1 UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO MESQUITA FILHO” Facudade de Ciências e Tecnologia Campus de Presidente Prudente Programa de Pós-Graduação em Geografia DINÂMICA TERRITORIAL, ATIVIDADE INDUSTRIAL E CIDADE MÉDIA: as interações espaciais e os circuitos espaciais da produção das indústrias alimentícias de consumo final instaladas na cidade de Marília – SP Denise Cristina Bomtempo Tese de Doutorado PRESIDENTE PRUDENTE 2011 2 UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO MESQUITA FILHO” Facudade de Ciências e Tecnologia Campus de Presidente Prudente Programa de Pós-Graduação em Geografia DINÂMICA TERRITORIAL, ATIVIDADE INDUSTRIAL E CIDADE MÉDIA: as interações espaciais e os circuitos espaciais da produção das indústrias alimentícias de consumo final instaladas na cidade de Marília – SP Denise Cristina Bomtempo ORIENTADOR: Prof. Dr. Eliseu Savério Sposito PRESIDENTE PRUDENTE 2011 Tese de Doutorado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Geografia – Área de Concentração: Produção do Espaço Geográfico, para obtenção do título de Doutora em Geografia. AGÊNCIA DE FOMENTO: FAPESP 3 Bomtempo, Denise Cristina. B684d Dinâmica territorial, atividade industrial e cidade média: as interações espaciais e os circuitos espaciais da produção das indústrias alimentícias de consumo final instaladas na cidade de Marília – SP / Denise Cristina Bomtempo. - Presidente Prudente: [s.n], 2011. 455 f. Orientador: Eliseu Savério Sposito Tese (doutorado) - Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ciências e Tecnologia Inclui bibliografia 1. Dinâmica territorial. 2. Indústria de alimentos. 3. Reestruturação produtiva. 4. Cidades médias. 5. Divisão territorial do trabalho. 6. Circuito espacial da produção I. Sposito, Eliseu Savério. II. Universidade Estadual Paulista. Faculdade de Ciências e Tecnologia. III. Título. CDD 910 Ficha catalográfica elaborada pela Seção Técnica de Aquisição e Tratamento da Informação – Serviço Técnico de Biblioteca e Documentação - UNESP, Câmpus de Presidente Prudente. 5 6 AOS MEUS PAIS, Valdomiro Bomtempo e Creuza Maria da Silva Bomtempo, ao meu irmão, Matheus Eric Bomtempo. POR TUDO QUE COMPARTILHAMOS! AO MEU COMPANHEIRO EDILSON ALVES PEREIRA JÚNIOR que num dia de inverno aqueceu meu coração e mostrou que um caminho geográfico trilhado a dois pode ser mais intenso do que se pode imaginar. 7 Ao som do vento dessa primeira madrugada de Outono de 2011, torno memoráveis meus agradecimentos às pessoas e às instituições que contribuíram para elaboração desta tese. Primeiramente, quero agradecer ao meu Orientador e Professor Eliseu Savério Sposito que acompanhou minha trajetória de pesquisa - iniciação cientifica, mestrado e agora, doutorado. Sua dedicação, seriedade, compromisso, confiança e ternura foram determinantes na escolha do caminho acadêmico. Enfim, obrigada por me ajudar a descobrir o que é a vida geográfica! À Professora Maria Encarnação Beltrão Sposito (Carminha) pelas reflexões, atenção, confiança e dedicação. A discussão geográfica, associada ao seu carinho e ao seu sorriso, faz a diferença. Muito obrigada! Aos Professores Everaldo Melazzo (FCT/UNESP) e Sandra Lencioni (USP) pelas contribuições durante o exame de qualificação e na defesa. E aos professores Paulo F. C. Mourão e Silvia Selingardi-Sampaio pelas contribuições tecidas na defesa. Aos Professores do Programa de Pós-Graduação em Geografia da FCT/UNESP (alguns também professores desde a graduação), Bernardo Mançano; Rosângela Hespanhol; Nilvado Hespanhol; Eda Góes; Arthur Witacker; Everaldo Melazzo; Cezar Leal; Fátima Marin; Margareth Amorim; Tadeu Tomazelli, Raul Borges; Antônio Thomaz; João Lima; João Osvaldo; Marcos Saquet. Obrigada pelas questões! Ao Prof. Dr. Christian Azaïs que me recebeu na França durante o Estágio Sanduíche realizado no l’Institut de Recherche Interdisciplinaire en Sciences Sociales - IRISSO, Universidade Paris-Dauphine. Com suas palavras “MUITO MERCI”! Ao Prof. Dr. Gabriel Dupuy por nos acolher no Centre de Recherche Réseaux, Industrie e Amenagement – CRIA, L’Institut de Géographie Université Paris 1 Panthéon-Sorbonne. Aos professores e alunos integrantes do projeto temático da FAPESP “O novo mapa da indústria no início do século XXI”. Aos colegas do Grupo de Pesquisa Produção do Espaço e Redefinições Regionais – GAsPERR por tudo que foi vivido, em especial a Elaine Cícero, Gilmar Soares e Ana Cláudia. Ao Professor Fábio Contel, à Ana Elisa e ao amigo Rodolfo Finatti e demais colegas do Laboratório de Geografia Política, Planejamento Ambiental e Territorial LABOPLAN/USP que nos receberam durante o segundo semestre de 2008. Ao Professor Hervé Therry que nos acolheu na USP e aos amigos que fizemos por lá, em especial ao Ramez Maalouf. À Professora de Geografia do Ensino Fundamental, Maria Suniga, que me despertou à leitura geográfica. Obrigada por me acompanhar até aqui. À Professora de Língua Francesa, Elieti Rosa, por deixar o aprendizado mais doce e por me fazer acreditar nas possibilidades. Aos meus alunos! Vocês me ajudaram a descobrir o quanto este caminho vale a pena! A todos os funcionários da FCT/UNESP e das demais universidades que mencionamos, em especial ao Ademar, Lúcia, Nair, Fátima, Silvana, Márcia, Cínthia, Erinate, Ivonete e André. Aos amigos que desde a graduação me acompanharam, Luciene Xavier, Adriano Rodrigues, Adriana Olívia, Sérgio Lau. À amiga, Liz Christiane, e ao amigo Oscar Sobarzo. A amizade de vocês associada às contribuições geográficas foram determinantes em TODOS OS MOMENTOS. Aos amigos, Denis Richter e Carlos Primolan, pelo carinho e alegria de viver! Aos amigos da Pós-Graduação, Adriano Amaro, Elaine Cícero, Márcio Catelan, Sérgio Gonçalves, José Alves e Karina Furini, Rafael Catão e Raquel Arruda, Wagner AGRADECIMENTOS 8 Batella e Tatiane Portela, Juscelino Eudâmidas, Henrique Alves, Cíntia Lins, Sônia Segatti, Sônia Ribeiro de Souza e Divino José da Silva, Munir Felício, Luiz Carlos Flávio, Oscar Buitrago, Vitor Koiti, Sílvia Pereira, Gislaine Garcia (Gisa), Marcelino Andrade e Flávia Ikuta, Jorge Montenegro e Fernanda Ikuta. Obrigada pelos momentos geográficos e de festa! Aos amigos, Marcos Lupércio, Erika Porcelli, Cristina Perusi, Júlio, Marcos, Patrícia, Elisângela, Micheli e Amélia. Aos amigos franceses, Eve-Anne Bühler; Renaud Watel; Gaëlle Iesteven; Margot Beauchamps; Mário Doraci, Bouba Bouba; Sebastien, Sandrine, Liloé e Éliben Turpault, Carol, Marcílio e Rudá. Aos amigos da Pós-Graduação que ajudaram em várias etapas do trabalho, Caio Marques (e seu pai), Júlio Zandonadi, Ana Claúdia, Tiago César, Henrique Alves, Oscar Sobarzo, Oséias Martinucci, Mayara Cadette, Tati Portela, Juscelino Eudâmidas, Gilmar Soares, Rafael Catão, Paulo Fernando. Aos colegas que me ajudaram durante trabalho de campo em Marília, Júlio César, Ricardo, Júnior, Claúdio, Aline, Willian Ferreira e D. Maria. Às instituições e empresas que me receberam durante pesquisa de campo, em especial ao Professor Camillo Sivielli, ao Sr. Miguel Sampaio, ao Sr. Daércio Galati e a todos os trabalhadores das indústrias alimentícias de Marília que relataram sobre o cotidiano da fábrica e da vida. À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo – FAPESP que me apoiou desde o Mestrado e agora, no Doutorado, na concessão de bolsa para realização da dissertação e da tese. Á Universidade Pública, em especial a UNESP CAMPUS DE PRESIDENTE PRUDENTE, minha origem acadêmica. Ao Marcelino Makiyama (in memoriam), exemplo de superação e esperança... À Frida, Kira, Tauru e Titani pelo carinho e companheirismo. À Sra. Raimunda Sousa Pereira e sua Família pelo acolhimento. Ao Caio pela confiança, renovação e alegria. Á Mariana Tavares por me ajudar na tabulação dos dados levantados durante a pesquisa empírica e por compartilhar o dia-a-dia da família BOMTEMPO. Ao meu IRMÃO, MATHEUS ERIC BOMTEMPO, possuidor de um grande coração. Sua amizade e compreensão me ajudam a prosseguir. Aprender com você é muito bom! Ao meu COMPANHEIRO EDILSON ALVES PEREIRA JÚNIOR, obrigada pelo seu companheirismo, amizade, incentivo, críticas, paciência e pelo seu AMOR. Valeu e vale a pena SEMPRE! Agora não tem jeito, a lágrima rolou! Agradeço imensamente aos meus PAIS, VALDOMIRO BOMTEMPO E CREUZA MARIA DA SILVA BOMTEMPO, que me ajudaram a descobrir o que tinha por detrás das árvores que cobriam os muros da FCT/UNESP. Curiosidade essa que me acompanhava desde criança quando íamos juntos e com os operários da Implemac fazer compras no supermercado SESI. Obrigada pela vida, pelos ensinamentos, pela amizade e pelo AMOR. Sem vocês não seria possível... Denise Bomtempo. 9 O conhecimento caminha lento feito lagarta. Primeiro não sabe que sabe e voraz contenta-se com o cotidiano orvalho deixado nas folhas vividas da manhã. Depois pensa que sabe e se fecha a si mesmo: Faz muralhas, cava trincheiras, ergue barricadas. Defendendo o que pensa saber levanta certezas na forma de muros, orgulhando-se de seu casulo. Até que maduro explore seus voos rindo do tempo que imaginava saber ou guardava preso o que sabia. Voa alto sua ousadia reconhecendo o suor dos séculos no orvalho de cada dia. Mesmo o voo mais belo descobre um dia não ser eterno. É tempo de acasalar: voltar à terra com seus voos à espera de novas e prosaicas lagartas. O conhecimento é assim: ri de si mesmo e de suas certezas. É meta da forma METAMORFOSE MOVIMENTO FLUIR DO TEMPO que tanto cria como arrasa a nos mostrar que para o voo é preciso tanto o casulo como a asa. AULA DE VOO (IASI, Mauro Luis. Meta Amor Fases. São Paulo: Expressão Popular, 2011). 10 RESUMO Fazer a leitura do território, do ponto de vista do desenvolvimento das atividades econômicas, no período da globalização, é uma tarefa complexa. Novos paradigmas estão postos, novas dinâmicas são sentidas e novas configurações notadas. É preciso identificar os agentes, entender os processos e as relações que influenciam nas decisões, nas normatizações que (re) organizam, reestruturam e, portanto, usam o território. Neste contexto, apresentamos esta pesquisa, que tem como perspectiva a leitura das dinâmicas territoriais pela via da atividade industrial do ramo alimentício de consumo final na cidade de Marília/SP, no período da globalização. A metologia da pesquisa está estruturada em três eixos, são eles: leituras; levantamento, sistematização e mapeamento de dados secundários; pesquisa de campo (realização de entrevistas e aplicação de questionários). Tal análise se justifica, pois o ramo industrial alimentício de consumo final instalado nessa cidade teve sua origem atrelada à ação de agentes locais, anterior ao processo de desconcentração industrial, iniciado a partir da metrópole paulistana na década de 1970. No entanto, a partir desse período, devido à expansão das indústrias locais, grupos empresariais de capital nacional e transnacional foram atraídos para escala dessa cidade média. Assim, com o desenvolvimento da pesquisa, verificamos que Marília, por aglomerar empresas industriais de um mesmo ramo produtivo, complexificou e ampliou sua função na divisão territorial do trabalho e na rede urbana em que está inserida e mantém relações. Devido à situação geográfica da aglomeração urbana e a configuração, por um lado de redes de proximidade geográfica e organizacional e por outro, de redes técnicas materiais e imateriais, as empresas industriais deste respectivo ramo, para permanecer e competir no mercado de concorrência global adotaram dimensões da reestruturação produtiva no que concerne à gestão, à produção e às relações de trabalho, e, influenciaram as instituições locais a adequar suas ações para atender aos seus interesses. A partir dessa nova organização, as normatizações, as atividades de gestão, pesquisa e desenvolvimento e distribuição, juntamente com a produção, passaram a ser atributos da cidade de Marília. Além disso, verificamos ampliação, do ponto de vista escalar, dos lugares articulados ao circuito espacial da produção do ramo alimentício de consumo final das empresas industriais instaladas nessa cidade. Isso mostra que as cidades médias, que desempenham atividade industrial no período da globalização, não podem mais ser consideradas como aquelas que têm o papel de intermediação com funções hierarquicamente definidas na rede urbana. Elas representam novas dinâmicas em curso no território brasileiro e por isso, a investigação que apresentamos e outras que possam surgir se justificam. Palavras–chaves: dinâmica territorial, indústria de alimentos, reestruturação produtiva, cidades médias, divisão territorial do trabalho, circuito espacial da produção. 11 RÉSUMÉ Faire la numérisation du territoire, du point de vue du développement des activités économiques, dans la période de la mondialisation, c’est une tâche complexe. De nouveaux paradigmes sont faites, de nouvelles dynamiques sont expérimentés et de nouveaux paramètres notés. Il faut identifier les agents, comprendre les processus et les relations qui influencent les décisions, dans les normes qui réorganisent, qui restructurent, et,donc, qui utilisent le territoire. Dans ce contexte, nous présentons cette recherche, qui a comme perspective la lecture des dynamiques territoriales par la voie de l'activité industrielle dans le secteur de consommation finale des aliments dans la ville de Marília-SP, dans la période de la mondialisation. La méthodologie de la recherche est structurée autour de trois axes, ils sont: les lectures; l´enquête, la cartographie systématique des données secondaires, la recherche de terrain (la réalisation d´entretiens et l´aplication de questionnaires). Telle analyse est justifiée, puisque le secteur industrielle de la consommation alimentaire finalement installé dans cette ville a eu son origine liée à l´action des agents locaux, avant le processus de déconcentration industriel, lancé à partir de la métropole de São Paulo dans les années 1970. Cependant, à partir de ce moment, en raison de l´expansion des industries locales, les groupes d'entreprises de capital national et transnational ont été attirés par cette moyenne échelle de la ville. Ainsi, avec le développement de la recherche, nous avons constaté que Marília, pour la grappe industrielle dans le même secteur de production, elle a compliquée et a élargi son rôle dans la division territoriale du travail et dans le réseau urbain dans lequel elle opère et entretient des relations. En raison de l'emplacement géographique del’ agglomération et la configuration urbain, d'une part, de réseaux de proximité organisationnelle et géographique, de l'autre, de réseaux techniques matériels et de réseaux immatériels, les entreprises industrielles du secteur respective, pour rester et participer à la compétition mondiale au marché de concurrence globale a adopté des dimensions processus de restructuration productive en ce qui concerne la gestion, à la production et aux relations de travail, et, d'influencer les institutions locales pour adapter leurs actions pour répondre à leurs intérêts. À partir de cette nouvelle organisation, les normes, les activités de gestion, de recherche et développement et la distribution, ainsi que la production, sont devenues des attributs de la ville de Marilia. En plus, nous vérifions, en termes d'échelle, les lieux actes de procédure pour le circuit d'espace de production dans le secteur alimentaire de consommation finale des entreprises industrielles situées dans cette ville. Cela montre que les villes moyennes, qui dévellopent l'activité industrielle dans la période de la mondialisation, ne peuvent plus être considérés comme ceux qui ont un rôle de liaison avec les rôles hiérarchiquement définis dans le réseau urbain. Ils représentent de nouvelles dynamiques au Brésil, et, par conséquent, les préoccupations de recherche actuelles et d'autres qui se posent sont justifiées. Mots-clés: dynamiques territoriales, l'industrie alimentaire, la restructuration, les villesde taille moyenne, la division territoriale du travail, la production de circuits espace. 12 ABSTRACT Making the analysis, from the development of economical activities point of view, in times of globalization, is a complex task. There are new paradigms, new dynamics are felt and new configurations are noticed. It is needed to identify the agents, to understand the processes and relationships that have influence in the decisions and in the laws the (re)organize, restructure and, therefore, use the territory. In this context, we present this research, that has as perspective the analysis of territorial dynamics by the industrial activity of the final consumption nourishing field in the city of Marilia/SP, in the period of globalization. The methodology of the research is structured in three guidelines: analysis; survey, systematization and mapping secondary data; field research (realization of interviews and questionnaires). This analysis’s reason is that the final consumption industry installed in this city has its origins related to the actions of local agents, preceding the industrial decentralization process that began in the metropolis of Sao Paulo in the decade of 1970. However, from then on, because of the local industry expansion, business groups with national and transnational were attracted by this medium-sized city. Then, with the development of this research, we verified that Marília, by concentrating industrial companies of the same productive field made more complex and extended its function in the territorial work division and in the urban network in which it is inserted and relates to. Because of the geographic situation and configuration of in one hand geographical and organizational proximity networks, and in the other material and immaterial technical networks, the industrial companies of this field, to maintain themselves and compete in the market of global bidding adopted dimensions of the productive restructuration that concerns to management, production and work relations and influenced the local institutions to adequate their actions to attend their interests. From this new organization the laws, management activities, development and research, and distribution, alongside with production started to be considered attributes of the city of Marília. Besides that, we verified an extension, from the scalar point of view, of the places articulated to the spatial circuit of the final consumption nourishing production field companies installed in this city. That shows that the medium sized cities that play a part in the industrial activity in times of globalization, cannot be considered to be the ones that have an intermediate role with hierarchical defined functions in the urban network anymore. They represent the new dynamics in course in the Brazilian territory and because of that, the investigation that we present, and others that may come, is justified. Key-words: territorial dynamics, nourishing industry, productive restructuration, medium-sized cities, territorial work division, production spatial circuit. 13 SUMÁRIO RESUMO 10 ÍNDICE 14 ÍNDICE DE QUADROS 16 ÍNDICE DE TABELAS 17 ÍNDICE DE CARTOGRAMAS 18 ÍNDICE DE GRÁFICOS, FIGURAS E FOTOS 19 SIGLAS 20 INTRODUÇÃO 22 1. DINÂMICA TERRITORIAL E ATIVIDADE INDUSTRIAL: POSSIBILIDADES DE LEITURA DO TERRITÓRIO BRASILEIRO 45 2. REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA E ATIVIDADE INDUSTRIAL: AS MUTAÇÕES DO RAMO ALIMENTÍCIO DE CONSUMO FINAL NO PERÍODO DA GLOBALIZAÇÃO 117 3. O TERRITÓRIO INDUSTRIAL RECONFIGURADO: OS FATORES DE LOCALIZAÇÃO, A ORIGEM DA ATIVIDADE E OS AGENTES ENVOLVIDOS NA INDÚSTRIA ALIMENTÍCIA DE CONSUMO FINAL DE MARÍLIA – SP 174 4. DINÂMICA TERRITORIAL E CIRCUITO ESPACIAL DA PRODUÇÃO DO RAMO ALIMENTÍCIO DE CONSUMO FINAL DE MARÍLIA – SP 277 CONSIDERAÇÕES FINAIS 428 BIBLIOGRAFIA CITADA 440 PÁGINAS 14 ÍNDICE INTRODUÇÃO 22 1. DINÂMICA TERRITORIAL E ATIVIDADE INDUSTRIAL: POSSIBILIDADES DE LEITURA DO TERRITÓRIO BRASILEIRO 45 Introdução 46 1.1. Dinâmicas territoriais, interações espaciais, circuito espacial da produção e agentes 47 1.2. Rede urbana e atividade industrial no Brasil e no estado de São Paulo 70 1.3. Rede Urbana e atividade industrial nas Regiões Administrativas (RAs) do estado de São Paulo 94 1.4. Atividade industrial nos municípios paulistas 105 2. REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA E ATIVIDADE INDUSTRIAL: AS MUTAÇÕES DO RAMO ALIMENTÍCIO DE CONSUMO FINAL NO PERÍODO DA GLOBALIZAÇÃO 117 Introdução 118 2.1. Reestruturação produtiva: origens e dimensões do processo 119 2.2. Reestruturação produtiva e mudanças no território brasileiro 123 2.3.Novos rumos da produção industrial no território brasileiro: as cidades médias 132 2.4. A configuração do ramo alimentício de consumo final na esteira do processo de reestruturação produtiva 146 3. O TERRITÓRIO INDUSTRIAL RECONFIGURADO: OS FATORES DE LOCALIZAÇÃO, A ORIGEM DA ATIVIDADE E OS AGENTES ENVOLVIDOS NA INDÚSTRIA ALIMENTÍCIA DE CONSUMO FINAL DE MARÍLIA – SP 174 Introdução 175 3.1. A localização industrial no período da globalização 176 3.2. Marília frente às cidades médias do Oeste Paulista 180 3.3. A origem do ramo alimentício de consumo final em Marília – SP 191 3.4. O conteúdo do território: os agentes que estruturam o ramo alimentício de Marília - SP 204 3.4.1. As Associações, Cooperativa e Sindicatos 209 a) As Associações I) Associação Comercial e Industrial de Marília - ACIM 209 II) Associação das Indústrias Alimentícias de Marília – ADIMA 213 b) A Cooperativa III) Cooperativa Agrícola Mista da Alta Paulista (CAMAP) Unidade de Tupã 226 c) O Sindicato da Alimentação 240 IV) Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Alimentícias - STIAM 240 d) Poder Público Municipal V) Secretaria da Indústria e Comércio de Marília – SP (SICM) 251 251 VI) Secretaria da Agricultura de Marília 257 e) Poder Público Estadual 260 VII) Banco do Povo Paulista – Unidade de Marília - SP 260 VIII) Centro Incubador de Empresa de Marília “Miguel Silva” 262 f) Poder Público Federal 265 IX) Centro Integração Empresa – Escola - CIEE/Marília - SP 265 X) Ministério do Trabalho e Emprego 267 XI) Posto de Atendimento ao Trabalhador (PAT) e SEBRAE - Marília 270 Posto de Atendimento ao Trabalhador (PAT) 270 SEBRAE – Marília/SP 271 4. DINÂMICA TERRITORIAL E CIRCUITO ESPACIAL DA PRODUÇÃO DO RAMO ALIMENTÍCIO DE CONSUMO FINAL DE MARÍLIA - SP 277 Introdução 278 4.1. Os serviços articulados ao ramo industrial alimentício de consumo final de Marília – SP 279 4.2. Características das indústrias alimentícias de consumo final instaladas em Marília - SP 288 4.2.1. Perfil das empresas industriais alimentícias de consumo final instaladas em Marília - SP 291 4.2.2.Critérios adotados pelas empresas industriais alimentícias para contratação de 300 PÁGINAS 15 trabalhadores formais 4.2.3. As inovações nas indústrias alimentícias de consumo final 302 4.3. Os circuitos espaciais da produção das empresas industriais alimentícias instaladas em Marília - SP 309 4.3.1. O circuito espacial da produção das pequenas e médias empresas industriais alimentícias instaladas em Marília - SP 317 4.3.2. O circuito espacial da produção das grandes empresas industriais alimentícias de consumo final instaladas em Marília - SP 331 4.3.2.1. A configuração do circuito espacial produtivo da NESTLÉ – Unidade produtora de biscoitos de MARÍLIA – SP 331 - A NESTLÉ S/A na escala planetária e no território brasileiro 337 - A NESTLÉ unidade de MARÍLIA – SP nos dias atuais 353 - A organização da produção e do trabalho da unidade da NESTLÉ MARÍLIA - SP 356 - O processo produtivo – a fabricação dos biscoitos 360 - As etapas do circuito espacial da produção da NESTLÉ unidade de MARÍLIA - SP 368 4.3.2.2. A configuração do circuito espacial produtivo da MARILAN S/A 386 - A organização da produção e do trabalho na empresa e na fábrica 389 - O processo produtivo – a fabricação dos biscoitos 391 - As etapas do circuito espacial da produção da MARILAN S/A 396 4.3.2.3. A configuração do circuito espacial produtivo da DORI ALIMENTOS LTDA 406 - A organização da empresa: atividades de gestão, produção, distribuição e representação no território brasileiro e na escala planetária 406 - A organização da produção e do trabalho na fábrica 418 - As etapas do circuito espacial produtivo da DORI ALIMENTOS LTDA 421 CONSIDERAÇÕES FINAIS 428 BIBLIOGRAFIA CITADA 440 16 Quadro 1:Proposta de análise da atividade industrial desenvolvida espaços urbanos não metropolitanos 31 Quadro 2: Entrevistas realizadas durante trabalho de campo na cidade de Marília – instituições e associações ligadas à atividade industrial do ramo alimentício1 36 Quadro 3: Empresas prestadoras de serviços às indústrias alimentícias instaladas na cidade de Marília - SP, visitadas durante trabalho de campo 38 Quadro 4: Empresas do ramo alimentício e metal-mecânico, visitadas durante trabalho de campo 41 Quadro 5: Empresas exportadoras instaladas no município de Marília-SP (jan.- dez./2007) 145 Quadro 6: Origem do capital e unidades produtivas das empresas alimentícias de consumo final líderes de venda (biscoitos – 2005) 165 Quadro 7: As cinco maiores empresas industriais do ramo alimentício (em volume de vendas), produtoras de biscoitos, confeitos e aperitivos salgados sólidos, de acordo com a Revista Super Varejo, 2005 167 Quadro 8: Origem do capital e unidades produtivas das empresas alimentícias de consumo final líderes de venda (chocolates, derivados de cacau e aperitivos salgados sólidos, 2005) 171 Quadro 9: Primeiras empresas industriais instaladas em Marília - SP 193 Quadro 10: Agentes do ramo alimentício de consumo final entrevistados durante trabalho de campo em Marília - SP 207 Quadro 11: Instituições de ensino articuladas ao ramo industrial alimentício de consumo final de Marília-SP, visitadas durante trabalho de campo 281 Quadro 12: Empresas prestadoras de serviços ao ramo alimentício de consumo final de Marília – SP, visitadas durante trabalho de campo 283 Quadro 13: Fábricas da Nestlé S/A nos países do continente europeu 334 Quadro 14: Fábricas da Nestlé S/A nos países do continente americano 334 Quadro 15: Fábricas da Nestlé S/A nos países do continente asiático, africano e Oceania 335 Quadro 16: Organização da Nestlé no Brasil 341 Quadro 17: Fábricas da Neslté Ltda no Brasil 343 Quadro 18: Trajetórias alimentícias: de Doces Cristal a Nestlé Biscoitos 354 Quadro 19: Organização interna da Nestlé unidade de Marília - SP 362 Quadro 20: Funções desempenhadas pelos funcionários da Nestlé – unidade produtiva de Marília – SP 363 Quadro 21: Organização de empresa de médio porte (capital local), fornecedora de matéria-prima processada para Nestlé 374 Quadro 22: Organização interna da Marilan S/A 389 Quadro 23: Dori Alimentos Ltda: organização interna, circuito espacial da produção e relações de multiescalaridade 417 PÁGINAS ÍNDICE DE QUADROS 17 Tabela 1: Estabelecimentos indústriais e empregos ocupados no Brasil e no estado de São Paulo ao longo do século XX 74 Tabela 2: Estados brasileiros que apresentaram maior relevância no desenvolvimento de atividades econômicas, de acordo com os grandes setores do IBGE - 1985 78 Tabela 3: Estados brasileiros que apresentaram maior relevância no desenvolvimento de atividades econômicas, de acordo com os grandes setores do IBGE - 2007 78 Tabela 4: Estados brasileiros que apresentaram maior relevância em empregos ocupados, de acordo com os grandes setores do IBGE - 1985 79 Tabela 5: Estados brasileiros que apresentaram maior relevância em empregos ocupados de acordo com os grandes setores do IBGE – 2007 80 Tabela 6: Estabelecimentos industriais de acordo com os setores do IBGE/RAIS (1985 e 2007) 82 Tabela 7: Empregos indutriais ocupados de acordo com os setores do IBGE/RAIS (1985 e 2007) 84 Tabela 8: Número de estabelecimentos e empregos ocupados no estado de São Paulo (2007) 86 Tabela 9: Distribuição dos estabelecimentos da indústria de transformação nas regiões administrativas do estado de São Paulo (1985 e 2007) 97 Tabela 10: Distribuição dos empregos ocupados nas indústrias de transformação - regiões administrativas do estado de São Paulo (1985 e 2007) 97 Tabela 11: Estabelecimentos industriais do ramo de alimentos por porte, instalados nas RAs do Estado de São Paulo (1995 e 2007) 101 Tabela 12: Empregos industriais ocupados no ramo de alimentos por porte, instalados nas RAs do estado de São Paulo (1995 e 2007) 102 Tabela 13: Distribuição dos estabelecimentos e dos empregos ocupados nas indústrias de alimentos do estado de São Paulo – municípios com mais de 20 estabelecimentos – 2007 116 Tabela 14: Fusões e aquisições na indústria de alimentação atuantes no Brasil (R$ milhões) 153 Tabela 15: Investimentos na indústria de alimentação (R$ milhões) 156 Tabela 16: Faturamento setorial em 2009 e 2008 (R$ bilhões) 164 Tabela 17: População total das cidades médias do Oeste Paulista frente ao estado de São Paulo (2008) 185 Tabela 18: Perfil econômico das cidades médias do Oeste Paulista (2008) 186 Tabela 19: Participação dos vínculos empregáticios (%) e do rendimento médio (R$) por vínculo empregatício, dos grandes setores do IBGE (2009) 188 Tabela 20: Empresas que investiram na indústria de alimentos e bebidas (exceto usinas sucroalcooleiras) - 1995 - 2005 189 Tabela 21: Agropecuária e produção florestal (amendoim em casca) – área colhida (ha), 2008 230 Tabela 22: Motivos que levaram o proprietário a investir no ramo industrial alimentício de consumo final 293 Tabela 23: Dificuldades encontradas nos primeiros anos de atividades 294 Tabela 24: Explicação do nome fantasia da empresa 295 Tabela 25: Motivos que levaram a mudança do local de instalação das empresas industriais alimentícias de consumo final 295 Tabela 26: Motivos que levaram a empresa a se instalar em Marília 297 Tabela 27: Contato – Convênio – Filiação com instituições 298 Tabela 28: Atualmente, quais os motivos para continuar os investimentos na atividade industrial alimentícia em Marília 299 Tabela 29: Critérios adotados pelas indústrias alimentícias de Marília para contratação de trabalhadores formais 302 Tabela 30: Características das máquinas adotadas no processo produtivo 304 Tabela 31: Origem das máquinas adotadas no processo produtivo 306 Tabela 32: Motivos das inovações nas indústrias alimentícias de Marília 308 Tabela 33: Utilização de laboratórios para análise de qualidade do produto 309 PÁGINAS ÍNDICE DE TABELAS 18 Cartograma 1: Distribuição dos estabelecimentos industriais dos ramos de alimentos (1995, 2007) e bebidas (1985) no território brasileiro 89 Cartograma 2: Regiões Administrativas do estado de São Paulo 96 Cartograma 3: Distribuição dos estabelecimentos industriais e dos empregos ocupados no ramo de alimentos (1995, 2007) e bebidas (1985) nas Regiões Administrativas do estado de São Paulo 104 Cartograma 4: Distribuição dos estabelecimentos e dos empregos ocupados no ramo de alimentos, instalados nos municípios estado de São Paulo – 1985, 1995 E 2007 106 Cartograma 5: Distribuição dos estabelecimentos e empregos industriais ocupados no ramo de alimentos no estado de São Paulo, exceto RA de São Paulo e municípios com mais de 20 estabelecimentos – 2007 110 Cartograma 6: São Paulo – cidades com mais de 100 mil habitantes 111 Cartograma 7: Valor Adicionado Fiscal, localização do VAF em (%); coeficiente de concentração e especialização do vaf das indústrias de alimentos instaladas em cidades com mais de 20 estabelecimentos industriais do ramo alimentício de consumo final (2005) 141 Cartograma 8: Coeficiente de localização; concentração e especialização dos empregos ocupados e coeficiente de localização; concentração e especialização soma dos rendimentos médios mensais dos empregos ocupados na indústria de alimentos localizados nas cidades com mais de 20 estabelecimentos industriais (%) (2005) 142 Cartograma 9: Distribuição dos estabelecimentos e empregos ocupados nas indústrias do ramo alimentício da RA de Marília, 1995, 2007 202 Cartograma 10: Agentes envolvidos na atividade industrial do ramo alimentício instalado na cidade de Marília - SP 208 Cartograma 11: Aglomerados Produtivos do estado de São Paulo de acordo com a Secretaria de Desenvolvimento do Estado (2010) 220 Cartograma 12: Arranjos Produtivos do estado de São Paulo de acordo com a Secretaria de Desenvolvimento do Estado (2010) 220 Cartograma 13: Amendoim em casca – área colhida em HA, por Região Administrativa do estado de São Paulo (1990, 2000, 2007) 233 Cartograma 14: Distribuição espacial dos estabelecimentos industriais do ramo alimentício em Marília – SP - Brasil 290 Cartograma 15: Pequenas e Micro Empresas de Marília - SP – circuito espacial da produção: aquisição de insumos e matérias-primas 319 Cartograma 16: Médias empresas alimentícias de Marília – SP – circuito espacial da produção: aquisição de insumos, serviços e matérias-primas 327 Cartograma 17: Neslté S/A - circuito espacial da produção: atividades de gestão, produção e P&D 336 Cartograma 18: Nestlé Brasil Ltda – Atuação no território brasileiro: unidade de gestão e produção 342 Cartograma 19: Nestlé Brasil Ltda – atuação no território nacional – unidade de armazenamento e distribuição 345 Cartograma 20: Nestlé Brasil Ltda – empresas controladas e terceirizadas 346 Cartograma 21: Nestlé Brasil Ltda – circuito espacial da produção da unidade produtiva de Marília/SP: aquisição de matéria-prima 371 Cartograma 22: Nestlé Brasil Ltda – unidade produtiva de Marília/SP: aquisição de insumos e serviços articulados à empresa 376 Cartograma 23: Nestlé Brasil Ltda – circuito espacial da produção da unidade produtiva de Marília/SP: atividades de importação e exportação 379 Cartograma 24: Nestlé Brasil Ltda – unidade produtiva de Marília/SP: local de moradia dos trabalhadores sócios do sindicato da alimentação de Marília/SP 385 Cartograma 25: Marilan Alimentos S/A – circuito espacial da produção: atividades de gestão, distribuição e representação 398 Cartograma 26: Marilan Alimentos S/A – circuito espacial da produção: aquisição de matéria-prima e serviços articulados à empresa 401 PÁGINAS ÍNDICE DE CARTOGRAMAS 19 Cartograma 27: Marilan Alimentos S/A – circuito espacial da produção: atividades de exportação e distribuição 403 Cartograma 28: Marilan Alimentos S/A – local de moradia dos trabalhadores sócios do sindicato da alimentação de Marília - SP 405 Cartograma 29: Dori Alimentos Ltda – circuito espacial da produção – atividades de gestão, produção, distribuição e representação 412 Cartograma 30: Dori Alimentos Ltda – circuito espacial da produção – atividades de exportação e distribuição 414 Cartograma 31: Dori Alimentos Ltda – circuito espacial da produção – aquisição de matérias-primas e serviços articulados à empresa 423 Cartograma 32: Dori Alimentos Ltda – local de moradia dos trabalhadores sócios do sindicato da alimentação de Marília - SP 424 ÍNDICE DE GRÁFICOS, FIGURAS e FOTOS Gráfico 1: Evolução das Fusões e Aquisições na indústria de alimentos e bebidas no Brasil (1994 – 2004). 149 Figura 1: Exemplo do funcionamento de uma filière 61 FIgura 2: Exemplo de cadeia produtiva 62 Figura 3: Interligações à montante e à jusante da propriedade rural 62 Figura 4: Primeiras empresas industriais instaladas na cidade de Marília - SP 192 Figura 5: Selos criados pela ADIMA 217 Figura 6: Máquinas automáticas utilizadas pelas grandes indústrias alimentícias de Marília na fabricação de biscoitos 305 Figura 7: Estrutura organizacional da sede da Nestlé no Brasil 339 Figura 8: Rede de distribuição de GLP no estado de São Paulo 365 Figura 9: Unidades da Dori Alimentos Ltda 408 Foto 1: CAMAP Tupã 227 Foto 2: Silos da CAMAP Tupã 227 Foto 3: Jardim Alimentação I 248 Foto 4: Casa do Jardim Alimentação I 248 Foto 5: Máquinas manuais utilizadas na fabricação de doces 305 Foto 6: Doceiros retirando mercadorias nas indústrias alimentícias de Marília e Mercado onde os produtos são comercializados 321 Foto 7: Vista aérea da fábrica da Airilam – Beatrice Food 355 Foto 8: Vista aérea da fábrica da Nestlé unidade de Marília - SP 355 Foto 9: Avenida Castro Alves – Fábrica da Nestlé em Marília e fluxos de veículos em torno da unidade produtiva 356 Foto 10: Convênios entre a indústria alimentícia e estabelecimentos comerciais de Marília - SP 359 Foto 11: Vista aérea do CD da Nestlé em Cordeirópolis - SP 369 Foto 12: Produtos fabricados pelas indústrias alimentícias de Marília, encontrados num pequeno estabelecimento comercial de Marília - SP 380 Foto 13: Produtos fabricados pelas indústrias alimentícias de Marília, encontrados num supermercado de uma rede que atua na escala nacional. Marília - SP. 380 Foto 14: Primeira sede da Marilan (1957) 388 Foto 15: Sede Atual da Marilan 388 Foto 16: Saída de trabalhadores da Marilan, segundo turno diurno 390 Foto 17: Central de armazenamento de farinha de trigo da Marilan 393 Foto 18: Descarga de matéria-prima na Marilan 393 Foto 19: Descarga de matéria-prima na Marilan 393 Foto 20: Depósito de matéria-prima em área externa à fábrica 393 Foto 21: Centro de distribuição da Dori – Filial de Fortaleza - CE 411 Foto 22: Gerente e Funcionárias do CD DORI - Filial de Fortaleza – CE 411 Foto 23: CD DORI - Filial de Fortaleza – CE - produtos armazenados 411 Foto 24: CD DORI - Filial de Fortaleza – CE - produtos armazenados 411 PÁGINAS 20 SIGLAS ABIA Associação Brasileira de Indústrias da Alimentação ABIC Associação Brasileira da Indústria de Café ABICAB Associação Brasileira das Indústrias de Cacau, Amendoim, Balas e Derivados ACIM Associação Comercial e Industrial ADIMA Associação das Indústrias de Alimentos de Marília ANVISA Secretaria de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde APAS Associação Paulista de Supermercados APLs Arranjos Produtivos Locais APO Arranjo Produtivo Organizado APPCC Programa de Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle BFP Boas Práticas de Fabricação BID Banco Interamericano de Desenvolvimento BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento BPFs Boas Práticas de Fabricação CADIN Cadastro Informativo de Créditos não Quitados CAGED Cadastro Geral de Empregados e Desempregados CAMAP Sociedade Agrícola Cooperativa Mista da Alta Paulista CD Centro de Distribuição CCQs Círculos de Controle de Qualidade CETESB Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental CIEE Centro de Integração Empresa Escola CIESP Centro das Indústrias do Estado de São Paulo CIPA Comissão Interna de Prevenção de Acidentes CLT Consolidação das Leis do Trabalho CNAE Classificação Nacional de Atividades Econômicas CPD Centro de Processamento de Dados EADI Estação Aduaneira do Interior EDR Escritório de Desenvolvimento Rural F&A Fusões e Aquisições FAO Food and Agriculture Organization FAPESP Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo FATEC Faculdade de Tecnologia "Estudante Rafael Almeida Camarinha” FCT Faculdade de Ciências e Tecnologia FFLCH Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas FGTS Fundo de Garantia por Tempo de Serviço FIESP Federação das Indústrias do Estado de São Paulo FISPAL Feira Internacional de Embalagens, Processos e Logística para Indústrias de Alimentos e Bebidas GAsPERR Grupo de Pesquisa Produção do Espaço e Redefinições Regionais GLP Gás Liquefeito de Petróleo IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IED Investimento Externo Direto INSS Instituto Nacional de Seguro Social IRISSO l’Institut de Recherche Interdisciplinaire en Sciences Sociales ISO Internacional Organization for Standardization LABOPLAN Laboratório de Geografia Política e Planejamento Territorial e Ambiental LER Lesão por Esforço Repetitivo LUPA Levantamento de Unidades de Produção Agropecuária MAPA Ministério de Agricultura MTE Ministério do Trabalho e Emprego OMS Organização Mundial da Saúde PAT Posto de Atendimento ao Trabalhador PIESP Pesquisa de Investimentos Anunciados do Estado de São Paulo PME Pequena e Média Empresa 21 PCC Ponto Crítico de Controle PPGG Programa de Pós-Graduação em Geografia PPHO Programa de Procedimentos Padrão de Higiene Operacional PPP Perfil Profissiográfico Previdenciário RAs Regiões Administrativas RAIS Relação Anual de Informações Sociais REDEX Recinto Especial para Despacho Aduaneiro de Exportação RH Recurso Humano RM Região Metropolitana SBDC Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência SCPC Serviço Central de Proteção ao Crédito SEADE Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados SEAE Secretaria de Acompanhamento Econômico SEBRAE Serviço de Apoio às Pequenas e Micro Empresas SECEX Secretaria de Comércio Exterior SENAC Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial SENAI Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial SERASA Serviço De Consulta A Pendências E Protestos Exclusivos Para Empresas SERT Secretaria do Emprego e Relações do Trabalho do Estado de São Paulo SICM Secretaria da Indústria e Comércio de Marília STIAM Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação e Afins TJ Tribunal da Justiça UF Unidade da Federação UNESP Universidade Estadual Paulista UNIMAR Universidade de Marília - Faculdade de Agronomia UNIMED União dos Médicos UNITHAL Laboratório de Análise Físico – Químicas e Tecnologia de Produtos UNIVEM Fundação Eurípides - Curso de Administração de Empresas USP Universidade de São Paulo VA Valor Adicionado VAF Valor Adicionado Fiscal 22 INTRODUÇÃO 23 Introdução De acordo com o Dicionário Aurélio, trajetória significa “linha descrita por um ponto material em movimento, por um projétil, de seu ponto de partida ao de chegada”. Apesar de o movimento ser inerente à trajetória, neste contexto, o sentido retilíneo, partida e chegada, é que explica o real significado da palavra. Quando utilizamos este termo para entender o caminho percorrido por um indivíduo ao longo da vida, percebemos que essa ação não se faz de maneira reta, pelo contrário, apesar de ser constante, é também variado. De acordo com Born (2001), Trajetória de vida pode ser descrita como um conjunto de eventos que fundamentam a vida de uma pessoa. Normalmente é determinada pela freqüência dos acontecimentos, pela duração e localização dessas existências ao longo de uma vida. O curso de uma vida adquire sua estrutura pela localização desses acontecimentos e pelos estágios do tempo biográfico (BORN, 2001, p. 243, grifo nosso). O indivíduo enquanto ser social possui múltiplas trajetórias que se entrelaçam ao longo do espaço-tempo. Nosso propósito, aqui, é descrever o trajeto desta pesquisa, que culminou na elaboração desta tese. Desde o ingresso no Programa de Pós-Graduação da FCT/UNESP de Presidente Prudente, em agosto de 2007, realizamos uma série de atividades que contribuíram para elaboração de indagações, tanto do ponto de vista do trabalho que a priori fomos desafiados a desenvolver, como também questões de natureza teórico-metodológica relacionadas ao conhecimento geográfico. Entre as atividades realizadas, destacam-se: disciplinas cursadas; reuniões com Orientador e com professores pesquisadores do Projeto Temático “O novo mapa da indústria paulista no início do século XXI”, da qual fazemos parte; grupos de estudos, com colegas da Graduação e Pós- Graduação em Geografia da FCT/UNESP de Presidente Prudente, do Grupo de Pesquisa de Produção do Espaço e Redefinições Regionais - GAsPERR e do Programa de Pós-Graduação em Geografia Humana da USP, sobretudo daqueles vinculados ao Laboratório de Geografia Política e Planejamento 24 Territorial e Ambiental - LABOPLAN (agosto a dezembro de 2008); leituras; levantamento bibliográfico e de dados secundários; trabalho de campo e realização de estágio no exterior (modalidade “sanduíche”), no período de dezembro de 2009 a maio de 2010. O mesmo foi realizado na França, Université Paris-Dauphine - IRISSO, supervisionado pelo Professor Doutor Christian Azaïs. A elaboração de uma pesquisa possui trajetórias diversas que se cruzam ao longo do espaço-tempo. Nela, está envolvido o trajeto percorrido pelo pesquisador, o ambiente onde ele está inserido e consequentemente, as pessoas com as quais se relaciona. Durante a realização de um trabalho de caráter científico, algumas escolhas são feitas para atingir os objetivos propostos. Deparamo-nos com situações em que é necessário rever nossa trajetória de trabalho e muitas vezes somos instigados a recortar1 temas, escalas espaciais e temporais, dados, informações etc. É preciso, para não nos perdermos no percurso, ter conhecimento do tema trabalhado e dos objetivos a serem alcançados. Desse modo, temos a liberdade de tomar decisões sem incorrer na produção de falsas realidades. Por sua vez, o projeto de pesquisa não deve ser encarado como uma estrutura rígida, mas sim resiliente, deve conter intenções a respeito do tema a ser pesquisado. Nossa proposta de estudo, apresentada durante a seleção do doutorado, para ingresso no Programa de Pós-Graduação em Geografia da FCT/UNESP de Presidente Prudente, intitulava-se “As relações de produção nas indústrias de transformação no Oeste do estado de São Paulo: o papel dos ramos de alimentos2 e bebidas”3. 1Para nós, o recorte é apenas o ponto de partida para analisar a realidade inserida num contexto histórico e espacial. De acordo com Elias (2003), “este caminho metodológico se faz necessário, desde que a perspectiva seja a de se “buscar a reconstrução intelectual da totalidade concreta, aquela que inclui o movimento das relações sociais, sem ser vazia de história, lembranças [...]” (p. 21). 2De acordo com a CNAE - Classificação Nacional de Atividades Econômicas, o setor de alimentos compreende: 1. O processamento ou transformação de produtos da agricultura, pecuária e pesca em alimentos para uso humano ou animal. 2. Este setor compreende também: a) Os estabelecimentos que produzem e vendem seus próprios produtos, como, por exemplo, as padarias, quando têm na venda da produção própria a principal fonte de receita. O setor é composto pelos grupos: “Abate e Preparação de Produtos de Carne e de Pescado” (grupo 151); “Processamento, Preservação e Produção de Conservas de Frutas, Legumes e Outros Vegetais” (grupo152); “Produção de Óleos e Gorduras Vegetais e Animais” (grupo 153); 25 Entre as perguntas que nos impulsionava, no momento da elaboração do projeto de tese, destacavam-se: é correto afirmar que a dinâmica proporcionada pela atividade industrial do estado de São Paulo é proveniente apenas do espraiamento da industrialização da metrópole? Os setores e ramos industriais se configuraram espacialmente a partir do processo de desconcentração industrial, iniciado em fins da década de 1970? Como explicar a aglomeração de ramos industriais em espaços urbanos não metropolitanos4? Essas perguntas foram elaboradas a partir de levantamento bibliográfico e de dados relacionados ao tema da pesquisa. Entre as informações levantadas, selecionamos, em primeira instância, a distribuição dos estabelecimentos industriais e empregos ocupados na indústria de transformação do estado de São Paulo, para tanto, foram utilizadas as bases de dados on-line da Relação Anual de Informações Sociais – RAIS, do Ministério do Trabalho e Emprego – MTE e o Perfil dos Municípios Paulistas da base de dados on-line da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados – SEADE5. De posse desses dados, trabalhamos na interpretação dos mesmos e na elaboração de hipóteses que nos permitissem a análise e síntese da atividade industrial paulista pelo viés geográfico, sobretudo em fins do século XX, em que notamos dinâmicas próprias do capitalismo, entre elas a “Laticínios” (grupo 154); “Moagem, Fabricação de Produtos Amilaceos e de Rações Balanceadas para Animais” (grupo 155); “Fabricação e Refino de Açúcar” (grupo 156); “Torrefação e Moagem de Café” (grupo 157); “Fabricação de Outros Produtos Alimentícios” (grupo 158), da divisão “Fabricação de Produtos Alimentícios e Bebidas”, (divisão 15) da seção “Indústrias de Transformação” (seção D), da CNAE Fiscal. 3. Este setor não compreende: a) Os estabelecimentos que executam algum processamento no produto alimentício, visando exclusivamente a facilitar a comercialização, como, por exemplo, os açougues e peixarias (Seção G). b) As padarias, com predominância de revenda de produtos que não sejam de produção própria (52). Fonte: www.mte.gov.br. Acesso: Setembro/2008. 3O mesmo projeto foi enviado à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo – FAPESP, para obtenção de Bolsa. A aprovação se deu no período de março de 2008 a março de 2011. Vale ressaltar que o projeto foi inserido no projeto temático “O mapa da indústria no início do século XXI. Diferentes paradigmas para a leitura territorial da dinâmica econômica no Estado de São Paulo”, coordenado pelo Professor Dr. Eliseu Savério Sposito, que conta com a participação do GAsPERR – Grupo de Pesquisa de Produção do Espaço e Redefinições Regionais. 4As discussões referentes aos espaços urbanos de um Brasil não metropolitano estão presentes nos estudos de DAVIDOVICH (1991); LENCIONI (2004); BELTRÃO SPOSITO et all. (2007); ELIAS (2007). 5Os resultados do levantamento de dados serão apresentados no Capítulo 1 desta tese. 26 reestruturação produtiva. Constatamos que a distribuição dos estabelecimentos industriais e dos empregos ocupados na indústria de transformação não se dá de maneira homogênea no estado de São Paulo. A metrópole e a região metropolitana ainda concentram grande parte dessa atividade econômica e conseqüentemente dos empregos por ela gerados, por outro lado, verificamos também municípios localizados topograficamente distantes6 da área polarizada pela metrópole, que se destacam nas duas variáveis selecionadas. Diante de tal constatação, ampliamos as buscas para distribuição dos estabelecimentos e empregos ocupados na atividade industrial, por ramos da indústria de transformação7. A partir desse levantamento, verificamos a concentração de estabelecimentos industriais de maneira pontual, ou seja, em municípios paulistas, localizados, do ponto de vista topográfico, distante da metrópole paulistana. Em alguns casos, como no ramo alimentício de consumo final, o número de empregos ocupados na metrópole e mesmo em municípios da região metropolitana era inexpressível em relação à concentração naqueles localizados no interior do estado de São Paulo, sobretudo no Oeste Paulista. De acordo com os dados da RAIS/MTE e da Secretaria de Desenvolvimento do estado de São Paulo, vimos que a atividade industrial está presente em grande parte dos municípios paulistas. Alguns ramos encontram- se aglomerados, a) na metrópole e em municípios da região metropolitana, b) municípios próximos à metrópole, mas que estão inseridos em outras regiões administrativas, c) em municípios inseridos nas regiões administrativas distantes, do ponto de vista topográfico, da cidade de São Paulo. Como exemplo de municípios localizados distantes da metrópole paulistana, do ponto de vista topográfico, e que aglomeram ramos industriais, sobressaem-se: Tabatinga (bichos de pelúcia); Ibitinga (bordados e enxovais); 6Sabemos que no período da globalização, as distâncias precisam ser relativizadas, por isso, trabalhamos com a perspectiva de que é preciso ler as dinâmicas territoriais não apenas pelas distâncias topográficas, mas também topológicas, ou seja, pela organização e articulações do território em rede. Para fazer tal discussão, utilizamos como referencial as idéias de Lencioni (2004), entre outros trabalhos, explorados ao longo dos capítulos desta tese. 7De acordo com o Ministério do Trabalho e Emprego (bases da Relação Anual de Informações Sociais), os ramos que estruturam a indústria de transformação são respectivamente: extração mineral; minerais não metálicos; metalurgia; metal-mecânico; materiais elétricos e comunicações; materiais de transportes; madeira e mobiliados; papel, papelão, editorial e gráfico; borracha, couro, fumo e similares; química; têxtil; calçadista; alimentos, bebidas e álcool etílico. 27 Auriflama (moda íntima); Jaú (calçados femininos); Franca (calçados masculinos); Birigui (calçados infantis); Presidente Prudente (couros e artefatos); Garça (eletro-eletrônicos); Ribeirão Preto (equipamentos odontológicos); São José do Rio Preto (jóias de ouro); Itatiba, Mirassol e Votuporanga (móveis); Bastos (ovos); Marília (alimentos de consumo final). Todos os municípios citados foram classificados, de acordo com a Secretaria de Desenvolvimento do estado de São Paulo, como Arranjos Produtivos Locais8. De acordo com Pires (2006), Desde a segunda metade dos anos 90, no Brasil, universidades e governos passaram a utilizar a noção de “arranjos produtivos locais” (APLs) como uma nova instância de organização e institucionalização do planejamento e do desenvolvimento territorial. Introduzida no imaginário empresarial, técnico e administrativo, essa noção vem se tornando cada vez mais uma referência espacial e territorial obrigatória para as novas estratégias dos agentes públicos e privados, essenciais para as transformações e expectativas coletivas no ambiente econômico e social local ou regional, de médio e longo prazo (p. 60). Ainda consoante com o autor, arranjo produtivo local pode ser compreendido como, [...] um recorte do espaço geográfico (parte de um município, conjunto de municípios, bacias hidrográficas, vales, serras etc) que além de ser um agrupamento de MPME`s (Micro, Pequenas e Médias Empresas) especializadas em uma atividade, possua sinais de identidade coletiva (sociais, culturais, econômicos, políticos, ambientais ou históricos), mantenha ou tenha a capacidade de promover uma convergência em termos de expectativas de desenvolvimento local, estabelecendo parcerias e compromissos para manter e especializar os investimentos de cada um dos atores no arranjo e seu entorno (território) (PIRES, 2006, p. 63). 8Uma importante contribuição geográfica sobre os Arranjos Produtivos Locais, sobretudo o de confecções, foi dada por MATUSHIMA, Marcos Kazuo (2005), na sua Tese de Doutorado. O autor fez uma revisão bibliográfica bem sistematizada sobre as principais referências bibliográficas a respeito dos APLs. Além desse trabalho, destacamos outros: a) PIRES, Elson Luciano Silva. Mutações econômicas e dinâmicas territoriais locais: delineamento preliminar dos aspectos conceituais e morfológicos. In: SPOSITO, Eliseu Savério. Cidades Médias: produção do espaço urbano e regional. São Paulo: Expressão Popular, 2006. b) CICERO, Elaine Cristina. Uma análise da indústria de calçados de Birigui no contexto da flexibilização produtiva. Presidente Prudente: FCT/UNESP, 2007 (Monografia de Bacharelado em Geografia). c) RODRIGUES, Andréia Marize. Cluster e competivividade: um estudo da concentração de micro e pequenas empresas de alimentos no município de Marília. São Carlos: USP - Tese de Doutorado em Engenharia Mecânica, 2003. 28 Entre os municípios que do ponto de vista topográfico estão distantes da metrópole paulistana, Marília se destaca em relação ao número de estabelecimentos e de empregos industriais ocupados em um mesmo ramo industrial. É considerado, pela Secretaria de Desenvolvimento do estado de São Paulo, como “aglomerado produtivo do ramo alimentício”. Além dessas variáveis, foi possível verificar que a indústria alimentícia de consumo final instalada nesse município passa por constantes transformações no que tange à atração de investimentos, tanto de grupos empresariais de capital nacional, como também internacional. Diante de tais constatações, algumas perguntas foram elaboradas, a saber: quais foram as determinantes que levaram o surgimento de ramos industriais aglomerados em cidades distantes (do ponto de vista topográfico) da metrópole paulistana, sobretudo em cidades médias9, a princípio sem sinergias industriais? Quais os ramos industriais predominantes nessas cidades? Qual o perfil dos agentes envolvidos na atividade industrial? Como o processo de reestruturação produtiva foi incorporado pelas empresas industriais? Ainda em relação às reestruturações, quais as mudanças e permanências existentes nos ramos industriais do ponto de vista da organização da produção e do trabalho? Quais as interações espaciais proporcionadas pela atividade industrial dos ramos predominantes? Como configuram os circuitos produtivos e as relações escalares das empresas? Qual o papel da indústria para geração de dinâmicas territoriais e para a mudança dos papéis das cidades médias na divisão territorial do trabalho e na rede urbana? Além dessas perguntas existem outras que poderiam ser abordadas, como, por exemplo, se existe ou não a configuração de um arranjo produtivo local alimentício em Marília. Mas, de antemão, gostaríamos de deixar claro que, reconhecemos a importância dessa discussão, mas ela não é o foco 9É importante diferenciar cidade média de cidade de porte médio. Para tanto, utilizamos como referência uma reflexão realizada por Beltrão Sposito (2004a), “Podemos admitir a existência de cidades de porte médio, em função de característica que lhe é intrínseca, como seu tamanho demográfico, mas não podemos reconhecer se uma cidade de porte médio é uma cidade média, ou seja, aquela que desempenha papéis de intermediação na rede urbana, sem compreender, ao mesmo tempo suas características (o que não se restringe ao tamanho demográfico e deve incluir a estruturação interna de seus espaços), como suas relações com outras cidades (o que impõe o reconhecimento de seus papéis na estruturação urbana na rede” (p. 331) (grifo nosso). 29 principal do nosso trabalho. Assim, as respostas às questões apontadas são desafiadoras, pois a discussão que envolve o tema geral da pesquisa sempre teve como foco principal a interpretação da realidade industrial brasileira a partir da escala metropolitana, sobretudo paulistana. Desse modo, a atividade industrial desenvolvida em espaços urbanos não metropolitanos é recente, portanto, a realização de trabalhos com essa perspectiva, por um lado, contribuiu para entender as novas dinâmicas existentes no território brasileiro, proporcionada pelas atividades econômicas industriais desenvolvidas no período da globalização. Por outro, estudos dessa natureza que têm como perspectiva os ramos industriais, contribuem para entender, na escala do estado de São Paulo, a diversidade de sua industrialização. A problemática que circunscreve nossa análise é que o ramo industrial alimentício de consumo final, desenvolvido em Marília, teve sua gênese anterior aos processos de reestruturação produtiva e desconcentração industrial. No entanto, esses contribuíram para que mudanças do ponto de vista da localização, da organização da empresa e do trabalho industrial, das inovações, entre outras, fossem notadas, pois foi a partir das implementações provenientes desses processos que as relações entre os agentes, as interações espaciais e os circuitos produtivos se complexificaram, até serem capazes de ampliar o papel da cidade na divisão territorial do trabalho. De acordo com Martinelli Jr. (1999), o ramo alimentício possui uma estrutura de mercado complexa por envolver uma gama de processos e agentes. Os “quatro grandes planos constituitivos dessas estruturas de mercado” são respectivamente: primeiro, são identificados os fornecedores de matérias-primas e insumos (agrícolas e não-agrícolas) utilizados no processamento industrial dos produtos finais de alimentos; segundo, situa-se a indústria processadora de alimentos, composta pelas grandes produtoras de bens alimentícios de grandes marcas comerciais, pelas pequenas e médias empresas que podem ser ou não fornecedoras de produtos de marcas próprias; no terceiro estão as redes de comércio de produtos alimentares, compostas pelas lojas tradicionais (super/hipermercados e comércio de pequeno e médio portes) e pelas novas formas de comércio, as lojas de desconto (clube de compra, hard discouters); no quarto plano encontram-se as diferentes formas de consumo de alimentos: as associadas às refeições no lar e às refeições fora do lar; estas com destaque pelo maior dinamismo econômico recente (p. 6). 30 Diante do apresentado, nosso objetivo geral com a realização deste estudo foi compreender se os processos de reestruturação produtiva e desconcentração industrial da metrópole paulistana modificou o perfil e a organização dos agentes; as interações espaciais e a configuração do circuito espacial da produção do ramo alimentício de consumo final instalado na cidade de Marília - SP. O objetivo geral se desdobra em específicos, são eles: a) Compreender até que ponto a situação geográfica atrelada à ação dos agentes contribuiu para a gênese e consolidação do aglomerado industrial do ramo alimentício; b) Investigar se, no período atual, a proximidade geográfica e organizacional das empresas contribui para dinamização do ramo industrial alimentício e das atividades atreladas a ele; c) Verificar as diferenças e semelhanças das interações espaciais e dos circuitos produtivos das indústrias alimentícias, de acordo com o porte das empresas e origem do capital; d) Analisar se as atividades do ramo industrial alimentício proporcionam ampliação dos papéis da cidade de Marília na divisão territorial do trabalho e na rede urbana em que está inserida e mantém relações. Gostaríamos de salientar que nosso trabalho tem como perspectiva compreender as dinâmicas territoriais a partir de uma interface estabelecida entre as discussões pertinentes à geografia econômica, pelo viés industrial, sem desconsiderar o urbano e as contradições provenientes da “urbanização da sociedade”. Desse modo, a pesquisa desenvolvida procurou apresentar uma análise–síntese geográfica qualitativa das dinâmicas territoriais existentes no estado de São Paulo, pela atividade industrial, no período da globalização. Para isso, tomamos como recorte analítico e empírico, o ramo alimentício de consumo final, aglomerado na cidade de Marília. Como uma forma de materializar o percurso teórico-metodológico da pesquisa, estruturamos um quadro intitulado “Proposta de análise da atividade 31 industrial desenvolvida em espaços não metropolitanos” (Quadro 1). O mesmo está organizado em três grandes eixos norteadores da tese10. O primeiro trata da “dinâmica territorial e aglomeração industrial”; o segundo, da “reestruturação produtiva”, e o terceiro, das “interações espaciais e circuito espacial da produção de alimentos”. Na tentativa de revelar inter-relações entre os eixos, utilizamos símbolos representados por flechas que direcionam a escolha de subeixos subseqüentes, agregados aos três centrais, são eles: a) agentes envolvidos na atividade industrial: instituições públicas e privadas, associações, empresas, trabalhadores; b) localização industrial; c) relações de trabalho; d) organização da produção, aquisição de equipamentos, inovação tecnológica – produtos e processos; e) escalas, redes, fluxos, rede urbana e cidades médias. ORG.: BOMTEMPO, Denise Cristina. Julho, 2010. 10 As referências teóricas de cada eixo farão parte dos capítulos da tese. DINÂMICA TERRITORIAL e AGLOMERAÇÃO INDUSTRIAL Agentes envolvidos na atividade industrial: instituições públicas e privadas, associações, empresas, trabalhadores. Localização Industrial REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA Relações de Trabalho Organização da produção, aquisição de equipamentos, inovação tecnológica – produtos e processos. INTERAÇÕES ESPACIAIS e CIRCUITO ESPACIAL DA PRODUÇÃO DE ALIMENTOS REDE URBANA CIDADE MÉDIA ESCALAS REDES FLUXOS QUADRO 11: Proposta de análise da atividade industrial desenvolvida espaços urbanos não metropolitanos 32 Os procedimentos metodológicos da pesquisa A atividade industrial desenvolvida em Marília é de grande relevância para entender as dinâmicas do território nas suas múltiplas dimensões. Isso justifica os trabalhos já realizados por pesquisadores de diversas formações acadêmicas, entre elas, administradores de empresas, engenheiros, advogados, sociólogos, geógrafos, entre outros11. Após o levantamento bibliográfico, de dados gerais (monografias, dissertações, teses e relatórios técnicos) e de ter definida a problemática e os objetivos da tese, elegemos uma série de procedimentos metodológicos que serão aqui apresentados. A) Levantamento bibliográfico e documental: para discussão do eixo 1, “Dinâmica territorial e aglomeração industrial”, utilizamos autores que fazem a mesma reflexão, mas que possuem formações acadêmicas diversas. Isso no nosso entendimento, enriquece a análise da realidade estudada, que é múltipla e intensa. Entre os autores, destacam-se: E. Sposito, E. Pires, S. Lencioni, P. Ayadalot, A. Fischer, G. Benko, F. Chesnais, D. Harvey, R. Camagni, C. Azaïs, B. Pecqueur, J. P. Gilley, A. Torre, M. Santos, R. L. Corrêa, R. Camagni, entre outros. No segundo eixo central, denominado de “Reestruturação Produtiva”, os autores tomados como referência foram: E. Sposito, S. Lencioni, D. Harvey, M. Aglietta, F. Chesnais, G. Benko, R. Antunes, entre outros. No terceiro eixo central, intitulado “Interações espaciais e circuito espacial da produção de alimentos”, apoiamo-nos em trabalhados realizados por: M. Santos, R. L. Corrêa, R. Camagni, M. Arroyo, F. Grimm, D. Elias, M. Montenegro, E. Pereira Jr., entre outros. No que concerne ao eixo subseqüente aos eixos centrais, chamado “Rede urbana, cidade média, escalas, redes e fluxos”, utilizamos como referencial teórico os trabalhos desenvolvidos por autores que também possuem formação acadêmica diversa, sobretudo aqueles ligados à Rede de Pesquisadores sobre Cidades Médias – ReCiMe, E. Sposito, M. E. B. Sposito, O. Sobarzo, E. Melazzo, D. Elias, mas também outros autores nacionais e estrangeiros, tais como, M. L. Silveira, R. Méndez, C. Sanfeliu. Vale ressaltar 11As referências serão apresentadas ao longo dos capítulos. 33 que esses levantamentos foram realizados em universidades e centros de pesquisa localizados no Brasil e no exterior, esses últimos a partir do nosso estágio doutoral realizado na Université Paris-Dauphine, França. Entre as instituições de maior destaque, podemos citar as bibliotecas da FCT/Unesp Presidente Prudente, FFC/Unesp Marília, FFLCH/USP, Fundação Eurípides Soares da Rocha/UNIVEM/Marília, Prefeitura Municipal de Marília, Université Paris-Dauphine, Institut de Géographie Paris 1 Panthéon-Sorbonne, Paris 8 Vincennes-Saint-Denis. B) Levantamentos de dados secundários: entre as bases estatísticas pesquisadas, destacam-se: Ministério do Trabalho e Emprego - MTE, na qual utilizamos a base de dados Relação Anual de Informações Sociais – RAIS e foram levantadas informações referentes aos estabelecimentos e empregos formais ocupados nas indústrias de transformação, que permitiram direcionar a análise para aglomeração industrial alimentícia localizada na cidade de Marília/SP; Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, onde foram levantados dados referentes à população residente nos municípios brasileiros desde 1970 até o ano de 2007; Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados – SEADE, na qual foram analisadas as bases estatísticas do Perfil dos Municípios Paulista; Secretaria de Comércio Exterior – SECEX; e por fim sites de Instituições ligadas ao ramo industrial alimentício, tais como, Associação Brasileira de Indústrias de Alimentação – ABIA, Associação Brasileira de Indústrias de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados, entre outras. Os dados obtidos foram organizados em tabelas, gráficos e cartogramas temáticos. Os programas utilizados para representação gráfica e cartográfica foram Microsoft Excel, Philcarto, Corel Draw, MapInfo e ArcGIS. C) Trabalho de Campo: nosso interesse com o trabalho de campo foi apreender os elementos reveladores do conteúdo e das dinâmicas do território engendradas com as transformações industriais. A cidade de Marília foi selecionada para o estudo empírico, sobretudo por concentrar os fenômenos mais importantes da pesquisa em foco. O trabalho de campo teve duas fases. A primeira, denominada de pesquisa exploratória, ocorreu durante a última semana de maio de 2008 e foi realizada coletivamente com os pesquisadores do Projeto Temático “O novo mapa da indústria paulista” e da ReCiMe. Na 34 ocasião visitamos as seguintes instituições: Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Alimentação e afins; Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Metal-Mecânicas e afins; Secretaria da Indústria e Comércio de Marília e Fundação Eurípides de Ensino Superior. Durante a pesquisa de campo, além de estabelecer contatos, foi possível apresentar nossa proposta de tese, levantar dados e realizar entrevistas. Após a primeira experiência empírica, montamos o segundo cronograma de visitas, que foram realizadas entre os meses de março a junho de 2009. Selecionamos empresas, instituições públicas e privadas, centros de pesquisa, universidades, sindicatos, trabalhadores12, entre outros, que possibilitaram maior aproximação com a realidade local, principalmente por meio de entrevistas realizadas com os responsáveis. Entre as instituições e associações visitadas, destacam-se: ACIM – Associação Comercial e Industrial; ADIMA – Associação das Indústrias de Alimentos de Marília; Secretaria Municipal da Indústria e Comércio e Secretaria Municipal da Agricultura; SEBRAE – Serviço de Apoio às pequenas e micro empresas; Centro Incubador de Empresas; Banco do Povo; Ministério do Trabalho e Emprego; PAT – Posto de Atendimento ao Trabalhador; STIAM – Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação e Afins; CIEE – Centro de Integração Empresa Escola; CAMAP – Sociedade Agrícola Cooperativa Mista da Alta Paulista/Tupã/SP; SENAI - Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial; UNIVEM - Fundação Eurípides - Curso de Administração de Empresas; FATEC - Faculdade de Tecnologia "Estudante Rafael Almeida Camarinha”; UNIMAR - Universidade de Marília - Faculdade de Agronomia; e por fim, Centro das Indústrias do Estado de São Paulo – CIESP/ Unidade Marília. No que se refere às empresas, o trabalho de campo contemplou aquelas prestadoras de serviços às indústrias alimentícias e empresas indústriais alimentícias, são elas: Dori Alimentos Ltda; Yoki Alimentos S.A.; Carino Ingredientes; Maritucs; Bel S/A; Marilan S/A; Nestlé S/A Unidade de Marília; Planeta Soja – UNIMAR; Cibelli Doces; Chinnut’s; Rogiori Chocolates e Doces; Dona Kota Indústria e Comércio de Produtos Alimentícios; 12Gostaríamos de mencionar que o nome dos trabalhadores arrolados ao longo dos capítulos é fictício. 35 Bonquié Alimentos Ltda; Carin Alimentos; Beija Flor – Indústria e Comércio de Pipocas; Vicentin & Moura Indústria Alimentícia Ltda; Ciremar de Marília Ltda; Casa de Massas Zarattini ME; Salgados Quero Mais; Alimentos Lanchero; IMF Brasil Alimentos; A&M Aromas; Léia Doces; Matter; e Nutri Ingredientes Indústria e Comércio de Produtos Alimentícios. Além das instituições e empresas visitadas, as entrevistas realizadas com trabalhadores e técnicos foram de grande valia para ampliar as informações acerca das relações de produção e de reprodução da força de trabalho empregada nas unidades produtivas industriais investigadas. A partir do contato com o Sindicato da Alimentação, marcamos entrevistas com funcionários das três empresas que mais empregam trabalhadores formais no município de Marília, são elas: Nestlé S/A, Marilan S/A e Dori Alimentos Ltda. As entrevistas aconteceram nas casas dos entrevistados e as mesmas, ora foram realizadas de maneira individual ora coletiva, com a presença de até três trabalhadores. Após a pesquisa de campo, iniciamos a tabulação dos dados e concomitantemente a redação do relatório de qualificação, defendido no mês de agosto de 200913. Feita a qualificação, refletimos sobre as sugestões da banca avaliadora e continuamos o estudo, com objetivo de aprofundar as discussões acerca do processo de reestruturação produtiva, das interações espaciais e da configuração dos circuitos espaciais da produção do ramo alimentício, instalado de maneira aglomerada em Marília, esse por sua vez, contribui para entender a dinâmica da atividade industrial inserida em realidades não metropolitanas. Durante a pesquisa empírica realizada em Marília, no período de março a junho de 2009, fizemos entrevistas e, portanto, constatamos que existem inúmeros discursos e nomenclaturas para a questão que envolve a aglomeração de empresas de um mesmo ramo produtivo. Cada instituição14 possui seu discurso, política e prática, e isso, de acordo com Brandão (2000), 13Os professores avaliadores do trabalho foram Profa. Dra. Sandra Lencioni FFLCH/USP. Prof. Dr. Everaldo Santos Melazzo FCT/UNESP/Presidente Prudente e Prof. Dr. Eliseu Savério Sposito FCT/UNESP/Presidente Prudente (Orientador). 14De acordo com Carlsson y Stankiewics (1991), “las instituiciones sociales son las estructuras normativas que promueven los modelos estables de interacciones sociales y transacciones que son necessários para el cumplimiento de lãs funciones sociales vitales” (p. 109). 36 empobrece o verdadeiro sentido do que vem a ser o desenvolvimento. No Quadro 2, podemos visualizar quais foram as instituições visitadas. No que tange às empresas, aplicamos questionários, preenchemos formulários e realizamos entrevistas com: a) Empresas prestadoras de serviços às empresas industriais do ramo alimentício; b) Empresas industriais do ramo alimentício instaladas em Marília15. Para selecionar as empresas e unidades produtivas industriais a serem visitadas, tivemos como base os dados fornecidos pela Secretaria de Indústria e Comércio de Marília durante o trabalho de campo, realizado no mês de maio de 2008, e os dados de estabelecimentos e empregos da base RAIS/MTE. De posse da relação de empresas e unidades produtivas industriais que continha nome, endereço, telefone e porte do estabelecimento (por número de funcionários), realizamos primeiramente uma pesquisa no site de busca da internet para constatar a existência da empresa e para finalizar, efetuamos ligações telefônicas para confirmar endereço e funcionamento. 15 Realizamos também entrevista com um empresário do ramo metal-mecânico. QUADRO 2: ENTREVISTAS REALIZADAS DURANTE TRABALHO DE CAMPO NA CIDADE DE MARÍLIA – INSTITUIÇÕES E ASSOCIAÇÕES LIGADAS À ATIVIDADE INDUSTRIAL DO RAMO ALIMENTÍCIO1. ORG: BOMTEMPO, Denise Cristina. Agosto, 2009. INSTITUIÇÕES EM GERAL/ INSTITUIÇÕES DE ENSINO DATA DA VISITA ACIM - ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE MARÍLIA 20/4/2009 ADIMA - ASSOCIAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DE ALIMENTOS DE MARÍLIA 18/3/2009 PODER PÚBLICO MUNICIPAL - SECRETARIA DA INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE MARÍLIA 25/4/2009 PODER PÚBLICO MUNICIPAL - SECRETARIA DA AGRICULTURA DE MARÍLIA 5/5/2009 SEBRAE - SERVIÇO DE APOIO ÀS PEQUENAS E MICRO EMPRESAS - UNIDADE DE MARÍLIA 16/3/2009 CENTRO INCUBADOR DE EMPRESAS DE MARÍLIA 19/3/2009 BANCO DO POVO - UNIDADE MARÍLIA 19/3/2009 MINISTÉRIO DO TRABALHO E DO EMPREGO - UNIDADE MARÍLIA 19/3/2009 PAT - POSTO DE ATENDIMENTO AO TRABALHADOR - UNIDADE DE MARÍLIA 23/4/2009 CIEE - CENTRO DE INTEGRAÇÃO EMPRESA - ESCOLA - UNIDADE MARÍLIA 22/4/2009 STIAM - SINDICATO DOS TRABALHADORES NAS INDÚSTRIAS DE ALIMENTAÇÃO E AFINS DE MARÍLIA E REGIÃO 28/5/2008 5/5/2009 25/5/2009 CAMAP - SOCIEDADE COOPERATIVA AGRÍCOLA MISTA DA ALTA PAULISTA 1/6/2009 SENAI - SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL - UNIDADE MARÍLIA (instituição de ensino) 16/3/2009 UNIVEM - FUNDAÇÃO EURÍPIDES - CURSO DE ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS (instituição de ensino) 17/3/2009 FATEC - FACULDADE DE TECNOLOGIA "ESTUDANTE RAFAEL ALMEIDA CAMARINHA (instituição de ensino) 20/3/2009 UNIMAR - UNIVERSIDADE DE MARÍLIA - FACULDADE DE AGRONOMIA (instituição de ensino) 5/6/2009 37 No primeiro momento, as ligações foram feitas apenas com o objetivo de verificar se as empresas estavam em funcionamento, pois o contato com as mesmas, sobretudo as grandes e algumas médias, foi estabelecido por intermédio das instituições que visitamos durante a pesquisa de campo. Fazer pesquisa de campo no Brasil, sobretudo, na área industrial é um tanto difícil, ainda mais se a mesma for realizada em ambientes onde predominam empresas de um mesmo ramo produtivo e que não têm embutida a ideologia da cooperação, pelo contrário, o que predominam são acirradas competições por disputas de mercado. Na lista, fornecida pela Secretaria de Indústria e Comércio da cidade de Marília (maio de 2008), constava um total de 55 empresas industriais alimentícias. Do total, 16 não foram identificadas pela internet ou por telefone; 14 não atenderam ao pedido para aplicação de questionário; 5 não realizavam atividade produtiva, 20 foram identificadas como empresas e aceitaram contribuir com a pesquisa. Vale ressaltar que durante o trabalho de campo, especialmente, após visitar a ADIMA – Associação das Indústrias Alimentícias de Marília, conversar com o Professor Camillo Sivielle, coordenador de Estágios da UNIVEM, e verificar os rótulos dos produtos alimentícios nas gôndulas dos mercados e supermercados de Marília, descobrimos outras empresas que não constavam na lista que dispúnhamos, mesmo assim, estabelecemos contato e realizamos as entrevistas. Assim, tivemos um total de 26 empresas industriais alimentícias visitadas e 15 empresas prestadoras de serviços ligadas a esse ramo industrial. Nos Quadros 3 e 4 (p. 38, 41), podemos visualizar as empresas visitadas durante a pesquisa de campo. 38 QUADRO 3: EMPRESAS PRESTADORAS DE SERVIÇOS ÀS INDÚSTRIAS ALIMENTÍCIAS INSTALADAS NA CIDADE DE MARÍLIA, VISITADAS DURANTE PESQUISA DE CAMPO INSTITUIÇÕES DATA DA VISITA DESIGNER EMBALAGENS DE ALIMENTOS 24/4/2009 LIMPEZA INDUSTRIAL 19/5/2009 TRANSPORTE COLETIVO DE TRABALHADORES 5/6/2009 DORI - FILIAL FORTALEZA - CE 22/12/2008 DISTRIBUIDORA DE ALIMENTOS I 21/5/2009 DISTRIBUIDORA DE ALIMENTOS II 3/6/2009 EXPORTADORA DE MÁQUINAS INDÚSTRIAIS E AGRÍCOLAS 23/4/2009 IMPORTADORA E EXPORTADORA DE ALIMENTOS 16/3/2009 SUPERMERCADOS I, II, III, IV 23/4/2009 SUPERMERCADOS II 22/4/2009 MINI-MERCADO I 18/3/2009 MINI-MERCADO II 4/6/2009 ORG: BOMTEMPO, Denise Cristina. Agosto, 2009. Uma das preocupações desta pesquisa era verificar como a empresa industrial do ramo de alimentos contribui para dinamização territorial e econômica da cidade de Marília e da região onde está inserida, além, é claro, de favorecer as articulações que se dão de maneira inter e multiescalar. Por isso, o caminho selecionado foi o de envolver os diversos agentes da atividade industrial, a saber, instituições públicas, privadas, associações, empresas prestadoras de serviços, unidades produtivas e trabalhadores. As empresas visitadas, prestadoras de serviços às indústrias do ramo alimentício, instaladas em Marília, foram: designer de embalagens; limpeza industrial; distribuidoras; exportadoras; importadora e exportadora de máquinas e equipamentos agrícolas e industriais articulados ao ramo alimentício e supermercados (realizam uma dupla prestação de serviços às indústrias de alimentos – por um lado, fornecem material de limpeza, cestas básicas ou aceitam os “tickets alimentação”, por outro, são lugares de distribuição e consumo dos produtos fabricados pelas indústrias alimentícias de Marília). As empresas industriais de alimentos de consumo final produzem predominantemente biscoitos, salgados e doces, confeitos e doces de amendoim, gomas, balas, pirulitos, entre outros. No que concerne ao porte (número de funcionários) e à origem do capital, verificamos que existem em Marília indústrias de grande porte, médio porte e micro e pequeno porte. 39 Consideramos como empresa industrial de grande porte, as de capital local, aquelas em que os investidores são originários da cidade de Marília; e de grande porte de capital externo, as que recebem investimentos de outros países, isto é, empresas transnacionais que possuem uma unidade produtiva instalada na cidade. Em relação às empresas industriais de médio porte, existem aquelas originárias de capital local, ou seja, o investidor é originário de Marília e empresas industriais originárias de capital externo – brasileiro, que para nós, são aquelas que possuem apenas uma unidade produtiva em Marília e a gestão em outra cidade brasileira. Já em relação às empresas industriais de micro e pequeno porte verificamos que existem em grande maioria, empresas originárias de capital local, em menor número, empresas que foram transferidas de outros estados brasileiros e empresas na qual o investidor é do estado de São Paulo, mas não reside em Marília. Nosso leitor pode perguntar, porque tal divisão? Existem duas grandes preocupações que nos levaram a fazer essa “categorização” em relação ao porte das empresas e origem do capital. Primeiramente, elaborar uma metodologia que permita apresentar os dados e informações de maneira clara e objetiva. Em segundo, desvendar o conteúdo dos investimentos industriais do ramo alimentício atuantes em Marília é uma maneira de articular temas centrais do nosso trabalho (dinâmica territorial e aglomeração industrial, reestruturação produtiva, interações espaciais e circuito espacial da produção do ramo alimentício). No Quadro 4 (p. 41), é possível verificar quais foram as empresas industriais alimentícias de consumo final, visitadas durante Pesquisa de Campo realizada no primeiro semestre de 2010. Para dar conta das questões a priori levantadas, estruturamos este trabalho em quatro capítulos, com introdução e considerações finais. No primeiro capítulo, intitulado “Dinâmica territorial e atividade industrial: possibilidades de leitura do território brasileiro” foram apresentados os referenciais teóricos, bem como as variáveis e o caminho metodológico 40 adotado para entender as dinâmicas territoriais decorrentes das atividades industriais desenvolvidas no território brasileiro, sobretudo, no estado de São Paulo. Neste capítulo, o texto encontra-se organizado em três partes, sendo que os temas abordados perpassam pelo entendimento, do ponto de vista teórico, primeiro, do que vem a ser dinâmicas territoriais, interações espaciais, circuito espacial da produção e agentes; segundo, da configuração da rede urbana brasileira e a relação com o desenvolvimento da atividade industrial no Brasil e no estado de São Paulo; terceiro, de como se encontra distribuída a atividade industrial nos municípios paulistas no final do século XX até os dias atuais. 41 IN DÚ ST RI AS D E AL IM EN TO S EN DE RE ÇO S DA TA V IS IT A PO RT E (N o. F UN C. ) OR IG EM D O CA PI TA L DO RI A LIM EN TO S LT DA AV EN ID A Re pú bli ca , 5 15 9/8 5 D ist rito In du str ial S an to Ba rio n 17 /3/ 20 09 GR AN DE EX TE RN O/ BR AS IL YO KI A LIM EN TO S S. A. AV EN ID A: Y as ab ur o S as sa za ki, 16 00 17 /4/ 20 09 MÉ DI O EX TE RN O/ BR AS IL/ SP YO KI A LIM EN TO S S. A. AV EN ID A: E ug ên io Co ne gli an , 1 38 6 17 /4/ 20 09 MÉ DI O EX TE RN O/ BR AS IL CA RI NO IN GR ED IE NT ES RU A: C ar los T oz in, 78 9 20 /3/ 20 09 MÉ DI O LO CA L MA RI TU C’ S AV EN ID A: R ep úb lic a, 61 28 . 2/6 /20 09 MÉ DI O LO CA L BE L S /A AV EN ID A: A nto nie ta An tel fen de r, 70 5 – D ist rito In du str ial , J d. St a. An ton iet a 1/4 /20 09 MÉ DI O LO CA L MA RI LA N S/ A AV EN ID A: Jo sé G ra nd e, 51 8 2/6 /20 09 GR AN DE LO CA L NE ST LÉ S /A U NI DA DE D E MA RÍ LIA AV EN ID A: C as tro A lve s, 12 60 . 19 /5/ 20 09 GR AN DE EX TE RN O /O UT RO P AÍ S PL AN ET A SO JA – UN IM AR AV EN ID A: H yg ino F ilh o, 10 01 C am pu s U niv er sit ár io CE P 17 52 5- 90 1 24 /4/ 20 09 PE QU EN A/ MI CR O LO CA L CI BE LL I D OC ES RU A: P ed ro M ar tin s P as so s, 62 0 J . S an ta An ton iet a 19 /3/ 20 09 PE QU EN A/ MI CR O LO CA L CH IN NU TS AV EN ID A: M ar tin s C oe lho , 1 34 8 J d. Sa nta A nto nie ta D. In du str ial 2/6 /20 09 PE QU EN A/ MI CR O LO CA L RO GI OR I C HO CO LA TE S E DO CE S AV EN ID A: M ar ia Fe rn an de s C av all ar i, 1 65 5 s ala 61 22 /2/ 20 09 PE QU EN A/ MI CR O LO CA L DO NA K OT A IN DÚ ST RI A E CO MÉ RC IO D E PR OD UT OS A LIM EN TÍ CI OS RU A: P an am á, 51 3 14 /4/ 20 09 PE QU EN A/ MI CR O LO CA L BO NQ UI É AL IM EN TO S LT DA RU A: N inf a P etr ar óia , 6 94 7/5 /20 09 PE QU EN A/ MI CR O LO CA L CA RI N AL IM EN TO S AV EN ID A: R ep úb lic a, 59 27 Jd . S an ta An ton iet a 13 /5/ 20 09 PE QU EN A/ MI CR O LO CA L BE IJA F LO R - I ND ÚS TR IA E C OM ÉR CI O DE P IP OC AS RU A: D er mâ nio da S ilv a L im a, 12 9 13 /5/ 20 09 PE QU EN A/ MI CR O LO CA L VI CE NT IN & M OU RA IN DÚ ST RI A AL IM EN TÍ CI A LT DA RU A: A ntô nio P er eir a d a S ilv a, 38 3. 13 /5/ 20 09 PE QU EN A/ MI CR O LO CA L CI RE MA R DE M AR ÍLI A LT DA AV EN ID A: P ed ro de T ole do , 2 64 2 14 /5/ 20 09 PE QU EN A/ MI CR O LO CA L CA SA D E MA SS AS Z AR AT TI NI LT DA M E RU A: A lva re s C ab ra l, 4 35 15 /4/ 20 09 PE QU EN A/ MI CR O LO CA L SA LG AD OS Q UE RO M AI S RU A: 24 de D ez em br o, 13 81 14 /5/ 20 09 PE QU EN A/ MI CR O LO CA L AL IM EN TO S LA NC HE RO RU A: Jo aq uim P alá cio , 2 15 D ist rito de Lá cio 15 /4/ 20 09 PE QU EN A/ MI CR O LO CA L/T RA NS F. /P R IM F BR AS IL AL IM EN TO S RU A: do s V iaj an tes , 1 2 21 /5/ 20 09 PE QU EN A/ MI CR O LO CA L A& M AV EN ID A: Jo ão M ar tin s C oe lho , 1 32 6 18 /5/ 20 09 PE QU EN A/ MI CR O LO CA L LE IA D OC ES AV EN ID A: S an to An tôn io, 17 53 19 /5/ 20 09 PE QU EN A/ MI CR O LO CA L MA TE RR Ru a A lci de s N un es , 3 85 2/6 /20 09 PE QU EN A/ MI CR O LO CA L NU TR I IN GR ED IE NT ES IN DÚ ST RI A E CO M. D E PR OD UT OS A LIM EN TÍ CI OS AV EN ID A: R ep úb lic a, 65 45 20 /5/ 20 09 PE QU EN A/ MI CR O EX TE RN O/ BR AS IL/ SP Q U A D R O 4 : E M PR ES A S D O R AM O A LI M EN TÍ C IO V IS IT A D A S D U R A N TE P ES Q U IS A D E C AM PO O R G : B O M TE M PO , D en is e C ris tin a. A go st o, 2 00 9. 42 O segundo capítulo “Reestruturação produtiva e atividade industrial: as mutações do ramo alimentício de consumo final no período da globalização” é organizado em quadro partes, preocupamo-nos, na primeira parte, em discorrer a respeito das mudanças gerais da “sociedade de consumo”, a partir da introdução de um novo paradigma produtivo (década de 1970) e como essas foram sentidas no território e também na configuração do ramo produtivo industrial de alimentos de consumo final, por nós estudado. Na segunda, abordamos os referenciais teóricos que dão substância à discussão acerca do paradigma flexível e da reestruturação produtiva. Na terceira parte, discutimos sobre quais foram as consequências do processo de reestruturação produtiva no Brasil, para a dinamização de novos espaços industriais na escala do território brasileiro. Introduzimos também o debate sobre a dinâmica do ramo alimentício de consumo final, no que concerne às características da reestruturação produtiva (introdução de novas formas de gestão; produção; contratação da força de trabalho; terceirizações; subcontratações; fusões e aquisições; inovações; novos padrões de consumo, busca por novas localizações industriais, entre outras). No terceiro capítulo, denominado “O território industrial reconfigurado: os fatores de localização, a origem da atividade e os agentes envolvidos na indústria alimentícia de consumo final de Marília – SP”, a partir do referencial teórico e empírico, discorremos sobre o conteúdo do território no período da globalização. Para nós, tal contexto implica reconhecer que o desenvolvimento técnico e tecnológico contribuiu para a emergência de “especializações territoriais produtivas”. Tais especializações, diferentemente de períodos anteriores não são conformadas apenas na escala das metrópoles e regiões metropolitanas, mas também na escala das cidades médias. Entender os motivos, pelos quais uma cidade média se destaca como atrativa para desenvolvimento da atividade industrial, implica em considerar os aparatos técnicos, a formação socioespacial e a atuação e organização dos agentes que contribuiram, por um lado, para o surgimento e constituição de um aglomerado industrial, por outro, para sua consolidação e expansão. É esta discussão trazida para o terceiro capítulo que se encontra estruturada em quatro partes. 43 Na primeira, a discussão perpassou pela compreensão de que no período da globalização existem novos fatores que agregam a discussão acerca da localização industrial. Na segunda, trabalhamos na perspectiva de entender quais são os atrativos dispostos em Marília, que a diferencia do ponto de vista industrial das demais cidades médias do Oeste Paulista (Bauru; Presidente Prudente; Araçatuba e São José do Rio Preto). Na perspectiva de entender o conteúdo industrial de Marília e relacioná-lo a processos gerais, na terceira parte, trabalhamos com a origem do ramo alimentício de consumo final de Marília, e por último apresentamos, no período atual, quais são os agentes envolvidos na atividade industrial alimentícias, seus discursos e práticas. No quarto capítulo, “Dinâmica territorial e circuito espacial da produção do ramo alimentício de consumo final de Marília – SP”, para discutir questões relacionadas à dinâmica territorial e ao circuito espacial da produção do ramo alimentício de consumo final de Marília – SP, partimos do pressuposto que esse recorte empírico representa e está articulado aos novos processos em curso no território brasileiro no período da globalização. Para dar conta dessa abordagem temática, este capítulo, resultante de leituras, reflexões e trabalho empírico, encontra-se estruturado em três eixos. No primeiro, discutimos sobre a configuração da rede de serviços, estruturada em Marília - SP, que possuem relações de proximidade com o ramo industrial alimentício de consumo final por meio da subcontratação de atividades relacionadas às etapas do processo produtivo, desenvolvimento de produtos, bem como a formação de mão de obra qualificada, como a instalação de escolas técnicas e faculdades públicas específicas para atender à demanda do ramo industrial alimentício. No segundo, como resultado dos questionários aplicados e entrevistas realizadas, apresentamos um perfil das indústrias alimentícias de consumo final instaladas em Marília, no que concerne ao perfil da empresa em relação ao porte (número de empregados), à origem do capital, à especialização da produção, aos critérios adotados para contratação de funcionários e às inovações. Na perspectiva de entender o movimento - dinâmica do território - é que estruturamos o terceiro eixo deste capítulo, com vistas a entender a 44 configuração do circuito espacial da produção das pequenas e micro-empresas industriais alimentícias de consumo final instaladas em Marília, das médias e das grandes empresas. Bem como, entender, por um lado, como se dá a inserção dessas empresas nos circuitos da economia urbana e por outro como a atividade industrial alimentícia contribui para que a cidade média amplie seu papel na divisão territorial do trabalho e na rede urbana, na qual a cidade está inserida e mantém relações. Ainda, apresentamos as contradições inerentes à atividade industrial, no que tange às relações de trabalho no espaço produtivo e além dele. Por fim, nas “Considerações Finais”, fazemos uma “síntese” das principais questões que motivaram a realização deste trabalho. Não queremos antecipar nossas conclusões, mas gostaríamos de frisar que ao longo do percurso, mediante leituras, levantamento de dados, informações e pesquisa empírica, verificamos que a industrialização paulista é diversa temporal e espacialmente, e, portanto não podemos explicá-la somente a partir de um momento histórico e nem de um recorte espacial. Gostaríamos ainda, de deixar claro que as propostas apresentadas neste trabalho não se esgotam com sua finalização, pelo contrário, somos reanimados pela possibilidade de continuar o debate e a investigação no intuito de entender as dinâmicas e as contradições inerentes ao território no período da globalização. Na perspectiva de que “o destino do homem é a liberdade (Santos, 2007, p. 67)”, é que apresentamos nossas ideias para o debate. 45 CAPÍTULO 1: DINÂMICA TERRITORIAL E ATIVIDADE INDUSTRIAL: POSSIBILIDADES DE LEITURA DO TERRITÓRIO BRASILEIRO 46 DINÂMICA TERRITORIAL E ATIVIDADE INDUSTRIAL: POSSIBILIDADES DE LEITURA DO TERRITÓRIO BRASILEIRO Introdução Fazer a leitura do território, do ponto de vista do desenvolvimento das atividades econômicas, no período da globalização, é uma tarefa complexa. Novos paradigmas estão postos, novas dinâmicas são sentidas e novas configurações são notadas. É preciso identificar os agentes, entender os processos e as relações que influenciam nas decisões, nas normatizações que reorganizam e reestruturam o território. Diante de tal contexto, neste capítulo, apresentamos os referenciais teóricos, bem como as variáveis e o caminho metodológico adotado para entender as dinâmicas territoriais decorrentes das atividades industriais desenvolvidas no território brasileiro, sobretudo no estado de São Paulo. Para tanto, nosso texto encontra-se organizado em três partes, mais esta introdução. Os temas abordados perpassam pelo entendimento, do ponto de vista teórico, primeiro, do que vem a ser dinâmicas territoriais, interações espaciais, circuito espacial da produção e agentes; segundo, da configuração da rede urbana brasileira e a relação com o desenvolvimento da atividade industrial no Brasil e no estado de São Paulo; terceiro, de como se encontra distribuída a atividade industrial nos municípios paulistas no final do século XX até os dias atuais. As condições de trabalho e de vida, a alegria a raiva ou frustração que estão por trás da produção de mercadorias, os estados de ânimo dos produtores, tudo isso está oculto de nós ao trocarmos um objeto (o dinheiro) por outro (a mercadoria). Podemos tomar nosso café da manhã sem pensar na miríade de pessoas envolvidas em sua produção (Harvey, 2006, p. 98). 47 1.1. Dinâmicas territoriais, Interações espaciais, circuito espacial da produção e agentes O termo dinâmica vem do grego dynamike, que significa forte. Nas ciências exatas, sobretudo na Física, dinâmica é um ramo da mecânica que estuda o movimento e suas causas16. A discussão geográfica leva em consideração, tanto as dinâmicas da natureza, como as do território. Vale ressaltar que elas não estão dissociadas, mas nosso objetivo neste trabalho é entendê-las a partir do território. De acordo com Azaïs (2000), La dynamique territoriale fait à des situations de remodelage des forces productives et sociales sans que la capacité de création de richesses du territoire ne soit durablement atteinte. Le concept de dynamique contient, à la diference de celui de dynamisme, la possibilité de traduire aussi bien des phénomènes d´involution que d´evolution. Le territoire n´est plus u