A BIBLIOTECA ESCOLAR E A GERAÇÃO NATIVOS DIGITAIS CONSTRUINDO NOVAS RELAÇÕES LUCIRENE ANDRÉA CATINI LANZI, SILVANA A. B. GREGORIO VIDOTTI E EDBERTO FERNEDA Capa_A_biblioteca_escolar_(digital).indd 1Capa_A_biblioteca_escolar_(digital).indd 1 13/01/2014 20:21:2213/01/2014 20:21:22 A BIBLIOTECA ESCOLAR E A GERAÇÃO NATIVOS DIGITAIS Miolo_A_biblioteca_escolar_(GRAFICA).indd 1Miolo_A_biblioteca_escolar_(GRAFICA).indd 1 14/01/2014 15:17:3514/01/2014 15:17:35 CONSELHO EDITORIAL ACADÊMICO Responsável pela publicação desta obra Maria Cláudia Cabrini Grácio João Batista Ernesto de Moraes Helen de Castro Silva Casarin Edberto Ferneda Miolo_A_biblioteca_escolar_(GRAFICA).indd 2Miolo_A_biblioteca_escolar_(GRAFICA).indd 2 14/01/2014 15:17:4814/01/2014 15:17:48 LUCIRENE ANDRÉA CATINI LANZI SILVANA A. B. GREGORIO VIDOTTI EDBERTO FERNEDA A BIBLIOTECA ESCOLAR E A GERAÇÃO NATIVOS DIGITAIS CONSTRUINDO NOVAS RELAÇÕES Miolo_A_biblioteca_escolar_(GRAFICA).indd 3Miolo_A_biblioteca_escolar_(GRAFICA).indd 3 14/01/2014 15:17:4814/01/2014 15:17:48 © 2013 Editora UNESP Cultura Acadêmica Praça da Sé, 108 01001-900 – São Paulo – SP Tel.: (0xx11) 3242-7171 Fax: (0xx11) 3242-7172 www.culturaacademica.com.br feu@editora.unesp.br CIP – BRASIL. Catalogação na publicação Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ L299r Lanzi, Lucirene Andréia Catini A biblioteca escolar e a geração nativos digitais: construindo novas relações [recurso eletrônico] / Lucirene Andréia Catini Lanzi, Silvana A. B. Gregorio Vidotti, Edberto Ferneda. – 1. ed. – São Paulo : Cultura Acadêmica, 2013. recurso digital Formato: ePDF Requisitos do sistema: Adobe Acrobat Reader Modo de acesso: World Wide Web ISBN 978-85-7983-467-7 (recurso eletrônico) 1. Bibliotecas escolares. 2. Livros eletrônicos. I. Vidotti, Silvana A. B. Gregorio. II. Ferneda, Edberto. III. Título. 13-07977 CDD: 027.8 CDU: 027.8 Este livro é publicado pelo Programa de Publicações Digitais da Pró-Reitoria de Pós-Graduação da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP) Editora afiliada: Miolo_A_biblioteca_escolar_(GRAFICA).indd 4Miolo_A_biblioteca_escolar_(GRAFICA).indd 4 14/01/2014 15:17:4814/01/2014 15:17:48 Aos nossos familiares: pais, cônjuges, filhos e irmãos. Miolo_A_biblioteca_escolar_(GRAFICA).indd 5Miolo_A_biblioteca_escolar_(GRAFICA).indd 5 14/01/2014 15:17:4814/01/2014 15:17:48 Miolo_A_biblioteca_escolar_(GRAFICA).indd 6Miolo_A_biblioteca_escolar_(GRAFICA).indd 6 14/01/2014 15:17:4814/01/2014 15:17:48 Com gratidão e carinho, agradecemos a todos aqueles que, de alguma forma, contribuíram para a elaboração deste livro. Miolo_A_biblioteca_escolar_(GRAFICA).indd 7Miolo_A_biblioteca_escolar_(GRAFICA).indd 7 14/01/2014 15:17:4814/01/2014 15:17:48 Miolo_A_biblioteca_escolar_(GRAFICA).indd 8Miolo_A_biblioteca_escolar_(GRAFICA).indd 8 14/01/2014 15:17:4814/01/2014 15:17:48 SUMÁRIO Prefácio à 1a edição 11 Apresentação 15 1 Trajetória e perspectiva histórica das bibliotecas escolares no Brasil 21 2 Bibliotecas escolares: definição, parâmetros e padrões 29 3 A assimilação cognitiva de crianças, pré-adolescentes e adolescentes diante das tecnologias em uma biblioteca escolar 49 4 A reengenharia da biblioteca escolar: propostas e perspectivas a partir da utilização das tecnologias de informação e comunicação (TICs) 73 5 Ambientes digitais colaborativos no contexto das bibliotecas escolares 99 6 A transformação da biblioteca escolar em espaço dinâmico por meio da utilização das tecnologias de informação e comunicação 135 Referências bibliográficas 187 Miolo_A_biblioteca_escolar_(GRAFICA).indd 9Miolo_A_biblioteca_escolar_(GRAFICA).indd 9 14/01/2014 15:17:4814/01/2014 15:17:48 Miolo_A_biblioteca_escolar_(GRAFICA).indd 10Miolo_A_biblioteca_escolar_(GRAFICA).indd 10 14/01/2014 15:17:4814/01/2014 15:17:48 PREFÁCIO À 1a EDIÇÃO Expressivo repertório de estratégias e métodos colocados a ser- viço da biblioteca escolar e da ciência da informação na contempo- raneidade, A biblioteca escolar e a geração nativos digitais: construin- do novas relações parte do princípio de que o bibliotecário escolar, além de mediador da informação, é corresponsável pela educação dos jovens que interagem tanto no entorno restrito do espaço físico da biblioteca, tornando-o lugar, quanto fora dele, ao protagonizar atividades essenciais à sua formação. O livro sugere que o espaço da biblioteca seja vivenciado como um conjunto de lugares singularizados pelas vivências, produto de dinâmicas únicas que se comungam para torná-lo exponencial- mente diferenciado dos outros espaços-mundo. Para tal mudança estrutural do espaço da biblioteca, que os autores denominam de reengenharia, a ação do bibliotecário necessita sempre do auxílio de meios com os quais a geração para a qual trabalha se identifique. No decorrer da história das bibliotecas, os meios auxiliares na ação educativa dos bibliotecários permaneceram os mesmos durante grande parte do tempo. Porém, desde meados do século XX, um novo leque de possibilidades e de ambientes virtuais de interação se tornou acessível aos profissionais da informação, como preconizou Vannevar Bush. Miolo_A_biblioteca_escolar_(GRAFICA).indd 11Miolo_A_biblioteca_escolar_(GRAFICA).indd 11 14/01/2014 15:17:4814/01/2014 15:17:48 12 LUCIRENE A. C. LANZI • SILVANA A. B. GREGORIO VIDOTTI • EDBERTO FERNEDA Em A biblioteca escolar e a geração nativos digitais: construindo novas relações, os autores realizam, nesse sentido, uma avaliação detalhada dos problemas enfrentados pelas bibliotecas escolares no Brasil, visando identificar as causas que ocasionam entraves na apropriação de tecnologias de informação e comunicação (TICs) e, consequentemente, no avanço e aproveitamento do espaço ins- titucional para a sua transformação em lugar singular. Recorrem à teoria piagetiana como alicerce metodológico por meio do qual procuram compreender o processo de assimilação cognitiva das crianças e dos adolescentes em relação à aquisição de conhecimen- tos. Apresentam e analisam meios de comunicação on-line, blogs e redes sociais, atualmente bastante utilizados pelos frequentadores de bibliotecas escolares, os nativos digitais, nos ambientes externos à biblioteca. Assumem que, por estarem constantemente expostos ao pensamento sistêmico digital no seu cotidiano, esses nativos di- gitais podem ser favorecidos na sua relação com a biblioteca escolar através de meios genericamente compreendidos pelas TICs, criando uma aproximação do conhecimento de maneira até mesmo apercep- tiva, porém estratégica. A discussão da inserção desses aparatos, ambientes e tecnolo- gias digitais de informação na biblioteca escolar se dá, assim, em uma sequência coerente e coesa de capítulos, com uma aparente simplicidade de escrita que flui para eficiente comunicação das metodologias de construção de uma rede de ações intrincadas na complexidade das relações entre humanos e tecnologias. Nesses capítulos, além de levantar um referencial bibliográfico da ciência da informação, no qual situam a sua intencionalidade, os autores propõem a apropriação, utilização e customização dos ambientes informacionais digitais anteriormente analisados. Estes se tornam extensão da ação comprometida do bibliotecário, transformam efetivamente o espaço físico da biblioteca e o transpõem. Dinami- zam-no como lugar de ação sociocultural, de trocas e de interação participativa no estudo, na pesquisa e no compartilhamento de conhecimento, tendo os aparatos tecnológicos como coautores das estratégias utilizadas. Miolo_A_biblioteca_escolar_(GRAFICA).indd 12Miolo_A_biblioteca_escolar_(GRAFICA).indd 12 14/01/2014 15:17:4814/01/2014 15:17:48 A BIBLIOTECA ESCOLAR E A GERAÇÃO NATIVOS DIGITAIS 13 Valiosa contribuição em um momento tão aguardado no Brasil, em que as atenções recaem sobre a obrigatoriedade da implantação de bibliotecas escolares e da consciência de seu papel coadjuvante na formação de uma geração que não carece de fontes informacio- nais, mas sim de pessoas capacitadas para direcioná-las, a leitura deste volume coloca-se aos profissionais da informação como uma inspiração para exercer papel transformador no atual contexto de interação profícua entre humanos e tecnologias de informação e comunicação. Maria José Vicentini Jorente Marília, junho de 2013. Miolo_A_biblioteca_escolar_(GRAFICA).indd 13Miolo_A_biblioteca_escolar_(GRAFICA).indd 13 14/01/2014 15:17:4814/01/2014 15:17:48 Miolo_A_biblioteca_escolar_(GRAFICA).indd 14Miolo_A_biblioteca_escolar_(GRAFICA).indd 14 14/01/2014 15:17:4814/01/2014 15:17:48 APRESENTAÇÃO O maior desafio da educação, na época atual, é dotar os alunos de conhecimentos que transcendam o conteúdo das disciplinas e da realidade escolar e possam ser aplicados a situações diversas do con- texto expecífico em que foram apreendidos. É fundamental que a escola atribua sentido, significado e finalidade à educação, que jus- tifique a necessidade de o aluno frequentá-la e ofereça argumentos acadêmicos, éticos e morais para tornar importante, indispensável e motivador o ensino que nela se desenvolve. Para Piaget, “a me- lhor aprendizagem é a que se compreende e dá prazer. Na verdade, acredito que todos, especialmente as crianças, gostam de aprender” (1978, p.39). É essencial que os estudantes entendam a necessidade de apren- der a aprender, ou seja, que aprendam formas de operar a informação recebida, até alcançarem um grau de autonomia e de aprendizagem suficiente, que lhes permita adequar-se às contingências do meio em que vivem. As interações entre alunos, bibliotecários e professores, as dife- rentes situações de aprendizado a que os alunos são expostos ou criam podem constituir aspectos determinantes no processo de apren- dizagem, contribuindo para seu crescimento, permitindo a abor- dagem de outros desafios intelectuais que dificilmente surgiriam. Miolo_A_biblioteca_escolar_(GRAFICA).indd 15Miolo_A_biblioteca_escolar_(GRAFICA).indd 15 14/01/2014 15:17:4814/01/2014 15:17:48 16 LUCIRENE A. C. LANZI • SILVANA A. B. GREGORIO VIDOTTI • EDBERTO FERNEDA Nessa perspectiva, o aluno deve ser desafiado e colocar-se per- manentemente na situação de construtor, explorador, investigador. Quando a aprendizagem é imposta por uma pessoa ou proposta como um desafio, o interessado pode querer ou não aceitar o desafio e obter a consideração daquele que propôs a obrigação ou o desafio. As situações de aprendizagem originam tarefas, como ler, escu- tar e exercitar-se, que supõem a prática de funções como a apreen- são dos dados, o seu tratamento ou elaboração, a sua memorização e/ou expressão. Nesse ambiente de transformações e adaptações, o bibliotecário precisa ter consciência de que o mundo encontra-se em rápida mu- dança e deve assumir outra postura, para que seu trabalho se mante- nha necessário e fundamental nessa realidade em que a informação, razão de ser de seu esforço, surge e se modifica o tempo todo, assim como as tecnologias da informação, que não param de se desenvolver. E é nesse contexto informacional que a reengenharia se torna a palavra de ordem. Sendo assim, o norte desse processo é a com- binação de diagnóstico, avaliação e planejamento. O diagnóstico é o conhecimento do ambiente interno e externo da biblioteca. A avaliação, nessa ação, é um esforço de grande importância, pois pode ajudar o profissional da informação a melhorar a qualidade dos seus serviços e a alocar recursos. O planejamento é a atividade que pro- porciona a definição de metas, de meios para alcançá-las, e a execu- ção de todas as atividades concernentes ao processo de reengenharia, com maior eficiência. Uma biblioteca escolar, como qualquer outra organização, ne- cessita recorrer a esse esforço quando os serviços revelam-se pouco eficientes, os usuários mostram-se insatisfeitos, falta eficácia, a estrutura administrativa está incipiente. Em situações como essas, torna-se necessária a elaboração de um diagnóstico da biblioteca como um todo, com uma análise de cada etapa do trabalho execu- tado e uma avaliação de cada uma de suas funções, para comparar o que se considera ideal com a realidade. Somente após essa compa- ração é possível traçar um plano estratégico de ações para alcançar sucesso nos processos funcionais da biblioteca. Miolo_A_biblioteca_escolar_(GRAFICA).indd 16Miolo_A_biblioteca_escolar_(GRAFICA).indd 16 14/01/2014 15:17:4814/01/2014 15:17:48 A BIBLIOTECA ESCOLAR E A GERAÇÃO NATIVOS DIGITAIS 17 Com tantas mudanças, novos desafios surgem, e um novo am- biente para satisfazer às novas demandas e aos novos clientes se faz necessário. É preciso atender a essas demandas, abandonar os antigos padrões e modelos de gestão ultrapassados. Sendo assim, a biblioteca deve caminhar lado a lado com as transformações que acontecem no mundo. Ao serem fundadas, as bibliotecas devem seguir esses novos moldes; aquelas já existentes devem adaptar-se, reestruturar-se, para não se tornarem obsoletas. Ao criar situações que permitam, em dado momento, adotar o comportamento almejado e retirar dessa prática ensinamentos para desenvolver esse comportamento, é possível potencializar os momentos de aprendizagem sem depender de uma inserção forçada das tecnologias de informação e comunicação (TICs) no ambiente escolar. Sabemos que os indivíduos armazenam e organizam o conheci- mento na memória pela assimilação e acomodação, ou seja, “o su- jeito assimilador entra em reciprocidade com as coisas assimiladas” (Piaget, 1975, p.7). E, para que isso ocorra, as TICs, assim como atividades dinamizadoras do processo de ensino–aprendizagem, são peças-chave para a criação de ambientes de aprendizagem mo- tivadores e construtores do ser humano. Os alunos aprenderão me- lhor se lhes forem propostas tarefas, desafios ou problemas que não exijam respostas óbvias ou demasiado simples. Neste sentido, as TICs são meios integradores de vários saberes, capazes de propor- cionar ambientes enriquecedores e facilitadores da aprendizagem. Não basta utilizar as TICs na biblioteca só pela modernidade ou variedade de aplicações que oferecem. É necessário ter consciência da utilidade desses ou de qualquer outro meio que interesse aos alunos para mostrar sua qualidade e utilidade prática. O bibliotecário, antes de utilizar as TICs, deve fazer um levan- tamento profundo das problemáticas para as quais esse instrumen- to de trabalho pode contribuir de forma relevante. Por todas as razões apontadas, o bibliotecário que queira utilizar as chamadas novas tecnologias na biblioteca como meio de apren- dizagem e recursos informacionais precisa adequar sua atitude aos Miolo_A_biblioteca_escolar_(GRAFICA).indd 17Miolo_A_biblioteca_escolar_(GRAFICA).indd 17 14/01/2014 15:17:4814/01/2014 15:17:48 18 LUCIRENE A. C. LANZI • SILVANA A. B. GREGORIO VIDOTTI • EDBERTO FERNEDA novos requisitos pedagógicos, ou seja, como bibliotecário e colabo- rador do educador, consciente de sua nova responsabilidade, deve atuar como elemento promotor do desenvolvimento pessoal do aluno, tornando-o uma pessoa crítica e ativa perante a sociedade, fomentando o desenvolvimento de uma consciência de cidadania. Essa missão do bibliotecário só é possível se ele próprio admite a necessidade de sua formação pessoal, bem como define o seu espaço de intervenção. Assim como cada aluno que se sente motivado a aprender a utilizar novos instrumentos, a experimentar “novos” caminhos, também o bibliotecário deve sentir-se atraído por novos desafios e, acima de tudo, seguro na sua “insegurança” diante da novidade. Daí a necessidade de que esse profissional proponha novas e diferentes atividades de aprendizagem, que motivem os alunos e, sobretudo, integrem conhecimentos extracurriculares, muitas vezes mais interessantes para eles. Nesse sentido, é de primordial importância que os bibliotecários compreendam como os instrumentos tecnológicos (computadores, celulares, jogos eletrônicos, softwares, tablets, redes sociais e outros) podem ajudar a criar desafios pedagógico-didáticos, ou seja, mais do que conhecer por dentro o motor de um automóvel, é preciso saber conduzi-lo muito bem. A partir dessa realidade, e como consequência de pesquisas realizadas sobre o tema, é que surgiu a Confraria da Biblioteca, uma proposta pedagógica inovadora, baseada na realidade brasileira, que alia educação e tecnologia na formação do aprendiz, seja ele aluno regular de escolas públicas ou particulares ou usuário de cen- tros de inclusão em comunidades menos favorecidas. O cerne dessa proposta é reconhecer o fato de que o principal instrumento deste novo milênio não é o computador, e sim o próprio conhecimento, modelado pelas estratégias cognitivas que facilitam a tomada de decisão e a solução de problemas. É entender que a máquina é um meio, um instrumento que deve ser utilizado como recurso. A ca- pacidade de identificar, em cada situação, a melhor solução, assim como a motivação que promove o interesse em aprender ao longo Miolo_A_biblioteca_escolar_(GRAFICA).indd 18Miolo_A_biblioteca_escolar_(GRAFICA).indd 18 14/01/2014 15:17:4814/01/2014 15:17:48 A BIBLIOTECA ESCOLAR E A GERAÇÃO NATIVOS DIGITAIS 19 da vida e a autoconfiança nas próprias habilidades, não virão das ferramentas, e sim da capacidade dos mediadores do conhecimento de realizar com sucesso suas tarefas. Este livro é derivado da dissertação Apropriação das tecnologias de informação e comunicação em bibliotecas escolares: em busca de um espaço dinâmico, e tem como objetivo principal buscar referên- cias e apresentar experiências que favoreçam um novo conceito de biblioteca escolar, que englobe as TICs como facilitadoras no pro- cesso de ensino–aprendizagem e de crescimento pessoal e coletivo, como local de aproximação entre aluno, professor e bibliotecário, possibilitando seu papel mais ativo dentro da instituição na qual está inserida. Foi por meio da criação de perfis em redes sociais e no blog Tum- blr que uma biblioteca escolar de um Colégio de Marília, São Paulo, passou a fazer parte da rotina de estudos e de convivência de alunos e professores. Esta ação também favoreceu o amadurecimento da competência informacional, pois os alunos passaram a fazer pes- quisas e buscar informações de maneira mais consciente, utilizando a Web com propriedade e de forma produtiva. Também foi resul- tado dessa inserção em ambiente on-line da biblioteca em questão a maior participação dos alunos, até então desengajados, no dia a dia e nos eventos da instituição. Após a implantação da Confraria da Biblioteca, perceberam-se melhorias no desempenho dos alunos e mudanças no seu posiciona- mento em relação ao aprendizado e à tecnologia. Apresentaremos neste livro alguns dos principais resultados percebidos: uma biblioteca mais dinâmica e totalmente inserida no ambiente digital; maior aproximação entre alunos e biblioteca, comprovada pelo aumento no volume de empréstimos de livros e periódicos disponibilizados no acervo; adesão e comprometimento maciço dos estudantes com os eventos da biblioteca e do colégio; participação ativa dos usuários na captação de recursos para aquisi- ção de livros e melhorias na biblioteca; disposição em dar opiniões e sugestões para o dia a dia da biblioteca, em especial para a aquisição de novos títulos; postura mais consciente nas pesquisas escolares e Miolo_A_biblioteca_escolar_(GRAFICA).indd 19Miolo_A_biblioteca_escolar_(GRAFICA).indd 19 14/01/2014 15:17:4814/01/2014 15:17:48 20 LUCIRENE A. C. LANZI • SILVANA A. B. GREGORIO VIDOTTI • EDBERTO FERNEDA demais buscas em ambientes digitais; otimização do interesse para novas atividades com o objetivo de adquirir novos conhecimentos; envolvimento dos professores na Confraria, a fim de aproximar-se dos alunos e aprender com eles novos recursos tecnológicos; par- ticipação dos alunos na atualização do blog da biblioteca, gerando frequentes buscas de informações para serem postadas; entrelaça- mento entre as TICs e o processo de ensino–aprendizagem e favo- recimento da integração entre a biblioteca e os demais ambientes educacionais. Com isso, aos poucos foi sendo desfeito o estigma da biblioteca como local sisudo e entediante. Os visitantes passaram a percebê- -la como local agradável e instigante, o que se comprova com o seu efetivo envolvimento. A Confraria da Biblioteca, pensada, desenvolvida e analisada ao longo do estudo realizado, foi um dos frutos mais gratificantes do trabalho que deu origem a este livro. Ao realizá-lo, foi possível observar, com proximidade e detalhamento, que, apesar de gosta- rem da tecnologia, os nativos digitais não tinham conhecimentos aprofundados sobre o tema. A Confraria despertou a curiosidade e teve grande adesão por parte dos alunos. Além disso, o trabalho em equipe, apesar de reunir alunos de idades diferentes, transcorreu de forma muito positiva. Todos ensinaram e aprenderam de modo colaborativo. Os estudantes também conseguiram estabelecer re- lações de troca com os profissionais convidados a participar da Confraria e apresentar dados. Sabe-se que a dinamização da biblioteca escolar não está restrita aos modelos apresentados neste livro, pois, sobretudo quando se trata das TICs, novas possiblidades sempre surgem e, se utilizadas de forma criativa, podem trazer ganhos tão ou mais significativos do que aqueles aqui apresentados. É importante salientar que esta proposta pode ser aproveitada em qualquer padrão de biblioteca escolar, seja em escolas públicas ou particulares, pois não gera custos, exige apenas boa vontade e ótimas intenções. Miolo_A_biblioteca_escolar_(GRAFICA).indd 20Miolo_A_biblioteca_escolar_(GRAFICA).indd 20 14/01/2014 15:17:4814/01/2014 15:17:48 1 TRAJETÓRIA E PERSPECTIVA HISTÓRICA DAS BIBLIOTECAS ESCOLARES NO BRASIL Entender o surgimento e a evolução da biblioteca escolar no país é o ponto de partida para realizar um estudo sobre a atual situação dessa instituição, diagnosticando suas problemáticas e vislumbran- do novas perspectivas. Apurar a trajetória das bibliotecas brasileiras assume ainda maior relevância porque a literatura existente sobre o tema é escassa e não contempla todos os seus desdobramentos. O que se pretende, neste capítulo, não é fazer uma investiga- ção histórica, mas sim encontrar indícios no passado que possam ter contribuído para a atual configuração das bibliotecas escolares brasileiras. Biblioteca escolar no Brasil colonial São poucos os registros sobre as primeiras bibliotecas escolares em solo brasileiro. A falta de tradição em historiar os aconteci- mentos, sobretudo os relativos à educação e à cultura, dificulta o resgate do surgimento dessa instituição em nosso país. Uma das maiores contribuições sobre o tema foi apresentada pelo estudioso e escritor Rubens Borba de Moraes em sua obra Livros e bibliotecas no Brasil colonial (1979), que informa que as primeiras bibliotecas Miolo_A_biblioteca_escolar_(GRAFICA).indd 21Miolo_A_biblioteca_escolar_(GRAFICA).indd 21 14/01/2014 15:17:4814/01/2014 15:17:48 22 LUCIRENE A. C. LANZI • SILVANA A. B. GREGORIO VIDOTTI • EDBERTO FERNEDA escolares foram formadas com a chegada dos primeiros religiosos no Brasil. É muito provável que se encontrem, na literatura, registros sobre pequenas coleções particulares de livros, principalmente de culto e de leis, mas mesmo em Portugal, nesse período, a demanda de livros era pequena, pois haviam poucas tipografias e muitos analfabetos. (Moraes, 1979, p.11) Com a instalação oficial do governo-geral, no ano de 1549, em Salvador, Bahia, inaugurou-se oficialmente a vida administrativa, econômica e política no país, criando-se as condições necessárias para o início da formação dos primeiros colégios. O saber e a cultura começaram a desenvolver-se nos conventos dos padres francis- canos, carmelitas e beneditinos e, em especial, na Companhia de Jesus, ordem religiosa responsável pelos primeiros colégios jesuítas na Bahia e em outras capitanias. Seus alunos eram formados desde as primeiras letras até os cursos de Filosofia, comparáveis a verda- deiras faculdades. A partir dos registros, pode-se considerar a biblioteca escolar do Colégio de Salvador como a maior e mais bem preparada do período, organizada com obras trazidas pelo Padre Manuel da Nó- brega, em 1549. Segundo Serafim Leite (1940), o Colégio de Salvador teve bons bibliotecários, inclusive o Irmão Antônio da Costa, nascido em Lion, na França. “Ele se destacou como o bibliotecário respon- sável pela organização, por autor e por assunto, de todos os livros da referida biblioteca, tendo sido considerado o primeiro catálogo verdadeiro da biblioteca brasileira” (p.49). Outras capitanias também possuíam boa estrutura de acervo em colégios. Em carta escrita em 1661 à Companhia, o Padre Antônio Vieira ressaltava que o acervo da biblioteca do Colégio do Maranhão estava instalado em sala especial, onde cabiam até 5 mil volumes. No Pará, a biblioteca do Colégio de Santo Alexandre contava, em 1760, com mais de 2 mil volumes. Já o Colégio do Rio de Janei- Miolo_A_biblioteca_escolar_(GRAFICA).indd 22Miolo_A_biblioteca_escolar_(GRAFICA).indd 22 14/01/2014 15:17:4814/01/2014 15:17:48 A BIBLIOTECA ESCOLAR E A GERAÇÃO NATIVOS DIGITAIS 23 ro tinha 5.434 volumes. No Recife, há indícios de que houve duas bibliotecas, uma de uso particular dos padres e outra pública, do Colégio de Recife. Os religiosos da ordem dos beneditinos, franciscanos e carme- litas possuíam, em seus conventos, cursos superiores para a forma- ção dos frades, com boas bibliotecas, além de estruturas e acervos modernos para a época. Os acervos das bibliotecas jesuítas eram abertos não apenas para alunos e padres, mas para qualquer outra pessoa da sociedade (Serafim Leite, 1940, p.67). Usando desse benefício, os homens cultos de Salvador, Pernam- buco, Rio de Janeiro e outras cidades recorriam a essas bibliotecas para emprestar livros dos acervos, mediante licença. Tiveram acesso, então, a obras de todos os gêneros, manuscritos e preciosas coleções. Segundo Moraes (1979), as bibliotecas dos conventos do Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo eram boas e abrangiam todos os as- suntos. “Nos pequenos conventos e escolas espalhados por todas as províncias do país também havia bibliotecas e, em especial, desta- cou-se a de Itanhaém, no litoral paulista. Seu acervo, puramente de obras religiosas, era rico em Sermões. Infelizmente, em 1833 o con- vento sofreu um incêndio e hoje restam apenas as ruínas” (p.49). As bibliotecas conventuais resistiram até a segunda metade do século XVIII, constituindo verdadeiros centros de cultura e forma- ção dos jovens brasileiros. Porém, com a proibição, pelo Marquês de Pombal, da instalação de novos conventos, em 1759, as bibliotecas foram praticamente relegadas ao abandono. Algumas tiveram suas coleções confiscadas, saqueadas e vendidas como papel velho; outras foram corroídas pelos insetos e destruídas por falta de conservação. A exemplo desse fato, a biblioteca dos jesuítas, em Salvador, es- tava em tão mau estado que só após a sua restauração foi inaugurada a Biblioteca Pública da Bahia, a segunda do gênero no Brasil e na América do Sul. Idealizada por Pedro Gomes Ferrão Castelo Bran- co, foi criada em ato solene no dia 13 de maio de 1811 e inaugurada oficialmente em 4 de agosto de 1811 por Dom Marcos de Noronha Brito, Conde dos Arcos, na Sala do Dossel do Palácio do Governo, e mais tarde transferida para o salão da antiga livraria dos jesuítas. Miolo_A_biblioteca_escolar_(GRAFICA).indd 23Miolo_A_biblioteca_escolar_(GRAFICA).indd 23 14/01/2014 15:17:4814/01/2014 15:17:48 24 LUCIRENE A. C. LANZI • SILVANA A. B. GREGORIO VIDOTTI • EDBERTO FERNEDA Em circular de 19 de maio de 1835, o governo imperial proi- biu, em definitivo, o noviciado, levando as ordens religiosas à de- cadência, o que afetou de maneira direta a continuidade das suas bibliotecas. A vinda da Família Real Em 1808, com a vinda da Família Real e da corte portuguesa, inaugurou-se uma nova fase das bibliotecas no Brasil. Foi fundada, em 1810, a Biblioteca Nacional. Seu acervo teve origem na antiga Real Biblioteca ou Livraria Real Portuguesa, privativa dos monar- cas, e na do Infantado, biblioteca destinada aos infantes, filhos dos soberanos portugueses. A história dessa biblioteca, que resultou na Biblioteca Nacional Brasileira, perpassa boa parte da história de Portugal e representa, entre outras ações, o término do período colonial no Brasil. Inicia-se, a partir daí, o período áureo das bi- bliotecas públicas, formadas prioritariamente por livros doados de bibliotecas particulares ou, como no caso da Biblioteca de Salvador, adquiridos de conventos religiosos. A segunda maior biblioteca pública do Brasil surge na cidade de São Paulo em 1926, resultado da absorção, por parte da antiga Biblioteca Pública Municipal, de diversos acervos particulares e da Biblioteca Pública do Estado. Em 1960, recebeu o nome de Mário de Andrade. No período imperial, não há registros do desempenho das biblio- tecas escolares ou de sua proliferação. Entende-se que esta estagna- ção pode ter acontecido pelo fato de que o ensino, na época, não estava vinculado a escolas, conforme esclarece Nascimento (2007): O príncipe-regente permitiu a qualquer pessoa a abertura de escolas para as primeiras letras, que na maioria funcionavam na própria casa do professor. Já os filhos de famílias ricas recebiam em suas casas os preceptores, para dar-lhes noção das primeiras letras. (p.181) Miolo_A_biblioteca_escolar_(GRAFICA).indd 24Miolo_A_biblioteca_escolar_(GRAFICA).indd 24 14/01/2014 15:17:4814/01/2014 15:17:48 A BIBLIOTECA ESCOLAR E A GERAÇÃO NATIVOS DIGITAIS 25 Como se pode perceber, foi um período em que os colégios e, em consequência, as bibliotecas escolares permaneceram em total abandono e esquecimento. As escolas primárias e as bibliotecas escolares na Primeira República A instrução bem dirigida é, sem contestação, o mais forte e eficaz elemento do progresso e, de todos os fatores da instrução popular, o mais poderoso e indispensável é a instrução primária, largamente difundida e convenientemente ministrada. (Prudente de Moraes)1 Essa citação é parte de uma exposição apresentada ao dr. Jorge Tibiriçá pelo dr. Prudente J. de Moraes Barros, primeiro governa- dor do estado de São Paulo, ao passar a administração no dia 18 de outubro de 1890. Ela nos ajuda a compreender o lugar ocupado pela instrução pública no contexto da Primeira República. No interior do projeto republicano de reformulação de métodos, processos, materiais e espaços de educação, uma das mais significa- tivas reformas foi a implementação, através da Lei no 169, de 7 de agosto de 1893, da modalidade de escola primária no estado de São Paulo que se denominou grupo escolar. Nessas escolas estabelece-se um ensino racional segundo o método intuitivo, seriado, com classes reunidas em um único pré- dio, sob uma única direção, alunos separados por sexo e de acordo com seu grau de aprendizagem. (Souza, 2003, p.2) O regimento interno das escolas públicas do estado de São Paulo, datado de 1894, também previa a existência de bibliotecas 1 Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. Prudente de Moraes: parla- mentar da província de São Paulo (1868-1889). Miolo_A_biblioteca_escolar_(GRAFICA).indd 25Miolo_A_biblioteca_escolar_(GRAFICA).indd 25 14/01/2014 15:17:4814/01/2014 15:17:48 26 LUCIRENE A. C. LANZI • SILVANA A. B. GREGORIO VIDOTTI • EDBERTO FERNEDA nas escolas preliminares, conforme determinado no Capítulo III, artigo 22. Para uso e instrucção dos professores haverá, sob sua responsa- bilidade, em cada escola preliminar, uma biblioteca escolar, con- tendo manuais de modernos processos de ensino e vulgarização das principais aplicações da sciencia à agricultura e à indústria. (São Paulo, 1894, p.10) Quanto aos grupos escolares, esse mesmo regimento não só pressupôs a instalação de bibliotecas nessas instituições, como tam- bém estabeleceu a quem competia cuidar delas, de acordo com o artigo 84, parágrafo 8: “Ao diretor compete [...] velar pela boa guar- da do edifício, bibliotecas, oficinas, gabinetes, móveis e objectos escolares” (São Paulo, 1894, p.39). Os documentos consultados apontam que, durante o período de 1890 a 1920, a biblioteca escolar configurou-se principalmente como apoio ao professor. Apenas durante as décadas de 1920 e 1930 o seu uso será ressignificado, atendendo a objetivos específicos de um modelo pedagógico pensado para a escola pública, a chama- da Escola Nova. No caso das bibliotecas das escolas primárias, a Escola Nova defenderá a reestruturação delas para que seu acesso seja permitido também às crianças, deixando de constituir espaço exclusivo do professor. Até os nossos tempos Após o período da Primeira República, o Brasil enfrentou uma série de problemas econômicos e políticos, muitos deles reflexo dos acontecimentos na América do Norte e na Europa. Entre estes eventos, pode-se citar a quebra da bolsa de Nova York (1929), o período da Segunda Guerra Mundial (1945) e a ditadura militar (período específico do Brasil). Toda essa fase conturbada refletiu de maneira negativa no processo de ensino e na formação da identida- Miolo_A_biblioteca_escolar_(GRAFICA).indd 26Miolo_A_biblioteca_escolar_(GRAFICA).indd 26 14/01/2014 15:17:4814/01/2014 15:17:48 A BIBLIOTECA ESCOLAR E A GERAÇÃO NATIVOS DIGITAIS 27 de cultural do país. Apesar de não se contar com registros históricos conclusivos, os indícios permitem inferir que houve estagnação e, em alguns casos, retrocesso na trajetória das bibliotecas escolares no país. Segundo Silva (1995), nos anos de 1970, as escolas de todos os níveis eram desprovidas de bibliotecas: “A maioria das que exis- tiam funcionavam de forma completamente precária [...] instaladas em salas de recreação, em corredores do pátio escolar e até em ves- tiários” (p.117). Entre os períodos de surgimento das escolas públicas (grupos escolares) até os dias atuais, constatou-se, através de muita pesquisa e leituras, que sempre houve decretos-lei exigindo a existência de bibliotecas escolares, inclusive contendo espaços predeterminados, sugestões de mobiliários e de conduta do profissional destinado a exercer o cargo de bibliotecário. Infelizmente, porém, nunca houve controle e fiscalização rígidos forçando, de fato, a existência dessas bibliotecas, o que resultou em indiferença e desinteresse por parte das autoridades competentes e de muitos profissionais da educação responsáveis pelo atendimento de milhares de crianças e jovens que frequentam as escolas de educação básica no país, filhos de classes populares menos favorecidas que têm a biblioteca como primeira fonte de informação e de acesso à produção científico-cultural. Desse modo, o espaço destinado a ser a “biblioteca da escola” deu lugar, muitas vezes, a mais salas de aula, garantindo mais alu- nos matriculados, o que não significa necessariamente uma nação mais instruída. Na atualidade, a biblioteca escolar é, infelizmente, uma insti- tuição quase abandonada pela política de incentivo à educação e cultura e menosprezada pelas escolas. Apesar da exigência legal de acervo mínimo, pouco é fiscalizado pelos governos municipais, estaduais e federal. Muitas delas nem contam com um profissional especializado. As bibliotecas escolares, quando existem, constituem-se, em geral, em verdadeiros “depósitos de livros”, um mero enfeite da es- cola, pois encontram-se submetidas a um sistema de ensino no qual Miolo_A_biblioteca_escolar_(GRAFICA).indd 27Miolo_A_biblioteca_escolar_(GRAFICA).indd 27 14/01/2014 15:17:4914/01/2014 15:17:49 28 LUCIRENE A. C. LANZI • SILVANA A. B. GREGORIO VIDOTTI • EDBERTO FERNEDA as fontes de informação, na maioria das vezes, são exclusivamente o professor e o livro didático, o que dificulta e suprime o aprendizado criativo, crítico e consciente, dentro e fora do espaço escolar. Em 1944, Lourenço Filho já advertia: “Ensino e biblioteca não se excluem, complementam-se. Uma escola sem biblioteca é um instrumento imperfeito. A biblioteca sem ensino, ou seja, sem a tentativa de estimular, coordenar e organizar a leitura, será, por seu lado, instrumento vago e incerto”. Apenas em 2010 foi regulamentada, através de legislação espe- cífica, a presença de bibliotecas em instituições de ensino do país. Pela Lei no 12.244, de 24 de maio de 2010, qualquer escola, seja pú- blica ou privada, deve ter obrigatoriamente uma biblioteca em con- dições suficientes para atender o número de alunos matriculados. Será obrigatório um acervo de livros na biblioteca de, no mínimo, um título para cada aluno matriculado, cabendo ao res- pectivo sistema de ensino determinar a aplicação deste acervo con- forme sua realidade, bem como divulgar orientações de guarda, preservação, organização e funcionamento das bibliotecas escola- res. (Brasil, 2010, parágrafo único) Para que essa lei vigore e não caia no ostracismo, como tantas leis e decretos já promulgados, é preciso que haja divulgação da importância da implantação e da motivação do uso de bibliotecas em escolas públicas ou privadas. Miolo_A_biblioteca_escolar_(GRAFICA).indd 28Miolo_A_biblioteca_escolar_(GRAFICA).indd 28 14/01/2014 15:17:4914/01/2014 15:17:49 2 BIBLIOTECAS ESCOLARES: DEFINIÇÃO, PARÂMETROS E PADRÕES A biblioteca escolar é um espaço democrático, conquistado e construído através do “fazer” coletivo (alunos, professores e demais grupos sociais). Sua função básica é a transmissão da herança cul- tural às novas gerações, de modo que elas tenham condições de reapropriar-se do passado, enfrentar os desafios do presente e pro- jetar-se no futuro. (Silva, 1995, p.7) Essa citação escolhida para iniciar este capítulo, ao longo do qual será exposta a problemática das bibliotecas escolares, é um convite à reflexão. Silva apresenta, de maneira objetiva, o propó- sito de uma biblioteca escolar e, a partir da sua fala, pretende-se estabelecer um comparativo entre o modelo proposto como ideal e a situação apurada por meio de intensa leitura e pesquisa, e bem exemplificada por Garcia. Lembro-me bem da sala 12. Como poderia esquecer? Quantas vezes, metido ali no meio daquele mundaréu de livros empoeirados, desandei a espirrar alucinadamente, piorando o castigo já imposto. A sala 12 da minha escola era a sala do castigo, para onde iam os meninos mais danados, os que viviam dando problemas de disci- plina na classe. Era uma sala enorme, cheia de vitrôs no alto. Onde Miolo_A_biblioteca_escolar_(GRAFICA).indd 29Miolo_A_biblioteca_escolar_(GRAFICA).indd 29 14/01/2014 15:17:4914/01/2014 15:17:49 30 LUCIRENE A. C. LANZI • SILVANA A. B. GREGORIO VIDOTTI • EDBERTO FERNEDA os vitrôs terminavam começavam as estantes. Estantes pesadas e escuras, mas elegantes. Acho que a elegância vinha mesmo dos livros. Livros de todos os tipos, tamanhos, volumes e cores, envoltos numa camada penitente de poeira provocada pelo tempo e desuso. Assim era a sala 12, a sala dos castigos. Na porta de entrada, a única da sala, no alto do batente, uma plaqueta de plástico endurecido indicava o nome e a função da sala: Biblioteca. (Garcia, 1988, p.67) O descaso com a biblioteca e a sua subutilização evidenciam o de- sinteresse pelo seu emprego, que deve começar na educação de base, em que o professor, a pretexto de cumprir o “programa curricular”, não utiliza os recursos disponíveis em seu acervo, ou não comparti- lha com o bibliotecário ideias, interesses e projetos para a dissemi- nação do conhecimento, transformando-se, ele e o livro didático, nas únicas fontes de conhecimento. Enquanto isso, a biblioteca, que nesse contexto é considerada como um “apêndice” da escola, vê-se fadada ao fracasso, sem professores, sem alunos, entregue às mãos de pessoas que, em muitos casos, não têm compromisso nem o mí- nimo de formação na área, que foram “sorteadas” para tomar conta dela. Seu espaço é utilizado como lugar de punição, de castigo, ou é o espaço onde os alunos vão para copiar verbetes de enciclopédias ou consultar os computadores para uma pesquisa baseada no “copiar e colar”. O resultado é a redução das pesquisas escolares a meras re- produções de textos para cumprir as exigências do professor. [...] O subdesenvolvimento começa nas escolas sem bibliotecas adequadas, um espaço ausente que dá o caráter da vida escolar brasileira, ainda mantida sob a tutela discursiva dos professores, tão impositivos quanto mal remunerados. Enfim, o subdesenvol- vimento nacional começa numa escola que, mesmo tendo uma biblioteca, não sabe o que fazer com ela, pois dentro do sistema de ensino que prevalece, não há lugar para ela. (Milanesi, 1986, p.86) Muitas escolas públicas ainda hoje subestimam ou ignoram a importância dos recursos bibliográficos e outras fontes de infor- mação disponíveis na biblioteca escolar para o processo de ensi- Miolo_A_biblioteca_escolar_(GRAFICA).indd 30Miolo_A_biblioteca_escolar_(GRAFICA).indd 30 14/01/2014 15:17:4914/01/2014 15:17:49 A BIBLIOTECA ESCOLAR E A GERAÇÃO NATIVOS DIGITAIS 31 no–aprendizagem. Por este motivo, nos casos em que a biblioteca escolar existe, é comum observar-se sua desativação para dar lugar a uma sala de aula ou usá-la como espaço para a realização de ati- vidades consideradas mais relevantes. Procedimentos como esses estão presentes no cotidiano escolar brasileiro e são responsáveis por inúmeros entraves na conquista pelo espaço de exercício da cidadania, em especial das classes populares menos favorecidas em termos econômicos. Trata-se de desrespeito aos direitos da comuni- dade leitora oriunda da educação básica. Para que a biblioteca tenha o seu lugar de destaque na insti- tuição escolar, faz-se necessário que os responsáveis por sua dina- mização (bibliotecários, professores e outros profissionais) desen- volvam estratégias organizacionais menos rígidas e burocráticas, que possibilitem o exercício de liberdade e autonomia do leitor/ pesquisador naquele espaço e facilitem o seu livre acesso à infor- mação. Esses profissionais não podem esquecer que o seu fazer educativo constitui-se, mais especificamente, no desenvolvimento de ações de mediação e de incentivo à leitura e à pesquisa junto à comunidade escolar. (Maroto, 2009, p.65) Os serviços bibliotecários estão praticamente ausentes das esco- las brasileiras. A prática cotidiana, em escolas públicas ou particu- lares do Ensino Fundamental, tem mostrado que a grande maioria dos professores não faz ou não sabe fazer uso do recurso biblio- gráfico e, portanto, não abre espaço para ele na escola. Percebe-se também que eles não buscam meios para usufruir a biblioteca como um auxílio no processo de ensino–aprendizagem. Chama-se a atenção à biblioteca escolar não apenas como aquele fortuito local onde se guardam livros e materiais de consulta para a comunidade escolar, porém como a verdadeira biblioteca esco- lar. De modo especial, entretanto, faz-se um alerta para algo que precisa ser devidamente identificado e equacionado no decorrer desta obra. Trata-se de situações adversas no processo de ensino– aprendizagem, em que não se inclui a biblioteca escolar como um Miolo_A_biblioteca_escolar_(GRAFICA).indd 31Miolo_A_biblioteca_escolar_(GRAFICA).indd 31 14/01/2014 15:17:4914/01/2014 15:17:49 32 LUCIRENE A. C. LANZI • SILVANA A. B. GREGORIO VIDOTTI • EDBERTO FERNEDA dos recursos relevantes e, ainda, em que não se verifica trabalho cooperativo de mestres e bibliotecários. (Macedo, 2005, p.24) Precisamos estar atentos a esses fatos e mudar esse cenário, es- timulando a aproximação entre o bibliotecário e o professor para, juntos, incitarmos as mudanças que irão colocar a biblioteca no contexto escolar. Definição A proposta deste livro é difundir a ideia de que a biblioteca es- colar deve passar a assumir o seu verdadeiro lugar na escola, como centro dinamizador e difusor do conhecimento produzido pela co- letividade. Desta forma, constituiria a primeira oportunidade con- creta de acesso ao patrimônio científico e cultural para a maioria das crianças brasileiras, ao ingressarem no Ensino Fundamental. Para isso, sugere-se inserir a biblioteca escolar em ambientes colabora- tivos digitais, incitando a curiosidade dos alunos para instruir-se e participar desses ambientes de forma eficaz e dinâmica, promoven- do o processo de ensino–aprendizagem das tecnologias. Embora os alunos tragam para a escola uma bagagem de conhe- cimentos que não pode ser desprezada, muitas vezes adquirida em seu contato com os meios digitais, a escola deveria ser o espaço por excelência para ampliar e aprofundar o contato com a variedade de re- cursos atualmente disponíveis e também para refinar as habilidades a eles relacionadas. Reunidos no espaço da biblioteca escolar, os recur- sos informacionais da Web poderão se constituir em rico manancial para propiciar o desenvolvimento de conhecimentos, habilidades e atitudes necessárias para viver e conviver na sociedade da informação. Para que atenda de modo satisfatório às exigências da sociedade moderna, a biblioteca escolar precisa contar com boa infraestrutura bibliográfica, audiovisual e principalmente tecnológica, além de es- paços adequados e profissionais qualificados. Deve oferecer propos- tas inovadoras para o desenvolvimento do aluno, capazes de atuar como instrumentos transformadores do cotidiano da sala de aula – Miolo_A_biblioteca_escolar_(GRAFICA).indd 32Miolo_A_biblioteca_escolar_(GRAFICA).indd 32 14/01/2014 15:17:4914/01/2014 15:17:49 A BIBLIOTECA ESCOLAR E A GERAÇÃO NATIVOS DIGITAIS 33 onde o professor, na maioria das vezes, é o único canal de informa- ções –, ampliando o campo de debates, de conflitos e de informações. [A biblioteca] está mudando rapidamente, da dependência de uma coleção delimitada, para o acesso direto a uma vasta quanti- dade de informação em rede na internet e para uma variedade de bibliotecas digitais. O papel de bibliotecário em uma biblioteca da sociedade da informação não é apenas fornecer grande quan- tidade de recursos informacionais, mas também colaborar com os professores como facilitadores e treinadores no processo de aprendizagem baseado em tais recursos. (Kuhlthau, 2006, p.67) Na biblioteca escolar, professores, alunos e bibliotecários po- derão buscar juntos o conhecimento e discutir, passo a passo, os obstáculos para chegar a ele. Mas, já tendo percebido não se tratar só de um lugar, que biblioteca é, isto sim, a ação que acontece por causa deste espaço, ela, móvel, derrubará paredes e acontecerá onde for possível contar e ouvir uma história, ver um filme, assistir a uma peça teatral, per- guntar sobre uma planta, descobrir um segredo, ouvir um canto, sussurrar sobre um sonho... Um espaço cativante, convidativo e atraente. Tal qual um ímã, esta biblioteca. Nela o ficar é prazer e não obrigação. (Nóbrega, 1995, p.14) Parafraseando Paulo Freire (1984), que afirmou que “fazer a his tória é estar presente nela e não simplesmente nela estar repre- sentado” (p.47), podemos dizer que o envolvimento dos alunos no processo de conquista da biblioteca e na sua dinamização é condi- ção sine qua non para que ela exerça papel de destaque dentro da instituição escolar. Mesmo sabendo que a biblioteca é de todos, precisamos ter sempre em mente que o seu alvo principal são os alu- nos, visto que é em função deles que a escola existe e que o espaço da biblioteca, quando bem administrado e incentivado, poderá converter-se no centro difusor da leitura e do conhecimento, um lugar prazeroso, atraente, a “alma” da escola. Miolo_A_biblioteca_escolar_(GRAFICA).indd 33Miolo_A_biblioteca_escolar_(GRAFICA).indd 33 14/01/2014 15:17:4914/01/2014 15:17:49 34 LUCIRENE A. C. LANZI • SILVANA A. B. GREGORIO VIDOTTI • EDBERTO FERNEDA Para que os frequentadores da biblioteca escolar tenham direito à voz e à vez nas decisões e no planejamento da mesma, é preciso que o bibliotecário promova atividades que propiciem momentos e espaços de envolvimento, de crescimento e de conquista des- ses direitos e dessa participação. Enfim, um espaço democrático mesmo, de promoção da leitura, de discussão e de difusão e sociali- zação de experiências. (Maroto, 2009, p.79) Dessa forma, o bibliotecário só estará exercendo efetivamente o seu papel de coeducador quando decidir abrir mão do tecnicismo excessivo que ainda predomina na maioria das bibliotecas brasi- leiras, escolares ou não, e assumir, juntamente com os professores, alunos e demais interessados, a (re)construção e a transformação da biblioteca escolar num espaço de acesso crítico às informações, de dinamização e de promoção à informação. O bibliotecário precisa estar consciente de que a dimensão do seu fazer educativo depende do espaço que ele ocupa dentro da biblioteca e do espaço que esta, por sua vez, ocupa dentro da escola. Como ressalta Silva (1989): “Lançando mão de esquemas or- ganizacionais ‘adequados’, isto é, fundamentados no bom senso e na percepção crítica da clientela, o responsável pela biblioteca não deve transformar a utilização dos serviços em uma camisa de força para os usuários. Nestes termos, é a biblioteca que deve se adequar aos usuários e não, como geralmente acontece, os usuários se encai- xarem num quadro imenso de normas” (p.29). Parâmetros e padrões da biblioteca escolar Partimos do princípio de que uma biblioteca escolar deve ser um organismo cuidado de acordo com preceitos técnicos e educati- vos especiais: bem organizado, com objetivos bem definidos, tendo como alvo principal o aprendiz. Nesse contexto, bibliotecários e colaboradores, conjugando esforços com o corpo docente, visam a consecução do processo de ensino por meio de serviços e programas Miolo_A_biblioteca_escolar_(GRAFICA).indd 34Miolo_A_biblioteca_escolar_(GRAFICA).indd 34 14/01/2014 15:17:4914/01/2014 15:17:49 A BIBLIOTECA ESCOLAR E A GERAÇÃO NATIVOS DIGITAIS 35 pertinentes às finalidades curriculares ou não, para atingir em cheio a capacitação informacional do aluno. Biblioteca escolar é o centro dinâmico de informação da escola, que permeia o seu contexto e o processo ensino–aprendizagem, interagindo com a sala de aula, a partir do perfil de interesses dos usuários, dispõe de recursos informacionais adequados (bibliográ- ficos ou multimeios) provindos de rigorosos critérios de seleção, dando acesso ao pluralismo de ideias e saberes. Favorece o desen- volvimento curricular, conta com mecanismos de alerta e divulga- ção de livros para a leitura recreativa, formativa e a pesquisa esco- lar, sempre sob orientação de mediadores capacitados para funções referenciais e informativas. Estimula a criatividade, a construção de conhecimento; dá suporte à capacitação de professores, à educação permanente, à qualificação do ensino. Contribui para a formação integral do indivíduo, capacitando-o a viver em um mundo em constante evolução. (Antunes, 1998, p.171) Com base no livro da profa. dra. Neusa Dias de Macedo (p.276- 81), em que ela apresenta uma adaptação de um artigo do prof. dr. Frederic Litto, diretor científico da Escola do Futuro, sobre os novos olhares da realidade pedagógica, juntamente com a explanação do Projeto Mobilizador Biblioteca Escolar: construção de uma rede de informações para o ensino público, desenvolvido em Brasília (2007) por meio dos sistemas CFB/CRBs (Conselho Federal de Bibliote- conomia/Conselhos Regionais de Biblioteconomia), lançado em 2008, cuja proposta é o estabelecimento de amplo esforço nacional visando a melhoria do ensino público, através da criação e implan- tação de uma rede de informação dinâmica e eficaz, apresentaremos a seguir, no Quadro 1, uma projeção didática e argumentativa, em forma de itens, dos novos padrões educacionais e seus parâmetros. O objetivo dessa explanação é estimular a modernização dos afa- zeres do bibliotecários, inserindo-os nos novos paradigmas da ciên- cia da informação, estimulando-os também a empregar as novas tecnologias para maior dinamização e aproximação dos alunos e dos professores com relação à biblioteca escolar. Miolo_A_biblioteca_escolar_(GRAFICA).indd 35Miolo_A_biblioteca_escolar_(GRAFICA).indd 35 14/01/2014 15:17:4914/01/2014 15:17:49 36 LUCIRENE A. C. LANZI • SILVANA A. B. GREGORIO VIDOTTI • EDBERTO FERNEDA Q ua dr o 1 – N ov os p ar âm et ro s e p ad rõ es e du ca ci on ai s P ad rõ es e du ca ci on ai s n ov os N ov os p ar âm et ro s C om en tá ri os O m un do m od er no e st á ca da v ez m ai s c om - pl ex o, se m pr e em fr eq ue nt es m ud an ça s, se nd o di fíc il co nc or da r c om a p re do m in ân ci a de u m co rp o bá si co d e co nh ec im en to s a cu m ul ad os . A lé m d a bi bl io gr af ia o fe rt ad a pe lo p ro fe ss or , o bi bl io te cá ri o de ve in ce nt iv ar o a lu no a p ro cu ra r no vo s a ut or es , a c on he ce r v ár io s p on to s d e vi st a, a u til iz ar d iv er so s t ip os d e do cu m en to s. A e xi st ên ci a da b ib lio te ca n a es co la to rn a- se in di sp en sá ve l p ar a a fo rm aç ão d o in di ví du o. N ão é só n ec es sá ri o di sp on ib ili za r a ce rv os , m as , a ci m a de tu do , v ia bi liz ar o a ce ss o ao co nj un to d e sa be re s q ue e ss es a ce rv os p os su em pa ra q ue , a p ar tir d o co nt ex to d a es co la , d o se u pr oj et o pe da gó gi co e d a cu ltu ra g er al q ue c om - põ e ta l c on ju nt o de sa be re s q ue fu nd am en ta m e dã o se nt id o ao m od o de v id a e à ex is tê nc ia de c ad a m em br o da c om un id ad e es co la r, a bi bl io te ca p os sa c on tr ib ui r p ar a cr ia r m ec a- ni sm os c ap az es d e pr om ov er a su pe ra çã o da s di fi cu ld ad es , d e m od o qu e se ja m a lc an ça do s o s ob je tiv os d es ej ad os p el a pr op os ta p ed ag óg ic a de se nv ol vi da n o âm bi to d a es co la . O s a pr en di ze s a tu al m en te q ue re m u m a bu sc a in fo rm ac io na l m ai s d in âm ic a, ri ca e m m at er ia is a ud io vi su ai s, d e fo rm a qu e po ss am in te ra gi r c om a in fo rm aç ão , n ão a tu an do ap en as c om o es pe ct ad or es . R ea lm en te q ue re m fa ze r p ar te d a co ns tr uç ão d o co nh ec im en to . Pa ra q ue is so o co rr a, é n ec es sá ri o qu e o bi bl io te cá ri o es te ja a te nt o e es tim ul e es sa in ge rê nc ia n os a m bi en te s d ig ita is . A s a ul as sã o es tím ul os , o a lu no re co ns tr ói si g- ni fi ca do s, p ro du z in te le ct ua lm en te . A b ib lio te - ca é a m bi en te p ro pí ci o pa ra a po ia r o a lu no (o u gr up os d e es tu do ) a p ro du zi r e sc ri to s, p re pa ra r se m in ár io s, re co ns tr ui r c on he ci m en to s, e nf im , pe sq ui sa r, re di gi r, d is cu tir o ra lm en te o s t em as em fo co . A ux ili ar n a cr ia çã o e m an ut en çã o de u m am bi en te ri co , v ar ia do , d in âm ic o, q ue e st im ul e as in ov aç õe s n o pr oc es so e du ca ci on al e p er m ita ap lic ar a s c on qu is ta s n o pl an o de e ns in o de m od o am pl o. U m a fo rm a in te re ss an te d e es tim ul ar e ss a de sc ob er ta in fo rm ac io na l é p ro m ov er pr em ia çõ es d os tr ab al ho s, su sc ita r d eb at es , ex po r m at er ia is a ud io vi su ai s ( Yo uT ub e) p ar a ba te -p ap os e a pr es en ta r o s m el ho re s t ra ba lh os no b lo g da b ib lio te ca . C on tin ua Miolo_A_biblioteca_escolar_(GRAFICA).indd 36Miolo_A_biblioteca_escolar_(GRAFICA).indd 36 14/01/2014 15:17:4914/01/2014 15:17:49 A BIBLIOTECA ESCOLAR E A GERAÇÃO NATIVOS DIGITAIS 37 P ad rõ es e du ca ci on ai s n ov os N ov os p ar âm et ro s C om en tá ri os N en hu m a lu no é ig ua l a o ou tr o, p oi s h á m úl - tip la s i nt el ig ên ci as , c ad a um c om su a vo ca çã o. O a lu no d ev e se r i nc en tiv ad o a pr ep ar ar tr ab al ho s, e m c ol ab or aç ão e fe tiv a co m c ad a m em br o do g ru po d e tr ab al ho , u til iz an do a su a ha bi lid ad e pe cu lia r, a lé m d e di sc ut ir e m co nj un to a fe itu ra fi na l d a pe sq ui sa e sc ol ar . Fa vo re ce r o a ce ss o a re cu rs os lo ca is , r eg io na is , na ci on ai s e g lo ba is e p ro pi ci ar a o po rt un id ad e pa ra q ue o s a lu no s e xp on ha m d ife re nt es id ei as , op in iõ es e e xp er iê nc ia s. C ad a in di ví du o po ss ui u m a ha bi lid ad e. O id ea l é es tim ul ar e ss as h ab ili da de s p ar a qu e to do s po ss am a pr es en ta r o q ue fa ze m d e m el ho r e di vu lg ar se us ta le nt os a to do s. D es sa fo rm a, o tr ab al ho se rá d es en vo lv id o em c oo pe ra çã o, fo rm an do -s e um a eq ui pe . A b ib lio te ca é u m am bi en te p ro pí ci o pa ra o d es en vo lv im en to de ss as p es qu is as , e o b ib lio te cá ri o po de rá fa ze r a m ed ia çã o en tr e os lo ca is d e bu sc a e o qu e o pr of es so r r eq ui si to u. O m un do m od er no e xi ge c ap ac ita çõ es d ife re n- ci ad as so b fo rm as in di vi du ai s d e ap re nd iz a- ge m . O a m bi en te d a bi bl io te ca é c on tin ua çã o da s a ul as e m c la ss e. O s a lu no s r eú ne m -s e em sa la s p ró pr ia s p ar a di sc ut ir o ra lm en te a p es - qu is a em a nd am en to e u til iz ar c er to s e qu ip a- m en to s p ar a fi na liz ar o tr ab al ho e sc ri to . A c ad a co m po ne nt e do g ru po d e tr ab al ho d ev e ca be r um a ta re fa q ue se c oa du ne c om su a vo ca çã o. A ux ili ar n a cr ia çã o e na m an ut en çã o de u m am bi en te ri co , v ar ia do , d in âm ic o, q ue e st im ul e as in ov aç õe s n o pr oc es so e du ca ci on al e p er m ita ap lic ar a s c on qu is ta s n o pl an o do e ns in o de m od o am pl o. N es se c on te xt o de p es qu is a co le tiv a, o s am bi en te s d ig ita is sã o ex ce le nt es re cu rs os pa ra u m a in ve st ig aç ão d in âm ic a e ef ic ie nt e, de sd e qu e be m o ri en ta da e m ed ia da p el o bi bl io te cá ri o, q ue p od e di sp or d e um te m po pa ra c on he ce r m el ho r a p es qu is a e es tim ul ar o s co m po ne nt es d o gr up o a de se nv ol ve re m u m tr ab al ho p ri m or os o ut ili za nd o vá ri os re cu rs os e fa ze nd o qu e ca da p ar tic ip an te d ê o se u m el ho r. Q ua dr o 1 – C on tin ua çã o C on tin ua Miolo_A_biblioteca_escolar_(GRAFICA).indd 37Miolo_A_biblioteca_escolar_(GRAFICA).indd 37 14/01/2014 15:17:4914/01/2014 15:17:49 38 LUCIRENE A. C. LANZI • SILVANA A. B. GREGORIO VIDOTTI • EDBERTO FERNEDA P ad rõ es e du ca ci on ai s n ov os N ov os p ar âm et ro s C om en tá ri os O im po rt an te é e ns in ar o a lu no a in te rp re ta r e av al ia r o q ue lê , o q ue o uv e, o q ue v ê na te vê ou o q ue o p ro fe ss or a rg um en ta . A li te ra ci a, o u ca pa ci ta çã o in fo rm ac io na l, fe ita n a bi bl io te ca , de ve le va r e m c on ta to do s o s g ra us d o pe rc ur so de o bt en çã o da s f on te s d e in fo rm aç ão a té o m om en to d a di sc us sã o, c om un ic aç ão e a ce rt os da d oc um en ta çã o de te xt o e ap re se nt aç ão b i- bl io gr áf ic a do tr ab al ho . A b ib lio te ca e se u no vo pr oj et o de c ap ac ita çã o in fo rm ac io na l m ot iv am o al un o a co m o ap re nd er , a a pr en de r f az en do . O rg an iz ar a tiv id ad es q ue e st im ul em a se ns ib i- lid ad e e a co ns ci ên ci a cu ltu ra l e so ci al . O tr ab al ho d e en te nd er e q ue st io na r o q ue se lê e o q ue se o uv e de ve se r d es en vo lv id o pe la bi bl io te ca d es de o s p ri m ei ro s a no s d a E du ca çã o In fa nt il. A tr av és d a co nt aç ão d e hi st ór ia s, a cr ia nç a de ve se r e st im ul ad a a ou vi r e c ri tic ar aq ui lo q ue lê o u ou ve , p ar a qu e, q ua nd o ch eg ar na p ré -a do le sc ên ci a, já e st ej a pr ep ar ad a pa ra pa rt ic ip ar d e de ba te s e b at e- pa po s c om d es en - vo ltu ra e e xp or su as o pi ni õe s s em c on st ra ng i- m en to o u in se gu ra nç a. A pr en de r a c ri tic ar o q ue ou ve o u lê é u m e xe rc íc io q ue d ev e se r e st im u- la do se m pr e pe la b ib lio te ca , a tr av és d e de ba te s co m p es so as d e fo ra d o si st em a ed uc ac io na l, pa ra in ci ta r n ov as o pi ni õe s e c on he ci m en to s. O n ov o pa pe l d a es co la é le va r o a lu no a a dq ui - ri r a ut oe st im a, d es en vo lv er o e sp ír ito c rí tic o e a cr ia tiv id ad e. N os m om en to s d e at en di m en to ao e du ca nd o e na s v ár ia s p ro gr am aç õe s c ul tu - ra is e so ci al iz an te s d a bi bl io te ca , o m ed ia do r da in fo rm aç ão d ev e se ns ib ili za r e c on tr ib ui r pa ra a fo rm aç ão d o se u ca rá te r e d a su a pe r- so na lid ad e. A b ib lio te ca d e qu al id ad e nã o se re st ri ng e a ap ri m or ar o a ce rv o bi bl io gr áf ic o e m ul tim ei os , m as c on st itu i e sp aç o ab er to p ar a a ap re nd iz ag em e p ar a pr og ra m as d e ca pa ci ta çã o do s a lu no s. D ifu nd ir a id ei a de q ue a li be rd ad e de e xp re s- sã o e o ac es so à in fo rm aç ão sã o es se nc ia is à ef et iv a e re sp on sá ve l c id ad an ia e p ar tic ip aç ão na d em oc ra ci a. U m a fo rm a de d es en vo lv er a a qu is iç ão d e au to es tim a, o e sp ír ito c rí tic o e a cr ia tiv id ad e é a or ga ni za çã o de sa ra us c ul tu ra is , d eb at es , fe st iv ai s d e m ús ic a, te at ra liz aç ão d e ob ra s c lá s- si ca s, c on fr ar ia s d a in fo rm át ic a, d o liv ro e d a m ús ic a, p ar a qu e os a lu no s s e so ci ab ili ze m c om os c ol eg as e o s p ro fe ss or es , a lé m d o es tím ul o a ex po r e c on he ce r o p ro ce ss o cr ia tiv o ta nt o do s pr of es so re s c om o do s a pr en di ze s. A b ib lio te ca só g an ha se nd o es se p or ta l c ul tu ra l, m os tr an do qu e a aq ui si çã o do c on he ci m en to p od e vi r d e vá ri as fo rm as e a m bi en te s. C on tin ua Q ua dr o 1 – C on tin ua çã o Miolo_A_biblioteca_escolar_(GRAFICA).indd 38Miolo_A_biblioteca_escolar_(GRAFICA).indd 38 14/01/2014 15:17:4914/01/2014 15:17:49 A BIBLIOTECA ESCOLAR E A GERAÇÃO NATIVOS DIGITAIS 39 P ad rõ es e du ca ci on ai s n ov os N ov os p ar âm et ro s C om en tá ri os A m bi en te s f ís ic os q ue fa vo re ça m tr ab al ho s e m gr up o, e m a tiv id ad es d ife re nc ia da s e si m ul tâ - ne as , c ul tiv an do v ár io s t ip os d e lin gu ag en s e di sc us sã o. A b ib lio te ca d ev e to rn ar d is po ní ve is sa la s e a m bi en te s a de qu ad os p ar a tr ab al ho s e m gr up o, se m in ár io s, p ar a us ar o c om pu ta do r e a in te rn et . D is ci pl in a, m as se m c oa çã o. A po ia r t od os o s e st ud an te s n a ap re nd iz ag em e na p rá tic a de h ab ili da de s p ar a a av al ia çã o e o us o da in fo rm aç ão , i nd ep en de nt e da fo rm a, d o fo rm at o ou d a m íd ia , i nc lu in do co m se ns ib ili da de o s m od os d e co m un ic aç ão de nt ro d a co m un id ad e. O a m bi en te d ev e se r a re ja do , c la ro , c om as pe ct o jo vi al . N ão sã o ne ce ss ár io s a lto s c us to s pa ra a p re pa ra çã o de ss e lu ga r, b as ta b om se ns o e pe ns ar n um a pr op os ta a co nc he ga nt e e ag ra - dá ve l. T od os , i nc lu si ve o b ib lio te cá ri o, g os ta m de e st ar n um a m bi en te li m po e a gr ad áv el . T am bé m é n ec es sá ri o qu e ne ss e es pa ço h aj a um c om pu ta do r a co pl ad o a re de d e in te rn et , pa ra c on su lta s e d es co be rt as . A m bi en te s c om c ad ei ra s f le xí ve is , r ic os em te cn ol og ia e in fo rm at iz aç ão . A m bi en te di gi ta l n as b ib lio te ca s c om o pr ov a de a be rt ur a pe da gó gi ca a os a lu no s. A m bi en te n ov o, ag ra dá ve l n a bi bl io te ca , c on vi da nd o o al un o a pa ss ar h or as n o re ci nt o, m as se m d es cu id ar d o pr ep ar o in te le ct ua l. C on tr ib ui r p ar a a m el ho ri a da a çã o ed uc at iv a, a po ia nd o um p ro ce ss o de en si no –a pr en di za ge m q ue se ja p ar tic ip an te , at iv o e in di vi du al iz ad o. A tu al m en te , a te cn ol og ia é im pr es ci nd ív el pa ra a b ib lio te ca e sc ol ar . O s a lu no s, q ue sã o na tiv os d ig ita is , n ão sa be m o u nã o go st am de a bs or ve r a in fo rm aç ão p or o ut ro s m ei os . C ab e ao p ro fi ss io na l d a in fo rm aç ão e st im ul ar es se a ce ss o. U m a bo a fo rm a de d iv ul ga r o fa to de q ue a b ib lio te ca e st á in se ri da n o co nt ex to te cn ol óg ic o é a cr ia çã o de re de s s oc ia is (T w it- te r, F ac eb oo k. ..) p ar a um a m ai or in te ra çã o en tr e os jo ve ns e a b ib lio te ca . O s a lu no s s ão in ce nt iv ad os a p os ta r i nf or m aç õe s q ue c on si de - re m in te re ss an te s. C on tin ua Q ua dr o 1 – C on tin ua çã o Miolo_A_biblioteca_escolar_(GRAFICA).indd 39Miolo_A_biblioteca_escolar_(GRAFICA).indd 39 14/01/2014 15:17:4914/01/2014 15:17:49 40 LUCIRENE A. C. LANZI • SILVANA A. B. GREGORIO VIDOTTI • EDBERTO FERNEDA P ad rõ es e du ca ci on ai s n ov os N ov os p ar âm et ro s C om en tá ri os O p ro fe ss or , h oj e em d ia , a tu a co m o um g ui a, um o ri en ta do r, a ss es so ra o a lu no fo ra d a sa la d e au la . A qu i e nt ra ri a ta m bé m o p ap el d o bi bl io - te cá ri o co m o ed uc ad or , j un to c om o a lu no , n a bi bl io te ca e e m o ut ro s e sp aç os . B ib lio te cá ri os tr ab al ha nd o em c on ju nt o, h ar m on io sa m en te , co m o s p ro fe ss or es , p ar a m ai or ri qu ez a de en si no –a pr en di za ge m . O ri en ta r p ro fe ss or es e a lu no s n o us o do s r ec ur - so s e du ca tiv os d is po ní ve is . A c ol ab or aç ão e a in te ra çã o en tr e pr of es so r e bi bl io te cá ri o só b en ef ic ia rá o a pr en di z. E st a pa rc er ia tr ar á ga nh os e m sa la d e au la e n a bi bl io te ca . O p ro fi ss io na l d a in fo rm aç ão p od e bu sc ar m at er ia is a tu al iz ad os p ar a o pr of es so r di vu lg ar e a pl ic ar , a lé m d e di sp on ib ili za r s u- po rt es in fo rm ac io na is p ar a os a lu no s p es qu is a- re m . E ss a ap ro xi m aç ão ta m bé m fa vo re ce rá o s ev en to s c ul tu ra is p ro m ov id os p el a bi bl io te ca , em q ue o p ro fe ss or p od er á da r s ug es tõ es e in ce nt iv ar o s a lu no s a p ar tic ip ar em . O a lu no a ss um e pa pe l a tiv o. O u su ár io / cl ie nt e de b ib lio te ca n ão é a pe na s o re ce pt or pa ss iv o, m as ta m bé m o e m is so r d a m en sa - ge m , n o m om en to d a ne go ci aç ão d a qu es tã o de re fe rê nc ia . O s a lu no s d is cu te m se us tr ab al ho s t am bé m c om o s b ib lio te cá ri os , pa rt ic ip am a tiv am en te d e at iv id ad es c ul tu ra is e ar tís tic as , s oc ia is e d e la ze r. A çã o cu ltu ra l c om v is ta s a fa vo re ce r o en te nd im en to d a id en tid ad e do c id ad ão n o es pa ço o nd e vi ve . O a lu no a tu al m en te d ev e t er co nd iç õe s d e a rg u- m en ta r s em pr e. A o el ab or ar o s s eu s t ra ba lh os , el e d ev e e st ar a pt o a de sc ob rir to do ti po d e i nf or - m aç ão re fe re nt e ao te m a, se ja n o G oo gl e (p ar a is to , b as ta se r b em o rie nt ad o pe lo b ib lio te cá rio ), no Y ou T ub e, n o F lic kr o u em q ua lq ue r m ei o di gi ta l e m q ue e le e nc on tr e o qu e pr oc ur a e q ue se ja in te re ss an te p ar a bu sc ar in fo rm aç ão . A o ex po r o se u tr ab al ho , e le p od e a pr es en tá -l o em pr eg an do o P ow er Po in t, v íd eo s, te xt os , a lé m de u sa r u m a fo rm at aç ão d ife re nt e e cu ltu ra l, co m o um a ca m is et a sil ka da co m o su po rt e p ar a ap re se nt ar u m a po es ia , p or ex em pl o. O a pr en di z ho je d ev e s er es tim ul ad o a us ar a su a cr ia tiv id ad e e e xp ô- la se m re ce io , p ar a qu e t od os a a dm ire m . C on tin ua Q ua dr o 1 – C on tin ua çã o Miolo_A_biblioteca_escolar_(GRAFICA).indd 40Miolo_A_biblioteca_escolar_(GRAFICA).indd 40 14/01/2014 15:17:4914/01/2014 15:17:49 A BIBLIOTECA ESCOLAR E A GERAÇÃO NATIVOS DIGITAIS 41 P ad rõ es e du ca ci on ai s n ov os N ov os p ar âm et ro s C om en tá ri os A o la do d os m ei os d id át ic os tr ad ic io na is , o m es tr e te m o a po io d as té cn ic as in te ra tiv as e as si nc rô ni ca s. E nt ra a qu i a c ol ab or aç ão e fe tiv a do b ib lio te cá ri o na c ap ac ita çã o in fo rm ac io na l do a lu no , p ar a us o da v ar ia da g am a de fo nt es de in fo rm aç ão e xi st en te s n a bi bl io te ca , t an to im pr es sa s c om o di gi ta is , b em c om o le va nd o o ed uc an do a u til iz ar o ut ro s r ec ur so s i nf or m at i- vo s f or a da b ib lio te ca . A po ia r a se le çã o e a pr od uç ão d e m at er ia is e du - ca tiv os a pr op ri ad os a os o bj et iv os d o pr og ra m a de e st ud o. O b ib lio te cá ri o de ve e st ar p re pa ra do p ar a ut i- liz ar o s m ei os d ig ita is a fi m d e or ie nt ar o s s eu s us uá ri os , n o ca so , n at iv os d ig ita is , e st im ul an - do -o s a u m a bu sc a m ai s a m pl a, a lim en ta nd o a su a cu ri os id ad e e a su a fo m e de c on he ci m en to . M es m o qu e a bi bl io te ca n ão te nh a um a ce rv o at ua liz ad o, p el a W eb o b ib lio te cá ri o po de rá co nd uz ir o se u us uá ri o a um a bu sc a ef ic ie nt e e co m pe te nt e, a m pl ia nd o o se u es pa ço in fo rm a- ci on al . E ss e pr of is si on al ta m bé m p od er á m o- tiv ar o a pr en di z a bu sc ar o c on he ci m en to fo ra do c on te xt o es co la r, n um m us eu , p or e xe m pl o, ou , s e el e tiv er q ue e la bo ra r u m a pe sq ui sa p ar a a di sc ip lin a de C iê nc ia s, p od er á fo to gr af ar an im ai s n o se u ha bi ta t, ta lv ez n um a m at a. À u til iz aç ão d e te xt os c on ju ga m -s e fo nt es gr áf ic as , i m ag en s e so m , C D s e m ul tim íd ia . A bi bl io te ca e sc ol ar m od er na é u m a ve rd ad ei ra m id ia te ca . T ra ns fo rm ou -s e em c en tr o de re cu rs os d e ap re nd iz ag em , e m q ue ta m bé m a or al id ad e é tr ab al ha da p ar a o de se nv ol vi m en to do e du ca nd o. O rg an iz ar o s s er vi ço s c om b as e em u m a es tr ut ur ad a co le çã o de re cu rs os e du ca tiv os q ue re sp on da a o qu e es ta be le ce o c ur rí cu lo d a es co - la e à s n ec es si da de s d a co m un id ad e ed uc at iv a. N um a bi bl io te ca m od er na e a tu al iz ad a, d ev e ha ve r s up or te s t ec no ló gi co s, c om o pr oj et or , c ai - xa s d e so m , c om pu ta do r c on ec ta do n a in te rn et , pa ra a pr es en ta r a os a lu no s v íd eo s i ns tr ut iv os e in te re ss an te s, m us ic ai s ( se ja m ús ic a cl ás si ca , po pu la r o u ro ck ), in cu rs ão e m m us eu s f am os os (L ou vr e, G ug ge nh ei m , M A M , d a R ep úb li- ca ) d e fo rm a vi rt ua l, es tim ul an do -o s a tr oc ar in fo rm aç õe s s ob re o q ue e st ão c on he ce nd o. C on tin ua Q ua dr o 1 – C on tin ua çã o Miolo_A_biblioteca_escolar_(GRAFICA).indd 41Miolo_A_biblioteca_escolar_(GRAFICA).indd 41 14/01/2014 15:17:4914/01/2014 15:17:49 42 LUCIRENE A. C. LANZI • SILVANA A. B. GREGORIO VIDOTTI • EDBERTO FERNEDA P ad rõ es e du ca ci on ai s n ov os N ov os p ar âm et ro s C om en tá ri os A o co nt rá ri o, e m n ov a co nc ep çã o, a in fo rm a- çã o oc or re d e fo rm a nã o lin ea r, n ão se qu en ci al . E xe m pl o: a m ul tim íd ia in te ra tiv a, in cl ui nd o um a di ve rs id ad e de li ng ua ge ns (s on s, im ag en s, fi lm es , p in tu ra s, e nt re vi st as , a ni m aç õe s) , pe rm ite u m a ap re nd iz ag em m ul tis se ns or ia l. T an to o s a ud io vi su ai s c om o os d oc um en to s m ul tim íd ia sã o im po rt an te s f oc os d as c ol eç õe s da b ib lio te ca e sc ol ar . Pr om ov er e d es en vo lv er , c om e sp ec ia l d ed i- ca çã o, o se rv iç o de le itu ra (l ei tu ra s t ex tu ai s, m as ta m bé m v is ua is , i m ag ét ic as e so no ra s) , pa ra d es pe rt ar o in te re ss e do s a lu no s p ar a o co nt eú do d os m at er ia is e du ca tiv os . O s t ra ba lh os re al iz ad os e a pr es en ta do s p el os al un os d ev em se r d es en vo lv id os d e fo rm a qu e el es p os sa m e xp or to do o se u ap re nd iz a- do c ul tu ra l e se ns or ia l. M as o in te re ss an te é m an te r e ss es tr ab al ho s e xp os to s n a bi bl io te ca e de po is a rm az en á- lo s p ar a se rv ir em d e m od el o e in fo rm aç ão a o ut ro s e st ud an te s. N ão se li m ita r a si m pl es m en te d ec or ar o q ue o pr of es so r f al a. O im po rt an te é sa be r b us ca r e in te rp re ta r a in fo rm aç ão e xt ra íd a de v ár io s tip os d e fo nt es b ib lio gr áf ic as e e le tr ôn ic as , va le nd o- se d e ou tr os ti po s d e m íd ia s, p ri nc i- pa lm en te v al or iz an do a o ra lid ad e. E nf im , é o m om en to d e o pr of es so r p as sa r a n oç ão e o va lo r d a pe sq ui sa a o al un o, c on ju ga nd o co m a fo rm a co rr et a de o rg an iz ar u m tr ab al ho . É a ve z de o b ib lio te cá ri o, a go ra , r ef or ça nd o o ap re nd iz ad o da s n or m as d e re fe rê nc ia b ib lio - gr áf ic a e do cu m en ta çã o de te xt o, a pr im or ar o s en si na m en to s e p rá tic as c ur ri cu la re s. O e st ím ul o à pe sq ui sa e sc ol ar e a o tr ab al ho in te le ct ua l, de m od o a pr op or ci on ar a o ed uc an - do m ei os p ar a qu e el e m el ho r d es em pe nh e se us pa pé is so ci ai s. U m a bo a fo rm a de a ux ili ar o p ro fe ss or n a bu sc a de in fo rm aç ão é , n o in íc io d o an o, pe di r à c oo rd en aç ão p ed ag óg ic a um a au la co m o s n ov os e a nt ig os a lu no s, p ar a qu e co nh eç am o fu nc io na m en to d a bi bl io te ca , e or ie nt á- lo s n o ac es so a o m at er ia l b ib lio gr á- fi co e xi st en te d e fo rm a pr es en ci al o u at ra vé s do s a m bi en te s d ig ita is . C on tin ua Q ua dr o 1 – C on tin ua çã o Miolo_A_biblioteca_escolar_(GRAFICA).indd 42Miolo_A_biblioteca_escolar_(GRAFICA).indd 42 14/01/2014 15:17:4914/01/2014 15:17:49 A BIBLIOTECA ESCOLAR E A GERAÇÃO NATIVOS DIGITAIS 43 P ad rõ es e du ca ci on ai s n ov os N ov os p ar âm et ro s C om en tá ri os M ui ta si m ul aç ão d o pr es en ci al v ia m ul tim íd ia e re al id ad e vi rt ua l. D aí a n ec es si da de p re m en te do s c om pu ta do re s e d a co m un ic aç ão p or re de s di gi ta is p ar a po ss ib ili ta r o u so d os re cu rs os d a in te rn et . O po rt un id ad e de o b ib lio te cá ri o pr o- m ov er u m tr ei na m en to d e bu sc as w eb gr áf ic as . Pa rt ic ip aç ão e fe tiv a do s a lu no s n a pr ep ar aç ão da s a tiv id ad es c ul tu ra is e c ri at iv as , t an to c om os m es tr es c om o co m o p es so al d a bi bl io te ca . A po ia r o d es en vo lv im en to d o pr og ra m a es co - la r, c on tr ib ui nd o pa ra a m el ho ri a do p ro ce ss o de e ns in o– ap re nd iz ag em . O b ib lio te cá ri o po de e st im ul ar a C on fr ar ia da In fo rm át ic a, d a qu al a lu no s d e qu al qu er id ad e po de m p ar tic ip ar , a lé m d e pr of es so re s d a es co la o u un iv er si tá ri os e ta m bé m fu nc io ná ri os in te re ss ad os e m a pr en de r e a c on st ru ir c on he - ci m en to s. N es se s e nc on tr os , t od os p od em en si na r e a pr en de r s ob re te cn ol og ia . É u m b om m om en to p ar a fo m en ta r a c ri aç ão d e am bi en te s di gi ta is p ar a a bi bl io te ca , s ol ic ita nd o o au xí lio de to do s o s p ar tic ip an te s e in te re ss ad os . V is ão g lo ba liz an te d a co m un ic aç ão e d o co nh e- ci m en to . O a lu no c om pa rt ilh a co m o s c ol eg as di ve rs os a sp ec to s d o m un do , i nt er ag e co m a di ve rs id ad e de u so s e c os tu m es , c om m od os d e pe ns ar e tr ab al ha r a e du ca çã o. D aí a im po r- tâ nc ia d e pr og ra m as c ul tu ra is d a bi bl io te ca , a o co nj ug ar e sf or ço s c om o s p ro fe ss or es d as d iv er - sa s m at ér ia s, a ss im c om o ao tr az er e sp ec ia lis ta s pa ra e nt re vi st as e p al es tr as . Pr om ov er a le itu ra , r ec ur so s e se rv iç os d a bi bl io te ca a to da a c om un id ad e es co la r e à co m un id ad e ex te rn a. A b ib lio te ca é u m lo ca l p ro pí ci o pa ra q ue p ro - fi ss io na is v is io ná ri os , i nt er es sa nt es , c ar is m át i- co s, q ue te nh am u m d ife re nc ia l, co m pa rt ilh em in fo rm aç õe s e id ei as c om o s e st ud an te s. T am - bé m p od em se r c on vi da do s a rt is ta s, e sc ri to re s, fo tó gr af os , e nf im , p es so as q ue p os sa m o fe re ce r ex em pl os , c on te úd os e p ro po st as . C on tin ua Q ua dr o 1 – C on tin ua çã o Miolo_A_biblioteca_escolar_(GRAFICA).indd 43Miolo_A_biblioteca_escolar_(GRAFICA).indd 43 14/01/2014 15:17:4914/01/2014 15:17:49 44 LUCIRENE A. C. LANZI • SILVANA A. B. GREGORIO VIDOTTI • EDBERTO FERNEDA P ad rõ es e du ca ci on ai s n ov os N ov os p ar âm et ro s C om en tá ri os N o pa ra di gm a m od er no , a v is ão é h ol ís tic a, gl ob al iz an te . E xi st e in te gr aç ão e nt re o s el em en to s d o co nh ec im en to h um an o. A b ib lio - te ca c ol ab or a co m a lg um p ro gr am a de o rd em m ul tid is ci pl in ar , d o tip o gi nc an a de sa be re s m úl tip lo s. É po ca d os p ro je to s p ar tic ip an te s. T ra ba lh ar c om e st ud an te s, p ro fe ss or es , ad m in is tr ad or es e p ai s p ar a re al iz ar a m is sã o da e sc ol a. Pr of es so re s d e di ve rs as d is ci pl in as sã o co n- vi da do s a tr ab al ha r j un to s p ar a a el ab or aç ão de u m e ve nt o (s ar au , f ei ra d o liv ro ... ) o u a ap re se nt aç ão d e um tr ab al ho c on tr a o bu lly in g ou cy be rb ul ly in g. O p ro fe ss or d e So ci ol og ia po de rá tr ab al ha r a s c on se qu ên ci as d es se a to , o de P or tu gu ês p od er á pr op or u m a re da çã o al er ta nd o co nt ra e ss a at itu de , o d e A rt es po de rá e st im ul ar o s a lu no s a e xp re ss ar em su as vi vê nc ia s e a s c on se qu ên ci as d es sa a tit ud e. O a lu no é c on si de ra do e su a fo rm aç ão n un ca te rm in a. D aí , r ep et in do , a li te ra ci a in fo rm a- ci on al , o bt id a em tr ei na m en to n a bi bl io te ca , ag e co m o in st ru m en to p ar a to rn ar o a lu no um su je ito a ut ôn om o, q ue b us ca a in fo rm a- çã o ao lo ng o da v id a, re pa ss an do -a à fa m íli a e ao s a m ig os . Q ua nt o à pe rs pe ct iv a de tr ab al ho e xi gi da p ar a a ex ec uç ão d e um e fe tiv o pr oj et o de e ns in o– ap re nd iz ag em c om a p ar tic ip aç ão d a bi bl io te ca da e sc ol a e de a co rd o co m a s s ua s d ir et ri ze s, é fa to q ue a n at ur ez a da fu nç ão d a bi bl io te ca es co la r é fu nc io na r c om o um e sp aç o at ua nt e, um a ve z as si m ila do p el o al un o, p el o pr of es so r e pe lo s d em ai s a to re s d o am bi en te e sc ol ar , q ue po ss ib ili te a in te ra çã o co m o s p ro ce ss os d e co nh ec im en to , d e m od o a co nt ri bu ir p ar a um a fo rm aç ão sa tis fa tó ri a do in di ví du o, fa vo re ce n- do o a pr en de r a a pr en de r, o u se ja , c or ro bo ra n- do p ar a a aq ui si çã o da h ab ili da de d e ap re nd er , sa be r o bt er , u til iz ar e g er ar n ov as in fo rm aç õe s. A se de d e sa be r d ev e se r i nc ut id a na c ri an ça de sd e a su a fo rm aç ão in ic ia l, na E du ca çã o In fa nt il, p ar a qu e el a se m pr e an se ie p or n ov os co nh ec im en to s. O b ib lio te cá ri o te m g ra nd e re sp on sa bi lid ad e e po de m ot iv ar a c ri an ça s at ra vé s d e co nt aç ão d e hi st ór ia s, o rg an iz aç ão de b at e- pa po s e d eb at es , d o es tím ul o ao u so e à po st ag em d e in fo rm aç õe s e m a m bi en te s di gi ta is , d a re cu pe ra çã o de in fo rm aç õe s e co nh ec im en to s a tr av és d a W eb . Fo nt e: L an zi ; V id ot ti; F er ne da (O rg s. ). Q ua dr o 1 – C on tin ua çã o Miolo_A_biblioteca_escolar_(GRAFICA).indd 44Miolo_A_biblioteca_escolar_(GRAFICA).indd 44 14/01/2014 15:17:4914/01/2014 15:17:49 A BIBLIOTECA ESCOLAR E A GERAÇÃO NATIVOS DIGITAIS 45 Com base nesses novos paradigmas informacionais, o momento passa a ser oportuno para pedir que haja uma harmonia entre o trabalho do bibliotecário e o do professor, criando uma via de mão dupla (biblioteconômica e educacional) para maior capacitação in- formacional do aprendiz, tornando-o independente no uso das fon- tes de informação (convencionais ou eletrônicas) por toda a vida. A fim de se prepararem para viver em uma sociedade caracte- rizada por mudanças e contradições, as crianças e os jovens de hoje precisam aprender a pensar de forma lógica e criativa, a solucionar problemas, a usar informações e comunicar-se de modo efetivo. As correntes pedagógicas construtivistas, segundo as quais o aluno aprende a partir de suas experiências e construindo, ele próprio, seu conhecimento, privilegiam a aprendizagem baseada no questiona- mento e utilizam estratégias didáticas adequadas à preparação da pessoa para viver na sociedade da informação. Com a abundância informacional nunca vista antes, essa socie- dade vai exigir que os indivíduos desenvolvam habilidades espe- cíficas para lidar com a informação. A esse conjunto de habilida- des denominou-se competência informacional, segundo Campello (2002), “expressão traduzida de information literacy, que apareceu nos Estados Unidos na década de 70 e foi usada originalmente para designar habilidades para lidar com a tecnologia da informação, isto é, com computadores e redes eletrônicas” (p.9). Atualmente, o termo designa, de forma ampla, o conjunto de habilidades necessárias para identificar, interpretar, analisar, sin- tetizar, avaliar e comunicar informação, em fontes impressas ou eletrônicas. “Quem aprende a ler e a escrever e passa a usar a leitura e a escrita, a envolver-se em práticas de leitura e de escrita, torna-se uma pessoa diferente, adquire um outro estado, uma outra condi- ção” (Soares, 2001, p.36). Campello (2002) elenca um conjunto de características determi- nantes da competência informacional: Competência informacional combina com o ensino no qual o professor não é o transmissor de conhecimento e, sim, o orientador Miolo_A_biblioteca_escolar_(GRAFICA).indd 45Miolo_A_biblioteca_escolar_(GRAFICA).indd 45 14/01/2014 15:17:4914/01/2014 15:17:49 46 LUCIRENE A. C. LANZI • SILVANA A. B. GREGORIO VIDOTTI • EDBERTO FERNEDA que capta os interesses dos alunos, estimula seus questionamentos e os guia na busca de soluções. Combina com projetos interdisci- plinares que permitam aos alunos examinar um assunto sob dife- rentes ângulos. Combina, especialmente, com disponibilização de abundantes recursos informacionais, nos mais diferentes formatos (materiais impressos de vários tipos, recursos audiovisuais e ele- trônicos, tais como CD-ROMs e internet)... A biblioteca escolar é, sem dúvida, o espaço por excelência para promover experiências criativas de uso de informação. Ao reproduzir o ambiente infor- macional da sociedade contemporânea, a biblioteca pode, através de seu programa, aproximar o aluno de uma realidade que ele vai vivenciar no seu dia a dia, como profissional e como cidadão. (p.10) Desse modo, a escola não pode mais ser apenas transmissora de conhecimentos, e a biblioteca também não pode mais continuar passivamente na espreita de todo esse processo revolucionário de mudanças. Trabalhando em conjunto, professores e bibliotecários planeja- rão situações de aprendizagem que desafiem e motivem os alunos, orientando-os e guiando-os nos seus desenvolvimentos. Para que essas mudanças ocorram, é necessário que o bibliotecá- rio, como um educador/colaborador, utilize recursos pedagógicos a fim de sintonizar o seu trabalho com o contexto escolar. O método que sedimentou o estudo apresentado neste livro foi o “construtivista”, o qual busca construir o conhecimento com base na interação. No caso específico deste estudo, a interação enfocada foi entre biblioteca, aluno, professor e sociedade. Construtivismo significa isto: a ideia de que nada, a rigor, está pronto, acabado, e de que, especificamente, o conhecimento não é dado, em nenhuma instância, como algo terminado. Ele se cons- titui pela interação do indivíduo com o meio físico e social, com o simbolismo humano, com o mundo das relações sociais, e se cons- titui por força de sua ação e não por qualquer dotação prévia, na bagagem hereditária ou no meio, de tal modo que podemos afirmar Miolo_A_biblioteca_escolar_(GRAFICA).indd 46Miolo_A_biblioteca_escolar_(GRAFICA).indd 46 14/01/2014 15:17:4914/01/2014 15:17:49 A BIBLIOTECA ESCOLAR E A GERAÇÃO NATIVOS DIGITAIS 47 que antes da ação não há psiquismo nem consciência e muito menos pensamento. (Becker, 1994, p.88) A biblioteca busca mediar a informação. Os alunos possuem um conhecimento que foi adquirido no seu convívio social e familiar; os professores e bibliotecários possuem a bagagem de conhecimento informativo adquirido no seu processo de estudo e pesquisa; e, por fim, a sociedade gera todo um conhecimento cultural que afeta e transforma os conceitos formais e dá origem a novas normas morais. É importante salientar que a biblioteca é espaço propício para aplicar a teoria construtivista. Nela, os aprendizes podem ter sua curiosidade despertada, independente do aprendizado em sala de aula, somente pela vontade de conhecer o tema de seu interesse. De acordo com Piaget (1996): A principal meta da educação é criar homens que sejam capa- zes de fazer coisas novas, não simplesmente repetir o que outras gerações já fizeram. Homens que sejam criadores, inventores, des- cobridores. A segunda meta da educação é formar mentes que este- jam em condições de criticar, verificar e não aceitar tudo que elas [outras gerações] propõem. (p.20) Para que o aprendizado na biblioteca escolar seja construtivista, propõe-se, neste livro, que o bibliotecário conceba o conhecimento sob a ótica de Piaget, ou seja, todo e qualquer desenvolvimento cognitivo só será efetivo se estiver baseado em uma interação entre o sujeito (aprendiz) e o objeto (informação). É imprescindível que se compreenda que com instigação, com incitamento ao objeto (in- formação), de modo a perturbar as estruturas do sujeito (aprendiz), este não tentará acomodar-se à situação, criando primeiramente uma assimilação ao objeto, que dará origem a sucessivas adapta- ções do sujeito ao meio, com o constante desenvolvimento de seu cognitivismo. Pode-se então concluir que o quesito mais importante para a construção de um ambiente construtivista é que o bibliotecário Miolo_A_biblioteca_escolar_(GRAFICA).indd 47Miolo_A_biblioteca_escolar_(GRAFICA).indd 47 14/01/2014 15:17:4914/01/2014 15:17:49 48 LUCIRENE A. C. LANZI • SILVANA A. B. GREGORIO VIDOTTI • EDBERTO FERNEDA realmente se conscientize da importância do educar aprendendo e que todos os processos de aprendizagem passem necessariamente por uma interação entre o objeto a ser apreendido e o sujeito da aprendizagem, aqui simbolizados, como sujeitos, o bibliotecário, o professor, os alunos e indivíduos interessados, e, como objetos, o computador e o assunto. Somente a partir dessa completa interação é que poderemos dizer que estamos “construindo” novos estágios de conhecimento. Miolo_A_biblioteca_escolar_(GRAFICA).indd 48Miolo_A_biblioteca_escolar_(GRAFICA).indd 48 14/01/2014 15:17:4914/01/2014 15:17:49 3 A ASSIMILAÇÃO COGNITIVA DE CRIANÇAS, PRÉ-ADOLESCENTES E ADOLESCENTES DIANTE DAS TECNOLOGIAS EM UMA BIBLIOTECA ESCOLAR A biblioteca escolar está inserida no contexto educacional e o integra. Também é corresponsável pelo processo de ensino–apren- dizagem dos alunos, talvez não como uma aprendizagem formal, a qual acontece em sala de aula, mas certamente como mediadora do conhecimento e instigadora de informações. O bibliotecário, além de ser um mediador da informação, é tam- bém um educador/colaborador e, como tal, precisa usar recursos pedagógicos para motivar os alunos/aprendizes a adquirir conhe- cimento e para a sua melhor assimilação cognitiva. Neste capítulo, tendo como referencial teórico a teoria piagetiana da assimilação cognitiva, buscaremos melhor compreender o processo cognitivo das crianças, dos pré-adolescentes e adolescentes, de modo a alcan- çar maior interação e cooperação grupal, com base em um propósito mútuo, em que haja um equilíbrio entre todas as partes, sem que um indivíduo queira dominar, em detrimento do outro. Abordare- mos também o estímulo ao uso das tecnologias na biblioteca como meio de aquisição de conhecimento, considerando que o aprender com a tecnologia levará o aluno a ser um sujeito ativo e em constan- te busca do equilíbrio dinâmico de aprendizagem. Serão discutidas sugestões para o uso das tecnologias como estímulo ao conhecimen- to dos alunos em uma biblioteca escolar. Miolo_A_biblioteca_escolar_(GRAFICA).indd 49Miolo_A_biblioteca_escolar_(GRAFICA).indd 49 14/01/2014 15:17:4914/01/2014 15:17:49 50 LUCIRENE A. C. LANZI • SILVANA A. B. GREGORIO VIDOTTI • EDBERTO FERNEDA Teoria piagetiana: um breve enfoque Toda situação educacional tem como ponto inicial um meio de comunicação (exposição oral, texto, imagem, atividades e outros). Entende-se que aprender é mais do que recuperar informação. De- pende de interações no contexto de aprendizagem, da informação ou do material disponível, das ferramentas e das características cognitivas individuais dos alunos. Na perspectiva cognitivista piagetiana, segundo Parra (1983), “educar consiste, de forma geral, em provocar o desequilíbrio na mente do educando, de maneira compatível com seu nível de desenvolvimento, de modo que, ao procurar o reequilíbrio, ele se reestrutura cognitivamente e aprende” (p.35). O reequilíbrio pode ser entendido como a troca de um estado de desequilíbrio por outro de equilíbrio. Para Piaget, só há aprendizagem quando ocorre acomodação. Desta forma, a aprendizagem é tida como um processo ativo, sendo essencial a postura ativa por parte do aluno, que também possui responsabilidade no processo. Barreto (2008) reforça esse conceito: “O lugar em que a informação se faz conhecimento é na consciência do receptor, que precisa ter condições de aceitar esta informação e a interiorizar” (p.10). O papel da informática na educação e no processo de ensino– aprendizagem modificou-se ao longo dos anos. Os primeiros usos do computador na educação estavam longe de serem considerados “edu- cativos”, já que se limitavam à utilização de ferramentas de cálculo. Tradicionalmente, as tecnologias têm sido empregadas como fer- ramentas para ensinar os alunos, em uma visão segundo a qual eles as entendem como fonte de conhecimento. Assim aconteceu com a televisão educativa e também ocorre agora com os computadores. A assimilação da informação digital exige do receptor uma decodificação dupla ou em dois estágios; em um primeiro estágio há que se acessar e decodificar o conteúdo em meio digital e, em uma segunda etapa, que é válida para qualquer tipo de informação, a apropriação cognitiva deste conteúdo. Ser digitalmente fluente Miolo_A_biblioteca_escolar_(GRAFICA).indd 50Miolo_A_biblioteca_escolar_(GRAFICA).indd 50 14/01/2014 15:17:4914/01/2014 15:17:49 A BIBLIOTECA ESCOLAR E A GERAÇÃO NATIVOS DIGITAIS 51 envolve não apenas saber como usar as ferramentas tecnológicas de navegação na Web, mas também saber como construir coisas sig- nificativas com estas ferramentas. (Bloor, apud Barreto, 2009, p.6) O Quadro 2 apresenta as formas de uso da tecnologia na educa- ção: como fim, como meio e também como ferramenta. Neste livro nos deteremos no uso da tecnologia como meio. Quadro 2 – Uso da tecnologia na educação Uso da tecnologia na educação Como fim Aprender sobre a tecnologia Como meio Aprender da tecnologia, com a tecnologia Como ferramenta Para professores/colaboradores e para alunos Fonte: Baseado no modelo de Passerino (2001). O primeiro uso apresentado no quadro é o da tecnologia como fim, ou seja, aprender sobre a tecnologia. Neste caso, o aluno entra em contato com ela para compreendê-la e dominá-la. No caso do seu uso como ferr