UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “Júlio de Mesquita Filho” Faculdade de Ciências e Tecnologia Campus de Presidente Prudente ANA BEATRIZ TEIXEIRA PINHEIRO MENINA GORDA NÃO TEM VEZ: PROBLEMATIZANDO A GORDOFOBIA E AS CONSEQUÊNCIAS NO DESENVOLVIMENTO DAS CRIANÇAS E ADOLESCENTES Presidente Prudente 2018 ANA BEATRIZ TEIXEIRA PINHEIRO MENINA GORDA NÃO TEM VEZ: PROBLEMATIZANDO A GORDOFOBIA E AS CONSEQUÊNCIAS NO DESENVOLVIMENTO DAS CRIANÇAS E ADOLESCENTES Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Conselho do Curso de Pedagogia da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” - Campus de Presidente Prudente, para obtenção do título de Licenciatura em Pedagogia, sob orientação do Prof. Dr. Divino José da Silva. Presidente Prudente 2018 P654m Pinheiro, Ana Beatriz Teixeira MENINA GORDA NÃO TEM VEZ: problematizando a gordofobia e as consequências no desenvolvimento das crianças e adolescentes/ Ana Beatriz Teixeira Pinheiro. -- Presidente Prudente, 2018 28 p. + 1 CD-ROM Trabalho de conclusão de curso (Licenciatura - Pedagogia) - Universidade Estadual Paulista (Unesp), Faculdade de Ciências e Tecnologia, Presidente Prudente Orientador: Prof. Dr. Divino José da Silva 1. Obesidade. 2. Preconceito. 3. Criança. 4.Escola. I. Sistema de geração automática de fichas catalográficas da Unesp. Biblioteca da Faculdade de Ciências e Tecnologia, Presidente Prudente. Dados fornecidos pelo autor(a). Essa ficha não pode ser modificada. ANA BEATRIZ TEIXEIRA PINHEIRO MENINA GORDA NÃO TEM VEZ: PROBLEMATIZANDO A GORDOFOBIA E AS CONSEQUÊNCIAS NO DESENVOLVIMENTO DAS CRIANÇAS E ADOLESCENTES Trabalho de Conclusão de Curso aprovado como requisito parcial para a obtenção do título de Licenciatura em Pedagogia, pela seguinte banca examinadora: _____________________________________ Orientador Prof. Dr. Divino José da Silva ___________________________________________ Prof. ___________________________________________ Prof. Presidente Prudente, ___ de __________2018. Dedico esse trabalho primeiramente a Deus, que me concedeu a vida, e por estar sempre presente em minha vida, guiando-me tanto nos momentos mais difíceis, como nas alegrias e conquista. E dedico também à minha família, que tanto me apoiou para a realização do mesmo. AGRADECIMENTOS Muitas vezes, a correria do dia a dia nos impede de dar atenção ao que realmente importa: a gratidão. Seja por um simples favor ou por uma grande atitude, o agradecimento nunca deve ser esquecido. Assim, sempre é válido aproveitar as oportunidades para retribuir com um sincero agradecimento a todos aqueles que tornam melhor as nossas vidas. Agradeço primeiramente a Deus que me deu forças para continuar lutando até o fim. A minha família, pai Fausto Eduardo, mãe Neide, avó Cecília, avô Gerson, tios, Odinei e Juraci, tias Cleide e Aparecida e primas Mariana e Fernanda, que não deixaram de me incentivar e me ajudar em momentos que eu pensei que não conseguiria mais e acreditaram no meu potencial quando até mesmo eu havia duvidado. Ao meu orientador Professor Doutor Divino José da Silva que me aconselhou e me ajudou a ter coragem para conseguir falar sobre o tema do meu TCC, um assunto muito delicado para mim. Por fim, mas não menos importante, agradeço também a está Universidade e a todo seu corpo docente por todo o suporte acadêmico durante todos os anos que passei aqui. A arte de ser feliz Houve um tempo em que minha janela se abria sobre uma cidade que parecia ser feita de giz. Perto da janela havia um pequeno jardim quase seco. Era uma época de estiagem, de terra esfarelada, e o jardim parecia morto. Mas todas as manhãs vinha um pobre com um balde, e, em silêncio, ia atirando com a mão umas gotas de água sobre as plantas. Não era uma rega: era uma espécie de aspersão ritual, para que o jardim não morresse. E eu olhava para as plantas, para o homem, para as gotas de água que caíam de seus dedos magros e meu coração ficava completamente feliz. Às vezes abro a janela e encontro o jasmineiro em flor. Outras vezes encontro nuvens espessas. Avisto crianças que vão para a escola. Pardais que pulam pelo muro. Gatos que abrem e fecham os olhos, sonhando com pardais. Borboletas brancas, duas a duas, como refletidas no espelho do ar. Marimbondos que sempre me parecem personagens de Lope de Vega. Às vezes, um galo canta. Às vezes, um avião passa. Tudo está certo, no seu lugar, cumprindo o seu destino. E eu me sinto completamente feliz. Mas, quando falo dessas pequenas felicidades certas, que estão diante de cada janela, uns dizem que essas coisas não existem, outros que só existem diante das minhas janelas, e outros, finalmente, que é preciso aprender a olhar, para poder vê-las assim. Cecília Meireles RESUMO Um problema relacionado a obesidade que reflete muito na vida de todas as pessoas acima do peso é o preconceito. Dentro deste contexto, o presente trabalho visa mostrar, por meio de pesquisas bibliográficas, a forma como a gordofobia atinge as mulheres desde os anos da educação fundamental. Este preconceito permaneceu por muito tempo desconhecido e as pesquisas em relação ao mesmo são recentes. No entanto, a prática gordofóbica existe há um bom tempo. A escolha desse tema surgiu em virtude da autora já ter sido vítima de tal preconceito, mesmo na vida adulta, causando-lhe anos de problemas e tratamentos. Se esse preconceito na vida adulta ocasiona sérios problemas, na infância a reação ao mesmo é ainda pior. Pensando nisso percebe-se a necessidade de pesquisas e ideias que possa levar a pensar em possíveis soluções para trabalhar gordofobia nas escolas. A personalidade da criança é formada na infância, sendo assim, os prejuízos emocionais ocasionados nesta fase podem acompanhá-la pelo resto da sua vida. Além dos problemas psicológicos e sociais as crianças obesas, geralmente são alvo de abuso e discriminações por parte de seus amigos, onde são excluídas das atividades e muitas das vezes ridicularizadas. Tendem, assim, a exibirem sentimentos de inferioridade e rejeição, sensação de fracasso e baixa autoestima. Assim, espera-se contribuir para que se tenha uma discussão ampla nas escolas sobre o preconceito às pessoas que estão acima do peso, na medida em que trata-se de um tema relevante e que pode evitar o sofrimento de crianças e adolescentes. Palavras-chave: Obesidade. Preconceito. Criança. Família. Escola. ABSTRACT One problem related to obesity that reflects a lot in the lives of all overweight people is prejudice. Within this context, the present work aims to show, through bibliographical research, how gordofobia affects women since the years of elementary education. This prejudice has remained unknown for a long time and research on it is recent. However, the fat-phobic practice has been around for a long time. The choice of this theme arose because the author has already been a victim of such prejudice, even in adulthood, causing years of problems and treatments. If this prejudice in adult life causes serious problems, in childhood the reaction to it is even worse. Thinking about this, one notices the need for research and ideas that might lead one to think of possible solutions to work with gophobia in schools. The personality of the child is formed in childhood, so the emotional damage occasioned at this stage may accompany her for the rest of her life. In addition to the psychological and social problems of obese children, they are often abused and discriminated against by their friends, where they are excluded from activities and often ridiculed. They tend, therefore, to exhibit feelings of inferiority and rejection, a sense of failure, and low self-esteem. Thus, it is hoped to contribute to a wide discussion in schools about the prejudice to people who are overweight, as it is a relevant topic and can prevent the suffering of children and adolescents. Keywords: Obesity. Preconception. Child. Family. School. SUMÁRIO 1 Introdução.................................................................................................................. 2. A valorização do corpo............................................................................................. 3. A representação social da obesidade na contemporaneidade.............................. 4. Resultados................................................................................................................ 5. Considerações finais................................................................................................. Referências.................................................................................................................... 09 11 13 15 25 27 9 1. Introdução Minha trajetória acadêmica foi iniciada em abril de 2015, na Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho Campus de Presidente Prudente. Como qualquer pessoa que ingressa na vida acadêmica e precisa ir morar longe de casa, eu estava animada, entretanto, com medo de ser vítima dos olhares maldosos e dos preconceitos despejados sobre mim por estar acima do peso, mas a recepção e o respeito comigo foi melhor do que imaginava. A partir do segundo ano, começaram os estágios obrigatórios. A partir daí, consegui um estágio remunerado. Com os estágios, pude observar nas escolas que frequentava que as crianças acima do peso, especialmente as meninas, eram sempre submetidas a um tratamento inferior. Dessa forma, ao conviver com pessoas obesas, pude ver de perto o quanto essa condição de vida é difícil para elas. As palavras que seus colegas de sala de sala dirigiam às mesmas mostrava um preconceito enraizado e as deixavam tristes, desanimadas, envergonhadas. Dentro deste contexto, percebe-se o sofrimento pessoal que estas pessoas enfrentam, e que o fardo mais pesado que carregam em suas vidas é a discriminação social que enfrentam dia a dia. A única coisa que conseguem se ater é a tão desejada aceitação. Muitas vezes, por meio de seus discursos, essas pessoas expressam um sentimento de fracasso, como por exemplo: “Cansei de ser a única gordinha da família, quero me enquadrar, não quero mais ser o centro das atenções no natal, quero vestir algo e me sentir bem, quero ser magra para comprar roupas que sirvam em mim”. Foi então que recordei das coisas que ouvi depois que engordei. A partir daí meu interesse sobre discutir o preconceito aumentou. Quando me reuni com meu orientador, pensamos sobre qual tema dentro do preconceito eu pesquisaria, e foi então que pensei sobre a gordofobia. Como aluna de pedagogia gostaria de propor uma reflexão para mudar, pelo menos um pouco, esta visão discriminatória em relação à pessoa obesa, mostrar que além daquele corpo existe um indivíduo que ama e quer ser amado, ser aceito e acolhido, e que não precisa apenas conquistar, mas ser conquistado também. O termo gordofobia, que significa “aversão a pessoas gordas”, ainda é recente, pois este é um problema que ganhou reconhecimento como preconceito a pouco tempo. Por esse e outros motivos é necessário que se fale e pesquise mais sobre o mesmo. 10 Ao tratar de saúde, principalmente no ambiente escolar deve-se levar em conta a importância dessa pesquisa. Em meio a uma enorme gama de problemas de saúde em um ambiente escolar, este trabalho de pesquisa aborda a gravidade do preconceito conhecido como gordofobia. Ao escolher este tema, o fiz para tentar compreender a discriminação do obeso, que é também um tipo de violência. Este trabalho problematizou algumas questões como: Qual mal estar uma sociedade como esta pode causar em alguém que não se enquadra aos padrões pré- estabelecidos? Se a obesidade não fosse alvo de preconceito e rejeição, tantas pessoas, mesmo não sendo tão magras desejariam perder peso? Como e por que a obesidade se tornou tão polêmica em nossa atualidade? É comum uma criança obesa ser discriminada no contexto escolar? Perante uma sociedade que exige padrões de beleza, a criança obesa sofre discriminações, principalmente no âmbito escolar. Sendo que esta mesma pode se desenvolver com igual desenvoltura as atividades propostas pela professora para todas as crianças em sala. Diferente da sociedade que vê a criança obesa com olhos de preocupação, no ambiente escolar onde a maioria dos participantes, em processo de aprendizagem, são também crianças, pressupõe-se outro olhar àquela criança obesa que está inserida nesse meio. Aos olhos dos colegas, aquele aluno gordinho é apenas um aluno gordinho. A preocupação com a estética nesse tipo de ambiente onde os membros estão em fluxo de aprendizagem é essencial para haver uma socialização normal, sem diferenças e que caminhe sem problemas, ou seja, em um grupo de alunos onde todos são magros, não vai haver uma possível discussão de estética, mas em um grupo de alunos onde quatro são magros e um é gordo, possivelmente haverá uma distinção em relação a esse aluno que aos olhos dos outros é “diferente”. Numa situação mais grave, as crianças obesas na escola são vítimas de preconceitos, os quais só pioram a situação dessas crianças, fazendo com que não se sintam estimuladas a mudarem de hábitos e acabam sofrendo ainda mais. Deste modo, busca-se mostrar com este trabalho a gravidade e as consequências da gordofobia que, cada vez mais, atingem as crianças desde muito cedo. Portanto, é preciso que a família e a escola estejam atentas e sejam orientados para prevenir e tratar da saúde das crianças no contexto familiar, social e escolar A obesidade em crianças e adolescentes vem se tornando um grave problema de saúde pública, à medida que sua prevalência cresce, tanto em países desenvolvidos como em países em desenvolvimento. A Organização Mundial da Saúde considera que a obesidade infantil já 11 se tornou uma epidemia Sendo assim, busca mostrar por meio deste trabalho a gravidade do preconceito conhecido como gordofobia e como o mesmo possuí um impacto negativo e excludente na vida das mulheres desde muito cedo. Como objetivos específicos têm: a) Pensar a prática do preconceito contra crianças gordas no contexto escolar; b) Caracterizar o papel da escola no combate a gordofobia; c) Identificar por meio de levantamento bibliográfico quais são as indicações que os estudiosos do tema apresentam para a abordagem do mesmo no contexto escolar. Com o intuito de descrever e refletir sobre a gravidade do preconceito conhecido como gordofobia, esse estudo se desenvolveu a partir de pesquisa bibliográfica. A pesquisa bibliográfica tem por objetivo conhecer as diferentes contribuições científicas disponíveis sobre determinado tema. Ela dá suporte a todas as fases de qualquer tipo de pesquisa, uma vez que auxilia na definição do problema. Para tanto, esse trabalho foi realizado por meio de pesquisa em livros e base eletrônica de dados, como: SciELO (Scientific Eletronic Library online) e Google Acadêmico, utilizando os seguintes descritores: obesidade, preconceito e escola. Os critérios de inclusão dos artigos definidos serão: artigos com idioma português, com os resumos e textos completos, disponíveis nas bases de dados selecionadas, no período de 2000 a 2018. 2. A valorização do corpo Desde a infância a menina aprende que a crítica ao corpo e a aparência das demais é algo completamente normal e admissível. Há ainda uma defasagem muito grande no conhecimento da criança gorda do quão embaraçoso é para a mesma crescer tendo como referências imagens que não a representam. Uma representação bem clara dessa temática são os desenhos que muitas vezes mostram princesas ou personagens magras e felizes que esperam pelo protagonista perfeito. Até mesmo na escolha dos brinquedos a criança gorda acaba por se frustrar ao não encontrar na loja uma boneca que tenha o corpo semelhante ao dela. Enfim que a represente hoje, a imagem refletida no espelho torna-se um elemento fundamental dentro de nossa sociedade. Nota-se em todas as classes sociais uma preocupação excessiva com a imagem e um padrão de beleza imposto. 12 Segundo Berger e Luckmann (2000), formamos nossa identidade e, portanto, a representação e construção do eu como sujeito único e igual a si mesmo a partir de processos sociais que podem ser remodelados, modificados numa relação dialética com a sociedade formando assim nossa realidade subjetiva, isto é, essas relações dialéticas trouxeram mudanças nos padrões de beleza feminina através de discussões que ultrapassaram séculos. Este pensamento pode ser justificado quando pensamos nas pinturas que refletiam a imagem feminina, onde as mulheres sempre estavam nuas, como por exemplo, a obra de Rodolpho Amoêdo intitulada “Marabá”, 1882. Entendemos que para a sociedade naquela época, as curvas volumosas era uma questão de saúde e de mulheres bem alimentadas, além de um padrão de gostos e costumes culturais. Neste sentido, podemos falar sobre a dialética num contexto histórico, sendo possível notar que através das trocas há um processo de transformações de verdades que resultarão em novas definições, isso explica o porquê o padrão estético também é discutido ao longo dos anos, pensamos assim que, nos próximos séculos a cultura poderá ser diferente e os padrões hoje estabelecidos também serão diferentes e questionados por quem avaliar o passado que hoje é o nosso presente (BERGER; LUCKMANN, 2000). Estes processos implicam na formação e conservação da nossa identidade, essa identidade pode ser distorcida pelo sofrimento que passam os indivíduos com obesidade ou não, que estão fora dos padrões preestabelecidos de beleza e não encontram força para transformar essa realidade, chegando assim o preconceito, motivo de exclusão e de transtornos oriundos de uma exigência inesgotável, transformando a realidade deste sujeito, que estigmatizado, passa a constituir novos conflitos, uma vez que vivemos em grupo e somos frutos de uma inter-relação que muitas vezes se quebra pelos padrões que servem para julgamentos e depreciação do sujeito. Neste contexto, a ideia de identidade vem, de acordo com as palavras de Ciampa (2004, p.61), quando a identidade se envolve em uma representação num tríplice sentido, onde eu me represento quando sou representante de mim, uma identidade pressuposta e dada como sempre autêntica; eu me represento, em consequência, desempenhando papéis, ocultando outras partes de mim não contidas na minha identidade; e eu me represento, finalmente, enquanto reponho no presente o que tenho sido numa identidade posta em metamorfose. Através desta dialética procuramos entender como se dá a representação do indivíduo com obesidade mórbida. 13 A definição da palavra obesidade encontrada nos dicionários, é a gordura com proeminência no ventre, ou excesso de gordura, pela sobrecarga adiposa do tecido subcutâneo, porém o que não está explícito em nenhum dicionário é a definição da obesidade como uma doença crônica não transmissível cujos efeitos geram angústia trazendo sérias consequências para a saúde física e mental do indivíduo. Ambivalência está presente na alarmante informação de que a obesidade é considerada uma epidemia mundial (atingindo cerca de um terço da população mundial e cerca de 36% da população no Brasil) carente de controle imediato e por outro lado a representação social do indivíduo obeso como um desclassificado, sem força de vontade com sentimentos de baixa autoestima colocando-se fora dos padrões estabelecidos, este estereótipo criado pela figura do obeso que de doente passa a “relaxado”, “guloso”, “desleixado” ou “preguiçoso”, sendo o obeso sempre alvo de comentários e piadas, não levando em consideração que o excesso de peso tira a disposição física e psíquica, limitando seus movimentos (WANDERLEY; FERREIRA, 2010). Desta forma, as pessoas acabam marginalizando o indivíduo com obesidade. Sawaia (2007) nos traz bem essa ideia quando nos diz que o excluído não é o responsável pela exclusão social criada e que dificilmente o excluído será capaz de superar seu sofrimento por si mesmo, que este sofrimento não tem a gênese nele, e sim nas intersubjetividades delineadas pela sociedade. Desta forma, uma mulher que se acha muito gorda e faz uma redução de estômago (cirurgia de gastroplastia) e após a cirurgia elimina 70 kg, neste momento esta mulher passa, simultaneamente, a estar e a interagir no mundo de forma diferente. Com a perda de peso ela começa realizar desejos que antes eram considerados impossíveis pela não aceitação do outro, como sair em público e não se sentir o centro das atenções. A aceitação de certa forma torna- se simultânea, a mulher se sente aceita, e o outro não a rejeita. (NOVAES, 2006). Todas estas questões atinentes à gordofobia estão relacionadas à representação social da obesidade na contemporaneidade, a qual será tratada no tópico a seguir. 3. A representação social da obesidade na contemporaneidade Para entendermos melhor, a obesidade é um problema na conexão do que é ingerido e do que se gasta de energia. Por causa dessa falta de conexão, acontece o acúmulo de gordura caracterizando a obesidade e os respectivos riscos de saúde associados a esse acúmulo. 14 É básico entender que a obesidade é um desequilíbrio entre o que é ingerido e o que se gasta de energia. Durante muito tempo, acreditou-se que era obeso quem comia demais; até hoje muitas pessoas têm essa ideia que parece não ter muito fundamento científico, pois nem sempre o problema é a ingesta alimentar. Recentes pesquisas confirmam que algumas crianças obesas realmente podem comer menos que seus colegas magros. A diferença é que algumas pessoas têm taxas metabólicas mais altas, ou seja, elas queimam mais calorias por existirem variações na secreção de substâncias e hormônios responsáveis pela regulação do processo de queima de gordura (VIUNINSKY, 2000 apud RECKZIEGUEL, 2006, p. 226). Estar em dieta nos dias atuais significa demonstrar autocontrole, disciplina e determinação. Confessar os pecados da gula é uma prática reforçada pelos programas de emagrecimento e pelos grupos de autoajuda. Os Comedores Compulsivos Anônimos (CCA) estimulam os participantes a confessarem diante do grupo seus deslizes diante da comida. O obeso neste tipo de tratamento é tratado como dependente e deve evitar a compulsão pela droga/comida. Alimentar-se não é mais considerada uma necessidade fisiológica espontânea, estamos cheios de regras de como devemos e não devemos nos alimentar. Enfim a gordura do corpo se transformou no inimigo número um da sociedade contemporânea (STREY; CABEDA, 2004). Garine e Pollock (1995 apud STENZEL 2003) reforçam a ideia de que a palavra obesidade tem uma forte conotação negativa, contudo estar em dieta significa demonstrar controle da mente sobre o corpo. Criou-se uma nova divisória na sociedade moderna, divisória como pode ser destacada com uma linha separando os magros e os gordos, e que tem como consequência a vergonha, a culpa, o isolamento daqueles que não correspondem aos padrões, não se encaixar nas medidas significa ser diferente e ou deficiente. Nossa sociedade vive um conflito entre desejo e o controle, em que o controle deve predominar. É também um conflito entre corresponder a natureza e suas reais necessidades corporais e alimentares, ou à artificialidade imposta por um sistema que visa o controle e a necessidade de atingir uma imagem corporal estabelecida social e culturalmente. Assim a sociedade se apresenta repleta de conflitos e dicotomias que separam mente e corpo; desejo e controle; natureza e cultura; obesidade e magreza. Porém a dicotomia entre magro e gordo perpassam as diferentes relações como: relações de trabalho, de gênero, de raça, de classes econômicas, culturais entre outras. E essas dicotomias podem servir como forma de inclusão e exclusão dos indivíduos nos diferentes terrenos (GARINE; POLLOCK, 1995 apud STREY; CABEDA, 2004). 15 Segundo Strey e Cabeda (2004), o corpo hoje ocupa um espaço de soberania no sentido de definir o que somos e o lugar que ocupamos, a essência da nossa identidade parece estar ligada diretamente àquilo que temos e ao corpo que temos. Como, por exemplo, servir em uma calça de número pequeno e não servir parece percorrer significados diversos. Ao mesmo tempo em que um corpo frágil e magro, que serve em calça pequena, pode nos levar a uma ideia de uma identidade também frágil, que se sujeita ao imperativo do corpo; servir nas calças também confere ao indivíduo uma espécie de prazer e poder. A palavra poder pode ter um duplo sentido; tanto de poder/possibilidade, no sentido de poder ser alguém; quanto o poder posse, poder de consumo, poder nas relações. Um corpo magro considerado frágil parece possibilitar para esse indivíduo um vir a ser alguém; um vir a ser um profissional, um vir a ser uma namorada (o). 4. Resultados Diante da literatura apresentada, pode-se verificar que a gordofobia é um mal que traz sérias consequências para as crianças. De acordo com Cortes (2018, p.01), O termo Gordofobia significa “aversão a pessoas gordas”. Nada mais é do que um tipo de preconceito. É difícil compreender porque uma característica física pode virar alvo de repugnância por parte de algumas pessoas, entretanto, o termo gordofobia nunca esteve tão presente na sociedade brasileira como nos últimos anos. Mesmo com muitas campanhas de conscientização espalhadas pela mídia, os casos de Gordofobia não param de crescer. Seja no ônibus, onde uma pessoa com a circunferência maior não passa na catraca, ou em algumas lojas de roupas que criam um padrão extremamente pequeno, apontando que uma pessoa que veste acima de 44 veste um tamanho especial. Segundo Mariuzzo (2006), a cultura tem um papel importante no modo pelo qual as mulheres percebem a obesidade. Segundo a autora em uma pesquisa feita na Universidade de Yale, Estados Unidos, enquanto para as mulheres brancas a obesidade representa uma imagem negativa e uma perda tanto de atração sexual, quanto de autoestima, na cultura negra a obesidade foi definida de modo positivo entre as representantes de comunidades negras, estando ligada à atração e desejo sexual, força, bondade, autoestima e aceitação social. Em algumas comunidades africanas, a gordura é sinal de riqueza e saúde e podem aumentar as chances de fazer um bom casamento. 16 Ainda segundo Mariuzzo (2006), em Níger, país da África Ocidental, as mulheres da comunidade Djerma se preparam para o casamento fazendo um regime para engordar. As mais bonitas não têm um manequim menor que 48. Esta beleza também pode ter um alto preço. Da mesma maneira que o ideal de magreza empurra para dietas perigosas, o processo de ganhar peso entre as djerma, também coloca em risco a saúde dessas mulheres. Entre os instrumentos que lançam mão está o uso de suplementos alimentares, às vezes de uso animal que são mais baratos que comida e remédios para abrir apetite sem acompanhamento médico, estes riscos são encarados com naturalidade, pois fazem parte do processo de engorda. Homens que têm esposas magras é motivo de piada. A gordura também está associada com a capacidade de ter e criar filhos, daí são valorizados seios grandes, quadril e nádegas avantajados. O que podemos observar que para se alcançar o corpo ideal aos ditames sociais, muitas vezes os indivíduos se submetem a diversas técnicas. Assim como em nossa sociedade as mulheres se submetem a práticas perigosas como intervenções cirúrgicas, as mulheres desta região se submetem a intervenções perigosas tanto quanto uma cirurgia, tudo estar relacionado à aceitação social. Outra questão importante levantada por Teti (1995 apud STENZEL, 2003) é de que algumas regiões, ou alguns países que foram marcados pela escassez de comida podem apresentar como característica uma apreciação pela gordura do corpo, pois esta estaria associada ao maior poder aquisitivo. Ou uma mesma região também pode viver períodos históricos diferentes em que a obesidade pode passar de padrão estético a ser seguido, para uma posterior rejeição. Teti (1995 apud STENZEL, 2003) aborda esta questão trazendo como exemplo a região da Calábria, na Itália, que na década de sessenta, quando o número de indivíduos obesos começou a aumentar, que esta região começou a se preocupar com a restrição alimentar e a redução de peso. Segundo Teti (1995 apud STENZEL, 2003) o culto ao corpo magro foi importado da indústria alimentar e do mundo da moda, que já haviam criado um modelo global de saúde e estética que até então não havia atingido a região. Nasser (1997 apud STENZEL, 2003) levanta a questão de que existe uma crença em relação à preocupação do peso e o desejo pelo corpo magro são características unicamente da cultura ocidental. Mas através de uma revisão de alguns estudos, esta preocupação com o excesso de peso, e consequentemente o alto índice de transtornos alimentares, não é privilégio somente da cultura ocidental. As formas como a sociedade vêm se organizando, a tendência à uniformização e à globalização tem provocado certa similaridade inclusive na forma como 17 percebemos e lidamos com o corpo. Uma das hipóteses levantadas por estes estudos é de que quanto mais influenciada pela cultura ocidental, maior é a preocupação da população com o corpo, e maior o risco para os transtornos alimentares. Nasser (1997 apud STENZEL, 2003) também afirma que as patologias de forma geral, assumem características e sintomatologia diversas, dependendo dos fatores culturais que determinada sociedade apresenta, e da época em que se manifesta. Determinados comportamentos assumem status de doença dependendo da época em que estão inseridos. O que hoje é considerado patologia, em uma determinada época poderá ter sido saudável. Como por exemplo, o vômito – induzido que hoje é considerado como um dos principais sintomas de bulimia nervosa. No Egito, no início do século XX, o vômito era prescrito pelos médicos como forma de eliminar os excessos e os males provocados pela comida. A medicina árabe também partilhava desta ideia, em seus manuais ensinava de que forma os pacientes deveriam provocar o vômito. O mesmo entendimento se tinha com relação à privação de alimentos justificada por razões espirituais e religiosas, como por exemplo, na Itália Medieval o hábito de passar fome era uma tentativa de alcançar o triunfo da alma em detrimento das necessidades carnais. O que no passado era visto como triunfo da alma, hoje está relacionado ao medo da obesidade. Segundo Garine e Pollock (1995 apud STENZEL, 2003) esse medo é característico da civilização moderna, urbana e industrializada e alcança níveis obsessivos no hemisfério norte, e principalmente nas culturas protestantes, enquanto que no sul da Europa nos países católicos, o temor à obesidade se dá de forma mais branda. Porém, ao mesmo tempo em que apontam as diferenças, os mesmos autores referem que o medo a obesidade tem se espalhado de forma espantosa por todos os continentes devido ao estilo de vida dominante do ocidente assegurado pelo monopólio da mídia. Assim a obesidade é vista representada de forma diferente nas diversas culturas, para entendermos como nossa cultura aborda o problema da obesidade é fundamental entender o papel da mídia. A comunicação é uma arma poderosa se considerar o seu poder de manipulação de informações. Os meios de comunicação de massa são agentes formadores de opinião e criadores-reprodutores de cultura (FELLIPE, 2004). Para Thompson (1998 apud STENZEL, 2003), o uso dos meios de comunicação implica uma criação de novas formas de ação e de interação do mundo social, novos tipos de relações sociais e maneiras de relacionamento do indivíduo com os outros e consigo mesmo. E uma das características da sociedade contemporânea é a de que as experiências e os 18 acontecimentos que vivenciamos, não precisamos necessariamente estar relacionados ao contexto social que vivemos. O autor chama essa característica de esfera pública mediática, e os meios de comunicação têm papel importante nesta nova forma de relacionamento. Segundo Thompson (1998 apud STENZEL, 2003) na contemporaneidade existem três formas diferentes de interação entre os indivíduos: a interação face a face (forma clássica de interação entre os indivíduos) a interação mediada, e a interação quase mediada. A interação quase mediada se refere: [...] às interações criadas pelos livros, pelos jornais, pelo rádio e pela televisão, se caracteriza pelo fato de por um lado possuir um caráter mono lógico, no sentido de que a informação flui claramente em uma só direção, e por outro lado, se tratar de uma forma de interação, na medida em que ela cria certo tipo de situação social através da qual os indivíduos são conectados por meio de um processo de comunicação e troca simbólica (THOMPSON, 1998 apud STENZEL, 2003, p. 55). . Champagne (1998 apud FELLIPE, 2004) considera que a mídia quando comprometida com a defesa de interesses, fabrica acontecimentos a fim de configurar a realidade que se visa divulgar. Então as mensagens são elaboradas e lançadas ao grupo social, a partir daí essas mensagens formam e transformam o modo de pensar e de agir do grupo alvo, isto é, interfere na cultura local. Cabe aqui uma reflexão, se a mídia limita apenas em informar aquilo que parece ser mais interessante e até mesmo lucrativo, isso pode ser considerado ideológico. Segundo Brandão et al. (2004) a ideologia, presente na relação do indivíduo com a sociedade, serve à perpetuação da dominação quando apresenta o real revestido de ilusão, por que mascara as fontes que podem emancipar o homem de seu próprio aprisionamento. Esta ideologia que oprime os indivíduos foi criticada por Marx e Engels (1996 1996 apud BRANDÃO et al., 2004, p.12) e definida “como conjunto de ideias que tem como função justificar a realidade social, analisando-a por meio da aparência de seus fenômenos em detrimento de sua essência, negando com isso a possibilidade de sua transformação”. Segundo Fellipe (2004), a representação social constitui um dos conceitos fundamentais do modo de vida e do cotidiano, estando relacionada à ideologia, por um lado expressa a fragmentação da consciência cotidiana, por outro, o poder simbólico, essa dominação simbólica é exercida por meio da linguagem, dos símbolos e signos por onde veicula a comunicação. Portanto se as representações sociais da obesidade contem características ideológicas, ela está sendo construída através do que envolve o obeso. A venda 19 de informação desconsidera a repercussão que esse tipo de pressão exerce na saúde pública, ao carregar o sentido de um modelo ou padrão de beleza inatingível e destratar a doença obesidade, colocando-a como apenas um problema de gula, desleixo ou preguiça. Esses também são estereótipos criados pela figura do obeso que de doente passa a relaxado, deixando para emagrecer somente à véspera do verão. Para Stenzel (2003) o estudo da mídia contribui fortemente para compreensão dos fenômenos sociais e psicológicos, por que aquilo que é publicado (público) diz algo sobre as pessoas, sobre seus valores, sobre a sua cultura sobre a sua ideologia. A autora utiliza como referência Peter Spink (1999), o qual em relação à utilização de documentos públicos para esse tipo de estudo. Os documentos de domínio público refletem duas práticas discursivas como gênero de circulação, como artefatos do sentido de tornar público, e como conteúdo, em relação àquilo que está impresso em suas páginas. São produtos em tempo e componentes significativos do cotidiano; complementam, completam e competem com a narrativa e a memória (SPINK, 1999 apud STENZEL, 2003, p.57). Neste sentido ao analisar esses documentos, podemos observar como ela é extremamente ambivalente ao abordar o tema obesidade/magreza, ao mesmo tempo em que reforça a ideal de magreza parece estimular a obesidade através de seu apelo ao consumo oral. As propagandas costumam trazer duplas mensagens: incitam-nos a provarmos novos e deliciosos alimentos, em contrapartida mostram modelos e atrizes, homens e mulheres exibindo corpos esculturais por detrás de alimentos saborosos. As propagandas relacionadas a dietas possuem um conteúdo apelativo no que se refere ao ideal de corpo magro, mas também reforçam o consumo de alimentos, mesmo que dietéticos (MINUZZO, 1993 apud STENZEL, 2003). Ao pensarmos em propaganda quem nunca viu em várias vezes no intervalo da novela ou do jornal uma propaganda da Sadia ou Mc Donald? Segundo Minuzzi (1993 apud STENZEL, 2003) assim como a mídia escrita a televisão também é palco para o tema obesidade. Um levantamento do percentual de propagandas voltadas para o consumo oral em dois canais de televisão do Brasil constatou que em média 55% das propagandas apresentadas estão relacionadas à comida, cigarro ou bebida, uma sociedade capitalista, extremamente consumista, muito voltado para a oralidade. Como por exemplo, a propaganda da Sadia que estreou no dia 15 de março, 2011, falando sobre uma de suas refeições prontas com gostinho de comida caseira, como o 20 escondidinho de carne moída. Neste comercial um casal comenta entre si sobre o cheirinho bom no ar, então o marido lembra o escondidinho de carne que sua mãe fazia. Então a mulher comenta: “que a cozinheira nova deve ser muito boa”. O marido tem a ideia de ir até o apartamento vizinho, para pedir açúcar e quem sabe ser convidado para jantar. Quando ele toca a companhia é atendido por rapaz, que pergunta: “O que foi mano”? Então o marido, trêmulo responde: “Desculpa é que eu esbarrei na compainha”. Então o comercial termina assim escondidinho Sadia, para agradar todos os tipos de família. O que se observa nesta propaganda é que a comida pronta e natural, muitas vezes é reprovada por médicos e nutricionistas. E os personagens desta propaganda não são obesos. Nada é falado sobre os riscos deste tipo de alimentação. Esses comerciais são apresentados diariamente na TV, no intervalo de jornais, que retornam com uma reportagem sobre alimentação. Como uma reportagem que foi apresentada no Jornal Hoje, por Mariana Gross (2014), falando sobre o consumo de frutas e legumes tendo uma alimentação saudável, sobre ingerir vitaminas diárias encontradas nas frutas e legumes e 90% dos brasileiros se alimentam de forma inadequada. A revista Super Interessante publicou uma reportagem com Ana Carolina Prado (2011), entrevistando uma coordenadora do departamento de nutrição da rede de produtos naturais Mundo Verde, que condena a prática de comidas congeladas, e que seu uso deve ser no máximo uma vez por semana. A reportagem adverte que podem causar hipertensão arterial, problemas cardiovasculares e provocar a obesidade. Essa notícia não é passada durante a propaganda, ou uma orientação ao consumidor para ler o rótulo. Como a nutricionista recomenda na reportagem. Segundo Stenzel (2003), as revistas de circulação nacional abordam o tema obesidade com frequência e algumas vezes estes aparecem em destaque. Um exemplo abordado pela autora é a revista Veja que já teve o tema de capa algumas vezes. Que somente os títulos destas reportagens, aliados às imagens trazidas pela revista, já seriam suficientes para uma rica análise: “Gordura tem remédio”, “O golpe nos Gordos”, “O medo da balança”, “A guerra das dietas”. São apenas algumas manchetes de capa entre tantas outras reportagens pela revista nos últimos anos. Kilbourne (1994 apud STENZEL, 2003) aborda o tema da mídia e sua relação com a obsessão pela magreza de forma bem específica. A autora coloca que a imagem feminina trazida como ideal tem um impacto muito grande sobre a vida psicológica e social das mulheres a odiarem seus corpos e sentirem-se inferiores. As propagandas americanas é um exemplo, de utilização de modelos extremamente magras, e segundo a autora, somente 5% da 21 população feminina dos EUA correspondem ao padrão divulgado como ideal, ou seja, 95% das mulheres americanas são excluídas do que é considerado normal e belo. A maioria das propagandas direcionadas ao público feminino não se caracterizam pela crítica, pelo contrário reforçam estereótipos e fazem com que as mulheres acreditem que alcançar o corpo divulgado como ideal, significa sucesso, poder e liberdade. As mulheres são estimuladas pela mídia a serem supermulheres que conseguem combinar a carreira como o cuidado da família, desde que usem os produtos certos. (KILBOURNE, 1994 apud STENZEL, 2003). Segundo Maciel e Pinheiro (2007), através de uma análise acerca da representação da figura feminina magra nas capas da revista Veja, buscando identificar os valores associados a esta figura. Através dessa análise concluíram uma superexposição do corpo feminino e enaltecimento da magreza. Ao compararem os primeiros seis anos subsequentes ao lançamento da revista, com as publicações dos últimos seis anos, observaram uma exaltação cada vez maior à figura feminina, do físico e da fama. Por parte da medicina, tradicional e alternativa, percebe-se uma demonização da gordura. As mulheres na maioria das vezes são magras e esta magreza associa-se a saúde, a riqueza, a fama e a liberdade no mercado de trabalho. A magreza é realmente incentivada e valorizada por esta mídia, que está permeada de símbolos que seduzem e trazem promessas de felicidade se obedecidos e seguidos. Esta imagem magra é mostrada como símbolo para alcance do poder e reconhecimento social. Os meios fornecem símbolos, para se atingir um reconhecimento, persuadindo as pessoas a utilizarem esse meio, mostrando muitas vezes implicitamente, que assim conseguirão ser amados, invejados, poderosos e reconhecidos. O corpo magro é coberto de ótimos valores e repassado assim para a grande massa. Como podemos ver a mídia nos traz formas variadas de repostas para resolvermos nossos conflitos, e parece que sempre estamos aceitando e comprando essas ideias, de que ser magro é solução para um ótimo relacionamento, vida profissional e melhor ser aceito socialmente. De acordo com Brody (2017, p.01), “o preconceito talvez não seja consciente por parte de quem o manifesta, mas pode ter forte influência no comportamento da pessoa. [...] Explícita ou não, a gordofobia pode ser contraproducente, afetando a capacidade dos obesos de emagrecer e se manterem assim”. A obesidade pode ser vista hoje com muita preocupação pela sociedade, mas também como um preconceito em relação à pessoa obesa que parece ser a única responsável pela sua condição, não lhes vem à cabeça quando se deparam com elas que existem vários fatores por 22 trás dessa condição vivida pela pessoa, como por exemplo, fatores orgânicos, psicossociais e ambientais. Mas na realidade esse desprezo ao obeso e valorização da magreza se inicia na infância, em uma sociedade onde um corpo perfeito, saudavelmente malhado, um caminhar de passo leve é cada vez mais aceito ou valorizado, a obesidade é sem qualquer dúvida, uma das mais perigosas formas de discriminação. Ser gordo em uma sociedade como a nossa significa viver em permanente autoflagelação, privações, desentendimentos tão simples como aceitar a forma de seu próprio corpo, de amar e ser amado, isso significa uma luta permanente contra o preconceito que todos alimentamos diariamente. A obesidade está ligada simultaneamente ao campo das ciências médicas que trata do fenômeno como um conceito ligado a doença e à saúde, e às ciências sociais e à mídia que orientam de diversas formas o meio de tratar a doença “obesidade”, com receitas milagrosas e enganosas. A grosso modo significa dizer “só se continua doente e obeso quem quer”, como se o fato de ser obeso fosse uma decorrência da vontade dos sujeitos. Neste modo de tratar e lidar com a obesidade está implícita a não aceitação social da obesidade. Ao se desviar o termo obesidade para o campo da ciência psicológica que se dedica às relações e ao bem estar emocional das pessoas, pode-se possibilitar outro olhar em relação à obesidade. Segundo Stenzel (2003), a ciência psicológica também aborda fenômenos psicossociais e histórico-culturais que envolvem o problema, tentando através da conscientização diminuir o preconceito que de certa forma, foi instalado e que pode acarretar nas pessoas obesas um sofrimento psicológico. Stenzel (2003), diante de sua experiência ao acompanhar pessoas obesas por alguns anos, destaca que o sofrimento do obeso não é menos importante do que o do negro, do que o do deficiente físico, do que o do velho. Os indivíduos obesos se sentem cada vez mais isolados do mundo dos magros, como se estivessem vivendo em um mundo que não foi feito para eles. As consequências são a depressão, o isolamento, problemas com álcool e drogas, e o mais importante, justamente relacionado à comida e ao peso. No estudo realizado por Ogden e Evans (1996 apud SAUR, 2007), os autores ressaltaram que o obeso vai perdendo a imagem que tem de si mesmo e consequentemente sua autoestima, sendo que atribuem ao seu corpo obeso coisas ruins que acontece a ele, as influências das normas sociais de magreza geram efeitos do “ato de se pesar” no humor, na autoestima e na imagem corporal. Na infância, o problema é ainda maior. Além dos riscos orgânicos que a obesidade pode acarretar não podemos nos esquecer dos fatores relacionados ao convívio social e aos 23 aspectos psicoemocionais, as crianças “gordinhas” são frequentemente alvos de preconceito, principalmente no âmbito escolar (OLIVEIRA; DINIZ, 2009). [...], é muito comum vê-los se queixando de irem a escola ou ainda , pedindo para mudá-los da escola em função de piadas e apelidos que ocorrem; ou desistindo de participar de esportes para evitar expor o corpo ou porque não conseguem ter o mesmo desempenho dos outros garotos do time; ou recusando-se a ir uma festa porque se acham diferentes e nenhuma roupa fica boa; tudo isto faz com que eles se afastem dos amigos (LEMES, 2005, p. 96). O âmbito familiar por vezes pode agravar o problema, reduzindo ainda mais a autoestima desta criança/adolescente, apelidos pejorativos são utilizados em momentos de raiva onde os próprios irmãos (magros) fazem piadas desconsiderando o sentimento deste indivíduo, os pais também podem exigir demais do filho, na ânsia de ter um filho “magro” fazem ameaças, chantagens, impõem regras absurdas para que o mesmo emagreça (LEMES, 2005). As crianças passam a conviver com uma discriminação social diária, são excluídas das brincadeiras, deixadas por último nos jogos em que os próprios alunos escolhem um ‘time’ (e ainda suportam o ar de desanimo quando o colega de classe percebe que só o ‘gordinho (a)’ sobrou e terá de ficar em ‘seu’ time, consideram o jogo perdido por culpa do colega obeso), não são convidadas para as festinhas de aniversário, e no caso das meninas obesas é como se elas fossem verdadeiras “aberrações”, já que existe uma maior exigência cultural com o sexo feminino, o grupo de meninas ‘escravizam’ estas colegas e agem como se elas não tivessem direito a nada, criticam, rotulam e caçoam todas as atitudes das amigas obesas (LEMES, 2005). A submissão é um comportamento facilmente observado dentre os obesos, que acabam se submetendo a qualquer atitude que os tornem parte integrante do grupo, não consegue dizer não para um pedido ou uma ordem, por mais que a realização da mesma o prejudique, suas vontades estão sempre em último lugar, tudo em prol da aceitação do grupo (LEMES, 2005). “Os adolescentes estão mais susceptíveis à provocação baseada no peso, uma vez que é colocada em causa a imagem corporal e autoestima, o que poderá prejudicar o desenvolvimento da identidade, que ocorre dentro desta faixa etária” (SABRINA, 2006 apud FELGUEIRAS, 2011, p. 43). Começam a sentir-se incapazes para fazer qualquer coisa, ficam desmotivados e acham que não adianta tentar, afinal “eles não conseguirão 24 mesmo”. A autoestima está muito baixa, eles começam se achar insignificantes, e as vezes acabam achando uma maneira de se relacionar com os colegas, sendo o “bonzinho” do grupo, e a ele caberá fazer o que os demais não fazem. Ele deve fazer o trabalho dos outros amigos, passar cola, ajudar nos estudos, realizar trabalhos braçais e desta forma será então permitida a sua participação no grupo. E é claro: tudo isto deverá ser realizado com muita simpatia, ele deverá estar sempre feliz (LEMES; FISBER, 2005, p.100). De acordo com Luiz (2005), crianças obesas possuem uma pré-disposição maior para o surgimento de problemas de saúde, e devido ao envolvimento de aspectos emocionais relacionados à obesidade, muitas vezes são desenvolvidos problemas psicológicos, existem várias observações clínicas que chegam a relacionar a obesidade com casos de depressão. As crianças obesas são frequentemente importunadas pelos colegas e menos aceitas do que as crianças com peso normal. Ao longo da vida, o excesso de peso traz outras dificuldades, como menor índice de empregos, timidez e problemas de relacionamento afetivo. Devido a tais dificuldades, muitas vezes os indivíduos obesos sofrem ou impõem-se restrições diante de atividades rotineiras como ir à escola, fazer determinados exercícios físicos, procurar emprego, comprar roupas, namorar e divertir-se (DAMIANI et al., 2002 apud LUIZ et al. 2005, p. 374). Luiz (2005) chama a atenção para as problemáticas psicossociais e comportamentais relacionadas aos indivíduos obesos, acredita que tanto o funcionamento físico quanto o psíquico desses indivíduos pode ser prejudicado pelo estigma e discriminação vivenciados nas relações sociais reduzindo assim a qualidade de vida. Os resultados de um longo estudo feito com mulheres que estão acima do peso desde a adolescência apontaram que as mesmas tiveram menos anos escolares completos, nem todas as participantes chegaram a se casar e uma renda familiar baixa quando comparadas com mulheres não obesas, as participantes também relataram insatisfação com o próprio corpo e sentimento de diferença para com os demais (KELLER; STEVENS, 1996 apud LUIZ et al. 2005). “Analisando a literatura, percebe-se que é encontrada uma relação entre a obesidade infantil e aspectos psicológicos, tais como depressão, ansiedade e déficits de competência social” (LUIZ et al. 2005, p. 374). Dessa forma, existe uma estreita relação entre obesidade infantil e aspectos psicológicos, assim como problemáticas ligadas às relações da criança obesa no âmbito escolar, é importante destacar aqui que tais problemáticas se estendem para muito além dos muros da escola, repercutindo diretamente em todos os aspectos das relações sociais devido a situações humilhantes vivenciadas pela criança (OLIVEIRA; DINIZ, 2009). 25 A criança obesa, devido a seu estigma e consequente classificação e inferiorização, sofre constantes atos de violência na escola. Porém, o preconceito não deve ser entendido como uma construção social que se isola e se constrói somente no ambiente escolar. Existem vários fatores que, além das distorções de estereótipos construídas na escola, provocam a estigmatização do obeso – entre eles, os signos existentes em seu corpo e no ambiente familiar (MATTOS et al., 2012, p. 80). Segundo Mattos et al. (2012), é preciso pensar que quando uma criança pratica um ato de violência contra um colega obeso na escola, ele está reproduzindo um comportamento aprendido em suas relações, sejam essas no âmbito familiar ou não. A escola é um ambiente de aprendizagem onde através de relações hierárquicas os indivíduos que nela estão aprendem a se portar e comportar, ou seja, a escola tem papel fundamental no processo de socialização e inclusão dos indivíduos na sociedade. 5. Considerações finais Concluiu-se pela pesquisa bibliográfica que o tratamento da obesidade infantil começa desde os primeiros anos da criança, ou seja, na infância e que se não cuidada e prevenida pode trazer consequências para toda vida. No entanto, é vital que a família, a escola, os serviços de saúde, os profissionais de Educação Física, estejam atentos para reconhecer precocemente quais são as crianças com maior risco de se tornarem obesas. Temos que estar atentos à descoberta de fatores de risco, pois esta atitude é fundamental para a nossa atuação na modificação de comportamentos. Que previna a obesidade infantil proporcionando uma melhor perspectiva corporal, de desenvolvimento motor, de funcionalidade das articulações e de saúde para o futuro dessas crianças. Deixando a influência clara que os pais e a escola têm com a saúde infantil e mencionando os incentivos de promoção à saúde promovidos por algumas organizações. É importante elaborar projetos para melhor qualificar os estudos e disponibilizar mais recursos e precauções para orientar práticas de saúde que esclareçam questões relacionadas à obesidade. A obesidade é um fenômeno que tem crescido mundialmente. No Brasil também houve o aumento do número de pessoas obesas. As crianças são as mais atingidas. Além dos problemas relacionados à saúde, as crianças com sobrepeso também enfrentam o preconceito na própria família, na escola e na sociedade. As crianças obesas sofrem inúmeras 26 discriminações. É muito comum na escola as pessoas lhes darem apelidos como “baleia”, “rolha de poço”, “bujão de gás” e outros são comuns. Preconceito vividos por obesos atualmente como o bullying para uma criança que já sofre com outro problema, como o excesso de peso, pode ser desastroso no futuro, vários especialistas chamam a atenção para esse fato. Tudo pode começar com o isolamento. Porém, quando a criança passa a pedir para não ir à escola ou a trocar de escola, é preciso redobrar a atenção. Se esse medo não for tratado, ela pode desenvolver problemas de relacionamento no futuro e ter, inclusive, depressão infantil. Por isso, os pais devem sempre ficar atentos às atitudes de seus filhos. Mesmo muitas vezes não sendo perceptível, a obesidade infantil afeta a autoestima e as relações sociais vividas pela criança. Elas podem sentir dificuldades para praticar esportes ou até mesmo participar das brincadeiras na escola por medo de gozações por parte dos colegas, o que acaba causando um isolamento social, o aumento no consumo de alimentos e até mesmo a depressão. Logo, é de suma importância que os pais e também a escola fiquem atentos ao comportamento de filhos/alunos, pois eles podem estar sendo vítimas de preconceito devido à obesidade. Portanto, devemos estar atentos e orientados para prevenir e tratar da saúde das crianças tanto no contexto familiar, social e escolar. A criança deve receber orientações dos pais, que por sua vez, precisam incentivá-las a brincar e levar uma vida menos sedentária, escolhendo os alimentos saudáveis de que seu filho precisa. Já na escola é preciso desenvolver projetos pedagógicos para trabalhar em sala. Como por exemplo, demonstrações dos alimentos necessários para uma boa alimentação, começando pela própria merenda da escola, propiciar a prática da atividade física, através de gincanas e torneios e lidar com a discriminação da criança com sobrepeso em sala, colocando para todos que devemos respeitar as diferenças. Estas medidas acima apontadas estão restritas aos aspectos atinentes à saúde, enfim, a como lidar e orientar a boa saúde. No entanto, torna-se de fundamental importância que as escolas desenvolvam ações pedagógicas inclusivas que no combate aos preconceitos de toda natureza, incluindo aí o combate as práticas da gordofobia. Pouca atenção tem sido dada a estas práticas na escola. Para isso, seria importante que disciplinas tais como Educação Física Ciências e Ciências Humanas abordassem temas relacionados ao corpo e ao consumo na sociedade contemporânea. É urgente que se faça um trabalho de desconstrução do ideário do corpo padrão, cuja referência é o corpo magro e musculoso, considerado como o corpo 27 saudável. Este é o corpo padrão “consumo”. Estas disciplinas ou conteúdos escolares deveriam desenvolver projetos na escola que valorizasse as diferenças corporais e que deixassem evidente que os padrões corporais são invenções e que, portanto, podem e devem ser reinventados. Referências BERGER, P.L.; LUCKMANN, T. A Construção Social da Realidade. 19. ed. Petrópolis: Vozes, 2000. BRANDÃO, C.L.C. et al. Ansiedade e stress no programa de obesidade do idoso-PROBESI. Anais... Congresso Paulista de Geriatria e Gerontologia, Santos, 2004. BRODY, J.E. Gordofobia: um mal que começa cedo e tem sérias consequências. Gauchazh.Comportamento, 04 set. 2017. CAPRIGLIONE, L.; PASTORE, K. O feitiço do corpo ideal: insatisfação com a auto-imagem e luta contra a gordura se transformam em obsessão. Revista Veja, 19 mar. 2010. CIAMPA, A.C. Identidade. 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