidão com inúmeras traduções. À família de minha esposa, pela confiança e ajuda inestimável durante a mudança de residência que empreendemos pouco antes do exame de qualificação. À minha orientadora Prof.ª Associada Ana Claudia Bortolozzi Maia, pela enorme amizade e estímulo à liberdade de pensamento, bem como aos amigos do GEPESEC, grupo de pesquisa que oportunizou discussões importantes à escrita desta pesquisa. Aos integrantes da banca Prof. Associado Paulo Rennes Marçal Ribeiro, Prof.ª Dr.ª Josiane Cristina Bocchi, Prof.ª Dr.ª Maria Filomena Rodrigues Teixeira, Prof.ª Dr.ª Maria Teresa Machado Vilaça e suplentes Prof.ª Dr.ª Giselle Modé Magalhães, Prof . Dr. Florêncio Mariano da Costa Júnior e Prof.ª Dr.ª Verônica Lima Reis-Yamauti, pela leitura dedicada e insights fundamentais a este trabalho. Ao CNPq e ao programa de Educação Escolar da UNESP de Araraquara, pelo incentivo financeiro da pesquisa que segue. A tendência psico-histórica de um planeta inteiro cheio de pessoas contém uma inércia imensa. Para que ela seja alterada, deve ser confrontada com algo que possua uma inércia semelhante. Ou muitas pessoas devem ser levadas em conta ou, se o número de pessoas for relativamente pequeno, um tempo enorme para mudanças deve ser permitido. Você compreende? Hari Seldon, Fundação. Like the empires of the world unite We are alive And the stars make love to the universe Shakira, Empire. DI PIERO, A. A educação sexual na constituição da cidadania global como projeto de transição: ensaio a partir das Epistemologias do Sul. 2019. 150f. Tese (Doutorado em Educação Escolar) – Faculdade de Ciências e Letras, Universidade Estadual Paulista, Araraquara, 2019. RESUMO A confecção desta tese originou-se em questionamentos levantados ao redor de uma nova perspectiva educacional assumida pela Organização das Nações Unidas para a Educação e a Ciência (UNESCO) a partir do ano 2012. Trata-se da Educação para a Cidadania Global (ECG), abordagem consonante com a Declaração Universal dos Direitos Humanos construída a partir de pesquisas e discussões empreendidas por educadores de todo o mundo e que chama a atenção por carregar o desafio de alargar a concepção de cidadania à escala global por via da educação. Apesar da ECG surgir associada à evocação dos sentimentos de pertencimento e responsabilidade à Terra e à humanidade, percebe-se os riscos da submissão algo previsível da nova perspectiva ao escopo da educação na modernidade que – sob influência colonialista e iluminista – produziu historicamente a universalização da civilização Ocidental. Para encaminhar o problema, construiu-se a investigação em torno da seguinte pergunta: há algum potencial emancipatório na Educação para a Cidadania Global e, caso haja, como pode ser melhor aproveitado? A análise mais detida da questão despertou para a hipótese da presença de um potencial genuíno para a emancipação no cerne do conteúdo proposto por essa nova abordagem, emerso das particularidades do atual momento histórico de transição civilizacional. Contra a ortodoxia dominante, optou-se demonstrar a tese por via da construção de um ensaio teórico balizado pela forma ensaística segundo as descrições de Theodor Adorno e Max Bense. A fim de torná-la mais clara e exequível, dividiu-se a redação em duas partes, que objetivam responder adequadamente aos dois momentos da pergunta central. A primeira parte procura demonstrar como a ECG pode inscrever-se em um projeto de transição civilizacional, configurando-se como uma proposta emancipatória para o século XXI. Para isto, valemo-nos principalmente das reflexões de Jürgen Habermas, que explicita a condição paradoxal da modernidade; do raciocínio de Boaventura de Sousa Santos que – por via das Epistemologias do Sul – aborda as desigualdades abissais entre o Norte e o Sul globais; e da obra de Paul Raskin, que lança luz sobre o significado da Grande Transição e sugere a construção de um Movimento pela Cidadania Global (MCG). À essa altura, conclui-se que à ECG cabe a tarefa da construção de um MCG inspirado pelas Epistemologias do Sul. A segunda parte do ensaio busca oferecer um aporte à Educação para a Cidadania Global, tecendo considerações sobre a importância da educação sexual em um projeto de transição contra- hegemônico. Defende-se o potencial libertador da educação sexual no enfrentamento da biopolítica moderna, contribuindo para a reapropriação dos corpos biológicos aos contextos das formas-de-vida ontologicamente estruturadas. Ao longo dessa parte, valemo-nos das concepções de Martin Heidegger, Simone De Beauvoir e Giorgio Agamben para apontar as relações entre propriedade, soberania e patriarcado na modernidade, apresentando a educação sexual como campo do pensamento destinado à emancipação da cisão entre vida nua e forma-de-vida presente nas cidadanias nacionais. Conclui-se que uma educação sexual emancipatória pode contribuir significativamente na constituição da cidadania global como projeto contra-hegemônico de transição. Palavras-chave: Educação Sexual. Cidadania Global. Transição. Epistemologias do Sul. DI PIERO, A. Sex education in the constitution of global citizenship as a transition project: an essay starting from the Epistemologies of the South. 2019. 150f. Thesis (Ph.D. in School Education) – The College of Letters and Sciences of the São Paulo State University, Araraquara, 2019. ABSTRACT The making of this thesis started from questionings that came up as the United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization (UNESCO) took on a new educational perspective from the year 2012. We are talking about Global Citizenship Education (GCED), an approach consonant to the Universal Declaration of Human Rights which was built from researches and discussions undertaken by educators all around the world and that draws attention for carrying the challenge of widening the concept of citizenship to a global scale through education. Although GCED emerged associated to the evocation of the feeling of belonging to and being responsible for Planet Earth and humankind, the risks of submission are somewhat predictable to the new perspective in the education scope at modern times that – under colonialist and illuminist influence – historically produced the universalization of Global Citizenship. To address the problem, an investigation was built around the following question: is there any emancipatory potential in Global Citizenship Education? And, if there is, how can it be best used? The closer analysis to the question raised the hypothesis of the presence of a genuine potential to emancipation in the core of the content suggested by this new approach, emerging from the particularities of the current historical moment of civilizational transition. Against the dominant orthodoxy, we opted to demonstrate the thesis through the construction of a theoretical rehearsal marked out by the essay as form according to the descriptions of Thedor Adorno and Max Bense. In order to bake it clearer and achievable, the essay was divided in two parts that seek to properly answer the two moments of the core question. The first part seeks to demonstrate how GCED can be inserted in and civilizational transition project, being set up as emancipatory proposal to the XXI century. In order to do that, we primarily used the reflections of Jürgen Habermas, which makes the paradoxical condition of the modernity explicit; the reasoning of Boaventura de Sousa Santos that – through the Epistemologies of the South – approaches the abyssal inequality between the Global North and South; and the work of Paul Raskin, which sheds a light over the significance of the Great Transition and suggests the construction of a Global Citizens Movement (GCM). To this point, it is concluded that the GCED is entitled to the assignment of building a GCM inspired by the Epistemologies of the South. The second part of the essay seeks to offer a contribution to the Global Citizenship Education, weaving considerations over the importance of sex education in a counter-hegemonic transition project. We defend the liberating potential of sex education on the facing of modern biopolitics, contributing to the re-appropriation of biological bodies to the contexts of ontologically structured forms-of-life. Throughout this part, we use the conceptions of Martin Heidegger, Simone De Beauvoir and Giorgio Agamben to point the relations between property, soberany and patriarchy in modernity, presenting sex education as a field of thought destined to emancipate from the scission between naked life and form-of-life in national citizenships. It is concluded that an emancipatory sex education can significantly contribute to the building of a global citizenship as an counter-hegemonic transition project. Key-words: Sex Education. Global Citizenship. Transition. Epistemologies of the South. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO 10 2 DO MÉTODO 14 3 DO ENSAIO 28 3.1 Parte I: A cidadania global como projeto de transição 28 3.2 Parte II: A educação sexual na constituição da cidadania global 82 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS 136 REFERÊNCIAS 139 10 1 INTRODUÇÃO A redação do ensaio que seguirá teve origem em questionamentos levantados ao redor de uma nova perspectiva educacional assumida pela Organização das Nações Unidas para a Educação e a Ciência (UNESCO) a partir do ano de 2012. Trata-se da Educação para a Cidadania Global, abordagem pedagógica que procura estabelecer coesão entre diferentes práticas educacionais adotadas ou apoiadas pela Organização das Nações Unidas (ONU) e sua rede de entidades filiadas, bem como por uma miríade de outras instituições governamentais e não governamentais inspiradas diretamente pelo seu conjunto de valores. Reimers et al. (2016) explicam que a abordagem foi construída ao longo de vários anos de pesquisas e discussões por parte de educadores de diferentes países distribuídos por todos os continentes, e se beneficia da clareza de pressupostos norteadores articulados diretamente com as metas estabelecidas pela agenda das Nações Unidas para o século XXI, em especial as projeções que seguem até o ano 2030. Essa iniciativa chama a atenção ao carregar consigo o desafio duplo de constituir-se como sujeito global e, ao mesmo tempo, pensar o global enquanto objeto, comprometendo- se com a ambição de alargar a concepção de cidadania a essa escala, por via da educação. A cidadania global aparece ali como uma extensão às cidadanias nacionais, limitadas na capacidade de produzir identidades suficientemente empáticas, tolerantes e inclinadas à paz no cenário complexo do século XXI, em que o convívio íntimo das diferenças culturais e desigualdades sociais e econômicas é uma realidade. As práticas educacionais para a cidadania global surgem então associadas à construção do sentimento de pertencimento e responsabilidade à Terra e à humanidade, em consonância com a Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948). Tal caracterização pode levar a crer na submissão algo previsível da nova perspectiva ao escopo teórico e prático da educação na modernidade. Sob influência colonialista e iluminista, a educação moderna procurou a universalização da civilização ocidental por meio do desenvolvimento do ser humano concebido predominantemente como racional e a- histórico. Fortemente calcadas no ideal de perfectibilidade, as políticas educacionais adotadas nos últimos duzentos anos só raramente se afastaram do espírito das revoluções burguesas e poder-se-ia imaginar em que a Educação para a Cidadania Global se diferenciaria das idealizações originais de Rousseau (1979) e Condorcet (2008). Para 11 encaminhar o problema, construiu-se a investigação em torno da seguinte pergunta: há algum potencial emancipatório na Educação para a Cidadania Global e, caso haja, como pode ser melhor aproveitado? A análise mais detida da questão despertou para a hipótese da presença de um potencial genuíno para a emancipação no cerne do conteúdo proposto por essa nova abordagem, emerso das particularidades do atual momento histórico: a possibilidade de superação de um traço paradoxal que têm permeado o humanismo liberal e os direitos humanos desde suas origens. Contra a ortodoxia dominante, optou-se demonstrar a tese por via da construção de um ensaio teórico balizado pelo método fenomenológico proposto por Edmund Husserl (2000). Para além da fenomenologia, contribuem para a compreensão da forma ensaística as reflexões de Theodor Adorno (1986), Max Bense (2014) e de pensadores contemporâneos do ensaio como Meneghetti (2011) e Larrosa (2003). As razões dessa escolha metodológica podem ser observadas detalhadamente no Capítulo 2. A fim de torná-lo mais claro e exequível, dividiu-se o ensaio propriamente dito em duas partes, que objetivam responder adequadamente aos dois momentos da pergunta central e podem ser apreciadas no Capítulo 3. A primeira parte procura demonstrar como a Educação para a Cidadania Global pode ser inscrita em um projeto de transição civilizacional, configurando-se como uma proposta emancipatória radical para o século XXI. Os objetivos específicos a serem cumpridos nessa parte marcam o percurso dissertativo. São eles: a) Partindo das reflexões de Jürgen Habermas, explicitar a condição patológica ou paradoxal da modernidade, em sua dinâmica de imposição coercitiva dos valores democráticos; b) Assumindo a linha de raciocínio de Boaventura de Sousa Santos, abordar o esgotamento da modernidade e o entendimento da pós-modernidade como período de transição, diferenciando as globalizações hegemônica, contra-hegemônica e não-hegemônica; c) Tomando o guia pedagógico da UNESCO Educação para a cidadania global: tópicos e objetivos de aprendizagem como objeto de investigação, analisá-lo segundo a perspectiva das Epistemologias do Sul; d) Seguindo o pensamento de Paul Raskin, lançar luz sobre o significado da Grande Transição e sugerir a construção do Movimento para a Cidadania Global como tarefa principal da Educação para a Cidadania Global. A segunda parte do ensaio busca oferecer um aporte à Educação para a Cidadania Global, tecendo considerações sobre a importância da educação sexual no projeto contra- 12 hegemônico de transição. Não se trata de uma escolha arbitrária: defende-se o potencial libertador da educação sexual no enfrentamento da biopolítica moderna, contribuindo para a reapropriação dos corpos biológicos aos contextos das formas-de-vida culturais do Sul Global. Os objetivos específicos dessa parte são: a) Servindo-se do caso brasileiro como exemplo, esclarecer a associação entre fundamentalismo religioso e nacionalismo na formação do ultraconservadorismo contemporâneo, evidenciando assim sua cruzada contra a educação sexual; b) A partir das concepções de Martin Heidegger e Giorgio Agamben, apontar as afinidades entre propriedade e cidadania no Estado moderno, apresentando a educação sexual como campo destinado ao pensamento capaz de emancipar da cisão entre vida nua e forma-de-vida presente nas cidadanias nacionais; c) Demonstrar o entrelaçamento dos conceitos forma-de-vida, presente em Agamben, e mundo-da-vida, desenvolvido em Husserl e Habermas, com vistas ao aprofundamento do entendimento sobre os saberes e racionalidades nas formas-de-vida do Sul Global; d) Somando as reflexões anteriores às contribuições de Simone De Beauvoir, explicitar o sentido libertador da educação sexual frente as relações entre violência, patriarcado e soberania, enfatizando sua importância em uma Educação para a Cidadania Global pensada a partir das Epistemologias do Sul. O exame da temática proposta só foi possível a partir da consulta de algumas obras principais que tornaram-se intimamente relacionadas ao desenvolvimento do ensaio: Sobre a constituição da Europa (2012) e O discurso filosófico da modernidade (2000), de Jürgen Habermas, que permitiram a compreensão dos paradoxos da modernidade; Construindo as Epistemologias do Sul: Antologia Essencial (2018) e Pela mão de Alice: o social e o político na pós-modernidade (1994) de Boaventura de Sousa Santos, que elucidam o pensamento contra-hegemônico necessário à análise da contemporaneidade; a já mencionada Educação para a cidadania global: tópicos e objetivos de aprendizagem (2016), da UNESCO, que sintetiza os pressupostos e práticas da Educação para a Cidadania Global; Great Transition (2002) e Journey to Earthland (2016), de Paul Raskin, que analisam cuidadosamente os cenários civilizacionais de transição; Em nome de Deus: o fundamentalismo no judaísmo, no cristianismo e no islamismo (2009) e Em nome de quem? A bancada evangélica e seu projeto de poder (2018) de Karen Armstrong e Andrea Dip, respectivamente, que esclarecem os contornos do fundamentalismo religioso dos pontos de vista conceitual e prático; Meios sem fim: notas sobre a política (2015), de Giorgio Agamben, que aprofunda o entendimento da 13 vulnerabilidade da vida nas soberanias modernas; a edição bilíngue de Ser e Tempo (2012), de Martin Heidegger, obra monumental que esclarece a estrutura ontológica do Dasein; O Segundo Sexo (2016), de Simone De Beauvoir, que explicita de uma perspectiva existencialista a anulação do gênero feminino através da história e Educação sexual: princípios para a ação (2011), artigo essencial de Ana Cláudia Bortolozzi Maia e Paulo Rennes Marçal Ribeiro, que oferece parâmetros para uma educação sexual verdadeiramente emancipatória. 136 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS É sempre mais fácil tecer considerações sobre períodos históricos referentes ao passado distante do que pensar rigorosamente o próprio tempo. Se em outros momentos dispunha-se das condições para a espera da análise fria dos fatos transcorridos, a reflexão da conjuntura atual vem se tornando cada vez mais urgente, enquanto o desastre político, econômico, social e ambiental se agrava até um ponto de não-retorno. Esteja-se atento a isto ou não, concepções de modernidade muito distintas estão envolvidas nas posições políticas do presente e, exatamente por isso, o primeiro esforço do ensaio redigido envolveu apresentar diferentes vieses emancipatórios a fim de discutir formas mais ou menos eficazes de organização política. Nesse sentido, vale-se do raciocínio de Habermas sem, no entanto, endossar também seu entendimento da modernidade, dadas as dificuldades do filósofo de afastar-se da perspectiva do Norte Global quando o que está em jogo são os problemas intrínsecos a esse período histórico. A teimosia que mantém Habermas apegado aos meios modernos de realização das premissas da modernidade termina por eclipsar sua intenção correta de estender o território da regulação e da emancipação a todos os seres humanos, desconsiderando as características específicas da anulação existencial do Sul Global produzida pela linha abissal. Sustentar a posição alternativa de Santos é, por outro lado, navegar um mar arriscado, tendo em mente que parte importante da inteligência progressista rejeita completamente qualquer noção que coloque em dúvida o projeto da modernidade. Esse problema é significativo, uma vez que o ponto de vista de Santos trata, na verdade, do abandono desse projeto somente na medida em que possa ser substituído por um pós- modernismo de oposição compreendido no universo simbólico das lutas sociais. A escolha de Santos pela pós-modernidade atende justamente às necessidades estratégicas de uma aliança prática, calcada na abertura ontológica da ecologia de saberes e que professa uma postura criteriosa de tolerância à divergência teórica. Ao elucidar a falsa dicotomia entre as formas de pensamento hegemônicas e não-hegemônicas – caracterizando as segundas como uma configuração não-dominante do pensamento que, no entanto, tem em vista sua própria hegemonização – descobre-se nas Epistemologias do Sul uma lógica que denuncia nos grupos ultraconservadores os traços antidemocráticos daquilo mesmo que imaginam 137 combater, abrindo espaço para o delineamento das formas de pensamento verdadeiramente contra-hegemônicas. Desse modo, Santos faz o diagnóstico mais adequado do estágio atual da transição e reflete uma saída para o problema dos limites da tolerância à intolerância nas democracias, exortando ao não-abandono dos compromissos democráticos da modernidade. De forma inovadora, Santos defende a realização desses princípios pela via de uma interpretação contra-hegemônica da transição e, a partir da crítica do capitalismo, do colonialismo e do patriarcado reconstrói as coordenadas teóricas das lutas contra-hegemônicas, dando novo sentido ao fenômeno da globalização. É com as lentes de Santos que se lê as obras de Raskin sobre a Grande Transição e se desvela o potencial latente da cidadania global como direito catalizador de todas as outras pautas progressistas. Ao dissociar a cidadania do Estado- nação, a cidadania global pode questionar a noção de soberania e, com ela, o conjunto das ideias centrais à modernidade, revelando assim uma dimensão subnotificada da pós- modernidade, qual seja, aquela que se configura pela oposição à hegemonia liberal. Em outras palavras, o ensaio deduz que ao ofertar ao cidadão comum a participação em processos decisórios dos quais havia sido alijado – referimo-nos aos problemas globais cujas soluções fogem ao alcance do Estado-nação – a cidadania global estará em condições de minar o monopólio do significado e da identificação com a pátria, levando às cordas o pensamento ultraconservador. Isso exige, no entanto, a articulação entre a Educação para a Cidadania Global e um Movimento para a Cidadania Global inspirado pelas Epistemologias do Sul. Refere-se aqui ao fortalecimento de organismos internacionais que possam incorporar os protagonistas das lutas nas fronteiras do sistema, protegendo-os efetivamente contra a violência estatal. A luta pelo estabelecimento da Idade Planetária não deveria, portanto, restringir-se aos ativistas do Norte Global cujas preocupações dificilmente conseguem abranger os problemas reais das vítimas mais atingidas do Sul ou dos territórios sulinizados. Pelo contrário, o trabalho de uma ECG inspirada pelas Epistemologias do Sul deveria ser educar o Norte até que se alcance a solidez ontológica necessária à superação do Estado-nação. Re-existir ganha aí o significado da construção de um mundo pós-colonial, para além da linha abissal que hoje impossibilita que a vida tenha o mesmo valor em qualquer parte do globo. Decorre daí que, sem um movimento capaz de propor uma metaidentidade que una as lutas, as chances das Epistemologias do Sul prosperarem taticamente ficam muito reduzidas. 138 Tem-se então uma via de duas mãos: enquanto as principais lideranças do Sul Global são integradas à estrutura da ECG, esta, por sua vez, pode angariar novos protagonistas ao MCG à medida em que sua vocação política é evidenciada. Isto deve ser dito com todas as letras, ainda que um dos principais incômodos dos educadores progressistas em países como o Brasil seja, hoje, a taxação como doutrinadores políticos. É apenas pela ausência de organização que permita aos educadores compreender melhor o sentido político da educação que esse desconforto ocorre. Enquanto as práticas educativas hegemônicas e não- hegemônicas procuram se vender como técnicas ou neutras, acusando as práticas contra- hegemônicas de desviarem-se das finalidades originais da educação, esta última tem se defendido fracamente, muitas vezes tentando demonstrar que é desprovida de intenção política (e, às vezes, isso é lamentavelmente verdade), o que significa entregar a vitória desde o início ao decidir travar batalha em território adversário. Não à toa, os ultraconservadores têm atacado ininterruptamente Paulo Freire, um dos grandes pensadores da história da educação mundial, justamente pela crítica das práticas bancárias e assunção aberta da vocação política da educação em suas obras. Dessa forma, é com autenticidade que a ECG deve assumir a tarefa política de construção do MCG e, a partir dele, atacar os fundamentos patriarcais da noção de propriedade, tema fundamental da segunda parte do referido ensaio. A educação sexual aparece então como uma necessidade imperativa ao propósito maior de superação do Estado-nação, que só pode existir pela ameaça direta à vida de seus cidadãos e em tensão com outros Estados. Convoca-se Agamben para explicitar as relações entre cidadania e propriedade, com o apoio de Heidegger para a compreensão de como as formas-de-vida podem ser improriamente despidas de seu horizonte existencial. Finalmente, vale-se do pensamento de Simone De Beauvoir para o entendimento da alienação compulsória da masculinidade, bem como para tornar sua desconstrução um objetivo declarado, que possa ser assumido por todas as vítimas de violências diretas, estruturais ou simbólicas. O papel central da educação sexual na constituição da cidadania global é assim desvelado e conclui- se que é possível afirmar a existência de um potencial genuíno para a emancipação no cerne dos conteúdos propostos pela Educação para a Cidadania Global, que emerge diretamente das particularidades do atual momento histórico de transição. 139 REFERÊNCIAS ACCO, MARCO ANTONIO. Os Estados, o sistema-mundo capitalista e o sistema interestatal: uma leitura crítica das contribuições de Immanuel Wallerstein. Brazil. J. Polit. Econ., São Paulo, v.38, n.4, p.708-730, out., 2018. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101- 31572018000400708&lng=en&nrm=iso. Acesso em 03 ago. 2019. ADEUS, ‘Satanás’: fundação de George Soros encerra operações na Hungria. Sputnik News, Moscou, 15 mai. 2018. Disponível em: https://br.sputniknews.com/europa/2018051511221349-fim-fundacao-soros-hungria/. Acesso em: 18 ago. 2018. ADORNO, Theodor. O ensaio como forma. 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