8º Congresso de Extensão Universitária da UNESP, 2015. A produção da educação como potência: rupturas genealógicas com educadores, Marcelo Lima da Silva, Alan Ricardo Floriano Bigeli, Murilo Galvão Amancio Cruz, Samuel Iauany Martins Silva, Vitor Bonjorno Chagas, Clarissa Martins Mônaco, Roberto Duarte Nascimento, Soraia Georgina Ferreira de Paiva Cruz – ISSN 2176-9761 A produção da educação como potência: rupturas genealógicas com educadores Marcelo Lima da Silva, Alan Ricardo Floriano Bigeli, Murilo Galvão Amancio Cruz, Samuel Iauany Martins Silva, Vitor Bonjorno Chagas, Clarissa Martins Mônaco, Roberto Duarte Nascimento, Soraia Georgina Ferreira de Paiva Cruz. Faculdade de Ciências e Letras - UNESP - Assis, Psicologia, PROGRAD. E-mail: 270marcelo@gmail.com. Eixo 1: “Direitos, Responsabilidades e Expressões para o Exercício da Cidadania" Resumo: O presente trabalho é oriundo de um projeto de extensão desenvolvido em instituições governamentais e não-governamentais do município de Assis, onde realizamos práticas de intervenção junto a educadores. Nosso objetivo é problematizar a educação e produzir nestes práticas potencializadoras que garantam a possibilidade de se pensar os estigmas que permeiam a juventude pobre e criminalizada. Utilizamos do método genealógico proposto por Foucault, pois consideramos este fundamental para questionar os processos de naturalização tão fortemente encontrados nos ambientes em questão. Portanto, através desses encontros pode ser possível a transmutação de paradigmas educacionais estanques que acabam por prejudicar ao invés de possibilitar uma eficácia nos processos de subjetivação presentes no território educacional. Palavras Chave: jovens, educação, relações de poder. Abstract: This work is from an extension project developed in government and non-government institutions of the city of Assis, where we perform intervention practices among the educators. Our intention is to discuss education and produce with them potentiating practices that ensure the possibility of thinking the stigmas that permeate the poor youth and criminalized them. We use the genealogical method proposed by Foucault, as we believe this is fundamental to question the naturalization process so heavily found in the places in question. Therefore, through these meetings may be possible transmutation of crystallized educational paradigms that damage instead of enable efficiency in the processes of subjectivity present in the educational área. Keywords: youth, education, power relationships. Introdução Este trabalho apresenta um dos eixos abarcados pelo projeto de extensão denominado “Intervenções junto a adolescentes considerados em situação de risco pessoal e social”, e em seu desenvolvimento percebemos a urgência de intervir conjuntamente a educadores de várias instituições, como ONGs, casas abrigos e outras. Nossa proposta de ação consiste em criar dispositivos que problematizem o caráter burocrático da instituição educação, visando possibilitar novos olhares, tanto sobre os jovens, como para o próprio ambiente de inserção, além de promover novas práticas que, a partir de uma perspectiva histórica, política, social, econômica e, sobretudo, ética, contribuam de fato para que essa população possa atingir novos modos de inscrição social e institucional, agindo com a compreensão de que os meios de se fazer educação são múltiplos e variáveis de acordo com a pluralidade de práticas que investimos em nosso cotidiano. Ao habitarmos esses vários territórios fomos transversalizados por várias sensações de desencantamento dos atos de educar e de olhar para o jovem da periferia [pobres e negros em sua maioria] de maneira desqualificadora e, sobretudo, carregada de violências através de adjetivações e atributos, como se pode ver através de falas em que se destacam exemplos como: “são todos tranqueiras” e “aquele negrinho lá do fundo”. Utilizando-nos de arcabouços teóricos de base foucaultiana e deleuziana, além de inspirações no referencial da análise institucional, sabíamos que não produziríamos mudanças significativas se somente nos detivéssemos aos jovens. Sendo assim, nossa atuação se expandiu para além desse público, alcançando também os educadores, voltando nossa prática para ambos os coletivos. Dessa maneira, após várias reuniões com estes 8º Congresso de Extensão Universitária da UNESP, 2015. A produção da educação como potência: rupturas genealógicas com educadores, Marcelo Lima da Silva, Alan Ricardo Floriano Bigeli, Murilo Galvão Amancio Cruz, Samuel Iauany Martins Silva, Vitor Bonjorno Chagas, Clarissa Martins Mônaco, Roberto Duarte Nascimento, Soraia Georgina Ferreira de Paiva Cruz – ISSN 2176-9761 agentes, escutamos inúmeras reclamações que envolviam temas como o governo, as burocracias, baixo salário, “adolescência” indisciplinada, jovens apáticos, entre outros. Optamos, então, por intervir através de dispositivos que provocassem desassossegos neste perfil queixoso, de tal modo que os incitassem a procurar o que poderia haver de potência no ato de educar. Nos baseamos, então, em dispositivos teóricos que pensam a infância e juventude pobre de maneira genealógica, atentos aos movimentos de saberes e poderes que perpassam tal classe social, quais seus efeitos, mecanismos, e as possibilidades de resistência e subversão. Neste sentido, narraremos a seguir o percurso teórico-metodológico amparado em autores como Foucault, Deleuze e outros que problematizam o modo de subjetivação de educadores sociais e as relações de poder e saber que sustentam suas práticas, que são materializadas por preconceitos, ideologias moralistas, psicologização e patologização da juventude pobre (em sua maioria, beneficiários do Bolsa Família). Entendemos que a sociedade disciplinar concentra e reparte o espaço, ordena o tempo, fixa os corpos a um aparelho de normalização social e de controle, produzindo assim subjetividades presas a um eu, ou seja, a modelos identitários (FOUCAULT, 2008). Tal como discorre Foucault (2006), existem duas formas de encararmos as lógicas que organizam os espaços institucionais: uma que promove a manutenção destas e outra que busca rompê-las. Podemos, a partir desse pensamento, situar a primeira como ação diretiva do que o autor denomina rarefação do discurso, ou seja, uma ordenação que busca dispersar o que o discurso pode revelar de inquietante, enquanto que a segunda pode ser lida como um alerta à gravidade de circunstâncias que se enxergam como ineficazes e, de certo modo, estanques no campo da educação. Desse modo, a partir de práticas junto a um grupo de educadores, buscamos produzir virtualmente efeitos nos modos de pensar a educação junto à criança e a juventude empobrecida socialmente, além de problematizar o caráter histórico e social da criminalização desta população, mantendo sempre a atenção aos movimentos de saberes e poderes que perpassam tal classe social, quais seus efeitos e mecanismos, além das possibilidades de resistência e subversão. É válido destacar que a adolescência é descrita pelo saber médico como uma fase linear do desenvolvimento biológico e psicológico, o que contribui para a associação equivocada entre esse período e vulnerabilidade/risco (SAITO, 2001). Isso ocorre após o surgimento de uma rede de saberes que produziram discursos científicos com o intuito de formatar uma certa “adolescência”. De acordo com Cézar (2000), já no século XIX era vasta a literatura acerca do assunto, geralmente da medicina, da psicologia e da pedagogia, sendo este termo muito associado ao conceito de delinquência que, por sua vez, fora estrategicamente relacionado aos pobres. Cézar (1999) afirma que a Psicologia do Desenvolvimento criou a noção de que todos os adolescentes estão propícios a desenvolverem uma delinquência. Essas teorias embasam e impulsionam diversas ações, por parte de instituições “especializadas”, para o controle das pessoas desse grupo social: a juventude pobre. Deste modo, influenciado pela antropologia de Margaret Mead e pelo pensamento de Deleuze, Coimbra (et all, 2005), propõe novas noções que quebrem o antigo paradigma falido, produzindo formas para que a vida se construa a cada momento, sendo transpassada por uma multiplicidade de forças que a subjetivem. Posto isso, não seria possível reduzir a adolescência a qualquer norma. Para tanto, é sugerido pela autora que se utilize termos como juventude e jovem, os quais possibilitam realocar o olhar sobre os sujeitos, distanciando-se da noção de adolescência delinquente, associada diretamente à pobreza. Partindo destas perspectivas que nos invocam a questionar os regimes de verdade tão disseminados pelas ciências e que nos convidam a pensar uma Psicologia potencializadora dos desvios à norma, que defenda a diferença nas formas de existência, considerando o sujeito/coletivo como efeitos das relações de saber, de poder e da ética e que os agenciamentos solidários possam se atualizar nas manifestações de resistência e criação de linhas de fuga, elaboramos junto aos coordenadores temas disparadores para discussões com os educadores das diferentes instituições, pensando sempre a atual conjuntura da sociedade contemporânea transpassada pelas normas disciplinares e pelo preconceito. Com efeito, procuramos nos deslocar dos blocos de controle existentes dentro dos estabelecimentos, propagando modos de resistência e potência no ato de educar para a vida e pela vida. Neste sentido, sugerimos alguns espaços de exercício de pensamento que instalassem interrogações, como: cidadania e direitos na sociedade democrática; exercício de cidadania e a prática de fascismos diários; relações de poder 8º Congresso de Extensão Universitária da UNESP, 2015. A produção da educação como potência: rupturas genealógicas com educadores, Marcelo Lima da Silva, Alan Ricardo Floriano Bigeli, Murilo Galvão Amancio Cruz, Samuel Iauany Martins Silva, Vitor Bonjorno Chagas, Clarissa Martins Mônaco, Roberto Duarte Nascimento, Soraia Georgina Ferreira de Paiva Cruz – ISSN 2176-9761 macro e microssocial; diversidade sexual e o combate à homofobia; juventude pobre e a criminalidade: a produção histórica do mito da população pobre como perigosa; loucura; morte; prazer; pobreza e potência; pobreza e processos de higienização social; comportamento “normal” e comportamento medicalizado; drogas e crime; genocídio de jovens; educação/ética e vida; desejo de morte, desejo de vida, entre outros. Nossas práticas se justificam enquanto um importante dispositivo de questionamento que delibera provocar rupturas e reflexões referentes aos temas selecionados para os debates, sendo estes, muitas vezes, assuntos delicados e vistos como tabus para grande parte da sociedade. Com isto, os educadores poderão expressar suas opiniões, sendo este um movimento que pode trazer mudanças em seus modos de estar no mundo e atuar politicamente frente a problemáticas da vida cotidiana. Ainda, o grupo pode disparar a quebra dos tradicionalismos disciplinares aos quais os sujeitos inseridos neste contexto estão habituados. Nossa função foi a de interrogar os regimes de verdade veiculados, que produzem efeitos nos jovens, constituindo-os como uma subjetividade assujeitada e, com isso, romper com modos morais e psicológicos cristalizados de se relacionar com a juventude. Nossa estratégia foi a de colocar em ação uma possibilidade de uma educação para a potência. Objetivos Esta prática visa proporcionar aos diferentes educadores um espaço que se diferencie dos burocratizados e permita uma problematização que, através destes temas disparadores, em que a circulação da palavra, a partir de reflexões e pensamentos críticos, além do desejo de ensinar, incitem a vontade de saber no jovem. Objetiva-se propor uma articulação entre o trabalho desenvolvido pelas equipes educadoras de algumas organizações governamentais e não- governamentais do município de Assis e o trabalho de estagiários de Psicologia da UNESP/Assis, a partir de uma perspectiva filosófica, cultural e política, no intuito de se aproximar da diversidade de atividades que permeia o cotidiano e de procurar estabelecer uma comunicação disposta a pensar modos que visem potencializar a realização do processo educacional, produzir metamorfoses e ativar o desejo de expandir a vida e dar abertura aos novos saberes e ativação das relações de poder que criam novos modos de subjetivação, novos modos de viver e de convite às novas batalhas cotidianas. Material e Métodos Estas práticas acontecem no município de Assis com periodicidade semanal e duração de 3 horas por reunião. Nestas reuniões estão presentes educadores de diferentes instituições, duas vezes por semana. Ocupamos um destes dias junto à coordenação do projeto e elaboramos conjuntamente temas disparadores sobre a educação e os jovens. Os temas propostos são pesquisados pelos estagiários, discutidos em supervisão e levados aos educadores de uma maneira que possibilite o diálogo entre os próprios educadores e suas práticas. Tal intervenção é supervisionada uma vez por semana pela professora responsável, para reavaliação e mapeamento dos decorreres ao longo das reuniões do grupo sempre buscando, através da discussão de textos, embasamento teórico de autores que venham ao encontro com as propostas e objetivos do projeto. A metodologia utilizada para a realização deste trabalho foi embasada no método genealógico estabelecido por Foucault (FAÉ, 2004). Segundo Faé (2004), mais do que analisar os saberes a genealogia busca entender os fatores sociais que possibilitam sua emergência, sua manutenção e sua expansão, sempre tomando-os como pertencentes a um dispositivo político e estratégico. Entendemos, deste modo, que os discursos acerca dos sujeitos aos quais dirigimos os projetos (a juventude pobre, criminalizada) não tem origem “natural”, não tem uma “essência”, nem biológica e nem social, mas sua origem é descontínua e dispersa. Por essa razão a investigação genealógica é um trabalho de se atentar aos fatos “não oficiais”, aqueles que não estão escritos nos clássicos procedimentos históricos. Para Faé (2004), a forma de abordar o sujeito deve ser através do entendimento de que sua emergência não possui a verdade e a essência do ser, mas se constitui na “exterioridade do acidente” (FAÉ, 2004, s/p.). Dessa forma a subjetividade é constituída na imanência da história, e consequentemente constitui a história. A estratégia de pensamento denominada por Foucault (1985) de genealogia nos possibilita compreender os acontecimentos como inversão das relações de forças (linha do poder) e a história como produto de rupturas e brechas e detalhes. Os pobres que foram assujeitados pelas ciências hegemônicas ganham sua importância na narrativa dos acontecimentos. 8º Congresso de Extensão Universitária da UNESP, 2015. A produção da educação como potência: rupturas genealógicas com educadores, Marcelo Lima da Silva, Alan Ricardo Floriano Bigeli, Murilo Galvão Amancio Cruz, Samuel Iauany Martins Silva, Vitor Bonjorno Chagas, Clarissa Martins Mônaco, Roberto Duarte Nascimento, Soraia Georgina Ferreira de Paiva Cruz – ISSN 2176-9761 Foucault (1985) nos fala em rachar as evidências e extrair enunciados e é isso que durante o desenrolar do projeto, por meio dos encontros com educadores, nós o fizemos. Rachamos o conceito de adolescência e seus efeitos na área da educação. Interrogamos as verdades consentidas pelos educadores no ato de educar os jovens e sutilmente vamos mostrando a produção/invenção dos regimes de verdade os quais nos guiam e nos impedem de ver a multiplicidade de maneiras de resistir a essas verdades, de modo a construir uma vida que valha a pena ser vivida. Mostramos também, ao problematizarmos suas queixas, a não centralização do poder, então o Estado não é o "grande monstro que tudo determina de cima para baixo" cabendo a nós o entendimento da capilaridade do poder e que onde há poder há resistência, linhas de fuga, ou seja, poder de inverter micropoliticamente esta relação. Atentamo-nos também para as formas de poder, entendidas como relações de força que se correlacionam, muitas vezes até de modo contraditório. Portanto, buscamos nesse projeto nos relacionar com os sujeitos entendendo que as forças que os constituem e definem seus modos de viver, sentir e pensar, possuem também essa origem genealógica, e por isso mesmo são passíveis de singularização, de novas produções, ou melhor, de produção de novos sentidos. Buscamos assim fazer emergir a resistência àqueles saberes cristalizados que marginalizam o jovem pobre e negro e delimitam suas possibilidades de vida dentro da sociedade de controle, no sistema social capitalista neoliberal, com a especificidade da realidade brasileira. Essa estratégia de pensamento interroga as verdades constituintes e problematiza as relações de força de modo capilar. Quanto aos materiais, utilizamos de papelarias de escritório, multimídias, vídeos, curtas-metragens, textos e papéis. Resultados e Discussão Através dessa intervenção, é possível vivenciar uma realidade na qual a internalização de certos paradigmas docilizadores está presente de maneira decisiva no que se refere às relações produzidas entre educadores e jovens. Desde os primeiros encontros, foi possível observar a cristalização dos modos de subjetivação aos quais os educadores em questão foram submetidos e como estes moldes possuem altíssimo grau de institucionalização no que diz respeito à transmissibilidade de um saber, dito educacional. A aplicação de avaliações com caráter de controle, o brotamento de um discurso da delinquência, uma cegueira intencional diante da real demanda dos jovens, os moldes verticalizados presentes no cotidiano, posicionamentos ideológicos hierárquicos são destaques de mecanismos de controle encontrados neste ambiente. Compreendemos que, por meio da problematização contínua das práticas, torna-se possível o desenvolvimento de novas possibilidades para uma educação que se pretenda eficaz. E tais problematizações não se limitam apenas ao plano pedagógico aplicado, mas a toda ordem de acontecimentos que emerge no estabelecimento, e em lugares que não se limitam à sala de aula, como também ao pátio, à quadra, corredores. Todo evento pode gerar questionamentos, expandindo assim as oportunidades de se interrogar o que tem sido produzido em termos de educação. Conclusões Este projeto de extensão é um dos eixos por nós desenvolvido junto a jovens considerados em situação de risco pessoal e social e que em determinado momento se fez necessário produzir intervenções aos educadores (provenientes de organizações não-governamentais e/ou governamentais). A análise institucional mostra a importância de trabalhar com “segmentos heterogêneos”, mas que se compõem para que de fato se promovam transformações políticas, sociais e de modos de subjetivação. Habitar este território com o intento de intervir na construção das relações que se dão em seu interior, pressupondo que analisar as maneiras como se configuram as relações entre os sujeitos, ou os sujeitos e os saberes, é fundamental ao esforço por novas estratégias. Assim, as nossas ações dentro da Psicologia e ligadas à prática psicológica visam exercer uma afirmação daquilo que é considerado desviante, revolucionário, portanto, abrindo espaços para a diferença na relação com a alteridade (o estranho que me habita) e a afirmação política desses corpos no cenário contemporâneo. Nardi & Silva (2004) propõem que talvez um dos desafios da psicologia contemporânea, contribuindo no âmbito de educação, seja criar espaços de resistências a esta lógica de dominação hegemônica. Porém, os educadores precisam se posicionar em qual lado estão. O combate às formas de dominação contemporâneas e a construção de uma resistência ao sistema vigente dependem de um trabalho com uma perspectiva ética como prática reflexiva da liberdade de transformação da experiência de vida que são importantes ferramentas de luta no que diz 8º Congresso de Extensão Universitária da UNESP, 2015. A produção da educação como potência: rupturas genealógicas com educadores, Marcelo Lima da Silva, Alan Ricardo Floriano Bigeli, Murilo Galvão Amancio Cruz, Samuel Iauany Martins Silva, Vitor Bonjorno Chagas, Clarissa Martins Mônaco, Roberto Duarte Nascimento, Soraia Georgina Ferreira de Paiva Cruz – ISSN 2176-9761 respeito ao jogo de poderes. Podemos partir para uma ruptura dessa desigualdade produzida por uma instância dominante ao reconhecê-la nos micropoderes institucionais. Afinal, o que é passível de afetar está inscrito exatamente nessas mesmas micropolíticas; trata-se, portanto, de uma relação de poder e saber. No tocante aos educadores, não se seria o caso de buscarmos vítimas ou algozes para combatermos as intencionalidades em seus atos. Mas, analisarmos se há hierarquizações e se esta é devida às relações de várias forças, que não somente uma, onde também nos incluímos nessa multiplicidade, presente em qualquer produção (MACHADO, 2011). Esta prática se posiciona, portanto, na defesa de uma educação que afirme o potencial de criação dos atores participantes desse cotidiano, criação esta que requer a desnaturalização do ato de educar por meio de reflexões sobre o que se pode fazer, contribuindo para uma educação que produza sujeitos autônomos; aqueles não se submetam às regras da moral capitalista. Dessa maneira, para que isso aconteça, é fundamentalmente necessário que aquele “educador zumbi” se reconstrua e virtualize o “educador artista” da vida. Agradecimentos Agradecemos a PROGRAD e a PROEX pelo financiamento. ____________________ ÁLVARES, M.C. (orgs.) Cadernos da F.FC. Unesp. Marília: Unesp Publicações, vol. 9, n.1, 2000, p. 131-148. CÉSAR, M.R.A. Da adolescência em perigo à adolescência perigosa. Revista Educar. Curitiba. Ed. UFPR, 1999, p.17-31. BEHMER, M. L. A. Tecnologia do leite. 10. ed. São Paulo: Nobel, 1980. 320 p. BURSZTYN, M; SAYAGO, D. Amazônia: cenas e cenários. Brasília, DF: Universidade de Brasília, 2004. p. 319-344. COIMBRA, C. Clínica e Política: Subjetividade e violação dos Direitos Humanos. Rio de Janeiro: Instituto Franco Basaglia/Editora Tecortá, 2002. CORAZZA, S.M. Por que somos tão tristes? Faculdade de Educação/UFRGS, outubro, 2003. DELEUZE & PARNET. Diálogos. São Paulo: Escuta, 1998. FAÉ, R. A Genealogia em Foucault. Psicologia em estudo, vol.9, no.3, Maringá, Sept./Dec, 2004. FOUCAULT, M. Vigiar e punir: nascimento da prisão. Petrópolis: Vozes, 2008. FOUCAULT, M. Poder e Saber. In: MOTTA, M. B. 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