Artigo Original Original Article Silva et al. CoDAS 2021;33(1):e20190284 DOI: 10.1590/2317-1782/20202019284 1/5 ISSN 2317-1782 (Online version) Este é um artigo publicado em acesso aberto (Open Access) sob a licença Creative Commons Attribution, que permite uso, distribuição e reprodução em qualquer meio, sem restrições desde que o trabalho original seja corretamente citado. Adaptação cultural do Expressive One-Word Picture Vocabulary Test, 4th edition (EOWPVT-4), para falantes do Português Brasileiro Cultural adaptation of the Expressive One-Word Picture Vocabulary Test, 4th edition (EOWPVT-4), for Brazilian Portuguese speakers Valdéres Rodrigo da Silva1  Tâmara Andrade Lindau1,2  Célia Maria Giacheti1,2,3  Descritores Testes de Linguagem Vocabulário Tradução Estudos de Avaliação Transculturação Keywords Language Tests Vocabulary Translating Evaluation Studies Cultural Diffusion Endereço para correspondência: Célia Maria Giacheti Departamento de Fonoaudiologia, Faculdade de Filosofia e Ciências – FFC, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – UNESP Av. Higyno Muzzi Filho, 737, Marília (SP), Brasil, CEP: 17.525-900. E-mail: giacheti@uol.com.br Recebido em: Janeiro 19, 2020 Aceito em: Março 02, 2020 Trabalho realizado na Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – UNESP - Marília (SP), Brasil. 1 Departamento de Fonoaudiologia, Faculdade de Filosofia e Ciências – FFC, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – UNESP - Marília (SP), Brasil. 2 Programa de Pós-graduação em Fonoaudiologia da Faculdade de Filosofia e Ciências – FFC, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – UNESP - Marília (SP), Brasil. 3 Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia sobre Comportamento, Cognição e Ensino – INCT-ECCE- Cidade (UF), Brasil. Fonte de financiamento: CNPQ (#465686/2014-1), Projeto Universal do CNPq (#434386/2018-9). Conflito de interesses: nada a declarar. RESUMO Objetivo: Apresentar um breve relato sobre as primeiras etapas que envolveram o processo de tradução e adaptação cultural do teste Expressive One-Word Picture Vocabulary Test, fourth edition para o Português Brasileiro (PB). Método: O processo de tradução e adaptação desse instrumento foi realizado nas seguintes etapas: (1) tradução do texto original (inglês) para o PB (cultura alvo) por dois tradutores juramentados distintos e orientados quanto ao objetivo da pesquisa; (2) análise de paridade entre as traduções realizadas e concepção, por um grupo de especialistas, de uma versão síntese; (3) retrotradução da versão síntese por outros dois tradutores juramentados que não participaram da etapa 1; e (4) comparação entre a retrotradução e a versão original feita por um grupo de especialistas, moldando, assim, a versão adaptada pré-final do EOWPVT-4. Resultados: Na versão brasileira, foi mantida a quantidade de itens da versão original e a adaptação cultural do EOWPVT-4 para o PB seguiu as etapas recomendadas pela literatura, além de considerar as diferenças do contexto sociocultural, não apresentando discrepâncias significativas no que se refere à equivalência semântica. Foram necessárias adaptações consideradas relevantes (e.g., itens não representativos da cultura brasileira) durante esse processo para que o instrumento pudesse ser utilizado com o mesmo rigor metodológico do instrumento original. Conclusão: O processo de adaptação cultural desse instrumento indicou que houve equivalência teórica, semântica, idiomática e cultural com a versão original em inglês. ABSTRACT Purpose: To present a brief report of the first steps that involved the process of the cultural translation and adaptation of the Expressive One-Word Picture Vocabulary Test, fourth edition to Brazilian Portuguese (BP). Methods: The process of translation and adaptation of this instrument was performed in the following steps: (1) translation of the original text (English) to Brazilian Portuguese (target culture) by two different sworn translators oriented towards our research goal; (2) parity analysis between both translations and design, by a group of experts, of a synthesis version; (3) back translation of the synthesis version by two other sworn translators who did not participate in step 1; and (4) Comparison between back-translation and the original version made by a group of specialists, thus shaping the pre-final adapted version of the EOWPVT-4. Results: In the Brazilian version, the number of items from the original version was maintained and the cultural adaptation of the EOWPVT-4 to BP followed the steps recommended in the literature besides considering the differences in the socio-cultural context, showing no significant discrepancies regarding semantic equivalence. Relevant adaptations (e.g., items not representative within the Brazilian culture) were required during this process so that the instrument could be used with the same methodological rigor as the original instrument. Conclusion: The process of cultural adaptation of this instrument indicated that there was theoretical, semantic, idiomatic and cultural equivalence with the original version in English. https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/ https://orcid.org/0000-0003-2215-3545 https://orcid.org/0000-0002-6523-759X https://orcid.org/0000-0001-9691-4672 Silva et al. CoDAS 2021;33(1):e20190284 DOI: 10.1590/2317-1782/20202019284 2/5 INTRODUÇÃO A linguagem é uma das funções cerebrais superiores mais estudadas por diversas áreas do saber, principalmente quando falamos de sua aquisição e desenvolvimento que são decorrentes das interações, experiências e relações sociais desta com o contexto em que se insere. Por assim ser, seu processo de apropriação é de extrema complexidade, uma vez que existem subsistemas que a integram (fonológico, semântico, morfossintático e pragmático) e, de forma conjunta, formam e operam um sistema: a linguagem(1). Dentre esses subsistemas, o semântico se encontra na interseção do desenvolvimento cognitivo e linguístico, isto é, a relação entre o significante (forma) e o significado (conteúdo) presentes tanto no nível da compreensão/recepção quanto da produção/expressão(1-3). As crianças, por exemplo, ao longo do seu desenvolvimento, ao ouvirem palavras (vocábulos) associadas a ações e sentimentos, fazem ligações cognitivas criando, assim, uma conexão entre as palavras e o sentido que elas carregam(2-4). Torna-se imprescindível pontuar que, por estar lidando com a avaliação do vocabulário expressivo, ao buscar identificar o nível desse vocabulário, como também possíveis transtornos e/ou atrasos e intervir precocemente, é necessário, antes, que o profissional escolha os procedimentos de avaliação que farão parte do processo diagnóstico e, a partir da análise das possíveis manifestações e nivelamento da gravidade de cada caso, poderão ser definidos possíveis prognósticos e condutas para posteriores mensurações de controle de eficácia terapêutica(5,6). Tais procedimentos, devido a sua natureza, podem ser classificados como formais/padronizados ou informais. Os formais, de forma pontual, proporcionam uma apreciação global da habilidade avaliada, fornecendo a possibilidade de delinear potencialidades e dificuldades específicas, assim como cuidados quanto ao rigor na aplicação, domínio no manuseio e critérios de análise e interpretação dos resultados obtidos(6,7). Sabe-se, no entanto, que nem sempre há procedimentos formais construídos e/ou adaptados disponíveis na língua materna do país, especialmente para avaliação do vocabulário do Português Brasileiro (PB). Portanto, uma alternativa possível e viável é traduzir e adaptar um instrumento desenvolvido em outra língua que convencionou- se chamar de “adaptação cultural”, a fim de preencher a lacuna existente quanto aos métodos objetivos de avaliação(8). O processo de tradução e adaptação de instrumentos internacionais é amplamente difundido, no Brasil, por profissionais da área da psicologia e neuropsicologia. Entretanto, na Fonoaudiologia, essa prática ainda é, relativamente recente, principalmente no âmbito da linguagem. Esse processo, embora longo e intricado, tem sido um caminho viável encontrado pelos pesquisadores na busca por procedimentos que ofereçam dados pautados em uma avaliação objetiva da linguagem(9). A disponibilidade destes métodos fornece não apenas um suporte para fonoaudiólogos clínicos, como também contribui para o panorama científico nacional, possibilitando a realização de estudos comparativos e transculturais(8,9). Sabendo, portanto, da relevância desses instrumentos de avaliação, propomos, nesta comunicação breve, trazer dados sobre o processo de tradução e adaptação cultural do teste Expressive One-Word Picture Vocabulary Test, fourth edition(10) para o PB. MÉTODO Critérios éticos Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual Paulista, câmpus Marília, sob o número CAAE 05599018.1.0000.5406, segundo Resolução do Conselho Nacional de Saúde – CNS 466/12 sobre Diretrizes e Normas Regulamentadoras de Pesquisas Envolvendo Seres Humanos e foi iniciada após a autorização da Editora Norte-Americana Academic Therapy Publications, obtida em maio de 2019. Todos os participantes envolvidos (ou seus responsáveis) colaboraram por livre e espontânea vontade e, a fim de documentar todo procedimento, Termos de Consentimento Livre e Esclarecido foram elaborados, explanados e assinados. O instrumento O Expressive One-Word Picture Vocabulary Test, fourfh edition, doravante EOWPVT-4(10), é um teste americano – já em sua quarta edição – que propõe auxiliar profissionais e pesquisadores em obter o vocabulário expressivo da linguagem falada em que o sujeito deve nomear, com apenas uma palavra, objetos, ações ou conceitos a partir de ilustrações coloridas. Esse teste é composto por 190 estímulos, aplicados individualmente, na faixa etária de 2 a 80 anos, organizados e articulados em nível ascendente de dificuldade, isto é, começando com os conceitos mais fáceis (e.g., maçã, livro, dentista) e terminando com os mais complexos (e.g., hexágono, prescrição, lontra). A avaliação deve ser interrompida quando houver seis erros consecutivos(10). Dentre as facilidades de uso e suas vantagens, seja no contexto clínico ou de pesquisa, pode-se citar o fato de que o EOWPVT-4 é composto por estímulos verbais curtos (e.g., O que ele(a) está fazendo?), dados em voz alta pelo examinador, e requer respostas verbais curtas (e.g., nadando) por parte do sujeito favorecendo a rápida aplicação - cerca de 20 minutos(10). A pontuação é realizada de forma dicotômica, 1 para cada resposta correta e 0 para cada resposta incorreta, em que a pontuação bruta deve ser convertida em escore padrão, escore escalar, rank percentual e idade equivalente utilizando-se as tabelas normativas anexas no manual do avaliador(10). Ressalta-se que o EOWPVT-4 pode ser usado por fonoaudiólogos, psicólogos, terapeutas ocupacionais, especialistas em reabilitação, especialistas em aprendizado e outros envolvidos na avaliação das funções cognitivas e no planejamento de atividades de remediação(10). O processo de tradução e adaptação linguística Como todo teste estrangeiro, o processo de adaptação é multifásico e necessita de uma equipe multidisciplinar para sua execução. Como sugerido pela literatura(7,11), as etapas do processo foram: (1) Tradução do texto original (inglês) para o PB (cultura alvo) por dois tradutores juramentados distintos e orientados quanto ao objetivo da pesquisa; Silva et al. CoDAS 2021;33(1):e20190284 DOI: 10.1590/2317-1782/20202019284 3/5 (2) Análise de paridade entre as traduções realizadas e concepção, por um grupo de especialistas, de uma versão síntese; (3) Retrotradução da versão síntese (português – inglês) por outros dois tradutores juramentados que não participaram da etapa 1a; e (4) Comparação entre a Retrotradução e a versão original feita por um grupo de especialista, moldando, assim, a versão adaptada pré-final do EOWPVT-4. A adaptação do instrumento, em língua inglesa, para o português brasileiro levou em consideração os seguintes aspectos: (1) equivalência semântica, (2) idiomática, e (3) cultural. No que se refere ao primeiro aspecto, buscou-se manter o nível de vocabulário, isto é, observou-se o significado desses termos e sua adequação quanto ao sentido que a elas são empregados. Já o segundo aspecto analisou-se o processo tradutológico quanto a literalidade dos termos e a existência de itens na língua alvo. O aspecto de número três, por sua vez, observou-se a coerência entre as termos utilizados e as experiências que foram vividas pelos indivíduos dentro do contexto cultural(7,11). O objetivo dessa fase é garantir as equivalências e a qualidade do teste antes da aplicação piloto em sujeitos falantes do PB. A Figura 1 apresenta o esquema ilustrativo de tais etapas: RESULTADOS Durante a primeira etapa desse processo, como apresentado anteriormente, dois tradutores realizaram a tradução dos 190 itens da ficha de avaliação do teste. Após receber o arquivo contendo as traduções, uma equipe de especialistas, composta por dois doutores da área de avaliação e diagnóstico e um professor de inglês se reuniram para avaliar ambas traduções e criar, então, a ficha oficial do teste na sua versão em Português Brasileiro. Durante esse processo, algumas divergências e ponderações foram encontradas e serão apresentadas na Tabela 1). DISCUSSÃO O presente estudo teve como objetivo trazer dados sobre o processo de tradução e adaptação cultural do teste EOWPVT-4(10) para o PB. A adaptação cultural do EOWPVT-4 para o PB, de uma maneira geral, não apresentou discrepâncias significativas no que se refere à equivalência semântica. Contudo, foram necessárias adaptações consideradas relevantes durante esse processo, com a finalidade de adequação e/ou de transposição de uma língua para outra (utilizando uma única palavra para uma figura), devido aos seguintes fatores: (A) incongruência com a proposta da pesquisa: adaptar um teste estrangeiro para a nossa língua não é uma tarefa simples. Uma tradução exige muito mais que uma simples substituição de termos; ela implica na busca de elementos em outras línguas que sejam iguais ou semelhantes aos que estão sendo traduzidos. Por ser um teste que avalia vocabulário por meio de palavras únicas (i.e., substantivos simples e verbos), alguns termos foram adaptados levando em consideração os aspectos estruturais da língua alvo. Como exemplo, pode-se citar o item 45 cujo estímulo alvo era “Starfish”, que significa “Estrela do mar”. Ao ser traduzido para o PB, o termo perdeu sua congruência com a proposta do instrumento por se tornar uma palavra composta, necessitando-se, assim, de uma Tabela 1. Exemplos de adaptações dos estímulos com maior relevância para o Português Brasileiro ORDEM ORIGINAL ADAPTAÇÃO JUSTIFICATIVA Item 45 – “Starfish” De “Estrela do mar” para “Concha” Todas as palavras presentes neste tópico, ao serem traduzidas para o Português Brasileiro, tornam-se incongruentes com a proposta original do instrumento, que é de apresentar apenas uma palavra. Item 75 – “Wrench” De “Chave-inglesa” para “Alicate” Item 121 – “Skyscraper” De “Arranha-céu” para “Teleférico” Item 182 – “Outrigger” De “Forquilha de Brandal” para “Proa” Item 73 – “Fireplace” De “Lareira” para “Churrasqueira” Optou-se pela forma adaptada, ao invés da original, devido aos aspectos socioculturais envolvidos como também pela questão da idade dos participantes (8-9 anos). Item 93 – “Skydive/ Parachute” De “Paraquedismo” para “Escalando” A adaptação deste item se dá pela relação com o contexto de apresentação. No instrumento, há a pergunta “O que eles estão fazendo?”. Portanto, espera-se uma resposta cuja ação esteja em progresso. No entanto, ao se traduzir para o PB, não obtivemos este resultado. Por assim ser, a adaptação se fez necessária. Item 144 – “Prescription” “Prescrição / Receita / Receituário” Alteração da imagem A imagem representativa do instrumento original “Rx” cuja resposta esperada seria “prescrição” também não é habitual na realidade sociocultural brasileira. Optou- se pela substituição da imagem em decorrência da frequência de exposição. Figura 1. Diagrama representativo das etapas realizadas para a tradução e adaptação do EOWPVT-4 Silva et al. CoDAS 2021;33(1):e20190284 DOI: 10.1590/2317-1782/20202019284 4/5 adaptação considerando os parâmetros da imagem original para a escolha lexical (i.e., substantivo simples da mesma categoria semântica). Portanto, o estímulo alvo passou a ser “Concha” (vide Tabela 1); (B) aspectos socioculturais: toda língua é um fato cultural e é fácil a identificação deste na seleção de vocábulos, uma vez que língua, sociedade e indivíduo se relacionam entre si, ou seja, eles são permeados por traços sociais como posição socioeconômica, escolaridade, ambiente, entre outros(3,4). Esse aspecto pode ser verificado no item 73 cujo estimulo alvo era “Fireplace”. A tradução literal para o PB apresentou um vocabulário inapropriado (i.e., “Lareira”) para a versão alvo visto que esse item não condiz com a realidade socioeconômica e cultural da maior parte da população brasileira justificando-se, assim, a necessidade de adaptação para o estímulo alvo da mesma categoria semântica: “Churrasqueira”. A mesma argumentação é proposta para o item 144 (Tabela 1); (C) ausência de correspondentes: Esses impasses são comuns nos estudos de adaptação de instrumentos para a avaliação de linguagem já que o sucesso deles é inerente a uma boa tradução em que há a necessidade de uma interpretação criativa do tradutor. A fim de exemplificar este aspecto, pode-se citar o item 93 cujo estímulo alvo era “Skydiving/Parachuting”. A tradução literal para o PB de “Skydiving” foi comprometida uma vez que se trata de uma palavra transposta para a língua alvo (equivalência idiomática), não existindo correspondente, mas, sim, uma apropriação do termo original – anglicismo. Por outro lado, embora haja uma tradução literal de “Parachuting”, que é “Paraquedismo”, sua utilização se torna inviável devido ao fato que a instrução dada pelo examinador requer uma resposta correspondente a um verbo de ação (e.g., O que ele(a) está fazendo?). Dessa forma, houve a necessidade de adaptação desse item e, ao considerar os parâmetros da imagem original para a escolha lexical (i.e., substantivo simples da mesma categoria semântica), o estímulo alvo passou a ser “Escalando” (Tabela 1). No que se refere às limitações da presente investigação, pode- se citar a dificuldade em selecionar o vocabulário utilizado para avaliar sujeitos pertencentes a última faixa etária do instrumento – a partir dos 14 anos. Como os tradutores trouxeram vocabulários diversificados, coube ao grupo de especialistas ponderar o melhor estímulo alvo a ser utilizado a partir da imagem eliciadora, do grau de dificuldade semântico e das questões socioculturais e econômicas que envolvem o contexto de aplicação do instrumento. Estudos internacionais(12-14) que utilizaram o EOWPVT-4 demonstraram que esse instrumento foi capaz de medir o desempenho de crianças com desenvolvimento típico e atípico (e.g., monolíngues ou bilíngues, usuárias de implante coclear, Síndrome de Down) de vocabulário nas faixas etárias propostas pela versão original do teste, justificando, portanto, a escolha desse instrumento para utilização no Brasil. Na área da Fonoaudiologia, instrumentos formais para a avalição da linguagem falada são escassos, já que a construção e/ou processo de adaptação de instrumento é uma tarefa árdua, pois demanda tempo, conhecimento das perspectivas teóricas e psicométricas para que o instrumento possa ser confiável e válido. Ressalta-se que essa pesquisa continua em andamento para, futuramente, apresentar dados a respeito do desempenho dos sujeitos visando uma melhor compreensão dos itens, a coerência entre eles, de suas medidas psicométricas, das equivalências técnicas (forma de coleta) e de critério (interpretação normativa)(12) para a versão em PB. CONCLUSÃO A presente investigação apresenta o primeiro passo para a normatização e validação do EOWPVT-4 para o Português Brasileiro. O processo de adaptação cultural desse instrumento indicou que houve equivalência teórica, semântica, idiomática e cultural com a versão original em inglês. Foram necessários ajustes para que o instrumento pudesse ser utilizado com o mesmo rigor metodológico do instrumento original. REFERÊNCIAS 1. ASHA: American Speech and Hearing Association [Internet]. Rockville: ASHA; 2019 [citado em 2019 Dez 3]. Disponível em: http://www.asha. org/policy/RP1982-00125.htm 2. Krishnan S, Sellars E, Wood H, Bishop DV, Watkins KE. 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