8º Congresso de Extensão Universitária da UNESP, 2015. Extensão em Agroecologia – Grupo Cataia.,Camila Pinto Pedroso, Luis Carlos Ferreira de Almeida, Amanda Sellarin Alves, Jonas Venturineli Pagassini, Analice Costa Barduco – ISSN 2176-9761 Extensão em Agroecologia – Grupo CATAIA Camila Pinto Pedroso (1), Luis Carlos Ferreira de Almeida (2), Amanda Sellarin Alves (3), Jonas Akenaton Venturineli Pagassini (4), Analice Costa Barduco (5) (1, 3, 4, 5) Estudante de Graduação em Agronomia pela Unesp Campus Experimental de Registro e Bolsistas de Extensão PROEx; (2) Professor Doutor da Unesp/Registro Resumo As políticas públicas atuais voltadas para a agricultura familiar têm dando ênfase na necessidade da adoção, por este setor, de uma agricultura de bases ecológicas. Desde 2011, um grupo de alunos do Centro Acadêmico da UNESP Campus Experimental de Registro, sentindo a necessidade de discutir esse cenário formaram um grupo de Agroecologia no qual, integrando ensino-pesquisa e extensão, vem trabalhando esse assunto. Essa discussão encontra fundamentação teórica na medida que faz uma análise critica dos atuais processos agrícola, os quais foram implantados não pela demanda dos movimentos sociais e agricultores, mas por parte dos setores dominantes da agricultura, e ao mesmo tempo propõe a mudança dos paradigmas da produção agrícola e do desenvolvimento rural. O caráter de livre acesso proposto pelo grupo permite que diferentes atores envolvidos nos processos da agricultura familiar e da agroecologia tenham acesso aos espaços de formação e informação, assim como aos trabalhos de ensino pesquisa e extensão realizados pelo “CATAIA”. Palavras Chave: extensão rural, grupo de estudo, agricultura familiar. Abstract The public policies for family farming has emphasized the need for the adoption by this sector of agriculture ecological bases. Since 2011, a group of students of UNESP Campus Registro Experimental, believing it necessary to discuss this scenario created a Agroecology Group, integrating teaching and research and extension, has been working this issue. This discussion is theoretical basis as making a critical analysis of current agricultural processes, which were not implemented by demand from farmers and social movements, but by the dominant sectors of agriculture, while proposing the change of production paradigms agricultural and rural development. The free access proposed by the group allows different actors involved in the processes of family farming and agroecology have access to areas of training and information, as well as the research and educational work carried out by the extension "Cataia". Keywords: extension, study group, family farming. 8º Congresso de Extensão Universitária da UNESP, 2015. Extensão em Agroecologia – Grupo Cataia.,Camila Pinto Pedroso, Luis Carlos Ferreira de Almeida, Amanda Sellarin Alves, Jonas Venturineli Pagassini, Analice Costa Barduco – ISSN 2176-9761 Introdução No Brasil, a agricultura alternativa surge diante de contextos de uma política agrária excludente, motivada por organizações politicamente engajadas e visando à construção de uma sociedade democrática e com a perspectiva de transformação social. Recentemente, jovens agricultores com formação técnica ou acadêmica dinamizam a agricultura alternativa e atuam no sentido de obter um reconhecimento societário e uma institucionalização do padrão agroecológico de produção, como salienta Brandenburg (2002). Desde o advento da lei que trata da Lei 12.188/2010 que institui Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural para a Agricultura Familiar e Reforma Agrária – PNATER e do decreto Nº 7.794/12 que instituiu a Política nacional de agroecologia e produção orgânica – PNAPO a questão da agricultura familiar tem sido visto com mais ênfase, não somente quanto aos aspectos do apoio que esse prevê, mas também das diretrizes que a agricultura praticada por esse setor deve seguir. Dentro dos princípios dessa política temos a busca do desenvolvimento rural sustentável e a adoção de uma agricultura de base ecológica, como disposto em MDA (2004). Essa necessidade tem como foco buscar soluções frente aos efeitos negativos da produção agropecuária no ambiente, que geraram externalidades socioeconômicas igualmente negativas, torna-se necessária a adoção de um modo de produzir sustentável na busca de uma transição agroecológica dentro de um enfoque científico desses processos. Estas propostas têm um forte conteúdo de mobilização e organização social, explicitados nas suas estratégias: privilegiar o uso de metodologias participativas; valorizar os distintos saberes (científico e popular); incorporar uma visão holística (que compreenda os processos socioeconômicos em sua relação com o ambiente); estimular dinâmicas de participação ativa das populações, através de diagnósticos e planejamentos em conjunto; estimular parcerias em todos os níveis; estimular formas associativas; respeitar as diferenças de gênero, de culturas, de grupos de interesses; buscar a inclusão social; tomar o agroecossistema como uma unidade básica de análise, planejamento e avaliação dos sistemas de produção agrícola; apoiar a implementação da Reforma Agrária e o fortalecimento da Agricultura Familiar. As ações definidas e executadas também destacaram o caráter social deste trabalho: a sustentabilidade, a estabilidade, a produtividade, a equidade e a qualidade de vida, conforme explicado por Rodrigues et. al. (2002). Desde 2011, um grupo de alunos do Centro Acadêmico “IV de Agosto” da Unesp Campus Experimental de Registro, sentindo a necessidade de discutir esse tema formaram um grupo de Agroecologia, intitulado “Cataia”, no qual integrando o tripé educacional da universidade, o qual se baseia em ensino, pesquisa e extensão, vem trabalhando esse assunto. Essa discussão encontra fundamentação teórica na medida que faz uma análise critica do atual processo agrícola, os quais foram implantados não pela demanda dos movimentos sociais e agricultores, mas por parte dos setores dominantes da agricultura. A fim de um processo de aprendizagem mais completo, é priorizada a relação entre teoria e prática, para isso o grupo realiza reuniões semanais onde se realiza estudos na área da agroecologia e troca de experiências dos próprios membros, que realizam atividades como: horta terapêutica para os pacientes do CAPS (centro de atenção psicossocial) de Registro, oficinas educacionais, galinheiro orgânico, participação em eventos ligados a agroecologia, promoção de ciclo de palestras e debates, etc. Existem participações esporádicas de ex-participantes do grupo, assim como estudos dirigidos pelos próprios membros que são estudados em grupo. Além de se realizar planejamentos das futuras atividades do grupo, dentro das próprias reuniões. O grupo realiza atividades de extensão, com a intenção de trocar conhecimento técnico com o popular entre os estudantes, agricultores, pacientes e/ou outros alunos do ensino fundamental e médio. Objetivo O objetivo das atividades de extensão do Grupo de agroecologia – Cataia foi levar esse tema, não somente para o público interno da Universidade, mas principalmente praticar ações de extensão junto a comunidades de produtores rurais do município, escolas, CAPS, etc.; propondo estratégias sustentáveis ao modelo de agricultura atual e buscando a transição agroecológica. Material e Métodos A execução deste trabalho tem a participação direta de alunos de Graduação dos Cursos de Agronomia e de Engenharia de Pesca, os quais são integrantes do Grupo de Agroecologia Cataia. Seria desejável a participação de estudantes de pós-graduação que muito poderia contribuir para o aprimoramento do projeto, no entanto, essa ausência se justifica na medida que o Campus Experimental de Registro não possui um Curso de Pós-Graduação. Deve-se destacar que as atividades vêm ocorrendo de forma voluntária pelos estudantes desse grupo, existindo ainda a participação de membros externos a Universidade. Na medida que o projeto tenha continuidade, existe a possibilidade de outros estudantes serem incorporados à proposta. Considerando que a transição agroecológica carrega em si um conteúdo multiprofissional e multidisciplinar outros professores contribuirão com as atividades. A metodologia a ser desenvolvida para a realização das atividades consistiu em ampliar as ações já 8º Congresso de Extensão Universitária da UNESP, 2015. Extensão em Agroecologia – Grupo Cataia.,Camila Pinto Pedroso, Luis Carlos Ferreira de Almeida, Amanda Sellarin Alves, Jonas Venturineli Pagassini, Analice Costa Barduco – ISSN 2176-9761 existentes como colaborar no projeto de horta terapêutica, oficinas educacionais e também na construção de um galinheiro orgânico que, de alguma forma, já vem desenvolvendo técnicas sustentáveis, utilizando essas pessoas como referência na atração de mais interessados, numa adaptação de técnicas difusionistas utilizadas na extensão rural, mas sempre com o cuidado da ação ser participativa e nos quais estudantes e agricultores são colaboradores das ações do projeto. Uma vez cumprida essa etapa o grupo de estudantes bolsistas e voluntários realizará ações de sensibilização dentro e fora da universidade, nas quais será dada ênfase à importância da busca de uma agricultura mais sustentável via um processo de transição agroecológica e da importância desse tema dentro do contexto das novas políticas de Assistência Técnicas e Extensão Rural, numa síntese dos procedimentos esses deverão ocorrer na seguinte dinâmica: - Sensibilizar e aumentar o grupo de participantes; - reuniões destacando a importância e relevância da proposta; - Apresentar o estado da arte dos trabalhos já desenvolvidos; - Incorporar mais elementos da comunidade nas atividades práticas; - Discutir novas propostas sensibilizantes e aumentando o grupo de participantes em um processo de fluxo contínuo de novos participantes. Resultados e Discussão Os resultados obtidos permitiram aos pacientes e alunos participantes: apreensão da compreensão da importância do processo da transição agroecológica na medida em que os próprios participantes foram engajados em novas técnicas de produção Ao mesmo tempo, a comunidade, tomando como exemplo esse projeto, teve um melhor entendimento de seu potencial para a resolução de outros problemas que demandam soluções coletivas. Os resultados para os alunos foram de compreender uma realidade distinta daquela desenvolvida em sala de aula, uma vez que estiveram em contato direto com membros da comunidade local, colocando em prática saberes relacionado ao processo da transição agroecológica. Isso permitiu a Unesp cumprir o seu papel como Instituição comprometida com a comunidade onde está inserida, ao mesmo tempo, os docentes envolvidos: ampliaram a base teórica desse tema dentro da comunidade acadêmica. O resultado para os estudantes envolvidos com o grupo de agroecologia Cataia, foi do fortalecimento de sua formação como Engenheiro Agrônomo e/ou Engenheiro de Pesca, não somente quanto aos aspectos técnicos, mas também com o diferencial obtido de forma extracurricular. O conhecimento dos temas relacionados ao saber agroecológico que está cada vez mais se tornando importante. Empresas e produtores procuram profissionais capacitados dentro desse novo paradigma de produção ecológica e responsável, da mesma forma que esse profissional estará em dia com políticas públicas de assistência técnica e extensão rural que focam nas soluções agroecológicas. Finalmente, ao colocar os alunos em contato com grupos sociais estes agregaram aos seus conhecimentos técnicos a sensibilidade necessária para entender que as técnicas, quando destituídas de finalidade social pouco podem contribuir para o desenvolvimento das comunidades. A participação dos alunos, tanto bolsistas quanto voluntários representou uma ponte entre conhecimento formal e a realidade social e econômica de grupos locais, reduzindo a distância entre esses conhecimentos. Conclusão Conclui-se que as atividades desenvolvidas pelo Grupo Cataia agregaram, ampliaram e qualificaram as ações de ensino, pesquisa e extensão no âmbito da agroecologia. Tratando-se de uma experiência nova, essas atividades representaram canal legítimo de convergência e interesses de agricultores familiares, estudantes e da comunidade como um todo, que carecem de alternativas produtivas e sustentáveis de modelo de produção. Pode ser definido como o começo de um esforço coletivo na busca por alimentos saudáveis, ambiente sustentável e seguro para as próximas gerações. Por se tratar de um grupo novo, que ainda esforça- se para se consolidar, já que o tema da transição agroecologica é novo e carece de estudos e projetos de pesquisa e extensão, ele tem grande potencial de geração de novas pesquisas e novas extensões. Ao mesmo tempo, que pode qualificar unidades de experimentação participativa em territórios de agricultura familiar, além de aproximar pesquisadores, professores, estudantes, agricultores, etc, nas dinâmicas inerentes ao tema. Bibliografia ALTIERI, M. A. Agroecologia:bases científicas para uma agricultura sustentável. Guaíba: Agropecuária, 2002. ALTIERI, M. & NICHOLLS, C. I. Agroecologia, Teoria y Práctica para una Agricultura Sustentable. México, D.F.: PNUMA, 2000. BRANDENBURG, A. Movimento Agroecológico, trajetória, contradições e perspectivas. Desenvolvimento e Meio Ambiente, n..6, p. 11-28, jul/dez. Ed. UFPR, 2002. CAPORAL, F. R.; COSTABEBER, J.A.; PAULUS, G. Agroecologia: matriz disciplinar ou novo paradigma para o desenvolvimento rural sustentável. Brasília-DF, abril de 2006. Disponível no www.jornadadeagroecologia.com/downloads/arquivos/arquivosO.pdf,m acessado em 23 de janeiro de 2007. CAPORAL, F. R. & COSTABEBER, J. A. Análise Multidimennsional da Sustentabilidade:uma proposta metodológica a partir da agroecologia. Agroecologia e Desenvolvimento Rural Sustentável, Porto Alegre, v.3, n.13, jul/set 2002. CAPORAL, F. R. & COSTABEBER, J. A. Agroecologia e desenvolvimento sustentável. Perspectivas para uma nova extensão rural. Disponível em: http://www.pronaf.gov.br/dater/index.php?sccid=1295. MDA – Ministério do Desenvolvimento Agrário, Secretaria de Agricultura Familiar, Grupo de trabalho Ater. Política de assistência e extensão rural (PNATER). Versão final: 25/5/2004, Brasília, 2004. Slide 1 Slide 2 Slide 3