% %% � � � , , ,, � �� �� e ee @ @@ l l l Q QQ HHPPPXXX hhhh (((( ��� IFT Instituto de Física Teórica Universidade Estadual Paulista TESE DE DOUTORAMENTO IFT�T.004/10 Evolução Cosmológica de Perturbações de Densidade Inhomogêneas Alberto Sanoja Orientador Prof. Dr. Rogério Rosenfeld Dezembro de 2010 El cientí�co no estudia la naturaleza porque es útil, sino porque le cautiva, y le cautiva porque es bella. Si la naturaleza no fuera hermosa, no valdría la pena conocerla, y si no valiera la pena conocerla, tampoco valdría la pena vivir. Por supuesto, no me re�ero aquí a la belleza que estimula los sentidos, la de las cualidades y las apariencias; no es que la desdeñe, en absoluto, sino que ésta nada tiene que hacer con la ciencia. Me re�ero a la belleza más profunda, la que procede del orden armonioso de las partes y que puede captar una inteligencia pura. Henri Poincaré Agradecimentos Eu gostaria expressar minha gratidão a Rogério Rosenfeld e Thiago Pereira pelas suas discussões, sugestões e ajuda. Ademais, quero agradecer de forma especial a Almeira Sampson pelo seu apoio, ajuda e valiosos conselhos ao longo da realiza- ção deste trabalho. Por último, quero agradecer a CAPES por prover o suporte �nanceiro para a realização deste trabalho. i Resumo Fazemos uma revisão do modelo cosmológico padrão, apresentando suas bases ob- servacionais e mostrando os aspectos conceituais mais relevantes. Depois realizamos uma revisão da teoria de in�ação, indicando as motivações conceituais que levaram à formulação da teoria, o mecanismo que faz possível a in�ação cósmica e como esse processo resolve os problemas clássicos da cosmologia padrão. Após mostrar que a in�ação é um mecanismo bem-sucedido para explicar a origem das perturbações de densidade primordiais, concentramo-nos em descrever a evolução das perturbações de densidade cosmológica, tanto na sua fase linear como não-linear. Além disso, mostramos como o campo de perturbações de densidade linear permite predizer estatisticamente a abundância e a distribuição das estruturas cósmicas. Posterior- mente, consideramos a expansão acelerada do universo e discutimos os candidatos que têm sido propostos para tentar explicar a origem dessa aceleração, especialmente o candidato da energia escura, no qual nos detemos para revisar os modelos bási- cos propostos com respeito à sua natureza. Adicionalmente, mostramos como sua presença afeta a evolução das perturbações de densidade. Finalmente, baseando- nos no modelo de Lemaître-Tolman-Bondi, fazemos uma generalização do modelo do colapso esférico para estudar a evolução não-linear de perturbações de densi- dade inhomogêneas, tanto em um universo Einstein-de Sitter como em um universo ΛCDM. Palavras chaves: Formação de estruturas; modelo de colapso esférico; modelo de Lemaître-Tolman-Bondi, perturbações de densidade inhomogêneas. Área de conhecimento: Cosmologia. ii Abstract We present a review of the standard cosmological model, showing both its observa- tional basis as well as the most revelant conceptual aspects. Subsequently, we give an overview of the in�ation theory , pointing out the conceptual motivations that led to its formulation, the mechanism that allow the cosmic in�ation and how that process resolves the classical problems of the standard cosmology. After showing that the in�ation theory provides a successful mechanism to explain the origin of the primordial density perturbations, we focus on describing the evolution of the cos- mological density perturbations, both in linear and nonlinear phase. On the other hand, we show how the linear density perturbation �eld allows to predict statisti- cally the abundance and distribution of the cosmic structures. Next, we consider the accelerated expansion of the universe and mention the candidates that have seen proposed to try to explain the origin of the acceleration; especially the dark energy candidate, in which we pause to examine the basic models proposed about its nature. Further, we expose how its presence a�ects the evolution of the density per- turbations. Finally, based on the Lemaître-Tolman-Bondi, we make a generalization of the spherical collapse model to study the evolution of inhomogeneous nonlinear density perturbations, both in an Einstein-de Sitter as ΛCDM universe. iii Sumário Introdução 1 1 Modelo Cosmológico Padrão 3 1.1 Bases Observacionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3 1.1.1 A expansão do universo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3 1.1.2 A abundância de elementos leves . . . . . . . . . . . . . . . . 4 1.1.3 A radiação cósmica de fundo (RCF) . . . . . . . . . . . . . . . 4 1.1.4 As estruturas cósmicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4 1.2 Cinemática do Espaço-Tempo no Modelo Cosmológico Padrão . . . . 5 1.2.1 A métrica de Friedmann-Robertson-Walker (FRW) . . . . . . 5 1.2.2 Movimento de partículas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7 1.2.3 Propagação da luz . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7 1.2.4 Tipos de espaço . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8 1.2.5 Distância própria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9 1.2.6 Distância de Hubble . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10 1.2.7 Distância ao horizonte . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11 1.3 Dinâmica do Espaço-Tempo de Friedmann- Robertson-Walker . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11 1.3.1 Equações básicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12 1.3.2 Soluções para a (t) e ρ (t) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13 1.3.3 Idade do universo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14 1.4 Termodinâmica do Universo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15 1.4.1 Equilíbrio termodinâmico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15 1.4.2 Entropia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16 iv 2 Teoria da In�ação 18 2.1 Problemas da Cosmologia Padrão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18 2.1.1 Problema do horizonte . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19 2.1.2 Problema da planura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19 2.1.3 Problema dos monopolos magnéticos . . . . . . . . . . . . . . 20 2.1.4 Problema das estruturas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20 2.2 Dinâmica da In�ação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21 2.3 Como In�ação resolve os Problemas da Cosmologia Padrão . . . . . . 25 2.3.1 Problema do horizonte . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25 2.3.2 Problema da planura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26 2.3.3 Problema dos monopolos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27 2.3.4 Problema das estruturas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27 3 Descrição das Perturbações de um Campo Escalar 32 3.1 Fluido de um campo escalar homogêneo . . . . . . . . . . . . . . . . 32 3.2 Fluido de um campo escalar inhomogêneo . . . . . . . . . . . . . . . 34 4 Formação de Estruturas 38 4.1 Teoria Linear . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38 4.2 Os efeitos da expansão acelerada del universo . . . . . . . . . . . . . 42 4.3 Modelo do Colapso Esférico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46 4.4 Formalismo de Press-Schechter . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52 5 Perturbações de Densidade Inhomogêneas 55 5.1 O caso sem pressão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55 5.2 O caso com pressão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68 Conclusões 73 A Soluções Paramétricas 75 B Tensores 76 Referências Bibliográ�cas 78 v Introdução Entender a formação de estruturas em grande escala, como galáxias, aglomerados de galáxias e super-aglomerados de galáxias, é um dos maiores desa�os da cosmologia atual. Suas pesquisas serão usadas para determinar os parâmetros cosmológicos fundamentais em futuros levantamentos do desvio para o vermelho de galáxias, tais como o Dark Energy Survey [1], o Large Synoptic Survey telescope [2], o Euclid Survey [3] e DEEP2 Redshift Survey [4]. Além disso, oferece um cenário para a física de partículas testar teorias sobre a natureza da matéria escura e energia escura. A imagem fundamental para a formação de estruturas em grande escala sugere que pequenas perturbações geradas por �utuações quânticas na fase in�acionária crescem na matéria escura para formar poços de potencial gravitacional onde os bárions caem posteriormente. A parte linear desse processo na matéria escura é bem entendida e descrita pela teoria das perturbações lineares [5, 6]. No entanto, a etapa não lin- ear não admite um tratamento com estes métodos perturbativos, mesmo nos casos em que apenas a matéria escura está presente. Então, usualmente se apela a sim- ulações numéricas de N-corpos com o �m de obtermos a distribuição de massa de grandes halos de matéria escura. Infelizmente, estas simulações são custosas; por- tanto é desejável uma ferramenta simples para poder determinarmos propriedades de halos de matéria escura. Tal modelo é conhecido como o modelo do colapso esférico [7]. Nesse modelo extremamente simples, uma perturbação esféricamente simétrica e homogênea, chamado per�l de densidade top-hat, evolui dentro de um universo homogêneo em expansão. Os argumentos de simetria mostram que pode-se considerar a região sobredensa como um mini-universo de curvatura positiva. Con- sequentemente, a equação de continuidade e de Raychadhury podem ser usadas para descrever a evolução da densidade e o raio da perturbação esférica [8, 9]. Quando esta se combina com o formalismo de Press-Schechter [10], este marco fornece uma base estatística para a formação de estruturas, da qual a densidade de número de halos de matéria escura podem ser estimados. O modelo de colapso esférico tem sido recentemente usado para estudar a formação de estruturas em modelos com uma simples modi�cação tipo Yukawa da gravidade 1 [11], em modelos f (R) [12], em cosmologia de branas [13], em modelos que permitem �utuações de energia escura [14, 15, 16, 17, 18, 19, 20, 21, 22, 23, 24] e em os modelos chamados de camaleão [25]. O objetivo deste estudo é relaxar a suposição de um per�l top-hat e estudar a evolução não-linear de uma perturbação esférica inhomogênea en um marco com- pletamente relativista. Para cumprir com esse objetivo, empregaremos o modelo de Lemaître-Tolman-Bondi [26, 27, 28], que procura descrever um universo inho- mogêneo e isotrópico. Este modelo foi pouco usado desde sua publicação até a descoberta da expansão acelerada do universo [29, 30]. A partir desse momento foi revivido para tentar explicar tais observações [27, 28, 31, 32, 33, 34]. Para nossa �- nalidade, o aplicaremos não para um universo inteiro, mas para descrever a evolução de perturbações de densidade [35]. 2 Capítulo 1 Modelo Cosmológico Padrão A cosmologia padrão é uma teoria bem-sucedida, que resulta de aplicar a relatividade geral a um universo homogêneo e isotrópico. Ela fornece uma descrição apropriada do universo observável, desde as primeiras frações de segundo depois do Big Bang até o presente. A cosmologia padrão descreve a origem, a geometria, a evolução, a composição, estrutura e o possível futuro do universo. O conjunto de evidências observacionais que sustentam a teoria são: a expansão do universo, percebida pelo desvio para o vermelho de galáxias distantes, a nucleossíntese primordial, con�rmada pela observação da abundância de elementos leves como Hidrogênio, Deutério, Hélio e Lítio, a radiação de fundo de microondas, e a formação de estruturas cósmicas, sua abundância e distribuição. 1.1 Bases Observacionais 1.1.1 A expansão do universo A expansão do universo é a caraterística mais fundamental da cosmologia padrão. Foi descoberta em 1929 por Edwin Hubble e joga um papel importante na cosmologia observacional. As galáxias que pertencem a outros aglomerados de galáxias estão se afastando de nós com uma velocidade que é proporcional à distância que se encontram de nós. Este comportamento é revelado pelo red shift do espectro da luz que nos chega dessas galáxias e é expressado pela lei de Hubble. Se todo o espaço se expandir a mesma escala em um intervalo de tempo dado, então as galáxias se expandirão umas com respeito às outras, de maneira que, as galáxias distantes se moverão relativamente mais rapidamente do que as galáxias próximas. A lei de Hubble é o comportamento esperado para um universo homogêneo e isotrópico em expansão, tal como é corroborado pelas observações. 3 1.1.2 A abundância de elementos leves A nucleossíntese é a formação de núcleos atômicos leves que resulta da fusão de prótons e nêutrons. Essas reações nucleares tomaram lugar entre os 0,01 segundos e 3 minutos depois do Big Bang, a uma temperatura aproximada de 10MeV até 0, 01MeV , resultando na produção de quantidades substancias de Deutério, com uma proporção relativa de D H ≈ 10−5, de Hélio 3, com 3He H ≈ 10−5, de Hélio 4, com 4He H ≈ 0, 24, e de Lítio 7, com 7Li H ≈ 10−10. A abundância predita depende da densidade de matéria presente nesse momento. A comparação e concordância da abundância predita e observada para estes 4 isótopos fornece uma con�rmação muito poderosa da cosmologia padrão. A nucleossíntese, de fato, fornece a determinação mais precisa da densidade de bárions a qual é Ωb ≈ 0, 0449 [36] . 1.1.3 A radiação cósmica de fundo (RCF) A teoria do Big Bang prediz que o universo primordial foi um lugar muito quente. Quando o universo se expande, a radiação se esfria; portanto o universo deveria estar permeado por uma radiação que é o calor remanecente deixado desde o Big Bang, chamada a RCF. A RCF fornece a evidência de que o universo começou com um Big Bang quente. A medição do espectro de energia, feitas no presente, são consistentes com a de um corpo negro a T ≈ 2, 725K [37]. Tal temperatura corresponde a uma densidade de número para os fótons de n ≈ 422 cm−3. O alto grau de isotropía, ∆T T ≈ 10−5 [37], provê uma evidência forte para o nível de homogeneidade e isotropía em larga escala do universo observável e também fornece uma evidência importante das condições presentes no universo com um red shift de z ≈ 1100, correspondendo a uma idade do universo de t ≈ 3, 8 × 105 anos. As perturbações de densidade primordiais necessárias para iniciar a formação de estruturas resulta em �utuações de temperatura na RCF. Tais anisotropias da RCF fornecem uma con�rmação poderosa das teorias de formação de estruturas. 1.1.4 As estruturas cósmicas Apesar que o universo é homogêneo para escalas maiores que 100Mpc, em escalas menores o universo atual é muito inhomogêneo. Este contém inhomogeneidades como galáxias e aglomerados de galáxias. A densidade dentro de uma galáxia é cerca de 105 vezes maior que a densidade média do universo e dentro de um aglom- erado de galáxias é cerca de 103 vezes [38]. A cosmologia padrão fornece um marco para entender a formação de estruturas cósmicas tais como galáxias e aglomerados 4 de galáxias observados atualmente no universo. Ela assume a existência de pequenas perturbações de densidade presentes no universo, que depois por instabilidade grav- itacional ampli�caram-se e terminam dando origem a estruturas cósmicas. Os val- ores preditos pelas teorias de formação de estructuras dentro do marco da cosmologia padrão concordam com os parâmetros associados às estruturas cósmicas observadas e além disso prediz sua abundância e distribuição observada. Este mecanismo de instabilidade gravitacional é uma parte geralmente aceita da cosmologia padrão. 1.2 Cinemática do Espaço-Tempo no Modelo Cos- mológico Padrão 1.2.1 A métrica de Friedmann-Robertson-Walker (FRW) As observações cosmológicas têm demostrado que o universo observável é estatísti- camente homogêneo e isotrópico em largas escalas. A métrica de FRW é a maneira matemática de expressar as noções de homogeneidade e isotropia do espaço-tempo. Para obter a métrica de FRW fazemos as seguintes considerações: 1. O espaço-tempo é dividido em tri-superfícies com t = constante; 2. Cada tri-superfície é homogênea e isotrópica; 3. Em cada tri-superfície colocamos um sistema de coordenadas comóvel para eti- quetar a posição de um objeto com um conjunto de coordenadas xi = (r, θ, ϕ); 4. A coordenada t é o tempo próprio do objeto. O elemento de linha na tri-superfície é dσ2 = fij (t) dxidxj (1.1) e usando a isotropia espacial fij (t) = a2 (t)hij (1.2) na qual hij é independente do tempo. Portanto, o elemento de linha do espaço-tempo completo é 5 ds2 = dt2 − 2g0idx 0dxi − a2 (t)hijdx idxj (1.3) Os elementos g0i são zero porque o vetor ~e0 é tangente à linha de mundo da galáxia e o vetor ~ei é tangente à tri-superfície t = constante. Portanto g0i = ~e0~ei = 0 (1.4) tal que ds2 = dt2 − a2 (t)hijdx idxj (1.5) A métrica hij descreve a tri-superfície isotrópica ao redor de qualquer ponto, em particular é esféricamente simétrica em torno da origem e portanto escolhemos co- ordenadas esféricas, de forma que dl2 = hijdx idxj = e2λ(r)dr2 + r2 ( dθ2 + sin2 θdϕ2 ) (1.6) Calculando o escalar de curvatura para esta métrica, obtemos 3R = 2 r2 { e−2λ(r) [2r∂rλ (r)− 1] + 1 } (1.7) Da homogeneidade espacial, tomamos o escalar de curvatura constante, de maneira que 3R = 6k (1.8) A solução a (1.7) e (1.8) é e2λ(r) = 1 1− kr2 + M r (1.9) na qual M é uma constante de integração. Pelo princípio de equivalência, grr → 1 quando r → 0 , de maneira que M = 0. Por conseguinte, a métrica global resulta ds2 = dt2 − a2 (t) { dr2 1− kr2 + r2 ( dθ2 + sin2 θdϕ2 )} (1.10) a qual é chamada a métrica de Friedmann-Robertson-Walker. 6 1.2.2 Movimento de partículas Considere uma partícula movendo-se com uma quatro-velocidade uα = (u0, ui) com respeito ao sistema comóvel, a qual segue uma geodésica descrita por duα ds + Γαβσu βuσ = 0 (1.11) Consideremos a componente α = 0; neste caso, a única componente não nula da conexão Γ0 βσ é Γ0 ij = Ṙ R hij, e como u2 = hiju iuj, a equação (5.76) resulta du0 ds + ȧ a u2 = 0 (1.12) Como (u0) 2 − u2 = 1, então u0du0 = udu e a equação (1.12) pode ser escrita como 1 u0 du ds + ȧ a u = 0 (1.13) Já que u0 = dt ds , a equação (1.13) resulta u̇ u + ȧ a = 0, a qual tem como solução u ∝ 1 a (1.14) Portanto, para partículas movendo-se livremente no espaço-tempo de FRW, suas velocidades peculiares tendem a desaparecer pela expansão do universo, tendendo ao repouso com respeito ao sistema comóvel. 1.2.3 Propagação da luz Supúnhamos que um raio de luz que foi emitido em um tempo t1 por uma galáxia localizada em r1 é recebido em um instante t0. Uma seguinte onda é emitida no tempo t1 + dt1 , a qual é recebida no tempo t0 + dt0. Já que a luz se propaga sobre a geodésica nula ds2 = 0, temos ˆ t0 t1 dt a (t) = ˆ t0+dt0 t1+dt1 dt a (t) = ˆ r1 0 dr√ 1− kr2 ≡ f (r1) (1.15) Como dt1 e dt0 são pequenos com respeito à escala de tempo da expansão, obtemos dt0 a (t0) = dt1 a (t1) (1.16) 7 Já que dt1 e dt0 são o intervalo de tempo próprio para a emisão e recepção dessas ondas, resulta que o comprimento de onda dos raios de luz é (em unidades c = 1) λ1 = dt1 e λ0 = dt0, tal que λ0 λ1 = a (t0) a (t1) (1.17) Se nós de�nirmos o desvio para o vermelho, como z = λ0−λ1 λ1 , resulta que 1 + z = a (t0) a (t1) (1.18) Este desvio para o vermelho é um efeito Doppler devido à expansão do espaço. 1.2.4 Tipos de espaço Pode ser mostrado que a distorsão correspondente do espaço, devido aos efeitos gravitacionais da matéria e a energia, pode ter apenas uma de três formas possíveis. De (5.75), consideremos o elemento de linha da tri-superfície t = t0 dσ2 = a2 (t0) { dr2 1− kr2 + r2 ( dθ2 + sin2 θdϕ2 )} (1.19) Do elemento de linha (1.19) há três tipos diferentes de espaço, correspondendo a diferentes valores de k. • Caso k = +1 o universo fechado. Fazendo a mudança de variável r = sin l , o elemento de linha (1.19) pode se escrever dσ2 = a2 (t0) { dl2 + sin2 l ( dθ2 + sin2 θdϕ2 )} (1.20) Este é o elemento de linha de uma tri-superfície esférica cujo volume correspondente é V = ˆ R3 √ gd3x = 2π2a3 (t0) (1.21) Em um universo fechado há um número �nito de galáxias. • Caso k = 0 o universo plano. 8 O elemento de linha (1.19) resulta dσ2 = a2 (t0) { dr2 + r2 ( dθ2 + sin2 θdϕ2 )} (1.22) Este elemento de linha descreve uma tri-superfície plana cujo volume associado é V = ˆ R3 √ gd3x =∞ (1.23) Em um universo plano há um número in�nito de galáxias. • Caso k = −1 o universo aberto. Fazendo a troca de variável r = sinh l, o elemento de linha (1.19) torna-se dσ2 = a2 (t0) { dl2 + sinh2 l ( dθ2 + sin2 θdϕ2 )} (1.24) Esse elemento de linha descreve uma tri-superfície hiperbólica cujo volume corresp- ndente é V = ˆ R3 √ gd3x =∞ (1.25) Em um universo aberto há um número in�nito de galáxias. 1.2.5 Distância própria Para k = +1, 0,−1 é possível de�nir a distância entre duas galáxias, chamada distância própria ou física, denotada por s (t). Se etiquetarmos uma galáxia como a origem, com coordenadas r = 0, e outra galáxia com coordenadas (r, θ, ϕ), ambas no sistema comóvel, então, da métrica (5.75) nós obtemos s (t0) = a (t0) ˆ r 0 dr′√ 1− kr′2 (1.26) • Para k = +1, e estabelecendo r = sin l s (t0) = a (t0) arcsin r (1.27) • Para k = 0 9 s (t0) = a (t0) r (1.28) • Para k = −1, e fazendo r = sinh l s (t0) = a (t0) arcsinh r (1.29) Se quisermos a distância própria em qualquer tempo t , escrevemos s (t) = a (t) a (t0) s (t0) (1.30) Derivando a expressão (1.30) com respeito ao tempo, obtemos v (t) = ds (t) dt = ȧ (t) a (t0) s (t0) = ȧ (t) a (t) { a (t) a (t0) s (t0) } = H (t) s (t) (1.31) na qual H (t) ≡ ȧ(t) a(t) é chamado o parâmetro de Hubble. A relação (1.31) é conhecida como a lei de Hubble. Esta lei governa para escalas de longitude maiores do que 100Mpc, na qual o universo é estatísticamente homogêneo e isotrópico. A estas escalas, a velocidade de expansão das galáxias domina qualquer movimento local ou velocidades que elas poderiam adquirir da atração gravitacional de outras galáxias próximas. A escalas menores do que 100Mpc, o movimento de galáxias próximas é dominado pelas inhomogeneidades no campo gravitacional, o qual leva a movimentos locales que resistem a expansão de Hubble. A velocidade destes objetos relativo ao sistema comóvel é conhecida como velocidade peculiar. Em conclusão, a lei de Hubble é válida apenas para escalas de homogeneidade. 1.2.6 Distância de Hubble Consideremos a lei de Hubble v (t) = H (t) s (t) (1.32) Esta relação nos diz que a velocidade de recessão de uma galáxia é proporcional à distância própria. Agora, considere uma distância tal que a velocidade da galáxia é a velocidade da luz (em unidades c = 1) 1 = H (t) s (t) (1.33) 10 Portanto, dl ≡ s (t) = H−1 (t) (1.34) Essa é chamada a distância de Hubble, a qual de�ne o horizonte de Hubble. Toda galáxia localizada na superfície do horizonte de Hubble se afasta de nós à velocidade da luz. 1.2.7 Distância ao horizonte Um universo em expansão tem um horizonte de partículas [39, 40, 41], uma fronteira além da qual a comunicação causal não pode acontecer . A distância ao horizonte pode ser de�nida como a distância máxima que a luz tem viajado desde o Big Bang até o presente. A distância ao horizonte de�ne o universo observável. Considere um raio de luz viajando radialmente desde o Big Bang, o qual tem asociado coordenadas(0, r), até o presente, o qual tem associado coordenadas (t, 0). Como os raios de luz descrevem geodésicas nulas, resulta que ˆ t 0 dt′ a (t′) = ˆ r 0 dr′√ 1− kr′2 (1.35) e a distância própria desde nós r = 0 até o horizonte r = rh resulta dh = ˆ rh 0 √ grrdr = a (t) ˆ rh 0 dr′√ 1− kr′2 = a (t) ˆ t 0 dt′ R (t′) (1.36) Se a integral à direita converge no limite t → 0, nós obtemos um horizonte de partículas. Se diverge, dh é in�nito e o universo completo está causalmente conec- tado. 1.3 Dinâmica do Espaço-Tempo de Friedmann- Robertson-Walker Nós mostraremos que o fator de escala a (t) é determinado pelas equações de Ein- stein, dependendo do contéudo material do universo que consideremos. Assumimos que a distribuição material no universo é homogênea e isotrópica, representada pelo tensor de energia-momento de um �uido perfeito. 11 1.3.1 Equações básicas Consideremos as equações de Einstein Gab = 8πGTab (1.37) na qual Tab = (ρ+ p)uaub − pgab (1.38) é o tensor de energia-momento de um �uido perfeito, ρ é a densidade, p é a pressão, e gab é a métrica de FRW. Para a componente t− t obtemos a equação de Friedmann ȧ2 a2 + k a2 = 8πG 3 ρ (1.39) Para a componente r − r obtemos 2 ä a + ȧ2 a2 + k a2 = −8πGp (1.40) As equações para as componentes θ−θ e ϕ−ϕ são iguais à equação (1.40), enquanto as equações para as componentes 0− i são idênticamente zero. Consideremos a equação de continuidade ∇aT ab = 0 (1.41) Para a componente t obtemos a equação ρ̇+ 3 ȧ a (ρ+ p) = 0 (1.42) Podemos combinar a equação (1.39) e (1.40) para obter ä a = −4πG 3 (ρ+ 3p) (1.43) a qual é conhecida como a equação de aceleração. Assumimos também uma equação de estado p = ωρ (1.44) 12 onde ω é um parâmetro, que para a radiação tem o valor ω = 1 3 e para a matéria ω = 0. Nós temos quatro equações com as incógnitas a (t), ρ (t) e p (t), tal que o sistema resulta inde�nido. Como as equações de Einstein são relacionadas com as equações de continuidade pelas identidades de Bianchi, então é usual escolher as equações (1.39), (1.42) e (1.44). Dividindo a equação de Friedmann (1.39) por H, podemos rescrevê-la como k H2a2 = Ω (t)− 1 (1.45) na qual Ω ≡ ρ ρc é o razão entre a densidad e a densidade crítica ρc ≡ 3H2 8πG . Já que H2a2 ≥ 0, há uma correspondência entre o sinal de k e Ω, as quais são k = +1→ Ω > 1 (1.46) k = 0→ Ω = 1 (1.47) k = −1→ Ω < 1 (1.48) Portanto, um universo com uma densidade igual à densidade critica tem curvatura espacial zero. De�namos o raio físico de curvatura do universo. É claro que os efeitos de curvatura são signi�cativos para r ∼ |k|− 1 2 , de maneira que Rcur ≡ a (t) |k|− 1 2 . Usando a equação (1.45) obtemos Rcur = H−1 |Ω− 1| 1 2 (1.49) Um universo com densidade próxima à densidade crítica Ω → 1 é quase plano Rcur →∞. 1.3.2 Soluções para a (t) e ρ (t) Das equações (1.39), (1.42) e (1.44) podemos encontrar as soluções para o fator de escala e a densidade para diferentes contéudos materiais do universo. • Universo dominado por radiação 13 a (t) = a0 ( t t0 ) 1 2 ρ (t) = ρ0 { a (t) a0 }−4 (1.50) • Universo dominado por matéria a (t) = a0 ( t t0 ) 2 3 ρ (t) = ρ0 { a (t) a0 }−3 (1.51) Da forma para o fator de escala, e usando as equações (1.34) e (1.36), são obtidas a distância de Hubble e a distância ao horizonte de partículas. • Para radiação dl = 2t dh = 2t (1.52) • Para matéria dl = 3 2 t dh = 3t (1.53) Notemos que na época dominada por radiação, dl e dh aumentam à mesma veloci- dade, de maneira que o horizonte de Hubble concorda com o horizonte de partículas no universo cedo. Atualmente, o universo observável tem uma distância de Hubble de 13, 7×109 anos- luz, e a distância ao horizonte de patículas é de 46× 109 anos-luz. As galáxias que se encontram entre a esfera de Hubble e o horizonte de partículas estão se afastando de nós com uma velocidade de recessão maior do que a velocidade da luz. 1.3.3 Idade do universo Os astrônomos estimam a idade do universo de dois modos: 1. Estudando as estrelas mais antigas. 2. Medindo a taxa de expansão do universo. Usando o segundo modo, a equação (1.39) pode ser integrada para obter a idade do universo em função dos parâmetros cosmológicos atuais. t = 1 H0 ˆ 1 1+z 0 dx x {∑ i Ω0 ix −3(1+ωi) } 1 2 (1.54) 14 onde H0 é o parâmetro de Hubble no presente, Ω0 i é o parâmetro de densidade de cada componente no presente, e ωi é o parâmetro da equação de estado de cada componente. A idade do universo corresponde a z = 0. Segundo as observações atuais, a idade do universo corresponde a t0 = 13, 75× 109 anos [36]. 1.4 Termodinâmica do Universo Durante a história passada do universo, a maioria dos constituintes do universo estiveram em equilíbrio térmico. 1.4.1 Equilíbrio termodinâmico Na cosmologia padrão, o universo primordial é considerado homogêneo e isotrópico, prenchido com um gás em equilíbrio térmico, o qual está constituído por todas as partículas do modelo padrão. A densidade de energia ρ e a pressão p de todas as partículas em equilíbrio podem ser expressas em termos da temperatura T da radiação eletromagnética [41] como p = 1 3 ρ = π2 90 g∗T 4 (1.55) na qual g∗ = ∑ i=b gi ( Ti T )4 + 7 8 ∑ i=f gi ( Ti T )4 (1.56) conta o número total de graus de liberdade sem massa efetiva entre partículas bosôni- cas e fermiônicas do modelo padrão. A soma corre sobre as partículas com massa mi � T , ou seja, partículas relativistas. Para T � 1MeV , as únicas partículas relativistas são os três tipos de neutrinos e o fóton, assim que, g∗ = 3.36; Para 1MeV ≤ T ≤ 100MeV , o elétron e o pósitron são graus de liberdade rela- tivistas adicionais, portanto g∗ = 10.75; Para T ≥ 100MeV , todas as partículas do modelo padrão são relativistas, de maneira que g∗ = 106.5. 15 1.4.2 Entropia A entropia em um volume comóvel provê uma quantidade muito útil durante a expansão do universo. Aplicando a primeira lei da termodinâmica ao volume comóvel V = a3 (t), obtemos TdS = d (ρV ) + pdV (1.57) na qual ρ e p são a densidade e pressão em equilíbrio. Usando a condição de inte- grabilidade ∂2S ∂T∂V = ∂2S ∂V ∂T (1.58) resulta que dp = ρ+ p T dT (1.59) Substituindo (1.59) em (1.57), obtemos dS = d { ρ+ p T V } (1.60) Se compararmos esta equação com (1.42), concluimos que em equilíbrio térmico a entropia por volume comóvel é conservada, portanto a expansão do universo é isentrópica. De�namos a densidade de entropia como s ≡ S V = ρ+ p T (1.61) Já que a densidade de entropia é dominada pela contribuição de partículas relativis- tas, resulta que s = 2π2 45 g∗T 3 (1.62) Como S = a3s é conservada, temos que: 1) g∗a3T 3 = constante durante a expansão do universo, portanto T ∝ g − 1 3 ∗ a−1 (1.63) 16 O fator g∗ aparece porque, quando uma partícula torna-se não relativista e desa- parece, sua entropia é transferida às partículas relativistas ainda presentes no plasma térmico, causando uma disminuição mais lenta da temperatura. Se g∗ for constante se recupera o resultado conhecido T ∝ a−1. 2) a3 ∝ s−1 e como o número de partículas em um volume comóvel é de�nido como a3n, onde n é a densidade de número das partículas, é útil de�nir a magnitude N ≡ n s (1.64) Se as partículas da espécie não estiverem sendo criadas nem destruidas, então n será constante. A entropia do universo é SU = VUs ≈ a3T 3 (1.65) De acima, sabemos que aT = a0T0, tal que SU ≈ a3 0T 3 0 ≈ 1088 (1.66) O tamanho do horizonte de partículas em uma época dada, é comvencionalmente expressa em termos da entropia dentro de um volume de horizonte: • Durante a época dominada por radiação A distância ao horizonte de partículas está dada por (1.52) e a densidade de entropia por (1.62), tal que Sh = sVh ≈ s 4πt3 3 ≈ g − 1 2 ∗ (mp T )3 (1.67) onde mp é a massa de Planck. • Durante a época dominada por matéria A distância ao horizonte está dada por (1.53) e a densidade de entropia por (1.62), tal que Sh = sVh ≈ s 4πt3 3 ≈ 1087 ( Ω0h 2 )− 3 2 (1 + z)− 2 3 (1.68) Hoje o universo contém uma entropia da ordem de SU ≈ Sh ≈ 1088, e no universo primordial o horizonte de partículas conteve uma entropia da ordem de Sh ≈ (mp T )3 . Como veremos no próximo capítulo, esta diferença é problemática para a cosmologia padrão. 17 Capítulo 2 Teoria da In�ação A cosmología padrão é uma teoria bem-sucedida que fornece uma descrição apro- priada do universo observável desde os primeiros segundos depois do Big Bang até o presente. No entanto, sugere e deixa aberto um número de perguntas importantes que não podem ser respondidas. Portanto, estes defeitos necessitam ser atendidos. Tentar resolver esses problemas foi a motivação para formular a teoria da in�ação. A in�ação é uma fase de expansão acelerada de 10−35 s do universo primordial quando a gravidade atua de forma repulsiva. Durante esta fase, um domínio homogêneo de 10−33 cm cresce até atingir um tamanho maior do que o universo observável [42, 43, 44, 45]. Devido à importancia da in�ação como um mecanismo para gerar perturbações de densidade no universo primordial, faremos uma revisão das moti- vações físicas que levaram à teoria de in�ação, a dinâmica da teoia para resolver os problemas da cosmologia padrão e apresentamos de um modo heurístico o modo no qual a in�ação gera tais perturbações. 2.1 Problemas da Cosmologia Padrão A cosmologia padrão requer a suposição de condições iniciais muito precisas para ter sucesso, as quais são problemáticas por várias razões. Primeiro, o universo pri- mordial se assume altamente homogêneo, apesar que domínios separados estiveram causalmente desconectados. Segundo, o valor inicial do parâmetro de Hubble deve estar ajustado com extraordinária precisão para produzir um universo tão plano como o universo observado. Terceiro, se assume que o modelo padrão da física de partículas provêm de uma teoria de grande uni�cação; neste caso, uma grande quantidade de monopolos magnéticos teriam sido produzidos no universo primordial, contribuindo demasiadamente à densidade atual do universo. Quarto, é assumido 18 sem explicação a existência de pequenas perturbações de densidade que posterior- mente deram origen às estruturas cósmicas. 2.1.1 Problema do horizonte O espaço-tempo de FRW é a solução para um universo homogêneo e isotrópico. A indicação mais precisa da homogeneidade do universo é fornecida pela radiação cósmica de fundo, a qual é uniforme uma parte em 105 [37]. Se o universo fosse inhomogêneo e a expansão anisotrópica, anisotropias de temperatura comparável existiriam na RCF. Se o universo completo esteve em contato causal durante a super�cíe de último espalhamento (SUE), processos microscópicos como o espalhamento de Compton suavizaram qualquer �utuação de temperatura, de maneira que uma RCF com tem- peratura uniforme teria resultado. No entanto, dentro do contexto da cosmologia padrão isto não pôde haver acontecido devido à existência do horizonte de partículas. Nós podemos expressar o tamanho do horizonte de partículas antes da recombinação em termos da equação (1.67), e depois da recombinação como (1.68). Observe que a entropia contida dentro do horizonte de partículas em tempos pequenos foi muito menor do que a atual, ao redor de SU ≈ 1088. Na época da nucleossíntese, T ≈ 1010MeV , e a entropia dentro do horizonte foi Sh ≈ 1063. Como a entropia do universo é conservada, signi�ca que o universo observável esteve constituído por 1025 domínios causalmente desconectados na nucleossíntese. Na época da recombinação, T ≈ 0.3 eV , e a entropia dentro do horizonte de partícu- las foi Sh ≈ 1083. Isso signi�ca que o universo observável consistiu de 105 domínios causalmente desconectados na recombinação. Portanto, a distância de Hubble na recombinação subtende um ângulo de 1 grau sobre o céu de hoje [8, 39, 41]. Por- tanto, quando nós detectamos RCF com uma separação angular maior do que isso, estamos detectando RCF que nunca esteve em contacto causal. Apesar disso, a RCF é uniforme em todo o céu. Esse é o problema do horizonte. 2.1.2 Problema da planura As observações atuais conferem um valor a Ω0 muito proxímo à unidade. Além disso, Ω varia com o tempo como |Ω (t)− 1| = |k| H2a2 (2.1) 19 Essa equação tem implicações profundas se considerarmos o caso k 6= 0. Observe que ∣∣Ω (10−43seg ) − 1 ∣∣ ≈ 10−60 (2.2) |Ω (1seg)− 1| ≈ 10−16 (2.3) os quais implicam que Rcur ( 10−43seg ) ≈ 1030dl (2.4) Rcur (1seg) ≈ 108dl (2.5) O universo, visto no contexto das condição iniciais, foi muito especial. Se a quantidade (2.2) for da ordem da unidade, um universo fechado, k > 0, teria alcançado seu tamanho máximo na ordem da escala de Planck, e um universo aberto, k < 0, teria alcançado uma temperatura de 3K em um tempo de 10−11 s [41]. Um universo pode sobreviver 1010 anos apenas através de ajuste �no do valor inicial de H. Na cosmologia padrão, essa condição inicial incrívelmente precisa deve ser assumida sem explicação. Esse é o problema da planura. 2.1.3 Problema dos monopolos magnéticos Existe um problema na cosmología padrão quando assume-se que o modelo padrão da física de partículas provêm de uma teoria de grande uni�cação. Dentro do con- texto das teorias de grande uni�cação, há uma variedade de partículas pesadas e estáveis, as quais teriam sido produzidas no universo primordial e contribuído de- masiadamente à densidade de energia atual, Ωx � 1. O exemplo mais notável são os monopolos descobertos por 't Hooft e Polyakov. Estes monopolos têm uma massa 1016 vezes a massa do próton. Isto é problemático para a cosmología padrão, porque é difícil encontrar um mecanismo que erradique estes resíduos que teriam sido produzidos no universo primordial. 2.1.4 Problema das estruturas O universo atual é estatísticamente homogêneo e isotrópico em escalas maiores do que 100Mpc. Em escalas menores está constituído por galáxias e aglomerados de 20 galáxias, resultando inhomogêneo. Essas estruturas foram criadas a partir de peque- nas perturbações de densidade presentes na SUE, as quais começaram a crescer por instabilidade gravitacional, para depois colapsar e formar as estruturas que vemos hoje. Como se originaram essas pequenas inhomogeneidades? A cosmologia padrão somente postula sua existência, porém não oferece um mecanismo físico que origine essas pequenas pertubações de densidade. Esse é o problema das estruturas. A natureza desses problemas aponta na direção na qual a cosmologia padrão deve assumir condições iniciais muito especí�cas para descrever o universo. É claro, qualquer tentativa de resolver os problemas que envolva condições iniciais pode ser adiado até entender a cosmologia quântica. Contudo, o propósito da teoria de in�ação, uma teoria cosmológica baseada na gravidade clássica, é mostrar que esses problemas podem ser evitados se o universo sofrer uma fase de expansão exponencial extremamente rápida abaixo da escala de Planck, e assim explicar as propriedades do universo atual, independentemente das condições iniciais. Essa fase de expansão exponencial é denominada de in�ação. 2.2 Dinâmica da In�ação A dinâmica do campo escalar é a chave para entender o mecanismo da in�ação no universo em expansão. A característica essencial da in�ação é a evolução lenta de um campo escalar através de um potencial su�cientemente plano, até alcançar seu mínimo e começar a oscilar ao redor deste. Atualmente a maioria dos modelos in�acionários estão baseados sobre este princípio de �slow roll�. Para analisar a evolução do campo escalar façamos as seguintes considerações: • Espaço-Tempo FRW de fundo, com uma taxa de expansão H2 + k a2 = 8πG 3 ρφ (2.6) onde ρφ é a densidade do campo escalar. • Campo escalar homogêneo em uma escala dl, com um valor inicial φi = σ (2.7) onde σ está associado com a escala de energia à qual se produz in�ação. • Densidade lagrangeana de um campo escalar homogêneo, dada por 21 L = 1 2 ∂µφ∂ µφ− V (φ) = 1 2 φ̇2 − V (φ) (2.8) e o tensor de energia-momento para um campo escalar Tµ ν = ∂µφ∂ νφ− δµ νL (2.9) com componentes T0 0 = ρφ = 1 2 φ̇2 + V (φ) (2.10) −Ti j = δi jpφ = δi j ( 1 2 φ̇2 − V (φ) ) (2.11) • A equação dinâmica para o campo φ é obtida da equação de Euler-Langrange φ̈+ 3Hφ̇+ Γφ̇+ V ′ (φ) = 0 (2.12) O termo Γφ̇ não provem da densidade lagrangeana (2.8) e necessita uma explicação adicional. As oscilações do campo φ ao redor do seu mínimo corresponde a partículas φ de massa mφ = V ′′ (φ), a qual decai devido à criação quântica de partículas de otros campos que se acoplam a φ. O amortecimento destas oscilações pela criação quântica de partículas é equivalente ao decaimento de partículas φ nas outras mais leves à qual elas se acoplam, e a quantidade Γ é a taxa de decaimento das partículas associadas ao campo φ e τ = Γ−1 é sua vida média [46, 47, 48]. A equação dinâmica (2.12) tem dois regimes diferentes, cada um dos quais tem uma solução analítica. • In�ação: O campo φ move-se lentamente ao mínimo de V (φ), enquanto o universo primordial sofre uma fase de expansão acelerada extremamente breve, durante a qual a gravidade atua como uma força repulsiva e o universo se esfria. Durante esta fase o termo de fricção de Hubble é muito grande e portanto o campo evolui lentamente, resultando que o termo 3Hφ̇ � φ̈e então a equação dinâmica é dada por 3Hφ̇ = V ′ (φ) (2.13) Devido à evolução lenta do campo, sua energia cinética será menor do que a sua energia potencial, 1 2 φ̇2 � V (φ), portanto as expressões (2.10) e (2.11) podem ser reescritas como pφ = −ρφ = −V (φ). 22 Por outro lado, como o tensor de energia-momento é T µν = ρφg µν , o qual satisfaz a lei de conservação ∇µT µν = ∇µg µν = 0, resulta que ρφ = constante. As condições para desprezar φ̈ e 1 2 φ̇2 requerem que ∣∣∣V ′′ (φ) ∣∣∣� 9H2 (2.14) ∣∣∣∣mp V ′ (φ) V (φ) ∣∣∣∣� (48π) 1 2 (2.15) as quais são conhecidas como condições de slow-roll. Como consequência destas condições obtemos que a taxa de expansão é H2 ≈ 8π 3m2 p V (φ) (2.16) Integrando a equação (2.16) obtemos a (t) ≈ a0e Ht (2.17) Este estado de expansão exponencialmente rápido do universo é conhecido como in�ação. De (2.13) e (2.16) calculamos o número de e-folds de crescimento no fator de escala quando o campo φ desliza sobre seu potencial, desde o valor φi, o qual é o valor do campo quando começa a in�ação, até φf , o qual é o valor do campo quando as condições de slow-roll são violadas: N (φi → φf ) ≡ ln ( af ai ) = − 8π m2 p ˆ φf φi V (φ) V ′ (φ) dφ (2.18) Para o modelo de in�ação caótica com um potencial V (φ) = 1 2 m2φ2, o universo experimentou um crescimento de 101010 vezes seu tamanho original de l ≈ 10−33cm, em apenas 10−35s. Nesta breve fase, o universo atingiu um tamanho de l ≈ 101010cm, muitas ordens de grandeza maior do que a parte de universo que podemos ver no presente, a qual é de l ≈ 1028cm. Durante este período o campo escalar pasou de ter um valor de φi > 3mp a φf ≈ 0.28mp, onde mp es la masa de Planck [49]. • Reaquecimento: O campo φ oscila rapidamente ao redor do mínimo de V (φ) e perde energia por criar pares de partículas elementares. Essas partículas interagem umas com as outras e atingem um estado de equilíbrio término com 23 temperatura T com a qual o universo é reaquecido. Uma vez �nalizada essa fase, o domínio causalmente desconectado pode ser descrito pela cosmologia padrão. Durante este regime as condições de slow-roll são violadas. Multiplicando a equação (2.12) por φ̇, a mesma pode ser reescrita para este regime como ρ̇φ + 3Hφ̇2 + Γφ̇2 = 0 (2.19) Quando φ oscila rápidamente ao redor do mínimo de seu potencial, φ̇2 oscila e pode ser substituído pela média sobre um ciclo de oscilação, tal que 〈 φ̇2 〉 = ρφ. Desta maneira, a equação (2.19) resulta ρ̇φ + 3Hρφ + Γρφ = 0 (2.20) A equação (2.20) governa o decaimento das partículas escalares. A solução desta equação é ρφ = α4 ( a af )−3 e−Γ(t−tf) (2.21) onde f signi�ca o começo das oscilações e α4 o valor da densidade nesse tempo. Estas oscilações se comportam como partículas massivas não-relativistas (ρφ ∝ a−3) decaindo ( ρφ ∝ e−Γt ) . Suponhamos que os produtos do dacaimento destas partículas são fótons e aplique- mos a segunda lei da termodinâmica d ( a3ργ ) = −pγd ( a3 ) − d ( a3ρφ ) (2.22) Usando as equações (1.55) e (2.21), podemos reescrever a equação (2.22) como ρ̇γ + 4Hργ = Γρφ (2.23) Uma solução aproximada para a equação (2.23), durante o período dominado por partículas φ, o qual vai de tf ≈ mp α2 a t ≈ 1 Γ , é ργ ≈ mpΓα 2 { 1− ( a af )− 5 2 }( a af )− 3 2 (2.24) De (2.24) concluímos que: 24 1. A densidade de energia ργ incrementa-se rápidamente de zero a mpΓα 2 para depois decrescer como a− 3 2 . 2. A temperatura atinge seu máximo em Tmax ≈ g − 1 4 ∗ α 1 2 (mpΓ) 1 2 e depois decresce. 3. A temperatura ao começo do período de dominação por radiação é Tr ≡ T ( 1 Γ ) ≈ g − 1 4 ∗ (mpΓ) 1 2 . 4. A entropia por volume comóvel se incrementa como S ∝ a 15 8 . 5. A entropia por volume comóvél se estabiliza no tempo t = 1 Γ , porque as partícu- las escalares decaem rápidamente e o universo começa a ser dominado por radiação. Por outro lado, a taxa de expansão do universo neste regime está dada pela equação de Friedmann H2 = 8π 3m2 p (ρφ + ργ) (2.25) Assim, as equações (2.20), (2.23) e (2.25) governam a evolução de ρφ, ργ e a, fornecendo uma descrição do processo de reaquecimento. É importante destacar que este processo acontece fora do equilíbrio e a entropia não é conservada. Além disso, durante este processo as partículas φ dominam a densidade do universo, de modo que o universo é dominado por matéria. 2.3 Como In�ação resolve os Problemas da Cos- mologia Padrão A expansão exponencial durante a in�ação e o enorme crescimento da entropia durante o reaquecimento permitem resolver alguns dos problemas da cosmologia padrão. Conhecendo a dinâmica de in�ação de slow roll, é possível calcular a quan- tidade mínima necessaria de in�ação NT para resolver o problema do horizonte e a planura. Além disso, oferece uma solução ao problema dos monopolos e das estru- turas. 2.3.1 Problema do horizonte Antes da in�ação, o tamanho do domínio é dh = mp α2 , portanto a entropia é 25 Sa ≈ d3 hT 3 (2.26) Durante a in�ação o domínio cresce por um fator eNT e durante o reaquecimento por ar af ≈ ( α Tr ) 4 3 , portanto, a entropia resultante ao �nal da in�ação é Sd ≈ e3NT m3 p α2Tr (2.27) Com o propósito de resolver o problema do horizonte, a entropia deve ser maior do que 1088, de maneira que NT ≥ 67 + 1 3 ln α2Tr m3 P (2.28) Se escolhermos α e Tr da ordem de 1019GeV , temos como mínimo NT = 67. 2.3.2 Problema da planura Consideremos o raio de curvatura do universo antes da in�ação como: (Rcur)a = H−1 |Ωa − 1| 1 2 (2.29) Já que durante in�ação, o domínio cresce por um fator eNT e durante o reaquecimento por ar af ≈ ( α Tr ) 4 3 , temos que depois da in�ação |Ωd − 1| = e−2NT ( α Tr )− 8 3 |Ωa − 1| (2.30) e o raio de curvatura incrementa-se até ser (Rcur)d = H−1 |Ωd − 1| 1 2 = eNT ( α Tr ) 4 3 (Rcur)a (2.31) depois da in�ação, assim que a entropia contida dentro do volume de curvatura é Scur ≡ (Rcur) 3 d T 3 r ≈ ( e3NT m3 p α2Tr ) 1 |Ωa − 1| 3 2 (2.32) Como o fator em parêntese é a mesma entropia dentro do domínio depois de in�ação e está dividido por o factor |Ωa − 1| 3 2 , isto segura que a entropia dentro do volume de 26 curvatura do universo, a qual será constante depois de in�ação, sempre será maior do que a entropia dentro do domínio que chegará a ser o universo observável. O problema da planura será resolvido se a entropia for maior do que 1088, de maneira que NT ≥ 67 + 1 3 ln ( α2Tr m3 p ) + 1 2 ln |Ωa − 1| (2.33) Por último, a curvatura do universo depois de in�ação é |Ωd − 1| = e−2NT |Ωa − 1| (2.34) o qual traz como consequência, pela grade quantidade de in�ação, que |Ωd − 1| � 1 (2.35) Portanto, a teoria de in�ação prediz que o universo observável é quase exponencial- mente plano. 2.3.3 Problema dos monopolos Assumamos que os monopolos foram produzidos antes de in�ação com uma abundân- cia dada por Ni = n si (2.36) Depois de in�ação a abundância é reduzida exponencialmente pelo mesmo fator pela qual a entropia incrementou-se, resultando Nf = e−3NT ( n si ) = e−3NTNi (2.37) de modo que os monopolos resultariam indetectáveis. 2.3.4 Problema das estruturas A caraterística mais atraente da in�ação é a de fornecer um mecanismo físico que gere as perturbações de densidade responsáveis da formação de estruturas cósmicas. 27 Já que no momento da in�ação os processos físicos que tomam lugar são mecânico quânticos por natureza, existirão �utuações quânticas no campo do in�aton, que atuarão como sementes das perturbações de densidade presentes na SUE. As �utuações quânticas no campo escalar são caraterizadas por um comprimento de onda e uma amplitude. O comprimento de onda cresce exponencialmente durante a in�ação. Quando o comprimento de onda das �utuações torna-se maior do que H−1, estas �utuações se desacoplam dos processos causais e param de oscilar, de maneira que sua amplitude se congela em algum valor δφ (~x). A amplitude dessa �utuação é preservada intacta durante um longo tempo, enquanto seu comprimento de onda cresce exponencialmente. Portanto, a �utuação congelada é equivalente a um campo clássico δφ (~x). Finalizada a in�ação, o universo é dominado por radiação e o comprimento de onda das �utuações cresce como t 1 2 , enquanto o raio de Hubble cresce como t. Desta maneira, existe um instante no qual as �utuações entrarão de novo no horizonte de Hubble em forma de perturbações de densidade clássica que mais tarde se apli�carão para formar galáxias. Estritamente falando, o que segue é um cálculo aproximado, que ignora muitos detalhes importantes como o backreaction do campo de in�ação sobre a geometria do espaço-tempo de fundo, a escolha de gauges e a teoria dos campos quânticos. No entanto, neste caso, toda a física relevante pode ser mostrada heuristicamente. O ponto de partida para entender como a in�ação gera as perturbações de densidade é a amplitude média das �utuações no campo escalar durante um intervalo de tempo H−1. Para obter essa quantidade de grande importância, começamos usando a equação dinâmica para o campo escalar φ̈ (~x, t) + 3Hφ̇ (~x, t)− ∇ 2φ (~x, t) a2 (t) + V ′ (φ) = 0 (2.38) Expressemos as �utuações δϕ do campo escalar como φ (~x, t) = φc (t) + δφ (~x, t) (2.39) com δφ (~x, t)� φc (t). Assim, introduzindo (2.39) em (2.38), e considerando que o campo clássico satisfaz a equação dinâmica homogênea, obtemos δ̈φ+ 3Hδ̇φ− ∇ 2δφ a2 + V ′′ (φc) δφ = 0 (2.40) Agora, representemos a �utuação sobre o campo escalar clássico como o operador de campo 28 δ̂φ (t, ~x) = 1 (2π) 3 2 ˆ d3~k { ψ~k (t) a~ke i~k~x + ψ∗~k (t) a†~ke −i~k~x } (2.41) Substituindo o operador (2.41) na equação (2.40), obtemos ψ̈~k (t) + 3Hψ̇~k (t) + a−2 (t) k2ψ~k (t) + V ′′ (φc)ψ~k (t) = 0 (2.42) Ao começo de in�ação, o comprimento de onda físico das �utuações é menor do que o raio de Hubble, levando a condição k � Ha (2.43) De acordo com a condição (2.14), obtemos que ∣∣∣V ′′ ∣∣∣� H2 � ( k a )2 (2.44) Isto está nos dizendo que, durante a in�ação o campo escalar pode ser considerado sem massa, portanto, temos que ψ̈~k (t) + 3Hψ̇~k (t) + a−2 (t) k2ψ~k (t) = 0 (2.45) com a (t) = a0e Ht durante a expansão in�acionária. Usando a nova variável η = −a−1 0 H−1e−Ht (2.46) a equação (2.45) resulta ψ ′′ ~k − 3η−1ψ ′ ~k + k2ψ~k = 0 (2.47) A solução geral é dada em termo das funções de Hankel ψ~k (η) = (π 4 ) 1 2 η 3 2H { c1 (k)H (1) 3 2 (kη) + c2 (k)H (2) 3 2 (kη) } (2.48) Retendo a parte de frequências positivas c2 (k) = 1 para o caso k � aH, obtemos para |ψk|2 ∣∣ψ~k (η) ∣∣2 = H2 2k3 ( 1 + k2a−2 0 H−2e−2Ht ) (2.49) 29 Agora, o cálculo de 〈 (δφ)2〉 é obtido cortando a integral em k = a0He Ht, porque essa é a condição para o instante em que o cumprimento de onda físico atinge o horizonte de Hubble (λf = H−1) e onde a perturbação para de oscilar 〈 (δφ)2〉 = 1 (2π)3 ˆ d3~k ∣∣ψ~k (η) ∣∣2 ≈ H3 4π2 t (2.50) De maneira que δφ = √〈 (δφ)2〉 ≈ H 2π √ Ht (2.51) Para uma escala típica de in�ação Ht = 1, obtemos δφ ≈ H 2π (2.52) Por conseguinte, �utuações no campo φ dão origem a pertubações de densidade durante in�ação com um contraste de densidade dado por δρ ρ ≈ V ′ (φ) δφ V (φ) (2.53) Analisemos o que acontece quando o comprimento de onda das �utuações no campo φ atingem e superam o raio de Hubble. Com essa �nalidade, expandimos a pertur- bação em modos de Fourier δφ (~x, t) = ˆ d3~k (2π) 3 2 δφ~ke −i~k~x (2.54) e depois substituida na equação (2.40), a equação perturbada resulta δ̈φ~k + 3Hδ̇φ~k + k2 a2 δφ~k + V ′′ (φc) δφ~k = 0 (2.55) Impondo a condição de slow-roll (2.14) sobre a equação (2.55), esta se simpli�ca a δ̈φ~k + 3Hδ̇φ~k + k2 a2 δφ~k = 0 (2.56) De�nindo a variável v~k = aδφ~k e mudando ao tempo conforme τ = −H−1a−1, a equação (2.56) pode ser reescrita como v ′′ ~k + ( k2 − a ′′ a ) v~k = 0 (2.57) Esta equação tem dois limites especiais: 30 • Quando k2 � a ′′ a , o qual é equivalente a k � aH, ou seja, escalas inferiores ao radio de Hubble. Neste caso a solução é v~k ∝ e−ikτ√ 2k (2.58) o qual indica que os modos oscilam dentro do raio de Hubble. • Quando k2 � a ′′ a , o qual é equivalente a k � aH, ou seja, escalas superiores ao raio de Hubble. Neste caso a solução é v~k ∝ a ⇒ δφ~k = constante (2.59) indicando que os modos são congelados fora do raio de Hubble. São estes modos de �utuação do campo de in�ação, os que serão convertidos em perturbações de densidade clássica a�nal da in�ação, e terminarão levando à formação de estruturas uma vez entrem no horizonte de Hubble na epoca de dominação por matéria. A in�ação prediz que uma vez que as perturbações entrem no horizonte de Hubble na época de dominação por materia, adquirirão o contraste de densidade [49, 50, 51, 52] δρ ρ = H2 2πφ̇ (2.60) o qual deve imprimir �utuações de temperatura na RCF via o efeito Sachs-Wolfe [53]. Considerando o modelo de in�ação caótica com potencial V (φ) = 1 2 m2φ2 o cálculo do contraste de densidade resulta δ ≈ 1 m3 p mφ2. Em escalas do horizonte, instante no qual as �utuações param de oscilar, o valor do campo é φ ≈ 15mp [49]. Para produzir perturbações de densidade de δ ≈ 10−5, como a medida pelo COBE [38], o valor da massa do campo deve ser m ≈ 10−6mp. 31 Capítulo 3 Descrição das Perturbações de um Campo Escalar A descrição de perturbações de densidade em um campo escalar são de grande utilidade em diversas situações cosmológicas. Em particular, se a energia escura é constituída por um campo escalar, então esta pode aglomerar. Neste contexto, o colapso de estruturas, composta de matéria que interage com o campo escalar gravitacionalmente, perturbaria-o, criando zonas subdensas e sobredensas do campo escalar, as quais se propagariam na energia escura. Aqui apresentamos o modo de abordar e descrever estas perturbações em um uni- verso em expansão. 3.1 Fluido de um campo escalar homogêneo Nós começamos descrevendo o comportamento de um campo escalar ϕ0 (η) homogê- neo em um universo FRW com curvatura k = 0. Neste caso, a métrica do espaço- tempo em coordenadas cartesianas e tempo conforme η = ´ dt a é escrita como ds2 = a2 (η) [ dη2 − δijdxidxj ] (3.1) A lagrangiana que descreve o campo escalar homogêneo embebido em um universo FRW com métrica ḡ é L = √ −g ( 1 2 ḡµν∂µϕ0∂νϕ0 − V (ϕ0) ) (3.2) e a equação de Euler-Langrange 32 ∂µ (√ −ḡḡµν∂νϕ0 ) + √ −ḡV ′ (ϕ0) = 0 (3.3) que neste caso para um campo escalar homogêneo e métrica ḡ resulta em d2ϕ0 dη2 + 2H dϕ0 dη + a2V ′ (ϕ0) = 0 (3.4) onde H = 1 a da dη é o parâmetro de Hubble em tempo conforme. O tensor de energia-momento para o campo escalar é dado por T̄µ ν = ∂µϕ0∂ νϕ0 − δµ νL (3.5) Considerando que o campo escalar é um �uido perfeito, o tensor de energia-momento também está dado por T̄µ ν = (ρ0 + p0) ūµū ν − pδµ ν (3.6) onde ūµ é a 4-velocidade do �uido, que em um sistema comóvel com o �uido toma a forma ūµ = { (ḡ00)− 1 2 , 0 } . Igualando (3.5) com (3.6) obtemos a densidade e a pressão do �uido de campo escalar, resultando ρ0 = a−2 2 ( dϕ0 dη )2 + V (ϕ) (3.7) p0 = a−2 2 ( dϕ0 dη )2 − V (ϕ) (3.8) Por outro lado, as equações de hidrodinâmica do �uido de campo escalar são obtidas a partir da conservação do tensor-energia momento: ∇νT µν = 0 (3.9) Para µ = 0 obtemos a equação de continuidade dρ0 dη + 3H (ρ0 + p0) = 0 (3.10) e para µ = i obtemos a equação de Euler, que neste caso resulta uma identidade 0 = 0. 33 3.2 Fluido de um campo escalar inhomogêneo De acordo com a relatividade geral toda distribuição de matéria e energia produz uma distorção na geometria do espaço-tempo. Essa conexão entre matéria e geome- tria implica que perturbações em um �uido de campo escalar induzem perturbações na geometria do espaço-tempo de fundo; perturbações que serão relevantes sempre e quando o comprimento de onda associada às perturbações seja da ordem do hor- izonte de Hubble; portanto, nesse caso a métrica perturbada para ser usada será [39, 54] ds2 = a2 (η) [ (1 + 2Φ) dη2 − (1− 2Φ) δijdx idxj ] (3.11) sendo Φ uma variável que caracteriza a perturbação métrica escalar e está associada com o potencial gravitacional. Consideremos o campo escalar perturbado linearmente ϕ (~x, η) = ϕ0 (η) + δϕ (~x, η) (3.12) Considerando a equação de Euler-Lagrange (3.3) para o campo ϕ, substituindo as componentes métricas do elemento de linha (3.11) e a expressão para o campo escalar (3.12) na equação (3.3), conservando os fatores lineares no potencial gravitacional e nas perturbações do campo escalar, e usando a equação dinâmica para o campo escalar homogêneo (3.4) encontramos a equação dinâmica para δϕ δ̈ϕ−∇2δϕ− 4Φ̇ϕ̇0 + 2a2ΦV ′ (ϕ0) + 2 ȧ a δ̇ϕ+ a2V ′′ (ϕ0) δϕ = 0 (3.13) Os termos três e quatro do lado esquerdo dessa equação provêm das perturbações do espaço-tempo geradas pelas �utuações do �uido de campo escalar. Agora obteremos as perturbações na densidade e pressão do �uido de campo escalar. Para tal �m, usamos a componente µ = 0 e ν = 0 do tensor de energia-momento (3.5) e desta forma obter a expressão da densidade do �uido ρ = a−2 2 (1− 2Φ) ϕ̇2 + a−2 2 (1 + 2Φ) ( ~∇ϕ )2 + V (ϕ) (3.14) Substituindo as perturbações ρ = ρ0 + δρ e ϕ = ϕ0 + δϕ na expressão (3.14), conser- vando apenas os fatores lineares nas perturbações e usando a equação homogênea (3.7), a perturbação de densidade resulta 34 δρ = a−2 ( ϕ̇2 0δ̇ϕ− Φϕ̇2 0 ) + V ′ (ϕ0) δϕ (3.15) Para obter a pressão exercida pelo �uido de campo escalar, usamos as componentes espaciais µ = i e ν = j do tensor de energia-momento (3.7), desta forma p = a−2 2 (1− 2Φ) ϕ̇2 − a−2 6 (1 + 2Φ) ( ~∇ϕ )2 − V (ϕ) (3.16) Inserindo p = p0 + δp e ϕ = ϕ0 + δϕ na expressão (3.16), mantendo só os fatores lin- eares no potencial gravitacional e nas perturbações, e usando a equação homogênea (3.8), obtemos δp = δρ− 2V ′ (ϕ0) δϕ (3.17) Para conseguir a perturbação na 3-velocidade, trabalhamos com a componente µ = 0 e ν = i do tensor energia-momento (3.6), que neste caso, ρ = ρ0 + δρ, p = p0 + δp e uα = ūα + δuα. Conservando os fatores lineares nas perturbações, resulta T0 i = − (ρ0 + p0) a−1δijδuj (3.18) Por outro lado, trabalhando com a componente µ = 0 e ν = i do tensor energia- momento (3.5), usando ϕ = ϕ0 + δϕ e conservando fatores lineares conseguimos T0 i = −a−2 (ϕ̇0∂jδϕ) δij (3.19) Igualando (3.18) e (3.19), obtemos a equação para a perturbação da 3-velocidade do �uido de campo escalar (ρ0 + p0) δuj = a−1ϕ̇o∂jδϕ (3.20) Para obter as equações de hidrodinâmica perturbadas, usamos (3.9). Para µ = 0 obtemos a equação de continuidade. Neste caso, as componentes diferentes de zero a primeira ordem nas perturbações do tensor de energia-momento são T 00 = a−2 (ρ0 + δρ− 2ρ0Φ) (3.21) T 0i = a−1 (ρ0 + p0) δui (3.22) 35 T ij = a−2 (p0 + δp0 + 2p0Φ) δij (3.23) e as componentes a primeira ordem nas perturbações da conexão são Γ0 00 = H + Φ̇ (3.24) Γ0 0i = ∂iΦ (3.25) Γ0 ij = ( H − 4HΦ− Φ̇ ) δij (3.26) Γν 0ν = 2 ( 2H − Φ̇ ) (3.27) Γν iν = −2∂iΦ (3.28) Substituimos essas componentes na equação de continuidade e mantendo apenas os fatores lineares no potencial gravitacional e nas perturbações, usamos a equação homogênea (3.10), para obter a equação δ̇ρ = (ρ0 + p0) { 3Φ̇− a∂iδui } − 3H (δρ+ δp) (3.29) No caso em que µ = i, a equação (3.9) resulta na equação de Euler. As componentes diferentes de zero para o tensor de energia-momento, são as mesmas que no caso anterior, enquanto as componentes diferentes de zero para a conexão, adicionais ao caso µ = 0, são Γi 00 = δij∂iΦ (3.30) Γi 0j = ( H − Φ̇ ) δi j (3.31) Γi jk = δilδjk∂lΦ− δi j∂kΦ− δi k∂jΦ (3.32) Substituindo todas elas na equação de Euler e linearizando no potencial gravitacional e nas perturbações, obtemos ∂0 { a5 (ρ0 + p0) δui } + a4 { (ρ0 + p0) δij∂iΦ + δij∂iδp } = 0 (3.33) 36 e aplicando a derivada ∂i à equação, podemos escrevê-la como ∂0 { a5 (ρ0 + p0) ∂iδu i } + a4 { (ρ0 + p0)∇2Φ +∇2δp } = 0 (3.34) Este conjunto de equações permite-nos estudar as perturbações na energia escura e conhecer sua evolução em um universo em expansão. 37 Capítulo 4 Formação de Estruturas O universo está constituido por estruturas inhomogêneas como galáxias, aglomera- dos de galáxias e superaglomerados de galáxias. Aqui, estudaremos os mecanismos básicos oferecidos pela cosmologia padrão para descrever a evolução e formação dessas estruturas. Estas abordagens assumem a existência de pequenas inhomo- geneidades presentes no universo primordial sem oferecer uma explicação para sua origem. Neste sentido são modelos incompletos. Para ser considerados completos, o modelo cosmológico deveria produzir também estas inhomogeneidades iniciais medi- ante algum mecanismo. A in�ação fornece um mecanismo bem-sucedido para gerar estas perturbações. Em um instante ti = teq, ou desvio para o vermelho z ≈ 3196, a radiação e a matéria tiveram iguais densidades. A formação de estruturas começa a partir de t > teq, quando o universo é dominado por matéria, já que esse é o instante no qual as perturbações de densidade presentes na componente de matéria podem começar a crescer, porque a taxa de expansão do universo diminui e a matéria se desacopla da radiação. Desta maneira, o tempo de igualdade entre a densidade de matéria e radiação marca o início para a formação de estruturas. Para t > teq, praticamente todas as perturbações de densidade estarão dentro do hor- izonte (λf < H−1). Portanto, o efeito da curvatura espacial é pequeno (λf < Rcur) e usualmente pode ser desprezado, de maneira que a teoria newtoniana pode ser usada para estudar a evolução das perturbações a partir desse momento. 4.1 Teoria Linear Desde as observações realizadas pelo satélite COBE, sabemos que as �utuações de temperatura presentes na SUE foram da ordem de 10−5. Por outro lado, também 38 sabemos que essas �utuações na temperatura foram impressas devido a perturbações de densidade presentes nesse momento via o efeito Sachs-Wolfe [53]. Portanto, per- turbações de densidade da mesma ordem estiveram presentes na matéria para esse momento. Essa é uma evidência que faz plausível o uso de uma teoria linear para a evolução das perturbações de densidade ao começo da formação de estruturas. Uma vez que essas perturbações crescem e o contraste de densidade é da ordem da unidade, a teoria linear não é mais apropriada e nós devemos usar outros modelos para estudar sua posterior evolução. Consideremos a distribuição de matéria no universo acoplada à gravidade newtoni- ana, de maneira que podemos caracterizar o �uido mediante sua densidade ρ, sua velocidade ~v, sua pressão p e o potencial gravitacional ϕ. O comportamento dessas grandezas são determinadas pela equação de continuidade, a equação de Euler e a equação de Poisson, complementadas com uma equação de estado ∂ρ ∂t + ~∇. (ρ~v) = 0 (4.1) ∂~v ∂t + ~∇p ρ + ( ~v.~∇ ) ~v + ~∇ϕ = 0 (4.2) ∇2ϕ = 4πGρ (4.3) p = p (ρ) (4.4) Consideremos que cada uma dessas grandezas que carateriza o �uido provém de uma pequena perturbação sobre uma distribuição de matéria homogênea e isotrópica, de maneira que ρ (~x, t) = ρ0 (t) + δρ (~x, t) (4.5) ~v (~x, t) = ~v0 (~x,t) + δ~v (~x, t) (4.6) p (~x, t) = p0 (t) + δp (~x, t) (4.7) ϕ (~x, t) = ϕ0 (t) + δϕ (~x, t) (4.8) 39 onde ~v0 = H (t) ~x (t). As respectivas perturbações são muito menores do que suas respectivas magnitudes de fundo. Da equação de estado (4.4), podemos escrever na aproximação linear p (ρ0 + δρ) = p0 (t) + v2 sδρ (~x, t) (4.9) onde δp = v2 sδρ e v 2 s ≡ ∂p ∂ρ é o quadrado da velocidade do som das perturbações na dis- tribuição de matéria. Inserimos o ansatz (4.5), (4.6), (4.8) e (4.9), nas equações (4.1), (4.2) e (4.3). Depois, linearizamos nas perturbações para as equações obtidas, e tra- balhando em coordenadas comóveis q, as quais estão relacionadas às coordenadas físicas como ~x = a (t) ~q, as equações são simpli�cadas. Combinando as equações diferenciais de primeira ordem em uma única equação diferencial de segunda ordem para δ ≡ δρ ρ0 , obtemos δ̈ (~q, t) + 2H (t) δ̇ (~q, t)− v2 s a2 (t) ∇2δ (~q, t)− 4πGρ0 (t) δ (~q, t) = 0 (4.10) Tomando a transformada de Fourier com respeito à coordenada comóvel q δ (~q, t) = 1 (2π) 3 2 ˆ δ~k (t) ei ~k~qd3~k (4.11) nós obtemos δ̈~k (t) + 2H (t) δ̇~k (t) + ( v2 sk 2 a2 (t) − 4πGρ0 (t) ) δ~k (t) = 0 (4.12) a qual descreve a evolução dos diferentes modos das perturbações de densidade em um universo em expansão. Restringindo a atenção ao terceiro termo da equação (4.12); a quantidade entre parêntese de�ne um número de onda crítico, o número de onda de Jeans, cujo valor kJ é dado por kJ = a vs (4πGρ0) 1 2 (4.13) Já que k = 2π λ , também se de�ne o comprimento de onda de Jeans, dada por λJ = vs a ( π Gρ0 ) 1 2 (4.14) O comprimento de onda de Jeans λJ separa os modos de perturbação gravitacional- mente estáveis e instáveis. 40 Consideremos primeiramente o crescimento de perturbações em um universo sem expansão onde H (t) = 0: • Equação para λ < λJ δ̈~k (t) + ( k2v2 s − 4πGρ0 ) δ~k (t) = 0 (4.15) cuja solução é δ~k (t) ∝ e±iwt (4.16) As perturbações oscilam como ondas de som com frequência w = (k2v2 s − 4πGρ0) 1 2 . • Equação para λ > λJ δ̈~k (t)− ( 4πGρ0 − k2v2 s ) δ~k (t) = 0 (4.17) cuja solução está dada por δ~k (t) ∝ e± t T (4.18) As perturbações crescem o decaem sobre uma escala de tempo T = (4πGρ0 − k2v2 s) − 1 2 . Consideremos agora o crescimento de perturbações em um universo com H (t) 6= 0: • Equação para λ� λJ δ̈~k (t) + 2H (t) δ̇~k (t) + v2 sk 2 a2 (t) δ~k (t) = 0 (4.19) Assumindo a (t) ∝ tn, a solução é δ~k (t) ∝ e±iwt (4.20) Neste caso, as perturbações oscilam como ondas de som com frequência w = vsk a(t)(1−n) . • Equação para λ� λJ 41 δ̈~k (t) + 2H (t) δ̇~k (t)− 4πGρ0 (t) = 0 (4.21) Como podemos observar, o termo de gradiente de pressão é desprezível, caso que corresponde à matéria. Assumindo a (t)∝ t 2 3 , caso de um universo Einstein-de Sitter, a solução é δ~k (t) = c1t 2 3 + c2t −1 (4.22) a qual é uma combinação linear de modos de crescimento e decaimento. Apenas os modos de crescimento contribuem na formação de estruturas. Estes modos crescem proporcionalmente ao crescimento do fator de escala a. Tomando o modo de cresci- mento e considerando condições iniciais que identi�caremos com o tempo teq, pode- mos escrever δ~k (t) = δeq ( t teq ) 2 3 = δeq a (t) aeq (4.23) Comparando as soluções (4.18) e (4.23), concluimos que a expansão do universo leva o crescimento das perturbações de uma lei exponencial a uma lei de potên- cia. Portanto, a expansão do universo tem como efeito moderar o crescimento das perturbações de densidade. De forma geral podemos expressar o crescimento de uma perturbação de densidade como Crescimento = (Gravidade− Pressão)− Expansão (4.24) O termo de gravidade sempre vai atuar tentando produzir o colapso e formar a estrutura. O termo de pressão sempre funciona como suporte, podendo suprimir a formação da estrutura no caso que λ < λj. O termo de expansão sempre vai amortecer o crescimento. Será a atuação conjunta destes fatores que determinarão a evolução da perturbação de densidade. 4.2 Os efeitos da expansão acelerada del universo No ano de 1998, os grupos Supernova Cosmology Project [29] e High-Z Supernova Team [30], realizando observações de Supernovas tipo Ia (SN Ia) obtiveram evidên- cias da expansão acelerada do universo. Desde esse momento, observações indepen- dentes do CMB, LSS e Weak Gravitational Lensing (WGL) tem resultado em mais evidências a favor da expansão acelerada do universo [55]. 42 Os candidatos propostos para explicar o mecanismo físico que gera a recente expan- são acelerada do universo têm sido a Energia Escura, teorias de gravidade modi�cada e a hipótese de um universo não homogêneo. A Energia Escura é entendida como uma componente exótica que domina a densi- dade de energia do universo e cuja principal característica é a geração de pressão negativa, uma espécie de repulsão gravitacional que causa a expansão acelerada do universo. Esta proposta concorda muito bem com as observações realizadas até agora [29, 30]. As teorias de gravidade modi�cada são mudanças à teoria da Relatividade Geral, baseadas na hipótese de que a expansão acelerada do universo é a consequência de uma nova física gravitacional não contemplada na Relatividade Geral e portanto esta teoria deve ser substituída por uma nova teoria que considere os novos efeitos [56, 57, 58, 59]. A teoria de um universo não homogêneo é baseada na hipótese de que a matéria está distribuída de forma não homogênea no universo, formando grandes vazios, ocupando nós o centro de um desses, o qual cria a aparente ilusão da expansão acelerada do universo [27, 28, 31, 32]. Para explicar a natureza da energia escura tem-se proposto diferentes candidatos. Entre os mais conhecidos está a Constante Cosmológica e os Campos Escalares. Os diferentes modelos distinguem-se pelo parâmetro (w) que relaciona a presão (p) e a densidade de energia (ρ) na equação de estado (p = wρ) da Energia Escura. A Constante Cosmológica é associada com a energia do vácuo e tem uma equação de estado constante ω = −1. O modelo ΛCDM é o modelo conhecido mais simples que concorda com as obser- vações realizadas da CMB, LSS, WGL e SN Ia. Este modelo considera a Energia Escura como uma Constante Cosmológica com um parâmetro de densidade asso- ciado ΩΛ = 0.73, a matéria escura fria com Ωme = 0.23 e a matéria atômica com Ωb = 0.04. Consideremos a equação de Einstein (1.37). O tensor de Einstein Gab e o tensor de energia-momento Tab satisfazem respectivamente a identidade de Bianchi ∇aG ab = 0 e a conservação de energia ∇aT ab = 0. Como ∇ag ab = 0, temos a liberdade de somar o termo Λgab à equação de Einstein, onde o fator Λ é conhecido como a constante cosmológica. Desta forma, a equação de Einstein pode ser escrita Gab = 8πG ( Tab + Λ 8πG gab ) (4.25) 43 de�nindo T̃ab = Λ 8πG gab (4.26) como o tensor de energia-momento do vácuo. Asumindo um �uido perfeito, a equação de estado da energia do vácuo é p = −ρ = − Λ 8πG (4.27) da qual segue-se que ω = −1. Como o tensor de energia-momento é T̃ ab = ρgab, o qual satisfaz∇aT̃ ab = ∇µg µν = 0, resulta que a densidade ρ = constante. Usando a equação (1.40) e a equação de estado (4.27), vemos que a pressão negativa é a responsável da expansão acelerada do universo. Vejamos a época na qual começa a expansão acelerada do universo. Usando o parâmetro de Hubble, escrito na forma H = H0 {∑ i Ω0 i (1 + z)3(1+ωi) } 1 2 (4.28) onde Ω0 i é o parâmetro de densidade de uma componente particular no presente, e mediante a equação (1.40), podemos escrever o parâmetro de aceleração q = − ä a 1 H2 como q = 1 2 ∑ i Ω0 i (1 + 3ωi) (1 + z)3(1+ωi) ∑ i Ω0 i (1 + z)3(1+ωi) (4.29) Considerando o modelo ΛCDM, o universo entra em uma fase de expansão acelerada quando q < 0 ou um desvio para o vermelho z < ( 2Ω0 Λ Ω0 m ) 1 3 − 1 = 0, 75 (4.30) Desta maneira, concluímos que a expansão acelerada do universo é um fenômeno recente. A constante cosmológica está dada por Λ = 8πGρΛ, além disso, considerando que ρΛ = Ω0 Λ 3H2 0 8πG , seu valor observacional é 44 Λ = 3Ω0 ΛH 2 0 ∼ H2 0 (4.31) Segundo o modelo ΛCDM H0 ≈ 10−43GeV , obtendo Λ ∼ 10−83GeV 2 (4.32) e a densidade de energia do vácuo resulta ρΛ ∼ 10−46GeV −4 (4.33) Como podemos observar, o valor observacional de Λ depende do ajuste da taxa de expansão atual. O crescimento das perturbações de densidade com contraste de densidade pequeno, em escalas menores que a distância de Hubble, está determinado por δ̈~k + 2Hδ̇~k − 4πGρδ~k = 0 (4.34) A presença da constante cosmológica afeta as estruturas em grande escala pela sua in�uência sobre a taxa de expansão do universo quando as perturbações de densidade estão crescendo. Esta in�uência é dada através do termo de amortecimento 2Hδ̇~k. Fazamos esse análise para um universo com matéria e energia escura. Em esse caso, o parâmetro de Hubble resulta H2 = 8πG 3 ρt (4.35) onde ρt, a densidade total, que resulta de somar a densidade de matéria e energia escura, é dada por ρt = ρeqm (aeq a )3 + ρeqee (aeq a )3(1+ω) (4.36) na qual ρeqm e ρeqee são as densidades de matéria e energia na época em que a densidade de matéria e energia escura estão nas mesmas proporções; aeq é o fator de escala em essa mesma época, e ω é o parâmetro da equação de estado da energia escura. A densidade total na época de igualdade das duas componentes é ρeqt = 2ρeqm = 2ρeqee (4.37) 45 Portanto, a densidade total pode ser reescrita como ρt = ρeqt 2 {(aeq a )3 + (aeq a )3(1+ω) } (4.38) Usando como variável de evolução x ≡ a aeq , ao invés de t, e inserindo a expressão (4.35) e (4.38) na equação (4.34) , resulta x2 ( 1 + x−3ω ) d2δ dx2 + 3 2 x ( 1 + {1− ω}x−3ω ) dδ dx − 3 2 δ = 0 (4.39) O caso em que a energia escura é a constante cosmológica, o parâmetro da equação de estado é ω = −1. Adicionalmente, se consideramos a época onde a densidade da energia escura domina sobre a densidade de matéria, então x � 1. Fazendo essas duas considerações, a solução da equação (4.39) é dada por δ (x) ≈ c1 + c2x −2 (4.40) onde c1 e c2 são constantes. De acordo à solução (4.40), uma vez que a expansão acelerada do universo começa o crescimento das perturbações de densidade linear �naliza. Isto é devido a que o tempo de amortecimento de Hubble, t = 1 2H , torna-se menor do que a escala de tempo para o crescimento das perturbações de densidade, t = 1√ 4πGρm . Visto com uma perspectiva mais física, ocorre que a constante cosmológica atua como anti-gravidade e inibe o crescimento das perturbações de densidade. 4.3 Modelo do Colapso Esférico Já que a maioria das estruturas observadas no universo apresentam um contraste de densidade maior do que a unidade, a evolução das perturbações de densidade termina sendo entendida apenas com uma teoria não-linear. A versão mais simples da teoria das perturbações não-lineares é conhecido como o modelo de colapso esférico [7]. Este modelo descreve a evolução não-linear de uma perturbação com simetria esférica e densidade uniforme (per�l top-hat), até o momento do colapso gravitacional e formação da estrutura. Consideremos o campo de densidade para a matéria no tempo ti = teq ρ (r, ti) = ρ0 (ti) + δρ (r, ti) = ρ0 (ti) {1 + δ (r, ti)} (4.41) 46 onde ρ0 é a densidade do fundo, δρ é a perturção de densidade e δ é o contraste de densidade que carateriza a perturbação. O campo de densidade gera um potencial gravitacional ϕ (r, t) = ϕ0 (r, t) + δϕ (r, t) (4.42) onde ϕ0 é o potencial gravitacional de fundo e δϕ é a perturbação do potencial gerado pela perturbação de densidade δρ. O potencial gravitacional ϕ0 associado ao espaço-tempo de FRW é ϕ0 = −1 2 ( ä a ) r2 (4.43) Usando a equação de aceleração sem pressão ä a = −4πG 3 ρ0 (4.44) e da expressão para a perturbação do potencial gravitacional δϕ = −Gδm r (4.45) obtemos que ϕ (r, t) = 2 3 πGρ0r 2 −Gδm r (4.46) onde δm é a massa de uma camada da perturbação. Fazendo a suposição que cada partícula em uma camada da perturbação não cruza a camada seguinte enquanto a perturbação evolui no tempo, leva a que δm é constante. Por conseguinte, a equação dinâmica para a perturbação de densidade resulta d2~r dt2 = −~∇ϕ = −G r2 (m0 + δm) r̂ (4.47) onde m0 é a massa do fundo e vem dada por m0 = 4 3 πρ0 (t) r3 (t) = constante (4.48) e a massa da perturbação é 47 δm = 4πρ0 ˆ r 0 q2δ (q, t) dq (4.49) Considerando o anterior obtemos d2~r dt2 = −G r2 {m0 (ti) + δm (r, ti)} r̂ = −G r2 [ ρ0 (ti) ( 4π 3 r3 i ){ 1 + 3 4πr3 i ˆ ri 0 4πr2δi (r) dr }] ~r (4.50) onde o contraste de densidade médio está de�nido por δ̄i = 3 4πr3 i ˆ ri 0 4πr2δi (r) dr (4.51) Dessa forma pode se reescrever a equação (4.50) como d2~r dt2 = −Gm r2 r̂ (4.52) onde m = ρ0 ( 4π 3 r3 i )( 1 + δ̄i ) (4.53) A solução da equação (4.52) é E = 1 2 ( dr dt )2 − Gm r (4.54) onde E é a energia total da perturbação. Quando E > 0, a perturbação se expande para sempre, mas se E < 0, a perturbação atinge um máximo e depois colapsa. A energia cinética inicial para a perturbação é Ki = 1 2 ( dr dt )2 t=ti = H2 i r 2 i 2 (4.55) onde usamos a lei de Hubble dentro da perturbação. A energia potencial inicial para a perturbação é Ui = − ( Gm r ) t=ti = KiΩi ( 1 + δ̄i ) (4.56) 48 para o qual usamos Ωi = 8πG 3H2 i ρ0. Por conseguinte a energia total resulta E = KiΩi { Ω−1 i − ( 1 + δ̄i )} (4.57) Como nos interessa a formação das estruturas, concentrar-nos-emos no caso E < 0, caso para o qual obtemos a condição δ̄i > Ω−1 i − 1 (4.58) Como consequência dessa condição, se o universo for fechado ou plano (Ωi ≥ 1), qualquer perturbação com δ̄i ≥ 0 colapsará em algum momento. Se for aberto (Ωi < 1), então δ̄i deve ser maior do que um valor crítico para colapsar. A evolução temporal de uma camada da perturbação de densidade pode ser encon- trada integrando a equação (4.54). A solução é dada na forma paramêtrica: r = A (1− cos θ) (4.59) t = B (θ − sin θ) (4.60) onde o parâmetro θ aumenta com o aumento de t e a constante A é relacionada a B por A3 = GmB2. Quando a perturbação atinge o tamanho máximo, θ = π, ṙ = 0 e r = rmax, portanto E = −Gm rmax = − ( ri rmax ) ΩiKi ( 1 + δ̄i ) (4.61) Igualando (4.57) com (4.61) obtemos rmax ri = ( 1 + δ̄i ){ δ̄i − ( Ω−1 i − 1 )} (4.62) Já que neste instante rmax = 2A, a expressão para A resulta A = ri ( 1 + δ̄i ) 2 { δ̄i − ( Ω−1 i − 1 )} (4.63) Da relação entre A e B, a expresão para B resulta B = 1 2HiΩ 1 2 i ( 1 + δ̄i ){ δ̄i − ( Ω−1 i − 1 )} 3 2 (4.64) 49 Consideremos o caso de um universo Einstein-de Sitter (Ωi = 1) a partir de agora. A densidade da perturbação é ρ̄ (θ) = 3 4πr3 m = 3m 4πA3 (1− cos θ)3 (4.65) e a densidade do fundo, usando a equação de Friedmann, resulta ρ0 (t) = 1 6πGt2 = 1 6πGB2 (θ − sin θ)2 (4.66) Portanto, o contraste de densidade não-linear da perturbação é δ̄ (θ) = ρ̄ (t) ρ0 (t) − 1 = 9 2 (θ − sin θ)2 (1− cos θ)3 − 1 (4.67) Fazendo θ � 1 na equação (4.67) recuperamos o limite linear δ̄l (θ) ≈ 3θ2 20 (4.68) No limite linear a solução (4.60) resulta t ≈ Bθ3 6 , por conseguinte δ̄l (t) ≈ 3 5 ( t ti ) 2 3 δ̄i (4.69) valor que difere por um fator de 3 5 do contraste de densidade da teoria linear. Con- siderando δ̄i � 1, a solução (4.60) e Hi = 2 3ti , podemos reescrever o limite linear (4.69) como δ̄l = 3 5 ( 3 4 ) 2 3 (θ − sin θ) 2 3 (4.70) Agora podemos estimar a exatidão da teoria linear com respeito à teoria do colapso esférico comparando a solução (4.67) com (4.70): Para θ � 1 δ̄l ≈ δ̄ (4.71) Para θ = π 2 δ̄l ≈ 0, 34 (4.72) 50 δ̄ ≈ 0, 46 (4.73) Para θ = 2π 3 acontece a transição ao regime não-linear δ̄l ≈ 0, 57 (4.74) δ̄ ≈ 1, 01 (4.75) Para θ = π a perturbação atinge o raio máximo (inversão) δ̄l ≈ 1, 061 (4.76) δ̄ ≈ 4, 54 (4.77) Para θ = 2π a perturbação condensa δ̄l ≈ 1, 686 (4.78) δ̄ ≈ ∞ (4.79) Neste instante, a teoria do colapso esférico sugere que toda a massa colapsa em um ponto. No entanto, antes de que isso aconteça, a aproximação que a matéria está distribuída em camadas esféricas, e que as velocidades aleatorias das partículas são pequenas, deixa de se cumprir, e o objeto colapsante atingirá o equilíbrio virial por um processo conhecido como �violent relaxation� [60]. Durante este proceso haverá grandes �utuações no potencial gravitacional, em uma escala de tempo da ordem do tempo do colapso da perturbação t = (Gρ0)−1 permitindo deter o colapso. Neste estado, seu raio tem sido reduzido por um fator de dois em comparação ao raio da perturbação no instante da inversão [8]. É neste estado que pode se dizer que o objeto gravitacionalmente ligado tem sido formado. Apesar que o modelo do colapso esférico tem o defeito de predizer um colapso pon- tual, o valor do contraste de densidade linear no instante que o contraste de den- sidade não linear marca o colapso da perturbação é de grande importância para os modelos que tentam estimar a abundância das estruturas cósmicas. De fato, a maior utilidade do modelo do colapso esférico é precisamente a de fornecer esse valor para o contraste de densidade linear. 51 Na realidade, a evolução não-linear que leva à formação de estruturas não é entendida totalmente. Portanto, predizer as propriedades de uma galáxia particular, localizada em uma coordenada particular ~x, ou conhecer a distribuição de massa exata δ (~x) do universo, com o objetivo de contrastar a teoria com a observação, não é possível, e mesmo que for possível, os cálculos não-lineares requereriam um esforço descomunal. Por conseguinte a pergunta é, como comparar a teoria com a observação? Predizendo as propiedades estatísticas da distribuição de massa. Na próxima parte, estudaremos o modelo básico que oferece a maneira de fazê-lo. 4.4 Formalismo de Press-Schechter A teoria das perturbações lineares é uma ferramenta que pode ser usada para realizar previções aproximadas sobre a abundancia das estruturas cósmicas. No entanto, para comparar essas predições com as observações realizadas, é necessário entender algumas caraterísticas estatísticas das perturbações de densidade. Nesse contexto foi desenvolvido o formalismo de Press-Schechter [10]. Este formalismo derivou uma relação em 1974 que permite predizer a abundância das estruturas sobre um intervalo de massas a partir de um campo de perturbações de densidade aleatôrio e gaussiano. Consideremos �utuações em um campo de densidade ρ (~x) descrito pelo contraste de densidade δ (~x) ≡ ρ (~x)− ρ0 ρ0 (4.80) onde ρ0 é a densidade de massa média no universo. Uma quantidade física de interesse é o contraste de densidade suavizado em uma escala comóvel RW , de�nido por δ (~x,RW ) ≡ ˆ d3x ′ W (∣∣∣~x′ − ~x ∣∣∣ , RW ) δ ( ~x ′ ) (4.81) A função W (x,RW ) é chamada função janela e pesa o campo de densidade de uma maneira que é relevante para a aplicação particular. Press e Schechter assumiram as seguintes hipóteses para estudar a formação de estruturas não-lineares: • A caracterização das propriedades estatísticas das �utuações de densidade para o tempo t = teq por uma distribuição de densidade de probabilidade gaussiana 52 p (δl, RW ) = 1√ 2πσ2 e− δ2l 2σ2 (4.82) onde σ (RW ) = (〈δ2 (~x,RW )〉) 1 2 é a desvio padrão da perturbação de densidade linear sobre a escala RW . Esta distribuição é estabelecida durante a época in�acionária, quando o universo foi dotado de um campo de �utuações de densidade primordial aleatório e gaussiano. • A evolução das perturbação de densidade é determinada pela teoria de per- turbações lineares. • Os objetos colapsaram em alguma escala RW , uma vez que o contraste de densidade suavizado δ (~x,RW ) sobre essa escala exceda algum valor crítico δc. Esse valor crítico para o colapso em objetos virializados é determinada pelo valor do contraste de densidade linear quando o contraste de densidade do modelo do colapso esférico associado com a massam diverge. Como mostramos acima, esse valor para um universo Einstein-de Sitter é δc = 1, 686. Dada a simetria esférica da perturbação, a escolha mais natural para a função janela é W (r, RW ) = 3 4πR3 W Θ (RW − r) (4.83) O volume da janela será VW = 4π 3 R3 W e a massa dentro dessa esfera estará dada por m = ρ0VW . Uma região com contraste de densidade suavizado igual ao valor crítico δc, cor- responde a um objeto que acabará virializado com massa m (RW ); então a prob- abilidade acumulada para uma região ter um contraste de densidade suavizado δ (~x,RW ) > δc, dá a fração de volume ocupado por objetos virializados com m ′ > m F (m) = ˆ ∞ δc p (δl, RW ) dδl = 1 2 erfc ( δc√ 2σ (m) ) (4.84) onde erfc (x) é a função error. Para obter a densidade de número comóvel de objetos virializados por unidade de massa, devemos multiplicar a quantidade dF (m) dm (a qual expressa a quantidade de objetos virializados por unidade de massa) por ρ0 m (a qual expressa o inverso do volume da região). Desta maneira obtemos dn (m, z) dm = 2 ρ0 m ∣∣∣∣dF (m, z) dm ∣∣∣∣ = √ 2 π ρ0 m2 δc (z) σ (z) ∣∣∣∣d lnσ (z) d lnm ∣∣∣∣ e− δ2c (z) 2σ2(z) (4.85) 53 O fator de dois deve-se a que a equação F apenas cobre a metade da massa em obje- tos virializados, já que não conta regiões subdensas. Press e Schechter argumentaram que as regiões subdensas colapsaram sobre as regiões sobredensas e multiplicaram F por dois com o �m de incluir toda a massa. Um modelo conhecido como Excursion Set derivou de maneira rigurosa o fator de dois [31]. Para conhecer a densidade de número comóvel de objetos virializados em um inter- valo de massa, o formalismo de Press-Schechter prediz n (z) = ˆ m2 m1 dn (m, z) dm dm (4.86) Embora o colapso gravitacional é mais complexo do imaginado nesta derivação; esta função de massa começou a adquirir interesse na cosmologia a partir de 1988, uma vez que começaram a se realizar simulações de N-corpos, e tais resultados concordavam bastante bem com as predições da função de massa de Press-Schechter [10]. 54 Capítulo 5 Perturbações de Densidade Inhomogêneas Como vimos, o modelo do colapso esférico descreve uma perturbação de densidade esfericamente simétrica e uniforme, que evolui dentro de um universo homogêneo e em expansão. Agora, estudaremos a evolução de perturbações de densidade inhomogêneas no uni- verso de um modo que generaliza de uma forma clara o modelo do colapso esférico. Para esse �m, derivamos uma equação dinâmica para a evolução do contraste de densidade no contexto de um espaço-tempo de Lemaître-Tolman-Bondi e obtemos soluções para a evolução de perturbações de densidade esfericamente simétricas com um per�l radial inicial, embebidas em um universo Einstein-de Sitter e ΛCDM. Depois, considerando um universo permeado por uma componente material com pressão, empregamos o modelo de Lemaître para estudar a evolução de perturbações de densidade esfericamente simétricas e inhomogêneas, com um dado per�l radial inicial. 5.1 O caso sem pressão No caso de uma perturbação inhomogênea não é possível usar uma métrica de FRW, a qual é valida somente para uma distribuição de matéria homogênea. A métrica mais geral esfericamente simétrica é dada por ds2 = eA(r,t)dt2 − eB(r,t)dr2 −R2 (r, t) ( dθ2 + sin2 θdϕ2 ) (5.1) onde t é o tempo cósmico, r é o raio comóvel, θ a coordenada azimutal e ϕ a coordenada angular. A métrica é determinada por três funções: A (r, t), B (r, t) e 55 R (r, t), onde esta última função é conhecida como o raio areal, já que a área de uma superfície em um tempo dado t e raio comóvel r é dado por S = 4πR (r, t)2. Para uma exposição sobre modelos inhomogêneos com simetria esférica, ver [61]. Nós assumimos um �uido perfeito com tensor de energia-momento dado por T µ µ = (ρ+ p)uµuν − pδµ ν (5.2) onde ρ é a densidade do �uido, p a pressão e uµ é a 4-velocidade, que cumpre a condição uµuµ = 1 e em um sistema de referência comóvel resulta uµ = ( e− A 2 , 0, 0, 0 ) . Nesta métrica, as equações de Einstein com uma constante cosmológica, Gµ ν = 8πGT µ ν + Λδµ ν , podem ser escritas como: Gt t = e−A ( Ṙ2 R2 + ḂṘ R ) − e−B ( 2 R′′ R + R′2 R2 − B′R′ R ) + 1 R2 = 8πGρ+ Λ (5.3) Gr t = Gt r = e−B ( 2 Ṙ′ R − ḂR′ R − A′Ṙ R ) = 0 (5.4) Gr r = e−A ( 2 R̈ R + Ṙ2 R2 − ȦṘ R ) − e−B ( R′2 R2 + A′R′ R ) + 1 R2 = −8πGp+ Λ (5.5) Gθ θ = Gϕ ϕ = e−A 4 ( 4 R̈ R − 2 ȦṘ R + ḂṘ R + 2B̈ + Ḃ2 − ȦḂ ) − −e −B 4 ( 4 R′′ R + 2 A′R′ R − 2 B′R′ R + 2A′′ + A′2 − A′B′ ) = −8Gp+ Λ (5.6) onde ponto e linhas referem-se a derivadas parciais com respeito ao tempo e ao espaço respectivamente. A conservação do tensor de energia-momento, ∇µT µ ν = 0, neste espaço-tempo resulta nas seguintes equações: Ḃ + 4 Ṙ R + 2 ρ̇ ρ+ p = 0 (5.7) A′ + 2 p′ ρ+ p = 0 (5.8) 56 ∂p ∂θ 1 R2 = 0 (5.9) ∂p ∂ϕ 1 R2 sin2 θ = 0 (5.10) De acordo às equações (5.9) e (5.10) temos que p = p (r, t). Para reescrever as equações de Einstein de uma forma simpli�cada, multiplicamos a equação (5.3) pelo fator R2R′. Nessa nova equação substituimos o fator Ḃ obtido da equação (5.4), resultando em 2m′ (r, t) R2R′ = 8πGρ (5.11) Agora multiplicamos a equação (5.5) pelo fator R2Ṙ e na equação resultante substi- tuimos o fator A′ obtido da equação (5.4), resultando em 2ṁ (r, t) R2Ṙ = −8πGp (5.12) onde m (r, t) = e−ARṘ2 − e−BRR′2 + R − 1 3 ΛR3 é conhecida como a massa ativa gravitacional e gera o campo gravitacional. No caso de matéria sem pressão, obtemos da equação (5.12) ṁ (r, t) = 0 ⇒ m = m (r) (5.13) Nesse caso, da equação (5.8) obtemos A = A (t) e fazendo a transformação t′ = ˆ e A(t) 2 dt (5.14) a qual leva a A = 0 no novo sistema de coordenadas. Considerando A = 0 a equação (5.4) resulta ∂t ( 2e− B 2 R′ ) = 0, a qual tem como solução eB = R′2 1 + f (r) (5.15) onde f (r) é uma função arbitrária e é conhecida como curvatura. Neste caso a métrica toma a forma da métrica Lemaître-Tolman-Bondi (LTB) [26, 27, 28] 57 ds2 = dt2 − R′2 1 + f (r) dr2 −R2 (r, t) ( dθ2 + sin2 θdϕ2 ) (5.16) Para que a métrica tenha a assinatura correta é necessário que a curvatura f (r) cumpra f (r) > −1. A curvatura está determinada por f (r) = Ṙ2 − 2m (r) R − 1 3 ΛR3 (5.17) Modelos com grandes inhomogeneidades, descritos por uma métrica de LTB, como o modelo da Bolha de Hubble, tem sido usado como uma alternativa para a expansão aparente do universo [62, 63, 64, 65]. A equação dinâmica para o modelo de LTB pode ser escrita como uma generalização da equação de Friedmann Ṙ2 R2 = 2m (r) R3 + f (r) R2 + Λ 3 (5.18) e uma generalização da equação de aceleração R̈ R = −m (r) R3 + Λ 3 (5.19) a qual é independente da curvatura como no caso de FRW. Até aqui temos trabalhado em unidades onde c = 1. Para analisar a função m (r) que aparece em (5.19) recobremos o fator c por um momento. A função m (r) tem unidades de comprimento, de maneira que multiplicada pelo fator c2 G torna-se uma função massa, chamada massa ativa gravitacional, a qual é a responsável de gerar o campo gravitacional. Integrando a equação (5.11) para o caso em que p = 0, obtemos c2m G = 4π ˆ rf ri R2R′ρdr (5.20) Agora consideremos a soma da massa das partículas que compõem o corpo grav- itante. Para isso, suponhamos que a matéria ocupa uma esfera de volume V , de forma que c2M G = ˆ R3 ρdV = ˆ R3 ρ √ −g3d 3x = ˆ rf ri ˆ π 0 ˆ 2π 0 ρ √ −g3drdθdϕ (5.21) 58 Da parte espacial da métrica LTB obtemos √ −g3 = R2R′ sin θ√ 1+f(r) , resultando c2M G = 4π ˆ rf ri R2R′ρ√ 1 + f (r) dr (5.22) Comparando (5.20) com (5.22), observamos que dependendo do sinal da curvatura, M pode ser maior, menor ou igual a m. Essa diferença de massa é conhecida como defeito de massa. Em um sistema ligado (f < 0), parte da energia das partículas que compõem o corpo se perde e essa perda de energia é responsável pelo defeito de massa. Este é o caso que nos interessa. As equações de LTB se reduzem às equações de FRW se estabelecermos R (r, t) = ra (t) (5.23) f (r) = −kr2 (5.24) onde k é a curvatura espacial. Para descrever a evolução de perturbações de densidade inhomogêneas, de�nimos o contraste de densidade dentro da perturbação δ (r, t) = ρ (r, t)− ρ̄ (t) ρ̄ (t) (5.25) oonde ρ (r, t) é a densidade dentro da perturbação e ρ̄ (t) é a densidade de fundo em expansão. A equação dinâmica para δ (r, t) pode ser deduzida da equação (5.7), que para um �uido sem pressão resulta ρ̇+ 3hρ = 0 (5.26) onde h ≡ ḃ b e b ≡ (R2R′) 1 2 , junto com a equação de continuidade para o fundo em expansão ˙̄ρ+ 3Hρ̄ = 0 (5.27) na qual H = ȧ a . Tomando a derivada à equação (5.25) com respeito ao tempo, obtemos 59 ρ̇ = ˙̄ρ (1 + δ) + ρ̄δ̇ (5.28) a qual pode ser escrita como δ̇ = 3 (H − h) (1 + δ) (5.29) usando as equações (5.26) e (5.27). Derivando a equação (5.29) com respeito ao tempo, resulta δ̈ = 3 ( Ḣ − ḣ ) (1 + δ) + 3 (H − h) δ̇ (5.30) Usando a equação de Friedmann e a equação de aceleração podemos escrever Ḣ = Λ 2 − 3 2 H2 (5.31) e combinando as equações (5.3)-(5.6) chegamos a que ḣ = 4πGρ+ 2 3R ( f R + f ′ R′ ) + Λ− 3h2 (5.32) Substituindo a expressão (5.31) e (5.32) em (5.30) e fazendo um pouco de álgebra, obtemos δ̈ + 2Hδ̇ − 4πGρ0δ (1 + δ)− 4 3 δ̇2 1 + δ = Λ 2 + 2 3 [ ∂ ∂t ln R R′ ]2 (1 + δ) (5.33) Para uma perturbação de densidade homogênea com per�l top-hat o raio areal é R = ra. O último termo do lado direito da equação (5.33) se anula, de maneira que esta equação se reduze à equação [20] no caso de um único �uido sem pressão. A equação (5.33) generaliza a evolução de δ para perturbações esféricas com um per�l radial inicial arbitrário. No entanto, para o caso de matéria sem pressão, a solução desta equação pode ser obtida diretamente da equação (5.26) e (5.11), o qual é o que faremos no que segue. Consideremos inicialmente um per�l de densidade radial expandindo-se com o fundo Ri = rai (5.34) o qual está caracterizado por uma função independente do tempo g (r) 60 ρi (r) = ρ̄i {1 + δi (r)} = ρ̄ig (r) (5.35) Como a equação (5.11) em LTB é independente do tempo, podemos estabelecer 4πGR2 iR ′ iρi (r) = 4πGR2R′ρ (5.36) Já que ρ̄0 = ρ̄a3 e ρ = ρ̄ {1 + δ} obtemos δ (r, t) = a3 (t) g (r) r2 R2R′ − 1 (5.37) De�nindo um raio areal adimensional R̃ = R r (5.38) a equação (5.37) resulta δ (r, t) = a3 (t) g (r) R̃2 [ R̃ + rR̃′ ] − 1 (5.39) o qual é, por suposto, a solução formal para a equação de evolução não-linear (5.33) com as condições iniciais dadas acima. Antes de encontrar a evolução do contraste de densidade, nós necessitamos resolver as equações dinâmicas do fundo de FRW para a (t) e as equações dinâmicas da perturbação de LTB para R̃ (r, t). Soluções do modelo LTB para um per�l de densidade inicial dado Consideramos inicialmente soluções do modelo LTB aplicados a uma perturbação de densidade inhomogênea com um per�l de densidade inicial embebido em um fundo Einstein-de Sitter e ΛCDM. Fundo Einstein-de Sitter. O primeiro objetivo é estudar a evolução de uma pertur- bação de densidade inicial esfericamente simétrica em um universo dominado por matéria com um fundo Einstein-de Sitter no contexto da relatividade geral. Para conhecer a (t) resolvemos numericamente a equação de aceleração reescrita como 61 d2a dt̃2 = −1 2 Ω0a 2 (5.40) com a mudança de variável t̃ = tH0. A primeira condição inicial é especi�cada como a ( t̃i ) = ai (5.41) A segunda condição inicial é �xada usando a equação de Friedmann como ( da dt̃ ) t̃i=0 = { Ω0a −1 i − (Ω0 − 1) } 1 2 (5.42) Para resolver R̃ ( r, t̃ ) nós assumimos que em um tempo incial arbitrário t̃ = t̃i, o universo completo segue a expansão de fundo com R (r, ti) = ra (ti), mas tem uma perturbação de densidade pequena inicial especi�cada por um per�l g (r): ρ (r, ti) = ρ̄ (ti) g (r) (5.43) onde ρ̄ (ti) é a densidade de fundo homogênea inicial. Já que m (r) é independente do tempo, esta pode ser calculada como: m (r) = 4πGρ̄ia 3 ˆ r 0 dr′r′2g (r′) (5.44) De�nindo h (r) = 3 r3 ˆ r 0 dr′r′2g (r′) (5.45) podemos escrever m (r) = 1 2 Ω0H 2 0r 3h (r) (5.46) onde foi usado ρ̄0 = a3 i ρ̄i e ρ̄0 = Ω0 3H2 0 8πG . Usando o tempo em unidades do parâmetro de Hubble hoje t̃ = tH0 e o raio areal em unidades do raio comóvel R̃ = R r nós resolvemos a equação de aceleração ∂2R̃ ∂t̃2 = −1 2 Ω0R̃ −2h (r) (5.47) 62 para um dado valor de r e condições iniciais ( ∂R̃ ∂t̃ ) t̃i=0 = √ a−1 i Ω0 + (1− Ω0) (5.48) e R̃i = ai. Dada as condições iniciais, a evolução da perturbação de densidade inhomogênea é completamente determinada pelo seu per�l inicial. Como um exemplo deste método escolhemos um per�l de densidade gaussiano com uma largura dada σ, a qual car- acteriza o tamanho comóvel da pertubação: g (r) = 1 + δie − r 2 σ2 (5.49) Começamos a evolução desde ai = 10−5 e escolhemos δi = 10−4.552, o qual resulta no colapso no presente (a = 1 quando t̃ = 0.667) no centro da perturbação. As soluções exatas para as equações dinâmicas de LTB neste caso existem em uma forma paramêtrica e as usamos para fazer um check-up do método numérico (ver apêndice A). Na Fig.(5.1) mostramos a evolução temporal de R̃ ( r, t̃ ) para valores diferentes do raio comóvel r em unidades de σ. Nós podemos ver que camadas diferentes colapsam em tempos diferentes com a camada exterior colapsando depois. Portanto, não há nenhum cruzamento de camadas neste caso, como é esperado, já que o per�l de densidade decresce radialmente. 0.2 0.4 0.6 0.8 t � 0.1 0.2 0.3 0.4 R � Hr,t � L Figura 5.1: Raio areal R̃ ( r, t̃ ) como uma função do tempo t̃ para r σ = 0 (linha sólida), 0.2 (linha tracejada) e 0.5 (linha ponto-tracejada). 63 A presença de uma perturbação de densidade em o universo Einstein-de Sitter, mesmo quando está inicialmente localizada, leva �nalmente ao universo inteiro ao colapso. Por exemplo, uma região com um raio comóvel de r = 2σ colapsa a t̃ = 34.1. Portanto, a taxa de expansão do universo neste raio é levemente diferente do fundo Einstein-de Sitter. Na Fig.(5.2) mostramos os instantes iniciais da evolução do per�l do contraste de densidade δ ( r, t̃ ) . 0.5 1.0 1.5 r�rc 0.00005 0.00010 0.00015 0.00020 ∆Hr,t � L Figura 5.2: Contraste de densidade δ ( r, t̃ ) como uma função do raio comóvel em unidades de σ para o contraste de densidade inicial (linha sólida), contraste de densidade em t̃ = 10−7 (linha tracejada) e t̃ = 10−6 (linha ponto-tracejada). No regime linear, a forma do per�l de densidade não muda signi�cativamente. Para tempos próximos ao colapso do centro, o per�l de densidade se aproxima a um per�l gaussiano com larguras diferentes, como é mostrado na Fig.(5.3). 64 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 1.2 r�rc 50 100 150 ∆Hr,t � L Figura 5.3: Contraste de densidade δ ( r, t̃ ) como uma função do raio comóvel em unidades de σ para t̃ = 0.5 (linha tracejada), contraste de densidade em t̃ = 0.60 (linha ponto-tracejada) e t̃ = 0.61 (linha solida). Fundo ΛCDM. Agora procedemos a estudar a evolução de uma perturbação de densidade esférica e inhomogênea em um fundo commatéria e constante cosmológica, onde ρ̄ (t) = ρ̄0m a3 + ρΛ e Ω0 m + Ω0 Λ = 1. Como a constante cosmológica não é perturbada, apenas afeta o comportamento do contraste de densidade através da mudança da evolução de a (t) e R