Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação 43º Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – VIRTUAL – 1º a 10/12/2020 O cenário da produção da Elite de Pesquisa sobre jornalismo e tecnologia no triênio 2016-2018​1 Isabella Pilegis ROCHA​2 Juliano Maurício de CARVALHO​3 Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Bauru - SP. RESUMO Este trabalho realiza a revisão de mapeamento da produção da elite de pesquisa sobre jornalismo e tecnologia de 2016 a 2018. Objetiva-se destacar as temáticas abordadas, o grau de produtividade dos pesquisadores e as conceituações associadas a esses objetos de pesquisa no período em questão. Para isso, foi realizado um levantamento bibliográfico em quatro bases de dados, ao qual foi aplicada a metodologia da Elite de Pesquisa, definindo, assim, a bibliografia base para a pesquisa. Constatou-se que a produção da elite de pesquisa teve ápice em 2013 e esteve em declínio desde então. Além disso, verificou-se uma relação entre alta produtividade dos autores da elite de pesquisa e baixa incidência de citação dos autores, bem como um predomínio das áreas “Jornalismo On-line” e “Jornalismo Móvel” na bibliografia estudada. PALAVRAS-CHAVE Jornalismo, Tecnologia, Mapeamento, Elite de pesquisa INTRODUÇÃO O surgimento de uma tecnologia não apenas nos permite solucionar problemas e aprimorar técnicas, como gera simultaneamente modificações na sociedade e na cultura em que é inserida. Fruto de mentes que buscam soluções para problemas cotidianos, as tecnologias surgem como esforço para a produção de inovações a partir das necessidades do público e alteram, ao mesmo tempo, a cultura da sociedade à qual esse público pertence. O desenvolvimento tecnológico implica a introdução de novas linguagens, e essa mudança de linguagem impacta “todos os sistemas através dos quais se dá a produção de sentido: 1 Trabalho apresentado no IJ01 – Jornalismo, da Intercom Júnior – XVI Jornada de Iniciação Científica em Comunicação, evento componente do 43º Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação. 2 Estudante de Graduação do 6º. semestre do Curso de Jornalismo da FAAC-Unesp, e-mail: isabella.p.rocha@unesp.br​. 3 Orientador do trabalho. Livre-docente e doutor em Comunicação, docente e vice-coordenador do Programa de Pós-Graduação do Curso de Doutorado em Mídia e Tecnologia da Unesp. Pesquisador-líder do Lecotec (Laboratório de Estudos em Comunicação, Tecnologia, Educação e Criatividade). E-mail: juliano.mauricio@unesp.br​. 1 mailto:isabella.p.rocha@unesp.br mailto:juliano.mauricio@unesp.br Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação 43º Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – VIRTUAL – 1º a 10/12/2020 neurológicos, sociais e culturais” (SOUZA ​apud OROZCO, 2012, p. 13). Sendo o jornalismo um campo social (BOURDIEU, 1997), o impacto da introdução de uma nova tecnologia reverbera pelas estruturas desse sistema, modificando-o na economia, na prática e na cultura profissional. Uma vez que a tecnologia é aprimorada em função das necessidades jornalísticas, esses macrodescritores tendem a se relacionar direta e constantemente, fazendo-se essencial compreender suas conceituações, abordagens e relações que a eles, e entre eles, são associadas no âmbito acadêmico. Dentre os 57 programas de pós-graduação em Comunicação recomendados pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)​4​, apenas um menciona o termo “tecnologia” como área de concentração do programa. Tal fato revela que, embora a realização de estudos sobre Jornalismo e Tecnologia seja essencial para a compreensão dos estudos comunicacionais recentes, há poucos núcleos de estudos direcionados a esses macrodescritores, de modo que a produção sobre essas temáticas está, muitas vezes, vinculada a outros descritores, como Mídia e Jornalismo On-line. As Tecnologias de Informação e Comunicação são determinantes para a definição das novas dinâmicas que se atualizam rapidamente no jornalismo on-line, de modo que se torna essencial compreender o cenário da produção nacional sobre os macrodescritores Jornalismo e Tecnologia. A relevância desta pesquisa é, portanto, contribuir para os estudos sobre os macrodescritores Jornalismo e Tecnologia, considerando a influência que o desenvolvimento tecnológico possui na prática jornalística.​5 Para a realização do levantamento sobre os macrodescritores em questão, foram analisadas as palavras-chave e resumos indicados nos trabalhos dispostos nas bases de dados Google Acadêmico​, ​Portal de Periódicos da Capes​, repositório ​Athena da Unesp e Acervo Digital do Laboratório de Estudos em Comunicação, Tecnologia, Educação e Criatividade (​Lecotec​). Aplicaram-se, a esses resultados, estudos bibliométricos, a fim de encontrar a elite de pesquisa sobre Jornalismo e Tecnologia. O presente trabalho tem caráter exploratório e busca destacar as temáticas abordadas, o grau de produtividade dos pesquisadores e as 4 Dados obtidos através da seleção de cursos avaliados e reconhecidos da plataforma ​Sucupira na área de Comunicação em julho de 2020 (disponível em: https://sucupira.capes.gov.br/sucupira/public/consultas/coleta/programa/quantitativos/quantitativoIes.jsf?areaAvaliacao=31& areaConhecimento=60900008​). 5 Este artigo faz parte do projeto de iniciação científica “Jornalismo e Tecnologia: um inventário da Elite de Pesquisa”, atrelado ao Programa Institucional de Iniciação Científica (Pibic) e financiado pelo CNPq, e está vinculado ao Laboratório de Comunicação, Tecnologia, Educação e Criatividade ​(Lecotec) da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp). 2 https://sucupira.capes.gov.br/sucupira/public/consultas/coleta/programa/quantitativos/quantitativoIes.jsf?areaAvaliacao=31&areaConhecimento=60900008 https://sucupira.capes.gov.br/sucupira/public/consultas/coleta/programa/quantitativos/quantitativoIes.jsf?areaAvaliacao=31&areaConhecimento=60900008 Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação 43º Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – VIRTUAL – 1º a 10/12/2020 conceituações associadas a esses objetos de pesquisa a partir da produção da elite de pesquisa localizada. O universo estudado compreende cerca de 77 artigos dos cinco autores integrantes da Elite de Pesquisa. Objetivando contribuir para uma categorização e sumarização dos estudos existentes sobre os macrodescritores em questão, os resultados obtidos serão apresentados sob a forma de levantamento e análise de dados mediante revisão de mapeamento. METODOLOGIA Efetuou-se uma revisão integrativa dos artigos publicados em congresso, teses, dissertações, publicações em repositórios acadêmicos, livros ou capítulos de livros, publicados entre 2016 e 2018 nas bases de dados ​Google Acadêmico​, ​Scielo​, ​Portal de Periódicos da Capes​, repositório ​Athena da Unesp e Acervo Digital do Laboratório de Estudos em Comunicação, Tecnologia, Educação e Criatividade (​Lecotec​), que contemplassem os macrodescritores Jornalismo e Tecnologia. Não foram consideradas as publicações indisponíveis​6​, bem como as que não atendem às normas da ABNT para produção de artigos. A partir da análise de citação da bibliografia inicial, que nos permite identificar padrões na produção do conhecimento científico, como os autores mais citados e os autores mais produtivos, foi elaborada uma tabela com o nome dos autores referidos pela bibliografia citante. Foram desconsideradas as ocorrências de autocitação nas obras de autores citantes. Dos autores citados pelo escopo bibliográfico inicial resultado do levantamento, selecionam-se os que mais produzem acerca dos macrodescritores Jornalismo e Tecnologia, a partir da metodologia da Elite de Pesquisa, que define o número de produtores prolíficos de um conjunto como a parcela correspondente à raiz quadrada do número total de autores (ALVARADO, 2009, p.41). Ao se contar a produção total daqueles que produzem ​n artigos, parece que o grande número de pequenos produtores contribui tanto quanto o total do pequeno número dos grandes produtores; num simples caso esquemático, se pode mostrar uma simetria no ponto correspondente à raiz quadrada do número total de pessoas, ou as contribuições dos grandes produtores. Se existem 100 autores e se o mais prolífico produz 100 artigos, a metade de todos os artigos terá sido escrita pelos 10 mais prolíficos autores, e a outra metade por aqueles com menos de 10 artigos cada um. De fato, neste caso 6 Foram consideradas indisponíveis as publicações cujos ​links nas quais estiveram ancoradas se tornaram corrompidos ou inexistentes. 3 Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação 43º Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – VIRTUAL – 1º a 10/12/2020 ideal, um quarto dos artigos terão sido escritos pelas duas pessoas mais produtivas, e outro quarto por aqueles que publicaram somente um ou dois itens. (ALVARADO, 2009, p. 70, ​apud​ PRICE, 1963, p. 46). Obteve-se, por fim, um total de 35 autores integrantes da Elite de Pesquisa, dos quais foram selecionados os cinco mais citados a fim de sintetizar o conhecimento na área. O presente artigo é resultado da revisão de mapeamento dos autores selecionados na Elite de Pesquisa encontrada. RESULTADOS No decorrer deste estudo foram obtidos 136 artigos sobre os macrodescritores Jornalismo e Tecnologia nas bases de dado selecionadas de acordo com a distribuição representada abaixo: Tabela 1 ​– Distribuição dos artigos publicados nas plataformas predefinidas. Base de dados Google Acadêmico Athena Acervo Lecotec Scielo Artigos selecionados 123 9 4 2 FONTE: A autora (2020) A partir da análise de citações desses artigos identifiquei 4.002 autores citados e 35 autores integrantes da Elite de Pesquisa – obtidos através da aplicação da lei do elitismo nos autores citados –, dos quais foram analisadas 77 obras dos cinco autores mais referenciados, dentre os mencionados pela bibliografia citante, a fim de obter uma síntese desse universo. Autores como Barbosa e Canavilhas foram referenciados em muitos artigos com poucas citações cada. Já Castells, Jenkins e Salaverría obtiveram poucas obras citadas muitas vezes (Gráfico 1). Além disso, verificou-se que muitos dos artigos que possuem um autor da elite de pesquisa também possuíam outros autores da mesma elite. Logo, é possível indicar a proximidade temática vigente, isto é, as obras de cinco autores analisados se conectam – em maior ou menor grau – à temática abordada, reforçando a categorização dos autores como a elite de pesquisa acerca dos macrodescritores. 4 Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação 43º Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – VIRTUAL – 1º a 10/12/2020 Gráfico 1​ – Comparação entre autores e obras segundo sua referencialidade FONTE: A autora (2020) As obras mais referenciadas dos autores da elite foram “A sociedade em rede” (CASTELLS, 1996) e “Cultura da convergência” (Jenkins, 2006). Cada uma obteve 34 citações, 26 a mais que a terceira e a quarta obras mais referenciadas, “Jornalismo convergente e ​continuum multimídia na quinta geração do jornalismo nas redes digitais” e “O paradigma jornalismo digital em base de dados: modos de narrar, formatos e visualização para conteúdos”, de Suzana Barbosa, revelando uma tradição desses autores a respeito das temáticas Jornalismo e Tecnologia. O autor Ramón Salaverría obteve seis citações em duas obras, “​Redacción periodística en Internet​” e “​Multimedialidad​: informar para os cinco sentidos”. Já João Messias Canavilhas recebeu sete citações no seu artigo mais referenciado, “Webjornalismo: considerações gerais sobre o jornalismo na web”. 5 Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação 43º Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – VIRTUAL – 1º a 10/12/2020 O período de maior produtividade da elite, verificado a partir da data de publicação das obras citadas pela elite de pesquisa, foi o biênio 2012-2013, com 16 publicações. Destaca-se uma queda acentuada na curva de menções às produções dos autores da elite sobre os macrodescritores, de 8 publicações em 2013, pico de sua produtividade, para apenas uma em 2017. Gráfico 2​ – Cronologia das publicações da elite de pesquisa FONTE: A autora (2020) CARACTERIZAÇÃO DAS PUBLICAÇÕES Dentre as 77 obras dos autores da elite integrantes do ​corpus de análise, há 20 artigos de periódicos, 11 trabalhos apresentados em congressos, 14 artigos de repositórios institucionais, teses ou dissertações, e 32 livros ou capítulos de livros (Tabela 2). Os artigos de periódicos foram publicados em 16 revistas, qualificadas de acordo com a avaliação quadrienal 2017 da CAPES (Tabela 3). Tabela 2 ​– Incidência de cada tipo de publicação por autor 6 Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação 43º Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – VIRTUAL – 1º a 10/12/2020 Autores/ Produções Artigos de revistas Trabalhos apresentados em congresso Teses, dissertações e Artigos de repositórios institucionais Livros ou capítulos de livros Canavilhas 20,8% 4,2% 33,3% 41,7% Castells 1,1% 0% 0% 88,9% Jenkins 60% 0% 0% 40% Barbosa 26,9% 30,8% 23% 19,3% Salaverría 27,3% 18,2% 0% 54,5% FONTE: A autora (2020) Não foi encontrada a qualificação da CAPES​7 para 7 periódicos on-line (​El Professional da Informação​, ​International Journal of Cultural Studies​, ​MIT Technology Review​, ​Textual e Visual Media​; ​Revista de Cibercomunicación​; ​Trípodos​; ​Estúdios sobre el Mensaje Periodístico​), que foram desconsiderados na elaboração da tabela abaixo. Tabela 3​ – Classificação CAPES dos periódicos analisados Qualis CAPES Nº de revistas Nº de artigos A1 1 1 A2 3 3 B1 1 3 B2 2 2 7 O Qualis Capes é um sistema de avaliação desenvolvido pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) que classifica, por área de avaliação, os veículos usados para a divulgação de produção científica nacional dos programas de pós-graduação do tipo ​stricto sensu​ ​com vistas à qualidade e à amplitude de atuação. 7 Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação 43º Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – VIRTUAL – 1º a 10/12/2020 B3 0 0 B4 0 0 B5 0 0 C 0 0 FONTE: A autora (2020) Com isso, percebe-se que todos os artigos estão contidos em periódicos de qualidade, concentrando-se nas classificações B1 ou em classificações superiores, e o periódico mais utilizado pelos autores da elite foi ​Brazilian Journalism Research​, que obteve cinco publicações e é classificado como B1 pelo índice da CAPES. Os trabalhos apresentados em congressos, por sua vez, correspondem a 14,28% das produções da elite de pesquisa, e foram distribuídos por congressos segundo o gráfico 3. Gráfico 3 ​– Distribuição dos artigos por congresso FONTE: A autora (2020) Entre as metodologias utilizadas pelos autores da elite, destaca-se a ocorrência de estudos de caso e entrevistas semiestruturadas, sendo mais comuns nas obras de Suzana Barbosa, enquanto os demais autores apresentaram uma grande variação de métodos 8 Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação 43º Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – VIRTUAL – 1º a 10/12/2020 empregados. Não se consideraram as obras em que não foi possível identificar a metodologia empregada. Tabela 4 ​– Metodologias utilizadas nas publicações da elite Metodologia Nº de artigos Estudo de caso 5 Entrevistas semiestruturadas 3 Estudo empírico 3 Análise de referencial teórico 2 Distribuição de questionários 2 Mapeamento de exemplos empíricos 2 Observação sistêmica 2 Pesquisa bibliográfica 2 Abordagem conceitual 1 Categorias de análise 1 Estudo experimental 1 Estudo exploratório 1 Fichas de análise 1 Observação participante 1 Revisão de literatura 1 FONTE: A autora (2020) 9 Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação 43º Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – VIRTUAL – 1º a 10/12/2020 Mediante a análise das palavras-chave dos artigos integrantes do escopo bibliográfico (Tabela 7), identificou-se um sombreamento de conceitos em duas ocasiões: a primeira no termo “jornalismo on-line”, que possui similaridade temática com as palavras-chave “jornalismo digital”, “ciberjornalismo” e “webjornalismo”; a segunda na expressão “dispositivos móveis”, que tem o mesmo significado de “plataformas móveis” e “mídias móveis”. Tabela 5​ – Temáticas abordadas por análise de palavra-chave Autor Temáticas abordadas João Messias Canavilhas Jornalismo, Contextualização, Dispositivos móveis, Realidade aumentada, Internet, Fontes de notícias, Fontes de informação, Credibilidade, Web, Web 2.0, Plataformas móveis, Jornalismo móvel, Convergência, Remediação, Novas mídias, Jornalismo on-line, Tecnoatores, Cultura profissional. Manuel Castells​8 - Henry Jenkins Inteligência coletiva, Indústrias criativas; Suzana Barbosa Jornalismo digital, Internet, Base de dados, Paradigma, Metáfora, Pesquisa, Brasil, Narrativas multimídias, Convergência jornalística, Jornalismo, Jornalismo Digital em Base de Dados, Cibercultura, Funcionalidades, Ciberjornalismo, Modelo JBDB, Quarta geração, Portais, Portais regionais, Informação de proximidade, Conteúdos locais, Glocal, World Wide Web, Paradigma Jornalismo Digital em Base de 8 O autor foi referenciado em 9 obras, das quais 8 eram livros ou capítulos de livros e apenas 1 era um artigo, de modo que não foi verificada uso de palavras-chave no artigo em questão. 10 Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação 43º Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – VIRTUAL – 1º a 10/12/2020 Dados, Hipernarrativa, Terceira Geração, Remediações, Rupturas, Banco de dados, Webjornalismo, Formato, Dispositivos móveis, Dinamicidade, Memória social, Hipertexto, Jornalismo on-line, Informação local, Mídias móveis, Metodologia, Mobilidade, Jornalismo móvel, Jornalismo convergente, Tablets, Produtos autóctones, Estatuto do jornalista. Ramón Salaverría Convergência, Integração, Multiplataforma, Multimedia, Internet, Jornalismo digital, Meios, Linguagem, Integração. FONTE: A autora (2020) As temáticas mais abordadas pelos autores da elite de pesquisa são Jornalismo móvel, Jornalismo digital e Convergência jornalística (Tabela 6). Não foram consideradas publicações em livros ou que não possuíssem palavras-chave. Tabela 6​ – Temáticas mais recorrentes nos artigos da elite de pesquisa Temática Frequência de incidência Jornalismo móvel e dispositivos móveis 11 Jornalismo digital, on-line e webjornalismo 18 Convergência jornalística e cibercultura 13 Internet, web, web 2.0 8 Novas mídias e Jornalismo multimídia 7 Cultura profissional e Estatuto do jornalista 2 FONTE: A autora (2020) 11 Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação 43º Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – VIRTUAL – 1º a 10/12/2020 A palavra “tecnologia” não apareceu entre as palavras-chave da elite, e a incidência de termos a ela associados, como internet, tecnoatores, dispositivos móveis, ferramentas e novas mídias, foi 75% inferior à incidência do uso do termo “jornalismo” e de suas derivações. Deve-se ressaltar, porém, que esses dados não refletem a totalidade das produções da elite, uma vez que alguns autores, como Castells, tiveram poucas referências a publicações em revista, pois suas produções são majoritariamente em livros. CARACTERIZAÇÃO DOS AUTORES A elite de pesquisa em questão é composta por uma brasileira, três europeus e um norte-americano, de modo que a proporção estrangeiros/brasileiros é na ordem de 4/1. Sendo assim, percebe-se uma forte influência do continente europeu como região de concentração da produtividade da elite de pesquisa em questão. Além disso, há apenas uma autora dentre os cinco pesquisadores mais citados na elite de pesquisa considerada, o que revela a incipiência da visibilidade das autoras nos estudos sobre jornalismo e tecnologia, sobretudo se considerarmos que Suzana Barbosa adentrou à elite de pesquisa com uma métrica de 1,88 citações por artigo, enquanto a métrica mínima dentre os autores foi de 2,73 por Canavilhas, e atingiu valores como 10,4 de métrica para Jenkins. Quanto às áreas de estudo dos autores da elite, identifica-se que 80% deles possuem formação em Ciências Sociais Aplicadas, e os demais 20% correspondem ao autor Manuel Castells, que possui formação em Ciências Humanas. CONCLUSÕES Observou-se uma relação entre alta produtividade dos autores da elite de pesquisa e baixa incidência de citação dos autores, o que pode evidenciar uma tendência para os estudos na área, bem como uma alta referencialidade de obras que não possuíam foco no jornalismo, mas nas temáticas sobre internet e sobre cultura da convergência. Grande parte das obras dos autores da elite de pesquisa que foi referenciada é sobre o jornalismo on-line e jornalismo para dispositivos móveis, marcados pela digitalização e pela cultura das redes e da convergência. Pode-se entender esse processo a partir de três possíveis cenários: 1. Poucos artigos encontrados nas bases de dados que tratavam de tecnologias 12 Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação 43º Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – VIRTUAL – 1º a 10/12/2020 analógicas continham os termos “jornalismo” e “tecnologia” em sua estrutura; 2. Até mesmo os artigos localizados que tratavam de tecnologias analógicas fizeram referências às obras sobre tecnologias digitais dos autores da elite de pesquisa; 3. Houve poucos artigos produzidos posteriormente a 2016 que tratam de tecnologias analógicas, de modo que não foram suficientes para incluir autores que abordassem as tecnologias analógicas, a exemplo do rádio e de produtos do jornalismo impresso, como jornais e revistas, na elite de pesquisa. Ademais, percebe-se, através da análise de palavras-chave, que a taxonomia do termo “tecnologia” foi frequentemente usada como sinônimo para Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC’s), sendo atribuído a ele um caráter de dispositivo técnico, o que não compreende a totalidade dos estudos sobre o macrodescritor “tecnologia”, classificado como “ciência aplicada que visa à aplicação do conhecimento para solução de problemas práticos”, segundo o Tesauro da Universidade Estadual Paulista (Unesp). A predominância de citações de obras antigas na elite de pesquisa e a queda na produtividade dos autores da elite projetam dois possíveis cenários a serem testados por pesquisas futuras: 1. que as obras dos autores Manuel Castells e Henry Jenkins, mais antigas, tenham se tornado clássicas; 2. que as obras da elite de pesquisa produzidas em 2018 tiveram pouco tempo de exposição ou não serão duradouras. Por meio dos indicadores “mobilidade” e “webjornalismo”, percebe-se uma orientação das pesquisas recentes sobre Jornalismo e Tecnologia para ecossistemas digitais, enquadrando-se no domínio das Tecnologias de Informação. Tal setor sofre constantes modificações em decorrência das inovações tecnológicas, indicando uma área que, apesar de ter obtido declínio de publicações por parte da elite de pesquisa, ainda possui amplo repertório a ser pesquisado. REFERÊNCIAS ALVARADO, Rubén Urbizagástegui. Elitismo na literatura sobre a produtividade dos autores. Ciência da Informação​, v. 38, n. 2, p. 69-79, 2009. Disponível em: . BARBOSA, Suzana. Jornalismo convergente e ​continuum multimídia na quinta geração do jornalismo nas redes digitais. In: ​CANAVILHAS, João (coord.). ​Notícias e mobilidade​: o jornalismo, na era dos dispositivos móveis.​ ​Covilhã: Livros LabCom, 2013. p. 33-54. BARBOSA, Suzana Oliveira & TORRES, Vitor. O paradigma “Jornalismo digital em Base de Dados”: modos de narrar, formatos e visualização para conteúdos. ​Galáxia: Revista do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Semiótica. ​ISSN 1982-2553, n. 25, ​p. 152-164, jun. ​2013. Disponível em: . 13 Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação 43º Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – VIRTUAL – 1º a 10/12/2020 BOURDIEU, Pierre. ​Sobre a televisão​. Oeiras: Celta Editora, 1997. CASTELLS, Manuel. ​A sociedade em rede​. ​Tradução de Roneide Venancio Majer, com a colaboração de Klauss Brandini Gerhardt. São Paulo: Paz e Terra, 2005. JENKINS, Henry. ​Cultura da convergência​. Tradução de Susana Alexandria. São Paulo: Aleph, 2015. SALAVERRÍA, Ramón. Multimedialidade: informar para cinco sentidos. In: ​CANAVILHAS, João (org.). ​Webjornalismo: ​sete características que marcam a diferença. Covilhã: Livros LabCom, 2014, p. 25-52. SALAVERRÍA-ALIAGA, Ramón. ​Redacción periodística en Internet​. Pamplona: Eunsa, 2005. SOUZA, Tatiane Mara Jovino. A leitura no jornalismo digital: Mediações e (re) configurações culturais. ​In: ​Anais do ​XXXV Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação​, Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação, Fortaleza, CE, 3 a 7 de setembro de 2012. Disponível em: . UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA JÚLIO DE MESQUITA FILHO. ​Tesauro Unesp​. [s/d]. . Disponível em: ​https://www.biblioteca.unesp.br/tesauro/vocab/index.php?tema=3460&/tecnologia​. Acesso em 25/09/2020. VAN DER HAAK, Bregtje; PARKS, Michael & CASTELLS, Manuel. The Future of Journalism: Networked Journalism. ​International Journal of Communication​, v. 6, p. 16, 2012. 14 https://www.biblioteca.unesp.br/tesauro/vocab/index.php?tema=3460&/tecnologia