UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JULIO DE MESQUITA FILHO” FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS CÂMPUS DE JABOTICABAL CONSERVAÇÃO PÓS-COLHEITA DE MANGAS PRODUZIDAS NA REGIÃO DE JABOTICABAL-SP Leandra Oliveira Santos Engenheira Agrônoma ���������� � � � ��� � � ����� ��������� �� ���� UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JULIO DE MESQUITA FILHO” FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS CÂMPUS DE JABOTICABAL CONSERVAÇÃO PÓS-COLHEITA DE MANGAS PRODUZIDAS NA REGIÃO DE JABOTICABAL-SP Leandra Oliveira Santos Orientador: Prof. Dr. José Fernando Durigan ����������� � �� ��������� �� ���� Dissertação apresentada à Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias – Unesp, Campus de Jaboticabal, como parte das exigências para a obtenção do título de Mestre em Agronomia (Produção Vegetal). Ficha catalográfica elaborada pela Seção Técnica de Aquisição e Tratamento da Informação - Serviço Técnico de Biblioteca e Documentação. Santos, Leandra Oliveira S237c Conservação pós-colheita de mangas produzidas na região de Jaboticabal-SP / Leandra Oliveira Santos. – Jaboticabal, 2008 xi, 103 f.: il.; 28 cm Dissertação (mestrado) – Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, 2008 Orientador: José Fernando Durigan Banca examinadora: Ben-Hur Mattiuz, Mário Sérgio Carvalho Dias Bibliografia 1. Armazenamento. 2. Fungicidas. 3. Mangifera indica. 4. Podridões. 5. Pós-colheita. 6. Tratamento hidrotérmico. I. Título. II. Jaboticabal - Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias. CDU 634.441:631.56 DADOS CURRICULARES DO AUTOR LEANDRA OLIVEIRA SANTOS – filha de Rosalino Oliveira Santos e Hilda Pereira Santos, nasceu em 19 de janeiro de 1975, em Montes Claros, Minas Gerais. Obteve o grau de Engenheira Agrônoma em janeiro de 2006, pela Universidade Estadual de Montes Claros, Campus de Janaúba, Minas Gerais. Em março de 2006 ingressou no Curso de Pós-Graduação da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias da Universidade Estadual Paulista, Campus de Jaboticabal, São Paulo, na área de concentração em Produção Vegetal, realizando estudos em Tecnologia de Pós- Colheita de Frutas e Hortaliças. � � � � � � � � � � � � � � � � � � ��������� ���� �������������������������������������������������������� �������������������������� ���� ����������������������������� �� ��������������������������������� ������������������������ �������������� !�"� #���� �����������$�������������������������� ������%��������������������������&����� ����������� ������'����������&������������( �'�������������������� �����������������(������ � �������� #���� ��������$������������ ������������ ���) ��������&�������������� ����� ������������ �������������*������ &���+����� ����� �������,��&���*��������� �-��������& ��.�� � ������ AGRADECIMENTOS A Deus pela vida. Ao Professor José Fernando Durigan pela orientação, pelo exemplo de profissional e principalmente pela paciência e dedicação durante toda a pesquisa e a sua família pela amizade e apoio. A Universidade Estadual Paulista ‘Julio de Mesquita Filho’, através da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias por oferecer condições para a realização deste curso. Aos componentes da comissão examinadora: Dr. Mário Sérgio Carvalho Dias e Prof. Dr. Ben-Hur Mattiuz, pela participação e sugestões fornecidas, as quais foram de grande importância para o aprimoramento deste trabalho. A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo e a CAPES pela concessão da bolsa de estudos durante a realização do curso. A todos meus familiares, minhas irmãs Rani e Fá, meus irmãos Dean e Saul, e minhas sobrinhas Deanne, Ingrid e Stéfani por estarem sempre presentes durante minhas realizações. E ao meu marido Ramilo pela paciência nos momentos difíceis, Deus foi muito bondoso comigo ao colocá-lo no meu caminho. Aos meus amigos e amigas Juliana, Ellen, Cristiane, Gustavo, Flávia, Maria Fernanda, Maria Elisa, Poliana, Eduardo, Matheus e Luís Carlos pela ajuda, alegria, carinho, dedicação e ensinamentos nestes anos. Ao pessoal do atendimento da Pós-graduação, agradeço pela atenção e ajuda. As secretárias do Departamento de Tecnologia pelos auxílios prestados e a Dirce Renata pela colaboração. Ao Sr. Júlio da Aruá – Tecnologia de pós-colheita e tratamento de frutas pela doação da cera de carnaúba e ao Sr. Ademar Ogata pelo fornecimento de frutos utilizados neste trabalho. E todos aqueles que de alguma forma colaboraram para a conclusão deste projeto. SUMÁRIO Página RESUMO...................................................................................................................... ii SUMMARY................................................................................................................... iv 1. INTRODUÇÃO......................................................................................................... 1 2. REVISÃO DE LITERATURA................................................................................... 2 3. MATERIAL E MÉTODOS........................................................................................ 11 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO............................................................................... 17 4.1. Tratamento com fungicidas, associados ou não ao tratamento Hidrotérmico................................................................................................... 17 4.1.1. Manga ‘Tommy Atkins’......................................................................... 17 4.1.2. Manga ‘Palmer’ ................................................................................... 31 4.2. Uso de proteções durante o armazenamento sob condição ambiente de mangas ‘Palmer’........................................................................ 45 4.2.1. Armazenamento sob condição ambiente das mangas ‘Palmer’ retiradas das embalagens PEBD e PD 900, após 0, 6 e 9 dias......................................................................................... 60 4.3. Uso de proteções durante o armazenamento sob condição ambiente de mangas ‘Palmer’........................................................................ 67 4.3.1. Armazenamento sob condição ambiente das mangas ‘Palmer’ retiradas da refrigeração e das embalagens e avaliadas após 3 e 6 dias..................................................................... 80 5. CONCLUSÕES........................................................................................................ 92 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................... 93 CONSERVAÇÃO PÓS-COLHEITA DE MANGAS PRODUZIDAS NA REGIÃO DE JABOTICABAL-SP RESUMO – Este trabalho objetivou testar o uso de tratamento químico combinado ou não com tratamento hidrotérmico, na conservação e qualidade pós-colheita de mangas ‘Tommy Atkins’ e ‘Palmer’, bem como avaliar o efeito da modificação da atmosfera de armazenamento por filmes plásticos e cera de carnaúba no prolongamento da vida útil pós-colheita de mangas ‘Palmer’. Utilizou-se mangas provenientes de pomar comercial de Taquaritinga-SP, safra 2006/2007, que foram colhidas no estádio de maturação “de vez” e imediatamente transportados para o laboratório de Tecnologia dos Produtos Agrícolas da FCAV, Jaboticabal, onde foram selecionadas, visando padronizá-las quanto a coloração, tamanho e ausência de injúrias. Na primeira fase os frutos foram submetidos a tratamento com os fungicidas Sporekill® (cloreto de dodecil dimetil amônio a 12%) e Magnate 500 EC® (imazalil a 50%), associados ou não com tratamento hidrotérmico a 53°C/5 min (‘Tommy Atkins’) e 53°C/10 min (‘Palmer’). Após secagem, eles foram armazenados sob condição de ambiente (23°C, 65% UR), e eram analisados a cada três (‘Palmer’) ou quatro dias (‘Tommy Atkins’), quanto a ocorrência de podridões, aparência, perda de massa e firmeza, assim como quanto ao pH e teores de sólidos solúveis, acidez titulável e ácido ascórbico da polpa. Na segunda fase, o melhor tratamento para a manga ‘Palmer’ foi combinado com diferentes proteções e armazenamento sob condição ambiente (23°C, 65% UR) ou refrigerada (12°C, 65% UR). Os frutos armazenados sob refrigeração, após 28 dias foram levados ao ambiente, para avaliação da evolução do amadurecimento, aos 3 e 6 dias. Utilizou-se os seguintes tratamentos: Testemunha (sem tratamento); Testemunha com tratamento fitossanitário; Filme de polietileno de baixa densidade (PEBD), com espessura de 0,050mm; Polifilme multicamada; Filme de cloreto de polivinila (PVC), com espessura de 0,017mm; e Cera de carnaúba a 18%. Na primeira fase, os frutos das cvs. Palmer e Tommy Atkins submetidos aos diferentes tratamentos não apresentaram sinais de murchamento até o sexto e oitavo dia, respectivamente. A associação do tratamento hidrotérmico com o químico foi eficiente para controlar podridões, em mangas ‘Palmer’ por até 12 dias e em ‘Tommy Atkins’ por até 15 dias. Os resultados obtidos permitiram concluir que as mangas apresentaram vida útil de 10 dias a 23°C, limitada pela aparência. Na segunda parte, os tratamentos com PVC e Cera foram os mais eficientes na manutenção da qualidade dos frutos, que apresentaram, sob condição ambiente (23°C e 65% UR), vida útil de 12 dias. O PEBD e o polifilme promoveram o amadurecimento irregular dos frutos, devido às altas concentrações de CO2 e não se mostraram indicados para o armazenamento de mangas. As proteções com PVC e Cera foram as mais eficientes e permitiram manter as características de qualidade das mangas “Palmer” por 31 dias, sendo 28 dias sob condição refrigerada, seguido de 3 dias sob condição ambiente. Palavras-Chave: Armazenamento, fungicidas, Mangifera indica, podridões, pós- colheita, tratamento hidrotérmico POSTHARVEST PRESERVATION OF MANGOES PRODUCED IN THE REGION OF JABOTICABAL, BRAZIL SUMMARY – This work was undertaken to test the use of chemical control in combination or not with hydrothermal treatment on the preservation and post harvest quality of ‘Tommy Atkins’ and ‘Palmer’ mangoes. Also, we evaluated the effect of modifying the storage atmosphere by the use of plastic film and carnauba wax on the shelf life of ‘Palmer’ fruits. Mangoes from a commercial orchard in Taquaritinga-SP were harvested in the season 2006/2007 at the breaker ripening stage, immediately transported to the laboratory of Technology of Agricultural Products, FCAV, Jaboticabal, and selected by color, size and absence of injuries. In the first stage, fruit were treated with the fungicides Sporekill® (12% dodecyl dimethyl ammonium) and Magnate 500 EC® (50% imazalil), associated or not with hydrothermal treatment at 53°C for 5 min (‘Tommy Atkins’) and 53°C for 10 min (‘Palmer’). After drying, fruits were stored at room temperature (23°C, 65% RH), and analyzed every three (‘Palmer’) or four days (‘Tommy Atkins’) for the occurrence of rots, appearance, weight loss and firmness, as well as pH and the levels of soluble solids, titable acidity and ascorbic acid in the pulp. In the second phase, the best treatment for ‘Palmer’ mangoes was combined with different protections and storage at room conditions (23°C, 65% RH) or refrigerated (12°C, 65% RH). Fruits stored with refrigeration were transferred to room conditions after 28 days for ripening evaluations 3 and 6 days later. The following treatments were used: untreated control, fungicide-treated control, low-density polyethylene film (0.050mm), multilayer polyfilm, polyvinyl chloride (PVC) film (0.017mm), and 18% carnauba wax. In the first stage, fruits from the cultivars Palmer and Tommy Atkins submitted to different treatments showed no wilting symptoms until the sixth and eighth day, respectively. The association of hydrothermal and chemical treatments was efficient in controlling rots in ‘Palmer’ and ‘Tommy Atkins’ mangoes for up to 12 and 15 days. Results demonstrated that mangoes had a shelf life of 10 days at 23°C, limited by the appearance. In the second stage, treatments with PVC and wax were the most efficient in maintaining fruit quality with a shelf life of 12 days at room conditions (23°C and 65% RH). Low-density polyethylene film and polyfilm promoted irregular fruit ripening, due to high CO2 concentrations, and are therefore not indicated for mango storage. PVC and wax provided the most efficient protection and allowed the maintenance of “Palmer” quality for 31 days, 28 of which under refrigeration followed by 3 days at room conditions. Key words: storage, fungicides, Mangifera indica, rots, post harvest, hydrothermal treatment. 1. INTRODUÇÃO A exploração da cultura da manga no Brasil, até os anos sessenta, era voltada para a agricultura de subsistência e sua produção se destinava ao mercado local. Os cultivos eram de forma extensiva, sendo comum o plantio em quintais e fundos de vales das pequenas propriedades, assim como sob a forma de cultivos subespontâneos. Neste contexto predominavam as variedades locais, como ‘Bourbon’, ‘Rosa’, ‘Espada’, ‘Coquinho’ e ‘Ouro’, entre outras. Este quadro mudou com a implantação de grandes áreas e o uso de novas variedades com comprovada aceitação pelo mercado interno e externo (PINTO et al., 2002). Devido às suas peculiaridades quanto ao aroma e sabor, além das excelentes condições nutritivas e possibilidades de seu cultivo no Brasil, a manga passou a ser vista como uma alternativa frutícola, com boas perspectivas. Com o aumento da demanda, bem como da produção, aumentou a incidência de pragas e doenças nesta cultura. Uma das doenças mais graves da mangueira é a causada pelo fungo Colletotrichum gloeosporioides Penz, conhecida como antracnose. Dentre as medidas para o controle desta e de outras doenças na pós-colheita, tem-se a utilização de fungicidas e de tratamentos hidrotérmicos, sendo estes últimos recomendados para frutos que serão exportados, por serem eficazes, não deixarem resíduos e terem custo relativamente baixo (FILGUEIRAS et al., 2000). Um dos limitantes ao tratamento hidrotérmico é o amadurecimento acelerado do fruto e a possibilidade de comprometimento da aparência do mesmo. Assim, há necessidade do estabelecimento de procedimentos fitossanitários que integrem fungicidas a tratamentos hidrotérmicos, biofilmes, refrigeração e atmosfera modificada, com o objetivo de garantir maior vida útil aos frutos, com a qualidade requerida. 2. REVISÃO DE LITERATURA A manga (Mangifera indica L.) é originaria do sul asiático, mais precisamente da Índia, e encontra no Brasil excelentes condições edafoclimáticas para o seu desenvolvimento e produção. Do conjunto de frutas comercializado atualmente, ela é uma das mais populares no mundo, em função do seu amplo consumo nos países asiáticos e na América Latina. O interesse pelo seu cultivo se deve à excelência de seus frutos que, além do sabor exótico, apresentam boas características organolépticas, e uma composição rica em nutrientes, com destaque para os carotenóides (SALUNKE & DESAI, 1984; FARIA et al., 1994). O estádio de maturação, no qual o fruto é colhido, determina sua qualidade e potencial de armazenamento. MEDLICOTT et al. (1988) relataram que os frutos da mangueira atingem o completo desenvolvimento na planta, mas em tempos diferentes, o que dificulta a determinação do ponto ideal para colheita. Em função disso, têm-se estabelecido métodos destrutivos e não destrutivos, nem sempre de aplicabilidade prática no campo, para determinar o estádio de maturação adequado para colheita. Segundo MANICA (2001), a manga é um fruto climatérico e se caracteriza por apresentar um crescimento rápido das células, com elevada atividade respiratória e com grande capacidade de acúmulo de reservas nutricionais, na forma de amido. Seus frutos podem completar o amadurecimento após a colheita, mas quando colhidas na fase de desenvolvimento fisiológico, antes da fase pré-climatérica, o fluxo de seiva proveniente da planta-mãe é cortado, provocando seu murchamento, devido às perdas de água por transpiração e falta de sua reposição pela seiva. A polpa fica esbranquiçada, dura, ácida, sem sabor e aroma. Sendo uma das mais populares frutas tropicais, a manga pode ser consumida de várias formas, sendo a principal delas in natura, mas pode ser processada em diferentes produtos como sucos, caldas, compotas, geléias e muitos outros (DONADIO et al., 1998). Em volume, a produção de mangas é a segunda maior safra mundial de frutas tropicais, depois da banana, e é a quinta, entre as frutas produzidas no mundo, onde é menor que a da banana, citros, maçã e uva (FAO, 2005). O Brasil é um dos maiores produtores de manga, com cerca de 950 mil toneladas produzidas no ano de 2004, sendo que as regiões nordeste e sudeste são responsáveis por 63% e 37% desta produção, respectivamente (AGRIANUAL, 2007). Somente os frutos de alta qualidade, livres de doenças, distúrbios fisiológicos e pragas podem conquistar novos mercados. Existem, entretanto, exigências específicas da parte dos países importadores de frutas frescas, que devem ser necessariamente atendidas. Em primeiro lugar, são feitas rigorosas restrições à entrada de frutas portadoras de organismos exóticos e que possam representar alguns riscos à agricultura do país importador. Outra restrição importante é aquela que diz respeito aos defensivos agrícolas utilizados na fase de produção e pós-colheita dos frutos e a seus resíduos, o que é objeto de vigilância permanente (JUNQUEIRA, 2001). O mercado interno também está, a cada dia, mais exigente quanto à qualidade de mangas. Dessa forma, frutos com manchas na casca, coloração anormal e/ou com amolecimento interno da polpa são excluídas. A indústria também está cada vez mais cuidadosa quanto a qualidade interna e externa da manga, pois frutos com cascas manchadas por doenças e/ou com amolecimento da polpa são rejeitados, pois encarecem o processo de industrialização e levam a alterações nas características físicas e químicas dos produtos (JUNQUEIRA, 2001). Como a aparência é o fator mais importante ao sucesso da comercialização desta fruta, os defeitos na casca são pouco tolerados, que deve ser perfeita até chegar ao consumidor final. Este é um grande desafio à exportação desta fruta, que tem casca frágil e cujas suas lenticelas e estômatos podem abrigar os esporos da antracnose (Colletotrichum gloeosporioides Penz). Outras podridões, além da antracnose, também são problema à conservação pós-colheita da manga, como as podridões moles que têm sido atribuídas aos fungos Lasiodiplodia theobromae, Diplodia natalensis e Hendersonia creberrima (SAMPAIO, 1983). O sintoma típico da antracnose, nas mangas maduras, são as lesões arredondadas, grandes, necróticas e com bordas ligeiramente elevadas e o centro deprimido, onde são produzidas as massas de conídios de coloração alaranjada. Com o passar do tempo, estas lesões podem coalescer e envolver todo o fruto, e às vezes até causar rachaduras na casca (BAILEY et al., 1992). Em condições de elevada umidade ambiental e de temperatura superior a 22°C, é possível observar, no centro das lesões, pontuações pardo-amareladas, que são as frutificações do patógeno. Em muitos casos, ocorre a formação do sintoma denominado “mancha de lágrimas”, no qual várias lesões se distribuem a partir do pedúnculo em uma única direção, dando a impressão de um escorrimento (JUNQUEIRA, 2001). O controle de podridões na pós-colheita é realizado com a aplicação de produtos fungicidas, tendo como objetivo a redução do inóculo de patógenos na superfície dos frutos, erradicação das infecções produzidas no campo e supressão da esporulação e dispersão de esporos (POZZAN, 1997). Atualmente, poucos fungicidas são registrados para o tratamento fitossanitário pós-colheita da manga, dentre eles estão os fungicidas imazalil, procloraz e tiabendazol (AGROFIT, 2008). Além destes pode-se destacar o produto cloreto de dodecil dimetil amônio, detergente utilizado na lavagem de frutas e hortaliças, com a função de reduzir o desenvolvimento de patógenos na pré e pós-colheita. NASCIMENTO & AZEVEDO (2006) verificaram que a associação do cloreto de dodecil dimetil amônio com o imazalil apresentou eficiência no controle de Penicillium digitatum em frutos de tangor ‘Murcott’, e recomendam a utilização deste produto na água de lavagem das unidades de beneficiamento como mais uma opção para diminuir as contaminações. Tem-se recomendado também para o controle de podridões após a colheita, a imersão dos frutos em água quente, pura ou combinada com fungicidas (FILGUEIRAS et al., 2000). No tratamento hidrotérmico, a temperatura da água deve ser mantida constante, a 55°C, e as mangas devem ficar imersos durante 5 minutos. Recomenda-se, para uma maior eficiência deste tratamento, sua associação com fungicidas (BLEINROTH, 1994). EVANGELISTA et al. (1996) verificaram que o tratamento hidrotérmico permitiu controlar o aparecimento da antracnose em mangas, por três semanas, em frutos armazenados a 12,8°C. De acordo com FILGUEIRAS et al. (2000), quando a imersão em água quente é combinada com fungicida, as temperaturas devem ser reduzidas para 52 - 53°C. JACOBS et al. (1973) verificaram que o tratamento dos frutos, por 5 minutos, com água quente (55°C) contendo o fungicida benomyl, controlou satisfatoriamente a antracnose e a podridão marrom causada por Dothiorela ribis. SAMPAIO (1983), ao testar duas concentrações de benomyl, 0,025% e 0,055%, relatou redução nas perdas causadas pela antracnose e controle parcial das podridões moles em mangas. DIAS et al. (2005) associaram o tratamento hidrotérmico (55°C), com o fungicida prochloraz, e controlaram totalmente o aparecimento de sintomas da antracnose em mangas da cv. Van Dike. O inconveniente do tratamento hidrotérmico é que ele acelera a maturação, reduz o brilho e promove o enrugamento da casca dos frutos. A aplicação de cera, em emulsão aquosa, pode minimizar estes problemas (LAKSMINARAYANA, 1980; JACOBS et al., 1973). Esta aplicação também pode retardar a atividade respiratória dos frutos, porém, é usualmente feita após um tratamento pós-colheita com fungicida, pois as ceras melhoram a aparência do produto e reduzem a perda de umidade, mas têm pouco efeito na redução de doenças. Um ponto muito importante para a utilização de ceras e suas emulsões é a espessura da camada aplicada, pois, quando muito fina não apresenta efeito contra a perda de umidade, mas quando excessiva, pode provocar o desenvolvimento de sabores estranhos (CHITARRA & CHITARRA, 2005). A aplicação de ceras com espessura adequada, além de reduzir a perda de água para o ambiente, pode conferir proteção contra microrganismos patogênicos, aumentando a vida útil e melhorando a aparência final do produto (EDWARD & BLENNERHASSETT, 1994; JOYCE et al., 1995). As ceras comerciais são emulsões aquosas baseadas em parafina, cera de carnaúba, gomas, resinas e óleos minerais (EVANGELISTA et al., 1996), apesar da eficiência, sua aplicação tem como limitações o custo e o possível efeito residual (VICENTINI, 1999). O uso de outras substâncias, em maçã, também mostrou que o óleo mineral e a parafina reduzem a permeabilidade da epiderme, diminuem a taxa respiratória e de amaciamento da polpa e retardam as alterações na cor da casca (BEN-YEHOSHUA, 1987). BHULLAR et al. (1984), tratando mangas das cvs. Dusehri e Langra com cera, nas concentrações de 3% a 6%, observaram que elas, após 12 dias de armazenamento a temperatura ambiente (23 – 25°C), apresentavam boa aparência, enquanto que as não tratadas se apresentavam enrugadas e totalmente amarelas. PASSAM (1982) observou que mangas da cv. Long, tratadas com ceras Sta-Fresh® a 3% e armazenadas à temperatura ambiente (28 – 32°C), apresentaram vida útil de 11 dias. A atomização é o meio mais recomendado para a aplicação de ceras, porém, elas também podem ser aplicadas por pulverização, imersão ou escovas, quando também podem ser usadas como veículo para fungicidas, bactericidas e reguladores de crescimento (FINGER & VIEIRA, 1997). CHEN & PAULL (1986) efetuaram, em mamão, a aplicação conjunta de cera com o fungicida thiabendazole e não obtiveram resultados que justificassem esta aplicação. No entanto, EVANGELISTA et al. (1996) obtiveram bons resultados com a utilização de cera adicionada do fungicida benomyl, na redução da incidência de antracnose em mangas da cv. Tommy Atkins, armazenadas a 10°C. A vida pós-colheita da manga também é limitada por deterioração fisiológica e ao excessivo amadurecimento da fruta, além do desenvolvimento podridões. Produtos perecíveis necessitam de armazenamento para balancear as flutuações do mercado entre a colheita e a comercialização diária, além de armazenamento por longo tempo, para aumentar o período de comercialização após a colheita (CHITARRA & CHITARRA, 2005). A manutenção da qualidade dos frutos, proporcionada pela ausência de doenças ou problemas fisiológicos, deve ser aliada a técnicas de armazenamento pós-colheita, que reduzam as taxas respiratórias e retardem o amadurecimento e o desenvolvimento de desordens. A refrigeração e as modificações na atmosfera ambiente ou mesmo a combinação de ambas, imediatamente após a colheita, podem evitar ou reduzir estes problemas. Frutos tropicais podem ter a vida pós-colheita prolongada, com redução da taxa respiratória, da produção de etileno e, conseqüentemente, diminuição do amadurecimento por meio da modificação da atmosfera (AWAD, 1993; CHITARRA & CHITARRA, 2005). A respiração é um dos fatores determinantes do potencial de longevidade das frutas na fase de pós-colheita, estando intimamente ligada à temperatura e à concentração de gases ao redor das mesmas (KADER, 1986). Este processo fisiológico tem sido usado para separar os frutos em dois padrões distintos: climatérico e não- climatérico. A manga enquadra-se no primeiro padrão, pois pode completar seu amadurecimento após a colheita, levando de 2 a 9 dias, dependendo da cultivar e do grau de maturidade no momento da colheita. Existe uma temperatura ideal para o amadurecimento de cada tipo de fruto, para que o mesmo alcance um máximo de qualidade comestível. Temperaturas inferiores ou superiores não são satisfatórias e podem levar a injúrias fisiológicas (CHITARRA & CHITARRA, 2005). A temperatura utilizada durante o armazenamento é de grande importância, pois também influencia na taxa de transpiração das frutas. Excesso de transpiração na pós- colheita resulta em enrugamento, desenvolvimento desuniforme da cor e amadurecimento irregular, além de afetar suas características sensoriais (EVANGELISTA, 1999). Os produtos hortícolas, principalmente as frutas, necessitam de maiores cuidados, pois quanto mais rapidamente é a redução de sua temperatura maior será o tempo para que se possa comercializá-los. Normalmente, uma redução de 10°C aumenta sua vida útil em 2 a 3 vezes (TANABE & CORTEZ, 1999). As baixas temperaturas são utilizadas para prolongar a vida útil de frutas, pois mantém o metabolismo das mesmas em níveis baixos, reduzindo a perda de água e retardando seu amadurecimento e a senescência (MOSCA, 1992). O abaixamento da temperatura retarda o pico climatérico e reduz sua intensidade, podendo até mesmo suprimi-lo, quando a temperatura atinge o limite fisiológico de tolerância da fruta (CHITARRA & CHITARRA, 2005). A conservação da manga tem sido bastante estudada e o uso da refrigeração foi o primeiro tratamento empregado e ainda continua sendo o tratamento mais eficiente para prolongar sua vida pós-colheita, permitindo a exportação por meio de transporte menos oneroso mas mais lento, o que possibilita sua inclusão no mercado internacional (SAMPAIO, 1983). Os demais métodos de controle do amadurecimento e das doenças são utilizados como complemento da refrigeração (CHITARRA & CHITARRA, 2005). As frutas tropicais, como a manga, são bastante sensíveis a danos causados pelo frio, “chilling injury”, e tem-se indicado como temperatura de segurança, 10 - 13ºC (MEDINA, 1995), mas a temperatura de armazenamento recomendada para cada variedade é específica. HARDENBURG et al. (1986) recomendam o armazenamento a 13°C, pelo período de 2 a 3 semanas. Segundo estes mesmos autores, os frutos de algumas cultivares de manga, tais como a ‘Irwin’ e a ‘Tommy Atkins’, podem ser armazenados a 10°C, por 3 semanas, enquanto outras, como a ‘Haden’ e a ‘Keitt’, são suscetíveis ao “chilling”, nesta temperatura. Em temperaturas abaixo de 10°C, todas as mangas são altamente suscetíveis ao “chilling”, que se manifesta como uma descoloração cinzenta e pobre desenvolvimento do sabor e da cor. SEYMOUR et al. (1990) armazenaram mangas ‘Amélie’, ‘Kent’ e ‘Sensation’, colhidas em diferentes fases de maturação, a 12ºC e por períodos superiores a 21 dias, observando que a resposta dependeu da cultivar, do ponto de colheita e de sua idade na colheita. Estes autores verificaram que o amadurecimento foi mais efetivamente retardado nos frutos mais maduros, principalmente nos da ‘Amélie’. CHADA & PAL (1993) relataram que mangas ‘Dashehari’, colhidas no estádio pré-climatérico e armazenadas por 30 dias a 10ºC, desenvolveram escurecimento das fibras da polpa. O grau de maturação, segundo MEDLICOTT et al. (1990), exerce influência na conservação da manga. Quando colhidas e estocadas “verdes”, durante 21 dias à 12ºC, apresentam melhor capacidade de armazenamento que as medianamente maduras. Estes autores também observaram que a transferência de frutos “verdes”, após o armazenamento, para temperaturas de 25ºC tornou-os impróprios à comercialização, devido a desordens causadas pelo frio ou “chilling”. SALLES & TAVARES (1999) avaliaram a vida útil pós-colheita de mangas ‘Tommy Atkins’, colhidas em quatro estádios de maturação e estocadas sob refrigeração ou condição de ambiente, e observaram que os frutos colhidos a partir de 105 dias após a antese amadureceram adequadamente, enquanto os colhidos aos 75 e 90 dias apresentaram maior perda de massa. Em geral, os frutos mantidos sob refrigeração por 30 dias, quando levados ao ambiente, resistiram até o 35° dia. De modo geral, mangas submetidas a baixas temperaturas não tem os teores de seus constituintes químicos afetados, com exceção feita ao �-caroteno e carotenóides totais, e a certos constituintes do sabor (SALUNKHE & DESAI, 1984; VASQUEZ- SALINAS & LAKSHMINARAYANA, 1985; MEDLICOTT et al., 1986). ZAMBRANO et al. (2000) analisaram o efeito do armazenamento refrigerado a 13ºC, sobre a qualidade pós-colheita de frutos das variedades Palmer, Keitt, Springfels, Kent e Anderson e concluíram que o amadurecimento de cada um deles só foi afetado pelo tempo de armazenamento. Para melhor conservação dos frutos pode-se utilizar a técnica do armazenamento sob atmosfera modificada, que consiste no envolvimento dos mesmos com filmes plásticos ou com produtos químicos que formam uma película protetora, como a cera e a parafina, visando a modificação da atmosfera ao seu redor ou em seus tecidos (CABRAL et al., 1984). Segundo AWAD (1993), no interior das embalagens, a respiração dos frutos reduz a concentração de O2 e aumenta a de CO2, até níveis que dependem do tipo, variedade, peso, estádio de maturação, temperatura dos frutos e das características da película plástica (estrutura, densidade e espessura) que determinam sua permeabilidade aos diferentes gases (CO2, O2, C2H4). Dependendo do mecanismo pelo qual se estabelece a atmosfera no interior da embalagem pode-se ter o uso de atmosfera passiva, sem controle rígido das concentrações de O2 e CO2, ou de atmosfera ativa, com controle inicial das concentrações dos gases (LANA & FINGER, 2000). A redução do oxigênio e o aumento do dióxido de carbono, além de causarem uma diminuição na respiração e, conseqüentemente, no metabolismo das frutas, também inibem a produção autocatalítica do etileno (KADER, 1979). Segundo KADER et al. (1989), a espessura do material da embalagem pode levar ao desenvolvimento de “off flavors” (sabores estranhos ou fermentação), em conseqüência da respiração anaeróbica, que leva a um acúmulo de acetaldeído e de etanol, geralmente quando os teores de O2 ficam abaixo de 2% e os de CO2 acima de 20%. Os filmes plásticos à base de polietileno ou cloreto de polivinila (PVC), devido a praticidade, custo relativamente baixo e alta eficiência, tem sido bastante utilizados, principalmente quando associados ao armazenamento refrigerado. Isto permite a manutenção da qualidade dos frutos, proporcionada pela ausência de doenças ou problemas fisiológicos, principalmente quando são aplicadas imediatamente após a colheita. Estes cuidados permitem que as frutas tropicais possam ter a vida pós-colheita prolongada, com redução na taxa respiratória e na produção de etileno e conseqüentemente atraso no amadurecimento, devido a modificação na atmosfera (AWAD, 1993; CHITARRA & CHITARRA, 2005). A combinação de armazenagem frigorificada com embalagem é uma técnica recomendada para aumentar o tempo de armazenamento e a vida útil pós-colheita de produtos frescos perecíveis, como a manga, inclusive para que possam ser transportadas via marítima (McGLASSON, 1992). 3. MATERIAL E MÉTODOS Foram realizados experimentos de pós-colheita com mangas das cultivares Tommy Atkins e Palmer, colhidas em pomar comercial situado no município de Taquaritinda-SP, distante 20 km de Jaboticabal-SP. Estes experimentos foram realizados com mangas colhidas em épocas distintas. Para a primeira fase, as mangas foram colhidas nos dias 14/01/2006 e 11/12/2006 e para a segunda fase a colheita foi realizada em 17/01/2007. A colheita foi realizada manualmente, no período da manhã, com os frutos no estádio “de vez”, correspondente ao grau 2 - 3 da escala de coloração indicada pela GTZ (1992). Logo após a colheita, os frutos foram colocadas em caixas plásticas, previamente forradas com plástico bolha e cuidadosamente transportadas para o Laboratório de Tecnologia dos Produtos Agrícolas do Departamento de Tecnologia da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias de Jaboticabal, UNESP. Uma vez no laboratório, os frutos foram lavados em água corrente e seus pedúnculos padronizados em 10-20 mm, antes da seleção que visou eliminar os com lesões mecânicas e uniformiza-los quanto ao estádio de maturação. Na primeira fase do trabalho, testou-se o tratamento com os fungicidas Sporekill® (cloreto de dodecil dimetil amônio a 12%) e Magnate 500 EC® (imazalil a 50%), associados ou não com tratamento hidrotérmico, no controle das podridões pós- colheita. Na segunda fase foi associado o tratamento que possibilitou os melhores resultados na primeira fase, com armazenamento refrigerado e atmosfera modificada, procurando-se ampliar a vida de prateleira dos frutos. A divisão em duas fases possibilitou verificar, na primeira, o efeito dos tratamentos fitossanitários preconizados, sem interferência da refrigeração ou de modificação na atmosfera e na segunda, o incremento à vida útil de mangas que receberam tratamento anti-podridões, proporcionado pela refrigeração e atmosfera modificada. Na primeira fase, os frutos das mangas ‘Tommy Atkins’ e ‘Palmer’ foram submetidos aos seguintes tratamentos: 1) Testemunha; 2) imersão em fungicida Sporekill® a 100 mL/100 L (SPK) por 10 minutos; 3) imersão em fungicida Magnate 500 EC® 200mL/100 L (IMA) por 2 minutos; 4) tratamento hidrotérmico (‘Tommy Atkins’ - 53°C/5 min. e ‘Palmer’ - 53°C/10 min.), seguido de imersão em fungicida Sporekill® (HT + SPK); 5) tratamento hidrotérmico, seguido de imersão em fungicida Magnate 500 EC® (HT + IMA). Após a realização dos tratamentos, as mangas foram armazenadas sob condição de ambiente (23 ± 2°C, 65 ± 5% UR). Durante o período de armazenamento, os frutos de cada tratamento foram amostrados, ao acaso, a cada 4 dias para os da ‘Tommy Atkins’ e a cada 3 dias para os da ‘Palmer’. Na segunda fase, realizada como mangas ‘Palmer’, testou-se com a proteção de diferentes filmes e armazenamento refrigerado em frutas previamente submetidas a tratamento hidrotérmico (53°C/10 min.), seguido de imersão em Magnate 500 EC® a 200mL/100L por 2 minutos. Os tratamentos estabelecidos foram submetidos os seguintes: Testemunha (sem tratamento); Testemunha com tratamento fitossanitário; Filme de polietileno de baixa densidade (PEBD), com espessura de 0,050mm; Polifilme multicamada (Cry-O-Vac® PD 900); Filme de cloreto de polivinila (Goodyear®), com espessura de 0,017mm; e Cera de carnaúba a 18% (Aruá BR-A2 Tropical). Os frutos que receberam estes tratamentos foram armazenados sob condição de ambiente (23 ± 2°C, 65 ± 5% UR) ou refrigerado (12° ± 2°C, 65 ± 5% UR). Os frutos armazenados sob refrigeração, por até 28 dias, eram amostrados, ao acaso, a cada 7 dias. Depois do período sob refrigeração, eles foram levados ao ambiente, com avaliação do amadurecimento após 3 e 6 dias. Os armazenados sob condição ambiente foram amostrados, ao acaso, a cada três dias (0, 3, 6, 9 e 12 dias), para os tratamentos: Testemunha, Testemunha com tratamento fitossanitário, Filme de cloreto de polivinila (PVC) e Cera de carnaúba. Para os tratamentos, Filme de polietileno de baixa densidade (PEBD) e Polifilme multicamada (PD 900), as amostragens foram realizadas a cada três dias (0, 6 e 9 dias), quando os frutos eram retirados das embalagens e avaliados após três e seis dias, para verificar a evolução do seu amadurecimento. Os frutos de todos os tratamentos foram analisados quanto à ocorrência de podridões, aparência, coloração da casca e da polpa, perda de massa e firmeza, assim como o pH e os teores de sólidos solúveis, acidez titulável e ácido ascórbico da polpa. Em cada tratamento, foram separadas três amostras, com dois frutos cada, para avaliação, a cada 2 dias, da perda de massa fresca, evolução da aparência e aparecimento de podridões. A intensidade da respiração era determinada diariamente, em triplicata, utilizando-se dois frutos por repetição. A aparência foi avaliada mediante a atribuição de notas, adotando-se os seguintes valores: 1 = frutos túrgidos, sem manchas e sem podridões; 2 = frutos com sinais de murchamento; e 3 = frutos totalmente murchos. Considerou-se a nota 2 de aparência como o valor limite para a vida útil ou comercial dos frutos. O aparecimento de podridões foi detectado através de observação visual, e indicada mediante a atribuição de notas, onde: 1 = ausência de infecção; 2 = lesões em até 10% dos frutos; 3 = lesões em 10% a 30% dos frutos; 4 = lesões em 30% a 50% dos frutos; e 5 = lesões em mais de 50% dos frutos. O agente causal foi identificado através de observação de suas estruturas em microscópio óptico comum e comparação destas com o apresentado por BARNETT & HUNTER (1972) Para a determinação da porcentagem de perda de massa foi considerada a diferença entre o peso inicial do fruto e aquele obtido a cada intervalo de tempo de amostragem, utilizando-se balança semi-analítica, Marte modelo AS 2000 com capacidade para 1200g e precisão de 0,01g. A firmeza da polpa foi determinada usando-se um penetrômetro McCormick modelo FT 327, com ponteira cilíndrica de 8mm de diâmetro e penetração de 7mm na polpa. As avaliações foram feitas em duas regiões eqüidistantes e em lados opostos da região equatorial dos frutos, após a remoção da casca. As leituras foram expressas em Newton. A respiração dos frutos foi avaliada colocando-se a amostra com 2 frutos, em recipiente hermeticamente fechado e com capacidade de 3L, por uma hora. Tomou-se alíquotas de 0,3 mL do ar, homogeneizado antes e depois deste tempo, nas quais se doseou o conteúdo de CO2. Estas amostras eram retiradas com microseringa Hamilton dotada de válvula de contenção de gases, e analisadas em cromatógrafo gasoso CG Finnigan 9001. Este aparelho é integrado por coluna Porapack-N (3,3mm; 3,15m), peneira molecular 5A (3,3mm; 1,25m), metanador e detectores de condutividade térmica (150°C) e de ionização de chama (150°C), e tem como gás de arraste o nitrogênio (30 mL.min-1). O sistema opera com as colunas a 55°C e está acoplado a um sistema de computação com o “software” Borwin 2.2, o qual permite a integração dos picos obtidos e o cálculo das concentrações do CO2 em relação a uma mistura padrão contendo 10,00% O2 e 0,10% CO2 diluídos em N2, e fornecida pela White Martins. A quantidade de CO2 produzida no período permitiu quantificar a intensidade respiratória dos materiais avaliados (TEIXEIRA, 2005). A coloração, sempre na parte verde do fruto, foi determinada utilizando-se um reflectômetro Minolta Croma Meter CR-200b, que se expressa segundo o sistema proposto pela Commission Internacionale de L’Eclaraige (CIE) em L*a*b* (color space). A coloração é relatada por três diferentes parâmetros: a luminosidade; o ângulo Hue ou de cor, que indica a localização da cor em um diagrama e é calculado através da fórmula, Hue= tg-1 (b/a); e a cromaticidade, que indica a intensidade da cor e é calculada utilizando-se a fórmula: C= � a2 + b2 (MINOLTA CORP, 1994). Para e determinação do teor de sólidos solúveis (SS), a polpa foi triturada em processador doméstico e prensada em gaze para extração do suco, com posterior quantificação em refratômetro digital Atago PR-101 Palette e os resultados expressos em % (AOAC, 1997). A acidez titulável (AT) foi determinada em amostra com 10 gramas de polpa triturada, à qual se acrescentou 50 mL de água destilada, que após agitação, foi titulada com solução padronizada de NaOH a 0,1 M, tendo-se como indicador a fenolftaleína a 1% e os resultados expressos em gramas de ácido cítrico por 100g de polpa (INSTITUTO ADOLFO LUTZ, 1985). O pH foi determinado usando-se potenciômetro digital, com leitura feita em duplicata diretamente e na polpa triturada. Os teores de ácido ascórbico (AA) foram doseados em 10 gramas de polpa triturada e adicionada de 70mL de ácido oxálico a 0,5%, a 5°C, que após agitação e filtragem, teve seu volume completado para 100mL com o ácido oxálico a 0,5%. A quantificação foi feita por método titulométrico, usando-se 2,6 diclorofenolindofenol de sódio a 0,1% (RANGANNA, 1977). A perda de massa fresca foi estatisticamente analisada utilizando-se regressão polinomial (GOMES, 1977), e as equações de 1° grau comparadas, quanto ao paralelismo, através do teste t (NETER et al., 1978). Na primeira fase, o delineamento experimental adotado foi o inteiramente casualizado (DIC), em esquema fatorial 5 x 5, com 3 repetições, em que o primeiro fator correspondeu aos tratamentos (Testemunha e Fungicidas, associados ou não ao tratamento hidrotérmico) e o segundo, ao tempo de armazenamento, ou seja, 0, 4, 8, 12 e 15 dias para a manga ‘Tommy Atkins’ e 0, 3, 6, 9 e 12 para a ‘Palmer’. Cada parcela experimental foi composta de 2 frutos. As médias foram comparadas pelo teste de Tukey, adotando-se o nível de significância de 5%. Para a descrição das variáveis, em função dos períodos de armazenamento, foram feitas análises de regressão e os modelos polinomiais foram selecionados observando-se a significância do teste F para cada modelo e coeficientes de determinação maiores que 0,70. Na fase 2, o delineamento experimental adotado foi o inteiramente casualizado, em esquema fatorial 6 x 5, com 3 repetições, em que o primeiro fator correspondeu aos tratamentos (Testemunha sem tratamento, Testemunha com tratamento fitossanitário, PEDB, PD 900, PVC e Cera) e o segundo, ao tempo de armazenamento, ou seja, 0, 3, 6, 9 e 12 dias para os frutos armazenados sob condição de ambiente e 0, 7, 14, 21 e 28 para os sob condição refrigerada. Para os tratamentos PEBD e PD 900, armazenados sob condição ambiente, também se adotou o delineamento inteiramente casualizado, em esquema fatorial 2 x 5, em que o primeiro fator correspondeu aos tratamentos PEDB e PD 900 e o segundo ao tempo de armazenamento na embalagem, acrescido do tempo após a retirada da mesma, ou seja, 0, 6+3, 6+6, 9+3 e 9+6 dias. Para os tratamentos levados da refrigeração para o ambiente, adotou-se esquema fatorial 5 x 5, em que o primeiro fator correspondeu aos tratamentos (Testemunhas, PEDB, PD 900, PVC e Cera) e o segundo, ao tempo de armazenamento sob refrigeração mais o tempo sob condição ambiente, ou seja, 0, 7+3, 14+3, 21+3, 28+3 dias, e esquema fatorial 5 x 4 quando os frutos dos mesmos tratamentos foram mantidos sob condição ambiente por seis dias, ou seja, 0, 7+6, 14+6, 21+6 dias. Cada parcela experimental foi composta de 2 frutos. As médias foram comparadas pelo teste de Tukey, adotando-se o nível de significância de 5%. Para a descrição das variáveis, em função dos períodos de armazenamento, foram feitas análises de regressão e os modelos polinomiais foram selecionados observando-se a significância do teste F para cada modelo e coeficientes de determinação maiores que 0,70. 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1. Tratamentos com fungicidas, associados ou não ao tratamento hidrotérmico 4.1.1. Manga ‘Tommy Atkins’ Na colheita, os frutos apresentavam-se com aspecto túrgido e sem podridões (nota 1), a casca apresentava coloração verde claro, indicada pela luminosidade (50,79), cromaticidade (32,96) e ângulo hue (122,52) e a polpa coloração creme (luminosidade = 81,40, cromaticidade = 50,28 e ângulo Hue = 103,2). Estes frutos apresentavam polpa resistente à penetração ou firmeza de 129,93 N, e teores de 7,31% de sólidos solúveis, 0,85 g ácido cítrico 100g-1 de acidez titulável e 17,37 mg 100g-1 de ácido ascórbico. Estes valores também estão indicados nas figuras do texto e referem- se ao zero dia de armazenamento. Os frutos da ‘Tommy Atkins’ não apresentaram podridões até o oitavo dia de armazenamento sob condição ambiente, independente do tratamento utilizado (Figura 1A). No décimo dia observou-se a presença de podridões em frutos de todos os tratamentos. Pode-se constatar que os frutos do Testemunha apresentaram a maior ocorrência de podridões, e que não houve diferença estatística entre os diferentes tratamentos, em qualquer um dos tempos de armazenamento. 0 1 2 3 4 5 0 2 4 6 8 10 12 15 DIAS DE ARMAZENAMENTO P O D R ID Õ E S ( N O T A S ) Testemunha SPK IMA HT + SPK HT + IMA 0 1 2 3 4 0 2 4 6 8 10 12 15 DIAS DE ARMAZENAMENTO A P A R Ê N C IA ( N O T A S ) Figura 1. Ocorrência de podridões (A) e evolução da aparência (B) em mangas ‘Tommy Atkins’ tratadas com fungicidas, associados ou não com tratamento hidrotérmico (53°C/5 minutos) e armazenadas sob condição ambiente (23°C, 65% UR). Notas de podridões: 1= ausência de infecção; 2= lesões em até 10% dos frutos; 3= lesões em entre 10% a 30% dos frutos; 4= lesões em 30% a 50% dos frutos; e 5= lesões em mais de 50% dos frutos. Notas de aparência: 1= frutos túrgidos, sem manchas e sem podridões; 2= frutos com sinais de murchamento; e 3= frutos totalmente murchos. É importante ressaltar que as mangas avaliadss neste ensaio foram colhidos sem a presença de sintomas de enfermidades e que os esporos permaneceram em dormência até o amadurecimento, quando se observou o desenvolvimento de manchas (CUNHA et al., 2000). Deve-se deixar observado que a podridão foi identificada como antracnose, cujo agente causal é o Colletotrichum gloeosporioides Penz. Verifica-se na Figura 1B que os frutos de todos os tratamentos apresentavam aparência comercial até o 10° dia (nota 2), e que após quinze dias de armazenamento, os frutos de todos tratamentos apresentavam-se totalmente murchos e com comprometimento da aparência externa (nota 3), sem que esta evolução fosse significamente afetada por qualquer um dos tratamentos aplicados. A perda de massa fresca pelas mangas ‘Tommy Atkins’ aumentou de maneira constante em todos os tratamentos (Tabela 1) e com maior intensidade nos frutos que receberam o tratamento SPK, porém sem que houvesse diferença estatística entre as mesmas, conforme o indicado pelo teste t. A B Tabela 1. Equações de regressão representativas da evolução da perda de massa fresca acumulada por mangas ‘Tommy Atkins’ tratadas com fungicidas, associados ou não com tratamento hidrotérmico (53°C/5 minutos) e armazenadas sob condição ambiente (23°C, 65% UR), durante 15 dias. Tratamentos Y= A + BX r Teste t Testemunha Y= 0,3725 + 1,0609X 0,9964** a SPK Y= 0,4105 + 1,1233X 0,9957** a IMA Y= 0,4552 + 1,0594X 0,9956** a HT + SPK Y= 0,4039 + 1,0510X 0,9954** a HT + IMA Y= 0,1191 + 1,0626X 0,9996** a Y= perda de massa dos frutos (g) e X= dias de armazenamento No teste t, as equações seguidas de letras iguais, não diferem entre si a 5% de probabilidade. Após 15 dias de armazenamento, as mangas apresentavam 15,43%, 16,30%, 15,44%, 15,22% e 15,83% de perda de massa, para os tratamentos Testemunha, SPK, IMA, HT + SPK e HT + IMA, respectivamente. LIMA et al. (2005), trabalhando com mangas da cultivar Tommy Atkins, também observaram 15% de perda de massa fresca em 12 dias, o que foi reafirmado pelos valores observados. A perda de massa pelos frutos é uma variável importante, pois está diretamente associada com a qualidade dos mesmos. Segundo BEN-YEHOSHUA (1987), um dos principais problemas durante o armazenamento de frutas e hortaliças é a perda de massa, que tem sido atribuída à transpiração e à respiração, o que também tem sido observado ao se estudar os diversos cultivares de manga (GOWDA & HUDDAR, 2001; YAMASHITA et al., 1997). A Figura 2 indica que durante o período de armazenamento, os frutos de todos os tratamentos aumentaram a taxa respiratória, com valores que aumentaram de 60,20 mgCO2 kg-1 h-1 para 198,80 mgCO2 kg-1 h-1, que são maiores que os reportados por GONZALEZ-AGUILAR et al. (2001) para mangas desta cultivar. Nos frutos tratados hidrotermicamente e com imazalil (HT + IMA) observou-se a menor intensidade respiratória durante os primeiros oito dias de armazenamento. 0 50 100 150 200 250 300 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 DIAS DE ARMAZENAMENTO R E S P IR A Ç Ã O ( m g. C O 2. K g-1 .h -1 ) Testemunha SPK IMA HT + SPK HT + IMA Figura 2. Taxa respiratória, em mangas ‘Tommy Atkins’ tratadas com fungicidas, associados ou não com tratamento hidrotérmico (53°C/5 minutos) e armazenadas sob condição ambiente (23°C, 65% UR). A coloração da casca evoluiu de verde claro, no primeiro dia de avaliação, para amarelo intenso, ao final do período de armazenamento, indicado por aumento na luminosidade e na cromaticidade (Figuras 3 e 4) e redução no ângulo Hue (Figura 5), apesar da influência dos tratamentos em alguns dos parâmetros (Tabela 2). Os resultados observados seguiram o comportamento descrito por MORAIS (2000), ao avaliar a evolução da maturação de frutos desta variedade de manga. Tabela 2. Luminosidade, cromaticidade e ângulo Hue da casca de mangas ‘Tommy Atkins’ tratadas com fungicidas, associados ou não com tratamento hidrotérmico (53°C/5 minutos) e armazenadas sob condição ambiente (23°C, 65% UR), durante 15 dias. Coloração da casca Tratamentos L* Croma °h Testemunha 57,01 a 41,13 ab 111,48 ab SPK 57,16 a 42,77 a 107,90 b IMA 56,82 a 42,70 a 108,41 b HT + SPK 53,57 b 39,54 b 114,44 a HT + IMA 56,30 a 39,94 b 110,77 ab Tratamentos (A) ** ** * Dias de armazenamento (B) ** ** ** Interação (A x B) NS NS NS Erro padrão 0,60 0,64 1,46 CV (%) 7,43 10,81 9,14 L*= luminosidade; Croma= cromaticidade; °h= ângulo Hue ou de cor. Nas colunas, médias seguidas de pelo menos uma mesma letra, não diferem entre si pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade. y= 0,7838x + 50,586 R2= 0,989** 0 20 40 60 80 0 2 4 6 8 10 12 14 16 DIAS DE ARMAZENAMENTO LU M IN O S ID A D E Figura 3. Luminosidade da casca de mangas ‘Tommy Atkins’, tratadas com fungicidas, associados ou não com tratamento hidrotérmico (53°C/5 minutos) e armazenadas sob condição ambiente (23°C, 65% UR). y= -0,0115x3 + 0,2358x2 + 0,1429x + 32,724 R2= 0,995** 0 10 20 30 40 50 60 0 2 4 6 8 10 12 14 16 DIAS DE ARMAZENAMENTO C R O M A T IC ID A D E Figura 4. Cromaticidade da casca de mangas ‘Tommy Atkins’ tratadas com fungicidas, associados ou não com tratamento hidrotérmico (53°C/5 minutos) e armazenadas sob condição ambiente (23°C, 65% UR). y= -1,5465x + 121,62 R2= 0,9738** 0 20 40 60 80 100 120 140 0 2 4 6 8 10 12 14 16 DIAS DE ARMAZENAMENTO  N G U LO H U E Figura 5. Ângulo Hue da casca de mangas ‘Tommy Atkins’ tratadas com fungicidas, associados ou não com tratamento hidrotérmico (53°C/5 minutos) e armazenadas sob condição ambiente (23°C, 65% UR). A coloração da polpa não foi significativamente afetada pelos tratamentos, mas sim pelo tempo de armazenamento sob as condições de ambiente (Tabela 3). Tabela 3. Luminosidade, cromaticidade e ângulo Hue da polpa de mangas ‘Tommy Atkins’ tratadas com fungicidas, associados ou não com tratamento hidrotérmico (53°C/5 minutos) e armazenadas sob condição ambiente (23°C, 65% UR), durante 15 dias. Coloração da polpa Tratamentos L* Croma °h Testemunha 76,73 a 49,21 a 99,27 a SPK 75,81 a 51,71 a 97,99 a IMA 77,61 a 50,26 a 99,12 a HT + SPK 76,75 a 50,19 a 104,17 a HT + IMA 76,92 a 50,18 a 98,68 a Tratamentos (A) NS NS NS Dias de armazenamento (B) ** ** ** Interação (A x B) NS NS NS Erro padrão 0,62 0,76 2,46 CV (%) 3,13 5,83 9,54 L*= luminosidade; Croma= cromaticidade; °h= ângulo Hue ou de cor. Nas colunas, médias seguidas da mesma letra, não diferem entre si pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade. Os resultados indicam que a coloração da polpa evoluiu de creme para amarelo- laranja, conforme o indicado pela GTZ (1992). A redução na luminosidade e no ângulo Hue, a partir do quarto dia de armazenamento (Figuras 6 e 8), assim como o aumento na cromaticidade (Figura 7), indicam a rápida alteração na coloração da polpa, causada pelo acúmulo de carotenóides. Esta evolução, também foi descrita por COCOZZA (2003) quando armazenou mangas ‘Tommy Atkins’ sob condição ambiente, 27,5°C e 65,5% UR. Em mangas ‘Lippens’ e ‘Smith’, a luminosidade da polpa é o parâmetro que varia mais significativamente durante o amadurecimento (MARIN & CANO, 1992), embora outros autores relatam que para a ‘Tommy Atkins’, há o desenvolvimento de coloração laranja intensa no mesocarpo, tendo a cromaticidade como a variação mais significativa (MITCHAM & McDONALD, 1992), o que também foi o constatado neste trabalho. y= 0,0071x3 - 0,1085x2 - 0,3903x + 81,467 R2= 0,9858** 72 74 76 78 80 82 0 4 8 12 16 DIAS DE ARMAZENAMENTO LU M IN O S ID A D E Figura 6. Luminosidade da polpa de mangas ‘Tommy Atkins’, tratadas com fungicidas, associados ou não com tratamento hidrotérmico (53°C/5 minutos), e armazenadas sob condição ambiente (23°C, 65% UR). y= -0,0215x3 + 0,4829x2 - 1,3739x + 42,099 R2= 0,9799** 0 10 20 30 40 50 60 0 4 8 12 16 DIAS DE ARMAZENAMENTO C R O M A T IC ID A D E Figura 7. Cromaticidade da polpa de mangas ‘Tommy Atkins’ tratadas com fungicidas, associados ou não com tratamento hidrotérmico (53°C/5 minutos), e armazenadas sob condição ambiente (23°C, 65% UR). y= 0,0258x3 - 0,5986x2 + 2,6594x + 103,56 R2= 0,9217* 0 20 40 60 80 100 120 0 4 8 12 16 DIAS DE ARMAZENAMENTO  N G U LO H U E Figura 8. Ângulo Hue da polpa de mangas ‘Tommy Atkins’ tratadas com fungicidas, associados ou não com tratamento hidrotérmico (53°C/5 minutos), e armazenadas sob condição ambiente (23°C, 65% UR). A análise de variância dos resultados referentes à firmeza da polpa dos frutos indicou efeito significativo apenas devido ao tempo de armazenamento (Tabela 4). Os frutos apresentaram, inicialmente valores médios de 129,94 N e no final do período de armazenamento, quando já se apresentavam senescentes, esta resistência era de 7,28 N (Figura 9). Nesta Figura tem-se também, que os frutos apresentaram acentuada redução na resistência da polpa até o oitavo dia de armazenamento, em todos os tratamentos, com valores médios de 33,64 N, o que também foi o encontrado por FREIRE & CHITARRA (1999), que relataram valores variando de 28,56 N a 33,81 N. A redução na firmeza da polpa de mangas ‘Tommy Atkins’, ao longo do período de armazenamento e amadurecimento, complementa a textura típica da manga, que tem grande importância para sua aceitação sensorial. Tem-se atribuído esta redução à solubilização de protopectinas a pectinas ou ácido péctico, que têm baixo peso molecular (SIGRIST, 1992). SAÑUDO et al. (1997) também indicam que durante o amadurecimento da manga há a conversão do amido em açúcares solúveis, o que também contribui para reduzir a resistência da polpa. Tabela 4. Firmeza, pH e teores de sólidos solúveis (SS), acidez titulável (AT) e ácido ascórbico (AA) na polpa de mangas ‘Tommy Atkins’ tratadas com fungicidas, associados ou não com tratamento hidrotérmico (53°C/5 minutos), e armazenadas sob condição ambiente (23°C, 65% UR). Tratamentos Firmeza (N) SS (%) AT (g.ác. cítrico 100g-1) pH AA ( mg 100g-1) Testemunha 65,31 a 11,40 a 0,64 a 4,04 ab 12,37 a SPK 50,41 a 11,91 a 0,53 b 4,23 a 12,80 a IMA 62,14 a 11,51 a 0,65 a 4,05 ab 12,36 a HT + SPK 60,64 a 11,16 a 0,61 ab 4,01 b 12,18 a HT + IMA 58,68 a 11,62 a 0,57 ab 4,02 b 11,69 a Tratamentos (A) NS NS * * NS Dias de armazenamento (B) ** ** ** ** ** Interação (A x B) NS NS ** NS NS Erro padrão 4,20 0,23 0,02 0,05 0,33 CV (%) 27,38 7,62 15,97 4,49 10,31 Nas colunas, médias seguidas de mesma letra, não diferem entre si pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade. y= 0,3045x2 - 13,726x + 139,15 R2= 0,9292** 0 20 40 60 80 100 120 140 160 0 4 8 12 16 DIAS DE ARMAZENAMENTO F IR M E Z A ( N ) Figura 9. Evolução na firmeza da polpa de mangas ‘Tommy Atkins’ tratadas com fungicidas, associados ou não com tratamento hidrotérmico (53°C/5 minutos) e armazenadas sob condição ambiente (23°C, 65% UR). O tempo de armazenamento também afetou significativamente o acúmulo de sólidos solúveis durante o armazenamento dos frutos (Tabela 4), sem que o mesmo fosse afetado pelos tratamentos. Verificou-se também, um aumento acentuado neste conteúdo até o oitavo dia de armazenamento, com valores médios que evoluíram de 7,30% até a estabilidade em 13,42% (Figura 10). Esta evolução também foi a observada por COCOZZA (2003), que relatou evolução de 6,9% para 12,2%, e que já havia sido relatada por MORAIS et al. (2000). y= -0,0045x3 + 0,0571x2 + 0,5396x + 7,2407 R2= 0,9849** 0 4 8 12 16 0 4 8 12 16 DIAS DE ARMAZENAMENTO S Ó LI D O S S O LÚ V E IS ( % ) Figura 10. Evolução nos teores de sólidos solúveis da polpa de mangas ‘Tommy Atkins’ tratadas com fungicidas, associados ou não com tratamento hidrotérmico (53°C/5 minutos) e armazenadas sob condição ambiente (23°C, 65% UR). O aumento significativo nos teores de sólidos solúveis, durante o armazenamento destes frutos, tem sido atribuído à transformação das reservas acumuladas, principalmente amido, durante o desenvolvimento dos mesmos, a açúcares solúveis (SAÑUDO et al., 1997; JERÔNIMO & KANESIRO, 2000). A acidez titulável foi significativamente afetada pela interação entre os tratamentos e o tempo de armazenamento, o que não aconteceu com o pH que foi significativamente afetado pelo tempo de armazenamento, conforme o indicado na Tabela 4. A acidez titulável apresentou tendência de diminuição durante o armazenamento o que se refletiu no pH (Figura 12), podendo-se deixar observado que os frutos submetidos ao tratamento Sporekill (SPK) foram os que apresentaram a maior redução na acidez e a menor no pH (Tabela 4, Figura 11). Este comportamento está de acordo com o preconizado por CHITARRA & CHITARRA (2005), ou seja, que a acidez decresce com o amadurecimento destes frutos em decorrência de redução no processo respiratório, com conseqüente aumento no pH (MEDLICOTT et al., 1986). y1= -0,004x2 + 0,0007x + 1,0115 R2 = 0,7642** y3= -0,0055x2 + 0,0286x + 0,9446 R2= 0,8264** y4= -0,0035x2 + 0,0005x + 0,9453 R2 = 0,8447** y5= -0,0025x2 - 0,0183x + 0,958 R2= 0,8499** y2= -0,0017x2 - 0,0382x + 0,9822 R2 = 0,7814** 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2 1,4 0 4 8 12 16 DIAS DE ARMAZENAMENTO Á C ID E Z T IT U LÁ V E L (g . á c. c ítr ic o 10 0g -1 ) yi= Testemunha y2= SPK y3= IMA y4= TH + SPK y5= HT + IMA Figura 11. Evolução na acidez titulável da polpa de mangas ‘Tommy Atkins’ tratadas com fungicidas, associados ou não com tratamento hidrotérmico (53°C/5 minutos) e armazenadas sob condição ambiente (23°C, 65% UR). y= -0,0009x3 + 0,0273x2 - 0,1185x + 3,4931 R2= 0,9993** 0 1 2 3 4 5 6 0 4 8 12 16 DIAS DE ARMAZENAMENTO pH Figura 12. Evolução no pH da polpa de mangas ‘Tommy Atkins’ tratadas com fungicidas, associados ou não com tratamento hidrotérmico (53°C/5 minutos) e armazenadas sob condição ambiente (23°C, 65% UR). O pH médio da polpa dos frutos foi 4,06 (Tabela 4), que está muito próximo do indicado por SIQUEIRA et al. (1988) para sua utilização industrial, pois confere ao produto maior resistência a contaminações microbianas. Os teores de ácido ascórbico nas mangas ‘Tommy Atkins’ só foram significativamente afetados pelo fator dias de armazenamento (Tabela 4). Estes teores variaram de 17,36 mg de ácido ascórbico 100g-1, no primeiro dia, para 6,28 mg 100g-1 de polpa, no décimo segundo dia (Figura 13). Estes teores são concordantes com os encontrados por EVANGELISTA et al. (1996), que trabalharam com frutos desta cultivar e relatam variação de 18,56 mg 100g-1 para 10,18 mg 100g-1 de polpa, porém são inferiores aos encontrados por DE SOUSA et al. (2002), que relataram teores de 61,43 - 36,99 mg 100g-1 e por HOJO (2005), que relatou 58,93 - 74,82 mg 100g-1. Segundo BLEINROTH et al. (1985), os valores de vitamina C em mangas maduras de diferentes cultivares varia de 21 mg 100g-1 a 71 mg 100g-1. Conforme BOTREL (1994), estes teores variam de 5 mg 100g-1 a 178 mg 100g-1 e são influenciados por fatores como tipo de solo, clima, regime pluvial, grau de maturação e temperatura de armazenamento (FONSECA et al., 1969). y = -0,0252x2 - 0,6299x + 17,418 R2 = 0,9992** 0 3 6 9 12 15 18 21 0 4 8 12 DIAS DE ARMAZENAMENTO Á C ID O A S C Ó R B IC O ( m g 10 0. g-1 ) Figura 13. Evolução nos teores de ácido ascórbico da polpa de mangas ‘Tommy Atkins’ tratadas com fungicidas, associados ou não com tratamento hidrotérmico (53°C/5 minutos) e armazenadas sob condição ambiente (23°C, 65% UR). Os tratamentos com os frutos da manga ‘Tommy Atkins’ tratados com fungicidas, associados ou não com o tratamento térmico, apresentaram vida útil, sob condição ambiente (23°C e 65% UR), de 10 dias e foi limitada pela aparência. 4.1.2. Manga ‘Palmer’ Na colheita, os frutos se apresentavam com aspecto túrgido e sem podridões (nota 1), com casca apresentando coloração verde clara, indicada pela luminosidade (45,00), cromaticidade (22,03) e ângulo hue (130,44), e a polpa coloração creme (luminosidade = 84,56, cromaticidade = 45,88 e ângulo Hue = 105,0). Estes frutos apresentavam polpa com firmeza de 134,22 N, pH igual a 3,36 e teores de 6,39% de sólidos solúveis, 0,96 g ácido cítrico 100g-1 de acidez titulável, e 33,27 mg 100g-1 de ácido ascórbico. Estes valores também estão indicados nas figuras do texto e referem- se ao zero dia de armazenamento. Na Figura 14A tem-se que os frutos da manga ‘Palmer’ não apresentaram podridões até o sexto dia de armazenamento sob condição ambiente, independente do tratamento utilizado, e que as podridões só foram registradas no oitavo dia, nos frutos de todos os tratamentos. 0 1 2 3 4 5 0 2 4 6 8 10 12 DIAS DE ARMAZENAMENTO P O D R ID Õ E S ( N O T A S ) Testemunha SPK IMA HT + SPK HT + IMA 0 1 2 3 4 0 2 4 6 8 10 12 DIAS DE ARMAZENAMENTO A P A R Ê N C IA ( N O T A S ) Figura 14. Ocorrência de podridões (A) e evolução da aparência (B) em mangas ‘Palmer’ tratadas com fungicidas, associados ou não com tratamento hidrotérmico (53°C/10 minutos) e armazenadas sob condição ambiente (23°C, 65% UR). Notas de podridões: 1= ausência de infecção; 2= lesões em até 10% dos frutos; 3= lesões em entre 10% a 30% dos frutos; 4= lesões em 30% a 50% dos frutos; e 5= lesões em mais de 50% dos frutos. Notas de aparência: 1= frutos túrgidos, sem manchas e sem podridões; 2= frutos com sinais de murchamento; e 3= frutos totalmente murchos. A B Pode-se constatar que os frutos do tratamento Testemunha apresentaram a maior presença de podridões, apesar de não haver diferença significativa entre os tratamentos. Deve-se deixar observado que os frutos tratados com Sporekill (SPK) e os que receberam tratamento fungicida associado ao hidrotérmico foram os mais eficientes na contenção do desenvolvimento de podridões até o oitavo dia, com valores inferiores a 10% (nota 2) de incidência total nos frutos amostrados. No experimento anterior, em que se utilizou mangas ‘Tommy Atkins’, os mesmos tratamentos foram eficientes na contenção de podridões até o décimo dia (Figura 1A) e assim como neste experimento o agente causal das podridões foi o Colletotrichum gloeosporioides Penz, com a ocorrência de lesões identificadas como antracnose (BAILEY et al., 1992). Os resultados referentes a evolução da aparência dos frutos, durante o período de armazenamento, são mostrados na Figura 14B, onde pode-se observar que, independente dos tratamentos testados, os frutos se mantiveram com aparência muito boa (nota 1) até o sexto dia. A ocorrência de doenças (Figura 14A) e a evolução da aparência (Figura 14B) indicam que os frutos de todos os tratamentos e armazenados sob condição de ambiente, apresentaram valor comercial por até dez dias, com pequena ocorrência de podridões (Nota < 2) e apenas alguns sinais de murchamento (Nota < 2). A perda de massa fresca pelas mangas ‘Palmer’ aumentou de maneira constante e sem diferenças entre tratamentos (Tabela 5), o que também foi o observado em mangas ‘Tommy Atkins’ (Tabela 1). Tabela 5. Equações de regressão representativas da evolução da perda de massa fresca acumulada por mangas ‘Palmer’ tratadas com fungicidas, associados ou não com tratamento hidrotérmico (53°C/10 minutos), e armazenadas sob condição ambiente (23°C, 65% UR), por 12 dias. Tratamentos Y= A + BX r Teste t Testemunha Y= 0,4889 + 1,1909X 0,9943 a SPK Y= 0,4904 + 1,1402X 0,9942 a IMA Y= 0,4739 + 1,0970X 0,9957 a TH + SPK Y= 0,4254 + 1,1434X 0,9954 a TH + IMA Y= 0,4550 + 1,1239X 0,9941 a Y= perda de massa fresca dos frutos (g) e X= dias de armazenamento No teste t, as equações seguidas de letras iguais, não diferem entre si a 5% de probabilidade. Os frutos de todos os tratamentos, no final do período de armazenamento (12 dias), apresentavam perda de massa de 13,27%, que foi suficiente para causar murchamento aos mesmos. JERÔNIMO (2000), ao armazenar mangas da cultivar Palmer sob condição de ambiente, obteve perda de massa da ordem de 11,56%. Segundo CHITARRA & CHITARRA (2005), perdas da ordem de 3% a 6% são suficientes para causar um marcante declínio na qualidade da maioria dos produtos hortícolas, porém, alguns produtos ainda são comercializáveis com 10% de perda de umidade, o que tem sido o observado para mangas. Na Figura 15 pode-se observar um aumento expressivo na produção de CO2 pelos frutos de todos os tratamentos, a partir do sexto dia de armazenamento sob condição ambiente, indicando o climatério, ou melhor, o amadurecimento dos frutos. 0 20 40 60 80 100 120 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 DIAS DE ARMAZENAMENTO R E S P IR A Ç Ã O ( m g C O 2 kg -1 h -1 ) Testemunha SPK IMA HT + SPK HT + IMA Figura 15. Taxa respiratória, em mangas ‘Palmer’ tratadas com fungicidas, associados ou não com tratamento hidrotérmico (53°C/10 minutos), e armazenadas sob condição ambiente (23°C, 65% UR). Os frutos submetidos aos tratamentos com fungicidas associados ao hidrotérmico apresentaram as menores intensidades respiratórias até o sétimo dia (Figura 15). Respostas similares a estes tratamentos também foram observadas em mangas ‘Tommy Atkins’, até o oitavo dia (Figura 2). CHITARRA & CHITARRA (2005) relatam que dependendo da sensibilidade dos tecidos, pode ocorrer danos físicos e químicos em temperaturas acima de 50°C e que em mangas pode haver inibição do climatério respiratório. O tempo de armazenamento afetou a coloração da casca das mangas ‘Palmer’, indicada pelos parâmetros cromaticidade e ângulo Hue (Tabela 6), mas não afetou a luminosidade, cujos valores variaram de 42,9 a 45,73, o que não foi o obtido por JERÔNIMO (2000), que observou valores crescentes ao longo do período de armazenamento. O aumento na cromaticidade e os valores de Hue indicam evolução da coloração da casca, de verde claro (130,44) para amarelo intenso (120,47) (Figuras 16 e 17), o que também foi relatado por JERÔNIMO (2000). Em mangas ‘Tommy Atkins’ a coloração da casca também evoluiu de verde claro para amarelo intenso, com aumento na luminosidade, cromaticidade e ângulo Hue (Figuras 3, 4 e 5). O tratamento dos frutos com imazalil (IMA) ou Sporekill (SPK), sem tratamento térmico, levaram à menor luminosidade e cromaticidade, sem afetar o ângulo Hue (Tabela 6), indicando retardo na evolução da coloração, o que não se concretizou em interação com o tempo de armazenamento. Estas modificações na coloração dos frutos são devidas a processos metabólicos e sintéticos, os quais correspondem a um dos principais critérios para a identificação do amadurecimento em frutas e hortaliças (CHITARRA & CHITARRA, 2005). Tabela 6. Luminosidade, cromaticidade e ângulo Hue da casca de mangas ‘Palmer’ tratadas com fungicidas, associados ou não com tratamento hidrotérmico (53°C/10 minutos) e armazenadas sob condição ambiente (23°C, 65% UR), durante 12 dias. Coloração da casca Tratamentos L* Croma °h Testemunha 45,73 a 26,44 a 122,59 c SPK 42,9 b 23,29 bc 129,53 a IMA 43,10 b 22,64 c 128,62 ab HT + SPK 44,85 a 23,53 bc 128,40 ab HT + IMA 45,11 a 25,49 ab 127,70 b Tratamentos (A) ** ** * Dias de armazenamento (B) NS ** ** Interação (A x B) NS NS NS Erro padrão 0,42 0,65 1,60 CV (%) 6,17 17,22 8,16 L*= luminosidade; Croma= cromaticidade; °h= ângulo Hue ou de cor. Nas colunas, médias seguidas de pelo menos uma mesma letra, não diferem entre si pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade. y = 0,0602x2 - 0,1429x + 22,005 R2 = 0,9371** 0 5 10 15 20 25 30 35 0 2 4 6 8 10 12 DIAS DE ARMAZENAMENTO C R O M A T IC ID D E Figura 16. Cromaticidade da casca de mangas ‘Palmer’ tratadas com fungicidas, associados ou não com tratamento hidrotérmico (53°C/10 minutos) e armazenadas sob condição ambiente (23°C, 65% UR). y = 0,0322x3 - 0,6974x2 + 2,9468x + 129,72 R2 = 0,8737** 0 20 40 60 80 100 120 140 160 0 2 4 6 8 10 12 DIAS DE ARMAZENAMENTO  N G U LO H U E Figura 17. Ângulo Hue da casca de mangas ‘Palmer’ tratadas com fungicidas, associados ou não com tratamento hidrotérmico (53°C/10 minutos) e armazenadas sob condição ambiente (23°C, 65% UR). A evolução da coloração da polpa, avaliada colorimetricamente, indica que os tratamentos não a influenciaram e que durante o período de armazenamento, somente o ângulo Hue não foi afetado (Tabela 7). Os valores obtidos indicam que a polpa dos frutos apresentou-se, desde o início, com coloração amarela, que se intensificou ao longo do período de armazenamento, conforme o indicado pela pequena variação na luminosidade e aumento na cromaticidade (Figuras 18 e 19). A coloração mais amarelada da polpa, no início do experimento, pode ser atribuída a características próprias da cultivar, no ponto de colheita indicado, conforme o relatado por MITCHAM & McDONALD (1992). Observou-se comportamento similar para a coloração da polpa de mangas ‘Tommy Atkins’ (Figuras 6, 7 e 8). Tabela 7. Luminosidade, cromaticidade e ângulo Hue da polpa de mangas ‘Palmer’ tratadas com fungicidas, associados ou não com tratamento hidrotérmico (53°C/10 minutos), e armazenadas sob condição ambiente (23°C, 65% UR), durante 12 dias. Coloração da polpa Tratamentos L* Croma °h Testemunha 84,72 a 50,54 a 105,68 a SPK 84,83 a 50,59 a 105,63 a IMA 85,34 a 49,38 a 106,36 a HT + SPK 84,83 a 52,77 a 110,99 a HT + IMA 85,05 a 50,02 a 106,27 a Tratamentos (A) NS NS NS Dias de armazenamento (B) ** ** NS Interação (A x B) NS NS NS Erro padrão 0,31 1,39 2,47 CV (%) 2,01 15,00 12,64 L*= luminosidade; Croma= cromaticidade; °h= ângulo Hue ou de cor. Nas colunas, médias seguidas de mesma letra, não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. y= -0,0873x2 + 0,8252x + 84,717 R2= 0,9554** 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 0 2 4 6 8 10 12 DIAS DE ARMAZENAMENTO LU M IN O S ID A D E Figura 18. Luminosidade da polpa de mangas ‘Palmer’ tratadas com fungicidas, associados ou não com tratamento hidrotérmico (53°C/10 minutos) e armazenadas sob condição ambiente (23°C, 65% UR). y= 0,2162x2 - 1,0287x + 45,179 R2= 0,978** 0 10 20 30 40 50 60 70 0 2 4 6 8 10 12 DIAS DE ARMAZENAMENTO C R O M A T IC ID A D E Figura 19. Cromaticidade da polpa de mangas ‘Palmer’ tratadas com fungicidas, associados ou não com tratamento hidrotérmico (53°C/10 minutos) e armazenadas sob condição ambiente (23°C, 65% UR). A análise de variância dos resultados relativos à firmeza da polpa foi significativo apenas para o período de armazenamento (Tabela 8). No início, os frutos apresentavam resistência de 134,22 N e no final, quando já se apresentavam sobremaduros, firmeza de 9,67 N (Figura 20). Os frutos de todos os tratamentos apresentaram queda intensa na resistência, a partir do sexto dia de armazenamento, o que é coincidente com o climatério e explicado por SIGRIST (1992) e SAÑUDO et al. (1997). Nas mangas ‘Tommy Atkins’ esta redução foi observada entre o quarto e o oitavo dia de armazenamento (Figura 9). Os valores de firmeza detectados inicialmente foram maiores que os 111,03 N relatados por MEGALE (2002), ao avaliar diferentes pontos de colheita para mangas ‘Palmer’. Tabela 8. Firmeza, pH e teores de sólidos solúveis (SS), acidez titulável (AT) e ácido ascórbico (AA) na polpa de mangas ‘Palmer’ tratadas com fungicidas, associados ou não com tratamento hidrotérmico (53°C/10 minutos), e armazenadas sob condição ambiente (23°C, 65% UR). Tratamentos Firmeza (N) SS (%) AT (g ác. cítrico 100g-1) pH AA ( mg 100g-1) Testemunha 76,43 a 11,40 a 0,59 a 3,80 a 36,09 a SPK 74,78 a 11,20 a 0,62 a 3,77 a 35,43 a IMA 78,98 a 10,86 a 0,61 a 3,69 a 34,52 a HT + SPK 83,68 a 11,18 a 0,59 a 3,68 a 33,14 a HT + IMA 76,76 a 11,13 a 0,58 a 3,93 a 34,62 a Tratamentos (A) NS NS NS NS NS Dias de armazenamento (B) ** ** ** ** ** Interação (A x B) NS NS NS NS NS Erro padrão 4,19 0,31 0,02 0,08 0,74 CV (%) 20,77 10,79 13,95 7,79 8,19 Nas colunas, médias seguidas de mesma letra, não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. y= 0,1984x3 - 4,1142x2 + 10,429x + 130,61 R2= 0,9322** 0 20 40 60 80 100 120 140 160 0 3 6 9 12 DIAS DE ARMAZENAMENTO F IR M E Z A ( N ) Figura 20. Evolução na firmeza da polpa de mangas ‘Palmer’ tratadas com fungicidas, associados ou não com tratamento hidrotérmico (53°C/10 minutos) e armazenadas sob condição ambiente (23°C, 65% UR). Os tratamentos não afetaram o conteúdo de sólidos solúveis na polpa das mangas ‘Palmer’, que foi significamente afetado pelo tempo de armazenamento (Tabela 8) e que aumentou de 6,39%, no início, para 14,89% no décimo dia, quando os frutos estavam maduros e 16,02%, no 12° dia, quando os frutos estavam sobremaduros (Figura 21), o que reafirma o relatado por BLEINROTH (1985) para mangas desta cultivar, 13,50% a 17,49% quando maduras, e devido a transformação de suas reservas em açúcares solúveis (SAÑUDO et al., 1997; JERONIMO & KANESIRO, 2000). O mesmo comportamento foi observado para as mangas ‘Tommy Atkins’ (Figura 10). y = -0,0154x3 + 0,282x2 - 0,3612x + 6,421 R2 = 0,9991** 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 0 3 6 9 12 DIAS DE ARMAZENAMENTO S Ó LI D O S S O LÚ V E IS ( % ) Figura 21. Evolução nos teores de sólidos solúveis da polpa de mangas ‘Palmer’ tratadas com fungicidas, associados ou não com tratamento hidrotérmico (53°C/10 minutos) e armazenadas sob condição ambiente (23°C, 65% UR). A acidez titulável e o pH também só foram influenciados pelo tempo de armazenamento (Tabela 8), com tendência de diminuição na acidez nos frutos de todos os tratamentos, sendo que após o sexto dia observou-se decréscimo mais acentuado (Figura 22). Este comportamento pode ser devido a intensidade do amadurecimento dos frutos, conforme o sugerido por HULME (1974) e CHITARRA & CHITARRA (2005), o que também foi o observado para as mangas ‘Tommy Atkins’ (Figura 11). y= 0,0013x3 - 0,0282x2 + 0,0806x + 0,9294 R2= 0,8872** 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2 0 3 6 9 12 DIAS DE ARMAZENAMENTO A C ID E Z T IT U LÁ V E L (g á c. C ítr ic o 10 0g -1 ) Figura 22. Evolução na acidez titulável da polpa de mangas ‘Palmer’ tratadas com fungicidas, associados ou não com tratamento hidrotérmico (53°C/10 minutos) e armazenadas sob condição ambiente (23°C, 65% UR). Esta redução refletiu-se em aumento no pH durante o período de armazenamento dos frutos submetidos aos diferentes tratamentos, com valores médios de 3,72 (Figura 23), o que também foi o observado em mangas ‘Tommy Atkins’ (Figura 12). Este aumento, assim como o decréscimo na acidez, também foi relatado por MEDLICOTT et al. (1986) em mangas da cultivar Tommy Atkins e por ROCHA et al. (2001) e GOWDA & HUDDAR (2001) em frutos “Palmer’. y= 0,008x2 - 0,0128x + 3,4191 R2= 0,943** 0 1 2 3 4 5 0 3 6 9 12 DIAS DE ARMAZENAMENTO pH Figura 23. Evolução no pH da polpa de mangas ‘Palmer’ tratadas com fungicidas, associados ou não com tratamento hidrotérmico (53°C/10 minutos) e armazenadas sob condição ambiente (23°C, 65% UR). A análise de variância dos resultados (Tabela 8) também mostrou que o teor de ácido ascórbico reduziu-se durante o tempo de armazenamento, sem influência dos tratamentos. Esta evolução é apresentada na Figura 24, cuja variação foi de 37,27 mg 100g-1 de polpa para 30,56 mg 100g-1, os quais são superiores aos encontrados por JERÔNIMO (2000) em frutos da cultivar ‘Palmer’. Comportamento semelhante também foi observado em mangas ‘Tommy Atkins’, que apresentaram variação mais acentuada. y= -0,123x2 + 1,1393x + 34,566 R2= 0,952** 0 5 10 15 20 25 30 35 40 0 3 6 9 12 DIAS DE ARMAZENAMENTO Á C ID O A S C Ó R B IC O ( m g 10 0g -1 ) Figura 24. Evolução nos teores de ácido ascórbico da polpa de mangas ‘Palmer’ tratadas com fungicidas, associados ou não com tratamento hidrotérmico (53°C/10 minutos) e armazenadas sob condição ambiente (23°C, 65% UR). Os frutos da manga ‘Palmer’, quando tratados com fungicidas, associados ou não a tratamento térmico, apresentaram vida útil de 10 dias a 23°C, limitada pela aparência. 4.2. Uso de proteções durante o armazenamento sob condição ambiente de mangas ‘Palmer’ Após a colheita, realizada no dia 17/01//2006, os frutos apresentavam-se com aspecto túrgido e sem podridões (nota 1); a casca apresentava coloração verde clara, indicada pela luminosidade (42,23), cromaticidade (21,41) e ângulo Hue (132,12); e a polpa uma coloração creme indicada pelos parâmetros luminosidade (85,06), cromaticidade (33,63) e ângulo Hue (106,43). Estes frutos apresentavam polpa com firmeza de 89,24 N, pH igual a 3,68 e teores de sólidos solúveis de 7,23%, de acidez titulável de 0,81 g ácido cítrico 100g-1 e de ácido ascórbico de 40,84 mg 100g-1. Estes valores estão indicados nas figuras do texto e referem-se ao zero dia de armazenamento. As mangas submetidas aos diferentes tratamentos não apresentaram podridões até o sexto dia de armazenamento sob condição ambiente (Figura 25A). A partir do nono dia observou-se a presença de podridões nos frutos dos tratamentos Testemunha, com e sem tratamento fitossanitário. Os tratamentos que tiveram a associação com embalagens plásticas ou cera não apresentaram sintomas de podridões durante o período de armazenamento. Os tratamentos PVC e Cera foram os mais eficientes na contenção da evolução das podridões, reafirmando o preconizado por BLEINROTH (1989), ao indicar que durante o armazenamento sob condição ambiente, os frutos de manga amadurecem em até nove dias e que após este período sua polpa torna-se amolecida com maior probabilidade de infecção por microrganismos. Os resultados referentes a evolução da aparência dos frutos, durante o período de armazenamento são mostrados na Figura 25B, onde pode-se observar que em todos os tratamentos, os frutos se mantiveram com aparência comercial até o nono dia (nota � 2). Os frutos protegidos com embalagens ou cera permaneceram com nota 1 até o 12° dia de armazenamento. A perda de massa fresca pelas mangas aumentou de maneira constante em todos os tratamentos (Tabela 9). Os tratamentos Testemunhas apresentaram a maior intensidade de perda de massa, da ordem de 9,38% até o nono dia de armazenamento, o que foi suficiente para aumentar os indícios de murchamento, porém sem comprometimento do valor comercial. No 10° dia, esta perda atingiu valores acumulados de 12,38%, o que comprometeria a comercialização dos mesmos. A cera e o PVC apresentaram, após nove dias, perda de 1,67% e 0,81%, que em 12 dias chegaram a 2,21% e 2,89%, respectivamente. As menores perdas foram observadas para os tratamentos PEBD e PD 900, com intensidade de perda de massa fresca durante o período, igual a 0,81% e 0,91%, respectivamente. 0 1 2 3 4 5 0 3 6 9 12 DIAS DE ARMAZENAMENTO P O D R ID Õ E S ( N O T A S ) Test. (s/ trat) Test. c/ trat. fitos. PEBD PD 900 PVC Cera 0 1 2 3 4 0 3 6 9 12 DIAS DE ARMAZENAMENTO A P A R Ê N C IA ( N O T A S ) Figura 25. Ocorrência de podridões (A) e evolução da aparência (B) em mangas ‘Palmer’ submetidas a diferentes tratamentos e armazenadas sob condição ambiente (23°C, 65% UR). Notas de podridões: 1= ausência de infecção; 2= lesões em até 10% dos frutos; 3= lesões em entre 10% a 30% dos frutos; 4= lesões em 30% a 50% dos frutos; e 5= lesões em mais de 50% dos frutos. Notas de aparência: 1= frutos frescos, túrgidos, sem manchas e sem podridões; 2= frutos com sinais de murchamento; e 3= frutos totalmente murchos. Nos tratamentos PVC e Cera, os frutos permaneceram com nota 1 até o décimo segundo dia de armazenamento, apresentando perda de massa de 2,21% e 2,89%, respectivamente, enquanto que nos frutos dos Testemunhas a perda de massa foi de 12,38%, comprometendo sua qualidade para comercialização. Estes resultados estão coerentes com o observado por RAMOS (1994), ou seja, que a evolução do amadurecimento é fundamental ao desenvolvimento de doenças e à degradação da aparência. A B Tabela 9. Equações de regressão representativas da evolução da perda de massa fresca acumulada por mangas ‘Palmer’ submetidas a diferentes tratamentos e armazenadas sob condição ambiente (23°C, 65% UR), por 12 dias. Tratamentos Y= A + BX r Teste t Testemunha (s/ trat) Y= 0,0271 + 1,0152X 0,9999** a Testemunha c/ trat. fitos. Y= 0,0457 + 1,0762X 0,9997** a PEBD Y= 0,0157 + 0,1029X 0,9961** c PD 900 Y= 0,0107 + 0,0888X 0,9976** c PVC Y= 0,0200 + 0,1867X 0,9981** b Cera Y= 0,0343 + 0,262X 0,9972** b Y= perda de massa fresca dos frutos (g) e X= dias de armazenamento. ** Significativo a 1% de probabilidade. No teste t, equações seguidas de letras iguais não diferem entre si, ao nível de 5% de probabilidade. A Figura 26 indica a composição da atmosfera nas embalagens PEBD, PD 900 e PVC, durante o período de armazenamento por 9 dias. Pode-se observar o maior teor de CO2 nas embalagens com PD 900 e valores próximos a 100%, seguido de altos teores de CO2 (30%) nas embalagens com PEBD, e nas com PVC (7 - 10%), indicando a diferença de permeabilidade entre estes filmes. Segundo CHITARRA & CHITARRA (2005), os níveis de CO2 tolerados pela manga variam de 5% a 10% e que teores mais altos deste gás, durante o armazenamento, podem ocasionar desordens fisiológicas. 0 20 40 60 80 100 120 140 0 3 6 9 DIAS DE ARMAZENAMENTO C O 2 (% ) PEBD PD 900 PVC Figura 26. Composição da atmosfera nas embalagens de mangas ‘Palmer’ submetidas aos diferentes tratamentos e armazenadas sob condição ambiente (23°C, 65% UR). Durante o período de armazenamento, os frutos de todos os tratamentos aumentaram a taxa respiratória (Figuras 27 e 28), com expressiva produção de CO2 pelos frutos do tratamento PD 900. Tendo-se a dificuldade na determinação da evolução da atmosfera circundante dos frutos submetidos aos tratamentos Testemunhas e Cera, optou-se por determinar a intensidade respiratória dos mesmos (Figura 28). Nos frutos embalados com PVC a intensidade respiratória foi menor que a dos demais tratamentos, durante os primeiros seis dias de armazenamento, cujo aumento aconteceu do 6° ao 9° dia. A Figura 28 também indica que durante o período de armazenamento, os frutos de todos os tratamentos aumentaram a taxa respiratória de 37,5 mg.CO2 kg-1 h-1, no início, para 72,76 - 81,11 mg CO2 kg-1 h-1, no final. 0 50 100 150 200 250 300 0 3 6 9 DIAS DE ARMAZENAMENTO R E S P IR A Ç Ã O ( m g C O 2 kg -1 h-1 ) PEBD PD 900 Figura 27. Taxa respiratória, de mangas ‘Palmer’ submetidas a diferentes tratamentos e armazenadas sob condição ambiente (23°C, 65% UR). 0 20 40 60 80 100 120 0 3 6 9 12 DIAS DE ARMAZENAMENTO R E S P IR A Ç Ã O ( m g C O 2 kg -1 h-1 ) Test. (s/ trat.) Test. c/ trat. fitos. PVC Cera Figura 28. Taxa respiratória, em mangas ‘Palmer’ submetidas a diferentes tratamentos e armazenadas sob condição ambiente (23°C, 65% UR). O tempo de armazenamento não afetou a luminosidade da casca das mangas ‘Palmer’, mas alterou a cromaticidade e o ângulo Hue (Tabela 10), cujos valores indicam evolução da coloração da casca, de verde (132,12) para verde amarelada (122,13), com aumento na intensidade (Figuras 29 e 30). Os tratamentos que receberam Cera apresentaram a maior evolução na coloração dos frutos, enquanto os do Testemunha com tratamento fitossanitário a menor, apesar da ausência de diferenças significativas (Tabela 10). Tabela 10. Luminosidade, cromaticidade e ângulo Hue da casca de mangas ‘Palmer’ submetidas a diferentes tratamentos e armazenadas sob condição ambiente (23°C, 65% UR), durante 12 dias. Coloração da casca Tratamentos L* Croma °h Testemunha (s/ trat) 47,58 a 23,11 ab 128,86 a Testemunha c/ trat. fitos. 48,25 a 28,20 a 129,61 a PEBD 46,02 ab 22,34 b 129,40 a PD 900 44,81 ab 24,36 ab 127,91 a PVC 46,90 ab 26,37 ab 126,92 a Cera 43,70 b 22,18 b 127,24 a Tratamentos (A) ** * NS Dias de armazenamento (B) NS ** ** Interação (A x B) NS NS NS Erro padrão 0,86 1,316 1,46 CV (%) 5,43 16,16 3,48 L*= luminosidade; Croma= cromaticidade; °h= ângulo Hue ou de cor. Nas colunas, médias seguidas de pelo menos uma mesma letra, não diferem entre si pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade. y = 0,0025x3 + 0,0902x2 - 0,1541x + 21,077 R2 = 0,9552** 0 10 20 30 40 0 3 6 9 12 DIAS DE ARMAZENAMENTO C R O M A T IC ID A D E Figura 29. Cromaticidade da casca de mangas ‘Palmer’ submetidas a diferentes tratamentos e armazenadas sob condição ambiente (23°C, 65% UR). y = -0,0244x3 + 0,2629x2 - 1,841x + 132,6 R2 = 0,9863** 40 60 80 100 120 140 0 3 6 9 12 DIAS DE ARMAZENAMENTO  N G U LO H U E Figura 30. Ângulo Hue da casca de mangas ‘Palmer’ submetidas a diferentes tratamentos e armazenadas sob condição ambiente (23°C, 65% UR). A coloração da polpa das mangas não foi afetada pelos tratamentos (Tabela 11), mas o tempo de armazenamento levou a redução na luminosidade e no ângulo Hue (Figuras 31 e 33), e aumento na cromaticidade (Figura 32), indicando que os frutos, no início do experimento, apresentavam polpa com coloração amarelada, que se intensificou durante o período de armazenamento. Tabela 11. Luminosidade, cromaticidade e ângulo Hue da polpa de mangas ‘Palmer’ submetidas a diferentes tratamentos e armazenadas sob condição ambiente (23°C, 65% UR), durante 12 dias. Coloração da polpa Tratamentos L* Croma °h Testemunha (s/ trat) 81,40 a 46,22 a 102,50 a Testemunha c/ trat. fitos. 82,66 a 44,31 a 103,42 a PEBD 82,72 a 41,31 a 105,83 a PD 900 82,11 a 40,20 a 103,84 a PVC 82,14 a 44,24 a 104,56 a Cera 81,92 a 45,30 a 104,50 a Tratamentos (A) NS NS NS Dias de armazenamento (B) ** ** ** Interação (A x B) NS NS NS Erro padrão 0,88 2,02 0,956 CV (%) 3,23 13,91 2,76 L*= luminosidade; Croma= cromaticidade; °h= ângulo Hue ou de cor. Nas colunas, médias seguidas de pelo menos uma mesma letra, não diferem entre si pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade. y = -0,527x + 85,334 R2 = 0,792** 50 60 70 80 90 0 3 6 9 12 DIAS DE ARMAZENAMENTO LU M IN O S ID A D E Figura 31. Luminosidade da polpa de mangas ‘Palmer’ submetidas a diferentes tratamentos e armazenadas sob condição ambiente (23°C, 65% UR). y = -0,0966x2 + 3,096x + 30,443 R2 = 0,7912** 0 10 20 30 40 50 60 0 3 6 9 12 DIAS DE ARMAZENAMENTO C R O M A T IC ID A D E Figura 32. Cromaticidade da polpa de mangas ‘Palmer’ submetidas a diferentes tratamentos e armazenadas sob condição ambiente (23°C, 65% UR). y = -0,9x + 108,21 R2 = 0,8901** 0 20 40 60 80 100 120 0 3 6 9 12 DIAS DE ARMAZENAMENTO  N G U LO H U E Figura 33. Ângulo Hue da polpa de mangas ‘Palmer’ submetidas a diferentes tratamentos e armazenadas sob condição ambiente (23°C, 65% UR). A firmeza da polpa alterou-se significativamente durante o período de armazenamento, pois no início, os frutos apresentavam resistência de 89,24 N, no 9° dia apresentavam firmeza de 8,5 N e após 12 dias, quando estavam senescentes, 0,0 N (Tabela 12 e Figura 34). Os frutos tratados com Cera sempre apresentaram maior firmeza que os dos tratamentos Testemunhas. Tabela 12. Firmeza, pH e teores de sólidos solúveis (SS), acidez titulável (AT) e ácido ascórbico (AA) na polpa de mangas ‘Palmer’ submetidas a diferentes tratamentos e armazenadas sob condição ambiente (23°C, 65% UR). Tratamentos Firmeza (N) SS (%) AT (g ác. cítrico 100g-1) pH AA ( mg 100g-1) Test. (s/ trat) 31,59 c 13,66 a 0,43 a 4,47 a 37,96 a Test. c/ trat. fitos. 32,19 bc 13,30 ab 0,44 a 4,28 a 37,97 a PEBD 42,33 abc 10,78 c 0,55 a 4,09 a 35,74 a PD 900 44,56 ab 10,38 c 0,55 a 4,19 a 36,65 a PVC 42,82 abc 12,50 abc 0,49 a 4,29 a 34,78 a Cera 46,63 a 11,37 bc 0,50 a 4,30 a 35,34 a Tratamentos (A) ** ** NS NS NS Dias de armaz. (B) ** ** ** ** ** Interação (A x B) NS * NS NS NS Erro padrão 2,916 0,51 0,032 0,0667 0,567 CV (%) 21,86 12,77 19,54 6,63 6,61 Nas colunas, médias seguidas de pelo menos uma mesma letra, não diferem entre si pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade. y = 0,5897x2 - 14,442x + 89,029 R2 = 0,999** 0 20 40 60 80 100 0 3 6 9 12 DIAS DE ARMAZENAMENTO F IR M E Z A ( N ) Figura 34. Evolução da firmeza na polpa de mangas ‘Palmer’ submetidas a diferentes tratamentos e armazenadas sob condição ambiente (23°C, 65% UR). Os tratamentos afetaram o conteúdo de sólidos solúveis na polpa das mangas, que foi significamente influenciado pelo tempo de armazenamento (Tabela 12). Verificou-se aumento nos teores, de 7,33% no início para 15,45% no nono dia, quando os frutos estavam maduros, e 17,24%, no 12° dia (Figuras 35 e 36). Os frutos do tratamento com Cera apresentaram os menores teores de sólidos solúveis durante o período de armazenamento (Figura 36) e os dos tratamentos PEBD e PD 900 só puderam ser analisados até o nono dia (Figura 35). y1= 1,2234x + 7,544 R2 = 0,979** y2= 1,2329x + 7,5298 R2 = 0,9811** y3= 0,6532x + 7,2786 R2 = 0,9984** y6= 0,8159x + 7,4595 R2 = 0,975** y5= 0,9861x + 7,575 R2 = 0,9615** y4= 0,6802x + 6,9881 R2 = 0,9585** 0 5 10 15 20 25 0 3 6 9 DIAS DE ARMAZENAMENTO S Ó LI D O S S O LÚ V E IS ( % ) y1= Test. (s/ trat.) y2= Test. c/ trat. fitos y3= PEBD y4= PD 900 y5= PVC y6= Cera Figura 35. Evolução dos teores de sólidos solúveis na polpa de mangas ‘Palmer’ submetidas a diferentes tratamentos e armazenadas sob condição ambiente (23°C, 65% UR). y1 = -0,064x2 + 1,7849x + 6,4176 R2 = 0,9408** y2= -0,031x2 + 1,4781x + 6,7162 R2 = 0,9791** y5 = -0,0623x2 + 1,5401x + 6,9089 R2 = 0,9828** y6 = -0,0452x2 + 1,1888x + 7,3131 R2 = 0,9973** 0 5 10 15 20 25 0 3 6 9 12 DIAS DE ARMAZENAMENTO S Ó LI D O S S O LÚ V E IS ( % ) y1= Test. (s/ trat.) y2= Test. c/ trat. fitos. y5= PVC y6= Cera Figura 36. Evolução dos teores de sólidos solúveis na polpa de mangas ‘Palmer’ submetidas a diferentes tratamentos e armazenadas sob condição ambiente (23°C, 65% UR). A acidez titulável e o pH não foram influenciados pelos tratamentos (Tabela 12), mas somente pelo tempo de armazenamento, cuja tendência da acidez foi de diminuição com conseqüente aumento no pH, de 3,68 para 4,71 (Figuras 37 e 38). y = -0,0567x + 0,792 R2 = 0,9893** 0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 0 3 6 9 12 DIAS DE ARMAZENAMENTO Á C ID E Z T IT U LÁ V E L (g á c. c ítr ic o 10 0g -1 ) Figura 37. Evolução da acidez titulável na polpa de mangas ‘Palmer’ submetidas a diferentes tratamentos e armazenadas sob condição ambiente (23°C, 65% UR). y = 0,0996x + 3,7412 R2 = 0,9697** 0 1 2 3 4 5 6 0 3 6 9 12 DIAS DE ARMAZENAMENTO pH Figura 38. Evolução do pH na polpa de mangas ‘Palmer’ submetidas a diferentes tratamentos e armazenadas sob condição ambiente (23°C, 65% UR). Os teores de ácido ascórbico também não foram influenciados pelos tratamentos (Tabela 12), mas somente pelo tempo de armazenamento, com redução de 40,84 mg 100g-1 de polpa para 31,20 mg 100g-1 de polpa (Figura 39). y = -0,6659x + 40,06 R2 = 0,9062** 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 0 3 6 9 12 DIAS DE ARMAZENAMENTO Á C ID O A S C Ó R B IC O ( m g 10 0g -1 ) Figura 39. Evolução dos teores de ácido ascórbico na polpa de mangas ‘Palmer’ submetidas a diferentes tratamentos e armazenadas sob condição ambiente (23°C, 65% UR). As embalagens PVC e Cera foram as mais eficientes na manutenção da qualidade dos frutos, que apresentaram vida útil de 12 dias. 4.2.1. Armazenamento sob condição ambiente das mangas ‘Palmer’ retiradas das embalagens PEBD e PD 900, após 0, 6 e 9 dias Procurando avaliar o efeito do CO2 acumulado nas embalagens PEBD e PD 900, os frutos foram retirados das mesmas e levados ao ambiente para avaliação da evolução do amadurecimento, o que foi feito após 3 e 6 dias. 0 1 2 3 4 5 0 6 6 + 3 6 + 6 9 9 + 3 9 + 6 DIAS DE ARMAZENAMENTO P O D R ID à O ( N O T A S ) PEBD PD 900 0 1 2 3 4 0 6 6 + 3 6 + 6 9 9 + 3 9 + 6 DIAS DE ARMAZENAMENTO A P A R Ê N C IA ( N O T A S ) Figura 40. Ocorrência de podridões (A) e evolução da aparência (B) em mangas ‘Palmer’ protegidas com diferentes embalagens e armazenadas sob condição ambiente (23°C, 65% UR) até o 6° e 9° dia quando foram retiradas destas proteções e mantidas no ambiente. Notas de podridões: 1= ausência de infecção; 2= lesões em até 10% dos frutos; 3= lesões em entre 10% a 30% dos frutos; 4= lesões em 30% a 50% dos frutos; e 5= lesões em mais de 50% dos frutos. Notas de aparência: 1= frutos normais, túrgidos, sem manchas e sem podridões; 2= frutos com sinais de murchamento; e 3= frutos totalmente murchos. Na Figura 40A tem-se que os frutos ao serem retirados das embalagens não apresentaram podridões e que depois de deixados amadurecer, os embalados em PD 900 apresentaram-se como os mais suscetíveis às podridões, apesar de não apresentarem diferença estatística dos que estavam embalados em PEBD. Os resultados referentes à evolução da aparência dos frutos, durante o período de armazenamento sem as embalagens, são mostrados na Figura 40B, onde pode-se observar que os frutos do tratamento PEBD se mantiveram com aparência comercial (nota 2) por até seis dias depois de retirados das embalagens, tanto no sexto quanto no A B nono dia. Nos frutos do tratamento PD 900 a aparência deteriorou-se rapidamente quando estes foram retirados das embalagens. A perda de massa fresca pelos frutos, após a retirada das embalagens (Tabela 13), manteve-se em baixos níveis e sem que houvesse diferença estatística entre os mesmos. Após os 3 e 6 dias de armazenamento, sem as embalagens, os frutos dos tratamentos PEBD e PD 900 apresentavam 3,75% e 6,