UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA CENTRO DE AQUICULTURA DA UNESP AVALIAÇÃO ECOTOXICOLÓGICA E RISCO AMBIENTAL DOS INSETICIDAS UTILIZADOS NO CONTROLE DA LARVA DE Aedes aegypti PARA Daphnia magna, Lemna minor E PEIXES Flavia Renata Abe - Bióloga Jaboticabal – SP 2012 ii Caunesp UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA CENTRO DE AQUICULTURA DA UNESP AVALIAÇÃO ECOTOXICOLÓGICA E RISCO AMBIENTAL DOS INSETICIDAS UTILIZADOS NO CONTROLE DA LARVA DE Aedes aegypti PARA Daphnia magna, Lemna minor E PEIXES Flavia Renata Abe Orientador: Dr. Joaquim Gonçalves Machado Neto Co-orientador: Dr. Claudinei da Cruz Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Aquicultura e Biologia de Organismos Aquáticos, Centro de Aquicultura da UNESP - CAUNESP, como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre. Jaboticabal – SP 2012 iii Caunesp Abe, Flavia Renata A138a Avaliação ecotoxicológica e risco ambiental dos inseticidas utilizados no controle da larva de Aedes aegypti para Daphnia magna, Lemna minor e peixes / Flavia Renata Abe. - - Jaboticabal, 2012 xiv, 130 f. : il. ; 29 cm Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual Paulista, Centro de Aquicultura, 2012 Orientador: Joaquim Gonçalves Machado Neto Banca examinadora: Marco Antônio de Andrade Belo, Robinson Antonio Pitelli Bibliografia 1. Ecotoxicologia. 2. Larvicidas. 3. Organismos não alvos. I. Título. II. Jaboticabal- Centro de Aquicultura. CDU 639.3.09 Ficha catalográfica elaborada pela Seção Técnica de Aquisição e Tratamento da Informação – Serviço Técnico de Biblioteca e Documentação - UNESP, Campus de Jaboticabal. e-mail: flavia_abe@yahoo.com.br iv Caunesp v Caunesp DADOS CURRICULARES DA AUTORA FLAVIA RENATA ABE – Filha de Mauro Abe e Clarice Aparecida Capeti Abe, nascida no município de Ribeirão Preto - SP, em 17 de setembro de 1986. Bióloga, graduada pela Universidade Estadual Paulista na Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, campus de Jaboticabal, em 2008. Estagiou no Departamento de Biologia Aplicada à Agropecuária. Realizou o trabalho de Iniciação Científica no Departamento de Morfologia e Fisiologia Animal, sendo bolsista FAPESP. Mestranda em Aquicultura pelo CAUNESP – campus de Jaboticabal, com início em março de 2010, sendo bolsista CNPq. Participou e apresentou trabalhos em congressos científicos. Obteve o título de mestre em Aquicultura em julho de 2012. vi Caunesp SUMÁRIO INDICE DE FIGURAS ............................................................................................ ix ÍNDICE DE TABELAS .......................................................................................... xiii DEDICATÓRIA ........................................................................................................ 2 AGRADECIMENTOS .............................................................................................. 3 APOIO FINANCEIRO .............................................................................................. 5 RESUMO ................................................................................................................ 6 ABSTRACT ............................................................................................................. 7 I. INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA ....................................................................... 8 II. REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................. 10 1. Aspectos ecotoxicológicos dos larvicidas ...................................................... 10 2. Diflubenzuron (DFB) ...................................................................................... 12 3. Temefós ......................................................................................................... 13 4. Testes de toxicidade para organismos aquáticos .......................................... 14 5. Sedimento ...................................................................................................... 15 6. Avaliação de risco ambiental ......................................................................... 15 7. Análise de resíduo ......................................................................................... 16 8. Lesões histológicas em peixes ...................................................................... 17 III. OBJETIVOS ..................................................................................................... 19 IV. CAPÍTULO I ..................................................................................................... 20 Avaliação ecotoxicológica dos larvicidas diflubenzuron e temefós para a macrófita Lemna minor ......................................................................................................... 20 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 20 MATERIAL E MÉTODOS .................................................................................. 22 1. Cultivo dos organismos-testes .................................................................... 22 2. Testes de sensibilidade com substância de referência............................... 22 3. Testes preliminares com os larvicidas ........................................................ 23 4. Testes definitivos de toxicidade aguda com os larvicidas........................... 24 5. Testes de toxicidade crônica com os larvicidas .......................................... 25 6. Sedimento .................................................................................................. 26 7. Cálculo da CI50, CENO, CEO e VC ........................................................... 27 vii Caunesp 8. Risco de intoxicação ambiental .................................................................. 28 9. Forma de análise dos resultados ................................................................ 28 RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................... 29 CONCLUSÃO .................................................................................................... 47 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................... 47 V. CAPÍTULO II ..................................................................................................... 51 Avaliação ecotoxicológica dos larvicidas diflubenzuron e temefós para peixes .... 51 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 51 MATERIAL E MÉTODOS .................................................................................. 52 1. Criação e aclimatação dos organismos-testes ........................................... 53 2. Testes de sensibilidade com a substância de referência............................ 54 3. Testes preliminares com os larvicidas ........................................................ 54 4. Testes definitivos de toxicidade aguda com os larvicidas........................... 55 5. Testes de toxicidade crônica com os larvicidas .......................................... 56 6. Sedimento .................................................................................................. 57 7. Cálculo da CL50, CENO, CEO e VC .......................................................... 57 8. Risco de intoxicação ambiental .................................................................. 58 9. Forma de análise dos resultados ................................................................ 59 RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................... 59 CONCLUSÃO .................................................................................................... 75 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................... 76 VI. CAPÍTULO III ................................................................................................... 79 Avaliação ecotoxicológica e risco ambiental de diflubenzuron e temefós para Daphnia magna ..................................................................................................... 79 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 79 MATERIAL E MÉTODOS .................................................................................. 81 1. Cultivo do organismo-teste ......................................................................... 81 2. Testes de sensibilidade com substância de referência............................... 82 3. Testes preliminares com os larvicidas ........................................................ 83 4. Testes definitivos de toxicidade aguda com os larvicidas........................... 83 5. Testes de toxicidade crônica com os larvicidas .......................................... 84 6. Sedimento .................................................................................................. 85 7. Cálculo da CE50 ......................................................................................... 85 viii Caunesp 8. Risco de intoxicação ambiental .................................................................. 86 9. Forma de análise dos resultados ................................................................ 87 RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................... 87 CONCLUSÃO .................................................................................................... 91 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................... 92 VII. CAPÍTULO IV ................................................................................................. 97 Determinação de resíduos de diflubenzuron e temefós em águas de bioensaios de tilápia-do-Nilo (Oreochromis niloticus) .................................................................. 97 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 97 MATERIAL E MÉTODOS .................................................................................. 99 1. Testes preliminares .................................................................................... 99 2. Sedimento ................................................................................................ 100 3. Validação do método analítico .................................................................. 101 4. Determinação do potencial de lixiviação e potencial de transporte .......... 104 RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................................... 106 CONCLUSÃO .................................................................................................. 111 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................. 111 VIII. CAPÍTULO V ............................................................................................... 114 Lesões histológicas de tilápias-do-Nilo (Oreochromis niloticus) expostas aos larvicidas diflubenzuron e temefós ...................................................................... 114 INTRODUÇÃO ................................................................................................. 114 MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................ 115 1. Testes preliminares .................................................................................. 116 2. Histopatologia de brânquia e fígado de O. niloticus ................................. 116 RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................................... 117 1. Brânquias ................................................................................................. 117 2. Fígados ..................................................................................................... 119 CONCLUSÃO .................................................................................................. 121 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................. 121 IV. CONCLUSÃO GERAL ................................................................................... 123 X. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................... 125 ix Caunesp INDICE DE FIGURAS Figura 1. Aspectos da colonização da macrófita L. minor. .................................... 22 Figura 2. Aspectos de L. minor no cultivo e aclimatação. ..................................... 23 Figura 3. Aspectos da montagem do teste preliminar de toxicidade aguda de DFB para L. minor. ......................................................................................... 24 Figura 4. Aspectos do teste de toxicidade aguda de temefós na ausência e presença de sedimento para L. minor. ................................................... 25 Figura 5. Diminuição do número de frondes nos testes de toxicidade aguda da menor para a maior concentração de DFB e temefós para L. minor. ..... 30 Figura 6. Número de frondes nos testes de toxicidade aguda na presença de sedimento da menor para a maior concentração de DFB e temefós para L. minor. ................................................................................................. 30 Figura 7. Comparação das médias do número de frondes de L. minor no 7º dia de avaliação. ............................................................................................... 31 Figura 8. Comparação das médias do número de frondes de L. minor no momento inicial do teste até o 7º dia de avaliação................................................. 32 Figura 9. Média do crescimento final de frondes ao longo das concentrações nos testes de toxicidade crônica de DFB e temefós para a macrófita L. minor ............................................................................................................... 34 Figura 10. Taxa de crescimento relativa de frondes ao longo das concentrações nos testes de toxicidade aguda na ausência e presença de sedimento para a macrófita L. minor ....................................................................... 35 Figura 11. Taxa de crescimento relativa dos testes de toxicidade crônica de L. minor na presença e ausência de sedimento para DFB e temefós. ....... 36 Figura 12. Variação dos parâmetros da qualidade de água ao longo das concentrações de DFB entre os dias de avaliação dos testes de toxicidade aguda sem sedimento para L. minor ..................................... 38 Figura 13. Variação dos parâmetros da qualidade de água ao longo das concentrações de DFB entre os dias de avaliação dos testes de toxicidade aguda com sedimento para L. minor ..................................... 39 Figura 14. Variação dos parâmetros da qualidade de água ao longo das concentrações de DFB entre os dias de avaliação dos testes de toxicidade crônica sem sedimento para L. minor ................................... 40 x Caunesp Figura 15. Variação dos parâmetros da qualidade de água ao longo das concentrações de DFB entre os dias de avaliação dos testes de toxicidade crônica com sedimento para L. minor ................................... 41 Figura 16. Variação dos parâmetros da qualidade de água ao longo das concentrações de temefós entre os dias de avaliação dos testes de toxicidade aguda sem sedimento para L. minor ..................................... 43 Figura 17. Variação dos parâmetros da qualidade de água ao longo das concentrações de temefós entre os dias de avaliação dos testes de toxicidade aguda com sedimento para L. minor ..................................... 44 Figura 18. Variação dos parâmetros da qualidade de água ao longo das concentrações de temefós entre os dias de avaliação dos testes de toxicidade crônica sem sedimento para L. minor ................................... 45 Figura 19. Variação dos parâmetros da qualidade de água ao longo das concentrações de temefós entre os dias de avaliação dos testes de toxicidade crônica com sedimento para L. minor ................................... 46 Figura 20. Exemplares dos peixes O. niloticus e H. eques. .................................. 53 Figura 21. Aspectos dos testes de toxicidade aguda na ausência e presença de sedimento para H. eques. ...................................................................... 55 Figura 22. Aspectos do teste de toxicidade crônica para H. eques. ...................... 56 Figura 23. Aspectos da natação errática de H. eques e O. niloticus na concentração de 22 e 30 mg.L-1 de temefós, respectivamente, no teste de toxicidade aguda. .............................................................................. 60 Figura 24. Comparação das médias de mortalidade de mato grosso com 48 horas de teste agudo ........................................................................................ 62 Figura 25. Comparação das médias de mortalidade de tilápia com 48 horas de teste agudo............................................................................................. 62 Figura 26. Diminuição total dos pesos dos peixes ao final de 7 dias de teste crônico com DFB ao longo das concentrações (diferença entre a somatória dos pesos iniciais e finais para cada concentração). ............. 64 Figura 27. Mortalidade total de peixes ao final de 7 dias de teste crônico ao longo das concentrações de temefós. .............................................................. 65 Figura 28. Variação dos parâmetros da qualidade de água ao longo das concentrações de DFB entre os dias de avaliação dos testes de toxicidade aguda para H. eques ............................................................. 68 xi Caunesp Figura 29. Variação dos parâmetros da qualidade de água ao longo das concentrações de DFB, na presença de sedimento, entre os dias de avaliação dos testes de toxicidade aguda para H. eques ...................... 69 Figura 30. Variação dos parâmetros da qualidade de água ao longo das concentrações de temefós entre os dias de avaliação nos testes de toxicidade aguda para H. eques ............................................................. 70 Figura 31. Variação dos parâmetros da qualidade de água ao longo das concentrações de temefós, na presença de sedimento, entre os dias de avaliação dos testes de toxicidade aguda para H. eques. ..................... 71 Figura 32. Variação dos parâmetros da qualidade de água ao longo das concentrações de DFB, na ausência de sedimento, entre os dias de avaliação dos testes de toxicidade crônica para H. eques. .................... 72 Figura 33. Variação dos parâmetros da qualidade de água ao longo das concentrações de DFB, na presença de sedimento, entre os dias de avaliação dos testes de toxicidade crônica para H. eques ..................... 73 Figura 34. Variação dos parâmetros da qualidade de água ao longo das concentrações de temefós, na ausência de sedimento, entre os dias de avaliação dos testes de toxicidade crônica para H. eques ..................... 74 Figura 35. Variação dos parâmetros da qualidade de água ao longo das concentrações de temefós, na presença de sedimento, entre os dias de avaliação dos testes de toxicidade crônica para H. eques ..................... 75 Figura 36. Exemplar no microcrustáceo Daphnia magna. .................................... 82 Figura 37. Aspectos da criação de D. magna em BODs climatizadas. ................. 82 Figura 38. Aspectos do controle do teste preliminar de DFB para D. magna. ...... 83 Figura 39. Aspectos do teste agudo de DFB na ausência e na presença de sedimento para D. magna. ..................................................................... 84 Figura 40. Comparação das médias de mortalidade de D. magna com 48 horas de teste. ...................................................................................................... 88 Figura 41. Mortalidade de D. Magna ao final de 7 dias de testes crônicos com DFB e temefós. ...................................................................................... 91 Figura 42. Cromatogramas dos padrões de 4 ppm de DFB e 8 ppm de temefós ............................................................................................................. 102 Figura 43. Curvas analíticas obtidas para DFB e temefós. ................................. 103 xii Caunesp Figura 44. Diminuição das concentrações de DFB na água ao longo do tempo em teste agudo na ausência e presença de sedimento. ............................ 106 Figura 45. Diminuição das concentrações de DFB na água ao longo do tempo em teste crônico na ausência e presença de sedimento. ........................... 107 Figura 46. Diminuição das concentrações de temefós na água ao longo do tempo em teste agudo na ausência e presença de sedimento ....................... 107 Figura 47. Diminuição das concentrações de temefós na água ao longo do tempo em teste crônico na ausência e presença de sedimento ...................... 108 Figura 48. Fotomicropia de cortes transversais de brânquias de tilápia-do-Nilo ao final do teste de toxicidade aguda com DFB e temefós. ...................... 118 Figura 49. Fotomicropia de cortes transversais de fígados de tilápia-do-Nilo ao final do teste de toxicidade aguda com DFB e temefós ....................... 120 xiii Caunesp ÍNDICE DE TABELAS Tabela 1. Análise física e química do sedimento argiloso. .................................... 27 Tabela 2. Classes dos valores de CI50 de acordo com Zucker (1985). ................ 27 Tabela 3. Classes dos valores de RQ de acordo com Goktepe et al. (2004). ....... 28 Tabela 4. Concentrações de inibição média, limites inferiores e limites superiores de NaCl (g.L-1) e dos larvicidas (mg.L-1) nos testes de toxicidade aguda para L. minor e classificação dos larvicidas DFB e temefós de acordo com as classes de Zucker (1985)......................................................... 29 Tabela 5. Classificação dos larvicidas quanto ao risco de intoxicação ambiental para L. minor, de acordo com os testes agudos realizados com e sem sedimento. ............................................................................................ 33 Tabela 6. Análise física e química do sedimento argiloso. .................................... 57 Tabela 7. Classes dos valores de CL50 de acordo com Zucker (1985). ............... 58 Tabela 8. Classes dos valores de RQ de acordo com Goktepe et al. (2004). ....... 59 Tabela 9. Concentrações letais médias, limites inferiores e superiores de KCl (g.L-1) e dos larvicidas (mg.L-1) dos testes de toxicidade aguda para mato grosso e classificação dos larvicidas de acordo com as classes de Zucker (1985). ...................................................................................... 60 Tabela 10. Concentrações letais médias, limites inferiores e superiores de KCl (g.L-1) e dos larvicidas (mg.L-1) dos testes de toxicidade aguda para tilápia-do-Nilo e classificação dos larvicidas de acordo com as classes de Zucker (1985). ............................................................................... 61 Tabela 11. Classificação dos larvicidas quanto ao risco de intoxicação ambiental para mato grosso, de acordo com os testes agudos. ......................... 63 Tabela 12. Classificação dos larvicidas quanto ao risco de intoxicação ambiental para tilápia, de acordo com os testes agudos. ................................... 63 Tabela 13. Valores de CENO, CEO e VC (mg.L-1) de testes com mato grosso. ... 66 Tabela 14. Valores de CENO, CEO e VC (mg.L-1) de testes com tilápia-do-Nilo. . 66 Tabela 15. Análise física e química do sedimento argiloso. .................................. 85 Tabela 16. Classes dos valores de CE50 de acordo com Zucker (1985). ............ 86 xiv Caunesp Tabela 17. Classes dos valores de RQ de acordo com Goktepe et al. (2004). ..... 87 Tabela 18. Concentrações efetivas médias de NaCl (g.L-1) e dos larvicidas (µg.L-1) em testes de toxicidade aguda para D. magna e classificação de Zucker (1985). ...................................................................................... 88 Tabela 19. Classificação dos larvicidas quanto ao risco de intoxicação ambiental para D. magna, de acordo com os testes agudos. ............................... 89 Tabela 20. Análise física e química do sedimento argiloso. ................................ 100 Tabela 21. Método utilizado para determinação dos resíduos de DFB e temefós nas águas dos testes. ........................................................................ 101 Tabela 22. Validação do método analítico de DFB em água. ............................. 103 Tabela 23. Validação do método analítico para temefós em água...................... 104 Tabela 24. Classes dos valores de GUS de acordo com Gustafson (1989). ...... 104 Tabela 25. Propriedades físico-químicas do DFB e temefós (Fontes: USEPA, 1998; WAUCHOPE et al. 1992; WHO, 2004)................................... 105 Tabela 26. Percentualidade da diminuição da concentração inicial de DFB medidas ao final dos testes agudos na ausência e presença de sedimento......................................................................................... 109 Tabela 27. Percentualidade da diminuição da concentração inicial de DFB medidas ao final dos testes crônicos na ausência e presença de sedimento......................................................................................... 109 Tabela 28. Percentualidade da diminuição da concentração inicial de temefós medidas ao final dos testes agudos na ausência e presença de sedimento......................................................................................... 110 Tabela 29. Percentualidade da diminuição da concentração inicial de temefós medidas ao final dos testes crônicos na ausência e presença de sedimento......................................................................................... 110 1 Caunesp “E a coisa mais divina Que há no mundo É viver cada segundo Como nunca mais...” Vinícius de Moraes 2 Caunesp DDedico À minha família e meus amigos, que me acompanharam nesta jornada e me apoiaram para a realização de um sonho. 3 Caunesp AGRADECIMENTOS À Deus, por ter me guiado neste caminho, e por me fortalecer nos momentos difíceis, para que eu pudesse desenvolver e finalizar este trabalho. Ao meu orientador, Prof. Dr. Joaquim Gonçalves Machado Neto, pela oportunidade e confiança que colocou em mim, pelas orientações e ensinamentos que ficarão para toda a vida. Ao meu co-orientador, Prof. Dr. Claudinei da Cruz, por acreditar no meu trabalho, e aceitar o desafio de me auxiliar e me co-orientar. A todos os colegas do Núcleo de Estudos e Pesquisas Ambientais em Matologia- NEPEAM, pela colaboração e pelo espaço físico cedido. Ao Programa de Pós-Graduação em Aquicultura do Centro de Aquicultura da UNESP, aos coordenadores Profa. Dra. Laura Satiko Okada Nakaghi e Sérgio Ricardo Batlouni, aos secretários Veralice Cappatto e David Oliveira Lorente, por estarem sempre dispostos a ajudar. Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico / CNPq, pela concessão de bolsa de estudos de mestrado. À Profa. Dra. Teresa Cristina Ribeiro Dias Koberstein do setor de Tilapicultura do CAUNESP, pelas tilápias cedidas para a realização do experimento, e ao funcionário Marcio Alves dos Santos agradeço a ajuda para capturá-las e a paciência de me escutar. 4 Caunesp Aos funcionários Gilson e Jurandir (Bizu) do Departamento de Fitossanidade, pela ajuda na coleta do sedimento, agradeço o bom humor e a disposição em sempre querer ajudar. Às minhas amigas de laboratório Márcia Macri, Carla de Barro Sant’Anna, Manuela Teodoro de Oliveira, Melina Espanhol Soares, Juliana Trevisoli Donadon e Larissa Garcia Veiga Rodrigues, pelo companheirismo, risadas e todo o auxílio recebido, e em especial à Ana Carla Coleone e Angela Aparecida Machado, por aceitar que eu dividisse os meus momentos felizes e tristes, e receber palavras de conforto. Aos meus melhores amigos de faculdade Flavia Barbosa Soares (Barrosa), Jhoanne Hansen (Kuika), Fernanda Travaini de Lima (Foka), Cecília Anatriello Boareto (Ciça) e Lucas Detogni Simi (Piri), que foram essenciais para a minha vida, por todas as risadas, jantares, festas, trabalhos, pela amizade e carinho que guardo comigo para sempre. Agradeço em especial à minha “gema” Fernanda, pelas noites desperdiçadas ao meu lado, me auxiliando em dias de coleta. Às minhas amigas-irmãs Gisele Donadeli, Paula Sbrissa e Mariana Cardoso, que aturaram a minha ausência durante esta jornada, e mesmo assim me apoiaram e me desejaram sempre o melhor. À minha família, que me apoiou e acreditou no meu sonho, e me ajudou a torná-lo real. A todos que direta ou indiretamente contribuíram com este trabalho. Muito Obrigada! 5 Caunesp APOIO FINANCEIRO CNPq, Bolsa de Mestrado, Processo nº 556469/2010-0. 6 Caunesp RESUMO O uso dos larvicidass temefós e diflubenzuron (DFB) na agricultura, aquicultura e combate a vetores de doenças pode acarretar desequilíbrios ambientais, e a ocorrência destes efeitos são analisados por estudos ecotoxicológicos e avaliações de risco ambiental. Objetivou-se: i) classificar os larvicidas DFB e temefós pela toxicidade aguda e crônica para os peixes tilápia-do-Nilo (Oreochromis niloticus) e mato grosso (Hyphessobrycon eques), para a macrófita Lemna minor e para microcrustáceo Daphnia magna; ii) avaliar o efeito do sedimento na biodisponibilidade dos larvicidas; iii) classificar os larvicidas quanto ao risco ambiental em ecossistema aquático; iv) avaliar a concentração de resíduos dos larvicidas nas águas dos testes agudos e crônicos de tilápia-do-Nilo, na presença e ausência de sedimento; v) avaliar o potencial de lixiviação e de escoamento superficial de ambos os larvicidas e vi) verificar os efeitos tóxicos dos larvicidas no fígado e brânquia de tilápias-do-Nilo expostas aos testes de toxicidade aguda. O DFB classifica-se como praticamente não-tóxico para L. minor, ligeiramente tóxico para H. eques e O. niloticus, e extremamente tóxico para D. magna. O temefós é ligeiramente tóxico para L. minor, moderadamente tóxico para H. eques e O. niloticus e extremamente tóxico para D. magna. A exposição dos peixes à baixas concentrações de DFB por longos períodos causa redução no crescimento dos peixes, e o temefós causa mortalidade. O temefós causa redução na taxa de crescimento relativa de L. minor expostas à doses sub- letais. Ambos os larvicidas causam mortalidade para D. magna em testes crônicos. A presença de sedimento reduz a biodisponibilidade dos larvicidas nas águas de testes com L. minor. O DFB classifica-se como de baixo risco de intoxicação ambiental e o temefós como de médio risco para L. minor e para os peixes. Para D. magna os larvicidas são de alto risco ambiental. Ambos os larvicidas possuem médio potencial de transporte superficial, e não sofrem lixiviação, e as concentrações diminuem ao longo dos testes de toxicidade aguda e crônica, na ausência e presença de sedimento. DFB e temefós causam lesões histológicas em brânquias e fígados de tilápias-do-Nilo expostas aos larvicidas. PALAVRAS-CHAVE Ecotoxicologia, larvicidas, organismos não alvos. 7 Caunesp ABSTRACT The use of the pesticide temephos and diflubenzuron (DFB) in agriculture, aquaculture and in the disease vectors control may cause environmental disequilibrium, and these effects are analysed for ecotoxicological studies and environmental risk assessments. This study aimed to: i) classify the pesticides DFB and temephos by the acute and chronic toxicity to the fishes tilapia (Oreochromis niloticus) and mato grosso (Hyphessobrycon eques), the macrophyte Lemna minor and the microcrustaceans Daphnia magna; ii) evaluate the effect of sediment on the pesticides bioavailability; iii) classify the pesticides by the environmental risk in the aquatic ecosystem; iv) evaluate the pesticides residues concentrations in the water during acute and chronic toxicity tests for tilapia; v) evaluate the potential for leaching and runoff of both pesticides; vi) verify the toxic effects of the pesticides in the liver and gill of tilapia exposed to the acute toxicity tests. The DFB is classified as practically nontoxic to L. minor, slightly toxic to H. eques and O. niloticus, and extremely toxic to D. magna. Temephos is slightly toxic to L. minor, moderately toxic to H. eques and O. niloticus, and extremely toxic to D. magna. The longer exposure of fishes at low concentrations of DFB decreases the growth of organisms, and temephos causes mortality. The temephos decreases the relative growth rate of L. minor exposed to sublethal doses. Both pesticides cause mortality to D. magna in chronic tests. The presence of sediment decreases the bioavailability of the pesticides in water of L. minor tests. DFB is classified as low environmental risk and temephos as medium risk to L. minor and fishes. To fishes, DFB is low risk, and temephos is medium risk. To D. magna, the larvicidas were high risk. Both larvicidas have medium potential for runoff and do not leach, and the concentrations decrease over the acute and chronic tests, with and without sediment. Temephos and DFB cause histological lesions in gills and livers of tilapias exposed to the larvicidas. KEY-WORDS Ecotoxicology, larvicides, non-target organisms. 8 Caunesp I. INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA Atualmente alguns inseticidas são empregados na agricultura, aquicultura e programas de saúde pública, dentro os quais se destacam os reguladores de crescimento de insetos ou IGR (insect growth regulator). O composto 1 – (4 – clorofenil) – 3 – (2,6 – difluorobenzoil) uréia, diflubenzuron (DFB), é um IGR derivado de benzoilfeniluréia, que atua como ovicida e larvicida (SILVIA e MENDES, 2002), empregado na agricultura para controlar pragas em culturas de milho, tomate, algodão, trigo e citros (USEPA, 1997) e na piscicultura, para o controle de ectoparasitoses de peixes (FUJIMOTO et al. 1999). O DFB também é eficiente no controle de larvas de Aedes aegypti (MARTINS e SILVA, 2004; SILVIA e MENDES, 2007; CHEN et al. 2008; SECCACINI et al. 2008). Em programas de saúde pública, o DFB é aplicado em recipientes criadouros de larvas de mosquito da dengue nos ambientes urbanos. Da mesma forma que no uso agrícola e em aqüicultura, o uso urbano do DFB contém um determinado risco de intoxicação aguda dos organismos não alvos que possam ser atingidos. Com a dinâmica ambiental, é passível que o DFB aplicado em saúde pública atinja a rede hidrográfica local e intoxique os organismos aquáticos. 9 Caunesp Os estudos dos efeitos do DFB sobre os organismos aquáticos e a interação com o meio ainda são escassos. Assim, a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (USEPA, 1997) recomenda o uso restrito do DFB devido à falta de informações sobre os efeitos adversos em invertebrados aquáticos. Outro inseticida importante para o controle de pragas em programas de saúde pública é o temefós (0,0, 0’,0’-tetrametil–0, 0’– tio di – (p-fenileno) bis tiofosfato), um larvicida recomendado pelo Ministério da Saúde para o controle de larvas do mosquito da dengue. É um inseticida do grupo dos organofosforados usado para controle de mosquitos (LEE e SCOTT, 1989). A ecotoxicidade do temefós para peixes e invertebrados não alvos também é pouco estudada. O constante uso destes inseticidas eleva a possibilidade de desequilíbrios ambientais quando atingem os corpos hídricos por meio de escoamento superficial e/ou lixiviação. O contato de organismos aquáticos não alvos com os larvicidas pode desencadear intoxicações agudas e crônicas, e provocar desequilíbrios ambientais. Diante da possibilidade da ocorrência de desequilíbrios ambientais decorrente do uso dos larvicidas DFB e do temefós em saúde pública, há a necessidade de estudos de avaliação da ecotoxicidade e de risco ambiental. Tais estudos são fundamentais para estabelecimento de necessidade e seleção de medidas mitigadoras, para controlar e/ou minimizar os efeitos adversos sobre os ecossistemas. Assim, justificam-se estes estudos ecotoxicológicos e de avaliação de risco de intoxicação ambiental decorrente dos usos de DFB nas áreas de agricultura, aquicultura e saúde pública e do temefós em saúde pública. 10 Caunesp II. REVISÃO DE LITERATURA 1. Aspectos ecotoxicológicos dos larvicidas O uso dos inseticidas na agricultura, aquicultura e combate a vetores de doenças aumenta a cada ano. Em 2006, o Brasil foi classificado como o segundo maior consumidor de inseticidas do mundo (ANVISA, 2006). No Brasil, a aquicultura se expandiu nos últimos anos, sendo alvo de muitos estudos sobre práticas de manejo. Vários prejuízos econômicos a esta atividade foram relatados devido às práticas de manejo inadequadas, alta densidade populacional, o não-controle da qualidade da água, o que deixa os animais vulneráveis às enfermidades (MABILIA e SOUZA, 2006). Apesar de existirem tratamentos para combater possíveis enfermidades com o uso de inseticidas, no Brasil ainda não existe uma legislação que fiscalize o uso destes químicos na aquicultura (CAMPOS, 2005). Devido a não recomendação dos inseticidas para o setor aquícola, o uso na piscicultura de produtos não registrados para este fim leva a aplicações de doses exageradas no combate às 11 Caunesp doenças. Poucos são os estudos realizados para avaliar a toxicidade dos inseticidas para os animais alvos e não alvos. Outra finalidade em que os inseticidas são empregados é no combate a vetores de doenças. Uma destas doenças que se destaca em âmbito mundial é a dengue (WHO, 2002). Esta doença é transmitida por mosquitos do gênero Aedes, sendo o Aedes aegypti seu principal vetor. Em locais de alta incidência e transmissão da dengue, o controle desta doença é realizado por meio do controle químico, com aplicações de inseticidas larvicidas e adulticidas. O uso frequente e inadequado de determinado inseticida, tanto na agricultura, aquicultura, ou combate a vetores de doenças, pode acarretar resistência dos organismos a tais substâncias químicas (PAIVA, 2006). A resistência aos inseticidas compromete diretamente a eficácia do controle químico. No Brasil, o controle químico do vetor Aedes aegypti é realizado com o larvicida temefós desde 1967 (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1968). A resistência do vetor ao larvicida foi relatada nos Estados de Goiás (MARCORIS et al. 1995), Rio de Janeiro, Alagoas, Sergipe (BRAGA et al. 2004), Ceará (LIMA et al. 2006), Manaus (PINHEIRO e TADEI, 2002), Distrito Federal (CARVALHO et al. 2004) e na cidade de Santos (MARCORIS et al. 2003). Para solucionar o problema da resistência das populações de mosquito da dengue ao larvicida temefós, foi realizada a substituição deste larvicida pelo DFB nos seguintes Estados: Pará, Sergipe, Ceará, Alagoas, Rio Grande do Norte, Goiás, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro e Minas Gerais (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2010), entretanto faltam estudos sobre a ação do temefós e do DFB para organismos aquáticos não alvos, pois nas aplicações estes larvicidas podem atingir as redes hidrográficas locais e expressar os riscos de intoxicação ambiental. 12 Caunesp 2. Diflubenzuron (DFB) O DFB, 1 – (4 – clorofenil) – 3 – (2,6 – difluorobenzoil) uréia, é um composto regulador do crescimento de insetos (IGR) por meio da inibição da síntese de quitina (MARTINS e SILVA, 2004). A ecotoxicidade do DFB é pouco estudada, entretanto, em testes de toxicidade aguda sob condições laboratoriais, ele classifica-se como extremamente tóxico para o microcrustáceo Daphnia magna, que depende da síntese de quitina para crescer. Por outro lado, o DFB classifica-se como praticamente não tóxico para o peixe Poecilia reticulata e para a macrófita Lemna minor (SOUZA, 2008). Para peixes da espécie pacu (Piaractus mesopotamicus), em testes de 96 horas de exposição, o DFB classifica-se com praticamente não tóxico, pois a CL50 foi maior que 2000 mg.L-1 (WINKALER, 2008). A concentração de 100 mg.L-1 de DFB, em 96 horas de exposição em curimbatá (Prochilodus lineatus), causa diminuição do número e aumento do volume de eritrócitos, redução na quantidade de hemoglobina, hiperglicemia e lesões histológicas hepáticas (MADUENHO e MARTINEZ, 2008). Por outro lado, o DFB não afeta o sêmen, volume, aspecto, duração da motilidade e concentração espermática no sêmen de jundiá (Rhamdia quelen) (MABILIA e SOUZA, 2006). Quanto ao uso em saúde pública, o DFB é eficiente contra as larvas do Aedes aegypti (SECCACINI et al. 2008), devido à atividade inibidora da ecdise de larvas (MARTINS e SILVA, 2004). O DFB foi eficiente no controle de larvas do mosquito da dengue de populações oriundas da cidade de Uberlândia - MG (SILVA, 2006; SILVA e MENDES, 2007), e também em estudos realizados na Malásia (CHEN et al. 2008). Entretanto, mais estudos são necessários para saber quais os riscos que causam aos organismos aquáticos. Devido a esta falta de informações, a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (USEPA, 1997) recomenda o uso restrito do DFB na aquicultura. 13 Caunesp 3. Temefós O temefós (0,0, 0’,0’ – tetrametil – 0, 0’ – tio di – (p – fenileno) bis tiofosfato) é um composto organofosforado largamente usado para controle de mosquitos (LEE e SCOTT, 1989). O mecanismo de ação tóxica é a inibição da enzima acetilcolinesterase (AChE), que cataliza a hidrólise do neurotransmissor acetilcolina (ACh). Com a inibição da AChE, ocorre acúmulo de ACh nas terminações nervosas, provocando sinapses aleatórias, espasmos musculares e paralisia do inseto (MADDRELL, 1980). Os estudos de avaliação da toxicidade do temefós para peixes e invertebrados não alvos são escassos. Porém, sabe-se que o temefós causa efeitos adversos e afeta o comportamento e sobrevivência do camarão Uca pugnax em condições de campo e de laboratório (WARD e BUSCH, 1976; WARD et al. 1976). A CL50 do temefós no período de 96 horas para girinos da rã Rana clamitans foi calculada em 4,24 μL.L-1, sendo classificado como extremamente tóxico (SPARLING et al. 1997). Foi verificada a eliminação de quase todos os zooplânctons após a aplicação de temefós em lago eutrófico raso do Japão, sem recuperação dos cladóceros ao final do experimento (47 dias) e recuperação dos copépodos após 40 dias (HANAZATO et al. 1989). Em Minnesota (USA), o temefós causou redução na população de cladóceros de um lago natural 24 horas após a aplicação, e a reprodução destes organismos se reduziu quando comparado com o ano anterior. Os daphnídeos sofreram diminuição na densidade populacional, porém, a Daphnia pulex reapareceu após 35 dias (HELGEN et al. 1988). Este inseticida também é tóxico para algas da espécie Scenedesmus obliquus, que sofreram inibição do crescimento das células (LUIZ et al. 2008). Em águas de culturas de arroz tratadas com temefós, na concentração de 250 ml.ha-1, nos meses de julho a agosto, foram detectadas concentrações de 0,49 e 0,07 μg.L-1, uma e cinco horas após a aplicação, respectivamente, em Tarragona, Espanha. Entretanto, onze horas após a aplicação não foi detectada a presença do larvicida na água. A oxidação fotolítica foi a principal via de 14 Caunesp degradação, devido a sua absorção ser acima de 295 nm e sua dupla estrutura aromática (LACORTE et al. 1996). 4. Testes de toxicidade para organismos aquáticos A ecotoxicologia aquática estuda os efeitos tóxicos de substâncias químicas sobre organismos aquáticos e sua interação com o meio. Os dados ecotoxicológicos são base para se estabelecer quantidades limites seguras dos contaminantes químicos no ambiente e para a avaliação de risco ambiental. Testes ecotoxicológicos iniciam-se com a toxicidade aguda, estabelecida com a determinação da concentração efetiva média (CE50) - concentração que provoca imobilidade/mortalidade em metade dos organismos-testes. Nestes testes avalia- se uma resposta rápida e severa dos organismos aquáticos ao estímulo que se manifesta, geralmente em períodos entre 24 a 96 horas (RAND e PETROCELLI, 1985). Nos estudos de toxicidade crônica avalia-se a ação das substâncias químicas por meio da resposta a um estímulo por longo período, geralmente de 1/10 do ciclo vital até a totalidade da vida do organismo. Esses efeitos são sub- letais, onde as concentrações do agente tóxico permitem a sobrevivência do organismo, porém afetam suas funções biológicas, como a reprodução, desenvolvimento de ovos, crescimento, maturação e comportamento em geral (RAND e PETROCELI, 1985). Os organismos-testes para o presente trabalho foram escolhidos de acordo com a relevância na cadeia trófica e representação dos organismos aquáticos. Os daphnídeos estão entre os organismos-testes mais utilizados nos testes ecotoxicológicos, e representam os invertebrados aquáticos. Eles são de grande importância na composição do zooplâncton, como consumidores primários. A macrófita aquática Lemna minor é uma angiosperma e representa os vegetais aquáticos superiores. Peixes das espécies Oreochromis niloticus (tilápia-do-Nilo), utilizada em piscicultura, e Hyphessobrycon eques (mato grosso) podem ser utilizados em estudos ecotoxicológicos como representantes dos vertebrados aquáticos (CRUZ et al. 2008). 15 Caunesp 5. Sedimento O inseticida no ambiente sofre processos de adsorção através da interação entre o ingrediente ativo e partículas do solo (SILVA e FAY, 2004). O sedimento funciona como depósito para contaminantes da água, fixa e remove compostos químicos, entre os quais são encontrados elementos nocivos à natureza (CIHACEK et al. 1996). A disponibilidade e adsorção do inseticida na água depende de fatores como a solubilidade do produto em água, a quantidade e o tamanho de partículas em suspensão no meio aquático, o nicho ecológico local, temperatura, pH, dureza, alcalinidade, fluxo, profundidade e sedimento (MURILO, 2000). Para o glifosato, o valor da CE50 para Daphnia pulex foi maior na presença de sedimento devido à imobilização do herbicida no sedimento, e deixou disponível apenas 59,5% da concentração do herbicida adicionado na água (JONSSON e MAIA, 1999). Os valores da CE50 do piramicarb para Daphnia magna foi de 16 µg.L-1 e 24 µg.L-1 na ausência e presença de sedimento, respectivamente, tornando-o menos disponível para os organismos-testes (KUSK, 1996). Em estudos com o herbicida clamazone foram determinados valores de CE50 equivalentes a 1,51 mg.L-1 e 11,28 mg.L-1 em sistemas sem e com sedimento, respectivamente, onde o sedimento imobilizou 86,6% do herbicida (JONSSON e MAIA, 1999). A presença de sedimento diminuiu a biodisponibilidade de triclorfon e sulfato de cobre para D. magna, D. similis e D. laevis (ARAUCO et al. 2005). 6. Avaliação de risco ambiental A exposição da biota a estressores ambientais resulta em efeitos ecológicos adversos, como mudanças na estrutura e características funcionais de uma população. A probabilidade de ocorrência destes efeitos é analisada por meio da avaliação de risco ambiental, sendo a base para a determinação dos efeitos adversos dos compostos químicos tóxicos para os ecossistemas, que 16 Caunesp podem alterar a estrutura e a dinâmica dos sistemas biológicos (ZAGATTO e BERTOLETTI, 2006). No Brasil, para introduzir um novo produto químico no mercado agrícola, avalia-se o risco ambiental que o inseticida pode oferecer ao ambiente (IBAMA, 1996). Entretanto, para uso aquícola ainda não foi estabelecida e aprovada uma legislação específica para o registro dos produtos tóxicos eficazes no controle químico, não são obrigatórios os estudos de avaliação do risco ambiental e, muitas vezes, os inseticidas são utilizados em concentrações muito elevadas e intoxicam organismos não alvos no ambiente. O uso inadequado dos produtos tóxicos, geralmente excessivo, em agricultura, aquicultura, ou no combate a vetores de doenças acentua a contaminação ambiental e a ocorrência de resistência dos organismos alvos (PAIVA, 2006). O risco ambiental é calculado por meio do quociente de risco (Q) (GOKTEPE et al. 2004). O calculo do Q é feito por meio da divisão do valor da concentração ambiental estimada (CAE) de cada inseticida pelo valor de CE50 calculado nos testes de toxicidade aguda. As concentrações limites também são obtidas, indicando a partir de qual concentração da substância foi observado um efeito estatisticamente significativo. Elas são descritas como CEO (concentração de efeito observado, sendo a menor concentração real da amostra que causa efeito deletério estatisticamente significativo) e CENO (concentração de efeito não observado, sendo a maior concentração real da amostra que não causa efeito deletério estatisticamente significativo). A partir da média geométrica do CEO e CENO calcula-se o valor crônico (VC). 7. Análise de resíduo O uso de inseticidas leva à exposição de organismos aquáticos que habitam águas contaminadas. Nos últimos anos, aumentou o interesse sobre os efeitos que as substâncias tóxicas provocam em peixes. Estas atividades geram resíduos que podem atingir bacias hidrográficas, expondo animais aquáticos a 17 Caunesp altas concentrações de substâncias tóxicas (PARMA de CROUX et al. 2002). A técnica de cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE) é utilizada para a análise de resíduo de sustâncias tóxicas em amostras dos componentes do ambiente aquático. Resíduos de DFB foram detectáveis sete dias após a aplicação na água. Um dia após a aplicação ocorreu dissipação de aproximadamente 52%, em relação ao total das aplicações na água (0,4 mg.L-1). A partir do terceiro dia ocorreu aumento na dissipação do inseticida na água, com redução de 85% da concentração total aplicada. A concentração do DFB na água permaneceu estável do terceiro ao sétimo dia e os resíduos não foram detectados ao décimo dia (WINKALER, 2008). Alguns fatores influenciam a quantidade de inseticida que atinge o meio aquático, como a lixiviação e o escoamento superficial (SILVA e FAY, 2004). Processos de adsorção e dessorção também influenciam a persistência dos inseticidas nos recursos hídricos, assim como a volatilização, a biodegradação, a fotólise e a hidrólise (DOUCETTE, 2003). A bioacumulação e a toxicidade de inseticidas em organismos aquáticos também são influenciadas pelos processos de adsorção e dessorção (JONES e HUANG, 2003). O controle de resíduos dos inseticidas no meio aquático é fundamental para o estabelecimento de medidas mitigadoras que controlem e/ou minimizem intoxicações à flora e fauna viventes no local. 8. Lesões histológicas em peixes Alguns indicadores são frequentemente utilizados na avaliação dos efeitos causados por substâncias tóxicas nos organismos, como os danos relativos a alterações histológicas e morfológicas nos ossos, rins, fígado etc. As brânquias de peixes, por exemplo, são compostas por tecidos altamente sensíveis, que apontam a presença dos compostos irritantes a elas. De acordo com Wester e Roghair (1994), o estudo histopatológico consegue indicar os efeitos adversos de compostos químicos em diversos órgãos de pequenos peixes utilizados 18 Caunesp experimentalmente em laboratório. Tais estudos podem ser usados como uma ferramenta útil na avaliação de riscos dos inseticidas nos ambientes aquáticos. 19 Caunesp III. OBJETIVOS Os objetivos deste trabalho foram: 1) Determinar a toxicidade aguda dos inseticidas diflubenzuron e temefós para os peixes tilápia-do-Nilo (Oreochromis niloticus) e mato grosso (Hyphessobrycon eques), para a macrófita Lemna minor, e para o microcrustáceo Daphnia magna, na presença e ausência de sedimento. 2) Determinar a toxicidade crônica dos inseticidas diflubenzuron e temefós para os peixes tilápia-do-Nilo (Oreochromis niloticus) e mato grosso (Hyphessobrycon eques) e para a macrófita Lemna minor, na presença e ausência de sedimento, e para Daphnia magna na ausência de sedimento. 3) Classificar o diflubenzuron e o temefós pelo risco ambiental agudo e avaliar o risco crônico para os organismos-testes. 4) Avaliar a concentração de resíduos de diflubenzuron e temefós nas águas do teste de toxicidade aguda e crônica com tilápia-do-Nilo (Oreochromis niloticus), e o potencial de lixiviação e escoamento superficial de ambos os larvicidas. 5) Verificar os efeitos tóxicos dos inseticidas no fígado e brânquias de tilápia- do-Nilo (Oreochromis niloticus) dos testes de toxicidade aguda. 20 Caunesp IV. CAPÍTULO I Avaliação ecotoxicológica dos larvicidas diflubenzuron e temefós para a macrófita Lemna minor INTRODUÇÃO O intenso desenvolvimento da agricultura, aquicultura e o combate a vetores de doenças eleva o uso de inseticidas e, consequentemente, aumenta os impactos ambientais. Com a dinâmica ambiental, estas substâncias aplicadas em diversas práticas atingem a rede hidrográfica e intoxicam organismos aquáticos. A contaminação do ambiente aquático por inseticidas ocorre por meio de escoamento superficial, lixiviação ou decomposição química. Práticas inadequadas de manejo agravam ainda mais esta situação, a qual deixa os organismos aquáticos mais vulneráveis às enfermidades. O diflubenzuron (DFB) é um larvicida amplamente aplicado na agricultura em culturas de milho, tomate, algodão, trigo e citros (USEPA, 1997) e na 21 Caunesp piscicultura para o controle de ectoparasitoses de peixes (FUJIMOTO et al. 1999). Atualmente ele também é empregado no combate ao vetor da dengue, devido à sua atividade inibidora de síntese de quitina em larvas de Aedes aegypti. Outro inseticida largamente empregado em saúde pública para o controle de A. aegypti é o larvicida organofosforado temefós. No Brasil, ele é usado desde 1967 (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1968), e há diversos relatos de casos de desenvolvimento de resistência de inseto a este produto devido o seu uso por longos períodos. Estudos de DFB e temefós sobre organismos aquáticos não alvos ainda são escassos, e a falta de informações da toxicidade destes larvicidas sobre o ecossistema aquático pode afetar a sobrevivência e o hábitat dos organismos no ambiente. A avaliação da possibilidade da ocorrência de desequilíbrios ambientais devido ao uso dos larvicidas DFB e do temefós em saúde pública, agricultura e aquicultura, e também a possibilidade de contaminação de ecossistemas aquáticos, demanda a necessidade de estudos de avaliação da ecotoxicidade e de risco ambiental para organismos não alvos. Alguns organismos são utilizados como bioindicadores de contaminação aquática, por meio de testes realizados em laboratório. A macrófita Lemna minor é um bioindicador representante das angiospermas aquáticas, com alta sensibilidade a alterações na água. Estudos com estes organismos fundamentam o estabelecimento de medidas mitigadoras que controle e/ou minimize os efeitos adversos sobre os ecossistemas. Assim, o objetivo do presente trabalho foi determinar a toxicidade aguda e crônica dos inseticidas DFB e temefós para a macrófita Lemna minor, na presença e ausência de sedimento e classificar os dois larvicidas pelo risco agudo e risco crônico para os organismos-testes. 22 Caunesp MATERIAL E MÉTODOS Os testes de toxicidade aguda e crônica foram conduzidos no Laboratório de Ecotoxicologia dos Agrotóxicos e Saúde Ocupacional da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, da Universidade Estadual Paulista, Campus de Jaboticabal. Os produtos comerciais utilizados foram o Diflubenzuron 25% Champion® e o Temefós Fersol 1G®. 1. Cultivo dos organismos-testes O cultivo da macrófita Lemna minor seguiu as especificações da norma Guideline 221 (OECD, 2002). Os exemplares da macrófita Lemna minor foram obtidos do cultivo-estoque do laboratório, mantido em sala climatizada com temperatura de 24 ± 2°C. As plantas foram cultivadas em meio Hoagland (LI e XIONG, 2004), com pH 5,8, composto de água destilada reconstituída com nutrientes. Para os testes, foram utilizadas as plantas que permaneceram no meio de cultivo por sete dias (Figura 1). Figura 1. Aspectos da colonização da macrófita L. minor. Fonte: http://www.aquapage.cz/Obrazky/Rostliny/Okrehek.jpg. 2. Testes de sensibilidade com substância de referência Testes de sensibilidade foram aplicados para avaliar a sanidade e sensibilidade das macrófitas aos testes toxicológicos. A substância de referência 23 Caunesp utilizada para este teste foi o cloreto de sódio (NaCl) (CHASTINET e SILVA, 2000). As macrófitas foram aclimatadas por quatro dias, em meio Hoagland e água destilada (75:25), com aeradores (Figura 2). Posteriormente, os testes foram conduzidos com as concentrações 0, 1, 3, 5, 7 e 10 g.L-1 de NaCl, com três repetições de cada tratamento e do controle. Foram utilizadas quatro colônias com três frondes (folhas) cada colônia, totalizando 12 frondes por recipiente, de acordo com a norma Guideline 221 (OECD, 2002). As frondes foram selecionadas pelo aspecto sanitário, nutricional e de tamanho homogêneo. Os recipientes- testes utilizados foram frascos de vidro de 170 ml. As parcelas experimentais foram compostas com volumes conhecidos do meio de cultivo completados para 100 ml com as concentrações testadas. Os testes foram mantidos em sala climatizada sob fotoperíodo de 16 horas, a 24 ± 2ºC, por sete dias em sistema estático. A concentração de inibição média (CI50) foi calculada em cada teste, assim como o limite superior (LS) e o limite inferior (LI). Figura 2. Aspectos de L. minor no cultivo e aclimatação. 3. Testes preliminares com os larvicidas Após a verificação da sanidade e sensibilidade das macrófitas, foram realizados testes preliminares na presença e ausência de sedimento com os larvicidas, nas mesmas condições descritas no item anterior, para estabelecer o 24 Caunesp intervalo de concentrações dos inseticidas no meio de cultivo que causam os efeitos de 0 e 100% de inibição do crescimento da L. minor (Figura 3). Figura 3. Aspectos da montagem do teste preliminar de toxicidade aguda de DFB para L. minor. Os testes na ausência de sedimento foram realizados em recipientes de 170 ml, com volume final de 100 ml, e as plantas foram aclimatadas nos recipientes por 24 horas antes do início do teste, com 50 ml de meio Hoagland. Os testes na presença de sedimento foram realizados em recipientes de 300 ml, com volume final de 200 ml e 100 g de sedimento argiloso. O sedimento seco foi pesado e colocado nos recipientes-testes 24 horas antes do início do ensaio com 100 ml de meio de cultivo, para ocorrer interação entre as fases solo e água. A macrófita foi aclimatada por 24 horas na presença do sedimento antes da adição das soluções contendo o inseticida. 4. Testes definitivos de toxicidade aguda com os larvicidas Os testes definitivos foram realizados com as concentrações 0, 20, 50, 80, 110, 140 e 170 mg.L-1 de DFB e 0, 5, 15, 25, 35, 45 e 55 mg.L-1 de temefós para testes na ausência de sedimento, e 0, 25, 75, 125, 175, 225, 275 e 325 mg.L-1 de DFB e 0, 15, 40, 60, 90, 115, 140 e 165 mg.L-1 de temefós para testes na presença de sedimento (Figura 4), com nove repetições de cada concentração e 25 Caunesp do controle. As condições experimentais foram as mesmas anteriores, com 12 frondes por recipiente. As avaliações dos efeitos dos larvicidas na formação das frondes foram realizadas nos 3º, 5º e 7º dias de teste, por meio da contagem das frondes formadas. A taxa de crescimento relativa foi calculada com a seguinte fórmula proposta por Guillard (1979): Onde: K = taxa de crescimento diário; Log2nf = Logarítimo na base dois do número de frondes ao final do experimento; Log2ni = Logarítimo na base dois do número de frondes no início do experimento; t = tempo de incubação (dias). As variáveis físico-químicas da água (pH, oxigênio dissolvido, temperatura e condutividade elétrica) foram mensuradas ao longo dos testes. Figura 4. Aspectos do teste de toxicidade aguda de temefós na ausência e presença de sedimento para L. minor. 5. Testes de toxicidade crônica com os larvicidas Os ensaios foram realizados de acordo com as normas da OECD (2002). Foram mantidas as mesmas condições dos testes descritos anteriormente, com exposição dos organismos às concentrações sub-letais 0, 1, 2, 9 e 19 mg.L-1 de DFB e 0; 0,2; 0,4; 2,0 e 4,0 mg.L-1 de temefós para testes na ausência de 26 Caunesp sedimento, e 0, 1,5; 3,0; 14,5 e 29,0 mg.L-1 de DFB e 0; 0,25; 0,5; 2,5 e 5,0 mg.L-1 de temefós para testes na presença de sedimento, por um período de 14 dias, com nove repetições de cada tratamento e do controle. A taxa de crescimento relativa foi calculada com a fórmula proposta por Guillard (1979), e os valores da concentração de efeito não-observado (CENO), concentração de efeito observado (CEO) e valor crônico (VC) foram calculados. As variáveis físico-químicas da água (pH, oxigênio dissolvido, temperatura e condutividade elétrica) foram mensuradas ao longo do teste. 6. Sedimento O sedimento utilizado nos testes foi coletado da camada superficial do solo em uma área natural localizada na Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, onde nunca foi aplicado qualquer inseticida e não sujeita a descarte de resíduos de atividades antrópicas diretamente, de acordo com as normas da OECD (1995). O solo foi peneirado e as composições químicas e granulométricas foram determinadas no Departamento de Solos da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias – Campus de Jaboticabal (Tabela 1). 27 Caunesp Tabela 1. Análise física e química do sedimento argiloso. Composição química Valores Composição física Valores pH (CaCl2) 5,3 Argila (g.kg-1) 578 MO (g.dm-3) 12,0 Limo (g.kg-1) 200 P (mg.dm-3) 11,0 Areia fina (g.kg-1) 141 K (mmolc.dm-3) 1,3 Areia grossa (g.kg-1) 81 CA (mmolc.dm-3) 19,0 Classe textural Argilosa Mg (mmolc.dm-3) 9,0 H + Al (mmolc.dm-3) 20,0 SB (mmolc.dm-3) 29,3 T (mmolc.dm-3) 49,3 V (%) 59,0 MO = Matéria Orgânica; H + Al = Hidrogênio + Alumínio; SB = Soma de Bases; T = Capacidade de Troca de Cátions; V = Porcentagem de saturação de bases. 7. Cálculo da CI50, CENO, CEO e VC Os dados obtidos nos testes de toxicidade aguda foram utilizados para calcular os valores da CI50. Os valores de CI50 obtidos para L. minor foram utilizados para classificar os inseticidas quanto ao potencial tóxico para esta espécie, de acordo com as classes toxicológicas citadas por Zucker (1985) (Tabela 2). Os valores de CENO e CEO foram obtidos estatisticamente, e o VC foi calculado pela divisão entre o CENO e o CEO. Tabela 2. Classes dos valores de CI50 de acordo com Zucker (1985). CI50 (mg.L-1) Categoria CI < 0,1 Extremamente tóxico 0,1 < CI < 1,0 Altamente tóxico 1,0 < CI < 10,0 Moderadamente tóxico 10,0 < CI < 100,0 Ligeiramente tóxico CI > 100,0 Praticamente não-tóxico 28 Caunesp 8. Risco de intoxicação ambiental O risco de intoxicação ambiental dos larvicidas para os organismos-testes foi determinado por meio do método do quociente (Q) (GOKTEPE et al. 2004). O calculo do Q é feito por meio da divisão do valor da concentração ambiental estimada (CAE) de cada inseticida pelo valor de CI50 calculado nos testes de toxicidade aguda. A CAE é a concentração do inseticida aplicada em campo, de acordo com as recomendações previstas pelo Ministério da Saúde. Os valores da CAE utilizados foram as concentrações utilizadas para o controle de A. aegypti, de 0,25 mg.L-1 para DFB e 1,0 mg.L-1 para temefós. O valor do Q, também denominado de quociente de risco (RQ), é um número puro, pois as unidades dos parâmetros se anulam na divisão. As classes de risco ambiental utilizadas foram alto risco, médio risco e baixo risco (Tabela 3). Tabela 3. Classes dos valores de RQ de acordo com Goktepe et al. (2004). Quociente de risco Classes RQ > 0,5 Alto risco 0,05 < RQ< 0,5 Médio risco RQ < 0,05 Baixo risco 9. Forma de análise dos resultados As CI50 foram calculadas com o software Trimmed Spearman-Karber (HAMILTON et al. 1977) e utilizadas para classificar os dois larvicidas pela toxicidade aguda ao organismo-teste. O risco ambiental foi estimado pelo método de comparação da CAE dos dois inseticidas com os valores de CI50 e utilizado para classificar os dois larvicidas pelo risco de intoxicação ambiental do organismo-teste. 29 Caunesp Para os valores de CENO e CEO, os dados foram analisados comparando- se as médias da taxa de crescimento relativa de L. minor ao final dos testes. Para isso, foram realizados testes de Pressuposições para análise de variância dos dados (Normalidade Cramer-von Mises, Homocedasticidade Brown Forsythe), e aplicado o teste ANOVA, com nível de significância de 5%. Para a comparação entre médias de dados paramétricos foi aplicado o teste de Tukey, utilizando-se programa de computação SAS 9.0 (2001). Os dados dos parâmetros de água foram analisados pelo Coeficiente de Correlação de Pearson, com nível de significância a 5%. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados dos testes de sensibilidade e toxicidade aguda com a macrófita L. minor estão contidos na Tabela 4. Por meio do teste de sensibilidade com a substância de referência NaCl verificou-se a sanidade e sensibilidade das plantas aquáticas para prosseguir o uso nos testes toxicológicos. Tabela 4. Concentrações de inibição média, limites inferiores e limites superiores de NaCl (g.L-1) e dos larvicidas (mg.L-1) nos testes de toxicidade aguda para L. minor e classificação dos larvicidas DFB e temefós de acordo com as classes de Zucker (1985). LI CI50 LS Classificação de Zucker NaCl 3,8 4,0 4,3 - DFB sem sed. 95,4 103,6 119,1 Praticamente não tóxico DFB com sed. 120,1 140,2 163,9 Praticamente não tóxico Temefós sem sed. 17,2 19,7 22,6 Ligeiramente tóxico Temefós com sed. 20,6 25,1 30,5 Ligeiramente tóxico Nos testes de toxicidade aguda na ausência e presença de sedimento, o temefós foi 5,2 e 5,6% mais tóxico que o DFB para as macrófitas, 30 Caunesp respectivamente (Figuras 5 e 6, Tabela 4). Estudos realizados com DFB também obtiveram baixa toxicidade deste larvicida para L. minor, com CI50 de 459,50 mg.L-1 (SOUZA, 2008). O inibidor de crescimento de insetos teflubenzuron também foi considerado pouco tóxico para a L. minor, apresentando CI50 de 1176,16 mg.L-1 (MEDEIROS, 2008). Estudos com outros inseticidas organofosforados relataram baixas CI50 de 1,24; 0,52 e 0,53 µg.L1 de malation, endosunfan e clorpirifos, respectivamente, para L. minor (MUNKEGAARD et al. 2008). Figura 5. Diminuição do número de frondes nos testes de toxicidade aguda da menor para a maior concentração de DFB (A) e temefós (B) para L. minor. Figura 6. Número de frondes nos testes de toxicidade aguda na presença de sedimento da menor para a maior concentração de DFB (A) e temefós (B) para L. minor. A menor toxicidade de larvicidas inibidores de crescimento de insetos às macrófitas pode estar relacionada ao mecanismo de ação tóxica do larvicida, que não interfere de modo relevante em plantas, pois a quitina não faz parte de seu metabolismo e crescimento. Já o maior grau tóxico de organofosforados pode ser relacionado ao inseticida inibir a enzima citocromo P450 monooxigenase de A B A B 31 Caunesp 0 25 50 75 100 0 5 15 25 35 40 45 55 60 90 115 140 M éd ia d o nú m er o de fr on de s Concentração de temefós (mg.L-1) Temefós Temefós sed. CI50=19,7 mg.L-1 CI50=25,1 mg.L-1 0 25 50 75 100 0 20 25 50 75 80 110 125 140 170 175 225 275 M éd ia d o nú m er o de fr on de s Concentração de DFB (mg.L-1) DFB DFB sed. CI50=103,6 mg.L-1 CI50=140,2 mg.L-1 plantas, responsável pela detoxificação de xenobióticos e degradação de pesticidas (TARDIF e POWLES, 1999). As enzimas citocromo P450 são heme-proteínas envolvidas na biotransformação de compostos químicos em polares, tornando-os mais solúveis e mais fáceis de serem eliminados do organismo (TESTA e JENNER, 1976). Entretanto, os organofosforados apresentam grupos tio-fosfatos sujeitos a dessulfuração oxidativa por estas enzimas, o que resulta em compostos de enxofre reativos. Estes enxofres ligam-se covalentemente à proteína cisteína das enzimas, o grupo heme é liberado e a enzima é inativada (DECKER e DOERGE, 1992; KYLE, 2005). Comparando-se os testes agudos de DBF e temefós com e sem sedimento, verifica-se que a presença do solo influencia na biodisponibilidade do inseticida para as macrófitas, evidenciado pela menor ação tóxica do produto quando adicionado ao teste com sedimento. Testes onde havia sedimento, as CI50 foram 35,3% e 27,4% maiores nos tratamentos de DFB e temefós, respectivamente, em comparação com os tratamentos sem sedimento (Figura 7). Estudos realizados com DFB também obtiveram maior ação tóxica deste larvicida para L. minor em testes sem sedimento (CI50 de 459,50 mg.L-1) quando comparada com testes com sedimento (CI50 de 698,25 mg.L-1) (SOUZA, 2008). Figura 7. Comparação das médias do número de frondes de L. minor no 7º dia de avaliação. A: Comparação das CI50 entre testes de DFB na presença e ausência de sedimento. B: Comparação das CI50 entre testes de temefós na presença de ausência de sedimento. A B 32 Caunesp 0 20 40 60 80 100 0 15 40 60 90 115 140 M éd ia d o nú m er o de fr on de s Concentrações temefós (mg.L-1) 0 dia 3 dia 5 dia 7 dia 0 20 40 60 80 100 0 25 75 125 175 225 275 M éd ia d o nú m er o de fr on de s Concentrações DFB (mg.L-1) 0 dia 3 dia 5 dia 7 dia O menor crescimento inicial de macrófitas no controle de testes com sedimento pode ser devido ao baixo pH do solo (5,3) (Figura 8). A redução da ação tóxica dos larvicidas para as macrófitas pode ser relacionada com o alto coeficiente de adsorção do temefós (10.000 l.kg-1) e do DFB (18.250 l.kg-1). Entretanto, a menor ação tóxica não foi suficiente para mudar a classificação dos larvicidas quanto às classes de Zucker (1985). Figura 8. Comparação das médias do número de frondes de L. minor no momento inicial do teste até o 7º dia de avaliação. A: Teste de toxicidade aguda de DFB sem sedimento. B: Teste de toxicidade aguda de DFB com sedimento. C: Teste de toxicidade aguda de temefós sem sedimento. D: Teste de toxicidade aguda de temefós com sedimento. De acordo com a classificação de Zucker (1985), o larvicida DFB classifica- se como praticamente não tóxico na ausência e presença de sedimento (CI50 > 100,0 mg.L-1), diferentemente do temefós, que se classifica como ligeiramente 0 20 40 60 80 100 0 5 15 25 35 45 55 M éd ia d o nú m er o de fr on de s Concentrações temefós (mg.L-1) 0 dia 3 dia 5 dia 7 dia 0 20 40 60 80 100 0 20 50 80 110 140 170 M éd ia d o nú m er o de fr on de s Concentrações DFB (mg.L-1) 0 dia 3 dia 5 dia 7 dia A B C D 33 Caunesp tóxico para as macrófitas (10,0 < CI50 < 100,0 mg.L-1) em ambos os testes (Tabela 4). Outros estudos realizados com DFB (SOUZA, 2008) e teflubenzuron (MEDEIROS, 2008) também obtiveram a classificação de praticamente não tóxico para L. minor. O risco de intoxicação ambiental calculado pelo método do quociente, obtido para ambos os larvicidas, foi de baixo risco (RQ < 0,05), exceto para temefós na ausência de sedimento, classificado como de médio risco para este organismo-teste (0,05 < RQ < 0,5). Entretanto, ressalta-se que o valor de RQ de temefós em testes com sedimento foi extremamente próximo da classe de médio risco (Tabela 5). A concentração ambiental estimada (CAE) utilizada para o cálculo foi a recomendada pelo Ministério da Saúde para o uso contra larvas de Aedes aegypti (DFB: 0,25 mg.L-1, temefós: 1,0 mg.L-1). Tabela 5. Classificação dos larvicidas quanto ao risco de intoxicação ambiental para L. minor, de acordo com os testes agudos realizados com e sem sedimento. DFB sem sedimento DFB com sedimento Temefós sem sedimento Temefós com sedimento RQ 0,002 0,002 0,051 0,047 Classificação baixo risco baixo risco médio risco baixo risco Em relação aos testes de toxicidade crônica, não ocorreu diferença significativa no crescimento de frondes ao longo do tempo em testes com DFB, na presença e ausência de sedimento (p>0,05). Para o larvicida temefós, houve diminuição significativa do crescimento de frondes da menor para a maior concentração em testes crônicos na ausência de sedimento (p<0,05). Entretanto, este decréscimo não ocorreu no teste com sedimento (p>0,05) (Figura 9). 34 Caunesp 250 300 350 400 450 500 550 0 1 1,5 2 3 9 14 19 29 M éd ia d o nú m er o de fr on de s Concentração de DFB (mg.L-1) DFB DFB sed. 300 350 400 450 500 550 600 650 0,0 0,2 0,3 0,4 0,5 2,0 2,5 4,0 5,0M éd ia d o nú m er o de fr on de s Concentração de temefós (mg.L-1) Temefós Temefós sed. Figura 9. Média do crescimento final de frondes ao longo das concentrações nos testes de toxicidade crônica de DFB e temefós para a macrófita L. minor. As pressuposições para a análise de variância foram satisfeitas (Teste de Homocedasticidade Brown Forsythe F=0,16 e p=0,9556 para DFB, F=0,35 e p=0,8409 para DFB com sedimento, F=0,35 e p=0,8402 para temefós e F=0,49 e p=0,7460 para temefós com sedimento; Teste de Normalidade dos Erros Cramer-von Mises wsq=0,07 e p=0,2418 para DFB, wsq=0,05 e p>0,2500 para DFB com sedimento, wsq=0,06 e p>0,2500 para temefós e wsq=0,08 e p=0,2160 para temefós com sedimento). a - c: comparação entre médias das concentrações. Teste de Tukey com nível de significância a 5%: DFB: F=0,14 e p=0,9604. Temefós: F=3,39 e p=0,05270. DFB com sedimento F=0,93 e p=0,4855. Temefós com sedimento: F=0,92 e p=0,4904. A taxa de crescimento relativa das frondes diminuiu significativamente (p<0,05) com o aumento das concentrações de temefós e DFB nos testes de toxicidade aguda na ausência e presença de sedimento (Figura 10). Testes realizados com propanil também diminuíram a taxa de crescimento das frondes de L. minor (MITSOU et al. 2006). Souza (2008) e Medeiros (2008) indicaram diminuição da taxa de crescimento de L. minor com o aumento de concentrações de DFB e teflubenzuron, respectivamente. A B a abc bc bc c 35 Caunesp 0,00 0,08 0,16 0,24 0,32 0,40 0,48 0 20 50 80 110 140 170 Ta xa d e cr es ci m en to re la tiv a Concentração DFB [mg.L-1] 0,00 0,08 0,16 0,24 0,32 0,40 0,48 0 5 15 25 35 45 55 Ta xa d e cr es ci m en to re la tiv a Concentração temefós [mg.L-1] 0,00 0,08 0,16 0,24 0,32 0,40 0,48 0 25 75 125 175 225 275 325 Ta xa d e cr es ci m en to re la tiv a Concentração DFB [mg.L-1] 0,00 0,08 0,16 0,24 0,32 0,40 0,48 0 15 40 60 90 115 140 165 Ta xa d e cr es ci m en to re la tiv a Concentração temefós [mg.L-1] Figura 10. Taxa de crescimento relativa de frondes ao longo das concentrações nos testes de toxicidade aguda na ausência e presença de sedimento para a macrófita L. minor. A-B: DFB e temefós na ausência de sedimento, respectivamente. C-D: DFB e temefós na presença de sedimento, respectivamente. As pressuposições para a análise de variância foram satisfeitas (Teste de Homocedasticidade Brown Forsythe F=0,23 e p=0,9203 para A; F=0,52 e p=0,7226 para B; F=0,25 e p=0,8233 para C e F=0,43 e p=0,7230 para D; Teste de Normalidade dos Erros Cramer-von Mises wsq=0,07 e p=0,2382 para A; wsq=0,03 e p>0,2500 para B; wsq=0,07 e p=0,2832 para C e wsq=0,05 e p>0,2500 para D). a - e: comparação entre médias das concentrações para cada produto testado. Teste de Tukey com nível de significância a 5%: F=5,36 e p=0,0050 para A; F=66,93 e p<0,0001 para B; F=43,72 e p<0,0001 para C; F=74,43 e p<0,0001 para D. Apesar da ação dos inseticidas inibidores de quitina não ser específica para plantas, a redução da taxa de crescimento das macrófitas pode ser relacionada a algum fator fisiológico da planta, que em função da presença do larvicida, priva-se do crescimento na tentativa de responder à detoxificação desse produto (DE LA VEGA SALAZAR et al. 1997). A a a a a ab ab b a ab ab b c d d a ab bc cd de e ab ab a ab de e e e bc cd B D C 36 Caunesp 0,70 0,72 0,74 0,76 0,78 0,80 0,82 0 1,0 1,5 2,0 3,0 9,4 14,5 18,7 29,0 TC R (% ) Concentração (mg.L-1) DFB DFB sed. 0,60 0,62 0,64 0,66 0,68 0,70 0,72 0,74 0 0,2 0,3 0,4 0,5 2,0 2,5 4,0 5,0 TC R (% ) Concentração (mg.L-1) Temefós Temefós sed. Para os testes de toxicidade crônica, houve diminuição significativa na taxa de crescimento relativa apenas para temefós na ausência de sedimento (p<0,05) (Figura 11). Os valores calculados de CENO e CEO foram baseados na taxa de crescimento relativa das frondes dos testes crônicos, para verificar os limites de concentrações dos larvicidas que causam ou não efeitos deletérios para a macrófita. Para DFB estes valores não foram encontrados, pois estatisticamente não houve diferença significativa na taxa de crescimento relativa da macrófita. Para temefós, os valores de CENO e CEO foram 0,4 e 2,0 mg.L-1, com valor crônico de 1,2 mg.L-1. A CAE recomendada pelo Ministério da Saúde para temefós e utilizada em campo é de 1 mg.L-1, valor 2,5 vezes superior à maior concentração do larvicida que não provoca efeito significativamente deletério para L. minor (0,4 mg.L-1). Figura 11. Taxa de crescimento relativa dos testes de toxicidade crônica de L. minor na presença e ausência de sedimento para DFB e temefós. As pressuposições para a análise de variância foram satisfeitas (Teste de Homocedasticidade Brown Forsythe F=0,33 e p=0,8235 para DFB; F=0,42 e p=0,7968 para DFB com sedimento; F=0,32 e p=0,7006 para temefós e F=0,39 e p=0,8975 para temefós com sedimento; Teste de Normalidade dos Erros Cramer-von Mises wsq=0,07 e p=0,2222 para DFB; wsq=0,04 e p>0,2500 para DFB com sedimento; wsq=0,03 e p>0,2500 para temefós e wsq=0,03 e p>0,2500 para temefós com sedimento). a-c: comparação entre médias das concentrações. Teste de Tukey com nível de significância a 5%: DFB: F=0,33 e p=0,8523. Temefós: F=10,43 e p=0,0110. DFB com sedimento: F=0,10 e p=0,9838. Temefós com sedimento: F=2,45 e p=0,1897. a ab abc bc c A B 37 Caunesp A qualidade da água foi avaliada ao longo dos testes de toxicidade de L. minor. Os dados de temperatura não foram avaliados com o Coeficiente de Correlação de Pearson, pois as salas de ensaio são climatizadas, com temperatura e umidade do ambiente aferidas diariamente. Variações baixas de temperatura podem ser relacionadas com a presença, entrada e saída de pessoas da sala de ensaio. Entretanto, as medidas foram realizadas ao longo dos testes para detectar possíveis mudanças bruscas que poderiam afetar a veracidade dos resultados. Em relação aos testes agudos com o larvicida DFB, a condutividade elétrica, o pH e o OD da água diminuíram com o aumento das concentrações nos testes sem sedimento, sendo significativo (p<0,05) quanto aplicado o Teste de Correlação de Pearson (Figuras 12 e 13). 38 Caunesp 620 690 760 830 900 970 0 20 50 80 110 140 165C on du tiv id ad e µs .c m -1 Concentração mg.L-1 5,3 5,7 6,1 6,5 6,9 7,3 0 20 50 80 110 140 165 pH Concentração mg.L-1 2,7 3,4 4,1 4,8 5,5 6,2 6,9 0 20 50 80 110 140 165 O D m g. L-1 Concentração mg.L-1 Figura 12. Variação dos parâmetros da qualidade de água ao longo das concentrações de DFB entre os dias de avaliação dos testes de toxicidade aguda sem sedimento para L. minor. Teste de Coeficiente de Correlação de Pearson (alfa=5%). B: r=-0,7678 e p<0,0001 para 0 hora; r=-0,9903 e p<0,0001 para 3º dia; r=-0,9890 e p<0,0001 para 5º dia; r=-0,9653 e p<0,0001 para 7º dia; C: r=-0,9507 e p<0,0001 para 0 hora; r=- 0,9502 e p<0,0001 para 3º dia; r=-0,8089 e p<0,0001 para 5º dia; r=-0,6073 e p<0,0001 para 7º dia; D: r=-0,5941 e p<0,0001 para 0 hora; r=-0,9231 e p<0,0001 para 3º dia; r=-0,9486 e p<0,0001 para 5º dia; r=-0,8736 e p<0,0001 para 7º dia. 22,2 22,4 22,6 22,8 23,0 0 20 50 80 110 140 165 Te m pe ra tu ra o C Concentração mg.L-1 A B C D 0 3 5 7 dias 39 Caunesp 22,0 22,4 22,8 23,2 23,6 24,0 0 25 75 125 175 225 275 325 Te m pe ra tu ra o C Concentração mg.L-1 690 740 790 840 890 940 0 25 75 125 175 225 275 325C on du tiv id ad e µs .c m -1 Concentração mg.L-1 6,0 6,2 6,4 6,6 6,8 7,0 0 25 75 125 175 225 275 325 pH Concentração mg.L-1 4,7 5,1 5,5 5,9 6,3 6,7 0 25 75 125 175 225 275 325 O D m g. L-1 Concentração mg.L-1 Figura 13. Variação dos parâmetros da qualidade de água ao longo das concentrações de DFB entre os dias de avaliação dos testes de toxicidade aguda com sedimento para L. minor. Teste de Coeficiente de Correlação de Pearson (alfa=5%). B: r=-0,7812 e p<0,0001 para 0 hora; r=-0,7996 e p<0,0001 para 3º dia; r=0,5908 e p<0,0001 para 5º dia; r=0,7930 e p<0,0001 para 7º dia; C: r=-0,9052 e p<0,0001 para 0 hora; r=-0,9120 e p<0,0001 para 3º dia; r=-0,2216 e p=0,0614 para 5º dia; r=-0,1847 e p=0,1203 para 7º dia; D: r=-0,7478 e p<0,0001 para 0 hora; r=-0,8199 e p<0,0001 para 3º dia; r=-0,8326 e p<0,0001 para 5º dia; r=-0,7206 e p<0,0001 para 7º dia. Testes crônicos de DFB apresentaram diminuição dos parâmetros condutividade elétrica, pH e OD a partir do 7º dia nas maiores concentrações na presença e ausência de sedimento, como também ocorreu nos testes agudos (Figuras 14 e 15). Mesmo em baixas concentrações, a presença do larvicida DFB influenciou os parâmetros mensurados. A C D B 0 3 5 7 dias 40 Caunesp 24,0 24,6 25,2 25,8 26,4 27,0 0 1 2 9 19 Te m pe ra tu ra o C Concentração mg.L-1 960 1110 1260 1410 1560 1710 0 1 2 9 19 C on du tiv id ad e µs .c m -1 Concentração mg.L-1 5,0 5,6 6,2 6,8 7,4 8,0 8,6 0 1 2 9 19 pH Concentração mg.L-1 4,6 5,3 6,0 6,7 7,4 8,1 0 1 2 9 19 O D Concentração mg.L-1 Figura 14. Variação dos parâmetros da qualidade de água ao longo das concentrações de DFB entre os dias de avaliação dos testes de toxicidade crônica sem sedimento para L. minor. Teste de Coeficiente de Correlação de Pearson (alfa=5%). B: r=-0,9826 e p<0,0001 para 0 hora; r=-0,9738 e p<0,0001 para 1º dia; r=-0,9832 e p<0,0001 para 3º dia; r=-0,9639 e p<0,0001 para 5º dia; r=-0,9180 e p<0,0001 para 7º dia; r=-0,8310 e p<0,0001 para 10º dia; r=-0,9170 e p<0,0001 para 12º dia; r=-0,7634 e p<0,0001 para 14º dia; C: r=-0,2278 e p=0,1323 para 0 hora; r=-0,5246 e p=0,0002 para 1º dia; r=- 0,0686 e p=0,6544 para 3º dia; r=-0,4637 e p=0,0013 para 5º dia; r=-0,9214 e p<0,0001 para 7º dia; r=-0,9254 e p<0,0001 para 10º dia; r=-0,9038 e p<0,0001 para 12º dia; r=- 0,9723 e p<0,0001 para 14º dia; D: r=-0,6191 e p<0,0001 para 0 hora; r=-0,2685 e p=0,0745 para 1º dia; r=-0,8631 e p<0,0001 para 3º dia; r=-0,8895 e p<0,0001 para 5º dia; r=-0,9436 p<0,0001 para 7º dia; r=-0,9426 e p<0,0001 para 10º dia; r=-0,8912 e p<0,0001 para 12º dia; r=-0,9860 e p<0,0001 para 14º dia. A B C D 0 1 3 5 7 10 12 14 dias 41 Caunesp 21,0 21,7 22,4 23,1 23,8 24,5 25,2 0 1,5 3,0 14,5 29,0 Te m pe ra tu ra o C Concentração mg.L-1 800 860 920 980 1040 1100 0 1,5 3,0 14,5 29,0 C on du tiv id ad e µs .c m -1 Concentração mg.L-1 5,8 6,5 7,2 7,9 8,6 9,3 0 1,5 3,0 14,5 29,0 pH Concentração mg.L-1 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0 6,5 0 1,5 3,0 14,5 29,0 O D Concentração mg.L-1 Figura 15. Variação dos parâmetros da qualidade de água ao longo das concentrações de DFB entre os dias de avaliação dos testes de toxicidade crônica com sedimento para L. minor. Teste de Coeficiente de Correlação de Pearson (alfa=5%). B: r=-0,9971 e p<0,0001 para 0 hora; r=-0,9898 e p<0,0001 para 1º dia; r=-0,9871 e p<0,0001 para 3º dia; r=-0,9898 e p<0,0001 para 5º dia; r=-0,9801 e p<0,0001 para 7º dia; r=-0,9520 e p<0,0001 para 10º dia; r=-0,9160 e p<0,0001 para 12º dia; r=-0,8302 e p=0,0001 para 14º dia; C: r=0,2413 e p=0,3862 para 0 hora; r=-0,1869 e p=0,5047 para 1º dia; r=-0,0804 e p=0,7757 para 3º dia; r=-0,3191 e p=0,2464 para 5º dia; r=-0,6029 e p=0,0174 para 7º dia; r=-0,0963 e p=0,7327 para 10º dia; r=-0,0963 e p=0,7327 para 12º dia; r=-0,6401 e p=0,0102 para 14º dia; D: r=0,4183 e p=0,1207 para 0 hora; r=- 0,7735 e p=0,0007 para 1º dia; r=-0,7499 e p=0,0013 para 3º dia; r=-0,2382 e p=0,3926 para 5º dia; r=-0,7884 p=0,0005 para 7º dia; r=-0,8661 e p<0,0001 para 10º dia; r=-0,8774 e p<0,0001 para 12º dia; r=-0,7970 e p=0,0004 para 14º dia. O inibidor de síntese de quitina teflubenzuron também causou diminuição do valor do oxigênio dissolvido da água, que variou entre 2,63 mg.L-1 no controle A B C D 0 1 3 5 7 10 12 14 dias 42 Caunesp e 0,73 mg.L-1 em 1000 ppm do produto após 48 horas de exposição (IKEFUTI et al. 2011). O decréscimo de oxigênio disponível no sistema pode ser relacionado com a maior quantidade de macrófitas em decomposição nas maiores concentrações dos larvicidas. A decomposição aeróbica, realizada por microorganismos, consome oxigênio dissolvido da água e, como resultado de seu metabolismo, libera dióxido de carbono. Altas quantidades de CO2 tendem a diminuir o pH (ESTEVES, 1998). A influência do pH sobre os ecossistemas aquáticos naturais ocorre diretamente sobre a fisiologia das diversas espécies. Efeitos indiretos também podem contribuir na solubilidade de nutrientes, e precipitação de elementos químicos tóxicos, como metais pesados (PIVELI e KATO, 2005). Com relação ao larvicida temefós, em testes agudos na presença e ausência de sedimento, houve correlação negativa com os parâmetros pH e OD, entretanto, para condutividade elétrica, a correlação foi positiva em testes sem e com sedimento (p<0,05) (Figuras 16 e 17). O organofosforado temefós aumentou a condutividade elétrica, enquanto o DFB diminui este parâmetro. O decréscimo no valor de pH também pode ser correlacionado com o decréscimo de OD, devido a maior quantidade de macrófitas em decomposição nas maiores concentrações dos larvicidas e, consequentemente, maior consumo de oxigênio dissolvido e liberação de dióxido de carbono. O acúmulo de gases de dióxido de carbono e ácido carbônico aumenta a quantidade de íons H+ no sistema, tornando-o mais ácido (ESTEVES, 1998). 43 Caunesp 720 770 820 870 920 970 0 5 15 25 35 45 55 C on du tiv id ad e µs .c m -1 Concentração mg.L-1 22,0 22,4 22,8 23,2 23,6 24,0 0 5 15 25 35 45 55 Te m pe ra tu ra o C Concentração mg.L-1 5,5 5,9 6,3 6,7 7,1 7,5 0 5 15 25 35 45 55 O D m g. L-1 Concentração mg.L-1 5,7 6,0 6,3 6,6 6,9 7,2 7,5 0 5 15 25 35 45 55 pH Concentração mg.L-1 Figura 16. Variação dos parâmetros da qualidade de água ao longo das concentrações de temefós entre os dias de avaliação dos testes de toxicidade aguda sem sedimento para L. minor. Teste de Coeficiente de Correlação de Pearson (alfa=5%). B: r=0,1128 e p=0,3788 para 0 hora; r=0,7045 e p<0,0001 para 3º dia; r=0,7232 e p<0,0001 para 5º dia; r=0,5767 e p<0,0001 para 7º dia; C: r=-0,4731 e p<0,0001 para 0 hora; r=- 0,5629 e p<0,0001 para 3º dia; r=-0,7810 e p<0,0001 para 5º dia; r=-0,7870 e p<0,0001 para 7º dia; D: r=0,2181 e p=0,0859 para 0 hora; r=-0,4774 e p<0,0001 para 3º dia; r=-0,5448 e p<0,0001 para 5º dia; r=-0,7929 e p<0,0001 para 7º dia. A C D B 0 3 5 7 dias 44 Caunesp 740 770 800 830 860 890 0 15 40 60 90 115 140 165 C on du tiv id ad e µs .c m -1 Concentração mg.L-1 6,4 6,5 6,6 6,7 6,8 6,9 0 15 40 60 90 115 140 165 pH Concentração mg.L-1 22,4 22,8 23,2 23,6 24,0 0 15 40 60 90 115 140 165 Te m pe ra tu ra o C Concentração mg.L-1 4,7 5,2 5,7 6,2 6,7 7,2 0 15 40 60 90 115 140 165 O D m g. L-1 Concentração mg.L-1 Figura 17. Variação dos parâmetros da qualidade de água ao longo das concentrações de temefós entre os dias de avaliação dos testes de toxicidade aguda com sedimento para L. minor. Teste de Coeficiente de Correlação de Pearson (alfa=5%). B: r=0,9505 e p<0,0001 para 0 hora; r=0,9207 e p<0,0001 para 3º dia; r=0,8684 e p<0,0001 para 5º dia; r=-0,5128 e p<0,0001 para 7º dia; C: r=-0,2462 e p=0,0371 para 0 hora; r=- 0,0903 e p=0,4507 para 3º dia; r=0,1032 e p=0,3885 para 5º dia; r=-0,5858 e p<0,0001 para 7º dia; D: r=-0,7951 e p<0,0001 para 0 hora; r=-0,8753 e p<0,0001 para 3º dia; r=-0,8915 e p<0,0001 para 5º dia; r=-0,8695 e p<0,0001 para 7º dia. Nos testes crônicos de temefós, não houve correlação significativa entre a condutividade elétrica e as concentrações na ausência de sedimento (p>0,05). Contudo, na presença de sedimento, este parâmetro aumentou com o aumento das concentrações a partir do 10º dia (p<0,05). Houve correlação negativa significativa entre a redução de pH e o aumento das concentrações (p<0,05) (Figura 18 e 19), assim como ocorreu para o larvicida DFB, devido a diminuição da quantidade de OD disponível na água e consequente acidificação do meio. Mesmo em baixas concentrações, ambos os larvicidas alteraram a condutividade elétrica e, indiretamente, os parâmetros OD e pH, com a provável diminuição da taxa de fotossíntese. A C D B 0 3 5 7 dias 45 Caunesp 1110 1220 1330 1440 1550 1660 0 0,2 0,4 2,0 4,0 C on du tiv id ad e µs .c m -1 Concentração mg.L-1 4,6 5,3 6,0 6,7 7,4 8,1 0 0,2 0,4 2,0 4,0 O D Concentração mg.L-1 23,0 23,6 24,2 24,8 25,4 26,0 0 0,2 0,4 2,0 4,0 Te m pe ra tu ra o C Concentração mg.L-1 Figura 18. Variação dos parâmetros da qualidade de água ao longo das concentrações de temefós entre os dias de avaliação dos testes de toxicidade crônica sem sedimento para L. minor. Teste de Coeficiente de Correlação de Pearson (alfa=5%). B: r=-0,4712 e p=0,0762 para 0 hora; r=-0,0928 e p=0,7423 para 1º dia; r=-0,2296 e p=0,4103 para 3º dia; r=-0,3178 e p=0,2483 para 5º dia; r=-0,3356 e p=0,2213 para 7º dia; r=-0,4036 e p=0,1358 para 10º dia; r=-0,6353 e p=0,0109 para 12º dia; r=0,2410 e p=0,3869 para 14º dia; C: r=0,0059 e p=0,9833 para 0 hora; r=-0,3578 e p=0,1904 para 1º dia; r=0,0253 e p=0,9286 para 3º dia; r=-0,7882 e p=0,0005 para 5º dia; r=-0,6011 e p=0,0178 para 7º dia; r=-0,0752 e p=0,7898 para 10º dia; r=-0,5302 e p=0,0421 para 12º dia; r=0,5725 e p=0,0257 para 14º dia; D: r=0,2889 e p=0,2964 para 0 hora; r=- 0,7166 e p=0,0026 para 1º dia; r=-0,9477 e p<0,0001 para 3º dia; r=-0,9018 e p<0,0001 para 5º dia; r=-0,5107 e p=0,0517 para 7º dia; r=-0,4993 e p=0,0581 para 10º dia; r=0,1361 e p=0,6287 para 12º dia; r=0,8269 e p=0,0001 para 14º dia. 5 6 7 8 9 10 11 12 0 0,2 0,4 2,0 4,0 pH Concentração mg.L-1 A B C D 0 1 3 5 7 10 12 14 dias 46 Caunesp 21 22 23 24 25 26 27 0 0,25 0,5 2,5 5,0 Te m pe ra tu ra o C Concentração mg.L-1 870 910 950 990 1030 1070 1110 0 0,25 0,5 2,5 5,0 C on du tiv id ad e µs .c m -1 Concentração mg.L-1 5,8 6,3 6,8 7,3 7,8 8,3 0 0,25 0,5 2,5 5,0 pH Concentração mg.L-1 4,0 4,6 5,2 5,8 6,4 7,0 7,6 0 0,25 0,5 2,5 5,0 O D Concentração mg.L-1 Figura 19. Variação dos parâmetros da qualidade de água ao longo das concentrações de temefós entre os dias de avaliação dos testes de toxicidade crônica com sedimento para L. minor. Teste de Coeficiente de Correlação de Pearson (alfa=5%). B: r=-0,1558 e p=0,5792 para 0 hora; r=-0,1449 e p=0,6064 para 1º dia; r=-0,0639 e p=0,8211 para 3º dia; r=0,2303 e p=0,4089 para 5º dia; r=0,4861 e p=0,0662 para 7º dia; r=0,6265 e p=0,0125 para 10º dia; r=0,6180 e p=0,0141 para 12º dia; r=0,3151 e p=0,2526 para 14º dia; C: r=-0,3633 e p=0,1832 para 0 hora; r=-0,4089 e p=0,302 para 1º dia; r=- 0,2316 e p=0,4062 para 3º dia; r=0,0141 e p=0,9602 para 5º dia; r=-0,6277 e p=0,0122 para 7º dia; r=0,1099 e p=0,6966 para 10º dia; r=0,0484 e p=0,8641 para 12º dia; r=-0,1527 e p=0,5869 para 14º dia; D: r=-0,6932 e p=0,0042 para 0 hora; r=- 0,8265 e p=0,0001 para 1º dia; r=-0,8073 e p=0,0003 para 3º dia; r=-0,8473 e p<0,0001 para 5º dia; r=-0,9262 e p<0,0001 para 7º dia; r=-0,7291 e p=0,0020 para 10º dia; r=-0,9342 e p<0,0001 para 12º dia; r=-0,7798 e p=0,0006 para 14º dia. A B C D 0 1 3 5 7 10 12 14 dias 47 Caunesp CONCLUSÃO Este estudo indica que o larvicida temefós tem maior ação tóxica que o DFB para L. minor. A CI50 do organofosforado temefós é 19,7 e 25,1 mg.L-1 na ausência e presença de sedimento, respectivamente, e a CI50 de DFB é 103,6 e 140,2 mg.L-1 na ausência e presença de sedimento, respectivamente. Em testes agudos na presença de sedimento o crescimento de frondes é maior. Contudo, a taxa de crescimento relativa da macrófita nas maiores concentrações é menor. O DFB classifica-se como praticamente não tóxico para L. minor, com baixo risco de intoxicação ambiental, enquanto o temefós é ligeiramente tóxico, com médio risco de intoxicação ambiental para a macrófita. Testes crônicos apresentaram efeitos deletérios apenas com temefós e na ausência de sedimento, e baixas concentrações de DBF não provocam efeitos adversos, mesmo quando as macrófitas são expostas ao produto por período prolongado. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CHASTINET, C. B. A.; SILVA, E. M. Comparação da sensibilidade de duas linhagens de Lemna minor ao cloreto de sódio (NaCl) como substância de referência. 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