UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JULIO DE MESQUITA FILHO” INSTITUTO DE QUÍMICA - CAMPUS ARARAQUARA PROGRAMA DE PÓS-GRADUACÃO EM BIOTECNOLOGIA “Avaliação do potencial tripanocida de diaminas, diaminas de ferroceno e derivados de 1,4-naftoquinonas em cepas de Trypanosoma brucei” Angela María Arenas Velásquez Araraquara 2013 Angela María Arenas Velásquez “Avaliação do potencial tripanocida de diaminas, diaminas de ferroceno e derivados de 1,4-naftoquinonas em cepas de Trypanosoma brucei” Dissertação apresentada ao Instituto de Química, Universidade Estadual Paulista, como parte dos requisitos para obtenção do Titulo de Mestre em Biotecnologia. ORIENTADORA: Profa. Dra. Regina Maria Barretto Cicarelli Araraquara 2013 Angela María Arenas Velásquez “Avaliação do potencial tripanocida de diaminas, diaminas de ferroceno e derivados de 1,4-naftoquinonas em cepas de Trypanosoma brucei” Dissertação apresentada ao Instituto de Química, Universidade Estadual Paulista, como parte dos requisitos para obtenção do Titulo de Mestre em Biotecnologia. Araraquara, 25 de Fevereiro de 2013. BANCA EXAMINADORA --------------------------------------------------- Profa. Dra. Regina Maria Barretto Cicarelli Faculdade de Ciências Farmacêuticas – UNESP, Araraquara. --------------------------------------------------- Profa. Dra. Márcia Graminha Faculdade de Ciências Farmacêuticas – UNESP, Araraquara. --------------------------------------------------- Prof. Dr. Alberto José Cavalheiro Instituto de Química – UNESP, Araraquara. DADOS CURRICULARES Nome: Angela María Arenas Velásquez Nome em citações bibliográficas: VELÁSQUEZ, A. M. A.; ARENAS VELÁSQUEZ, A. M. Sexo: Feminino Filiação: Julio Ernesto Arenas Vásquez e Dora Elisa Velásquez Caicedo Nascimento: 31/01/1984 – Bogotá – Colômbia. Endereço profissional: Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita Filho, Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Araraquara, Departamento de Ciências Biológicas Rodovia Araraquara - Jaú Km 01 - 14800-902, SP - Brasil. Laboratório de Imunologia Telefone: (16) 3301-6950 URL do home page: http://www.fcfar.unesp.br E-mail para contato: avellangel@gmail.com Formação acadêmica/titulação 2011 Mestrado em Biotecnologia. Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, UNESP, São Paulo, Brasil. Título: Avaliação do potencial tripanocida de benzil diaminas, diaminas de ferroceno e derivados de 1,4-naftoquinonas em cepas de Trypanosoma brucei brucei. Orientador: REGINA MARIA BARRETTO CICARELLI Bolsista do (a): Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior Áreas do conhecimento: Parasitologia 2000 - 2005 Graduação em Química. UNIVERSIDAD DEL VALLE, UNIVALLE GRALTA, Colômbia. Título: Clonación y Localización de una Beta Anhidrasa Carbónica a Partir del Vector Africano de Malaria (Anophles gambiae) y del Vector Suramericano de Fiebre Amarilla (Stegomyia aegypti). Orientador: Maria del Pilar Corena; Co-orientador: Adalberto Sanchez. Formação complementar 2012 - 2012 Curso de curta duração em Citometria de Fluxo. Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, UNESP, São Paulo, Brasil. 2012 - 2012 Curso de curta duração em Tópicos Avançados em Biofarmácia e Fármacocinética. Red biofarma, REDBIOFARMA, Espanha. 2011 - 2011 Curso de curta duração em ANÁLISE FORENSE. Universidade de São Paulo, USP, São Paulo, Brasil. 2011 - 2011 Curso de curta duração em AVANCES EN GENÉTICA FORENSE. Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, UNESP, São Paulo, Brasil. Atuação profissional 1. PLASTIC FILMS INTERNACIONAL – PLAFILM. Vínculo institucional. 2008 - 2011 Vínculo: Colaborador, Enquadramento funcional: PRODUCCION, Carga horária: 50, Regime: Dedicação exclusiva. 2. LICEO JUAN PABLO II - JUAN PABLO II. Vínculo institucional. 2005 - 2006 Vínculo: PROFESOR, Enquadramento funcional: PROFESSOR AREAS QUIMICA E BIOLOGIA, Carga horária: 48, Regime: Dedicação exclusiva. Produção bibliográfica Apresentação de trabalho e palestra 1. RODRIGUES, D. F., ARENAS VELÁSQUEZ, A. M., SALGUEIRO, L., CAVALEIRO, C., MARTINS, G., MAGALHAES, N., SANTOS, L., MARTINS, M., CICARELLI, R.M.B., MOREIRA, R. Chemical composítion and trypanocidal activity evaluation of essential oils from Hedychium coronarium against Trypanosoma brucei strains, 2012. (Simpósio, Apresentação de Trabalho). Referências adicionais: Portugal/Inglês. Meio de divulgação: Impresso; Local: Faculty of Sciences of Lisbon; Cidade: Lisboa; Evento: 43rd International Symposium on Essential Oils; Inst.promotora/financiadora: Institute for Biotechnology and Bioengineering, Centro de Biotecnologia vegetal - Fundação da Faculdade de Ciências de Lisboa. 2. KOHATSU, A. A. N., SILVA, F. A. J., ARENAS VELÁSQUEZ, A. M., RODRIGUES, D. F., CHIARI, B., ALMEIDA, G., FRANCISCO, A. I., ANDREA, S., ROSA, J., VARGAS, M. D., ISSAC, V. L., CICARELLI, R. M.B. Evaluation of the susceptibility of epimastigote strains from T. cruzi to ferrocenyl diamines, 2012. (Congresso, Apresentação de Trabalho). Referências adicionais: Brasil/Inglês. Meio de divulgação: Impresso; Cidade: Caxambu, Minas Gerais; Evento: XXVIII Annual Meeting of the Brazilian Society of Protozoology / XXXIX Annual Meeting on Basic Research in Chagas' Disease; Inst.promotora/financiadora: Sociedade Brasileira de Parasitologia. 3. ARENAS VELÁSQUEZ, A. M., RODRIGUES, D. F., SILVA, F. A. J., CHIARI, B., ALMEIDA, G., ISSAC, V. L., FRANCISCO, A. I., VARGAS, M. D., CICARELLI, R. M. B. Evaluation of the Trypanocidal activity of diamines and ferrocenyl diamines against Trypanosoma brucei strains, 2012. (Congresso,Apresentação de Trabalho) Palavras- chave: Trypanosoma brucei, Ferrocenyl Diamines. Referências adicionais: Brasil/Inglês. Meio de divulgação: Meio magnético; Local: Hotel Intercontinental – Rio de Janeiro; Cidade: Rio de Janeiro; Evento: XVIII International Congress for Tropical Medicine and Malaria and XLVIII Congress of the Brazilian Society of Tropical Medicine; Inst.promotora/financiadora: Sociedade Brasileira de Medicina Tropical. 4. ARENAS VELÁSQUEZ, A. M., SILVA, F. A. J., RODRIGUES, D. F., KOHATSU, A. A. N., CHIARI, B., ALMEIDA, G., ISSAC, V. L., FRANCISCO, A. I., VARGAS, M. D., CICARELLI, R. M. B. Evaluation of the trypanocidal activity of 1,4-naphthoquinones against Trypanosoma brucei strains, 2012. (Congresso, Apresentação de Trabalho). Referências adicionais: Brasil/Inglês. Meio de divulgação: Impresso; Cidade: Caxambu, Minas Gerais; Evento: XXVIII Annual Meeting of the Brazilian Society of Protozoology / XXXIX Annual Meeting on Basic Research in Chagas Disease; Inst.promotora/financiadora: Sociedade Brasileira de Parasitologia. 5. SILVA, F.J.A., RODRIGUES, D. F., VELÁSQUEZ, A. M. A., KOHATSU, A. A. N., REGASINI, L. O., SILVA, D. H. S., CICARELLI, R.M.B. Evaluation of Trypanocidal activity of Distictella mansoana, Jacaranda puberula and Stizophyllum perforatum extracts on Trypanosoma cruzi Y strain, 2012. (Congresso, Apresentação de Trabalho). Áreas do conhecimento: Parasitologia. Referências adicionais: Brasil/Inglês. Meio de divulgação: Meio digital; Local: Sociedade de Medicina e Cirurgia; Cidade: São José do Rio Preto; Evento: FAMERP - UTMB: Emerging Infections in the Americas - common interests and collaboration between Brazil and USA; Inst.promotora/financiadora: Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto – FAMERP. 6. MARTINS, G., GUIMARAES, F., SILVA, F. A. J., VELÁSQUEZ, A. M. A., RODRIGUES, D. F., KOHATSU, A. A. N., ALMEIDA, A. E., PLANETA, C. S., CICARELLI, R.M.B., MOREIRA, R. Trypanocidal activity of fruits extracts of Solanum lycocarpum St. Hill. on Trypanosoma brucei strain, 2012. (Congresso, Apresentação de Trabalho). Referências adicionais: Áustria/Inglês. Meio de divulgação: Impresso; Local: University of Graz; Cidade: Graz; Evento: 13th International Congress of the Soiety for Ethnopharmacology; Inst.promotora/financiadora: International Society for Ethnopharmacology. 7. MARTINS, G., MAGALHAES, N., SILVA, F. A. J., VELÁSQUEZ, A. M. A., RODRIGUES, D. F., KOHATSU, A. A. N., PLANETA, C., CICARELLI, R.M.B., MOREIRA, R. Trypanocidal activity of fruits extracts of Solanum lycocarpum St. Hill. on Trypanosoma cruzi and Trypanosoma brucei strains, 2012. (Congresso, Apresentação de Trabalho). Referências adicionais: Estados Unidos/Inglês. Meio de divulgação: Impresso; Local: Grand Hyatt; Cidade: New York; Evento: International Congress on Natural Products Research; Inst.promotora/financiadora: ICNPR. 8. ARENAS VELÁSQUEZ, A. M., Garcia, G., JIMENEZ, E., CEBALLOS, C., CUENCA, C., SANTORO, A., SANCHEZ, A., CORENA, M. P., LINSER, P. J. Beta Anhidrasa Carbónica a Partir del Vector Africano de Malaria (Anopheles gambiae) y del Vector Suramericano de Fiebre Amarilla (Stegomyia aegypti), 2005. (Congresso, Apresentação de Trabalho). Referências adicionais: Colômbia/Espanhol. Meio de divulgação: Impresso; Local: Universidad del Quindío; Cidade: Armenia; Evento: VII Congreso de Estudianes de Química y II Simposio de Química Aplicada; Inst.promotora/financiadora: Facultad de Ciencias Básicas y Tecnologías, Universidad del Quindío. 9. VELÁSQUEZ, A. M. A., García, G., CEBALLOS, C., CUENCA, C., JIMENEZ, E., SANTORO, A., SANCHEZ, A., CORENA, M. P., LINSER, P. J. Clonación y Localización de una Beta Anhidrasa Carbónica a Partir del Vector Africano de Malaria (Anopheles gambiae) y del Vector Suramericano de Fiebre Amarilla, 2005. (Congresso, Apresentação de Trabalho). Palavras-chave: Aedes aegypti, Anhidrasa Carbonica Beta, Anopheles gambiae. Referências adicionais: Colômbia/Espanhol. Meio de divulgação: Vários; Local: Universidad Autonoma de Occidente; Cidade: Santiago de Cali; Evento: XL Congreso Nacional de Ciencias Biológicas; Inst.promotora/financiadora: Asociación Colombiana de Ciencias Biológicas. 10. VELÁSQUEZ, A. M. A., García, G., CUENCA, C., JIMENEZ, E., CEBALLOS, C., SANTORO, A., SANCHEZ, A., CORENA, M. P., LINSER, P. J. Clonación y Localización de una Beta Anhidrasa Carbónica a Partir del Vector Africano de Malaria (Anopheles gambiae) y del Vector Suramericano de Fiebre Amarilla, 2005. (Simpósio, Apresentação de Trabalho). Referências adicionais: Colômbia/Espanhol. Meio de divulgação: Vários; Local: Universidad del Cauca; Cidade: Popayán; Evento: V Simposio Investigación en Ciencias Biológicas; Inst.promotora/financiadora: Asociacion Colombiana de Ciencias Biológicas. Demais produções bibliográficas 1. MARTINS, G., MAGALHAES, N., SILVA, F. A. J., VELÁSQUEZ, A. M. A., RODRIGUES, D. F., KOHATSU, A. A. N., PLANETA, C. S., CICARELLI, R. M. B., MOREIRA, R. Trypanocidal activity of fruits extracts of Solanum lycocarpum St. Hill. on Trypanosoma cruzi and Trypanosoma brucei strains. Resumo Planta Medica. 333 Seventh Avenue New York, N: Thieme, 2012. (Outra produção bibliográfica). Referências adicionais: Estados Unidos/Inglês. Meio de divulgação: Vários. Home page: https://www.thieme-connect.com/ejournals/abstract/10.1055/s-0032-1320513 Eventos Participação em eventos 1. Apresentação de Pôster / Painel no (a) 43 International Symposium on Essential Oils, 2012. (Simpósio). Chemical composítion and trypanocidal activity evaluation of essential oils from Hedychium coronarium against Trypanosoma brucei strains. 2. Apresentação de Pôster / Painel no(a) SBPz, 2012. (Congresso). Evaluation of the susceptibility of epimastigote strains from T. cruzi to ferrocenyl diamines. 3. Apresentação Oral no (a) XVIII International Congress for Tropical Medicine and Malaria and XLVIII Congress of the Brazilian Society of Tropical Medicine, 2012. (Congresso). Evaluation of the Trypanocidal activity of diamines and ferrocenyl diamines against Trypanosoma brucei strains. 4. Apresentação de Pôster / Painel no(a) XXVIII Brazilian Annual Meeting of Applied Research on Chagas Disease, XVI Brazilian Annual Meeting of Applied reserach on Leishmaniasis and III Latin American Congress on Travel Medicine, 2012. (Congresso). Evaluation of the trypanocidal activity of diamines and ferrocenyl diamines against Trypanosoma brucei strains. 5. Apresentação de Pôster / Painel no(a) SBPz, 2012. (Congresso). Evaluation of the trypanocidal activity of 1,4-naphthoquinones against Trypanosoma brucei strains. 6. Apresentação de Pôster / Painel no (a) 13 International Congress of the Society for Ethnopharmacology, 2012. (Congresso). Trypanocidal activity of fruits extracts of Solanum lycocarpum St. Hill on Trypanosoma brucei strain. 7. Apresentação de Pôster / Painel no (a) International Congress on Natural Products Research, 2012. (Congresso). Trypanocidal activity of fruits extracts of Solanum lycocarpum St. Hill on Trypanosoma cruzi and Trypanosoma brucei strains. 8. II Congresso Farmacêutico da UNESP, 2012. (Congresso). 9. Congresso Farmacêutico: Atuação do Farmacêutico na Indústria de Bens de Consumo, 2012. (Seminário). 10. Congresso Farmacêutico: Assistência Farmacêutica, 2012. (Seminário). 11. I SEMANA INTERNACIONAL DE FITOTERAPIA - UNESP- FACULDADE DE CIENCIAS FARMACEUTICAS, 2012. (Outra). 12. IV Workshop All Pharma Junior - Oportunidades do Mundo Farmacêutico, 2011. (Outra). 13. Workshop: Uso de recursos da biodiversidade e sua transferência, 2011. (Outra). 14. 35a SEMANA DA QUÍMICA, 2011. (Outra). 15. Apresentação Oral no(a) XL CONGRESO NACIONAL DE CIENCIAS BIOLOGICAS, 2005. (Congresso). Clonación y Localización de una Beta Anhidrasa Carbónica a Partir del Vector Africano de Malaria (Anopheles gambiae) y del Vector Suramericano de Fiebre Amarilla (Stegomyia aegypti). 16. Apresentação de Poster / Painel no(a) V SIMPOSIO INVESTIGACION EN CIENCIAS BIOLOGICAS. BIOLOGIA, SALUD Y ETICA, 2005. (Simposio). Clonación y Localización de una Beta Anhidrasa Carbónica a Partir del Vector Africano de Malaria (Anopheles gambiae) y del Vector Suramericano de Fiebre Amarilla (Stegomyia aegypti). 17. Apresentação de Pôster / Painel no(a) XXXII CONGRESO SOCIEDAD COLOMBIANA DE ENTOMOLOGIA, 2005. (Congresso). Clonación y Localización de una Beta Anhidrasa Carbónica a Partir del Vector Africano de Malaria (Anopheles gambiae) y del Vector Suramericano de Fiebre Amarilla (Stegomyia aegypti). 18. Apresentação de Pôster / Painel no (a) II SIMPOSIO DE QUIMICA APLICADA. VII CONGRESO DE ESTUDIANTES DE QUIMICA, 2005. (Congreso). Clonación y Localización de una Beta Anhidrasa Carbónica a Partir del Vector Africano de Malaria (Anopheles gambiae) y del Vector Suramericano de Fiebre Amarilla (Stegomyia aegypti). 19. Apresentação (Outras Formas) no (a) X ENCUENTRO NACIONAL DE ESTUDIANTES DE QUIMICA, 2004. (Encontro). Clonación y Localización de una Beta Anhidrasa Carbónica a Partir del Vector Africano de Malaria (Anopheles gambiae) y del Vector Suramericano de Fiebre Amarilla (Stegomyia aegypti). 20. VI CONGRESO NACIONAL ESTUDIANTIL DE QUIMICA PURA Y APLICADA, 2003. (Congresso). Organização de evento 1. VELÁSQUEZ, A. M. A. I SEMANA INTERNACIONAL DE FITOTERAPIA DE ARARAQUARA - SP, 2012. (Outro, Organização de evento). Áreas do conhecimento: FITOTERAPIA. Referências adicionais: Brasil/Português. Meio de divulgação: Vários. 2. ARENAS VELÁSQUEZ, A. M. XL Congreso Nacional de Ciencias Biológicas, 2005. (Congresso, Organização de evento). Referências adicionais: Colômbia/Espanhol. Meio de divulgação: Impresso. 3. ARENAS VELÁSQUEZ, A. M. VI CONGRESO NACIONAL ESTUDIANTIL DE QUIMICA PURA Y APLICADA, 2003. (Congresso, Organização de evento). Áreas do conhecimento: Química, Referências adicionais: Colômbia/Espanhol. Meio de divulgação: Vários. DEDICATÓRIA Dedico este trabalho a Deus pelas oportunidades que me dá cada dia, por me dar força, paciência e perseverança; por cuidar de minha família em minha ausência e pela felicidade concedida neste tempo. Aos meus pais, Dora e Mauro, por serem meu motor, ensinarem-me a lutar pelos meus sonhos, fazendo de mim uma pessoa com a capacidade de decidir e por brindarem-me as ferramentas para sair ao mundo e fazer as coisas certas. Aos meus familiares e amigos na Colômbia, os quais não podem acompanhar-me agora, momento no qual começa a ser realidade parte de minhas metas. A minha avó María e minha irmã Dora, a meus sobrinhos Cristopher e Gabriela por brindar-me seu apoio à distância... “Tal vez en el dinero encuentres un poco de felicidad, en las amistades encuentres alegrías, en las medicinas la cura para tu enfermedad, pero el amor solo lo encontraras en tu familia”… A Elsa Maria Materon por sua longa amizade, por incentivar-me neste caminho, por persistir na ideia de que o Brasil tinha para mim grandes oportunidades para me fazer melhor profissional... “Cuando crezcas, descubrirás que ya defendiste mentiras, te engañaste a ti mismo o sufriste por tonterías. Si eres un buen guerrero, no te culparás por ello, pero tampoco dejarás que tus errores se repitan”… A minhas amigas e colegas na Colômbia, especialmente a Debora Cobo Naundorf que sempre está “on-line” para me ajudar e dar-me forças... “El espíritu olvida todos los sufrimientos cuando la tristeza tiene compañía y amistad que la consuele”… Agradeço também a todos os companheiros e amigos de Araraquara que dia a dia me fortaleceram, apoiaram e compartilharam comigo alegrias e tristezas, logrando que eu me sentisse como em casa; obrigada a Islene, Anayza, Olivia, Michel, Bea, Pri, Jessica, Kelly... Enfim, a todas as pessoas que fizeram parte da construção deste trabalho de algum modo, seja dentro de um laboratório ou do lado de fora, sempre me apoiando e me incentivando... “Sê Se não puderes ser um pinheiro, no topo de uma colina, Sê um arbusto no vale, mas sê O melhor arbusto à margem do regato. Sê um ramo, se não puderes ser uma árvore. Se não puderes ser um ramo, sê um pouco de relva E dá alegria a algum caminho. Se não puderes ser uma estrada, Sê apenas uma senda, Se não puderes ser o Sol, sê uma estrela. Não é pelo tamanho que terás êxito ou fracasso... Mas sê o melhor no que quer que seja”... Pablo Neruda E, finalmente, ao Willian Campos Ribeiro, muitas são as palavras que poderiam descrever a felicidade que você me brinda e a vontade que você me desperta para melhorar em todos os aspectos da minha vida... mas tem uma frase que resume tudo e que você ajudou-me a construir... “Mi Fe en todas las cosechas del futuro se afirma en el presente… porque Eu amo tudo por inteiro e não pela metade”… Obrigada! AGRADECIMIENTOS À minha orientadora Profa. Dra. Regina Maria Barretto Cicarelli, pela confiança, incentivo e apoio. Obrigada por ter compartilhado os seus conhecimentos profissionais. Muito obrigada pela oportunidade! Agradeço ao Instituto de Química e a Faculdade de Ciências Farmacêuticas – UNESP pela oportunidade de desenvolver este trabalho; À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pela concessão de bolsa de estudo e à Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) pelo auxílio financeiro ao projeto; Aos funcionários da pós-graduação e da biblioteca, pelos serviços prestados e pela atenção; Ao Marco Túlio Alves da Silva, por sua colaboração e ensino nas técnicas; À equipe do Laboratório de Imunologia e Biologia Molécular, em especial ao Danilo Rodrigues pelo trabalho em conjunto, a amizade, as conversas e os gratos momentos; às colegas, Flávia Silva e Lis Velosa, pelo auxílio técnico e pela amizade, a Andrea, Bianca, Cris e Danilo B. por fazer do laboratório um lugar agradável. À equipe da Profa. Dra. Vera Lucia Isaac pelo trabalho em conjunto no desenvolvimento do trabalho, em especial a Bruna Chiari pela colaboração com as HepG2, paciência e apoio técnico. “La imaginación es más importante que el conocimiento” Albert Einstein SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 18 1.1 TRIPANOSSOMÍASE AFRICANA OU DOENÇA DO SONO ................................................................... 19 1.1.1 Ciclo biológico ............................................................................................................................ 19 1.1.2 Diagnóstico clínico e laboratorial ............................................................................................ 21 1.1.3 Sintomatologia e terapêutica ................................................................................................... 21 1.2 FERROCENO ............................................................................................................................................ 24 1.3 1,4-NAFTOQUINONAS ............................................................................................................................. 26 1.4 CIS E TRANS-SPLICING .......................................................................................................................... 28 1.5 INTERFERÊNCIAS NA FORMAÇÃO DE RNA DA �-TUBULINA ........................................................... 31 1.6 ATIVIDADE ANTIOXIDANTE .................................................................................................................... 32 2 OBJETIVO .................................................................................................................................. 33 2.1 ESTRATÉGIAS EXPERIMENTAIS ............................................................................................................ 33 3 MATERIAIS E MÉTODOS ....................................................................................................... 34 3.1 MATERIAIS ................................................................................................................................................ 34 3.1.1 Cultura dos parasitas ................................................................................................................ 34 3.1.2 Derivados de diaminas de ferroceno e 1,4-naftoquinonas ................................................. 35 3.2 MÉTODO COLORIMÉTRICO DE MTT .................................................................................................... 36 3.3 CÁLCULO DO SAFETY INDEX (SI) ........................................................................................................ 39 3.4 EXTRAÇÃO DE RNA TOTAL ................................................................................................................... 39 3.5 REAÇÃO DE RT-PCR UTILIZANDO O KIT 3’ RACE SYSTEM FOR RAPID AMPLIFICATION OF CDNA ENDS ............................................................................................................................................ 41 3.5.1 Visualização dos produtos da reação de PCR em Gel de agarose 1,5% ........................ 45 3.6 AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIOXIDANTE DE DERIVADOS DE DIAMINAS DE FERROCENO E 1,4-NAFTOQUINONAS ............................................................................................................................. 45 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO .............................................................................................. 47 4.1 IC50 DOS DERIVADOS DE BENZIL DIAMINAS E DIAMINAS DE FERROCENO............ 47 4.2 DERIVADOS DE 1,4-NAFTOQUINONAS .................................................................................... 53 4.3 ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO DOS RNAS DA REAÇÃO DE TRANS-SPLICING ............. 58 4.4 AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIOXIDANTE .......................................................................... 61 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................................... 64 6 CONCLUSÕES.......................................................................................................................... 66 REFERÊNCIAS ................................................................................................................................... 67 Lista de Figuras Figura 1. Ciclo biológico da transmissão da doença do sono. ....................................................... 20 Figura 2. Processos de óxido-redução envolvendo o ferroceno no meio biológico (NADH: nicotinamida adenina dinucleotídeo; GSH: glutationa). .................................. 25 Figura 3. Formação do correspondente radical-ânion ou diânion da quinona pela capacidade de aceitar 1 ou 2 elétrons, e a suas propriedades ácido-base. .............. 27 Figura 4. Comparação entre os mecanismos de cis (A) e trans-splicing (B). As duas reações de transesterificação se mostram na figura. Os sitios 5´ (GU) e 3´ (AG) de splice e a sequência BP estão indicadas. BP: Branch point; PPT: Polypyrimidine tract; SL: Spliced leader; SS: Splice site. ............................................. 29 Figura 5. Sínteses de derivados de benzil diaminas e diaminas de ferroceno com possível atividade tripanocida. .......................................................................................... 35 Figura 6. Sínteses de derivados de 1,4-naftoquinonas com possível atividade tripanocida. ........................................................................................................................... 36 Figura 7. Teste colorimétrico (MTT). A. Microscópio para contagem do número de parasitas em câmara de Neubauer; B. Homogeneização das substâncias em DMSO; C. Diluição das substâncias; D. Montagem da placa (parasitas + substância); E. Incubação da placa de 96 poços por 24 horas em BOD; F. Aplicação do MTT/PMS; G. Visualização final da placa após a adição de SDS- HCl; H. Leitura da absorbância no espectrofotômetro (Leitor de placa de ELISA); I. Calculo do IC50 com software Origin 7.0........................................................ 37 Figura 8. Curva de crescimento de T. brucei 427. Azul: cultura de parasitas tratadas com a pentamidina, fármaco utilizado no tratamento da doença do sono. Vermelho: cultura de parasitas não tratadas...................................................................................... 40 Figura 9. Representação esquemática das regiões de anelamento dos iniciadores empregados na análise funcional da reação de trans-splicing. Para avaliação do processamento da �-tubulina, TS2 se liga em outra região do éxon de �- tubulina, enquanto TS1 anela-se tanto no SL éxon quanto no éxon de �- tubulina (�-tub). TS3 e TS4 anelam-se na região intergênica e no exón ainda não processados do transcrito de �-tubulina (pré-�-tub). E e I são as siglas para éxon e região intergênica, respectivamente. ......................................................... 42 Figura 10. Sequência da alfa tubulina não processada (pré-α-tub, 218 bp). Número de acesso: NC_008409. PPT: track de polipirimidina, SS: sítio de splicing. ................... 43 Figura 11. Sequência alfa tubulina processada (α-tub, 871 bp). Número de acesso: NC_008409. PPT: track de polipirimidina, SS: sítio de splicing. .................................. 44 Figura 12. Sequência de nucleotídeos do gene 7SL RNA (123 bp) de Trypanosoma (105-536 7SL) e da fita não codificadora do fragmento Alul DNA de kTB273 utilizada por Michaelis e colaboradores (1992) para a clonagem do gene 7SL........ 44 Figura 13. Diminuição da atividade tripanocida da série de derivados de diaminas de ferroceno e benzil diaminas com IC50 menor do que a pentamidina. ......................... 51 Figura 14. Diminuição da atividade tripanocida da série de derivados de 1,4- naftoquinonas com IC50 menor ou próximo da pentamidina. ....................................... 58 Figura 15. Gel de agarose 1,5% com BrEt. A) Amplificação da forma processada da alfa-tubulina (α-tub; TS1/TS2) utilizando o Adapter Primer. 1. GeneRuler 1 kb Plus DNA Ladder (Fermentas); 2. Diamina de ferroceno (Fc); 3. Pentamidina (Pent.); 4. Sem substância (C+) 5. Derivado de 1,4-naftoquinona (Naft.); SL: 6. Fc; 7. Pent.; 8. C+; 9. Naft.; pré-α-tub: 10. Fc; 11. Pent.; 12. C+; 13. Naft. B) Amplificação das formas não processadas de Spliced Leader - SL (7SL_S/7SL_AS) e pré-α-tub (TS3/TS4) utilizando o Random Hexamer Primer. 1. GeneRuler 1 kb Plus DNA Ladder (Fermentas); 2. C+; 3. Pent.; 4. Fc; 5. Naft.; 6. C+; 7. Pent.; 8. Fc; 9. Naft.; 10. Controle negativo. As setas indicam aumento (↑) e diminuição (↓)da forma do mRNA maduro da α-tub. O tamanho das bandas está indicado. ................................................................................. 59 Figura 16. A) Gel de agarose 1,5% com BrEt. 1. GeneRuler 1 kb Plus DNA Ladder (Fermentas); Spliced Leader (7SL_S/7SL_AS): 2. Sem substância (Controle +), 3. Pentamidina, 4. Diamina de ferroceno, 5. Derivado de 1,4-naftoquinona; α-tub (processada, TS1/TS2): 6. Sem substância, 7. Pentamidina, 8. Diamina de ferroceno, 9. Derivado de 1,4-naftoquinona; pré-α-tub (não processada, TS3/TS4): 10. Sem substância, 11. Pentamidina, 12. Diamina de ferroceno, 13. Derivado de 1,4-naftoquinona; 14. Controle negativo (TS1/TS2). B) Detalhe dos produtos obtidos na figura A indicando aumento (↑) ou diminuição (↓) dos RNAs amplificados, comparativamente ao controle (C+). C+: Controle positivo - cultura não tratada; Pent.: Cultura tratada com pentamidina; Fc: Cultura tratada com derivado de diamina de ferroceno; Naft.: Cultura tratada com derivado de 1,4-naftoquinona. .................................................................................. 60 Lista de Tabelas Tabela 1. Resumo dos sintomas da doença do sono e dos fármacos disponíveis para o tratamento dos diferentes estágios da doença. .............................................................. 22 Tabela 2. Informação geral dos fármacos utilizados para o tratamento da doença do sono. *suramina também é utilizada no estágio II da doença. ..................................... 23 Tabela 3. Características das cepas de Trypanosoma brucei utilizadas. ................................... 34 Tabela 4. Iniciadores utilizados na reação de RT-PCR. ................................................................. 41 Tabela 5. Atividade tripanocida e índice de segurança de benzil diaminas e diaminas de ferroceno. aIC50 (µM), bSI: Safety Index, os valores de SI>10 (PASSERINI, 2008) observam-se em negrito. ........................................................................................ 48 Tabela 6. Atividade tripanocida e índice de segurança de derivados de 1,4- naftoquinonas. aIC50 (µM), bSI: Safety Index, os valores de SI>10 observam-se em negrito (PASSERINI, 2008), NA: não apresentou atividade. ................................. 54 Tabela 7. Atividade antioxidante de derivados de diamina de ferroceno e 1,4- naftoquinonas. ...................................................................................................................... 63 Tabela 8. Comparação entre o derivado de diamina de ferroceno e 1,4-naftoquinona com potencial atividade tripanocida. ................................................................................ 65 Resumo Trypanosoma brucei é o agente etiológico da tripanossomíase africana ou doença do sono, transmitida por dípteros do gênero Glossina, conhecidos como moscas tsé-tsé. O diagnóstico e tratamento da doença não são satisfatórios, uma vez que para o tratamento está disponível um número de drogas altamente tóxicas e com um efeito limitado, pois dependem da fase da doença, das condições fisiológicas do hospedeiro, da suscetibilidade e variabilidade genética da cepa. Além do alto custo, o tratamento é potencialmente perigoso e está limitado ao surgimento de resistência generalizada aos fármacos utilizados. O diagnóstico é limitado à associação dos sintomas com a doença, muitas vezes é confundido com outras doenças pelo que o paciente não recebe o tratamento adequado. Por isso, tem-se a necessidade de buscar novos fármacos com melhor atividade tripanocida. Neste trabalho, avaliou-se a atividade tripanocida de 38 compostos diferentes e inéditos, como N1,N2-dibenziletano-1,2-diamina (cloridratos de benzil diaminas), N1-benzil,N2-metilferroceniletano-1,2-diamina (cloridratos de diaminas de ferroceno), 2-metoxi/hidroxi-3-(1-alquenil)-1,4-naftoquinonas e seus derivados 2-amina-1,4- naftoquinonas contra as cepas 427 e 29-13 de T. brucei. A eficácia dos compostos foi avaliada pelo método colorimétrico do MTT [brometo de 3-(4,5-dimetiltiazol-2-il)-2,5- difeniltetrazoliom]. Os resultados encontrados foram similares aos das atividades metabólicas das células (parasitas e/ou células HepG2 - linhagem de células de hepatoma, usada como modelo para simular funções hepáticas humanas in vitro), sendo o IC50 (metade da concentração inibitória máxima) calculado por regressão linear para cada composto. Da série anterior, o composto cloridrato de N-(ferrocenilmetil)-N’-(4-metoxibenzil)etano-1,2-diamina e 2-metoxi-3-(2-feniletenil)- 1,4-naftoquinona apresentaram a melhor atividade tripanocida e índice de segurança e, portanto, foram utilizados para avaliar as alterações na produção dos mRNAs na reação de trans-splicing usando como modelo o gene da �-tubulina de T. brucei; encontrando que ambos os compostos interferem na produção dos mRNAs. Adicionalmente, realizou-se a avaliação da atividade antioxidante destes dois compostos. Palavras chaves: Trypanosoma brucei, doença do sono, diaminas de ferroceno, 1,4-naftoquinonas, MTT, trans-splicing, �-tubulina. ABSTRACT Trypanosoma brucei is the etiologic agent of sleeping sickness (Human African Trypanosomiasis [HAT]), transmitted by flies of Glossina genus, known as tsetse flies. The diagnostic and treatment of this disease are not satisfactory, since the treatment uses many toxicity drugs with limited effects, because depend on the stage of the disease, morphological diversity, heterogeneous biological behaviour, different clinical courses and the virulence appears to be an intrinsic property of each strain and high genetic variability. Besides the high cost, the treatment is potentially dangerous and limited the emergence of widespread drug resistance. The diagnosis is limited to the association of symptoms with the disease, is often confused with other diseases so the patient does not receive adequate treatment. Thus, the development of new research is necessary in order to generate new drugs with trypanocidal activity. In this work, we evaluated the trypanocidal activity of 38 inedited compounds of N1,N2-dibenzylethane- 1,2-diamine hydrochlorides, N1-benzyl,N2-methyferrocenylethane-1,2-diamine hydrochlorides, 2-metoxy/hydroxy-3-(1-alquenyl)-1,4-naphtoquinones and amine derivatives of this compounds (2-amine-1,4-naphtoquinones) against 427 and 29-13 T. brucei parasite strains. The efficacy of these compounds was also measured using the reduction of MTT [3-(4,5-dimethylthiazol-2-yl)-2,5-diphenyltetrazolium bromide]. The results were similar to the metabolic activity of cells (parasites and/or HepG2 - hepatoma cell line used as a model to simulate human hepatic functions in vitro), being the IC50 (half of the maximum inhibitory concentration) calculated by linear regression for each sample. The compounds N-(ferrocenylmetyl)-N’-(4- metoxybenzyl)ethane-1,2-diamine) hydrochlorides and 2-metoxy-3-(2-phenylethenyl)- 1,4-naphtoquinone were the best trypanocidal activity and safety index. Therefore, these compounds were use in the study of mRNAs alteration production in the trans- splicing reaction with T. brucei �-tubulin gene as a model. Where we found both compounds interfere in the production of mRNAs. Additionally, we made the evaluation of antioxidant activity of this compound. Key words: Trypanosoma brucei, sleeping sickness, ferrocenyl diamines, 1,4-naphtoquinones, MTT, trans-splicing, �-tubulina. 18 1 INTRODUÇÃO Diversas doenças causadas por protozoários atingem milhões de pessoas no mundo, afetando países que não possuem infraestrutura ou recursos para realizar um combate efetivo contra estas doenças, denominadas de doenças negligenciadas. Durante muitos anos, vários pesquisadores no mundo tem somado esforços para desenvolver diversas maneiras para combater essas doenças, estudando: i) os parasitas causadores das doenças, ii) os efeitos apresentados nos seres humanos pelo contágio e iii) a forma de evitar a transmissão por meio de vetores. A prevenção das doenças parasitárias depende da associação de diversos fatores que envolvem medidas ecológicas e sanitárias e o emprego de fármacos mais eficazes e seguros (FRAYHA et al., 1997). Para que os tratamentos sejam eficazes, é necessário possuir um conhecimento detalhado do ciclo de vida, metabolismo e biologia dos parasitas. Aproveitando o avanço tecnológico e científico, tornou-se possível a realização de diversos processos encaminhados ao planejamento de fármacos com o intuito de atingir alvos específicos e essenciais nos parasitas, procurando minimizar os efeitos colaterais das substâncias no homem. Portanto, neste trabalho, avaliaram-se várias séries de substâncias inéditas, derivados de benzil diaminas, diaminas de ferroceno, 2-metoxi/hidroxi-1,4-naftoquinonas e 2-amino-1,4-naftoquinonas, que apresentaram atividade tripanocida em cepas de Trypanosoma brucei. Realizou-se também a avaliação da atividade destes derivados na reação de trans-splicing dos parasitas utilizando como modelo o gene da α-tubulina, para averiguar os possíveis mecanismos de ação destes compostos no processamento de RNAs nos tripanossomatídeos. Adicionalmente, avaliou-se a atividade antioxidante destes compostos para elucidar seu possível poder como agente oxidante. 19 1.1 Tripanossomíase Africana ou Doença do Sono A tripanossomíase africana ou doença do sono, descoberta por David Bruce na África em 1894, é causada pelo Trypanosoma brucei gambiense e Trypanosoma brucei rhodesiense. Em 1902, após a observação de tripanossomos no sangue de um paciente pelo cirurgião R. M. Forde, J. E. Dutton identificou e descreveu o T. gambiense (atualmente T. b. gambiense). Mais tarde, em 1910, o T. rhodesiense (atualmente T. b. rhodesiense) foi descrito por Stevens e Fantham. Inicialmente, subespécies relacionadas ao Trypanosoma brucei brucei foram associadas às doenças em gado, encontrando-se também em animais domésticos e selvagens, denominando a doença como Nagana (COX, 2004). A Organização Mundial da Saúde, OMS, (WHO, da sigla em inglês para World Health Organization) reporta que T. b. gambiense causa 95% dos casos da doença do sono. Em 2009, após 50 anos de contínuos controles, o número de casos apresentados foi de aproximadamente 10.000 (WORLD..., 2012). Esta tendência foi mantida em 2010 com 7.139 novos casos. Atualmente estima-se que o número de casos é de 30.000. Medecins Sans Frontieres (MSF), organização médica internacional humanitária, atendeu mais de 1.700 pacientes com doença do sono em 2007. Cerca de 60 milhões de pessoas vivem em áreas de risco e estima-se que 70.000 estão infetadas (MSF, 2010). 1.1.1 Ciclo biológico A doença do sono é transmitida por dípteros do gênero Glossina conhecidos como moscas tsé-tsé. Após a picada do hospedeiro pela mosca, os tripanossomos metacíclicos são inoculados na corrente sanguínea, onde os parasitas se diferenciam na forma tripomastigota sanguínea, multiplicando-se por fissão binária e espalhando-se pela corrente sanguínea podendo atingir o sistema nervoso central (SNC). Na fase crônica da doença, os tripomastigotas presentes no SNC multiplicam-se e passam ao cérebro (PEREIRA; PÉREZ, 2003). Outra mosca pode picar o hospedeiro ingerindo formas tripomastigotas, contaminando-se. As formas tripomastigotas diferenciam-se em formas procíclicas 20 dentro da mosca e logo em epimastigotas que se multiplicam na glândula salivar do inseto. Em seguida, essas formas diferenciam-se em tripomastigotas metacíclicas e o ciclo inicia-se novamente, como apresentado na figura 1. Figura 1. Ciclo biológico da transmissão da doença do sono. Fonte: Adaptado de http://en.wikipedia.org/wiki/File:AfrTryp_LifeCycle.gif (07/08/2012). Os tripanossomos escapam da resposta imune do hospedeiro quando ocorre a produção de anticorpos devido às VSG (Variant Surface Glycoprotein - Glicoproteínas Variantes de Superfície). Cada célula expressa apenas uma VSG por vez dos mais de 1.000 genes que expressam estas proteínas presentes na membrana do parasita. No hospedeiro, o sistema imunológico detecta grande parte dos parasitas que expressam a glicoproteína dominante destruindo-os, mas não a parcela que permutou as proteínas em questão. Os sintomas são temporariamente 21 interrompidos, porém, como os parasitas que apresentam glicoproteínas distintas em sua membrana não são afetados pelos anticorpos, acabam por multiplicar-se, dando origem a uma nova onda parasitêmica e sintomática. Novamente, ocorre a produção de anticorpos contra a nova glicoproteína dominante que passam a destruir boa parte dos parasitas, deixando apenas os que já permutaram a glicoproteína novamente, e assim por diante (HORN; McCULLOCH, 2010). 1.1.2 Diagnóstico clínico e laboratorial O diagnóstico da doença do sono é feito pela observação dos sinais clínicos, localização geográfica do paciente e exames laboratoriais. A determinação de T. b. rhodesiense e T. b. gambiense é de fundamental importância para o tratamento. O diagnóstico laboratorial compreende os métodos parasitológicos: lâmina corada de sangue, em especial para T. b. rhodesiense, já que os pacientes com esta espécie possuem uma alta parasitemia em comparação com os pacientes com T. b. gambiense; lâmina corada de punção do gânglio, para T. b. gambiense; exame do fluido cérebro-espinhal para a fase crônica; testes imunológicos (Hemaglutinação, IFI e ELISA) e moléculares (PCR) (KENNEDY, 2004). Com o aumento da resistência aos medicamentos, o diagnóstico e a determinação do estágio da doença são cruciais. A OMS recomenda realizar controles aos pacientes aos 3, 6, 12, 18 e 24 meses após o tratamento. Na recoleta do fluido cérebro-espinhal, após a centrifugação, realiza-se a contagem de tripanossomos vs. glóbulos brancos, em que pacientes com 5 células/mL ou menos, após 6 meses do tratamento, não requerem mais testes. Pacientes com 50 células/mL ou mais tripanossomos presentes no fluido cérebro-espinhal são considerados com tratamento falido (BRUN; BLUM, 2012). 1.1.3 Sintomatologia e terapêutica A sintomatologia da doença do sono pode ser variada, mas existem dois estágios clínicos que podem ser reconhecidos durante a infecção: o estágio hemolinfático inicial (estágio I) e o estágio encefálico tardio (estágio II). O resumo dos sintomas está apresentado na tabela 1. 22 Tabela 1. Resumo dos sintomas da doença do sono e dos fármacos disponíveis para o tratamento dos diferentes estágios da doença. SINTOMAS DA DOENÇA DO SONO ESTÁGIO I ESTÁGIO II • Tripanossomíase sistêmica, sem envolver o sistema nervoso central (SNC). • Invasão dos nódulos linfáticos • Febres irregulares • Sudoração noturna • Dor da cabeça • Anorexia • Inchaço do baço e fígado • Tripomastigotas presentes em lóbulo frontal, ponte do tronco cerebral e medula. • Meningoencefalite • Apatia • Confusão • Fadiga • Perda de coordenação • Sonolência • Coma profundo DIAGNÓSTICO • Difícil detecção • Anos contínuos até aparição da doença do sono (T. b. gambiense) • Curta duração, aproximadamente 1 ano (T. b. rhodesiense) • Detecção imediata MEDICAMENTOS UTILIZADOS PARA O TRATAMENTO suramina pentamidina suramina melarsoprol eflornitina nifurtimox Fonte: adaptado de Garcia (2001). O tratamento no estágio I da doença do sono é realizado com suramina e pentamidina. Na fase neurológica o melarsoprol é ativo para T. b. gambiense e T. b. rhodesiense enquanto que a eflornitina só tem ação no T. b. gambiense, conforme pode ser observado na tabela 2. 23 Tabela 2. Informação geral dos fármacos utilizados para o tratamento da doença do sono. *suramina também é utilizada no estágio II da doença. Fonte: adaptado de Garcia (2001). Além do alto custo, estes fármacos são altamente tóxicos e escassos; o tratamento é potencialmente perigoso e limitado e os parasitas apresentam resistência generalizada aos medicamentos (NOK, 2003; MONZOTE; GILLE, 2011; STICH et al., 2002). O principal problema com o tratamento da doença do sono está no estágio II, em que os tripanossomos residem no fluido cérebro-espinhal. Neste estágio, os fármacos para o tratamento da doença têm que ter a habilidade de cruzar a barreira hematoencefálica. Só o melarsoprol (composto altamente tóxico baseado em arsênio) mostra a habilidade de cruzar a barreira hematoencefálica, além de possuir ação sobe as duas espécies, T. b. gambiense e T. b. rhodesiense (NOK, 2003). Atualmente existem diversos compostos reportados na literatura que apresentam atividade antiviral, bactericida, anticancerígena, antimalárica, antifúngica, moluscicida e que também, tem demonstrado apresentar atividade ESTÁGIO I ESTÁGIO II* MEDICAMENTO suramina* pentamidina eflornitina melarsoprol nifurtimox PARASITAS T. rhodesiense T. gambiense T. gambiense T. gambiense T. gambiense T. rhodesiense EFETIVIDADE > 90% 94% > 80% 50% < 90% EFEITOS COLATERAIS • Náuseas • Vômito • Prurido • Edema • Hepatite • Perda de consciência • Náuseas • Vômito • Tremores • Febre • Hipotensão • Anemia • Diarréia • Náuseas • Vômito • Encefalopatia • Dermatite esfoliante • Confusão • Tremor • Vertigem • Anorexia • Perda de peso INFORMAÇÕES ADICIONAIS • Intravenoso. Contraindicado para pacientes com insuficiência renal. •Intramuscular. Indicado só no início do estágio II. • Intravenoso e Oral. Não disponível no mercado. Uso prolongado. • Intravenoso. Derivado do arsênio, tóxico. Deve-se combinar com prednisolona. • Oral. Pacientes sem resposta ao melarsoprol. 24 tripanocida (LEGROS et al., 2002; CAMARA et al., 2008; FRANCISCO; VARGAS, 2010; SHIBATA et al., 2011; LÓPEZ et al., 2011). Várias destas moléculas são derivados de diaminas e naftoquinonas, portanto estes tipos de moléculas podem ser utilizadas como base para o desenvolvimento e estudo de novos derivados com atividade tripanocida como é o nosso caso, no qual foram avaliadas umas séries de compostos do tipo benzil diaminas, diaminas de ferroceno e derivados de 1,4-naftoquinonas. 1.2 Ferroceno Diversos autores referem que a adição de metais de transição nas estruturas de alguns fármacos melhora a atividade biológica dos compostos (JAOUEN; VESSIERES, 1993; SCHATZSCHNEIDER; METZLER-NOLTE, 2006). Este é o caso do ferroceno (VAN STAVEREN; METZLER-NOLTE, 2004), um composto não tóxico e estável (BIOT et al., 1997) que pode ser denominado por di(�5-ciclopentadienil) ferro (II), composto no qual o metal de transição, neste caso o ferro, está ligado a dois anéis aromáticos (ciclopentadienil, benzeno ou cicloheptatrienil). O átomo de ferro está entre os dois anéis e perpendicularmente ao plano dos anéis. Todos os elétrons na camada de valência do ferroceno estão pareados sendo oxidados na forma do cátion ferrocênio. O cátion ferrocênio pode formar radicais hidroxila que causam dano no DNA, sendo este o responsável pelo efeito citotóxico do sal de ferroceno, embora o mecanismo exato de citotoxicidade não tenha sido estudado em detalhe. O grupo ferrocenil também possui afinidade para ligar-se a nucleotídeos do DNA pelo grupo fosfato (NAVARRO et al., 2004). Pode-se sugerir que o ferroceno não afeta diretamente o DNA e que o ataque seja devido à formação de espécies reativas de oxigênio, como os radicais livres hidroxila formados pela redução do grupo ferrocenil (NEUSE, 2005). A utilização do grupo ferrocenil (Fc, derivado do ferroceno) como grupo farmacofórico vem sendo bastante explorada, já que exibe interessantes propriedades de oxi-redução, as quais se devem à sua capacidade de sofrer oxidação reversível, com a geração de espécies do tipo cátion-radical-íon ferrocênio (agente redutor), como apresentado na figura 2. 25 Figura 2. Processos de óxido-redução envolvendo o ferroceno no meio biológico (NADH: nicotinamida adenina dinucleotídeo; GSH: glutationa). Fonte: adaptado de Francisco; Vargas (2010, p. 123). A redução do íon ferrocênio a ferroceno no meio biológico pode ocorrer por diversos caminhos: i) pela ação controladora do pH do ânion radical superóxido, gerado fotoliticamente, sendo este convertido no sistema a O2; ii) pela oxidação de metaloproteínas, tais como plastocianina ou ferrocitocromo c e do NAD a NAD+; iii) por meio da formação do radical hidroxila na presença da glutationa, GSH (FRANCISCO; VARGAS, 2010). A adição do grupo ferrocenil em fármacos com atividade contra o câncer de mama melhora a atividade citotóxica desses compostos nas células cancerígenas (NEUSE, 2005; HILLARD et al., 2006; HEILMANN et al., 2008) pela formação de complexos com a Topoisomerase II o que leva à morte das células neoplásicas. Isto acontece porque o grupo ferrocenil (derivado do ferroceno) é oxidado no meio biológico pelo peróxido de hidrogênio na presença da enzima peroxidase, formando complexos conhecidos como complexos de transferência de carga com proteínas com grupos doadores, tal como o triptofano (SAI-KRISHNA et al., 2005), mostrando 26 também que apresenta atividade antimicrobacteriana - Mycobacterium tuberculosis (RALAMBOMANANA et al., 2008) e antimalárica - Plasmodium spp. (BIOT et al., 1997; DOMARLE et al., 1998; DELHAES et al., 2001). Atualmente existem compostos contendo o grupo ferrocenil que podem ter atividade antimalárica. Um exemplo é a ferroquina, que inibe o crescimento do Plasmodium falciparum, o qual foi gerado como resultado da observação do que o parasita apresentava resistência à cloroquina. Como o parasita requer de sangue para viver, a estratégia foi combinar a cloroquina com ferroceno, que contem o ferro necessário para produzir hemoglobina. Porém, a ferroquina é muito mais eficaz que a cloroquina e não permite o desenvolvimento de resistência (FRANCISCO; VARGAS, 2010). Neste trabalho, avaliou-se uma série de compostos inéditos derivados de benzil diaminas e diaminas de ferroceno que apresentaram atividade tripanocida nas cepas de T. brucei 427 e 29-13. Encontrando-se resultados interessantes com as diaminas de ferroceno. Utilizou-se o composto com melhor atividade tripanocida e índice de segurança (SI: safety índex) maior que 10 para avaliar sua possível interferência no mecanismo de trans-splicing no parasita, usando como modelo o gene �-tubulina de T. brucei. 1.3 1,4-naftoquinonas Outros compostos amplamente estudados com atividade biológica sobre diversos parasitas como Leishmania spp., Trypanosoma spp. e Toxoplasma spp. são as naftoquinonas (TEIXEIRA et al., 2001; TEIXEIRA et al., 2006; SALMON-CHEMIN et al., 2001). Em geral, as quinonas (incluindo as naftoquinonas) são substâncias de grande interesse em variados estudos farmacológicos devido à sua importância nos processos bioquímicos vitais, destacando-se como: antiparasitários (ex. P. falciparum, Schistosoma sp.) (KAPADIA et al., 2001; SILVA et al., 2003; LIMA et al., 2002), antibacterianos, anticancerígenos (FRANCISCO et al., 2010) e antifúngicos (LÓPEZ et al., 2011). 27 As naftoquinonas estão presentes em várias famílias de plantas e servem como ligação vital na cadeia de transporte de elétrons nas vias metabólicas, participando em múltiplos processos biológicos oxidativos (PINTO; De CASTRO, 2009). Além disso, as naftoquinonas possuem como característica estrutural dois grupos carbonila na posição 1,4 e com menor frequência na posição 1,2 e 1,3 no anel de naftaleno. A atividade biológica das estruturas encontra-se associada às suas propriedades de óxido-redução e ácido-base, explicada com base na capacidade de aceitar 1 ou 2 elétrons para formar seu correspondente ânion-radical ou diânion. Estas propriedades dependem diretamente de sua estrutura química e da natureza eletrônica dos grupos que substituem o núcleo naftoquinona. Tem sido descrito que a toxicidade destas moléculas é ocasionada por dois mecanismos principais: i) geração de espécies reativas de oxigênio (ROS) ou ii) mediante a formação de aductos com macromoléculas como o DNA e as proteínas. Em condições fisiológicas, as naftoquinonas podem experimentar uma redução não enzimática. Ao ganhar 1 elétron, mediante a transferência eletrônica de um radical apropriado, é gerada a semiquinona, uma espécie de moderada toxicidade, conforme apresenta a figura 3 (LOPÉZ et al., 2011). Figura 3. Formação do correspondente radical-ânion ou diânion da quinona pela capacidade de aceitar 1 ou 2 elétrons, e a suas propriedades ácido-base. Fonte: López et al., (2011, p. 13). A toxicidade das naftoquinonas e seus derivados também está relacionada com a lipofilicidade dos substituintes do anel farmacóforo da 1,4-naftoquinona quando estes interagem com a membrana celular microbiana ou com ácidos nucleicos mediante a intercalação de sua parte 1,4-naftoquinona entre os pares de bases da dupla hélice do DNA, com a consequente inibição na replicação e 28 transcrição, ambos processos envolvidos em funções determinantes na viabilidade celular. Outras pesquisas centram-se no mecanismo de ação da cadeia respiratória mitocondrial dos parasitas sensíveis entre o citocromo B e o C1 do complexo III. (LÓPEZ et al., 2011). Vários derivados das naftoquinonas apresentam atividade antimalárica contra P. falciparum (KAPADIA et al., 2001). Outros parasitas susceptíveis a naftoquinonas são Leishmania spp., Tripanosoma spp. e Toxoplasma spp. Derivados de 1,4- naftoquinona com substituição 2 e 3 por diferentes aminas apresentam atividade contra Tripanosoma cruzi. A naftoquinona hidroxilada 2-hidroxi-3-(1-propen-3-fenil)- 1,4-naftoquinona reporta-se com atividade antiparasitária contra Toxoplasma gondii (LÓPEZ et al., 2011). Neste trabalho, avaliou-se uma série de compostos inéditos derivados de 2-metoxi/hidroxi-1,4-naftoquinona e 2-amino-1,4-naftoquinona que apresentaram atividade tripanocida nas cepas de T. brucei 427 e 29-13. O composto da série que apresentou melhor atividade tripanocida e índice de segurança (SI: safety index) foi utilizado para avaliar sua possível interferência no mecanismo de trans-splicing no parasita usando o gene �-tubulina de T. brucei como modelo. 1.4 Cis e Trans-splicing A maioria dos genes eucarióticos são expressos na forma de um mRNA precursor, chamado de pré-mRNA, que é convertido em um mRNA maduro pelo mecanismo de splicing. Nos eucariotos, cada sequência que codifica para uma proteína é transcrita independentemente, contendo a(s) sequência(s) de íntrons, regiões não codificadoras que serão removidas, e éxons, sequências codificadoras que serão unidas durante o cis-splicing. Em tripanossomatídeos os RNAs são processados por um mecanismo não usual denominado trans-splicing. As regiões de dois transcritos separados (em lugar de um único pré-mRNA) são unidas de modo que todo o mensageiro maduro inicia com a mesma sequência (aproximadamente 40 nucleotídeos), denominada spliced leader (SL) (NILSEN, 1995; TSCHUDI; ULLU, 1990; PERIS et al., 1997; STURM; CAMPBELL, 1999; STURM et al., 1999), como se mostra na figura 4. 29 Figura 4. Comparação entre os mecanismos de cis (A) e trans-splicing (B). As duas reações de transesterificação se mostram na figura. Os sitios 5´ (GU) e 3´ (AG) de splice e a sequência BP estão indicadas. BP: Branch point; PPT: Polypyrimidine tract; SL: Spliced leader; SS: Splice site. Fonte: Michaeli (2011, p. 460). Cis-splicing ocorre em duas reações de transesterificação, executadas a partir de um complexo macromolécular conhecido como spliceosomo; uma maquinaria de ribonucleoproteínas, compostas de cinco ribonucleoproteínas (U1, U2, U4/U6 e U5 snRNPs, nomeados de acordo com o snRNA associado) e mais cerca de 300 proteínas associadas (MAYER; FLOETER-WINTER, 2005). Trans-splicing é uma reação intermolécular de processamento de RNA, onde duas moléculas distintas de RNA são unidas para formar um RNA mensageiro maduro. Nesta reação forma-se uma estrutura Y intermediaria análoga ao lariat (estrutura em forma de laço) gerado no cis-splicing (MICHAELIS, 2011). Os principais componentes da reação no trans-splicing são o pré-mRNA, transcritos de forma policistrônica, e um pequeno RNA, chamado de SL (spliced leader) RNA, os quais se encontram em moléculas distintas. A sequência que representa a extremidade 5’ do SL RNA associa-se ao 3’ splice site para formar o RNA maduro (ULLU; TSCHUDI 1995). Esta reação de splicing intermolécular conserva muitas das 30 reações do cis-splicing, inclui o sítio doador-aceitador (GU–AG) e requer da região de polipirimidina como sítio aceitador (MAYER et al., 2012). A primeira evidência deste tipo de processamento foi obtida em 1982, quando se observou que uma sequência idêntica de 39 nucleotídeos estava sempre presente na extremidade 5’ de muitos transcritos de diferentes glicoproteínas de superfície de Trypanosoma brucei (ULLU; TSCHUDI 1995). Em trabalhos realizados no Laboratório de Imunologia e Biologia Molécular de Parasitas da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da UNESP – Araraquara, técnicas de PTP-tag foram utilizadas para o estudo de genes que codificam para proteínas hipotéticas de T. brucei, sendo possível imunoprecipitar as proteínas: U5- 15k, U5-102k, Tb11.02.0465, Tb10.6k15.0680 e Tb927.2.3400, envolvidas no complexo U5 snRNP do trans-splicing (AMBROSIO et al., 2009; SILVA et al., 2011). Os clones podem servir de ferramenta de estudo sobre atividade de compostos naturais, semi-naturais e sintéticos nos tripanossomos. Outra abordagem para visualizar possíveis alvos terapêuticos pode ser avaliando interferências no processamento dos RNAs das diversas proteínas envolvidas na reação de trans- splicing; uma reação de RT-PCR semi-quantitativa demonstrou que ao longo da indução com doxaciclina o nível do transcrito processado de��-tubulina (banda de aproximadamente 750 pb - �-tub) diminuiu e o da forma não processada (banda de aproximadamente 150 pb - pré-�-tub) foi acumulado (SILVA, 2009). O processamento de mRNAs pelo mecanismo de trans-splicing é uma via exclusiva dos tripanossomatídeos e constitui um potencial alvo terapêutico. Estudos da reação de trans-splicing em T. cruzi, utilizando sistemas de células permeáveis, demonstraram que o composto hidroximetilnitrofuranol, um nitrofurano capaz de inibir a tripanotiona redutase, leva a uma diminuição nos níveis de mRNAs em T. cruzi, sugerindo possível interferência deste composto no processamento de mRNAs (AMBRÓSIO et al., 2004; BARBOSA et al., 2007) sem afetar o processamento de mRNAs das células hospedeiras, que ocorre via cis-splicing. Com base nestes dados, neste trabalho avaliaram-se as alterações no mRNA da �-tubulina do parasita após seu tratamento com os diferentes compostos testados que apresentaram atividade tripanocida. 31 1.5 Interferências na formação de RNA da ��-Tubulina Os protozoários da família dos tripanossomatídeos possuem dois importantes grupos de microtúbulos que constituem o flagelo do parasita e os microtúbulos subpeliculares. Estes últimos estão distribuídos por todo o corpo celular e encontram-se imediatamente abaixo da membrana plasmática. Os microtúbulos desenvolvem um papel fundamental na manutenção e câmbios na distribuição espacial que estão envolvidos nos processos de diferenciação celular que ocorrem ao longo do ciclo de vida dos tripanossomatídeos. Os componentes principais dos microtúbulos são os heterodímeros de � e � tubulina. Estas proteínas exibem um papel importante na conformação da estrutura intracelular do parasita e nas mudanças da distribuição espacial envolvidas nos processos de diferenciação do ciclo de vida dos tripanossomatídeos (FIOCRUZ, 2012; SOUTO-PADRON et al., 1993). Têm-se citações na literatura nas quais os mecanismos de autorregulação dos mRNAs de � e � tubulina em T. cruzi afetam a meia-vida desses transcritos ao longo do ciclo de vida do parasita (SOUTO-PADRON et al., 1993). Portanto, consideram-se constitutivos os genes �-tubulina do parasita. Assim, neste trabalho fizemos o seguinte questionamento: o processamento do mRNAs de ��-tubulina pode ou não ser afetado pelo tratamento das formas procíclicas de T. brucei com os derivados das diaminas, diaminas de ferroceno e os derivados de 1,4-naftoquinonas que apresentaram atividade tripanocida? A resposta encontrou-se avaliando as interferências na formação dos RNAs do transcrito da �-tubulina (forma processada) e da pré-�-tubulina (forma não processada) por meio da reação de RT-PCR geradas pelos compostos com atividade tripanocida testados neste trabalho, em que o gene �-tubulina foi utilizado como modelo de análises para avaliar a interação dos compostos na reação de trans-splicing. 32 1.6 Atividade Antioxidante Um importante número de espécies de oxigênio altamente reativas, como o oxigênio 1O2 e O2·-, OH·, NO· e radicais livres alquil-peroxila, são produzidos geralmente no nosso organismo. Estes podem danificar lipídios, proteínas e DNA e intervir em processos de patogêneses e envelhecimento. De modo geral, os sistemas de defesa fisiológica frente ao dano gerado por estes radicais classificam- se em três categorias (RIVAS; GARCÍA, 2002): —Antioxidantes que previrem a formação de radicais livres. —Antioxidantes capturadores de radicais livres, que inibem a iniciação do processo oxidativo ou interferem no processo de propagação. —Antioxidantes que atuam revertendo o processo de oxidação. Antioxidantes são substâncias que reagem com radicais livres, impedindo ou diminuindo o estresse oxidativo e a consequente destruição tegumentar. Entre os antioxidantes mais conhecidos estão às vitaminas, principalmente C e E, e os flavonóides. Por outro lado, existem vários agentes oxidantes, por exemplo, alcaloides capazes de formar radicais semiquinonas e quinonas, responsáveis pela citotoxicidade do alcalóide em vários tipos de células. Além dos alcalóides, muitas outras moléculas são capazes de interferir nos mecanismos de estresse oxidativo (CANSIAN et al., 2010). Em nosso trabalho, realizou-se a avaliação da atividade antioxidante dos compostos com melhor atividade tripanocida aqui testados, para visualizar, deste modo, possíveis mecanismos de ação. 33 2 OBJETIVO Avaliar a atividade tripanocida dos derivados de benzil diaminas, diaminas de ferroceno e 1,4-naftoquinonas em formas procíclicas de T. brucei e suas possíveis interferências na reação de trans-splicing utilizando o gene da �-tubulina como modelo. 2.1 Estratégias experimentais - Avaliar a atividade tripanocida dos derivados de benzil diaminas, diaminas de ferroceno e 1,4-naftoquinonas em formas procíclicas das cepas 427 e 29-13 de T. brucei por meio do ensaio citotóxico colorimétrico MTT. - Avaliar por meio da RT-PCR (Reverse Transcriptase - Polymerase Chain Reaction) as alterações na produção do mRNA da �-tubulina (processada) e pré-�- tubulina (não processada) da cepa 427 de T. brucei tratada com os compostos que apresentaram a melhor atividade tripanocida e índice de segurança superior a 10. - Avaliar a atividade antioxidante dos compostos utilizados na reação de RT- PCR que apresentaram atividade tripanocida e índice de segurança superior a 10. 34 3 MATERIAIS E MÉTODOS 3.1 Materiais 3.1.1 Cultura dos parasitas Utilizaram-se formas procíclicas de T. brucei 427 (CROOS; MANNING, 1973) e 29-13 (WIRTS; CLAYTON, 1995) para a realização dos experimentos por serem formas não infectantes e de fácil manutenção em cultura. Na tabela 3, encontram-se as diferenças entre as duas cepas. Tabela 3. Características das cepas de Trypanosoma brucei utilizadas. Trypanosoma brucei 427 Trypanosoma brucei 29-13 Cepa virulenta, isolada de uma ovelha em 1960. Cepa baseada no tipo selvagem T. brucei 427 (genéticamente modificada). Não completa o ciclo biológico no inseto - vetor. Encontra-se só na forma prociclíca no intestino meio da mosca, porém não é transmitida pela mosca tsé-tsé aos humanos. Criada pela clonagem de dois plasmídeos que contêm os promotores: 1) T7 RNA polymerase 2) Repressor da tetraciclina presentes no lócus de ����tubulina do DNA da cepa 427. Usada para estudos de bioquímica, biologia molécular e celular do parasita. Usada em técnicas de RNAi (para a interrupção da expressão de genes). Variação antigênica, monomórfica, genéticamente manipulável, fácil cultivo e manutenção da cultura, não infecciosa em humanos. Resistente a higromicina e geneticina. Fonte: Peacock et al. (2008); Wirtz, Clayton. (1995). Os parasitas foram cultivados em meio SDM-79 suplementado com 10% de soro fetal bovino (BRUN; SCHONENBERGER, 1979) a 28 °C com repiques diários para a manutenção da cultura. Quando as formas procíclicas entram na fase Log são congeladas a -80 °C com glicerol 10%. Para a realização do ensaio citotóxico do MTT, as culturas foram mantidas até a obtenção da fase exponencial de crescimento (1x106 parasitas/mL). 35 3.1.2 Derivados de diaminas de ferroceno e 1,4-naftoquinonas Os derivados de benzil diaminas, diaminas de ferroceno e derivados de 1,4-naftoquinonas, moléculas inéditas sintetizadas no Laboratório de Síntese Organometálica do Departamento de Química Orgânica da Universidade Federal Fluminense (UFF), cedidas pela Profa. Dra. Maria Domingues Vargas e sintetizadas pelo Prof. Dr. Acácio Ivo Francisco, foram diluídas em DMSO (dimetilsulfóxido) e utilizadas nas formas procíclicas de T. brucei (427 e 29-13) para ensaios de citotoxicidade, obtendo-se os IC50 (Índice de Citotoxicidade) dos compostos. Na ilustração a seguir (figura 5) apresenta-se de forma esquemática a síntese utilizada para a obtenção dos diversos derivados das benzil diaminas e diaminas de ferroceno testadas nas cepas de T. brucei. Figura 5. Sínteses de derivados de benzil diaminas e diaminas de ferroceno com possível atividade tripanocida. Fonte: Francisco, A. I. et al. Resultados não publicados. As naftoquinonas sintetizadas foram obtidas por meio da reação de Heck da bromometoxilausona. A reação de Heck ocupa um lugar especial entre os tipos de reações catalisadas por paládio (HECK, 1968). Essa reação envolve iodetos e brometos de arila e é promovida por Pd(II) ou Pd(0), usualmente em temperaturas elevadas (GORDON, 2001). A continuação na figura 6 ilustra-se a síntese realizada 36 para a obtenção dos diversos derivados das 1,4-naftoquinonas e 2-amino-1,4- naftoquinonas testados nas cepas de T. brucei. Figura 6. Sínteses de derivados de 1,4-naftoquinonas com possível atividade tripanocida. Fonte: Adaptado de Muller et al. (2006); Francisco, A. I. et al. Resultados não publicados. 3.2 Método Colorimétrico de MTT O método de MTT está baseado na habilidade das células vivas para reduzir o sal tetrazolium MTT, brometo de 3-(4,5-dimetiltiazol-2-il)-2,5-difeniltetrazólio, em um produto colorido chamado formazan; este é produzido pela atividade da enzima succinato desidrogenase da mitocôndria. Esta metodologia foi baseada naquela descrita por Mosmann (1983) com modificação de Cotinguiba e colaboradores (2009), como apresentado na figura 7. 37 Figura 7. Teste colorimétrico (MTT). A. Microscópio para contagem do número de parasitas em câmara de Neubauer; B. Homogeneização das substâncias em DMSO; C. Diluição das substâncias; D. Montagem da placa (parasitas + substância); E. Incubação da placa de 96 poços por 24 horas em BOD; F. Aplicação do MTT/PMS; G. Visualização final da placa após a adição de SDS-HCl; H. Leitura da absorbância no espectrofotômetro (Leitor de placa de ELISA); I. Calculo do IC50 com software Origin 7.0. Fonte: Adaptado de PASSERINI (p. 53, 2008). Após diluições em DMSO, 3μL de cada substância (concentrações finais de 100, 50, 25, 10, 5, 2,5 e 1μg/mL, respectivamente) foram adicionados a 97μL de meio SDM-79 contendo as formas procíclicas de T. brucei. A placa foi incubada em câmara úmida a 28 °C (BOD) por 24 horas. A seguir, adicionou-se 10μL de solução MTT/PMS (MTT 2,5 mg/mL e PMS 0,22 mg/mL, PMS, Phenazine methosulfate) em todos os poços e a placa novamente foi incubada, ao abrigo da luz por 75 minutos a 28 °C. Neste momento, ocorre à redução do sal tetrazolium MTT no produto colorido formazan. O PMS foi utilizado como um carregador intermediário de elétron para o realce do rendimento do formazan e a redução do período de incubação (DUTTA et al., 2005). A C B H G E D F I 38 Adicionou-se 100 μL da solução SDS-HCl (Dodecil sulfato de sódio ao 10% em HCl 0,01N) para dissolver os cristais de formazan, incubou-se a temperatura ambiente por 30 minutos ao abrigo da luz. A leitura da densidade ótica (DO) foi realizada em espectrofotômetro (Leitor de ELISA – BioRad) a 595 nm e os resultados foram obtidos em absorbância. A porcentagem de citotoxicidade (%C) foi calculada segundo a equação abaixo (MUELAS-SERRANO et al., 2000). % C = [(Gc – Gp)/Gc] x 100 Gc = Ac - Am Gp = Ap – Apm sendo que, Gc representa o número de parasitas/mL nos poços controles e Gp o número de parasitas/mL detectados em diferentes concentrações da substância. Ac corresponde ao valor de absorbância nos poços controle (na ausência da substância) com parasitas; Am representa ao valor da absorbância nos poços controle (na ausência da substância) sem parasitas; Ap, o valor da absorbância nos testes e Apm o valor da absorbância das diferentes concentrações da substância na ausência dos parasitas. Foram realizados dois controles; um na ausência dos parasitas para cada poço teste na presença da substância e outro na ausência desta, mas contendo os parasitas. Os valores de IC50 foram determinados a partir dos dados de absorbância obtidos a 595 nm após 24 h de reação, sendo o IC50 calculado por regressão linear, utilizando o programa Origin 7.0, para cada composto (WASS, 2002). Todos os testes foram feitos em triplicata e como controle positivo foi incluída a pentamidina, usada no tratamento da tripanossomíase africana (BRAY et al., 2003). O ensaio de citotoxicidade utilizando o método colorimétrico do MTT também foi realizado em células HepG2. Esta parte do trabalho foi realizada em colaboração com a equipe da Profa. Dra. Vera Lúcia Isaac do Departamento de Fármacos e Medicamentos da FCF-UNESP, Campus de Araraquara. As células HepG2 são um tipo de linhagem celular de hepatoma humano usado como modelo para simular as funções hepáticas do organismo humano in vitro. Um dos aspectos mais interessantes desta linhagem celular é que mantêm as capacidades biossintéticas normais das células do parênquima hepático, mostrando atividade na fase I e fase II 39 das enzimas, incluindo a enzima citocromo P450. Assim, esta linhagem celular exibe funções metabólicas similares ao fígado humano (SASSA et al., 1987; NATARAJAN; DARROUDI, 1991; CHIARI et al., 2012). HepG2 foi cultivada em meio MEM (Minimum Essential Media) suplementado com 10% de soro fetal bovino e antibióticos (penicilina 100 U/mL; estreptomicina 0,1 mg/mL). A cultura foi mantida a 37 ± 2 ºC em atmosfera de CO2 a 5%. Entre 80% a 90% das células foram utilizadas para o desenvolvimento do ensaio do MTT. Os compostos foram testados em diferentes concentrações, solubilizados em meio MEM depois de prévia solubilização em DMSO. Em cada experimento foi testado um controle negativo (MEM com a respectiva concentração de DMSO em cada tratamento) e um controle positivo (DMSO em MEM a 10%). Todos os testes foram feitos em triplicata. Para evitar a interação dos compostos testados com o MTT, as células foram lavadas com PBS (Phosphate Buffer Saline) após a adição da solução de MTT nas células, como sugerido por Brugginsser e colaboradores (2002). 3.3 Cálculo do Safety Index (SI) Baseado nos resultados de IC50 das células HepG2 (1) e dos parasitas (2), com a relação IC50 (1)/ IC50 (2) foi calculado o índice de segurança conhecido como Safety Index (SI) para cada uma das substâncias (LARGERON et al., 1999). Índices com valores superiores a 10 sugerem que o uso da substância pode ser considerado seguro (PASSERINI, 2008). 3.4 Extração de RNA total A extração de RNA total foi realizada seguindo o método de extração de RNA- Trizol® de acordo com as especificações do fabricante. Culturas de cepas 427 de T. brucei com concentração de 5 a 10 x 106 parasitas foram tratadas com os compostos: 3, (Cloridrato de N-(ferrocenilmetil)-N’-(4-metoxibenzil)etano-1,2- diamina), de diaminas de ferroceno, e 1, (2-metoxi-3-(2-feniletenil)-1,4-naftoquinona), derivado de 1,4-naftoquinona, e a pentamidina como controle. Utilizaram-se como doses para o tratamento dos parasitas os valores de IC50 obtidos para estes compostos na avaliação da atividade tripanocida, nas seguintes 40 concentrações: 0,36 μM para o derivado de diamina de ferroceno; 4,72 μM para o derivado de 1,4-naftoquinona e de 6,43 μM para a pentamidina. Realizou-se seguimento da cultura não tratada e tratada com pentamidina por 24 h para a determinação da hora na qual os parasitas foram susceptíveis ao tratamento com as substâncias, encontrando-se que no intervalo de 18 a 20 h de tratamento os parasitas diminuíam seu crescimento e começavam a morrer, como se ilustra na figura 8. Figura 8. Curva de crescimento de T. brucei 427. Azul: cultura de parasitas tratadas com a pentamidina, fármaco utilizado no tratamento da doença do sono. Vermelho: cultura de parasitas não tratadas. Fonte: arquivo pessoal. Após 20 h de tratamento com os diferentes compostos e a partir da mesma cultura inicial, o cultivo de parasitas tratadas e não tratadas, foi centrifugado e o pellet foi lavado com PBS 1X, depois se agregou 1 mL de Trizol e após 5 min, a temperatura ambiente, apresentou-se a dissociação completa das proteínas. Adicionou-se 0,2 mL de clorofórmio, agitou-se e deixou em repousou por 3 min Depois, centrifugou-se a 12,000 RPM por 15 min aparecendo duas fases, uma fase incolor que corresponde à fase aquosa, onde se encontrava o RNA e uma fase vermelha, que corresponde à fase fenol-clorofórmio, contendo o DNA. Adicionou-se 0,05 mL de isopropanol à fase aquosa para a precipitação do RNA total, após centrifugação o pellet foi resuspendido em etanol 100% e armazenado a -80 °C até sua utilização. Para a reação de RT-PCR o RNA total foi dissolvido em água livre de RNases (DEPC: dietilpirocarbonato) e incubado por 10 min a 57 °C. 1.12 1.75 2.65 2.65 3.40 4.50 5.05 5.20 5.35 5.95 5.15 1.12 2.05 3.25 2.90 5.60 3.50 5.80 7.00 6.95 11.10 8.40 0 2 4 6 8 10 12 0 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 x 1 06 Horas Curva de Crescimento do Trypanosoma brucei Pentamidina Controle Logarítmica (Pentamidina) Logarítmica (Controle) 41 3.5 Reação de RT-PCR utilizando o kit 3’ RACE System for Rapid Amplification of cDNA Ends O protocolo utilizado foi o mesmo descrito em Ambrósio et al. (2009), Silva (2009) e Silva et al. (2011). A reação de RT-PCR foi feita com 5 μg de RNA total extraído a partir de parasitas tratados e não tratados com os compostos após 20 h de tratamento. O kit 3’ RACE de Invitrogen foi utilizado de acordo com as especificações do fabricante para síntese do cDNA, em duas condições de trabalho, padrão e modificada. Na condição padrão foi empregado o iniciador Adapter Primer (AP) presente no kit. Para a condição modificada, foi utilizado o Random Hexamer Primer (RH) (Fermentas) com o intuito de amplificar RNAs ainda não processados, em substituição ao Adapter primer. Foram realizadas várias reações com o intuito da padronização da técnica. As sequências de todos os iniciadores utilizados nos experimentos se encontram na tabela 4. Tabela 4. Iniciadores utilizados na reação de RT-PCR. Adapter Primer 5’ – GGC CAC GCG TCG ACT ACT AGT ACT TTT TTT TTT TTT TTT T – 3’ Random Hexamer Primer 5’ – NNN NNN – 3’ TS1(F) 5’ – GTA CTA TAT TGA TGC GTG AGG C – 3’ TS2 (R) 5’ – GAG AGT TGC TCG TGG TAG GC – 3’ TS3 (F) 5’ – GTA AGT GGT GGT GGC GTA AG – 3’ TS4 (R) 5’ –CAA TGT GGA TGC AGA TAG CC– 3’ 7SL_S (F) 5’ – TTG CTC TGT AAC CTT C – 3’ 7SL_AS (R) 5’ – TCT ACA GTG GCG ACC TCA AC – 3’ A composição final da reação de RT-PCR foi de 20 mM de Tris HCl (pH 8,4 a 22 °C); 50 mM de KCl; 2,5 mM de MgCl2; 10 mM de DTT (DL-dithiothreitol); 500 nM de AP ou RH; 500 µM de dATP, dCTP, dGTP, dTTP; 5 μg de RNA total. Para a obtenção do cDNA utilizou-se 200 units/μL de SuperScript II RT (Reverse Transcriptase), provenientes com o kit. Para a reação de trans-splicing foram empregados os iniciadores TS1 e TS2 para formas processadas de α-tubulina, utilizando cDNA obtido com AP; TS3 e TS4 42 e 7SL_S e 7SL_AS para formas não processadas de α-tubulina utilizando cDNA obtido com RH (figura 9). Como controle da reação foi amplificado o transcrito de 7 SL RNA, utilizando os iniciadores 7SL_S e 7SL_AS, de acordo com Ambrósio et al. (2009), com as condições a seguir: A composição final da reação de PCR foi de 20 mM de Tris HCl (pH 8,4); 50 mM de KCl, 1,5 mM de MgCl2; 2 µM de TS1, TS2, TS3, TS4, 7SL_s ou 7SL_AS; 200 µM de dATP, dCTP, dGTP, dTTP e 0,04 - 0,1 unit/µL de Taq-DNA polymerase (Invitrogen). Para a reação de RT-PCR foi utilizado o termociclador PTC-100TM Programmable Thermol Controller, de MJ Research, Inc. e para a reação de trans-splicing utilizou-se o termociclador Veriti 96 well – AB (Applied Biosystems). Figura 9. Representação esquemática das regiões de anelamento dos iniciadores empregados na análise funcional da reação de trans-splicing. Para avaliação do processamento da �-tubulina, TS2 se liga em outra região do éxon de �-tubulina, enquanto TS1 anela-se tanto no SL éxon quanto no éxon de �-tubulina (�-tub). TS3 e TS4 anelam-se na região intergênica e no exón ainda não processados do transcrito de �-tubulina (pré-�- tub). E e I são as siglas para éxon e região intergênica, respectivamente. Fonte: Silva (2009, p. 52). Temperatura (°C) Tempo Ciclos 94 2 min e 30 seg 1X 94 45 seg 21X 53 (TS1/TS2; TS3/TS4) 44 (7SL-S/7SL_AS) 45 seg 72 1 min 72 5 min 1X 4 Tempo indeterminado 1X 43 A seguir, apresentam-se as sequências amplificadas na reação de RT-PCR para a forma não processada da alfa tubulina (pré-α-tub), forma processada da alfa tubulina (α-tub) e spliced leader (7SL) para o estudo da reação de trans-splicing. Observam-se os locais de anelamento dos iniciadores utilizados na reação de RT-PCR como se encontram na tabela 4. Trabalhou-se com as sequências como descrito em Ambrósio et al. (2009), Silva (2009) e Silva et al. (2011). Sequência complementar de Alpha Tubulin – Tb927.1.2400. Trypanosoma brucei brucei strain 927/4 GUTat10.1 chromosome 1, complete sequence. gi|115510984: Trypanosoma brucei brucei strain 927/4 GUTat10.1 chromosome 1, complete sequence. From: 583368 - to: 584723 (Alpha tubulin); from: 583000 - to: 585000 (Alpha tubulin with intergenic regions) do Genbank. Figura 10. Sequência da alfa tubulina não processada (pré-α-tub, 218 bp). Número de acesso: NC_008409. PPT: track de polipirimidina, SS: sítio de splicing. região intergênica Alfa Tubulina (Éxon) Primer TS3 (Forward) Primer TS4 (Reverse) Fonte: arquivo pessoal. 44 Figura 11. Sequência alfa tubulina processada (α-tub, 871 bp). Número de acesso: NC_008409. Spliced leader (Éxon) Alfa Tubulina (Éxon) Primers TS1 (Forward) Primer TS2 (Reverse) Fonte: Arquivo pessoal. Figura 12. Sequência de nucleotídeos do gene 7SL RNA (123 bp) de Trypanosoma (105- 536 7SL) e da fita não codificadora do fragmento Alul DNA de kTB273 utilizada por Michaelis e colaboradores (1992) para a clonagem do gene 7SL. Primers 7SL_S (Forward) Primer 7SL_AS (Reverse) Gene 7 SL RNA Fragmento Alul DNA de kTB273 Trypanosoma Fonte: adaptado de Michaelis et al. (1992, p. 57). 45 3.5.1 Visualização dos produtos da reação de PCR em Gel de agarose 1,5% A eletroforese dos produtos obtidos na reação descrita em 3.4 foi realizada em gel de agarose 1,5% em TAE 1X (tris-acetato 40 mM pH 8,5; EDTA 2 mM). Tampão de 6X DNA Loading Dye – Blue (Thermoscientific) foi adicionado às amostras e a solução resultante foi aplicada em gel contendo 0,5 g/mL de brometo de etídeo (BrEt) (Gibco). O gel foi submetido à voltagem de 5 V/cm em tampão TAE 1X. Utilizou-se o peso molécular GeneRuler 1 Kb Plus DNA Ladder (Fermentas). Para a visualização do gel foi utilizado o equipamento Multimage I Alpha Innotech com ajuda do programa Alpha Innotech versão 3.0. 3.6 Avaliação da Atividade antioxidante de derivados de diaminas de ferroceno e 1,4-naftoquinonas A avaliação da atividade antioxidante dos compostos, cloridrato de N-(ferrocenilmetil)-N’-(4-metoxibenzil)etano-1,2-diamina (composto 3) e 2-metoxi-3- (2-feniletenil)-1,4-naftoquinona (composto 1) foi realizada com o uso do radical 1,1-difenil-2-picrilhidrazila (DPPH), segundo metodologia descrita por Mensor et al., (2001) e Falcão et al., (2006), com modificações. Estes compostos foram utilizados por apresentarem alta atividade tripanocida e índice de segurança maior a 10. O intuito foi verificar se poderia ser que estes compostos tivessem outros tipos de atividade complementar à apresentada sobe o trans-splicing. A partir de uma concentração fixa de 1 mg/mL para o composto 3 e de 5 mg/mL para o composto 1, preparou-se soluções em diferentes concentrações (de 0 a 200 µg/mL para o composto 3 e de 0 a 800 µg/mL para o composto 1), as quais adicionaram-se 200 µL de solução DPPH (0,004%). As soluções foram mantidas ao abrigo da luz e após 30 min foi determinada a absorbância a 515 nm. Observou-se mudança de coloração de violáceo intenso ao amarelo. O metanol foi utilizado como controle. O ensaio também foi realizado para a vitamina C, como padrão antioxidante, em diferentes concentrações. Os ensaios do DPPH para cada concentração foram realizados em triplicata. 46 A média das absorbâncias destas amostras foi usada como a absorbância máxima, servindo para o cálculo da porcentagem de inibição do radical DPPH (% de inibição) (MOLYNEUX, 2004). em que Amáx é a absorbância do DPPH em 515 nm na ausência de amostra (controle) e Ateste é a absorbância do DPPH em 515 nm na presença de amostra. 47 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO Com o intuito de procurar novos fármacos no controle da doença do sono, trabalhou-se com 38 diferentes compostos de caráter inédito derivados de benzil diaminas e diaminas de ferroceno do tipo N1,N2-dibenziletano-1,2-diamina (cloridratos de benzil diaminas) e N1-benzil,N2-metilferroceniletano-1,2-diamina (cloridratos de diaminas de ferroceno), respectivamente, e derivados de 1,4- naftoquinonas do tipo 2-metoxi/hidroxi-3-(1-alquenil)-1,4-naftoquinonas e as aminas destes derivados. Os compostos sintetizados no Laboratório de Síntese Organometálica do Departamento de Química Orgânica da Universidade Federal Fluminense (UFF) foram avaliados pelo método colorimétrico (MTT) e padronizado frente a formas procíclicas das cepas 427 e 29-13 de T. brucei. Devido às dificuldades experimentais do uso de formas infectantes de T. brucei, triagens iniciais de bibliotecas de compostos naturais ou sintéticos podem ser realizadas com as formas procíclicas, formas não infectantes, por serem de fácil cultivo, manuseio e manutenção para os ensaios; assim, apenas as substâncias que apresentarem alguma atividade tripanocida poderão ser consideradas para próximas etapas de estudo (PEACOCK et al., 2008; WIRTZ; CLAYTON, 1995). 4.1 IC50 DOS DERIVADOS DE BENZIL DIAMINAS E DIAMINAS DE FERROCENO A atividade tripanocida de cada composto testado pode ser analisada a partir do seu resultado de IC50 (concentração do composto que mata 50% dos parasitas), comparativamente com o resultado da pentamidina, conforme a tabela 5. 48 Tabela 5. Atividade tripanocida e índice de segurança de benzil diaminas e diaminas de ferroceno. aIC50 (µM), bSI: Safety Index, os valores de SI>10 (PASSERINI, 2008) observam- se em negrito. Composto Estrutura IC50 a Células HepG2 IC50 a T. brucei 427 SIb T. brucei 427 IC50 a T. brucei 29-13 SIb T. brucei 29-13 di am in as d e fe rr oc en o 2 30,99 0,51 60,76 4,04 7,67 3 18,60 0,36 51,67 0,82 22,68 4 32,26 1,78 18,12 7,69 4,20 5 34,49 1,27 27,16 5,33 6,47 6 9,20 0,35 26,29 4,81 1,91 7 85,45 7,46 11,45 10,00 8,55 8 21,94 0,45 48,76 4,58 4,79 9 26,20 0,41 63,90 1,13 23,19 49 10 22,68 2,28 9,95 3,56 6,37 11 20,31 10,42 1,95 6,48 3,13 be nz il di am in as 2a 223,74 11,08 20,19 9,99 22,40 3a 990,62 8,25 120,08 8,63 114,79 5a 148,21 4,61 32,15 5,16 28,72 7a 86,91 13,88 6,26 14,11 6,16 8a 280,57 12,35 22,72 16,78 16,72 10a 590,18 36,58 16,13 19,22 30,71 pentamidina 159,71 6,43 24,84 6,43 24,84 De acordo com os valores de IC50, todos os compostos foram menos tóxicos nas células HepG2 quando comparadas com os valores obtidos para os parasitas. De maneira geral, a série de diaminas de ferroceno mostrou um índice de citotoxicidade menor do que a pentamidina, fármaco utilizado no tratamento da doença do sono. 50 A cepa 427 (selvagem) mostrou-se mais sensível às diaminas de ferroceno do que a cepa 29-13 (genéticamente modificada), enquanto os compostos derivados das benzil diaminas não mostraram diferenças significativas. Isto pode ser devido à diferença genética estabelecida entre as cepas, já que a cepa 29-13 contêm dois plasmídeos no seu DNA que contêm os promotores T7 RNA polymerase e o repressor da tetraciclina, conferindo-o maior resistência quando comparada com a cepa 427 do tipo selvagem (PEACOCK et al., 2008; WIRTZ; CLAYTON, 1995). Comparando as diaminas de ferroceno (compostos 2 a 11) com os derivados de benzil diaminas (compostos 2a a 10a) pode-se observar que a substituição de um grupo benzil por um grupo ferrocenil provocou um aumento na atividade tripanocida das moléculas. Considerando que as diaminas ligam-se ao DNA nos lugares ricos em adenina e timina (AT), interrompendo a tradução e transcrição (LEGROS, 2002), e que o grupo ferrocenil tem propriedades de óxido-redução (FRANCISCO; VARGAS, 2010), pode-se concluir que esta última propriedade é a que poderia aumentar a atividade citotóxica dos derivados de diaminas de ferroceno em comparação com as benzil diaminas. A combinação entre estrutura metálica e compostos orgânicos é uma estratégia interessante para criar novos princípios ativos contra a doença do sono. Isso porque o metal pode ser um veículo para a ativação do fragmento orgânico (ligante) como agente citotóxico ou o próprio composto metalorgânico pode reverter à resistência celular, já que os mecanismos de resistência que reconhecem um composto orgânico podem não reconhecê-lo quando coordenado a um metal (BERALDO, 2005). A mudança do estado de oxidação do metal influi no potencial redox, podendo confluir para um melhor ajuste das propriedades cinéticas e termodinâmicas do composto frente a um alvo biológico (FARRELL, 2003). O índice de segurança maior do que 10 (destacados em negrito na tabela 5) significa que o composto pode ser promissor para futuros estudos (PASSERINI, 2008). Assim, os compostos 10, 11 e 7a mostraram não ser promissores para T. brucei 427 e os compostos 3, 9, 2a, 3a, 5a, 8a e 10a podem ser utilizados para estudos posteriores com a cepa T. brucei 29-13. Os seguintes compostos apresentaram os maiores valores de SI para a cepa 427 de T. brucei (selvagem): 3a 51 (SI: 120,08), 9 (SI: 63,90), 2 (SI: 60,76), 3 (SI: 51,67), 8 (SI: 48,76), 5a (SI: 32,15), 5 (SI: 27,16), 6 (SI: 26,29), 8a (SI: 22,72), 2a (SI: 20,19), 4 (SI: 18,12), 10a (SI: 16,13) e 7 (SI: 11,45). Dos compostos anteriores, apresentaram-se moléculas com maior atividade tripanocida que a pentamidina (IC50: 6,43) para a cepa 427, tais compostos foram o 6 (IC50: 0,35), 3 (IC50: 0,36), 9 (IC50: 0,41), 8 (IC50: 0,45), 2 (IC50: 0,51), 5 (IC50: 1,27), 4 (IC50: 1,78), 10 (IC50: 2,28) e 5a (IC50: 4,61). Dos compostos citados anteriormente, o que apresentou maior atividade tripanocida para as duas cepas de T. brucei, foi o composto 3 (cloridrato de N-(ferrocenilmetil)-N’-(4-metoxibenzil)etano- 1,2-diamina), com um IC50 de 0,36 e 0,82 para a cepa 427 e 29-13, respectivamente. Este composto foi eleito para a reação de RT-PCR e a avaliação da atividade antioxidante como descritas na seção 3.5 e 3.6 de materiais e métodos, respectivamente. Observa-se, conforme apresentado na figura 13, a tendência na diminuição da atividade tripanocida desta série de compostos quando modificado o radical presente nos extremos da molécula de diamina. Figura 13. Diminuição da atividade tripanocida da série de derivados de diaminas de ferroceno e benzil diaminas com IC50 menor do que a pentamidina. Para a determinação da série anterior, utilizaram-se os valores de IC50 obtidos com a cepa 427, por ser do tipo selvagem. Embora os compostos 6 e 3 com IC50 de 52 0,35 μM e 0,36 μM, respectivamente, tenham apresentado concentrações muito próximas para a atividade tripanocida, apresentaram SI bastante diferentes (26,29 e 51,67 respectivamente). O composto 6 (IC50 de 9,20 μM) tem dois grupos ferrocenil e apresentou o dobro de citotoxicidade nas células HepG2, comparativamente ao composto 3 (IC50 de 18,60 μM), por essa razão, decidiu-se utilizar o composto 3 na reação de RT-PCR, devido ao alto custo da metodologia. De acordo com a série descrita na figura 13, a toxicidade dos substituintes está correlacionada com os fatores eletrônicos, em que a atividade tripanocida depende da posição dos substituintes no anel benzil, os quais podem doar sua densidade eletrônica ao sistema aromático mediante uma ligação �, para estabilizar por ressonância o complexo sigma. Os grupos metoxi e hidroxi são grupos ativadores do anel aromático e cumprem com a propriedade descrita anteriormente, enquanto que o Cl e Br são grupos desativadores do anel e, por serem mais eletronegativos, a ligação C-halogênio está mais polarizada, onde o carbono suporta a parte positiva do dipolo. Esta polarização provoca uma diminuição da densidade eletrônica do anel aromático, contudo os halogênios possuem pares de elétrons isolados que podem doar sua densidade eletrônica mediante a formação de uma ligação �, o que permite estabilizar as cargas positivas adjacentes e o complexo por ressonância (WHELAND, 1944). Sabe-se que o par ferroceno/ferrocênio (Fc/Fc+) representa a reversibilidade de apenas um elétron, porém quando o ferroceno é acoplado a outros grupos pode ocorrer uma influência destes no comportamento redox devido à mudança de energia do nível HOMO (SZARKA et al., 2001), de modo que a reversibilidade pode ser reduzida significativamente (STEPRICKA et al., 1999). Estudos sobre a oxidação do ferroceno e seus derivados comprovam que, se o ferroceno for acoplado a grupos eletro-doadores, os derivados formados podem oxidar-se mais fácilmente que o ferroceno, enquanto que estes derivados são mais resistentes à oxidação se o acoplamento for por grupos eletro-retiradores (COE et al., 1994). De acordo com as propriedades biológicas mencionadas por vários autores (SAI-KRISHNA et al., 2005; NEUSE, 2005; FRANCISCO; VARGAS, 2010; MONZOTE; GILLE, 2011), diversos derivados de diaminas e diaminas de ferroceno 53 poderiam estar envolvidos nos mecanismos de estresse oxidativo dos parasitas. Estudos realizados com derivados de diaminas mostraram que estas tendem a concentrar-se na mitocôndria (LANTERI et al., 2008). Portanto, para a confirmação destas hipóteses, em nosso laboratório estão sendo desenvolvidos estudos de avaliação do metabolismo oxidativo de cepas de T. cruzi tratadas com derivados de diaminas de ferroceno. Os compostos, até o momento, apresentaram maior atividade tripanocida que o benzonidazol, utilizado no tratamento da doença de Chagas (KOHATSU, A. A. N. et al. Resultados não publicados). Espera-se que este resultado possa servir como ferramenta para elucidar também possíveis interações destes derivados de diaminas de ferroceno nos mecanismos de estresse oxidativo em T. brucei. O composto 3 também foi utilizado para a avaliação da atividade antioxidante como explicado na seção 3.6 de materiais e métodos. Em suma, as diaminas de ferroceno mostraram ser bons candidatos para estudos posteriores em busca de fármacos com potencial tripanocida. Portanto, estudos do mecanismo de ação de diaminas de ferroceno em T. brucei e T. cruzi são muito importantes para melhorar os conhecimentos sobre estes compostos e fornecer ferramentas para o desenvolvimento de medicamentos menos tóxicos e com maior eficácia para tratar essas doenças. 4.2 DERIVADOS DE 1,4-NAFTOQUINONAS Alguns autores explicam que a atividade citotóxica das naftoquinonas poderia estar associada com fatores como a inibição das topoisomerases, possíveis intercalações com o DNA e a geração de espécies reativas de oxigênio (ROS) em um processo conhecido como ciclo redox de quinonas (CAMARA et al., 2008). Compostos que contêm o grupo quinona são conhecidos por exibir atividade antitumoral, tripanocida, moluscicida, fungicida e antimalárica (FRANCISCO et al., 2010). A atividade biológica das naftoquinonas está associada geralmente à habilidade de aceitar 1 ou 2 elétrons. Os diferentes substituintes ou grupos funcionais que podem unir-se ao anel quinona podem atrair ou doar elétrons modificando as propriedades redox destas moléculas (FRAGOSO et al., 2010) que 54 também poderia estar envolvida com sua atividade tripanocida. Geralmente a tendência é que as quinonas mais eletrofílicas tenham maior atividade biológica e quanto menos lipofílica, menor o índice de citotoxicidade (PINTO; De CASTRO, 2009). Devido à procura urgente de novos agentes antimaláricos, encontrou-se que as naftoquinonas tem capacidade inibitória contra Plasmodium falciparum. Como resultado desta observação, as publicações de novas moléculas com estrutura de 1,4-naftoquinona foram aumentando, assim como os compostos 2-amino-1,4- naftoquinona imina. Estas moléculas são ativas contra diversas espécies de Plasmodium spp. (LÓPEZ et al., 2011). Descreve-se que os derivados 2-amino-1,4- naftoquinona e 4-amino-1,2-naftoquinona apresentam uma atividade maior contra P. falciparum comparada com os derivados 2-hidroxi-1,4-naftoquinona e quinonas diméricas (KAPADIA et al., 2001). Sob esta premissa, os compostos apresentados na tabela 6 foram sintetizados no Laboratório de Síntese Organometálica do Departamento de Química Orgânica da Universidade Federal Fluminense (UFF), avaliados pelo método colorimétrico (MTT) e padronizados frente a formas procíclicas das cepas 427 e 29-13 de T. brucei, como descrito na seção 3.2. Tabela 6. Atividade tripanocida e índice de segurança de derivados de 1,4-naftoquinonas. aIC50 (µM), bSI: Safety Index, os valores de SI>10 observam-se em negrito (PASSERINI, 2008), NA: não apresentou atividade. Composto Estrutura IC50 a Células HepG2 IC50 a T. brucei 427 S.I.b T. brucei 427 IC50 a T. brucei 29-13 S.I.b T. brucei 29-13 2- m et ox i/h id ro xi -1 ,4 -n af to qu in on as 1 >68,89 4,72 >15 8,13 >8,47 2 >65,72 5,65 >11,63 7,79 >8,43 3 56,70 10,99 5,16 17,68 3,2 55 4 427,61 26,57 16,09 37,12 11,52 5 >61,58 6,93 >8,89 6,77 >9,10 6 >217,16 12,99 >16,71 9,99 >21,73 7 >620,03 42,33 >14,65 34,41 >18,01 8 >67,96 7,95 >8,55 12,3 >5,52 9 >587,64 55,21 >10,64 57,36 >10,25 10 315 42,51 7,41 31,73 9,92 2- am in o- 1, 4- na fto qu in on as 1a >52,44 8,15 >6,43 1,41 >37,20 1b --- 285,78 --- NA --- 1c 133,05 26,99 4,93 2,91 45,72 56 1d --- NA --- NA --- 2a >50,58 4,8 >10,54 9,3 5,43 2b --- NA --- 32,42 --- 2c 136,93 18,09 7,57 22,65 6,05 2d --- 206,15 --- NA --- 10a --- 106,33 --- 172,19 --- 10b 86,93 12,27 7,04 16,67 5,21 10c 127,53 25,3 5,04 52,37 2,43 10d --- NA --- NA --- pentamidina 159,71 6,43 24,84 6,43 24,84 De acordo com os valores de IC50 obtidos para a série de derivados de 1,4-naftoquinona, observou-se de um modo geral que os compostos 1 a 10 (derivados 2-metoxi/hidroxi-1,4-naftoquinona) apresentaram melhor atividade 57 tripanocida que seus derivados 2-amino-1,4-naftoquinona (1a a 1