LICENCIATURA PLENA EM PEDAGOGIA ALICE BATTAGLIA CRISP EDUCAÇÃO BILÍNGUE: UMA REVISÃO DA LITERATURA ALICE BATTAGLIA CRISP EDUCAÇÃO BILÍNGUE: UMA REVISÃO DA LITERATURA Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Instituto de Biociências – Câmpus de Rio Claro, da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, para obtenção do grau de Licenciada em Pedagogia Orientadora: Profª Drª Andréia Osti Rio Claro - SP 2024 C932e Crisp, Alice Battaglia Educação bilíngue : uma revisão da literatura / Alice Battaglia Crisp. -- Rio Claro, 2024 41 p. : il., tabs. Trabalho de conclusão de curso (Licenciatura - Pedagogia) - Universidade Estadual Paulista (UNESP), Instituto de Biociências, Rio Claro Orientadora: Andréia Osti 1. Educação bilíngue. 2. Bilinguismo. 3. Inglês. I. Título. Sistema de geração automática de fichas catalográficas da Unesp. Biblioteca da Universidade Estadual Paulista (UNESP), Instituto de Biociências, Rio Claro. Dados fornecidos pelo autor(a). Essa ficha não pode ser modificada. ALICE BATTAGLIA CRISP EDUCAÇÃO BILÍNGUE: UMA REVISÃO DA LITERATURA Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Instituto de Biociências, Câmpus de Rio Claro, da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, para obtenção do grau de Licenciada em Pedagogia BANCA EXAMINADORA: Profª. Drª. Andréia Osti Prof. Dr. César Donizetti Pereira Leite Profª. Drª. Maria Cecília de Oliveira Micotti Aprovado em: 04 de Junho de 2024 Assinatura da discente Assinatura da orientadora Dedico este trabalho à minha avó Nazira: minha primeira referência docente AGRADECIMENTOS Em primeiro lugar, а Deus, qυе fez com que meus sonhos fossem alcançados, durante os meus anos de estudos na UNESP. À minha professora de inglês Rita Afonso que sempre me incentivou a estudar inglês. À minha orientadora Andréia Osti, por toda atenção, paciência e apoio durante o tempo dedicado a este trabalho. À minha família, em especial minha minha avó Nazira Niero, minha mãe Vera Niero, meu pai Adilson Crisp, minha irmã Laura Crisp e minha tia Ângela Battaglia que sempre me incentivaram a continuar os estudos. As minhas colegas de graduação Isabela Martin, Vitória Landa, Rafaela Guerreiro, Ana Carolina Reis, Luiza Penatti e Lorena Ramos que sempre me acompanharam nessa jornada acadêmica. Ter uma segunda língua, é possuir uma segunda alma. (Carlos Magno, 742-814). RESUMO A globalização influencia o cotidiano das pessoas, e uma das muitas consequências, é o desenvolvimento da língua inglesa cada vez mais presente na vida da população. Todos são influenciados por esta. Dessa forma, dominar o inglês é algo necessário, e as crianças não ficam de fora desse contexto. O objetivo central deste trabalho é abordar uma revisão da literatura sobre a educação bilíngue. O trabalho realizará uma revisão de estudos sobre educar uma criança em duas línguas ao mesmo tempo, já que esse é um tema que gera dúvida em muitos pais. Ao mesmo tempo que aprender inglês cedo poderá facilitar o aluno um dia a conquistar vagas de emprego multilíngues, há a dúvida sobre se irá prejudicar seu desenvolvimento e aprendizagem. Propõe-se, apresentar análises e reflexões sobre as vantagens e desvantagens de ensinar precocemente o inglês para uma criança nos tempos atuais. Esse estudo se fundamenta na revisão da literatura, de ordem qualitativa. Palavras-chave: Educação bilíngue; Bilinguismo; Inglês. ABSTRACT Globalization is responsible for the routine of people, and one among the various consequences, is the development of the English language, which is more and more present in our lives. Everybody is affected by it. So, to master the English language is really necessary, and the children are included in this scenario. The main objective of this work is to review the literature about the bilingual education. Teaching a child in a second language (English) on early years would give her / him conflicts? This work will show a review of studies about educating a child in two languages at the same time, because this subject brings a lot of doubts in many parents. Although learning english on early age will help the students to reach vacancies in multilingual jobs, some believe that this may be harmful for his / her development and learning. It will present analysis and reflections about the advantages and disadvantages of teaching English to a child on early age nowadays. This study is based on bibliographic survey in a qualitative way. Keywords: Bilingual education; Bilingualism; English. LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Proficiência Subjacente Separada / Proficiência Subjacente Comum …….. 24 Figura 2 – Efeitos cognitivos de diferentes tipos de bilinguismo …………………….. 28 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – .Distribuição de escolas bilíngues por estado brasileiro......................................16 LISTA DE ABREVIATURAS L1 Primeira Língua L2 Segunda Língua SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO……………………………………………………………… 12 2 UMA BREVE INTRODUÇÃO AO BILINGUISMO E À EDUCAÇÃO BILÍNGUE…………………………………………………………………… 14 2.1 O que é bilinguismo?.......................................................................................... 14 2.2 Como surgiu a educação bilíngue no Brasil?......................................................14 2.3 Quantas escolas bilíngues existem no Brasil?…………………………………………………………………………. 16 3. BILINGUISMO E SOCIEDADE……………………………………………18 4. O CÉREBRO BILÍNGUE……………………………………………………23 5. UMA LÍNGUA PREVALECE SOBRE A OUTRA ?.................................... 27 6. CONCLUSÃO E CONSIDERAÇÕES FINAIS………………………………………………………………………... 34 7. REFERÊNCIAS………………………………………………………………37 12 1. INTRODUÇÃO Vivemos em meio à globalização. Este fenômeno possui forte influência cultural, social e econômica em escala mundial. Esta integração exige uma comunicação que venha articular e conectar pessoas de todo o mundo e, para isso, a língua inglesa é uma importante aliada: O aprendizado de uma ou mais língua(s) estrangeira(s) é, na contemporaneidade, uma resposta ao modelo de sociedade globalizada que se impõe. O desenvolvimento nas comunicações, o compartilhamento de informações e as mobilidades transnacionais exigem esse conhecimento. (ARCHANJO, 2015, p.650). Neste cenário, a educação bilíngue vem se destacando cada vez mais no século XXI. É um tema muito pesquisado em diversas áreas do conhecimento, em grande parte na pedagogia e na linguística. Educar uma criança em duas línguas ao mesmo tempo é assunto de grande relevância para muitos pais. Ao mesmo tempo que aprender o inglês desde a infância facilitará o futuro a conquistar vagas de empregos multilíngues, surge a dúvida: ensinar uma criança um segundo idioma (inglês) precocemente traria conflitos para ela? Quais os impactos para uma criança que ainda está aprendendo o português, sua língua materna? Nesse contexto, através de uma revisão bibliográfica de autores especializados no tema, o presente trabalho procura compreender os possíveis efeitos no desenvolvimento e aprendizagem de uma criança bilíngue. A pesquisa realizou uma revisão da literatura sobre a questão da educação bilíngue na sociedade, tentou compreender suas contribuições para o desenvolvimento da criança e buscou apresentar sobre os possíveis efeitos ao aprender duas línguas ao mesmo tempo. O objetivo geral desta revisão é compreender se uma criança que aprende precocemente duas línguas ao mesmo tempo traz ou não conflitos no seu desenvolvimento e aprendizagem. A abordagem da pesquisa é qualitativa e descritiva. De acordo com Cusati, Santos e Cusati (2021) a pesquisa acadêmica de abordagem qualitativa é realizada quando o objetivo de estudo é compreender o porquê de determinados acontecimentos. O procedimento de coleta dos dados será através da pesquisa bibliográfica. Para Lima e Mioto (2007) uma pesquisa bibliográfica, é sempre realizada para fundamentar teoricamente 13 o objeto de estudo, contribuindo com elementos que subsidiam a análise futura dos dados obtidos. O levantamento dos textos foi feito com base nas palavras-chave: educação bilíngue, bilinguismo, e inglês. Dois livros internacionais foram fundamentais para entender essa questão, são eles: Life with Two Languages - An Introduction to Bilingualism, escrito por François Grosjean (1982) e Bilingual Education in the 21st Century - A Global Perspective escrito por Ofelia García (2009). Ambos tratam sobre os conceitos sobre bilinguismo e educação, em que suas ideias e de outros autores sobre o tema foram descritas. O livro Educação Bilíngue no Brasil, organizado e escrito por Antonieta Megale (2019) e demais autores, foi bastante utilizado neste estudo, além de duas obras de Magda Soares. As bases da pesquisa foram realizadas em revistas científicas: Revista Brasileira de Linguística Aplicada, Revista da Universidade Estadual de Goiás, Revista Conjectura da Universidade de Caxias do Sul e Revista Revel. Através de bibliotecas digitais, tccs, dissertações e teses e foram utilizados: dissertação da PUC de Goiás, dissertação de mestrado da universidade de Tuiuti do Paraná, tese de doutorado da UNICAMP, Universidade Federal de Alagoas e Universidade de Alberta no Canadá. Os materiais encontrados foram quase 90. Serão utilizados conceitos e ideias de diferentes educadores e linguistas, para a construção de uma análise científica sobre o objeto de estudo. 14 2. UMA BREVE INTRODUÇÃO AO BILINGUISMO E À EDUCAÇÃO BILÍNGUE 2.1 O que é bilinguismo e educação bilíngue? Há uma grande variedade de definições para a palavra bilinguismo, mas a fluência nas duas línguas tem sido proposta como fator principal. Grosjean (1982) no entanto afirma que tem se colocado muito peso na fluência, em detrimento de outros fatores, como o uso regular de duas línguas, dominância no seu uso, e a necessidade bilíngue de certas outras habilidades, como por exemplo, a leitura e a escrita numa das línguas, mas não na outra. Baker (1993) conforme cita García (2009) sugere que o termo educação bilíngue é usado para se referir à educação daqueles que estudam línguas adicionais. Enquanto o termo Bilinguismo se refere à qualidade de ser bilíngue, ao resultado final do processo, podemos compreender a educação bilíngue como a principal estratégia para alcançar o bilinguismo. A partir dai são criadas diversas metodologias que se moldam de acordo com a proposta de cada escola, considerando o ambiente e as condições onde o bilinguismo se desenvolve, além do contexto e idade de aquisição, e variação de uso das línguas. (MOURA, 2020, p.31). A educação bilíngue para Megale (2019) está relacionada à instrução que ocorre na escola em pelo menos duas línguas. As escolas bilíngues têm como foco oferecer aos alunos altos níveis de proficiência nas duas línguas utilizadas na escola por meio de uma abordagem baseada na aprendizagem de conteúdos. Em escolas bilíngues, português e inglês por exemplo, são ministradas aulas em inglês, que possuem finalidade dupla: o ensino da língua e o ensino do conteúdo. Isso quer dizer que uma escola bilíngue tem por exemplo, aulas de ciências em inglês e, com isso, as expectativas de aprendizagem dessas aulas se relacionam com fenômenos científicos e com a construção de um repertório linguístico que permita ao aluno discorrer em inglês sobre o objeto de aprendizagem. De uma forma geral, o termo bilinguismo difere seu significado de acordo com diferentes autores, mas a fluência na língua materna e na língua estrangeira é usado como explicação principal. A educação bilíngue surge justamente para aplicar esse método de aprendizagem, onde a L1 e a L2 são desenvolvidas com os alunos. 2.2 Como surgiu o bilinguismo no Brasil? O bilinguismo está presente no Brasil desde quando o país era colônia de Portugal e tinham relações comerciais com a Inglaterra. Devido a esse contato com os ingleses, o Brasil 15 começou o primeiro contato com a língua inglesa. Em 1810 com o Tratado de Comércio e Navegação, as relações comerciais aumentaram ainda mais entre os dois países: A justificativa do tratado expressava, principalmente, o desejo das nações em estreitar os laços de amizade e ampliar os benefícios de seus vassalos por meio de um novo sistema de livre comércio entre os envolvidos, incluindo seus domínios e, no caso português, a nova sede do Império português, o Brasil. (JUCÁ, 2010, p.28). Além do tratado comercial, a elite portuguesa que estudava para entrar na faculdade de Direito e de Medicina influenciou o príncipe regente em 1809 a criar uma cadeira de ensino da língua inglesa e da língua francesa: Era necessário criar nesta capital uma cadeira de língua inglesa, porque pela sua difusão e riqueza e o número de assuntos escritos nesta língua, a mesma convinha ao incremento e à prosperidade da instrução pública. (DORIA, 1937, p. 37-38 apud JUCÁ, 2010, p.30). O Imperial Collegio De Dom Pedro II foi inaugurado com a finalidade de ser um centro de recepção das ideias educacionais do Iluminismo e do Liberalismo que regiam o ensino secundário da maioria dos países europeus, visando a elite intelectual, econômica e religiosa Portuguesa no Brasil. (VECHIA, 2007 apud Jucá, 2010). A fundação do Imperial Collegio de Pedro II teve um papel muito importante relativamente à organização do ensino de línguas vivas no País, cujo processo foi bastante lento. O primeiro plano de estudos do Colégio era inovador, pois, além das matérias usuais do ensino de humanidades (latim, grego, hebraico, retórica, filosofia, teologia), estudavam-se algumas línguas vivas estrangeiras (francesa e inglesa), assim como alguns elementos das matemáticas, da astronomia e da física. (WESTPHALEN, 2010, p.41). Avançando mais no tempo, o ensino do inglês tornou-se algo mais prático, mais avançado do que na época em que o Collegio foi inaugurado. Dessa vez, a exigência não era somente a escrita, mas também a oralidade. Essa metodologia de ensino acontece de fato nas escolas bilíngues de atualmente, dominar o inglês nas duas linguagens verbais: Em 1931, por fim, foi decretada a nova metodologia denominada “Método Direto’ para o ensino de línguas vivas, a ser usada no Colégio Pedro II e nas instituições congêneres. Apesar da aparente novidade e do modismo, tal método enfrentaria uma realidade para a qual nem alunos nem professores estavam totalmente preparados, pois passou-se a exigir que as aulas fossem ministradas apenas em língua estrangeira, e apenas esporadicamente como vinha sendo nas últimas décadas. (JUCÁ, 2010, p.116) De acordo com Jucá (2010) foi somente entre as décadas de 1950 a 1970, impulsionado pela grande influência americana no contexto sociocultural e político brasileiro, 16 o ensino de inglês nas escolas de línguas ganhou impulso, juntamente com as novas influências das áreas de Psicologia e da Linguística. O subcapítulo mostrou que a origem da língua inglesa no Brasil surgiu desde a década de 1600, devido às relações comerciais com a Inglaterra e também à pressão da elite que almejava uma instrução europeia no país. Somente após a Segunda Guerra Mundial, as escolas bilíngues ganharam força devido a grande influência social, cultural, econômica e política dos Estados Unidos no Brasil. 2.3 Quantas escolas bilíngues existem no Brasil? Segundo a Associação Brasileira do Ensino Bilíngue (ABEBI, 2019) apud Terra (2021), já são mais de 1,2 mil escolas bilíngues em todo o país de 2014 a 2019, com um crescimento de 10% num período de cinco anos. Um levantamento feito por Moura (2017) publicado na EBB (Escolas Bilíngues Particulares no Brasil) mostra o número de escolas bilíngues e suas distribuições nos diferentes estados brasileiros. Destacamos que no levantamento estão apenas as escolas cadastradas na entidade. Na cidade de São Paulo existem 54 escolas. No ABC Paulista 1. Sorocaba 1. Itu 1. São José dos Campos 2. Bauru 1. Campinas 3. Santana do Parnaíba 1. Jundiaí 1. Mogi das Cruzes 1. Valinhos 1. No Rio de Janeiro: 8. Amazonas 1. Bahia 1. Brasília 1. Ceará 1. Goiás 1. Mato Grosso Sul 1. Minas Gerais 1. Paraná 2. Pernambuco 1. Rio Grande do Sul 2. Santa Catarina 5. A análise gráfica destaca a desigualdade de distribuição das escolas bilíngues pelo Brasil. Em que a maior concentração é no estado de SP com 74%, estado com maior distribuição de riqueza, enquanto que os outros estados brasileiros menos desenvolvidos economicamente apresentam apenas 1%. 17 Tabela 1 - Distribuição de escolas bilíngues por estado brasileiro. Fonte: elaboração nossa, 2024. 18 3. BILINGUISMO E SOCIEDADE Com o final da Guerra Fria, o desenvolvimento da globalização e o papel crescente dos organismos internacionais têm acelerado os deslocamentos das populações e têm desafiado os países no século vinte e um. Com o conhecimento crescente de outras línguas e o domínio especial do inglês, mas também do chinês, espanhol e árabe pelo mundo, a educação bilíngue deu mais uma reviravolta, agora crescendo sem a intervenção direta do Estado e incluindo formas que respondem a um uso da língua muito mais dinâmico. De acordo com a educadora cubana e linguista García (2008), as mudanças sociopolíticas e socioeconômicas afetam a vida das populações. O número de imigrantes, refugiados, exilados, estudantes estrangeiros e até mesmo turistas contribuíram para o movimento populacional, tornando o bilinguismo muito importante no século vinte e um. Para Gronsjean (1982) em áreas de fronteira entre dois grupos de línguas diferentes (assim como o méxico que fala espanhol e os estados unidos que fala inglês) os fatores econômicos e comerciais muitas vezes levam as pessoas a usarem ambas as línguas para se comunicar. O bilinguismo também está presente em áreas específicas de alguns países onde minorias linguísticas estão concentradas. O bilinguismo pode variar de acordo com a classe social. Por exemplo: muitas vezes, trabalhadores imigrantes precisam ter algum conhecimento de língua do país no qual estão trabalhando. Essa educação é de grande importância para os filhos de imigrantes que não falam a mesma língua dentro de casa, como imigrantes refugiados, pessoas indígenas, grupos minoritários e crianças asiáticas como foi citado anteriormente: Atualmente, a globalização e a mobilidade das populações nos têm dado consciência do fato de que línguas específicas não pertencem a territórios ou estados. Ou melhor, idiomas pertencem às pessoas que os falam e que vivem em diferentes espaços geográficos. Mas isso cria desafios aos estados (políticos) que organizam os sistemas educacionais e que de maneira crescente têm que educar crianças que não falam a língua da escola em casa. (GARCÍA, 2008, p. 27, tradução nossa). García (2008), faz questão de sempre enfatizar que alguns alunos aprendem um idioma adicional na escola cujo a classe majoritária usa em sua sociedade, imigrantes, membros 19 indígenas de grupos de minorias ou até mesmo membros de grupos menosprezados também aprendem o idioma dominante na escola: Muitas pessoas leigas acreditam que ensinar imigrantes apenas em inglês é educação bilíngue. [..] Educação bilíngue é um jeito de promover uma educação significativa e equitativa, bem como uma educação que constrói tolerância com línguas e grupos culturais diferentes. (GARCÍA, 2008, p.6, tradução nossa). Translanguaging é a única prática discursiva que pode incluir todos os membros da família. Em comunidades bilíngues, também é importante translinguar para dar sentido aos sinais escritos nas duas ou mais línguas da comunidade, muitas vezes comunicando mensagens diferentes. Diante disso, translinguar é uma prática importante entre crianças de línguas minoritárias que servem como tradutores para seus pais que não falam a língua majoritária. Para a educadora cubana, a habilidade que os estudantes têm para construir o capital linguístico depende principalmente da educação que eles receberam e, dessa forma, as escolas desempenham um papel importantíssimo em regular a língua como capital e mediar o acesso a ela: É importante reconhecer que apesar do fato da linguagem ter um componente psicológico e linguístico, o contexto social no qual ela é usada e os desejos e poder dos falantes que determinam o seu papel. - especialmente na escola. (GARCÍA, 2008, p.26, tradução nossa). Ao educar de maneira justa, boa parte da educação bilíngue foca em promover uma escolaridade séria e compreensível para milhares de pessoas cujas línguas maternas são diferentes da língua dominante na escola e sociedade, nestes podem-se incluir os imigrantes, refugiados, asiáticos e indígenas. Entretanto a educação bilíngue também acaba sendo voltada a classes mais favorecidas, de alta renda muitas vezes tendo outros objetivos conforme a citação abaixo: Por Educação Bilíngue voltada para alunos das classes dominantes, entende-se uma Educação quase sempre de caráter elitista, que visa o aprendizado de um novo idioma, o conhecimento de outras culturas e, em muitos casos, a habilitação para completar os estudos no exterior. Como fenômeno ainda recente, diversas escolas bilíngues enquadradas nessa modalidade foram abertas nos últimos anos e muitas instituições de ensino monolíngues regulares modificaram sua proposta curricular para que fossem nomeadas escolas bilíngues e, com isso, atingissem maior parcela da população brasileira de alta renda. (MEGALE, 2019, p.15). 20 Professores que atuam nesse tipo de ensino devem levar em consideração que o bilinguismo se não for usado de forma igualitária, pode reforçar mais ainda as desigualdades no país. Para tanto, os que lecionam nesse tipo de ensino devem estar bem preparados e capacitados para exercer essa função: Enfatizo, também, que devemos nos atentar para não reforçar o caráter excludente e elitista da Educação Bilíngue de línguas de prestígio no Brasil. De outra feita, mediante práticas pedagógicas intencionais desenvolvidas por professores preparados para atuar nesses contextos, é preciso apostar na possibilidade de desconstrução de categorias binárias e hierarquizadas que levariam a possíveis diálogos, visando a construção de relações mais equânimes em nossa sociedade. (MEGALE, 2019. p.26). A língua inglesa ainda é uma questão de privilégio para as classes dominantes em nosso país, reforçando ainda mais as desigualdades entre as classes sociais: Não se desconhece também que saber falar inglês é, ainda, uma séria questão de não inclusão social muito presente no Brasil. Falar esta língua é um privilégio de poucos, se considerarmos que a maioria dos brasileiros pertencem às classes mais populares que raramente têm acesso às aulas de inglês na escola. (FURTADO, 2007, p.110). É importante ressaltar que todos os países são pluralizados, ou seja, há diversas culturas, de diferentes costumes e maneiras de viver. Portanto, deve-se respeitar a diferença e identidade de cada país, para que ensinem isso para os alunos desde cedo, nas escolas bilíngues: Ora, as identidades nacionais não são estáticas nem monolíticas. Elas estão em constante mutação e há, no interior dos países, toda uma gama de diversidade de identidades culturais. (MEGALE, 2019, p.20). A desigualdade social se reflete na educação das crianças e jovens que compõem grande parte da população brasileira. Esse fato acontece pela influência que o capitalismo exerce sobre os grupos minoritários: Assim, enquanto a posse e o uso plenos da leitura e da escrita sejam privilégio de determinadas classes e categorias sociais como têm sido elas assumem papel de arma para o exercício do poder, para a legitimação da dominação econômica, social, cultural, instrumentos de discriminação e de exclusão. (SOARES, 2009, p.58). Para Magda Soares (2009) existe uma diferença entre o indivíduo que sabe ler e escrever e entre um sabe fazer o uso da leitura e da escrita de maneira que envolve-se nas 21 práticas sociais da língua. De maneira sucinta, alfabetizar desenvolve a aprendizagem das letras e símbolos escritos, ou seja, quando o sujeito aprende a codificar e decodificar os sons e palavras, é considerado alfabetizado. Já o letramento é ensinar o aluno a compreensão, interpretação e uso da língua nas práticas sociais. Muito antes da criança brasileira aprender o inglês ela precisa saber ler e escrever o português de forma que compreenda bem o que lê. O bilinguismo é descrito enquanto sociedade e suas respectivas consequências nela. Finalizamos esse capítulo ressaltando novamente algumas diferenças já exemplificadas nesta revisão com respeito ao ensino bilíngue nas diferentes camadas socioeconômicas. De acordo com Megale (2017) apud Pessoa; Maciel (2020) a educação bilíngue é dividida em dois grandes grupos: educação bilíngue para grupos de classes dominantes e educação bilíngue para grupos minoritários. Este último pode ser representado por alunos socialmente desprestigiados como indígenas no Brasil ou imigrantes hispânicos nos Estados Unidos. Nas classes dominantes a educação bilíngue possui caráter elitista visando ao aprendizado de um novo idioma. Segundo Baker; Wright (2017) apud Pessoa; Maciel (2020) as escolas internacionais e as escolas bilíngues brasileiras são exemplos de educação bilíngue de elite ou de prestígio. Sabe-se que na primeira infância de algumas crianças brasileiras, os pais com o desejo de que seus filhos aprendam a língua mais fluente no mercado de trabalho, as colocam em escolas bilíngues .Portanto, não é necessário somente um diploma em uma universidade qualificada, mas também o domínio da língua estrangeira, principalmente para atuar em empresas multinacionais e no comércio exterior. É importante enfatizar que o conhecimento de uma nova língua vai possibilitar ao indivíduo compreender o mundo em que vive de uma forma ampla. Ele passa a acessar informações diversas no seu campo de trabalho ao saber uma língua adicional a qual representa um recurso necessário para a cidadania contemporânea. Por meio de uma língua adicional é possível confrontar visões de mundo distintas das nossas e com narrativas que não circulam em nossa comunidade imediata. (MEGALE, 2019). Considero, portanto, que o ensino de uma língua adicional tem por propósito geral a formação de um cidadão capaz de atuar em cenários superdiversos da atualidade. Isso ocorre uma vez que o educando se torna cada vez mais capaz de avaliar seu lugar na sociedade e compreender como as diferenças foram produzidas, ao ter a possibilidade de acessar a multiplicidade de discursos que circulam no mundo e, desse modo, ampliar seu repertório cultural e sua perspectiva, o que caracteriza uma formação inter/multicultural. (MEGALE, 2019, p.83). 22 Neste capítulo foi mostrada uma revisão sobre o bilinguismo enquanto sociedade. Esse tipo de educação pode ser uma grande ferramenta não somente para os filhos de imigrantes em que o Translanguaging é aplicado, mas também para os que desejam ter contato com a língua mais utilizada atualmente no mundo. Diante disso, o bilinguismo deve ser usado de forma igualitária, para que não reforce as desigualdades sociais e econômicas do país. 23 4. O CÉREBRO BILÍNGUE O bilinguismo é um assunto de grande importância para a educação e também para os que estudam a relação da linguagem com o cérebro. Neurolinguistas pesquisam desde a década de 1800 se o lugar da fala no cérebro de uma pessoa bilíngue é diferente do monolíngue. Esse capítulo abordará como o estudo de pessoas que tiveram afasia ajudou na contribuição das pesquisas para a neurolinguagem. Essa revisão de pesquisas feitas por Grosjean (1982) teve como objetivo esclarecer se aprender duas línguas ao mesmo tempo confunde ou não o cérebro de uma criança. De acordo com Grosjean (1982) afasia é um distúrbio da linguagem causado por um dano no cérebro e pode ser causado por um acidente de carro, por uma batida na cabeça, por um AVC ou um tumor cerebral. Estudar essa doença pode ajudar nas pesquisas e estudos sobre o cérebro bilíngue. Ribot (1881) citado por Grosjean (1982) propôs que a primeira língua aprendida, a língua mãe, seria menos danificada e assim a primeira língua a ser recuperada se caso sofresse dessa doença. Essa hipótese, é difícil de ser testada, pois na maioria dos casos a língua mãe também é a mais familiar e a mais usada antes do acidente. p.261 Esse fato levou Pitres (1895) citado pelo professor da universidade de Neuchâtel (1982) a propor que a língua mais usada antes do acidente, ou seja a língua que o indivíduo tiver mais afinidade seja a primeira a ser recuperada. Em geral, a regra de Pitres, conhecida como regra do habitat, é melhor aceita do que a primeira hipótese. Minkowski (1963 apud de GROSJEAN, 1982) também concorda que a recuperação da língua não paralela de alguns de seus pacientes se reporta a fatores afetivos e emocionais. Dessa forma, existem diversas hipóteses sobre como funciona o cérebro bilíngue diante a doença de afasia. Alguns pesquisadores acreditam que a língua materna é a primeira recuperada primeiro. Todavia, outros pesquisadores argumentam que a língua que o bilíngue tiver mais afinidade, independentemente se for a L1 ou L2, será recuperada. Ojemann e Whitaker (1978), citado por Grosjean (1982) concluíram através de pesquisas de estimulação elétrica em certas áreas do cérebro que existem áreas em que a linguagem fica em locais em comum. Chamada de ´´hipótese do sistema estendido ́ ́ afirma que há um grande estoque de linguagem feito de elementos de cada língua. Quando uma 24 segunda língua é aprendida, os novos sons são tratados como variantes de fonemas já existentes e assim apoiados pelo mecanismo neural que é responsável por todos os fonemas. A evidência para esse fato é de que os bilíngues podem falar uma língua com o sotaque da outra língua, e também pelo fato de que muitos afásicos bilíngues esquecem, a princípio, de todas as línguas adquiridas. Por outro lado, existe a ´´hipótese de sistema duplo´´ que afirma que dentro da mesma área geral da língua existem diferentes conexões neurais que são responsáveis por cada nível da linguagem (sons, palavras, gramática). Os dois sistemas de linguagem são assim representados separadamente no cérebro, a evidência para essa hipótese vem também dos estudos dos afásicos: a restituição seletiva, sucessiva e antagônica das linguagens, mostrando assim a independência neural de cada língua, pelo menos a alto nível: Bilíngues têm dois subconjuntos de conexões neurais, uma para cada linguagem (e cada pode ser ativada ou inibida independentemente por causa das fortes associações entre os elementos) enquanto ao mesmo tempo eles possuem um grande elemento de qual eles são capazes de desenhar elementos de qualquer linguagem a qualquer hora. Paradis (1981, p.7 apud GROSJEAN, 1982, p.267, tradução nossa). Cummins (1979) conforme citado por García (2009) as duas línguas de um indivíduo bilíngue não são armazenadas separadamente no cérebro, mas coexistem e se posicionam numa base comum, e não separada da proficiência das línguas. Apesar de estarem na mesma base, o bilíngue consegue fazer uso de cada língua separadamente de acordo com sua fonologia, morfologia e sintaxe, porém a forma do uso e prática dessas línguas é exatamente a mesma. 25 Figura 1: Proficiência Subjacente Separada / Proficiência Subjacente Comum Fonte: Cummins (1979) apud García (2008). Ainda sobre o cérebro bilíngue, muitas pessoas que desejam aprender uma segunda língua desistem pelo fato da aprendizagem ser mais difícil na vida adulta. Esses são um dos fatos de emergirem seus filhos cedo na língua inglesa. No senso comum, sabe-se que quanto mais cedo a pessoa aprender uma outra língua, mais rápido e fácil será. Neste capítulo, a abordagem do período crítico de aprendizagem será explicado indo muito além do senso comum, através de revisões de provas de pesquisas sobre o cérebro bilíngue. É importante reforçar que nós, como adultos, não estamos mais absorvendo essas estatísticas. Somos governados pelas representações na memória que foram formadas no início do desenvolvimento, sendo assim, depois dos sete anos de idade fica mais difícil aprender uma nova língua, já que há um declínio dessas estatísticas da linguagem no cérebro. (KUHL, 2011, tradução nossa, informação verbal). Em suas pesquisas recentes, a professora Kuhl (2011), do ´´Institute for Learning & Brain Sciences´´ (Instituto de Aprendizagem e Ciências do Cérebro em português), descobriu que a linguagem tem um período crítico para o aprendizado, isso significa que até os sete anos as crianças têm muita facilidade em aprender um novo idioma e após a puberdade há um declínio nessa habilidade da linguagem. Durante a produção da fala, quando os bebês ouvem, o que eles estão fazendo é obter estatísticas sobre a linguagem que ouvem. E essas distribuições crescem. Os bebês absorvem as estatísticas da linguagem e isso muda seus cérebros; ela os transforma de cidadãos do mundo em ouvintes ligados à cultura que somos. (KUHL, 2011, tradução nossa, informação verbal). 26 Dessa forma, até os sete anos de idade o cérebro está em desenvolvimento e depois desse período há um declínio na absorção de aprendizagem. Com a questão da fala, não é diferente, aprender uma nova língua é muito mais eficaz na infância do que na vida adulta. É importante ressaltar que falar com a criança desde cedo duas línguas ao mesmo tempo tem muito mais possibilidade de no futuro se tornar um adulto bilíngue do que uma criança que não escuta uma segunda língua. Isso acontece pelo fato de a criança aprender com o que está rodeado em sua volta, principalmente nos seus primeiros anos de vida: Se essa pessoa não fala muito com a criança, a criança tem muito menos chances de adquirir aquela língua. As pessoas seguidamente esquecem que as crianças não aprendem a partir do nada. Ao aprender a falar, as crianças precisam ouvir muita linguagem e precisam ter a oportunidade de falar bastante. Isso exige muito tempo e esforço, tanto na aquisição monolíngue quanto na bilíngue. (KUHL, 2011, tradução nossa, informação verbal). O que este capítulo mostrou foi uma revisão de diversos autores bilíngues sobre estudos sobre o cérebro. Existem, portanto, diferentes hipóteses em que Grosjean (1982) trouxe em seu livro: a do sistema estendido em que a linguagem é armazenada em locais em comum no cérebro e a do sistema duplo em que o local armazenado é diferente nas linguagens, sendo subconjuntos distintos. Para o autor, o cérebro bilíngue ainda é uma grande incógnita. Para Cummins (1979) conforme citado por García (2009) o bilíngue consegue fazer uso de cada língua separadamente de maneira que não faça confusões. 27 5. UMA LÍNGUA PREVALECE SOBRE A OUTRA? Muitos pais ficam em dúvida em matricular ou não os filhos em uma escola bilíngue, pois tem receio de que aprender duas línguas ao mesmo tempo irá atrapalhar o desenvolvimento da criança. Segundo Grosjean (1982) já houve e ainda há muito questionamento entre os pesquisadores e educadores sobre os efeitos do bilinguismo na criança. Alguns defendem que o bilinguismo tem efeitos negativos no desenvolvimento da linguagem, no crescimento cognitivo e na inteligência. Outros afirmam que os efeitos são bem positivos e que a criança não fica somente à frente nos estudos, mas tem uma maior flexibilidade cognitiva. Há cem anos muitos pesquisadores concordavam com o famoso linguista Otto Jespersen (1922 apud Grosjean, 1982) que escreveu que é óbvio a vantagem para uma criança ser familiarizada com duas línguas, porém essa vantagem pode ser questionada. Primeiramente a criança em questão raramente aprende duas línguas perfeitamente, pode parecer, a princípio, que ela fale como uma pessoa nativa, porém ela não domina totalmente essa linguagem. Em segundo lugar, o esforço requerido pelo cérebro para dominar as duas línguas certamente diminui o poder da criança em aprender outras coisas. Desde o início do século passado havia e ainda há muito debate entre pesquisadores e educadores sobre os efeitos do bilinguismo na criança. Alguns sustentam que o bilinguismo tem efeitos negativos no desenvolvimento da linguagem, no crescimento cognitivo e na inteligência. Outros afirmam que há efeitos positivos e que a criança não somente fica a frente na escola mas que tem uma grande flexibilidade e criatividade. É claro que existe uma vantagem para a criança ser familiar com duas línguas: mas sem dúvida essa vantagem pode ter, e geralmente tem duras consequências. primeiramente a criança em questão dificilmente aprende qualquer uma das duas línguas tão perfeitamente como se ela fosse limitada apenas uma. Pode parecer, a princípio, que ela fale como um nativo, porém ela na realidade não tem domínio de todos os pontos da língua, em segundo lugar o esforço requerido pelo cérebro para dominar duas línguas ao invés de uma certamente diminui o poder de adquirir outras coisas que devem ser aprendidas. (OTTO, 1922, p.148 apud Grosjean 1982 pág. 220). 28 No nível de desenvolvimento da linguagem, pesquisadores encontraram muitos problemas, tais como vocabulário restrito, estruturas gramaticais limitadas, troca de ordem de palavras e erros em morfologia, entre outros. Eles também notaram que dentro das escolas as crianças mostraram uma certa falta de interesse e iniciativa, não conseguiam se ajustar e que ficavam atrás quando comparadas com crianças monolíngues. (Tireman, 1955, Kelley, 1936, Macnamara, 1966, Saer (1923), Darcy (1946) e Jones e Stewart (1951 apud Grosjean 1982). É de suma importância destacar que esses achados negativos sobre a educação bilíngue foram pesquisados antes da década de 1960. Após esse período, os achados obtidos foram somente positivos. Em 1962 foi realizado um estudo de grande impacto nesse campo. Pesquisadores escolheram crianças de dez anos de seis escolas canadenses e as compararam. Nesta seleção estavam bilíngues de inglês e francês: foram então submetidas a uma bateria de testes. As crianças bilíngues tiveram melhores resultados nos testes de QI tanto verbais como não verbais. Além disso, os subtestes mostraram que os bilíngues têm uma estrutura mais diversificada de inteligência e maior flexibilidade cognitiva, maior criatividade e maior pensamento divergente. Os testes também mostraram que os bilíngues também estavam a frente em conteúdo na escola e que suas atitudes eram mais favoráveis do que a de seus colegas monolingues: Não é possível afirmar com esse estudo se a criança mais inteligente se tornou bilíngue ou se o bilinguismo desenvolveu mais o seu intelecto, porém não há dúvida sobre o fato de que ela é intelectualmente superior. (PEAL; LAMBERT, 1962, p.20 apud GROSJEAN, 1982, p.221). A hipótese do Limiar é uma tentativa de resolver a aparente inconsistência nos resultados de estudos da relação entre bilinguismo e cognição. Criada por Cummins (1979) , ela é baseada no nível mínimo necessário de aprendizado. Sendo assim, uma tentativa de esclarecer as vantagens e desvantagens do ensino bilíngue em relação à cognição. Essa hipótese sugere que o nível de proficiência que as crianças bilíngues alcançam, em seus dois idiomas, atua como uma variável que intervém na mediação dos efeitos de suas experiências de aprendizagem bilíngue na cognição. Especificamente pode haver níveis lineares de proficiência linguística para que crianças bilíngues devem atingir, tanto a fim de evitar déficits cognitivos como para permitir aspectos potencialmente benéficos de se tornarem bilíngues para influenciar o crescimento cognitivo delas. 29 Para a criança ter um bom desempenho cognitivo nos dois idiomas é necessário que ela atinja um conhecimento mínimo necessário (igual a limiar) para o seu bom desenvolvimento. Dessa maneira, se a criança não desenvolveu o mínimo da língua portuguesa, ela não desenvolverá o inglês: A hipótese do limiar pressupõe que esses aspectos do bilinguismo que poderiam influenciar positivamente o crescimento cognitivo são pouco prováveis para entrarem em ação até que a criança tenha atingido o nível mínimo ou de nível de proficiência em um segundo idioma. Similarmente, se uma criança bilíngue atinge somente o nível muito baixo de proficiência em uma segunda (ou primeira) língua, a interação com o ambiente através desse idioma, tanto em termos de entrada quanto de saída, provavelmente ficaria empobrecido. (CUMMINS, 1979, p.229-230, tradução nossa). Figura 2: Efeitos cognitivos de diferentes tipos de bilinguismo Fonte:Toukomaa; Skutnabb-Kangas, 1977 apud Cummins, 1979. Esse limiar pode ser visto na figura ´´Efeitos cognitivos de diferentes tipos de bilinguismo´´ (adaptado de Toukomaa; Skutnabb-Kangas, 1977) que os efeitos cognitivos e acadêmicos negativos são dados como hipótese que resultam dos baixos níveis de proficiência em ambas as línguas ou o que pesquisadores escandinavos (Hunsegard, 1967, Squtnabb-Kangas e Toukomaa, 1976) denominaram de semilinguismo ou duplo semi linguismo. A figura mostra que dependendo do nível limiar do ensino bilíngue, ou seja, do 30 nível mínimo necessário que o estudante atingir, ele obterá três níveis diferentes de resultado que são: a) acumulativo (alto nível nos dois idiomas) que haverá um resultado cognitivo positivo. b) bilinguismo dominante (nível fluente em apenas uma das línguas) resultado neutro, ou seja, nem positivo nem negativo. c) semilinguismo (baixo nível de fluência em ambas as línguas) o resultado será negativo. A criança cuja prática de compreensão de leitura está pouco desenvolvida será deficiente em assimilar a maior parte dos tipos de conteúdo temático após as séries iniciais. Cummins (1976 apud OLSON, 1977) têm sugerido que a aquisição da prática de alfabetização tem maior importância cognitiva geral na medida em que pode ser o meio pelo qual a criança se torna proficiente em usar as funções lógicas de idealização do idioma. Segundo Cummins (1979) visto que a L1 do estudante bilíngue foi dominante ou não teve nenhum perigo de substituição pela segunda língua, consequentemente, o aluno adiciona um outro idioma ao seu repertório de práticas na sua proficiência da língua mãe sem prejuízos. Dessa forma, é necessário que a língua materna seja bem desenvolvida antes de inserir a criança na língua estrangeira. Os atrasos cognitivos dos primeiros anos de imersão bilíngues são poucos, porque nesse período a interação da criança com o ambiente e a cognição dependem menos do conhecimento do idioma. Possivelmente uma das razões do porquê nenhum atraso cognitivo tem sido observado nos anos iniciais dos programas de imersão (quando o aprendizado é totalmente através da segunda língua) é que durante esses anos a interação das crianças com o ambiente, e consequentemente o desenvolvimento cognitivo, é menos dependente da mediação do idioma do que nos anos mais avançados. Isso pode dar a essas crianças um fôlego pelo qual elas podem ganhar a prática na segunda língua necessária para se beneficiar ao máximo de um ambiente cada vez mais simbólico (Cummins, 1976, 230-231, tradução nossa). 31 A hipótese da interdependência do desenvolvimento Cummins (1976 apud Toukomaa e Skutnabb-Kangas 1977) é uma outra hipótese que propõe que o nível de proficiência da segunda língua que uma criança bilíngue atinge é em parte uma função do tipo de proficiência que a criança desenvolveu na língua mãe no tempo em que a exposição intensa à segunda língua começa. Quando o uso de certas funções de linguagem e do desenvolvimento do vocabulário da L1 e conceitos são fortemente promovidos pelo ambiente linguístico da criança fora da escola, como no caso da maioria das crianças de classe média em programa de imersão, então a exposição intensa à segunda língua provavelmente resultará em altos níveis de proficiência sem nenhum custo para a proficiência da língua mãe. Para Cummins (1976 apud Toukomaa e Skutnabb-Kangas 1977) o alto nível inicial do desenvolvimento da língua torna possível o desenvolvimento de níveis similares de proficiência na segunda língua. De qualquer maneira, para as crianças cuja a prática da língua mãe está menos desenvolvida em certos aspectos, a exposição intensa à segunda língua nas séries iniciais provavelmente retardará o desenvolvimento contínuo da língua mãe. Isso, por sua vez, exercerá um efeito limitante no desenvolvimento da segunda língua. Em suma, a hipótese propõe que há uma interação entre o idioma de aprendizagem e o tipo de proficiência que a criança desenvolveu na sua língua mãe antes da escola. A conquista do limiar de capacidade da segunda língua depende do nível conseguido na língua estrangeira pela criança. Diante disso, é necessário que as crianças tenham o contato com o português nas escolas bilíngues, tanto no vocabulário quanto na escrita para que consigam atingir o seu limiar de capacidade linguística: A base para possível conquista do limiar de proficiência da segunda língua parece ser o nível obtido na língua mãe. Se em um estágio inicial de seu desenvolvimento uma criança de minoria (linguística) se encontra em um ambiente de aprendizagem de língua estrangeira, sem ao mesmo tempo receber o suporte necessário na sua língua mãe, o desenvolvimento de sua prática na língua mãe se lentifica o até cessará, deixando a criança sem uma base para aprender a segunda língua o suficiente para atingir o limiar nela (CUMMINS, 1979, p.233 apud TOUKOMAA; SKUTNABB-KANGAS, 1977, p.28, tradução nossa). As hipóteses acima defendem que o nível de capacidade do inglês que uma criança consegue obter será maior se ela tiver um nível melhor de desenvolvimento da língua materna na época que ela começou a ter contato com a língua estrangeira. 32 Para De Houwer (2005) há uma diferença entre o bilinguismo (português e inglês) e falar somente o inglês. No primeiro caso a primeira língua não é deixada de lado, diferente do que muitas escolas bilíngues fazem, o qual não permite que o aluno fale o português. Portanto, é de suma importância que a criança desenvolva o português também, para que não tenha dificuldades em se comunicar com a sua própria língua: Geralmente, se as pessoas vêem problemas com a situação bilíngue, não é o fato de o input ter sido dado nas duas línguas que é realmente o problema, mas o fato de que foi dado input insuficiente nas duas línguas (ou em uma das duas). Infelizmente, muitos pais desconhecem isso. (DE HOWER, 2005, p.3, tradução de Gabriel de Ávila Othero.) De Hower (2005) explica que deve haver um estímulo de ambas as línguas. Caso haja um estímulo maior em uma das línguas que na outra, como nos casos que o português é deixado de lado, a língua que não houve o input vai ser menos dominante que a outra. Diante disso, as crianças que aprendem o inglês precisam de um input frequente e consistente em ambas as línguas que elas precisam aprender para que não ocorra o problema da dominância linguística e a português não tenha sido desenvolvido o suficiente para que a criança não tenha problema em se comunicar no seu país com a sua língua materna. O problema de ensinar somente o inglês e não desenvolver o português da mesma maneira influencia negativamente tanto o educacional quanto o social do aluno. Segundo (MCLAUGHLIN, 1978) citado por (GROSJEAN, 1982) há dois tipos de aquisição de duas línguas: uma criança que adquire as duas línguas antes dos três anos é considerada como um aprendizado simultâneo, enquanto a outra criança que aprende uma língua na infância e a segunda após os três anos faz isso sucessivamente. Nota-se que a qualidade do bilinguismo adquirido não está relacionada com o fato dessas duas línguas serem aprofundadas simultaneamente ou sucessivamente. São os fatores psicossociais, tais como o uso da língua na família ou na escola que irão ter relação com a fluência e por quanto tempo a criança será bilíngue. Não podemos deixar de ressaltar a importância de mantermos essas duas línguas ativas. (LEOPOLD, 1970) citado por (GROSJEAN, 1982) estudos documentados por Leopold, uma criança que já tinha contato com as duas línguas e já consegue diferenciá-las, quanto exposta a apenas uma delas pode perder o bilinguismo. 33 Padilla e Lielman (1975) conforme citado por Grosjean (1982) os pesquisadores não concordam plenamente com o fato da criança na primeira infância passarem por um estágio inicial de aprendizagem misto, ou melhor, que a criança seja capaz de manter as duas línguas separadas nos padrões de cada uma delas. Ou se cada língua seja capaz de se desenvolver independentemente da outra como o mesmo padrão de aquisição como é feito no aprendizado das crianças monolíngues. p.182. e 183 [..] cada linguagem é capaz de desenvolver independentemente da outra com o mesmo padrão de aquisição como é encontrado em crianças monolíngues [..] (BERGMAN, 1976, p.88, apud, GRONSJEAN, 1982, p.183). (Slolin, 1973) citado por (Grosjean, 1982) diz que há duas razões para uma criança bilíngue mostrar dominância em uma das línguas. A primeira é que certas construções linguísticas são mais difíceis de eternizar e produzir em uma das línguas. A segunda é que uma criança pode ser mais exposta ou precisar mais de uma língua do que da outra. Contudo, a principal razão para essa dominância em uma língua é na verdade a maior exposição e necessidade para se comunicar com as pessoas no seu meio imediato. É raro que ambas as línguas sejam necessárias simultaneamente no desenvolvimento da linguagem. De acordo com McLaughlin (1978) citado por Grosjean (1982) interferências sempre irão acontecer, porém geralmente não irão interferir na dominância das duas línguas, se ambas forem mantidas em equilíbrio claramente definido. Uma língua prevalece sobre a outra? Esse questionamento pode ser respondido neste capítulo: através de vários educadores e linguistas conforme citado nesta revisão, uma língua somente prevalece sobre a outra se caso uma delas tiver um input maior do que na outra. Dessa forma, somente quando há um alto desenvolvimento linguístico em ambas as línguas (português e inglês) ocorre um resultado cognitivo positivo para a criança. Portanto, é de suma importância desenvolver com os alunos o mínimo da L1 e o mínimo da L2 para que não ocorra um prevalecimento de uma língua sobre a outra. 34 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS Observamos ao longo dos anos, muitos estudos acerca da educação bilíngue. Há trinta anos, por exemplo, achava-se que o bilinguismo poderia ocasionar um distúrbio cognitivo, capaz de comprometer o desenvolvimento escolar das crianças que faziam o uso regular de duas ou mais línguas. Havia a crença de que adquirir duas línguas desde o nascimento seria prejudicial ao desenvolvimento da linguagem, obstruindo-a, ou retardando-a. (BAKER, 2006, apud PESSOA; MACIEL, 2020). Entretanto, as atitudes para com a tolerância linguística foram mudando e as pesquisas trouxeram outras acepções mais positivas ao bilinguismo. Os estudos avançaram e com eles surgiram as descobertas significativas. Evidenciou-se que os bebês aparentavam estar biologicamente prontos para adquirir, armazenar e diferenciar duas ou mais línguas desde o nascimento, sendo o bilinguismo infantil normal e natural, além de ser benéfico em vários aspectos: cognitivamente, culturalmente, comunicativamente para otimização curricular e para aumentar as chances de emprego e promoção. (PESSOA; MACIEL, 2020). Ratificam a boa acepção do bilinguismo conclusões tais como a melhora da flexibilidade mental, da capacidade e habilidade de pensar abstratamente, a superioridade de formação de conceitos de palavras, a criatividade, a consciência metalinguística, a sensibilidade comunicativa e a confiança no aprendizado de mais línguas. (BAKER, 2006 apud PESSOA; MACIEL, 2020). Como já mencionado anteriormente, pesquisas evoluíram nesta área principalmente na década de 1960 e os achados obtidos foram muito favoráveis à educação bilíngue. Muitas dúvidas e preocupações com respeito a idade correta para se iniciar uma nova língua ou mesmo se crianças bilíngues são confusas ou podem desenvolver desordens linguísticas podem ser respondidas nesta revisão. Portanto, ser alfabetizado em duas línguas desenvolve mais o cognitivo e também o social e teremos pessoas críticas, reflexivas e autônomas: Alfabetizar e letrar a criança, também, em uma língua estrangeira, possibilitará a ela estabelecer relações com diversos conhecimentos, o que ajudará no seu desenvolvimento cognitivo e na sua formação de pessoas críticas, reflexivas e autônomas. (FURTADO, 2007, p.109). A linguagem segundo a professora Kuhl (2011) do ínstitute for Learning and Brain Sciences (Instituto de Aprendizagens e Ciências do Cérebro em português) tem um período crítico para o aprendizado. Até os sete anos a criança tem facilidade para o aprendizado de um 35 novo idioma e após a puberdade há um declínio dessa habilidade. Então vemos que a melhor idade ainda para se iniciar uma nova língua é até sete anos. Para Dias (2019) conhecimentos e habilidades são transferíveis de uma língua para outra e suas hipóteses não são encaradas como erros ou confusões, mas como um fenômeno a ser trabalhado de maneira intencional pelo professor. Diante dos resultados obtidos em nossa revisão da literatura, pode-se concluir que o bilinguismo nos anos iniciais da educação infantil bem como na educação dos adolescentes é positivo e agrega bastante no desenvolvimento cognitivo, ligados à atenção, à memória, ao raciocínio lógico e à criatividade. Como vimos anteriormente, para Cummins (1979) duas línguas de um indivíduo bilíngue não são armazenadas separadamente no cérebro, mas coexistem e se posicionam numa base comum, e não separada da proficiência das línguas. Dessa forma, o bilíngue consegue fazer uso de cada língua separadamente sem confusões e erros. Antes da década de 1960 os estudos mostram que haviam efeitos negativos do bilinguismo, porém nesta revisão, vimos que as pesquisas evoluíram e mostraram que os efeitos de educar uma criança em duas línguas é benéfico. Como foi mencionado anteriormente, o nível limiar descrito por Cummins (1979) é de extrema importância para os estudos bilíngues. Esse estudo mostrou a necessidade da criança aprender bem e desenvolver a língua materna com o suporte necessário, para que consiga aprender uma nova língua. Caso a criança desenvolva apenas uma língua, os efeitos serão negativos para a cognição. Em relação ao social, esta revisão mostrou que o bilinguismo tem crescido cada vez mais no Brasil, com o aumento significativo de escolas bilíngues. Como vimos em relatos da literatura, a educação bilíngue está presente em todos os países, em todas as classes sociais, e em todas as faixas etárias, constituindo dois terços da população mundial. O bilinguismo infantil está se consolidando como uma tendência marcante na educação brasileira: Nessa perspectiva, a educação bilíngue passa a ser um bem cultural ou uma vantagem a ser buscada pelo indivíduo. (PESSOA; MACIEL, 2020, p.3). 36 A escola bilíngue deverá operar através de duas línguas e tem como um de seus objetivos centrais proporcionar aos alunos interagir em práticas sociais diversas por meio de dois idiomas. Esta escola deverá preocupar-se com o aprendizado de seus alunos nas áreas em que são ministrados cada uma dessas línguas. É fundamental que o aluno compreenda o conteúdo da disciplina e construa um conhecimento linguístico para discorrer oralmente e por escrito sobre o tema, utilizando vocabulário e estruturas adequadas a esta área do conhecimento. (MEGALE, 2019). Segundo Megale, o conhecimento de uma nova língua vai possibilitar que o indivíduo compreenda o mundo de uma forma ampla. Ele passa a confrontar visões de mundos distintos que não circulam na comunidade imediata e amplia seu repertório cultural e sua perspectiva. A educação bilíngue tem crescido no país, mas ainda é uma educação voltada para as camadas sociais e econômicas mais favorecidas. Como foi mostrado na Tabela 1 - Distribuição de escolas bilíngues por estado brasileiro (elaboração nossa, 2024) o estado de São Paulo é o que concentra maior número de escolas dessa linhagem. Para Megale (2019) somente por meio de uma compreensão mais ampla sobre o desenvolvimento do bilinguismo sobre suas possibilidades de formação de sujeitos e também sobre as condições sociais, econômicas, históricas e psicológicas que envolvem a questão ocorrerá a desmistificação da educação bilíngue, esclarecendo, assim, as diversas alternativas existentes e seus possíveis desdobramentos. A autora também enfatiza que nós devemos nos atentar para não reforçar o caráter excludente e elitista da educação bilingue de línguas de prestígio no Brasil. Portanto, para uma educação bilíngue de qualidade é essencial o investimento na formação continuada dos professores de nossas escolas para que possamos oportunizar aos estudantes formação consistente e de fato adequada às demandas da sociedade contemporânea. (MEGALE, 2019). 37 REFERÊNCIAS ABEBI. Cresce o número de escolas com programas bilíngue no Brasil. 2021. Elaborada por Dino. Disponível em: https://www.terra.com.br/noticias/cresce-o-numero-de-escolas-com-programas-bilingue-no-br asil,98a283ce7ce31cfa8424de707cecf1894ak6tnl2.html. Acesso em: 15 fev. 2024. ARCHANJO, Renata. Globalização e Multilingualismo no Brasil Competência Linguística e o Programa Ciência Sem Fronteiras. Revista Brasileira de Linguística Aplicada, Belo Horizonte, v. 15, n. 3, p. 621-656, 2015. 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