UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA – UNESP CENTRO DE AQUICULTURA DA UNESP Viabilidade econômica de produtos à base de tilápia para alimentação escolar nos municípios de Toledo-PR e Marechal Cândido Rondon-PR Ana Paula da Silva Leonel Jaboticabal, São Paulo 2016 UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA – UNESP CENTRO DE AQUICULTURA DA UNESP Viabilidade econômica de produtos à base de tilápia para alimentação escolar nos municípios de Toledo-PR e Marechal Cândido Rondon-PR Ana Paula da Silva Leonel Orientadora: Dra. Maria Inez Espagnoli Geraldo Martins Co-Orientador: Dr. Aldi Feiden Tese apresentada ao Programa de Pós-graduação em Aquicultura do Centro de Aquicultura da UNESP - CAUNESP, como parte dos requisitos para obtenção do título de Doutor. Jaboticabal, São Paulo 2016 Leonel, Ana Paula da Silva L583v Viabilidade econômica de produtos á base de tilápia para alimentação escolar nos municípios de Toledo-PR e Marechal Cândido Rondon-PR / Ana Paula da Silva Leonel. – – Jaboticabal, 2016 x, 87 p. : il. ; 28 cm Tese (doutorado) - Universidade Estadual Paulista, Centro de Aquicultura, 2016 Orientador: Maria Inez Espagnoli Geraldo Martins Co-Orientador: Aldi Feiden Banca examinadora: Altevir Signor, Ana Claúdia Giannini Borges, João Batista K. Fernandes, José Jorge Gebara Bibliografia 1. Alimentação escolar. 2. Pescado. 3. Cadeia produtiva. I. Título. II. Jaboticabal-Centro de Aquicultura. CDU 639.31 Ficha catalográfica elaborada pela Seção Técnica de Aquisição e Tratamento da Informação – Serviço Técnico de Biblioteca e Documentação - UNESP, Câmpus de Jaboticabal. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO GERAL .......................................................................................... 12 2 ARTIGO 1 ............................................................................................................... 14 PERFIL SOCIOECONÔMICO DE PISCICULTURAS DOS MUNICÍPIOS DE TOLEDO-PR E MARECHAL CÂNDIDO RONDON-PR ......................................... 14 2.1 Introdução .................................................................................................... 16 2.2 Materiais e Métodos ..................................................................................... 17 Locais das pesquisas.......................................................................................... 17 Seleção das pisciculturas ................................................................................... 18 Elaboração do questionário ................................................................................ 19 Coleta de Dados ................................................................................................. 19 Georreferenciamento das pisciculturas............................................................... 20 Método de Análise .............................................................................................. 20 Determinação do Custo de produção ................................................................. 20 Índices Zootécnicos ............................................................................................ 23 2.3 Resultados e Discussão ............................................................................... 23 Perfil das Pisciculturas da Região Oeste do Paraná .......................................... 23 Tecnologias Adotadas ........................................................................................ 28 Georreferenciamento das Pisciculturas .............................................................. 30 Custo de Produção de Tilápias nos Municípios de Toledo e Marechal Cândido Rondon no Paraná ............................................................................... 31 2.4 Conclusões .................................................................................................. 44 2.5 Referências .................................................................................................. 45 3 ARTIGO 2 ............................................................................................................... 50 CUSTOS DOS INGREDIENTES NA ELABORAÇÃO DE PRODUTOS À BASE DE TILÁPIA NA REGIÃO DE TOLEDO-PR E MARECHAL CÂNDIDO RONDON-PR ......................................................................................................... 50 3.1 Introdução ........................................................................................................ 52 3.2 Material e Métodos ........................................................................................... 54 3.3 Resultados e Discussão ................................................................................... 55 3.4 Conclusões ...................................................................................................... 58 3.5 Referências ...................................................................................................... 58 4 ARTIGO 3 ............................................................................................................... 61 VIABILIDADE ECONÔMICA DA INCLUSÃO DE PRODUTOS À BASE DE PESCADO NA ALIMENTAÇÃO ESCOLAR ........................................................... 61 4.1 Introdução ........................................................................................................ 62 4.2 Material e Métodos ........................................................................................... 63 4.3 Resultados e Discussão ................................................................................... 64 4.4 Conclusão ........................................................................................................ 75 4.5 Título em Inglês Abstract Key-Words ............................................................... 75 4.6 Referências ...................................................................................................... 76 5 Conclusão .............................................................................................................. 78 6 Apêndices ........................................................................................................... 79 6.1 Apêndice 1 ................................................................................................... 79 6.2 Apêndice 2 ................................................................................................... 86 “É preciso ter o caos em si mesmo para ser capaz de dar á luz uma estrela dançante” Friedrich Nietzsche Agradecimentos Gostaria de agradecer primeiramente a Deus, pela oportunidade de trabalho, evolução intelectual e espiritual. A orientadora Maria Inez que me acolheu, acreditou no meu trabalho, sendo paciente e compreensiva, abrindo os meus horizontes para novas áreas do conhecimento. Me ensinando além de lições acadêmicas lições de vida. Ao coorientador Aldi, que insistiu para que eu me inscrevesse no processo seletivo do Caunesp, e contribui muito com meu crescimento profissional durante todo período. À minha mãe Ana Maria, laboratório maior de amor infinito e exemplo de vitalidade e persistência. E que como sempre acredita mais no meu potencial do que eu mesma. Mãe obrigada pela vida, amor e por ter me mostrado o caminho e insistido que eu seguisse nele. Ao meu esposo Anderson e “maior cabo eleitoral” cheio de orgulho. Obrigada pelo amor, paciência, paciência, paciência, força, pelas piadas sem graça para tentar me fazer rir e por não me deixar desistir. Aos produtores e suas famílias por me acolherem, abrirem seus lares, acreditarem no trabalho e dividirem suas lindas histórias de força, persistência e amor ao campo e a boa conversa de varanda tomando um mate, tereré... À Banca Examinadora professores: Altevir, Ana Claúdia, João Batista, José Jorge, por todo conhecimento repassado. Á CAPES pela concessão de bolsa de estudos e ao CNPq pelo auxílio financeiro para o projeto. Ao meu pai Paulo pela vida e ensinamentos. A todos os outros familiares “Leonel, Neves, Gimenes e Squinzani” que contribuíram cada um a sua maneira com esta jornada, em nome da minha amada Vó Laura e meu Vô Tonho (in memorian) que me ensinaram os primeiros passos. Ao Armin “mentor intelectual e padrasto” e sua família que muito me incetivaram. À Nice e sua família pelo amor, amizade, conselhos e tudo de bom que você sempre me oferece. E a Lucélia pelas conversas “de doutorado”, quando ninguém entendia o que eu estava passando, ela sim. À “ami” Dani e o Gui e família, pela amizade, acolhimento (quantas vezes me deram pouso nas visitas, caronas da rodo...), amor, por me deixarem fazerem parte de sua família gigante e linda. À Adriana e a Maria Clara pela amizade, exemplo, força e amor. Aos nutricionistas Jaciara, Rafael e Liliane que tão prontamente me atenderam. Ao Márcio e equipe da Brazilian tilápia pelas informações prestadas. Ao Gelson Hein pelo auxílio, repasses de conhecimento incrivelmente ricos e visitas à campo. À Dayane Magnan pelo auxílio, ensinamentos, conversas e risadas no trabalho à campo. As prefeituras municipais de Toledo e Marechal Cândido Rondon, pela parceria. Aos meus amigos de ideal espírita, que me engrandeceram com suas palavras e ensinamentos, e tiveram paciência na minha ausência, nas atividades: João, Karen, Oldemar, Irene, Rogério, Gilberto, Sori, Marcelo, Ian, Raíssa, Karina, Carioca, Jéssica, Rodjan e Nakamura. Agradeço aos amigos e colegas que fiz e que refiz em Jaboticabal, a “personal colega” Letícia, Maria, Jesaías, Rejane, Thyssia, Thais, Mara, Odair, André, Cruz, Fernanda e a D. Ivete “tia da pensão” pelas longas conversas e pelo acolhimento. A Sol foi um grande presente “made in Colômbia” que me cativou com sua meiguice, inocência e amizade. À Joana Finkler pelo apoio, a qual me ensinou a fazer uma releitura de mim mesma. As “fofinhas da psico” Marlei, Paloma e Bruna que foram “um redbull” na minha vida. Ao Dr. Madeira, à psicóloga Adriana e aos fisioterapeutas Fabrício, Rogério e Thaisa que auxiliaram e auxiliam em minha recuperação. Em especial à psicóloga Jussara que foi essencial nesta jornada. Ao professor Cedral e a Fernanda que me deixaram “passear” pelo mundo da biologia molecular. Aos colaboradores do departamento de Economia Rural, pelas conversas, auxílio e acolhimento. A professora Ana Margarida, que em determinado momento, suas palavras foram “certeiras”. Aos secretários David, Veralice e Juliane por sempre estarem dispostos a sanar minhas dúvidas, entre outras coisas. Ao Josemar pelo acolhimento. Aos professores, colaboradores e alunos da UNESP e UNIOESTE que de certa forma contribuíram com este trabalho. Apoio Financeiro Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pela concessão da bolsa de estudos. CNPq pelo auxílio financeiro, EDITAL CNPq/MDS-SESAN N.º 027/2012. Doutoranda Ana Paula da Silva Leonel Orientadora Maria Inez Espagnoli Geraldo Martins 10 CAUNESP RESUMO Objetivou-se a realização de análise da viabilidade econômica da inserção de almôndega, quibe, bolo de chocolate e bolo de cenoura à base de tilápia na alimentação escolar. O estudo foi realizado nos municípios de Toledo-PR e Marechal Cândido Rondon-PR. Cidades que são destaque nacional na produção de tilápias, e apresentam estudos acerca do tema. Para isto o estudo foi dividido em três etapas. A primeira, consistiu no estudo do perfil socioeconômico de 12 pisciculturas. Para esta caracterização, foram realizados levantamentos de dados necessários na determinação dos custos de produção, rentabilidade e identificação das principais características dos empreendimentos rurais. No segundo momento, foram realizados os custos dos ingredientes dos quatro produtos à base de tilápia, onde foram levantados os valores pagos pelos ingredientes de cada receita pelas prefeituras municipais. A viabilidade da inserção dos produtos à base de pescado nas escolas foi a última etapa, onde os valores determinados no item anterior foram utilizados para o cálculo dos cardápios com e sem inserção do pescado. Como resultados observou-se que as propriedades apresentam em sua maioria mão-de- obra familiar, a lâmina d´água média é de 20.800m², de 1 a 18 tanques escavados e, para 41,6%. A piscicultura é sua atividade econômica principal, sendo o principal canal de comercialização, os frigoríficos da região. Constatou-se grande variação na produtividade de tilápias nos municípios de Toledo-PR e Marechal Cândido Rondon, esta variou de 5.714 kg/ha a 97.540 kg/ha. O Custo Operacional Total (COT) médio foi de R$2,69 e o preço médio de venda de R$3,13. As pisciculturas mais eficientes foram T6 o município de Toledo e M3 em Marechal Cândido Rondon. A Carne Mecanicamente Separada (CMS) mostrou-se mais vantajosa economicamente para a preparação dos quatro produtos à base de tilápia, devido ao menor valor de aquisição quando comparado ao do filé. O produto com menor custo de ingredientes por quilograma produzido, foi o bolo de cenoura de CMS, com valores de R$3,21 para Toledo e R$ 3,55 para Marechal Cândido Rondon. É viável economicamente a inserção de produtos à base de tilápia na alimentação escolar, nos municípios estudados. Os produtos almôndega e quibe de CMS, no município de Toledo reduziram os custos em comparação aos cardápios tradicionais. E no município de Doutoranda Ana Paula da Silva Leonel Orientadora Maria Inez Espagnoli Geraldo Martins 11 CAUNESP Marechal Cândido Rondon o mesmo aconteceu com o bolo de chocolate e bolo de cenoura de CMS e filé. Palavras-chave: alimentação escolar, pescado, cadeia produtiva, segurança alimentar. ABSTRACT The objective of this study is to perform analysis of the economic viability of meatball insertion, kebab, chocolate cake and carrot cake for tilapia based school feeding. The study was conducted in the cities of Toledo-PR and Marechal Cândido Rondon-PR which are of national prominence in the production of tilapia and present studies on the subject. This study was divided into three stages. The first phase consisted in the study of the socioeconomic profile of 12 fish farms. For this characterization they were conducted data surveys to determine the production costs and profitability and identify the main characteristics of rural enterprises. In the second stage were carried out the cost of the ingredients of the four products based on tilapia meat, where the amounts paid for the ingredients of each recipe by municipalities were raised. The feasibility of insertion of the school feeding products based on fish is evaluated in the last stage, where the values determined in the previous section were used for the calculation of the diets with and without inclusion of fish. As a result it was found that the properties have mostly family labor and the average water depth were 20.800m², with 1 to 18 excavated tanks. For 41.6% of the fish farming the main marketing channel are slaughterhouses in the region. It was found a wide variation in tilapia productivity in the counties of Toledo-PR and M.C.Rondon-PR, ranged from 5,714 kg/ha to 97,540 kg/ha. The average COT was R$ 2.69 and the average selling price was R$ 3.13. The most efficient fish farms were the T6 in the county of Toledo-PR and the M3 in M.C.Rondon-PR. Mechanically separated meat (CMS) was more economically advantageous for the preparation of the four tilapia based products due to lower purchase price, compared to the tilapia fillet. The product with lower cost of ingredients per kilogram produced was the CMS based carrot cake, with R$ 3.21 values for Toledo-PR and R$ 3.55 for M.C.Rondon-PR. The inclusion of tilapia based Doutoranda Ana Paula da Silva Leonel Orientadora Maria Inez Espagnoli Geraldo Martins 12 CAUNESP products in school meals is economically viable in the studied counties. The meatball and kebab products based on CMS, in the county of Toledo-PR, reduced costs compared to traditional menus. In the county of M.C.Rondon-PR, so did the chocolate cake and carrot cake CMS based and the fillet. Key-words: school feeding, fish, productive chain, food security. 1 INTRODUÇÃO GERAL A aquicultura continental vem aumentando a cada ano, isto, deve-se à mudança de hábitos da população e a redução de estoque pesqueiro para o extrativismo. Neste contexto, o Brasil tem condições favoráveis para a produção piscícola, devido a grande disponibilidade de grãos e alimentos derivados de produtos e subprodutos agroindustriais, além de clima e água disponível em quantidade e qualidade apropriadas. A piscicultura é uma atividade produtiva que gera alimentos de alto valor nutricional, apropriado para alimentação de crianças e adultos. Como o consumo de pescado pela população brasileira ainda é baixo, novas alternativas em tecnologia de processamento de alimentos vem sendo apresentadas e os mais variados produtos vem sendo desenvolvidos à base de tilápia e outros peixes. O interesse nestes produtos está principalmente em sua inclusão na alimentação escolar, para que desde cedo, haja aquisição de hábitos saudáveis nas escolas. A região Oeste do Paraná concentra grande número de pisciculturas familiares que produzem em quase 100% tilápias, mas com canal de comercialização muitas vezes incerto. Além disso, esta região, concentra diversas processadoras em que sua maioria comercializam a tilápia em forma de filé resfriado ou congelado. Doutoranda Ana Paula da Silva Leonel Orientadora Maria Inez Espagnoli Geraldo Martins 13 CAUNESP Porém, em regiões que predominam pequenos produtores familiares, que se dedicam a piscicultura semi-intensiva e intensiva, como ocorre na região oeste do Paraná, faltam informações atuais e consistentes sobre a situação real das pisciculturas, principalmente sobre os custos de produção, rentabilidade e formas de comercialização. O presente trabalho, teve como problema de pesquisa, avaliar se é viável a inserção do pescado na alimentação escolar, dadas as políticas públicas atuais. Remetendo a outro questionamento, se a inserção do pescado na alimentação escolar contribui para a cadeia produtiva da tilápia, na região Oeste do estado do Paraná. Desta forma, o objetivo geral da pesquisa foi a avaliação econômica da produção de tilápias, de produtos à base de tilápia e sua inserção nos municípios. E os objetivos específicos foram: a-)caracterizar à piscicultura nos municípios estudados, para avaliar os sistemas de produção existentes, canais de comercialização utilizados atualmente e determinar os custos de produção e rentabilidade da produção de tilápia; b-) determinar os custos de ingredientes de quatro produtos à base de tilápia: almôndega, quibe, bolo de chocolate e bolo de cenoura; c-) avaliar o impacto econômico da inserção destes produtos nos municípios pesquisados. Esta tese está estruturada em três artigos que buscam responder estes questionamentos: "Perfil socioeconômico de pisciculturas dos municípios de Toledo- PR e Marechal Cândido Rondon-PR"; “Custo dos ingredientes na elaboração de produtos á base de tilápia " e “Viabilidade econômica da inclusão de produtos à base de pescado na alimentação escolar". Doutoranda Ana Paula da Silva Leonel Orientadora Maria Inez Espagnoli Geraldo Martins 14 CAUNESP 2 ARTIGO 1 O artigo será encaminhado a Revista Brasileira de Zootecnia normas disponíveis em: http://www.scielo.br/revistas/rbz/iinstruc.htm ISSN: 1806-9290 PERFIL SOCIOECONÔMICO DE PISCICULTURAS DOS MUNICÍPIOS DE TOLEDO-PR E MARECHAL CÂNDIDO RONDON-PR Doutoranda Ana Paula da Silva Leonel Orientadora Maria Inez Espagnoli Geraldo Martins 15 CAUNESP RESUMO O estudo consistiu na avaliação do perfil socioeconômico de pisciculturas, através da coleta de dados e avaliação dos custos de produção. Foram analisadas 12 pisciculturas nos município de Toledo-PR e Marechal Cândido Rondon-PR, que representassem a realidade da atividade na região. A duração da pesquisa foi de 17 meses. As coletas de dados ocorreram semanalmente e/ou mensalmente. Os cálculos de custo de produção foram realizados utilizando a metodologia de Matsunaga (1976), e para avaliar a rentabilidade foram utilizados os indicadores segundo Scorvo Filho et al. (2004). Como resultados, observou-se que a grande maioria das pisciculturas utilizam mão-de-obra familiar, o número de tanques escavados variou de 1 a 8 e a média da lâmina d´água é de 20.800m². Mais de 83% das propriedades comercializam sua produção em frigoríficos. A produtividade média foi de 26.985,67 kg de peixe por hectare. Os Custo Operacional Total (COT) médio foi de R$2,69 e o preço de venda médio R$3,13. A piscicultura mais eficiente no município de Toledo foi a piscicultura T6 que apresentou melhores resultados de COT médio, preço de venda, lucro operacional e conversão alimentar. Em Marechal Cândido Rondon a piscicultura M3 apresentou-se a mais eficiente, apresentando maior produtividade e lucro operacional. Palavras-chaves: produção, tilápias, psiculturas familiares ABSTRACT The aim of this study was to assess the socio-economic profile of small fish farms, through data collection and assessment of production costs. 12 fish farms were analyzed in the municipalities of Toledo-PR and M.C.Rondon-PR, which represent the reality of the activity in the region. The duration of the study was 17 months, the data collection occurred weekly and/or monthly. The production cost calculations were carried out using the methodology of Doutoranda Ana Paula da Silva Leonel Orientadora Maria Inez Espagnoli Geraldo Martins 16 CAUNESP Matsunaga (1976) and to assess the profitability we used the indicators according Scorvo Filho et al. (2004). As a result the vast majority of fish farms with family labor, the number of excavated tanks ranged from 1 to 8 and the average water depth 20.800m². Mostly over 83% of the fish products are held with refrigerators. The average yield was 26,985.67 kilograms of fish per hectare. The COT médio was R$ 2.69 and the average selling price of R$ 3.13. The most efficient fish farming in Toledo county was the T6, were presented the best medium COT, sales price, operating profit and feed conversion. In M.C.Rondon county, the M3 fish farm presented the more efficient results, with higher productivity and operating profit Palavras-chave: production, tilapia, small fishfarmer. 2.1 Introdução O Brasil apresenta condições favoráveis para a aquicultura em função do clima adequado, potencial hidrográfico, produção de grãos e subprodutos das agroindústrias, além de um mercado consumidor promissor. A atividade profissionalizou-se e promoveu um grande impulso na diversificação da produção agropecuária permitindo a muitos pequenos produtores rurais uma nova forma de renda e ocupação. Dentro deste contexto, o estado do Paraná foi o primeiro estado a estruturar a cadeia de produção da tilápia de forma consistente, com pisciculturas, unidades de beneficiamento e fábricas de ração (FEIDEN and BOSCOLO, 2007), mas os canais de escoamento da produção não são bem estabelecidos (HEIN and BRIANESE, 2004). A região oeste do Paraná concentra grande número de piscicultores, cuja atividade está organizada em sistemas de produção familiar, sendo a principal espécie cultivada a Doutoranda Ana Paula da Silva Leonel Orientadora Maria Inez Espagnoli Geraldo Martins 17 CAUNESP tilápia, seguindo o padrão nacional e, em menor escala, carpa, bagre e pacu (HEIN and BRIANESE, 2004). A atividade apresenta grande importância econômica para a região, que também é produtora de grãos, como milho e soja, aptos a se transformarem em rações de alta qualidade. A aquicultura é uma alternativa para incrementar os índices de consumo de proteínas de origem animal (REIS, 2013), e a tilápia apresenta características altamente desejáveis para o consumo, como alto valor nutricional, vitaminas do Complexo A,B, D e E, cálcio e fósforo e, portanto, deve ser incentivado seu consumo, in natura ou processado. Apesar desse aspecto nutricional e de ser um importante fator de desenvolvimento socioeconômico, ainda, são observados alguns entraves na atividade como por exemplo, a industrialização e a comercialização da tilápia (REIS, 2013). Os objetivos deste trabalho, foi caracterizar as pisciculturas dos municípios de Toledo-PR e Marechal Cândido Rondon-PR, para determinar os sistemas de produção existentes, avaliar os canais de comercialização utilizados atualmente, determinar o custo de produção e rentabilidade da produção de tilápia nestes sistemas. 2.2 Materiais e Métodos Locais das pesquisas A pesquisa foi realizada nos municípios de Toledo e Marechal Cândido Rondon, ambos situados na Região Oeste do Paraná, que se destaca na produção de tilápias. Na Figura 1, é possível visualizar a localização dos municípios e a distribuição no estado do Paraná, da Doutoranda Ana Paula da Silva Leonel Orientadora Maria Inez Espagnoli Geraldo Martins 18 CAUNESP produção de tilápias no ano de 2014, que em Toledo foi de 4.900.000 kg e em Marechal Cândido Rondon de 1.100.000 kg (IBGE, 2015). Figura 1: Distribuição da produção de tilápias (em kg/ano) no estado do Paraná, destacados os municípios de Toledo-PR e Marechal Cândido Rondon-PR. Modificado de IBGE (2015). Seleção das pisciculturas Doutoranda Ana Paula da Silva Leonel Orientadora Maria Inez Espagnoli Geraldo Martins 19 CAUNESP Foram selecionados piscicultores com características em comum: produtores de tilápias e representantes da realidade do sistema de criação local. Para esta seleção foram consultados bancos de dados existentes no Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (EMATER-PR), Prefeitura Municipal de Toledo e na Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE) e também entrevistados pesquisadores e extensionistas da região. No município de Toledo foram indicados 16 piscicultores, e destes, 09 aceitaram a proposta da pesquisa e, por diversos motivos e 07 produtores participaram efetivamente. Em Marechal Cândido Rondon foram indicados 12 produtores, 07 concordaram em participar da pesquisa, mas ficaram disponíveis dados de 05. Para chegar ao número final de produtores foi levada em consideração a disponibilidade, interesse e comprometimento dos produtores em participar da pesquisa. Foram acompanhados durante o período da pesquisa um ou dois tanques em cada uma das pisciculturas Elaboração do questionário Foi elaborado um questionário semiestruturado para a coleta de dados, para estabelecer o perfil sócio econômico das pisciculturas selecionadas. O questionário aplicado está no Apêndice 1. Coleta de Dados Doutoranda Ana Paula da Silva Leonel Orientadora Maria Inez Espagnoli Geraldo Martins 20 CAUNESP Durante o ano de 2014 até maio de 2015, foram realizadas visitas in loco, para levantamento de dados técnicos e econômicos da produção de tilápias, e acompanhar um ciclo de produção em um ou dois tanques escavados, de diferentes tamanhos, de cada piscicultura. Estes dados foram coletados semanalmente e/ou mensalmente, nas 12 pisciculturas selecionadas, de acordo com o andamento dos ciclos de produção e disponibilidade dos produtores. Georreferenciamento das pisciculturas As pisciculturas foram georreferenciadas com um GPS (Global Positioning System) de navegação (marca Garmin Nüvi 255w) e os dados coletados foram repassados a um microcomputador, utilizando o software Mapsource (6.15.11), e foram elaborados mapas com os softwares Google Earth (7.1.5.1557) e QGIS (1.8.0). Método de Análise A tabulação dos dados e cálculos foram realizados em planilha Excel. Determinação do Custo de produção Para o cálculo do custo de produção da tilápia, foi utilizada a estrutura do Custo Operacional, desenvolvido por Matsunaga et al. (1976), e que, considera as despesas Doutoranda Ana Paula da Silva Leonel Orientadora Maria Inez Espagnoli Geraldo Martins 21 CAUNESP efetivamente desembolsadas no processo de produção e a depreciação dos bens duráveis, empregados diretamente no processo produtivo. Os itens do Custo Operacional foram classificados em Custo Operacional Efetivo e outros custos. O Custo Operacional Efetivo (COE) constitui o somatório dos desembolsos com: ração, alevinos, mão de obra, energia elétrica, manutenção da infraestrutura, taxas e impostos. Sendo este, portanto, o dispêndio efetivo (desembolso) para a produção de tilápia. Os custos de energia elétrica dos equipamentos foram determinados, a partir de estimativas de consumo total energético, considerando-se a potência dos equipamentos. Para isso o valor utilizado do quilowatt hora foi de R$0,15. Para a determinação do Custo Operacional Total (COT), ao COE foram somados os custos referentes à depreciação da infraestrutura utilizada em cada piscicultura. Adotaram-se os seguintes procedimentos para a determinação do COT. Os valores dos bens de capital fixo foram os valores de mercado referentes ao período da coleta dados, a remuneração da mão-de-obra contratada e familiar foi estabelecida com base nos valores utilizados pela EMATER-PR, um salário mínimo e meio ao mês, no valor de R$ 1.182,00. A depreciação dos bens duráveis, diretamente empregados na produção, foi calculada pelo método linear, ou seja, pela desvalorização durante a vida útil do bem de capital fixo, a uma cota constante. O valor de sucata dos bens foi considerado zero. Para a manutenção de aeradores, bombas e alimentadores utilizou-se uma taxa de 3% ao ano e para tratores, de 5% ao ano, do valor de compra destes bens. Nas pisciculturas que possuíam mais de um tanque escavado, os custos indiretos foram rateados entre os viveiros, com base na lâmina d´água e o tempo de cultivo. Doutoranda Ana Paula da Silva Leonel Orientadora Maria Inez Espagnoli Geraldo Martins 22 CAUNESP Para avaliar a rentabilidade das pisciculturas foram considerados os seguintes indicadores: Receita Bruta (RB), Receita Líquida Financeira (RL) Lucro Operacional (LO) e Custos médios. Segundo Scorvo Filho et al. (2004), a Receita Bruta é o valor obtido com a venda da produção e calculado da seguinte forma: RB= Q x P, No qual: Q= quantidade vendida por ciclo de produção e, P = preço unitário de venda na situação atual e considerando-se a venda para processadoras. A Receita Líquida Financeira (RLF) pode ser considerada como o saldo de caixa: RLF= RB-COE No qual: RB= receita bruta; COE= custo operacional efetivo O Lucro Operacional, calculado pela seguinte fórmula: LO= RB – COT No qual: RB= receita bruta; COT= custo operacional total Foi determinado também o COT médio que corresponde ao custo por quilo de peixe produzido: 𝐶𝑂𝑇 𝑚é𝑑𝑖𝑜 = 𝐶𝑂𝑇 𝑄 Doutoranda Ana Paula da Silva Leonel Orientadora Maria Inez Espagnoli Geraldo Martins 23 CAUNESP Índices Zootécnicos Os índices zootécnicos observados foram: peso inicial, peso final, ganho de peso diário (GPD), conversão alimentar aparente (CAA) e taxa de sobrevivência. 2.3 Resultados e Discussão Perfil das Pisciculturas da Região Oeste do Paraná A piscicultura é importante fonte de receita nas propriedades estudadas (Quadro 1), sendo que para 41,6% dos produtores da amostra, a piscicultura é a principal fonte de renda, seguida da agricultura 33,3%, suinocultura 16,6% e bovinocultura de leite 8,33%. Estes resultados dão indício de que a piscicultura é de grande importância para a região estudada. Doutoranda Ana Paula da Silva Leonel Orientadora Maria Inez Espagnoli Geraldo Martins 24 CAUNESP Quadro 1. Principais atividades econômicas nas propriedades selecionadas nos municípios de Toledo (T1 a T7) e Marechal Cândido Rondon (M1 a M5), PR. Identificação Principais atividades agropecuárias T1 Piscicultura T2 Agricultura T3 Piscicultura T4 Piscicultura T5 Agricultura T6 Piscicultura T7 Agricultura M1 Suinocultura M2 Suinocultura e Bovinocultura de leite M3 Piscicultura M4 Agricultura M5 Bovinocultura de leite As doze pisciculturas visitadas utilizam mão-de-obra familiar e, ocasionalmente, mão- de-obra contratada. A mesma situação foi constatada no município de Santa Maria-RS em 20 pisciculturas analisadas. No sudeste do estado do Pará e no estado de Rondônia, onde 83,62% das pisciculturas apresentam essa conformação (CARDOSO et al., 2009; SILVA, 2010; XAVIER, 2013). Assim como descrito por Hermes, 2009, no município de Toledo, todo processo produtivo é gerenciado pelos proprietários. Os sistemas de produção observados foram o semi-intensivo e o intensivo. Na Tabela 1, estão listados os dados de caracterização das 12 pisciculturas estudadas em Toledo (T1 a T7), e em Marechal Cândido Rondon (M1 a M5). A área de lâmina d´água variou de 4.000m² a 105.000m² com média de 20.800m² por piscicultura. Em média, as pisciculturas possuem seis tanques escavados de produção, com variação de um a 18 tanques. Doutoranda Ana Paula da Silva Leonel Orientadora Maria Inez Espagnoli Geraldo Martins 25 CAUNESP A variação do volume de produção foi de 10.000kg a 300.000kg por ano, por piscicultura, com média de 65.091kg por piscicultura e a duração média do tempo de cultivo foi de 9,25 meses. A produtividade média observada foi de 29.514 kg por hectare de lâmina d´água, por ano. Tabela 1. Características das pisciculturas da amostra, nos municípios de Toledo- PR (T1 a T7) e Marechal Cândido Rondon-PR (M1 a M5). Identificação Lâmina d´água (m²) Nº tanques escavados Volume de produção (kg/ano) Duração média do ciclo (meses) T1 29.600 9 40.000 8 T2 4.000 1 10.000 10 T3 12.000 11 45.000 8 T4 16.000 6 70.000 8 T5 24.000 5 70.000 10 T6 105.000 18 300.000 10 T7 5.500 4 30.000 11 M1 11.000 3 26.000 10 M2 7.000 3 - 10 M3 12.000 4 35.000 10 M4 7.500 1 28.000 9 M5 16.000 5 62.000 7 Observa-se que no levantamento inicial, o produtor M2 não apresenta dados de produção, já que o retorno à atividade, se iniciou no mesmo período desta pesquisa. Quanto ao destino do pescado produzido (Quadro 2), os resultados mostram que a grande maioria, cerca de 90% dos piscicultores, comercializam a tilápia produzida no próprio município ou na região, e que 83,33% dos piscicultores entrevistados comercializam seu peixe com frigoríficos da região. Este fato subsidiou os objetivos deste trabalho que são os de avaliar a possibilidade de inserir o pescado na alimentação escolar nos municípios estudados. Doutoranda Ana Paula da Silva Leonel Orientadora Maria Inez Espagnoli Geraldo Martins 26 CAUNESP Devido ao retorno recente à atividade, o produtor M2 não apresenta local de comercialização por avaliar que as propostas para venda do lote não eram satisfatórias. Na região do Vale do Ribeira-SP, para 95% dos produtores estudados, o destino do pescado, são pesque-pagues da própria região e 5% do pescado abastece a Central Estadual de Abastecimento (CEASA) e região da grande São Paulo (CASTELLANI, 2005). No município de Tupã-SP, os canais de comercialização são frigoríficos da região, pesque-pagues e venda direta (TINOCO, 2006). Quadro 2. Principais locais de comercialização da tilápia produzida nas pisciculturas selecionadas nos municípios de Toledo e Marechal Cândido Rondon, PR. Identificação Principais canais de comercialização Local T1 Intermediário leva Ceagesp* São Paulo-SP T2 Frigorífico Toledo-PR T3 Frigorífico Toledo-PR T4 Frigorífico Toledo-PR T5 Frigorífico Toledo-PR T6 Ceagesp e Frigorífico São Paulo-SP e Entre Rios do Oeste-PR T7 Frigorífico Toledo-PR M1 Integradora com frigorífico Cafelândia-PR M2 Incerto - M3 Frigorífico Pato Bragado-PR M4 Frigorífico Pato Bragado-PR M5 Integradora com frigorífico Cafelândia-PR *Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo As principais dificuldades relatadas pelos piscicultores e a utilização de assistência técnica, estão apresentadas no Quadro 3. Quanto aos principais problemas verifica-se que um fator recorrente apontado foi a comercialização, o que reforça a importância de viabilizar formas de melhorar a rentabilidade das processadoras e, desta forma, a das pisciculturas também. Em Rondônia à comercialização também é um dos maiores problemas encontrados Doutoranda Ana Paula da Silva Leonel Orientadora Maria Inez Espagnoli Geraldo Martins 27 CAUNESP nas pisciculturas do estado (XAVIER, 2013). Já no município de Dourados-MS, a comercialização é o maior desafio, devido aos baixos preços pagos e existência de intermediários (FRANÇA, 2012). Chama também atenção a assistência técnica (Quadro 3) que, pelos dados, dá-se de forma bastante irregular. A falta de assistência técnica pública ou privada também foi descrita na Microrregião da Baixada Cuiabana, no Mato Grosso e no Mato Grosso do Sul, onde este problema é um dos fatores relacionados à produtividade insatisfatória da atividade (PROCHMANN, 2004; BARROS, 2010). Estes dados apontam para importância da “profissionalização” da piscicultura para a obtenção de melhores resultados zootécnicos e econômicos (BALDISERROTTO, 2009). No município de Toledo a falta de assistência técnica é uma situação antiga, pois Martins et al. (2001), apontavam este, como um problema da atividade. Quanto aos problemas relacionados à falta de água, isso se deve à localização da propriedade e períodos de estiagem. Apesar do produtor T7 apresentar problema com falta de água, sua taxa de mortalidade é baixa. O proprietário relata que isso deve-se provavelmente à adição de probiótico na água, e da utilização de ração com melhor qualidade. Quanto ao número de alevinos entregues, não ser o acordado, provavelmente ocorre devido a recomendação da entrega de 10% a mais do adquirido, pelo produtor, não ser realizada. Os problemas ambientais citados estão mais relacionados com dejetos, principalmente de suínos, de propriedades próximas e que são lançados diretamente no rio, prejudicando a qualidade da água para utilização nos tanques escavados. Um dos produtores cita à importância do desenvolvimento de novas tecnologias para a retirada do lodo do fundo dos tanques escavados. Doutoranda Ana Paula da Silva Leonel Orientadora Maria Inez Espagnoli Geraldo Martins 28 CAUNESP Estes dados são importantes para ações da pesquisa, extensão e políticas de preservação da qualidade dos rios. Quadro 3. Principais problemas e situação da assistência técnica nas pisciculturas selecionadas nos municípios de Toledo e Marechal Cândido Rondon, PR. Identificação Principais problemas Assistência Técnica T1 Tecnologia para retirada de lodo; número de alevinos entregue Ocasionalmente prefeitura T2 Falta de água Frigorífico T3 Sem problemas Ocasionalmente Emater T4 Falta de água Ocasionalmente Emater e prefeitura T5 Comercialização Não T6 Comercialização e falta de políticas públicas Não T7 Comercialização e falta de água Vendedor de ração M1 Número de alevinos entregue Integradora M2 Comercialização --------- M3 Comercialização Vendedor de ração M4 Comercialização Vendedor de ração M5 Ambientais Integradora Tecnologias Adotadas Outras informações relevantes foram coletadas como a utilização de equipamentos, “kits” para análise de água, principais tecnologias e sobre a sanidade dos peixes. Doutoranda Ana Paula da Silva Leonel Orientadora Maria Inez Espagnoli Geraldo Martins 29 CAUNESP Em relação a equipamento e/ou “kits” para análise de água, 75% dos produtores possuem estes itens, mas não realizam amostragens com a frequência indicada, porque em sua maioria acreditam não haver necessidade pela experiência que possuem na atividade piscícola. Na região noroeste do Rio Grande do Sul apenas 21,6% dos produtores realizam monitoramento da qualidade de água (RANGEL, 2004). As principais tecnologias utilizadas pela maioria dos produtores da amostra são: aeradores, alimentadores automáticos e rações específicas para tilápia. Nenhum dos produtores relatou problemas relacionados à doenças em suas pisciculturas. Apesar dos entraves na piscicultura, os produtores relatam satisfação com a atividade. E esta se dá em sua maioria, pelo retorno financeiro por hectare ser atraente, quando comparado com atividades agrícolas. França, 2012 descreve em seu trabalho que, 82% dos piscicultores estudados no município de Dourados-MS, estão satisfeitos com a atividade. No Quadro 4, estão apresentadas as respostas dos piscicultores entrevistados para o grau de satisfação com a atividade, e verifica-se que 90,1% indicaram estar satisfeitos ou muito satisfeitos com a tilapicultura. Doutoranda Ana Paula da Silva Leonel Orientadora Maria Inez Espagnoli Geraldo Martins 30 CAUNESP Quadro 4. Grau de satisfação dos piscicultores nas propriedades selecionadas nos municípios de Toledo e Marechal Cândido Rondon, PR. Identificação Satisfação como piscicultor T1 Muito satisfeito T2 Satisfeito T3 Muito satisfeito T4 Satisfeito T5 Satisfeito T6 Muito satisfeito T7 Muito satisfeito M1 Satisfeito M2 Pouco Satisfeito M3 Satisfeito M4 Muito satisfeito M5 Muito satisfeito Georreferenciamento das Pisciculturas O georreferenciamento é uma ferramenta importante para diversos setores da cadeia produtiva da tilápia, desde piscicultores, produtores de alevinos, empresas de ração e outros insumos frigoríficos e até para políticas públicas. Esta ferramenta possibilita a criação de banco de dados, que pode conter informações de volume da produção, localização, espécies cultivadas, rações utilizadas e possível uso na rastreabilidade. Esta ferramenta de rastreabilidade tem sido fomentada em várias cadeias produtivas da agropecuária e especificamente para a piscicultura. Costa (2014), afirma que através da rastreabilidade na indústria do pescado, é possível a formação de um banco de dados relativo à cadeia produtiva. Os dados do georreferenciamento desta pesquisa, incluindo os dados socioeconômicos coletados, podem ser disponibilizados ao banco de dados da EMATER-PR. Doutoranda Ana Paula da Silva Leonel Orientadora Maria Inez Espagnoli Geraldo Martins 31 CAUNESP Na Figura 2 é possível observar a distribuição dos piscicultores da amostra nos municípios de Toledo e Marechal Cândido Rondon. Figura 2. Localização dos piscicultores selecionados, nos municípios de Toledo-PR (T1 a T7) e Marechal Cândido Rondon-PR (M1 a M5). Custo de Produção de Tilápias nos Municípios de Toledo e Marechal Cândido Rondon no Paraná Na Tabela 2 estão apresentados os resultados zootécnicos obtidos durante a pesquisa. Os dias de cultivo nas pisciculturas da amostra variaram de 150 a 362, sendo que, a recomendação do “Modelo Emater de Produção” é de 150 dias (HEIN and BRIANESE, 2004). A utilização do manual é uma prática comum na região. Apesar da recomendação de Doutoranda Ana Paula da Silva Leonel Orientadora Maria Inez Espagnoli Geraldo Martins 32 CAUNESP 150 dias, verificou-se ciclos bem superiores, que podem ser explicados pela variação observada no peso de estocagem das tilápias, época de alojamento e também pela ocorrência de frentes frias, que reduzem significativamente a taxa de alimentação e podem provocar aumento nos dias de cultivo, para que os peixes atinjam o peso de comercialização. Neste ciclo, alguns piscicultores alojaram os peixes em períodos atípicos, como em setembro e maio, devido à condições de oferta de alevinos e juvenis e também tempo e clima. O número de dias de cultivo é um dado importante, para o planejamento da produção, uma vez que, o tempo maior que o estipulado, reduz a possibilidade de ganho econômico e influencia no planejamento de venda da produção e compra dos alevinos, pelos piscicultores. Não existe um padrão para o peso inicial de estocagem na região de estudo e, no povoamento das pisciculturas da amostra, foram colocados peixes de 1g a 59,5g, provenientes de Toledo, Marechal Cândido Rondon, Palotina e de Cafelândia. O ganho de peso teve variação de 2,11 a 4,78 g/dia. Marengoni (2006), encontrou valores de 3,01 a 3,43 em tilápias cultivadas em tanques-rede e Carmo et al. (2008) comparando três linhagens de tilápia encontraram os valores de 1,77g, 2,06g e 2,42g de ganho ao dia. A conversão alimentar é influenciada por diversos fatores como: manejo na alimentação, ambiente, densidade, qualidade da água e temperatura (MILITÃO et al., 2007). Neste trabalho foram encontrados os valores de 0,99 (T6) a 2,58 (M4). A CAA do produtor T6 aponta alta eficiência e isto pode ser explicado por ser a única atividade econômica da propriedade, ser mais tecnificada em relação às outras, além do produtor e sua família realizarem atividades de manejo de forma mais eficiente. Um fator que pode ter contribuído para a CAA de T6 é a adubação que, se realizada de forma correta, melhora a produção primária de zooplancton e fitoplancton, que influenciam no desempenho dos peixes, por Doutoranda Ana Paula da Silva Leonel Orientadora Maria Inez Espagnoli Geraldo Martins 33 CAUNESP aumentar a disponibilidade de alimento. Marengoni et al. (2008) relatam valores de conversão de 0,98 a 1,84, com tilápias em diferentes densidades de estocagem, em condições similares à do presente estudo. O valor da CAA é importante no desempenho econômico da atividade, uma vez que, a alimentação pode representar de 40% a 70% do custo total (ANDRADE et al., 2015). As taxas de sobrevivência foram relatadas pelos produtores durante a pesquisa. Os valores de 100% informados, explicam de certa forma uma recomendação da Associação Paranaense dos Produtores de Alevinos (Alevinopar) de 1996, aos seus associados, de fornecimento de 10% a mais de alevinos aos clientes no momento da venda, para evitar reposições causadas por eventuais mortalidades. Esta norma tem sido utilizada pela maioria dos fornecedores na atualidade. Nas pisciculturas da amostra, os peixes foram abatidos entre 600g e 800g, e este valor depende essencialmente do canal de comercialização utilizado pelos piscicultores ou da disponibilidade para a despesca dos frigoríficos. Na região de São José da Barra-MG, a preferência para abate são de peixes acima de 800g (NOVAES et al., 2012). Doutoranda Ana Paula da Silva Leonel Orientadora Maria Inez Espagnoli Geraldo Martins 34 CAUNESP Tabela 2. Resultados zootécnicos da produção de tilápias por hectare, nas pisciculturas selecionadas nos municípios de Toledo (T1 a T7) e Marechal Cândido Rondon (M1 a M5), PR, 2015. Itens T1 T2 T3 T4 T5 T6 T7 M1 M2 M3 M4 M5 Ciclo (dias) 265 313 301 302 275 309 265 203 362 289 304 150 Peso médio inicial (g) 4 20 8 22 4,6 25 10 59,5 2,5 1 5 10 Peso médio final (g) 775 750 800 660 600 800 600 645 800 650 800 727 Ganho Peso Diário (g) 2,91 2,33 2,63 2,11 2,17 2,51 2,23 2,88 2,20 2,25 2,62 4,78 Taxa de sobrevivência 100% 76,50% 70% 100% 84% 95% 100% 98% 100% 95% 40% 99% CAA 1,31 1,15 1,92 1,56 1,73 0,99 1,55 1,30 1,65 1,38 2,58 1,38 Doutoranda Ana Paula da Silva Leonel Orientadora Maria Inez Espagnoli Geraldo Martins 35 CAUNESP Os custos de produção fornecem ao gestor, um roteiro indicativo, de como utilizar os recursos eficientemente (SANTOS, 2010). A falta de controle das despesas nas pisciculturas, pode inviabilizar a atividade, já que as tomadas de decisões ficam prejudicadas, como por exemplo, durante a venda do produto (CAMPOS, 2007; SQUASSONI, 2010; MARTINS, 2011). Raramente são encontrados produtores que apresentam informações econômicas confiáveis de seu empreendimento rural (BARROS, 2010). Nas pisciculturas pesquisadas, observou-se que as pisciculturas, não se utilizavam de planilhas de controle diário de atividades com anotações de todos os gastos e medidas de manejo com a atividade. Nas Tabelas 3 e 4 estão apresentados os resultados de custo operacional total e medidas de rentabilidade, para um hectare de lamina d’água, das pisciculturas dos municípios de Toledo e Marechal Cândido Rondon, respectivamente. Doutoranda Ana Paula da Silva Leonel Orientadora Maria Inez Espagnoli Geraldo Martins 36 CAUNESP Tabela 3. Custo e rentabilidade na produção de tilápias, por ha de lâmina d´água, no município de Toledo-PR, 2015. T1 T2 T3 T4 T5 T6 T7 Itens/Pisciculturas R$/ha % R$/ha % R$/ha % R$/ha % R$/ha % R$/ha % R$/ha % Mão de obra contratada 10.139,85 4,09 56,78 0,04 4.835,45 8,80 Alevinos/juvenis 2.605,75 6,69 4.037,50 7,20 2.000,00 3,81 21.000,00 8,47 7.222,22 5,20 11.680,00 7,85 5.250,00 9,50 Ração 28.125,00 72,23 35.490,50 63,90 37.386,50 71,18 188.406,70 76,01 115.650,00 83,25 98.908,00 66,51 38.271,58 69,50 Energia elétrica 388,13 1,00 1.144,40 2,00 1.539,56 2,93 12.519,08 5,05 5.555,56 4,00 5.467,50 3,68 2.427,50 4,40 Manutenção 10,00 0,03 208,88 0,40 327,45 1,18 1.348,40 0,54 1.263,14 0,91 358,69 0,24 381,57 0,70 Outros Insumos* 2.250,00 5,78 325,00 0,60 742,50 1,41 484,00 0,74 4.032,72 2,90 11.410,00 7,67 1.847,23 3,30 COE (R$/ha) 33.378,88 41.206,28 41.996,01 233.898,02 133780,42 127.824,19 48.177,88 Mão de obra familiar 4.029,55 10,35 10.257,15 18,40 4.834,80 9,20 1.044,70 0,75 14.773,00 9,93 4.835,45 8,80 Depreciação 1.529,83 3,93 4.400,52 7,90 5.693,81 10,84 13.978,15 5,64 4.087,15 2,94 6.124,72 4,12 2.176,69 3,90 COT (R$/ha) 38.938,25 100 55.863,95 100 52.524,62 100 247.876,18 100 138912,27 100 148.721,92 100 55.190,02 100 COE Médio (R$/kg) 2,23 1,75 3,08 2,40 3,06 1,24 2,89 COT Médio (R$/kg) 2,60 2,37 3,86 2,54 3,18 1,44 2,53 Receita Bruta (R$/ha) 49.500,00 73.500,00 44.962,50 321.882,00 162.500,00 361.900,00 60.977,50 Receita Líquida Financeira(R$/ha) 16.121,13 32.293,72 2.966,49 87.983,98 28.719,58 234.075,81 12.799,62 Lucro Operacional (R$/ha) 10.561,75 17.636,05 -7.562,12 74.005,82 23.587,73 213.178,08 5.787,48 Preço de Venda (R$/kg) 3,30 3,12 3,30 3,30 3,30 3,50 3,25 Produtividade (kg/ha) 15.000 23.547,50 13.625 97.540 43.750 32.312,50 18.697,50 * óleo diesel, calcário, cal virgem, herbicida, sal, etc Doutoranda Ana Paula da Silva Leonel Orientadora Maria Inez Espagnoli Geraldo Martins 37 CAUNESP Tabela 4. Custo e rentabilidade na produção de tilápias por ha de lâmina d´água no município de Marechal Cândido Rondon-PR, 2015. M1 M2 M3 M4 M5 Itens/ Pisciculturas R$/ha % R$/ha % R$/há % R$/ha % R$/ha % Mão de obra contratada 7372,00 11,87 Alevinos/juvenis 3.954,18 12,08 835,71 6,30 4.000,00 6,36 3733,33 6,01 3.057,54 7,14 Ração 21.874,47 66,81 8.240,76 62,30 47.520,00 75,59 46.446,39 66,51 27.640,25 64,69 Energia elétrica 2.818,18 8,61 1,38 0,0 1.800,00 2,86 3.473,20 5,59 1.476,56 3,45 Manutenção 10,91 0,03 0,41 0,0 93,33 0,15 1.638,80 2,64 323,02 0,75 Outros Insumos* 279,77 0,85 164,02 1,20 932,81 1,48 231,47 0,37 2.632,56 6,15 COE (R$/ha) 28.937,52 9.242,29 54.346,15 57.755,96 35.129,93 Mão de obra familiar 1.709,27 5,2 2.302,29 17,4 6.446,40 10,25 4.196,88 9,81 Depreciação 2.094,48 6,40 1.183,40 12,80 2.074,67 3,30 4.350,60 7,01 3.468,91 8,11 COT (R$/ha) 32.741,27 100 13.235,14 100 62.867,22 100 62.106,56 100 42.795,72 100 COE Médio (R$/kg) 1,74 1,62 2,23 4,47 1,71 COT Médio (R$/kg) 1,97 2,32 2,58 4,80 2,09 Receita Bruta (R$/ha) 37.596,15 19.428,57 81.500,00 42.680,00 45.329,59 Receita Líquida Financeira(R$/ha) 8.658,64 10.186,28 27.153,85 -20.215,00 10.199,66 Lucro Operacional(R$/ha) 4.854,88 6.193,43 18.623,78 -24.565,76 2.533,87 Preço de Venda (R$/kg) 2,27 3,40 3,30 3,30 2,23 Produtividade (kg/ha) 16.587,27 5.714 23.795 12.933 20.326,25 * óleo diesel, calcário, cal virgem, herbicida, sal, etc Doutoranda Ana Paula da Silva Leonel Orientadora Maria Inez Espagnoli Geraldo Martins 38 CAUNESP Os custos com mão-de-obra por hectare variaram de R$1.101,48 (T5) a R$14.773,00 (T6), sendo que, a mão-de-obra do produtor T5 contempla apenas o manejo com alimentação que é realizada com trator. O produtor T6 apresenta a maior lâmina d´água e a piscicultura é sua única atividade econômica, dispendendo tempo integral para a atividade. Esta propriedade é a que apresenta melhor aspecto visual e organização e na que se verificou maior preocupação com o manejo, como por exemplo: limpeza dos fundos dos tanques, manutenção dos tanques e entorno. Apesar do maior valor, ao considerar-se o custo da mão de obra (R$) por quilograma de tilápia produzido, obteve-se um valor de R$0,46/kg (T6) e entre os 12 piscicultores, este valor variou entre R$0,02 (T5) e R$1,73 (T3), com média de R$0,40. Desde 2001, no município de Toledo, já se tem resultados de pesquisa mostrando que os produtores acabam não contabilizando a mão-de-obra nos seus custos, esta, que apresenta um peso significativo nos custos de produção nestas pisciculturas (MARTINS, 2001). Durante a pesquisa percebeu-se que os piscicultores não consideram a mão-de-obra familiar no custo de produção, que em Toledo, representou em média 8,79% do COT e em Marechal Cândido Rondon 10,91%. Os gastos com ração foram os mais significativos para a produção de tilápias nas pisciculturas. neste estudo. E a participação no Custo Operacional Total variou de 62,30% a 83,25%. Observou-se que a maioria dos produtores não utiliza a tabela de alimentação indicada pela EMATER-PR, e que a quantidade de ração disponibilizada varia de acordo com a experiência destes piscicultores. No Mato Grosso do Sul, os custos de ração ficam entre 50% e 65% do custo da produção (PROCHMANN, 2004). Para Furlaneto et al., 2010 avaliando a produção de tilápias em tanques-rede de 6m³ e 18m³, na região do médio Paranapanema, no estado de São Paulo, os custos coma ração representaram 69,1% e 69,2% Doutoranda Ana Paula da Silva Leonel Orientadora Maria Inez Espagnoli Geraldo Martins 39 CAUNESP dos custos. Como alternativa para resolver este entrave Sabbag et al., 2007 sugerem que os valores de ração podem ser diminuídos com a formação de associações ou cooperativas para a compra de rações diretamente das fábricas. Em municípios de Bahia, Mato Grosso e Tocantins, os custos mais significativos na produção de peixes foram com a ração variando de 67% a 81% do COE (CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA AGRICULTURA E PECUÁRIA, 2015). Quanto aos valores gastos com aquisição de alevinos ou juvenis, estes representaram de 3,81% (T3) a 12,08% (M1) do COT. Essas diferenças podem ser explicadas pela quantidade alojada ou pelo peso inicial, que foi diferente em cada piscicultura. O maior peso inicial, de 59,5g utilizada na piscicultura M1, implicou na maior participação no COT. Os valores de milheiro de alevinos ou juvenis variaram de R$80,00 a R$147,80. Os custos com energia elétrica estão relacionados com a utilização de alimentadores automáticos, sistemas de aeradores ou com a necessidade de suprir a falta de água com o emprego de bombas hidráulicas, equipamentos estes que são motorizados utilizando energia elétrica rural. Estes valores variaram de R$1,38/ha a R$12.519,08/ha. Os menores valores gastos com energia elétrica são observados em pisciculturas que utilizam de forma de esporádica esses equipamentos (T1, T2 e M2). Isto pode ser explicado pelo uso pelos piscicultores, dos equipamentos disponíveis. O maior valor foi observado na piscicultura T4, em que foram utilizados 8 aeradores (em diferentes períodos) e uma bomba hidráulica, pois houve problemas com a qualidade da água e também pela alta densidade utilizada. E o menor valor na piscicultura M2, em que só utilizava alimentador, e o funcionamento total dele era de 30 minutos por semana, durante 4 meses. Doutoranda Ana Paula da Silva Leonel Orientadora Maria Inez Espagnoli Geraldo Martins 40 CAUNESP A manutenção de equipamentos e a depreciação, assim como, o consumo de energia elétrica, variam de produtor para produtor. O piscicultor T5 é o único que realiza ele próprio a manutenção dos equipamentos em sua propriedade. Visto que, ele implantou várias adaptações mecânicas para automatizar a alimentação e manejo dos tanques escavados. Pode-se observar que o item depreciação pode influenciar bastante nos valores como, por exemplo, o produtor T3, que construiu uma cerca de alto custo para proteção dos tanques e que impactou neste item, participando com 10,84% do COT. Outra piscicultura a M2, este item também foi importante na composição do COT, atingindo valor de 12,80% que pode ser explicado pelo tempo de cultivo de 362 dias, aumentando o valor da depreciação no custo do tanque. O item “outros insumos”, diz a respeito a itens utilizados na limpeza, desinfecção, adubação de tanques escavados e outras opções de manejo. Inclui calcário, cal virgem, herbicida, probiótico e adubo, além de gasto com óleo diesel em tratores, para alimentação, carregamento de sacos de ração, limpeza de tanques e adubação com dejetos suínos. Nestes valores também são inclusos “kits” colorimétricos de análise de água (pH, oxigênio, amônia, nitrito). Não observou-se um padrão para o item “outros insumos”, pois cada piscicultor segue regras próprias para estes itens, não verificando-se qualquer padrão para estes gastos. Apesar de apresentarem valores reduzidos, ao analisar o custo total, o uso deste insumos são importantes, e seu monitoramento contribui para proporcionar um ambiente favorável para o desenvolvimento dos peixes. Durante um ciclo, a produtividade, em kg por hectare, variou de 5.714 (M2) a 97.540 (T4). Isto tem a ver com a densidade alojada, esta que variou de 1,08 peixes por m² (M2) a 15 peixes por m² com média de 4,68. A menor densidade de M2 ocorreu porque o produtor Doutoranda Ana Paula da Silva Leonel Orientadora Maria Inez Espagnoli Geraldo Martins 41 CAUNESP estava voltando para a atividade, sendo mais conservador. No caso de T4 trata-se de um produtor inovador, que utiliza alta densidade, pois o mesmo possui abatedouro na propriedade. Os custos operacionais efetivos médios (COE médio), para a produção de tilápia nas pisciculturas estudadas, variaram entre R$1,24 (T6) e R$ 4,47 (M4) por quilograma. Na piscicultura M4, este valor pode ser explicado pela perda de peixes em função de abertura do silo, e a ração ir diretamente para o tanque escavado, comprometendo também a produtividade pela morte de peixes. Excluindo o produtor M4, a média do COE das 11 pisciculturas foi de R$ 2,18, menor do que o Boletim Ativos de Aquicultura, cita para o município de Londrina-PR, o valor de COE médio de R$2,80/kg em agosto de 2015. Em resumo, podem ser observados os extremos nesta pesquisa, visto que algumas propriedades são tecnificadas e outras produzem de maneira praticamente “artesanal”. Não podemos afirmar que as mais tecnificadas apresentam produção maior, pois não existem padrões específicos para a piscicultura familiar da região, pois há muitos produtores inovadores e outros resistentes. Mas há indícios, na maioria das pisciculturas da amostra, que conforme se aumenta o número de equipamentos (aeradores e alimentadores), a produção também aumenta, e as maiores produtividades e lucros operacionais foram obtidas para as pisciculturas com mais equipamentos T4, T5, T6 e melhor utilização dos mesmos. No município de Toledo, a maior eficiência pode ser observada em T6, com menor COT médio, maior preço de venda, maior lucro operacional, apesar de apresentar valor de mão-de-obra expressivo, R$0,46 por kg de peixe produzido. Dada sua maior eficiência pode- se indicar que não existe mão-de-obra ociosa, ela é convertida em produtividade. Além disso, T6 apresentou melhor conversão alimentar de 0,99 e o peso médio final das tilápias foi de Doutoranda Ana Paula da Silva Leonel Orientadora Maria Inez Espagnoli Geraldo Martins 42 CAUNESP 800g em 309 dias. A piscicultura T4, que trabalha com maior densidade, 15px/m 2 , apresenta a maior produtividade por hectare, com peso médio final de 660g em 302 dias. Mas a necessidade de maior uso dos equipamentos, por problemas com qualidade da água, impactaram o COT com maior gasto com energia elétrica e valor depreciação somado ao menor preço de venda, resultando em um lucro operacional inferior ao obtido em T6, demonstrando menor eficiência. O valor de depreciação foi alto pela utilização de diversos equipamentos, mas isto não foi convertido em lucratividade. O produtor relatou que a qualidade da ração adquirida no lote do estudo, não apresentava boa qualidade, o que pode ter influenciado no crescimento dos peixes e qualidade da água. Em Marechal Cândido Rondon, a piscicultura M3 é que mais se destaca no município, pois apresenta maior produtividade e maior lucro operacional, apesar de seu COE médio ser um dos mais altos. Mas aloja um número maior de peixes e a mão-de-obra utilizada nas atividades da propriedade, que acaba sendo revertida em lucratividade. O custo de produção das pisciculturas M1 e M5 foram semelhantes. Estas duas trabalham em sistema de integração e os preços de venda foram os mais baixos dentre as 12 pisciculturas estudadas, R$2,27 e R$2,23 por quilograma, contribuindo para menor lucratividade. Devido ao baixo valor de compra pela integradora, a piscicultura M1 relatou que o lote acompanhado por esta pesquisa, foi o último da piscicultura neste sistema de integração, por acreditar que a venda ao estado de São Paulo é mais vantajosa. Mas cabe ressaltar que os valores obtidos para o COE Médio estão entre os menores da amostra deste município e, ainda, apresentaram valores de ganho de peso diário, acima da média das pisciculturas estudadas, e isto pode ser reflexo da qualidade de ração, alevinos e assistência técnica da integradora, como foi relatado. M5 apresentou um lucro menor que M1 e isto pode ter sido influenciado pelo maior valor de mão-de-obra e ração por hectare de lâmina d’água da piscicultura M5. Doutoranda Ana Paula da Silva Leonel Orientadora Maria Inez Espagnoli Geraldo Martins 43 CAUNESP Os resultados desta pesquisa mostram que em 10 das 12 pisciculturas da amostra, o preço de venda, com média de R$ 3,13/kg foi satisfatório, superando os custos de produção. Os preços de venda de tilápias para frigoríficos, em municípios do Oeste e Sudoeste paranaense ficaram entre R$3,20 a R$3,26 entre janeiro-fevereiro de 2014 (Chidichima, 2014). Em Paulo Afonso, Bahia, o preço de venda da tilápia foi de R$5,70/kg (agosto de 2015), mas deve-se considerar que os valores de insumo neste local são superiores aos das regiões Sul e Sudeste (CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA AGRICULTURA E PECUÁRIA, 2015). Na piscicultura T3, os preços de venda não foram suficientes para cobrir os custos devido principalmente à ração, como pode ser observado pela CAA (1,92) que implicou em uma alta participação dos gastos com ração, de 71,18% do COT, que pode ser reflexo da visível falta de controle dos insumos durante o ciclo de produção. Muitos dos produtores acreditam estar sendo remunerados de forma inadequada, por exemplo o produtor T6, que analisa a viabilidade da construção de um pequeno frigorífico em sua propriedade. O piscicultor T4 é o único que apresenta maior conforto quanto à venda e comercialização por dispor de frigorífico próprio. As diferenças nos resultados entre as pisciculturas nos itens analisados, são devido a inúmeros fatores: qualidade de alevinos, ração, e água, manejo, forma de administração do empreendimento, forma de utilização de equipamentos entre outros. Fatores estes que podem ser não quantificáveis, mas que nos indicam a importância da padronização e mais uma vez profissionalização da atividade. A variação na produtividade também foi observada por Barros (2010), onde afirma a existência desta variação em regiões brasileiras, e até em mesmas regiões em períodos diferentes, e que estas são resultados de diferenças na Doutoranda Ana Paula da Silva Leonel Orientadora Maria Inez Espagnoli Geraldo Martins 44 CAUNESP alimentação, densidade de estocagem, utilização de aeradores, renovação de água, qualidade de alevinos e juvenis e até a coleta de dados pode influenciar nestes resultados. 2.4 Conclusões As propriedades utilizam, em sua maioria, mão-de-obra familiar, a lâmina d´água média foi de 20.800m², possuem de 1 a 18 tanques escavados e, para 41,6%, a piscicultura é a atividade econômica principal e apresentam sistemas de produção semiintensivo e intensivo. Os canais de comercialização observados foram em sua maioria frigoríficos e em menor proporção Ceagesp (São Paulo). Neste estudo, foi possível observar a grande variação na produtividade de tilápias nos municípios de Toledo-PR e Marechal Cândido Rondon. Observou-se nesta pesquisa, a variação de 5.714 kg/ha a 97.540 kg/ha. O COT médio foi de R$2,69 e o preço médio de venda de R$3,13. O piscicultor mais eficiente no município de Toledo foi T6 e no município de Marechal Cândido Rondon foi M3. Apesar dos municípios apresentarem destaque nacional quanto à produção de tilápias, os resultados desta pesquisa, nos mostram grande variação nos dados encontrados, devido à diferentes tamanhos de lâmina de água, sistemas de produção, manejo e administração. Observa-se que, a eficiência econômica e zootécnica nos municípios podem aumentar, desde que, haja por parte dos produtores, maior controle dos gastos, melhor manejo e organização da atividade. Doutoranda Ana Paula da Silva Leonel Orientadora Maria Inez Espagnoli Geraldo Martins 45 CAUNESP A maior eficiência produtiva aparentemente está relacionada com a adoção de um maior número de tecnologias, organização da propriedade e controle nos custos. 2.5 Referências ANDRADE, C. L.; RODRIGUES, F.S.; CARVALHO, D.P.; PIRES, S.F.; PIRES, M. 2015. Nutrição e alimentação de tilápias do nilo. Nutritime. 6:4464-4469. BALDISEROTTO B. 2009. Piscicultura continental no Rio Grande do Sul: situação atual, problemas e perspectivas para o futuro. Ciência Rural. 39:291-299. BARROS A. F. 2010. Análise sócio econômica e zootécnica da piscicultura na microrregião da baixada Cuiabana-MT. 2010. (D.Sc.), Universidade Estadual paulista “Júlio de Mesquita Filho” Jaboticabal, 2010. CAMPOS, C. M.; GANECO, L.N.; CASTELANI, D.; MARTINS, M.I.E.G. 2007. Avaliação econômica da criação de tilápias em tanque-rede, no município de Zacarias-SP. Boletim do Instituto de Pesca, 33: 265-271. CARDOSO, E. 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A partir destes dados foram calculados os custos dos 7 ingredientes, excluindo os valores de água, gás, energia elétrica, remuneração de 8 trabalhadores e depreciação dos equipamentos utilizados. Na determinação do custo dos 9 ingredientes, considerou-se duas possibilidades, o uso de filé de tilápia e de Carne 10 Mecanicamente Separada (CMS). Como esperado, os valores obtidos de cada produto, 11 nos dois municípios, foram menores quando se utilizou o CMS. Os menores valores 12 foram para bolo de cenoura com CMS R$ 3,21/kg (Toledo) e R$3,55/kg (Marechal 13 Cândido Rondon). E os maiores valores foram de almôndega filé, R$14,45/kg e 14 R$15,10/kg em Toledo e Marechal Cândido Rondon respectivamente. 15 Palavras-chave: pescado, custos, alimentação. 16 ABSTRACT 17 They were determined costs of the ingredients necessary for the preparation of tilapia 18 based products meatball kebab of chocolate cake and carrot cake. Based on selected 19 recipes for the preparation of each of the products, the ingredients were listed and 20 collected the values (R$), preferably paid by the Municipalities of Toledo-PR and 21 Marechal Cândido Rondon-PR of each ingredient used. From these data the costs of the 22 ingredients were calculated excluding water values, gas, electricity, compensation of 23 employees and depreciation of the equipment used. In determining the cost of 24 ingredients, it considered two possibilities, the use of tilapia fillet and mechanically 25 separated meat (CMS). As expected, the values obtained from each product, in both 26 cities were lower when using the CMS. The lowest values were for carrot cake with 27 CMS R$ 3.21 / kg (Toledo) and R$ 3.55 / kg (MCRondon). And the highest values were 28 meatball steak, R$ 14.45 / kg and R$ 15.10 / kg in Toledo and MCRondon, 29 respectively. 30 Doutoranda Ana Paula da Silva Leonel Orientadora Maria Inez Espagnoli Geraldo Martins 52 CAUNESP Key-words: fish, cost, feeding. 31 32 3.1 Introdução 33 34 No Brasil houve a diminuição do consumo de produtos naturais e aumento no 35 consumo dos produtos industrializados, modificando o perfil nutricional da população, e 36 como consequência principal, o aumento de peso e diversas outras doenças, resultando 37 em problemas de saúde pública (MALUF, 2010; FAO, 2009). 38 Por isso o interesse no pescado, cujo consumo vem aumentando a cada ano. 39 Pois sabe-se que o pescado apresenta características altamente desejáveis para o 40 consumo humano, por ser um alimento saudável, com proteínas de alto valor biológico, 41 ácidos graxos, ômega 3, vitaminas A, B, D e E, e também minerais essenciais para o 42 organismo (SOARES e GONÇALVES, 2012; BOSCOLO et al., 2009). 43 Estudos demonstram que a ingestão regular de pescado melhora o 44 funcionamento de atividades cognitivas como a memória e concentração. Também 45 propicia uma melhor qualidade do sono, aumentando à disposição. Diminui o risco de 46 doenças cardíacas e de acidente vascular cerebral, melhora a taxa de triglicerídeos e de 47 colesterol total no organismo e fortalece o sistema imunológico (BOSCOLO et al., 48 2009). 49 As proteínas encontradas no pescado apresentam maior digestibilidade (96%), 50 quando comparadas às de aves (90%) ou bovinos (87%) (Senai-DR, 2007). 51 No processamento da tilápia para a produção de filé, as empresas 52 beneficiadoras geram grande volume de resíduos, cerca de 70% do volume processado, 53 que nem sempre são aproveitados. Estudos para o aproveitamento integral do pescado 54 para alimentação humana, e de programas para maior utilização de produtos à base de 55 pescado, podem ser úteis para pisciculturas, processadoras e importante para políticas 56 públicas. 57 Uma das formas de aproveitamento integral do pescado é a utilização da Carne 58 Mecanicamente Separada (CMS) que é obtida pela extração da carne aderida às 59 Doutoranda Ana Paula da Silva Leonel Orientadora Maria Inez Espagnoli Geraldo Martins 53 CAUNESP carcaças em desossadora (ROQUE, 1996). A utilização da Carne Mecanicamente 60 Separada aumenta o rendimento do pescado, pelas processadoras, pois na forma de filé 61 são aproveitados aproximadamente 30% do pescado, o que faz com que as empresas 62 beneficiadoras fiquem com grande volume de resíduos, que nem sempre são 63 aproveitados (FELTES et al., 2010; MARTINS et al., 2010), gerando passivos 64 ambientais e reduzindo a rentabilidade. 65 A Carne Mecanicamente Separada pode ser utilizada em diversas preparações 66 em cozinhas industriais, domésticas e na alimentação escolar (KUBITZA, 2000). 67 Muitas pesquisas de diferentes universidades têm se concentrado na elaboração de 68 produtos alimentícios à base de pescado – almôndegas, quibes, nuggets, bolos, tortas, 69 etc. - utilizando para isto a carne mecanicamente separada (CMS) (BOSCOLO et al., 70 2009; MARTINS et al., 2010). Produtos doces como bolos e tortas, também são 71 preparados à base de pescado. 72 A almôndega é um produto cárneo, industrializado, obtido a partir de carne 73 moída de uma ou mais espécies de animais, moldada na forma arredondada, adicionada 74 de ingredientes e submetido ao processo tecnológico adequado. Trata-se de um produto 75 que pode ser comercializado cru, semi-frito, frito, cozido ou esterilizado (BRASIL, 76 2000). 77 Entende-se por quibe (kibe) o produto cárneo obtido de carne bovina ou ovina, 78 moída, adicionado com trigo integral, acrescido de ingredientes. Quando a carne 79 utilizada não for bovina ou ovina, será denominado quibe seguido do nome da espécie 80 animal de procedência. Este produto pode ser comercializado e consumido cru, frito ou 81 assado (BRASIL, 2000). 82 Estas novas tecnologias de processamento são muito importantes para o 83 fortalecimento da cadeia do pescado (JAMAS, 2012), já que o beneficiamento do 84 pescado, principalmente da tilápia, é um dos principais problemas da cadeia produtiva 85 pelo baixo rendimento na filetagem da tilápia. 86 Apesar de inúmeras pesquisas relacionadas à elaboração de produtos 87 alimentícios, à base de pescado, avaliações econômicas são escassas. Desta forma, o 88 objetivo deste trabalho foi a determinação dos custos dos ingredientes para elaboração 89 Doutoranda Ana Paula da Silva Leonel Orientadora Maria Inez Espagnoli Geraldo Martins 54 CAUNESP de quatro produtos à base de tilápia: almôndega, quibe, bolo de cenoura e bolo de 90 chocolate. 91 92 3.2 Material e Métodos 93 94 Para a determinação dos custos dos ingredientes para produtos processados à 95 base de tilápia, foram selecionados para a pesquisa: bolo de chocolate, bolo de cenoura, 96 quibe e almôndega. Estes produtos foram escolhidos com base nos critérios de 97 aceitabilidade do público alvo e facilidade na preparação pelas educadoras nutricionais 98 (merendeiras). 99 As receitas utilizadas (Apêndice 2), para o cálculo do custo dos ingredientes para 100 elaboração de produtos à base de pescado, são do livro Peixe na Merenda Escolar: 101 Educar e Formar Novos Consumidores (BOSCOLO et al., 2009). A partir das receitas, 102 foram listados todos os ingredientes necessários para o preparo de um quilograma de 103 cada produto estudado. 104 Foram realizadas entrevistas com os nutricionistas dos municípios de Toledo e 105 Marechal Cândido Rondon, no oeste paranaense, que foram responsáveis pelo 106 fornecimento dos preços de cada ingrediente, pagos pelas prefeituras, nos meses de 107 julho a dezembro de 2015. Para os ingredientes não contemplados nas aquisições das 108 prefeituras, foi realizada pesquisa em diferentes supermercados e calculado o valor 109 médio de cada um deles. 110 Para o valor da matéria prima fundamental, a tilápia, foi considerada em duas 111 formas: filé e carne mecanicamente separada (CMS). Os valores de aquisição foram de 112 R$8,00/kg de CMS e de R$17,00/kg de filé, nos dois municípios, valor de setembro de 113 2015. 114 Na determinação dos custos dos produtos à base de pescado, foram considerados 115 somente os valores dos gêneros alimentícios e não foram incluídos custos com energia 116 elétrica, gás, água, remuneração das educadoras nutricionais e depreciação dos 117 equipamentos. Estes custos não terão impacto sobre o valor das preparações para 118 Doutoranda Ana Paula da Silva Leonel Orientadora Maria Inez Espagnoli Geraldo Martins 55 CAUNESP alimentação escolar, pois estão agregados aos custos normais de funcionamento das 119 cozinhas das escolas. 120 121 3.3 Resultados e Discussão 122 123 SEBRAE (2006), relata que o baixo consumo do pescado no Brasil, é devido 124 uma série de fatores, e entre eles destaca a inexistência de um trabalho sério e 125 consistente para o incentivo do consumo do pescado, e coloca que mudanças de hábitos 126 alimentares leva tempo. Com isso, reforça-se a importância da inclusão do pescado na 127 alimentação escolar, uma vez que, como citado por Aroucha (2012), são poucas as 128 tentativas para a inclusão na alimentação escolar. 129 Os alimentos à base de pescado apresentam uma ótima qualidade nutricional e 130 têm sido bem aceitos pelos escolares (BORGES et al., 2011; HIGUCHI et al., 2012). 131 Silva et al. (2011), relatam sua pesquisa com almôndegas desenvolvidas com 132 CMS de tilápia, que teve como objetivo realizar análises sensoriais com estudantes do 133 ensino fundamental, com idades entre 4 e 13 anos. Como resultados, nos dois extremos, 134 verificaram que 57% dos alunos “gostaram muitíssimo” das almôndegas e 18% dos 135 alunos rejeitaram o produto. 136 Higuchi et al. (2012), desenvolveram almôndegas e quibes à base de CMS de 137 pacu, e realizaram análises em escolas municipais para alunos com idades entre oito e 138 doze anos. A aceitação das almôndegas ficou acima de 84%, já para o quibe assado a 139 aceitação ficou entre 53% e 58%. Esses autores colocam a importância de alimentos à 140 base de pescado na alimentação escolar, devido às características nutricionais do 141 pescado. 142 Costa et al. (2014), desenvolveram quibes à base de CMS de pintado e 143 obtiveram mais de 70% de aceitação em todos os atributos avaliados. Outro trabalho 144 que avaliou a preparação de quibes à base de tilápia com diferentes quantidades de 145 linhaça, também resultou num índice de aceitabilidade acima dos 70% (VITORASSI, 146 2012.) 147 Doutoranda Ana Paula da Silva Leonel Orientadora Maria Inez Espagnoli Geraldo Martins 56 CAUNESP Veit et al. (2012), desenvolveram bolos de chocolate e bolos de cenoura à base 148 de filé de tilápia do Nilo. Os filés foram pré-cozidos, triturados e adicionados à receita 149 de bolo de chocolate e de cenoura. Este trabalho mostrou que foi possível formular um 150 bolo enriquecido com proteínas e com ótimo valor nutricional, e a aceitação dos 151 produtos ficou próxima aos 90%. 152 No presente trabalho, os custos em reais dos ingredientes de cada produto à base 153 de tilápia, utilizando filé ou CMS, em cada um dos municípios estudados, podem ser 154 observados na Tabela 1. 155 156 Tabela 1. Custo de produtos à base de tilápia, municípios de 157 Toledo e Marechal Cândido Rondon, PR, R$/kg. 158 159 160 161 162 163 164 165 166 167 168 169 170 Observa-se que esses custos variam entre os municípios, principalmente pela 171 forma como ocorrem as licitações, que refletem nos custos de aquisição dos 172 ingredientes. O custo dos ingredientes para os quatro produtos estudados foi maior em 173 Marechal Cândido Rondon. E um fator que explica estes resultados, é que neste 174 município, praticamente 100% dos ingredientes adquiridos são orgânicos (exceto a 175 tilápia) e, portanto, com preço maior que o convencional. 176 Produto Localidade Toledo Marechal Cândido Rondon Almôndega CMS 7,69 8,34 Almôndega Filé 14,45 15,10 Quibe CMS 6,60 7,58 Quibe Filé 12,39 13,36 Bolo Chocolate CMS 3,72 5,52 Bolo Chocolate Filé 4,63 6,43 Bolo de Cenoura CMS 3,21 3,55 Bolo de Cenoura Filé 4,29 4,63 Doutoranda Ana Paula da Silva Leonel Orientadora Maria Inez Espagnoli Geraldo Martins 57 CAUNESP Cada um dos produtos pode ser elaborado de várias maneiras, ou seja, utilizando 177 diferentes receitas. Gonçalves (2009), utilizou, para a fabricação de quibes, CMS e um 178 mix específico para quibes, receitas estas que podem ser modificadas de acordo com a 179 disponibilidade de ingredientes nas escolas, restaurantes, entre outros. 180 Na Tabela 2, é possível observar a redução percentual nos custos dos 181 ingredientes de cada produto pela substituição de filé por CMS. Para a Almôndega de 182 CMS, verificou-se uma diferença de 46,89% e 45,06% menor que a Almôndega de filé, 183 em Toledo e Marechal Cândido Rondon, respectivamente. Para o quibe a diferença com 184 CMS ou filé foi de 44,05% (Toledo) e 43,13% (Marechal Cândido Rondon). Para os 185 bolos de chocolate e cenoura essa redução variou entre 23% e 29%. 186 187 Tabela 2. Redução nos custos dos ingredientes dos produtos 188 pela substituição de filé por CMS, municípios de 189 Toledo e Marechal Cândido Rondon,PR. 190 Produto 1 kg Localidade Toledo Marechal Cândido Rondon Almôndega 46,89% 45,06% Quibe 44,05% 43,13% Bolo de Chocolate 28,98% 27,78% Bolo de Cenoura 25,17% 22,93% 191 A diferença nos valores dos produtos fabricados com filé ou CMS fica 192 evidenciada na Tabela 2. Além da parte econômica, é importante ressaltar que a 193 utilização do CMS tem impacto significativo na redução da quantidade de resíduos 194 gerada no processamento do filé de tilápia, cerca de 70% do volume processado, 195 melhorando também a rentabilidade na fase de processamento. É o que recomenda Reis, 196 2013, que coloca como ideal a utilização do pescado como um todo, e que muitos 197 subprodutos são promissores. A agregação de valor ao pescado cultivado na região de 198 Toledo-PR é importante para a cadeia produtiva (MARTINS, 2001). 199 Doutoranda Ana Paula da Silva Leonel Orientadora Maria Inez Espagnoli Geraldo Martins 58 CAUNESP A melhor rentabilidade da fase de processamento, deve ter impacto significativo 200 no fortalecimento da cadeia produtiva, garantindo a rentabilidade dos piscicultores e 201 disponibilizando à comunidade, CMS, matéria prima de qualidade, para elaboração de 202 produtos à base de pescado, que podem ser utilizados para venda no varejo, utilização 203 em restaurantes e, principalmente, na alimentação escolar. 204 205 3.4 Conclusões 206 207 Na determinação dos custos dos quatro produtos, foi observado que o valor do 208 produto, depende essencialmente da forma de aquisição da tilápia, em filé ou CMS. A 209 aquisição da CMS mostrou-se mais vantajosa, pelo menor valor de aquisição. 210 Entre os produtos estudados, o de menor valor dos ingredientes para cada kg 211 produzido, foi o do bolo de cenoura com carne mecanicamente separada no valor de 212 R$3,21 (Toledo) e R$3,55 (Marechal Cândido Rondon). 213 Apesar da análise estar voltada para as condições de alimentação escolar, estes 214 produtos podem ser destinados a outros mercados, devido a baixa complexidade de 215 preparo e a fácil aquisição de ingredientes, porém, devem ser agregados outros custos 216 que não foram considerados neste trabalho. 217 218 3.5 Referências 219 220 AROUCHA, E. P. T. L. Agricultura familiar na alimentação escolar: estudo de 221 oportunidades e desafios. 2012. 182p. Dissertação (Mestrado em Ecologia Humana e 222 Gestão Socioambiental. Departamento de Educação, Universidade do Estado da Bahia, 223 Paulo Afonso. 2012. 224 BORGES, N.S.; PASSOS, E.C.; STEDEFELDT, E.; et al. Aceitabilidade e qualidade 225 dos produtos de pescado desenvolvidos para a alimentação escolar da baixada santista. 226 Alimentos e Nutrição, Araraquara, v.22, n.3, p.441-448, 2010. 227 Doutoranda Ana Paula da Silva Leonel Orientadora Maria Inez Espagnoli Geraldo Martins 59 CAUNESP BOSCOLO, W. R.; FEIDEN, A.; MALUF, M.L.F.; et al. Peixe na Merenda Escolar: 228 Educar e Formar Novos Consumidores. Toledo: GFM Gráfica & Editora, 2009.130p. 229 BRASIL, Ministério da Agricultura. Instrução Normativa nº20, de 31 de julho de 2000. 230 COSTA, T.B. Desenvolvimento de quibe de CMS de pintado Pseudoplatystoma sp 231 com e sem adição de linhaça e sua avaliação física sensorial. In: 5º Encontro de Ensino, 232 Pesquisa e Extensão da Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul. 233 Anais...Dourados: [s.n.] 2014 (Resumo). 234 FELTES, M.M.C.; CORREIA, J.F.G; BEIRÃO, L.H.; et al. Alternativas para agregação 235 de valor aos resíduos da industrialização de peixe. Revista Brasileira de Engenharia 236 Agrícola e Ambiental, Campina Grande, v.14, n.6, p.669-677, 2010. 237 FOOD AGRICULTURE ORGANIZATION OF THE UNITED NATIONS, Construção 238 do Sistema e da Política Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional: a experiência 239 brasileira, 2009. Disponível em: . Acessado em: 20 240 set. 2015. 241 GONÇALVES, M.J.S.R. Aproveitamento integral dos resíduos da filetagem de tilápia e 242 avaliação do impacto econômico. 2009. 69p. Dissertação (Mestrado em Aquicultura) 243 Centro de Aquicultura da UNESP – CAUNESP, Jaboticabal. 244 HIGUCHI, L. H.; DALLAGNOL, J.M.; BOSCOLO, W.R.; et al. Elaboração de 245 almôndega e quibe de pescado como alternativa para merenda escolar em Itaipulândia-246 PR. Higiene Alimentar, v. 25, n.204/205, p.110-115, 2010. 247 KUBITZA, F. Tilápia – tecnologia e planejamento na produção comercial. 1. Ed 248 Jundiaí: F. Kubitza, 2000. 316p. 249 JAMAS, E. Valor agregado aos resíduos do processamento de tilápia: aspectos 250 tecnológicos, químicos e microsestruturais. 2012. 48p. Dissertação (Mestrado em 251 Aquicultura) Centro de Aquicultura da UNESP – CAUNESP, Jaboticabal. 252 MALUF, M.L.F.; WEIRICH,C.E.; DALLAGNOL, J.M.; et al. Elaboração de massa 253 fresca de macarrão enriquecida com pescado defumado. Revista do Instituto Adolfo 254 Lutz, v.69, n.1, p.84-90, 2010. 255 http://www.fao.org.br/publicacoes.asp Doutoranda Ana Paula da Silva Leonel Orientadora Maria Inez Espagnoli Geraldo Martins 60 CAUNESP MARTINS, M.I.E.G.; VIDOTTI, R.M.; GONÇALVES, G.S. Aproveitamento de 256 resíduos da filetagem da tilápia: impacto econômico. 2010. 96f. Jaboticabal, (Relatório 257 FAPESP). 258 MARTINS, C.V.B.; OLIVEIRA, D.P.; MARTINS, R.S.; et al. Avaliação da 259 Piscicultura no Estado do Paraná. Boletim do Instituto de Pesca, São Paulo, 2001, 260 v.27,n.1,p.77-84. 261 ROQUE, V. F. 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Desenvolvimento de quibe de carne mecanicamente separada de 274 tilápia com adição de linhaça (Linum usitatissimum L.) para inserção na merdenda 275 escolar. 107p. 2012. Trabalho de Conclusão de Curso ( Tecnólogo em Alimentos) 276 Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Medianeira.277 Doutoranda Ana Paula da Silva Leonel Orientadora Maria Inez Espagnoli Geraldo Martins 61 CAUNESP 4 ARTIGO 3 O artigo será encaminhando ao Boletim do Centro de Pesquisa de Processamento de Alimentos normas disponíveis em: http://ojs.c3sl.ufpr.br/ojs/index.php/alimentos/about/submissions#onlineSubmissio ns ISSN: 19839774 VIABILIDADE ECONÔMICA DA INCLUSÃO DE PRODUTOS À BASE DE PESCADO NA ALIMENTAÇÃO ESCOLAR Doutoranda Ana Paula da Silva Leonel Orientadora Maria Inez Espagnoli Geraldo Martins 62 CAUNESP Resumo Este estudo teve como objetivo, analisar a viabilidade da inserção de quatro produtos à base de tilápia, na alimentação escolar: almôndegas, quibe, bolo de cenoura e bolo de chocolate, comparando economicamente com produtos do cardápio tradicional das escolas dos Municípios de Toledo-PR e Marechal Cândido Rondon-PR. Para isso, foram entrevistados nutricionistas dos municípios, acerca dos cardápios tradicionais utilizados para alunos do ensino fundamental das escolas municipais. Foram indicados os cardápios propícios para a inclusão dos produtos à base de pescado. Com estes dados foram elaboradas tabelas de substituição de produtos dos cardápios tradicionais por produtos à base de pescado. Para a determinação dos custos foram utilizados os valores (R$) de aquisição, pelas prefeituras municipais, de cada ingrediente. Os resultados apontam que, economicamente, no município de Toledo a inclusão de almôndega e quibe de Carne Mecanicamente Separada (CMS) são satisfatórias. No município de Marechal Cândido Rondon, a inserção de bolo de chocolate e bolo de cenoura, nas formas de CMS e filé, mostraram-se promissoras. Palavras-chave: alimentação escolar, pescado, inclusão. 4.1 Introdução O ambiente escolar é um excelente local para inserção de pescado na alimentação, já que a escola exerce grande influência na formação de crianças e adolescentes. Na escola são adquiridos valores vitais fundamentais e é um local essencial para a multiplicação de informações. O pescado para a alimentação escolar, pode ser adquirido por meio de programas, que fazem parte das Políticas Públicas de Segurança Alimentar e Nutricional do país, que visam promover o acesso universal à alimentação, estruturação de sistemas sustentáveis com base agroecológica, estímulo ao crescimento da produção agrícola, valorização das culturas alimentares e enfrentamento da pobreza rural. Uma destas vertentes é o apoio à agricultura familiar, onde dois programas são importantes: Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), que são programas de promoção de acesso aos alimentos e fortalecem a agricultura familiar (Brasil, 2015d) . Estes programas são administrados pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação do Ministério da Educação (FNDE/MEC). O programa no qual o pescado pode ser adquirido, é o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), implantado em 1955, que visa atender as necessidades nutricionais dos alunos durante sua permanência na escola. Também contribui para o crescimento, desenvolvimento, aprendizagem e o rendimento escolar dos estudantes, bem como, tem como intuito promover a formação de hábitos alimentares saudáveis, na perspectiva da segurança Doutoranda Ana Paula da Silva Leonel Orientadora Maria Inez Espagnoli Geraldo Martins 63 CAUNESP alimentar e nutricional. Neste programa são atendidos alunos de toda a educação básica de escolas públicas, filantrópicas e entidades comunitárias (Brasil, 2015). O PNAE pode auxiliar na resolução de problemas relacionados à Segurança Alimentar Nutricional (SAN), não só de forma direta, oferecendo alimentos de qualidade, mas também de forma indireta pelo incentivo à agricultura familiar, promovendo desenvolvimento regional (SANTOS, 2014). Os municípios ainda estão buscando criar e/ou aperfeiçoar o PNAE, por isto o interesse em conhecer esta dinâmica em diversos municípios (FORNAZIER, 2014). As avaliações nutricionais e de custo de preparações para a alimentação escolar,