Revista do Instituto de Geociências - USP - 19 -Disponível on-line no endereço www.igc.usp.br/geologiausp Geol. USP, Sér. cient., São Paulo, v. 11, n. 1, p. 19-32, abril 2011 Delimitação do Embasamento da Bacia de Taubaté Basement Delimitation of the Taubaté Basin Ancilla Maria Almeida de Carvalho1 (ancilla.carvalho@ige.unicamp.br), Alexandre Campane Vidal1 (vidal@ige.unicamp.br), Chang Hung Kiang2 (chang@rc.unesp.br) 1Departamento de Geologia e Recursos Naturais - Instituto de Geociências - UNICAMP R. João Pandiá Calógeras 51, CEP 13083-870, Campinas, SP, BR 2Departamento de Geologia Aplicada - Instituto de Geociências e Ciências Exatas - UNESP, Rio Claro, SP, BR Recebido em 17 de agosto de 2010; aceito em 19 de outubro de 2010 RESUMO Este trabalho consiste na definição do embasamento da Bacia de Taubaté por meio de métodos geoestatísticos, a partir de dados sísmicos, gravimétricos e informações de poços tubulares profundos. As atividades compreenderam a interpreta- ção de onze seções sísmicas dispostas na porção central e nordeste da bacia, com as quais se obtiveram dados sobre as cotas do embasamento e distribuição das principais falhas. O acréscimo de informação foi de 79 poços, que contribuíram como dados novos principalmente na região das cidades de São José dos Campos e Jacareí. A técnica de krigagem com deriva externa foi aplicada utilizando as informações de sísmica e poços como variáveis principais e o mapa gerado pelo levanta- mento gravimétrico como variável secundária. O contorno do embasamento obtido apresenta alta correlação com as prin- cipais falhas e uma melhor definição foi possível na região de São José dos Campos e no extremo norte da bacia, áreas nas quais está presente o maior número de poços. Palavras-chave: Bacia de Taubaté; Sísmica; Geoestatística. ABSTRACT The aim of this study is to define the basement map of the Taubaté Basin applying geostatistics to seismic, gravimetric and deep wells data. The study consisted of the interpretation of eleven seismic sections obtained in the central and northeastern portions of the basin. The altitude of the basement and the distribution of faults was determined based on these sections. New information was obtained from 79 wells located mainly in the regions of São José dos Campos and Jacareí. The method of kriging with an external drift was applied, using seismic and well data as the main variables and the gravimetric map as the secondary variable. The basement contour map obtained has a strong correlation with the main faults. It was possible to obtain a better resolution in the region of São José dos Campos and in the northeast area, where the vast majority of wells are located. Keywords: Taubaté basin; Seismics; Geostatistics. 2_Carvalho.indd 19 05/04/2011 10:14:45 Ancilla Maria Almeida de Carvalho et al. - 20 - INTRODUÇÃO A Bacia de Taubaté está localizada na porção leste do Estado de São Paulo e apresenta-se como uma feição de- primida entre as serras do Mar e Mantiqueira. Com for- ma alongada, a bacia possui dimensões aproximadas de 170 km de comprimento e largura média de 25 km, pos- suindo como extremos os municípios de Jacareí, a sul, e Cruzeiro, a norte (Figura 1). Diversos trabalhos analisaram a topografia do emba- samento com a delimitação dos altos estruturais e princi- pais falhas da Bacia de Taubaté. Os estudos iniciais foram realizados com informações de campo e dados de poços. Um desses estudos, realizado pelo DAEE (1977), propõe a compartimentação da bacia em seis sub-bacias, Parateí, Jacareí, Eugênio de Melo, Tremembé, Lorena e Cruzeiro, divididas pela Falha de São José e por quatro altos estrutu- rais do embasamento, denominados de Alto do Rio Putins, Alto de Caçapava, Alto de Aparecida e Alto de Cachoeira Paulista (Figura 2). Mesma configuração foi adotada por Hasui e Ponçano (1978), porém esses autores não adota- ram o Alto de Cachoeira Paulista e, com isso, a delimita- ção da sub-bacia de Cruzeiro. Com base em seções sísmicas, Marques (1990) reco- nhece na porção central e nordeste da bacia quatro depo- centros individuais denominados de sudoeste para nordes- te de Eugênio de Melo, Quiririm, Roseira e Lorena (Figura 3A). As sub-bacias Parateí e Jacareí, porção sul da bacia, não foram amostradas pela sísmica, e segundo o autor se revelam depocentros pouco expressivos. Foram reconhe- cidos também três altos estruturais: Alto de Caçapava, da Capela de N. S. do Socorro e da Capela de Santa Luzia que correspondem, respectivamente, aos altos de Tremembé, Lorena e Cruzeiro, definidos pelo DAEE (1977). Padilha et al. (1991) utilizam dados gravimétricos com- pilados por Galli, Blitzkow e Sá (1988) para a modelagem gravimétrica de um perfil NNW passando pela cidade de Taubaté, com o qual inferiram uma espessura máxima de Figura 1. Mapa de localização da área em estudo. Em destaque a localização da Bacia de Taubaté no Estado de São Paulo. 2_Carvalho.indd 20 05/04/2011 10:14:45 - 21 - Delimitação do Embasamento da Bacia de Taubaté 1.200 m de sedimentos para a Bacia de Taubaté. Os auto- res também realizaram medidas magnetotelúricas, carac- terizando duas camadas elétricas: uma superior altamente condutiva, representada pelos sedimentos da bacia; e uma inferior muito espessa e resistiva representada pelo embasa- mento cristalino pré-cambriano. Os resultados foram ainda relacionados aos modelos de evolução tectônica propostos para a Bacia de Taubaté (Almeida, 1976; Asmus e Ferrari, 1978) e sugeriram que o mecanismo relacionado à formação da bacia não se originou de uma anomalia térmica profun- da na região. Os autores propõem através desse trabalho um modelo transtensional para a Bacia de Taubaté. Ao interpretar as seções sísmicas utilizadas por Mar- ques (1990), porém com grande número de dados gravi- métricos, Fernandes (1993) identifica quatro sub-bacias, denominadas de Parateí, Jacareí-São José dos Campos, Quiririm-Taubaté e Aparecida-Lorena. O autor identi- fica também três altos estruturais, definidos como zonas de transferências, nomeados de Falha de São José, Alto de Caçapava e Alto de Pindamonhangaba, que delimi- tam segmentos com alternância de depocentros ao lon- go de seu eixo. Em trabalhos mais recentes Fernandes e Chang (2001, 2003) propõem a subdivisão da bacia em três compartimentos denominados, de sudoeste para nor- deste, como São José dos Campos, Taubaté e Aparecida. Os altos estruturais são representados pelos altos de Caça- pava e Pindamonhangaba (Figura 3B). A maioria dos trabalhos referentes ao estudo do embasa- mento da Bacia de Taubaté não congrega todas as informa- ções disponíveis para a análise, como também não apresenta métodos de integração de diferentes variáveis para a carac- terização do embasamento. Este texto visa fornecer a me- lhor compreensão da topografia do embasamento da Bacia de Taubaté, com base nas informações utilizadas em traba- lhos anteriores, na incorporação de dados de 79 poços e na aplicação de método geoestatístico que categoriza a base de dados ao atribuir diferentes pesos para cada variável. A melhor caracterização da topografia do embasamen- to para os compartimentos da Bacia de Taubaté tem im- plicação direta para a compreensão da evolução geológi- ca da bacia. GEOLOGIA A Bacia de Taubaté faz parte de um conjunto de ba- cias pertencentes ao Rift Continental do Sudeste do Brasil - RCSB - (Riccomini, 1989), uma feição tectônica de idade cenozoica, que se desenvolve entre as cidades de Curitiba, no Paraná, e Barra de São João, no Rio de Janeiro. O RCSB apresenta-se como uma faixa estreita e deprimida, alonga- da segundo a direção ENE, possuindo extensão de pouco mais de 900 km (Riccomini, Sant’anna, Ferrari, 2004). Posicionada no segmento central do RCSB, a Bacia de Taubaté está relacionada à tectônica distensiva de ida- de paleógena, e sua forma alongada está condicionada por descontinuidades antigas de direção geral ENE do emba- samento, que favoreceram uma tectônica ressurgente (Fer- nandes, 1993). A bacia assenta-se sobre rochas ígneas e metamórficas do Cinturão de Dobramentos Ribeira, datadas desde o Pa- leoproterozoico até o Neoproterozoico (Hasui e Ponçano, 1978) e seu arcabouço é formado por semigrábens separa- dos por zonas de transferências ou de acomodação, com depocentros invertidos, em típica geometria de bacia do tipo rifte. O embasamento pré-cambriano da Bacia de Taubaté corresponde às rochas do Grupo Açungui, subdividido em Complexo Embu e Complexo Pilar. O substrato da Bacia de Taubaté é representado predominantemente pelo Com- plexo Embu, constituído principalmente por migmatitos homogêneos, oftálmicos, neolóticos e facoidais, com in- tercalações de metassedimentos referidos ao Complexo Pilar, além de corpos metabásicos (Fernandes, 1993). A Bacia de Taubaté apresenta uma sedimentação tipi- camente continental e, segundo Riccomini (1989), o pre- enchimento pode ser dividido em duas fases: a primeira, sin-tectônica ao rifte, com a deposição dos sedimentos do Grupo Taubaté, composto pelas formações Resende, Tre- membé e São Paulo e a segunda, posterior à tectônica dias- trófica, com a deposição da Formação Pindamonhangaba e depósitos aluviais e coluviais (Figura 4). Figura 2. Compartimentação estrutural da Bacia de Tau- baté. Na figura estão representadas as sub-bacias pelos números: 1. Parateí, 2. Jacareí, 3. Eugênio de Melo, 4. Tre- membé, 5. Lorena, 6. Cruzeiro. As letras representam os altos estruturais: A. Rio Putins, B. Caçapava, C. Aparecida, D. Cachoeira Paulista (Modificado de DAEE, 1977). 2_Carvalho.indd 21 05/04/2011 10:14:45 Ancilla Maria Almeida de Carvalho et al. - 22 - Figura 3. A. Mapa estrutural sísmico em profundidade do embasamento da Bacia de Taubaté (Modificado de Marques, 1990). B. Mapa estrutural da Bacia de Taubaté, baseado em dados gravimétricos (Modificado de Fer- nandes e Chang, 2003). 2_Carvalho.indd 22 05/04/2011 10:14:45 - 23 - Delimitação do Embasamento da Bacia de Taubaté A evolução sedimentar sin-tectônica compreende um sistema de leques aluviais associados à planície fluvial de rios entrelaçados colocados na base e nas porções laterais da bacia, representado pela Formação Resende, bem como um sistema lacustre registrado na porção central da ba- cia, representado pela Formação Tremembé. São descri- tos também depósitos ligados a sistema fluvial meandran- te, referentes à Formação São Paulo. A segunda fase de preenchimento sedimentar é repre- sentada por um sistema fluvial meandrante instalado na porção central da Bacia, referente aos sedimentos da For- mação Pindamonhangaba, assim como uma vasta gama de depósitos colúvio-aluviais do Pleistoceno. Os depósitos da Formação Resende são os mais abun- dantes e compreendem grande parte do pacote sedimen- tar paleogênico. Esta unidade é formada por orto e para- conglomerados nas áreas proximais e lamitos nas porções medianas e distais dos leques aluviais, além de arenitos fluviais em rios entrelaçados axiais às bacias (Riccomini, Sant’anna, Ferrari, 2004). O sistema de leques aluviais da Formação Resen- de grada lateral e verticalmente para o sistema lacustre do tipo playa-lake da Formação Tremembé, presente na porção central da Bacia de Taubaté (Riccomini e Coim- bra, 1992). A partir de dados de sondagens e afloramen- tos, as principais litofácies reconhecidas na Formação Tre- membé compreendem: argilitos verdes maciços, ritmitos de folhelhos e margas, dolomitos e arenitos (Riccomini, Sant’anna, Ferrari, 2004). A Formação São Paulo, unidade de topo do Grupo Tau- baté, é representada por depósitos sedimentares relaciona- dos a sistemas fluviais meandrantes, presente em área res- trita na porção sudoeste da Bacia de Taubaté (Riccomini, Sant’anna, Ferrari, 2004). Figura 4. Mapa geológico esquemático da Bacia de Taubaté. 1. Rochas do embasamento. 2. Formação Resende. 3. For- mação Tremembé. 4. Formação São Paulo. 5. Formação Pindamonhangaba. 6. Sedimentos quaternários (Modificado de Riccomini, 1989). 2_Carvalho.indd 23 05/04/2011 10:14:45 Ancilla Maria Almeida de Carvalho et al. - 24 - A Formação Pindamonhangaba corresponde a um sis- tema fluvial meandrante desenvolvido nas porções central e sudoeste da Bacia de Taubaté, recobrindo discordante- mente os depósitos da Formação Tremembé, Resende e São Paulo. Esta unidade foi subdividia por Mancini (1995) em dois membros interdigitados: o Membro Rio Pararan- gaba, representativo das fácies de canal de sistema fluvial meandrante de granulação grossa, e o Membro Presidente Dutra, relacionado à deposição em planície de inundação de sistema fluvial meandrante de granulação fina. Por meio de análise de estruturas tectônicas e suas re- lações estratigráficas com o preenchimento sedimentar, Riccomini (1989) elaborou um modelo tectônico para o segmento central do RCSB, em que conclui que a forma- ção da depressão original do rifte teria ocorrido no Paleó- geno, sob a ação de um campo de esforços distensivos, de direção NNW-SSE, causador da reativação, como falhas normais, de antigas zonas de cisalhamento proterozoicas de direção NE a ENE. A sustentação deste modelo é infe- rida pelo caráter normal das falhas mestras ativas durante a instalação do segmento central do RCSB, pelas direções de distensão obtidas a partir dos dados de falhas estriadas, sempre em posição ortogonal às falhas de borda das ba- cias, e também pela contiguidade entre os depósitos de le- ques aluviais proximais e as áreas fontes vizinhas. As rochas do substrato do RCSB revelaram a atuação de um regime transcorrente sinistral, com compressão de direção NE-SW e distensão NW-SE, afetando corpos al- calinos neocretáceos, no sul do Estado São Paulo e na re- gião do Gráben de Guanabara. A idade deste evento foi considerada neocretácea a paleocena. Dessa forma, o re- gime transcorrente sinistral precederia o distensivo de di- reção NNW-SSE, este responsável pela instalação das ba- cias (Riccomini, Sant’anna, Ferrari, 2004). Zalán e Oliveira (2005) realizam uma análise estrutural do RCSB e denominam-no como Sistema de Riftes Ceno- zoicos de Sudeste do Brasil (SRCSB), definindo um mo- delo de evolução genética. Os autores propõem que as alti- tudes atuais das montanhas circundantes do SRCSB foram resultados de dois episódios de alçamento. O primeiro pul- so (entre 85 - 65 Ma) teria natureza regional e epirogené- tica, relacionado à passagem da Placa Sul Americana por uma anomalia térmica, soerguendo, dessa forma, a Ser- ra do Mar Cretácea de maneira maciça e uniforme, que passou então a constituir um megaplanalto de cerca de 300.000 km² de área. Após cessado o soerguimento des- te megaplanalto ocorreu o nivelamento por uma superfí- cie de aplainamento. O segundo pulso não foi de natureza ascensional, mas de colapso. A Serra do Mar Cretácea constituía um planal- to maciço com flanco leste abrupto e grande desnível em relação às bacias adjacentes. Conforme a subsidência ba- cinal progredia, gerou-se uma instabilidade isostática le- vando ao colapso gravitacional do megaplanalto no final do paleoceno. Os falhamentos do megaplanalto atingiram grandes profundidades trazendo material mantélico juve- nil à superfície e iniciou-se o aprisionamento de depósitos clásticos nos grábens formados. O colapso continuou no Neo-eoceno/Oligoceno/Eomioceno, idade da maioria dos depósitos do SRCSB. MÉTODO DE TRABALHO O trabalho foi desenvolvido inicialmente através da in- terpretação de onze seções sísmicas 2D, adquiridas pela PETROBRAS em 1988 e concedidas para o presente traba- lho pela ANP - Agência Nacional de Petróleo, as quais se localizam na porção central e nordeste da bacia (Figura 5). A análise das seções sísmicas foi realizada com auxílio do software OpendTect®, que permite a visualização e in- terpretação de dados sísmicos 2D e 3D. Assumiu-se como expressão sísmica do embasamento cristalino, a mudança do padrão sísmico marcada por um refletor de grande no- tabilidade, entre reflexões de caráter desordenado e refle- xões horizontalmente paralelas, estas representando o pre- enchimento sedimentar da bacia (Figura 6). O refletor referente ao embasamento e às principais fa- lhas foi digitalizado e os dados resultantes exportados em formato ASCII, produzindo uma base de dados contendo as coordenadas UTM e os dados em tempo (milissegundo) de cada ponto digitalizado. Para a integração com os dados do embasamento, ad- quiridos nas seções sísmicas, foram utilizados dados de 79 poços tubulares profundos, destinados à captação de água subterrânea, contendo informações de profundidade, cota do terreno e cota do embasamento. A base de dados foi adquirida por meio da visita ao Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE) e Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (SABESP), que apresen- tam os dados dos poços localizados na bacia. As informa- ções estão concentradas na porção oeste e nordeste da ba- cia, com distribuição irregular, havendo maior densidade na região oeste, área que inclui os municípios de Jacareí, São José dos Campos e Caçapava (Figura 5). Como os dados dos poços apresentam-se por profundi- dade em metros, foi necessário realizar a conversão tem- po-profundidade para a correlação com os dados das li- nhas sísmicas. Para os sedimentos da Bacia de Taubaté, Fernandes (1993) adota uma relação utilizando uma velocidade mé- dia de 2.000 m/s, que é, aproximadamente, a velocidade utilizada para a seção sedimentar durante o processamento sísmico, fornecendo uma relação de 1 s para 1.000 m, ou 100 ms igual 100 m. 2_Carvalho.indd 24 05/04/2011 10:14:46 - 25 - Delimitação do Embasamento da Bacia de Taubaté Para o presente trabalho buscou-se encontrar uma re- lação tempo-profundidade utilizando os dados de poços. Dessa forma, foram definidos três poços muito próximos das linhas sísmicas com os quais poderia ser feita uma cor- relação entre tempo e profundidade do embasamento. A velocidade média obtida para os pontos próximos aos po- ços foi de 1.214 m/s. Esta velocidade foi utilizada para rea- lizar a conversão tempo-profundidade dos dados sísmicos do topo do embasamento, por meio da relação entre o in- tervalo de tempo e a distância percorrida. Em seguida foi realizada a conversão de profundidade para cota altimétrica de todos os dados sísmicos. Para isso foi utilizado um arquivo de dados SRTM (Shuttle Radar Topography Mission) da área onde está inserida a Bacia de Taubaté, constando a cota de toda a superfície da ba- cia. Com o auxílio do compilador Visual Basic® foi gerada uma rotina de programação que permitiu fazer a conversão. A base de dados foi completada com as informações do mapa gerado por Fernandes (1993), que utilizou dados de gravimetria e sísmica. Os dados adquiridos pelo autor to- talizam 646 estações gravimétricas distribuídas irregular- mente, mas cobrindo toda a extensão da bacia. Como os dados provenientes da sísmica são distribuídos em linha, todas as feições do mapa entre as linhas sísmicas, de toda a bacia, foram definidas pela informação da gravimetria. Por isso, para a incorporação dessa informação, o mapa gerado por Fernandes (1993) foi digitalizado e utilizado para este trabalho como variável secundária. Os dados foram interpolados utilizando-se o método de krigagem com deriva externa, que permite a estimativa de uma variável primária considerando as informações de uma variável secundária extensivamente amostrada. Esta técni- ca geoestatística é utilizada em situações em que uma ca- racterística de interesse é amostrada esparsamente e uma variável auxiliar ou secundária, linearmente correlacionada com a variável de interesse, é exaustivamente amostrada. A variável de interesse (primária) é uma medida preci- sa amostrada, por exemplo, no poço ou sondagem, enquan- Figura 5. Localização das seções sísmicas e de poços tubulares profundos na Bacia de Taubaté. 2_Carvalho.indd 25 05/04/2011 10:14:46 Ancilla Maria Almeida de Carvalho et al. - 26 - to a variável auxiliar (secundária) é uma medida imprecisa cobrindo o domínio em grande escala (Wackernagel, 2003). A krigagem com deriva externa é uma técnica de re- gressão que usa o atributo secundário como tendência para guiar a estimativa da variável primária (Deutsch e Journel, 1992). A variável secundária deve ser conhecida em todo o domínio onde a variável primária será estima- da, ou seja, as variáveis auxiliares devem ser multilocali- zadas (Fernandes, 2009). Neste método de estimativa, não existe a necessidade da variável primária ser estacionária, pois a variância espa- cial utilizada provém dos resíduos entre a variável primá- ria e a variável secundária, que são estacionárias. Porém, a variável primária e a secundária e o modelo de deriva ex- terna devem obrigatoriamente apresentar alto grau de de- pendência linear (Rocha, Yamamoto, Fonteles, 2009). Por esse método geoestatístico, considera-se Z(x) como variável primária e s(x) como variável secundária. Ambas as variáveis devem apresentar dependência linear, assim o valor esperado Z(x) é igual a s(x) mais uma constante a0 e um coeficiente b1, conforme escreve Wackernagel (1998): E[z(x)] = a0 + b1S(x) O estimador da krigagem com deriva externa Z*(x0) pode ser escrito como: Para que não exista enviezamento, a diferença entre os valores reais e os estimados deve ser igual a zero (Soa- res, 2000): E[Z*(x0) - Z(x0)] = 0 E[Z*(x0) = E[Z(x0)] Sendo assim: Segundo Bourennane e King (2003), esta equação pode ser desenvolvida como: Figura 6. Seção sísmica B, transversal à bacia. O traço horizontal em destaque indica o topo do embasamento e os tra- ços verticais, as principais falhas. 2_Carvalho.indd 26 05/04/2011 10:14:46 - 27 - Delimitação do Embasamento da Bacia de Taubaté E implica que os pesos devem ser em média consisten- tes com uma exata interpolação de s(x): Os valores dos ponderadores são obtidos pela resolu- ção de equações lineares: A krigagem com deriva externa consiste na incorpora- ção, dentro do sistema de krigagem, de condições univer- sais suplementares sobre uma ou diversas variáveis com deriva externa si(x), i=1,2,..., M, medida exaustivamente no domínio espacial (Bourennane e King, 2003). A aplicação do método geoestatístico foi realizada com o auxílio do software ISATIS®. Para a estimativa da forma do embasamento da bacia, foram considerados dois semi- variogramas representativos da anisotropia dos dados: as- sociados à direção N35E, que possui maior alcance e re- presenta o trend da bacia, e o semivariograma associado à direção N55W, que possui menor alcance. Outro mapa gerado neste trabalho foi o mapa de espes- sura de sedimento, realizado pela diferença entre os mapa do embasamento e topográfico da superfície do terreno, adquirida a partir de dados SRTM. RESULTADOS E DISCUSSÕES No presente trabalho foi considerada como variável primária a distribuição dos dados sísmicos e de poços; e como variável secundária, o mapa do embasamento gerado por dados gravimétricos. Para o caso da utili- zação de uma base de dados contendo diferentes variá- veis, o uso conjunto de toda a base sem a atribuição de pesos às variáveis principais pode ocasionar uma esti- mativa incorreta. A sísmica 2D existente para a bacia define as princi- pais estruturas, porém apresenta grande espaçamento que impede uma estimativa precisa entre as linhas. Fernandes (1993) utilizou grande número de dados gravimétricos para a melhor estimativa do embasamento, porém como o próprio autor ressalta, esses dados estão sujeitos a fato- res como rotação e achatamento da terra, altitude, rugo- sidade do terreno entre outros. Isto ocasiona o alto grau de incerteza da informação, quando comparado com da- dos sísmicos e de poços, por isso a utilização como dado secundário. Este trabalho incorpora informações novas provenien- tes de 79 poços que atingiram o embasamento. Esses da- dos juntamente com os dados sísmicos foram considera- dos como principais. O mapa obtido neste trabalho revela a existência de quatro depocentros principais na bacia, segundo a de- nominação proposta por Fernandes e Chang (2003), um depocentro localizado no Compartimento São José dos Campos, outro localizado no Compartimento Taubaté e dois depocentros no Compartimento Aparecida (Figu- ras 7 e 8). O segundo depocentro posicionado no extremo norte da bacia foi definido por Marques (1990) como sub-ba- cia Lorena, separada do resto da bacia pelo alto de Cape- la Santa Luzia. Nas extremidades noroeste e sudoeste da bacia, devi- do à grande ausência de dados, ocorre um erro na estima- tiva de valores, fornecendo nestas porções resultados me- nos confiáveis. A configuração proposta para o Compartimento São José dos Campos é bem caracterizada por conter as linhas sísmicas A, F e informações de 45 poços. O compartimen- to apresenta cota altimétrica mínima para o embasamen- to entre 200 e 150 m e está separada da sub-bacia Quiri- rim pelo Alto de Caçapava, que apresenta cotas em torno de 500 m. A seção sísmica A define um semigráben incli- nado para NW, com profundidades para o embasamento variando entre 30 e 400 m aproximadamente, as profun- didades mais altas encontram-se próximas à Falha de São José, a principal falha de borda do compartimento. Os re- sultados obtidos mostram que o depocentro neste compar- timento é melhor alinhado à Falha de São José em relação ao mapa proposto por Fernandes e Chang (2003). A confi- guração do embasamento na área sul desse compartimento é definida apenas por dados de poços. 2_Carvalho.indd 27 05/04/2011 10:14:47 Ancilla Maria Almeida de Carvalho et al. - 28 - A porção centro-sul do Compartimento São José destaca-se pela constância nos valores de profundida- de do embasamento, com extensa área com valores en- tre 50 e 150 m. A seção sísmica F intercepta a sul a seção sísmica A. A região central da seção apresenta o depocentro bem mar- cado da bacia, com profundidades próximas a 400 m e, em sua porção nordeste, marca a elevação do relevo em dire- ção ao Alto de Caçapava. Nota-se pelo mapa que o depocentro que marca o Compartimento São José ocorre de forma alongada, se- gundo a direção nordeste, e evidencia as feições do semi- gráben basculado para noroeste, associado à principal fa- lha de borda, e a margem flexural com uma elevação suave do terreno na direção sudeste. Em direção à porção central, o Compartimento São José é separado do Compartimento Taubaté pelo Alto de Caçapava, que é fortemente marcado pelas maiores cotas existentes nesta região da bacia. O embasamento do Compartimento Taubaté, loca- lizado na porção central da bacia, apresenta cota alti- métrica mínima em torno de -150 m. Nesta sub-bacia estão localizadas as seções sísmicas B e G. A seção sísmica B apresenta-se como um semigráben inclina- do para SE, com profundidades que variam entre 300 e 800 m, marcando a alternância de depocentros da ba- cia. Esta seção é interceptada em sua porção NW pela seção sísmica G, que apresenta um depocentro bastan- te acentuado, com profundidades que variam entre 300 e 700 m. Neste compartimento, os poços que atingiram o emba- samento estão situados nas bordas e na região do Alto de Caçapava, e definem anomalias pontuais o que evidencia a ausência de informações para essa região. Figura 7. Mapa do contorno do embasamento da Bacia de Taubaté. 2_Carvalho.indd 28 05/04/2011 10:14:47 - 29 - Delimitação do Embasamento da Bacia de Taubaté Figura 8. Visualização 3D do contorno do embasamento da Bacia de Taubaté. O Compartimento de Taubaté se separa a nordeste do Compartimento de Aparecida pelo Alto de Pindamonhan- gaba. Este alto ocorre com uma elevação menos pronun- ciada, apresentando cotas em torno de 300 m, e é mais fortemente evidenciado pelo mapa de espessura de sedi- mentos (Figura 9). Na porção a nordeste do Alto de Pindamonhangaba ob- serva-se a existência de um extenso depocentro denomina- do Compartimento Aparecida, com cotas mínimas para o embasamento em torno de -300 m. Esta sub-bacia apresen- ta as maiores espessuras de sedimentos da Bacia de Tau- baté, com a existência de um forte basculamento para no- roeste em sua porção sul, deslocando-se para sudeste na porção norte. Neste compartimento estão localizadas as seções sís- micas C, D, I e J. As seções C e D destacam um semigrá- ben basculado para NW, com profundidades entre 300 e 750 m, e 300 e 650 m, respectivamente. As seções sísmi- cas I e J apontam o forte depocentro desta sub-bacia, com profundidades entre 550 e 800 m para a seção I e 600 e 800 m para a seção J. Embora de maior dimensão, este compartimento apre- senta poucos poços, com isso a maior parte de sua delimi- tação está caracterizada pelos dados sísmicos e gravimétri- cos. Neste compartimento ocorre a maior variabilidade dos valores de cota do embasamento, onde é possível, pela to- pografia do embasamento, inferir a presença de várias fa- lhas no compartimento. A principal distinção entre os mapas gerados por Fer- nandes e Chang (2003) e Marques (1990) está na defi- nição do Alto da Capela de Santa Luzia, que apresen- ta cotas para o embasamento em torno de 200 e 300 m. A sub-bacia Lorena (Marques, 1990) ocorre na extremi- dade noroeste da Bacia de Taubaté e apresenta cotas en- tre -50 e 100 m, aproximadamente. Nesta sub-bacia está localizada a seção sísmica E, que apresenta basculamen- to para NW com profundidades de até 400 m. Seis poços atingiram o embasamento na região norte da bacia, es- tes evidenciam a presença desta sub-bacia, embora ocor- ra elevada variabilidade dos valores. Ao analisar toda a bacia esta região é que apresenta a menor densidade de informação. 2_Carvalho.indd 29 05/04/2011 10:14:47 Ancilla Maria Almeida de Carvalho et al. - 30 - Ao gerar o mapa de espessura de sedimentos é possível observar melhor as principais estruturas presentes na ba- cia, com regiões mais profundas na porção central e nor- deste da bacia e mais rasas na porção sudoeste. Outra in- ferência, a partir desse mapa, são as principais falhas de borda delimitadas na Figura 6, distribuição semelhante à definida por Fernandes e Chang (2003). CONCLUSÕES Este trabalho visou a formação de uma base de da- dos sobre o embasamento da Bacia de Taubaté, referen- te à interpretação de onze seções sísmicas 2D e dados de 79 poços. Com a integração de dados sísmicos, de per- fis geofísicos e gravimétricos gerou-se uma quantidade de informações satisfatória para a estimativa do contorno do embasamento da bacia, por meio de métodos geoestatísti- cos. A interpolação de dados realizada a partir da técnica de krigagem com deriva externa possibilita a utilização de fontes de dados diversas e o estabelecimento de pesos dife- renciados para as informações com melhores amostragens, estimando um modelo com maior confiabilidade. O mapa proposto neste trabalho é semelhante ao defini- do por Fernandes e Chang (2003), com três compartimen- tos bem delimitados na porção central da bacia, separados por dois altos estruturais. Entretanto, na porção noroeste da bacia, região de Lorena, há a existência de um quarto depocentro, semelhante ao definido por Marques (1990), porém em região com baixa densidade de informação. No extremo sudoeste da bacia, região da cidade de Jaca- reí, nota-se a existência de dois depocentros pouco expres- sivos, corroborando as informações obtidas no trabalho de DAEE (1977). As principais falhas foram identificadas e o avanço para a melhor caracterização do embasamento Figura 9. Mapa de espessura dos sedimentos da Bacia de Taubaté. 2_Carvalho.indd 30 05/04/2011 10:14:48 - 31 - Delimitação do Embasamento da Bacia de Taubaté ocorreu no Compartimento São José dos Campos com o acréscimo da informação de 45 poços. Por meio do mapa obtido percebe-se que a integração de todas as informações disponíveis sobre o embasamento da bacia permitiu uma análise integrada de grande quan- tidade de dados e reuniu grande parte das propostas defi- nidas para a Bacia de Taubaté. Os dados de poços permi- tiram um detalhamento maior a partir do mapa proposto por Marques (1990), o qual possui maior semelhança com este trabalho. AGRADECIMENTOS À Agência Nacional do Petróleo - ANP, pelo forneci- mento de dados sísmicos, e à Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo - Sabesp, e ao Departamen- to de Águas e Energia Elétrica - DAEE, pelo fornecimen- to de dados de poços tubulares profundos. Agradecimen- tos também à Opendtect®, pelo fornecimento de softwares para a realização do tratamento dos dados. REFERÊNCIAS ALMEIDA, F. F. M. de. The system of continental rifts bordering the Santos Basin, Brazil. Anais da Academia Brasileira de Ciências, v. 48, p. 15-26, 1976. Suplemento. ASMUS, H. E.; FERRARI, A. L. Hipótese sobre a causa do tectonismo Cenozóico na região Sudeste do Brasil. In: Aspectos estruturais da margem continental Leste e Sudeste do Brasil. Série. Projeto REMAC, n. 4, p. 75-88, 1978. BOURENNANE, H.; KING, D. Using multiple external drifts to estimate a soil variable. Geoderma, v. 114, p. 1-18, 2003. DAEE. Departamento de Águas e Energia Elétrica. 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