UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA ANÁLISE DAS ALTERAÇÕES CORNEANAS E DO SEGMENTO ANTERIOR DE OLHOS DE COELHOS EM CRESCIMENTO PELO SISTEMA DUPLO SCHEIMPFLUG E DISCOS DE PLÁCIDO LENISE GARBELOTTI GONÇALVES Botucatu - SP Julho/2018 UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA ANÁLISE DAS ALTERAÇÕES CORNEANAS E DO SEGMENTO ANTERIOR DE OLHOS DE COELHOS EM CRESCIMENTO PELO SISTEMA DUPLO SCHEIMPFLUG E DISCOS DE PLÁCIDO LENISE GARBELOTTI GONÇALVES Orientadora: Profª. Adj. Drª. Cláudia Valéria Seullner Brandão Dissertação apresentada á Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Câmpus de Botucatu, para obtenção do título de mestre no Programa de Pós-graduação em Biotecnologia Animal. Botucatu – SP 2018 ii iii LENISE GARBELOTTI GONÇALVES Análise das alterações corneanas e do segmento anterior de olhos de coelhos em crescimento pelo sistema duplo scheimpflug e discos de plácido COMISSÃO EXAMINADORA __________________________ Profª. Adj. Drª. Cláudia Valéria Seullner Brandão Presidente e Orientadora Departamento de Cirurgia e Anestesiologia Veterinária FMVZ - UNESP Botucatu /SP __________________________ Profª. Adj. Drª. Natalie Bertelis Merlini Membro titular Departamento de Medicina Veterinária da Universidade Estadual de Maringá – UEM – Campus regional de Umuarama /PR __________________________ Prof. Dr. Antonio Carlos Lottelli Rodrigues Membro titular Departamento de Oftalmologia, Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço FMB - UNESP Botucatu /SP Data da Defesa: 18 de junho de 2018. iv “Amor, amor, tudo é tão bonito quando se ama. Amor, amor, como é sublime quando se ama. No desabrochar de uma linda flor A gente vê que existe amor No esvoaçar de um beija-flor, de flor em flor Ele beija com grande amor Num sorriso de uma criança A gente sente um grande amor Até o despertar de um lindo dia Com sol ou chuva transmite amor No recordar de dois velhinhos Com muito amor e carinho A gente vê que existiu, e inda existe um grande amor E quando entramos No santuário de N.S. Aparecida A gente sente um grande e imenso amor E tudo isso que Deus nos dá Também ensina como e bem amar” -Dalva de Oliveira Garbelotti v AGRADECIMENTOS Primeiramente a Deus, que me fortalece e me orienta a cada dia. À minha orientadora Professora Cláudia Valéria Seullner Brandão, pela confiança e oportunidade da realização deste trabalho, pela paciência e principalmente pelos ensinamentos transmitidos. Foi um período de grande aprendizagem e serei eternamente grata. Ao Professor José Joaquim Titton Ranzani, pelas preciosas conversas, por todos os ensinamentos e por estar sempre disposto a ajudar. Ao Professor Carlos Roberto Padovani pela análise estatística. A todos os meus familiares, em especial aos meus pais, Marlete e Laerte, que sempre me apoiaram e estiveram ao meu lado em todas minhas escolhas. Tenho sorte e dou graças a Deus pela família em que nasci, espero um dia poder ser metade do que vocês são. À Micaella, Rodrigo, Inajara, Anna Clara, Letícia e Annalu, minha família da oftalmologia. Ao seu modo, todos vocês me ensinaram muito e sem o apoio e ajuda de vocês eu não teria chegado até aqui. Agradeço de coração toda paciência e pelas amizades. Sei que não há uma equipe melhor. Torço pelo sucesso de todos vocês. À minha família de Botucatu: Micaella, Anna Clara, Mariana e Amanda. Agradeço com todo meu amor, pelo lar que me propuseram. Durante esses dois últimos anos criamos laços. Nós nos amamos e brigamos, nós nos apoiamos e nos defendemos, assim como são os irmãos. Para sempre vocês estarão em meu coração. Obrigada por tudo meninas. Às minhas amigas Camila e Viviane, obrigada por estarem sempre dispostas a escutar meus desabafos e minhas vitórias. Obrigada pela amizade, pelos conselhos e conversas acompanhadas pela boa e velha cerveja. Ao Dr. Carlos Alberto Jorge, obrigada por todo ensinamento e preciosas sugestões fundamentais para o desenvolvimento deste trabalho e também à Ana Amábile Heloísa Barros, por toda paciência e ajuda disponibilizada, acompanhadas do seu carisma. Ao CEMPAS por toda ajuda e paciência, em especial à Mariana, Raphael, Luna e Elton. À CAPES pelo apoio fundamental na realização deste trabalho. vi LISTA DE TABELAS Tabela 1. Média e desvio padrão das variáveis ceratométricas e morfométricas do segmento anterior de coelhos, com idade de 2 a 5 meses, no G1. ............ 51 Tabela 2. Média e desvio padrão das variáveis ceratométricas e morfométricas do segmento anterior de coelhos, com idade de 5 a 14 meses, no G2. .......... 52 Tabela 3. Excentricidade e probabilidade de percentual de ceratocone nos diferentes grupos e momentos de avaliação, representados por mediana, seguido de valor mínimo e máximo. ................................................................. 53 vii LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Aparelho de varredura rotacional Galilei (Ziemer, Suíça) utilizado na pesquisa. .......................................................................................................... 54 Figura 2 – Demonstração do posicionamento da cabeça do coelho para a realização do exame com o Galilei (Ziemer, Suíça). ........................................ 54 Figura 3 - Alterações relacionadas à idade na ceratometria da curvatura anterior (A), ceratometria total (B) e da curvatura posterior (C). Barras de erro representam o desvio padrão do valor médio. ................................................. 55 Figura 4 - Alterações relacionadas à idade no CCT (A), volume corneano (B) e da paquimetria do ponto mais fino (C). Barras de erro representam o desvio padrão do valor médio. .................................................................................... 56 Figura 5 - Alterações relacionadas à idade no volume (A) e profundidade de Câmara Anterior (B). Barras de erro representam o desvio padrão do valor médio. .............................................................................................................. 57 viii LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS ≈ Aproximadamente igual µm Micra µm/Kg Micrômetro por quilograma Astig Astigmatismo ACD Profundidade de Câmara Anterior ACV Volume de Câmara Anterior CA Curvatura anterior CP Curvatura posterior CAC Curvatura anterior central CAM Curvatura anterior paracentral (Média) CAP Curvatura anterior periférica CCT Espessura média da córnea na zona central (zona de 2 mm) CEUA Comissão de Ética no Uso de Animais CV Volume corneno total D Dioptrias e²(-Q) Excentricidade da curvatura anterior FMVZ Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia G1 Grupo um com 15 animais G2 Grupo dois com 13 animais K Valores para ceratometria Kg Quilograma Kmax Curvatura máxima de curvatura anterior Kmédio Ceratometria da curvatura posterior (potência central posterior) Kf Eixo plano da curvatura posterior Ks Eixo curvo da curvatura posterior LASIK Ceratomileuse in situ assistida por laser LIO Lente intraocular M2 Momento de avaliação aos dois meses de idade M3 Momento de avaliação aos três meses de idade M4 Momento de avaliação aos quatro meses de idade M5 Momento de avaliação aos cinco meses de idade M8 Momento de avaliação aos oito meses de idade ix M12 Momento de avaliação aos doze meses de idade M14 Momento de avaliação aos catorze meses de idade Mm Milímetro mmHg Milímetro de Mercúrio mg/Kg Miligramas por quilograma OCT Tomografia de coerência óptica ORA Analisador de Resposta ocular PC Paquimetria da zona central PM Paquimetria da zona paracentral (Média) PP Paquimetria da zona periférica PPF Paquimetria do ponto mais fino PPK Probabilidade de Percentagem de Ceratocone PRK Ceratectomia Fotorrefrativa SimK Ceratometria simulada da curvatura anterior (potência central anterior) SimKf Meridiano plano ao longo de SimK SimKs Meridiano inclinado ao longo de SimK SMILE Extração lenticular com pequena incisão TCP Ceratometria Total TCPmédio Ceratometria Total médio TCPf Eixo plano do TCP TCPs Eixo curvo do TCP TCPC Ceratometria Total na zona central TCPM Ceratometria Total na zona paracentral (Média) TCPP Ceratometria Total na zona periférica Un Unidade UNESP Universidade Estadual Paulista x SUMÁRIO Capítulo 1 .......................................................................................................... 13 1. INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA ................................................................ 14 2. REVISÃO DA LITERATURA ......................................................................... 16 2.1. Córnea ................................................................................................ 16 2.2. Refração ............................................................................................. 18 2.3. Erros Refracionais .............................................................................. 19 2.3. Topografia e Tomografia da córnea .................................................... 21 2.3.1. Topografia por disco de Plácido ............................................ 22 2.3.2. Tomografia por sistema Scheimpflug .................................... 23 2.3.3. Sistema de análise Galilei ..................................................... 24 2.4. Coelho como modelo experimental na Oftalmologia .......................... 25 3. REFERÊNCIAS ............................................................................................. 28 Capítulo 2 .......................................................................................................... 32 ANÁLISE DAS ALTERAÇÕES CORNEANAS E DO SEGMENTO ANTERIOR DE OLHOS DE COELHOS EM CRESCIMENTO PELO SISTEMA DUPLO SCHEIMPFLUG E DISCOS DE PLÁCIDO........................................................ 35 RESUMO .......................................................................................................... 36 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 37 MATERIAL E MÉTODOS .................................................................................. 38 RESULTADOS .................................................................................................. 42 DISCUSSÃO ..................................................................................................... 43 REFERÊNCIAS ................................................................................................. 48 ANEXO I ........................................................................................................... 51 ANEXO II........................................................................................................... 58 CORNEA: Instructions for Authors ............................................................. 58 Preparation and Submission of the Manuscript ......................................... 62 xi GONÇALVES, L.G. Análise das alterações corneanas e do segmento anterior de olhos de coelhos em crescimento pelo sistema duplo Scheimpflug e discos de Plácido. Botucatu, 2018. 71p. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Campus Botucatu, Universidade Estadual Paulista. RESUMO Objetivou-se neste estudo descrever e analisar as alterações ceratométricas da curvatura anterior e posterior da córnea, ceratometria total, espessura corneana, volume e profundidade de câmara anterior, durante o crescimento de coelhos por meio do sistema combinado de disco de Plácido e duas câmeras de Scheimpflug. Para isso foram estudados 28 coelhos (Oryctolagus cuniculus) do grupo genético de Botucatu, distribuídos aleatoriamente em dois grupos experimentais. Os animais do grupo1 (n=15) foram avaliados aos dois (M2), três (M3), quatro (M4) e aos cinco (M5) meses de idade. Enquanto que os animais do grupo 2 (n=13), aos cinco (M5), oito (M8), doze (M12) e quatorze (M14) meses de idade. Considerando os estados refrativos da curvatura anterior e da ceratometria corneana total verificou-se diminuição progressiva (aplanamento) ao longo do primeiro ano de vida dos coelhos com tendência a estabilização em M12. De modo contrário, na curvatura posterior foi observado aumento com estabilização no M5. Na espessura corneana houve aumento até M4 e posterior estabilização do M5 ao M12 com aumento não significativo entre M12 e M14. Quanto ao volume e profundidade de câmara anterior verificou-se correlação positiva com a idade, e estabilização aos quatro meses de idade. O uso do sistema duplo Scheimpflug e disco de plácido possibilitou identificar a influência da idade sobre o estado de refração da córnea, tanto em sua curvatura como espessura em coelhos durante a fase de crescimento, bem como no volume e profundidade de câmara anterior. Esses dados serão importantes em futuros estudos os quais utilizarão o coelho como modelo experimental. Palavras-chaves: curvatura anterior; Galilei; paquimetria; refração corneana; fase de desenvolvimento. xii GONÇALVES, L.G. Analysis of changes corneanas and the anterior chamber of the eye in rabbits of growth phase by double Scheimpflug system and Placido discs. Botucatu, 2018. 71p. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Campus Botucatu, Universidade Estadual Paulista. ABSTRACT The aim of this study was to describe the keratometric changes of anterior and posterior corneal curvatures, total keratometry, corneal thickness, volume and depth of the anterior chamber, during rabbit growth phase through the combined system of Placido disc and two Scheimpflug cameras. For this purpose, were studied 28 rabbits (Oryctolagus cuniculus) of the Botucatu genetic group randomly assigned to two experimental groups. Animals of group 1 (n = 15) were evaluated at two (M2), three (M3), four (M4) and five (M5) months of age. While the animals in group 2 (n = 13), at five (M5), eight (M8), twelve (M12) and fourteen (M14) months of age. Refractive states of anterior curvature and corneal keratometry showed a progressive decrease (flattening) throughout the first year of life of rabbits presenting a tendency to stabilize in M12. On the other hand, an increase of the posterior curvature was observed with stabilization in M5. Corneal thickness presented an increase until M4 and subsequent stabilization of M5 to M12 with a non significant increase between M12 and M14. As to the anterior chamber volume and depth, there was a positive correlation with age, and stabilization at four months of age. Therefore, the use of the Double Scheimpflug system and Placido disc allowed to identify the influence of age on the refractive state of the cornea, both in its curvature and thickness in rabbits during the growth phase, as well as in volume and depth of the anterior chamber. These data will be important in future studies which may use rabbits as an experimental model. Keywords: Anterior curvature; corneal refraction; Galilei; pachymetry. Capítulo 1 14 1. INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA Os coelhos são amplamente utilizados em investigações oftálmicas (WERNER et al., 2006). Em comparação aos humanos, apresentam uma córnea mais delgada e um comprimento axial menor, entretanto são animais de fácil manipulação e são utilizados como modelos experimentais em diversos estudos das mais diversas técnicas envolvendo córnea e segmento anterior (GODOY et al., 2007; VALINHOS, 2011; LIU et al., 2015; YÜKSEL et al., 2015; AVILA et al., 2016; ZHAO et al., 2017). A prática de adoção dessa espécie como animal de companhia tem aumentado expressivamente e, consequentemente, o interesse no seu bem- estar e saúde (GONZÁLEZ-REDONDO; CONTRERAS-CHACÓN, 2012; MÄKITAIPALE et al., 2015). Doenças oculares são comumente diagnosticadas, com destaque para afecções da córnea, ductos nasolacrimais e lente (WILLIANS, 2012). A topografia e tomografia corneana representam exames importantes na avaliação de irregularidades da córnea, bem como na investigação de erros refracionais e ectasias corneanas (COURVILE et al., 2004; LUZ et al., 2016). O sistema por discos de Plácido é o método topográfico mais utilizado por permitir uma ampla avaliação da curvatura corneana (COURVILE et al, 2004; FAN et al., 2017). Outro método utilizado é o sistema óptico de tomografia de maior qualidade, o de Scheimpflug, capaz de obter imagens da córnea e segmento anterior (AMBRÓSIO et al., 2013). A junção do sistema de imagens Scheimpflug ao sistema de Plácido (Galilei®) aumenta a sensibilidade e especificidade do exame da córnea e do segmento anterior. Este analisador apresenta um sistema de varredura rotacional composto por duas câmeras Scheimpflug que giram opostamente 180º em torno do eixo central e adquirem um total de 60 imagens tridimensionais da córnea simultaneamente com duas imagens de disco de Plácido (MELLO et al., 2013). 15 Estudos em coelhos com a utilização do Galilei foram descritos na análise da espessura corneana e do filme lacrimal (DONG et al., 2013), bem como para avaliar, com precisão, a resposta biológica e biomecânica a diferentes técnicas de cirurgia refrativa em coelhos (ARMSTRONG et al., 2013). Em outros estudos, o sistema de Scheimpflug foi utilizado, com resultados satisfatórios, para análise do segmento anterior, análise de potência e elevação corneana (YÜKSEL et al., 2015), estudo da biomecânica (ZHANG et al., 2016) e das opacificações de lentes (SAIKA et al., 2001). O desenvolvimento ocular e refrativo é um processo mediado por componentes genéticos e ambientais. A idade influencia em algumas medidas e variáveis do bulbo ocular de coelhos (RIAU et al., 2012; ZHANG et al., 2017), assim como a diabetes e a pressão intraocular demonstraram ter efeitos sobre a espessura corneana (ZHANG et al., 2016; BAO et al., 2017). Apesar dos coelhos serem muito utilizados na experimentação oftálmica, as diferenças anatômicas, fisiologia e idade devem ser levadas em consideração para uma interpretação adequada dos resultados (WENER et al., 2006; RIAU et al., 2012). Há vários estudos em coelhos, com diversos sistemas de topografia e tomografia, para a avaliação da córnea (LIU et al., 2015; YÜKSEL et al., 2015). No entanto, na literatura consultada, não foram encontrados trabalhos utilizando análise pelo sistema de disco de Plácido, associado às imagens de duplo Scheimpflug, para avaliar o estado refrativo da córnea de coelhos em crescimento, demonstrando a importância de mais estudos com estes sistemas. Presume-se com este trabalho, encontrar a idade em que a córnea e câmara anterior estejam estáveis, em todas as variáveis examinadas e sugerir idades ideais para utilização de coelhos como modelo experimental em estudos que envolvam a córnea e segmento anterior a fim de evitar a interferência do crescimento nos resultados obtidos. Assim, este estudo tem como objetivo descrever e analisar as alterações ceratométricas das curvaturas anterior a e posterior da córnea, 16 ceratometria total, espessura corneana, volume e profundidade de câmara anterior, durante o crescimento de coelhos (Oryctolagus cuniculus), utilizando- se o sistema combinado de disco de Plácido e duas câmeras de Scheimpflug, estabelecendo idades em que o crescimento ocular deixe de interferir nestas variáveis. 2. REVISÃO DA LITERATURA 2.1. Córnea A córnea é a porção transparente e anterior da túnica fibrosa capaz de transmitir e refratar a luz, além de proteger e oferecer suporte às estruturas intraoculares (SAMUELSON, 2013). Suas propriedades biomecânicas e geométricas são essenciais para que suas funções sejam preservadas (LIU; ROBERTS, 2005). A ausência de vasos sanguíneos e pigmentos, deturgescência e organização das estruturas celulares são fundamentais para que a córnea se mantenha transparente (RIORDAN-EVA; WHITCHER, 2008). A estrutura corneana é constituída, basicamente, por epitélio, estroma, membrana de Descemet e endotélio. Os primatas, inclusive humanos, e algumas espécies de aves, grandes mamíferos herbívoros e marinhos possuem uma quinta camada abaixo do epitélio, chamada de membrana de Bowman (SAMUELSON, 2013). Diferente dos humanos, os coelhos não possuem a camada de Bowman (DAVIS, 1929). Apresentam epitélio escamoso estratificado que recobre a superfície corneana anterior, composto de aproximadamente seis camadas. O estroma representa cerca de 90% da espessura corneana e é constituído por camadas organizadas de fibras de colágeno, responsáveis pela transparência corneana (DAVIS, 1929; WILLIAMS, 2013; MAGGS et al., 2013). A membrana de Descemet é uma camada acelular e homogênea, mais espessa em coelhos quando comparada aos humanos e outros animais, e tende a aumentar com a idade. Em seguida, em contato com o humor aquoso, 17 encontra-se uma única camada de células endoteliais de formato hexagonal (DAVIS, 1929; WILLIAMS, 2013). Uma das primeiras descrições corneanas dos coelhos foi por Davis, em 1929, onde descreveu que a córnea é excepcionalmente proeminente, considerando o tamanho do olho e apresenta formato próximo do elíptico. O raio de curvatura relatado foi de 7,3mm, diâmetro horizontal de 15,6mm e vertical de 13,8mm, sendo mais curto. Bozkir et al. (1997) destacaram que, assim como em humanos, os coelhos apresentaram um diâmetro horizontal (13,41mm) maior que o vertical (13,02mm). Em humanos, o diâmetro horizontal médio é de 11,75mm, enquanto que o vertical de 10,55mm (BOZKIR et al., 1997). Em animais domésticos como cães e gatos, a diferença entre esses diâmetros é pequena, aproximando o formato corneano do circular, o contrário do encontrado em ungulados, nos quais essa diferença é maior, aumentando o campo de visão horizontal (SAMUELSON, 2013). A espessura varia de acordo com espécies, raças, indivíduos e entre as regiões corneais; a maioria dos animais domésticos encontra-se entre 0,5 e 0,8mm, não ultrapassando 1,0mm e tendendo a ser mais fino em aves, répteis e pequenos mamíferos (SAMUELSON, 2013; MAGGS et al., 2013). Em relação às regiões, a córnea não é uniforme, tendendo a ser mais espessa na periferia e mais fina centralmente. No cão, a espessura média é de aproximadamente 562µm e a região periférica demonstra-se mais espessa que a central em média de 50µm (GILGER et al., 1991). Nos coelhos, valores descritos de espessura central são de 370µm e discretamente maiores (450µm) na periferia próxima ao limbo (DAVIS, 1929). Godoy et al. (2007) relataram espessura corneana de 356,11±14,34µm em coelhos de 2 a 4 meses da raça Nova Zelândia, com o uso de paquimetria ultrassônica, condizente com os achados de Davis (1929). A espessura corneana de cães apresenta influência relacionada ao peso, idade e sexo. Nas fêmeas, há uma propensão em apresentar-se mais fina, cerca de 22µm, em comparação aos machos. O peso acresce na 18 proporção de 2µm/Kg na espessura e a idade 14µm por mês até 100 meses (GILGER et al., 1991; SAMUELSON, 2013). Em coelhos, segundo RIAU et al. (2012), o sexo não foi destacado como um fator potencialmente influente, entretanto, os autores destacaram correlação positiva da idade em relação à espessura corneana. 2.2. Refração O aparelho óptico funciona como uma complexa lente convergente com poder de focalizar os raios luminosos na retina. Denominam-se raios de luz, a luz capaz de se propagar em um meio homogêneo e transparente. O olho é formado por duas superfícies e meios refrativos. São eles a córnea, lente, humor aquoso e humor vítreo, respectivamente. Na óptica, consideram- se como refração as alterações de desvio que os raios sofrem ao passar por essas estruturas oculares e o seu grau depende da densidade de cada uma delas (SCHOR et al., 2013). Após o filme lacrimal, a córnea é o primeiro tecido ocular que recebe os raios luminosos. Devido à sua curvatura e transparência, possui grande capacidade de refração e transmissão de luz. Sua forma elíptica faz com que tenha duas curvaturas de refração. A curvatura anterior convexa e a curvatura posterior côncava (SAMUELSON, 2013). Levando-se em consideração as diferenças dos índices de refração do ar (n=1.000) e da córnea (n≈1.376), em humanos, a curvatura anterior dispõe de aproximadamente 48D, enquanto que a curvatura posterior contribui com aproximadamente -5D da potência corneana (COURVILE et al., 2004). Ao todo, a córnea promove um poder refrativo de 40 a 42D, o que representa 70% do poder óptico do olho, conferidos principalmente pela curvatura anterior (SAMUELSON, 2013; SCHOR et al., 2013). Em cães e gatos, a potência de refração corneana é de aproximadamente 40D (GAIDDON et al., 1991; GILGER et al., 1998). Em um estudo com coelhos aos seis meses de idade e com o uso do Pentacam 19 (Oculus, Alemanha), foi observado um poder de aproximadamente 43,34D na curvatura anterior e de -5,58D na posterior (YÜKSEL et al., 2015). 2.3. Erros Refracionais Durante o desenvolvimento, antes e após nascimento, o olho está sujeito a alterações na refração corneana. Emetropia representa o fenômeno de correta refração, pelo qual os raios de luz paralelos estão focados na retina formando corretamente a imagem. As ametropias são erros de refração pelos quais perde-se a capacidade de focar perfeitamente os raios luminosos, promovendo a formação da imagem antes ou após a retina, com o olho em repouso (OFRI, 2013). Os erros refrativos são herdados e constituem a causa mais comum de deficiência visual. Miopia, hipermetropia, astigmatismo, presbiopia e anisometropia são as formas mais comuns de ametropias (RIORDAN-EVA; WHITCHER, 2008). No caso da miopia, a imagem é formada antes da retina criando uma dificuldade em visualizar objetos mais distantes. Contrariamente, em casos de hipermetropia, o erro de refração faz com que a imagem seja projetada atrás da retina, gerando a dificuldade em enxergar objetos próximos. No astigmatismo, devido à irregularidade corneana, os raios de luz não chegam ao mesmo ponto na retina ocorrendo à formação de vários focos e distorção de imagem. Quando o erro refrativo é diferente entre os olhos, como por exemplo, um olho que apresenta miopia e o outro a hipermetropia, denomina-se anisometropia. A presbiopia é caracterizada pela redução fisiológica da capacidade de acomodação da lente, resultando em perda da nitidez de objetos próximos (SCHOR et al., 2013). Na medicina veterinária, os erros refrativos em cães já foram estudados; são variados e influenciados pela raça e idade. Em uma população de 1.440 cães, 24% apresentaram baixo grau de miopia. Em cães, a prevalência de miopia aumenta significativamente para ambos os sexos com a maturidade (KUBAI et al., 2008). 20 Nas raças rottweiler, collie, schnauzer, poodle toy notou-se miopia ≤ a -0,5D, enquanto que nas raças de pastor australiano, malamute do Alaska e bouvier dês Flandres, hipermetropia ≥ a 0,5D. O astigmatismo foi detectado em 1% da população, anisometropia em 6%, ambos com prevalência em cães adultos da raça pastor alemão (KUBAI et al., 2008). Em coelhos, Bozkir et al. (1997) observaram astigmatismo corneano em 19 olhos das fêmeas (n=11) e em 15 olhos dos machos. (n=9), com astigmatismo médio de aproximadamente 0,20mm e 0,15mm, respectivamente; e astigmatismo médio geral de 0,18mm (≈2D). Em humanos, a maioria dos recém-nascidos dispõe de hipermetropia que diminui até atingir a emetropia (RIORDAN-EVA; WHITCHER, 2008). Os erros refrativos podem ser corrigidos pelo uso de óculos, lentes de contato ou por meio de cirurgia refrativa. A cirurgia refrativa engloba diversas técnicas que alteram a curvatura da superfície anterior (KANSKI; BOWLING, 2012). Algumas dessas técnicas, como implantação de anéis intraestromais e ceratectomia, demonstraram resultados promissores em cães, coelhos e gatos (NAGY et al., 1997; GODOY et al., 2007; BÜHREN et al., 2010 ZHAO et al., 2017). Estudos mais detalhados da curvatura corneana auxiliam no diagnóstico e tratamento de doenças que afetam a córnea, bem como na análise de candidatos a procedimentos refrativos, visando aumentar a segurança e eficácia dos procedimentos cirúrgicos (SCHOR et al., 2013). Na medicina humana, outras manifestações clínicas da córnea podem propiciar déficit visual. As ectasias corneais representam um importante grupo de doenças capazes de afetar a visão. Dentro deste grupo, encontram- se o ceratocone, degeneração marginal pelúcida e ceratoglobo. O ceratocone, também conhecido como distrofia ectásica da córnea, é a forma mais comum de ectasia (RIORDAN-EVA; WHITCHER, 2008). É uma desordem progressiva, na qual há o afinamento do estroma central ou paracentral acompanhado por protrusão apical, resultando na conicidade corneana. Nestes casos, há perda 21 visual progressiva decorrente de um aumento severo e irreversível de astigmatismo miópico (KANSKI; BOWLING, 2012). 2.3. Topografia e Tomografia da córnea A ectasia corneana é considerada uma complicação importante após correção visual refrativa a laser, ceratectomia fotorrefrativa e extração lenticular (DAWSON et al., 2008; MOSHIRFAR et al., 2017; WAN et al., 2017). Irregularidades em córnea e a preexistência de ectasias são os principais fatores de risco que aumentam a probabilidade de desenvolvimento de ectasias após cirurgias refrativas e podem ser evitadas com um exame pré-cirúrgico acurado (LUZ et al., 2016; GIRI; AZAR, 2017). A topografia corneana analisa, qualitativa e quantitativamente, a forma e características da superfície corneana, com o intuito de diagnosticar alterações e existência de ectasias pré-operatórias e auxiliar no planejamento cirúrgico com posterior acompanhamento pós-operatório (BLASBALG et al., 2009). Quando computadorizada, a topografia torna-se excelente para investigar sinais de desequilíbrio corneana e formas subclínicas de doenças ectásica; além de disponibilizar informações que auxiliam na escolha de lente intraocular (LIO), avalia a qualidade do filme lacrimal, na presença de cicatrizes e distrofias epiteliais (KLYCE; WILSON, 1989; FAN et al., 2017). A avaliação da superfície corneana pode ser expressa em unidades de milímetros (mm) ou dioptrias (D). Quando se avalia aplicações clínicas especificas, como a modelagem de lente de contato, a medição da curvatura em milímetros pode ser mais conveniente. Entretanto, quando se deseja avaliar afecções, erros e poder de refração, torna-se adequado que a curvatura corneana seja representada como potência em unidades de dioptrias (COURVILE et al., 2004). A análise da superfície posterior da córnea também é relevante para o diagnóstico de ectasia corneana (FAN et al., 2017). Existe uma necessidade de se ultrapassar a superfície da córnea para avaliação da susceptibilidade à instabilidade da sua biomecânica e investigar a possibilidade de progressão de 22 ectasia. Por este motivo, apesar de importante, a topografia corneana se faz insuficiente para uma cirurgia refrativa, devendo-se examinar além da curvatura anterior (LUZ et al., 2016). A espessura corneana está relacionada com a estabilidade biomecânica da córnea e, assim como a curvatura corneana, é uma variável importante para o diagnóstico de doenças corneais e na avaliação pré- operatória para a cirurgia refrativa (EHLERS; HJORTDAL, 2004; SCHOR et al., 2013). Fatores individuais e região corneana são capazes de influenciar na espessura corneana. O centro da córnea tende a ser mais delgado, enquanto que a periferia mais espessa, porém nem sempre o ponto mais fino da córnea encontra-se no centro. Desta forma, a espessura central pode servir como um guia para prever a espessura periférica; entretanto, em casos de procedimentos cirúrgicos realizados especificamente nas zonas médias e periféricas, medidas reais no local da cirurgia são necessárias (FARES et al., 2012). Os tomógrafos corneais são capazes de reconstruir a estrutura corneana, proporcionando uma avaliação abrangente das suas faces anterior e posterior, bem como de sua espessura e toda a câmara anterior (FAN et al., 2017). A reconstituição permite a identificação da localização precisa e o valor do ponto mais fino da córnea, o que auxilia tanto no diagnóstico precoce de ectasias corneais e seleção dos pacientes, quanto no planejamento e no e acompanhamento de todos os tipos de cirurgia corneais, minimizando o risco de ectasia iatrogênica (BLASBALG et al., 2009; FARES et al., 2012) Por constituírem um método padrão para reconhecer pacientes com alto risco de ectasia corneana, a topografia e avaliação da espessura corneana por tomografia devem estar inclusas e serem devidamente avaliadas antes de uma cirurgia refrativa (LUZ et al., 2016; FAN et al., 2017). 2.3.1. Topografia por disco de Plácido A maioria dos topógrafos corneais baseia-se no sistema de discos de Plácido (FAN et al., 2017). Em 1880, António Plácido desenvolveu o 23 primeiro aparelho que consistia em um disco plano com cinco anéis concêntricos alternados em preto e branco, ao redor de um orifício central (COURVILE et al., 2004). Este projeta anéis concêntricos sobre ampla área da córnea. Há, então, a captação e o processamento da imagem dos discos refletidos da superfície da córnea. Quanto mais projeções de discos, maior a área corneana avaliada e qualidade dos resultados (COURVILE et al., 2004). O estudo por meio da topografia de Plácido cria mapas da curvatura corneana que transformam o formato da superfície em potência dióptrica. Estes mapas são codificados por cores e índices que ajudam na mensuração do poder da superfície corneana, avaliação da qualidade óptica, bem como na investigação de padrões de afecções e sua localização, como o ceratocone (COURVILE et al., 2004; LUZ et al., 2016). 2.3.2. Tomografia por sistema Scheimpflug A imagem de Scheimpflug é um sistema óptico de câmeras que captam cortes sagitais da córnea e de todo segmento anterior. O princípio de Scheimpflug é uma regra geométrica comumente usada na área da fotografia e originalmente patenteada por Theodor Scheimpflug em 1904 (AMBRÓSIO et al., 2013). A técnica consiste em três planos imaginários e dispostos de forma não paralela: o plano do filme, o plano da lente e o plano de focagem. O princípio afirma que quando um sujeito plano não é paralelo ao plano da imagem, uma tangente oblíqua pode ser desenhada a partir da imagem, objeto e os planos das lentes; e o ponto de interseção é chamado de interseção Scheimpflug. Uma manipulação cuidadosa do plano da imagem e do plano da lente é usada para obter uma imagem nítida e focada do objeto não paralelo (AMBRÓSIO et al., 2013; FAN et al., 2018). Sistemas modernos na oftalmologia com essa tecnologia possuem processamento rápido e digitalização de imagens tornando o exame muito mais prático e confortável. Há geração de imagens tridimensionais e criação de 24 mapas que permitem a avaliação de elevação e curvatura das superfícies anterior e posterior da córnea, mapeamento paquimétrico, cálculo do poder refrativo total da córnea e biometria do segmento anterior (AMBRÓSIO et al., 2013). Alguns tomógrafos com sistema Scheimpflug já foram utilizados em modelos animais experimentais como roedores, gatos e macacos para a documentação do segmento anterior (WEGENER; LASER-JUNGA, 2009). Em coelhos, estudos analisando opacificações em lentes (SAIKA et al., 2001), o segmento anterior, potência e elevação corneana (YÜKSEL et al., 2015) e a biomecânica (ZHANG et al., 2016), foram satisfatoriamente avaliados com este sistema de imagens. 2.3.3. Sistema de análise Galilei O analisador Galilei (Ziemer Ophthalmic Systems AG, Suíça) é um sistema de varredura rotacional que faz uso de duas câmeras Scheimpflug integrado com o sistema disco de Plácido (ANAYOL et al., 2014). A associação de imagens Scheimpflug (tomografia) ao sistema de Plácido (topografia) aumenta a extensão da área analisada e, consequentemente, a precisão dos cálculos e análise da curvatura e segmento anterior e paquimetria, promovendo maior sensibilidade e especificidade do exame (BLASBALG et al., 2009). Cada câmera Scheimpflug gira opostamente 180º em torno do eixo central e adquire um total de 60 imagens tridimensionais da córnea simultaneamente com duas imagens de Plácido obtidas de 20 anéis (MELLO et al., 2013). O sistema duplo rotacional não considera a descentralização do feixe de luz no ápice da córnea, tornando-se independente da inclinação da superfície corneana, possibilitando que a espessura da córnea possa ser avaliada em diversos ângulos (BLASBALG et al., 2009). O Galilei possui um rastreador de íris que compensa movimentos involuntários do olho durante a varredura gerando, ao final da leitura, um algoritmo de correção de movimento, o qual é aplicado aos dados combinados (MELLO et al., 2013). 25 Com o exame, são obtidos: mapas da ceratometria corneana; elevação anterior e posterior; paquimetria; cálculo automático da profundidade e ângulo da câmara anterior; análise de lente intraocular; tamanho de pupila; e aberrometria corneana (BLASBALG et al., 2009). O Galilei foi usado em coelhos da raça Nova Zelândia de quatro a cinco meses de idade, para medição de espessura corneana e do filme lacrimal. Demonstrou-se uma espessura média central da córnea de 388,8±9,5µm e, após a instilação de fluoresceína, de 407±10,5µm, com uma espessura central do filme lacrimal de 18,2±5,31µm. Os autores concluíram que o Galilei pode ser usado para medir a espessura média central e, com a ajuda da fluoresceína, a espessura do filme lacrimal (DONG et al., 2013). Armstrong et al. (2013) também fizeram uso efetivo do Galilei na avaliação da resposta biológica e biomecânica a diferentes técnicas de cirurgia refrativa em coelhos fêmeas da raça Nova Zelândia de 12 a 15 semanas de idade. Concluíram que o cross-linking transepitelial de BKC-EDTA produziu menos morte celular estromal e menor risco de dano de células endoteliais do que cross-linking riboflavina-UVA ou cross-linking assistido com laser femtosegundo (ARMSTRONG et al., 2013). 2.4. Coelho como modelo experimental na Oftalmologia O coelho tem sido amplamente utilizado como modelo em investigações oftálmicas (WERNER et al., 2006). Dentre estas, pode-se ressaltar pesquisas com implantes intra-corneais (GODOY et al., 2007) e cirurgia refrativa nas mais diversas técnicas (LIU et al., 2015; AVILA et al., 2016). Além de manejo com relativamente baixo dispêndio econômico e de fácil manipulação, apresentam mais semelhanças do que diferenças, quando comparados ao homem (VALINHOS, 2011; WILLIAMS, 2012). Adicionalmente, o interesse pelo bem-estar e a prática de manter essa espécie como um animal de companhia tem aumentado, tal como o interesse considerando aspectos oftalmológicos. Doenças oculares têm sido comumente diagnosticadas, observando principalmente o acometimento da 26 córnea, ductos nasolacrimais e lente (GONZÁLEZ-REDONDO; CONTRERAS- CHACÓN, 2012; WILLIANS, 2012; MÄKITAIPALE et al., 2015). O coelho doméstico (Oryctolagus cuniculus, LINNAEUS, 1758) pertence à família Leporidae e ordem Lagomorpha. É um animal com olhos relativamente grandes, quando comparados ao seu tamanho, protuberantes e situados lateralmente à cabeça, o que lhes permite amplo campo de visão de aproximadamente 380º com um ponto cego à frente do focinho (PESSOA, 2014). Em seu estudo, Valinhos (2011) analisou olhos de coelhos (n=116), do grupo genético Botucatu, com idade entre dois a três meses, e com peso de aproximadamente 2,3Kg, utilizando ultrassonografia modo-A e ceratometria. Não constatou diferenças significativas com relação ao sexo e lateralidade em termos de diâmetro corneano, comprimento axial do bulbo, profundidade de câmara anterior e do poder dióptrico. O diâmetro corneano horizontal médio foi de 12,65±0,55 mm. A curvatura média foi de 49,71±2,05D e a profundidade de câmara anterior de 2,56±0,14mm. A idade influencia variáveis do bulbo ocular de coelhos (RIAU et al., 2012; ZHANG et al., 2017). Dezesseis coelhos, dez machos e seis fêmeas, da raça Nova Zelândia foram monitorados durante o primeiro ano de vida. Os valores de ceratometria e estado refrativo foram obtidos por ceratômetro autorefrator, enquanto que a espessura corneana foi avaliada por tomografia de coerência óptica do segmento anterior (AS-OCT) (RIAU et al., 2012). Considerando a córnea quanto à espessura, curvatura e refração, RIAU et al. (2012) verificaram significativa transformação até os sete meses de vida do coelho. A curvatura corneana média foi de 45,60±2,77D e apresentou redução de aproximadamente 1,36D/mês de idade até os sete meses com desaceleração do 8º ao 12º mês, enquanto que, na espessura, houve aumento de 10µm/mês até o 7º mês, reduzido a 1µm/mês entre os oito aos 12 meses de idade, onde pareceu estabilizar-se com 403±14µm. Outro estudo que analisou alterações nas variáveis biomecânicas e geométricas da córnea e de pressão intraocular fez uso da tomografia de 27 coerência óptica (OCT), analisador de resposta ocular (ORA) e paquímetro em 30 coelhos da raça Nova Zelândia aos 3, 7, 12, 18 e 24 meses de idade. Foi observado que a pressão intraocular mudou significativamente do 3º ao 7º mês de idade (ZHANG et al., 2017). Nesse mesmo estudo, a espessura corneana e o raio de curvatura foram positivamente correlacionados com a idade. Entre sete a 18 meses, a espessura corneana aumenta, ao passo que do 3º ao 7º e do 18º ao 24º mês apresenta-se diminuída. O raio de curvatura corneana apresentou tendência ascendente de três para 18 meses, diminuindo de 18 para 24 meses (ZHANG et al., 2017). Além da idade, a diabetes e a pressão intraocular demonstraram ter efeitos sobre a espessura corneana. BAO et al. (2017) avaliaram o efeito da diabetes mellitus nas propriedades biomecânicas da córnea de coelhos; concluíram que a córnea de coelhos diabéticos apresentou aumento de espessura e rigidez mecânica. Zhang et al. (2016) demonstraram, em seu estudo, que a espessura da córnea diminui em cerca de 10% e o volume corneano em 7% com o aumento da pressão intraocular de 15mmHg para 75mmHg. O desenvolvimento refrativo é um processo que também pode ser mediado por componentes genéticos e ambientais. As diferenças anatomofisiológicas e a idade dos coelhos devem ser levadas em consideração para uma interpretação adequada dos resultados na experimentação oftálmica (WENER et al., 2006; RIAU et al., 2012). As pesquisas acima estimulam o estudo do desenvolvimento do bulbo ocular e suas alterações temporais para que ocorra interpretação adequada de técnicas cirúrgicas refrativas e exame de modo geral; faz-se importante, portanto, a investigação em coelhos das mudanças conforme a idade do estado refrativo da córnea que inclua as superfícies anterior e posterior, bem como da espessura em diversas zonas para melhor conhecimento da estabilização refrativa, aumentando a segurança no resultado de pesquisas, bem como no conhecimento dos valores normais para a espécie. 28 3. REFERÊNCIAS* ANAYOL, M. A.; GÜLER, E.; YAGCI, R.; SEKEROGU, M. A.; YILMAZOGLU, M.; TIRHIS, H.; KULAK, A. E.; YILMAZBAS, P. 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Capítulo 2 35 Trabalho a ser enviado para The Journal of Cornea and external Disease 1 http://edmgr.ovid.com/cornea/accounts/ifauth.htm 2 *Todo o manuscrito será transposto para a língua inglesa 3 ANÁLISE DAS ALTERAÇÕES CORNEANAS E DO SEGMENTO ANTERIOR 4 DE OLHOS DE COELHOS EM CRESCIMENTO PELO SISTEMA DUPLO 5 SCHEIMPFLUG E DISCOS DE PLÁCIDO 6 Palavras-chaves: ceratometria; Galilei; paquimetria; tomografia; topografia. 7 Os autores não têm financiamento ou conflitos de interesse para divulgar. 8 9 36 RESUMO 10 Objetivo: Descrever e analisar as alterações da córnea e do segmento anterior durante o 11 crescimento de coelhos, por meio do sistema combinado de discos de Plácido e duas 12 câmeras de Scheimpflug, estabelecendo idades em que o crescimento deixa de interferir 13 nas variáveis analisadas. 14 Material e Métodos: Foram estudados 28 coelhos (Oryctolagus cuniculus), machos, do 15 grupo genético Botucatu, distribuídos aleatoriamente em dois grupos experimentais de 16 15 animais (G1) e 13 (G2). Os animais foram avaliados do 2º ao 5º mês no G1 e no G2 17 no 5º, 8º, 12º e no 14º mês de idade. 18 Resultados: A curvatura anterior e o poder dióptrico total da córnea diminuem com o 19 crescimento e apresentam tendência à estabilização aos 12 meses de idade. As variáveis 20 relacionadas à espessura corneana apresentaram aumento até o 4º mês de vida com 21 estabilidade do 5º ao 12º mês, enquanto que a espessura central (CCT) apresentou 22 aumento do 5º até o 14º mês. A curvatura posterior da córnea e o volume e 23 profundidade do segmento anterior aumentam com o crescimento, com propensão à 24 estabilização a partir do 4º e 5º mês de idade. 25 Conclusão: A análise da córnea e do segmento anterior de olho de coelhos em 26 crescimento pelo sistema de duplo Scheimpflug e discos de plácido mostrou 27 aplanamento corneano e aumento da espessura corneana, com tendência a estabilização 28 ao redor do 12º mês de vida e aumento da profundidade e do volume da câmara anterior 29 com estabilização entre o 4º e 5º mês de vida. 30 31 37 INTRODUÇÃO 32 Os coelhos são amplamente utilizados como modelo experimental, pois são 33 animais fácil manejo 1,2 e, portanto, muito utilizados em estudos abordando cirurgia 34 refrativa como, por exemplo, em Femtosecond laser-assisted small incision lenticule 35 extraction (SMILE) 3 , crosslinking 4,5 e estudos com implantes de lente intraocular. 2 36 A topografia e tomografia pelos sistemas de disco de Plácido e imagens de 37 Scheimpflug tem se destacado nas avaliações oftalmológicas específicas. 6-8 Resultados 38 satisfatórios foram obtidos com o uso desses sistemas, aplicados de forma única ou 39 associada em coelhos. 9-12 40 O analisador Galilei (Ziemer, Port, Suíça) é um sistema de varredura rotacional, 41 composto por duas câmeras Scheimpflug, integrado ao sistema de disco de Plácido com 42 significativa sensibilidade e especificidade para exames corneais e do segmento 43 anterior. 13 44 Apesar dos coelhos serem muito utilizados na experimentação oftalmológica, 45 diferenças anatomofisiológicas e relacionadas com idade devem ser consideradas a fim 46 de se obter interpretação adequada dos resultados. 1,14 47 Na literatura consultada, não foram encontrados trabalhos descrevendo o 48 segmento anterior de coelhos durante a fase de crescimento utilizando análise pelo 49 sistema de disco de Plácido associado às imagens de duplo Scheimpflug. O que 50 estimulou o desenvolvimento deste estudo, bem como a sua importância na utilização 51 destes animais como modelo experimental, afim de estipular uma idade ideal para que 52 não haja interferência na avaliação dos resultados finais de técnicas cirúrgicas 53 envolvendo a córnea e segmento anterior. 54 38 Presume-se com este trabalho, encontrar a idade em que haja estabilização das 55 variáveis examinadas da corneais e do segmento anterior e sugerir idades ideais para 56 utilização de coelhos como modelo experimental em estudos que envolvam a córnea e 57 segmento anterior a fim de evitar a interferência do crescimento nos resultados obtidos. 58 Assim, este estudo tem como objetivo descrever e analisar as alterações 59 ceratométricas das curvaturas anterior a e posterior da córnea, ceratometria total, 60 espessura corneana, volume e profundidade de câmara anterior, durante o crescimento 61 de coelhos (Oryctolagus cuniculus), utilizando-se o sistema combinado de disco de 62 Plácido e duas câmeras de Scheimpflug. A fim de estabelecer idades onde o crescimento 63 ocular deixe de interferir nestes parâmetros. 64 MATERIAL E MÉTODOS 65 Os procedimentos experimentais desenvolvidos foram realizados de acordo com 66 as diretrizes e aprovação da Comissão de Ética no Uso de Animais (CEUA), protocolo 67 nº 0231/2017, da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) da 68 Universidade Estadual Paulista (UNESP) – Campus de Botucatu, bem como seguiram 69 as orientações da The Association for Research in Vision and Ophthalmoloy (ARVO). 70 Foram avaliados 28 coelhos (Oryctolagus cuniculus) machos do Grupo Genético 71 Botucatu (GGB), fornecidos pelo biotério central da UNESP, Campus de Botucatu. Os 72 animais apresentavam-se sadios no exame físico e sem alterações oculares ao exame 73 oftalmológico. Durante todo o período experimental os animais foram mantidos em 74 gaiolas individuais e receberam dieta alimentar composta por ração comercial Linha do 75 Campo para coelhos (Presence, Brasil) e água ad libitum. 76 39 Os coelhos foram distribuídos, de forma aleatória, em dois grupos experimentais 77 com 15 animais no grupo 1 (G1) e 13 no grupo 2 (G2). Todos os animais foram 78 submetidos à avaliação bilateral com o uso do analisador Galilei G4 Dual Sheimpflug 79 (Figura 1). Os animais do G1 foram submetidos ao exame nos momentos dois (M2), 80 três (M3), quatro (M4) e aos cinco (M5) meses de idade, já que nas fases mais precoces 81 o crescimento e alterações são maiores. Nos animais do G2 (n=13), os olhos foram 82 analisados nos momentos cinco (M5), oito (M8), doze (M12) e quatorze (M14) meses 83 de idade. 84 Para a realização dos exames, os coelhos foram submetidos à sedação com 85 acepromazina (Apromazin 1%, maleato de acepromazina, Syntec, Brasil), na dose 0,1 86 mg/Kg, pela via intramuscular; quando necessário, foi reaplicada metade da dose. 87 Os exames foram conduzidos em uma sala com baixa luminosidade. As 88 mensurações foram realizadas seguindo as instruções do fabricante. Os animais foram 89 posicionados na altura da tela de capturada, a pálpebra aberta manualmente e o bulbo do 90 olho mantido paralelo e centralizado (Figura 2). Foi instilado colírio de lágrima artificial 91 quando necessária à lubrificação. Todas as medidas foram realizadas manualmente pelo 92 mesmo operador. 93 Para as mensurações foram consideradas: a centralização da cruz vermelha aos 94 quatro pontos de Purkinje; o alinhamento da linha vermelha única de referência junto à 95 superfície da córnea; e quando o foco dos anéis de Plácido foi otimizado. Como 96 critérios de inclusão foram adotados apenas exames com qualidades iguais ou 97 superiores a 60%, associados à qualidade das imagens, dos mapas de curvatura e 98 paquimetria obtidos. 99 100 40 Variáveis Analisadas 101 Todas as variáveis foram calculadas automaticamente pelo software Galilei G4 102 (versão 6.3.1). 103 Curvatura Anterior (CA) 104 Referente à curvatura axial anterior da córnea foram mensurados a Ceratometria 105 simulada central (SimK), meridiano plano (Simkf), meridiano curvo (SimKs), 106 ceratometria máxima (Kmax) e ceratometria na zona central (CAC), paracentral (CAM) 107 e periférica (CAP). 108 Curvatura posterior (CP) 109 Na curvatura axial posterior da córnea a Ceratometria central posterior (Kmean), 110 o eixo plano (Kf) e o eixo curvo (Ks) foram calculados. 111 Ceratometria Total (TCP) 112 Calculado por Ray Traced, por ele foram analisados o TCP médio (TCPmean), 113 no meridiano plano (TCPf), no meridiano curvo (TCPs) e TCP nas zonas central 114 (TCPC), paracentral (TCPM) e periférica (TCPP). 115 Astigmatismo Corneano 116 Foram mensurados o astigmatismo na curvatura anterior (AstigCA), curvatura 117 posterior CP (AstigCP) e no TCP (AstigTCP). 118 Espessura Corneana 119 Referente à espessura corneal foi verificada as variáveis de espessura média 120 central (CCT); volume corneano (CV); paquimetria do ponto mais fino (PPF); e 121 paquimetria nas zonas central (PC), paracentral (PM) e periférica (PP). 122 41 Dados Morfométricos do Segmento Anterior 123 Foram mensurados o Volume (ACV) e profundidade de câmara anterior (ACD). 124 Potencial Ceratocone 125 Foram incluídas as variáveis de Excentricidade de CA (e²(-Q)) e a Probabilidade 126 de Percentual de Ceratocone (PPK). 127 Análise Estatística 128 O estudo da normalidade das variáveis analisadas foi realizado utilizando-se o 129 teste Kolmogorov-Smirnorv. Uma análise preliminar, para verificar as diferenças de 130 resposta quanto à lateralidade dos olhos dos animais, foi realizada pelas técnicas: t-131 student para amostras dependentes e com aderência à anormalidade e pelo teste de 132 Wilcoxon na ausência da normalidade. 15 133 Para o estudo sequencial das variáveis de ceratometria, espessura corneana, 134 volume e profundidade de câmara anterior, avaliadas em 56 olhos de coelhos ao longo 135 de sete momentos de avaliação foi realizada a técnica de análise de variância para o 136 modelo de medidas repetidas, complementada com o teste de comparações múltiplas de 137 Bonferroni. 16 138 Para as variáveis excentricidade e probabilidade de porcentagem de ceratocone, 139 o estudo sequencial foi realizado considerando-se a técnica de análise de variância não 140 paramétrica para o modelo de medidas repetidas, complementada com o teste de 141 comparações múltiplas de DUNN. 15 As análises descritivas e comparativas foram 142 realizadas adotando-se p>0.5 para ausência de significância. 143 144 42 RESULTADOS 145 Os valores médios (± desvio padrão) de todas as 27 variáveis analisadas em 146 todos os momentos de avaliação estão tabuladas em Anexo I. No G1, avaliados do M2 147 ao M5, verificou-se diferença estatística significativa (p<0,01) em 24 (88,9%) das 27 148 variáveis analisadas (Tabela 1). Nos momentos de M5 a M14 do G2, a diferença 149 (p<0,01 ou p<0,05) foi notada em apenas 18 das variáveis (66,6%) indicando tendência 150 à estabilização (Tabela 2). Na comparação entre M5, nos grupos G1 e G2 não foram 151 encontradas diferenças nas variáveis estudadas (p>0,05). 152 A ceratometria de curvatura anterior diminuiu progressivamente do 2º para 12º 153 mês de vida e verificou-se valores constantes do 12º ao 14º mês, sugerindo estabilidade 154 corneana com 41,96±0,73D (Figura 3A). As variáveis do TCP também demonstraram 155 um padrão negativo de correlação com a idade com indicação de estabilização a partir 156 de M8. O TCP médio em M8 foi de 41,23±5,96D (Figura 3B). Na curvatura posterior, 157 as variáveis analisadas demonstraram um aumento, sugerindo estabilização a partir do 158 M5 com um Kmean de -5,63±0,11D (Figura 3C). 159 Em relação à espessura corneana, as variáveis tiveram aumento significativo até 160 M3 e mantiveram-se estabilizadas do 4º ao 14º mês, com exceção o CCT que do M12 161 (383,15±15,16µm), para o M14 apresentou aumento da espessura total 162 (410,39±20,46µm) (Figura 4A). O volume total da córnea apresentou aumento 163 significativo até o 4º mês e posterior estabilização até M14 (Figura 4B). Ao início, em 164 M2, foi encontrada uma paquimetria de ponto fino de 291,13±69,41µm enquanto que ao 165 final, em M14 foi de 394,42±31,67µm (Figura 4C). 166 43 A profundidade e volume de câmara anterior aumentaram do 2º ao 4º mês. Do 167 M5 ao M14 não foi encontrado diferença estatística (p>0,05) entre os momentos, 168 sugerindo tendência à estabilização (Figura 5). 169 Quanto à excentricidade e PPK, não foram observadas diferenças estatísticas 170 (p>0,05) em nenhum dos grupos e momentos de avaliação (Tab. 3). A probabilidade 171 média de PPK observada foi de 7,66%. 172 Cinquenta e seis olhos dos 28 coelhos estudados não demonstraram diferença 173 estatística quanto à lateralidade nas variáveis analisadas em coelhos. 174 DISCUSSÃO 175 Há poucos estudos em coelhos que descrevem as mudanças oculares 176 relacionadas à idade. Riau et al. 14 descreveram a ceratometria, estado refrativo e 177 espessura da córnea em 16 coelhos da raça Nova Zelândia de um a 12 meses de idade, 178 com o uso de tomografia de coerência óptica (OCT) e ceratometro autorrefrator. 179 Trinta coelhos da raça Nova Zelândia aos 3, 7, 12, 18 e 24 meses (seis coelhos 180 para cada idade) foram avaliados no estudo por Zhang et al. 17 , onde descreveram a 181 pressão intraocular, o raio de curvatura corneana e o CCT com o analisador de resposta 182 ocular, OCT e paquímetro. 183 Na literatura consultada, não foram observados trabalhos que relatam valores de 184 referência quanto à normalidade da espessura corneana, estado refrativo da córnea e da 185 câmara anterior, durante o desenvolvimento de coelhos saudáveis, utilizando-se duplo 186 Scheimpflug e disco de plácido. 187 A ceratometria demonstrou estabilidade corneana após 12º mês de vidas dos 188 coelhos, resultado este similar ao encontrado por Ludlam e Twarowski 18 que 189 44 observaram a diminuição dos poderes de refração da córnea nas primeiras 50 semanas 190 (≈11,5 meses). 191 Os resultados encontrados neste estudo corroboram os de Riau et al. 14 , que 192 descreveram redução progressiva similar dos valores de ceratometria do 1º ao 7º mês de 193 vida com estabilização aos 9 meses de idade com média de 41,30±1,37D resultado 194 semelhante aos 41,96±0,73D observados em M12 no presente estudo. 195 Em M2 pode-se observar SimK de 50,12±1,40D, com SimKf de 49,47±1,35D e 196 SimKs de 50,79±1,58D. Aos três meses, o SimK foi de 47,56±0,67D, com um SimKf 197 de 47,01±0,56 e um SimKs de 48,11±0,83. Valinhos 19 fez uso do auto ceratômetro para 198 avaliar coelhos com dois a três meses de idade observando uma ceratometria média de 199 49,71±2,05D, com 48,76±2,10D no meridiano plano e 50,68±2,15D no meridiano 200 curvo, resultados semelhantes aos obtidos, utilizando coelhos da mesma raça que o 201 presente estudo (GGB). 202 No 5º mês de idade, no G1 notou-se SimKf de 44,15±0,81D e um SimKs de 203 45,21±0,96D, enquanto que no G2 foi 44,80±0,70D no SimKf e 45,68±0,66D no 204 SimKs. Os valores médios para eixo plano e curvo da curvatura anterior obtidos por 205 Pentacam HR (Oculus, Wetzlar, Alemanha), observados por Yüksel et al. 11 em coelhos 206 de seis meses de idade, foi de 42,7±2,0D e 43,9±1,9D, respectivamente. 207 Deve-se levar em consideração que assim como a ceratometria, os valores dos 208 SimKf e SimKs diminuíram progressivamente até M12, com tendência a estabilizar em 209 41,45±0,85D e 42,46±0,63D, respectivamente. Neste estudo, não foi realizada avaliação 210 pontual ao 6º mês, mas provavelmente estes valores estariam menores. 211 Yüksel et al. 11 também descreveram um poder corneano posterior de -5,58 212 ±0,25D, sendo o meridiano plano posterior de -5,3±0,31D e o meridiano curvo posterior 213 45 de -5,7±0,27D, resultados similares ao encontrado em M5 no G1 com Kmédio de -214 5,96±0,11D, Kf de -5,59±0,12D e Ks de -5,79±0,12D, enquanto que o G2 foi de -215 5,35±1,08D, -5,47±0,81D e -5,98±0,35D, respectivamente. 216 Na literatura consultada, não foram encontrados estudos com o TCP em coelhos. 217 O TCP é calculado levando-se em consideração tanto a região central como periférica 218 da córnea, bem como as superfícies anterior e posterior da córnea. As diminuições 219 progressivas nos valores de ceratometria contribuíram para que as variáveis do TCP 220 também demonstrassem um padrão negativo de correlação com a idade com indicação 221 de estabilização a partir de M8 com TCPmédio de 41,23±5,96D. 222 Neste trabalho foi avaliado o astigmatismo da curvatura anterior, posterior e 223 total em todos os momentos de avaliação. No G1 em M5 foi observado um AstigCA de 224 1,06±0,41D, AstigCP de -0,195±0,063D e 1,27±0,48D no AstigTCP. Em seu estudo, 225 Bozkir et al. 20 , observaram um astigmatismo médio de 0,18±0,13mm em coelhos Nova 226 Zelândia de cinco meses de idade, ou seja, valores inferiores aos encontrados. Em seu 227 trabalho, Bozkir et al. 20 calculou o astigmatismo com base na diferença na curvatura 228 entre os dois meridianos principais aferidos pelo ceratometro Javal. 229 As variáveis relacionadas à espessura corneana tiveram aumento significativo 230 até M3 e mantiveram-se estabilizadas do 4º ao 14º mês, com exceção o CCT que do 231 M12 (383,15±15,16µm) para o M14 apresentou aumento da espessura média central 232 (410,39±20,46µm). Zhang et al. 17 observaram um comportamento semelhante, onde o 233 CCT demonstrou um aumento até 18 meses com o valor de 411±19µm e, sua posterior 234 diminuição até os 24 meses de idade dos coelhos, com 381±23µm. Aos 12 meses de 235 idade, o resultado observado foi similar ao encontrado por Riau et al. 14 e Zhang et al. 17 236 com um CCT de 404±12µm e 377±28µm, respectivamente. 237 46 Godoy et al. 21 , em coelhos entre 2 a 4 meses, descreveram espessura de 238 356,11±14,34µm, utilizando-se paquímetro ultrassônico, semelhante a observada no M3 239 (357,40±21,44µm). Dong et al. 22 , com o uso do Galilei, verificaram um CCT de 240 388,8±9,5µm em coelhos de 4 a 5 meses de idade, e Yüksel et al. 11 com o Pentacam 241 388±39µm em coelhos de 6 meses, resultados corroboram o este estudo (valores no M5, 242 370,97±21,97µm no G1; 374,57±14,26µm no G2). 243 Aos cinco meses, o volume corneano encontrado neste estudo foi de 244 19,43±1,23mm³ para G1 e 18,66±2,70mm³ para o G2, aos oito meses de 19,70 mm³; 245 valores estes inferiores aos relatados por Yüksel et al. 11 de 36,82±3,01mm³ em coelhos 246 de 6 meses avaliados pelo Pentacam HR (Oculus, Wetzlar, Germany). 247 Werner et al. 1 observaram uma profundidade de câmara anterior de 248 2,16±0,11mm, porém não descreveram a idade dos coelhos utilizados. Em M2 e M3 as 249 ACD foram de 2,60±0,12mm e 2,75±0,11mm, respectivamente, similar ao encontrado 250 por Valinhos et al. 5 em coelhos de dois a três meses de idade, com média descrita de 251 ACD de 2,56±0,14mm. 252 Na literatura consultada, não foram encontrados estudos que avaliassem a 253 excentricidade e PPK em coelhos, entretanto a probabilidade média de PPK observada 254 foi de 7,66%. 255 Assim como feito por Dong et al. 22 , todas as medidas foram realizadas pelo 256 mesmo operador evitando-se fatores de influência do interoperador. 257 Neste estudo, padronizou-se a utilização de coelhos machos, devido à alguns 258 autores não tenham verificado diferença significativa nas variáveis oftalmológicas 259 relacionadas ao sexo. 2,20 A ausência de diferença estatística para lateralidade nas 260 variáveis analisadas em coelhos, corroborou os achados de Valinhos et al. 2 261 47 Os dados apresentados poderão auxiliar em estudos que envolvam a córnea e 262 câmara anterior como em cirurgias refrativas, catarata e outros que instituírem o coelho 263 como modelo experimental, indicando que a idade ideal para se verificar o efeito de 264 diferentes cirurgias refrativas, com menor interferência de fatores de desenvolvimento, é 265 a partir dos 12º a 14º mês, conforme os resultados observados, na raça GGB. 266 O bulbo ocular apresenta alterações das estruturas oculares durante o seu 267 desenvolvimento que pode ser mediado por componentes genéticos, ambientais ou 268 processos compensatórios para manter um equilíbrio do estado refrativo. 1,14,18 Isto 269 posto, a idade dos coelhos é um fator fundamental e relevante na interpretação de dados 270 e resultados de pesquisas oftálmicas. 271 Neste estudo, o Galilei foi prático e eficaz na avaliação destas alterações 272 refrativas e morfométricas influenciadas pela idade em coelhos, instituindo-se apenas 273 sedação dos mesmos. Semelhante ao descrito por Dong et al. 22 em sua investigação 274 sobre CCT e filme lacrimal e também por Armstrong et al. 4 que avaliaram a resposta 275 biológica e biomecânica a diferentes técnicas de cirurgia refrativa em coelhos com uso 276 do Galilei. 277 Em conclusão, a análise da córnea e do segmento anterior de olho de coelhos em 278 crescimento pelo sistema de duplo Scheimpflug e discos de plácido mostrou diminuição 279 na ceratometria da curvatura anterior e total da córnea e aumento da espessura corneana, 280 com tendência a estabilização ao redor do 12º mês de vida. Foi observado aumento 281 ceratométrico da curvatura posterior, volume e profundidade de câmara anterior com 282 estabilização entre o 4º e 5º mês de vida. 283 284 48 REFERÊNCIAS 285 1. Werner L, Chew J, Mamalis N. Experimental evaluation of ophthalmic devices and 286 solutions using rabbit models. Vet. Ophthalmol. 2006;9:281-291. 287 2. Valinhos MAR, Ranzani JJT, Rodrigues ACL, et al. 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Média e desvio padrão das variáveis ceratométricas e morfométricas do segmento anterior de coelhos, com idade de 2 a 5 meses, no G1. VARIÁVEIS (Un) MOMENTOS DE AVALIAÇÃO Valor p G1 M2 M3 M4 M5 SimK (D) 50,12(1,40) d* 47,56(0,67) c 45,80(0,71) b 44,68(0,87) a p<0,01 SimKf (D) 49,47(1,35) d 47,01(0,56) c 45,22(0,73) b 44,15(0,81) a p<0,01 SimKs (D) 50,79(1,58) d 48,11(0,83) c 46,38(0,75) b 45,21(0,96) a p<0,01 Kmax (D) 51,58(1,61) d 48,96(0,95) c 47,27(1,01) b 46,05(0,88) a p<0,01 CAC (D) 50,19(1,45) d 47,61(0,69) c 45,72(0,89) b 44,71(0,90) a p<0,01 CAM (D) 49,34(1,23) d 47,04(0,68) c 45,37(0,69) b 44,29(0,81) a p<0,01 CAP (D) 47,41(1,09) d 45,67(0,59) c 44,19(0,87) b 43,33(0,85) a p<0,01 Kmédio (D) -6,38(0,15) a -6,06(0,13) b -5,85(0,13) c -5,69(0,11) d p<0,01 Kf (D) -6,32(0,18) a -5,98(0,15) b -5,78(0,13) c -5,59(0,12) d p<0,01 Ks (D) -6,46(0,16) a -6,14(0,12) b -5,92(0,15) c -5,79(0,12) d p<0,01 TCPmédio (D) 49,43(1,48) d 47,33(0,65) c 45,53(0,69) b 44,41(0,91) a p<0,01 TCPf (D) 49,20(1,34) d 46,66(0,54) c 44,85(0,71) b 43,78(0,84) a p<0,01 TCPs (D) 50,66(1,65) d 48,00(0,82) c 46,14(0,80) b 44,95(1,10) a p<0,01 TCPC (D) 49,84(1,49) d 47,29(0,68) c 45,47(0,75) b 44,37(0,95) a p<0,01 TCPM (D) 51,01(1,37) d 48,42(0,74) c 46,52(0,76) b 45,34(0,89) a p<0,01 TCPP (D) 52,18(1,44) b 49,80(0,76) ab 46,18(6,29) a 46,72(1,14) a p<0,01 AstigCA (D) 1,29(0,54) 1,10(0,45) 1,17(0,41) 1,06(0,41) p>0,05 AstigCP (D) -0,154(0,052) ab -0,157(0,069) ab -0,136(0,065) b -0,195(0,063) a p<0,05 AstigTCP (D) 1,46(0,60) 1,33(0,51) 1,36(0,46) 1,27(0,48) p>0,05 CCT (µm) 338,60(16,23) a 357,40(21,44) b 366,43(27,74) c 370,97(21,97) c p<0,01 CV (mm³) 17,72(0,78) a 18,61(1,06) b 19,20(1,38) c 19,43(1,23) c p<0,01 PPF (µm) 291,13(69,41) a 334,37(19,67) b 348,67(26,72) b 354,13(22,98) b p<0,01 PC (µm) 339,97(15,66) a 358,13(20,71) b 367,60(27,31) c 372,03(22,60) c p<0,01 PM (µm) 342,23(15,07) a 359,13(20,28) b 369,93(26,59) c 374,53(23,57) c p<0,01 PP (µm) 331,83(17,57) a 352,30(21,05) b 367,33(28,01) c 371,70(24,33) c p<0,01 ACV (mm³) 104,03(15,21) a 121,37(9,86) b 132,93(13,10) c 141,23(13,59) c p<0,01 ACD (mm) 2,60(0,12) a 2,75(0,11) b 2,87(0,12) c 2,92(0,13) c p<0,01 D = dioptrias; µm = micrômetro; mm = milímetro; mm³ = milímetro cúbico; *Letras minúsculas diferentes indicam diferença significativa das variáveis nos diferentes momentos de avaliação (p<0,05). 52 Tabela 2. Média e desvio padrão das variáveis ceratométricas e morfométricas do segmento anterior de coelhos, com idade de 5 a 14 meses, no G2. VARIÁVEIS (Un) MOMENTOS DE AVALIAÇÃO Valor p G2 M5 M8 M12 M14 SimK (D) 45,24(0,64) c* 43,13(0,68) b 41,96(0,73) a 41,49(0,92) a p<0,01 SimKf (D) 44,80(0,70) c 42,58(0,69) b 41,45(0,85) a 40,91(1,00) a p<0,01 SimKs (D) 45,68(0,66) c 43,68(0,74) b 42,46(0,63) a 42,07(0,86) a p<0,01 Kmax (D) 46,60(0,60) d 44,40(0,64) c 43,40(0,91) b 42,77(0,74) a p<0,01 CAC (D) 45,28(0,63) c 43,18(0,66) b 41,97(0,68) a 41,55(0,87) a p<0,01 CAM (D) 44,79(0,64) c 42,63(0,67) b 41,55(0,59) a 41,15(0,75) a p<0,01 CAP (D) 43,94(0,60) c 41,64(0,85) b 40,84(0,59) a 40,51(0,75) a p<0,01 Kmédio (D) -5,35(1,08) -5,28(0,80) -5,34(0,16) -5,28(0,11) p>0,05 Kf (D) -5,47(0,81) -5,17(0,78) -5,22(0,13) -5,19(0,12) p>0,05 Ks (D) -5,98(0,35) a -5,39(0,82) b -5,46(0,20) b -5,37(0,12) b p<0,01 TCPmédio (D) 45,03(0,69) b 41,23(5,96) a 41,67(0,72) a 41,21(0,95) a p<0,01 TCPf (D) 44,39(0,74) b 40,67(5,83) a 41,06(0,87) a 40,55(1,02) a p<0,01 TCPs (D) 43,76(6,35) 43,52(0,71) 42,28(0,59) 41,86(0,92) p>0,05 TCPC (D) 44,92(0,62) b 41,24(5,92) a 41,62(0,66) a 41,23(0,91) a p<0,01 TCPM (D) 45,96(0,67) b 41,86(6,05) a 42,34(0,60) a 41,87(0,78) a p<0,01 TCPP (D) 45,70(6,76) 42,90(6,16) 43,55(0,70) 43,12(0,85) p>0,05 AstigCA (D) 0,89(0,40) 0,98(0,50) 0,93(0,24) 1,16(0,36) p>0,05 AstigCP (D) -0,295(0,232) -0,215(0,092) -0,246(0,126) -0,195(0,061) p>0,05 AstigTCP (D) 1,06(0,62) 1,13(0,55) 1,22(0,38) 1,31(0,41) p>0,05 CCT (µm) 374,57(14,26) a 388,23(9,89) a 383,15(15,16) a 410,39(20,46) b p<0,01 CV (mm³) 18,86(2,70) a 19,70(2,95) ab 20,22(0,93) ab 21,51(1,13) b p<0,05 PPF (µm) 297,30(79,89) a 344,96(56,18) ab 359,08(28,93) ab 394,42(31,67) b p<0,01 PC (µm) 375,15(12,94) a 374,46(54,60) a 387,15(15,22) ab 410,81(20,13) b p<0,01 PM (µm) 363,81(52,33) a 379,15(56,69) ab 389,35(18,05) ab 414,19(21,43) b p<0,05 PP (µm) 360,38(52,66) a 385,00(60,17) ab 393,77(24,36) ab 415,54(25,92) b p<0,05 ACV (mm³) 119,69(39,15) 137,81(43,32) 154,92(22,84) 149,73(33,26) p>0,05 ACD (mm) 2,65(0,66) 2,92(0,43) 2,94(0,40) 2,85(0,59) p>0,05 D = dioptrias; µm = micrômetro; mm = milímetro; mm³ = milímetro cúbico; *Letras minúsculas diferentes indicam diferença significativa das variáveis nos diferentes momentos de avaliação (p<0,05). 53 Tabela 3. Excentricidade e probabilidade de percentual de ceratocone nos diferentes grupos e momentos de avaliação, representados por mediana, seguido de valor mínimo e máximo. GRUPOS MOMENTOS DE AVALIAÇÃO Variáveis (Un) Valor p e²(-Q) PPK (%) G1 M2 0,26(-0,06;0,55) 3,60(0,45;52,40) p>0,05 M3 0,18(0,01;0,37) 3,30(0,90;34,80) M4 0,17(-0,10;0,52) 17,91(0,85;61,90) M5 0,14(-0,31;0,14) 5,95(0,25;39,85) G2 M5 0,16(0,01;0,38) 12,10(0,85;51,05) p>0,05 M8 0,25(0,01;0,56) 2,70(0,85;39,75) M12 0,22(0,02;0,12) 9,35(0,50;45,20) M14 0,18(0,01;0,54) 6,40(1,35;47,85) e²(-Q) = excentricidade da córnea; PPK = probabilidade de porcentagem de ceratocone. 54 Figura 1 – Aparelho de varredura rotacional Galilei (Ziemer, Suíça) utilizado na pesquisa. Figura 2 – Demonstração do posicionamento da cabeça do coelho para a realização do exame com o Galilei (Ziemer, Suíça). 55 A B C Figura 3 - Alterações relacionadas à idade na ceratometria da curvatura anterior (A), ceratometria total (B) e da curvatura posterior (C). Barras de erro representam o desvio padrão do valor médio. 56 A B C Figura 4 - Alterações relacionadas à idade no CCT (A), volume corneano (B) e da paquimetria do ponto mais fino (C). Barras de erro representam o desvio padrão do valor médio. 57 A B Figura 5 - Alterações relacionadas à idade no volume (A) e profundidade de Câmara Anterior (B). Barras de erro representam o desvio padrão do valor médio. 58 ANEXO II The Journal of Cornea and external Disease CORNEA: Instructions for Authors Online Submission and Review System SCOPE Cornea is a peer reviewed, scientific journal for the submission of original manuscripts describing clinical observations, clinical trials, basic investigation with clinical applicability, and unique and important case reports related to diseases of and medical and surgical treatment of the cornea and external eye. Ethical/Legal Considerations Originality and validity of manuscript A submitted manuscript must be an original contribution not previously published (except as an abstract or preliminary report), must not be under consideration for publication elsewhere, and, if accepted, must not be published elsewhere in similar form, in any language, without the consent of Lippincott Williams & Wilkins. Although the editors and reviewers make every effort to ensure the validity of published manuscripts, the final responsibility rests with the authors, not with the Journal, its editors, or the publisher. Author’s Role Each person listed as an author is expected to have participated in the study to a significant extent. Cornea abides by the Authorship Criteria as set by the International Committee of Medical Journal Editors. Please visit http://www.icmje.org/index.html to review the criteria and to determine whether contributors should be listed as authors or be listed in the acknowledgments. http://www.icmje.org/index.html 59 Patient anonymity and informed consent It is the author's responsibility to ensure that a patient's anonymity is carefully protected. For photographs or videos, the author must obtain written and signed permission from the patient if the patient could be recognizable. Compliance with NIH and Other Research Funding Agency Accessibility Requirements A number of research funding agencies require or request authors to submit the post- print (the article after peer review and acceptance but not the final published article) to a repository that is accessible online by all without charge. As a service to our authors, LWW will identify to the National Library of Medicine (NLM) articles that require deposit and will transmit the post-print of an article based on research funded in whole or in part by the National Institutes of Health, Wellcome Trust, Howard Hughes Medical Institute, or other funding agencies to PubMed Central. The revised Copyright Transfer Agreement provides the appropriate mechanism. Permissions Authors must submit written permission from the copyright owner (usually the publisher) to use direct quotations, tables, or illustrations that have appeared in copyrighted form elsewhere, along with complete details about the source. Any permission fees that might be required by the copyright owner are the responsibility of the authors requesting use of the borrowed material, not the responsibility of Lippincott Williams & Wilkins. Copyright Each author must complete the journal's copyright transfer agreement, which includes a section on the disclosure of potential conflicts of interest based on the recommendations 60 of the International Committee of Medical Journal Editors, "Uniform Requirements for Manuscripts Submitted to Biomedical Journals" (www.icmje.org/update.html). Copyright forms are collected electronically. The Additional Information submission step will lead you through the process. A copy of the form is made available to the submitting author within the Editorial Manager submission process. Co-authors will automatically receive an Email with instructions on completing the form upon submission of the manuscript. You may edit a co-author's E-mail address if you receive an undeliverable E-mail, view their Form responses, or Resend the verification form to your co-authors via the 'Author Status' action item in your 'Submissions Being Processed' or 'Revisions Being Processed' folders. Conflicts of Interest Authors must state all possible conflicts of interest in the manuscript, including financial, consultant, institutional and other relationships that might lead to bias or a conflict of interest. If there is no conflict of interest, this should also be explicitly stated as none declared. All sources of funding should be acknowledged in the manuscript. All relevant conflicts of interest and sources of funding should be included on the title page of the manuscript with the heading “Conflicts of Interest and Source of Funding:” For example: Conflicts of Interest and Source of Funding: A has received honoraria from Company Z. B is currently receiving a grant (#12345) from Organization Y, and is on the speaker’s bureau for Organization X – the CME organizers for Company A. For the remaining authors none were declared. http://www.icmje.org/update.html 61 TYPES OF SUBMISSIONS (Note: All Submissions Should be Succinct) Basic Investigation: Laboratory studies related to the Cornea and having direct or indirect clinical importance. Book Review: Limited to subject matter of the journal and are published on-line only. Books for review should be sent to Mark Mannis, MD, at: 4860 Y St, #2400, Sacramento, CA 95817-2307 Case Report: Should report new and important findings and should be limited to no more than 3 or 4 typescript pages, be limited to 10 references, and use only one or two high quality photographs. These are not strict rules, but suggestions. Clinical Science: Should report well done clinical studies. Studies should be approved by an appropriate ethical committee/Institutional Review Board and adhere to the principles of the Declaration of Helsinki. Where appropriate, clinical trials should be registered with clinicaltrials.gov and the registration number included in the manuscript. Editorial: The journal does not accept unsolicited editorials. If you are contemplating writing an editorial, please check with the Editor. Letter to Editor: Readers’ comments on previously published articles in the Journal. Letters to the Editor should be limited in length and references. Review: Should be on topics important to the field. Please check with the Editor to discuss potential topics. Technique: Should succinctly describe new methods and include appropriate illustrations. 62 Preparation and Submission of the Manuscript The journal requires ALL manuscripts and illustrations to be submitted via our online submission site at http://www.editorialmanager.com/cornea/. We will NOT accept hard copy manuscript submission or submissions received by email or CD. Manuscripts that do not adhere to the following instructions will be returned to the corresponding author for technical revision before undergoing peer review. General Format All manuscripts must be submitted in English and double-spaced for all copy, including legends, footnotes, tables, and references. Use the automatic page numbering and continuous line numbering functions. Please clearly label every file name to correspond with content (e.g. Main Manuscript, Figure 1, Table 1, etc). Title page Include:  Complete manuscript title  Full author names  Academic degrees (e.g. PhD, MD)  Affiliations of all authors including city and country  Postal address, email address, and telephone number of the corresponding author  Conflict of interest statement (if there is no Conflict to disclose, please state so on the title page)  3-5 keywords  Disclosure of any funding received for this work – Please clearly identify if your research was funded from any of the following organizations: National Institutes of Health (NIH); Wellcome Trust; Howard Hughes Medical Institute (HHMI); and other(s) Please specify if the corresponding author is different from the author who is to receive reprints. http://www.editorialmanager.com/cornea/ 63 Abstract A structured abstract is required in 2 places: at the beginning of the submission process, where requested; and in the manuscript, following the title page. It should include sections for purpose, methods, results and conclusion and is limited to 250-word count. Text Organize the manuscript into four main headings: Introduction, Materials and Methods, Results, and Discussion. A conclusion section should not be included. Define abbreviations at first mention in text and in each table and figure. If a brand name is cited, supply the manufacturer's name and address (city and state/country). Acknowledge all forms of support, including pharmaceutical and industry support, in an Acknowledgments paragraph. Abbreviations For a list of standard abbreviations, consult the AMA Manual of Style or other standard sources. Write out the full term for each abbreviation at its first use unless it is a standard unit of measure. REFERENCES The authors are responsible for the accuracy of the references. Key the references (double-spaced) at the end of the manuscript. Cite the references in the text in the order of appearance using superscripts. Cite unpublished data, such as papers submitted but not yet accepted for publication or personal communications, in parentheses in the text. If there are more than three authors, name only the first three authors and then use et al. Refer to the List of Journals Indexed in Index Medicus for abbreviations of journal names, or access the list at http://www.nlm.nih.gov/tsd/serials/lji.html. http://www.nlm.nih.gov/tsd/serials/lji.html 64 Sample references are given below: Journal article 1. Terry MA. The evolution of lamellar grafting techniques over twenty-five years. Cornea 2000;19:611-616. Book chapter 2. Pels E, Beekhuis WH, Volker-Dieben HJ. Long-term tissue storage for keratoplasty. In: Brightbill FS, ed. Corneal surgery. Theory, technique, and tissue. St. Louis: Mosby, 1999:897.906. Entire book 3. Brightbill FS, ed. Corneal surgery. Theory, technique, and tissue. St. Louis: Mostby, 1999. Software 4. Epi Info [computer program]. Version 6. Atlanta: Centers for Disease Control and Prevention; 1994. Online journals 5. Friedman SA. Preeclampsia: a review of the role of prostaglandins. Obstet Gynecol [serial online]. January 1988; 71:22.37. Available from: BRS Information Technologies, McLean, VA. Accessed December 15, 1990. Database 6. CANCERNET-PDQ [database online]. Bethesda, MD: National Cancer Institute; 1996. Updated March 29, 1996. Internet 7. Gostin LO. Drug use and HIV/AIDS [JAMA HIV/AIDS web site]. June 1, 1996. Available at: http://www.ama-assn.org/special/hiv/ethics. Accessed June 26, 1997. http://www.ama-assn.org/special/hiv/ethics 65 Figures A) Creating Digital Artwork 1. Learn about the publication requirements for Digital Artwork: http://links.lww.com/ES/A42 2. Create, Scan, and Save your artwork and compare your final figure to the Digital Artwork Guideline Checklist (below). 3. Upload each figure to Editorial Manager in conjunction with your manuscript text and tables. B) Digital Artwork Guideline Checklist Here are the basics to have in place before submitting your digital artwork:  Artwork should be saved as TIFF, EPS, or MS Office (DOC, PPT, XLS) files. High resolution PDF files are also acceptable.  Crop out any white or black space surrounding the image.  Diagrams, drawings, graphs, and other line art must be vector or saved at a resolution of at least 1200 dpi. If created in an MS Office program, send the native (DOC, PPT, XLS) file.  Photographs, radiographs and other halftone images must be saved at a resolution of at least 300 dpi.  Photographs and radiographs with text must be saved as postscript or at a resolution of at least 600 dpi.  Each figure must be saved and submitted as a separate file. Figures should not be embedded in the manuscript text file. Remember  Cite figures consecutively in your manuscript using superscripts.  Number figures in the figure legend in the order in which they are discussed.  Upload figures consecutively to the Editorial Manager web site and enter figure numbers consecutively in the Description field when uploading the files. Figure Legends Lege