UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
“JÚLIO DE MESQUITA FILHO”
INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS - RIO CLARO
FERNANDA SUEKO OGAWA
ANÁLISE DAS PROJEÇÕES DE MUDANÇAS
CLIMÁTICAS DO QUINTO RELATÓRIO DO IPCC
DENTRO DAS ÁREAS PROTEGIDAS
BRASILEIRAS
Rio Claro
2015
CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
FERNANDA SUEKO OGAWA
ANÁLISE DAS PROJEÇÕES DE MUDANÇAS
CLIMÁTICAS DO QUINTO RELATÓRIO DO IPCC
DENTRO DAS ÁREAS PROTEGIDAS BRASILEIRAS
Orientador: Prof. Dr. David Montenegro Lapola
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado ao Instituto de
Biociências da Universidade Estadual
Paulista “Júlio de Mesquita Filho” -
Câmpus de Rio Claro, para obtenção
do grau de bacharela e licenciada em
Ciências Biológicas.
Rio Claro
2015
Ogawa, Fernanda S.
Análise das projeções de mudanças climáticas do quinto
relatório do IPCC dentro das áreas protegidas brasileiras /
Fernanda S. Ogawa. - Rio Claro, 2015
24 f. : il., figs., tabs., mapas
Trabalho de conclusão de curso (licenciatura e
bacharelado - Ciências Biológicas) - Universidade Estadual
Paulista, Instituto de Biociências de Rio Claro
Orientador: David Montenegro Lapola
1. Climatologia. 2. Temperatura. 3. Precipitação. 4.
Unidades de conservação. I. Título.
551.6
O34a
Ficha Catalográfica elaborada pela STATI - Biblioteca da UNESP
Campus de Rio Claro/SP
2
Resumo:
Entre os impactos das mudanças climáticas previstas para este século estão
as possíveis alterações no padrão de distribuição de espécies, comunidades, e até
mesmo biomas. Tais impactos ocorrerão, sem distinção, tanto dentro como fora de
áreas protegidas. No Brasil, as unidades de conservação (UCs) estão organizadas
segundo o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC). Porém, a lei
federal 9985/2000 que rege o SNUC não contempla a ocorrência de mudanças
climáticas e as possíveis ações de manejo para contornar o problema dentro delas.
Sendo assim, esta pesquisa pretende, de forma pioneira, iniciar a investigação das
mudanças climáticas a ocorrerem dentro das áreas protegidas (AP) em âmbito
nacional. Para isso, fez-se uma análise geográfica das mudanças de temperatura e
precipitação oriundas de vários modelos climáticos utilizados pelo IPCC no seu quinto
relatório dentro das áreas compreendidas dentro das UCs cadastradas no SNUC e
Terras Indígenas. Tal análise pautou-se pelos diversos tipos de áreas protegidas e
também pelas macrorregiões geográficas do Brasil. Nossos resultados mostram que
as APs passíveis de mudanças climáticas mais extremas (aumento de temperatura >
3ºC e redução de precipitação >50mm/mês) são aquelas que contemplam a presença
de populações tradicionais na região Norte e Centro-Oeste do país. Ao final do projeto
os resultados do projeto foram apresentados em Brasília no Instituto Chico Mendes
de Conservação da Biodiversidade. Tal interação demonstrou a inexistência de uma
estratégia do governo federal para a adaptação das áreas protegidas Brasileiras aos
efeitos de mudanças climáticas futuras.
3
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .4
2. MATERIAL E MÉTODOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
2.1.Áreas protegidas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
2.2.Dados climáticos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .8
2.3.Banco de dados clima – áreas protegidas (cap). . . . . . . . . . . . . . . . . .8
2.4.Apresentação dos resultados para órgão gestor . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11
3.1.Configuração espacial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .12
3.2.Impactos nas áreas protegidas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .15
3.3. Consulta ao icmbio sobre estratégias de adaptação. . . . . . . . . . . . . .20
4. CONCLUSÕES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .21
5. REFERÊNCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .22
4
1. Introdução:
A Terra sempre passou por ciclos que levaram às mudanças climáticas
naturais, considerando, por exemplo, que os parâmetros orbitais da Terra variam na
escala de dezenas de milhares a centenas de milhares de anos. Outro fator que pode
induzir a mudanças climáticas é a quantidade de aerossóis naturais (provenientes de
fontes naturais) na atmosfera, e os fenômenos El Niño e La Niña [Sampaio et al.,
2008]. Entretanto, o quarto relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças
Climáticas (IPCC) argumenta que as mudanças climáticas que vêm sendo observadas
desde meados do século XIX são inequivocadamente causadas por atividades
antrópicas como queima de combustíveis fósseis e desmatamento, que ocasionam
aumento da quantidade de Gases de Efeito Estufa (GEE) na atmosfera,
principalmente de dióxido de carbono (CO2), óxido nitroso (N2O) e metano (CH4). O
acúmulo desses gases na atmosfera intensifica o efeito estufa, reduzindo a saída de
calor (radiação de onda longa) para o espaço. Sendo assim, nota-se o crescente
aumento da temperatura média global, o chamado aquecimento global [IPCC, 2007;
Berkeley Earth Surface Temperature (http://berkeleyearth.org/)].
As projeções de temperatura para o final do século XXI na América do Sul
geradas pelos modelos constantes no Quarto Relatório do IPCC (IPCC AR5) indicam
aumento da temperatura em todo o continente [IPCC 2013]. Ou seja, é certo que o
Brasil estará sujeito a impactos climáticos adversos. Esse aquecimento irá variar de
acordo com o grau de emissão de GEE nas próximas décadas [Sampaio et al., 2008].
De acordo com o conjunto de modelos utilizados no IPCC-AR5, estimou-se um
aumento na temperatura média global de 2-4ºC até 2100. Quanto às mudanças na
precipitação ainda há muita incerteza, porém, as projeções indicam que é muito
provável que haja aumento da intensidade de precipitação principalmente na região
tropical e uma tendência de redução de precipitação durante a estação seca (jun-jul-
ago) em quase todo subcontinente [IPCC, 2013].
Em nível global, entre os inúmeros impactos ambientais decorrentes deste
aquecimento, estão a possível extinção ou mudança na distribuição de espécies
[Colombo e Joly, 2010], comunidades [Berchez et al. 2008] e até mesmo biomas
inteiros [Cox et al. 2004; Scholze et al. 2006; Lapola et al. 2009].
Ao ser avaliado os impactos das mudanças climáticas sobre os biomas da
América do Sul, utilizando um modelo de vegetação potencial que não considera os
mecanismos de feedback entre o CO2 atmosférico e a vegetação, foi demonstrado
5
consensualmente uma tendência de savanização da Amazônia e semi-desertificação
do Nordeste brasileiro, ou seja, substituição por biomas menos produtivos [Nobre et
al., 2004; Salazar et al. 2006]. Porém os impactos no clima e na vegetação podem ser
completamente diferentes considerando os mecanismos de interação CO2 –
vegetação, como o efeito de fertilização por CO2. Esse efeito faz com que a relação
entre a produtividade das plantas e a condutância estomática se altere dependendo
da concentração atmosférica de CO2 [Field et al., 1995]. Sendo assim, considerando
uma situação hipotética onde não há mudanças significativas dos níveis de
precipitação, os efeitos do aumento da temperatura podem ser compensados – em
termos de produtividade da vegetação – pelo efeito de fertilização de CO2.
Essas mudanças climáticas atingirão sem distinção a biota tanto dentro como
fora de áreas protegidas, sejam elas Unidades de Conservação1 ou Terras Indígenas.
O instrumento legal que garante, no Brasil, a proteção da vegetação nativa dentro de
terras públicas, ou seja, a criação, implantação e gestão de Unidades de Conservação
(UCs) é o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), sob gestão,
majoritariamente, do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
(ICMBio) [Brasil, 2000]. Em DATA estavam cadastradas 963 unidades de
conservação, divididas em UCs de proteção integral e UCs de Uso sustentável [Brasil,
2000]. Já as 552 terras indígenas são de responsabilidade (compartilhada) da FUNAI
(Fundação Nacional do Índio) e recebem os atributos de terra indígena, reserva
indígena, adquirida e terra dominial indígena [Brasil, 1988]. O presente estudo
desenvolveu-se baseado nos dados disponíveis no ano de 2012.
Em termos de área, o bioma Amazônico é, de longe, o que tem maior parte de
sua área compreendida dentro de UCs. Já as terras indígenas cobrem mais de
1.000.000 km2, sendo a maior parte delas localizadas também na região Amazônica
[FUNAI, 2012].
O sistema atual de áreas protegidas no mundo é insuficiente ao considerar um
mundo de clima estável. Diante das mudanças climáticas, o sistema atual necessita
de reanálises e de uma concepção mais flexível [Lovejoy, 2005]. É o que também
ocorre no Brasil com o SNUC, já que se sabe que as vegetações características
1 Espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características
naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites
definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de
proteção [SNUC, 2000].
6
brasileiras que se encontram dentro de áreas protegidas serão afetadas com a
mudança climática [Colombo e Joly 2010; Cox et al. 2004; Lapola et al. 2009]. Uma
vez que o SNUC é o instrumento que busca gerenciar as UCs, este também terá que
sofrer devidas alterações (assim como as políticas públicas para Terras Indígenas).
Estas alterações terão que ser analisadas diante de um mundo em mudança, já que
atualmente ocorre um vácuo no gerenciamento de Unidades de Conservação no que
diz respeito às mudanças climáticas e seus impactos.
Este estudo pretende, de forma pioneira, avaliar as mudanças no clima
especificamente dentro das áreas protegidas, sejam elas UCs ou Terras Indígenas,
em todas as regiões do país. Para isso, levar-se-á em consideração as diferentes
categorias de UC, já que as medidas de adaptação às mudanças climáticas podem
ser diferentes em UCs de proteção integral e de uso sustentável, ou mesmo nas
diferentes regiões do país (Norte, Nordeste, Sudeste, Centro-Oeste, Sul). Depois de
avaliada a magnitude das mudanças climáticas projetadas, atentar-se-á para as
estratégias de adaptação visando à conservação da biodiversidade e a integridade
das populações (incluindo humanas) que ali vivem.
2. MATERIAL E MÉTODOS
2.1 ÁREAS PROTEGIDAS
Foram obtidos os mapas digitais (shapefiles) com os limites espaciais das áreas
protegidas do Brasil. O shapefile das unidades de conservação foi obtido no site do
Ministério do Meio Ambiente (2012), como um único arquivo contendo todas as
unidades de conservação brasileiras, incluindo unidades federais, estaduais e
municipais. Já o shapefile das terras indígenas foi retirado do site da FUNAI (2012),
contendo as terras indígenas brasileiras classificadas em terra indígena, reserva
indígena, adquirida e dominial indígena. Os shapefiles foram adequados em um único
mapa com o auxílio do software ArcGIS, uma vez que, como explicitado acima,
obteve-se os shapefiles separados (unidades de conservação e terra indígena). As
áreas protegidas foram então classificadas em três grupos (Tabela 1), tendo como
objetivo não limitar a análise à apenas os dois grandes grupos de UCs mencionados
acima, assim como também não complicar demasiadamente o estudo analisando uma
a uma as categorias de UCs cadastradas no SNUC (e.g., Parque, Estação Ecológica,
Reserva Extrativista, etc). Foi necessário ainda incluir a informação sobre os estados
7
brasileiros (UF) em que estão inseridas cada área protegida, considerando a
localização da sede desta como o estado “majoritário” em que ela se localiza, para os
casos em que as áreas protegidas abrangem mais de um estado ou são marinhas. As
informações sobre a sede das áreas foram fornecidas pelo Ministério do Meio
Ambiente (2012) e (Rolla et al., 2004), para que, em um estágio posterior deste o
projeto, possa ser feita a análise por grande região do Brasil (N, S, CO, NE, SE).
Tabela 1. Classificação das áreas protegidas nos três grupos utilizados neste
projeto.
Grupo Área protegida
1- Conservação da Biodiversidade - Estação Ecológica
- Parque Nacional
- Reserva Biológica
- Monumento Natural
- Refugio da Vida Silvestre
- Reserva Particular do
Patrimônio Natural
2- Exploração sustentável dos recursos naturais SEM
presença de populações tradicionais
- Floresta Nacional2
- Área de Proteção Ambiental
- Área de Relevante Interesse
Ecológico
3- Exploração sustentável dos recursos naturais COM
presença de populações tradicionais
- Reserva Extrativista
- Reserva de
Desenvolvimento Sustentável
- Terra Indígena
2 Segundo o SNUC é permitida a ocorrência de populações tradicionais em Florestas Nacionais,
porém, optou-se por esta categoria, uma vez que muitas dessas UCs não têm populações em seu
interior ou não tem como objetivo primordial a presença e sua subsistência.
8
2.2 DADOS CLIMÁTICOS
Os dados climáticos de temperatura e precipitação foram obtidos a partir do Coupled
Model Intercomparison Project Phase 5 (CMIP5), utilizados no quinto relatório do
IPCC (http://cmip-gw.badc.rl.ac.uk). Foram obtidos os dados dos seguintes modelos
climáticos: NorESM1-M, BCC-CSM1.1, CSIRO-Mk3-6-0, HadGEM2-ES, IPSL-CM5A-
LR, CCSM4, MIROC5, MIROC-ESM, GFDL-CM3, MRI-CGCM3 e MIROC-ESM-
CHEM com as suas devidas resoluções espaciais variando entre 2,8º até 0,9º lat/lon.
Como mencionado no projeto inicial, esses modelos foram escolhidos, pois são
aqueles que, dentre os aproximadamente 30 usados pelo IPCC, já foram rodados para
todos os quatro cenários de forçantes radiativas (cenários RCP) utilizados no quinto
relatório IPCC-AR5, sendo eles: 8.5 W/m2, 6.0 W/m2, 4.5 W/m2 e 2.6 W/m2 em 2100
[Moss et al. 2010]. Utilizamos a média anual do período 1971-2000 como referência
para o clima atual, e a média de 30 anos em torno de 2050 (2036-2065) para cada um
dos quatro cenários RCP. Essa média foi degradada para a escala de 1º lat/lon,
visando intercruzamento com os dados das áreas protegidas (vide discussão em
Torres et al. 2012). Ambos períodos de tempo vêm sendo amplamente utilizado na
literatura científica relacionada, o que torna fácil a comparação dos nossos resultados
com outros estudos [Meehl et. al. 2007].
Tanto a obtenção como o tratamento inicial (transformação para formato legível pelo
ArcGIS e cálculo da média intermodelos) dos dados climáticos mencionados aqui
contaram com o auxílio do MSc. Roger R. Torres (aluno de doutorado do Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais), colaborador neste projeto.
Os dados climáticos de temperatura e precipitação foram “recortados”, com o auxílio
do software ArcGIS, apenas para o Brasil, onde se encontram as áreas protegidas
objetos deste projeto. Foi gerado um total de oito imagens, sendo quatro
representantes da média anual dos dados de temperatura do ar próximo à superfície
de cada um dos cenários RCP e quatro contendo a média anual de precipitação
também para cada um dos cenários RCP, ambas variáveis somente para o Brasil. No
final, foi sobreposto o shapefile dos limites das áreas protegidas juntamente com os
mapas gerados de temperatura e precipitação.
2.3 BANCO DE DADOS CLIMA – ÁREAS PROTEGIDAS (CAP)
O banco de dados foi criado com auxílio do software ArcGIS, sendo que, as mudanças
climáticas médias projetadas para cada uma área protegida contidas em cada um dos
http://cmip-gw.badc.rl.ac.uk/
9
cenários RCP, foram anexadas e organizadas junto as informações usuais relativas à
cada área protegida. Uma tabela foi gerada no ArcGIS e exportada para o Excel 2007
para um melhor manuseio. Sendo assim, este banco de dados contém, por exemplo,
o nome da área protegida, grupo e categoria dentro do SNUC (para UCs), localização
estadual, se trata-se de uma UC federal ou estadual (todas terras indígenas são
federais), classificação das áreas protegidas em três categorias utilizadas nas
análises, assim como a média intermodelos. (Figura 1).
Após a tabela estar devidamente organizada, os dados foram utilizados para gerar
gráficos que representassem cada área protegida contida no intervalo de aumento ou
diminuição de temperatura e precipitação.
3.4 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS PARA ÓRGÃO GESTOR
Realizou-se uma reunião no Instituto Chico Mendes de Conservação da
Biodiversidade, em Brasília, onde foram apresentados os gráficos dos resultados do
presente projeto visando a elaboração a longo prazo de estratégias de adaptação
objetivando à conservação da biodiversidade e a integridade das populações
(incluindo humanas) que ali vivem.
Figura 1. Um trecho de exemplo do banco de dados, do modo como ele aparece no Excel, contendo informações das áreas protegidas.
ID_AP: identificação da área protegida dentro do banco de dados; NOME_AP: nome da área protegida; CATEGOIA: categoria da UC dentro do
SNUC; GRUPO: grupo da área protegida dentro do SNUC; ESFERA5: se a área protegida é federal, estadual ou municipal; UF: localização
estadual da área protegida; CLASS_FER: classificação das áreas protegidas usada neste projeto (vide Tabela 1); 2.6_TEMP_MEAN: média
intermodelos de temperatura para o cenário RCP 2.6 W/m²; 4.5_TEMP_MEAN: média intermodelos de temperatura para o cenário RCP 4.5
W/m²; 6.0_TEMP_MEAN: média intermodelos de temperatura para o cenário RCP 6.0 W/m²; 8.5_TEMP_MEAN: média intermodelos de
temperatura para o cenário RCP 8.5 W/m².
11
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Nossos resultados mostram que, de acordo com as projeções climáticas dos modelos
do IPCC-AR5 para o ano de 2050:
1- O grupo das áreas protegidas a ser atingido de forma mais severa pelas
mudanças climáticas no Brasil é aquele que prevê a presença de populações
tradicionais (e.g. Terra Indígenas e Reserva Extrativista).
2- A região mais atingida por tais mudanças climáticas é o sul/sudeste da
Amazônia, com pronunciado aumento de temperatura combinado com redução
de precipitação. As áreas protegidas do nordeste e sul do país serão atingidas
respectivamente por forte redução e aumento de precipitação, embora com
alterações moderadas de temperatura.
3- As estratégias de adaptação até o presente momento estão aquém do
necessário no que se diz respeito às mudanças climáticas, muito deste atraso
é resultado de questões burocráticas (e.g. a conservação das áreas protegidas
depende muito de interesses políticos e particulares, para serem colocadas em
prática).
12
3.1 CONFIGURAÇÃO ESPACIAL
Figura 2. Mudanças de temperatura à superfície (média 11 modelos climáticos,
mencionados na seção 4.2) previstas para 2050 de acordo com os quatro cenários de forçante
radiativa do IPCC-AR5: (a) 2,6; (b) 4,5; (c) 6,0; (d) 8,5 W/m2 (Moss et al. 2010) em comparação
com o período 1971-2000. Áreas protegidas: 1- Conservação da Biodiversidade, 2-
Exploração sustentável dos recursos naturais SEM a presença de populações tradicionais, 3-
Exploração sustentável dos recursos naturais COM a presença de populações tradicionais.
13
Figura 3. Mudanças de precipitação (média 11 modelos climáticos, mencionados na
seção 4.2) previstas para 2050 de acordo com os quatro cenários de forçante radiativa do
IPCC-AR5: (a) 2,6; (b) 4,5; (c) 6,0; (d) 8,5 W/m2 (Moss et al. 2010) em comparação com o
período 1971-2000. Áreas protegidas: 1- Conservação da Biodiversidade, 2- Exploração
sustentável dos recursos naturais SEM a presença de populações tradicionais, 3- Exploração
sustentável dos recursos naturais COM a presença de populações tradicionais.
14
Em relação aos dados climáticos (Figuras 2 e 3), nota-se que os cenários com menor
forçante radiativa apresentam menor aquecimento e, por conseguinte, os cenários de
maior forçante radiativa apresentam maior aquecimento. Observa-se ainda um maior
aquecimento na região sul-sudeste da Amazônia, sendo que no cenário 8,5 W/m2,
esta mesma região pode contar com um aumento de temperatura da ordem de 3,5ºC
em 2050. Já a região litorânea do Brasil sofrerá um menor aquecimento
(possivelmente um “efeito de amortecimento” do oceano), fato observado em todos os
quatro cenários. Sendo assim, conclui-se aqui, que as áreas protegidas localizadas
na região sul e sudeste da Amazônia serão as mais afetadas pelas mudanças de
temperatura. O cenário 4,5 W/m2 apresenta, em 2050, maior aquecimento no Brasil
do que o cenário 6,0 W/m2. Isso explica devido à trajetória desses dois cenários serem
basicamente invertidas (em relação à forçante radiativa e emissões de gases de efeito
estufa) antes de 2050 (vide Moss et al. 2010).
No que se diz respeito à precipitação, observa-se que em uma grande faixa no Brasil
central e principalmente no Nordeste ocorrerá uma diminuição de precipitação,
previstas em todos os quatro cenários. Já na região centro-sul do Brasil (incluindo
grande parte do estado de São Paulo) e extremo norte, as projeções médias indicam
um aumento da precipitação. Sendo assim, sob a ótica de precipitação, conclui-se que
as áreas protegidas localizadas na região central e nordeste do Brasil sofrerão
alterações relacionadas a um clima mais seco, enquanto que as áreas protegidas
localizadas na região centro-sul do Brasil sofrerão com alterações relacionadas a
maiores níveis de precipitação, efeitos similares a fenômenos El Niños permanentes,
quando a precipitação no sul do país aumenta muito e diminui no Nordeste.
De forma geral, e em oposição aos dados de temperatura, há pouca variação na
magnitude da mudança de precipitação de um cenário para outro (exceto no Nordeste
no cenário 8,5 W/m²), sendo que há, por outro lado, mais variação no padrão espacial
das mudanças ao se comparar um cenário com o outro.
Os padrões de mudança climática mostrados nas figuras 2 e 3 são bastante
condizentes com aqueles publicados junto ao quarto relatório do IPCC, entretanto, os
dados climáticos gerados para o quinto relatório agregam maiores níveis de confiança
em relação às projeções do IPCC, devido a melhorias implementadas nos modelos
climáticos.
15
3.2 IMPACTOS NAS ÁREAS PROTEGIDAS
Entre os inúmeros impactos ambientais decorrentes deste aquecimento, estão a
possível extinção ou mudança na distribuição de espécies [Colombo e Joly, 2010],
comunidades [Berchez et al. 2008] e até mesmo biomas inteiros [Cox et al. 2004;
Scholze et al. 2006; Lapola et al. 2009].
Notou-se um aumento elevado de temperatura na região Norte e Centro-Oeste do
Brasil, sendo assim, observou-se que no cenário 8.5W/m² as áreas protegidas
correspondentes a estas regiões sofrerão um maior impacto quanto à temperatura,
podendo variar a temperatura de 2,5ºC a 3,5ºC em 2050. A Figura 7, mostra em
destaque, as áreas protegidas nas quais o aumento da temperatura será maior do que
3ºC. As regiões Nordeste, Sudeste e Sul contam com o aumento moderado de
temperatura, variando entre 1,5ºC e 2,5ºC no cenário 8,5W/m² (Figura 6).
Em níveis de precipitação, vale destacar que as áreas protegidas do Nordeste (NE),
nas três diferentes categorias abordadas aqui, estarão também sob risco climático,
dada a considerável redução de precipitação projetada para 2050 (Figura 3). Nas
regiões Norte e Centro-Oeste diminuição moderada de precipitação. Já na região Sul
e Sudeste, ocorrerá respectivamente, um aumento muito acentuado e aumento
moderado, na ordem que varia de 5mm/a a 120mm/a (Figura 3).
Portanto, ao ser avaliado os impactos das mudanças climáticas sobre os biomas da
América do Sul, utilizando um modelo de vegetação potencial que não considera os
mecanismos de feedback entre o CO2 atmosférico e a vegetação, foi demonstrado
consensualmente uma tendência de savanização da Amazônia e semi-desertificação
do Nordeste brasileiro, ou seja, substituição por biomas menos produtivos [Nobre et
al., 2004; Salazar et al. 2006]. Os impactos no clima e na vegetação podem ser
diferentes quando considerado o efeito de fertilização por CO2. Esse efeito faz com
que a relação entre a produtividade das plantas e a resistência estomática se altere
dependendo da concentração atmosférica de CO2 [Field et al., 1995].
A região Sul do Brasil, apresenta um consenso quanto à expansão de floresta tropical
ombrófila na região dos Pampas [Lapola et al. 2009].
Levando em consideração os grupos de áreas protegidas (Tabela 1), o grupo três (3),
no qual estão presentes as áreas protegidas que prezam a exploração sustentável
dos recursos naturais COM presença de populações tradicionais, sofrerá uma maior
16
mudança em relação às mudanças climáticas previstas para os quatro cenários
(Figuras 4,5 e 6). Isso se deve pelo fato de este tipo de área protegida ser mais
numeroso nas regiões N e CO. Os grupos um (1) e dois (2), em que estão presentes
as áreas relacionadas à conservação da biodiversidade e exploração sustentável dos
recursos naturais SEM presença de populações tradicionais, respectivamente,
apresentam as mudanças bem distribuídas e menos impactantes (Figuras 4, 5 e 6).
Estes resultados mostram que uma questão importante que deve ser considerada é o
fato das áreas protegidas que sofrerão maior impacto das mudanças climáticas
estarem inseridas no grupo em que há presença de populações tradicionais, ou seja,
os impactos podem ser maiores que o esperado, afetando não só a biodiversidade
local, mas também o cotidiano das pessoas que ali vivem. As ações de manejo nestas
áreas devem ser apresentadas às populações locais e aplicadas pelos órgãos de
gestão e moradores, visando um menor impacto, estratégias de adaptação voltadas
às pessoas, sejam elas índios, quilombolas ou comunidades tradicionais, e seu modo
de vida. Há, mesmo que pequeno, um arcabouço bibliográfico científico mostrando e
discutindo a interferência de mudanças climáticas sobre a biodiversidade em áreas
protegidas. Entretanto, são inexistentes os estudos direcionais a estratégias e
soluções que foquem no bem estar dos indígenas, quilombolas e comunidades
tradicionais que habitam as APs brasileiras.
17
Figura 4. Áreas protegidas distribuídas de acordo com a variação média de temperatura (eixo
horizontal em ºC) e precipitação (eixo vertical em mm/a) previstas para 2050 de acordo com os quatro
cenários de forçante radiativa do IPCC-AR5: (a) 2,6; (b) 4,5W/m2 (Moss et al. 2010) em comparação
com o período 1971-2000. CO: AP da região Centro-Oeste do Brasil, NE: AP da região Nordeste, N:
AP da região Norte, SE: AP da região Sudeste, S: AP da região Sul. Áreas Protegidas: 1- Conservação
da Biodiversidade, 2- Exploração sustentável dos recursos naturais SEM a presença de populações
tradicionais, 3- Exploração sustentável dos recursos naturais COM a presença de populações
tradicionais.
18
Figura 5. Áreas protegidas distribuídas de acordo com a variação média de temperatura (eixo
horizontal em ºC) e precipitação (eixo vertical em mm/a) previstas para 2050 de acordo com os quatro
cenários de forçante radiativa do IPCC-AR5: (c) 6,0; CO: AP da região Centro-Oeste do Brasil, NE: AP
da região Nordeste, N: AP da região Norte, SE: AP da região Sudeste, S: AP da região Sul. Áreas
Protegidas: 1- Conservação da Biodiversidade, 2- Exploração sustentável dos recursos naturais SEM
a presença de populações tradicionais, 3- Exploração sustentável dos recursos naturais COM a
presença de populações tradicionais.
19
Figura 6. Mudanças climáticas projetadas para 2050 (em relação ao período 1961-1990) nas
áreas protegidas brasileiras de acordo com o cenário de emissões RCP8.5, o mais plausível atualmente
(dada a evolução das emissões globais de gases de efeito estufa nas últimas décadas). Tipo 1:
conservação da biodiversidade; tipo 2: exploração sustentável dos recursos naturais sem a presença
de populações tradicionais; tipo 3: exploração sustentável dos recursos naturais com a presença de
populações tradicionais.
Figura 7. Mudanças climáticas projetadas para 2050 (em relação ao período 1961-1990) com aumento
de temperatura acima de +3ºC nas áreas protegidas brasileiras de acordo com o cenário de emissões
RCP8.5, o mais plausível atualmente (dada a evolução das emissões globais de gases de efeito estufa
nas últimas décadas). Tipo 1: conservação da biodiversidade; tipo 2: exploração sustentável dos
recursos naturais sem a presença de populações tradicionais; tipo 3: exploração sustentável dos
recursos naturais com a presença de populações tradicionais.
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3.3 CONSULTA AO ICMBio SOBRE ESTRATÉGIAS DE ADAPTAÇÃO
Para concluir os objetivos propostos, foi realizada uma reunião no Instituto Chico
Mendes de Conservação da Biodiversidade, em Brasília, onde foram apresentados os
resultados do presente projeto e iniciou-se uma interação com os gestores das
unidades de conservação visando no longo prazo a elaboração de estratégias de
adaptação. Nesta reunião, foram sugeridas algumas medidas de adaptação visando
à proteção das populações humanas e da biodiversidade das áreas protegidas frente
às futuras mudanças climáticas. Entre os pontos discutidos em Brasília:
Sugestão 1: As unidades devem ser heterogêneas com respeito à topografia e tipos
de solo, assim, mesmo com a mudança climática as populações remanescentes irão
conseguir sobreviver em áreas microclimáticas adequadas, assim como a existência
de múltiplas unidades para uma dada espécie ou tipo de comunidade aumenta a
probabilidade de que, no caso de uma reserva vir a ficar inadequada, os indivíduos
ainda estejam presentes em outra unidade. As unidades que sofrerem estresse da
alteração climática irão necessitar de manejo planejado a fim de minimizar a perda
das espécies, para isso pode ser necessário modificar as condições dentro das
unidades, bem como flexibilização dos limites de unidades de conservação, de modo
a acompanhar mudanças no limite de ocorrências de populações ou comunidades
nativas [Peters, 1997].
Os gestores informaram que existem dificuldades que impedem estas realizações
devido, segundo eles, à burocracia e interesses políticos, uma vez que a alteração
nos limites de unidades de conservação só é permitida com autorização do Congresso
Nacional. Foi citado que algumas áreas recebem mais atenção do que outras. A
alteração desta regra só se daria com a mudança no artigo 225 da constituição federal.
Sugestão 2: As mudanças climáticas devem causar um deslocamento de espécies e
até mesmo biomas, neste contexto, muitas espécies que possuem capacidades
limitadas de migração podem sofrer grandes ameaças. A ação de manejo seria a
transferência de indivíduos, minimizando os danos a estas espécies [Lovejoy, 2005].
Sobre este ponto, foi levantado que já existem trabalhos sendo realizados nessa área,
porém o progresso é incipiente e necessita de maiores investimentos.
Sugestão 3: Mudanças climáticas favorecerem a reprodução e alterarem os padrões
de ocorrência de populações de vetores de enfermidades, como mosquitos dos
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gêneros Culex e Aedes, bem como das doenças das quais são vetores [Lovejoy,
2005].
Neste último ponto, foi-nos mostrado o trabalho que reporta sobre mudanças
climáticas e ambientais e doenças infecciosas, cenários e incertezas para o Brasil. Os
grupos de doenças que podem ser afetados pelas mudanças são as doenças de
veiculação hídrica, as transmitidas por vetores e as respiratórias. Sendo assim, os
riscos devem ser avaliados juntamente ao contexto globalização e precarização de
sistemas de governo, cabendo ao setor da saúde, não só prevenir esses riscos, mas
atuar na redução de suas vulnerabilidades sociais [Barcellos et.al., 2009].
É importante ressaltar que as medidas de adaptação devem ser analisadas e
adequadas para cada área protegida de maneira particular, uma vez que cada uma
apresenta características especificas no que se diz respeito ao bioma, as
características de solo, hidrologia, paisagem, regime climático entre outros atributos
que compõem a área protegida.
4. CONCLUSÕES
Diante dos resultados, observou-se que o grupo das áreas protegidas a ser atingido
de forma mais severa pelas mudanças climáticas no Brasil é aquele que conta com a
presença de populações tradicionais, levando a necessidade da interação com esses
povos futuramente afetados. No que diz respeito a região que deve ser mais atingida
por tais mudanças climáticas, o sul/sudeste da Amazônia aparecem com destaque,
apresentando um aumento de temperatura combinado com redução de precipitação.
As áreas protegidas do nordeste e sul do país serão atingidas respectivamente por
forte redução e aumento de precipitação, embora com alterações moderadas de
temperatura.
As estratégias de adaptação até o presente momento estão aquém do necessário no
que se diz respeito às mudanças climáticas, muito deste atraso é resultado de
questões burocráticas (e.g. a conservação das áreas protegidas depende muito de
interesses políticos e particulares, para serem colocadas em prática)
Esta pesquisa apresentou-se como início de uma discussão no que diz respeito às
alterações de temperatura e precipitação em Áreas Protegidas brasileiras, bem como
o impacto nas áreas com presença de populações tradicionais. Deve-se ressaltar a
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importância da continuidade de pesquisas nesta área, partindo da necessidade de se
buscar estratégias para adaptação frente as futuras mudanças que afetarão
principalmente os povos indígenas e as comunidades tradicionais.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
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Orientador
David Montenegro Lapola
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Aluna
Fernanda Sueko Ogawa