UNESP - Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” Faculdade de Odontologia de Araraquara José Rodolfo Spin Utilização de membrana de látex natural sobre o reparo de áreas doadoras para enxerto gengival livre Araraquara 2022 UNESP - Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” Faculdade de Odontologia de Araraquara José Rodolfo Spin Utilização de membrana de látex natural sobre o reparo de áreas doadoras para enxerto gengival livre Tese apresentada à Universidade Estadual Paulista (Unesp), Faculdade de Odontologia, Araraquara para obtenção do título de Doutor em Odontologia, na Área de Periodontia Orientadora Profª Draª. Rosemary Adriana Chierici Marcantonio Araraquara 2022 Sistema de geração automática de fichas catalográficas da Unesp. Biblioteca da Faculdade de Odontologia, Araraquara. Dados fornecidos pelo autor(a). Essa ficha não pode ser modificada. S757u Spin, José Rodolfo Utilização de membrana de látex natural sobre o reparo de áreas doadoras para enxerto gengival livre / José Rodolfo Spin.-- Araraquara, 2022 86 p. : tabs., fotos Tese (doutorado) - Universidade Estadual Paulista (Unesp), Faculdade de Odontologia, Araraquara Orientadora: Rosemary Adriana Chierici Marcantonio 1. Cicatrização. 2. Látex. 3. Periodontia. I. Título. José Rodolfo Spin Utilização de membrana de látex natural sobre o reparo de áreas doadoras para enxerto gengival livre Comissão julgadora Defesa para obtenção do grau de Doutor em Periodontia Presidente e orientador Prof.ª. Dra. Rosemary Adriana Chierici Marcantonio 2º Examinador Prof.ª Dra. Elizabeth Pimentel Rosetti – UFES / Espírito Santo - ES 3º Examinador Prof.Dr. Enílson Antonio Sallum – Unicamp / Piracicaba - SP 4º Examinador Prof.Dr. Rafael Silveira Faeda – Uniara / Araraquara - SP Araraquara, 01 de Abril de 2022. DADOS CURRICULARES José Rodolfo Spin NASCIMENTO: 04/11/1991 – Bauru – São Paulo FILIAÇÃO: Rubens Spin Filho Sueli Francisca de Castro Spin 2011 / 2015 – Curso de Graduação em Odontologia Faculdade de Odontologia de Araraquara – UNESP 2016 / 2018 – Curso de Pós-graduação em Odontologia – Área de concentração: Periodontia Nível: Mestrado Faculdade de Odontologia de Araraquara – UNESP 2019 / 2021 – Curso de especialização – Radiologia e Imagiologia Odontológica Faculdade Herrero / Instituto Mondelli – Bauru / SP 2018 / Atual – Curso de Pós-graduação em Odontologia – Área de concentração: Periodontia Nível: Doutorado Faculdade de Odontologia de Araraquara – UNESP Dedico esta tese primeiramente à Deus, que sempre esteve presente em minha vida, me abençoando com paciência, força, fé e luz para continuar sempre em frente, mesmo nos momentos mais difíceis. Agradeço à Ele pela minha família e pelas pessoas de bem que colocou em meu caminho sempre que precisei. Aos meus pais, Rubens e Sueli, pela criação pautada no valor da honestidade, humildade e persistência. Os agradeço pelo enaltecer de cada conquista, mas principalmente pelas broncas quando precisei voltar com os pés ao chão. Também os agradeço pelo apoio, dedicação e amor que sempre me deram, me moldando na pessoa em que sou hoje, que conhece o valor do respeito. Todo o esforço que fizeram e fazem por mim será sempre lembrado e honrado, bem como meu amor, gratidão, carinho e admiração por vocês, que jamais se esgotará. Ao meu irmão Neto. Em um mundo tão carente de bons exemplos, você foi desde muito cedo o meu espelho e minha maior referência. Você é a personificação de todos os valores passados por nossos pais. Exemplo de bondade, humildade e respeito. Agradeço à Deus por ter me presenteado com o melhor exemplo de família que poderia ter e, à Ele também agradeço todos os dias por ser seu irmão. À Lumena, por não soltar a minha mão nos momentos mais difíceis e se fazer presente mesmo quando a distância nos separava. Você representa o amor, a força, a determinação e a reciprocidade em minha vida. Eu agradeço à Deus pelo encontro de nossos caminhos. Meu amor, carinho, respeito e admiração por você são sentimentos que serão presentes e expressados para sempre. AGRADECIMENTOS À minha orientadora Profª. Draª Rosemary Adriana Chierici Marcantonio. Obrigado pela dedicação, atenção, carinho e tempo depositado em mim. Obrigado por cada palavra de incentivo e por cada bronca. Meu respeito e admiração por você são os mesmos aos que relaciono à uma mãe e, tenho certeza de que todos os alunos que já passaram por sua orientação, sentem o mesmo. Minha total admiração, carinho e respeito por você serão sempre demonstrados. Ao Prof. Dr. Rondinelli Donizetti Herculano por todo empenho, dedicação e ensinamentos a mim passados. Sua amizade e colaboração foram determinantes para a realização desta pesquisa. Muito obrigado! Aos meus amigos, Camila Marcantonio, Felipe Pinotti, Fernanda Castanheira, Julio Sáchez, Javier Vivanco e, dentre tantos outros que provavelmente não me lembrarei de todos os nomes no momento, mas que sempre guardarei em meu coração pois foram essenciais não só para esse trabalho, mas para tornar minha vida em Araraquara a mais proveitosa possível. Obrigado pela amizade sincera, pelas horas dedicadas à mim e por me mostrarem que o trabalho em equipe nos fortalece e nos leva sempre mais longe. Vocês têm minha eterna gratidão e amizade. Aos funcionários desta faculdade, principalmente à Isabela e Suleima, pela paciência, pelo auxílio em clínica e por sempre tratarem a universidade com respeito. Sem todos vocês, sem a manutenção de toda essa estrutura, este trabalho jamais iria se concretizar. Aos pacientes que participaram desta pesquisa, meu eterno respeito e agradecimento. Obrigado por se comprometerem com meu trabalho e confiarem em mim. Que cada uma das linhas aqui escritas reflitam a doação imensurável feita por vocês à Ciência. Serei eternamente grato a cada um de vocês. À CAPES: O presente trabalho foi realizado com o apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Brasil (CAPES) – Código de financiamento 001. “Existem muitas hipóteses em ciência que estão erradas. Isso é perfeitamente aceitável, eles são a abertura para achar as que estão certas.” Carl Sagan Sagan C. Cosmos. São Paulo: Companhia das Letras; 2017. Spin JR. Utilização de membrana de látex natural sobre o reparo de áreas doadoras para enxerto gengival livre [tese de doutorado]. Araraquara: Faculdade de Odontologia da UNESP; 2022. Resumo O objetivo desse projeto, controlado, duplo cego e randomizados foi de avaliar o reparo de feridas no palato duro provenientes da remoção de enxerto gengival livre utilizando membranas de látex natural, com e sem incorporação de compostos (cetoprofeno e própolis). Este projeto foi dividido em dois artigos: Artigo 1: teve como objetivo avaliar o efeito da membrana de látex natural sobre a ferida de palato provenientes da captação de enxerto gengival livre e o artigo 2 teve como objetivo avaliar o efeito dessa membrana com a associação de compostos (Cetoprofeno e própolis) sobre o reparo de ferida em palato resultante da remoção de enxerto gengival livre. Para a realização dos dois estudos foram selecionados 24 pacientes (estudo 1) e 44 pacientes (estudo 2) que apresentavam indicação para realização de enxerto gengival livre. Os pacientes foram submetidos ao procedimento cirúrgico para remoção do enxerto gengival livre da área de palato duro. Após a remoção do enxerto os pacientes foram randomicamente alocados. No primeiro estudo, em dois grupos (Controle e Látex) e em três grupos no segundo estudo (controle, látex + Cetoprofeno e látex + própolis). Em ambos os trabalhos foram feitas tomadas fotográficas padronizadas das regiões das feridas nos períodos de baseline, 3, 7, 15 e 30 dias. Um examinador cego aos grupos experimentais e calibrado realizou as avaliações clínicas, levando se em consideração os parâmetros: área da ferida; área de superfície epitelizada por meio da utilização de água oxigenada aplicada na região; sangramento (somente no primeiro trabalho); avaliação do autorrelato de dor por meio da aplicação de uma escala de VAS (Escala analógica visual) e avaliação de ficha sobre ingestão de medicamentos pós-operatórios (Somente no segundo trabalho). Os resultados obtidos mostraram que a utilização da membrana de látex, em ambos os estudos, não trouxe prejuízos à cicatrização quando comparadas aos grupos controles além diminuir a dor relatada pelos pacientes. Palavras-chaves: Cicatrização. Látex. Periodontia. Spin JR. Use of natural latex membrane on the repair of donor areas for free gingival graft [tese de doutorado]. Araraquara: Faculdade de Odontologia da UNESP; 2022. Abstract The aim of these controlled, double-blind and randomized studies was to evaluate the repair of wounds on the hard palate resulting from the removal of free gingival graft using natural latex membranes, with and without incorporation of compounds (ketoprofen and propolis). Article 1: aimed to evaluate the effect of natural latex membrane on the palate wound from the capture of free gingival graft and article 2 aimed to evaluate the effect of this membrane with the combination of compounds on the palate wound repair resulting from free gingival graft removal. In the first paper presented, 24 patients were selected and in the second, 44 patients who had an indication for performing an epithelized free gingival graft. Patients underwent a surgical procedure to remove the free gingival graft from the hard palate area. After graft removal, patients were randomly allocated. In the first study, in two groups (Control and Latex) and in three groups in the second study (control, latex + Ketoprofen and latex + propolis). In both studies, standardized photographs were taken of the wound regions at baseline, 3, 7, 15 and 30 days. An examiner blinded to the experimental and calibrated groups performed the clinical evaluations, considering the parameters: wound area; epithelialized surface area through the use of hydrogen peroxide applied in the region; bleeding (only in the first study); assessment of self-reported pain through the application of a VAS scale (Visual Analog Scale) and assessment of a form on postoperative medication intake (Only in the second study). The results obtained showed that the use of latex membrane, in both studies, did not damage healing when compared to the control groups, in addition to reducing the pain reported by patients. Keywords: Wound healing. Latex. Periodontics. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .................................................................................12 2 PROPOSIÇÃO ..................................................................................18 2.1 Objetivo geral ................................................................................18 2.2 Objetivo específico .......................................................................18 3 ARTIGOS ..........................................................................................19 3.1 Estudo 1 ........................................................................................19 3.2 Estudo 2 ........................................................................................26 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................51 5 CONCLUSÃO ..................................................................................53 REFERÊNCIAS ...............................................................................54 APÊNDICE .......................................................................................62 ANEXOS .........................................................................................79 12 1 INTRODUÇÃO A presença de tecido queratinizado, não é um fator essencial para a manutenção da saúde dos tecidos periodontais1,2, porém, a presença de gengiva inserida é importante durante os procedimentos de higienização oral pelo paciente, pois promove conforto, o que facilita o controle do biofilme dental3,4. A recessão gengival, definida pela exposição da superfície da raiz dental devido ao deslocamento apical da gengiva marginal para a junção cemento-esmalte5 é uma deformidade mucogengival que afeta diretamente a gengiva inserida, o que pode predispor localmente a instalação da doença periodontal, por prejudicar os procedimentos de higienização oral por parte do paciente e, consequentemente, permitir o acúmulo de biofilme nesses sítios (AAP, 1996). Essa condição está associada com perda de inserção clínica e exposição da superfície radicular ao meio oral, localizada e/ou generalizada, e, onde além do possível comprometimento estético, também pode levar a ocorrência de hipersensibilidade dentinária3,6 e cáries radiculares4. Sendo assim, a correção cirúrgica dessa condição é necessária, uma vez que visamos o reestabelecimento da gengiva e consequentemente a prevenção do acúmulo de biofilme dental podendo assim, prevenir a ocorrência da doença periodontal7,8. Mesmo com os avanços nas técnicas de correção gengival, a técnica do enxerto gengival livre continua sendo o procedimento de escolha mais confiável e mais indicado para essa finalidade9, pois apresenta resultados mais previsíveis e estáveis ao longo do tempo7, quando da busca pelo aumento da faixa de gengiva queratinizada e contenção da progressão da recessão gengival10. Introduzida há mais de 40 anos11,12 essa técnica se tornou comum clinicamente por ser simples e fácil de ser executada13 e sua realização consiste em obter da região de palato duro um fragmento de tecido conjuntivo e epitélio mastigatório que é transplantado para o leito receptor. Contudo, a principal desvantagem dessa abordagem é a exposição da área doadora ao ser captado o enxerto no palato duro, que promove efeitos colaterais consideráveis, tais como a possibilidade de hemorragia, dor e desconforto ao paciente, seja no período trans quanto no pós-operatório1 e morbidade da região doadora que irá cicatrizar por segunda intenção, entre 2 a 4 semanas 13 após a cirurgia14. A cicatrização por segunda intenção15,16, é um processo relativamente demorado, o que, em conjunto com os eventos citados, pode limitar a aceitação dessa abordagem cirúrgica pelo paciente1,17. Esse mecanismo, depende de processos complexos de restauração de estruturas celulares e camadas de tecidos, que envolvem principalmente migração epitelial, proliferação de fibroblastos, síntese e deposição de colágeno, além da revascularização, contração e remodelação da ferida18. Esses eventos podem ser separados em três grandes momentos. Primeiramente com uma fase inflamatória (1-3dias), em seguida uma fase proliferativa (3-7 dias) e, finalmente, uma fase remodeladora que pode durar meses19. Inicialmente há a formação de um coágulo na ferida, onde, após 24 horas, há um processo de migração epidérmica seguida da invasão de células inflamatórias no terceiro dia. Seguinte à proliferação e migração dos neutrófilos, há a liberação de fatores de crescimento, estimulando o aumento de células epidérmicas. Inicialmente, os neutrófilos são recrutados à região da ferida, onde em geral, possuem uma ação antimicrobiana efetiva, primariamente com a função de prevenir infecções20. Sequencialmente, há uma modulação do processo inflamatório ocorrendo a redução do edema, seguida do início da remodelação tecidual21, devido ao processo acentuado de angiogênese e epitelização, juntamente com síntese, ligação e alinhamento de colágeno, promovendo a contração da ferida, para em seguida haver regeneração, ou seja, a substituição de tecidos danificados com o mesmo tipo de célula e, fibrose, onde os tecidos danificados são substituídos por tecido conjuntivo22. Na maioria dos casos, complicações durante a fase de cicatrização podem ocorrer por uma contaminação bacteriana secundária ou ainda por uma vascularização insatisfatória23, que depende não só das condições da ferida, mas também da condição geral do paciente e de doenças sistêmicas associadas24. De acordo com a literatura, o entendimento atual sobre cicatrização de feridas palatinas é direcionado aos estudos com diversos curativos periodontais, o que é natural que ocorra com o passar dos anos, dadas as desvantagens trazidas pela abordagem cirúrgica citadas anteriormente. Sendo assim, novas abordagens cirúrgicas e novos materiais, manufaturados e naturais, são desenvolvidos, visando não só a proteção, mas também a rápida 14 cicatrização da ferida e a redução da dor e do sangramento no palato25. Os curativos periodontais foram inicialmente introduzidos pelo Dr. A.W Ward em 1923, que sugeriu o uso desses materiais após cirurgia periodontal. De forma geral, os curativos podem ser aplicados diretamente em contato com a ferida, e, embora haja na literatura, trabalhos que são contrários ao seu uso após o procedimento cirúrgico26 , em muitos casos o curativo periodontal é essencial, pois pode criar uma condição favorável para o processo de cicatrização, tanto em umidade quanto em temperatura, auxiliando não somente na proteção da ferida contra traumas e na estabilidade do sítio cirúrgico, mas também diminuindo as chances de infecção27, permitindo que as migrações celulares possam ocorrer, e, sequencialmente, a epitelização. Podemos dividir os curativos em duas classes de acordo com sua função, sendo passivos e bioativos. Em síntese, curativos passivos atuam somente como uma barreira física, promovendo proteção à ferida. Enquanto o curativo bioativo, apresenta interação com a superfície da ferida, exercendo não só as funções do curativo passivo, mas também propiciando um microambiente que favoreça a liberação de moléculas bioativas que possam acelerar a cicatrização28. Citado por Farnoush em 197814, a associação de uma placa de Hawley modificada e um cimento cirúrgico a base de cianocrilato, serviu como base para o que é utilizado clinicamente até o presente momento. A área doadora proveniente do enxerto gengival livre é protegida preferencialmente utilizando-se uma placa com grampos de fixação nos dentes (Hawley modificada) com a associação de um cimento cirúrgico26,27. Essa placa, atua como uma barreira, impedindo o acesso de alimentos ou líquidos até a ferida do palato, e para manter o cimento cirúrgico em posição14. Entretanto, para garantir que haja a total cicatrização da região, ela deve ser usada por pelo menos duas semanas, porém, este dispositivo acrílico provoca desconforto e prejudica a fala e a alimentação do paciente. Sendo assim, o desenvolvimento de novos curativos que possam acelerar o processo cicatricial do palato duro poderá trazer benefícios aos pacientes quanto à um pós-operatório mais curto e confortável29. Além do cimento cirúrgico já citado26, materiais como, fragmentos de tecido conjuntivo e epitélio30, colágeno hemostático microfibrilar31, plasma rico em fibrina (PRF)32, plasma rico em plaquetas (PRP)33 e a irradiação com laser de baixa potência18,34,35, são alguns dos exemplos de alternativas desenvolvidas para 15 essa finalidade. Ademais, existem ainda outros curativos já citados na literatura que continuam sendo utilizados e aprimorados para auxiliar no reparo mais acelerado das feridas em palato como, filme de poliuretano autoadesivo (Opsite® e Aquacel®)36-38 , colágeno (CollaCote®)39, a proteína da seda associada ao álcool poli vinílico40, malha de acetato de celulose (Adaptic Dressing®)36, curativos à base de mel (Activon®)41,42 e materiais com látex como matéria prima, como a biomembrana de látex com polilisina à 0,1% (Biocure®)43 e o gel para cicatrização de úlceras crônicas (Regederm®)23. O látex está incluído como um novo material proposto para ser utilizado como curativo, principalmente quando da sua aplicação em forma de membrana. Com início dos estudos para essa aplicação iniciados em 1994, na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto – SP (Universidade de São Paulo), a membrana de látex já foi testada, tanto em estudos pré-clínicos quanto clínicos, e demonstrou possuir propriedades que aceleram a cicatrização de feridas2,29,44. Além disso, é um material biocompatível4, de baixo custo e com alta resistência mecânica45, que também demonstrou estimular o processo cicatricial associado ao reparo do periocárdio de cães46, a indução do fechamento de defeitos iatrogênicos em parede abdominal de ratos47, induzir o processo de angiogênese em córnea de coelhos48, acelerar a formação óssea quando feita a associação de grânulos de látex com a cavidade alveolar de ratos49, acelerar a formação de tecido nervoso50 e a cicatrização de feridas29. Quanto ao tratamento de feridas, se demonstrou eficaz em casos de pacientes com úlceras venosas crônicas51,52 além de úlceras em pele de pacientes com diabetes53 e úlceras de pressão54. Alguns estudos já enfatizaram que a capacidade do látex de acelerar a cicatrização de feridas, pode estar relacionado diretamente a sua atividade angiogênica, propriedade atribuída a um fator de crescimento43,53, entretanto, o real mecanismo de ação do látex quanto ao seu papel na fase inflamatória e consequente ação angiogênica, ainda não é claro29. O uso de materiais como veículos de liberação de fármacos tem sido amplamente estudado com a intenção de se alcançar melhores efeitos terapêuticos e farmacológicos55-57. 16 O intuito de se usar sistemas de liberação de compostos, é para fornecer uma quantia correta de um fármaco à uma determinada parte do corpo em um intervalo de tempo predefinido45. Nos últimos anos, a membrana de látex tem sido utilizada como um sistema de liberação local de compostos bioativos58 e naturais (proteínas e lipídios) que auxiliam na cicatrização de feridas induzindo a neovascularização no sítio com injúria59. Como já citado, estudos pré-clinicos e clínicos mostraram a capacidade da membrana de látex, quando usada como curativo, em promover angiogênese, e também auxiliar na formação de matriz extracelular e adesão celular, acelerando a cicatrização da ferida60,61. Unindo essas propriedades cicatrizantes da membrana de látex, com suas características físico-químicas favoráveis a liberação de fármacos34,62,63, outros estudos avaliaram ainda a liberação de outros compostos como gentamicina64, ocitocina65, desmopressina66, ciprofloxacina67 e nanopartículas de prata68 e ouro69, onde os resultados promissores levaram a outros estudos que puderam manipular a matriz de látex, visando obter o controle da cinética de liberação do fármaco, ou seja, a dinâmica e a quantidade de medicamento liberado, apenas modificando a morfologia da superfície da membrana45. Além disso, corroborando com a literatura que mostra que a membrana possuí características físico-químicas essenciais para um curativo biomédico, como superfície lisa, alta elasticidade e porosidade em nano escala70, em 2014, Aielo e colaboradores mostraram que mesmo após a liberação prolongada de diclofenaco de sódio, o látex ainda se manteve sem quaisquer alterações físico-químicas ou estruturais. Floriano e colaboradores em 201871 associaram membrana de látex com cetoprofeno e obtiveram como resultados, que além do medicamento ter sido totalmente incorporado à membrana sem alterar quimicamente sua estrutura, também houve a liberação de 60% do medicamento em um período de 50 horas. O cetoprofeno é amplamente utilizado como analgésico com grande potencial de atuação tanto para inflamação aguda quanto para tratamento a longo prazo de várias patologias inflamatórias72. Apesar de sua eficácia em vários tratamentos, os pacientes que fazem seu uso recorrente podem apresentar náusea ou desconfortos epigástricos73. Porém, uma maneira de minimizar a chance dessas ocorrências é através do uso de uma membrana como sistema de liberação transdérmica de medicamentos71. 17 No mesmo ano, Zancanela e colaboradores74, estudaram a associação dessa membrana com a incorporação de própolis, onde da mesma forma que o estudo anterior, foi observado que tanto a membrana quanto a própolis, mantiveram suas características mecânicas e químicas, sendo que após 24 horas, 22% da própolis foi liberado. Na farmacologia, a própolis tem sido amplamente usada devido sua ação cicatrizante, um dos seus usos mais populares75. Além disso, uma ampla gama de atividades biológicas da própolis que podem estar relacionadas com a cicatrização de pele foram relatadas na literatura, como atividade antibacteriana, antifúngica, potencializador de proliferação celular cutânea, entre outros76,77. 18 2 PROPOSIÇÃO 2.1 Objetivo Geral O objetivo geral desse estudo foi avaliar o efeito da aplicação de uma membrana de látex natural, sobre o reparo de feridas em palato duro resultantes da captação de enxerto gengival livre. 2.2 Objetivo Específico Para responder o objetivo geral deste projeto foram propostos dois estudos: Estudo 1: Efeito da membrana de látex natural sobre o reparo de áreas doadoras do palato para enxerto gengival livre: estudo clínico, controlado e randomizado As hipóteses desse estudo são: H0 - A membrana de látex não altera o processo de fechamento, epitelização e dor das feridas na região de palato após o procedimento de captação do enxerto gengival livre. Ha - A membrana de látex altera o processo de fechamento, epitelização e dor das feridas na região de palato após o procedimento de captação do enxerto gengival livre. Estudo 2: Efeito da membrana de látex natural associada à própolis e ao cetoprofeno sobre o reparo de áreas doadoras para enxerto gengival livre. Estudo clínico, controlado e randomizado. As hipóteses deste estudo são: H0 - A membrana de látex associada aos compostos não altera o processo de fechamento e epitelização das feridas e o autorrelato de dor dos pacientes após o procedimento de captação do enxerto gengival livre, quando comparadas ao não uso da membrana. Ha - A membrana de látex associada aos compostos altera positivamente o processo de fechamento e epitelização das feridas e o autorrelato de dor dos pacientes após o procedimento de captação do enxerto gengival livre, quando comparadas ao não uso da membrana. 19 3 ARTIGOS 3.1 Estudo 1: DOI: 10.1016/j.mtcomm.2021.102390  Cf em Anexo C a autorização do Periódico para a reprodução do artigo em Repositório Institucional. 20 21 22 23 24 25 26 3.2 Estudo 2* Spin JR. Utilização de membrana de látex natural associada à própolis e ao Cetoprofreno sobre o reparo de áreas doadoras para enxerto gengival livre Resumo O objetivo desse estudo clínico, controlado e randomizado foi avaliar o reparo de feridas no palato duro provenientes da remoção de enxerto gengival livre utilizando membranas de látex natural, com a incorporação de compostos (cetoprofeno e própolis). Foram selecionados 44 pacientes que apresentavam indicação para realização de enxerto gengival livre epitelizado. Os pacientes foram submetidos ao procedimento cirúrgico para remoção do enxerto gengival livre da área de palato duro. Após a remoção do enxerto os pacientes foram randomicamente alocados em um dos três grupos de acordo com o tratamento a ser utilizado para proteger a região doadora do enxerto: Grupo controle (GC): A ferida é recoberta com placa acrílica associada ao cimento cirúrgico; Grupo Látex + Cetoprofeno (LC): a ferida é recoberta com placa acrílica associada a membrana de látex com incorporação de cetoprofeno e Grupo Látex + Própolis (LP): a ferida é recoberta com placa acrílica associada a membrana de látex com incorporação de própolis. Foram feitas tomadas fotográficas padronizadas das regiões das feridas nos períodos de baseline, 3, 7, 15 e 30 dias. Um examinador cego aos grupos experimentais e calibrado realizou as avaliações clínicas, levando se em consideração os parâmetros: 1) área da ferida; 2) área de superfície epitelizada por meio da utilização de água oxigenada aplicada na região; 3) avaliação do autorrelato de dor por meio da aplicação de uma escala de VAS (Escala analógica visual). Os resultados obtidos mostraram que para os três grupos houve diferença significativa da dor reportada nos períodos de 3 para 15 dias e de 7 para 15 dias. Dentre os grupos, o grupo com associação de Cetoprofeno teve maior redução média da área da ferida de 3 para 7 dias e de 7 para 15 dias. O uso da membrana de látex com a associação de compostos não promoveu qualquer injúria ao palato dos pacientes, sem interferir no processo cicatricial, onde o grupo associado ao Cetoprofeno apresentou uma cicatrização mais rápida e com menor relato de dor. Palavras-chaves: Cicatrização. periodontia. Látex  Trabalho formatado segundo as normas da revista Biomaterials Advances para a qual pretende- se submeter. 27 Spin JR. Use of natural latex membrane associated with propolis and ketoprofen on the repair of donor areas for free gingival graft. Abstract The aim of this controlled, clinical and randomized study was to evaluate the repair of wounds on the hard palate resulting from the removal of a free gingival graft using natural latex membranes, with the incorporation of compounds (ketoprofen and propolis). We selected 44 patients who had an indication for performing an epithelialized free gingival graft. Patients underwent a surgical procedure to remove the free gingival graft from the hard palate area. After graft removal, patients were randomly allocated to one of three groups according to the treatment to be used to protect the graft donor region: Control group (GC): The wound is covered with an acrylic plate associated with surgical cement; Latex + Ketoprofen Group (LC): the wound is covered with an acrylic plate associated with a latex membrane with ketoprofen incorporation and Latex + propolis Group (LP): the wound is covered with an acrylic plate associated with a latex membrane with propolis incorporation. Standardized photographs of the wound regions were taken at baseline, 3, 7, 15 and 30 days. An examiner blinded to the experimental and calibrated groups performed the clinical evaluations, taking into account the parameters: 1) wound area; 2) epithelialized surface area through the use of hydrogen peroxide applied to the region; 3) assessment of self-reported pain through the application of a VAS scale (Visual Analog Scale) and 4) assessment of a form on postoperative medication intake. The results obtained showed that for the three groups there was a significant difference in reported pain in the periods from 3 to 15 days and from 7 to 15 days. Among the groups, the ketoprofen association group had the greatest mean reduction in wound area from 3 to 7 days and from 7 to 15 days. The use of latex membrane with the combination of compounds did not cause any injury to the patients' palate, without interfering with the healing process, where the group associated with ketoprofen showed faster healing and less pain. Keywords: Wound healing. periodontics. latex 28 1 Introdução O látex natural já é bastante utilizado na confecção de diversos produtos, desde fabricação de luvas e preservativos até como parte de equipamentos utilizados na medicina e na odontologia78. Atualmente, o látex é comercializado como curativo (BIOCURE®), em mais de 60 países, para tratamento de úlceras em pacientes com diabetes dentre outras aplicações79. O uso do látex natural em forma de membrana tem sido indicado para novas aplicações biomédicas por sua biocompatibilidade4,43, baixo custo e alta resistência mecânica45, além de se mostrar capaz de estimular a angiogênese, a adesão celular e a formação de matriz extracelular43, promovendo a reparação tecidual80. Na odontologia, a busca por um curativo capaz de acelerar a cicatrização e diminuir a dor do paciente tem sido foco de estudo nos últimos anos, principalmente em procedimentos cirúrgicos que possam promover efeitos colaterais que tragam desconforto ao paciente. A cirurgia de enxerto gengival livre é uma técnica bastante difundida no tratamento de deformidades muco gengivais9 pela sua fácil execução e por apresentar resultados previsíveis e estáveis com o passar do tempo7. Entretanto, essa técnica nem sempre é facilmente aceita pelos pacientes por conta dos efeitos colaterais presentes, tais como hemorragia, dor e desconforto, causados principalmente pela necessidade de um segundo sítio cirúrgico criado no palato do paciente, levando a morbidade dessa região doadora, que irá cicatrizar por segunda intenção14. A membrana de látex já se mostrou eficiente na cicatrização de palato após captação de enxerto gengival livre, diminuindo o sangramento e o relato de dor pelos pacientes e não promovendo nenhum efeito adverso no processo de cicatrização do palato dos pacientes70. Além disso, suas características físico-químicas se mostraram viáveis para o seu uso como um veículo de liberação de fármacos e compostos45,62,63,70, sendo mostrado em novos estudos que através da modificação da superfície da membrana, é possível se controlar a cinética de liberação do fármaco45. As membranas de látex natural já têm sido utilizadas como mecanismos de liberação de fármacos79. O Cetoprofeno é utilizado como analgésico de escolha em muitos casos, pois atua de forma eficacaz tanto na inflamação aguda quanto no tratamento a longo prazo de várias patologias inflamatórias72, porém, é sabido que seu uso recorrente pode gerar desconfoto epigástricos73. Uma forma de minimizar tais efeitos é através da membrana de látex como sistema de liberação71, que além de minimizar os efeitos colaterais do uso de cetoprofeno, também já se mostrou passível de ser incoporado à 29 membrana sem quaisquer alterações de suas características físico-químicas e também garantindo uma liberação eficacaz do medicamento71. A própolis é outro produto que tem sido estudado visando auxiliar no processo de cicatrização de feridas. Alguns estudos já mostraram que seus compostos químicos, em grande parte taninos, fenóis, flavanóides e resinas, independente do solvente empregado, possuem ações biológicas importantes como ação antioxidante, analgésica e antiinflamtória, imunomodulação, atividades antibacterianas e antifúngicas81-84. Além disso, a própolis também aumenta a proliferação em células de pele, bem como aumenta a expressão de compostos importantes no processo de reepitelização, como colágeno tipos I e II85. Assim, como o cetoprofeno, estudos foram feitos associando a membrana de látex com a própolis, onde não houve qualquer modificação física ou química na membrana bem como na eficácia do composto74. Em 2021, um artigo publicado por nosso grupo de pesquisa70, avaliou a utilização de uma membrana de látex na cicatrização de feridas do palato, os resultados demonstraram que nos grupos com membrana e sem membrana (controle), houve diminuição gradativa da área da ferida cirúrgica, sendo que a partir dos 15 dias essa era inexistente para todos os pacientes avaliados e em relação à dor houve uma redução significativa da sensibilidade dolorosa relatada pelos pacientes do grupo látex em relação ao grupo controle. Estes resultados demonstraram que o uso da membrana de látex não promoveu prejuízo a cicatrização, apresentando os mesmos resultados clínicos que a utilização de cimento cirúrgico, com a adição de ter demonstrado um menor relato de dor pelos pacientes. Com isso, achamos oportuno utilizar a membrana de latex associada a alguns compostos visando a melhor cicatrização da ferida e menor dor pós operatória. O objetivo deste estudo foi avaliar em humanos o efeito de uma membrana de látex natural com a associação de compostos sobre o reparo de feridas no palato duro provenientes da captação do enxerto gingival livre. 2 Materiais e métodos Esse projeto clínico, duplo-cego, controlado e randomizado foi aprovado pelo Comitê de Ética de Pesquisa em Humanos da Faculdade de Odontologia de Araraquara – UNESP (CAAE: 01692818.8.0000.5416). Após a orientação sobre os riscos, benefícios da investigação clínica, todos os pacientes assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido. Para todos os procedimentos foram asseguradas as normas da Biossegurança da Faculdade de Odontologia de Araraquara – UNESP. 30 2.1 Seleção dos pacientes Foram selecionados pacientes da Clínica de Periodontia da Faculdade de Odontologia de Araraquara – UNESP, com idade entre 20 e 65 anos que tiveram indicação para realização do procedimento cirúrgico de enxerto gengival livre. Para inclusão na pesquisa, os pacientes deviam apresentar as seguintes características: ausência de periodontite e boa higiene oral (índice de placa e gengival <20%), boa saúde sistêmica, indicação para realização de técnica de enxerto gengival livre, possibilidade de retornar nos períodos pré-estabelecidos para realização de exames e assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE) aprovado pelo CEPE da FOAr – UNESP. Como critérios de exclusão, os pacientes deveriam estar dentro das seguintes características: pacientes com problemas sistêmicos que contraindique a realização de cirurgia e/ou tenha interferência na cicatrização (pacientes com diabetes, imunodeficiências, discrasias sanguíneas, entre outras), pacientes fumantes e/ou ex- fumantes, pacientes que façam uso crônico de medicamentos que influenciam na resposta biológica do tecido conjuntivo como por exemplo fármacos indicados para artrite, bloqueadores de cálcio e anticonvulsivantes, pacientes que utilizam cronicamente anti-inflamatórios e/ou antibióticos, portadores de bruxismo, etilistas, dependentes químicos, grávidas e lactantes, histórico de tratamento radioterápico na região de cabeça e pescoço ou quimioterápico e pacientes alérgicos a própolis e/ou cetoprofeno. 2.2 Grupos e tamanho da amostra O cálculo de amostra foi obtido tomando como por base o estudo de Dias e colaboradores em 201586, que avaliou o efeito da laserterapia sobre o fechamento do leito doador do palato proveniente da remoção de um enxerto gengival livre. No cálculo realizado nesse estudo os autores determinaram que o mínimo de variação para detecção de diferenças entre os grupos deveria ser de 30% com desvio padrão de 5%, e que determinando o poder β em 0.8 e o poder α em 0.05 em um teste estatístico bilateral seria necessária uma amostra de 12 pacientes por grupo para receber os tratamentos. 31 Os pacientes desse estudo foram divididos randomicamente em três grupos de acordo com o material que foi aplicado no leito doador no palato duro proveniente da remoção do enxerto gengival livre. Os grupos foram definidos como: - Grupo controle (GC): A ferida foi recoberta com placa acrílica associada ao cimento cirúrgico; - Grupo Látex + Cetoprofeno (LC): A ferida foi recoberta com placa acrílica associada a membrana de látex natural incorporada com cetoprofeno; - Grupo Látex + Própolis (LP): A ferida foi recoberta com placa acrílica associada a membrana de látex natural com incorporação de própolis; 2.3 Confecção das placas acrílicas Uma semana antes da realização do procedimento cirúrgico, todos os pacientes foram moldados e sobre os moldes foram confeccionadas placas de acrílico, no modelo de Hawley modificadas. Na região interna da placa, na altura de primeiros, segundo pré-molares e primeiro molar foi realizado um alívio para colocação do cimento cirúrgico. 2.4 Produção da membrana de látex O látex natural extraído nesse estudo foi obtido da mistura dos clones (RRIM 600 e PB 235) extraídos das árvores seringueiras (Hevea brasiliensis) (BDF Comércio de Produtos Agrícolas Ltda, Guaratã, São Paulo, Brasil). Após a extração, foi adicionado amônia (1% v/v) para preservação do material na mesma forma líquida e centrifugado a 19.000 para remover as proteínas com alto peso molecular que são responsáveis pelas reações alérgicas87,88. A confecção das membranas ocorreu pelo método de simples deposição, onde 2mL do látex foi depositado sobre uma placa circular de 5.00±0.05cm de diâmetro de inox. O látex natural foi mantido em temperatura ambiente por 48 horas, até a completa coagulação, apresentando uma espessura de 0.512 ± 0.005mm e poros menores que 50nm de diâmetro. Em seguida, as membranas de látex natural foram embaladas e esterilizadas com óxido de etileno (Oxetil – Santo Anastácio, São Paulo, Brasil) a fim de garantir a segurança do tratamento2,89. A membrana foi confeccionada na faculdade de Ciências Farmacêuticas (UNESP – Araraquara - SP) junto ao Grupo de Bioengenharia e Biomateriais. 32 C B A Figura 1 - Membranas de látex a serem utilizadas na ferida: A – Membrana de látex sem incorporação de compostos, apenas para comparação. B – Membrana com associação de cetoprofeno. C – Membrana com associação de própolis. Fonte: Arquivo pessoal do autor 2.5 Incorporação da própolis ao látex A cera (resina) de própolis vermelha foi cedida pela ApisFlora (ApisFlora – Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil). Para a obtenção do extrato, 0,5g desta cera foram adicionados em 10mL de uma solução hidroetanólica (EtOH-H2O) por dois dias sob agitação (100 rpm). O extrato resultante foi filtrado e seco a 35°C em um evaporador rotatório90. A membrana própolis-látex foi produzida pela adição de 1 mL de extrato de própolis a 3 mL de látex natural em uma placa de Petri com 140 x 15 mm e assim mantida em estufa por 24 horas91. 2.6 Incorporação do cetoprofeno ao látex O Cetoprofeno foi adquirido pela farmácia Callithea (Farmácia Callithea – Assis / SP, Brasil) em cápsulas de gel sem excipientes, contendo 100mg em pó dissolvidos primeiramente com etanol para análise (P.A) e um ajustando para 90% de solução aquosa, para evitar a coagulação do látex, a temperatura de 25ºC. As membranas foram preparadas depositando 6 mL de látex natural com 4 mL de solução de cetoprofeno (10 mg/mL-1) em uma placa Petri com 140 x 15 mm, deixando a mistura dessa forma por 2 dias para garantir a polimerização total antes do uso71. A B C 33 2.7 Tratamento inicial pré-cirúrgico Durante 2 meses anteriores à realização da cirurgia foi realizado tratamento periodontal básico onde todos os pacientes receberam orientação de higiene oral, raspagem e alisamento radicular de todos os dentes e controle de placa bacteriana. 2.8 Procedimentos cirúrgicos 2.8.1 Preparo do leito receptor e remoção do enxerto Os pacientes a serem submetidos aos procedimentos cirúrgicos apresentaram a combinação de vestíbulo raso e/ou inserção alta de freio associado à ausência de faixa de gengiva queratinizada e relataram dificuldade ou desconforto durantes os procedimentos de higienização em regiões associadas aos incisivos inferiores. Logo após, foi executada anestesia local com Mepivacaína 3% (NOVA DFL, Rio de Janeiro - RJ) e Epinefrina 1:200000 (NOVA DFL, Rio de Janeiro - RJ) e o preparo dos leitos receptores e doadores de acordo com Spin et al, 2021. Na região palatina, entre o primeiro pré-molar e o primeiro molar superior, 2 mm abaixo das margens gengivais é demarcada uma região para remoção do enxerto. O enxerto foi removido da região, preparado e estabilizado na área receptora por meio de fios de Nylon (5.0)10. Esta área é protegida por uma lâmina de alumínio esterilizada associada à inserção de cimento cirúrgico. O cimento foi trocado após 7 dias e totalmente removido, juntamente com as suturas no 14º dia de período pós-operatório. Na região do palato, após o controle do sangramento, foram realizadas as primeiras medidas da área do leito cirúrgico e uma tomada fotográfica da região. As medidas foram realizadas com uma sonda periodontal tipo Willians (Golgran) que é utilizada para medir o tamanho e profundidade da ferida. Após a obtenção dos dados foi realizada uma tomada fotográfica com a sonda posicionada lateralmente a ferida10. Essa imagem possibilita que no momento da análise das fotos das feridas, a sonda seja utilizada como uma escala para calibrar o software de análise de imagens (Image J NIH, Bethesda, USA), facilitando dessa forma o cálculo da área total da região doadora. 34 2.9 Randomização e cegamento A randomização foi feita previamente aos procedimentos clínicos. Tal procedimento foi realizado no dia anterior aos tratamentos, quando do preparo das fichas clínicas e do equipamento que seria utilizado no momento dos procedimentos cirúrgicos. Utilizando-se um programa de computador foi obtida uma sequência de alocação aleatória. A sequência foi colocada em envelopes lacrados com o número do paciente e o grupo a que pertencia. O paciente e o pesquisador responsável pelas avaliações clínicas não tiveram conhecimento do tratamento que cada indivíduo recebeu. 2.10 Caracterização dos grupos Após o sorteio os pacientes foram relocados em cada grupo, onde no grupo controle, na parte interna da placa de acrílico foi colocado cimento cirúrgico (Pericem – Technew, Rio de Janeiro - RJ) e então a placa acrílica foi adaptada na região do palato de cada paciente. Nos grupos látex com associação dos fármacos, a membrana foi adaptada sobre a placa acrílica com cimento cirúrgico e então colocada sobre a ferida no palato. Após os períodos de 3, 7, 15 e 30 dias os pacientes retornam para a realização de novos exames. Nos períodos de 3 e 7 dias a placa acrílica é removida e a ferida lavada com soro fisiológico. Nestes períodos, após os exames, uma nova membrana de látex foi colocada e a placa acrílica recolocada associada ao cimento cirúrgico. No grupo controle, após a limpeza da ferida, a placa é recolocada somente com novo cimento cirúrgico. Após 15 dias de pós-operatório as placas são removidas de todos os pacientes independente do grupo. Figura 2 – Diagrama dos grupos e períodos de observação Fonte: Elaboração própria 35 2.11 Avaliação clínica Um único pesquisador, não conhecedor dos grupos, realizou as avaliações clínicas e foi calibrado para os parâmetros utilizados. As análises clínicas foram: análise do fechamento da ferida, área de superfície epitelizada, avaliação do autorrelato de sensação dolorosa. 2.11.1 Análise do fechamento da ferida As análises dos leitos doadores foram realizadas nos períodos de 3, 7, 15, e 30 dias de pós-operatório. A porcentagem de redução do tamanho da ferida foi executada por meio de análises fotográficas. Foram feitas fotografias da região da ferida nos períodos de 3, 7, 15 e 30 dias após o procedimento cirúrgico. As fotos foram realizadas com uma câmera Canon Rebel T5i com a lente Ef 100mm f/2.8 Macro Usm e flash Canon Macro Ring Light MR-14 EX II. As fotos obtidas foram agrupadas por paciente e codificadas. Um examinador, não conhecedor dos grupos e calibrado (RSN) realizou a avaliação clínica. Para calibração, 10 fotos com diferentes períodos de análise, foram analisadas duas vezes com intervalo de 10 dias. Os valores obtidos foram analisados pelo teste Kappa para avaliar a reprodutibilidade intra-examinador na medida de tamanho da ferida. O valor obtido deveria ser maior que 0,8. 2.11.2 Área de superfície epitelizada após utilização de água oxigenada aplicada na região A análise da epitelização da ferida foi feita utilizando-se uma gaze molhada com peróxido de oxigênio a 3% para observar a presença de formação de bolhas na ferida. Quando do contato do peróxido de oxigênio há produção de bolhas, indicando- se a ausência de epitélio na região16. Esse parâmetro foi anotado de forma dicotômica (Presença/ausência de bolhas), sendo anotado como sim ou não, respectivamente, na ficha do paciente10. 2.11.3 Avaliação do autorrelato de sensação dolorosa por meio da aplicação da escala de dor VAS Para a análise de dor, foi entregue aos pacientes, nos períodos de acompanhamento de 3, 7, 15, e 30 dias uma escala analógica visual (VAS)21, numerada de 0-10 na qual o valor 0 indicava ausência total de dor e 10 indicava dor extrema. Para a análise estatística dos dados os valores obtidos são expressos em porcentagem, sendo que o valor 0 é considerado 0% e 10 considerado 100%. A escala é apresentada ao paciente onde ele respondeu o grau de dor nos diferentes períodos experimentais10. 36 2.11.4 Avaliação da quantidade de medicamentos utilizados pelo paciente no pós operatório No dia da cirurgia, um questionário era entregue aos pacientes onde nela, todos os dias, por um período de 7 dias, o paciente deveria anotar se houve dor, tanto na região de palato, quanto na região onde o enxerto foi posicionado e, se fez uso dos medicamentos prescritos. Dessa forma, poderíamos verificar uma possível correlação de ausência ou não de dor, com a utilização ou não do medicamento. 2.11.5 Protocolo de Cuidados Pós-operatório Foram prescritos para todos os pacientes durante o período pós-operatório, Nimesulida (100mg), 1 comprimido de 12 em 12 horas, e Dipirona (500mg), 1 comprimido de 6 em 6 horas por 3 dias, além de Amoxicilina (500mg), 1 cápsula de 8 em 8 horas, por 7 dias para consumo por via oral. Adicionalmente foi prescrito colutório à base de gluconato de clorexidina a 0,12% (Periogard - Colgate, São Paulo - SP) por 14 dias. Junto ao protocolo, cuidados quanto à alimentação e a manutenção do curativo foram informados aos pacientes, bem como as eventuais consequências do não seguimento de tais orientações, podendo haver desconfortos exacerbados, maior sensibilidade dolorosa e dificuldade de cicatrização. 2.12 Análise estatística Os parâmetros de área da ferida, redução da área da ferida, epitelização, avaliação do autorrelato de dor dos pacientes e avaliação de questionário referente aos medicamentos utilizados pelos pacientes, foram avaliados. Dados da área da ferida, epitelização e autorrelato dor (VAS) foram anotados em software dedicado (GraphPad Prism 8, GraphPad, San Diego, CA, EUA), que também foi usado para análise estatística. Com base nos dados da área da ferida, foi calculado em milímetros quadrados e a redução da área da ferida foi calculada em porcentagem. Isso foi feito considerando o quanto restou da área original da ferida em cada período, subtraindo- se a área encontrada naquele período específico da área inicial. A área da ferida e os dados de fechamento da ferida foram avaliados pelo Teste de normalidade de Shapiro-Wilk. Os dados foram distribuídos normalmente. Para as comparações entre os grupos, em um mesmo período e, entre os períodos dentro de um mesmo grupo, foi utilizado o teste de ANOVA seguido pelo pelo pós-teste de Tukey. 37 A epitelização avaliada por meio do teste de qui-quadrado, para avaliar as diferenças entre os grupos, em cada período. O teste de McNemar foi usado para avaliar as diferenças entre os períodos, dentro de cada grupo. Os dados de dor autorrelatada foram convertidos em porcentagem, medindo-se a distância do início da escala analógica visual (VAS), até ao ponto marcado pelo paciente (ou seja, 0 foi convertido em 0% e 10 foi convertido para 100%). Para as comparações entre os grupos, em um mesmo período e, entre os períodos dentro de um mesmo grupo, foi utilizado o teste de ANOVA, seguido pelo teste de Tukey. Todos os testes foram aplicados com significância nível de 5% (p < 0,05). 3 Resultados Foram triados 60 pacientes com indicação de enxerto gengival livre onde através da anamnese realizada, somente 49 correspondiam aos critérios de inclusão de nosso estudo. Destes indivíduos, 5 desistiram no meio do tratamento. Sendo assim, os resultados a seguir referem-se à 44 pacientes, sendo 6 homens e 38 mulheres, com idades entre 23 e 68 anos. Dentre estes 44 pacientes, 15 pertencem ao grupo controle, 15 pertencem ao grupo látex + cetoprofeno e 14 pertencem ao grupo látex + própolis. Na avaliação complementar feita com o questionário de medicamentos ingeridos e a presença de dor (palato e região de enxerto) em um período de 7 dias, observamos um número considerável de pacientes que não responderam às questões apresentadas. Entretanto, também verificamos que o número de pacientes que fez uso de anti-inflamatório e analgésico, foi diminuindo ao longo dos dias, o que pode estar associado à redução da sensação dolorosa. Da mesma forma, a maioria dos pacientes respondeu que usou o antibiótico por todo o período prescrito. Para a parte de dor presente no questionário, mesmo com a grande ausência de respostas, foi possível verificar que nos grupos com membrana, no primeiro dia de pós-operatório, houve menor relato de dor no palato se comparado com o grupo controle e, para o grupo com própolis, no período de 2 a 4 dias, os pacientes não tiveram dor. 38 A B C Figura 3 – Fotos dos grupos controle (A), látex + própolis (B) e látex + cetoprofeno (C) obtidas em cada período do tratamento, sendo baseline e 3,7, 15 e 30 dias de pós- operatório, respectivamente. Fonte: Arquivo pessoal do autor 39 % d e r e d u çã o 3.1 Área da ferida cirúrgica Foram feitas fotografias nos períodos de 3, 7, 15 e 30 dias após a cirurgia, de todos os pacientes incluídos no estudo. Aos 15 dias, 9 pacientes do grupo controle apresentavam fechamento total da ferida cirúrgica. O mesmo evento foi observado em 5 pacientes do grupo látex + própolis, e em 10 pacientes do grupo látex + Cetoprofeno. Aos 30 dias, para os três grupos avaliados, todos os pacientes apresentavam fechamento total da ferida cirúrgica. A maior média da área é dada pelo grupo látex + própolis (92.2 mm²), seguido pelo grupo látex + cetoprofeno (85.5 mm²) e controle (67.4 mm²). Aos 15 dias, o grupo com própolis ainda apresenta a maior média de área de ferida (17.2 mm²), enquanto os grupos controlem e, com cetoprofeno, apresentaram médias de 6.3 mm² e 2.8 mm², respectivamente. A figura 4 representa a redução da área da ferida, também em porcentagem, demonstrando que houve diferença estatística entre os grupos experimentais (látex + própolis e látex + Cetoprofeno) na comparação entre 3 e 7 dias. Figura 4 - Redução da área da ferida (média e desvio padrão, em %) 40 3.2 Epitelização da ferida A tabela 1 mostra a epitelização da ferida em cada período e em cada grupo. Os dados representam o número de pacientes positivos para esse parâmetro em cada período. Tabela 1 - Epitelização da ferida Grupo Amostra atual (n) 3 dias 7 dias 15 dias 30 dias Controle 15 0 0 9 15 Látex + própolis 14 0 1 7 14 Látex + cetoprofeno 15 0 2 11 15 A análise estatística mostrou não haver diferença estatística entre os grupos estudados (qui-quadrado, p=0.72), em nenhum dos períodos estudados. Na análise intragrupo, houve diferença significativa (p>0.01) do período de 7 dias para o período de 15 dias. 3.3 Autorrelato de dor Na tabela 4 representa a porcentagem de dor, avaliada pela escala de VAS, em seus valores mínimos e máximos dentro de cada grupo e em cada período. Aos 3 dias, todos os grupos obtiveram valores mínimos de 0, porém, o grupo látex + cetoprofeno foi o grupo que relatou o menor valor de dor (36%), seguido pelo grupo controle (58%) e grupo látex + própolis (88%). Aos 7 dias, o grupo látex + cetoprofeno ainda demonstrou menor dor relatada (22%), seguido novamente pelos grupos controle (34%) e látex + própolis (82%). No período de 15 dias, nenhum paciente do grupo látex + cetoprofeno relatou dor, e no grupo controle, a maior porcentagem de dor anotada foi 10% e de 3% no grupo látex + própolis. Aos 30 dias não houve nenhum relato de dor pelos pacientes. Para os três grupos estudados, houve diferença estatística significativa (p<0.01, indicando diminuição da dor) entre a dor reportada aos 3 e aos 15 dias (diminuição, p<0.01). Quando comparados dentro de cada período, os grupos foram iguais em todos os períodos estudados. 41 Tabela 2 – Média de dor e, min – máx. relatados em porcentagem (%) Grupo Amostra atual (n) 3 dias 7 dias 15 dias 30 dias Média Min Máx. Média Min Máx. Média Min Máx. Média Min Máx. Controle 15 12.1 0 58 16.4 0 34 6.9 0 10 0 0 0 Látex + Própolis 14 7.0 0 88 13.8 0 82 3.0 0 3 0 0 0 Látex + Cetoprofeno 15 0.7 0 36 0.3 0 22 0.0 0 0 0 0 0 42 4 Discussão Este presente estudo, clínico, controlado e randomizado, teve como objetivo avaliar o efeito da membrana de látex natural com associação de compostos, sobre o reparo de feridas em palato oriundas da remoção de enxerto gengival livre. A membrana de látex já é utilizada como curativo, podendo acelerar o processo cicatricial2,29,44, sem causar injúrias adicionais aos tecidos nos quais ela é colocada, devido à sua biocompatibilidade4. O uso dessa membrana como curativo em palato após remoção de enxerto gengival livre, também já está documentado na literatura70, utilizando-se uma membrana de látex natural, sem adição de compostos, atuando somente como uma barreira física, onde foi avaliada a cicatrização do palato, epitelização e dor relatada pelos pacientes, após a remoção do enxerto no palato. Os autores demonstraram que os pacientes que fizeram uso da membrana, quando comparado ao grupo que não a usou, ainda que sem significância estatística, relataram menos dor. Ainda nesse estudo, a membrana apresentou características físico-químicas fundamentais para o seu uso como veículo de liberação de compostos, como alta elasticidade, superfície lisa e porosidade em nano escala, corroborando com outros trabalhos que a utilizaram para essa aplicação71,78,81,92,93. Sendo assim, em nosso estudo, utilizamos a membrana de látex como um veículo para a liberação de Cetoprofeno e própolis. O Cetoprofeno é um anti-inflamatório não esteroidal (AINE) bastante utilizado em casos de dores crônicas e doenças inflamatórias agudas e de longa duração, como artrite reumatoide71, atenuando células mediadas pela inflamação e retardando a progressão da destruição tecidual em inflamações de articulação94-96. Porém, como citado na literatura, o Cetoprofeno possui efeitos tóxicos ao sistema gastrointestinal73 e uma alternativa para minimizar a incidência desses efeitos adversos, é utilizando-se dos sistemas de liberação de fármacos, forma na qual a membrana de látex tem sido utilizada nos estudos recentes citados. O gel de Cetoprofeno já foi testado com o intuito de ser aplicado localmente e reduzir as adversidades ocasionadas pelo fármaco97,98. Porém, essa forma de aplicação ainda trouxe problemas aos pacientes, como fotosensibilidade e eczemas de contato, que duraram por até 16 dias após a aplicação97,99. Em comparativo nenhum efeito adverso foi encontrado em nossos resultados, com a adição de o grupo com Cetoprofeno ter relatado menos dor. Esses efeitos favoráveis podem estar relacionados com a correta escolha da concentração utilizada. A concentração utilizada em nosso trabalho foi pautada no trabalho de Floriano et al., 201871 que mostrou que o fármaco teve 60% de liberação em 50 horas e, nessas condições, não houve interação química com a membrana e não ocasionando comprometimento a sua resistência mecânica. 43 Produtos e compostos naturais também têm sido citados como opções de curativo de feridas, por possuírem em alguns casos, propriedades anti-inflamatórias, antioxidante e antibacterianas100. A própolis é um candidato farmacológico promissor, que tem sido utilizado por séculos e é relativamente barata101. Esse composto possui propriedades terapêuticas bem estabelecidas, como ação anti-inflamatória102, antioxidante103 e antibacteriana104, além de ser utilizada para tratamento de feridas diabéticas em animais105 e em humanos106,107. A própolis vermelha escolhida para nosso trabalho tem sido difundida principalmente pela sua excelente atividade antimicrobiana108-110. Para este estudo, a concentração da própolis vermelha utilizada foi baseada na literatura, onde para esse tipo de proporção, é comprovado ausência de citotoxicidade, além de possuir uma cinética de liberação de até 42% do composto em 96 horas, sem comprometer as características mecânicas da membrana de látex74. No presente estudo, os parâmetros avaliados foram área da ferida, epitelização e a presença ou não de dor, tanto em região de palato quanto na região de enxertia. A variável qualitativa observada com auxílio da estatística inferencial foi a redução da ferida cirúrgica entre os períodos de 3 e 7 dias, e entre os períodos de 7 e 15 dias, conforme apresentado na tabela 2. Na comparação entre 3 e 7 dias, o grupo látex + cetoprofeno foi diferente (p=0.03) do grupo látex + própolis. Na comparação entre 7 e 15 dias, os grupos foram iguais. Em comparação, com os resultados encontrados em Spin et al., 2021, não houve diferença estatisticamente significativa para esse parâmetro, onde aos 15 dias todos os 14 pacientes do grupo controle já apresentavam a ferida totalmente fechada, enquanto no grupo com membrana de látex havia pacientes sem fechamento de ferida. Para a epitelização os resultados não demonstraram diferença estatística (p=0.72) entre os grupos, em nenhum dos períodos. Aos 3 dias, todos os pacientes ainda eram negativos para esse parâmetro, ou seja, a ferida ainda não se encontrava epitelizada. No período de 7 dias, dois pacientes do grupo com Cetoprofeno apresentaram epítelização da ferida seguido de 1 paciente do grupo com própolis. O grupo controle somente apresentou ser positivo para esse parâmetro, ou seja, havia epitelização da ferida, aos 15 dias, onde 11 dos 15 pacientes do grupo com Cetoprofeno já eram positivos para esse parâmetro, comparados com 7 dos 14 pacientes do grupo com própolis. No período de 30 dias, todos os pacientes apresentavam epitelização das feridas. Este resultado quando comparado com Spin et al., 202170 também mostra que houve uma mudança para esse parâmetro, uma vez que na primeira publicação, os pacientes do grupo com látex apresentaram ser positivos para epitelização somente aos 15 dias, onde todos os pacientes do grupo controle (sem membrana), já estavam com as feridas epitelizadas. Na análise do autorrelato de dor pelos 44 pacientes para os três grupos estudados, houve diferença estatística significativa (p<0.01) entre a dor reportada aos 3 e aos 15 dias e aos 7 e aos 15 dias (diminuição, p<0.01), de 3 para 7 dias não houve diferença significativa entre os grupos, sendo o grupo látex + Cetoprofeno apresentou menor dor em todos os períodos. Quando comparados dentro de cada período, os grupos foram iguais em todos os períodos estudados. A membrana de látex parece influenciar positivamente na diminuição da dor relatada pelo paciente, como já citado na literatura70, onde embora sem diferença estatisticamente significativa, o grupo com membrana de látex apresentou menor percentual de dor em média, se comparado ao grupo controle, em todos os períodos. No presente estudo. os resultados o grupo com própolis teve maior relato de dor e cicatrização mais demorada em relação aos outros grupos. Uma hipótese para isso, é que aos 3 dias de pós-operatório, é observado a formação de um exsudato ao redor da ferida já demonstrado em outro trabalho70, indicando um processo exacerbado de atividade celular inflamatória. Uma hipótese é de haja uma interação desse exsudato com a própolis capaz de influenciar sua ação, fazendo com que ela não tenha a eficácia esperada. O processo de cicatrização é um uma reação fisiológica natural à uma injúria tecidual, sendo altamente complexo, envolvendo inúmeros tipos de células, citocinas e mediadores111. Porém, mesmo com a impossibilidade até o momento, de se eliminar para sempre a necessidade de uma ferida, os estudos com métodos para lidar com esse problema continuam expandindo, seja com o uso de fármacos, seja com o uso de curativos ou a combinação dos dois93,112. Embora a eficácia da própolis como anti-inflamatório já esteja comprovada pela literatura, em nosso trabalho os resultados referentes à redução da área da ferida, mostraram que o grupo látex + Cetoprofeno apresentou um resultado mais expressivo, com uma redução de área da ferida mais rápida do que quando comparado com o grupo látex + própolis. Esses resultados podem estar relacionados ao mecanismo de ação do Cetoprofeno. Pertencente aos derivados do ácido propiônico, esse fármaco possui propriedades analgésicas, antipiréticas e anti-inflamatórias113, onde sua atividade farmacodinâmica está relacionada à inibição da enzima COX, interferindo no metabolismo do ácido araquidônico e, consequentemente, atuando sobre a produção de prostaglandinas. Embora o seu uso de forma oral possa trazer complicações para o trato gastrointestinal, como já citado anteriormente, a aplicação tópica do Cetoprofeno por um veículo de liberação minimiza esses problemas. Da mesma forma, possivelmente o resultado positivo encontrado em nosso estudo se relaciona ao fato do fármaco atingir uma concentração plasmática ideal por ser liberado localmente, como visto em outros trabalhos71,114, e assim, a membrana pode 45 liberar o medicamento por um longo período de tempo, de modo que este permaneça continuamente presente no tecido aplicado115. Além disso, o Cetoprofeno apresenta uma capacidade de penetração quando aplicado localmente, melhor do que outros AINE’s114, o que associado com a capacidade da membrana de látex em atuar como um meio efetivo de liberação, poderia explicar a rápida redução da área ferida. Da mesma forma, dada a facilidade em se modificar as características de superfície da membrana de látex, este material se torna favorável para aplicações biomédicas podendo ser adequada de acordo com o meio na qual for aplicada. 5 Conclusão Embora ainda sejam necessárias novas avaliações sobre como é o mecanismo de ação exato exercido tanto pelo Cetoprofeno quanto pela própolis, especificamente sobre a ferida do palato, os resultados obtidos demostraram, que o uso da membrana de látex com a associação de compostos não promoveu qualquer injúria ao palato dos pacientes, sem interferir no processo cicatricial, onde o grupo associado ao Cetoprofeno apresentou uma cicatrização mais rápida e com menor relato de dor. Mais estudos devem ser realizados buscando uma concentração ideal dos compostos associados ao látex para cicatrização. 46 Referências 1. Herculano R, Silva C, Ereno C, Guimaraes S, Kinoshita A, Graeff C. Natural Rubber Latex Used as Drug Delivery System in Guided Bone Regeneration (GBR). Materials Research-Ibero-American Journal of Materials. 2009;12:253-6. 2. Herculano R, Guimarães S, Belmonte G, Duarte M, Oliveira O, Kinoshita A, et al. Metronidazole Release Using Natural Rubber Latex as Matrix. Materials Research-Ibero- American Journal of Materials. 2010;13:57-61. 3. Mrue F, Netto JC, Ceneviva R, Lachat JJ, Thomazini JA, Tambelini H. Evaluation of the biocompatibility of a new biomembrane. Materials Research. 2004;7:277-83. 4. Mendonça RJ, Maurício VB, de Bortolli Teixeira L, Lachat JJ, Coutinho-Netto J. Increased vascular permeability, angiogenesis and wound healing induced by the serum of natural latex of the rubber tree Hevea brasiliensis. 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De forma geral, a utilização das membranas não trouxe prejuízos para a cicatrização do palato além de diminuir a dor relatada pelos pacientes, seja com a incorporação de compostos ou não. Em relação ao estudo 1, onde avaliamos a redução da área da ferida, epitelização e dor relatada, foi observado que sobre a epitelização da ferida, não houve diferença estatística entre os grupos. Aos 3 dias observamos um halo esbranquiçado nas bordas das feridas do grupo com membrana de látex, processo comum encontrado no fechamento de feridas decorrente de uma proliferação epitelial na região da injúria, podendo estar relacionado com a alta atividade angiogênica do látex116, além de aumento na permeabilidade vascular durante o processo de cicatrização4. Embora os resultados na epitelização da ferida do grupo látex não tenham sido superiores ao grupo controle, o relato de dor pelo paciente através da escala de VAS, apresentou uma diminuição significativa, o que pode estar relacionado algumas proteínas encontradas no látex, como a heveína, que possui atividade antimicrobiana e antifúngica117,118, diminuindo o processo inflamatório e com isso, diminuindo a sensação de dor pelo paciente. Embora os resultados não tenham apresentado superioridade na cicatrização com o uso do látex, este primeiro estudo foi fundamental para possibilitar um novo trabalho para avaliar a incorporação de compostos na membrana de látex. Isso foi possível pelo fato da membrana de látex permitir um controle de porosidade durante sua fabricação, característica mecânica que promove a liberação compostos119, importante na integração entre o tecido vivo e o material implantado120, corroborando com o que encontramos em nosso trabalho através dos testes de caracterização da membrana. No estudo 2, teve-se como objetivo avaliar os mesmos parâmetros do estudo 1, porém com a associação de compostos, Cetoprofeno e própolis, à membrana de látex. O uso da membrana de látex para essa aplicação já é difundido na literatura por conta de suas propriedades físico-químicas favoráveis70,71,81. 52 O Cetoprofeno é bastante citado na literatura como o anti-inflamatório de escolha em muitos casos de inflamações agudas e crônicas71, porém, seus efeitos colaterais envolvendo o sistema gastrointestinal também são bastante discutidos73, mesmo quando aplicado localmente98. Em nosso estudo, o grupo com associação de Cetoprofeno não apresentou nenhum tipo prejuízo ao processo cicatricial, da mesma forma não trouxe nenhuma manifestação sistêmica indesejada. Além disso, esse grupo apresentou menor dor em todos os períodos quando comparado com os grupos controle e com látex associado à própolis. Quanto a área da ferida, aos 15 dias o grupo com Cetoprofeno possuía menor área de ferida em relação ao grupo com própolis, onde para a análise de redução da ferida (variável quantitativa), houve diferença significativa de 3 para 7 dias entre o grupo látex + própolis e o grupo látex + Cetoprofeno. Da mesma forma, para a epitelização, aos 15 dias o grupo com Cetoprofeno também se mostrou superior. Uma explicação para esses achados pode estar relacionada ao exsudato encontrado aos 3 dias de pós-operatório, onde para o desafio inflamatório presente, a concentração de própolis utilizada não atinja a eficácia esperada, sendo assim, novos estudos estão sendo feitos com novas caracterizações da própolis em diferentes modelos de feridas121. 53 5 CONCLUSÃO Pode-se concluir que o uso da membrana de látex não prejudicou o processo de cicatrização do palato, estando relacionada com o menor relato de dor pelos pacientes. A incorporação de cetoprofeno na membrana de latex não interferiu na cicatrização da ferida e diminuiu a dor no pós operatório. 54 Referências 1. Griffin TJ, Cheung WS, Zavras AI, Damoulis PD. Postoperative complications following gingival augmentation procedures. J Periodontol. 2006; 77(12): 2070-9. 2. Ereno C, Guimarães SAC, Pasetto S, Herculano RD, Silva CP, Graeff CFO et al. Latex use as an occlusive membrane for guided bone regeneration. 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