RESSALVA Atendendo solicitação da autora, o texto completo desta Dissertação será disponibilizado somente a partir de 25/08/2022. Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” Faculdade de Ciências Farmacêuticas Ansiedade física social e atenção com a forma corporal de indivíduos adultos Patrícia Angélica Teixeira Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Alimentos e Nutrição para obtenção do título de Mestre em Alimentos e Nutrição. Área de Concentração: Ciências Nutricionais Orientadora: Prof.ª Dr.ª Juliana Alvares Duarte Bonini Campos Coorientador: Prof. Dr. Wanderson Roberto da Silva Araraquara 2020 Ansiedade física social e atenção com a forma corporal de indivíduos adultos Patrícia Angélica Teixeira Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Alimentos e Nutrição para obtenção do título de Mestre em Alimentos e Nutrição. Área de Concentração: Ciências Nutricionais Orientadora: Prof.ª Dr.ª Juliana Alvares Duarte Bonini Campos Coorientador: Prof. Dr. Wanderson Roberto da Silva Araraquara 2020 Agradecimentos À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Brasil (CAPES) – Código de Financiamento 001. À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) pelas bolsas concedidas (Processos 2018/21467-8, 2019/18941-2 e 2019/19590-9). À minha orientadora Profª Drª Juliana Alvares Duarte Bonini Campos pela dedicação, comprometimento e rigor com a qualidade do trabalho desenvolvido. Ao meu coorientador Prof. Dr. Wanderson Roberto da Silva pelo comprometimento, dedicação e disponibilidade em me auxiliar em todas as etapas do projeto. Ao Prof. Dr. João Marôco pela orientação durante o estágio em Lisboa e pela disponibilidade, agilidade e rigor na avaliação dos trabalhos. Ao meu grupo de pesquisa Análise e Validação Métrica por toda ajuda e carinho. Ao Arthur Fiorin Ragazzi que me ajudou a finalizar a coleta de dados com êxito. À Faculdade de Ciências Farmacêuticas (UNESP, campus Araraquara) e ao Instituto Universitário de Ciências Psicológicas, Sociais e da Vida – ISPA/IU. À Seção técnica do programa de Pós-graduação em Alimentos e Nutrição. Ao corpo docente do programa de Pós-graduação em Alimentos e Nutrição. À todos as pessoas que concordaram em participar do estudo. Agradecimentos pessoais À Deus, pela sua infinita bondade em realizar os desejos do meu coração com toda Sua fidelidade e soberania. Desde o início do meu sonho declarava que o título de “Mestre” era para honra e glória do seu Santo Nome, porque dEle para Ele e por Ele são todas as coisas. Aos meus pais, Paulo e Gasparina por sempre acreditarem em mim, por todo incentivo, amor, cuidado e zelo comigo. Me dedico todos os dias da minha vida com o intuito de honrar os ensinamentos passados por vocês. À minha irmã Roberta, por sempre me ouvir e me entender e inúmeras vezes confiar em mim e no que eu faço, me fazendo sentir que sou um referencial tanto na área profissional bem como espiritual. À minha família de um modo geral por toda compreensão e auxilio sempre. Ao meu noivo André, bem como sua família, por sempre me ajudarem e me incentivarem tanto, vivendo intensamente meu sonho junto a mim com todo amor e paciência. À Juliana minha orientadora que foi uma “mãe” postiça em Araraquara. Obrigada por acreditar em mim desde a primeira troca de e-mails, por tanto esforço em me ensinar a fazer ciência, por todo seu carinho, atenção e amor dedicado. Meu coração transborda gratidão. Ao meu coorientador Wanderson, pois desde a minha graduação se dedicou em me ajudar com paciência e de bom coração, não só pelo auxílio em todas as etapas do meu estudo, mas também pelo carinho e disponibilidade em compartilhar seus conhecimentos comigo. Ao grupo de pesquisa Análise e Validação Métrica pelo carinho e amor sempre me ajudando em todos os momentos, se tornando minha “família de Araraquara”. Ao João Marôco, por me orientar durante o meu estágio no exterior, por me auxiliar nas melhores estratégias a serem adotadas no meu trabalho visando rigor metodológico e excelência da minha pesquisa e também pela gentileza e acolhimento À Bianca Martins que sempre me auxiliou, aconselhou e incentivou em todos os momentos que eu precisei. Sou extremamente grata pelo seu carinho em sempre me escutar nos desabafos em nossas longas conversas mesmo à distância. À Bianca Núbia pela companhia no estágio ao exterior, compartilhando momentos únicos em minha vida. À Fernanda pelo grande acolhimento quando mudei para Araraquara. Obrigada pela gentileza e hospedagem durante esse período. “Habite, ricamente, em vós a palavra de Cristo; instruí-vos e aconselhai-vos mutuamente em toda a sabedoria, louvando a Deus, com salmos, e hinos, e cânticos espirituais, com gratidão, em vosso coração. E tudo o que fizerdes, seja em palavra, seja em ação, fazei-o em nome do Senhor Jesus, dando por ele graças a Deus Pai”. Colossenses 3:16-17 viii Resumo Objetivos: i. apresentar a versão em português da Attention to Body Shape Scale (ABS), ii. estimar as propriedades psicométricas da ABS e da Escala de Ansiedade Física Social (SPAS) quando aplicadas à indivíduos adultos, iii. estimar a influência de características amostrais na atenção que os indivíduos despendem com a forma do corpo e dessa na ansiedade social devido a aparência física e iv. estimar a correlação entre diferentes componentes da composição corporal e escores de atenção com a forma do corpo e ansiedade social com a aparência física. Métodos: Realizou-se adaptação transcultural e validação de conteúdo da ABS. As propriedades psicométricas dos instrumentos aplicados à amostra foram analisadas a partir de análise fatorial confirmatória. As validades convergente e discriminante e a confiabilidade foram investigadas. Utilizou-se análise multigrupos para avaliação da invariância fatorial de cada instrumento entre subamostras independentes. Após ajustamento dos instrumentos à amostra, um modelo estrutural foi elaborado para verificar a influência de características demográficas e do estado nutricional antropométrico na atenção despendida com a forma do corpo e dessa na ansiedade social devido a aparência física. Os escores gerais médios de atenção com a forma do corpo e da ansiedade social devido a aparência física foram estimados. Foi realizado estudo de correlação de Pearson (r) entre os escores e componentes da composição corporal. Resultados: No total, participaram 1.795 indivíduos (amostra feminina=70%) com média de idade de 25,5 (desvio-padrão=6,6) anos. No processo de adaptação transcultural foi apontado que a versão em português da ABS foi bem compreendida pelos participantes. Para ajuste do modelo fatorial da ABS um item foi removido, pois, apresentou baixo peso fatorial. O modelo da ABS ajustou à amostra após exclusão do item. No que se refere a SPAS, o modelo original unifatorial não se ajustou aos dados e, portanto, uma nova estrutura foi explorada o que resultou em modelo bifatorial. Essa apresentou bons indicadores psicométricos. Na análise multigrupos, atestou-se forte invariância dos modelos ajustados dos instrumentos para subamostras independentes. No modelo estrutural, a atenção com a forma do corpo influenciou significativamente a ansiedade social devido a aparência física. Além disso, os indivíduos mais jovens, os participantes do sexo feminino, os que já fizeram uso de substâncias, suplementos alimentares e realizaram dietas para alterar o corpo, os praticantes de exercício físico e os que classificaram a própria alimentação como ruim/regular apresentaram maior atenção com a forma do corpo. Ainda, observou-se correlações significativas entre a composição corporal dos participantes e os componentes da ansiedade social devido a aparência física. Conclusões: Os dados obtidos com a ABS e com a SPAS foram considerados válidos e confiáveis para a amostra de adultos brasileiros. As características demográficas da amostra e o estado nutricional antropométrico tiveram impacto sobre a atenção com a forma do corpo essa influenciou a ansiedade social com a aparência, bem como os componentes da composição corporal. Assim, ressalta-se a importância da avaliação destas características no que se refere à imagem corporal. Palavras-chave: Imagem Corporal; Atenção; Ansiedade; Composição Corporal; Psicometria. ix Abstract Aims: i. present the Portuguese version of the Attention to Body Shape Scale (ABS), ii. estimate the psychometric properties of ABS and the Social Physical Anxiety Scale (SPAS) when applied to adult individuals, iii. estimate the influence of sample characteristics on the attention that individuals spend on body shape and on body anxiety due to physical appearance and iv. estimate the correlation between different components of body composition and attention scores with body shape and social anxiety with physical appearance. Methods: Cross- cultural adaptation and content validation of ABS were carried out. The psychometric properties of the instruments applied to the sample were analyzed using confirmatory factor analysis. Convergent and discriminant validities and reliability were investigated. Multigroup analysis was used to assess the factorial invariance of each instrument among independent subsamples. After fit the instruments to the sample, a structural model was developed to verify the influence of demographic characteristics and anthropometric nutritional status on the attention paid to the shape of the body and on social anxiety due to physical appearance. The overall average scores for attention to body shape and social anxiety due to physical appearance were estimated. Pearson's correlation study (r) was performed between scores and components of body composition. Results: In total, 1,795 individuals (female sample = 70%) participated with a mean age of 25.5 (standard deviation = 6.6) years. Cross-cultural adaptation process, it was pointed out that the Portuguese version of ABS was well understood by the participants. To fit the factorial model of ABS, an item was removed because it had low factor weight. The ABS model fit to the sample after excluding the item. With regard to SPAS, the original single-factor model did not fit the data and, therefore, a new structure was explored which resulted in a two- factor model. This presented good psychometric indicators. In the multigroup analysis, there was a strong invariance of the fit models of the instruments for independent subsamples. In the structural model, attention to the shape of the body significantly influenced social anxiety due to physical appearance. In addition, younger individuals, female participants, those who have already used substances, dietary supplements and carried out diets to change the body, those who practice physical exercise and those who classified their own diet as poor / regular presented greater attention to the shape of the body. In addition, significant correlations were observed between the body composition of the participants and the components of social anxiety due to physical appearance. Conclusion: The data obtained with ABS and SPAS were considered valid and reliable for the sample of Brazilian adults. The demographic characteristics of the sample and the anthropometric nutritional status had an impact on attention to body shape, which influenced social anxiety with appearance, as well as the components of body composition. Thus, the importance of evaluating these characteristics in terms of body image is emphasized. Key-words: Body Image; Attention; Anxiety; Body Composition; Psychometrics. x Lista de Tabelas Pág. Capítulo 1. Table 1. Original English version and Portuguese version of the Attention to Body Shape Scale (ABS). 27 Table 2. Participants Characteristics [mean ± standard deviation or n (%)]. 30 Table 3. Descriptive statistics of the answers to the Attention to Body Shape Scale (ABS) by the participants of the Total Sample (n=1,054), Male Sample (n=304), and Female Sample (n=752). 31 Table 4. Comparison of the mean scores of attention to body shape according to sex and sample characteristics. 32 Capítulo 2. Table 1. Demographic characteristics of the study participants. 46 Table 2. Descriptive statistics of the Social Physique Anxiety Scale (SPAS) responses by the participants. 47 Table 3. Exploratory factor analysis of the Social Physique Anxiety Scale (SPAS) for subsample 1 (n = 506). 48 Capítulo 3. Tabela 1. Caracterização dos participantes do estudo. 67 Tabela 2. Estimativas obtidas a partir do modelo hipotético confeccionado para verificar a relação entre as variáveis de estudo. 69 Tabela 3. Matriz de correlação entre escores médios da ABS e dos fatores da SPAS com os componentes da composição corporal. 70 xi Lista de Figuras Pág. Capítulo 2. Figure 1. Factorial model of the Social Physique Anxiety Scale (SPAS) adjusted for a sample of Brazilian adults. 49 Capítulo 3. Figure 1. Modelo estrutural hipoteticamente causal elaborado para verificar a influência de diferentes características na atenção com a forma do corpo e dessa nos componentes da ansiedade social devido a aparência física. 65 Sumário Resumo viii Abstract ix Lista de Tabelas x Lista de figuras xi Introdução 13 Capítulos Capítulo 1. Attention to body shape: validation of the ABS scale in Brazilian adults 20 Abstract 22 Introduction 23 Methods 25 Results 30 Discussion 33 Conclusion 34 References 35 Capítulo 2. Social Physique Anxiety Scale: a psychometric investigation of the factorial model in Brazilian adults 38 Abstract 41 Introduction 42 Methods 43 Results 46 Discussion 50 Conclusion 51 References 51 Capítulo 3. Relação entre atenção com a forma do corpo, ansiedade social com aparência física e características amostrais de indivíduos adultos brasileiros 55 Resumo 57 Introdução 59 Métodos 61 Resultados 66 Discussão 71 Conclusão 74 Referências 75 Considerações finais 80 Referências 84 13 Introdução Os estudos referentes a imagem corporal ganharam espaço na literatura a partir das descobertas de Ambroise Paré, médico cirurgião francês, que identificou pacientes com alucinações de que uma perna ou braço ausente estaria presente e esse processo foi denominado “percepção dos membros fantasmas”. A partir de então, o conceito de imagem corporal foi postulado como uma construção mental do indivíduo diante das suas sensações físicas, contudo, com o passar dos anos e diante de novas descobertas surgiram outras definições bem como diferentes formas de investigação (1). A definição mais utilizada e disseminada de imagem corporal é a representação mental do corpo existencial (2). Segundo Thompson (1) e Sarwer e Cash (3), a compreensão em relação à imagem corporal é um processo que se manifesta durante toda a vida, sofre constantes transformações e é vivenciada pelo ser humano de maneira individual e dinâmica. Assim, as experiências vividas pelo indivíduo podem modificar a representação da imagem do corpo. Grande parte dos estudos nesta área relatam que a imagem corporal é um conceito multidimensional que, geralmente, é avaliado a partir de diferentes componentes inseridos nas dimensões perceptiva e atitudinal (4, 5). A perceptiva envolve a imagem visual do indivíduo em relação ao seu corpo e pode ser investigada, por exemplo, utilizando-se figuras corporais reais ou espelhos. Já a atitudinal engloba diferentes aspectos que são formados pelos componentes cognitivos, afetivos, comportamentais e pela (in)satisfação geral subjetiva (6, 7). A dimensão atitudinal da imagem corporal é a mais pesquisada na literatura, uma vez que possui maior disponibilidade de instrumentos que são capazes de avaliar seus componentes e, geralmente, dispendem menor tempo 14 para sua avaliação do que uma pesquisa perceptiva (6, 8, 9). Em relação aos seus componentes, o cognitivo expressa-se na crença de alcançar uma expectativa irreal em relação a certa característica da aparência. Já o componente afetivo, trata de sentimentos de ansiedade, estresse e preocupação com a aparência. O componente comportamental, se relaciona à evitação de situações que levem à exposição ou a exames minuciosos do corpo. Quanto à (in)satisfação geral subjetiva essa refere-se à imagem do corpo exteriorizada e distorção das dimensões do corpo (6, 10, 11). Assim, observa-se que diferentes aspectos podem fazer parte da investigação da imagem corporal dos indivíduos com destaque para cognição e o afeto diante do corpo que têm sido alvo de algumas investigações (12, 13), considerando a atenção com a forma corpo e da ansiedade social devido a aparência, respectivamente. A atenção pode ser definida como a alocação preferencial de recursos para um tipo de estímulo a partir do interesse do indivíduo em algo específico (14). O grau de atenção em relação ao corpo varia entre os indivíduos e pode representar um papel importante em suas vidas. Beebe (15) destaca que quando o grau de atenção com a forma corporal está aumentado pode favorecer o desenvolvimento de transtornos alimentares (16). Já a ansiedade social devido a aparência física trata de uma sensação física do indivíduo diante de avaliações de outras pessoas no que se refere a sua aparência corporal (17). Assim, frente à opinião dos outros o indivíduo pode se sentir frustrado, preocupado ou até mesmo culpado devido à autocrítica o que, consequentemente, contribui para o desenvolvimento de insegurança e rejeição social (6, 7, 18-20). 15 Assim, avaliar a atenção com a forma corporal e a ansiedade social devido a aparência torna-se relevante. A literatura tem sugerido a utilização de instrumentos psicométricos para a investigação desses aspectos. Alguns instrumentos são apresentados na literatura para esse fim. Porém, é importante destacar que a escolha de um instrumento para investigação da imagem corporal deve estar pautada no aspecto de investigação, no contexto de aplicação e na adequação das estimativas de validade e confiabilidade dos dados obtidos com a ferramenta selecionada para amostra/contexto (21, 22). Cabe lembrar que, a avaliação da validade e da confiabilidade é necessária para garantir a qualidade das evidências apresentadas buscando considerar apenas resultados acurados (23). A Attention to Body Shape Scale (ABS) (15) e a Social Physique Anxiety Scale (SPAS) (16) são instrumentos que podem auxiliar na investigação da atenção com a forma corporal e da ansiedade social devido a aparência física dos indivíduos. A ABS foi desenvolvida originalmente por Beebe (15) na língua inglesa, em contexto americano, para avaliar a atenção que o indivíduo tem em relação a forma do seu corpo. Os itens que compuseram a escala foram propostos a partir do Appearance Orientation Subscale of the Multidimensional Body-Self Relations Questionnaire (24), mas com foco específico na forma corporal. A estrutura unifatorial composta por 7 itens com escala de resposta Likert de 5 pontos (1=discordo definitivamente a 5=concordo definitivamente) foi apresentada no estudo original. Além disso, um item foi formulado de maneira invertida em relação aos demais. Até o presente momento, apenas quatro estudos (25-28) apresentaram dados com a utilização da ABS, contudo, nenhum 16 utilizou estratégia confirmatória para verificar a validade fatorial do instrumento. Na literatura apenas a versão original em inglês da ABS (15) e uma em japonês (27) foram apresentadas. Tendo em vista o crescente interesse da comunidade científica e clínica na investigação da imagem corporal, seria interessante utilizar a ABS em outras populações como, por exemplo, no Brasil onde observa-se crescente preocupação com a estética corporal. Assim, disponibilizar uma versão em português desta escala poderá contribuir no sentido de fornecer à comunidade clínica e científica uma ferramenta que pode ser aplicada de modo simples e rápido. Contudo, vale destacar que antes do uso é necessário verificar se o modelo fatorial da ABS é adequado para o contexto brasileiro. A SPAS foi proposta originalmente na língua inglesa por Hart, Leary e Rejesk (17), em contexto americano, para avaliar a ansiedade do indivíduo em resposta à avaliação de outra pessoa sobre a sua aparência física. Os itens da SPAS foram desenvolvidos num contexto de avaliação física em academias de ginástica e a versão final no artigo original da SPAS foi apresentada em modelo unifatorial composto por 12 itens com escala de resposta do tipo Likert de 5 pontos (1=nada característica a 5=extremamente característico) sendo que 5 itens são formulados em direção contrária (invertida) aos demais. Apesar da existência de um modelo teórico estabelecido à priori para SPAS, alguns estudos (29-31) conduziram análise fatorial exploratória e identificaram outros fatores para composição do instrumento, contudo, deve-se alertar que esses fatores não foram construídos considerado um embasamento teórico. Por outro lado, outros trabalhos (32-39) avaliaram a proposta original da SPAS utilizando análise fatorial confirmatória e atestaram sua validade em diferentes contextos. Sobre a tradução da SPAS para outros idiomas, nota-se na literatura a disponibilização 17 de versões para Estados Unidos (17), Espanha (32), Portugal (29), Japão, China e Coreia (39) e Brasil (30). Em contexto brasileiro, apenas o estudo de Neves et al. (36) utilizou a versão disponibilizada em português da SPAS onde verificou- se adequada validade e a confiabilidade para uma amostra de indivíduos de ambos os sexos da comunidade. Isso abre espaço para realização de outros estudos visando comparar as propriedades psicométricas da escala em diferentes amostras brasileiras. Visto que a atenção despendida com o corpo e a ansiedade diante um contexto social devido a aparência física são aspectos que podem contribuir para o desenvolvimento de uma insatisfação corporal que pode afetar negativamente a imagem corporal do indivíduo (40). A preocupação com o corpo tem se tornado cada vez mais comum entre os indivíduos, fato que pode estar relacionado com a forte pressão estabelecida pela sociedade para manter um padrão corporal considerado adequado. Quando os indivíduos estão fora deste padrão, nota-se uma insatisfação acentuada que pode afetar o bem-estar psicológico e contribuir para desfechos negativos para a saúde, interação social, desempenho laboral, entre outros (41, 42). Além disso, pesquisas apontam que indivíduos que prestam uma maior atenção com a forma do corpo, também apresentam ansiedade social devido a aparência física, evitando assim a exposição do corpo ou utilizando estratégias relacionadas ao vestuário para minimizar sentimentos de desconforto e/ou insegurança (43, 44). Em relação aos diferentes contextos que os instrumentos podem ser aplicados, a literatura tem enfatizado que a população mais jovem sofre constantes pressões em relação à imagem corporal sendo, portanto, mais vulnerável às questões estéticas (7, 8, 45). A preocupação com o corpo é comum 18 em jovens de ambos sexos, mas, nota-se especificidades entre os sexos, apesar de ambos buscarem melhorar a aparência física (46, 47). Os indivíduos de sexo feminino se atentam mais com as partes inferiores do corpo e com o peso corporal enquanto os indivíduos de sexo masculino se preocupam mais com as partes superiores do corpo, contudo, ambos buscam definir e aumentar os músculos e reduzir a gordura corporal (48). Ainda, alguns estudos apontam uma relação significativa entre os aspectos da imagem corporal e o estado nutricional antropométrico sendo que os indivíduos classificados com sobrepeso/obesidade podem se sentir mais pressionados pela sociedade quanto à adequação da forma do corpo (49, 50). Alguns pesquisadores observaram uma relação significativa entre a composição corporal e a preocupação com o corpo (51) sendo que os indivíduos que apresentam uma maior quantidade de gordura possuem uma maior ansiedade com a aparência física (52). Estudos relatam que diante das possíveis mudanças da sociedade sobre a definição de um peso ideal os indivíduos do sexo feminino despendem uma ansiedade social com a aparência física importante (52, 53). A literatura também sugere que a realização de dietas restritivas (51), a prática exacerbada de exercício físico (54, 55) e o uso indiscriminado de substâncias (por exemplo, medicamentos e suplementos) que prometem alterar o corpo estão diretamente relacionados com a imagem corporal negativa (56, 57). Portanto, nota-se que as variáveis mencionadas são importantes para o estudo da imagem corporal dos indivíduos e devem ser inseridas nos protocolos de investigação. Frente a relevância que a atenção com a forma do corpo e a ansiedade devido à aparência física podem ter para a investigação da imagem corporal e a 19 possível influência negativa destes componentes para a vida dos indivíduos (30, 58-60) foi desenvolvido esse estudo com os objetivos de: 1. Apresentar a versão em português da ABS adaptada para o contexto brasileiro; 2. Estimar as propriedades psicométricas da ABS e da SPAS quando aplicadas a amostra de indivíduos adultos; 3. Estimar a influência de características demográficas, alimentares e do índice de massa corporal na atenção que os indivíduos despendem com a forma do corpo e dessa na ansiedade social devido a aparência física; 4. Estimar a correlação entre os componentes da composição corporal e os escores de atenção com a forma do corpo e de ansiedade social devido a aparência física. 20 Considerações Finais No presente estudo, inicialmente buscamos apresentar a versão em português da ABS a qual foi adaptada para o contexto brasileiro atendendo assim, ao nosso primeiro objetivo. No processo de construção da versão em português da ABS, os especialistas apontaram que o item 3 (“I am not self- conscious about my body shape”- único item formulado de maneira invertida em relação aos demais) poderia gerar dificuldades no processo de preenchimento do instrumento. Além disso, os especialistas apontaram dificuldade de concordância em relação à tradução para o português da palavra “self-conscious”. No estudo piloto, os participantes apontaram dificuldade na compreensão do item apresentado de maneira invertida e, portanto, optou-se por manter todos os itens no mesmo sentido, ou seja, invertemos o item 3 e utilizamos o termo “consciente” para este item. Com estas modificações, a versão em português foi bem compreendia pelos participantes e consideramos a versão final a qual foi apresentada no capítulo 1. O segundo objetivo do presente trabalho foi estimar as propriedades psicométricas de ambas as escalas avaliadas (ABS e SPAS) quando aplicadas a indivíduos adultos brasileiros. Nesse sentido, torna-se pertinente mencionar que a verificação das propriedades psicométricas trata de um processo fundamental frente à utilização de instrumentos de medida que avaliam conceitos abstratos (latentes). Assim, os capítulos 1 e 2 dessa dissertação foram desenvolvidos buscando apresentar evidências de validade e confiabilidade dos dados obtidos a partir da ABS e da SPAS para a amostra. Em relação às propriedades psicométricas da ABS (Capítulo 1), a estrutura completa do instrumento foi ajustada aos dados, entretanto, optamos por excluir um item por apresentar peso fatorial insatisfatório. Destacamos, que o baixo peso fatorial do item 3 pode ser resultante da dificuldade de adequação cultural do conteúdo mesmo. Diante deste fato, a reavaliação da construção deste item deve ser encorajada, possibilitando a utilização do instrumento sem a necessidade de refinamento. Assim, nosso estudo resultou num modelo refinado cujo ajustamento e pesos fatoriais foram 21 adequados, bem como, foi invariante em amostras independentes o que aponta para validade externa adequada, ou seja, atesta a possibilidade de sua utilização em indivíduos adultos com características demográficas semelhantes às dos participantes desse estudo. Vale mencionar que no Capítulo 1 além da avaliação das propriedades psicométricas da ABS, também apresenta a comparação dos escores médios de atenção com a forma do corpo considerando diferentes variáveis de caracterização da amostra. Nós identificamos que os participantes de sexo feminino, os indivíduos que fazem uso de substâncias e suplementos alimentares e que realizam dietas com o objetivo de alterar o corpo apresentaram uma atenção com a forma corporal acentuada. Portanto, tais características são importantes e devem ser consideradas no rastreamento de comportamentos de risco quanto a imagem corporal negativa. No Capítulo 2, inicialmente, foi realizada a análise fatorial confirmatória da SPAS buscando verificar o ajustamento do modelo fatorial proposto à priori (na literatura) para a amostra e verificamos que o modelo unifatorial sugerido à priori não foi adequado para a amostra. Assim, nós conduzimos uma análise fatorial exploratória (AFE) com o intuito de encontrar fatores subjacentes, o que já era uma proposta da literatura devido à ausência de estabilidade do instrumento. A AFE revelou que um modelo bifatorial da SPAS foi o mais adequado para a amostra de indivíduos adultos brasileiros. Contudo, é importante ressaltar que esta estrutura composta por dois domínios é questionada em alguns estudos, uma vez que observa-se a separação dos itens positivos e negativos. Assim, este fato pode se tratar de um possível artefato psicométrico o que deve ser investigado em futuros estudos. Ainda, sugerimos a realização de mais pesquisas utilizando a SPAS para verificar a adequação da estrutura encontrada em outros contextos ampliando assim sua aplicabilidade e/ou discussão da melhor maneira de abordar esse conceito. No Capítulo 3, encontra-se os resultados da influência de características demográficas, alimentares e antropométricas para os aspectos investigados da imagem corporal (objetivo 3). Neste estudo elaborou-se um modelo estrutural hipoteticamente causal para verificar a influência de 22 diferentes características amostrais na atenção com a forma do corpo e dessa na ansiedade social devido a aparência física. A partir do modelo proposto, observou-se que os mais jovens, os participantes do sexo feminino, os indivíduos que já fizeram uso de substâncias, suplementos alimentares e realizaram dietas para alterar o corpo, os praticantes de exercício físico e os que classificaram a própria alimentação como ruim/regular apresentaram maior atenção com a forma do corpo (ABS). Portanto, tais características são relevantes e devem ser consideradas em intervenções clínicas bem como em investigações científicas futuras. Notamos também, que a atenção com a forma do corpo exerceu impacto significativo em ambos componentes da ansiedade social devido a aparência física (SPAS), ou seja, quanto maior a atenção com a forma do corpo maior foi a avaliação física negativa e menor o conforto sobre a apresentação do corpo. Isso representa a necessidade de desenvolver ações voltadas à conscientização da população quanto a imagem do corpo ressaltando o risco da hipervigilância e da busca de atendimento de padrões sociais que, geralmente, são difíceis de atingir e tendem a causar prejuízos físicos e mentais naqueles que buscam obter tal resultado. Ainda, para responder o quarto objetivo do presente estudo, nós verificamos a correlação entre variáveis biológicas advindas da composição corporal com os escores da ABS e da SPAS (Capítulo 3). Nesta avaliação, nós notamos que os indivíduos classificados na categoria de sobrepeso/obesidade apresentaram maior ansiedade com o corpo. Também verificamos que a composição corporal centrada em maiores níveis de massa gorda foi relacionada com a ansiedade social devido a aparência física. Consideramos, portanto, interessante investigar a relação da composição corporal nos aspectos da imagem corporal com o intuito de identificar indivíduos vulneráveis para desenvolvimento de distúrbios alimentares e/ou dismórficos corporais. Esperamos que nossos resultados contribuam tanto para a comunidade científica quanto para a atuação dos profissionais da saúde (nutricionistas, psicológicos, entre outros). Nossas estratégias metodológicas 23 foram baseadas em protocolos consolidados na área da psicometria o que pode auxiliar pesquisadores na elaboração de futuras investigações quando da utilização da ABS e da SPAS. Isso possibilitará comparações diretas com os nossos achados bem como a ampliação de uso destas escalas em outros contextos. No que se refere aos dados de atenção com a forma corporal e ansiedade social devido a aparência física, espera-se que nossos resultados possam auxiliar clínicos na identificação de pacientes com comportamentos disfuncionais quanto a imagem corporal propiciando a elaboração de estratégias de tratamento mais direcionadas e assertivas visando a minimização de impactos negativos da imagem corporal sobre a saúde física e mental da população e também a manutenção do bem-estar. 24 Referências 1. Thompson JK. The (mis) measurement of body image: ten strategies to improve assessment for applied and research purposes. Body image. 2004;1(1):7-14. 2. Schilder P. A Imagem do Corpo: as energias construtivas da psiquê. São Paulo: Martins Fontes; 1980. 3. Sarwer DB, Cash TF. Body image: interfacing behavioral and medical sciences. Blackwell Publishing Ltd Oxford, UK; 2008. 4. Cash TF, Smolak L. Body Image: A Handbook of Science, Practice, and Prevention. New York: Guilford Press; 2011. 490 p. 5. 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