3 UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” FACULDADE DE MEDICINA Amanda Manoel Della Coletta Ação da Vitamina D sobre mecanismos bactericidas de neutrófilos humanos desafiados com diferentes cepas de Staphylococcus aureus Tese apresentada à Faculdade de Medicina, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Câmpus de Botucatu, para obtenção do título de Doutora em Patologia. Orientadora: Profa. Dra. Luciane Alarcão Dias-Melicio Coorientadora: Profa. Dra. Thaís Graziela Donegá França Botucatu 2019 Amanda Manoel Della Coletta Ação da Vitamina D sobre mecanismos bactericidas de neutrófilos humanos desafiados com diferentes cepas de Staphylococcus aureus Tese apresentada à Faculdade de Medicina, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Câmpus de Botucatu, para obtenção do título de Doutora em Patologia. Orientadora: Profa. Dra. Luciane Alarcão Dias-Melicio Coorientadora: Profa. Dra. Thaís Graziela Donegá França Botucatu 2019 Trabalho realizado no Laboratório de Imunopatologia e Agentes Infecciosos (LIAI) – Unidade de Pesquisa Experimental (Unipex) - Faculdade de Medicina, UNESP – Botucatu, com auxílio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Dedicatória Dedico este trabalho à minha família, as vezes mais próxima, as vezes mais distante, mas que a todo momento me deu suporte e segurança para seguir em busca de meus sonhos. Aos meus pais, Luiz Antônio e Silvana, por estarem ao meu lado nos melhores e piores momentos, me mostrando o quão importante é acreditar na minha capacidade, mesmo diante das adversidades. Às minhas irmãs, Isabela e Renata, por estarem comigo sempre e me ensinarem a dimensão do amor. Amo vocês. Agradecimentos Agradeço a Deus, por cada obstáculo em meu caminho o qual eu tive forças para lutar. Por me dar oportunidades de aprender com erros e acertos e nunca desistir. À minha orientadora professora Luciane Alarcão Dias-Melicio, por todos os anos de convivência, sempre tão harmoniosa e respeitosa. Por ser uma companheira, com a qual partilhei momentos felizes e tristes, mas sempre tendo a certeza de que você estaria ao meu lado me incentivando e dando forças para continuar. Obrigada pela confiança, pelo respeito e, acima de tudo, pela amizade, que levarei para o resto da vida. À minha coorientadora, Thaís, por partilhar tantos ensinamentos e compreender minhas inseguranças e dificuldades, estando sempre disposta a ajudar. À toda minha família, em especial meus pais e irmãs. Obrigada pela educação e empenho em sempre me fazer seguir em frente, muitas vezes deixando seus sonhos de lado para que eu pudesse seguir os meus. Em especial à Renata, meu anjo na terra, obrigada por me ensinar a viver cada momento e a amar incondicionalmente. Você me inspira a ser uma pessoa melhor. Aos meus amigos do coração e de longa data, Juliana (Balsa), Cristiane (Dofa) e Marina (Hemacea), André (Qualy) e Carla (Caldo), obrigada por existirem na minha vida. Vocês me dão segurança e paz, me dão a certeza que os terei como amigos irmãos para o resto da vida. Obrigada por proporcionarem tantos momentos de diversão e companheirismo, por serem meu porto seguro. Às minhas irmãs, Bianca (Peks) e Raíza. Obrigada por me mostrarem que a distância não importa quando o sentimento é tão intenso e verdadeiro como nossa amizade. Obrigada por serem minhas irmãs de alma, amigas e confidentes. À Luisa, minha amiga de sempre e pra sempre. Obrigada por nunca desistir da gente, por estar ao meu lado, mesmo às vezes distante, nesses longos, mas nem tão longos assim, 20 anos de amizade. Você me ensina que devemos aproveitar cada segundo da vida, a rir nos momentos tristes e a chorar nos alegres. Simplesmente obrigada por ser você. À Marcela (Teteia), obrigada por ser a amiga que o handebol me deu para a vida. Obrigada por estar sempre disposta a ajudar, me escutar, puxar minha orelha e ser tão especial na minha vida, mesmo que longe fisicamente. Obrigada por todo o carinho e os momentos divertidos nas aventuras do mundo do handebol. À Tatiana Bachiega, por continuar a ser uma irmã mais velha, me escutando nas minhas crises e me incentivando a ser melhor a cada dia. Obrigada por acreditar em mim e por partilhar todo o seu conhecimento comigo, inclusive nos momentos científico-culinários. Aos colegas de laboratório Luciana, Taiane, Ana Teresa, Tatiana, Yohan, Kaio, Ana Laura e Larissa, por todo empenho em ajudar e confiança. Obrigada pela convivência em todos esses anos, sempre buscando a melhor oportunidade para aprender e partilhar experiências, além é claro dos momentos de descontração. E à vizinha, Nathália, que sempre esteve por perto, me ajudando e me incentivando a seguir em busca do meu caminho. À Lari, obrigada pela confiança em mim depositada, fazendo com que não fosse mais uma relação de trabalho e sim uma amizade. Em especial, à Tai, por me desafiar a ser melhor sempre, por partilhar conquistas e frustrações e me dar forças para continuar em busca de meus sonhos. Ao professor Valdecir Farias Ximenes, da Unesp de Bauru, por me receber em seu laboratório e me ajudar sempre tão solicitamente. À professora Maria de Lourdes Ribeiro de Souza da Cunha, por permitir que eu frequentasse seu laboratório e me receber tão prontamente. Aos colegas do Laboratório de Bacteriologia, por me ensinarem com tanta prontidão, dedicação e atenção de sempre. À professora Márcia Guimarães da Silva e seus alunos, pela sempre boa vizinhança e oportunidade de sempre aprender a cada dia. Ao professor Ramon Kaneno e Graziela, pela oportunidade de realizar meu projeto e me atender, sempre tão prontamente. Aos funcionários do Centro de Microscopia do Instituto de Biociências de Botucatu e aos funcionários da Unidade de Pesquisa Experimental (Unipex), da Faculdade de Medicina de Botucatu, por me proporcionarem sempre as melhores oportunidades. Aos doadores de sangue, por serem sempre tão pacientes e permitirem que meu trabalho fosse realizado da melhor maneira possível e a todos, que de alguma maneira, contribuíram para a realização desse projeto. Ao Programa de Pós-Graduação em Patologia e à coordenadora Professora Doutora Márcia Guimarães da Silva, por todo aprendizado e ensinamento. À Vânia Soler, secretária do Programa de Pós-Graduação em Patologia, por me salvar em tantos momentos, me atender tão prontamente e sempre com tanta dedicação e carinho pelo que faz. Ao CNPq (140332/2015-4) pela bolsa concedida. ...” Uma fé genuína na preciosidade da vida. Sinto que tudo em mim se reorganiza, silenciosamente, o tempo todo. Que isso tem mais a ver com o meu olhar, com a natureza das sementes que rego, do que eu possa perceber. Minha expectativa, tantas vezes ansiosa, de que as coisas sejam diferentes, dá lugar à certeza tranquila de que, naquele momento, tudo está onde pode estar. Em vez de sofrer pelas modificações que ainda não consigo, eu me sinto grata pelas mudanças que já realizei. E relaxo... ...Plenitude não é extensão nem permanência: é quando a vida cabe no instante presente, sem aperto, e a gente desfruta o conforto de não sentir falta de nada.” Ana Jácomo Resumo Resumo Recentemente, a deficiência de vitamina D vem se tornando um problema de abrangência mundial em virtude de hábitos rotineiros da população, como o trabalho por períodos prolongados em ambientes fechados e diminuição da exposição solar. Trabalhos recentes demonstram que a vitamina D age não somente na homeostase do cálcio, mas também na regulação do sistema imune. Diante da multiplicidade de funções dessa vitamina, sua deficiência tem sido associada ao risco de desenvolvimento de uma série de doenças, entre elas doenças infecciosas como as causadas por S. aureus. As infecções por essa bactéria têm trazido expressiva preocupação para a população humana em decorrência do aumento da prevalência de cepas resistentes aos fármacos antibacterianos, dificultando, dessa maneira, o tratamento e contribuindo para a busca de métodos alternativos para combater esse tipo de infecção. Além disso, o S. aureus conta com um potente arsenal de fatores de virulência que contribuem para a evasão da resposta imune do hospedeiro. Nesse contexto, torna-se importante avaliar se a vitamina D pode modular os efeitos bactericidas de neutrófilos humanos através de mecanismos intra e extracelulares, favorecendo, portanto, o combate a infecções, especialmente aquelas causadas por microrganismos resistentes aos principais tratamentos. Dessa maneira, nós demonstramos que neutrófilos tratados com vitamina D e desafiados com duas cepas de S. aureus tiveram um aumento nas taxas de fagocitose e atividade bactericida dependentes da cepa estudada, contribuindo para as propriedades antimicrobianas dos neutrófilos. Além disso, identificamos que indivíduos com níveis séricos de vitamina D deficientes/insuficientes estavam correlacionados com menor liberação de NETs e taxa de fagocitose; enquanto indivíduos com níveis séricos de vitamina D suficientes foram correlacionados com maior liberação de NETs, taxa de fagocitose intermediária e atividade bactericida. Portanto, a vitamina D pode modular a resposta imune inata contra S. aureus principalmente por aumento de taxas fagocíticas e atividade bactericida. Palavras-chave: Atividade Bactericida, Fagocitose, Vitamina D, Staphylococcus aureus, Redes Extracelulares de Neutrófilos (NETs). Abstract Abstract In the last years, vitamin D deficiency has become a worldwide problem due to routine population habits, such as prolonged work indoors and increased use of sunscreen/decreased sun exposure in attempt to avoid high rates of skin cancer. Recent studies demonstrated that vitamin D acts not only on calcium homeostasis, but also on the regulation and function of the immune system. Facing the countless functions of vitamin D, its deficiency has been associated with the risk of development of many diseases, including infectious diseases such as those caused by S. aureus. Infections caused by these bacteria have brought significant concern to the human population due to the increased prevalence of strains resistant to antibiotics, thus making it difficult to treat and contributing to the search for alternative methods to combat this type of infection. In addition, S. aureus have a variety of virulence factors, which confer the ability to evade host immune responses. In this context, it is important to evaluate whether vitamin D can modulate the bactericidal effects of human neutrophils through intra- and extracellular mechanisms, such as phagocytosis, bacterial killing and release of Neutrophil Extracellular Traps (NETs), thus contributing to the response against infections, especially those caused by microorganisms resistant to the main treatments. Thus, we demonstrated that neutrophils treated with Vitamin D and challenged with two strains of S. aureus had an increase in phagocytic rates and bactericidal activity in a dependence of the strain, contributing to neutrophil antimicrobial properties. Besides, we identified that individuals with deficient/insufficient vitamin D serum levels were correlated with lower NETs release and phagocytosis rate; while individuals with sufficient vitamin D serum levels were correlated with higher NETs release, intermediate phagocytosis rate and bactericidal activity. Then, Vitamin D could modulate the innate immune response against S. aureus mainly by phagocytic rates and bactericidal activity. Further studies are needed to better understand the complex capacity of Vitamin D on modulation of the innate immune response. Key-words: Bactericidal Activity, Phagocytosis, Vitamin D, Staphylococcus aureus, Neutrophil Extracellular Traps (NETs). Sumário Capítulo I ........................................................................................................................................... 1 1. Revisão Bibliográfica ............................................................................................................... 2 1.1. Vitamina D e sua potencial ação imunomoduladora em neutrófilos ................................ 2 1.2. Deficiência de vitamina D e sua correlação com diferentes doenças ............................... 8 1.3. S. aureus e seus mecanismos de escape .........................................................................13 1.4. Resposta Imune Inata e seus mecanismos efetores contra S. aureus ..............................15 1.5. Neutrófilos e Rede Extracelulares de Neutrófilos (NETs) ................................................21 2. Referências ...........................................................................................................................28 Capítulo II .........................................................................................................................................35 Manuscript .......................................................................................................................................36 ABSTRACT .....................................................................................................................................37 INTRODUCTION .............................................................................................................................38 EXPERIMENTAL PROCEDURES .......................................................................................................41 − Casuistics .......................................................................................................................41 − Neutrophil isolation .......................................................................................................41 − Vitamin D treatment ......................................................................................................42 − Bacterial strains and culture conditions..........................................................................42 − Phagocytosis of S. aureus ...............................................................................................43 − Killing assay ...................................................................................................................44 − Hydrogen Peroxide Production (H2O2) ............................................................................44 − Nitric Oxide Production (NO)..........................................................................................45 − Immunofluorescence for Neutrophil Extracellular Traps (NETs) visualization ..................45 − Neutrophil Extracellular Traps (NETs) by scanning electron microscopy .........................46 − Neutrophil Extracellular Traps (NETs) quantification ......................................................46 − Statistical analysis ..........................................................................................................47 RESULTS ........................................................................................................................................47 − Phagocytosis rate of S. aureus strains ............................................................................47 − Vitamin D action on neutrophil bactericidal activity against S. aureus ............................48 − Hydrogen peroxide (H2O2) Production ............................................................................49 − Nitric Oxide (NO) Production..........................................................................................49 − Visualization of NETs components by Immunofluorescence ...........................................50 − NETs identification by scanning electron microscopy .....................................................50 − NETs quantification ........................................................................................................51 − Serum 25(OH)D3 levels and analysis of perceptual map from multiple correspondence .51 DISCUSSION ..................................................................................................................................52 REFERENCES ..................................................................................................................................59 FIGURES ........................................................................................................................................63 Conclusão .........................................................................................................................................74 Anexos ..............................................................................................................................................76 Capítulo I Revisão Bibliográfica 2 1. Revisão Bibliográfica 1.1. Vitamina D e sua potencial ação imunomoduladora em neutrófilos A vitamina D é um hormônio secosteróide produzido fotoquimicamente na pele a partir do componente 7-dehidrocolesterol (1,2). Sendo a forma de obtenção mais significativa, cerca de 90% da vitamina D obtida provém de exposição solar cutânea espontânea, a qual é influenciada pela estação climática, altitude e latitude (3,4). Ainda que em menor quantidade, pode também ser obtida pela dieta, oriunda de alimentos ricos em vitamina D como óleo de fígado de bacalhau, peixes como salmão e atum, cogumelos irradiados, entre outros (5,6). A obtenção de vitamina D via dieta depende da política de suplementação de cada país, sendo que alguns países como Estados Unidos e Canadá beneficiam-se dessa suplementação para reduzir as taxas de deficiência de vitamina D na população (4). Após a exposição solar (espectro de raios UVB – 290-320nm), o 7-dehidrocolesterol (ou provitamina D), presente na membrana plasmática de queratinócitos na epiderme, sofre fotoconversão para originar a pré-vitamina D3 (7). Essa, por sua vez, sofre um rearranjo estrutural causado por temperatura e se transforma em vitamina D3 (Colecalciferol), a qual é biologicamente inativa. Mediante ligação com proteína transportadora de vitamina D (DBP), a vitamina D3 é transportada sistemicamente até o fígado, onde é hidroxilada no metabólito 25-hidroxivitamina D3 [25(OH)D3] pela ação de enzimas do citocromo-P450 (CYPs) como CYP2R1(25-hidroxilase), CYP27A1 e CYP2D25. Embora inativo, o metabólito [25(OH)D3] é considerado a principal forma circulante de vitamina D, tem uma meia-vida de aproximadamente duas semanas e reflete ingestão e produção cutânea recentes, sendo, portanto, utilizado para determinar os níveis séricos de vitamina D. Por fim, o [25(OH)D3] é 3 novamente transportado sistemicamente ligado ao DBP para o rim, onde, através da ação da CYP27B1 mitocondrial (1-α hidroxilase), é hidroxilado em 1,25 dihidroxivitamina D3 [1,25(OH)2D3] ou calcitriol, o metabólito ativo da vitamina D (1,2,4,5,8). Para exercer sua função biológica, o metabólito [1,25(OH)2D3] deve ser transportado a órgãos alvo distais e se ligar ao receptor de vitamina D (VDR), presente em uma variedade de células, podendo ter efeito na proliferação, diferenciação e controle do ciclo celular, apoptose e produção de catelicidina, renina e insulina (9). O complexo de ligação do metabólito ativo da vitamina D no receptor VDR e seu co-receptor retinóico X (RXR) pode regular a transcrição de cerca de 3000 genes no genoma humano (10). Além de tecidos envolvidos no metabolismo do cálcio, o receptor VDR já teve sua presença descrita em outros tipos celulares como queratinócitos, fibroblastos, células do sistema imune entre outros, demonstrando que a vitamina D pode exercer uma variedade de funções que vão desde a homeostase óssea até efeito neuroprotetor (11,12). A vitamina D age via ligação a seu receptor VDR, o qual pode atuar como um fator de transcrição agindo pela ligação a sequências de nucleotídeos específicos no DNA conhecidos como elementos responsivos à vitamina D (VDREs). Pode também modular a transcrição gênica, afetando a atividade de fatores de transcrição, como fator nuclear de células T ativadas (NF-AT) e fator nuclear kappa B (NF-κB) (13). A principal e mais bem descrita função da vitamina D é na regulação da homeostase do cálcio e do fósforo. Além da presença do receptor VDR em todos os segmentos do intestino, o metabólito ativo da vitamina D [1,25(OH)2D3] e o paratormônio (PTH) são os responsáveis pela reabsorção intestinal do cálcio, regulando todos as etapas do processo de transporte celular do cálcio (14,15). Preservando níveis de cálcio, a vitamina D permite que os osteoblastos tenham íons suficientes para mineralizar a matriz de colágeno e dessa maneira, 4 prevenir as consequências de deficiência de vitamina D como o raquitismo na infância e osteomalácia em adultos, além de osteoporose e fraturas em idosos (8,16). Ao detectar-se níveis plasmáticos baixos de cálcio, a vitamina D é responsável por estimular a liberação de cálcio e fósforo dos ossos, mas também inibir a deposição mineral óssea. Níveis plasmáticos de vitamina D, cálcio e fósforo adequados, levam a conversão de [25(OH)D3] em [1,25(OH)2D3] por osteoblastos e osteócitos para aumentar os níveis de cálcio e fósforo no tecido ósseo e assim melhorar a resistência óssea (16). Nos últimos anos, os estudos têm buscado identificar outras ações da vitamina D no organismo, expandindo as avaliações das ações da vitamina no funcionamento e regulação de outros sistemas. Os principais indícios dessas múltiplas funções, conhecidas como funções não-clássicas, ocorrem pela presença do receptor VDR e da enzima 1-α hidroxilase em diversos tipos celulares. Esses, por sua vez, não estão relacionados com o metabolismo ósseo e homeostase do cálcio, como as células do sistema imune, do pâncreas, intestino entre outros, expandindo, dessa maneira, a produção e ação da vitamina para outros locais além do rim, o principal responsável pela conversão do metabólito ativo da vitamina D (17–19). Entre as principais funções não-clássicas estão a regulação da proliferação e diferenciação celular, controle do ciclo celular, apoptose e regulação do sistema imune (9,20). Em relação ao controle do ciclo celular, a vitamina D é responsável por parar o ciclo na transição entre G0 e G1, induzindo a expressão de inibidores de quinase dependentes de ciclina como o p27 e exercendo um efeito antiproliferativo em células HL60 e também o p21, responsável por desacelerar o ciclo celular de linhagem celular de carcinoma prostático (Alva- 31) (20–22). Já em relação a diferenciação celular, Abe et al. (1981) (23) identificaram que o metabólito ativo da vitamina D é capaz de induzir a diferenciação de células leucêmicas 5 mielóides em macrófagos, provocando alterações morfológicas, adesão celular e indução de atividade fagocítica, demonstrando a capacidade da vitamina D em modular a diferenciação de células da medula óssea. Ma et al. 2013 (24) demonstraram a ação da vitamina D na apoptose através da ação do inecalcitol, um análogo da forma ativa da vitamina D, o qual suprimiu, in vitro, a proliferação de células de um modelo murino de carcinoma de células escamosas, além da ativação de caspases 8, 10 e 3 e redução dos inibidores de apoptose proteína inibidora de apoptose 1 (c-IAP1) e proteína inibidora de apoptose ligada ao cromossomo X (XIAP). A vitamina D também já foi descrita como uma importante reguladora do sistema imune, tanto inato quanto adaptativo, sendo sua ação primeiramente evidenciada pela presença do receptor VDR em quase todos as células, entre elas neutrófilos, macrófagos, células dendríticas e linfócitos ativados T CD4+ e T CD8+ (25,26). Além disso, a expressão do receptor VDR é diminuída com a diferenciação de monócitos em macrófagos ou células dendríticas, tornando-as menos sensíveis à vitamina D (27,28). Em contraste, a expressão do receptor é aumentada após a ativação de linfócitos T, sendo que linfócitos T naive possuem baixos níveis de VDR (29). Em relação ao sistema imune inato, vários artigos demonstram que a vitamina D pode ter ação em processo cruciais como fagocitose, expressão de produtos antimicrobianos, atividade quimiotática, entre outros. Liu et al. (2006) (30) demonstraram que a ativação de receptores Toll Like 2/1 (TLRs 2/1) em monócitos e macrófagos humanos com lipopeptídeo derivado de Mycobacterium tuberculosis (M. tuberculosis) (TLR2/1L) aumenta a expressão do receptor de vitamina D (VDR) e da 1-α hidroxilase, induzindo a produção de catelicidina, um peptídeo antimicrobiano, e consequentemente aumentando a morte de M. tuberculosis. 6 Outro estudo identificou a indução da expressão de catelicidina por queratinócitos e monócitos após tratamento com a forma ativa da vitamina D, aumentando a atividade microbicida contra Staphylococcus aureus (S. aureus) (31). Já Gombart et al. 2005 (32) demonstraram que o tratamento de queratinócitos imortalizados, células de câncer de cólon, macrófagos derivados da medula óssea e células da medula óssea de indivíduos saudáveis e pacientes com leucemia mieloide aguda, com a forma ativa da vitamina D e análogos induziram um aumento na expressão gênica do peptídeo antimicrobiano de catelicidina humana (CAMP). Hirsch et al. (2011) (33) identificaram que o tratamento de neutrófilos de indivíduos adultos e neonatais com lipopolissacarídeo (LPS) e [1,25(OH)2D3] aumentaram a expressão de VDR em células dos indivíduos adultos, mas não teve efeito significativo nos neutrófilos dos neonatais. O tratamento também aumentou 5 Lipoxigenase (5-LOX), diminuiu a expressão gênica da Ciclooxigenase-2 (COX-2) e diminuiu significativamente a produção de mediadores tais como proteína inflamatória de macrófagos-1β (MIP-1β), fator de crescimento do endotélio vascular (VEGF) e interleucina-8 (IL-8). Além disso, a vitamina D não afetou a produção de peróxido de hidrogênio (H2O2) por neutrófilos de adultos e neonatais. A vitamina D também diminuiu a produção de interleucina-12p40 (IL-12p40) e interferon-gama (IFN-γ) pelas células mononucleares do sangue periférico (PBMCs) de doadores saudáveis e pacientes com tuberculose após desafio com antígeno de filtrado de cultura (CFA) de M. tuberculosis (34). Já Rockett et al. (1998) (35) demonstraram que uma linhagem celular HL-60, com características macrofágicas, foi capaz de produzir óxido nítrico (NO) em resposta ao estímulo com a forma ativa da vitamina D, induzindo supressão do crescimento de M. tuberculosis, por mecanismo dependente de NO. Por fim, Wang et al. (2004) (36) identificaram que a forma ativa da vitamina D pode agir como um regulador de atividade antimicrobianas pela indução 7 da expressão gênica e atividade de genes codificadores de antimicrobianos como o peptídeo antimicrobiano catelicidina (CAMP) e defensina-β2 (defβ2) através dos elementos responsivos a vitamina D (VDREs). Assim, esses estudos demonstram que a vitamina D tem um importante papel na regulação do sistema imune inato. Quando é relacionada ao sistema imune adaptativo, a vitamina D exerce função via expressão de seu receptor (VDR) em linfócitos T e B, além de células apresentadoras de antígeno, as quais funcionam como ponte entre o sistema imune inato e adaptativo (26). Em um estudo realizado em 2017 (37), foi demonstrado que a incubação com vitamina D induziu um perfil de células dendríticas com capacidade tolerogênica via diminuição da expressão de MHC de classe II e CD86. Essas células foram transferidas para camundongos com encefalite autoimune experimental (EAE), exibindo uma melhora no quadro clínico, acompanhado da diminuição do infiltrado inflamatório na medula espinhal dos camundongos. Além disso, as células foram capazes de inibir o recrutamento de células Th1 e Th17 para a medula espinhal e aumentar a proporção de células T reguladoras (Treg), CD4+, IL-10+ T e B reguladoras (Breg) nos órgãos imunes periféricos, atenuando, dessa maneira os sintomas da EAE. Outro estudo demonstrou que a incubação de monócitos com [1,25(OH)2D3] inibiu a diferenciação e maturação das células dendríticas em importantes células apresentadoras de antígeno, apresentando expressão elevada de receptor de manose (MR), CD32, moléculas envolvidas na captura de antígenos e no aumento da capacidade endocítica, além de CD14 e MHC de classe I, enquanto que MHC de classe II, CD40 e CD86 estavam diminuídas (38). Além disso, Hewison et al. (2003) (28) identificaram que células dendríticas apresentavam um aumento na expressão de mRNA de 1-α hidroxilase, com consequente capacidade de sintetizar [1,25(OH)2D3]. Embora haja o aumento na síntese de [1,25(OH)2D3], 8 com a diferenciação das células dendríticas a partir de monócitos, ocorre uma diminuição na expressão do receptor VDR, demonstrando uma possível função autorreguladora limitando uma reação imune não desejada. Em relação aos linfócitos T, o tratamento com vitamina D induziu uma polarização para um perfil anti-inflamatório (Th2), com aumento na frequência de células produtoras de IL-4 (Th2) e diminuição nas células produtoras de IFN-γ (Th1), levando ao aumento da expressão do fator de transcrição GATA-3 e das citocinas IL-4, IL-5, e IL-10 (13). Já Jeffery et al. (2009) (39) demonstraram que [1,25(OH)2D3] pode agir diretamente sobre as células T CD4+, diminuindo a produção de citocinas como IFN-γ, IL-17 e IL-21. Além disso, foi identificado que a presença da forma ativa da vitamina D acrescida de IL-2 levaram a uma elevada expressão de FOXP3 e antígeno-4 associado ao linfócito T citotóxico (CTLA-4), adquirindo características de células Treg, com potente ação imunossupressora. Em relação às células Th17, Joshi et al. (2011) (40) observaram que o tratamento com vitamina D induziu uma diminuição nos níveis de mRNA de IL-17 e IL-17 e IL-22 e aumento de IL-10, através do bloqueio do fator de transcrição fator nuclear para células T ativadas (NFAT) e indução de FoxP3, diminuindo a paralisia e progressão da EAE. Por fim, foi identificado que [1,25(OH)2D3] teve efeito inibitório na síntese de DNA e produção de imunoglobulinas IgG e IgM células mononucleares ativadas in vitro (41). 1.2. Deficiência de vitamina D e sua correlação com diferentes doenças Diante da variedade de funções da vitamina D, sua deficiência tem sido associada ao risco de desenvolvimento de uma série de doenças como as doenças ósseas, diabetes mellitus, determinados tipos de câncer, doenças autoimunes e infecciosas. 9 Nos últimos anos, a deficiência de vitamina D vem sendo considerada um problema de escala mundial em decorrência da mudança de hábitos da população, como a permanência por longos períodos em locais fechados e a diminuição da exposição solar, além do uso de protetor solar para conter as elevadas taxas de câncer de pele (42). Apesar disso, já foi demonstrado que a utilização de protetor solar não interfere nos níveis de produção da vitamina D (43). Pesquisas indicam que a deficiência de vitamina D tem uma prevalência elevada, podendo afetar aproximadamente 90% da população, dependendo da área global em que a avaliação foi realizada (6,44). Em um estudo conduzido no Brasil com 603 voluntários saudáveis, foi identificada uma prevalência de 77,4% de indivíduos insuficientes de vitamina D (45). Apesar de existir um consenso sobre o metabólito 25(OH)D3 ser o que melhor se adequa para se definirem os níveis séricos de vitamina D, os valores de referência para classificação do status dos indivíduos ainda é controverso. Os valores para a classificação dos pacientes em deficientes, insuficientes ou suficientes diferem nas principais sociedades. A Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) descreve que níveis séricos maiores que 30ng/mL são considerados adequados para o benefício ósseo, porém deve-se levar em consideração dados como idade, obesidade, osteoporose, fraturas, entre outros (6). O Vitamin D Council, organização sem fins lucrativos dos Estados Unidos declara que valores menores que 30ng/mL são considerados deficientes, entre 31 e 39ng/mL insuficientes e entre 40 e 80ng/mL valores suficientes de vitamina D (46). Já Pludowski et al. 2013 (47) descreveram as recomendações da Europa Central, onde níveis séricos menores que 20ng/mL são considerados deficientes, de 20 a 30ng/mL insuficientes e de 30 a 50ng/mL níveis adequados de vitamina D. 10 Uma das principais doenças ósseas relacionadas à deficiência de vitamina D é a osteomalácia. Essa patologia é caracterizada pelo risco aumentado de fraturas por toda a vida, além de hipocalcemia e hipofostatemia, baixos níveis de 25(OH)D3 e elevados níveis de PTH. Como a vitamina D é responsável pela reabsorção de cálcio e fósforo, pacientes com essa doença possuem dificuldades na mineralização óssea, ocasionando elevado risco de fraturas (48). Em relação ao diabetes mellitus, o receptor VDR já foi identificado em células pancreáticas e em tecidos influenciados por insulina (49). Além disso, Alkhatatbeh et al. (2018) (50) identificaram que pacientes diabéticos com nível glicêmico controlado possuíam maiores níveis séricos de vitamina D em comparação com aqueles indivíduos com níveis glicêmicos descontrolados. Ainda, pacientes com níveis suficientes de vitamina D exibiram baixos níveis de hemoglobina A1c (HbA1c), uma medida de controle glicêmico importante para avaliar complicações vasculares, demonstrando que uma possível suplementação de vitamina D pode melhorar as medidas de controle glicêmico. Quando relacionada ao câncer, um estudo retrospectivo realizado em 2016 demonstrou que pacientes com deficiência de vitamina D (<20ng/mL) tinham maiores riscos de terem estágios mais avançados de melanoma e morrer durante o follow-up do que aqueles que tinham níveis séricos maiores que 20ng/mL. Os autores ainda identificaram que aqueles pacientes com melanoma metastático e baixos níveis de vitamina D que não foram capazes de elevar seus níveis séricos tiveram piores prognósticos quando comparados com aqueles que tiveram elevação nos níveis de vitamina D (51). A ação da vitamina D durante o câncer pode estar relacionada com suas funções durante a regulação do ciclo celular, pelo aumento 11 da expressão de inibidores de quinase dependentes de ciclina p27 e p21, da indução de apoptose, de seus efeitos anti-inflamatórios, entre outros (52). Em relação a doenças autoimunes, Handono et al. (2013) (53) identificaram menores níveis de vitamina D em pacientes com Lúpus Eritematoso Sistêmico em comparação com controles saudáveis, com taxa de 71% de hipovitaminose entre os pacientes com Lúpus. Houve também uma correlação positiva entre níveis de vitamina D e a redução da capacidade migratória das células Treg. Estudos relatam que níveis séricos de vitamina D são mais baixos em pacientes, embora a suplementação oral de vitamina D não seja recomendada para esses pacientes, uma vez que foi demonstrado que não impacte no desenvolvimento da psoríase (54,55). Dentre as doenças infecciosas, destacam-se HIV, hepatite B, mononucleose, aspergilose, tuberculose, infecções causadas por Pseudomonas aeruginosa (P. aeruginosa), além daquelas causadas pelo S. aureus, entre outras. Em relação ao HIV, estudos demonstraram que a deficiência de vitamina D pode contribuir para a progressão do HIV por meio de sua ação moduladora no sistema imune, por modular negativamente o sistema imune adaptativo (56). Em um estudo de 2016, foi demonstrado que 100µg/mL foram capazes de induzir um efeito fungicida direto contra Candida albicans (C. albicans), possivelmente devido a lipossolubilidade da vitamina D, levando a desintegração da membrana (57). Quando relacionadas a infecções bacterianas, Nouari et al. (2016) (58) identificaram que o tratamento de macrófagos com [1,25(OH)2D3] e infectados com P. aeruginosa induziu um aumento na produção de óxido nítrico (NO) comparado com macrófagos não tratados. Entretanto, os autores não identificaram diferença estatisticamente significativa nos níveis de peróxido de hidrogênio (H2O2) produzidos por macrófagos tratados com a forma ativa da vitamina D e 12 desafiados com P. aeruginosa. Além disso, foi demonstrado que macrófagos tratados com vitamina D e não desafiados tiveram aumento nos níveis de IL-10 e diminuição em IL-1β, enquanto que os infectados e tratados, apresentaram diminuição nos níveis de IL-10 e aumento nos níveis de IL-1β. Tanto fagocitose quanto atividade bactericida tiveram suas taxas aumentadas após o tratamento com vitamina D, demonstrando um potencial papel da vitamina D na prevenção contra infecções por P. aeruginosa. Já em relação a infecções por M. tuberculosis, Zeng et al. (2015) (59) demonstraram, em um estudo de meta-análise, que níveis séricos menores que 25ng/mL estavam correlacionados com elevado risco de desenvolvimento de tuberculose ativa. Pesquisas que relacionaram a deficiência de vitamina D com infecções por S. aureus demonstraram que pacientes infectados com S. aureus resistentes à meticilina (MRSA) tinham níveis mais baixos de vitamina D em comparação àqueles com infecção não MRSA, embora os autores não tenham assumido se deficiência é um resultado da infecção ou pode contribuir para o risco de infecção por MRSA (60). Além disso, Wang et al. (2015) (61) descreveram que crianças com deficiência ou insuficiência de vitamina D apresentavam alto risco de infecção recorrente de pele e tecidos moles por S. aureus. Em relação a suplementação com vitamina D, Slow et al. (2014) (62) demonstraram que a administração de vitamina D por 18 meses aumentou os níveis de [25-(OH)D] nos pacientes em tratamento em comparação ao grupo placebo, mas não reduziu o porte nasal de S. aureus naqueles pacientes classificados como infecção persistente. Corroborando esses dados, a suplementação diária com vitamina D por 12 meses não reduziu a infecção por MRSA em pacientes portadores persistentes em relação ao grupo placebo, conforme descrito por Björkhem-Bergman et al. (2018) (63). Em contraste, Udompataikul et al. (2015) (64) 13 descreveram que uma suplementação oral com Vitamina D reduziu a colonização da pele por S. aureus em pacientes com dermatite atópica, levando a uma melhora nos desfechos clínicos. Outro estudo realizado por Björkhem-Bergman et al. (2018) (65) demonstrou que os níveis do carreador de vitamina D, DBP, não foram alterados nos indivíduos portadores de infecção persistente por MRSA ao longo de seis meses, tanto nos indivíduos suplementados com vitamina D quanto naqueles que receberam placebo. 1.3. S. aureus e seus mecanismos de escape O S. aureus é uma bactéria Gram-positiva geralmente encontrada na pele e narina de pessoas saudáveis, sendo considerada tanto um comensal quanto um patógeno humano. Em um estudo realizado em 2018, foi demonstrado que a prevalência de colonização por cepas resistentes a meticilina (MRSA) em uma comunidade na cidade de São Paulo é de apenas 2,3% (66), embora artigos demonstrem que a colonização assintomática e persistente da narina é de aproximadamente 30% (67). É considerada um patógeno oportunista associado a infecções hospitalares e à diversas patologias como endocardite, bacteremia, infecções osteoarticulares, de pele e tecidos moles, dentre outras. As principais taxas de bacteremia ocorrem nos estágios iniciais da vida, com uma queda da taxa de infecção na fase adulta e um aumento gradual com o avanço da idade (68). As infecções por S. aureus têm se tornado relevantes para a população humana em virtude do aumento da prevalência de cepas resistentes aos fármacos antibacterianos, principalmente devido a inapropriada prática de automedicação (69), dificultando, dessa maneira, o tratamento e contribuindo para a busca de métodos alternativos para combater 14 este agente patogênico. Além disso, essa bactéria conta com um potente conjunto de fatores de virulência que contribuem para o escape da resposta imune do hospedeiro. Entre os fatores de virulência estão as toxinas (enterotoxinas, α e β toxinas), fatores associados à adesão às células do hospedeiro (proteínas de ligação à fibronectina, proteínas de aderência extracelular), superantígenos, além de proteínas e enzimas (coagulases, hidrolases, proteases), os quais podem agir através de ligação aos fatores de coagulação, colágeno, P-selectina, conferindo à bactéria a capacidade de interferir na resposta do hospedeiro. Dentre as possibilidades de escape da resposta imune estão a resistência ao estresse oxidativo, alteração do processo de quimiotaxia, lise de neutrófilos, bloqueio do seu processo de rolamento, inativação do sistema complemento, degradação de imunoglobulinas, resistência à catelicidina, alteração na taxa de fagocitose, inativação de espécies reativas de oxigênio, entre outros (70). A resistência à catelicidina ocorre por meio de alguns fatores de virulência como a aureolisina, a qual age clivando e inativando o peptídeo ativo LL-37 (71). Essa resistência é especialmente importante, uma vez que a catelicidina é um dos principais peptídeos antimicrobianos induzidos pela forma ativa da vitamina D. Outro fator de virulência é a proteína A, uma proteína envolvida na evasão da fagocitose por sua ligação à porção Fc de anticorpos, impedindo a opsonização, sendo também associada à liberação de Redes Extracelulares de Neutrófilos (NETs). Em um estudo realizado em 2018, foi sugerido que além impedir a fagocitose, a proteína A poderia estimular a formação de NETs a fim de levar os neutrófilos envolvidos na resposta à morte, induzindo o processo de NETose, do qual as bactérias poderiam escapar devido à produção de nucleases (72). Além dos já descritos fatores de virulência, o S. aureus tem a capacidade de produzir biofilme, um importante fator associado à severidade das doenças causadas por essa bactéria. 15 As infecções associadas ao biofilme geralmente são crônicas e persistentes devido a habilidade de se aderir e persistir em tecidos do hospedeiro ou em implantes médicos, resistindo aos principais tipos de tratamento e à resposta imune (73). O biofilme é descrito como uma comunidade multicelular séssil agregada por uma matriz extracelular composta por carboidrato, DNA extracelular e proteínas, as quais se ligam em fatores do hospedeiro como fibronectina e colágeno para permitir a adesão (73,74). Esse mecanismo de ação da bactéria pode conferir sua evasão da resposta imune possivelmente através da dificuldade de penetração de leucócitos no biofilme e diminuição da capacidade de fagocitose, um processo denominado “fagocitose frustrada”. Em um estudo realizado em 2002, Leid et al. (75) demonstraram que, sob condições semelhantes as fisiológicas, leucócitos foram capazes de se aderirem e penetrarem no biofilme formado por S. aureus, embora essas células não tenham sido capazes de fagocitar e matar as bactérias agregadas ao biofilme, apenas aquelas que estavam isoladas. 1.4. Resposta Imune Inata e seus mecanismos efetores contra S. aureus Apesar dos inúmeros fatores de virulência, o sistema imune inato desempenha papel crucial no combate à infecção por S. aureus. A imunidade inata é considerada a primeira linha de defesa do organismo contra os mais diversos tipos de microrganismos. É composta por inúmeras células, dentre elas, as que possuem função de defesa para impedirem infecções, agindo via reconhecimento de Padrões Moleculares Associados a Patógenos (PAMPs) por Receptores de Reconhecimento de Padrões (PRRs), como por exemplo receptores Toll-Like (TLRs), produção de espécies reativas de oxigênio (EROs) e nitrogênio, citocinas e peptídeos antimicrobianos e pela resposta das células fagocíticas como macrófagos e neutrófilos (76). 16 Os PRRs estão presentes na membrana celular, nuclear, e no citoplasma das células, sendo expressos por diversos tipos celulares, entre eles neutrófilos, macrófagos, células dendríticas e epiteliais. Entre os principais PRRs estão os TLRs, os quais estão presentes tanto na superfície quanto em membranas intracelulares, sendo capazes de reconhecerem diferentes microrganismos em diferentes localizações (77,78). Uma vez reconhecidos os PAMPs, ocorre a ativação de vias de sinalização, levando a expressão de genes responsáveis por produtos envolvidos na resposta inflamatória, incluindo a produção de citocinas como TNF, IL-1 e IFN, quimiocinas e moléculas de adesão endotelial por neutrófilos e macrófagos. Além dos processos de quimiotaxia e adesão neutrofílica ao endotélio para posterior migração para o tecido alvo, ocorre liberação mais mediadores pró-inflamatórios no intuito de dar continuidade ao processo de resposta imune. Para evitar respostas inflamatórias exacerbadas, ocorre liberação de citocinas anti-inflamatórias como IL-10, promovendo assim um equilíbrio na resposta imune do hospedeiro e evitando potenciais danos teciduais causados por respostas descontroladas (79). Outros PRRs incluem os receptores semelhantes a NOD (NLR), os quais agem via formação de inflamassomos; receptores de carboidratos, como o receptor de manose e os receptores de dectinas; e os receptores scavengers (80). Os principais peptídeos antimicrobianos são defensinas, catelicidinas, calprotectina, mieloperoxidase, entre outros, os quais podem ter ação tóxica direta no microrganismo ou através da ativação de outras células envolvidas na resposta imune (78). As principais citocinas envolvidas na resposta inflamatória são TNF, IL-1, IL-6, IFN, entre outras, levando a ativação das células associadas à resposta do hospedeiro frente ao agente agressor e induzindo células endoteliais a expressarem moléculas de adesão, tais como P-selectina e E-selectina em sua superfície e a produzirem quimiocinas (77,78). Os neutrófilos presentes na corrente sanguínea ligam-se a 17 essas moléculas e respondem às quimiocinas, recrutando mais células para o sítio de infecção. Devido à força de cisalhamento do fluxo sanguíneo, ocorre o processo de rolamento pela parede do vaso sanguíneo próximo ao sítio da infecção, seguida de sua adesão estável ao endotélio mediada por ação de integrinas e migração para o tecido alvo por entre as junções entre as células endoteliais, em um processo conhecido como diapedese, para então realizar sua função (81). Em relação ao S. aureus, o mais importante PRR envolvido na ativação da resposta imune é o TLR-2, podendo fazer dímeros com TLR-1 ou TLR-6. Entretanto, outros receptores também podem ser associados ao reconhecimento de S. aureus, como os receptores NOD, NOD2 e NLRP3 (82). Componentes da membrana de S. aureus como lipoproteínas (LPPs) são importantes PAMPs reconhecidos por TLR-2, levando a ativação da via de sinalização celular via MyD88, com consequente translocação de NF-κB para o núcleo e expressão de genes de citocinas pró-inflamatórias envolvidas na resposta imune do hospedeiro. Já ácido lipoteicóico (LTA) e peptideoglicano (PGN) também são podem ser reconhecidos por TLR-2, embora existam resultados conflitantes na literatura sobre esse reconhecimento (83,84). Um importante mecanismo de ação das células da resposta imune inata é a fagocitose. Esse processo pode ocorrer de duas maneiras, seja por reconhecimento de PAMPs por PRRs ou por opsonização dos patógenos (componentes do sistema complemento, imunoglobulinas, os quais se ligam a superfície do patógeno para permitir reconhecimento via receptores das células fagocíticas como Fcy e receptor de complemento 3 – CR3) (85). Quando em contato com o patógeno, as células fagocíticas são capazes de emitir prolongamentos de sua membrana plasmática (pseudópodes) e englobar o microrganismo em vesículas intracelulares conhecidas como fagossomos. Inicialmente, os fagossomos se ligam a endossomos iniciais, 18 adquirindo suas propriedades como o pH levemente ácido. Posteriormente, ligam-se aos endossomos tardios, onde o ambiente fica mais ácido e enriquecido de proteases e proteínas associadas as membranas dos lisossomos (LAMPs). Por fim, ocorre a fusão com lisossomos, dando origem ao fagolisossomo, estrutura com ambiente altamente ácido na qual ocorrerá a morte do patógeno por meio de mecanismos dependentes e independentes de oxigênio e nitrogênio. A acidificação do microambiente ocorre pela ação de v-ATPases, criando um ambiente hostil que limita o crescimento microbiano e favorece a ação de enzimas que necessitam do pH baixo para exercerem suas funções (85,86). Além da acidificação do ambiente, as células fagocíticas podem se utilizar de espécies reativas de oxigênio (EROs) e nitrogênio (ERNs) para exercerem suas funções e assim eliminar os patógenos. Os mecanismos dependentes de oxigênio são exercidos via enzima NADPH oxidase, a qual é responsável pela produção de ânions superóxido (O2-) em células ativadas. O O2- sofre dismutação quando ligado à água, levando à formação de derivados tóxicos de oxigênio, como o peróxido de hidrogênio (H2O2) e o radical hidroxila (OH-). A H2O2 também pode ser catalisada pela ação da enzima mieloperoxidase, gerando um potente oxidante, o ácido hipocloroso (HOCl), considerado como um dos principais mediadores de morte de patógenos por mecanismos dependentes de oxigênio (87,88). Já os mecanismos dependentes de nitrogênio ocorrem pela ação da óxido nítrico sintase (NOS2). EROs e ERNs agem sinergicamente para gerar efeitos altamente tóxicos, inativando proteínas e levando a danos no DNA dos microrganismos, prejudicando, dessa maneira, seu metabolismo e inibindo seu crescimento (85). Por fim, para auxiliar no processo de fagocitose, as células contam com a presença de uma variedade de peptídeos antimicrobianos como lactoferrina, lisozimas, defensinas e 19 catelicidinas, entre outros, que podem exercer tanto efeitos bacteriostáticos quanto bactericidas. Esses agem principalmente pela permeabilização de membrana, privação nutricional, entre outros mecanismos para induzir a morte do patógeno (85). Em um estudo realizado em 2016 (89), foi demonstrado que monócitos de indivíduos neonatais saudáveis e nascidos com sepse tiveram sua capacidade fagocítica reduzida em comparação aos indivíduos adultos quando expostos a S. aureus e Escherichia coli (E. coli). Já a capacidade fagocítica de S. aureus pelos neutrófilos foi mais alta, embora ainda tenha se demonstrado reduzida nos neonatais em comparação com os adultos. Ademais, foi demonstrado um aumento na expressão de citocinas pró-inflamatórias como IL-8, IL-6 e IL-1β nos neonatais com sepse, além da elevada produção de H2O2 após a fagocitose de E. coli e S. aureus, em níveis semelhantes aos adultos. Outro estudo demonstrou que neutrófilos e monócitos de pacientes sépticos, após desafio com S. aureus e P. aeruginosa, apresentaram aumento na produção de EROs e NO, demonstrando que S. aureus tem a capacidade de induzir um aumento nos níveis tanto de EROS quanto de NO (90). No entanto, Guerra et al. (2016) (88) descreveram que o fator de virulência de S. aureus SaeR/S, envolvido na evasão da morte de S. aureus por neutrófilos, induz uma diminuição na produção de H2O2 e HOCl por essas células em resposta ao desafio com a bactéria in vitro, resultando na sobrevivência do S. aureus. Já Kremserova et al. (2018) (91) demonstraram que neutrófilos humanos pré-sensibilizados com LPS que continham S. aureus viáveis no interior de seus fagossomos foram capazes de produzir IL-1β, enquanto que aqueles que continham S. aureus mortos ou opsonizados com zimozan liberaram IL-1β em níveis semelhantes aos neutrófilos não estimulados. A produção ocorreu via receptor com proteína serina/treonina quinase 3 (RIPK3) e independente de ativação de inflamassomo e caspase-1. Recentemente, 20 Berends et al. (2019) (92) identificaram que um importante fator de virulência de S. aureus envolvido na formação de poros na membrana das células imunes, a leucocidina AB (LukAB) foi envolvida tanto na morte de neutrófilos quanto de células dendríticas, independentemente do tempo de infecção ou da quantidade de inóculo. Como primeira linha de combate a microrganismos, os neutrófilos, além de sua capacidade fagocítica após o recrutamento para o sítio de infecção em resposta a citocinas e quimiocinas, também podem agir através da liberação de seu conteúdo granular, os quais possuem proteínas e enzimas com atividades microbicidas. Os grânulos primários ou azurófilos são caracterizados pela ampla presença de peptídeos antimicrobianos, como mieloperoxidase (MPO), defensinas, lisozimas, elastase, catepsina G, entre outros. Grânulos secundários e terciários contêm proteínas importantes para o extravasamento e migração de neutrófilos e proteínas com efeito antimicrobiano, como lactoferrina, colagenase e gelatinase, os quais permitem que neutrófilos cheguem ao sítio de infecção e comecem a resposta antimicrobiana (86,93). As vesículas secretoras, presentes nas células maduras e compostas por integrinas e outras proteínas associadas ao recrutamento neutrofílico e à fagocitose, como integrina Mac- 1 e quimiocinas e receptores de citocinas como o CXCR2 (C-X-C motif chemokine receptor 2), são também importantes fatores, sendo que a liberação de seus conteúdos resulta num aumento de receptores quimiotáticos e integrinas na superfície dos neutrófilos, permitindo a aderência firme ao endotélio e entrada no sítio de inflamação. Um novo tipo de grânulo foi descrito recentemente caracterizado por conter ficolina-1, um membro da via das lectinas do sistema complemento, entretanto informações sobre seu conteúdo, degranulação e função são pouco conhecidos (93). 21 A liberação do conteúdo dos grânulos neutrofílicos deve ser um processo bem regulado, sendo o cálcio um fator muito importante para essa liberação em todos os tipos de grânulos, sendo que as vesículas secretórias são as primeiras a liberarem seu conteúdo, seguidas dos grânulos terciários, secundários e finalmente os primários ou azurofílicos (94). Em algumas patologias como a sepse e doenças autoimunes, a degranulação pode ocorrer de maneira descontrolada, sistemicamente e não apenas no sítio de infecção, levando a danos teciduais em múltiplos órgãos e possivelmente morte (93). Além de mecanismos intracelulares, as células fagocíticas possuem a capacidade de combater patógenos extracelularmente via um mecanismo denominado Extracellular Traps (ETs), o qual foi descrito pela primeira vez em neutrófilos humanos desafiados com S. aureus por Brinkmann et al. (2004) (95). ETs são redes liberadas para o meio extracelular após a ativação celular e compostas por conteúdos granulares e nucleares, como histonas e cromatina descondensada no intuito de eliminar os patógenos através de seu conteúdo microbicida ou de aprisioná-lo temporariamente para permitir o recrutamento de outras células do sistema imune, as quais poderão contribuir para a morte do microrganismo. 1.5. Neutrófilos e Rede Extracelulares de Neutrófilos (NETs) Redes Extracelulares de Neutrófilos (NETs) são estruturas formadas por fibras com diâmetro entre 15 e 17nm e domínios globulares de aproximadamente 25nm, compondo um material frágil não circundado por membranas (95), liberadas por neutrófilos e que, além de cromatina descondensada e histonas, possuem componentes dos grânulos primários, como elastase, mieloperoxidase, catepsina G, grânulos secundários e terciários (95). 22 Elastase e mieloperoxidase possuem importante papel na descondensação do DNA pela degradação das ligações das histonas (localizadas no núcleo), permitindo assim elas também participem do processo de formação de NETs. Durante o processo de NETose, a elastase migra para o núcleo e promove a degradação de histonas como a H1 e H4, promovendo a descondensação da cromatina (96). Já a mieloperoxidase, assim como EROS, são necessários para a liberação de elastase dos grânulos durante a liberação das ETs (97). Estudos demonstraram que neutrófilos de indivíduos deficientes na produção de mieloperoxidase e indivíduos portadores de doença granulomatosa crônica (CGD), os quais têm atividade da NADPH oxidase deficiente, apresentaram ausência da migração de elastase para o núcleo, mantendo-se no interior dos grânulos, demonstrando a importância do EROS nesse processo (97). Primeiramente, o processo de NETose foi descrito como um processo de morte celular, a qual ocorria de maneira distinta de outros processos como necrose e apoptose (95,98). Em um estudo realizado em 2007, Fuchs et al. (98) demonstraram que, durante a Netose, a membrana nuclear é rompida, fato que não ocorre durante a Necrose. Já em comparação com Apoptose, na NETose não ocorre fragmentação do DNA e nem exposição de fosfatidilserina, passos importantes durante a morte celular por Apoptose. Além de neutrófilos, macrófagos, monócitos, eosinófilos, basófilos e mastócitos também foram descritos como capazes de liberar essas redes para o meio extracelular (99– 101) na tentativa de controlar a infecção e eliminar o agente patogênico. Uma vez liberadas, as ETs são responsáveis por aprisionar o microrganismo e assim evitar a disseminação do patógeno na tentativa de auxiliar o desfecho da infecção ou mesmo por eliminar o patógeno através dos inúmeros componentes microbicidas presentes nessas redes (102,103). 23 Diversos estímulos já foram descritos como potenciais indutores de ETs, entre eles IL-8, forbol miristato acetato (PMA), LPS, entre outros (95). O PMA age pela ativação da enzima NADPH oxidase, induzindo a produção de EROS, essenciais para a ativação da célula e consequente liberação de ETs. EROS foram associados com a formação dessas redes, uma vez que pessoas com deficiência na enzima NADPH oxidase, como os pacientes portadores de CGD, apresentavam capacidade de atividade microbicida reduzida, e incapazes de liberar NETs quando em contato com Aspergillus nidulans (A. nidulans), sendo essa capacidade recuperada após terapia gênica dos pacientes (104). Além desses, foi identificada uma grande variedade de microrganismos capazes de induzir a formação de ETs, entre eles bactérias Gram-positivas e negativas, vírus, fungos e protozoários (95,103,105,106). Entretanto, alguns agentes patogênicos possuem mecanismos de evasão dessas redes como é o caso de S. aureus, M. tuberculosis e Aspergillus fumigatus (A. fumigatus) (102,107,108), fazendo com que as ETs possuam apenas o papel de aprisionamento temporário. Diversos artigos descrevem a ação das ETs em resposta ao S. aureus. Brinkmann et al. (2004) (95) descreveram pela primeira vez que essa bactéria era capaz de induzir a formação de NETs em neutrófilos humanos. Fuchs et al. (2007) (98) identificaram que o processo de liberação de redes para o meio extracelular em resposta ao PMA e S. aureus envolvia a morte da célula em questão. Diversas alterações morfológicas, tanto no núcleo quanto no citoplasma foram observadas em diferentes períodos, entre elas a perda da característica lobular do núcleo, descondensação da cromatina, com posterior degradação da membrana nuclear e junção com o conteúdo granular no citoplasma, já disperso. Por fim, poros na membrana celular permitiam a liberação desse material e a morte do neutrófilo ocorria. Entretanto, em 2010, Pilsczek et al. (109) demonstraram que esse mecanismo de defesa não necessariamente dependia da morte do neutrófilo envolvido. Yipp et al. (2013) (110) identificaram que a 24 NETose é um mecanismo de defesa celular que pode ser classificado em NETose vital ou NETose suicida. A NETose vital caracteriza-se pela liberação do conteúdo das NETs e ainda permite que o neutrófilo seja capaz de exercer suas funções. Esse mecanismo ocorre através da formação de vesículas na membrana nuclear e a consequente liberação das mesmas para o meio extracelular, sem que ocorra a morte da célula envolvida. Outra maneira de ocorrer a NETose vital foi descrita por Yousefi et al. (111), em 2009, os quais demonstraram que cerca de 80% de neutrófilos pré-estimulados com fator estimulador de colônias de granulócitos e macrófagos (GM-CSF) e posteriormente ativados com LPS ou fator do sistema complemento C5a, foram capazes de liberar NETs, com DNA de origem mitocondrial. Já a NETose suicida é aquela em que necessariamente ocorre a morte da célula envolvida, como anteriormente descrito por Fuchs et al. (2007) (98). Como o S. aureus possui uma variedade de fatores de virulência, já foi descrito que essa bactéria conta com mecanismos de escape dessas redes, dificultando a resposta do hospedeiro durante o processo infeccioso. Em um estudo realizado por Berends et al. (2010) (107), foi demonstrado que S. aureus é capaz de degradar NETs geradas após ativação com PMA via expressão de nuclease, tornando a bactéria resistente à morte extracelular causada pelas NETs. Outro estudo demonstrou que leucocidinas liberadas por S. aureus podem levar neutrófilos a morte, sendo que esse processo de morte é acelerado a partir da ação conjunta das leucocidinas PVL e HlgAB, liberadas durante a formação de biofilme. Além disso, essas leucocidinas associadas ao biofilme são responsáveis por induzir a liberação de NETs e que, mesmo após o contato dos neutrófilos com as bactérias, ainda existiam bactérias viáveis na formação do biofilme, indicando que o S. aureus pode evadir-se da atividade bactericida oriundas das proteínas com capacidade antimicrobiana presente nas NETs (112). 25 O papel das NETs não se restringe a seus efeitos benéficos ao hospedeiro, atuando de maneira significativa no combate aos mais diversos tipos de infecção. Diversos trabalhos vêm identificando a presença dessas estruturas em outras condições humanas e correlacionando- as com as mais diversas patologias. Em um estudo realizado em 2018, foi demonstrado que neutrófilos de 53.57% de pacientes com câncer cervical foram capazes de formar NETs espontâneas antes de receber tratamento, porém, essa capacidade variou bastante após radioterapia (66.67%) sozinha ou acrescida de outros tratamentos quimioterápicos como ftorafur (50%) e cisplatina (37.50%) após avaliação do sangue dos pacientes. Houve também a detecção de liberação de ETs por basófilos (113). J á em doenças autoimunes como a psoríase, foi identificado o aumento de neutrófilos liberando NETs no sangue periférico de pacientes com psoríase em comparação aos indivíduos saudáveis (114). Além disso, os autores demonstraram que a incubação de neutrófilos com soro de pacientes com psoríase induziu um aumento na capacidade de indução de NETs, além correlacionarem a quantidade de NETs formadas com a severidade da doença. Ainda, foi observado que pacientes com psoríase apresentam NETs em suas lesões, o que foi confirmado pelas técnicas de HE (Hematoxilina e Eosina) e microscopia confocal, com marcação de DNA, elastase e histona (114). Em relação ao processo de trombose, a redução do fluxo sanguíneo induz um estado de hipóxia, induzindo uma ativação do endotélio com consequente liberação do fator von Willebrand o que por sua vez leva ao recrutamento de plaquetas e neutrófilos. As plaquetas presentes são capazes de induzir a liberação de NETs, as quais servem de suporte para adesão e agregação de mais plaquetas, eritrócitos e fibrina, proporcionando a estabilização e formação de mais trombos (115,116). Além disso, foi demonstrado que histonas, um dos 26 componentes das NETs, são capazes de induzir ativação plaquetária, podendo consequentemente agravar o processo trombótico (115). Quando relacionado a patologias gestacionais como a pré-eclâmpsia, foi demonstrado que micro-debris originados da placenta e outros fatores como IL-8 levam a ativação de neutrófilos, com consequente liberação de NETs, as quais ocupam grande parte do espaço interviloso da placenta (117,118). Outro processo importante que ocorre durante a pré-eclâmpsia é a hipóxia. A presença das NETs no espaço interviloso pode dificultar ainda mais a reperfusão, aumentando o grau de hipóxia e estresse oxidativo, sendo, portanto, a presença das NETs associada a essa patologia (117). Por fim, o processo de NETose também já foi correlacionado com diabetes mellitus. Em um estudo realizado em 2015, os autores demonstraram que neutrófilos de indivíduos saudáveis incubados com altas concentrações de glicose (25mM), na presença ou ausência de PMA, tiveram um aumento na produção de NETs em comparação com concentrações menores de glicose (5mM). Além disso, foi identificado um aumento nos níveis circulantes de componentes das NETs como elastase e DNA dupla fita em soro de pacientes com diabetes tipo 2 em comparação com indivíduos controle, comprovando o fato de que o processo de NETose é associado à hiperglicemia encontrada nos pacientes com diabetes tipo 2 (119). Algumas drogas já tiveram sua ação relacionada à liberação de ETs. Antibióticos como a fosfomicina, drogas imunossupressoras como a ciclosporina A, drogas anti-inflamatórias, mucolíticas e cardiovasculares e suplementos vitamínicos foram descritos como potenciais indutores ou redutores do processo de NETose (120–122). A vitamina D é um exemplo de suplemento vitamínico que também já teve seu papel relacionado à liberação de ETs, ampliando assim sua relação com o sistema imune. Handono et al. (2014) (123) identificaram que o tratamento de neutrófilos de pacientes com Lúpus Eritematoso Sistêmico pode reduzir o dano tecidual causado pela NETose através da diminuição da externalização de elastase 27 durante o processo de NETose. Já Agraz-Cibrian et al. (2019) (124) demonstraram que o tratamento de neutrófilos com a forma ativa da vitamina D induziu a liberação de estruturas semelhantes às NETs, além do aumento da expressão de mRNA de produtos associados às proteínas das NETs como elastase e PAD4 (protein arginine deiminase 4) e de TLR7 e IFN-α, correlacionando o papel da vitamina D com a possibilidade de evitar a disseminação de patógenos. Assim, considerando a atuação da vitamina D no sistema imune e os potenciais benefícios no combate a infecções, torna-se extremamente interessante verificar se a vitamina D pode modular os mecanismos efetores intra e extracelulares de neutrófilos humanos contra o S. aureus, contribuindo, dessa maneira, ao combate à infecções, especialmente aquelas causadas por microrganismos resistentes aos principais tratamentos. 28 2. Referências 1. Norman AW. From vitamin D to hormone D: fundamentals of the vitamin D endocrine system essential for good health. Am J Clin Nutr. 2008 Aug 1;88(2):491S-499S. 2. Christakos S, Dhawan P, Verstuyf A, Verlinden L, Carmeliet G. Vitamin D: Metabolism, Molecular Mechanism of Action, and Pleiotropic Effects. Physiol Rev. 2016 Jan;96(1):365–408. 3. Holick MF. Vitamin D: A millenium perspective: Vitamin D. J Cell Biochem. 2003 Feb 1;88(2):296–307. 4. Lin R. Crosstalk between Vitamin D Metabolism, VDR Signalling, and Innate Immunity. 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Steroids. 2019 Jan;141:14–22. Capítulo II Artigo Científico Manuscrito redigido de acordo com as normas da Revista Plos One Manuscript Effect of vitamin D upon intra and extracellular bactericidal mechanisms from human neutrophils against Staphylococcus aureus: role on bactericidal activity, phagocytosis and Neutrophil Extracellular Traps (NETs) Amanda Manoel Della Coletta1, Taiane Priscila Gardizani1, Tatiana Cristina Figueira1, Yohan Ricci Zonta1, Kaio Shu Tsyr Yu1, Larissa Carvalho1, Thaís Graziela Donegá França2, Graziela Gorete Romagnoli2, Valdecir Farias Ximenes3, Maria de Lourdes Ribeiro de Souza da Cunha2, Helio Amante Miot4, Luciane Alarcão Dias-Melicio1,5* 1 São Paulo State University (Unesp), Medical School of Botucatu, Laboratory of Immunopathology and Infectious Agents - LIAI, UNIPEX - Experimental Research Unity, Sector 5, Botucatu/SP - Brazil; 2 São Paulo State University (Unesp), Institute of Biosciences, Department of Microbiology and Immunology, Botucatu/SP – Brazil. 3 São Paulo State University (Unesp), School of Sciences, Department of Chemistry, Bauru/SP- Brazil. 4 São Paulo State University (Unesp), Medical School of Botucatu, Department of Dermatology and Radiotherapy, Botucatu/SP – Brazil 5 São Paulo State University (UNESP), Medical School of Botucatu, Department of Pathology, Botucatu/SP – Brazil. Short title: Effect of vitamin D on human neutrophils effector mechanisms against Staphylococcus aureus Funding: This work was suported by CNPq PhD fellowship (AMDC - 140332/2015-4). The funders had no role in study design, data collection and analysis, decision to publish, or preparation of the manuscript. Competing Interests: The authors have declared that no competing interests exist. * E-mail: dias.melicio@unesp.br Manuscript written according to PLOS ONE Submission Guidelines 37 ABSTRACT Vitamin D deficiency has become extremely relevant worldwide in the last years, mainly due to populations behavior changes, such as reduced sun exposure and insufficient vitamin intake in the diet. Vitamin D role in maintenance of calcium homeostasis is already established, and now, studies have focused on vitamin D role on the regulation and function of the immune system. Its deficiency has been associated with several diseases such as bone diseases, cancer, diabetes mellitus, autoimmune and infectious diseases such as those caused by Staphylococcus aureus (S. aureus). Innate immune system plays a major role against S. aureus infections through response mediated by pattern recognition receptors (PRRs), reactive oxygen species (ROS), cytokines and antimicrobial peptides production, and the response of phagocytic cells such as macrophages and neutrophils by intra and extracellular mechanisms. In this manner, the aims of this study were to evaluate the role of Vitamin D upon the intra and extracellular effector mechanisms of human neutrophils against different strains of S. aureus. In this context, we demonstrated that neutrophils treated with Vitamin D and challenged with two strains of S. aureus had an increase in phagocytic rates and bactericidal activity in a dependence of the strain, contributing to neutrophil antimicrobial properties. Besides, we identified that individuals with deficient/insufficient vitamin D serum levels were correlated with lower NETs release and phagocytosis rate; while individuals with sufficient vitamin D serum levels were correlated with higher NETs release, intermediate phagocytosis rate and bactericidal activity. Then, Vitamin D could modulate the innate immune response against S. aureus mainly through phagocytic rates and bactericidal activity. Further studies are needed to better understand the complex capacity of Vitamin D on modulation of the innate immune response. Key-words: Bactericidal Activity, Phagocytosis, Vitamin D, Staphylococcus aureus, Neutrophil Extracellular Traps (NETs). 38 INTRODUCTION In the past decades, vitamin D deficiency has become extremely relevant worldwide, mainly due to populations behavior changes, such as reduced sun exposure and protection to avoid elevated skin cancer rates (1). Although there are conflict data about 25-hydroxyvitamin D (25(OH) vitamin D) states, serum levels lower than 20ng/mL are considered as deficiency (2). Vitamin D is produced in the skin upon a photochemical conversion of 7- dehydrocholesterol, which is present in the epidermis, in Vitami