PATRICIA PASQUALI DOTTO VERIFICAÇÃO DA PROPORÇÃO ÁUREA EM MEDIDAS CEFALOMÉTRICAS LATERAIS DE INDIVÍDUOS COM SÍNDROME DE DOWN Tese apresentada à Faculdade de Odontologia de São José dos Campos, Universidade Estadual Paulista, como parte dos requisitos para obtenção do título de DOUTOR, pelo Programa de Pós-Graduação em BIOPATOLOGIA BUCAL, Área Radiologia Odontológica. PATRICIA PASQUALI DOTTO VERIFICAÇÃO DA PROPORÇÃO ÁUREA EM MEDIDAS CEFALOMÉTRICAS LATERAIS DE INDIVÍDUOS COM SÍNDROME DE DOWN Tese apresentada à Faculdade de Odontologia de São José dos Campos, Universidade Estadual Paulista, como parte dos requisitos para a obtenção do título de DOUTOR, pelo Programa de Pós-Graduação em BIOPATOLOGIA BUCAL, Área Radiologia Odontológica. Orientador Professor Titular Luiz Cesar de Moraes São José dos Campos 2006 DEDICATÓRIA A Deus “Você se fez presente em todos os momentos, firmes ou trêmulos. E passo a passo pude sentir a tua mão transmitindo-me a segurança necessária para enfrentar meu caminho e seguir. A sua presença é qualquer coisa como a luz e a vida, e eu sinto que, em meu gesto, existe o seu gesto e em minha voz, a sua voz”. Vinícius de Moraes Ao meu amor Gustavo “Alguém que não me pede nada em troca, alguém que alivia os maiores temporais da vida, alguém que me estende a mão nos momentos mais difíceis, que me acalma, me tranqüiliza, me traz força para encarar tudo, alguém que me faz ver o mundo sem maldades, alguém com brilho no olhar que me faz acordar todos os dias, alguém que me dá coragem, que me faz ver sempre o lado bom das coisas, que me ensinou a conhecer o amor, que me apresentou a vida de uma maneira tão pura, tão linda ... tão mágica. Alguém que compartilha meus sonhos, minhas ansiedades, que alivia minhas incertezas, que sempre me faz perceber que sou capaz, e me faz acreditar que chegarei a ser mais do que sonhei. Um amor maior do que tudo. Hoje encerro um sonho, um ideal. Fizestes parte de cada momento dessa conquista. A ti meu amor, amigo, a quem admiro tão profundamente como pessoa e como o brilhante profissional que és, permita-me dizer-te obrigada, dizer-te que te amo e que hoje essa vitória é tua também”. Aos meus amados pais Yara e Alfredo “Amor incondicional, companheiros de todas as horas, amigos em qualquer situação, minha base mais sólida, meu grande tesouro, meu mais precioso exemplo nessa vida, meu porto seguro. Vocês foram imprescindíveis para hoje eu estar aqui. Iluminaram meu caminho com a luz mais brilhante, me incentivaram a seguir em frente sempre, e me apoiaram em todos os sentidos! Saibam que antes de todas as coisas, além de toda a ciência, eu não teria chegado até aqui, sem vocês”. Aos meus queridos irmãos Ângelo e Mariane Meus melhores amigos. Nossa união me deu força para prosseguir. Para mim vocês representam proteção, companheirismo, carinho, afeto. O necessário para mesmo distante sentir-me abraçada, sentir-me perto, sentir-me segura. Obrigada por todo amor, por todos os momentos alegres, por serem os anjos que Deus escolheu para mim aqui na terra. Aos meus sogros Irma e Sidney Agradeço a vocês todo o apoio, toda a amizade, todos os momentos em que foram pais, amigos e companheiros. Vocês foram uma força, uma luz muito grande para nós, e mesmo distantes, sempre estiveram por perto. Obrigada por me acolherem com amor e muito carinho, sempre. A todos os meus familiares. Vocês foram guias. Sempre prontos a apoiar, aconselhar e incentivar para que eu seguisse em frente! Todos vocês tiveram uma participação especial nessa jornada. Muito obrigada, de coração! Uma dedicatória especial ... Aos pacientes com síndrome de Down Quando iniciei meus estudos sobre a síndrome de Down, percebi que não foi por acaso que entrei nessa linha de pesquisa. O assunto me interessava cada vez mais, e quando menos esperava já estava totalmente envolvida. Junto a isso, fui tomada por uma grande vontade de ajudá-los de alguma forma. Quero agradecer a todos vocês que participaram dessa pesquisa, como instrumentos preciosos para que eu pudesse desenvolver esse trabalho. Quero agradecer por ter conhecido muito sobre vocês, e por terem acontecido dessa forma tão especial em minha vida. Fica aqui o resultado desse trabalho, para todos vocês e a todos os seus familiares. Meu agradecimento por existirem e a certeza de que ainda tenho muito o que fazer por vocês. É apenas o começo. AGRADECIMENTO ESPECIAL Ao meu Orientador Professor Titular Luiz Cesar de Moraes Acreditar. Esse foi o maior ensinamento que sem querer me passastes. Primeiramente porque acreditastes em mim, na minha capacidade, sem ao menos me conhecer direito. E vendo isso, eu coloquei em mim todas as forças, para jamais decepcioná-lo. Porque se alguém acredita na gente, o que mais podemos querer ... É a maior prova de que o nosso caráter, a nossa credibilidade está acima de qualquer coisa. Me ensinastes também a acreditar mais em mim, em meu potencial e quanto a isso, não tenho palavras para expressar minha gratidão. Em todo o período que estive sob tua orientação me senti segura, apoiada em todos os momentos, em horas difíceis, e nas mais alegres também. Fostes meu grande amigo, um “paizão”, que em nenhum momento me deixou desamparada. Hoje esse nosso trabalho está concretizado, fruto de muita dedicação, de muito cuidado, de muitos ajustes para chegarmos onde queríamos. Hoje essa vitória é nossa, e eu só quero dizer-te muito obrigada. Obrigada pela oportunidade, por todas as vezes que esteve ao meu lado, por todos os ensinamentos, pela disponibilidade constante, obrigada simplesmente por tudo o que fizestes. Nossa amizade é um tesouro que guardarei em meu coração. Formamos uma família, e pode ter certeza que, como uma boa filha, retornarei sempre para relembrar-mos todos os momentos que fizeram parte dessa história. AGRADECIMENTOS ESPECIAIS À Professora Assistente Doutora Mari Eli Leonelli de Moraes Fostes acima de tudo, minha grande amiga e companheira. Uma pessoa com um coração bondoso que acolheu-nos sempre com muito carinho, muita generosidade. Obrigada por todos os momentos maravilhosos. Por ter me recebido de braços abertos. Por ter nos permitido conviver com a doce Luisa. E por partilhar comigo, sempre, teus conhecimentos sobre os pacientes especiais e, principalmente, por todas as contribuições que fizestes para que esse trabalho se concretizasse. Ao Professor Titular Edmundo Medici Filho Sempre disponível, sempre dedicado, sempre preocupado em ensinar e conduzir os trabalhos da melhor maneira. Para mim, uma pessoa especial. Um amigo com o qual pude dividir muitos momentos. Obrigada pela grande ajuda que me destes na tese e durante todo o curso. Obrigada pelos conselhos e pelos preciosos ensinamentos. Hoje, o resultado de todo esse trabalho tem também teu esforço. Ao Professor Adjunto Julio Cezar de Melo Castilho Por tudo o que pude aprender, por todas as coisas que levarei comigo. Obrigada. Ao Professor Assistente Doutor João Carlos da Rocha Um bom exemplo a gente sempre segue e guarda com carinho em nossos corações. Para mim, tua dedicação, preocupação e carinho com esses pacientes tão especiais, é um dos exemplos mais preciosos que levarei comigo para sempre. Fostes um grande incentivador do meu trabalho. Como banca do meu Exame Geral de Qualificação, fizestes considerações importantes que o enriqueceram muito. O que tenho a dizer é simplesmente, obrigada. Por mim, e por todos eles também! Aos grandes amigos Evelise e Jefferson A vida nos apresenta pessoas, que aos poucos vamos percebendo serem muito parecidas com a gente. Aí começamos a nutrir um carinho especial por elas e de repente, nasce uma grande e verdadeira amizade. E foi assim com vocês dois. Amigos verdadeiros, nos momentos mais difíceis e nos mais alegres também. Amigos de todas as horas, companheiros leais, sinceros, honestos. Além de grandes companheiros foram para mim indispensáveis para que esse trabalho se concretizasse. Só tenho a agradecer por todos os ensinamentos a mim dispensados, não medindo esforços para que eu chegasse ao final. Obrigada por terem passado por minha vida dessa forma tão especial. Vocês irão ficar guardados para sempre, do lado esquerdo do peito, dentro do meu coração. À doce Lawrenne Tu amiga, fostes uma pessoa indispensável para mim, para que tudo sempre desse certo, para que eu sempre me sentisse protegida, amparada ... uma amizade sincera, no mais profundo sentido da palavra. Minha grande amiga e irmã pra sempre! Obrigada por seres a pessoa que és, continues assim. Sentirei tua falta ... Às queridas amigas Lawrenne, Carol Evelise e Aline Falar de vocês e dizer só coisas boas ... Foram amigas de verdade, com o sentimento mais sincero. Em vocês encontrei a segurança, o apoio, nos momentos em que mais precisei. Mesmo sem saber, vocês foram meus anjinhos protetores. Juntas, dividimos as angústias, compartilhamos a felicidade, sorrimos e choramos muito. Nos encontramos porque assim tinha que ser. Estaremos sempre lado a lado. Mesmo longe, nossos corações estarão unidos, sempre! Aos amigos, Milton e Janaina, Luciano e Francine Quantas lembranças boas vocês deixaram em minha vida! Grandes amigos, de corações maravilhosos, que aos poucos foram tornando-se tão especiais. Coisas que a vida não explica. Tínhamos que nos encontrar. Quero agradecer por todo o apoio, por todos os momentos alegres, todas as risadas, por tantas coisas que acabaram fazendo parte de nossas vidas, e que levarei para sempre comigo. Eu, Gu, Vocês, Eve, Jeff, Lawre e Carol formamos uma grande família, somos irmãos de coração para sempre. Obrigada! Aos amigos Sandra e David Fomos colegas e amigos, acima de tudo. Quero agradecer por terem passado em minha vida. Tenho muita gratidão e respeito por vocês. Saibam sempre da importância e do carinho que tenho por esse casal tão admirado. Sandra, quero te agradecer em especial, por tão carinhosamente ter se disposto a passar teus conhecimentos sobre cefalometria a mim, e à toda nossa turma. És um bom exemplo a ser seguido! Queridas colegas e amigas Carola, Gisele e Priscila Agradeço pela amizade, pelos bons momentos e principalmente pelos estudos incansáveis que juntas realizamos. Aprendi muito com vocês. Desejo muita sorte e sucesso a todas! Aos sempre queridos amigos Professora Doutora Cristiane Yumi Koga Ito e família, e ao casal tão especial Clélia e Rogério Nossa amizade começou durante o meu mestrado e, podem ter certeza, vocês foram as melhores recordações que trago comigo daquele tempo. Obrigada pela força que sempre tive de vocês, pelo carinho, pelas palavras de apoio e pela linda amizade que construímos, a qual ficará para sempre em meu coração. Vocês são especiais demais para mim! Aos amigos Giselle e Lincoln Minha querida colega de faculdade, acabamos nos reencontrando em São José dos Campos. Agradeço a amizade e carinho sempre a mim dispensados. Saiba sempre de toda minha admiração por ti! Boa sorte a ti e à tua linda família. Aos meus queridos colegas de mestrado Luciana Fernandes, Fabio Shigueo Eto, Ana Posch, Patricia Pecoraro, Suzane A Raslan, Alessandra Porto, Alessandro Ceschin, João Carlos Jardim, Ilizabete, Renata lameira e José Chibebe Junior Vocês foram e serão sempre boas lembranças em minha vida ... De um tempo muito bom, de uma fase que para todos foi muito importante. Obrigada pelo carinho de sempre e pela amizade, mesmo que de longe. AGRADECIMENTOS À Faculdade de Odontologia de São José dos Campos-Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, na pessoa de seu diretor Professor Adjunto Paulo Villela Santos Júnior, agradeço a receptividade e a estrutura oferecida para que fosse possível trabalhar da melhor maneira, sempre. Levo uma bonita recordação do período em que estive aqui e um grande respeito por essa instituição. À Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Biopatologia Bucal da Faculdade de Odontologia de São José dos Campos - Universidade Estadual Paulista, Professora Adjunta Rosilene Fernandes da Rocha por todo empenho dispensado ao curso. À Diretora Técnica de Serviços de Biblioteca e Documentação, Ângela de Brito Bellini, pela normalização da minha tese. Obrigada pela amizade, atenção, compreensão e disposição sempre que precisei da tua ajuda. Aos colegas da Pós-Graduação Cleber Frigi Bissoli, Wilton Mitsunari Takeshita, Sandra Helena dos Santos, Myrna Lícia Gelle Oliveira, Luis Roque Araújo dos Santos, Marcos André dos Santos Silva, Márcia Valéria Martins, Elaine Félix, Luiz Roberto Coutinho Manhães Júnior. Obrigada pela convivência, por todos os momentos. Boa sorte e sucesso a todos vocês! Às estagiárias Diana, Priscila e aos monitores da disciplina de Radiologia Odontológica Helton, Lylian, Maurício, Nataly, Aline e Heloisa. Às queridas funcionárias e amigas da Disciplina de Radiologia Odontológica, Conceição, Eliana e Madalena. Nossa amizade foi além da faculdade. Saibam que foram fundamentais para que tudo sempre desse certo, para que meu trabalho se concretizasse. Aprendi muito com vocês. Sentirei saudades. Às secretárias do Programa de Pós-Graduação, Rose, Erena e Cida, pela atenção e dedicação sempre a mim dispensadas. E a todos os funcionários dessa instituição pelo imenso carinho e disponibilidade que sempre encontrei em todos vocês. Ao querido Camilo Daleles Rennó. Meus sinceros agradecimentos por ter feito, incansavelmente, a estatística de meu trabalho. Além de ser um excelente profissional fostes para nós também um amigo, nos acolhendo sempre em tua casa para esclarecer as dúvidas, sempre disposto a nos auxiliar. À Empresa Radiomemory muito obrigada por gentilmente ter cedido o programa Radiocef 4.0, fundamental para a concretização desse estudo. À CAPES pelo auxílio financeiro a mim dispensado no período em que cursei o doutorado. Um importante e indispensável apoio, ao qual serei eternamente grata. E a todos aqueles que de uma forma ou outra foram importantes para que esse trabalho se concretizasse. Meus mais sinceros agradecimentos, de coração! Para pais de filhos muito especiais ..... "Bem vindos à Holanda" Freqüentemente me pedem que descreva o que é a experiência de criar um filho com necessidades especiais. Para ajudar aqueles que nunca tiveram oportunidade de entender o que esta experiência significa e imaginar o que se pode sentir. O que lhes digo é o seguinte: Quando se vai ter um bebê, é como planejar uma fabulosa viagem de férias à Itália. Compra-se um montão de guias turísticos e se faz planos maravilhosos para conhecer o Coliseu, o David de Michelangelo, as gôndolas de Veneza. Uns se preparam inclusive para aprender algumas palavras em italiano. Todos os preparativos são muito emocionantes. Depois de vários meses de expectativa e preparação, chega finalmente o esperado dia. Você arruma suas malas e se dirige ao aeroporto. Horas mais tarde, o avião aterrisa e a comissária de bordo anuncia: "Bem vindos à Holanda!". "Holanda!?!?" você se pergunta. "Como Holanda? Meu vôo era para Itália, deve haver um erro. Claro que deveria estar na Itália. Minha vida toda sonhei em ir à Itália." Porém houve uma mudança no plano de vôo e o avião aterrisou na Holanda e você deve ficar aqui ... O importante é que não te levaram para um lugar horrível, desagradável e sujo, cheio de doenças e fome. É só um lugar diferente ... Então você deve sair, fazer compras e adquirir novos guias turísticos. Aprenderá um novo idioma e conhecerá um monte de gente que provavelmente nunca iria conhecer. É só um lugar diferente. Com um ritmo menos frenético que o da Itália, menos agitado e glamuroso. Porém, uma vez que a agitação tenha passado e que esteja mais alentada, você olha ao se redor e começa a dar-se conta que Holanda tem moinhos de vento, e tulipas... Holanda inclusive, tem Rembrandts e Van Gogh! Porém todos o que você conhece estão muito ocupados indo e vindo da Itália, e todos se ufanam das maravilhosas férias que passaram lá. E pelo resto de sua vida, você dirá: "Sim, é ali que eu deveria ter ido. Isto é o que eu havia planejado!". E essa dor, nunca, nunca, jamais se irá, pois a perda desse sonho é uma perda muito significativa. Mas... se você passa a vida lamentando o fato de não poder ter ido a Itália, nunca terá o espírito livre para desfrutar de tudo aquilo que faz da Holanda um lugar especial e muito bonito .... Por Emily Pearl Kingsley (mãe de Jason, co-autor do livro "Count Us In: Growing Up with Down Syndrome", 1994), Traduzido pelo Prof. Marcus Renato de Carvalho. Disponível em: http://www.aleitamento.com/a_artigos.asp?id=3&id_artigo=692&id_subcategoria=4 “Ando devagar porque já tive pressa Levo esse sorriso, porque já chorei demais Hoje me sinto mais forte, mais feliz quem sabe Só levo a certeza de que muito pouco eu sei, eu nada sei ... É preciso o amor pra poder pulsar, É preciso paz pra poder sorrir, É preciso a chuva para florir ... Penso que cumprir a vida seja simplesmente compreender a marcha, e ir tocando em frente ... Um dia a gente chega, no outro vai embora ... Cada um de nós compõe a sua história, e cada ser em si, carrega o dom de ser capaz, De ser feliz!” Almir Sater SUMÁRIO RESUMO 16 1 INTRODUÇÃO 17 2 REVISÃO DA LITERATURA 24 2.1 Proporção áurea 24 2.1.1 Histórico da proporção áurea 24 2.1.2 A proporção 32 2.1.3 A proporção áurea e os números de Fibonacci 35 2.1.4 A proporção áurea no corpo humano 42 2.1.5 A proporção áurea na análise dentária 45 2.1.6 A proporção áurea relacionada à beleza e à estética 49 2.1.7 A proporção áurea em medidas craniofaciais 56 2.2 Síndrome de Down 66 2.2.1 Histórico 66 2.2.2 Definição 71 2.2.3 Prevalência e Incidência 72 2.2.4 Etiologia, patogênese e risco 73 2.2.5 Características gerais 76 2.2.6 Características bucais 79 2.2.6.1 Periodonto 79 2.2.6.2 Cárie dentária 80 2.2.6.3 Dentes 81 2.2.6.4 Língua 82 2.2.6.5 Palato 83 2.2.6.6 Oclusão 84 2.2.6.7 Lesões periorais 86 2.2.7 Características craniofaciais 87 2.3 Crescimento craniofacial e curva de crescimento puberal 98 2.3.1 Curva de crescimento para indivíduos com síndrome de Down 107 2.4 A radiografia cefalométrica lateral, a marcação dos pontos cefalométricos e a reprodutibilidade 109 3 PROPOSIÇÃO 115 4 MATERIAL E MÉTODOS 116 4.1 Material 116 4.2 Métodos 117 4.2.1 Seleção da amostra 117 4.2.2 Classificação da amostra 118 4.2.2.1 Anatomia da mão e punho 119 4.2.2.2 Estágios epifisários 121 4.2.3 Digitalização das radiografias cefalométricas laterais 128 4.2.4 Análise da proporção áurea 128 4.2.5 Identificação das razões utilizadas no estudo 135 4.2.6 Análise estatística 144 5 RESULTADOS 145 5.1 Dados referentes à amostra do estudo 145 5.2 Análise dos resultados do erro intra-examinador 147 5.3 Avaliação das razões nas diferentes fases de crescimento 150 6 DISCUSSÃO 160 7 CONCLUSÕES 200 8 REFERÊNCIAS 202 ANEXOS 218 ABSTRACT 220 DOTTO, P.P. Verificação da proporção áurea em medidas cefalométricas laterais de indivíduos com síndrome de Down. 2006. 221f. Tese (Doutorado em Biopatologia Bucal, Área Radiologia Odontológica) - Faculdade de Odontologia de São José dos Campos, Universidade Estadual Paulista, São José dos Campos, 2006. RESUMO O propósito no presente estudo foi verificar a existência da proporção áurea entre algumas medidas cefalométricas laterais de indivíduos com síndrome de Down (SD), bem como, observar se houve variações nas razões avaliadas em diferentes períodos de crescimento de acordo com a curva de crescimento puberal (CCP), e entre os sexos. Para tanto, foram analisadas 52 radiografias cefalométricas laterais e 52 radiografias de mão e punho de indivíduos com SD entre seis e 33 anos de idade. A divisão da amostra foi realizada no programa Curva de Crescimento 1.0 (Radiomemory®). Foram selecionados 16 segmentos craniofaciais, gerando 17 razões. As medidas foram calculadas no programa Radiocef 4.0 (Radiomemory®). O erro intra-examinador foi verificado pelo teste de Análise de Regressão Linear (r>0,95). Os resultados obtidos foram submetidos à Análise de Regressão Linear Múltipla e teste t de Student (5%). Das 17 razões, três apresentaram tendência à proporção áurea em todas as fases tanto para o sexo masculino quanto para o feminino (S- AcrS/N-Ena; S-AcrS/Ena-Enp e N-ASPt/Sf1/-C1MS). A razão N- POMxN/Or-POMx-Or foi áurea para os dois sexos após o período do pico do surto de crescimento puberal. Em Po-N/Co-Go e Co-Gn/N-POMxN, a tendência foi verificada para o sexo feminino em todas as fases, quanto ao sexo masculino, houve variação na ocorrência durante as fases. Para Co-Gn/Go-Pog, essa tendência foi observada para o sexo masculino no final do crescimento. A razão Co-Go/Sf1/-C1MS apresentou variações na ocorrência para ambos os sexos. O autor concluiu que indivíduos com SD apresentaram algumas medidas do crânio em proporção áurea e que para algumas razões analisadas houve variações na ocorrência com relação às fases de crescimento e diferenças entre os sexos foram observadas. PALAVRAS-CHAVE: Síndrome de Down; ortodontia; proporção áurea; cefalometria, crescimento. 1 INTRODUÇÃO O ser humano é uma espécie biológica dinâmica que sob ação de processos metabólicos sucessivos evolui, segundo os fatores individuais e ambientais, devido aos mecanismos de crescimento e desenvolvimento (ATTIZZANNI & ARAÚJO9, 1980). O crescimento não é um mero processo de aumento de tamanho. Envolve também, uma sucessão desconcertante de mudanças regionais nas proporções, e requer incontáveis ajustes localizados para alcançar a devida função e estabilidade entre todas as partes (ENLOW33, 1993). O que se observa é que o corpo humano tem em sua formação e crescimento seqüências e regras próprias, as quais vêm sendo observadas e estudadas sob vários aspectos. Um desses aspectos consiste numa proporção constante, identificada em muitos eventos que ocorrem na natureza, e que se relaciona também com o crescimento e desenvolvimento do corpo humano, sendo denominada de proporção áurea. Essa constante é uma proporção que parece dirigir o crescimento, a harmonia, a reprodução e a estabilidade das formas na natureza e vem sendo constatada durante toda história do homem por diversos estudiosos, filósofos, matemáticos, botânicos, escultores, pintores, arquitetos, ortodontistas, cirurgiões- dentistas que trabalham com estética, entre outros (GIL50, 2001). Muitos estudiosos que, historicamente foram importantes para a arte, filosofia e matemática, utilizaram a proporção áurea em suas obras e estudos. O matemático Pitágoras de Samos observou que certas proporções ligadas a padrões de beleza, harmonia e estética poderiam ser descritas matematicamente e que, quando relacionadas ao corpo e 18 crescimento humano, são chamadas de formas homotéticas (GIL49, 1999). Então, relacionou essas proporções com a geometria harmônica, tendo como base a divisão desigual de uma reta. Euclides de Alexandria também teve grande importância para história da matemática. Explicou a proporção áurea a partir da divisão de um segmento de reta em média e extrema razão da seguinte forma: “ao se dividir uma reta de maneira assimétrica em duas porções desiguais, mantém-se uma proporção tal que, o segmento maior está para o menor assim como a soma de ambos está para o segmento maior” (TORRES136, 1970; BAKER & WOODS10, 2001; GIL & MEDICI FILHO51, 2002). Essa proporção é gerada a partir da proporcionalidade que se expressa pelo número incomensurável 1,618033 ... (sendo geralmente utilizado 1,618) denominado de número áureo e expresso pelo caractere grego Φ (phi), podendo ser encontrado em estruturas que estão em harmonia e equilíbrio funcional. A proporção áurea pode ser observada também em uma série matemática denominada de seqüência de Fibonacci. Em 1202, o matemático Fibonacci ao investigar a reprodução de coelhos em condições ideais, observou que um número era sempre igual à soma de seus dois antecessores e que ao se dividir um número pelo seu antecessor, o coeficiente era próximo do número áureo, sendo que quanto mais se avançava a série, essa se tornava constante em 1,618. Essa seqüência proporciona embasamento matemático para a proporção áurea. Curiosamente essa seqüência e a proporção estão interligadas pelo número áureo. Podem ser encontradas com freqüência na natureza como: na reprodução de animais, distribuição de folhas nas árvores, no número de pétalas das flores, no corpo humano, em figuras geométricas como o retângulo áureo, entre outros (TORRES136, 1970; RICKETTS115, 1982; GIL50, 2001; KNOTT et al.66, 2004). O ser humano parece ser atraído por objetos e estruturas que se encontram em proporção áurea. Conforme citado por Ricketts115 19 (1982) a proporção áurea parece ter alguma maravilhosa e única propriedade. É a qualidade que por alguma razão atrai a atenção e é gravada no sistema límbico como bonito, harmônico e equilibrado. Essa confirmação da atração e preferência dos seres humanos por objetos e estruturas que se encontram em proporção, foi observada em estudos realizados na área da Psicologia por autores como Hintz & Nelson56 (1971) e BENJAFIELD14 (1976). Por acreditar que estruturas em proporção áurea sejam mais estáveis, esteticamente agradáveis e funcionalmente eficientes, sendo um dos mais eficientes recursos de proporcionalidade estética, muitas áreas da saúde como Cirurgia Plástica, Ortopedia Facial, Ortodontia, Dentística, Prótese e Cirurgia Bucomaxilofacial têm demonstrado interesse em estudar esse assunto. Especificamente na área Odontológica onde cada vez mais se objetiva devolver ao paciente a função, juntamente com harmonia e estética facial, muitos estudos têm sido realizados. Autores como Ricketts114,115 (1981 e 1982), Amoric6 (1995), Gil & Medici Filho51 (2002), Martins79 (2003) e Araújo7 (2003) observaram por meio de radiografias cefalométricas laterais, a existência da proporção áurea em algumas medidas. Em 1981, Ricketts114 afirmou que a proporção áurea pode ser utilizada na análise da morfologia dos dentes, do tecido esquelético, dos tecidos moles da face pois, segundo o autor, é um instrumento válido para avaliação estética nessas regiões. Estudos de Ricketts114,115 (1981 e 1982), Gil49,50 (1999 e 2001) e Gil & Medici Filho51 (2002), verificaram que o crânio humano de indivíduos adultos com oclusão normal, os quais possuem em sua constituição craniofacial estruturas mais estáveis e funcionalmente mais eficientes, apresenta medidas em proporção áurea. Esses achados impulsionaram a realização do presente estudo. Tendo conhecimento que essa proporção está relacionada ao crescimento das estruturas e à sua função, sua observação pode auxiliar no planejamento de condutas terapêuticas, pois 20 conhecendo as estruturas que estão em proporção áurea é possível devolver ao paciente as medidas que lhes são mais harmônicas. Na verdade, a proporção áurea consiste em uma forma de individualizar a análise cefalométrica, trazendo para cada indivíduo proporções com base em suas próprias medidas, visto que a maioria das análises existentes e realizadas rotineiramente, baseiam-se em padrões médios da população. A partir disso, surgiu o interesse em verificar se há ocorrência da proporção áurea em medidas cefalométricas laterais de indivíduos com síndrome de Down (SD). Observou-se que, estudos têm sido realizados em indivíduos adultos e em fase de crescimento e desenvolvimento, entretanto há na literatura, poucos trabalhos relacionando SD e proporção áurea. A SD, é resultado de uma anormalidade cromossômica, ou seja, a causa é o excesso de material genético no cromossomo 21. Esse cromossomo adicional, muda o desenvolvimento ordenado do corpo e do cérebro. John Langdon Haydon Down descreveu clinicamente a síndrome pela primeira vez em 1866, mas sua causa permaneceu um mistério durante quase um século. Em 1959, Lejeune e colaboradores, confirmaram que a maioria das crianças com SD têm 47 cromossomos apresentando um cromossomo acrocêntrico pequeno, designado cromossomo 21. Estima-se que haja, entre os 170 milhões de brasileiros, cerca de 300 mil pessoas que nasceram com a SD (PIMENTEL104, 2005). A incidência é variável e oscila entre 1:660 a um para mil ou mais nascidos vivos (FLOREZ & RUIZ45, 2005). Pode ocorrer em todos os grupos étnicos e classes sociais. Os indivíduos apresentam certos traços fenotípicos que lhes são peculiares. Além disso, muitas alterações de ordem sistêmica, bem como, alterações bucais e craniofaciais são observadas. Dentre as características craniofaciais são verificadas freqüentemente braquicefalia, hipoplasia do terço médio da face 21 envolvendo maxila e ossos nasais, distância da margem infra-orbital à crista óssea alveolar mais curta, a testa geralmente é mais proeminente e a porção posterior da cabeça apresenta-se achatada. A região da órbita apresenta-se com alterações como prega do epicanto larga e fissura palpebral oblíqua. O crescimento craniofacial é menor nos indivíduos com SD quando comparado aos indivíduos sem síndrome. A maxila geralmente está subdesenvolvida e um pseudoprognatismo mandibular é geralmente observado. A cavidade bucal geralmente encontra-se com tamanho reduzido (SPITZER et al.128, 1961; ATTIZZANNI & ARAÚJO9, 1980; ALLANSON et al.5, 1993; LOPEZ71, 2005). Sabe-se que as alterações craniofaciais têm reflexos consideráveis na oclusão e conseqüências prejudiciais ao sistema estomatognático, levando a uma adaptação das funções de fonação, respiração, deglutição e mastigação. É observado que a incidência e prevalência de indivíduos com SD tem aumentado, e junto a isso, a expectativa de vida cresce. O convívio com eles tem se tornado cada vez mais comum, e a inclusão social dessa população é cada vez mais freqüente. Diante disso, os profissionais da saúde devem estar cada vez mais esclarecidos e preparados para atendê-los, oferecendo-lhes melhora nas condições e na qualidade de vida. Em especial os Cirurgiões-dentistas devem buscar conhecer cada vez mais as alterações bucais e craniofaciais envolvidas nessa síndrome, para devolver-lhes uma melhora na função. Nesse sentido, tratamentos ortopédicos e/ou ortodônticos têm sido desenvolvidos com uma freqüência cada vez maior. Na área médica, mais precisamente na área de Cirurgia Plástica, têm sido propostas cirurgias plásticas corretivas a fim de minimizar as características fenotípicas desses indivíduos, bem como, proporcionar-lhes melhora na fala, respiração, deglutição, entre outras. A análise da proporção áurea seria uma forma de conhecer melhor a arquitetura craniofacial desses indivíduos, verificar como as diferentes estruturas avaliadas, que encontram-se em proporção 22 áurea em indivíduos com oclusão normal, apresentam-se com relação à proporção, fornecendo aos profissionais uma informação a mais, no diagnóstico e plano de tratamento a eles dispensado, visto que, muitas vezes, a realização de traçados cefalométricos usuais é uma das dificuldades encontradas por parte dos profissionais. Em estudos de Farkas et al.34-37 (2001, 2002), os quais observaram proporções da face de indivíduos com SD em diferentes faixas etárias, verificou-se que, após a maturidade, o efeito remediador do crescimento ocasionou melhora de algumas medidas que estavam em desproporção. Os autores consideraram que a tendência à normalidade após a maturação, sugere que cirurgias reconstrutivas, por exemplo, possam ser realizadas após esse período. Em 1977, Ghyka48 observou que a presença da proporção áurea na divisão da altura humana, a partir do umbigo, já mostrava-se evidente aos 13 anos de idade. Araújo7 (2003) e Martins79 (2003) encontraram medidas em proporção áurea em indivíduos com oclusão normal, na curva ascendente e descendente do surto de crescimento puberal, respectivamente. Com base nesses conhecimentos, surgiu o interesse em observar como se apresentam as proporções avaliadas em indivíduos com SD, em diferentes períodos de crescimento, ou seja, observar a tendência ou não à proporção áurea, e se a mesma estiver presente, analisar em que fase da vida desses indivíduos ocorre. Sabe-se que o crescimento facial, tende a seguir em seu ritmo, a curva de crescimento em altura sendo que as mudanças nas proporções faciais tendem a acentuar-se em períodos de desenvolvimento acelerado (ELGOYHEN31, 1999). O indicador mais comumente utilizado em estudos a respeito do crescimento e desenvolvimento, é a idade óssea (TAVANO133, 2004), sendo que nesse sentido, a radiografia de mão e punho representa ser um auxiliar na avaliação da idade óssea individual, detectando, por meio dos eventos de 23 ossificação, o período de surto de crescimento puberal (MERCADANTE82, 1996). Sendo assim, o intuito deste trabalho foi verificar a existência de proporção áurea em medidas do crânio por meio de radiografias cefalométricas laterais e observar se há variações nas proporções analisadas em diferentes fases de crescimento de acordo com a curva de crescimento puberal, bem como, se ocorrem diferenças entre os sexos. 2 REVISÃO DA LITERATURA Para um melhor entendimento, a revisão da literatura foi dividida em quatro assuntos, com a intenção de facilitar a compreensão e a leitura. Primeiramente abordaram-se aspectos relativos à proporção áurea, após foi realizada revisão a respeito da síndrome de Down. Em seguida, aspectos relacionados ao crescimento facial e a curva de crescimento puberal. No último tópico, foram realizadas considerações sobre a radiografia cefalométrica lateral, marcação dos pontos cefalométricos e reprodutibilidade das marcações. 2.1 Proporção áurea 2.1.1 Histórico da proporção áurea Os Egípcios consideravam o número de ouro sagrado, tendo uma importância extrema em sua religião. Utilizavam-no para a construção de templos e sepulcros para os mortos, pois consideravam que, caso isso não acontecesse, o templo poderia não agradar aos Deuses ou a alma não conseguiria chegar ao Além. No Templo de Dendara, por exemplo, as arcadas são proporcionais ao retângulo de 25 ouro, no interior existe uma escadaria em espiral, com uma forma muito semelhante à da espiral de ouro (RANULFO109, 2005). O historiador grego Heródoto relatou que os sacerdotes egípcios lhe haviam dito que as dimensões da pirâmide de Gizé haviam sido escolhidas de maneira que a área de um quadrado, cujo lado é a altura da grande pirâmide fosse igual à área da face triangular. Uma álgebra bastante simples pode ser utilizada para mostrar que a razão entre a altura de uma face triangular e a metade do comprimento da base é igual a Φ (phi). Medições reais da pirâmide parecem resultar em um valor muito próximo dessa razão (Figura 1) (GIL49, 1999). Conforme citado por Ranulfo109 (2005), o Papiro de Ahmes mostra os planos para a construção da Grande Pirâmide de Gizé (4700 a.C.), com proporções de acordo com o "número sagrado". FIGURA 1 – Esquema representativo da construção das pirâmides de Gizé81. Os Egípcios consideravam o número de ouro muito agradável esteticamente, usando-o também em seu sistema de escrita. Muitos hieróglifos têm proporções baseadas no número de ouro. Utilizavam-nos para que fosse mais fácil que todos conseguissem escrever de acordo com as mesmas proporções (RANULFO109, 2005). Na Grécia surgiram as origens dos pensamentos matemáticos como ciência teórica. Pitágoras de Samos (582 a.C. - 497 a.C.), considerado o fundador da geometria teórica (FERRAZ39, 2004), nutria certa admiração mística e sagrada pelo pentágono regular e pelo pentagrama, o polígono regular estrelado de cinco pontas inscrito no 26 pentágono. Definiu, então, uma relação de proporção particular que se encontra no pentágono regular e no pentagrama: a divisão de um segmento em média e extrema razão (Figuras 2 e 3) (BARKI et al.11, 2005). FIGURA 2 –Pentágono regular apresentava medidas em proporção áurea69. FIGURA 3 - No primeiro pentagrama observa-se que o triângulo azul tem seus lados em relação dourada com a base, e o vermelho tem a base em relação dourada com os lados. É uma das construções geométricas que mais fascinou os estudiosos em todos os tempos102. Euclides de Alexandria (365 a.C. - 300 a.C.) também teve grande importância para a história da geometria. Elaborou a teoria da proporção áurea, onde dois números (X e Y, por exemplo) estão em proporção áurea se a razão entre o menor deles (X) sobre o maior (Y) for igual ao maior sobre a soma dos dois (ou seja, X/Y = Y/X+Y). Essa proporção estabelece um coeficiente áureo, onde se pode analisar que, 27 basicamente, tudo que se encontra na natureza está inscrito nessa proporção, seja no corpo humano, numa colméia de abelhas, na estrela do mar, nas conchas, etc. (Figura 4) (FERRAZ39, 2004). FIGURA 4 - Euclides de Alexandria e seus raciocínios sobre o número áureo. O retângulo áureo pode se dividir em quadrados e retângulos menores (sempre áureos). Além disso, se forem traçados um quarto de circunferência em cada quadrado interno ao retângulo áureo obtém-se a espiral áurea39. Nos séculos V e IV a.C., a escultura grega alcançou sua plenitude. O mais famoso escultor grego desse período, Phidias, construiu um dos maiores templos gregos, o Parthenon (430-440aC). Foi ele também, autor da estátua de Atena existente no Parthenon (Figura 5) e da estátua de Zeus existente no Olímpia (SOUZA et al.127, 2003). A planta baixa do Parthenon mostra que o templo foi construído tendo como base o retângulo áureo, sendo que a proporção áurea é observada nas distâncias entre as colunas e também nos ambientes internos (PETRONZELLI102, 2003). 28 FIGURA 5 – Na estrutura do Parthenon, observa-se que a fachada é um retângulo áureo 17. As esculturas de Apollo Belvedere e Aphrodite de Melos (Vênus de Milo) podem ser consideradas dois grandes exemplos da beleza facial grega da época. Após os gregos, o homem do Período Helenístico minimizou o culto pelo belo. O fanatismo religioso destruiu alguns trabalhos artísticos clássicos e condenou como pagão os admiradores da beleza artística. Essa nova fase ficou conhecida como “Os Anos da Escuridão”, que durou até os primórdios do Renascimento (PECK & PECK101, 1970). O Renascimento ocasionou novo interesse pelos conhecimentos da Antigüidade, e reavivou o estudo das proporções pitagóricas. Um estudo de Leonardo da Vinci mostra as relações de proporção no rosto humano (Figura 6) (BARKI et al.11, 2005). 29 FIGURA 6 – No desenho de Leonardo da Vinci representando um senhor, provavelmente um auto-retrato, o artista sobrepôs ao esboço um quadrado dividido em retângulos, alguns dos quais se aproximam do retângulo áureo127. No entanto, o ressurgimento pelo interesse na divisão proporcional de Pitágoras de média e extrema razão se deve ao matemático Lucca Pacciolli di Borgo. No seu livro (De Divina Proportione) apresentado em Veneza em 1509 e ilustrado por Leonardo da Vinci, vai denominá-la proportio divinae. Essa divisão proporcional, mais tarde veio a ser chamada de seção áurea pelo próprio Leonardo da Vinci (BARKI et al.11, 2005). Nesse período, artistas como Leonardo da Vinci, Albrecht Dürer e Michelangelo passaram a utilizar a equação matemática, chamada proporção áurea, para ilustrar o conceito de que muito da beleza de homens e mulheres dependia das proporções entre a cabeça e o corpo (SOUZA et al.127, 2003). No Renascimento, os ensinamentos de Vitrúvio passam a ganhar grande importância. Os dados antropométricos apresentados por ele, foram desenhados por Leonardo da Vinci, em seu célebre trabalho 30 “L’Uomo di Vitruvio” (O Homem de Vitrúvio). Uma de suas teorias foi colocar um homem com os braços e mãos bem estendidos. A medida obtida entre uma mão até a outra era equivalente à medida de sua altura. Com isso, Vitrúvio demonstrou a proporcionalidade entre as partes do corpo humano (Figura 7) (LOPES FILHO & SILVA70, 2005). FIGURA 7 – Leonardo da Vinci estudou exaustivamente as proporções da forma humana de onde resultou o famoso desenho onde o corpo humano se encontra inserido na forma ideal do círculo e nas perfeitas proporções do quadrado. É a representação do homem em forma de estrela de cinco pontas baseada nos pentágonos, estrelado e regular, inscritos na circunferência70. Após o Renascimento, a concepção platônica de beleza foi criticada (BARKI et al.11, 2005). Nesse período, alguns artistas e arquitetos começaram a propor formas particulares para interpretar a proporção. Em 1946, o arquiteto francês Le Corbusier (1887-1965), estabeleceu o “Modulor”. Tratava-se da escala humana para o homem de 31 Vitrúvio, para a “figura humana bem constituída” (Figura 8) (LOPES FILHO & SILVA70, 2005). FIGURA 8 – Le Corbusier acreditava que o seu sistema de medidas satisfaria tanto às exigências de beleza – por ser derivado da seção áurea – quanto às funcionais – por ser adequado às dimensões humanas. Para ele, esse era um instrumento universal, e que poderia ser utilizado para obter beleza e racionalidade nas proporções de tudo o que é produzido pelo homem. No esquema acima, o homem tem altura igual a 175 cm e com o braço levantado 216 cm11,126. Na verdade, por mais que se neguem ou se afirmem os conceitos em diversos momentos históricos, não podemos dizer que um sistema proporcional é correto e não os outros. No período medieval, acreditava-se que a regra estava dada e tanto no homem, na natureza, ou qualquer outro tema observado devia-se aplicar esta regra. O Renascimento fez o caminho inverso: foi da observação da natureza e do 32 homem que se buscou retirar as regras já existentes em sua constituição buscando assim, uma harmonia entre as partes e o todo. Não existe um sistema correto em meio a tantos outros. Para cada momento histórico uma situação gerou ideologias dominantes. O que muda são apenas os contextos, enquanto as filosofias acabam por completar ao longo dos séculos, engrandecendo a história da humanidade (FERRAZ39, 2004). 2.1.2 A proporção Em termos matemáticos, proporção é uma igualdade entre razões. Uma razão é o resultado de uma divisão, de uma distribuição fracionária. Quando essa distribuição não deixa sobras, diz-se que é exata. Quando duas razões são iguais, diz-se que são proporcionais. Ou seja, uma proporção refere-se a uma equivalência fracionária (TAVARES et al.134, 2003). É evidente que, se quiséssemos dividir um segmento AB em duas partes desiguais, teríamos uma infinidade de maneiras de fazê-la. Há uma, porém, que parece ser mais agradável ao espírito, como se traduzisse uma operação harmoniosa para os nossos sentidos (CARNEIRO*, 2004). É a divisão em média e extrema razão, a qual foi chamada de secção áurea por Leonardo da Vinci, secção divina por Kepler, proporção divina por Pacioli, etc. Gil49, em 1999, denominou-a em seu trabalho de proporção áurea, e assim será chamada no presente estudo. * CARNEIRO, L. Divisão áurea. Disponível em: http://www.hmat.hpg.ig.com.br/curiosidades/divaurea.htm. Acesso em: 09 jun. 2004. 33 Quando temos um segmento de reta com extremidades A e B, podemos determinar um ponto D neste segmento, dividindo-o em média e extrema razão. O objetivo é encontrar um ponto D entre A e B tal que a razão entre o segmento AB e o segmento AD seja Ф (1,61803...) (Figura 9) (SODRÉ & TOFFOLLI126, 2004). FIGURA 9 - Isso significa que o maior segmento AD é 1,61803... vezes a medida do menor segmento DB126. Geometricamente, a proporção áurea é encontrada por meio de um segmento de reta dividido em duas partes de diferentes tamanhos, sendo que a medida do segmento da reta completo está para a medida da parte maior, na mesma proporção em que a medida da parte maior está para a medida da parte menor (Figura 10) (TORRENS135, 2005). FIGURA 10 – Segmento de reta dividido em média e extrema razão: A=1,618; B=1; C=0,618. Sendo B/C=A/B=1,618. A proporção áurea é gerada a partir da proporcionalidade que se expressa pelo número incomensurável 1,618033... (geralmente utilizado 1,618), obtido aplicando a fórmula: Ф = (1+51/2)/2, sendo seu recíproco aproximadamente 0,618. O caractere grego Ф (phi) é utilizado em virtude de ter o escultor grego Phidias utilizado largamente a 34 proporção em suas obras, razão pela qual o símbolo da mesma passou a ser o daquela letra do alfabeto grego (GIL49, 1999). Duas grandezas diferentes, e somente duas, podem fornecer uma proporção contínua. Sejam as grandezas a e b, sua soma a+b fornece o termo requerido: a+b/a = a/b, que é uma proporção célebre e que se funda na seção de ouro, que se obtém quando a/b=1,618 (Figura 11) (SOUZA et al.127, 2003). FIGURA 11 – Equação matemática para obtenção do número áureo96 Do segmento áureo, surge o retângulo áureo com os lados proporcionais a 1 e 1,618. Esse retângulo é considerado a fórmula geométrica mais agradável aos olhos (Figura 12) (SOUZA et al.127, 2003). 35 FIGURA 12 – Desenho esquematizando o retângulo áureo. Seja ABCD um quadrado, ACGH é um retângulo áureo*. 2.1.3 A proporção áurea e os números de Fibonacci Leonardo de Pisa (Fibonacci=filius Bonacci) matemático da Idade Média, escreveu em 1202 um livro denominado Líber Abaci. Esse livro contém assuntos relacionados à aritmética e álgebra da época e teve importante papel no desenvolvimento matemático da Europa nos séculos seguintes pois, foi por meio dele, que os europeus vieram a conhecer os algarismos indus, também denominados arábicos. A teoria contida no Líber Abaci é ilustrada com muitos problemas os quais representam uma grande parte do livro. Um deles é o dos pares de coelhos (paria coniculorum): Quantos pares de coelhos podem ser * MATEMÁTICA HOJE. O retângulo áureo. Disponível em: http://www.matematicahoje.com.br/telas/mat_hoje/livro/oitava.asp?aux=B. Acesso em: 30 set. 2005. 36 gerados de um par de coelhos em um ano? (SODRÉ & TOFFOLLI126, 2004). Diante disso, Fibonacci propôs o seguinte problema: supondo que um par de coelhos (uma fêmea e um macho) sejam colocados em um campo cercado, e que eles fiquem sexualmente maduros em um mês, então ao final do segundo mês, a fêmea pode produzir um novo par de coelhos. Levando em consideração que os coelhos nunca morram e que a fêmea sempre produza um novo par todo mês (uma fêmea e um macho), então observaremos que: a partir do primeiro mês eles cruzam, mas continuam sendo apenas um par; ao final do segundo mês, a fêmea produz um novo par, então agora são dois pares. Ao final do terceiro mês a fêmea original produz um segundo par, formando três pares; ao fim do quarto mês a fêmea original produz um novo par. A fêmea nascida no segundo mês produz seu primeiro, par, formando cinco pares. Assim, obtém-se a seguinte seqüência: zero, um, um, dois, três, cinco, oito, 13,21,34,..... infinitamente (Figura 13) (KNOTT*, 2004). 37 FIGURA 13– Esquema representando a reprodução de coelhos, segundo Fibonacci*. Ao resolver esse problema, transcreveu o que seria uma das seqüências mais instigantes da matemática, que ficou conhecida como seqüência Fibonacci: é uma série de números infinitos, onde os primeiros números são zero e um, e onde cada número é igual à soma de seus dois antecessores. Dividindo dois termos consecutivos da sucessão (o número maior pelo menor) vamos obter as sucessivas aproximações de phi (1:1 = 1; 2:1 = 2; 3:2 = 1.5; 5:3 = 1.6666...; 8:5 = 1.6; 13:8 = 1.625; 21:13 = 1.61538...; 34:21 = 1.61904...; 89:55 = 1,618; etc...) (Figura 14) (KNOTT et al.66, 2004). * KNOTT, R. The Fibonacci numbers and golden section in nature. Disponível em:http://www.mcs.surrey.ac.uk/Personal/r.Knott/Fibonacci/fibnat.html. Acesso em: 22 dez. 2004. 38 n: 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 ... Fib(n): 0 1 1 2 3 5 8 13 21 34 55 89 144 233 377 610 987 FIGURA 14 – Exemplo da sucessão de Fibonacci. Somando-se o número oito com o número cinco, o resultado será 13. Dividindo-se 89 por 55, o resultado será 1,61866. Colocando-se essas medidas em um gráfico, observa-se que quanto mais avança a série, mais este se aproxima para depois se tornar constante em 1,618 (Figura 15) (KNOTT et al.66, 2004). FIGURA 15 – Exemplo da razão entre os termos consecutivos de Fibonacci66. Na verdade, a seqüência de Fibonacci proporciona um embasamento matemático para a razão áurea. Curiosamente essa seqüência e a proporção áurea, estão interligadas por meio do número áureo (ARAÚJO7, 2003). A presença da seqüência de Fibonacci pode ser observada em inúmeras formas. Usando-se a série 1,1,2,3,5,8,13, ... e considerando o primeiro quadrado de tamanho igual a um, um em cima do outro, (1+1=2, 2+1=3, 3+2=5, ....) pode-se construir uma espiral de Fibonacci (GIL50, 2001). Conforme descrito por Sodré & Toffoli126 (2004), o caramujo Nautilus marinho possui sua forma espiral demonstrada por 39 meio da espiral de Fibonacci a qual se dá da seguinte maneira: partindo de um quadrado com lado 1X1, anexando um quadrado semelhante ao lado, têm-se um retângulo 2X1, sendo o lado maior igual à soma dos lados dos quadrados anteriores. Anexando um quadrado com lado igual a dois, têm-se um retângulo 3X2, se continuarmos a adicionar quadrados com lados iguais ao maior dos comprimentos do retângulo obtido no passo anterior, a seqüência dos lados dos próximos quadrados será: três, cinco, oito, treze....... que é a seqüência de Fibonacci. Com o uso de um compasso, se for traçado um quarto de círculo no quadrado de lado treze por exemplo, depois no quadrado de lado oito, e assim sucessivamente, com a concordância dessas curvas, obtém-se uma espiral como a do Nautilus marinho (Figura 16). FIGURA 16 – Espiral de Fibonacci. Os desenhos acima mostram que é possível construir uma espiral unindo quartos de círculos, um em cada novo quadrado. Obtém-se assim, a espiral de Fibonacci, presente na forma de caramujos como, por exemplo, o Nautilus marinho96. Esse é um dos pontos de contato entre a série de Fibonacci e a natureza. Os sucessivos compartimentos das conchas são construídos na forma de uma espiral logarítmica. Além da espiral, encontrada em inúmeras formas na natureza como nas conchas marinhas, nos chifres de mamíferos, no trabeculado de vários ossos, a série de Fibonacci pode também ser encontrada com freqüência: na 40 distribuição das folhas e galhos em uma árvore, na reprodução de animais, no corpo humano, na distribuição de sementes nas flores, no número de pétalas das flores, na distribuição das folhas em uma planta, na organização das colméias de abelhas, nos galhos das plantas, entre outros (GIL50, 2001; BRITTON17, 2004). Também podem ser observadas na formação e crescimento dos seres vivos e dos inanimados, desde um inseto até a galáxia (LEVIN69, 2004; JEFFERSON62, 2004). Sodré & Toffolli126 (2004) relataram que essa seqüência numérica aparece em outras situações da vida como no comportamento da luz, dos átomos, na ascensão e queda da bolsa de valores, nas ondas do oceano, nas medidas de cartões de crédito, entre outros. Meisner81 (2004), citou que a proporção se encontra no formato da orelha, apresentando a espiral de Fibonacci que é a forma aplicada do número áureo, no ecocardiograma, (os batimentos cardíacos estão em proporção) e na estrutura do DNA. Nas Figuras de 17 a 20 estão alguns exemplos dessa observação. FIGURA 17 - A proporção áurea na forma dos animais81,62. 41 FIGURA 18 – A proporção áurea também pode ser encontrada na distribuição das sementes das flores, como no padrão espiral do girassol, na distribuição dos galhos de plantas69, na forma das flores62. FIGURA 19 – A proporção na formação das galáxias e nos anéis de saturno62. FIGURA 20 – O pavilhão auricular tem a forma da espiral de Fibonacci96 e as espirais do DNA estão em proporção áurea81. 42 2.1.4 A proporção áurea no corpo humano Em 1946, Brodie et al.19 analisou o crescimento de cada parte da face em relação ao crescimento total e constatou que, apesar de haver uma grande variação individual, as partes conservam sua proporcionalidade independente para cada indivíduo. O padrão de crescimento, segundo o autor, é proporcional. De acordo com Torres136 (1970) a proporção áurea pode ser encontrada no crescimento das estruturas que estão em harmonia e equilíbrio funcional. O organismo cresce mantendo sua forma, e a proporção áurea se manifesta quando esse crescimento é harmonioso. Em seu trabalho, o autor faz uma descrição da presença da proporção áurea no ser humano: o umbigo divide a altura total do corpo em proporção áurea; o braço estendido ao lado do corpo divide em proporção áurea, na altura do maior dedo; os ossos da mão estão em proporção áurea: metacarpos e falanges; distância entre o subnasal-comissura labial está em proporção com a distância comissura-gnátio; a distância linha da pupila-ponta do nariz está em proporção com a distância ponta do nariz- comissura; conduto auditivo-comissura está em proporção com comissura –gnátio (divide a mandíbula entre corpo e ramo) (Figura 21). 43 FIGURA 21 – Segmentos áureos no corpo humano96. Ricketts113 (1972) realizou estudo com o objetivo de descrever uma forma para o crescimento mandibular utilizando, para tanto, quarenta radiografias cefalométricas frontais e laterais de indivíduos com idade inicial de oito anos. Metade da amostra era do sexo feminino e a outra metade era do sexo masculino. Vinte indivíduos possuíam oclusão normal, os demais apresentavam má-oclusão Classe II. Um estudo computadorizado de 362 medidas cefalométricas foi realizado durante cinco anos, para acompanhar o crescimento mandibular. Foi observado que a mandíbula se desenvolve com crescimento arquial, o qual descreve uma espiral logarítmica, que representa uma forma aplicada do número áureo (Figura 22). 44 FIGURA 22 – Crescimento da mandíbula na forma da espira de Fibonacci 113 Em estudo de Moss et al.91 (1974) sobre o crescimento mandibular ativo e passivo, os autores descreveram o crescimento mandibular obedecendo a uma espiral logarítmica, uma forma aplicada do número áureo da seguinte forma: o crescimento mandibular se mostra logarítmico, assim sendo, possui três atributos logarítmicos: a) apresenta um crescimento alométrico (expresso por uma equação de crescimento relativo); b) todo crescimento mandibular humano pode ser acuradamente descrito por uma única espiral logarítmica; c) o seu crescimento é gnomônico, isto é, muda o seu tamanho enquanto retém a sua forma. A síntese do crescimento mandibular é representada pela interrelação entre o processo ativo e passivo de crescimento e suas propriedades logarítmicas. 45 Em 1977, Ghyka48 esclareceu um estudo realizado por Zeysing (1850), o qual acompanhou o crescimento de crianças desde o nascimento até 21 anos de idade e observou que ao se dividir o corpo humano na altura do umbigo, quando dividida a parte maior pela menor, este encontra-se em proporção áurea. O autor relatou ainda que essa relação se estabelece aos 13 anos de idade e que, até essa idade, os indivíduos não apresentam suas estruturas em proporção, pois ao nascimento o umbigo divide o corpo humano em duas partes iguais. Considerou ainda que os esqueletos humanos mostram detalhes e acima de tudo formas mais rigorosas que os homens vivos. O corpo onde temos pele, músculos, apresenta flutuações mais difíceis de se traduzir em medidas precisas. Em trabalho de Ricketts115 (1982), dentre outras medidas que foram apresentadas, demonstrou-se que a mandíbula cresce sobre um arco e que esse arco muito proximamente se conforma a uma espiral logarítmica, que tem como base a secção áurea. 2.1.5 A proporção áurea na análise dentária Para Torres136 (1970), a proporção áurea aparece na dentição decídua da seguinte forma: a) a largura entre as fossas dos segundos molares superiores está em proporção áurea com as seguintes medidas: rafe palatal-cúspide do canino; rafe palatal-cúspide palatina do primeiro molar; rafe palatal-colo do segundo molar; 46 b) traçando-se linhas paralelas à rafe palatal, tangentes às faces distais dos incisivos centrais, laterais e cúspides dos caninos, verifica-se que essas linhas se encontram em proporção áurea; Na dentição permanente, segundo o autor ocorre o seguinte: a) tomando-se a distância entre as fossas dos primeiros molares, observa-se que: essa distância corresponde à distância entre a fossa do primeiro molar e cúspide do canino do lado oposto. Ao verificar essa medida, observa-se que o ponto de intersecção da rafe com a linha interfossa do primeiro molar está em proporção áurea com essa medida; a mesma distância se observa na rafe desde a distal do segundo molar até o ponto interincisivo; ao tomarmos a medida anterior, observamos que está em proporção áurea com uma linha que passa pelas fossas dos primeiros pré- molares; está em proporção áurea com a distância rafe-cúspide do canino; b) as linhas traçadas paralelas à rafe palatal e tangentes à distal dos dentes anteriores estão em proporção áurea. Em 1978, Levin68 publicou um artigo a respeito de estética dentária e proporção áurea e descreveu a aplicação dessa proporção na estética dentária. Verificou em fotografia em norma frontal, por exemplo, que a largura do incisivo central superior encontra-se em proporção com a largura do incisivo lateral superior. Ricketts114 (1981) relatou a existência de proporções áureas em arcos dentários harmônicos da seguinte forma: a largura dos incisivos centrais inferiores (10,8mm) está em proporção com a largura 47 dos incisivos centrais superiores (17,5mm); a largura dos incisivos centrais superiores (17,5mm) está em proporção com a largura dos incisivos laterais superiores (28,3mm); a distância entre pré-molares (45,7mm) está em proporção com a distância entre os incisivos laterais superiores. A largura dos quatro incisivos inferiores (centrais e laterais – 22,1mm) está em proporção com a distância entre os caninos superiores (35,7mm); a largura da mesial do segundo molar superior (57,8mm) está em proporção com a distância intercanina (35,7mm); a distância entre as faces distais dos caninos inferiores (31,5mm) está em proporção com a distância entre os primeiros molares inferiores (50,2mm) (Figura 23). FIGURA 23 – Esquema representativo das relações áureas dentárias descritas por Ricketts114. Preston107 (1993) realizou um estudo sobre a aplicação da proporção áurea na estética dental. O autor se propôs avaliar a relação da 48 proporção entre a largura do incisivo central superior e o incisivo central ou lateral inferior. Após medir essa relação em 58 modelos ortodônticos de alunos da Universidade da Califórnia, concluiu que a proporção áurea não foi encontrada entre aqueles dentes, sendo que houve a ocorrência da mesma em 25% dos casos quando se relacionou incisivo central superior com o incisivo central inferior. Quando avaliada essa relação entre o incisivo central superior e o incisivo lateral inferior, não verificou-se a ocorrência da proporção áurea. Para Snow125 (1999), com o aumento da aplicação do tratamento dental cosmético, tornou-se necessário o melhor entendimento dos princípios estéticos. A simetria da linha média, e a regressão seguindo a proporção áurea de anterior para posterior dos elementos dentários, são requeridos para se criar unidade e um sorriso esteticamente agradável. A proporção áurea foi sugerida como uma ferramenta matemática possível, para avaliar o crescimento e a proporção na norma frontal dos dentes maxilares. Segundo o autor, a aplicação dos conceitos da proporção áurea na Odontologia, proporciona simetria e sorrisos esteticamente agradáveis. Em 2004, Levin69 descreveu por meio do uso do compasso áureo, proporções em estruturas dentárias. Encontrou no arco superior, que a largura do incisivo central está em proporção com a largura do incisivo lateral. Demonstrou também que a largura do incisivo lateral está em proporção com a do canino e que o mesmo encontra-se em proporção áurea com a largura do primeiro pré-molar. Mazur et al.80 (2005) consideraram que a proporcionalidade entre os dentes anteriores é notada a partir dos incisivos centrais em direção aos dentes posteriores, definida como "proporção áurea". Essa proporção baseia-se nos tamanhos dos dentes vistos frontalmente, e não em seus tamanhos reais ou individuais. O sorriso, quando visto frontalmente, é considerado esteticamente mais agradável se cada dente apresentar, aproximadamente, sessenta por 49 cento do tamanho do dente mesialmente localizado (a proporção do canino para o incisivo central é da ordem de 0,618 para 1). A proporção largura/comprimento do incisivo central superior deve ser considerada em torno de oitenta por cento. Essas proporções relativas e aparentes dos dentes podem ser quebradas com o mau posicionamento ou giroversão dental. Issas58 (2005) descreveu um caso clínico, no qual utilizaram a proporção áurea no planejamento. Segundo o autor, um detalhe importante que contribuiu para o sucesso desse caso foi que, ao se planejar a confecção das facetas, realizou-se um enceramento do caso em modelo de estudo com base na proporção áurea. Nesse relato clínico, quando da realização do exame clínico, constatou-se que somente com a confecção das facetas e substituição das resinas nos dentes anteriores não se conseguiria um resultado satisfatório, ficaria faltando alguma coisa, algo mais, um pequeno detalhe que faria a diferença no final do tratamento. Segundo o autor, é importante que o profissional tenha olhos para ver, tenha sensibilidade e esteja disposto a solucionar o caso em sua totalidade. O resultado final, de acordo com o autor, foi bastante satisfatório. 2.1.6 A proporção áurea relacionada à beleza e estética Wuerpel141 (1932) destacou a importância da beleza para o ser humano. Relatou também que é a mais fina expressão das emoções humanas, sendo de difícil definição por meio de palavras. É uma concepção, um êxtase, uma reação que nos convém. Ao avaliar o comportamento humano frente aos conceitos de beleza, desde a idade da 50 pedra até os dias atuais, concluiu que as reações do passado, frente a esses conceitos, mudaram com o passar dos tempos. Em 1937, Wuerpel142 considerou que não deve haver padronização nos tratamentos. Isto seria contra a natureza e a arte. O profissional da Ortodontia deve ter como objetivo final, não somente a restauração da oclusão normal, é preciso buscar também a melhor aparência facial, ou seja, buscar o balanço e a harmonia facial. Considerou ainda que indivíduos que apresentam oclusão normal, não são necessariamente belos, com base nisso, os profissionais deveriam analisar além da anatomia da cabeça, sua forma e proporção. Para Ricketts112 (1957) a definição dos conceitos sobre estética facial muitas vezes seria subjetiva, representando o conceito de beleza para determinados grupos sociais, variando no tempo e espaço. O autor enfatizou também que a estética deve ser um dos objetivos do tratamento ortodôntico, e que há necessidade de se conhecer dois conceitos para avaliar o padrão de beleza, sendo eles: balanço e harmonia facial. O termo balanço corresponde a uma proporção correta entre os elementos faciais e a harmonia facial corresponde à adaptação, ao ajuste desses elementos. De acordo com Baum13 (1966), as faces humanas variam infinitamente, sendo que a progressão das mudanças segue um modelo que pode ser medido e classificado com propósito científico. Cada paciente segue sua individualidade. Com base nisso, o Ortodontista não pode praticar sua profissão por meio de números, pois o paciente não é a média de um grupo. Ressaltou ainda que o conceito de estética facial é variável, sendo representado por um conjunto de características inerentes à cultura, época e moda porém, normalmente, as faces consideradas belas, apresentam estruturas em equilíbrio. Peck & Peck101 (1970) realizaram estudo, utilizando fotografias frontais e de perfil e radiografias cefalométricas laterais de 52 indivíduos adultos, com oclusão Classe I de molar, todos 51 reconhecidamente bonitos, vencedores de concursos de beleza, oriundos de 13 diferentes países europeus. Observaram que o público prefere um padrão dentofacial mais protrusivo, ao preconizado pelos traçados cefalométricos mais usuais, e destacaram a importância que deve ser dada às preferências estéticas individuais ao se realizar um tratamento ortodôntico, analisando as qualidades faciais de simetria, harmonia e proporção. Relataram ainda que, independente de sexo, idade, raça ou condição social, as pessoas têm a mesma base para a classificação de beleza facial. A diferença encontrada é a cultural, ou seja, os negros norte-americanos, por exemplo, apresentam o mesmo gosto estético que os brancos americanos apreciando faces brancas e negras. Já os negros africanos, sem contato com a cultura branca, preferem sempre as faces negras. Hintz & Nelson56 (1971) analisaram a preferência estética pelo retângulo áureo, por meio visual e do tato de indivíduos cegos por natureza, cegos por aquisição, indivíduos sem deficiência visual, com os olhos vendados, e sem deficiência visual, sem venda nos olhos. Os indivíduos do estudo deveriam selecionar o retângulo esteticamente mais agradável e o menos agradável. Observou-se que os indivíduos dos grupos cegos por aquisição, olhos vendados e olhos não vendados confirmaram a preferência estética pela proporção áurea, selecionando por meio do tato os retângulos áureos como aqueles esteticamente mais agradáveis. Os indivíduos do grupo cegos por natureza, classificaram o retângulo áureo como uma figura satisfatória. Os autores consideraram que a imagem visual prévia pode ser determinante para essa preferência. Na área da Psicologia, Benjafield14, em 1976, estudou a preferência estética por retângulos áureos em um grupo de cento e oitenta indivíduos, divididos em pequenos grupos com 15 homens e 15 mulheres cada. Os avaliadores deveriam separar os retângulos considerados mais agradáveis e menos agradáveis. Houve uma tendência a preferir os retângulos maiores aos pequenos e retângulos próximos à 52 razão áurea. O autor considerou que, ao que tudo indica, a proporção áurea é ainda a mais preferível e agradável proporção. Em estudo de Boselie15, em 1984, foi observada a preferência estética de cinqüenta psicólogos por desenhos com ângulos e proporções em razão áurea, sendo que 12 pares de figuras foram apresentados aos avaliadores. Após a análise dos resultados, o autor concluiu que nenhuma preferência em especial foi dada às figuras que encontravam-se em proporção áurea. Conforme citado por Czarnecki et al.28 (1993), os conceitos atuais de diagnóstico e plano de tratamento enfocam balanço e harmonia de várias características faciais. Segundo os autores, a avaliação da estética facial é um tanto quanto subjetiva, pois o balanço e harmonia dos componentes faciais não necessariamente significam uma face atrativa. Reconhecendo a considerável confusão existente com relação à padronização de uma face normal padrão, o estudo foi realizado para construir um perfil que estabelecesse critérios objetivos de estética facial. O propósito foi desenvolver uma série de perfis faciais para serem avaliados por 545 cirurgiões dentistas. Pela variação do tamanho dos lábios, nariz, queixo e convexidade facial, procurou-se encontrar as combinações faciais mais aceitáveis, bem como as menos desejáveis. Dentre todas as combinações, as menos desejáveis foram as que apresentaram o queixo extremamente retraído ou a face excessivamente convexa. Uma protrusão labial foi considerada aceitável tanto para faces masculinas quanto para femininas, quando nariz e queixos largos estavam presentes. Os autores consideraram que beleza e harmonia facial não são conceitos fixos. Padrões de beleza variam muito entre pessoas, grupos étnicos e nível sócio-econômico. Como conclusão, sugeriram que o objetivo do tratamento ortodôntico seja direcionado para a obtenção do balanço e harmonia facial ao invés de parâmetros rígidos esqueléticos e dentais pré-determinados, sendo essa filosofia de tratamento, considerada um erro pelos autores. 53 De acordo com Mack72 (1996), a percepção de uma face bonita está baseada na harmonia e proporção craniofacial, bem como nas suas formas e contornos externos. A razão áurea, determinada pelo número 1,618 estabelece uma base matemática e geométrica do que é percebido como belo. O autor relacionou o balanço facial com a razão áurea e mostrou a dependência da relação entre a dimensão vertical da oclusão e a altura facial, considerada para ele como um segredo para a melhoria da beleza da face. A proporção facial, perfil mole, a relação entre perfil mole e posição dos lábios e a relação dos lábios com o sorriso, seriam uma espécie de “guia visual” que, em conjunto com a avaliação da oclusão, seriam a base para se restabelecer função e estética. Concluiu ainda que a estética sempre deve acompanhar a restauração da função. Suguino et al.130 (1996) relataram que os conceitos hoje vigentes para o diagnóstico e plano de tratamento, remetem ao equilíbrio e harmonia dos traços faciais. O planejamento das mudanças estéticas faciais é difícil, especialmente quanto à sua integração com a correção da oclusão. Segundo o autor, infelizmente o tratamento da má-oclusão nem sempre leva à correção ou mesmo à manutenção da estética facial. Algumas vezes, o entusiasmo de se alcançar um correto relacionamento dentário pode comprometer o equilíbrio facial. Isso pode acontecer, em parte, pela falta de atenção à estética, ou simplesmente pela falta de compreensão do que se deseja como um objetivo estético. A habilidade de se conhecer uma face bela é inata, porém traduzí-la em medidas terapêuticas objetivas e definidas, torna-se tarefa mais árdua. A percepção da beleza é uma preferência individual, com influência cultural. Com o avanço e popularidade dos procedimentos cirúrgico/ortognáticos, a busca pelo equilíbrio facial recebeu maior destaque. Isso, segundo os autores, resultou na intensificação da necessidade de se estudar as faces esteticamente equilibradas e a harmonia entre os diferentes elementos faciais. 54 Conforme Gil50, em 2001, o ser humano tem um padrão estético comum, apesar das diferenças entre eles, e que a apreciação da beleza facial é uma preocupação muito antiga e marcante. Assim, conforme citado pelo autor, não podemos nos limitar apenas ao estudo da oclusão e da cefalometria, ao planejar um tratamento. A estética facial deve ocupar uma posição de destaque, sendo muitas vezes o ponto central do planejamento. A estética da face, conforme citado por Vedovello et al.139 (2001), tornou-se, juntamente com a oclusão normal, a saúde dos tecidos periodontais e a estabilidade, um dos principais objetivos do tratamento ortodôntico. A qualidade da estética facial é beneficiada pelas relações dentárias esqueléticas harmoniosas, sendo imprescindível que a análise da face seja realizada, cefalometricamente, por meio da radiografia cefalométrica lateral e finalizada pelo exame clínico, que deve levar em conta o padrão facial, a raça e a cultura do indivíduo. Destacaram que a estética proporcionada ao paciente não se resume a um correto alinhamento dentário, mas também em harmonia entre as linhas faciais, considerando o padrão de beleza que varia com a cultura e a raça de uma população. A forma da fronte, a dimensão e a proporção do nariz e o desenvolvimento da parte inferior da face determinam as características do perfil facial. A beleza facial pode ser definida como um estado de harmonia e equilíbrio das proporções faciais, estabelecidas pelas estruturas esqueléticas, dentais e tecido tegumentar. Para os autores, ao ortodontista cabe preservá-la ou melhorá-la, pois o tratamento ortodôntico freqüentemente enseja mudanças visíveis nos tecidos tegumentares da face. Uma equação biológica aplicável a todos os seres humanos, independente de raça, sexo, idade e outras variáveis foi apresentada por Jefferson61,em 2004, da seguinte forma: proporção divina = beleza facial = saúde das ATMs = saúde fisiológica = harmonia fisiológica = fertilidade = saúde e bem estar geral = qualidade de vida. O 55 autor considerou que indivíduos em proporção divina são atraentes e tendem a ser fortes e saudáveis, e que a face humana também deve estar em proporção divina para ser bonita e biologicamente eficiente. Segundo o autor, o perfil considerado como padrão universal de perfil agradável e onde a proporção divina é encontrada é aquele em que ocorre um equilíbrio entre o posicionamento ântero-posterior da mandíbula e da maxila. Oliveira Júnior97 (2005) analisou a relação entre as diversas regras estéticas descritas na leitura e a percepção da beleza, a fim de obter subsídios para o correto diagnóstico estético dos pacientes. Para tanto, participaram sessenta voluntários de ambos sexos, com faixa etária de vinte a trinta anos, dos quais foram realizadas duas fotografias (face e sorriso). Essas foram inicialmente pareadas, de um a sessenta para face e de 61 a 120 para sorrisos e, submetidas a duas análises estéticas conforme descritas a seguir: a) percepção de beleza: as 120 fotografias foram misturadas e apresentadas a vinte examinadores que as classificaram, segundo seus critérios e gostos pessoais, em bonitas e não bonitas; b) em seguida, foram fixadas folhas de papel vegetal previamente recortadas sobre as fotografias e realizou-se o traçado e as mensurações de oito normas de simetria e proporcionalidade: proporção áurea vertical da face, proporção áurea horizontal de face, linha interpupilar, linha mediana, plano incisal, proporção áurea dos dentes anteriores/superiores, linha do sorriso, relação de contato interdental. Observou-se que os voluntários classificados como mais belos apresentam uma confirmação de presença das normas estéticas em 73,33% das avaliações, enquanto que os voluntários percebidos como não bonitos confirmaram as regras estéticas em apenas 38,33% dos casos. O autor concluiu que as normas de simetria e proporcionalidade influenciam diretamente a percepção da beleza independente de gostos pessoais; os voluntários perceptivelmente mais belos tiveram uma correspondência com as normas estéticas de 73,33%, enquanto que os não bonitos apresentaram uma taxa de 56 confirmação às normas de apenas 38,33%. As normas mais influentes na percepção da beleza foram: proporção áurea horizontal da face e linha do sorriso com freqüência de 86,6%. Apesar de apresentar-se com a maior freqüência das normas nos voluntários considerados bonitos (43,3%), a proporção áurea dos dentes estava presente em apenas 13,3% dos considerados não bonitos. 2.1.7 A proporção áurea em medidas craniofaciais Para Ricketts114 (1981), a proporção áurea pode ser aplicada no tratamento ortodôntico em relação aos dentes, ossos e tecidos moles e também no planejamento de Cirurgias Bucomaxilofaciais e Cirurgias Plásticas, propondo um tratamento com uma análise individualizada, em contraposição às medidas médias da população. Descreveu proporções áureas nos tecidos moles da face: a largura da asa do nariz, a largura da boca, do canto lateral dos olhos e a largura da cabeça na altura das sobrancelhas, estão em proporção áurea. Por meio de uma amostra de trinta indivíduos do sexo masculino, considerados bonitos e com oclusão normal, verificou oito relações áureas no crânio, em radiografias cefalométricas laterais, dentre elas: A (ponto subespinhal)-Borda incisal do incisivo inferior Φ Borda incisal do incisivo inferior-Ponto Pm (protuberância mental da mandíbula); Or (borda inferior da órbita)-A Φ A-Ponto Pm; Ponto Pm-Xi (centro geométrico do ramo da mandíbula) Φ Xi-Co (região posterior da cabeça do côndilo), e encontrou relações áureas na região anterior (Sela-Násio) e posterior da base do crânio (Sela-Básio), entre outras. Com relação aos tecidos moles, em faces consideradas bonitas, foram verificados vários segmentos verticais 57 em proporção áurea como: mento-boca (na altura da comissura labial) Φ boca-canto externo dos olhos; canto externo dos olhos-tríquio (parte mais superior do contorno da testa) Φ canto externo dos olhos-mento, entre outros. Em 1982, Ricketts115 citou que as estruturas que se encontram em proporção áurea são mais estáveis, esteticamente agradáveis e funcionalmente eficientes. O autor propôs a utilização da proporção divina, utilizada em esculturas e pinturas desde a Grécia antiga para reabilitar os segmentos da face. Para tanto, analisou dez fotografias frontais das faces de modelos de tipos raciais diferentes, considerados bonitos, além de radiografias cefalométricas laterais de peruanos do sexo masculino e radiografias frontais de pacientes selecionados pela Fundação de Pesquisas Ortodônticas. Todos os indivíduos da amostra eram adultos e apresentavam oclusão normal. Foram encontradas medidas verticais e horizontais da face em proporção áurea, tanto em estruturas ósseas, como em tecidos moles. Como conclusão de seu trabalho, citou que a proporção áurea está relacionada com a harmonia e à beleza da face e que a Ortodontia contemporânea não deveria preocupar-se somente em ajustar os dentes, mas procurar também harmonizar a dentição com as estruturas esqueléticas faciais, utilizando a proporção áurea como um auxiliar no plano de tratamento. Enacar et al.32 (1994) utilizaram em seu estudo vinte radiografias cefalométricas laterais para analisar a existência de proporção áurea em mudanças ocorridas depois do tratamento ortodôntico e cirúrgico em indivíduos com má-oclusão de Classe III. Os autores concluíram que a proporção áurea poderia ser utilizada como guia no plano de tratamento de indivíduos que serão submetidos a tratamento cirúrgico e ortodôntico. A existência de uma possível relação entre a proporção áurea e vários segmentos faciais, foi observada por Amoric6, em 1995, a partir de uma série de traçados realizados em indivíduos franceses, com 58 oclusão normal desde a infância até a idade adulta, além de traçados anuais de indivíduos norte americanos, com idades entre quatro e 18 anos, os quais também apresentavam oclusão normal. Com o uso de um compasso áureo, relacionou os segmentos que poderiam se apresentar em proporção. O autor encontrou vários segmentos craniofaciais em proporção áurea em muitas medidas cefalométricas e em vários estágios de crescimento facial. Considerou a possibilidade do ortodontista realizar o plano de tratamento ortodôntico e cirúrgico com base na proporção áurea. Jacobson59 (1995) considerou a importância da cefalometria no diagnóstico e plano do tratamento ortodôntico, e ressaltou que a interpretação da comparação da cefalometria individual com a do padrão da média deve ser muito criteriosa. De acordo com o autor, o planejamento do tratamento deve procurar atingir o melhor da estética e função para cada paciente, mais do que enquadrá-lo às normas anatômicas de oclusão e configuração facial. A oclusão ideal e a proporção áurea dos tecidos moles e ósseos, podem determinar o melhor caminho para o planejamento do tratamento e isto deve ser feito dentro da norma individual. Alguns tópicos relacionados à Proporção Divina e o posicionamento maxilo-mandibular foram discutidos no estudo de Jefferson60, em 1996. De acordo com o autor, na maioria dos casos, tratamentos ortopédicos/ortodônticos para disfunção e dor crânio- mandibular requerem maxila e mandíbula em uma posição ideal. O autor acredita que todas as criaturas, incluindo o homem, são geneticamente codificadas a desenvolver uma proporção ideal e definitiva, e estão relacionadas com um fenômeno biológico conhecido como proporção divina. Entretanto, fatores ambientais podem, até certo grau, desviar os seres vivos desse ideal. O tratamento de pacientes visando o posicionamento ideal dos maxilares traz benefícios como harmonia funcional e saúde das articulações têmporo-mandibulares, o que leva ao 59 alívio das dores de cabeça crônicas, otite, dores miofaciais e da respiração. O autor considerou também que, quando os ossos da face são posicionados idealmente, a estética facial também é melhorada. Uma vez que a beleza da face é diretamente relacionada com a proporção divina, e essa por sua vez é universal, o padrão de beleza também pode ser universal, independente das diferenças culturais, geográficas, étnicas, sexo, idade, etc. Zietsman et al.144 (1997) analisaram a proporção áurea no crânio, em uma amostra de radiografias cefalométricas laterais, realizadas antes do tratamento ortodôntico em um total de cem indivíduos. Com base nas avaliações a partir de pontos cefalométricos, encontraram algumas medidas em proporção áurea e concluíram que esta pode ser utilizada para diagnóstico e plano de tratamento, em diversas áreas da odontologia. A proporção áurea em segmentos da face foi observada por Piccin103 (1997), em 121 indivíduos adultos jovens, totalmente dentados, por meio de medidas em fotografias. Para tanto, os indivíduos foram posicionados no cefalostato e fotografados de perfil, em posição habitual de repouso fisiológico. Os seguintes segmentos foram selecionados: A = Lc-Sbn (canto do olho à base do nariz), B = Sbn-St (base do nariz à linha divisória dos lábios) e C = St-Gn (linha divisória dos lábios ao ponto mais inferior e anterior do mento). O autor encontrou proporção áurea entre os segmentos avaliados e considerou que a comprovação dessas proporções na face de indivíduos dentados pode auxiliar na reabilitação oral, mais especificamente na obtenção da dimensão vertical em indivíduos desdentados parciais ou totais que possuem diminuição dessa dimensão, podendo-se verificar se já havia a presença destas proporções anteriormente, por meio de fotografias antigas desses pacientes. Garbin & Passeri47 (1999) desenvolveram um estudo com o objetivo de verificar a existência da proporção áurea entre medidas 60 realizadas por meio de radiografias cefalométricas laterais, de indivíduos jovens com oclusão normal, e se essas proporções apresentavam diferenças entre os sexos. Para tanto, foram utilizadas quarenta radiografias cefalométricas laterais de indivíduos entre 18 a 25 anos de idade, sendo esses brasileiros e leucodermas. As medidas utilizadas foram: Ba-S/S-N; Ar-Cc/Cc-N; R-Enp/Enp-Ena; PFr-A/A-Pm; Co-Xi/Xi-Pm e A-1/1-Pm. Os traçados cefalométricos foram realizados manualmente, sendo cada medida mensurada três vezes, com um intervalo de sete dias entre as marcações. Aplicou-se o teste t de Student para verificar se as médias calculadas e observadas diferiam entre si. O autor concluiu que, somente uma medida avaliada (Basio-Sela em relação com Sela-Násio), não apresentou proporção nos dois sexos. A medida A-1/1-Pm não foi proporcional para ambos os sexos. A diferença entre as medidas observadas e calculadas não foi estatisticamente significativa para o sexo masculino. Houve também dimorfismo sexual para a proporção Co-Xi/Xi- Pm, pois os jovens do sexo feminino apresentaram-se proporcionais, o que não ocorreu com o sexo masculino. As demais proporções apresentaram-se em proporção tanto no sexo masculino quanto no sexo feminino. Conforme citado por Araújo et al.8 (2001), acredita-se que a mente humana é atraída pela proporção que está relacionada com a “secção áurea” e que a série de Fibonacci expressa precisamente essa proporção. Com base nisso, observou em três proporções divinas de Fibonacci, descritas por Ricketts115 (1982), a ocorrência da proporção áurea em dez indivíduos tanto do sexo masculino quanto do feminino, com idades entre 16 a 44 anos portadores de má-oclusão Classe II de Angle, que seriam submetidos à cirurgia ortognática, por meio de radiografias cefalométricas laterais nos períodos pré e pós-operatório. Os pacientes apresentaram respostas diferentes. Houve diferença estatística entre os dados pré e pós-operatórios nas proporções A-1/1-Pm e Co- Xi/Xi-Pm, sendo que o mesmo não ocorreu na proporção PFr-A/A-Pm. A 61 situação de a proporção estar ausente na radiografia pré-operatória e presente na pós-operatória, ocorreu em dois pacientes nas medidas PFr- A/A-Pm e Co-Xi/Xi-Pm e em um paciente na medida A-1/1-Pm. O autor concluiu que a proporção áurea não se aplicou às alterações esqueléticas advindas da cirurgia ortognática e considerou que cada indivíduo deve ser avaliado de maneira independente. Com a finalidade de verificar a hipótese de que, pacientes submetidos ao tratamento ortodôntico e cirurgia ortognática combinados estariam com a face mais estética e em proporção áurea, Baker & Woods10 (2001) avaliaram 46 pacientes sendo 36 mulheres e dez homens, com idades entre 15 e 46 anos, por meio de fotografias coloridas frontais e de perfil e radiografias cefalométricas laterais pré e pós- tratamento. Dez razões foram mensuradas nas radiografias cefalométricas laterais e 11 nas fotografias frontais. Os autores relataram que parece não ter havido correlação entre o valor estético e a proporção áurea nas diferentes faces. Os pacientes foram considerados mais bonitos após o tratamento, porém nem sempre as medidas se apresentaram em proporção áurea. Com base nisso, concluíram que, se a proporção áurea for usada no plano de tratamento ortodôntico e cirurgia ortognática combinados, deverá ser em conjunto com outras análises cefalométricas. Acreditando que as estruturas mais estáveis, esteticamente agradáveis, equilibradas e funcionalmente eficientes seguem as leis da conservação da energia, da conservação dos tecidos e da profunda eficiência, apresentam-se em proporção áurea, o crânio humano, que se enquadra perfeitamente nessas qualificações, também deve apresentá-la, Gil & Medici Filho51 (2002) analisaram existência de proporção áurea na arquitetura craniofacial de 23 indivíduos adultos do sexo masculino e do sexo feminino, com oclusão normal, por meio de radiografias cefalométricas laterais, frontais e axiais, fotografias de frente, perfil, intrabucais e modelos de estudo. A pesquisa foi realizada em áreas 62 de distribuição de forças e pilares ósseos, bem como, em áreas de inserções musculares e divisões naturais do crânio, por acreditar que a proporção é um fator que dirige o crescimento equilibrado e harmonioso, estando relacionado às funções das estruturas. Os valores das medidas selecionadas foram obtidos com o programa Radiocef 2.0 (Radiomemory). Os autores encontraram 619 pares de medidas em proporção áurea, em pelo menos oitenta por cento da amostra, sendo 34 pares na incidência axial, 287 pares na frontal e 298 na lateral. Concluíram que o crânio humano apresenta arquitetura áurea conferindo a este um eficiente equilíbrio e harmonia. Os autores relataram ainda que, conhecendo as estruturas que estão em proporção áurea, é possível devolver ao paciente (tanto na Ortodontia, Cirurgia ou Prótese), as medidas que lhes são harmônicas pois a proporção áurea é uma forma de individualizar a avaliação a partir das características próprias de cada indivíduo, ao contrário do que ocorre com a maioria das análises cefalométricas, que baseiam-se em padrões da média da população. Araújo7 (2003) verificou a presença da proporção áurea em indivíduos entre seis a 13 anos de idade que se encontravam na curva ascendente do surto de crescimento puberal, com oclusão normal e que não foram submetidos ao tratamento ortodôntico prévio. Foram utilizadas 33 radiografias cefalométricas laterais e 33 radiografias de mão e punho, sendo que as medidas foram realizadas no software Radiocef 2.0® (Radiomemory). Para a classificação da amostra, foi utilizado o programa da Curva de Crescimento, versão 1.0 (Radiomemory), sendo que a mesma foi dividida em três grupos. O autor concluiu que 20,5% das razões avaliadas encontraram-se em proporção áurea e que não houve diferença estatisticamente significante nos valores quantitativos das razões em proporção áurea entre os três grupos estudados na curva ascendente do surto de crescimento puberal. A presença da proporção áurea em segmentos do esqueleto craniofacial de indivíduos com oclusão normal que se 63 encontravam na fase de pico do surto de crescimento puberal até antes do término da maturação esquelética (curva descendente do surto), em radiografias cefalométricas laterais de trinta indivíduos com oclusão normal, com idades cronológicas entre nove e 16 anos, foi o propósito do estudo de Martins79 (2003). As mensurações foram realizadas no software Radiocef 2.0® (Radiomemory). A amostra foi dividida em dois grupos, sendo que no grupo um, estavam os indivíduos que se encontravam no pico ou até dois anos após o pico do surto de crescimento puberal e no grupo dois estavam os indivíduos que se encontravam entre dois a três anos após o pico, mas que ainda não haviam atingido a maturidade esquelética, para tanto foi utilizado o programa da Curva de Crescimento, versão 1.0 (Radiomemory). Os resultados mostraram que dos 34 segmentos analisados, 31 apresentaram-se em proporção áurea, em pelo menos oitenta por cento dos indivíduos com oclusão normal que se encontravam na fase do pico do surto de crescimento. O autor concluiu que não houve diferença estatisticamente significativa na quantidade de razões áureas estabelecidas pelos segmentos avaliados entre os dois grupos. Silva124 (2003) avaliou como se apresentam as medidas cefalométricas em relação à proporção divina em um total de 52 proporções, formadas por 28 pontos cefalométricos, utilizando para tal avaliação, radiografias cefalométricas laterais de quarenta indivíduos na faixa etária de 17 a 45 anos de idade, sendo 13 do sexo masculino e 27 do sexo feminino que apresentavam má-oclusão Classe II de Angle. As mensurações foram realizadas utilizando-se o software Radiocef Studio. O autor concluiu que uma média de 65,48% das medidas cefalométricas se encontravam em proporção áurea. Quando foram utilizadas relações envolvidas em áreas do crânio mais sujeitas a variações decorrentes da má-oclusão, houve redução da porcentagem de proporções áureas. O terço inferior da cabeça, juntamente com as áreas nas arcadas dentárias dos indivíduos da amostra, foram as regiões em que as proporções, entre 64 as medidas cefalométricas estudadas, apresentaram as menores porcentagens de proporção áurea. Piselli105 (2003) analisou as possíveis alterações nas proporções faciais dos pacientes antes e após o tratamento ortodôntico e sua relação de proximidade com a proporção áurea. Foram avaliadas 36 telerradiografias realizadas antes e após tratamento ortodôntico de 18 pacientes do sexo feminino com idades entre 12 anos e 11 meses ao início e 15 anos e quatro meses no término do tratamento que apresentavam má-oclusão Classe II, divisão 1. O autor concluiu que, das quatro proporções áureas avaliadas, somente uma (Ena-Enp Φ Enp- posterior da mandíbula) foi encontrada em proporção na amostra antes e após o tratamento. A proporção Pog-A Φ A-HF encontrou-se em proporção áurea no início do tratamento, mas distanciou-se ao término do mesmo. Foi observado que, após o tratamento, os indivíduos apresentaram oclusão estável e harmonia facial. Considerou que, se a proporção áurea for utilizada, deverá ser como auxiliar, juntamente com outros métodos de diagnóstico. Takeshita131 (2004) verificou a proporção áurea em radiografias cefalométricas laterais de 37 indivíduos portadores de má- oclusão Classe II de Angle, com idades entre nove e 21 anos, antes e depois do tratamento ortodôntico, utilizando para tanto o programa Radiocef Studio® (Radiomemory, Belo Horizonte, Brasil). O autor concluiu que, das 19 razões estudadas, oito diferiram de forma estatisticamente significante, sendo que dessas, sete se aproximaram do número áureo após o tratamento. As razões que envolviam dentes foram as que sofreram maior alteração devido ao tratamento ortodôntico. Castilho21 (2005) avaliou a proporção áurea de estruturas do crânio e da face em indivíduos no início e no final do tratamento ortopédico/ortodôntico por meio de noventa radiografias cefalométricas laterais de 45 indivíduos tratados ortopédica/ortodônticamente. Foram criadas duas análises baseadas no trabalho de Gil & Medici Filho51 65 (2002), considerando determinante para a escolha das razões a importância no planejamento do tratamento ortodôntico/ortopédico. Esse procedimento foi realizado em duas etapas com radiografias antes e após o tratamento do respectivo paciente obtendo assim 14 razões antes e 14 razões após o tratamento. Como se tratava de 45 indivíduos, obteve-se 630 medidas antes e após o tratamento, totalizando 1260 medidas. O autor concluiu que, em cinco razões, observou-se diferenças estatisticamente significativas de forma favorável, ou seja, após o tratamento se aproximaram em direção ao número áureo, em sete razões, as diferenças não foram estatisticamente significantes e em três, observou-se diferenças estatisticamente significantes de forma desfavorável, ou seja após o tratamento, distanciaram-se do número áureo. Conhecendo-se a importância estética e funcional de uma face considerada como sendo bela Porto106, em 2005, realizou um estudo com o propósito de colaborar com o Cirurgião-Dentista na busca do belo em indivíduos de dois grupos faciais: dolicofaciais e mesofaciais. Sendo assim, verificou por meio de radiografias cefalométricas laterais de indivíduos na faixa etária entre 17 e 25 anos de idade e com oclusão Classe I de Angle, se algumas medidas apresentavam-se em proporção áurea no esqueleto craniofacial de 24 indivíduos dolicofaciais e 24 mesofaciais. As análises foram realizadas no programa Radiocef Studio® (Radiomemory, Belo Horizonte, Brasil). Com base nos resultados obtidos o autor concluiu que, das oito razões estudadas, a proporção áurea esteve presente em quatro razões (Ena-Enp/Or-Me; Co-Pog/Or-Me; N- Ena/Ena-AA e Ena-Enp/S.O.-POOr) no grupo de indivíduos mesofaciais e em apenas uma razão (A-Pog/Or-Me) no grupo de indivíduos dolicofaciais. No grupo mesofaciais, as razões que mais se aproximaram do número áureo foram: Co-Pog/Or-Me e Ena-Enp/S.O.-POOr e no grupo dolicofaciais, a razão A-Pog/Or-Me foi a razão que mais se aproximou de 1,618. 66 Considerando a proporção áurea como uma forma de individualizar a análise cefalométrica a partir das características próprias de cada pessoa, Ono98 (2005) propôs em seu trabalho verificar a existência da proporção áurea em indivíduos meso e braquifaciais, e assim identificar padrões que caracterizam esses tipos faciais auxiliando no plano tratamento. Foram utilizadas radiografias cefalométricas laterais de 48 indivíduos braquifaciais e 43 mesofaciais, com idades entre 17 e 25 anos e oclusão Classe I de Angle. Para a análise das medidas, foi utilizado o programa Radiocef Studio® (Radiomemory, Belo Horizonte, Brasil). Foi realizado o erro intra-examinador, sendo o período entre as duas marcações de trinta dias. Das oito razões avaliadas, quatro diferiram estatisticamente entre os dois grupos, sendo as razões Or-Me/A-Pog, Or- Me/Co-Go, Ena-AA/N-Ena e SO-POOr/Ena-Enp, áureas nos indivíduos mesofaciais. O autor observou também que o grupo braquifacial não apresentou nenhuma das razões estudadas em proporção áurea. 2.2 Síndrome de Down 2.2.1 Histórico Coelho & Loevy24 (1982) citaram que a primeira descrição das características de crianças com trissomia do cromossomo 21 ocorreu em 1866, pelo médico inglês John Langdon Down, que na ocasião a denominou de idiotia mongoliana, devido às semelhanças físicas dos indivíduos portadores dessa síndrome com a raça mongólica. Nos anos 67 seguintes, várias autoridades consideraram o médico como o descobridor da anomalia, e a designaram de síndrome de Down (SD). Segundo Desai29 (1997) a SD é conhecida como trissomia do 21, trissomia G e mongolismo. A primeira descrição de uma criança que provavelmente apresentava a SD foi realizada por Esquirol em 1838. Oito anos após, Seguin descreveu um paciente com características que sugeriam a anomalia, que mais tarde ficou conhecida como síndrome de Down. Moreira et al.90 (2000), citaram que John Langdon Haydon Down apresentou cuidadosa descrição clínica da síndrome, entretanto erroneamente estabeleceu associações com