UNESP - Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” Faculdade de Odontologia de Araraquara Daniela Leal Zandim-Barcelos Associação da fibrina rica em plaquetas e leucócitos ao osso bovino desproteinizado em cirurgias de elevação do assoalho do seio maxilar: análise clínica, histológica e radiográfica Araraquara 2022 UNESP - Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” Faculdade de Odontologia de Araraquara Daniela Leal Zandim-Barcelos Associação da fibrina rica em plaquetas e leucócitos ao osso bovino desproteinizado em cirurgias de elevação do assoalho do seio maxilar: análise clínica, histológica e radiográfica Tese apresentada à Faculdade de Odontologia de Araraquara, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, como parte dos requisitos para obtenção do título de Livre Docente em Periodontia no Departamento de Diagnóstico e Cirurgia Araraquara 2022 Zandim-Barcelos, Daniela Leal Associação da fibrina rica em plaquetas e leucócitos ao osso bovino desproteinizado em cirurgias de elevação do assoalho do seio maxilar: análise clínica, histológica e radiográfica / Daniela Leal Zandin Barcelos -- Araraquara: [s.n.], 2022 84 f.; 30 cm. Tese (Livre-Docência em Odontologia) – Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Odontologia 1. Seio Maxilar 2. Implantes dentários 2. Fibrina rica em plaquetas 4. Transplante ósseo 5. Regeneração óssea I. Título Ficha catalográfica elaborada pela Bibliotecária Marley C. Chiusoli Montagnoli, CRB-8/5646 Universidade Estadual Paulista (Unesp), Faculdade de Odontologia, Araraquara Serviço Técnico de Biblioteca e Documentação Daniela Leal Zandim-Barcelos Associação da fibrina rica em plaquetas e leucócitos ao osso bovino desproteinizado em cirurgias de elevação do assoalho do seio maxilar: análise clínica, histológica e radiográfica Comissão julgadora Tese para obtenção do grau de Livre Docente em Periodontia Profa. Dra. Rosemary Adriana Chierici Marcantonio Prof. Dr. Joni Augusto Cirelli Prof. Dr. Francisco Humberto Nociti Junior Prof. Dr. Enilson Antonio Sallum Prof. Dr. Jamil Awad Shibli Araraquara, 06 de maio de 2022. DADOS CURRICULARES Daniela Leal Zandim-Barcelos Nascimento 06.11.1979 – Ipatinga/MG, Brasil Filiação Ricardo Zandim Fernanda Leal Zandim 1997 - 2001 Graduação em Odontologia pela Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Minas Gerias- UFMG 2002 - 2003 Curso de Especialização em Periodontia pela Faculdade de Odontologia de Araraquara - UNESP 2003 - 2005 Curso de Pós-Graduação em Odontologia - Área de Periodontia, nível de Mestrado, pela Faculdade de Odontologia de Araraquara - UNESP 2006 - 2009 Curso de Pós-Graduação em Odontologia - Área de Periodontia, nível de Doutorado, pela Faculdade de Odontologia de Araraquara - UNESP 2009 - 2010 Pós-Doutorado na Charité - Universitätsmedizin Berlin Dedicatória Dedico este trabalho, Ao meu marido Paulo, por todo amor, incentivo e confiança no meu potencial, pelas palavras de estímulo e pela vibração a cada etapa vencida. Sou grata hoje e sempre, e dedico este trabalho especialmente a você por estar ao meu lado e por abrir mão da sua própria carreira profissional para que eu pudesse realizar o meu sonho. Ao meu filho Vitor, pelo seu amor puro e pela alegria que me proporciona a cada dia. Espero que um dia você entenda a razão da minha ausência em alguns momentos da sua vida. Às minhas filhas, Maria Fernanda e Giovana, que logo estarão conosco, pelo pouco tempo que tive para dedicar a vocês durante a gestação. Aos meus pais, Ricardo e Fernanda, por todo amor, incentivo e apoio incondicional. Agradecimento Especial A Deus, sempre presente, por me conceder forças para vencer os obstáculos da vida e por sempre colocar no meu caminho pessoas especiais. À Rosemary Adriana Chiérici Marcantonio, pela amizade e confiança, pelos conselhos e toda ajuda, por ter me recebido aqui em Araraquara como uma filha. A sua sensibilidade para identificar e ao mesmo tempo se preocupar com o lado pessoal e emocional das coisas a tornam uma pessoa muito especial. Ao Elcio Marcantonio Junior, pela confiança, pelos conselhos, por todas as oportunidades que me oferece e pela obtenção de todo material necessário para realização deste trabalho. Ao meu eterno orientador José Eduardo Cezar Sampaio, pela amizade, confiança, pelos ensinamentos e conselhos, por ter acreditado no meu potencial e ter me escolhido como sua orientada. Dri, Elcinho e Zé, tenho uma admiração muito grande por vocês! Serei eternamente grata a vocês por tudo que fizeram e fazem por mim. Ao Carlos Rossa Júnior e Joni Augusto Cirelli, Carlinhos e Joni, pelo carinho com que me receberam, pelas experiências compartilhadas e pelo excelente convívio diário. . Agradecimentos Aos meus orientados, pela companhia quase diária durante essa caminhada, pela confiança, carinho e por todas as experiências compartilhadas. Aos meus orientados Elton Carlos Pichotano, pela dedicação total a este trabalho, e Carolina Mendonça de Almeida Malzoni, pela contribuição fundamental na conclusão deste trabalho. Aos colaboradores deste trabalho, Roberta Okamoto, Rupert S. Austin e Ricardo Violante, pela parceria e pela valiosa contribuição. Ao Prof. Benedicto Egbert Toledo, por quem tenho muita admiração, pelo carinho, apoio e estímulo recebido. Aos queridos colegas docentes da disciplina de Periodontia, Carlos Rossa Júnior, Elcio Marcantonio Junior, Joni Augusto Cirelli, José Eduardo Cezar Sampaio, Silvana Regina Perez Orrico e Rosemary Adriana Chiérici Marcantonio, por todos esses anos de convivência harmoniosa, por todo conhecimento e experiências compartilhadas e pela contribuição em minha formação. A todos os colegas docentes do Departamento de Diagnóstico e Cirurgia da Faculdade de Odontologia de Araraquara, pela convivência e apoio. Ao Vice Chefe do Departamento de Diagnóstico e Cirurgia, Prof. Dr. Eduardo Hochulli, por todo apoio, estímulo e pela parceria estabelecida. A todos os funcionários do Departamento de Diagnóstico e Cirurgia, pela disponibilidade, suporte e pela convivência harmoniosa de todos os dias. Ao funcionário Antônio Medeiros Filho pela valiosa contribuição na formatação desta tese. Às minhas amigas Alessandra Nara de Souza Rastelli, Raquel Mantuaneli Scarel Caminaga, Janaína Habib Jorge e Morgana Rodrigues Guimarães Stabili, pelas alegrias e tristezas compartilhadas, e pelo apoio recebido. Apesar de não estarmos sempre juntas, sei que posso contar sempre com vocês. A todos os colegas docentes da Faculdade de Odontologia de Araraquara. À Sra. Diretora Profa. Dra. Elaine Maria Sgaviloli Massucato e Sr. Vice- Diretor Prof. Dr. Edson Alves de Campos, pela dedicação e empenho em suas atividades nesta faculdade. À Diretora da Divisão Técnica Acadêmica, Sra. Helena Maria Gagliardi Ortiz, muito obrigada pela orientação e pelos serviços prestados durante todo o processo. A todos os funcionários da Seção Técnica Acadêmica, Seção de Graduação e Seção de Pós-Graduação, pela atenção e pelos serviços prestados. A todos os funcionários da Biblioteca e da Seção de Pós-Graduação, por todos os serviços prestados. Aos participantes desta pesquisa, pela valiosa colaboração e participação. À Geistlich e Neodent pela doação dos biomateriais e dos implantes utilizados neste trabalho. A todos que de alguma forma contribuíram para a realização deste trabalho. Zandim-Barcelos DL. Associação da fibrina rica em plaquetas e leucócitos ao osso bovino desproteinizado em cirurgias de elevação do assoalho do seio maxilar: análise clínica, histológica e radiográfica [Tese de Livre-Docência]. Araraquara: Faculdade de Odontologia da UNESP; 2022. RESUMO O objetivo deste estudo clínico randomizado foi avaliar a influência da fibrina rica em plaquetas e leucócitos (L-PRF) na reparação e neoformação óssea quando associada ao osso bovino desproteinizado (OBD) em procedimentos cirúrgicos de elevação do seio maxilar. Um total de 24 pacientes, apresentando 36 seios maxilares com indicação de enxertia óssea previamente à instalação de implantes na região posterior da maxila, foram incluídos no estudo. Os seios foram distribuídos aleatoriamente em 3 grupos de acordo com tratamento a ser realizado: OBD (grupo controle) - apenas OBD foi utilizado e o período de reparação para instalação dos implantes foi de 8 meses; LPRF/OBD 4 - OBD + L-PRF e o período de reparação foi de 4 meses; LPRF/OBD 8 - OBD + L-PRF e o período de reparação foi de 8 meses. Todos os pacientes realizaram exame tomográfico uma semana após a elevação do seio e previamente ao procedimento de instalação dos implantes para avaliação das alterações dimensionais do volume do enxerto. Durante a instalação dos implantes, foram obtidas biópsias da área enxertada para análise histomorfométrica e imunoistoquímica. A estabilidade primária dos implantes foi determinada por análise de frequência de ressonância. Todos os tratamentos realizados foram eficazes para elevação do seio maxilar em dois estágios cirúrgicos. Nenhuma intercorrência ou complicação foi observada. A porcentagem de osso neoformado foi significativamente maior nos grupos em que a L-PRF foi utilizada (LPRF/OBD 4 - 44,58 ± 13,09%; LPRF/OBD 8 - 46,56 ± 12,28%) do que no grupo controle (32,34 ± 9,49%). O grupo controle (12,58 ± 9,19%) apresentou maior porcentagem de enxerto residual em relação aos demais grupos (LPRF/OBD 4 - 3,59± 4,22%; LPRF/OBD 8 - 7,01 ± 8,49%), sendo a diferença significativa apenas entre os grupos OBD e LPRF/OBD 4. Não foi observada diferença significativa entre os grupos para a porcentagem de tecido mole. A marcação de VEGF foi mais intensa nos grupos em que a L-PRF foi utilizada do que no grupo controle. O grupo LPRF/OBD 4 apresentou maior imunomarcação para RUNX-2, OPN e OCN em comparação aos demais grupos. Em todos os grupos houve uma redução significativa do volume do enxerto. A taxa de reabsorção volumétrica do enxerto foi semelhante entre os grupos. Apesar da estabilidade primária dos implantes ter sido significativamente menor no grupo LPRF/OBD 4 do que nos demais grupos, os valores de ISQ foram considerados adequados e não interferiram na osseointegração dos implantes. Baseado nos resultados deste estudo, pode-se concluir que a adição de L-PRF ao OBD nos procedimentos de elevação do seio maxilar parece ser uma alternativa viável e segura para aumentar a quantidade de osso neoformado assim como para acelerar a maturação do enxerto possibilitando a instalação precoce de implantes. Palavras–chave: Seio maxilar. Implantes dentários. Fibrina rica em plaquetas. Transplante ósseo. Regeneração Óssea. Zandim-Barcelos DL. Association of platelet and leukocyte-rich fibrin with deproteinized bovine bone in maxillary sinus augmentation procedures: clinical, histological and radiographic analysis [Tese de Livre-Docência]. Araraquara: Faculdade de Odontologia da UNESP; 2022. ABSTRACT The objective of this randomized clinical trial was to evaluate the influence of platelet and leukocyte-rich fibrin (L-PRF) on bone healing and formation when associated with deproteinized bovine bone (OBD) in maxillary sinus augmentation procedures. A total of 24 patients, with 36 maxillary sinuses in need of bone augmentation prior to implant placement in the maxillary posterior region, were enrolled to the study. The sinuses were randomly allocated to 3 groups according to the treatment protocol: OBD (control group) - only OBD was used and the healing period for implant placement was 8 months; LPRF/OBD 4 - OBD + L-PRF and the healing period was 4 months; LPRF / OBD 8 - OBD + L-PRF and the healing period was 8 months. All patients underwent a tomographic exam one week after the sinus augmentation and prior to the implant placement to assess dimensional changes in graft volume. During implant placement, bone graft biopsies were harvested for histomorphometric and immunohistochemical analysis. Implant primary stability was determined by resonance frequency analysis. All treatments were effective for two-stage maxillary sinus augmentation. The sites healed uneventfully with no complications. Statistically higher percentage of newly formed bone was observed in the groups treated with L-PRF (LPRF/OBD 4 - 44.58 ± 13.09%; LPRF/OBD 8 - 46.56 ± 12.28%) compared to the control group (32.34 ± 9.49%). The control group showed higher percentage of residual graft (12.58 ± 9.19%) than the other groups (LPRF/OBD 4 - 3.59 ± 4.22%; LPRF/OBD 8 - 7.01 ± 8, 49%), but the difference was significant only between the groups OBD and LPRF/OBD 4. No differences were found amongst the groups for the percentage of soft tissue. VEGF immunostaining was more intense in the groups treated with L-PRF than in the control group. The LPRF/OBD 4 group showed greater immunostaining for RUNX-2, OPN and OCN compared to the other groups. All groups presented significant dimensional changes after the healing period. The percentage of graft volume reduction observed in each group was similar. The primary implant stability was significantly lower in the LPRF/OBD 4 group than in the other groups, but the ISQ values were considered adequate and did not hamper the osseointegration of dental implants. Based on the results of this study, it can be concluded that the addition of L-PRF to the DBBM in maxillary sinus elevation procedures seems to be a viable and safe alternative to increase the amount of newly formed bone as well as to accelerate graft maturation enabling early implant placement. Keywords: Maxillary Sinus. Dental Implants. Platelet-Rich Fibrin. Bone Transplantation. Bone Regeneration. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 12 2 PROPOSIÇÃO .................................................................................................. 16 3 REVISÃO DA LITERATURA ............................................................................ 17 3.1 Utilização da L-PRF em procedimentos de elevação do assoalho do seio maxilar ............................................................................................................. 22 4 MATERIAL E MÉTODO ................................................................................... 30 4.1 População do estudo ...................................................................................... 30 4.2 Técnica de obtenção L-PRF ........................................................................... 31 4.3 Procedimento cirúrgico de elevação do assoalho do seio maxilar ............ 33 4.4 Instalação dos implantes e obtenção da biópsia ......................................... 36 4.5 Avaliação da estabilidade primária dos implantes ...................................... 38 4.6 Processamento da biópsia e análise histomorfométrica ............................ 39 4.7 Análise imunoistoquímica .............................................................................. 39 4.8 Análise radiográfica ........................................................................................ 41 4.9 Análise estatística ........................................................................................... 43 5 RESULTADO .................................................................................................... 44 5.1 Amostra ........................................................................................................... 44 5.2 Análise histomorfométrica ............................................................................. 46 5.3 Análise imunoistoquímica .............................................................................. 52 5.4 Análise radiográfica ........................................................................................ 56 5.5 Estabilidade primária ...................................................................................... 60 6 DISCUSSÃO ..................................................................................................... 62 7 CONCLUSÃO ................................................................................................... 69 REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 70 ANEXO A - CERTIFICADO DE APROVAÇÃO DO ESTUDO NO CEP – FOAR ... 80 ANEXO B - CERTIFICADO DE REGISTRO DO ESTUDO NO REBEC ................. 81 ANEXO C - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ................ 82 12 1 INTRODUÇÃO O uso de implantes dentários é uma modalidade de tratamento bem aceita e altamente previsível para restaurar a dentição e restabelecer a função mastigatória de pacientes parcial ou totalmente edêntulos. No entanto, as alterações dimensionais que ocorrem no processo alveolar após a perda de um elemento dentário são fatores clinicamente relevantes para um plano de tratamento abrangente e adequado1. A instalação de implantes na posição tridimensional ideal para a reabilitação protética depende de um remanescente ósseo adequado. Como esta condição nem sempre é encontrada, procedimentos regenerativos têm sido frequentemente utilizados previamente ou simultaneamente à instalação dos implantes. Nesse sentido, a região posterior da maxila representa uma área única e desafiadora para a instalação de implantes dentários devido a pobre qualidade do tecido ósseo e volume ósseo geralmente insuficiente em virtude da reabsorção alveolar e pneumatização do seio maxilar2-4. Diversas opções de tratamento têm sido propostas para a reabilitação da região posterior de maxilas atróficas, incluindo a instalação de implantes curtos, a técnica de implante batido, o enxerto ósseo em bloco sobre a cortical óssea alveolar, a osteotomia Le Fort 1 com interposição de enxerto ósseo e a elevação do assoalho do seio maxilar5-12. A elevação do seio maxilar é considerada um dos procedimentos mais previsíveis para aumento ósseo nesta região. Estudos demonstram que a taxa de sobrevivência de implantes instalados imediatamente ou em dois estágios cirúrgicos após a elevação do seio maxilar é superior a 95% e a taxa de complicações é mínima13-17. Dentre as técnicas propostas para realização deste procedimento cirúrgico, a técnica desenvolvida por Boyne & James12 e Tatum18, que preconiza a utilização de um acesso lateral para realização da osteotomia e criação de uma janela, tem sido o método mais seguro e comumente utilizado. Diferentes biomateriais têm sido utilizados para elevação do assoalho do seio maxilar, incluindo osso autógeno, aloenxertos, xenoenxertos e os materiais aloplásticos como a hidroxiapatita, fosfato beta-tricálcio, polímeros e vidros bioativos19-21. Devido ao potencial osteogênico da membrana de Schneider22-24 e do conceito de regeneração óssea guiada, que considera a cavidade do seio maxilar um defeito favorável para formação óssea, alguns autores afirmam que a técnica de 13 levantamento do seio maxilar pode ser realizada até mesmo sem a utilização de enxertos ósseos24-26. No entanto, alguns estudos afirmam que quando nenhum biomaterial é utilizado neste procedimento cirúrgico, o ganho ósseo é limitado e o ápice do implante fica envolto por um tecido conjuntivo, não osseointegrado27-29. Por esta razão, quando uma grande formação óssea é desejada, a cavidade do seio maxilar deve ser tradicionalmente preenchida com um biomaterial e uma membrana de colágeno deve ser utilizada para recobrimento da janela da osteotomia realizada para acesso ao seio maxilar30,31. Apesar da técnica de elevação do seio maxilar estar bem documentada na literatura científica, ainda não há um consenso em relação ao biomaterial ideal a ser utilizado para o preenchimento da cavidade sinusal. O osso autógeno foi originalmente usado nos procedimentos de levantamento do seio maxilar devido ao seu potencial osteogênico, osteoindutor e osteocondutor12,32-34. No entanto, considerando a morbidade associada à obtenção do tecido ósseo na área doadora, a quantidade limitada de tecido que pode ser obtida e a reabsorção excessiva do osso autógeno na área receptora após um longo período de reparo19,35-37, outros biomateriais têm sido utilizados e investigados. O osso bovino desproteinizado (OBD) é um enxerto biocompatível e osteocondutor, que fornece um arcabouço ideal para nova formação óssea. É um dos biomateriais mais utilizados nos procedimentos de elevação do seio maxilar3,6,38. Além de permitir revascularização39, os espaços granulares do OBD favorecem a agregação celular e a deposição de novo osso ao redor do biomaterial40,41. No entanto, a falta de propriedades osteoindutoras e a taxa de reabsorção bastante lenta19,42,43 são consideradas desvantagens do OBD. Para superar essas limitações, fatores de crescimento têm sido adicionados a este biomaterial com o intuito de acelerar o tempo de reparo e aumentar a quantidade de osso neoformado44,45. Os fatores de crescimento são proteínas bioativas que controlam o processo de reparação tecidual. O seu mecanismo de ação se dá pela ligação destas proteínas à receptores alvo extracelulares. Esta ligação ativa as vias de transdução do sinal e estimula a célula a desencadear ações como quimiotaxia, proliferação celular, angiogênese, além da síntese e degradação de proteínas da matriz extracelular47-50. A atuação controlada e temporária das citocinas e fatores de crescimento são cruciais após intervenções cirúrgicas e no tratamento de distúrbios musculoesqueléticos47-50. 14 É bem conhecido o papel das plaquetas na hemostasia e coagulação. No entanto, além de atuar no processo de hemostasia, as plaquetas liberam uma grande quantidade de fatores de crescimento, como o fator de crescimento derivado de plaquetas (PDGF), fator de crescimento transformador beta (TGF-β), fator de crescimento semelhante à insulina (IGF), fator de crescimento vascular endotelial (VEGF), citocinas e outras moléculas que aumentam a angiogênese e apresentam propriedades antibacterianas, regenerativas, pró e anti-inflamatórias, atuando também no estimulo dos mecanismos de defesa contra infecções51-54. Assim, nos anos 90, iniciou-se a utilização de concentrados plaquetários como o plasma rico em plaquetas (PRP) na odontologia55. Desde então, diferentes protocolos para a preparação do PRP foram estabelecidos. No entanto, a utilização de anticoagulantes para induzir a polimerização da fibrina influencia consideravelmente as características mecânicas e biológicas da matriz de fibrina50,56,57. Como o processo de coagulação não ocorre por ativação da cascata de coagulação e sim pela adição de anticoagulantes, não há formação de ligações cruzadas na estrutura do PRP, o que o torna um biomaterial mais frágil e friável. Além disso, não há incorporação de muitas citocinas à estrutura deste concentrado plaquetário, sendo as mesmas liberadas rapidamente no sítio cirúrgico56,57. O PRP tem sido utilizado em associação com diversos materiais de enxerto em procedimentos de regeneração óssea desde a data da sua introdução. No entanto, os resultados são bastante controversos e ainda não é possível tirar conclusões definitivas sobre o efeito do PRP na regeneração óssea58. Em 2001, uma nova família de concentrados plaquetários foi desenvolvida na França, chamada de fibrina rica em plaquetas (PRF) ou fibrina rica em plaquetas e leucócitos (L-PRF), que consiste em uma matriz de fibrina que contém plaquetas, leucócitos e proteínas plasmáticas59-61. Como a L-PRF é obtida pela centrifugação do sangue periférico do paciente sem a adição de anticoagulantes, esta segunda geração de concentrado plaquetário é a única considerada totalmente autógena56,59. Após a centrifugação, o coágulo de PRF forma uma forte matriz de fibrina com uma arquitetura tridimensional na qual as plaquetas e os leucócitos do sangue ficam concentrados e aprisionados. Quando comprimido, o coágulo forma uma forte e resistente membrana de L-PRF56,61,62. A eficiência da L-PRF reside na liberação localizada e contínua de moléculas bioativas, incluindo fatores de crescimento, citocinas, fibrinogênio, fibronectina, trombospondina, proteínas adesivas e fator de coagulação, a partir dos 15 grânulos plaquetários63-65. Além disso, a interação celular entre as plaquetas ativadas e os leucócitos parece aumentar substancialmente a degranulação de citocinas e quimiocinas66. Diferentemente do PRP, a L-PRF não se dissolve rapidamente após sua aplicação. A matriz de fibrina é lentamente remodelada de forma semelhante ao coágulo sanguíneo natural56,61,62. A liberação de proteínas ocorre por pelo menos 7 dias, mostrando uma diminuição gradual durante os próximos 28 dias57,67-69. Outras vantagens da L-PRF seriam a facilidade de preparação/aplicação e custo mínimo em comparação ao PRP56,61,62. A L-PRF tem sido utilizada sozinha ou associada aos materiais de enxerto de diferentes caraterísticas com a finalidade de alcançar melhores resultados nos procedimentos de regeneração óssea e reparação tecidual. A L-PRF tem sido utilizada na elevação do seio maxilar, na preservação da crista alveolar, na osseointegração de implantes, no tratamento de defeitos de furca e defeitos infra- ósseos, na cirurgia plástica periodontal, no tratamento de osteonecrose, e no tratamento da periodontite e peri-implantite70-73. Em uma recente revisão sistemática sobre o potencial efeito da adição da L-PRF aos enxertos ou substitutos ósseos72, nove de doze estudos clínicos randomizados incluídos mostraram resultados superiores nos grupos em que a L-PRF foi utilizada para as variáveis dimensão da crista, regeneração óssea, processo de osseointegração e cicatrização de tecidos moles. Especificamente em relação à utilização da L-PRF nos procedimentos de levantamento do seio maxilar, os resultados foram inconclusivos. Portanto, o efeito da L-PRF na regeneração óssea durante a elevação do assoalho do seio maxilar ainda permanece questionável. Assim, o objetivo do presente estudo foi avaliar o potencial efeito da L- PRF na regeneração óssea quando associada ao OBD nos procedimentos de elevação do assoalho do seio maxilar. Um conceito terapêutico para a utilização da L- PRF baseia-se no pressuposto de que se uma concentração fisiológica de plaquetas ativadas é favorável, uma concentração supra-fisiológica seria ainda melhor para suportar os estágios iniciais de reparação tecidual e regeneração óssea58. A hipótese do presente estudo é que a adição de L-PRF ao OBD pode reduzir o período de maturação do enxerto e complementar o processo osteoindutor de formação de novo osso. 16 2 PROPOSIÇÃO O propósito geral desse estudo foi avaliar a influência da fibrina rica em plaquetas e leucócitos (L-PRF) no processo de reparação e neoformação óssea quando associada ao osso bovino desproteinizado (OBD) em procedimentos cirúrgicos de elevação do assoalho do seio maxilar. Objetivos específicos: I. Avaliar o potencial da L-PRF em aumentar a quantidade de osso neoformado quando associada ao OBD; II. Avaliar o potencial da L-PRF em acelerar a neoformação e maturação óssea quando associada ao OBD, possibilitando instalação precoce de implantes após procedimento cirúrgico de elevação do seio maxilar; III. Avaliar a influência da L-PRF na expressão de proteínas envolvidas em atividades de diferenciação celular e mineralização da matriz extracelular do tecido ósseo; IV. Avaliar a influência da L-PRF nas alterações dimensionais do enxerto quando associado ao OBD em procedimento de elevação seio maxilar; V. Investigar se a associação da L-PRF ao OBD em cirurgias de levantamento do seio maxilar pode influenciar na estabilidade primária dos implantes. 17 3 REVISÃO DA LITERATURA Os concentrados plaquetários foram originalmente utilizados na medicina para prevenir ou tratar hemorragias associadas a severa trombopenia, que pode ser causada pela aplasia de medula, leucemia aguda ou pela perda significativa de sangue. O concentrado plaquetário padrão para transfusão foi denominado plasma rico em plaquetas e possuía 0,5 x 1011 plaquetas por unidade56. Na odontologia, o interesse pela utilização de concentrados plaquetários surgiu a partir dos estudos de Marx55,73. Desde então, diferentes técnicas e protocolos foram estabelecidos. A maioria dos produtos recebeu o nome de plasma rico em plaquetas (PRP), o mesmo nome do concentrado plaquetário padrão para transfusão, e constituíram a primeira geração de concentrados plaquetários56. Para obtenção do PRP, o sangue é coletado com anticoagulante e submetido a um processo de dupla centrifugação. Uma primeira centrifugação suave e curta é realizada para separar a fração plasmática dos glóbulos vermelhos. O sangue fica dividido em três fases ou camadas: os glóbulos vermelhos no fundo do tubo, o plasma pobre em plaquetas (PPP) é o sobrenadante e entre eles fica uma camada intermediária onde as plaquetas e leucócitos estão concentrados chamada de zona de névoa (ZN) ou “buffy coat”. As próximas etapas variam dependendo do produto a ser obtido: plasma rico em plaquetas puro (P-PRP) ou L-PRP (plasma rico em plaquetas e leucócitos). Para obtenção P-PRP, o PPP e a parte superficial da ZN são transferidos para um novo tubo e submetidos a uma segunda centrifugação vigorosa e longa. O concentrado final consiste em uma fração da ZN (contendo uma grande quantidade de plaquetas) suspensa em uma pequena quantidade de PPP. Para obtenção do L-PRP, o PPP juntamente com ZN e glóbulos vermelhos residuais são transferidos para um novo tubo. Após centrifugação vigorosa e longa, o PPP é descartado. O concentrado final é, então, constituído de toda a ZN e glóbulos vermelhos residuais suspensos em uma pequena quantidade de PPP. Assim, o produto final depende da coleta total ou parcial da ZN. No processo manual de preparo do PRP, a transferência é feita com uma seringa e o controle da coleta da ZN é apenas visual. Assim, no protocolo manual pode-se obter aleatoriamente P-PRP ou L-PRF (Figura 1). Finalmente, o concentrado plaquetário pode ser utilizado como uma suspensão líquida injetável ou na forma de gel após adição de trombina bovina ou cloreto de cálcio para induzir ativação das plaquetas e polimerização da fibrina56. Por 18 meio deste processo de dupla centrifugação, as plaquetas são cerca de 2 a 5 vezes mais enriquecidas em comparação com o sangue normal75. No entanto, a utilização de trombina bovina e cloreto de cálcio influencia consideravelmente as características mecânicas e biológicas da matriz de fibrina. Como o processo de coagulação não ocorre por ativação da cascata de coagulação e sim pela adição de anticoagulantes, a polimerização do fibrinogênio é incompleta e não há formação de ligações cruzadas na estrutura do PRP, resultando em uma arquitetura frágil e friável que não é favorável para incorporação de citocinas e migração celular56,67. Figura 1- Protocolo manual clássico para preparo de plasma rico em plaquetas (PRP) usando o procedimento de dupla centrifugação A obtenção do produto final, plasma rico em plaquetas puro (P-PRP) ou plasma rico em plaquetas e leucócitos (L-PRP), depende da coleta total ou parcial da zona de névoa (ZN). Fonte: Adaptado de Dohan et al., 200956. 19 Em 2001, uma segunda geração de concentrado plaquetário foi desenvolvida por Choukroun e colaboradores denominada de fibrina rica em plaquetas (PRF)59,60. A terminologia deste concentrado mudou para fibrina rica em plaquetas e leucócitos (L-PRF) em virtude da alta concentração de leucócitos59,76,77. Para obtenção da L-PRF o sangue é coletado sem anticoagulantes e centrifugado em baixa velocidade. Na ausência de anticoagulantes, a ativação das plaquetas e a polimerização da fibrina ocorrem imediatamente. Após centrifugação, três camadas são formadas no tubo: as células vermelhas no fundo do tubo, o PPP na camada mais superficial e o coágulo de fibrina no centro do tubo59 (Figure 2). O coágulo de fibrina forma uma forte matriz de fibrina com uma complexa estrutura tridimensional, na qual a maioria das plaquetas e leucócitos do sangue coletado ficam concentrados59, 60, 61. Além disso, o processo fisiológico lento de polimerização da fibrina possibilita a formação de um grande número de ligações cruzadas que resultam em uma matriz de fibrina flexível e elástica capaz de suportar a retenção de citocinas e a migração celular78. Ao contrário do PRP, a L-PRF não se dissolve rapidamente. Sua forte matriz de fibrina é remodelada lentamente de maneira similar ao coágulo sanguíneo59,60,61. Outra vantagem da L-PRF é o baixo custo e a simplicidade da técnica de obtenção59. Figura 2- Protocolo preconizado por Choukroun e colaboradores para preparo da fibrina rica em plaquetas e leucócitos (L-PRP) O sangue periférico é coletado sem anticoagulantes e centrifugado em baixa velocidade. Após centrifugação, três camadas são formadas no tubo: os glóbulos vermelhos no fundo do tubo, o PPP na camada mais superficial e o coágulo de fibrina no centro do tubo. Fonte: Adaptado de Dohan et al., 200956. 20 Dohan et al.62 buscaram quantificar no coágulo de L-PRF a presença de 5 citocinas: Interleucina 1 beta (IL-1β), IL-6, Fator de Necrose Tumoral (TNF-α), IL-4 e VEGF. Investigações foram realizadas sobre o perfil de secreção dessas citocinas em diferentes partes do tubo de coleta de PRF. Para isso, 15 pacientes foram selecionados e 3 amostras de 10 mL de sangue foram colhidas de cada paciente, uma para obtenção da L-PRF e outras duas enviadas para análise laboratorial do sérum e plasma sanguíneo. Para obtenção da L-PRF, o sangue foi centrifugado conforme o protocolo desenvolvido por Dohan26. Finalizada a centrifugação, o sobrenadante do tubo, representado pelo plasma pobre em plaquetas (PPP) era removido e colocado em tubos tipo eppendorf. O coágulo de L-PRF era deixado em uma caixa metálica estéril por aproximadamente 10 minutos, para liberar lentamente o exsudato contido nele. O exsudato também era colhido e colocado em tubos tipo eppendorf. As citocinas foram quantificadas nessas amostras por ELISA. Os valores obtidos foram então comparados a taxas médias plasmáticas e sorológicas estabelecidas pelo laboratório de análises. Foi observado um aumento da secreção das interleucinas testadas no exsudato da L- PRF e a concentração destas citocinas eram superiores quando comparadas às demais amostras. A origem dessas citocinas pode ser dos leucócitos, o que indica que o processo de ativação lento do sangue, pode induzir um aumento na degranulação de leucócitos. A comparação entre o sobrenadante PPP, exsudato da L- PRF, plasma e sérum sanguíneos revelam claramente que há ativação dessas citocinas durante o processo de centrifugação do PRF. Apenas o VEGF apresentou maior concentração no sérum sanguíneo do que no exsudato de L-PRF, o que pode ser explicado pela liberação de VEGF ser resultante da ativação plaquetária, sendo esperado maior concentração no sérum sanguíneo do que no exsudato de L-PRF. A secreção de VEGF pelos leucócitos é pequena, podendo ser considerada como insignificante. Os resultados mostraram que a L-PRF não é somente um concentrado de plaquetas, mas também um biomaterial autógeno, capaz de estimular mecanismos de defesa. Dohan et al.57 também investigaram por quanto tempo a L-PRF seria capaz de liberar alguns fatores de crescimento como TGFβ-1, PDGF-AB, VEGF e trombospondina-1 (TSP-1). Para isso, a membrana de L-PRF obtida era armazenada em um tubo de 10 mL contendo 4 mL de meio DMEM (Meio de Eagle modificado por Dulbecco) estéril. A membrana era transferida para um novo tubo com a mesma quantidade de DMEM a cada tempo experimental, que correspondia a 20 min, 1 h, 4 21 h, 24 h, 72 h, 120 h e 168 h. A quantificação das proteínas foi realizada por ELISA. Os resultados indicaram que a quantidade de PDGF-AB liberada pela L-PRF inicialmente foi bastante semelhante às quantidades liberadas após 7 dias. No entanto, as quantidades liberadas de TGFβ-1 e VEGF após 7 dias foram mais de 6 vezes maiores do que no conteúdo inicial. O que indica que os leucócitos presos nas membranas de L-PRF estão ativos e capazes de produzir esses fatores de crescimento em grande excedente, mesmo após 7 dias. Dohan et al.79 seguiram a mesma metodologia do estudo anterior, porém para comparar a liberação de TGFβ-1, VEGF, PDGF-AB, TSP-1, fibronectina e vitronectina entre membranas de L-PRF e o PRP. Resultados evidenciaram diferenças nos padrões de liberação de citocinas pelas membranas de L-PRF e PRP e também, ofereceram informações válidas sobre o efeito da arquitetura da L-PRF. A membrana de L-PRF liberou lentamente grandes quantidades de TGFβ-1, PDGF-AB, VEGF, trombospondina-1 e fibronectina durante pelo menos 7 dias. Mesmo quando a liberação já era alta nas primeiras 24 horas, ela permanecia em grandes quantidades continuamente durante os 7 dias de experimento. Já no PRP, as proteínas foram liberadas principalmente nas primeiras 4 horas, e mesmo nas situações em que esta liberação continuava até os 7 dias, a liberação era menos intensa do que a observada na L-PRF. A única exceção nos padrões de liberação de citocinas pelas membranas de L-PRF foi em relação a vitronectina, que foi liberada em grandes quantidades nas primeiras 4 horas, seguindo taxas de liberações quase nulas nos próximos 7 dias. Isso demonstra que algumas moléculas podem não ficar presas na matriz de fibrina, qualquer que seja o método de polimerização, sendo liberadas quase imediatamente após a sua produção. Tendo em vista suas propriedades biológicas, a simplicidade técnica para sua obtenção e o baixo-custo do processo, a L-PRF tornou-se uma alternativa promissora e atrativa para utilização nos procedimentos de reparação tecidual e regeneração óssea. 22 3.1 Utilização da L-PRF em procedimentos de elevação do assoalho do seio maxilar Choukroun et al.80 publicaram a primeira associação da L-PRF como material de enxerto na cavidade do seio maxilar. A pesquisa abordou pacientes saudáveis com necessidade de enxerto ósseo na região do seio maxilar para posterior instalação de implantes dentários. Estes pacientes foram divididos em grupos teste e controle. Os pacientes do grupo teste tiveram o seio maxilar enxertado com osso alógeno desmineralizado seco e congelado em associação com L-PRF. Já no grupo controle, apenas o osso alógeno foi utilizado. Devido ao potencial da L-PRF em acelerar a formação óssea, a reabertura da área enxertada para instalação de implantes no grupo teste foi realizada após 4 meses de reparação, enquanto no grupo controle, foi aguardado o período de 8 meses. A análise histológica não mostrou diferença significativa na neoformação óssea entre os dois grupos, indicando que o uso da L-PRF possibilitou a redução do período de reparação para instalação de implantes, utilizando menor quantidade de enxerto ósseo, sem comprometer a quantidade de osso neoformado. Mazor et al.81 avaliaram a relevância de membranas e coágulos de L- PRF como material único de preenchimento durante elevação do seio maxilar com instalação imediata de implante em uma série de casos. Foram operados 25 seios maxilares em 20 pacientes. No procedimento cirúrgico foram colocadas inicialmente uma ou duas membranas de L-PRF para proteger a membrana sinusal. Em seguida, os implantes foram instalados e cinco coágulos de L-PRF foram compactados de forma a preencher todo espaço da cavidade sinusal. Finalmente, uma ou duas membranas de L-PRF foram utilizadas sobre a janela da osteotomia. Radiografias panorâmicas e tomografias foram realizadas previamente ao procedimento cirúrgico e após 6 meses de reparo para avaliar a altura óssea residual a crista e o ganho ósseo final ao redor dos implantes. Em nove pacientes, foram coletadas biópsias ósseas após 6 meses de reparação. Um total de 41 implantes foram instalados na altura óssea residual entre 1,5 e 6 mm (média - DP: 2,9 ± 0,9 mm). Foi verificado um ganho ósseo significativo entre 7 e 13 mm além do osso residual (média 10,1 ± 0,9 mm). Em todos os casos, a posição final do assoalho do seio estava em continuidade com ápice dos implantes. Nenhum implante foi perdido. Todas as biópsias apresentavam um osso vital bem organizado, geralmente com percentual de matriz óssea maior que 30% (33% ± 5%). Assim, a L-PRF de Choukroun foi considerada por estes autores uma 23 técnica simples e barata que pode ser utilizada na cavidade sinusal como biomaterial único para regeneração óssea ao redor de implantes instalados simultaneamente ao procedimento de elevação do seio maxilar. Inchingolo et al.82 realizaram levantamento do seio maxilar em 23 pacientes com utilização de L-PRF e OBD. Neste estudo foi avaliado a osseointegração dos implantes assim como o curso do processo de reparação e regeneração óssea. Todos os pacientes apresentavam altura óssea residual superior a 5 mm, o que possibilitou a instalação imediata de implantes. Antes da instalação dos implantes, uma quantidade pequena do material de preenchimento foi inserida na cavidade sinusal. Este material de preenchimento era constituído de fragmentos de tecido ósseo triturado misturado com OBD e L-PRF. O período de reparação foi de 6- 9 meses. Todos os implantes instalados demonstraram ótima estabilidade primária e foi observado um aumento significativo da densidade óssea peri-implantar. Além disso, foi relatado sucesso das reabilitações implanto-suportadas de acordo com os critérios de Albrektsson. Simonpieri et al.29 também avaliaram o uso da L-PRF como material único de preenchimento do seio maxilar nos procedimentos de levantamento sinusal com instalação simultânea de implantes. Vinte e três elevações sinusais foram realizadas em 20 pacientes com instalação 52 implantes. O procedimento cirúrgico realizado foi muito semelhante ao do estudo de Mazor et al. Duas membranas de L- PRF foram inseridas no seio para proteger a membrana de Schneider durante a perfuração dos implantes. Em seguida, cinco coágulos de L-PRF foram utilizados em média para preencher o espaço na cavidade sinusal ao redor dos implantes e uma membrana de L-PRF foi usada para recobrir a janela da osteotomia. Em 3 pacientes, houve perfuração da membrana sinusal que foram tratadas com uso de membranas de L-PRF. Seis meses após a cirurgia, todos implantes estavam clinicamente estáveis durante instalação dos cicatrizadores. O período de acompanhamento máximo foi de 6 anos, sendo que todos os pacientes foram acompanhados por um período mínimo de 2 anos. Nenhum implante foi perdido durante esses 6 anos de acompanhamento e o ganho ósseo vertical foi substancial, entre 8,5 e 12 mm (10,4 ± 1,2 mm). Em todos os pacientes, foi verificado que o novo assoalho do seio estava em continuidade com a extremidade apical do implante e que a altura óssea da crista peri-implantar era muito estável. Segundo os autores, essa estabilidade pode estar associada ao perfil de micro-roscas típico dos sistemas de implantes utilizados nos pacientes. Concluiu- 24 se que o uso da L-PRF como único biomaterial durante a elevação do seio maxilar com instalação simultânea dos implantes parece ser uma opção cirúrgica confiável promovendo a regeneração óssea ao redor dos implantes. Tatullo et al.83 acompanharam clinicamente e histologicamente 60 pacientes que necessitavam de enxerto ósseo na cavidade do seio maxilar previamente à instalação dos implantes. O grupo teste recebeu L-PRF associada ao enxerto de osso bovino desproteinizado, enquanto o grupo controle recebeu apenas o biomaterial. A cirurgia de reabertura para instalação dos implantes e obtenção das biópsias oi realizada em três períodos distintos: após 106 (protocolo precoce), 120 (protocolo intermediário) e 150 dias (protocolo tardio) após o procedimento cirúrgico. No protocolo de 106 dias foram obtidos os resultados mais interessantes da eficácia da L-PRF utilizada como material de enxerto. Observou-se a presença de tecido ósseo lamelar com estroma interposto ricamente vascularizado, demonstrando a capacidade da L-PRF em acelerar a neoformação óssea. Os seios enxertados foram capazes de receber implantes após o período de 106 dias de reparação. Não foram observadas diferenças significativas no valor de ISQ entre os grupos teste e controle dentro de cada protocolo de reabertura proposto. Todos os pacientes foram reabilitados com sucesso e, após 36 ± 10 meses de função, nenhum implante foi perdido e nenhuma complicação foi observada. Foi concluído que é possível obter boa estabilidade primária do implante após 106 dias de reparação (protocolo precoce), apesar da ausência de carregamento protético. Tajima et al.84 realizaram a elevação de nove seios maxilares utilizando apenas a L-PRF como material de enxerto com instalação imediata de implantes dentários. No exame tomográfico realizado 6 meses após o procedimento cirúrgico, foi observado aumento significativo do volume ósseo ao redor dos implantes. A altura média de osso entre o assoalho do seio e a crista alveolar onde os implantes foram instalados foi de 11,8 ± 1,67 mm, com um ganho médio de 7,5 mm em relação aos valores iniciais (4,8 ± 1,0 mm). A densidade média do osso neoformado ao redor dos implantes foi de 323 ± 156,2 unidades Hounsfield (UH). Todos os implantes estavam estáveis no momento da colocação dos cicatrizadores (valor médio de ISQ de 66,5 ± 6,15). Baseados nestes resultados, foi concluído que o procedimento de elevação do seio maxilar com instalação imediata de implantes dentários utilizando apenas a L- PRF para preenchimento da cavidade sinusal pode resultar em regeneração óssea. No entanto, estes autores destacam a instalação imediata dos implantes é essencial 25 para o sucesso desta técnica, devendo a mesma ser contra-indicada nos casos em que a estabilidade primária dos implantes é comprometida pelo osso residual insuficiente ao redor dos implantes. Bölükbaşi et al.85 realizaram um estudo retrospectivo para comparar a eficácia do OBD associado à L-PRF (grupo teste) e apenas do OBD (grupo controle) no aumento do seio maxilar em dois estágios. No grupo teste, uma membrana de L- PRF foi colocada previamente ao preenchimento da cavidade sinusal com a mistura de OBD e L-PRF e outra membrana foi utilizada sobre a janela da osteotomia. No grupo controle, membranas de colágeno foram utilizadas. Implantes foram instalados após seis meses de reparação. Vinte e cinco pacientes foram incluídos no estudo, sendo que 32 cirurgias foram realizadas (17 no grupo teste e 15 no grupo controle) e 66 implantes foram instalados após seis meses de reparo (34 no grupo teste e 32 no grupo controle). Nenhuma perda ou complicação do implante foi observada em ambos os grupos. Não houve diferença estatística entre os grupos para os parâmetros percentual de osso neoformado, de biomaterial residual e de tecido conjuntivo. Durante o período de avaliação, seis radiografias panorâmicas foram realizadas (10 dias após elevação seio, 10 dias após instalação implantes, 6 meses após instalação dos implantes, após 6, 12 e 24 meses da instalação prótese). As alterações na relação entre a altura óssea e o tamanho do implante (Altura óssea/comprimento implante) foram significativamente menores no grupo de teste. Diferentes taxas de ganho de altura óssea e reabsorção do enxerto foram obtidas para os grupos de teste e controle, porém sem diferenças significativas. Em ambos os grupos foi observado que o ápice dos implantes estava recoberto com tecido ósseo e que o assoalho dos seios maxilares estava acima da altura original. Conclui-se que ambos tratamentos podem ser usados com sucesso para aumento do seio maxilar. Gurler e Delilbasi86 avaliaram 28 pacientes com necessidade de levantamento do seio maxilar. Os pacientes foram divididos em dois grupos. O grupo controle teve os seios maxilares preenchidos com osso alógeno, já o grupo teste, com osso alógeno associado a L-PRF. Os pacientes foram submetidos a questionários sobre conforto pós-operatório e uma avaliação clínica do reparo tecidual foi realizada pelo cirurgião no 7º e 14º dia de pós-operatório. O estudo mostrou melhor cicatrização das feridas nos casos onde a L-PRF foi associada, porém essa diferença não foi estatisticamente significante. 26 Kanayama et al.87 realizaram um estudo prospectivo para avaliar o ganho ósseo ao redor de implantes instalados após elevação do assoalho do seio maxilar utilizando apenas L-PRF como material de enxerto. Um total de 27 pacientes com altura óssea residual maior que 0,5 mm e menor que 5 mm foram selecionados para o estudo. Foram realizados 39 procedimentos de elevação do seio maxilar apenas com acesso crestal com instalação imediata dos implantes. Dois tipos de implantes foram utilizados: hidroxiapatita (HA) e jateados com ataque ácido (SA). No procedimento cirúrgico, a perfuração para instalação dos implantes foi realizada usando o kit CAS (HIOSSEN) que permite perfurar o osso até que a ponta da broca atinja a membrana sinusal. A membrana sinusal foi separada do osso e levantada por sistema de pressão hidráulica e duas membranas de PRF foram colocadas na parede óssea e cuidadosamente empurradas para o interior da cavidade sinusal. Após a colocação da L-PRF e elevação da membrana sinusal, os implantes foram instalados. Após 4-6 meses de reparo, os implantes receberam carregamento protético. Radiografia panorâmica e tomografia computadorizada foram utilizadas para medir o ganho ósseo. Após 1 ano de acompanhamento, nenhum implante foi perdido e o ganho ósseo médio nos implantes HA foi de 4 mm e nos implantes SA de 4,38 mm. Assim, foi demonstrado que a L-PRF promove ganho ósseo quando usada como material único de enxerto nos procedimentos de elevação do seio maxilar com acesso crestal. Kiliç et al.88 compararam, por meio de análise histológica e histomorfométrica, a elevação de seio maxilar com beta-tricálcio fosfato (β-TCP), β- TCP + P-PRP (plasma rico em plaquetas puro) e β-TCP + L-PRF. Um total de 26 indivíduos apresentando altura residual da crista óssea alveolar menor ou igual a 7mm foram incluídos no estudo (9 para os grupos β-TCP e β-TCP + P-PRP, 8 para o grupo β-TCP + L-PRF). Não foi relatado o número de implantes instalados em cada seio e se o procedimento de elevação do seio maxilar foi realizado uni ou bilateralmente nestes indivíduos. O percentual de osso neoformado após seis meses de reparo foi semelhante nos três grupos. Também não foram verificadas diferenças significativas no percentual de enxerto residual e tecido mole entre os grupos. A densidade média de osteoblastos, osteoclastos, osteócitos e vasos foi similar para os grupos, porém a densidade de células osteoprogenitoras foi menor e a densidade de células inflamatórias foi maior no grupo em que L-PRF foi utilizada em relação aos demais 27 grupos. Assim, a adição de P-PRP e L-PRF ao enxerto de β-TCP não trouxe benefícios adicionais para neoformação óssea. Zhang et al.89 também avaliaram a influência da L-PRF na regeneração óssea em procedimentos de elevação do seio maxilar quando usada em associação com OBD. Um total de 11 seios maxilares foram enxertados com OBD (grupo controle) ou OBD misturado com L-PRF (grupo teste). Após 6 meses de reparação, biópsias foram obtidas e implantes instalados na região enxertada. Não foram observadas complicações durante esse período. As avaliações clínicas, radiográficas e histológicas do estudo não indicaram diferenças estatísticas entre os grupos, apesar da porcentagem de osso neoformado ter sido 1,4 vezes maior no grupo teste e a porcentagem de enxerto ósseo residual ter sido 1,5 vezes maior no grupo controle. Assim, os resultados obtidos neste estudo não demonstraram vantagem ou desvantagem da utilização de L-PRF em combinação com OBD. Nizam et al.90, em um estudo cínico randomizado, controlado, de boca dividida, avaliaram o efeito da adição de L-PRF ao OBD no procedimento de levantamento do seio maxilar. Para isso, 13 pacientes com necessidade bilateral de levantamento do seio maxilar e altura de osso residual menor do que 5 mm foram incluídos na pesquisa. No grupo controle foi utilizado apenas OBD e no grupo teste, OBD foi associado à L-PRF. Após seis meses de reparo, foi obtida uma biópsia de cada seio maxilar previamente à instalação dos implantes. Não foram observadas diferenças qualitativas entre os grupos na análise histológica. Em ambos os grupos foi observado osso neoformado em contato direto com enxerto ósseo residual. Na análise histomorfométrica, a porcentagem de osso neoformado, de enxerto ósseo residual, de extensão do enxerto ósseo em contato com osso neoformado e de tecido mole foi similar entre os grupos na região de interesse. Assim, ambas as técnicas foram efetivas para aumento ósseo no seio maxilar e nenhum benefício adicional na regeneração óssea foi observado com a utilização da L-PRF. Tabrizi e Karagahn et al.91, em um estudo clinico randomizado de boca dividida envolvendo 20 pacientes, avaliaram se a estabilidade de implantes dentários instalados na região posterior de maxila poderia ser influenciada pela utilização da membrana de L-PRF antes da instalação do implante. Para isso, no grupo teste, a colocação de uma membrana de L-PRF precedia a instalação do implante e no grupo controle, a L-PRF não era utilizada. A estabilidade dos implantes foi medida após 2, 4 e 6 semanas da instalação por meio do coeficiente de estabilidade (ISQ). O estudo 28 concluiu que o uso de L-PRF é capaz de aumentar a estabilidade dos implantes na região posterior de maxila. Pichotano et al.92 em um estudo recente56, avaliaram o uso da L-PRF associada ao osso mineral bovino para instalação precoce de implantes após levantamento do seio maxilar. 12 pacientes foram incluídos neste estudo clínico randomizado de boca dividida. No grupo controle, os seios maxilares foram preenchidos apenas com OBD e no grupo teste, com OBD misturado com L-PRF. Após 4 meses, biópsias foram obtidas do grupo teste e implantes instalados. Já no grupo controle, foi aguardado o período de 8 meses para obtenção de biópsias e instalação dos implantes. Foram realizadas análises histomorfométricas, tomográficas e de análise de frequência de ressonância, comparando a estabilidade primária e secundária dos implantes instalados em ambos os grupos. Em relação à histomorfometria, o grupo teste apresentou porcentagem de neoformação óssea significativamente maior do que o grupo controle. Na análise tomográfica foi observado que em ambos os grupos houve uma redução do volume do enxerto, porém não foi constatada diferença significativa no percentual de redução volumétrica do enxerto entre os grupos. No grupo teste foi verificado um aumento significativo do valor de ISQ após o período de osseointegração dos implantes, enquanto no grupo controle não houve diferença estatística entre os valores de estabilidade primária e secundária. Estes resultados indicam que a associação da L-PRF ao osso bovino no seio maxilar permite a instalação precoce de implantes, sem comprometer a estabilidade e a neoformação óssea na região. Strauss e Stähli et al.93 selecionaram criteriosamente estudos clínicos randomizados e controlados que tinham utilizado a L-PRF sozinha ou associada a outro material de enxerto para avaliar regeneração óssea alveolar, cicatrização tecidual, osseointegração, estabilidade de implantes, reabsorção do enxerto, profundidade de sondagem e sintomatologia dos pacientes no período pós-operatório. Foram incluídos 12 artigos para a metanálise e estes foram avaliados em grupos de acordo com o objetivo do tratamento de cada estudo. Os resultados sugeriram que a L-PRF pode ser capaz de reduzir a reabsorção óssea alveolar após exodontia e melhorar a estabilidade do implante durante a fase inicial de osseointegração. Em relação a elevação do assoalho do seio maxilar, o estudo não encontrou efeito quando a L-PRF é utilizada. No entanto, apenas 2 artigos que associaram L-PRF ao material de enxerto ósseo no seio maxilar foram avaliados, desta forma a ausência de efeito 29 pode ser explicada pela pequena quantidade de artigos analisados. A pesquisa ainda aponta falta de estudos adequados envolvendo instalação de implantes, defeitos peri- implantares, cicatrização de tecidos moles e dor. Estas limitações e heterogeneidade da metodologia das pesquisas influenciam no poder estatístico das revisões sistemáticas, tornando a literatura inconclusiva. Liu et al.72, em recente revisão da literatura com meta-análise sobre os efeitos da L-PRF como material de enxerto no seio maxilar, concluíram que embora a adição de L-PRF aos enxertos e substitutos ósseos possa ajudar a reduzir o tempo de reparação, seu uso como material adjunto parece não melhorar realmente o aumento ósseo em seios maxilares. Apenas cinco estudos clínicos randomizados foram incluídos na meta-análise, totalizando 133 pacientes com 81 seios maxilares no grupo L-PRF e 69 no grupo controle. Resultados clínicos, radiográficos e histomorfométricos foram considerados. Nenhuma falha do implante ou falha do enxerto foi detectada nos estudos incluídos durante o período de acompanhamento. A porcentagem de osso neoformado foi aproximadamente 1,59% maior no grupo L- PRF que no grupo controle, mas essa diferença não foi significativa (-1,59, IC 95% - 5,36 a 2,18; p = 0,41). Também não foi observada diferença significativa na porcentagem de enxerto residual, sendo a mesma 4,57% menor no grupo L-PRF em comparação com o grupo controle (IC95% 0,00 a 9,14; p = 0,05). A porcentagem de área de tecidos moles foi maior no grupo L-PRF do que no grupo controle (3,73%, IC 95% -10,11 a 2,66; p = 0,25), porém sem significância estatística. A porcentagem de contato entre o enxerto e o osso neoformado foi 3,9% menor no grupo L-PRF que o grupo controle, sem diferença estatística (3,90, IC 95% -2,91 a 10,71; p = 0,26). Apesar da ausência de diferença entre os grupos para os parâmetros avaliados, os autores destacam que as técnicas para obtenção da L-PRF foram diferentes nos estudos incluídos, o que pode contribuir com um grande viés. Além disso, o risco de viés para os cinco estudos foi considerado alto. Assim, uma conclusão definitiva, com forte evidência, sobre os efeitos da L-PRF em procedimentos regenerativos no seio maxilar ainda não pode ser feita, sendo necessários estudos a longo prazo incluindo a mesma versão da L-PRF. 30 4 MATERIAL E MÉTODO Este estudo clínico randomizado foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos (CEP) da Faculdade de Odontologia de Araraquara - UNESP sob o número CAAE 41357514.5.0000.5416 e registrado no Registro Brasileiro de Ensaios Clínicos (ReBEC - RBR-95m73t). 4.1 População do estudo Os participantes deste estudo foram recrutados na Disciplina de Implantodontia e no Curso de Especialização em Implantodontia da Faculdade de Odontologia de Araraquara – UNESP, no período de 2015 a 2017. Foram selecionados pacientes que buscavam reabilitação bucal por meio de próteses implanto-suportadas, porém necessitavam de procedimento prévio de enxerto ósseo no seio maxilar para instalação dos implantes dentários. Estes pacientes deveriam apresentar altura residual do rebordo alveolar inferior ou igual a 4 mm e espessura óssea adequada na região posterior da maxila (ambos avaliados por meio de tomografia computadorizada), além de possuir idade superior a 18 anos. Foram excluídos do estudo pacientes com algum tipo de comprometimento sistêmico, pacientes diabéticos descompensados, fumantes ou ex-fumantes, usuários de álcool e/ou droga, gestantes, portadores de desordens hematológicas, pacientes que estavam sob tratamento de radioterapia na região de cabeça e pescoço, usuários de bifosfonatos e pacientes que apresentavam patologias no seio maxilar. Um total de 24 pacientes, apresentando 36 seios maxilares com indicação cirúrgica de elevação do seu assoalho, foram incluídos no estudo. Estes seios maxilares foram divididos aleatoriamente em 3 grupos de acordo com tratamento a ser realizado: OBD (Controle) - seio maxilar enxertado apenas com OBD (Bio-Oss®, Geistlich Pharma AG, Geistlich, Wolhusen, Suiça) e o tempo de reparação para a instalação dos implantes dentários foi de 8 meses; LPRF/OBD 4 - OBD foi associado à L-PRF para elevação do assoalho do seio maxilar e o tempo de reparação foi de 4 meses; LPRF/OBD 8 - OBD foi associado à L-PRF, porém o tempo de reparação para instalação dos implantes foi de 8 meses. O cálculo amostral foi realizado usando a ferramenta de cálculo de tamanho de amostra do programa Bioestat (Bioestat 5.3®, Instituto Mamirauá, Belém, PA, Brasil) baseado em resultados 31 anteriores92. Considerando uma diferença na média do desfecho primário a ser detectado (porcentagem de neoformação óssea) de 15%, com desvio padrão de 11%, poder do teste de 80% e nível de significância de 5%, um tamanho de amostra de 12 seios maxilares por grupo foi obtido. A distribuição dos seios de forma aleatória nos diferentes grupos foi feita por meio de uma lista de randomização previamente gerada por computador. Uma randomização por tipo de tratamento foi realizada tendo a unidade seio maxilar como base. Para assegurar a ocultação da randomização, foram utilizados envelopes de papel pardo numerados consecutivamente, com os seguintes sorteios de intervenção: OBD, LPRF/OBD 4 e LPRF/OBD 8. Os envelopes foram preparados e selados por uma pessoa não envolvida no estudo. Todos os pacientes foram esclarecidos sobre os objetivos do estudo e concordaram espontaneamente em participar do mesmo mediante a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. 4.2 Técnica de obtenção L-PRF Antes do início da cirurgia, foi realizada a coleta de sangue do paciente. Essa coleta foi realizada por um profissional habilitado para este procedimento, utilizando o sistema de coleta a vácuo - vacutainer (BD Vacutainer® Systems -, Franklin Lakes, NJ, EUA). Foram coletados 4 tubos de vidro com capacidade de 10 mL cada sem a adição de anticoagulante ou trombina bovina (Figura 3A e 3B). Na sequência, os tubos foram centrifugados por 10 minutos com uma força de aproximadamente 400 g (Kasvi K14-0815, Curitiba, PR, Brasil) de acordo com protocolo proposto por Dohan et al. em 200660 (Figura 3C e 3D). Após a centrifugação, o plasma acelular (plasma pobre em plaquetas - PPP) estava presente na parte superior do tubo, na porção inferior as células vermelhas do sangue (glóbulos vermelhos), e na parte intermediária o coágulo de L-PRF (Figura 3E). Os coágulos de fibrina obtidos foram retirados dos tubos e depositados em uma caixa metálica específica (Xpression, Intra-lock System, São Paulo, Brasil) que permitiu a eliminação do exsudato para obtenção das membranas de L-PRF (Figura 3F e 3G). 32 Figura 3- Procedimentos realizados para obtenção das membranas de L-PRF A) Preparo do material necessário para obtenção da L-PRF; B) Coleta do sangue periférico do paciente por meio de sistema a vácuo; C) Inserção dos tubos na centrífuga de forma balanceada; D) Remoção cuidadosa dos tubos após conclusão do ciclo de centrifugação; E) Separação nítida dos componentes sanguíneos: PPP na parte superior do tubo, glóbulos vermelhos na porção inferior, e o coágulo de L-PRF na parte intermediária; F) Remoção do coágulo de fibrina do tubo; G) Deposição dos coágulos de L-PRF em caixas metálicas específicas para obtenção das membranas de L-PRF. Fonte: Elaboração própria. F G E C D A B 33 4.3 Procedimento cirúrgico de elevação do assoalho do seio maxilar Foi solicitado a todos os pacientes incluídos neste estudo um exame tomográfico de feixe cônico da região de interesse para planejamento cirúrgico. Os procedimentos cirúrgicos foram realizados por um único operador experiente. Foi utilizado o método descrito por Tatum18 (1986) para elevação da membrana do seio maxilar. As etapas do procedimento cirúrgico para elevação do seio maxilar estão ilustradas nas Figuras 4 e 5. Após a antissepsia extra-bucal com PVPI e intra-bucal com digluconato de clorexidina a 0,12%, foi realizado o bloqueio dos nervos alveolar superior posterior e médio e nervo palatino maior (Cloridrato de articaína com epinefrina 1:100.000 DFL, Brasil), responsáveis respectivamente pela inervação da região posterior da maxila e da mucosa palatina. Uma incisão crestal sobre a área edêntula do rebordo alveolar e duas incisões relaxantes na região vestibular foram realizadas. O retalho mucoperiosteal foi descolado e rebatido até a exposição completa da parede lateral externa do seio maxilar. O acesso cirúrgico foi realizado respeitando a posição do planejamento da colocação dos implantes e anatomia do seio maxilar. No osso vestibular da maxila, a osteotomia para acesso à membrana sinusal foi confeccionada com uma fresa esférica nº 2 em baixa rotação, sob irrigação com cloreto de sódio a 0,9%. A parede óssea cortical mobilizada foi descolada da membrana sinusal e removida, com o auxílio de curetas específicas. A mucosa sinusal também foi deslocada das paredes ósseas no interior do seio maxilar, até as dimensões necessárias para a reconstrução óssea. Os seios maxilares do grupo OBD foram enxertados somente com Bio-Oss® (tamanho das partículas 0,25 -1 mm) e na parede vestibular da cavidade sinusal foi posicionada uma membrana de colágeno reabsorvível (Bio-Gide®, Geistlich Pharma AG). Nos seios maxilares dos grupos LPRF/OBD 4 e LPRF/OBD 8, foi utilizado o Bio-Oss® associado a membranas de L- PRF e na parede vestibular da cavidade sinusal também foi posicionada uma membrana de colágeno reabsorvível. Na mistura do OBD com as membranas de L- PRF foi utilizada a seguinte proporção: para cada membrana picotada de L-PRF foi utilizado 0,5 g de OBD. A quantidade de membranas de L-PRF utilizadas por seio variou de 2 a 4 membranas. As áreas cirúrgicas foram suturadas com fio de nylon 4- 0 (Ethicon®, Jonhson & Jonhson, New Brunswick, Nova Jersey, EUA) por meio de pontos interrompidos. 34 Os seios maxilares foram distribuídos de forma randômica entre os diferentes grupos conforme descrito anteriormente. O cirurgião permaneceu cego para o tratamento a ser realizado até o momento de inserção do biomaterial na cavidade sinusal. Assim, após elevação da membrana sinusal, o envelope contendo a indicação do tratamento a ser realizado foi aberto por um assistente não envolvido no estudo. Os pacientes não foram informados sobre o material utilizado no procedimento cirúrgico. Os pacientes receberam orientações pós-operatórias e prescrição de medicação sistêmica constituída por antibiótico (Amoxicilina 500 mg), anti-inflamatório (Nimesulida 100 mg), analgésico (Dipirona 500 mg) e medicação tópica constituída por enxágue com digluconato de clorexidina a 0,12%. A sutura foi removida após 10 dias e a região operada permaneceu sem influência de carga oclusal direta durante toda a fase de regeneração óssea. 35 Figura 4- Procedimento cirúrgico de elevação do seio maxilar no grupo controle A) Vista da região posterior da maxila com necessidade de enxertia óssea; B) Retalho de espessura total para exposição da parede lateral do seio maxilar; C) Osteotomia para criação da janela lateral de acesso; D) Descolamento da membrana sinusal e elevação do seu assoalho; E) Preenchimento da cavidade sinusal com OBD; F) Recobrimento da janela de osteotomia com uma membrana de colágeno reabsorvível e G) Sutura da região. Fonte: Elaboração própria. A B C D E F G 36 Figura 5- Procedimento cirúrgico de elevação do seio maxilar nos grupos em que a L-PRF foi utilizada A) Vista oclusal da região posterior da maxila com necessidade de enxertia óssea; B) Retalho de espessura total para exposição da parede lateral do seio maxilar; C) Osteotomia para criação da janela lateral de acesso; D) Descolamento da membrana sinusal e elevação do seu assoalho; E e F) Mistura das membranas de L-PRF picotadas com o OBD; G) Preenchimento da cavidade sinusal com OBD + L-PRF; H) Recobrimento da janela de osteotomia com uma membrana de colágeno reabsorvível e I) Sutura da região. Fonte: Elaboração própria. 4.4 Instalação dos implantes e obtenção da biópsia Em uma segunda etapa cirúrgica (Figura 6), o leito foi reaberto para instalação de implantes. No grupo OBD (n=12) e no grupo LPRF/OBD 8 (n=12), a reabertura foi realizada após 8 meses de reparação. Já no grupo LPRF/OBD 4 (n=12), a reabertura foi realizada após 4 meses de reparação. Após realização da antissepsia extra e intra-bucal do campo operatório e anestesia local, foi feita uma incisão crestal sobre a área edêntula do rebordo alveolar e duas incisões relaxantes na região vestibular, mesial e distal à região de interesse. O retalho mucoperiosteal foi descolado e rebatido até a exposição completa I H A B C E F G D 37 da parede lateral externa do seio maxilar. Uma biópsia foi obtida no momento do preparo da loja cirúrgica para instalação dos implantes, por meio de broca trefina (3i Implant Innovations, Flórida, EUA) de 2,0 mm de diâmetro interno e 3,0 mm externo, e 15 mm de comprimento. A broca foi posicionada no mesmo eixo de perfuração e inserção dos implantes, justamente nas regiões que os receberiam após o período de reparação óssea. O corte com a broca foi realizado utilizando contra-ângulo com redução 20:1 (KaVo - KaVo do Brasil S. A. Ind. e Com., Joinvile, SC) acionada por motor específico (Driller BLM 650 - VK Driller Equipamentos Elétricos Ltda, São Paulo, SP) e refrigeração constante com solução salina, até o rompimento do assoalho do seio maxilar para remoção do osso, na totalidade do seu comprimento. Após a perfuração única, os implantes (TitamaxTi EX ACQUA, Neodent, Curitiba, Brasil) foram instalados de acordo com o protocolo do fabricante e o osso colhido foi removido cautelosamente do interior da trefina. As biópsias foram imersas em solução de formaldeído tamponado a 10% por 3 dias. 38 Figura 6- Segundo procedimento cirúrgico para instalação dos implantes e obtenção das biópsias A) Vista da região enxertada; B) Retalho de espessura total para exposição da parede lateral do seio maxilar; C) Obtenção das biópsias da área enxertada no momento do preparo da loja cirúrgica para instalação dos implantes com utilização de uma trefina; D) Término da sequência de perfuração; E) Instalação dos implantes; F) Sutura da região. Fonte: Elaboração própria. 4.5 Avaliação da estabilidade primária dos implantes Após a instalação dos implantes, foi feita a mensuração da estabilidade dos implantes com a utilização do aparelho Osstell® (Osstell, ntegration Diagnostics, Gothenburg, Suécia). Este aparelho determina a estabilidade do implante por meio da análise da frequência de ressonância. O sistema inclui a utilização de um SmartPeg que é fixado ao implante através de um parafuso integrado. O SmartPeg é excitado por um impulso magnético da sonda de medição do instrumento portátil e o coeficiente de estabilidade do implante (ISQ) é calculado a partir do sinal de resposta. Os resultados são exibidos no instrumento variando numa escala de 1 a 100. Quanto maior o número de ISQ, maior é a estabilidade do implante. As medidas de estabilidade foram obtidas em duas direções, vestibular-palatina e mésio-distal. As medidas do ISQ foram realizadas de forma padronizada por um único examinador experiente, cego para os grupos experimentais. C D A E F B 39 4.6 Processamento da biópsia e análise histomorfométrica Após a primeira fase de fixação, as peças foram processadas conforme descrito por de Molon et al.94. Cortes seriados, com espessura de 6 μm, foram obtidos de cada espécime paralelamente ao longo eixo do implante por meio de um micrótomo automático (Jung Supercut 2065, Leica Instruments GmbH, Heidelberg, Alemanha). Os cortes foram montados em lâminas e corados com hematoxilina e eosina (H&E). O corte central de cada biópsia foi selecionado para análise histomorfométrica. As imagens das lâminas coradas com HE foram capturadas e digitalizadas com utilização de um microscópio óptico com objetivas para aumento de quatro até 100 vezes e oculares com aumento de 5 vezes (Diastar - Leica eichert & Jung products, Wetzlar, Alemanha), com câmera fotográfica digital (DFC-300-FX, Leica Microsystems, Wetzlar, Alemanha) com resolução de 1,3 megapixels acoplada a este microscópio e conectada a um microcomputador com um software analisador de imagens digitalizadas. Foi utilizado o software Image J 1,45 (Wayne Rasband National Institutes of Health, EUA) para análise histomorfométrica. Foi considerada uma região de interesse (ROI) de 5,3 mm2 de osso enxertado. O ROI incluiu a área enxertada na cavidade sinusal a partir do osso alveolar residual. Os seguintes parâmetros foram avaliados: porcentagem de tecido ósseo neoformado, porcentagem de tecido mole e porcentagem de material residual do enxerto ósseo bovino. As mensurações foram realizadas por um único examinador calibrado e cego para grupos experimentais. 4.7 Análise imunoistoquímica A análise imunoistoquímica foi realizada com o objetivo de caracterizar as respostas celulares quanto à expressão de proteínas envolvidas em atividades de diferenciação celular e mineralização da matriz extracelular do tecido ósseo por meio da quantificação do fator de transcrição relacionado a Runt-2 (RUNX-2), fator de crescimento endotelial vascular (VEGF), osteopontina (OPN) e osteocalcina (OCN). Cortes histológicos foram montados em lâminas silanizadas (Fisher Superfrost plus; Thermo Fisher Scientific - Waltham MA, EUA) em um banho maria de água destilada e secas em posição vertical, para facilitar a adesão entre o corte e a lâmina. 40 A reação imunoistoquímica foi realizada por meio da técnica de imunoperoxidase indireta com amplificador. Portanto, foi utilizado o peróxido de hidrogênio a 3% (Merck Laboratories, Kenilworth, Nova Jersey, EUA) para a inibição da peroxidase endógena. A recuperação antigênica foi realizada a partir da imersão das lâminas em tampão fosfato citrato, ph=6, mantidas em vaporeira (calor úmido), por 20 minutos. Os bloqueios de reações inespecíficas foram realizados com albumina bovina (Sigma, San Luis, Missouri, EUA) e leite desnatado. Foram utilizados anticorpos policlonais (Santa Cruz Biotechnology, Dallas, Texas, EUA), produzidos em cabra e anti cada uma das proteínas avaliadas: RUNX-2 (SC 8566), VEGF (SC 1881), OPN (SC 10593) e OCN (SC 18319). RUNX-2 é responsável pela regulação de pré-osteoblastos e produção de colágeno tipo 1 durante o reparo ósseo. VEGF é uma das principais proteínas que regulam o reparo do tecido ósseo. É responsável pela diferenciação de células endoteliais, estimulação de proliferação vascular e atração de células osteoblásticas durante maturação do enxerto ósseo. Já a OCN e OPN permitem analisar a maturação do tecido ósseo através de marcações de células osteoblásticas e matriz extracelular mineralizada e não-mineralizada. Como anticorpo secundário, foi utilizado o anticorpo secundário biotinilado anti-cabra produzido em coelhos (Pierce Biotechnology, Waltham, Massachusetts, EUA), o amplificador foi a Avidina e Biotina (Vector Laboratories, Burlingame, Califórnia, EUA) e a diaminobenzidina (Dakocytomation, Carpinteria, Califórnia, EUA) como cromógeno. Ao término da revelação pela Diaminobenzidina, foi realizada a contra-coloração dos cortes histológicos por Hematoxilina de Harris. As lâminas foram analisadas no mesmo microscópio utilizado para análise histomorfométrica e imagens foram capturadas na mesma região de interesse (ROI) em aumento de 20x. A análise dos dados foi realizada por uma abordagem semiquantitativa por um avaliador cego calibrado atribuindo escores de 1 a 4 indicando respectivamente ausência de marcação ou marcação discreta, marcação leve, marcação moderada e marcação intensa, de acordo com a área de imunomarcação observada na região de interesse. A atribuição de escores de intensidade da imunocoloração estão de acordo com estudos prévios31,95,96. 41 4.8 Análise radiográfica Todos os pacientes realizaram exame tomográfico em três períodos distintos: pré-operatório (T-0), uma semana após a elevação do seio maxilar (T-1), e previamente ao procedimento de instalação de implantes (T2). Foi utilizado o tomógrafo SCANORA® 3Dx (Soredex, Tuusula, Finlândia), com uma resolução de 512 pixels, num total de 14 bits por pixels, com escala cromática de 16.384 tons de cinza. Os mesmos parâmetros foram usados para todas as tomografias, 10 mAs, 90 kVp e um tempo de varredura de 20 s usando o campo de visão de 9 polegadas (FOV). A tomografia pré-operatória foi usada para avaliar a necessidade de enxerto ósseo no seio maxilar para instalação de implantes em uma abordagem cirúrgica de dois estágios. A tomografia previamente à instalação dos implantes foi realizada após 4 meses de reparação para o grupo LPRF/OBD 4 e após 8 meses para os grupos OBD e LPRF/OBD 8 (T-2). Os dados brutos das digitalizações foram reconstruídos e exportados em formato de arquivo DICOM para importação no software de interpretação de tomografia computadorizada (Planmeca Romexis 3D, Planmeca Oy, Helsinque, Finlândia) (Figura 7). 42 Figura 7- A análise volumétrica foi realizada usando a função de segmentação no Planmeca (Planmeca Romexis 3D, Planmeca Oy, Helsinque, Finlândia) As imagens da tomografia foram exibidas simultaneamente em quatro vistas diferentes: sagital (vermelho, eixo x), coronal (verde, eixo y), axial (azul, eixo z) e uma renderização tridimensional (vista renderizada em 3D). A) Corte axial central da área enxertada uma semana após o procedimento cirúrgico (T1); B) Corte axial central da área enxertada 8 meses após elevação do seio maxilar e antes da instalação dos implantes (T2); C) Corte sagital demonstrando o processo de segmentação pelo qual o perímetro do enxerto foi delineado de acordo com as diferentes escalas de cinza para produzir uma região de interesse 2D (em vermelho); D) Vista representativa em 3D de toda a reconstrução 3D final segmentada do volume dos enxertos (em vermelho) nos seios maxilares. Fonte: Elaboração própria. As medidas volumétricas (em centímetros cúbicos) dos enxertos foram realizadas utilizando cortes sagitais de 1 mm, avaliando a cor da hiperdensidade diferencial das imagens, seguindo protocolos publicados anteriormente97. Após o processo de reconstrução, as dimensões volumétricas foram calculadas automaticamente no programa e representadas em centímetros cúbicos. Essa análise foi feita em todos os exames tomográficos dos pacientes de maneira cega por um único radiologista com experiência em tomografia computadorizada, previamente A B C D 43 treinado, que realizou todas as medidas volumétricas de maneira padronizada. O coeficiente de correlação de Pearson (r) foi calculado para avaliar a reprodutibilidade de duas medidas realizadas pelo mesmo avaliador em cinco amostras antes de iniciar as análises do presente estudo. Um valor r de 0,98 foi calculado para a comparação das medidas 1 e 2, indicando reprodutibilidade intra- examinador. 4.9 Análise estatística A análise estatística foi realizada utilizando-se o software GraphPad Prism (versão 6.0, GraphPad Software, Inc., La Jolla, Califórnia, EUA). Todos os dados foram submetidos ao teste de normalidade Shapiro-Wilk para avaliar a normalidade da distribuição dos dados. O parâmetro idade não apresentou distribuição normal e foi analisado pelo teste Kruskal-Wallis. O volume inicial (T1) dos enxertos apresentou distribuição normal em todos os grupos, porém o volume final (T2) não. Assim, foi utilizado o teste Kruskal-Wallis para comparação do volume inicial entre os grupos e foram utilizados os testes Wilcoxon (OBD e LPRF/OBD 8) e teste t-pareado (LPRF/OBD 4) para verificar diferença entre os volumes inicial e final dentro de cada grupo. Os dados de estabilidade e da análise histomorfométrica, com exceção da porcentagem de biomaterial residual, apresentaram distribuição normal e foram analisados aplicando-se o teste ANOVA seguido pelo teste de Tukey para comparações múltiplas. Para analisar a porcentagem de biomaterial residual foi utilizado o teste de Kruskal-Wallis seguido pelo teste Dunn para comparações múltiplas. O nível de significância adotado foi de 95% (p<0,05). Para os dados da análise imunoistoquímica foi realizada uma análise qualitativa ordinal, por atribuição de escores e representação pela mediana. 44 5 RESULTADO 5.1 Amostra A Figura 8 apresenta o fluxograma do recrutamento e distribuição dos participantes no presente estudo. Um total de 55 indivíduos foram examinados para possível participação no estudo (amostra em potencial). Destes, 28 foram excluídos por não aderirem aos critérios de inclusão e três por não concordarem em participar do estudo. Dessa forma, 24 participantes, apresentando 36 seios maxilares, com indicação de enxertia óssea previamente à instalação de implantes na região posterior da maxila, foram incluídos no estudo. Os seios maxilares destes indivíduos foram distribuídos de forma aleatória nos três grupos. Após essa aleatorização, todos os seios maxilares receberam a intervenção planejada e todas as análises propostas no presente estudo foram realizadas. Nenhum participante desistiu de participar do estudo ou foi excluído do mesmo. Os dados demográficos dos participantes do estudo estão descritos na Tabela 1. A idade média dos participantes do estudo foi 54,08 ± 10,07 anos, sendo 14 do sexo feminino e 10 do sexo masculino. Não foi observada diferença significativa entre os grupos para o parâmetro idade dos pacientes (p = 0.5427). Sete indivíduos apresentavam edentulismo total e 17 eram parcialmente edêntulos. A elevação do seio maxilar foi realizada bilateralmente em 12 indivíduos. Nenhuma complicação foi observada durante ou após os procedimentos cirúrgicos de elevação do seio maxilar. Não foi verificada perfuração da membrana sinusal. Após a reparação do enxerto ósseo (4 meses para grupo LPRF/OBD 4 e 8 meses para os demais grupos), 46 implantes, foram instalados (18 no grupo OBD, 19 no grupo LPRF/OBD 4 e 19 no grupo LPRF/OBD 8). Os implantes instalados apresentavam diâmetro de 4 mm e comprimento de 11 mm. Durante o período de cicatrização, os participantes não usaram nenhuma prótese removível provisória. Nenhum implante foi perdido durante o período do estudo. 45 Figura 8- Fluxograma referente ao protocolo do estudo (SM = seio maxilar; OBD = Osso bovino desproteinizado; L-PRF= fibrina rica em plaquetas e leucócitos) Fonte: Elaboração própria. Seleção Indivíduos examinados (n= 55 pacientes) Excluídos (n= 28 pacientes) → Não aderiram critérios inclusão (n= 18 pacientes) → Não aceitaram participar (n= 3 pacientes) Aleatorização (n=24 pacientes, 36 SM) OBD → receberam intervenção (n= 12 SM) Alocação LPRF/OBD 4 → receberam intervenção (n= 12 SM) LPRF/OBD 8 → receberam intervenção (n= 12 SM) Acompanhamento OBD → nenhuma perda durante acompanhamento (n= 12 SM) → Tomografia 1 semana após elevação SM, tomografia 8 meses após elevação SM, instalação implantes, biópsia, mensuração estabilidade primária Análise OBD → todos os seios foram analisados (n= 12 SM) LPRF/OBD 4 → todos os seios foram analisados (n= 12 SM) LPRF/OBD 8 → todos os seios foram analisados (n= 12 SM) LPRF/OBD 4 → nenhuma perda durante acompanhamento (n= 12 SM) → Tomografia 1 semana após elevação SM, tomografia 4 meses após elevação SM, instalação implantes, biópsia, mensuração estabilidade primária LPRF/OBD 8 → nenhuma perda durante acompanhamento (n= 12 SM) → Tomografia 1 semana após elevação SM, tomografia 8 meses após elevação SM, instalação implantes, biópsia, mensuração estabilidade primária 46 Tabela 1- Dados dos participantes do estudo ID Idade Gênero Edentulismo total ou parcial Seios maxilares incluídos no estudo 1 69 M P D e E 2 44 M P D e E 3 43 F P D 4 59 M T D 5 61 F T D e E 6 42 F P D 7 43 M P E 8 58 F P D e E 9 58 M T D e E 10 57 M P D e E 11 59 F T D e E 12 59 M T E 13 61 M P D e E 14 53 F P D 15 43 F P D e E 16 26 M T D 17 63 M P D e E 18 64 F P D 19 41 F P D 20 62 F P D e E 21 59 F P D e E 22 59 F P D 23 60 F P D 24 55 F T D ID= identificação; M= masculino; F= feminino; P= parcialmente edêntulo; T= totalmente edêntulo; D= direito; E=esquerdo Fonte: Elaboração própria. 5.2 Análise histomorfométrica Em relação à neoformação óssea, foi possível identificar maiores valores percentuais nos grupos em que a L-PRF foi associada ao OBD (LPRF/OBD 4 - 44,58 ± 13,09%; LPRF/OBD 8 - 46,56 ± 12,28%) do que no grupo em que apenas OBD foi utilizado (32,34 ± 9,49%), sendo a diferença estatisticamente significante (p = 0.0135; Figura 9). A diferença observada entre os grupos LPRF/OBD 4 e LPRF/OBD 8 não foi significante (Figura 9) 47 Figura 9- Porcentagem de osso neoformado nos diferentes grupos do estudo *Diferença estatisticamente significante em relação aos demais grupos (p = 0,0135; teste ANOVA e Tukey). Fonte: Elaboração própria. O grupo OBD (12,58 ± 9,19%) apresentou maior porcentagem de enxerto residual em comparação aos demais grupos (LPRF/OBD 4 - 3,59± 4,22%; LPRF/OBD 8 - 7,01 ± 8,49%). A diferença foi significativa apenas entre os grupos OBD e LPRF/OBD 4 (p = 0.0227; Figura 10) Em relação à porcentagem de tecido mole (Figura 11), não houve diferença estatisticamente significante entre os grupos (OBD - 28,29 ± 10,07%; LPRF/OBD 4 - 26,60 ± 11,13%; LPRF/OBD 8 - 17,76 ± 12,03%; p = 0.0579). As figuras 12 a 14 ilustram os cortes histológicos dos três grupos experimentais do estudo. 48 Figura 10- Porcentagem de biomaterial residual nos diferentes grupos experimentais do estudo *Diferença estatisticamente significante (p = 0,0227; teste ANOVA e Tukey). Fonte: Elaboração própria. Figura 11- Porcentagem de tecido mole nos diferentes grupos experimentais do estudo Não foi observada diferença estatisticamente significante (p = 0,0579; teste ANOVA e Tukey). Fonte: Elaboração própria. 49 Figura 12- Imagens histológicas obtidas de biópsias das áreas enxertadas do grupo OBD com aumento de 50x e 100x NFB corresponde ao osso neoformado; B é enxerto residual; e ST corresponde ao tecido mole. Em maior aumento (100x), observa-se tecido ósseo neoformado, mas uma grande quantidade de enxerto residual ainda é detectada após 8 meses de reparação. Fonte: Elaboração própria. OBD 50 Figura 13- Imagens histológicas obtidas de biópsias das áreas enxertadas do grupo LPRF/OBD 4 com aumento de 50x e 100x NFB corresponde ao osso neoformado; B é enxerto residual; e ST corresponde ao tecido mole. Em maior aumento (100x), pode-se constatar grande quantidade de tecido ósseo neoformado. Além disso, menor quantidade de biomaterial é observada, o que significa que a maturação do enxerto neste grupo foi mais rápida quando comparada ao grupo controle. Fonte: Elaboração própria. LPRF/OBD 4 51 Figura 14- Imagens histológicas obtidas de biópsias das áreas enxertadas do grupo LPRF/OBD 8 com aumento de 50x e 100x NFB corresponde ao osso neoformado; B é enxerto residual; e ST corresponde ao tecido mole. Em maior aumento (100x), pode-se constatar grande quantidade de tecido ósseo neoformado. Além disso, menor quantidade de biomaterial é observada, o que significa que a maturação do enxerto neste grupo foi mais rápida quando comparada ao grupo controle. Fonte: Elaboração própria. LPRF/OBD 8 52 5.3 Análise imunoistoquímica Os resultados da análise imunoistoquímica estão descritos na tabela 2 e na figura 15. O grupo LPRF/OBD 4 mostrou uma marcação mais acentuada de RUNX- 2 que os demais grupos. A marcação de VEGF foi similar nos grupos em que a L-PRF foi adicionada, porém foi inferior no grupo controle. As marcações de OPN e OCN também foram mais acentuadas no grupo LPRF/OBD 4. Tabela 2- Porcentagem de cada escore de intensidade atribuído na análise imunoistoquímica para os diferentes grupos do estudo Proteína Score OBD LPRF/OBD 4 LPRF/OBD 8 RUNX-2 1 0% 0% 0% 2 80% 10% 90% 3 20% 60% 10% 4 0% 30% 0% VEGF 1 0% 0% 0% 2 60% 10% 10% 3 40% 50% 70% 4 0% 40% 20% OPN 1 0% 0% 0% 2 60% 10% 10% 3 40% 40% 60% 4 0% 50% 30% OCN 1 0% 0% 0% 2 40% 0% 90% 3 50% 30% 10% 4 10% 70% 0% 1 = Marcação ausente; 2 = Marcação leve/discreta; 3 = Marcação moderada; 4 = Marcação intensa. Fonte: Elaboração própria. 53 Figura 15- Escore de intensidade mais prevalente para cada proteína avaliada nos diferentes grupos do estudo Fonte: Elaboração própria. Figura 16- Imagens histológicas representativas da imunomarcação para RUNX-2 para os diferentes grupos do estudo (aumento de 20x). A) OBD (grupo controle); B) LPRF/OBD 4; C) LPRF/OBD 8. Fonte: Elaboração própria. A B C 54 Figura 17- Imagens histológicas representativas da imunomarcação para VEGF para os diferentes grupos do estudo (aumento de 20x) A) OBD (grupo controle); B) LPRF/OBD 4; C) LPRF/OBD 8. Fonte: Elaboração própria. A B C 55 Figura 18- Imagens histológicas representativas da imunomarcação para OPN para os diferentes grupos do estudo (aumento de 20x) A) OBD (grupo controle); B) LPRF/OBD 4; C) LPRF/OBD 8. Fonte: Elaboração própria. A C B 56 Figura 19- Imagens histológicas representativas da imunomarcação para OCN para os diferentes grupos do estudo (aumento de 20x). A) OBD (grupo controle); B) LPRF/OBD 4; C) LPRF/OBD 8. Fonte: Elaboração própria. 5.4 Análise radiográfica Os resultados da análise tomográfica estão descritos nas Tabelas 3 a 5. O volume médio do enxerto observado imediatamente após elevação do seio maxilar (T1) para os grupos OBD (1,39 ± 0,53 cm3), LPRF/OBD 4 (1,69 ± 0,42 cm3) e LPRF/OBD 8 (1,68 ± 1,05 cm3) não foi estatisticamente diferente (p = 0,1649). Após o período de reparação (T2), o volume médio do enxerto diminuiu em todos os grupos (OBD - 0,90 ± 0,28 cm3; LPRF/OBD 4 - 1,11 ± 0,25 cm3; LPRF/OBD 8 -0,95 ± 0,48 cm3). A diferença no volume do enxerto entre os dois períodos (T1 e T2) dentro de cada grupo foi estatisticamente significante (p = 0,0005 para os grupos OBD e LPRF/ODB 8, p < 0,0001 para o grupo LPRF/ODB 4). A B C 57 Após 4 meses de reparação, uma redução significativa no volume do enxerto foi observada no grupo LPRF/ODB 4 (33,13 ± 10,74%). Resultados semelhantes foram observados para os grupos OBD (33,30 ± 13,39%) e LPRF/ODB 8 (39,12 ± 16,87%) após 8 meses de reparação. Não foi observada diferença significativa entre os grupos para a porcentagem de reabsorção do enxerto (p = 0,4934, Figura 20). Em todos os grupos, o ganho de volume ósseo foi adequado para a instalação dos implantes. Tabela 3- Volume ósseo (cm3) mensurado nos seios maxilares enxertados do grupo OBD Seio Maxilar Volume Ósseo (cm3) % Reabsorção T1 T2 T1-T2 1 1,358 0,861 0,497 36,59 2 1,37 0,667 0,703 51,31 3 1,798 1,113 0,685 38,09 4 0,988 0,892 0,096 9,71 5 2,851 1,514 1,337 46,89 6 0,863 0,508 0,355 41,13 7 1,052 0,595 0,457 43,44 8 1,459 1,032 0,427 29,26 9 1,003 0,677 0,326 32,5 10 1,383 1,065 0,318 22,9 11 1,215 1,098 0,117 9,62 12 1,345 0,832 0,513 38,14 Média 1,39 0,90 0,48 33,30 DP 0,53 0,28 0,33 13,39 As mensurações foram realizadas na tomografia computadorizada realizada uma semana após o procedimento de levantamento do seio maxilar (T1) e após 8 meses de reparo (T2). A diferença obtida entre os dois períodos de avaliação (T1-T2) possibilitou o cálculo da porcentagem de reabsorção do enxerto em cada seio maxilar. Fonte: Elaboração própria. 58 Tabela 4- Volume ósseo (cm3) mensurado nos seios maxilares enxertados do grupo LPRF/OBD 4 Seio Maxilar Volume Ósseo (cm3) % Reabsorção T1 T2 T1-T2 1 1,933 1,211 0,722 37,35 2 1,632 0,804 0,828 50,73 3 1,714 1,328 0,386 22,52 4 1,501 1,304 0,197 13,12 5 0,964 0,679 0,285 29,56 6 1,621 0,914 0,707 43,61 7 0,93 0,738 0,192 20,64 8 1,854 1,221 0,633 34,14 9 2,211 1,404 0,807 36,49 10 1,575 1,128 0,447 28,38 11 2,059 1,255 0,804 39,04 12 2,253 1,306 0,947 42,03 Média 1,69 1,11 0,58 33,13 DP 0,42 0,25 0,27 10,74 As mensurações foram realizadas na tomografia computadorizada realizada uma semana após o procedimento de levantamento do seio maxilar (T1) e após 4 meses de reparo (T2). A diferença obtida entre os dois períodos de avaliação (T1-T2) possibilitou o cálculo da porcentagem de reabsorção do enxerto em cada seio maxilar. Fonte: Elaboração própria. 59 Tabela 5- Volume ósseo (cm3) mensurado nos seios maxilares enxertados do grupo LPRF/OBD 8 Seio Maxilar Volume Ósseo (cm3) % Reabsorção T1 T2 T1-T2 1 1,298 0,796 0,502 38,67 2 0,977 0,601 0,376 38,48 3 1,355 0,551 0,804 59,33 4 0,588 0,49 0,098 16,66 5 1,503 0,944 0,559 37,19 6 3,934 2 1,71 43,46 7 1,762 0,948 0,814 46,19 8 3,688 1,537 2,151 58,32 9 1,307 1,26 0,047 3,59 10 1,088 0,431 0,657 60,38 11 1,754 1,174 0,58 33,06 12 0,933 0,615 0,318 34,08 Média 1,69 0,95 0,72 39,12 DP 1,05 0,48 0,62 16,87 As mensurações foram realizadas na tomografia computadorizada realizada uma semana após o procedimento de levantamento do seio maxilar (T1) e após 8 meses de reparo (T2). A diferença obtida entre os dois períodos de avaliação (T1-T2) possibilitou o cálculo da porcentagem de reabsorção do enxerto em cada seio maxilar. Fonte: Elaboração própria. 60 Figura 19- Valores (média e desvio-padrão) da porcentagem de redução volumétrica dos enxertos nos diferentes grupos do estudo Não foi observada diferença significativa entre os grupos (p = 0,4934; teste ANOVA e Tukey). Fonte: Elaboração própria. 5.5 Estabilidade primária Em relação à estabilidade primária dos implantes (Tabela 6 e Figura 17), foi verificado que os implantes instalados no grupo LPRF/OBD 4 (60,9 ± 9,35) apresentaram uma estabilidade primária significativamente menor em comparação com os implantes instalados nos grupos OBD (75,56 ± 4,60) e LPRF/OBD 8 (72,19 ± 5,43). Entre os grupos LPRF/OBD 8 e OBD, não foi observada diferença estatística. Tabela 6- Valores de ISQ expressos em média, desvio-padrão (DP) e intervalo de confiança de 95% OBD LPRF/OBD 4 LPRF/OBD 8 ISQ Média (DP) (IC 95%) 75,56 (4,60)a (72,64-78,48) 60,90 (9,35)b (54,95-66,84) 72,19 (5,43)a (68,74-75,64) Letras diferentes representam diferença estatisticamente significante (p< 0,0001; teste ANOVA e Tukey). Fonte: Elaboração própria. 61 Figura 20- Valores (média e desvio-padrão) da estabilidade primária dos implantes instalados nos diferentes grupos experimentais do estudo *Diferença estatisticamente significante em relação aos demais grupos (p < 0,0001; teste ANOVA e Tukey). Fonte: Elaboração própria. 62 6 DISCUSSÃO Este estudo clínico randomizado foi delineado para investigar a influência da L-PRF no processo de maturação e neoformação óssea, na estabilidade primária do implante e na estabilidade volumétrica do enxerto quando associada ao OBD em procedimentos de elevação do assoalho do seio maxilar. Os resultados das análises clínica, histológica e radiográfica demostraram que a L-PRF teve um efeito favorável no processo de reparação, acelerando a maturação óssea e aumentando quantidade de tecido ósseo neoformado, sem, contudo, interferir na estabilidade primária do implante e na estabilidade volumétrica do enxerto na cavidade sinusal. O OBD tem sido o enxerto ósseo mais utilizado nos procedimentos de elevação do seio maxilar. Entretanto, por ser um material osteocondutor com taxa de reabsorção muito lenta, diferentes substâncias bioativas têm sido associadas a este biomaterial com intuito de reduzir o tempo de reparação e aumentar a quantidade de osso neoformado. No presente estudo, foi utilizada a L-PRF, uma segunda geração de concentrado plaquetário, que contém uma série de fatores de crescimento, incluindo PDGF, IGF, VEGF, TGF-β, além de citocinas, quimiocinas e outras moléculas envolvidas na reparação precoce de feridas e na regeneração óssea53,54. Os resultados da análise histomorfométrica mostraram que a adição de L-PRF ao OBD foi benéfica, resultando em maior quantidade de osso neoformado. Os grupos LPRF/OBD 4 (44,58 ± 13,09%) e LPRF/OBD 8 (46,56 ± 12,28%) apresentaram uma quantidade significativamente maior de osso neoformado em comparação com o grupo controle no qual foi utilizado apenas OBD (32,34 ± 9,49%). Estes resultados sugerem que a L-PRF tem um papel importante no processo de reparação, acelerando a matu