UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
“JULIO DE MESQUITA FILHO”
INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS E CIÊNCIAS EXATAS
Trabalho de Formatura
Curso de Graduação em ENGENHARIA AMBIENTAL
ZONEAMENTO GEOAMBIENTAL DO ESTADO DO TOCANTINS
Laira Barros de Almeida
Rio Claro (SP)
2012
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
“JULIO DE MESQUITA FILHO”
INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS E CIÊNCIAS EXATAS
LAIRA BARROS DE ALMEIDA
ZONEAMENTO GEOAMBIENTAL DO ESTADO DO TOCANTINS
Trabalho de Formatura apresentado ao Instituto de
Geociências e Ciências Exatas, Campus de Rio Claro
(SP), da Universidade Estadual Paulista Júlio de
Mesquita Filho, para obtenção do grau de Engenheiro
Ambiental.
Orientador: Jairo Roberto Jiménez-Rueda
Co-orientadora: Luziane Santos Ribeiro
Rio Claro (SP)
2012
Campus de Rio Claro
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
Instituto de Geociências e Ciências Exatas
Curso de Graduação em Engenharia Ambiental
LAIRA BARROS DE ALMEIDA
ZONEAMENTO GEOAMBIENTAL DO ESTADO DO TOCANTINS
Trabalho de Formatura apresentado ao Instituto de
Geociências e Ciências Exatas, Campus de Rio Claro
(SP), da Universidade Estadual Paulista Júlio de
Mesquita Filho, para obtenção do grau de Engenheiro
Ambiental.
Comissão Examinadora
Jairo Roberto Jiménez-Rueda
Marcelo L. Garcia
Marcelo Rodrigo Alves
____________________________________
Rio Claro, 02 de Julho de 2012
____________________ ________________________
Laira Barros de Almeida Jairo Roberto Jiménez-Rueda
Agradecimentos
Primeiramente, eu gostaria de agradecer ao meu orientador, Jairo, por me oferecer
todo o suporte necessário para a realização deste trabalho. Agradeço também à Luziane,
minha co-orientadora, pela atenção prestada principalmente com o ArcGis.
Obrigada a todos aqueles que me ajudaram indiretamente com esse trabalho. Obrigada
a toda minha “família” de Rio Claro, principalmente as meninas com quem morei todos esses
anos na “Quebra-Coco”: Vocês foram fundamentais. Obrigada a Erica, minha colega de
trabalho, ouvido de todas minhas dificuldades para conciliar meu estágio e a execução desse
trabalho. Obrigada a Gabriela Marrach. Você me ajuda só de existir.
Por fim, obrigada à minha família e a Deus. Toda a força que ganhei eu devo a vocês.
Muito Obrigada!
“Se você trabalhar com esforço, fizer valer os seus direitos e usar sua mente e
imaginação, poderá moldar o mundo a seus desejos.” (Malcolm Gladwall)
RESUMO: A carência de estudos de planejamento territorial no Brasil agrava o desequilíbrio
ambiental ocasionado pela ocupação desordenada de uma região. Como mais novo estado
brasileiro frente a uma ocupação acelerada, o estado do Tocantins está enquadrado nessa
realidade. Para o fornecimento de diretrizes para elaboração de um estudo de planejamento
territorial do estado do Tocantins, o presente trabalho está embasado no zoneamento
geoambiental que tem como objetivo o cruzamento de informações pertinentes ao meio físico.
Dessa forma, a partir de um estudo detalhado do meio físico e de elaborações de mapas em
ambiente SIG, apresenta-se as características ambientais do Estado do Tocantins assim como
subsídios ao planejamento na forma de mapas temáticos e capacidade suporte do meio físico.
Esses mapas demonstraram a suscetibilidade a erosão de determinadas áreas inseridas no
estado, como a região próxima aos municípios de Araguaína, Mateiros e Arrais. Além disso,
foi possível identificar áreas frágeis que necessitam de especial atenção como as Coberturas
Cenozóicas a sudoeste do Estado.
Palavras-chave: Sensoriamento Remoto, Morfoestruturas, Zoneamento Geoambiental,
Tocantins
ABSTRACT: The lack of environment planning studies in Brazil drives to an imbalance due
to a disorderly occupation in some areas. As the youngest Brazilian state facing a fast
occupation, Tocantins is included on this situation. In order to provide guidelines for an
environment planning studies, this paper is under geoenvironmental zoning which is based on
the integration of physical aspects. This detailed study supported by maps elaborated on GIS
environment, will be able to present the support for planning studies focused on the potential
or limitation of the area.
Lista de Figuras
Figura 1 - Localização do Estado do Tocantins ....................................................................... 12
Figura2 - Regionalização Climática do Estado do Tocantins................................................... 18
Figura 3 - Mapa de Precipitação Média Anual do Estado do Tocantins .................................. 19
Figura 4 - Mapa de Geologia do Estado do Tocantins ............................................................. 21
Figura 5 - Eras Geológicas e Eventos Geodinâmicos .............................................................. 22
Figura 6 - Ambientes Geológicos do Estado do Tocantins ...................................................... 23
Figura 7 - Mapa de Geomorfologia do Estado do Tocantins ................................................... 25
Figura 8 - Mapa de Zoneamento Agroecológico do Estado do Tocantins ............................... 27
Figura 9 - Mapa de Declividade do Estado do Tocantins......................................................... 28
Figura 10 - Províncias Estruturais Brasileiras .......................................................................... 29
Figura 11 - Unidades Geotectônicas da Província Parnaíba .................................................... 30
Figura 12 - Província Tocantins ............................................................................................... 31
Figura 13 - Província São Francisco ........................................................................................ 33
Figura 14 - Mapa de Bacias Hidrográficas do Estado do Tocantins ........................................ 34
Figura 15 - Mapa de Vegetação do Estado do Tocantins ......................................................... 35
Figura 16 - Principais Elementos Tectônicos do País .............................................................. 36
Figura 17 - mapa Pedológico do Estado do Tocantins ............................................................. 37
Figura 18 - Mapa de Erodibilidade do Estado do Tocantins .................................................... 38
Figura 19 - Drenagem Regional do Estado do Tocantins ......................................................... 41
Figura 20 - Dreangem Adensada do Estado do Tocantins ....................................................... 42
Figura 21 - Mapa de Isobases 6 do Estado do Tocantins ......................................................... 45
Figura 22 - Mapa de Isobases 5 do Estado do Tocantins ......................................................... 46
Figura 23 - Mapa de Isobases 4 do Estado do Tocantins ......................................................... 47
Figura 24 - Mapa de Isobases 3 do Estado do Tocantins ......................................................... 48
Figura 25 - Mapa de Isobases 2 do Estado do Tocantins ......................................................... 49
Figura 26 - Mapa de Isobases 1 do Estado do Tocantins ......................................................... 50
Figura 27 - Configuração Atual do Relevo do Tocantins ......................................................... 51
Figura 28 - Lineamentos Estruturais do Estado do Tocantins .................................................. 53
Figura 29 - Densidade de Lineamentos Estruturais do Estado do Tocantins ........................... 54
Figura 30 - Traços de Fratura do Estado do Tocantins............................................................. 56
Figura 31 - Densidade de Traços de Fratura do Estado do Tocantins ...................................... 57
Figura 32 - Densidade de Máximos 1 e Máximos 2 do Estado do Tocantins .......................... 59
Figura 33 - Mapa Morfoestrutural do Estado do Tocantins ..................................................... 62
Figura 34 - Subprovíncias do Estado do Tocantins .................................................................. 65
Figura 35 - Mapa Fisiográfico do Estado do Tocantins ........................................................... 75
Lista de Tabelas
Tabela 1 - Morfoestruturas e suas aplicações ........................................................................... 61
Tabela 2 - Legenda Fisiográfica para delimitação das unidades fisiográficas do estado do
Tocantins .................................................................................................................................. 64
Tabela 3 – Paisagens do Estado do Tocantins .......................................................................... 66
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA ........................................................................... 10
2. OBJETIVOS ................................................................................................................... 11
3. LOCALIZAÇÃO DA ÁREA ......................................................................................... 12
4. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ...................................................................................... 13
4.1. Método Morfoestrutural e Caracterização das Áreas Suscetíveis à Erosão .......................... 13
4.2. Zoneamento Geoambiental ................................................................................................... 13
4.3. Sistemas de Informações Geográficas – SIGs – como apoio ao Zoneamento Geoambiental 14
5. METODOLOGIA ........................................................................................................... 15
5.1. Definição da Área.................................................................................................................. 15
5.2. Diagnóstico Zero (DZ) .......................................................................................................... 15
5.3. Mapa de Drenagem Regional Adensada ............................................................................... 15
5.4. Mapa de Lineamentos de Drenagem ..................................................................................... 16
5.5. Mapa de Traços de Fraturas .................................................................................................. 16
5.6. Mapa Morfoestrutural ........................................................................................................... 16
5.7. Isobases Confluentes ............................................................................................................. 16
5.8. Fisiografia ............................................................................................................................. 17
5.9. Capacidade Suporte do Meio Físico ...................................................................................... 17
6. DISGNÓSTICO ZERO .................................................................................................. 18
6.1. Clima ..................................................................................................................................... 18
6.2. Paleoclima ............................................................................................................................. 20
6.3. Geologia ................................................................................................................................ 21
6.4. Geomorfologia ...................................................................................................................... 24
6.5. Fisiografia ............................................................................................................................. 28
6.5.1. Província Parnaíba ........................................................................................... 29
6.5.2. Província Tocantins .......................................................................................... 31
6.5.3. Província São Francisco ................................................................................... 32
6.5.4. Subregiões ......................................................................................................... 34
6.6. Tectônica e Neotectônica ...................................................................................................... 35
6.7. Pedologia ............................................................................................................................... 37
6.8. Arqueologia e Antropologia .................................................................................................. 38
7. RESULTADOS E DISCUSSÕES ................................................................................. 40
7.1. Diagnóstico ........................................................................................................................... 40
7.1.1. Análise da Rede de Drenagem ......................................................................... 40
7.1.2. Isobases Confluentes ........................................................................................ 43
7.1.3. Geologia Estrutural .......................................................................................... 52
7.2. Fisiografia ............................................................................................................................. 63
7.2.1. Caracterização Fisiográfica ............................................................................. 63
7.2.2. Legenda Fisiográfica ........................................................................................ 63
7.2.3. Interpretação Fisiográfica ............................................................................... 64
4.1. Capacidade Suporte do Meio Físico ...................................................................................... 68
8. CONCLUSÃO ................................................................................................................. 69
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 70
ANEXO .................................................................................................................................... 74
10
1. INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA
Desastres recentes, como os desabamentos em Niterói/RJ, Angra dos Reis/RJ e
algumas cidades do Estado de Santa Catarina, despertam a atenção para uma problemática
preocupante: a ocupação urbana desordenada que carece de práticas de manejo e conservação
sustentáveis, principalmente em áreas de risco. A ausência de planejamento territorial se
estende por todo o Brasil, de forma que o Estado de Tocantins não foge a essa realidade.
Após a construção da rodovia Belém-Brasília e, mais recentemente, sua emancipação,
o crescimento populacional no Estado, antes lento, se acelerou chegando a 4% ao ano nas
décadas de 70 e 80, além de uma forte concentração urbana (cerca de 70% da população).
Algumas regiões se destacaram crescendo mais rapidamente, como o território do Bico do
Papagaio, localizado a extremo norte do Estado do Tocantins, levando-as a enfrentar
problemas agrícolas e ambientais por falta de infraestrutura e planejamento. Segundo o IBGE,
em 2007 o Bico do Papagaio representava apenas 12% do território total do Tocantins, mas
possuía 15% da população e abrigava 25 dos 139 municípios. O quadro que se formara então
era de um Estado com vastas áreas para a agricultura e a pecuária, mas com sua população
envolvida em outro problema recorrente: as disputas pela terra, o que pode agravar ainda mais
a questão.
As diretrizes para um planejamento eficiente do território podem ser definidas através
de um diagnóstico biótico e abiótico da área contemplado no Zoneamento Geoambiental. Esse
visa o levantamento e cruzamento de informações pertinentes ao meio físico das quais se
podem extrair mapas de zonas e subzonas homólogas, que, após minuciosa análise, propiciam
embasamento para o planejamento da área. Para divisão e caracterização dessas zonas
homólogas, a análise geoambiental apoia-se em parâmetros geológicos, climáticos,
morfoclimáticos, morfotectônicos, morfoestruturais, fisiográficos e, por fim, a fisiologia da
paisagem. A reunião de tais informações permite um estudo detalhado das condições naturais
do meio físico em relação a suas aptidões e restrições, o que viabiliza medidas de prognóstico
e diagnóstico de áreas mais suscetíveis a danos ambientais.
Considerando a importância ecológica do Estado do Tocantins como abrigo de
grandes riquezas naturais além de sua ocupação acelerada, o trabalho em questão será
realizado com o intuito de fornecer informações complementares e direcionais para futuros
estudos de planejamento territorial e práticas de manejo.
11
2. OBJETIVOS
O presente estudo propõe realizar o Zoneamento Geoambiental preliminar para o
Estado do Tocantins, isso é, gerar mapas e cartas temáticas capazes de auxiliar o
planejamento adequado do parcelamento do solo do estado, bem como o processo de tomada
de decisão de medidas mitigadoras de prevenção, controle e implementação de obras civis
focando, principalmente, as regiões mais suscetíveis à erosão.
12
3. LOCALIZAÇÃO DA ÁREA
O Tocantins localiza-se na região norte, no centro geográfico do país entre as latitudes
S5°10’06’’ e S13°27’59’’ e longitudes W50°44’33’’ e W45°41’46’’ (SEPLAN, 2008). Faz
limites com os seguintes estados: Maranhão, Pará, Goiás, Piauí, Bahia e Mato Grosso. Possui
uma área total de 277.620 km2 com 5,4% do território inserido na Amazônia Legal.
Figura 1 - Localização do Estado do Tocantins
13
4. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
4.1. Método Morfoestrutural e Caracterização das Áreas Suscetíveis à Erosão
Erosão pode ser definida como o desprendimento e arraste das partículas do solo
causadas pela ação da água e do vento. Uma das características mais importantes para o
estudo do processo erosivo é a relacionada à capacidade de infiltração de água no solo (REIS,
2006). Essa capacidade de infiltração, por sua vez, é o fator mais importante para se definir as
classes de erodibilidade do solo que são estabelecidas a partir do Método Morfoestrutural
(JIMÉNEZ-RUEDA et al, 1992).
Morfoestrutura é definida pelo conjunto de forças, internas e externas, que através de
um conjunto de processos responde pela gênese do modelado do relevo terrestre, isso é, a
morfoestrutura influencia, de maneira marcante, os processos de formação do solo. Dessa
forma, o Método Morfoestrutural se apoia nos processos deformacionais da rocha marcados
por fraturas, lineamentos estruturais e juntas (JIMÉNEZ-RUEDA et al, 1992).
A análise morfoestrutural está embasada na observação do comportamento de feições
de drenagem e relevo, uma vez que a distribuição espacial dessas permite compreender como
está disposto o maciço ou sua cobertura de alteração intempérica. O estabelecimento de
padrões de assimetrias-simetrias das bacias hidrográficas e das redes de drenagem é o que
provê a abstração de feições morfoestruturais (JIMÉNEZ-RUEDA et al, 2008).
A partir do exposto acima, é possível compreender a permeabilidade da área de
estudo, importante para o estabelecimento de classes de erodibilidade, a partir da análise da
rede de drenagem.
Considerando que algumas restrições e potencialidades de uso do solo são
determinadas pelo domínio morfoestrutural, a definição de morfoestruturas é uma etapa
inicial para o Zoneamento Geoambiental (TONIZZA et al, 2005).
4.2. Zoneamento Geoambiental
O zoneamento geoambiental vem com o propósito de subsidiar o planejamento
ambiental e a ordenação territorial da região em estudo. É uma parte do processo de
planejamento do uso da terra a partir da definição de áreas homogêneas, em função de suas
possibilidade e limitações diante às intervenções do homem e de suas necessidades de manejo
ou conservação (ROBAINA & BAZAN, 2008).
Cada unidade de área homogênea é representada pela zona ou subzona geoambiental.
Essa, por sua vez, é delimitada por ruptura de declive, associada ao limite litológico e/ou
geológico, ou, em algumas vezes, ao limite erosivo e descontinuidade estrutural. Pode ser
subdividida em função de algumas variáveis que podem condicionar a configuração das
formas de relevo, de anomalias morfoestruturais, entre outras (OHARA, 1995).
A realização do zoneamento geoambiental apoia-se em técnicas de geoprocessamento
e produção de mapas temáticos para caracterização do meio físico, biótico e socioecônomico.
Assim, a definição da paisagem permitirá a definição das potencialidades da área de estudo o
que auxiliará o planejamento de diversas formas de uso compatíveis (SHIMBO et al, 2007).
14
4.3. Sistemas de Informações Geográficas – SIGs – como apoio ao
Zoneamento Geoambiental
Os Sistemas de Informação Geográfica (SIGs) são ferramentas computacionais para
geoprocessamento que permitem realizar análises complexas integrando dados de diversas
fontes e criando banco de dados georreferenciados (CÂMARA, 2001).
Visando caracterizar e entender a organização do espaço, são realizados os estudos de
mapeamento temático, como base para o estabelecimento das bases para ações e estudos
futuros. A partir desses estudos, são realizados os trabalhos de ordenamento territorial com o
objetivo de normatizar a ocupação do espaço e de racionalizar a gestão do território
(CÂMARA, 2001).
Para tal é imprescindível a identificação de áreas homogêneas que servirão de base de
um sistema de classificação e reorganização do espaço geográfico e estudo de uma
interdependência entre cada uma dessas áreas. Em ambiente SIG, o agrupamento dessas
unidades é realizado a partir de um processo denominado de regionalização por agregação ou
agrupamento a partir da identificação de variáveis cujo inter-relacionamento permite realizar
o particionamento do espaço geográfico (CÂMARA, 2001).
Todo o processo parte de um banco de dados que armazenam mapas cadastrais e
permitem a escolha de atributos descritivos para obtenção dos mapas temáticos. Assim, cada
um desses atributos e/ou mapas permitirão a elaboração de modelos geradores de diagnóstico
e prognóstico (CÂMARA, 2001).
Muitos dos procedimentos para análise morfoestrutural, como adensamento de
drenagem, antes eram executados manualmente o que dificultava a análise para áreas muito
extensas. Graças à metodologia desenvolvida por Ribeiro (2010) a partir da implementação do
“Método Morfoestrutural para Mapeamentos Geoambientais” através da automatização dos
procedimentos em ambiente SIG, o mesmo pode ser feito para todo o território do Tocantins.
15
5. METODOLOGIA
5.1. Definição da Área
O Estado do Tocantins possui algumas particularidades que podem ser abordadas
como justificativa de sua escolha.
Além de ser o mais novo estado brasileiro, criado em 1988, e fazer limite com estados
do nordeste, centro-oeste e do norte facilitando o seu acesso, o estado, segundo a Secretaria da
Agricultura, abrange aproximadamente dois terços da Bacia Hidrográfica do Rio Araguaia,
além de várias sub-bacias importantes, tornando o Tocantins um dos estados mais ricos do
Brasil em recursos hídricos o que possibilita a irrigação, construção de hidrovias, geração de
energia elétrica e empreendimentos de turismo ecológico, aquicultura e consumo humano.
Merece destaque também as vastas áreas destinadas à pecuária e à agricultura, sendo essa
última a principal atividade econômica do Estado com culturas de arroz, milho, soja,
mandioca e cana-de-açúcar.
Com uma densidade populacional de 3,3 hab/km2, concentrada em sua maioria no
extremo norte do Estado, o estado também é ocupado, em mais de 50% do seu território, por
áreas de preservação e unidades de conservação, além das já citadas bacias hídricas. Dentre
essas, é importante citar a maior Ilha fluvial do mundo, a Ilha do Bananal, e o Parque Estadual
do Cantão onde se encontram três importantes ecossistemas: o amazônico, o pantaneiro e o
cerrado.
Além disso, é preciso destacar o caráter inédito da aplicação do Método
Morfoestrutural para o Estado do Tocantins.
Dessa forma, o Tocantins se torna um estado importante para realização do estudo de
forma a prover um prévio planejamento para seu desenvolvimento aliado a preservação de
suas riquezas naturais.
5.2. Diagnóstico Zero (DZ)
Apoiando-se na literatura existente para o estado do Tocantins, o Diagnóstico Zero,
tem como premissa compreender e caracterizar melhor os diversos aspectos geológicos,
tectônicos, climáticos, fisiográficos, pedológicos e socioeconômicos. Assim, é possível
estabelecer as prioridades na geração das informações a serem complementadas e/ou
produzidas para executar o planejamento do Estado.
5.3. Mapa de Drenagem Regional Adensada
A drenagem é a base fundamental para o desenvolvimento do Método Morfoestrutural.
A partir dela, serão extraídos traços de juntas e fraturas, alinhamentos de drenagem,
lineamentos estruturais, densidades de fraturamento e permeabilidade, entre outros. Por isso,
para as etapas conseguintes, o mapa de drenagem deve estar adensado. Dessa forma, essa
etapa consistirá em completar a drenagem omitida nas cartas topográficas. Será realizada em
ambiente do software Arcgis 9.3 com as SRTM (Shuttle Radar Topography Mission – dados
numéricos de relevo e topografia) do Estado do Tocantins obtidas no site da EMBRAPA.
16
5.4. Mapa de Lineamentos de Drenagem
Essa etapa corresponde à extração dos elementos retilíneos da drenagem, em geral de
extensão superior a 2-3 km e associados a drenagens de terceira ordem e superiores.
O mapa de lineamentos de drenagem permite a análise de pontos de cruzamento de
lineamentos de diferentes direções. A partir disso, realiza-se a contagem da frequência desses
pontos por unidade de área o que gerará um mapa de densidade de cruzamentos determinando
regiões com maior percolação de fluidos.
5.5. Mapa de Traços de Fraturas
O mapa de fraturas corresponde à extração dos elementos de drenagem retilíneos
normalmente inferiores a 2 km e associados à drenagem de primeira ordem.
O mapeamento dos traços de juntas objetiva avaliar o grau de fraturamento das
coberturas e rochas. Maiores intensidades de rompimento permitem identificar maior
permeabilidade, infiltração, alterabilidade, ruptibilidade e consequente maior susceptibilidade
à erosão.
Sobre esse mapa, realiza-se uma análise espacial que identificará as duas direções de
maior frequência de traços estabelecendo os máximos e mínimos 1 e 2. Assim, serão
identificadas as áreas com mudanças abruptas de direções, isso é, onde haverá intensa
percolação de fluidos, e consequente maior alteração do complexo rocha/solo o que torna a
área de maior instabilidade. Se na região ocorrer coincidência das variações de máximos 1 e
2, o processo erosivo já se terá instalado. Onde houver apenas máximo 1, a erodibilidade é
alta e onde houver apenas máximo 2, os processos erosivos estão potencializados e podem ser
desestabilizados por qualquer intervenção natural e/ou antrópica.
5.6. Mapa Morfoestrutural
O mapa morfoestrutural avalia quais regiões apresentam os domínios dos altos e
baixos estruturais. Essa avaliação é feita a partir da análise de assimetrias e formas anômalas
de drenagem presentes na área de estudo.
A caracterização morfoestrutural é importante considerando que altos e baixos
estruturais, apresentam comportamentos diferentes no que se refere às reações intempéricas e
aos processos geoquímicos. Permitem identificar processos de laterização e/ou oxidação
intensa (altos estruturais) e processos redutores proporcionados pelo impedimento à drenagem
imposta pela própria estrutura e consequente formação de argilas (baixos estruturais)
(MORAES et al, 2005).
5.7. Isobases Confluentes
Isobases são paleosuperfícies de erosão associadas a um intervalo de tempo geológico
remoto com características morfo-tectono-climáticas distintas que deram origem aos solos, a
morfoestrutura e ao relevo atuais (RIBEIRO, 2010). Serão geradas pela ordenação da
hidrografia e associação às confluências de drenagem de valores de elevação. Cada ordem de
confluência corresponde a uma época distinta. Quanto maior a ordem, mais antiga a
paleosuperfície.
17
5.8. Fisiografia
A fisiografia é a reorganização taxonômica da evolução das paisagens e a gênese de
suas formas unitárias.
Já a análise fisiográfica é a integração analítica dos elementos e padrões de
fotointerpretação de Leudes e Guy (1961 – 1965) proposta por Goosen (1960) desenvolvida
por Botero (1978) e Villota (2005) a partir da interpretação de sensores remotos
complementando a caracterização geomorfológica mediante o reconhecimento da paisagem,
fundamental na análise fisiográfica da superfície terrestre, uma vez que apresenta certa
homogeneidade geológica, climática, pedológica e biológica (SHIMBO, 2006).
Para que a elaboração do mapa fisiográfico fosse viável considerando a extensão do
território, o mapa foi elaborado em ambiente do ArcGis 10.0 tendo como base as curvas de
nível adensadas (80 m) elaboradas a partir das SRTM disponibilizada pela EMBRAPA.
5.9. Capacidade Suporte do Meio Físico
A capacidade suporte do meio físico, aqui exposta, procura rever a bibliografia a
respeito da susceptibilidade a erosão do solo, comparando com os mapas descritos acima, uma
vez que o cruzamento desses planos de informação permite definir ao respeito da
percolabilidade e fragilidade do sistema possibilitando o planejamento territorial e medidas
preventivas.
18
6. DISGNÓSTICO ZERO
6.1. Clima
O Estado do Tocantins está inserido no domínio climático tropical semi-úmido. Esse
domínio é tipicamente caracterizado por um período de estiagem de quatro meses. Segundo
classificação de Köppen, o clima é classificado como Aw, tropical com verões úmidos e
invernos secos (RURALTINS, 2011).
A Secretaria do Planejamento do Tocantins (SEPLAN/TO), para confecção do Atlas
do Estado, regionalizou o clima, conforme Método de Thornwaite, indicado abaixo. Os climas
foram classificados considerando índices de umidade, aridez e eficiência térmica.
Figura2 - Regionalização Climática do Estado do Tocantins
Fonte: Atlas do Tocantins – SEPLAN/TO
Conforme mapa acima, é possível observar cinco regiões climáticas:
B1wA´a´: Clima úmido. Deficiência hídrica moderada durante o inverno.
Evapotranspiração potencial média anual entre 1400 e 1700 mm.
19
B2rA´a´: Clima úmido com deficiência hídrica nula ou muito pequena.
Evapotranspiração média anual de 1700 mm.
C2rA´a´: Clima subúmido com pequena deficiência hídrica. Evapotranspiração média
anual de 1600 mm.
C2wA´a´: Clima subúmido com moderada deficiência hídrica no inverno.
Evapotranspiração potencial média anual de 1500 mm.
C1dA´a´: Clima subúmido seco com moderada deficiência hídrica no inverno.
Evapotraspiração potencial média de 1300 mm.
A temperatura média anual é de 26ºC. A máxima, encontrada durante o mês de
setembro, possui uma média de 32ºC. A mínima ocorre em julho com uma média de 15ºC. A
máxima e mínima absoluta são, respectivamente, 42ºC e 8ºC (RURALTINS, 2011).
A precipitação média no estado é de 1700 mm/ano e é crescente de Leste para Oeste,
com a região próxima a Araguaína, e do Sul para o Norte. Janeiro é o mês mais chuvoso e
agosto o mês mais seco (RURALTINS, 2011).
Figura 3 - Mapa de Precipitação Média Anual do Estado do Tocantins
Fonte: Atlas do Tocantins – SEPLAN/TO
20
6.2. Paleoclima
Alguns vestígios na crosta terrestre possibilitam a dedução de como era caracterizado
o clima ao longo das eras geológicas permitindo melhor compreensão da formação da
paisagem de um determinado território e possíveis alterações.
O Quaternário, dividido em Pleistoceno e Holoceno, é o período que contém o maior
número de informações paleoclimáticas. Entretanto, acredita-se que nos últimos 600 milhões
de anos houve três períodos de glaciação alternados com períodos interglaciais (maiores
temperaturas). O primeiro período teria ocorrido no período Pré-Cambriano, outro durante o
início do Permiano e, por fim, durante Pleistoceno terminal. Esse último é denominado de
glaciação de Würm-Wisconsin. A redução da temperatura nesse período teria sido
responsável por maior confinamento de águas nos pólos na forma de gelo rebaixando, dessa
forma, o nível do mar (AYOADE, 2011). No Brasil, estudos observaram possíveis longas
fases semi-áridas (algumas relacionadas com períodos de glaciação) alternadas com fase
semi-úmidas. Algumas evidências a esse respeito podem ser encontradas no Tocantins e em
estados limítrofes.
A região central do Brasil possui, de forma acentuada, extensas superfícies horizontais
ou aplainadas, porém essas formas não estão geneticamente associadas ao clima úmido atual.
Sequências concrecionais denominadas de bancadas ferruginosas ou detríticas, característica
de suas formações superficiais, estão diretamente relacionadas a efeitos paleoclimáticos, uma
vez que o material desagregado que capeia esses aplainamentos é resultante de um clima seco,
árido ou semi-árido (CASSETI, 2005).
Tendo aproximadamente 87% do seu território recoberto pelo domínio dos cerrados, a
interpretação paleoclimática do Tocantins pode ser feita a partir da Teoria dos Refúgios (1977
apud SILVA, 2010) que explica a retração e expansão de cerrados durante o Quaternário.
Segundo essa teoria, durante o período de seca do Pleistoceno terminal, o Brasil Central
apresentaria grandes áreas de cerrado rodeadas por vegetação da caatinga com exceção do Sul
onde predominariam florestas temperadas. Oscilações climáticas para climas mais úmidos
teriam beneficiado a expansão do cerrado, configurando no espaço fitogeográfico atual
(SILVA, 2010).
Além da vegetação do cerrado, o Tocantins possui inúmeros remanescentes florestais
ao longo de seu território. Entende-se que após o último período glacial, houve o crescimento
da floresta decídua como resultado das novas condições climáticas (FILHO, 1993). Além
disso, a teoria dos refúgios defende a persistência de grandes manchas de florestas tropicais
úmidas durante os períodos secos do Quaternário, principalmente as localizadas em
superfícies rebaixadas (HAFFER, 2002). É importante ressaltar o predomínio de áreas pouco
declinadas no território do Tocantins (declive igual ou inferior do que 5%).
Como complementação, deve-se citar o monumento natural das árvores fossilizadas do
Tocantins a nordeste do Estado que levanta a hipótese de dois cenários paleoclimáticos para a
região. O primeiro trata da oscilação climática – período úmido precedido por um período
semi-árido – ou a coexistência de faixas úmidas e semi-áridas, uma vez que os estudos
palinológicos evidenciam um clima quente árido a semi-árido e os estudos paleobotânicos
evidenciam um clima quente e úmido (CASTRO et al, 2007).
21
6.3. Geologia
O mapa de geologia do Estado do Tocantins selecionado para o presente trabalho
corresponde ao mapeamento geocronológico realizado pela EMBRAPA como parte do estudo
de Zoneamento Agroecológico do Estado do Tocantins. A coluna litoestratigráfica está
representada em ordem cronológica do período geológico (EMBRAPA, 1999). Para fins de
melhor entendimento, o trabalho apresenta uma tabela com os períodos geológicos e
correspondentes ciclos geodinâmicos.
Figura 4 - Mapa de Geologia do Estado do Tocantins
Fonte: EMBRAPA
22
Figura 5 - Eras Geológicas e Eventos Geodinâmicos
Fonte: Casseti, 2005
O Estado do Tocantins encontra-se na Região Norte do país e está compreendido pelas
bacias sedimentares do Parnaíba e do São Francisco. O restante do estado, enquadrado na
mesoregião Província do Tocantins, é formado por Coberturas Cenozóicas, Faixa de
Dobramentos do Proterozóico Médio e Superior, Sequências Metavulcano-Sedimentares do
Arqueano e Proterozóico Inferior e Complexos Metamórficos do Arqueano e Proterozóico
Inferior (SEPLAN,2008).
23
Figura 6 - Ambientes Geológicos do Estado do Tocantins
Fonte: Atlas do Tocantins – SEPLAN
A Bacia Sedimentar do Parnaíba abrange uma faixa N-S. Faz limite com os Estados da
Bahia, Piauí e Maranhão. Encobre 33,2% do Estado (SEPLAN, 2011). De idade Paleozóica, é
caracterizada por uma sequência de arenitos, conglomerados, siltitos, folhelhos e materiais
carbonosos resultantes de sucessivas transgressões e regressões marinhas e deposições
continentais. Cortada por rochas magmáticas intrusivas e extrusivas datadas do Juro-Triássico
e Eocretácio, a bacia está posicionada entre Faixas de Dobramentos com preenchimento de
até 3.000 m. (VILLELA et al., 2011).
A Bacia Sedimentar do São Francisco localiza-se a sudeste do Estado, na região da
Serra do Tocantins. Igualmente de idade Paleozóica, representada pela formação, encobre
7,4% do Estado abrangendo o território do Jalapão (SEPLAN, 2011). É composta por arenitos
laterizados, cauliníticos e finos (FREITAS,2008).
As Coberturas Cenozóicas, como o próprio nome já diz, formaram-se no Cenozóico.
Essas formações são caracterizadas, essencialmente, por planícies. Cobrem 16,3% do Estado
do Tocantins e encontram-se a sudoeste do Estado (Parque Estadual do Araguaia) (SEPLAN,
2011). Está sub-dividada em três unidades: Detrítica-laterítica (sedimentos areno-pelíticos
inconsolidados com concreções ferruginosas); Bananal (sedimentos areno-argilosos
inconsolidados com coloração variada, laterizados ou não); Coberturas Aluvionares (calhas de
rios - areia, cascalho, silte e argila).
24
As Faixas de Dobramentos Proterozóico Médio – Superior encobrem, segundo o
Seplan, 23% do Estado (divisa com o Pará e com as Coberturas Cenozóicas ao Sul). Abrange
as unidades: Serra da Mesa, com xisto variado, quartzitos e lentes de mármore; Super Grupo
Baixo Araguaia, subdividido em Grupo Estrondo (xisto-quartzo feldspático, xisto migmatito,
gnaisses, anfibolito, quartzitos) e Grupo Tocantins (filito, clorita-xisto, metasiltito, metargilito
e mármores na fácies xisto verde); Grupo Arai, composto por metassedimentos e rochas
vulcânicas; Grupo Natividade com mármores, quartzito puro, entre outros; Grupo Paranoá que
possui estrutura sedimentar continental sem indícios de metamorfismos; Grupo Bambuí
formado por calcários, dolomitos e siltitos calcíferos; Formação Alcalina Peixe e Porto
Nacional, hornblenda piroxenitos, metahornblenda gabronoritos, enderbitos,
charnoenderbitos, charnokitos, gnaisses aluminosos (FREITAS, 2008).
A Sequência Metavulcânica do Arqueano e Proterozóico Médio Inferior ou
Greenstone Belts (FREITAS, 2008), que representa apenas 1,3% do Estado (SEPLAN, 2008),
são de relevante importâcia econômica por apresentarem chumbo, ferro, zinco e cobre.
Ocorrem no interior dos Complexos Metamórficos do Arqueano e Proterozóico Inferior. “Os
greenstone belts são representados por anfibolitos e tremolita-xistos, metandesitos,
formações ferríferas, itabiritos dolomíticos, itabiritos, metavulcânicas ácidas e
intermediárias, metassiltitos, quartzitos, metarenitos conglomeráticos e metaconglomerados
polimíticos, talco xistos e serpentinitos (Faixa Almas-Dianópolis), mica xistos pelíticos, xistos
grafiosos, granada quartzitos e xistos máficos (GreenstoneBelt Natividade), e anfibolitos,
gnaisses, quartzitos, granada-muscovita-biotita xisto, talco xisto, mica xisto, anfibólio-xisto
feldspático, rochas calcissilicatadas e meta-cherts” (FREITAS, 2008).
Por fim, o Complexo Metamórfico Arqueano e Proterozóico Inferior com 18,8% de
ocorrência no estado, é composto por rochas do Complexo Goiano, Complexo Colméia e
Porto Nacional (ambos com elevado grau metamórfico), Complexo Gameleira, composto por
rochas metamórficas básicas e ultrabásicas, Complexo Aruanã-Pindorama, composto por
rochas metavulcânicas e metassedimentos detríticos e Suíte Ipueiras, composto basicamente
por granitos (FREITAS, 2008).
6.4. Geomorfologia
A compartimentação do relevo do Estado do Tocantins será apresentada pela
combinação do mapa geomorfológico e do mapa de zoneamento agroecológico, ambos
extraídos do estudo de Zoneamento Agroecológico do Estado do Tocantins (EMBRAPA,
1999). O primeiro mapa apresenta as formas de relevo enquanto o segundo as relaciona com
os domínios morfoclimáticos do Estado.
25
Figura 7 - Mapa de Geomorfologia do Estado do Tocantins
Fonte: EMBRAPA
As formas estruturais correspondem a um relevo cuja topografia é condicionada pela
estrutura. Dessa forma, as formas de relevo são geradas por processos morfodinâmicos
guiados pela estrutura geológica. No caso do Tocantins, as formas estruturais são as
Superfícies Tabulares Estruturais e os Patamares Estruturais. Os relevos tabulares possuem a
tendência de ocorrerem no interior de bacias sedimentares devido à disposição horizontal dos
estratos (CASSETI, 2005). Os patamares, pequenos degraus intercalados a níveis de
aplainamento, são superfícies de erosão. Sua gênese está associada a compensações de massas
rochosas geradas por diferenças de densidades entre a crosta externa e a interna (CASSETI,
1991). O Morro do segredo, em Lajeado (TO), é um exemplo de superfície tabular estrutural.
Esse é retrabalhado por processo de pediplanação.
As formas erosivas são formas de relevo condicionadas por processos erosivos. Nesse
caso ocorre um rebaixamento das saliências, tendendo ao nivelamento do relevo (SEPLAN,
2008). No Estado do Tocantins encontram-se Superfícies Tabulares Erosivas, Inselbergs,
Terraços Fluviais e Superfícies de Pediplanos. Essas últimas estão relacionadas diretamente à
processos paleoerosivos (CASSETI, 1991). A origem de Terraços Fluviais pode estar
relacionada a mudanças climáticas ou processos tectônicos que refletiram na mudança de
poder erosivo da corrente fluvial por aumento, por exemplo, no nível de base, levando a
erosão da própria planície. Essa deixa, como testemunho, os terraços. Os inselbergs são
26
caracterizados por vertentes íngremes. São formas de relevo residual resultante do processo de
pediplanação.
Os tipos de dissecação são formas de relevo entalhadas pelos agentes erosivos. Aqui,
ocorre uma dissecação diferencial do relevo, principalmente ao longo da rede hidrográfica.
No domínio de formas tabulares prevalece a pedogênese uma vez que a infiltração é maior do
que o escoamento. Já em superfícies de formas aguçadas predomina o escoamento
favorecendo, por sua vez, a morfogênese. Esse fato permite inferir a respeito da
suscetibilidade erosiva da área com base no grau de dissecação. Quanto maior o grau de
dissecação do relevo, maior o domínio da morfogênese. Em outras palavras, enquanto no
domínio de formas aguçadas prevalece a erosão, nas tabulares ocorre o predomínio da
infiltração (CASSETI, 2005). Um exemplo de relevo dissecado em cristas é a Serra Grande,
localizada em São Salvador do Tocantins (TO) próximo ao extremo sul do Estado.
Por último, as formas de acumulação são relevos resultantes do depósito de
sedimentos que podem ocorrer em regiões fluviais, paludais e lacustres. Normalmente são
sujeitas à inundação. Ocorrem no Estado como Planícies e Terraços Fluviais, Planícies
Fluviais e Áreas de Acumulação Inundáveis. Um exemplo importante é a Planície do Bananal.
As Planícies fluviais normalmente são relacionadas a processos de sedimentação. Surgem ao
longo dos cursos d’água por modificação da dinâmica de transporte de sedimentos. A
dinâmica pode ser alterada uma vez que o rio transporta estruturas geológicas distintas e
litologias de diferentes graus de resistência à erosão o que o conduzirá a formar trechos com
predomínio de sedimentação (planícies aluviais) e trechos com predomínio da erosão e
transporte (ZANCOPÉ, 2006). As áreas de acumulação inundáveis são áreas aplainadas com
cobertura arenosa. São periodicamente ou permanentemente alagadas. Podem apresentar
drenagem incorporada à rede fluvial ou fechada. As planícies e terraços fluviais são
superfícies alveolares delgadas como, por exemplo, na região de São Miguel do Tocantins a
norte do Estado. Nesse caso, registra-se a coalescência de planície de inundação holocênica
com terraço fluvial pleistocênico elaborado, provavelmente, a partir da regressão fluvial
durante a última fase glácio-eustática (SEPLAN, 2008).
27
Figura 8 - Mapa de Zoneamento Agroecológico do Estado do Tocantins
Fonte: EMBRAPA
28
Figura 9 - Mapa de Declividade do Estado do Tocantins
Fonte: EMBRAPA
6.5. Fisiografia
A geomorfologia é o levantamento inicial para o estudo dos solos (1984 apud
SHIMBO, 2006). Entretanto, alguns processos para caracterização dos solos não são
estudados pela geomorfologia devendo a análise fisiográfica ser complementar provendo
informações a respeito da evolução da paisagem numa determinada área (SHIMBO, 2006).
Para caracterização fisiográfica a partir da bibliografia existente, a contextualização
regional foi definida a partir dos seguintes níveis categóricos: Província Fisiográfica, Região e
Sub-Região (1978 apud SHIMBO, 2006).
A síntese da análise fisiográfica corresponde à paisagem, divisão de regiões que
apresentam homogeneidade climática e geodinâmica (1984 apud SHIMBO,2006). Essa
29
paisagem corresponde às figuras 8 e 9 apresentadas no item anterior que dão configuração às
subregiões apresentadas ao final deste item.
O Brasil possui quinze províncias sendo que o Estado do Tocantins está inserido em
três delas: Província Tocantins, Província Parnaíba e Província São Francisco. Para fins de
simplificação, cada item abaixo descreverá a Província e suas regiões.
Figura 10 - Províncias Estruturais Brasileiras
Fonte: CPRM, 2003
6.5.1. Província Parnaíba
A Província Parnaíba abrange uma área total de 600.000 km2 e é limitada a norte pelo
Arco Ferrer, a leste pela Falha de Tauá, a sudeste pelo lineamento Senador Pompeu, a oeste
pelo lineamento Tocantins-Araguaia e, por fim, a noroeste pelo Arco Tocantins (BIZZI et al.,
2003).
O substrato da Província Parnaíba é formado por maciços arqueanos, crátons
sinbrasilianos e cinturões orogênicos brasilianos (1993 apud BIZZI et al. 2003).
30
Consiste em quatro sítios deposicionais que são separados por discordâncias. Essas
coincidem com os limites das supersequências divisoras das rochas sedimentares da Bacia do
Parnaíba (1993 apud BIZZI et al. 2003): Bacia do Parnaíba (do tipo Fratura
Interior/Depressão Interior), Bacia das Alpercatas (do tipo Fratura Interior), Bacia do Grajaú
(do tipo Depressão Marginal) e Bacia do Espigão-Mestre (do tipo Depressão Interior) (1994
apud BIZZI et al. 2003).
Figura 11 - Unidades Geotectônicas da Província Parnaíba
Fonte: CPRM, 2003
A Bacia do Parnaíba ocupa a região centro-sul da Província. É do tipo Fratura
Interior/Depressão Interior, compreendendo as supersequências: Siluriana, Grupo Serra
Grande; Devoniana, Grupo Canindé; Carbonífero-Triássica, Grupo Balsas (1994 apud BIZZI
et al. 2003).
31
A Bacia das Alpercatas compreende uma área de 70.000 km2. Formada por um
sistema de riftes ENE-WSW e NNE-SSW, corresponde uma bacia intracratônica assoreada
por rochas sedimentares e derrames vulcânicos (1995 apud BIZZI et al. 2003).
A Bacia do Grajáu está localizada a norte da Bacia das Alpercatas sendo preenchida
por supersequências cretáceas (BIZZI et al., 2003).
Por fim, a Bacia do Espigão Mestre, preenchida por arenitos eólicos, corresponde à
extremidade norte da sub-bacia Urucuia (domínio da Bacia do São Francisco) (BIZZI et al.,
2003).
6.5.2. Província Tocantins
A Província Tocantins possui direção norte sul e seu embasamento é formado por
terrenos arqueanos e paleoproterozóicos. Esses terrenos, anteriormente atribuídos ao Maciço
Mediano de Goiás (1977 apud BIZZI et al. 2003), foram intensamente retrabalhados durante o
Ciclo Brasiliano. Apresenta domínios ricos em supracrustais devido à ação conjunta de
tectônica e ciclos erosionais fanerozóicos (BIZZI et al, 2003).
A província está subdivida em cinco unidades tectônicas, são elas: Faixa Brasília,
Maciço de Goiás, Arco Magmático do Oeste de Goiás e Faixa Paraguai-Araguaia (1994 apud
BIZZI et al. 2003).
Figura 12 - Província Tocantins
Fonte: CPRM,2003
A Faixa Araguaia e a Faixa Brasília correspondem aos dobramentos do Proterozóico
Médio e Superior existentes no Território do Tocantins. A Faixa Brasília é caracterizada por
desenvolvimento de sistema de dobras e imbricamentos com vergência para o Cráton São
Francisco (BIZZI et al., 2003). Na Faixa Araguaia são comuns, decorrentes do cisalhamento
32
dúctil durante a inversão tectônica da faixa, mesodobras e microdobras assimétricas (BIZZI et
al., 2003).
O Maciço de Goiás define-se como um microcontinente envolvido em processos
colisionais brasilianos (1994 apud BLUM 1999). Engloba as rochas granito-greenstone
formadas no arqueano e terrenos ortognáissicos paleoproterozóicos recobertos pelas rochas
metassedimentares do grupo Serra da Mesa (BLUM, 1999).
O Arco Magmático de Goiás ocorre no sul do Estado do Tocantins juntamente com o
Domínio Porto Nacional-Nova Crixás correspondendo às unidades geológicas Sequência
Metavulcânica do Arqueano e Proterozóico Médio Inferior e Complexo Metamórfico
Arqueano e Proterozóico Inferior.
6.5.3. Província São Francisco
A Província São Francisco, juntamente com a Província Borborema, é composta pelas
rochas mais antigas do país. Segundo Bizzi et al. (2003), essas rochas “são representadas por
ortognaisses cinza, tonalítico-trondhjemíticogranodioríticos (TTG), que formam pequenos
núcleos, domos ou maciços, envolvidos também por ortognaisses similares a TTG ou
calcialcalinos, mais jovens (mesoarqueanos e/ou neoarqueanos), o que denota eventos
acrescionais sucessivos na edificação desses segmentos crustais antigos”.
33
Figura 13 - Província São Francisco
Fonte: CPRM,2003
A Bacia Sedimentar São Francisco possui uma extensão de 150.000 km2 estando
dividida em dois sub-domínios: Urucuia e Abaeté que apresentam diferenças tectônicas
(BIZZI et al., 2003).
A Bacia, do tipo Depressão Interior, desenvolve-se sob rochas sedimentares
neoproterozóicas clásticas e carbonáticas do Grupo Bambuí. É preenchida por rochas
vulcanossedimentares reunidas em quatro grupos e uma formação que estão separados por
discordâncias: Grupo Santa-Fé, Carbonífero-Permiano; Aredo, Valaginiano a Albiano;
Urucuia-Mata da Corda, Cenomaniano e Maastrichiano; Formação Chapadão, Plio-
Pleistoceno (BIZZI et al., 2003).
Os Depósitos Cenozóicos que ocorrem tanto na Província Tocantins e São Francisco
compreendem, como o próprio nome diz, a depósito recentes ocorridos no Cenozóico (depois
de 65 Ma). Não configuram verdadeira bacia sob o ponto de vista de extensão superficial e
espessura (BIZZI et al., 2003). A cobertura cenozóica importante para o Estado do Tocantins
está compreendida pelo embasamento Escudo Atlântico.
34
6.5.4. Subregiões
6.5.4.1. Mapa de Bacias Hidrográficas do Estado do Tocantins
Figura 14 - Mapa de Bacias Hidrográficas do Estado do Tocantins
Fonte: EMBRAPA
35
6.5.4.2. Mapa de Vegetação
Figura 15 - Mapa de Vegetação do Estado do Tocantins
Fonte: EMBRAPA
6.6. Tectônica e Neotectônica
A tectônica e neotectônica será descrita, de maneira simplificada, a partir das
Províncias Brasileiras, particularmente as relacionadas ao território do Tocantins.
O Estado esteve sob influência tectônica durante o evento tectônico denominado de
Brasiliano Moderno que descreve a formação da Gondwana Central e teria se iniciado por
rifteamento da crosta continental (CHAMANI, 2011).
O cráton São Francisco é afetado pela tectônica deformacional brasiliana na forma de
tectônica de antepaís, exames de diques máficos e deformações localizadas em linhas de
fraqueza, entre outros. (BIZZI et al., 2003). Esse cráton, além do cráton amazônico, admite
zoneamento tectônico a partir de domínios orto e paraplataformais (BIZZI et al., 2003).
A Província Tocantins apresenta embasamento complexo, com faixas móveis
paleoproterozóicas e mesoproterozóicas. Essas retrabalhadas no Ciclo Brasiliano. Esse
embasamento encontra-se aflorante com frequência devido a diversas circunstâncias
tectônicas e/ou erosionais (BIZZI et al., 2003). Devido à ação local conjunta de tectônica e
ciclos erosionais fanerozóicos, a Província é rica em domínios supracrustais e alguns
36
domínios “vestigiais” (BIZZI et al., 2003). Alguns autores defendem a formação dessa
Província como sendo ocasionada pela colisão entre os crátons São Francisco e Amazônia.
Além disso, o Ciclo Brasiliano teria provocado várias faixas de dobramentos o que resultaria
na Faixa Brasília (BLUM, 1999).
Os movimentos precursores de agregação do super continente Pangea, no Carbonífero,
refletiram no arqueamento do Alto do Rio Parnaíba (1984 apud CARVALHO 2009) o que
deslocou o depocentro da bacia para o noroeste (CARVALHO, 2009). A comunicação entre
as Bacias Parnaíba e Amazonas se encerrou no Carbonífero a partir da elevação da Antéclise
Tocantins-Araguaia e do Arco Tocantins (CARVALHO, 2009). A Província Parnaíba possui
subdivisões (antéclises, arcos e domos) que têm sua origem nos processos tectônicos pós-
carboníferos (BIZZI et al., 2003). Do Permiano ao Eocretáceo, ocorre um importante estágio
de ativação tectônica. A partir do médio Cretáceo, a bacia retorna às condições de estabilidade
(BIZZI et al, 2003).
É importante destacar o Lineamento Transbrasiliano e sua influência tectônica na
região do Brasil Central. Seu controle estrutural se dá em um conjunto de escarpas adaptadas
à falha e o caso mais notável é a Serra do Jalapão (CHAMANI, 1999). A figura baixo
demonstra os principais elementos tectônicos do país, com destaque ao Lineamento
Transbrasiliano.
Figura 16 - Principais Elementos Tectônicos do País
Fonte: CPRM, 2003
37
6.7. Pedologia
Conforme mapa abaixo, o Tocantins apresenta treze classes de solos: Latossolo
Amarelo, Latossolo Vermelho-Amarelo, Latossolo Vermelho-Distrófico, Argissolo
Vermelho-Amarelo, Argissolo Vermelho-Escuro, Cambissolo Háplico, Plintossolo Háplico,
Gleissolos Pouco-Húmicos, N,eossolos Fluvico-Quartzarênico, Nessolos Quartzarênico, Solo
Litólico e Plintossolo Pétrico.
Figura 17 - mapa Pedológico do Estado do Tocantins
Fonte: Modificado de EMBRAPA (1999)
O Estado possui, predominantemente, solos distróficos, com horizonte A moderado e
argila de atividade baixa. Em termos de expressão espacial, os Plintossolos Pétricos e os
Latossolos são os principais, seguidos pelos Neossolos Quartzarênicos. Deve-se destacar a
presença de caráter petroplíntico na maioria das unidades taxonômicas encontradas e o grande
percentual (16,8%) de solos com caráter hidromórfico com susceptibilidade a alagamentos
periódicos ou permanentes concentrados na Planície do Bananal e na Depressão do Araguaia
(SEPLAN, 2008).
38
O potencial de erodibilidade está relacionado aos tipos de solos presente numa
determinada área. O mapa de erodibilidade apresentado também foi extraído do Zoneamento
Agroecológico do Estado do Tocantins realizado pela EMBRAPA.
Figura 18 - Mapa de Erodibilidade do Estado do Tocantins
Fonte: EMBRAPA
6.8. Arqueologia e Antropologia
Maior parte dos estudos arqueológicos do Estado do Tocantins foram ou estão sendo
realizados pelo NUTA (Núcleo Tocantinense de Arqueologia). Outro Trabalho importante a
respeito consiste no Programa de Resgate Arqueológico da Usina Luis Eduardo de Magalhães
(Lajeado – TO) cuja área de pesquisa abrange o trecho de transição entre o alto e médio Rio
Tocantins.
Conforme estudos, o Brasil Central possui grande potencial arqueológico uma vez que
reúne vestígios arqueológicos relacionados às outras porções do país (1996 apud OLIVEIRA,
2005). O programa identificou quatro grupos culturais denominados de “grandes aldeias do
39
leste”, “grandes aldeias do oeste”, “aldeias do centro-norte” e Tupiguarani (OLIVEIRA,
2005).
O Brasil Central teve sua ocupação iniciada por volta de 800 AD por grupos
ceramistas que viviam em grandes aldeias circulares com mais de 500 m de diâmetro. Alguns
pesquisadores defendem que essas aldeias são relacionadas a dois fluxos migratórios
distintos: Uma frente que ocupou todo centro-sul de Goiás e cujo conjunto de material é
denominado de tradição Aratu e uma frente que ocupou o Estado do Mato Grosso
denominada de tradição Uru (OLIVEIRA, 2005).
O Programa identificou 120 sítios arqueológicos em relação aos grupos ceramistas no
médio curso do Rio Tocantins. Esses apresentam atributos que podem ser relacionados a
quatro tradições ceramistas que ocorreram no Brasil Central: Una, Aratu, Uru e Tupiguarani
(OLIVEIRA,2005).
Dentre as características gerais desses grupos, conforme Oliveira (2005), podem ser
destacados: os assentamentos localizam-se nos terraços, próximos aos cursos d’água; são
caracterizados pela superficialidade arqueológica (25 a 30 cm de profundidade); As datações
indicam ocupação tardia desta região.
Ainda é importante destacar a ocupação histórica indígena que ocorreu no Estado do
Tocantins. Esse possui uma população de 10 mil indígenas sendo esses divididos em sete
etnias: Apinajé (ocupação datada de 1774); Krahô (relacionados aos povos de aldeias
circulares); Pakararu; Povo Iny (Karajá, Xambioá e Javaé); Xerente.
Por fim, o presente trabalho deixa destacada a importância arqueológica da região do
Jalapão às proximidades do Rio do Sono. Estudos arqueológicos encontraram nessa região
diversos sítios arqueológicos, entre eles, pré-cerâmicos cuja ocupação ocorreu há 10.000 anos,
início da ocupação no Centro-Oeste e litocerâmicos que representam uma ocupação de 4.000
anos.
40
7. RESULTADOS E DISCUSSÕES
7.1. Diagnóstico
7.1.1. Análise da Rede de Drenagem
O Estado do Tocantins apresenta dois sistemas hidrográficos: Araguaia e Tocantins.
Alem dos rios que dão nome a esses sistemas, pode-se citar o Rio do Sono, o Rio das Balsas,
Rio Palma, Rio Paraná, Rio Santa Tereza, Rio do Coco e Rio Formoso. Esses rios
correspondem aos principais canais de drenagem. Entretanto, alguns canais de drenagem
podem apresentar escoamento apenas em algumas épocas do ano, os denominados rios
intermitentes. O adensamento da drenagem, a partir das curvas de nível, procura evidenciar
esses rios considerando sua importância tectônica.
41
Figura 19 - Drenagem Regional do Estado do Tocantins
42
Figura 20 - Dreangem Adensada do Estado do Tocantins
43
A interpretação da drenagem é o primeiro passo para análise geológica,
geomorfológica e hidrológicas da área de estudo. Além disso, permite a identificação de
processos endógenos e exógenos ocorridos na evolução da paisagem sendo de importante
auxílio na análise de áreas com fragilidade ambiental, suscetibilidade à erosão e de
potencialidade de uso da terra (SHIMBO, 2006).
Os padrões de drenagem predominantes que podem ser observados no Estado do
Tocantins, a partir da rede de drenagem acima são: Dentrítico, Paralelo,Treliça.
O padrão dentrítico é típico de áreas cobertas por rochas horizontais e não fraturadas.
Seu desenvolvimento é influenciado pela litologia e caracteriza-se pela homogeneidade em
textura e em resistência à erosão (1972 apud JIMÉNEZ-RUEDA).
O padrão paralelo é característico de área com falhas bastante acentuadas em uma
única direção, aflorantes em regiões de topografia suave. Aparecem de forma mais marcante a
sudoeste do estado.
O padrão treliça ocorre mais predominantemente em cursos d’água mais longos.
Desenvolve-se em regiões dobradas com sinclinais e anticlinais sucessivas, de eixos
horizontais a subhorizontais.
Em algumas regiões da área de estudo foram observadas, deslocamentos e mudanças
nos cursos d’água, principalmente a leste do estado. Isso pode ser devido ao abatimento e
soerguimento de blocos, processo fluvial e sedimentar a partir do condicionamento estrutural
e dinâmica da paisagem (SHIMBO, 2006).
7.1.2. Isobases Confluentes
O mapeamento das isobases confluentes permite a compreensão da evolução da
paisagem e os processos geológicos que ocorreram no passado que a levaram a atingir a
configuração atual (RIBEIRO, 2010). Além disso, é possível compreender o potencial de
erosão uma vez que os padrões e densidades de fraturamento definirão maior ou menor
potencial. Relevos dissecados são resultantes de intensa movimentação tectônica enquanto
superfícies soerguidas recentemente condiciona a ocorrência de feições erosivas de grande
porte. São construídas, em ambiente do software ArcGis 9.3, a partir da drenagem confluente.
No caso do trabalho em questão, foram identificadas confluências de ordem 1 até ordem 6 o
que cronologicamente significa mais moderna até mais antiga.
De maneira geral observa-se um soerguimento expressivo do relevo ao longo das eras
geológicas, uma vez que a altitude máxima está em 308 m na Isobase 6 e em 1209 m na
Isobase 1 terminando em 1667 m na configuração atual do relevo (SRTM).
É possível que a isobase 6 está datada do Cretáceo Inferior , isso é, aproximadamente
90 Milhões de anos. Esse período é marcado por alta precipitação e altas temperaturas no
território do Tocantins condicionando no interior dos altos estruturais forte lixiviação,
latossolização profunda e uma laterização que se estende até a Isobase 5, já no Cretáceo
Superior. Em Palmas é possível observar um alto estrutural contínuo com falhamentos
escalonados. Há uma falha transcorrente nos limites do canal meandrante que se inicia nas
proximidades do município de Araguaína. Esse muito possivelmente era um estuário uma vez
que a pedologia atual na região de Araguaína é marcada por predominância de Latossolo além
da invasão oceânica observada na Isobase em questão nas proximidades do município de
Esperantina onde se observa uma depressão. Devido a essa conclusão, o relevo marcado em
44
180 m de altitude próximo ao estado seria uma planície fluvio-marinha denominada de
falésia, formação característica do encontro entre a terra e o mar. De maneira geral, a
orientação do terreno é N-S. O soerguimento do relevo converte o estuário de Araguaína em
uma planície fluvio-marinha possibilitando uma laterização mais profunda. A região do
Município de Arrais é marcada por um planalto côncavo-convexo e, a oeste desse planalto,
surge uma planície muito ampla suavemente inclinada na direção NW. Já é possível observar,
a partir das curvas de nível e sobrepondo a drenagem atual sobre a Isobase 5, uma
conformação do relevo propícia à formação do Rio Tocantins e seus afluentes, Rio do Sono e
Rio das Balsas.
Na Isobase 4, no Terciário Inferior e Médio, até o final do Mioceno,é possível
observar um abatimento de Palmas concluindo que essa estava sob um planalto laterizando-se
ou latossolizando-se. Esse abatimento pode ter ocorrido devido à expansão do protoaraguaía
resultando numa degradação dos latossolos e lateritas por saturação. Há falhamentos na
direção N-S em todo o terreno. A orientação passa de N-S a N-E marcando uma forte
influência tectônica nesse período.
Datada do Plioceno, entre 5 a 3 milhões de anos (Terciário Superior), está a Isobase 3
onde sua formação mais marcante seria o início da formação da serra do Lajeado nas
proximidades de Palmas e da Ilha do Bananal a oeste de Gurupi. Palmas está sofrendo
soerguimento recobrindo os latossolos.
A isobase 2, ainda no Plioceno, final do Terciário Superior, é marcada pela
individualização da serra do Estrondo a leste de Palmas, entre os Rios Tocantins e Araguaia,
já bem delineados a essa época, principalmente o Rio Tocantins. Há a presença de
falhamentos N-S, N-W 30°e N-E 30°. Essas falhas normais N-S, sistema distensivo Tocantins
- Araguaia, correspondem a movimentos tectônicos marcantes do Terciário
Superior/Quaternário (BEMERGUY et al, 1996). A sudeste observa-se um planalto muito alto
ligeiramente dissecado e um possível Front de Cuesta mais verticalizado na região NE.
Morretes nas porções NE e SW do planalto médio possuem evidente grau de dissecação muito
possivelmente devido à ação da tectônica assim como da formação do Rio Tocantins.
Por fim, na Isobase 1 datada possivelmente do Pleistoceno Médio, ocorre o
soerguimento e delineamento completo da Ilha do Bananal e evidente formação da Serra do
Estrondo e da Serra do Lajeado. O Rio Araguaia e Tocantins, incluindo seus afluentes,
parecem tomar forma final. No extremo Norte, o relevo toma a forma que originaria o Bico do
Papagaio.
45
Figura 21 - Mapa de Isobases 6 do Estado do Tocantins
46
Figura 22 - Mapa de Isobases 5 do Estado do Tocantins
47
Figura 23 - Mapa de Isobases 4 do Estado do Tocantins
48
Figura 24 - Mapa de Isobases 3 do Estado do Tocantins
49
Figura 25 - Mapa de Isobases 2 do Estado do Tocantins
50
Figura 26 - Mapa de Isobases 1 do Estado do Tocantins
51
Figura 27 - Configuração Atual do Relevo do Tocantins
52
7.1.3. Geologia Estrutural
Segundo Shimbo (2006), a análise da geologia estrutural como importante indicador
de processos endógenos e exógenos é capaz de auxiliar na identificação das subzonas
geoambientais e também evidenciar a suscetibilidade a erosão assim como as aptidões do solo
para uso e ocupação.
Para tal análise, foram produzidos os mapas para interpretação morfotectônica e
morfoestrutural do Estado do Tocantins.
7.1.3.1. Interpretação Morfotectônica: Lineamentos Estruturais e Traços de
Fratura
O mapa de lineamentos estruturais ou de drenagem apresenta predominância de
lineamentos na direção NW-SE ao longo de todo estado.
A região que encobre, a partir de Miracema do Tocantins, todo o sul do estado se
apresenta com a possibilidade de maior fragilidade devido à maior concentração de
lineamentos com direções variadas o que subentende solo mais percolativo.
Além disso, o mapa de lineamentos permite, de forma indireta, evidenciar a presença
de falhas que podem ser observadas a partir de mudanças de posições no plano rochoso (1999
apud SHIMBO, 2006).
O mapa de densidade de lineamentos detalha, de maneira mais precisa, as regiões
com maior fragilidade e possibilita o entendimento de sua intensidade.
53
Figura 28 - Lineamentos Estruturais do Estado do Tocantins
54
Figura 29 - Densidade de Lineamentos Estruturais do Estado do Tocantins
55
É importante ressaltar que as áreas em branco apresentam menor ou nenhum
pronunciamento superficial, porém podem apresentar pronunciamento subsuperficial.
A probabilidade de ocorrência de erosão também pode ser evidenciada pelo mapa de
traços e fraturas e de respectiva densidade. Segundo Shimbo (2006), a área com maior
densidade desses traços com mais de uma direção são áreas mais frágeis e mais exigentes de
manejo.
Observando o mapa de densidade de lineamentos e densidade de fraturas, conclui-se
que a mesma região evidenciada pelo polígono entre os municípios de Porto Nacional,
Mateiros e Arraias está, possivelmente, entre os mais frágeis do Estado tendo em vista relativa
densidade de lineamentos, densidade de traços e fraturas e predominância de relevo
dissecado.
56
Figura 30 - Traços de Fratura do Estado do Tocantins
57
Figura 31 - Densidade de Traços de Fratura do Estado do Tocantins
58
O mapa de máximos 1 e 2 compreende a análise espacial que identifica, no mapa 32,
as direções de traços com maior frequência apontando as áreas com mudanças abruptas de
direções. Áreas onde ocorre coincidência das variações de máximos 1 e 2, como em algumas
áreas do Tocantins, em especial atenção ao mesmo polígono descrito anteriormente, indicam
que o processo erosivo já está instalado. A partir do mapa, pode-se concluir que a densidade
de máximos 2 nessas região é significante o que leva a crer que os processos erosivos estão
potencializados e, nesse caso, podem ser desestabilizados por qualquer intervenção natural ou
antrópica.
59
Figura 32 - Densidade de Máximos 1 e Máximos 2 do Estado do Tocantins
60
7.1.3.2. Interpretação Morfoestrutural
O mapa de feições morfoestruturais permite a identificação dos altos e baixos
estruturais e trends de fratura (alinhamentos estruturais demonstrados por fraturas
unidirecionais) evidenciando, assim, o comportamento estrutural da região.
A análise morofestrutural é de grande auxílio na compreensão da dinâmica da
paisagem e respectiva potencialidade para o planejamento das variadas formas de uso e
ocupação (JIMÉNEZ-RUEDA et al, 1993). Tal análise permitirá a identificação de áreas
indutoras de lixiviação e oxidação (altos estruturais) e áreas com potencial de redução e
retenção de elementos químicos coloidais (baixos estruturais) (SHIMBO, 2006).
Altos estruturais são locais exorréicos por estarem associados a sistemas abertos. São
importantes áreas de recarga de aquífero e lençóis subterrâneos. É caracterizado por ambiente
oxidativo e, como proporcionam menor tendência à retenção de água, são locais com solos
evoluídos e de relativa permeabilidade com intensa lixiviação de materiais e de nutrientes.
Dessa forma, os processos predominantes são a caulinização, a laterização e a latossolização
(SHIMBO, 2006).
Normalmente, os altos estruturais são ambientes mais estáveis com exceção de quando
estão associados à trends de fratura e falhas. Nesse caso, estão suscetíveis à erosão intensa
promovendo o aparecimento de solos menos evoluídos ocasionados pelo domínio da
morfogênese sobre a pedogênese (SHIMBO, 2006). Essa situação pode ser observada a leste
do Estado onde há predominância de solo Neossolo Quartzarênico e Plintossolo Pétrico. Por
serem regiões de maior acidez e, muitas vezes, necessitarem de adubação, essa deve ser feita
de maneira cuidadosa para absorção lenta. Um exemplo de boa aplicação é o calcário
dolomítico (SHIMBO, 2006).
Baixos estruturais, por sua vez, associam-se a sistemas fechados, endorréicos e com
circulação de água direcionada sendo, portanto, locais de acumulação de água e retenção de
nutrientes o que lhes proporciona maior fertilidade. Por ser um ambiente redutor, predomina
os processos de argilização e gleização. São ambientes menos estáveis e requerem manejo
especial principalmente se associados à trends de fratura que acarretam maior percolatividade
e suscetibilidade à erosão (SHIMBO, 2006). Essa situação pode ser observada a sudeste do
Estado. Os baixos estruturais a norte do estado, na região do Bico do Papagaio, por sofrerem
influência de falhamentos que ocorrem próximo ao Estado, se comportam como um alto
estrutural.
No centro do estado, a disposição dos altos estruturais relativamente pressionados por
um baixo estrutural corresponde a reativações deformacionais do Terciário Superior.
É importante destacar que a combinação entre altos e baixos estruturais e altos e
baixos topográficos permitirá um melhor planejamento permitindo o uso adequado dos
recursos naturais (1993 apud SHIMBO, 2006). A tabela 1, apresentando o condicionamento
das estruturas quando associadas a altos e baixos estruturais e suas aplicações, foi modificada
dos estudos de Jiménez-Rueda et al. (1993).
61
Tabela 1 - Morfoestruturas e suas aplicações
Pedológicas
AA BA BB AB
Intemperismo
muito forte.
Fertilidade
atual e
potencial
muito baixa
Intemperismo forte.
Fertilidade atual e
potencial baixa/média
Intemperismo
fraco. Fertilidade
atual e potencial
muito alta
Intemperismo
moderado/forte.
Fertilidade atual e
potencial média alta
Pedogênese
maior que
morfogênese
Morfogênese maior
que pedogênese
Morfogênese
maior que
pedogênese
Pedogênese maior que
morfogênese
Erosão quase
nula
Erosão
Moderada/Forte
Erosão muito
forte
Erosão muito
forte/moderada
Circulação
intensa de
água
Circulação de água
média/alta
Circulação de
água alta
direcionada
Circulação de água baixa
direcionada
Fisiográficas
Ciclos
Geomorfológicos
Sul americano
Terciário
Inferior
Das velhas
Terciário
superior/Quaternário
anterior
Paraguaçu
Quaternário
médio/atual
Sul americano
Terciário inf.
Das Velhas
Terciário
superior/Quaternário
anterior
Paisagens
Geomorfológicas
Planaltos
Dunas
Colinas
Planaltos
Morros Testemunhos
Planícies de
Inundação
Dunas
Lagoas/Lagunas
Terraços
Planície de
Inundação
fluvial-marinha
Dunas
Colinas
Planaltos
Engenharias
Civil
Estradas boas
Edificações
boas
Estradas
boas/moderadas
Edificações
moderadas
Estradas
Inadequadas
Edificações
Inadequadas
Estradas
moderadas/inadequadas
Edificações
boas/inadequadas
Sanitária
Aterros
Efluentes
líquido/sólido
Uso restrito
Aterros
Efluentes
líquido/sólido
Uso
restrito/inadequado
Aterros
Efluentes
líquido/sólido
Uso Inadequado
Aterros
Efluentes líquido/sólido
Uso adequado
Fonte: Jiménez-Rueda et al. (1993)
AA = alto topográfico / alto estrutural
BA = baixo topográfico / alto estrutural
BB = baixo topográfico / baixo estrutura
AB = alto topográfico / baixo estrutural
62
Figura 33 - Mapa Morfoestrutural do Estado do Tocantins
63
7.2. Fisiografia
7.2.1. Caracterização Fisiográfica
A fisiografia tem como premissa complementar a geomorfologia de maneira a não
somente apresentar a origem, morfologia e idade da paisagem como também classificá-la de
forma prática considerando aspectos paleoclimáticos, climáticos, biológicos (inclusive
humanos), geológicos e hidrológicos numa escala em que é possível inferir a respeito dos
aspectos pedogênicos e/ou uso ocupacionais da região (VILLOTA, 2005).
Para entendimento da dinâmica da paisagem que compreende a área de estudo, essa foi
classificada em unidades fisiográficas representadas por formas de relevo e caracterizadas
pelos processos endógenos e exógenos específicos para melhor compreensão da paisagem
(JIMÉNEZ-RUEDA et al., 1993). Cada uma dessas unidades possui características únicas no
que tange aos aspectos pedológicos proporcionando uma clara compreensão dos padrões de
solos e suas e suas aptidões (GOOSEN, 1968). Além disso, são determinantes na
caracterização e classificação das unidades homogêneas (JIMÉNEZ-RUEDA et al., 1993), das
zonas e subzonas geoambientais, das potencialidades e limitações e formas susceptíveis a
erosão (SHIMBO, 2006).
A análise fisiográfica da paisagem foi feita a partir da interpretação da SRTM da
EMBRAPA numa escala de reconhecimento geral da diferenciação do relevo.
7.2.2. Legenda Fisiográfica
As Planícies de Inundação foram diferenciadas através das áreas sujeitas a inundações
de rios atuantes na área.
Planaltos representam parte da planície de inundação onde é possível identificar
algumas unidades fisiográficas subatuais, recentes ou paleo soerguidas. Nestes planaltos
podem ser identificadas diversas classes de solos característicos de cada unidade fisiográfica
devido a mudanças climáticas locais e regionais (JIMÉNEZ-RUEDA et al., 2011). Estão
separados pelas diferenças topográficas do local, dividas em seis intervalos. A altitude mais
alta encontrada dentro do estado foi de 1040 m. Abaixo é apresentada a legenda fisiográfica
geral para caracterização fisiográfica do estado do Tocantins.
64
Tabela 2 - Legenda Fisiográfica para delimitação das unidades fisiográficas do estado do Tocantins
7.2.3. Interpretação Fisiográfica
A interpretação fisiográfica visa, a partir dos elementos fisiográficos, compreender os
processos de formação da região e os que ainda estão em atuação.
As Planícies de Inundação (A) ocorrem por todas as áreas de baixo declive do estado e
ao longo dos vários cursos d’água presentes no Tocantins. Em nível de subprovíncia, maioria
está inserida nas subprovíncias Coberturas Cenozóicas, Faixa Araguaia, Bacia Intracratônica
Fanerozóica (Província Tocantins), Bacias das Alpercatas e parte nordeste da Bacia Parnaíba,
todas descritas anteriormente. A presença de tais planícies nas proximidades dos planaltos
acaba revelando formas muito dissecadas de relevo. Essa dissecação pode ainda ser maior
quando os cursos d’água aparecem em áreas onde o terreno tende a uma maior movimentação.
O grau de dissecação pode ser comprovado pelas isobases do Estado e pelo mapa de classes
de declividade presente na bibliografia. Esses, quando integrados com a fisiografia e geologia
estrutural, podem determinar as áreas susceptíveis à erosão. A partir do mapa fisiofráfico
(anexo) é possível observar que maior parte do estado é compreendida por planícies de
inundação e planaltos muito baixos e baixos o que confere sua baixa susceptibilidade a
erosão, porém extensas áreas sujeitas à inundação e que merecem atenção nas práticas de uso
e ocupação. Áreas mais susceptíveis à erosão são as áreas de planaltos médios a muito altos
principalmente onde pode ser observada a predominância de solos litólicos e formas mais
dissecadas de relevo. Essas ocorrem com maior predominância a sul e sudeste do estado
(subprovíncias Bacia Rifte Paleoproterozóica, Arco Magmático de Goiás, Domínio
Dianópolis Silvânia, Três Marias-Bambuí e Bacia Intracratônica Faneozóica – Província São
Francisco). Abaixo é apresentado o mapa das subprovíncias dentro do estado do Tocantins e a
detalahamento das paisagens. O mapa fisiográfico está em anexo.
A - Paisagem Aluvial
A1 - Planície de Inundação
(≤ 174 m)
P1.1 Não/Ligeiramente Dissecado
P1.2 Moderadamente Dissecado
P1.3 Fortemente Dissecado
P2.1 Não/Ligeiramente Dissecado
P2.2 Moderadamente Dissecado
P2.3 Fortemente Dissecado
P3.1 Não/Ligeiramente Dissecado
P3.2 Moderadamente Dissecado
P3.3 Fortemente Dissecado
P4.1 Não/Ligeiramente Dissecado
P4.2 Moderadamente Dissecado
P4.3 Fortemente Dissecado
P5.1 Não/Ligeiramente Dissecado
P5.2 Moderadamente Dissecado
P5.3 Fortemente Dissecado
P - Planaltos
P1 - Planalto Muito Baixo
( ≤ 348 m)
P2 - Planalto Baixo
( ≤ 522 m)
P3 - Planalto Médio
( ≤ 696 m)
P5 - Planalto Muito Alto
( > 870 m)
P4 - Planalto Alto
( ≤ 870 m)
65
Figura 34 - Subprovíncias do Estado do Tocantins
66
Tabela 3 – Paisagens do Estado do Tocantins
67
Cont. Tabela 2.
68
4.1. Capacidade Suporte do Meio Físico
Para a discussão da capacidade suporte do meio físico do Estado do Tocantins serão
revistas todas as informações apresentadas até este momento, considerando que os resultados
apresentados devem complementar ou comprovar o já presente na bibliografia existente.
Conforme princípios metodológicos propostos por Riverau (1972), Mattos et al.
(1982) e Soares et al. (1982), posteriormente aplicados em análises morfoestruturais por
Jiménez-Rueda & Mattos (1992) e Jiménez-Rueda et al. (1993b), o método tem como
premissa a caracterização da susceptibilidade a erosão a partir da frequência dos elementos
tectônicos e configuração morfoestrutural da área. A erodibilidade seria, então, diretamente
proporcional à frequência com que esses eventos ocorrem independentes de suas direções. O
cruzamento de diferentes direções confere maior potencial de erosão à área uma vez que essa
possui maior grau de percolabilidade e consequente maior fragilidade.
A análise da figura 18 correspondente ao mapa de erodibilidade do estado do
Tocantins apresentado pela EMBRAPA permite concluir que maior parte do território possui
susceptibilidade a erosão ligeira muito provavelmente pelos solos, pela baixa declividade e
muitas áreas susceptíveis a constante alagamento. A sul e sudoeste do estado concentram-se
as regiões de pouca susceptibilidade a erosão enquanto os focos de moderada e alta
susceptibilidade estão espalhados pelo Estado, principalmente na divisa com o Pará,
Maranhão, Bahia e nas proximidades do Rio Tocantins com destaque às áreas com a presença
de solos litólicos.
Os mapas apresentados no item resultados comprova o apresentado na bibliografia,
alertando para as mesmas áreas demarcadas com alta susceptibilidade a erosão (o polígono em
direção a sudeste do estado onde ocorrem as maiores altitudes: Araguaína, Mateiros e
Arraias). É importante lembrar que Mateiros está sob território do Jalapão, importante riqueza
natural e histórica do Estado. É necessário considerar que, em algumas regiões demarcadas
com susceptibilidade ligeira é possível observar considerável frequência de máximos 2
evidenciando uma erosão potencializada que, em caso de uso e ocupação inadequado ou até
mesmo algum evento natural, pode desestabilizar o meio.
Áreas como as coberturas Cenozóicas, onde é possível concluir baixa susceptibilidade
a erosão, porém alta densidade de falhamentos, devem ter uma atenção especial, pois são
áreas extremamente frágeis.
69
8. CONCLUSÃO
O zoneamento geoambiental do Estado do Tocantins se provou eficiente no
apontamento de suas áreas frágeis e/ou susceptíveis a erosão. Devido à extensão da área de
estudo, é importante destacar a escala de apresentação do estudo uma. Entretanto, esse é de
fundamental importancia como direcionador do planejamento.
O adensamento da drenagem seguido da identificação dos elementos tectônicos e
morfoestruturais, foi de evidente precisão quando comparado aos resultados presentes na
bibliografia para identificação de ambientes frágeis e também que podem sofrer algum tipo de
desestabilização. Merecem destaque também as isobases confluentes no que se refere a
evolução do relevo e identificação de densidade de fraturamento e tectonismos.
.
70
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ANEXO
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Figura 35 - Mapa Fisiográfico do Estado do Tocantins