UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” FACULDADE DE MEDICINA LAURA QUEÇADA GIORGI TRANSTORNO MENTAL COMUM EM ESTUDANTES CONCLUINTES DE CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM: PREVALÊNCIA E FATORES ASSOCIADOS BOTUCATU 2024 Laura Queçada Giorgi TRANSTORNO MENTAL COMUM EM ESTUDANTES CONCLUINTES DE CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM: PREVALÊNCIA E FATORES ASSOCIADOS Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação em Enfermagem, realizado na Faculdade de Medicina de Botucatu – “Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho”, como requisito para obtenção do Título de Enfermeiro. Orientadora: Profa. Dra. Marli Teresinha Cassamassimo Duarte Botucatu 2024 Laura Queçada Giorgi TRANSTORNO MENTAL COMUM EM ESTUDANTES CONCLUINTES DE CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM: PREVALÊNCIA E FATORES ASSOCIADOS Relatório final apresentado a Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Campus Botucatu como parte das exigências para a obtenção do título de Enfermeiro Orientadora: Prof.ª Dr.ª Marli Teresinha Cassamassimo Duarte Banca Examinadora: Prof.ª Dr.ª Marli Teresinha Cassamassimo Duarte Orientadora – Departamento de Enfermagem da Faculdade de Medicina de Botucatu, UNESP. Prof.ª Dr.ª Juliane Andrade Docente do Departamento de Enfermagem da Faculdade de Medicina de Botucatu, UNESP. Prof.ª Dr.ª Mariana Alice de Oliveira Ignácio Docente do Departamento de Enfermagem da Faculdade de Medicina de Botucatu, UNESP. Botucatu, 18 de novembro de 2024 AGRADECIMENTOS Agradeço preliminarmente aos orixás e aos meus guias, que me cuidam e protegem, me ajudando a trilhar meu caminho. Agradeço principalmente à minha mãe Priscila, minha irmã Laís, minha avó Ângela e ao meu padrasto Leandro, obrigada por estarem dispostos, me escutarem, acolherem, se reconstruírem e estarem presentes comigo durante toda essa caminhada, eu amo vocês! Agradeço à minha família, sem vocês não sou nada, meu constructo vem de vocês, obrigada por estarem junto a mim e por celebrarem cada passo meu, essa conquista é nossa. Deixo minha eterna gratidão ao meu finado avô, Edson Queçada, o senhor foi e é essencial para a minha vida e para quem estou me tornando. Expresso minha imensa gratidão ao meu anjinho de quatro patas, Raya, sem você e sua rápida passagem em minha vida mamãe não sabe onde estaria agora. Agradeço à Manuela dos Santos Poiana, minha confidente e refúgio, obrigada por me escutar, sendo uma explicação do porquê acho um vídeo engraçado, a elucidação de uma matéria e até mesmo debates socioculturais, obrigada por acreditar em mim e me cuidar todos os dias, te amo! Agradeço ás minhas amigas de longa data, Carolina de Medeiros Silva e Maria Julia Queirós da Silva, que sempre estiveram e estão prontas para me ajudar a lidar com as questões diárias do dia a dia, das risadas até o assunto com maior seriedade, me orgulho de vocês e de poder fazer parte das suas vidas todos os dias. Agradeço à Gabriela Soares, ao Eric Lasso e à Lívia Pasterchak, vocês são acolhimento, cafezinho no final do dia e acalento para meu coração. Agradeço aos meus colegas de turma, em especial aos meus docinhos, sem vocês a graduação não teria tido a mesma luz e alegria que teve. Obrigada por partilharem esse momento tão especial comigo, me escutarem por vezes falar do mesmo assunto incansavelmente e me acolherem, sou demasiadamente feliz por compartilhar a categoria de Enfermeiro com vocês. Agradeço especialmente às minhas amigas Ayla Silveira e à Mariana Mistrinel, dividir o peso das questões diárias e as alegrias com vocês é essencial, me orgulho muito de vocês duas e sou imensamente feliz por fazer parte da vida de vocês. Agradeço à minha República “Toma Todas”, que me acolheu ao longo da minha jornada, obrigada pelos momentos de alegria, choro, conversas e experiências compartilhadas, filha e mamãe Fisk ama vocês. Deixo meu agradecimento especial à minha orientadora Professora Marli, que acreditou em mim desde o início da nossa jornada, sua contribuição para mim é inenarrável. Agradeço imensamente às Enfermeiras Jéssica Brosler, Julia Roquim e Mariana Sase por todos os ensinamentos, conselhos e apoio, vocês são espelhos para mim. Agradeço a todos os professores que já passaram em minha jornada, em especial aos meus professores do coração, que lecionaram e estiveram comigo em diversos momentos durante a minha jornada como graduanda, vocês foram e são essenciais para a nova Enfermeira que nasce em mim, assim como para a minha construção pessoal. Deixo meu profundo agradecimento a todos os pacientes que encontrei pela minha jornada até o dado momento, nossas trocas foram primordiais para mim, tanto profissionalmente, quanto no âmbito pessoal. Agradeço a todos os profissionais que passaram e puderam me acompanhar e ensinar ao longo da minha formação, me inspirando e me moldando como Enfermeira. Deixo meus agradecimentos ao Hélio, que foi essencial na análise e interpretação dos dados deste trabalho. Por fim, agradeço ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CPNq) que financiou este trabalho, acreditando no potencial e capacidade do mesmo. Giorgi, LQ. “Transtorno Mental Comum em Estudantes de Curso de Graduação em Enfermagem: Prevalência e Fatores Associados”. 2024. 45 pág. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Enfermagem), Universidade Estadual Paulista, Botucatu, 2024. RESUMO Introdução:. O transtorno mental comum (TMC) é caracterizado pela presença de sintomas ansiosos, depressivos ou ainda somatoformes. Estudantes universitários estão expostos a uma série de fatores de risco para o desenvolvimento de TMC, sendo que os discentes da área da saúde acabam ainda por ter agravantes a mais como o contato direto com o sofrimento psíquico, podendo aumentar as chances de desenvolver TMC. A literatura nacional é escassa sobre a prevalência e fatores associados ao TMC entre estudantes de enfermagem, dessa forma destaca-se a importância do presente trabalho. Objetivo do presente trabalho foi estudar a prevalência de TMC os fatores associados ao aumento da pontuação do Self Reporting Questionnaire em estudantes de último ano de curso de graduação em enfermagem. Método: Estudo transversal, desenvolvido junto a um curso de graduação em Enfermagem de uma Universidade Pública do interior do Estado de São Paulo. A população do estudo constituiu-se por estudantes concluintes das turmas de 2023 a 2024. Para o levantamento da prevalência e fatores associados ao TMC nesses discentes do último semestre da graduação, foi aplicado o Self Reporting Questionnaire (SRQ-20). As variáveis analisadas foram: sociodemográficas, motivação para a aprendizagem, empregando a escala de Avaliação da Motivação para Aprender para Universitários (EMA-U) e ano de conclusão do curso. Os dados foram coletados por meio de questionário autopreenchível. A análise foi realizada por meio de regressões lineares simples com resposta Normal. As variáveis que apresentaram associação com p < 0,20 foram inseridas em um modelo de regressão linear múltipla com resposta Normal. As variáveis foram consideradas estatisticamente significativas se p < 0,05. As análises foram feitas no software SPSS 21. Estudo aprovado por Comitê de Ética Local (Parecer Nº 6.175.408). Resultados: Participaram do estudo 59 alunos. A mediana de idade dos estudantes foi de 23 anos, predominaram aqueles que se encontravam na faixa etária entre 20 a 25 anos, do sexo feminino, de cor da pele autodeclarada branca, que não viviam com a parceria, católicos e que completaram o ensino médio em escola pública. A mediana da pontuação da EMA-U das duas turmas foi de 81 pontos, a da pontuação do SRQ-20, em conjunto foi de 11 pontos, sem diferença estatística entre as turmas. A idade, a cor parda e a pontuação da EMA-U associaram-se independentemente à pontuação do SRQ-20. Conclusão: A pesquisa apontou elevada prevalência de TMC entre os estudantes participantes e sugere que a gestão mantenha atenção aos estudantes com maior idade e que apresentem menor motivação durante o processo ensino-aprendizagem, atentando-se para aqueles com esse perfil, por mais que ter declarado cor da pele parda reduziu a pontuação do SRQ-20, esse grupo deve também receber atenção diferenciada. Palavras-chave: Bacharelado em Enfermagem; Depressão; Ansiedade; Fatores Associados. Giorgi, LQ. "Common Mental Disorder in Undergraduate Nursing Students: Prevalence and Associated Factors". 2024. 45 p. Final Paper (Bachelor's Degree in Nursing), São Paulo State University, Botucatu, 2024. ABSTRACT Introduction: Common mental disorders (CMD) are characterized by the presence of anxiety, depression, or somatoform symptoms. College students are exposed to a series of risk factors for the development of CMD, and students in the health field end up having additional aggravating factors such as direct contact with psychological distress, which may increase the chances of developing CMD. National literature is scarce on the prevalence and factors associated with CMD among nursing students. Thus, the objective of the present study was to study the prevalence of CMD, the factors associated with increased Self Reporting Questionnaire scores in undergraduate nursing students.. Method: Cross-sectional study, developed in an undergraduate Nursing course at a Public University in the interior of the State of São Paulo. The study population consisted of students graduating from the classes of 2023 to 2024. To survey the prevalence and factors associated with CMD in these students in the last semester of the undergraduate course, the Self-Reporting Questionnaire (SRQ-20) was applied. The variables analyzed were: sociodemographic, motivation for learning, using the Assessment of Motivation to Learn for University Students (EMA-U) scale, and year of course completion. Data were collected using a self-administered questionnaire. Each independent variable was associated with the outcome through simple linear regressions with Normal response. Variables that showed an association with p < 0.20 were entered into a multiple linear regression model with Normal response. Variables were considered statistically significant if p < 0.05. The analyses were performed using SPSS 21 softwares. The study was approved by the Local Ethics Committee (Opinion No. 6,175,408). Results: The median age of the students was 23 years, with a predominance of those between 20 and 25 years of age, female, self-declared white, not living with a partner, Catholic and who completed high school in a public school. The median EMA-U score for both classes was 81 points, and the median SRQ-20 score was 11 points, with no statistical difference between the classes. Age, brown skin color and EMA-U score were independently associated with SRQ-20 score. Conclusion: The research indicated a high prevalence of CMD among the participating students and suggests that management pay attention to older students who are less motivated during the teaching-learning process, paying attention to those with this profile, even though declaring brown skin color reduced the SRQ-20 score, this group should also receive special attention. Keywords: Baccalaureate Nursing Education; Depression; Anxiety; Associated Factors. LISTA DE TABELAS E FIGURAS Tabela 1 Características sociodemográficas das turmas de estudantes de último ano de curso de graduação em Enfermagem de escola pública do interior do Estado de São Paulo (n=59). 2023 e 2024............................................................................................................. 20 Tabela 2 Pontuação da Escala de Motivação para Aprender de Universitários (EMA-U) e Self Reporting Questionnaire (SRQ-20) das turmas de estudantes de último ano de curso de graduação em Enfermagem de escola pública do interior do Estado de São Paulo (n=59). 2023 e 2024............................................................................................................. 21 Tabela 3 Regressão linear simples e múltipla entre a pontuação do Self Reporting Questionnaire e variáveis sociodemográficas e pontuação da escala de motivação para aprender de universitários (EMA-U) (n=59). 2023 e 2024 ..................................................................................................................... 23 Figura 1 Presença e ausência de transtorno mental comum (TMC) de acordo com pontuação do Self Reporting Questionnaire, das turmas de estudantes de último ano de curso de graduação em Enfermagem de escola pública do interior do Estado de São Paulo (n=59). 2023 e 2024 ..................................................................................................................... 22 LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS CAPS - Centro de Atenção Psicossocial CEP - Comitê de Ética em Pesquisa CNS - Conselho Nacional de Saúde EMA-U - Escala de Avaliação da Motivação para Aprender de Universitários OMS - Organização Mundial da Saúde MS - Ministério da Saúde OPAS - Organização Pan-Americana da Saúde RAPS - Rede de Atenção Psicossocial SRQ - Self Reporting Questionnaire SUS - Sistema Único de Saúde TCC - Trabalho de Conclusão de Curso TCLE - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido TM - Transtorno Mental TMC - Transtorno Mental Comum WHO - World Health Organization SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 12 2 OBJETIVO ................................................................................................................. 16 3 MÉTODO .................................................................................................................... 17 3.1 Desenho e Campo do Estudo ................................................................................. 17 3.2 População do Estudo, Critérios de Inclusão e Exclusão ....................................... 17 3.3 Variáveis em estudo ............................................................................................... 17 3.4 Coleta e Análise dos dados .................................................................................... 18 3.5 Aspectos éticos ...................................................................................................... 19 3.6 Financiamento ........................................................................................................ 19 4 RESULTADOS ........................................................................................................... 20 5 DISCUSSÃO ............................................................................................................... 24 6 CONCLUSÃO ............................................................................................................. 28 REFERÊNCIAS ............................................................................................................ 29 APÊNDICES..................................................................................................................32 ANEXOS.........................................................................................................................39 1 INTRODUÇÃO Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), saúde mental “é um estado de bem-estar mental que permite às pessoas lidar com o stress da vida, realizar as suas capacidades, aprender bem e trabalhar bem, e contribuir para a sua comunidade”. Ainda pontua que ela pode ser prejudicada ou protegida por fatores individuais, familiares e estruturais (OMS, 2017). As pessoas que são e foram expostas a circunstâncias adversas como violências, pobreza, deficiência e desigualdade correm maior risco de desenvolver algum problema de saúde mental. Dessa forma, a compreensão da saúde mental não é unifatorial, mas a interação do ambiente e do ser humano, seus fatores ambientais, psicológicos, sociais, econômicos e políticos (OMS, 2014). Transtornos mentais (TM) derivam-se de um desequilíbrio da saúde mental, tornando-a patológica (Brasil, 2008). Os TM são as principais causas de incapacidade, sendo que, segundo a OMS, desde 2000, tanto os transtornos depressivos quanto os de ansiedade têm estado consistentemente entre as dez principais causas de todos os anos vividos com incapacidade, em todo o mundo (OPAS, 2022). Além disso, a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) indica que pessoas com graves condições de saúde mental têm expectativa de vida reduzida em, aproximadamente, 10 a 20 anos em comparação com a população em geral (OPAS, 2022). O transtorno mental comum (TMC) é definido pela presença de sintomas ansiosos, depressivos ou somatoformes, como insônia, fadiga, lapsos de memória, irritabilidade, estresse, dificuldades de concentração, queixas somáticas e sentimentos de inutilidade, os quais podem indicar um diagnóstico de ansiedade e depressão não psicótica (Goldberg, 1994). Historicamente, além dos sintomas causados pelos TM, os indivíduos experienciam os estigmas e preconceitos produzidos pela sociedade, advindos de um contexto histórico onde pessoas com transtornos eram vistas como alienadas, “loucas”. Não apenas as pessoas com TM eram vistas dessa forma, mas todas aquelas que se comportavam de maneira diferenciada, sendo submetidas a condições de vida insalubres, presas, excluídas e marginalizadas da sociedade através de prisões e manicômios (Bayram, Nazan, 2008). Apenas com a mudança do século XVIII para o XIX que a “loucura” começou a ser vista como questão médica. Mesmo assim, as instituições psiquiátricas ainda eram tidas como sinal de repressão, onde os pacientes eram excluídos, isolados de suas famílias e do convívio social, submetidos a terapias atrozes como eletrochoques, malarioterapia e o uso do cardiazol (Bayram, Nazan, 2008). Dessa forma, há de se reconhecer que a história caminha até hoje para que pessoas portadoras de TM sejam devidamente tratadas e inseridas na sociedade da melhor maneira possível, sem desumanizá-las. Nesse sentido, um dos importantes marcos é a implementação da Lei nº 3.657 de 1989 (Brasil, 1989), que institui o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), componente fundamental da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS). Na atualidade do cenário brasileiro, ainda lidamos com a Reforma Psiquiátrica, que visa justamente cuidar e não excluir os indivíduos (Bayram, Nazan, 2008). A luta antimanicomial deve ser constante e ininterrupta, para que seja possível modificar e melhorar cada vez mais o cenário em que essas pessoas vivem. Sendo assim, é imprescindível destacar o panorama da pandemia de Covid-19, pois é evidenciada como um importante fator para a saúde mental, aumentando o índice de depressão e ansiedade em mais de 25% apenas em seu primeiro ano. Isso devido ao estresse causado pelo isolamento social, desemprego, afastamento familiar e de amigos, que foram consequência para que fosse possível a minimização e controle do cenário em que o mundo se encontrava (OPAS, 2022). De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2019, antes do surgimento da pandemia de Covid-19, estimava-se que 970 milhões de pessoas em todo o mundo viviam com algum transtorno mental, sendo que 82% delas residiam em países de baixa e média renda. Além disso, é estimado que, entre essas pessoas, 301 milhões viviam com ansiedade e 280 milhões sofriam de transtornos depressivos (incluindo transtorno depressivo maior e distimia). Assim, ao comparar os dados de 2019 com os de 2020, observa-se um aumento significativo, em apenas um ano, nos casos de transtornos depressivos e ansiosos (OMS, 2022). Em relação a esses distúrbios psíquicos, a OMS aponta que os homens são mais propensos a desenvolvê-los, devido ao uso de substâncias, enquanto as mulheres https://www.who.int/news/item/02-03-2022-covid-19-pandemic-triggers-25-increase-in-prevalence-of-anxiety-and-depression-worldwide desenvolvem cerca de 50% desses transtornos ao longo da vida, quando comparadas aos homens (OMS, 2022). Devido à subnotificação dos TM em certidões de óbito, torna-se complicada a quantificação e a relação deles à mortalidade. Porém, uma saúde mental afetada é muitas vezes um importante fator subjacente ou causal, este fenômeno pode ser atribuído ao fato de que regiões com uma maior prevalência de problemas de saúde mental tendem a apresentar taxas de mortalidade desproporcionalmente mais altas em comparação com a população geral (OMS, 2022). Ademais, é possível verificar o desenvolvimento maior de doenças cardiovasculares, respiratórias e infecções em pessoas com a saúde mental afetada, além de serem mais propensas a desenvolverem maus hábitos, que também podem ser desencadeadores de outras doenças, como o tabagismo, etilismo, alimentação pouco saudável e o sedentarismo. Sendo assim, a saúde mental constitui fator contribuinte importante para o quadro clínico de cada ser (OMS, 2022). No que tange ao cenário nacional de depressão e ansiedade, a Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que, em comparação com outros países da América Latina, o Brasil lidera em número de pessoas com depressão e ansiedade, abrangendo 9,3% da população. Ademais, o Brasil é o segundo país nas Américas com a maior prevalência desses transtornos (10,4%), tanto na atenção primária à saúde quanto isoladamente ou associados a transtornos físicos (Wellengton 2023; OMS, 2022). Universitários enfrentam desafios tanto pessoais quanto profissionais, que muitas vezes resultam em situações de grande estresse (Pompeo, 2021), além de estarem expostos a uma série de fatores de risco como o excesso de atividades, necessidade e cobrança para serem perfeitos, conciliação da vida acadêmica e morar sozinho, assumindo outras responsabilidades para aqueles que saíram de casa, além dos demais compromissos do dia a dia. Essas condições podem levar ao sedentarismo, e resultar na dificuldade de realização das tarefas diárias (Mirely, et al, 2017). Dessa forma, os universitários já possuem uma série de fatores desgastantes que podem aumentar as chances de desenvolver o transtorno mental comum (TMC). Os discentes da área da saúde acabam ainda por ter o agravante do contato com o sofrimento psíquico, a observação constante dos preceptores no cenário da prática, o medo de cometer erros e sentimentos de inadequação (Mirely, 2017). Além de que o sofrimento emocional desses estudantes não se limita a eles próprios, uma vez que existe o impacto emocional sobre sua relação com os pacientes (Leão, et al, 2018). Dessa forma, evidencia-se a importância do presente trabalho, para que seja possível analisar a prevalência do TMC e os fatores associados ao aumento da pontuação do Self Reporting Questionnaire em graduandos de enfermagem. Assim, a partir do conhecimento da população, torna-se possível delinear ações para minimizar essa problemática, que se mostra relevante, pertinente e acomete os estudantes, atrapalhando seu desempenho e, consequentemente, a qualidade do cuidado ainda na graduação e como futuro profissional. 2. OBJETIVOS 2.1. OBJETIVO GERAL Estudar a prevalência e os fatores associados ao transtorno mental comum em estudantes de último ano de curso de graduação em enfermagem. 2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS 2.2.1. Traçar o perfil sociodemográfico de estudantes concluintes de curso de graduação em enfermagem; 2.2.2. Determinar a prevalência de transtorno mental comum em grupo de estudantes concluintes de curso de graduação em enfermagem; 2.2.3. Identificar fatores associados ao aumento da pontuação no Self Reporting Questionnaire em grupo de estudantes concluintes de curso de graduação em enfermagem; 2.2.4. Comparar a prevalência de TMC entre as turmas de concluintes de curso de graduação em enfermagem de 2023 e 2024. 3. MÉTODO 3.1 Desenho e Campo do Estudo Estudo transversal, desenvolvido junto a um curso de graduação em Enfermagem de uma Universidade Pública do interior do Estado de São Paulo. Este estudo é uma parte de uma pesquisa mais abrangente intitulada “Impacto do Currículo Integrado no Ensino e Prática de Competências de Estudantes de Graduação em Enfermagem para o Cuidado em Saúde Sexual e Reprodutiva”. Seu objetivo é avaliar como o currículo integrado e orientado por competências influencia a formação dos alunos de graduação em Enfermagem, particularmente na aquisição e aplicação de competências transversais em saúde sexual e reprodutiva, dentro do contexto da atenção primária à saúde. 3.2 População do Estudo, Critérios de Inclusão e Exclusão A população do estudo constituiu-se do conjunto dos estudantes concluintes do curso de graduação em Enfermagem de uma Universidade Pública do interior do Estado de São Paulo, nos anos de 2023 e 2024, correspondendo a 30 e 29 estudantes, respectivamente, totalizando 59 alunos. Para participar do estudo, os critérios de inclusão eram: ter 18 anos ou mais e estar matriculado no último semestre do curso de graduação em enfermagem na instituição selecionada. Os critérios de exclusão incluíam não responder completamente aos instrumentos de coleta de dados ou estar afastado das atividades escolares por qualquer motivo durante o período de coleta. Contudo, essas situações não ocorreram e todos os estudantes foram incluídos no estudo. 3.3 Variáveis em estudo 3.3.1 Desfecho O desfecho estudado foi a presença de TMC. O rastreamento de Transtorno Mental Comum foi realizado por meio da aplicação do Self Reporting Questionnaire (SRQ-20) (Anexo I), desenvolvido por Harding et al (1980) e validado no Brasil por Mari e Williams (1986). Trata-se de um questionário que possibilita avaliar as condições gerais de saúde mental como ansiedade, depressão, insônia e outros sintomas de sofrimento psíquico, que têm sido denominados TMC. É composto por 20 questões com respostas do tipo binário (sim/não, com pontuação de 1 e 0, respectivamente), sendo o ponto de corte para homens 5/6 e para mulheres 7/8 (HARDING et al., 1980; MARI et al., 1986). 3.3.2 Variáveis de confundimento Sociodemográficas: idade em anos; sexo (masculino, feminino); cor da pele autodeclarada (branca, amarela, parda, preta); status conjugal (vive ou não com parceria); tipo de escola em que realizou o ensino médio (pública, privada); religião (católica, evangélica, espírita, umbanda, não tenho, outra) e ano de conclusão do curso (2023,2024); - Escala de Avaliação da Motivação para Aprender de Universitários (EMA-U) (ANEXO II). A escala consta com 26 itens fechados, em forma de escala Likert, sendo 14 de conteúdo intrínseco e 12 de conteúdo extrínseco. Os itens 1, 3, 4, 6, 7, 9, 11, 12, 14, 16, 19, 21, 22 e 24 referem-se à motivação intrínseca e os itens, 2, 5, 8, 10, 13, 15, 17, 18, 20, 23, 25 e 26 dizem respeito à motivação extrínseca. Nas questões relacionadas à motivação intrínseca, as opções valem 4 pontos para a alternativa “Concordo totalmente”, 3 pontos para “Concordo parcialmente”, 2 pontos para “Discordo parcialmente” e 1 ponto para “Discordo totalmente”. Esta pontuação tem seu valor invertido para os itens relativos à motivação extrínseca. A pontuação varia de 26 a 104. Quanto maior é a pontuação do estudante na escala, maior é a sua orientação motivacional intrínseca (Boruchovitch, 2008). 3.4 Coleta e análise dos dados A coleta de dados ocorreu por meio de questionário (Apêndice I), via Google Forms enviado aos estudantes por e-mail, juntamente com convite para participação no estudo, com apresentação dos objetivos, forma de participação e demais detalhamentos da pesquisa constantes no Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (Apêndice II). Após assinalar idade maior ou igual a 18 anos e que aceitava participar do estudo, os estudantes tiveram acesso ao questionário de coleta de dados (Apêndice I). Os dados relativos à turma de 2023 foram coletados por Brosler (2023) de setembro a outubro de 2023, período em que os estudantes concluintes estão em fase de conclusão do estágio curricular supervisionado. Os referentes à turma de 2024 foram coletados no mesmo período em 2024, pela presente autora. O instrumento de coleta de dados (Apêndice I) foi composto de duas partes: a primeira parte incluiu os dados sociodemográficos e percepção sobre dedicação à graduação; a segunda parte incluiu a Escala de Avaliação da Motivação para Aprender de Universitários (EMA-U) (ANEXO I) e o SRQ-20 (Anexo II). Os dados foram codificados e digitados em planilha no programa Excell. O perfil dos estudantes e a prevalência de TMC foram analisados por estatística descritiva. Cada variável independente foi associada com o desfecho por meio de regressões lineares simples com resposta Normal. As variáveis que apresentaram associação com p < 0,20 foram inseridas em um modelo de regressão linear múltipla com resposta Normal. No modelo de regressão linear múltipla, as variáveis foram consideradas estatisticamente significativas se p < 0,05. As análises foram feitas no Software SPSS 21. 3.5 Aspectos Éticos O projeto desta pesquisa atendeu a todos os preceitos éticos de uma pesquisa envolvendo seres humanos. Para tanto, o projeto foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) local, e aprovado mediante parecer N° 6.175.408 (Anexo III). Todos os participantes foram devidamente esclarecidos sobre os objetivos da pesquisa e forma de participação, constantes no TCLE (Apêndice II). Estão cientes de que poderão retirar seu consentimento a qualquer momento. 3.6 Financiamento O presente estudo foi realizado com Bolsa de Iniciação Científica (PIBIC) da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP), financiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPQ - Edital PROPe Unesp Nº 09/2023. 4 RESULTADOS Dentre os 59 estudantes participantes da pesquisa, a mediana de idade foi de 23 anos (20-35 anos) (dados não apresentados em tabela). Predominaram aqueles que se encontravam na faixa etária entre 20 a 25 anos (89,0%), do sexo feminino (89,9%), de cor da pele autodeclarada branca (72,8%), que não viviam com a parceria (83,0%), católicos (40,7%) e que completaram o ensino médio em escola pública (50,8%). Não houve diferença com significância estatística entre as turmas de 2023 e 2024 (Tabela 1). Tabela 1. Características sociodemográficas das turmas de estudantes de último ano de curso de graduação em Enfermagem de escola pública do interior do Estado de São Paulo (n=59). 2023 e 2024 Variável Turma 2023 n=30 Turma 2024 n=29 Total n=59 p n % n % N % Faixa etária 0,613 20 – 25 27 90,0 26 89,7 53 89,8 26 – 30 01 3,3 03 10,3 04 6,8 31 – 40 02 6,7 02 3,4 Sexo 1,000 Feminino 27 90,0 26 89,7 53 89,9 Masculino 03 10,0 03 10,3 06 10,2 Cor da pele 0,630 Branca 24 80,0 19 65,5 43 72,8 Parda 04 13,3 06 20,7 10 17,0 Preta 01 3,3 03 10,3 04 6,8 Amarela 01 3,3 01 3,5 02 3,4 Vive com a parceria 0,299 Sim 07 23,3 03 10,3 10 17,0 Não 23 76,7 26 89,7 49 83,0 Religião 0,143 Católica 13 43,3 11 38 24 40,7 Evangélica 7 23,3 04 13,8 11 18,6 Espírita 2 6,7 - - 2 3,4 Umbanda 2 6,7 02 6,9 4 6,8 Outras* 1 3,3 2 6,8 3 5,1 Não tem 5 16,7 10 34,5 15 25,4 Ensino médio 0,606 Escola pública 14 46,7 16 55,2 30 50,8 Escola privada 16 53,3 13 44,8 29 49,2 *Testemunha de Jeová, Protestante, Mormon. Fonte: dados do estudo Apresenta-se na tabela 2 a pontuação da Escala de Motivação para Aprender de Universitários (EMA-U) e Self Reporting Questionnaire (SRQ-20) dos alunos do último ano do curso de graduação em Enfermagem de uma escola pública localizada no interior do Estado de São Paulo. A mediana da pontuação da EMA-U das duas turmas, em conjunto, foi de 81 pontos, sendo respectivamente de 83 e 78 pontos para as turmas de 2023 e 2024. A mediana da pontuação do SRQ-20 foi de 9,5 pontos na turma de 2023, de 12 pontos na turma de 2024 e de 11 pontos considerando o conjunto dos estudantes incluídos no estudo. Tanto na pontuação da EMA-U como no SRQ-20 não foram observadas diferenças com significância estatística entre as turmas estudadas (Tabela 2). Tabela 2. Pontuação da Escala de Motivação para Aprender de universitários (EMA-U) e Self Reporting Questionnaire (SRQ-20) das turmas de estudantes de último ano de curso de graduação em Enfermagem de escola pública do interior do Estado de São Paulo (n=59). 2023 e 2024 Variável Turma 2023 n=30 Turma 2024 n=29 Total n=59 p Pontuação da EMA-U Mediana 83,0 78,0 81,00 0,950 Percentil 25 79,8 70,0 74,00 0,500 Percentil 75 90,3 81,0 86,00 0,299 Pontuação do SRQ-20 Mediana 9,5 12,0 11,00 1,000 Percentil 25 8,0 7,5 8,00 1,000 Percentil 75 12,5 15,5 15,00 1,000 Fonte: dados do estudo A figura 1 indica a presença ou ausência de TMC, de acordo com o SRQ-20 e o corte da pontuação para homens e mulheres, dos discentes do último ano do curso de graduação em Enfermagem de uma escola pública localizada no interior do Estado de São Paulo. A presença de TMC pelo SRQ-20 considerando as pontuações de corte para ambos o sexo feminino e masculino respectivamente foi de 79,6% (47 mulheres, sendo 23 em 2023 e 24 em 2024) e 6,8% (4 homens, sendo 2 em cada ano), respectivamente, sendo um total de 86,4% de prevalência de TMC, enquanto que a ausência foi observada em 10,2% do sexo feminino e 3,4% do sexo masculino, representando um total de 13,6% de pessoas sem acometimento de TMC (Figura 1). Figura 1. Presença e ausência de transtorno mental comum (TMC) de acordo com pontuação do Self Reporting Questionnaire, das turmas de estudantes de último ano de curso de graduação em Enfermagem de escola pública do interior do Estado de São Paulo (n=59). 2023 e 2024 Fonte: dados do estudo. A Tabela 3 apresenta a regressão linear simples e múltipla entre a pontuação do SRQ-20, variáveis sociodemográficas e pontuação da EMA-U. As variáveis que atingiram o p crítico (p<0,20) na análise bivariada foram: idade [β= 0,34 (-0,09 – 0,78); p=0,121], sexo [β= -4,49 (-8,26 – -0,72); p=0,020], cor da pele [β= -4,33 (-7,33 – -1,34); p=0,005] e pontuação da EMA-U [β= -0,12 (-0,24 – 0,00); p=0,044] (Tabela 3). A análise multivariada apontou que as variáveis que se associaram independentemente à pontuação do SRQ-20 foram a idade [β= 0,45 (0,07 – 0,83); p=0,021], cor da pele da parda [β= -3,73 (-6,74 – -0,72); p=0,015] e a pontuação da EMA- U β= -0,14 (-0,25 – 0,04); p=0,007]. A cada ano a mais na idade houve um acréscimo de 0,45 pontos no SRQ-20; ter cor da pele autodeclarada parda reduziu 3,73 pontos no SRQ- 20 e a cada ponto a mais da EMA-U reduziu 0,14 pontos no SRQ-20 (Tabela 3). 79,6 6,8 10,2 3,4 Presença de TMC no sexo feminino Presença de TMC no sexo masculino Ausência de TMC no sexo feminino Ausência de TMC no sexo masculino Tabela 3. Regressão linear simples e múltipla entre a pontuação do Self Reporting Questionnaire e variáveis sociodemográficas e pontuação da escala motivação para aprender para universitários (EMA-U) (n=59). 2023-2024 Variáveis Análise Bivariada Regressão Múltipla Β IC95% p βaj IC95% p Turma 2024 1,35 -1,01 – 3,71 0,261 2023 0 - - Idade (anos) 0,34 -0,09 – 0,78 0,121 0,45 0,07 – 0,83 0,021 Sexo Masculino -4,49 -8,26 – -0,72 0,020 -2,52 -6,24 – 1,20 0,184 Feminino 0 - - Cor da pele Preta -0,03 -4,49 – 4,42 0,988 Parda -4,33 -7,33 – -1,34 0,005 -3,73 -6,74 – -0,72 0,015 Amarela 1,97 -4,20 –8,13 0,532 Branca 0 - - 0 - - Vive com a parceria Sim 0,28 -2,89 – 3,46 0,861 Não 0 - - Religião Tem 0,000 -2,74 – 2,73 0,998 Não tem 0 - - Ensino Médio Escola privada -0,89 -3,26 – 1,48 0,464 Escola pública 0 - - EMA global -0,12 -0,24 – 0,00 0,044 -0,14 -0,25 – 0,04 0,007 Fonte: dados do estudo 5 DISCUSSÃO A presente investigação apontou elevada prevalência de TMC entre os estudantes investigados, assim como a idade, cor da pele parda e a pontuação da EMA-U como variáveis independentemente associadas a pontuação do SRQ-20. Nesta pesquisa a prevalência de TMC foi estudada por meio do SRQ-20, que propõe a presença de TMC para o sexo masculino com pontuação entre 5 e 6 e para o sexo feminino 7 e 8. Dessa forma, a mediana da pontuação (11,0), ficou acima desses valores de referência, apontando elevada prevalência de TMC, corroborando com outras pesquisas realizadas no Brasil que utilizaram o mesmo método de avaliação, aplicando o SRQ-20 (Araujo, 2024; Cruz e Silva et al, 2019; Miranda, et al, 2021; Ansolin et al, 2022). Em um curso de graduação em Enfermagem, situada no interior do estado de São Paulo, composta por 10 semestres, foi analisada a presença de TMC utilizando SRQ-20 em discentes do 3º, 7º e 9º semestre, participando 88 estudantes. Dos que estavam no último ano (21), houve uma prevalência de 38% de TMC (Cruz e Silva et al, 2019). Já no interior de Minas Gerais foi realizado outro estudo com 163 participantes, apenas do sexo feminino, onde a prevalência encontrada também foi elevada (44,7%). O recorte da presença de TMC no sexo feminino do presente trabalho encontrou quase o dobro desse valor (79,6%), logo, discute-se que mulheres adoecem mais ao longo da vida do que homens, porém esse é um dado importante que requer atenção para o acolhimento de pessoas do sexo feminino (Miranda, et al, 2021; OMS, 2022). Em instituição privada, cenário diferente da presente pesquisa, encontrou-se resultado pouco diferente, de acordo com uma pesquisa realizada em uma instituição privada do Paraná, que visou analisar a prevalência de TMC com o SRQ-20 em estudantes de Enfermagem e Psicologia. Participaram do estudo 42 pessoas, apresentando uma prevalência total de 35,7% de TMC, o que indica prevalência alta e importante, não ultrapassando 50% (Ansolin et al, 2022). Ademais, investigação produzida no Sul do Piauí com 68 estudantes de enfermagem, aplicando também o SRQ-20, demonstrou alta prevalência de (54,4%) de TMC, sendo da literatura encontrada uma das porcentagens mais altas. Ainda assim há uma diferença quando comparada aos achados dessa investigação (86,4%), sendo esse o dado mais alto entre a literatura mencionada (Araujo, 2024). Os achados não foram diferentes em estudos que utilizaram outros métodos de análise (Leão et al, 2018; Mendes et al, 2022), como na pesquisa realizada no Nordeste do Brasil, em que se verificou os níveis de depressão e ansiedade em estudantes de diversos cursos da área da saúde, utilizando o Inventário de Depressão Beck (BDI) e o Inventário de Ansiedade Beck (BAI). Os níveis de depressão e ansiedade foram de 15% para a Enfermagem, sendo a prevalência total de 28,3%. Com relação à depressão, a Enfermagem foi o curso que mais apresentou quadro depressivo leve, sendo 83,3% do total de 103 participantes. Os níveis de ansiedade leve foram também os que tiveram maior prevalência, obtendo em 76,9%, do total de ansiedade leve dentre todos os cursos (Leão et al, 2018). Outro trabalho reforçou a prevalência da depressão e ansiedade entre discentes de Enfermagem, aplicando BAI, BDI, Escala de Estresse Percebido (PSS-10), e o instrumento Short-Form Health Survey (SF-36). A análise relacionou a qualidade de vida e as características sociodemográficas, acadêmicas e clínicas, participando 173 alunos matriculados em 2017 na Universidade Federal de São Paulo. A partir da análise dos resultados, foi possível verificar que 102 estudantes apresentavam ansiedade, sendo sua maior concentração a ansiedade leve com 24,6%, enquanto a moderada apresentou 24% e a grave 11,1%. Ao passo que, em relação à depressão, 21 discentes eram previamente diagnosticados com depressão e, dentre eles, 47,4% apresentavam sintomas graves (Mendes et al, 2022). Naqueles que não tinham diagnóstico prévio, foi possível identificar 26 alunos com sinais de disforia (estado de humor desagradável) e 24 com sintomas de depressão. Além disso, observou-se que a maioria, 102 estudantes, não possuíam sintomas depressivos, o que foi diferente da análise sobre a ansiedade, onde não houve nenhum discente sem sintomas, mas 71 alunos com ansiedade mínima (Mendes et al, 2022). Dessa forma, verifica-se que o presente trabalho corrobora aos achados na literatura em respeito à prevalência de TMC elevada, tanto com a aplicação do SRQ-20, quanto quando comparado a outros tipos de metodologias, porém observa-se que a prevalência encontrada nesta pesquisa foi elevada quando comparada à literatura, chamando atenção para a saúde mental dos alunos da escola em questão. Sobre os fatores associados a pontuação do SRQ-20, a presente pesquisa observou associação independente da idade com o aumento da pontuação. O que pode ser justificado em função de que estudantes mais velhos são prováveis de estar vivenciando situações de maior independência emocional e instrumental dos pais. Isso traz a possibilidade de implicar em maiores responsabilidades, podendo acarretar em níveis elevados de preocupação, corroborando para níveis mais elevados de saúde mental instável (Monte, Fonte, Alves, 2015; Bayram, Bilgel, 2008). Ademais, a presente pesquisa demonstrou que ter a cor da pele autodeclarada parda é um fator de proteção, pois reduziu em 3,73 pontos o SRQ-20. A inter-relação entre gênero, raça e saúde mental é intrincada e envolve múltiplos fatores, sendo suscetível às influências do contexto social, cultural e econômico em que os indivíduos se encontram inseridos (Barbosa, 2024). Dessa forma não se deve distanciar do importante fator histórico envolvido com o racismo estrutural e a pigmentocracia, termo proposto por Alejandro Lipschütz (1944), em que a categorização racial acontece por características fenotípicas, especialmente a cor da pele, reforçando a tentativa do embranquecimento da população parda. Sendo as pessoas pardas pertencentes à comunidade negra, estão também submetidas ao estigma e ao preconceito contra pessoas racializadas, porém, por vezes, de maneira mais implícita devido ao esforço de branqueamento cultural da mesma (Lipschütz, 1944; Goés, 2022). A saúde mental, pelo olhar holístico, se configura em gerenciar estresse, buscando equilíbrio entre as exigências do dia a dia e do próprio bem-estar. Nesse aspecto, a resiliência é um termo com diversos significados, sendo um deles, que ela é construída ao longo da vida, considerando o contexto afetivo e sociocultural, recordando daquilo que cada indivíduo passou e enfrentou (humilhações, perdas, entre outros), podendo ser metaforicamente comparada à arte de navegar em meio à tempestade. (Gonçalves et al, 2019; WHO, 2014; Cyrulkin, 2001). Visto que pessoas pardas passam por diversas situações de preconceito e de desigualdades ao longo do tempo, pode ser que as mesmas tenham maior resiliência e resistência para lidar com as frustrações e dificuldades do dia a dia. Isso se soma ao fato de que a presente investigação não pode ser generalizada e que o recorte local deve ser levado em consideração, pois pode haver na escola estudada fatores de proteção e inclusão para essa comunidade, o que pode culminar para os achados de que ter autodeclarada a cor da pele parda seja um fator de proteção. A motivação para aprender relacionou-se de maneira positiva ao SRQ-20, tendo um acréscimo de 0,14 pontos a cada 1 ponto na EMA-U. Sendo assim, pode-se associar que, alunos com maior motivação apresentam menos adoecimento, porém pessoas com TM podem apresentar hipobulia ou abulia, que se configuram como diminuição ou extinção da energia, espontaneidade, capacidade para decidir, assim como a baixa motivação em diversas áreas da sua vida, portanto, o processo ensino-aprendizagem não se abstém dessa relação (Junior, 1988). Dessa forma, a relação entre a escala EMA-U e o SRQ-20 pode se demonstrar de maneira ambígua, havendo a dualidade de ter a desmotivação por si só, ou de ela ser provocada pelo adoecimento psíquico do discente. Ademais, no último semestre de graduação em enfermagem, os alunos podem ainda estar em momento de maior estresse, devido por exemplo, o momento de preparação e realização de trabalhos finais, insegurança e medo do mercado de trabalho, incertezas em relação à área de atuação e, ainda, estresses pré-provas, como de concursos, residências e aprovações em mestrado. Dessa forma, o presente estudo demonstra grande importância para analisar a presença de TMC, assim como os fatores associados ao aumento da pontuação do SRQ-20, para que seja possível a gestão escolar delimitar os estudantes e promover intervenções para minimizar as possíveis complicações relacionadas à saúde mental dos mesmos (Hirsch, et. al., 2015). Por fim, este estudo apresenta como limitações o fato de ter uma amostra intencional, proveniente de único cenário educacional e com número reduzido de participantes, não permitindo a generalização de seus resultados, além de que outras variáveis não incluídas neste estudo poderiam ser estudadas. Entretanto, traz um aumento do conhecimento da temática e poderá auxiliar a gestão da escola investigada, assim como de outros cursos de graduação em enfermagem a estabelecer estratégias de identificação para acolhimento de estudantes com TMC. 6 CONCLUSÃO A presente pesquisa apontou elevada prevalência de transtorno mental comum entre os estudantes incluídos no estudo. Os fatores associados independentemente a esse a pontuação do SRQ-20 foram a idade, cor da pele parda e a pontuação da EMA-U. Sugere-se que a gestão mantenha atenção aos estudantes com maior idade e que apresentem menor motivação durante o processo ensino-aprendizagem, dando especial atenção para aqueles com esse perfil. Ainda que no presente estudo ter declarado cor da pele parda reduziu a pontuação do SRQ-20, esse grupo deve também receber atenção, posto o contexto histórico de racismo no país. 7 REFERÊNCIAS Araujo Filho ACA de, Marques da Silva S, Silva Alves J, Calú Alves HL, da Costa Monteiro AK, Lages de Araújo AK. Prevalência e fatores preditivos de transtornos mentais comuns em estudantes de enfermagem. J. nurs. health. [Internet]. 26º de junho de 2024 [citado 12º de novembro de 2024];14(2):e1426126. Disponível em: https://periodicos.ufpel.edu.br/index.php/enfermagem/article/view/26126 Ansolin, A.G.A., Rocha, D.L.B., Santos, R.P., Pozzo, V.C.D. Prevalência de transtorno mental comum entre estudantes de psicologia e enfermagem. 2022. Arq. Ciênc. Saúde. 2015 jul-set; 22(3) 42-45. BARBOSA, E. M. da S.; BLACK, T. L. de P.; SILVA, K. V. P. da. Gênero, raça e saúde mental da população negra: abordagem sócio-histórica. 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APÊNDICE I INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS Idade em anos: _________ Sexo: ( ) masculino ( ) feminino Cor da pele (autodeclarada): ______________________ Status marital: ( ) vive com parceria ( ) não vive com parceria Realizou o ensino médio em: ( ) escola pública ( ) escola privada Religião: ( ) católica ( ) evangélica ( ) espírita ( ) não tenho ( ) outra ______________ Na sua percepção, sua dedicação à graduação foi: ( ) ruim ( ) regular ( ) boa ( ) muito boa ESCALA DE MOTIVAÇÃO PARA APRENDER DE UNIVERSITÁRIOS (EMA-U) Gostaríamos de conhecer suas ideias acerca de sua vontade de estudar e aprender. Pense no que é importante para você no estudo e na aprendizagem e assinale a opção que melhor lhe representa. Marque apenas uma alternativa de resposta para cada um dos itens apresentados a seguir: Item Concordo totalmente Concordo parcialmente Discordo parcialmente Discordo totalmente Eu estudo porque estudar é importante para mim. Eu tenho vontade de estudar e aprender assuntos novos. Eu estudo porque estudar me dá prazer e alegria. Eu fico tentando resolver uma tarefa, mesmo quando ela é difícil para mim. Eu faço meus trabalhos acadêmicos porque acho importante. Eu estudo porque gosto de adquirir novos conhecimentos. Eu gosto de estudar assuntos difíceis. Eu procuro saber mais os assuntos que gosto, mesmo sem meus professores pedirem. Eu gosto de ir à faculdade porque aprendo assuntos interessantes lá. Eu fico interessado (a) quando meus professores começam um assunto novo. Eu estudo porque quero aprender cada vez mais. Eu estudo mesmo sem ninguém solicitar. Eu gosto de estudar assuntos desafiantes. Eu me esforço bastante nos trabalhos da faculdade, mesmo quando não vão valer como nota. Eu faço faculdade para arranjar um emprego melhor. Eu só estudo para não me sair mal na universidade. Eu prefiro estudar assuntos fáceis. Eu estudo apenas aquilo que os professores avisam que vai cair na prova. Eu só estudo porque quero tirar notas altas. Eu faço faculdade por obrigação. Eu desisto de fazer uma tarefa acadêmica, quando encontro dificuldade. Eu prefiro as tarefas relativamente simples e diretas. Eu estudo apenas os conteúdos acadêmicos que irão cair na prova. Eu só estudo para ter um bom emprego no futuro. Eu estudo porque fico preocupado (a) que as pessoas não me achem inteligente Eu acredito que não tem sentido fazer um bom trabalho acadêmico se mais ninguém souber disso. SRQ -20 Você poderia por favor responder as seguintes perguntas a respeito da sua saúde: - Tem dores de cabeça frequentes? Sim Não - Tem falta de apetite? Sim Não - Dorme mal? Sim Não - Assusta-se com facilidade? Sim Não - Tem tremores de mão? Sim Não - Sente-se nervoso(a), tenso(a) ou preocupado(a)? Sim Não - Tem má digestão? Sim Não - Tem dificuldade de pensar com clareza? Sim Não - Tem se sentido triste ultimamente? Sim Não - Tem chorado mais do que de costume? Sim Não - Encontra dificuldades para realizar com satisfação suas atividades diárias? Sim Não - Tem dificuldades para tomar decisões? Sim Não - Tem dificuldades no serviço (seu trabalho é penoso, causa sofrimento)? Sim Não - É incapaz de desempenhar um papel útil em sua vida? Sim Não - Tem perdido o interesse pelas coisas? Sim Não - Você se sente uma pessoa inútil, sem préstimo? Sim Não - Tem tido a ideia de acabar com a vida Sim Não - Sente-se cansado (a) o tempo todo? Sim Não - Tem sensações desagradáveis no estômago? Sim Não - Você se cansa com facilidade? Sim Não Total Geral |___||___| Se quiser fazer algum comentário, você pode utilizar as linhas abaixo. ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ _______________ Obrigada por sua participação!!! APÊNDICE II TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE) RESOLUÇÃO 466/2012 Você está sendo convidado(a) a participar do projeto de pesquisa intitulado “Transtorno Mental Comum em Estudantes Concluíntes de Curso de Graduação em Enfermagem: Prevalência e Fatores Associados” que será desenvolvido por uma equipe de pesquisadores (Laura Queçada Giorgi– estudante de graduação, Hélio Rubens C. Nunes – professor Dr. do departamento de Saúde Pública.) da Faculdade de Medicina de Botucatu – UNESP, coordenada por mim, Marli Teresinha Cassamassimo Duarte, professora Dra. do Departamento de Enfermagem da Faculdade de Medicina de Botucatu – UNESP. Essa pesquisa tem como finalidade estudar a prevalência e os fatores associados ao transtorno mental comum em estudantes de último ano de curso de graduação em enfermagem. As informações obtidas poderão contribuir com ações para minimizar o transtorno mental comum (TMC), que é tão importante e pode acabar atrapalhando seu desempenho ainda na graduação e como futuro profissional. Para tanto, você ao aceitar participar da pesquisa deverá unicamente responder a um questionário online, cujo preenchimento levará em torno de 20 minutos. Uma vez que o questionário é online, você poderá respondê-lo no momento e local de sua escolha e preferência. Garantimos o anonimato dos participantes e a confidencialidade das informações obtidas, uma vez que: (1) a obtenção dos dados será feita por meio de instrumento online e anônimo (em nenhum momento deverá preencher seu nome), (2) que os resultados não serão divulgados em nível individual quando da publicação dos mesmos em revistas científicas e (3) que os dados não serão divulgados a terceiros. Destacamos, ainda, que todos os dados obtidos na pesquisa serão utilizados exclusivamente com finalidades científicas. Você não terá despesas e nem será remunerado pela participação na pesquisa, tendo o participante o direito de buscar indenização diante de eventuais danos decorrentes da pesquisa. O questionário foi formulado para evitar causar qualquer tipo de constrangimentos ou danos aos participantes da pesquisa. Entretanto, há o risco de algum desconforto na identificação de lacunas de conhecimentos, relativas à sua formação acadêmica, bem como ao responder às questões referentes a transtornos mentais comuns e motivação para aprendizagem. Você tem total liberdade para se recusar a continuar o preenchimento ou retirar seu consentimento, em qualquer momento. Sua recusa, desistência ou retirada de consentimento não acarretará nenhum prejuízo. Sendo assim, o risco de participar dessa pesquisa é considerado mínimo e não previsível. Não existe benefício ou vantagem direta e imediata em participar deste estudo. Os benefícios e vantagens em participar são indiretos, proporcionando retorno social com o conhecimento dos fatores associados e à prevalência ao TMC, para que posteriormente possa ser analisado e discutido formas de minimizar sua prevalência. Além disso, nos comprometemos a publicar os resultados da pesquisa em revista científica de acesso livre, e a disponibilizar o artigo através dos mesmos meios que utilizamos para divulgação do questionário. Qualquer dúvida adicional você poderá entrar em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa FMB/Unesp, através dos fones: (14) 3880-1608/3880-1609. Endereço: na Chácara Butignolli s/nº em Rubião Júnior – Botucatu - São Paulo. Horário de funcionamento: de 2ª a 6ª feira das 8:00 às 12.00 e das 13.30 às 17 horas. Caso você queira entrar em contato com os pesquisadores, os dados de localização dos mesmos estão abaixo descritos: Marli Teresinha Cassamassimo Duarte Professora Assistente Doutor do Departamento de Enfermagem da Faculdade de Medicina. Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho/UNESP. Endereço: Departamento de Enfermagem/FMB. Av. Prof. Mário Rubens Guimarães Montenegro, s/n- UNESP - Campus de Botucatu - Botucatu/SP - CEP 18618687. Telefone: 143880-1306 e-mail: marli.t.duarte@unesp.br Laura Queçada Giorgi Estudante do quarto ano do Curso de Graduação em Enfermagem da Faculdade de Medicina. Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho/UNESP. mailto:marli.t.duarte@unesp.br Endereço: Departamento de Enfermagem/FMB. Av. Prof. Mário Rubens Guimarães Montenegro, s/n UNESP - Campus de Botucatu - Botucatu/SP - CEP 18618687. Telefone: 19 974129453 e-mail: laura.quecada@unesp.br Hélio Rubens C Nunes Professor Doutor do Departamento de Saúde Pública da Faculdade de Medicina. Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho/UNESP. Endereço: Departamento de Enfermagem/FMB. Av. Prof. Mário Rubens Guimarães Montenegro, s/n UNESP - Campus de Botucatu - Botucatu/SP - CEP 18618687. Telefone: 14 99766-1605 e-mail: hrcn@outlook.com.br Após terem sido sanadas todas as dúvidas a respeito desta pesquisa, se você concordar em participar da mesma, de forma voluntária e estando ciente que todos os seus dados estarão resguardos através do sigilo que os pesquisadores se comprometeram e que os resultados desse estudo poderão ser publicados em revistas científicas, você deverá marcar as três opções abaixo, declarando ser estudante do quarto do curso de graduação em enfermagem, ter 18 anos ou mais e que aceita participar do estudo, o que corresponde à assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Dessa maneira, tendo em vista que os dados da presente pesquisa serão obtidos unicamente através de um questionário online, destacamos a importância e solicitamos que você salve uma cópia desse documento ou que imprima uma cópia do mesmo se assim o desejar e que guarde em seus arquivos. Sua dedicação e tempo em participar dessa pesquisa são fundamentais para o sucesso dela e, portanto, agradecemos imensamente sua participação. Você declara que: Você declara que: ( ) É estudante do quarto do curso de graduação em enfermagem ( ) Tem 18 anos ou mais mailto:laura.quecada@unesp.br mailto:hrcn@outlook.com.br ( ) Aceita participar do estudo. ANEXO I ESCALA DE MOTIVAÇÃO PARA APRENDER DE UNIVERSITÁRIOS (EMA-U) Item Concordo totalmente Concordo parcialmente Discordo parcialmente Discordo totalmente Eu estudo porque estudar é importante para mim. Eu tenho vontade de estudar e aprender assuntos novos. Eu estudo porque estudar me dá prazer e alegria. Eu fico tentando resolver uma tarefa, mesmo quando ela é difícil para mim. Eu faço meus trabalhos acadêmicos porque acho importante. Eu estudo porque gosto de adquirir novos conhecimentos. Eu gosto de estudar assuntos difíceis. Eu procuro saber mais os assuntos que gosto, mesmo sem meus professores pedirem. Eu gosto de ir à faculdade porque aprendo assuntos interessantes lá. Eu fico interessado (a) quando meus professores começam um assunto novo. Eu estudo porque quero aprender cada vez mais. Eu estudo mesmo sem ninguém solicitar. Eu gosto de estudar assuntos desafiantes. Eu me esforço bastante nos trabalhos da faculdade, mesmo quando não vão valer como nota. Eu faço faculdade para arranjar um emprego melhor. Eu só estudo para não me sair mal na universidade. Eu prefiro estudar assuntos fáceis. Eu estudo apenas aquilo que os professores avisam que vai cair na prova. Eu só estudo porque quero tirar notas altas. Eu faço faculdade por obrigação. Eu desisto de fazer uma tarefa acadêmica, quando encontro dificuldade. Eu prefiro as tarefas relativamente simples e diretas. Eu estudo apenas os conteúdos acadêmicos que irão cair na prova. Eu só estudo para ter um bom emprego no futuro. Eu estudo porque fico preocupado (a) que as pessoas não me achem inteligente Eu acredito que não tem sentido fazer um bom trabalho acadêmico se mais ninguém souber disso. Boruchovitch E. (2008) ANEXO II SRQ -20 Você poderia por favor responder as seguintes perguntas a respeito da sua saúde: - Tem dores de cabeça frequentes? Sim Não - Tem falta de apetite? Sim Não - Dorme mal? Sim Não - Assusta-se com facilidade? Sim Não - Tem tremores de mão? Sim Não - Sente-se nervoso(a), tenso(a) ou preocupado(a)? Sim Não - Tem má digestão? Sim Não - Tem dificuldade de pensar com clareza? Sim Não - Tem se sentido triste ultimamente? Sim Não - Tem chorado mais do que de costume? Sim Não - Encontra dificuldades para realizar com satisfação suas atividades diárias? Sim Não - Tem dificuldades para tomar decisões? Sim Não - Tem dificuldades no serviço (seu trabalho é penoso, causa sofrimento)? Sim Não - É incapaz de desempenhar um papel útil em sua vida? Sim Não - Tem perdido o interesse pelas coisas? Sim Não - Você se sente uma pessoa inútil, sem préstimo? Sim Não - Tem tido a ideia de acabar com a vida Sim Não - Sente-se cansado (a) o tempo todo? Sim Não - Tem sensações desagradáveis no estômago? Sim Não - Você se cansa com facilidade? Sim Não Total Geral |___||___| ANEXO III PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP