UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS - RIO CLARO NATÁSSIA COSTANZA FOSALUZA PROJETOS DE EXTENSÃO EM DANÇA DA UNESP/RIO CLARO: CONTRIBUIÇÕES À FORMAÇÃO PROFISSIONAL DOS ESTUDANTES DE EDUCAÇÃO FÍSICA. Rio Claro 2012 Educação Física NATÁSSIA COSTANZA FOSALUZA PROJETOS DE EXTENSÃO EM DANÇA DA UNESP/RIO CLARO: CONTRIBUIÇÕES À FORMAÇÃO PROFISSIONAL DOS ESTUDANTES DE EDUCAÇÃO FÍSICA ORIENTADORA: LAURITA MARCONI SCHIAVON Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Instituto de Biociências da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” - Campus de Rio Claro, para obtenção do grau de Bacharel em Educação Física. Rio Claro 2012 AGRADECIMENTOS Ao meu noivo Victor Botteon, pela compreensão e paciência à espera da conclusão deste estudo, assim como em seu incentivo para que ele ocorresse, por cada momento e aprendizado ao seu lado, por todo amor, carinho, atenção e dedicação a mim. Amo você 8. À minha família em especial aos meus pais Sergio e Marli por torcerem por mim, ao mesmo tempo em que me proporcionam ferramentas para que eu possa construir, com erros e acertos, meu próprio caminho. Aos meus avós, Nadir e Sergio e principalmente a minha avozinha Lourdes por possibilitarem que eu tenha o prazer de suas companhias e por sentirem minha falta, assim como senti a de vocês. Vocês são muito importantes para mim! À Prof. Laurita, pela orientação, pelas trocas e novas experiências, por cada puxão de orelha e conselho que me deu, por cada aprendizado que me proporcionou ver a Educação Física e o ensino da mesma em uma nova visão. À minha amiga Daphne por me aguentar nesses quatro anos. (Natássinha, =), Naná). E também á Mariana e Jaqueline. Obrigada por se preocuparem em me ver sorrir. Obrigada de coração à Prof. Silvia Deutsch e as participantes desta pesquisa, pela compreensão e colaboração, sem vocês a realização deste trabalho não seria possível. RESUMO Os projetos de extensão em dança da Universidade Estadual Paulista/Campus Rio Claro surgem em 1994 e 1995 com as Companhias: Éxciton e Contratempo respectivamente. A partir deste momento, a dança sempre esteve presente no Campus de Rio Claro, sejam participando ativamente do grupo ou mesmo como espectadores das muitas apresentações. Esta pesquisa pretende conhecer e analisar a influência na formação profissional de participantes das duas companhias, já formados e atuantes no mercado desde o início das mesmas até o presente ano. Para o desenvolvimento deste estudo será desenvolvida uma pesquisa qualitativa, envolvendo a pesquisa bibliográfica e pesquisa de campo. A técnica utilizada para coleta de dados na pesquisa de campo será o questionário, com perguntas abertas e fechadas. Os participantes da pesquisa serão alunos formados pelo Departamento de Educação Física da Universidade Estadual Paulista/Campus Rio Claro, atuantes no mercado de trabalho nesta área de formação, sendo um participante de cada companhia em cada ano da existência das mesmas. A análise dos dados se dará a partir da técnica de análise de conteúdo proposta por Bardin (2010). Os resultados constataram que os projetos de extensão contribuem para a atuação profissional, uma vez que possibilitam trocas de experiências, aquisição e incorporação de novos conhecimentos, em uma visão ampla de dança. Este novo contexto permite o desenvolvimento do processo de ensino/didática/metodologia, possibilitando desde a graduação o contato com a prática profissional e obtenção de segurança e confiança para atuar no mercado. Palavras Chave: Projeto de Extensão; Dança; Educação Física; Atuação Profissional. ABSTRACT The Projects of Extension in dance of the State University of São Paulo- Campus Rio Claro in 1994 and 1995 with the Dance Companies: Éxciton and Contratempo respectively. From this moment, the dance has always been present on the campus of Rio Claro, is participating actively in group or even as spectators of the many presentations. This research aims to understand and analyze the influence at the participants professional formation of the two companies, already graduated and working since the Dance Companies from the beginning until today. For the development of this study will be conducted qualitative research involving literature and area of study research. The technique used for the collection is a questionnaire with open and closed questions. The research subjects students trained by Physical Education Department of the State University of São Paulo - Campus Rio Claro, active in this area of academic formation, with one participant from each Dance Company in each year of existence. Data analysis will be based on the technique of content analysis proposed by Bardin (2010). The results found that the extension projects contribute to the professional acting, because they enable exchange of experience, acquisition and incorporation of new knowledge, different from previously built on a broad vision of dance. This new framework allows the development of education/ teaching/ methodology, enabling the contact since graduating with professional practice and obtaining safety and confidence to act in the labor maker. Keyworlds: Extention projects – Dance – Physical Education – Professional Acting SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 6 2 REFERENCIAL TEÓRICO. ................................................................................................ 11 2.1 Breve Histórico .................................................................................................................... 11 2.2. Dança e Educação Física.................................................................................................... 13 2.3 Formação de profissionais para atuação em dança.......................................................... 15 2.4. Formação em Educação Física para atuação em dança. ................................................ 17 2.5 Projeto de extensão universitária em dança ..................................................................... 19 2.6 Projetos de extensão em dança na UNESP/ Rio Claro. .................................................... 22 3 MÉTODO ................................................................................................................................ 26 3.1 Amostra ................................................................................................................................ 26 3.2 Procedimentos. .................................................................................................................... 26 3.3 Análise de resultados ........................................................................................................... 27 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ......................................................................................... 28 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................ 39 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................... 41 ANEXO A – Questionário aplicado para a pesquisa do Trabalho de Conclusão de Curso ........ 49 ANEXO B – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ....................................................... 55 ANEXO C – Protocolo de aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa ..................................... 57 6 1 INTRODUÇÃO Ao ingressar na universidade o aluno cria diversas expectativas em relação ao curso. Nem sempre esses anseios são atingidos com êxito, instigando-o a procurar outras fontes de conhecimento sobre o assunto. Neste sentido os projetos de extensão da universidade proporcionam não só essa resposta, mas mostra outras possibilidades. Em um primeiro momento os alunos podem pensar, “Eu gosto de dançar, de ginástica, lutas, esportes, não tenho nada para fazer em determinado horário, gostaria de aprender algo diferente do que conheço, entre outros”, mostrando uma visão restrita a respeito da abrangência da proposta. Com o passar do tempo o interesse acaba ou se aguça, na segunda opção o individuo vai alem, procura desenvolver um papel pedagógico (planejar e executar) ou de caráter investigativo (pesquisa), e busca através dessa experiência uma aprendizagem para a vida toda. A partir desta visão e da experiência pessoal com os projetos de extensão em dança na Universidade Estadual Paulista (UNESP), campus Rio Claro, surgiu o interesse em investigar a contribuição dos projetos de extensão, mais especificamente em dança da UNESP Rio Claro, para a vida profissional dos profissionais de Educação Física que estudaram nesta universidade e que participaram dos projetos que serão estudados no presente trabalho de conclusão de curso (TCC). A dança é considerada uma das mais antigas manifestações artísticas, pois suas representações socioculturais se modificaram durante toda sua história. Esta arte surge de forma rudimentar em aldeias e tribos, como caráter expressivo da população, sendo utilizado em rituais, como a caça, pedidos e agradecimentos (MAGALHÃES, 2005). Na Renascença a dança foi tratada como arte espetáculo destinada ao entretenimento para o povo e as classes altas, nos castelos medievais, como espetáculos de jograis, com poetas, atores, mimos, dançarinos e acrobatas (OSSANA, 1988, p. 62). Em meados do século XX, novas manifestações artísticas surgem para representar a realidade vivida. Rudolf Laban (1879 – 1958), “buscou no movimento da dança uma forma de fazer que o indivíduo tivesse outra relação com seu corpo” (MOMMENSOHN; PETRELLA, 2006, p.11). Para ele não importava desenvolver habilidades eximias, mas a capacidade de criar, recriar e explorar ideias por meio da improvisação. O importante era desenvolver a capacidade de compreender e usar o corpo expressivamente, visto que para ele havia uma clara relação entre corpo, sentimento e razão. (GUIMARÃES, 2006, apud FRANCO 2008, p.56). 7 Campeiz (2003) reafirma o papel da improvisação como possibilidade de ensino da dança. A improvisação parece ser um caminho interessante a seguir no ensino de dança por estar relacionada, principalmente, com toda bagagem de movimento das pessoas sem restringir-se a uma técnica de um estilo específico. A partir da improvisação pode-se criar e recriar danças com liberdade de interpretação de forma crítica e contextualizada. Ela abre espaço para a participação de todos. [...], pois permite o desenvolvimento de uma técnica pessoal que respeita os limites próprios e, aguça a autossuperação consciente. Desse modo permite uma abordagem lúdica e ao mesmo tempo artística [...], estes são elementos indispensáveis para o ensino de dança na área da educação física. (pagina 10). No entanto, apesar da riqueza de possibilidades de movimento e do contexto histórico da dança na sociedade, é possível notar dificuldades no trato com a dança na atuação do profissional de Educação Física, seja para os Bacharéis ou para os Licenciados. Segundo Pereira e Hunger (2009) este debate acontece porque os profissionais em Educação Física, mesmo capacitados, saem para o mercado de trabalho inseguro para o desenvolvimento da dança. A mesma pesquisa constata que opções de trabalho com dança existem e reforça esta observação abordando a situação de mercado de trabalho em dança: Pacheco (1999 apud PEREIRA; HUNGER, 2009) “as dificuldades dos profissionais estão relacionadas à insegurança para trabalhar com dança, pois não receberam formação adequada e necessária para tal em sua graduação; por não encontrar quase nenhum preparo ou pouco subsidio para trabalhar com dança (PEREIRA; HUNGER, 2009); ou não possuir qualificação necessária para trabalhar com o conteúdo” (SOARES, 1999 apud PEREIRA; HUNGER, 2009, p.769). Ao saírem da graduação e se inserirem no mercado de trabalho, os profissionais entendem que para “ensinar dança ou mesmo acreditar tê-la aprendido na universidade, devam ser exímio dançarinos” (PEREIRA; HUNGER, 2009, p.774). No entanto, no contexto escolar a dança deve ser entendida como possibilidades de vivencias e conhecimentos corporais, que podem não fazer parte do dia-a-dia dos alunos, relacionados a aspectos de “musicalidade, expressividade, criatividade, imaginação”, entre outros, “sem visar técnica de execução”. (PEREIRA; HUNGER, 2009, p.774). Porém como a dança dentro dos currículos, principalmente escolares “aparecem e desaparecem”, (BRASILEIRO, 2008, p.523) cada vez mais, segundo Fiamoncini (2003 apud BRASILEIRO 2008) a preocupação central encontra-se no que os “professores e os pais querem ver nos filhos, prevalecendo o olhar do adulto e 8 dificultando qualquer experimentação mais espontânea" (p.524), isso contribui para a limitação do ensino da dança, que muitas vezes, é trabalhada apenas em apresentações, “festividades”, ou oferecidas como opção de “atividades extracurriculares”. (BRASILEIRO, 2003, p.47) Esta limitação não necessariamente diz respeito aos aspectos relacionados à dança, citados anteriormente, mas sim na “ignorância daquilo que pode ser considerado dança” (p.769) e de quem trabalha com este conteúdo. Marques (1990 apud PEREIRA; HUNGER, 2009) afirma que entre as razões para não aplicação da dança podem estar relacionados com “a falta de experiência das pessoas sobre o conteúdo, uma concepção restrita de educação e dança e, também dificuldades de lidar com o corpo” (p.769). Consequentemente isso acaba gerando insegurança por parte dos profissionais que utilizam de outras justificativas para não aplicação do conteúdo como: espaços inapropriados e a resistências de pais e alunos (principalmente meninos) (PEREIRA; HUNGER, 2009, p.774.) Schiavon (2003) aborda este mesmo problema ao discutir a dificuldade dos professores de Educação Física em ensinar na escola outro tema ligado à área mais expressiva dos conteúdos escolares: a Ginástica na escola. É possível que os docentes universitários não consigam relacionar os conteúdos transmitidos com a verdadeira realidade das nossas escolas, e, consequentemente, não preparem os futuros profissionais para serem criativos em suas alternativas frente aos problemas que se depararão para ensinar Ginástica nas aulas de Educação Física escolar. Em muitos cursos de graduação falta o desenvolvimento de aulas em que os graduandos possam vivenciar o “ensinar Ginástica” de modo que possam desmistificar o tabu que muitos trazem consigo em relação à prática da Ginástica (p.18). O mesmo pode ser pensado para a Dança e um dos caminhos para uma maior aproximação com a realidade, pode ser a extensão universitária. Sobre a importância dos projetos de extensão universitária à formação do profissional de educação física Betti (1992) destaca: Vivências extracurriculares e experiências de vida anteriores ao ingresso no curso devem também ser valorizadas. Creio que atividades fora da sala de aula, formais ou informais, e principalmente programas de extensão à comunidade que a imediata dialética teoria-prática, deva ser fortemente estimulada pelas instituições de ensino superior. (p. 248). Para Araújo e Casimiro (2011, p.02) a extensão universitária atua como: 9 Uma forma de interação que deve existir entre a universidade e a comunidade na qual está inserida. É uma espécie de ponte permanente entre a universidade e os diversos setores da sociedade. Funciona como uma via de duas mãos, em que a Universidade leva conhecimentos e/ou assistência à comunidade, e recebe dela influxos positivos como retroalimentação tais como suas reais necessidades, seus anseios, aspirações e também aprendendo com o saber dessas comunidades. Ocorre, na realidade uma troca de conhecimentos, em que a universidade também aprende com a própria comunidade sobre os valores e a cultura dessa comunidade. Assim, a universidade pode planejar e executar as atividades de extensão respeitando e não violando esses valores e cultura. A universidade, através da Extensão, influencia e também é influenciada pela comunidade, ou seja, possibilita uma troca de valores entre a universidade e o meio. Os projetos de extensão em dança da Universidade Estadual Paulista/Campus Rio Claro, discutidos neste trabalho de conclusão de curso, surgem em 1994 e 1995 com as Companhias: Éxciton e Contratempo respectivamente e desde então participam ativamente na formação dos universitários, seja daqueles que participam do projeto mais diretamente ou mesmo daqueles que apreciam e assistem aos espetáculos e aulas. As companhias citadas possuem características diferentes, pela inspiração da fundação de cada uma e pela construção histórica das mesmas. A Companhia Éxciton é um projeto de extensão institucionalizado na UNESP e possui alguns dos integrantes com experiência em dança, outros possuem experiência em esportes, alguns em música, e sem experiência anterior com dança, que só vieram a ter contato com a dança na universidade, por meio da vivência em aulas e dos projetos de extensão universitária. Desde a sua criação a Éxciton mantém sua proposta inicial de priorizar a liberdade dos movimentos corporais, transformando-os plasticamente. Este projeto de extensão seleciona seus bailarinos através de audições, avaliando-os sobre seguintes aspectos: técnica, expressão corporal, e oral; capacidade de improvisação, capacidade de memorização, de coreografia e entrevista (disponibilidade). Além do trabalho do grupo em si, o grupo de bailarinos/estudantes universitários oferecem aulas para a comunidade de: sapateado, jazz, hip-hop, balé clássico e alongamento (GARUFFI, 2011). O outro projeto de extensão em dança do mesmo campus universitário, o Grupo de Dança Contratempo foi descrito pela professora responsável por ambos os projetos durante muitos anos, Cátia Mary Volp (2006), como: Um projeto iniciado em 1995 é formado por alunos (voluntários) [...] e visa divulgar seus trabalhos artísticos em eventos locais e regionais. O projeto atende alunos da graduação e pós-graduação, à comunidade universitária e a comunidade rio-clarense. O grupo apresenta-se em situações de palco, arena e outros espaços alternativos para o publico geral. O objetivo é coreografar e 10 participar de coreografias criadas por componentes do grupo [...]. Possibilita oportunidade dos participantes de planejar, executar e avaliar atividades artísticas deste tipo. O projeto vincula-se com disciplina da graduação, oferecendo aos alunos oportunidades de estágio, de participarem de um grupo de dança e apresentação em festivais e campeonatos. Também proporciona aos participantes uma maior consciência corporal, maior flexibilidade e expressividade, promovendo ainda uma melhoria no relacionamento pessoal. (p.08) Sendo a UNESP uma universidade que conta no Campus Rio Claro com dois projetos de extensão universitária ligados às companhias de dança (Éxciton e Contratempo) há mais de 15 anos, acredita-se que este contexto favorável ao aprendizado da Dança possa ter trazido contribuições à formação dos profissionais de Educação Física, hoje atuantes no mercado de trabalho. Portanto, o propósito deste trabalho de conclusão de curso é: conhecer e analisar a influência na formação profissional dos participantes das companhias Éxciton e Contratempo, já formados e atuantes no mercado desde o início das mesmas, 1994 e 1995 respectivamente, até o ano de 2011. Para tal investigação foi desenvolvida uma pesquisa bibliográfica e uma pesquisa de campo, que será desenvolvida por meio da técnica de questionário com ex- integrantes dos projetos referidos, já formados, sobre as contribuições da participação nestes projetos de extensão em dança à formação profissional dos mesmos. 11 2 REFERENCIAL TEÓRICO. 2.1 Breve Histórico A dança é considerada uma das mais antigas manifestações artísticas, pois suas representações socioculturais se modificaram durante toda sua história. Esta arte surge de forma rudimentar, no Paleolítico o homem mantinha hábitos de predador e sua subsistência era mantida através da “caça, pesca e coleta”, estes forneciam seu alimento, a “pele” sua “roupa”, e os “chifres” seus instrumentos de trabalho. Assim suas danças “referiam-se a eles” e eram executadas em forma de “rituais” que os colocava em “transe” (MAGALHÃES, 2005, p.01). No Neolítico, o homem passa de “predador a produtor”. Aprende a “criar animais e a plantar”, forma as primeiras cidades, nas quais cada grupo possuía “seu próprio ritual e sua própria dança”. No século V A.C, os “movimentos migratórios, o uso de metais e a cultura de outros povos começaram a modificar os costumes existentes e o homem parte em busca de um pensamento racional”. Com isso sua dança perde o caráter ritualista e de transe e passa a ser uma cerimônia. (MAGALHÃES, 2005, p.02) Na Grécia antiga, a dança tinha um papel importante no dia-a-dia desse povo, nos “ritos e cerimônias cívicas ou religiosas, festejos, educação, treinamento militar” entre outros. (FÁTIMA, 2001, p. 36). Acreditava-se que essas “danças eram ensinadas aos mortais pelos deuses para que aqueles os alegrassem, honrassem e agradassem” (MAGALHÃES, 2005, p. 02). “Essas Danças, pouco a pouco foram adquirindo um conjunto de passos, gestos próprios para cada deus a ser invocado e cada situação – o que hoje denominamos coreografia” (MAGALHÃES, 2005, p. 03). Na Idade Média com a expansão do cristianismo, a dança continuou tendo seu lugar dentro do culto, diz-se que em algumas catedrais havia um lugar especifico denominado “ballatória ou choraria” para que os fiéis dançassem para honrar a Deus. Inicialmente a dança era voltada para a exaltação da vida pós-terrena, a distinção entre “bem e o mal, o celestial e o terreno, corpo e mente espiritual e carnal”. Porém a igreja começa a alegar que a principal razão da dança era a salvação do espírito e que o corpo seria um obstáculo, banindo assim a dança de suas cerimônias. (OSSANA, 1988, p. 61). Na Renascença inicia-se um movimento ligado ao poder e à riqueza (CAMARGO, 2008, p. 14). A dança tem sua manifestação como forma de 12 entretenimento para o povo e as classes altas, nos castelos medievais, como “espetáculos de jograis, com poetas, músicos, atores, mimos, dançarinos e acrobatas”. (OSSANA, 1988, p. 62). Aos poucos a dança foi se transformando e se tornando acessível às camadas menos privilegiadas. Esse quadro resultou em uma distinção entre danças na Europa: a dança popular e a dança nobre. A dança popular assegurava a manutenção da energia primitiva encontrada na natureza, enquanto a dança nobre utilizava dessa “substancia natural” para suas composições coreográficas, dando origem ao “balé europeu” (SALVADEO, 2008, p.9). Segundo Garaudy (1980 apud EHRENBERG, 2003, p.51) no romantismo o balé “começa a tematizar lendas e histórias românticas, com ninfas fadas, sonhos”, assim como a “exaltação do amor e dos sonhos” (BOURCIER,1987 apud CAMARGO, 2008, p. 15). Nesta mesma época também surgem as “sapatilhas de pontas (aquela de extremidade rígida e estreita que permite à bailarina dançar na ponta dos dedos), além dos tutus (saias de tecido de tule)” (CAMARGO, 2008, p.15), permitindo uma melhor representação, com movimento leves e pré-estruturados e a exaltação da mulher. Segundo Camargo (2008), “em meados do século XX, pós Primeira Guerra Mundial, as manifestações artísticas necessitavam de uma nova forma de expressão, não mais das ninfas e sonhos, mas uma que representasse a vida real” (p.15). Segundo Garaudy (1980 apud CAMARGO, 2008) surge a “Dança Moderna, onde se buscava afirmar o poder do corpo de mover-se de dentro para fora, com força e precisão” (p.15), mostrando todo o “sentimento, emoção e criatividade do bailarino” (CAMARGO, 2008, p. 15). Isadora Duncan um dos grandes nomes da dança moderna, dizia que a dança e o corpo livre deveriam expressar o mais profundo de sua alma e consequentemente os anseios da humanidade (MARQUES, 2007, p.168). No mesmo raciocínio Campeiz (2003) ressalta que na dança moderna o corpo é capaz de expressar significados do seu intimo, desperta e demonstra “sensações, emoções, sentimentos, expressões” (p.16). A dança está ligada a um papel social e se modifica em função dela, e neste contexto Rudolf Laban também buscou superar o sentido da dança de sua época. Rudolf Von Laban (1879-1958) desenvolveu uma teoria do movimento até hoje em uso por coreógrafos e professores [...]. Ele via na dança um sentido educativo, na medida em que fazia a pessoa descobrir-se consciente, livre, dona e responsável por seu próprio destino. Para ele o trabalho e a dança 13 tinham sua origem no movimento do corpo, do qual fez uma análise com relação ao espaço. (FÁTIMA, 2001, p.45) Segundo Campeiz (2003) Laban afirmava que: “a dança tem lugar nos palcos e na recreação, sendo que, nas escolas, não se busca a perfeição e danças sensacionais, mas o efeito que a criatividade da dança tem sobre o aluno” (p. 10). Muitas vezes, o ato de educar, principalmente na escola, é visto como fazer o aluno ficar parado, ou mexer-se pouco, quando na verdade ele precisa da “ação para descobrir as suas possibilidades de movimento, desenvolvimento da inteligência e criatividade, os sentimentos, afetivos e sociais” (MOMMENSOHN; PETRELLA, 2006, p. 235). Com esse pensamento, Laban desenvolveu uma proposta, uma metodologia utilizada ainda nos dias de hoje, onde a dança segue os princípios universais que regem o movimento de forma geral: espaço, tempo, peso e fluência, sendo esses os principais regentes da “Cruz de Esforço”, chamada por ele. Esses princípios acrescidos à habilidade criativa é objeto de suma importância para qualquer forma de educação. (CAMPEIZ, 2003, p. 10). “A história nos mostra que a dança nasceu e se desenvolveu na medida em que o homem sentiu a necessidade de se comunicar, de se expressar” (SGARBI, 2009, p. 47), de buscar novos desafios e aprendizagens, e, portanto, de se mover. Entre as áreas de conhecimento que trabalha com o corpo em movimento, a Educação Física tem sido referência, sendo profissão reconhecida desde 1998 e seus profissionais devem ser capazes de atuar em diferentes áreas do movimento humano, entre elas, a dança, em diferentes campos de atuação: escolas, academias, clubes, universidades, e com diferentes objetivos: recreação, saúde, cultura, entre outros. 2.2. Dança e Educação Física. A partir de 1980 a Educação Física tem um dos avanços mais importantes e transformadores no processo de reconhecimento da profissão. As produções acadêmicas se intensificaram em função da abertura dos cursos de pós-graduação brasileira, para atender o novo mercado de profissionais recém-chegados dos cursos realizados no exterior, trazendo novas ideias pedagógicas, “abordagens metodológicas” como a motora, desenvolvimentista, critico-superadora, entre outras. Mais especificamente a critico-superadora, apresenta os temas da cultura corporal a serem trabalhados nas aulas 14 de Educação Física escolar como: jogos, dança, esportes, lutas, dança e ginástica (COLETIVO DE AUTORES, 1994), inserindo claramente a dança entre os conteúdos a serem trabalhados. Fica evidente que uma mudança deveria ocorrer e que a Educação Física deveria ser repensada (EHRENBERG, 2003). Segundo Benites, Souza Neto, Hunger (2008) “uma dessas mudanças foi à incorporação de parâmetros normativos em 1987, mesmo que tardio, a Educação Física deu um grande salto em qualidade, ao organizar sua área de estudos em conhecimento” (p. 345) “do ser humano, da sociedade, filosófico, e técnico, conferido a formação profissional do Bacharelado e da Licenciatura, delimitado na Resolução CFE 03/87” (p. 347), “possibilitar a aquisição integrada de conhecimentos e técnicas que permitam atuação nos campos da Educação Escolar (pré-escolar, 1º, 2º e 3º graus) e Não escolar (academias, clubes, centros comunitários/condomínios etc.)” (MARTINS, 2009, p.28). Diante das consecutivas discussões que estavam ocorrendo em função do reconhecimento e da importância que os profissionais em Educação Física exerciam sobre a sociedade e como campo de conhecimento, surge à necessidade da “regulamentação da profissão do Educador Físico, esta conquista então, vem com a publicação da Lei 9696 do dia 1° de setembro de 1998, criando o sistema CREF CONFEF” (BENITES; SOUZA NETO; HUNGER, 2008, p.348). Mas então, onde atuaria esse Educador Físico inserido em uma nova realidade de mercado de trabalho? Para atender a esse questionamento, o sistema CREF-CONFEF determinou na resolução n° 046 de 2002 que: O Profissional de Educação Física é especialista em atividades físicas, nas suas diversas manifestações - ginásticas, exercícios físicos, desportos, jogos, lutas, capoeira, artes marciais, danças, atividades rítmicas, expressivas e acrobáticas, musculação, lazer, recreação, reabilitação, ergonomia, relaxamento corporal, ioga, exercícios compensatórios à atividade laboral e do cotidiano e outras práticas corporais, tendo como propósito prestar serviços que favoreçam o desenvolvimento da educação e da saúde, contribuindo para a capacitação e/ou restabelecimento de níveis adequados de desempenho e condicionamento fisiocorporal dos seus beneficiários, visando à consecução do bem-estar e da qualidade de vida, da consciência, da expressão e estética do movimento, da prevenção de doenças, de acidentes, de problemas posturais, da compensação de distúrbios funcionais, contribuindo ainda, para a consecução da autonomia, da autoestima, da cooperação, da solidariedade, da integração, da cidadania, das relações sociais e a preservação do meio ambiente, os preceitos de responsabilidade, segurança, qualidade técnica e ética no atendimento individual e coletivo. (CONFEF, 2002, p.01, grifo nosso). 15 Ou seja, a dança de alguma forma está inserida na Educação Física, seja nos conteúdos da Educação Física escolar, a partir de uma visão de cultura corporal, ou mesmo nas atividades do profissional de Educação Física. 2.3 Formação de profissionais para atuação em dança. Apesar da dança se inserir no campo de atuação da educação física, esse conteúdo não é exclusivo desta área e nem do direito de atuação no mercado, o que acaba gerando diversas discussões. Entre as principais áreas que tem o direito de desenvolver este conteúdo estão: “Educação Artística, Artes Cênicas, Comunicação Social, Artes Plásticas”, (PEREIRA, 2007, p.12) e principalmente Dança e Educação Física. Com o novo CÓDIGO BRASILEIRO DE OCUPAÇÕES – CBO, os profissionais da dança passaram a ser denominados ARTISTAS DA DANÇA, dentre os quais, consideram-se: Bailarinos, coreógrafos, mestres, ensaiadores, assistentes de coreografia e professores de dança. (CAMARGO, 2008, p. 19) Ré (2002) afirma que o Artista da Dança tem como campo de atuação Professor de cursos livres em academias, escolas, estúdios, escolas de dança, clubes, fundações, empresas, espaços públicos, organizações não governamentais e outros. Pode ainda atuar na educação básica em institutos de educação superior e universidades, seguindo carreira acadêmica (p.01). E cabe a este profissional garantir o ensino da Arte-educação assim como O ensino de técnicas de dança, improvisação, criação, composição e análise do movimento de diversos estilos, [...] coordenar atividades com a equipe cenotécnica, [...] organizar roteiros e/ou estruturas coreográficas contendo diversas linguagens da dança e utilizando-se de recursos humano, técnicos e artísticos, [...] desenvolver consciência cinesiológica, demonstrando conhecimento dos componentes do espetáculo [...] e transportar as ideias, imagens e sensações para a linguagem coreográfica. (RÉ, 2002, p.01) Com esta discussão, é possível perceber que existe uma relação entre as áreas descritas: artistas da Dança e profissionais de Educação Física. Porém as duas se constituem como formação de formas distintas, mesmo que no mercado tenham muitas aproximações no Brasil. 16 Diversos autores relatam as semelhanças e diferenças entre as áreas. Para Pereira (2007) a dança e a educação física têm “o estudo e movimentação do corpo como foco principal, ou seja, ambas são atividades corporais” (p.13). O mesmo é abordado por BRAUN e SARAIVA (2000 apud PEREIRA2007) que afirmam que “a dança e educação física tem em comum o movimento corporal humano” (p.14). Para PACHECO (1999 apud PEREIRA, 2007) “ambas as áreas apresentam características comuns como o (estudo) âmbito motor” (p.14). PELLEGINE (1988 apud CAMARGO, 2008) afirma que “algumas disciplinas são encontradas em ambos os cursos como biomecânica, fisiologia do exercício etc.” (p.34). Pereira (2007) afirma ainda que a dança não se reduz apenas ao caráter motor e físico, mas que ela possui um “caráter artístico, criativo e a expressividade” que nem todas as atividades corporais possuem (p. 15). NANNI (1989) afirma: O diálogo com o corpo é a fase inicial e fundamental da comunicação do homem com o mundo. As possibilidades mecânicas do corpo humano apesar de suas diferenças técnicas, sociais e culturais, são formas genéricas semelhantes. A diferença está na maneira de deixar extrapolar, fluir e vazar o movimento através de diferentes conotações e níveis de sentimento e emoções, técnicas, escolas ou estilos diferentemente ligados ao contexto sócio – cultural. A diferença, portanto, está no uso de padrões motores ligados aos diversos objetivos e finalidades e trazem em essência, cunho, o conteúdo da proposta enfocada. (p.42) Ferraz (2000, apud CAMARGO, 2008) afirma que: Alguns intelectuais e professores de Dança consideram os profissionais da Educação Física incapacitados para trabalhar com a Dança, por o fazerem, geralmente, de maneira acrítica e superficial, enfatizando a abordagem tecnicista da mesma; por outro lado, os profissionais da Educação Física, se consideram no direito em desenvolver este conteúdo, devido a sua formação Acadêmica, por cursar as disciplinas: Anatomia, Cinesiologia, Fisiologia, Atividades Rítmicas e Expressivas, Dança, as quais lidam diretamente com o movimento (CAMARGO, 2008, p.32). Mesmo a dança tendo uma área de conhecimento próprio, a contradição sobre um maior reconhecimento e direito exclusivo da aplicação e atuação na sociedade se encontra que, os artistas da dança, os quais já foram citados, “podem se tornar um profissional através de cursos livres nos estúdios, academias ou escolas (ensino não formal)”, podendo estes “obter o DRT (registro profissional em dança) [...] concedido pelo sindicato de dança, SINDDANÇA” após a aplicação de um exame testando os conhecimentos do candidato (CAMARGO, 2008, p.19). Desta forma o individuo que 17 tenha feito dança durante algum tempo e for aprovado no exame do SINDDANÇA, poderá ser um Artista de Dança e atuar ensinando e desenvolvendo tal conhecimento assim como o profissional de Educação Física. Esta discussão está sendo abordada neste TCC, justamente devido à existência de uma formação específica em Dança e por muitas vezes os profissionais de Educação Física não terem em seu currículo, carga horária suficiente para desenvolver um conhecimento tão amplo e específico como é o caso da Dança. No entanto, esta é uma atividade profissional também do profissional de Educação Física e a discussão principal deste trabalho é sobre a formação insuficiente em Dança nos cursos de Educação Física e como é possível por meio de projetos de extensão em dança influenciar e complementar esta formação. 2.4. Formação em Educação Física para atuação em dança. Mais especificamente abordando a formação em Educação Física e destacando a Dança nesta formação, Morandi (2006 apud UGAYA, 2011) pontua que apesar dos profissionais em Educação Físicas também possuírem o direito de atuação na área: Para a autora, os alunos não se sentem aptos para tratar esse conhecimento em seus espaços de atuação docente porque na maioria dos cursos de graduação em educação física existe apenas uma disciplina semestral direcionada à aquisição de saberes relacionado à dança [...]. Esta situação tem reflexo direto na educação básica e questiona: como esperar que algo pouco desenvolvido, como o conteúdo de dança, possa ser adequadamente trabalhado? (p.46). Ugaya (2011) concorda com essa afirmação no que diz respeito, a dança como componente curricular, que muitas vezes é tratada em outras disciplinas denominadas “atividades rítmicas e expressivas, ritmos e movimento, expressão corporal” (p.43). E ainda questiona: Será que a dança tem espaço digno nos cursos de formação em educação física? Os saberes, os valores histórico-sociais e educativos da dança são reconhecidos pelos docentes e discentes nos cursos de formação em educação? [...] Como têm sido desenvolvidos os programas destinados a trabalhar este conhecimento? (UGAYA, 2011, p.43) A formação inicial em educação física tem uma grande importância na forma como o futuro profissional irá abordar e desenvolver a dança. A possibilidade de vivência da disciplina Dança na graduação de educação física contribui para atribuição 18 de conhecimentos referentes a diferentes bagagens e conteúdos sobre a dança, conceitos de dança e metodologias de aulas (NATIVIDADE; SCHMIDT, 2009). Esta reflexão sobre a Dança que deve ser despertada nos cursos de graduação em Educação Física é bastante importante, pois normalmente os graduandos chegam às universidades, influenciados pela visão da sociedade em geral, de possibilidades restritas para a Dança. A grande maioria entende a Dança como uma forma “estereotipada e preconceituosa” em uma visão restrita de educação (UGAYA, 2011), sendo esta visão restrita um dos principais fatores que impede o desenvolvimento do conteúdo pelos futuros profissionais. Porém o fator crucial vai além das dificuldades já citadas, os problemas estão na insegurança dos profissionais para trabalhar com dança, pois não receberam “formação adequada e necessária para tal em sua graduação; por não encontrar quase nenhum preparo ou pouco subsidio para trabalhar com dança; ou não possuir qualificação necessária para trabalhar com o conteúdo” (PEREIRA; HUNGER, 2009, p.769). Gomes Júnior e Lima (2002) em pesquisa no curso de Educação Física da Universidade Federal de Goiás investigaram o porquê de uma parcela considerável de professores de Educação Física negligenciar a disciplina Dança em suas aulas e, além disso, tratar a Dança de forma preconceituosa. Entre os resultados, uma grande parcela dos professores não teve dança nas aulas de Educação Física, demonstrando que apesar das mudanças já descritas que a Educação Física vem passando, este conteúdo continua desprivilegiado, consequentemente ao ingressar na universidade o interesse pelo conteúdo é menor. Esta falta de interesse por parte dos alunos pode ser percebida nas seguintes afirmações: “quando tive (referindo-se a dança no currículo universitário), eu achei, assim, muito mais descontração que aprendizado”, “por não ter me dedicado à matéria dança, que foi vista no 1º ano” (p.38), “não é uma disciplina motivante para os alunos (homens...)” (GOMES JÚNIOR; LIMA, 2002, p.29). Estas afirmações confirmam a falta de compromisso dos alunos que, viam a disciplina mais como descontração do que aprendizagem ou ainda por acharem que a dança se limita a um gênero, sendo assim, desmotivante para o sexo masculino e sem propósito para a difusão do conteúdo, uma vez que é exclusivo. O estudo de Natividade e Schmidt (2009) apontam que o pouco tempo destinado ao aprendizado da dança na universidade, é outro fator referente a este despreparo profissional, pois os alunos adquirem o conteúdo de forma fragmentada, 19 impossibilitando uma visão interdisciplinar. Os graduandos asseguram que a disciplina dança sozinha, não contribui para a atuação profissional, sendo necessária a associação com as demais oportunidades. Entre essas oportunidades podemos destacar outras disciplinas (ensino), grupos de estudos ou laboratórios (pesquisa), atividades extracurriculares, e projetos de extensão (extensão) oferecidos pelas universidades, as quais entendem que a integração ensino, pesquisa e extensão formam uma tríade eficiente para aquisição e difusão de conhecimento. Segundo Mesquita Filho (1997) o ensino é a união da “aceitação do currículo determinado pela universidade a qual o aluno ingressa, [...] estudos e/ou debates e a síntese” (p.141). O mesmo autor destaca que nesse processo o professor deve ser capaz de transmitir o máximo conhecimento sobre a disciplina de forma que “provoque no aluno um insight”, ou seja, fazer com que o aluno entenda os conteúdos e tome consciência deles, a fim de se tornar um aluno questionador e interessado no assunto. Esse processo é importante, pois o “professor ensina o aluno a pesquisar” (p.141). A extensão deve ser entendida como a articulação entre ensino e pesquisa, pois a partir do “insight provocado em aula” (p.141), o aluno agora também pesquisador procurará a aquisição de “novos conhecimentos” (p.140) a fim de “difundi-los” (p.140). Ao se preocupar com seu objeto de estudo ele procura entrar em contato direto com os anseios e “problemas da comunidade, promover estudos em busca da solução destes problemas e propor - e/ou, até participar da – resolução dos problemas” (MESQUITA FILHO, 1997, p.142). Dessa forma, nesta pesquisa, focaremos nossa atenção para os projetos de extensão mais especificamente em dança. 2.5 Projeto de extensão universitária em dança Essa articulação por meio dos projetos de extensão é frequentemente observada nas universidades. Na Universidade Federal de Viçosa (UFV), o projeto de extensão “Corpo em Movimento”, coordenado pela professora Solange Caldeira tem o propósito de difundir “conhecimento especializado e atualizado sobre dança [...] e contribuir para a qualificação e formação de novos quadros técnicos de criador, intérprete, pesquisador, produtor e profissional em dança no Brasil” (OLIVEIRA, 2011, p.07). Para Oliveira 20 (2011), esse “projeto de extensão também surge para suprir a ausência de aulas práticas na graduação, e permitir que os alunos que almejam uma carreira profissional para a área, de se exercitarem”. (p. 07) Na Universidade Federal da Bahia, a primeira universidade em dança no Brasil, o grupo de Dança Contemporânea da UFBA, busca o desenvolvimento de diferentes estilos de dança, sem perder de vista a qualidade estética e artística. Essas produções tem resultado como extensão, através de apresentação e circulação do espetáculo às comunidades interessadas. Além dessa difusão do conhecimento, esse trabalho busca valorizar os estudantes da Escola de Dança, e pretende oportunizar a vivência desse trabalho artístico e qualificar o futuro profissional para o mercado de trabalho (CÉSAR, 2010). Outro projeto da mesma Universidade (UFBA) é o “Curso em Parcerias”, coordenado pela professora Leda Muhana. Neste o aluno apresenta uma proposta de ensino a uma comissão avaliadora, que o inclui ou não como atividade de extensão. O aluno-profissional recebe um percentual sobre cada aluno, ou aluga uma sala, e é muito utilizado para quem está com pretensão de se inserir no mercado de trabalho. Este sistema possibilita que o aluno vá formando seu próprio grupo de alunos (CERQUEIRA, 2012). Na Universidade Federal de Juiz de Fora, o “Grupo de Dança da UFJF”, tem como objetivo de trabalho “integrar, através da Dança, os discentes das diversas unidades acadêmicas da UFJF e a comunidade externa à mesma” (p.01). O projeto de extensão buscou transmitir o conhecimento da dança através de conteúdos da cultura corporal, respeitando os limites e a realidade histórico-cultural individual. Além disso, as atividades desenvolvidas “baseiam-se nos princípios e valores do pensamento criativo, solicitando ao aluno soluções originais para situações novas ou já vivenciadas” (MAYER; MELO 2004, p.03). Pelo “fato de o grupo estar vinculado a uma instituição universitária, a qual busca não só a transmissão de conhecimentos, mas, ainda, a produção de novos saberes” não só para a comunidade, mas também utiliza desses dados para os grupos de estudos e pesquisas referentes á área, assim como para o aprimoramento dos conteúdos aplicados na graduação da UFJF (MAYER; MELO, 2004, p.03). Na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o projeto “Comunidança”, tem como objetivo de: 21 Capacitar o aluno da licenciatura em Educação Física e bacharelado em Educação Física e Dança para operar no ensino e criação da dança, junto às diferentes realidades dos grupos de trabalho, ou seja, a comunidade local. O projeto investe em pesquisa e na confecção de materiais didáticos aplicados no projeto. Cria-se assim, um espaço para a comunidade manter, ampliar ou mesmo adquirir uma vivência na linguagem artística da dança, além de promover a qualidade de vida do ser humano (UFRJ, 2011, p.1.). Na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), o grupo de dança “Por quá?” é um grupo experimental em dança e tem como objetivo: Propiciar aos alunos-dançarinos a vivência da dança como processo e produto artístico, preparo e apresentação de espetáculo cênico. Este processo específico envolve vários aspectos, tais como: montagem de espetáculos por meio de diferentes processos de criação, o amadurecimento dos alunos- dançarinos com as propostas de espetáculo, o contato com o público, a exposição e a postura como artista e outros que vão surgindo no desenrolar do mesmo processo. (RIBEIRO, 2003 p. 46) Ribeiro (2003) desenvolveu o grupo de dança “Por quá?” e a partir dele desenvolveu sua pesquisa de mestrado, no qual enfatizou o objetivo do trabalho destacado a cima, a sua visão, a visão dos bailarinos e a visão do espectador. Nas entrevistas com os bailarinos, diversas contribuições foram apontadas: descoberta das possibilidades do próprio corpo e a quebra de preconceitos referentes ao dançar, preparação para a formação e momentos de produção de conhecimento, autonomia de criação, de críticas diversas e transformação da realidade pessoal e social, criação individual-coletivo, sendo este, autor de intervenção na sociedade. Na visão do espectador, essa intervenção é sentida, uma vez que para eles o trabalho do grupo não busca a “fuga da realidade, e sim, como forma de revelar, problematizar e intervir na mesma”, aproximando assim a dança ao cotidiano do espectador sem perder o caráter de pesquisa e a subjetividade que a dança trás (RIBEIRO, 2003, p. 89). Na Universidade Estadual Paulista (UNESP), na cidade de São Paulo o projeto de extensão IA dança - Grupo de Dança do Instituto de Artes da UNESP – “foi criado em 2005 e tem por objetivo desenvolver um processo de pesquisa em dança contemporânea” (GODOY; RODRIGUES, 2012, p.01). O grupo de criação, voltado ao público de extensão universitária, é formado por alunos dos cursos de Bacharelado e Licenciatura das áreas de música, teatro e artes visuais e é coordenado pela Profª Drª Kathya Godoy. Também participam do grupo pessoas vindas da comunidade, alunos de outras Universidades, escolas da rede pública de ensino e particulares, ONGs - organizações não governamentais, aspirantes ao curso de mestrado oferecido pelo IA – UNESP e alunos dos cursos do Programa de Pós-Graduação – mestrado (GODOY, 2012, p. 01). 22 “O IA dança investiga a interdisciplinaridade de linguagens artísticas desenvolvendo um processo de criação que dialoga com dança, teatro, música e artes visuais” (GODOY, RODRIGUES, 2012, p.01). “O grupo é vinculado ao PROEX - Pró- Reitoria de Extensão, ao Projeto Núcleo de Ensino Dançando na Escola e também ao GPDEE - Grupo de Pesquisa – Dança: Estética e Educação” (GODOY, 2012, p.01). Com esta integração foi desenvolvido o Projeto Dança Criança na Vida Real, onde seu objetivo era o de “atendimento a uma comunidade excluída, por meio do acesso a elementos da cultura diferenciados daquele em que está inserida”, onde o eixo principal foi o corpo e o movimento expressivo (GODOY et. al, 2008, p. 76). Entre os resultados encontra-se: 1) ter possibilitado ao graduando do IA entrar em contato com essa realidade por meio de ações artístico-educativas que o projeto contemplou 2) ter colocado as professoras das classes participantes em contato com as possibilidades concretas e resultados apresentados pelos alunos, advindos da prática corporal no contexto da dança como componente integrador do currículo escolar e 3) ter produzido um material inovador que foi apresentado e disponibilizado para a Escola (GODOY et. al, 2008, p. 76). Desta forma fica evidente que os projetos de Extensão com articulação entre Ensino e Pesquisa, proporcionam para o aluno vivencias, experiências, transformações pessoais, sociais e de intervenção, e, contato com a realidade, suprindo em partes a sua formação escassa de maiores conhecimentos relacionada à área, que consequentemente influenciarão no futuro profissional. 2.6 Projetos de extensão em dança na UNESP/ Rio Claro. Os projetos de extensão em dança da Universidade Estadual Paulista/Campus Rio Claro, discutidos neste trabalho de conclusão de curso, surgem em 1994 e 1995 com as Companhias: Éxciton e Contratempo respectivamente, e desde então participam ativamente na formação dos universitários, seja daqueles que participam do projeto mais diretamente ou mesmo daqueles que apreciam e assistem aos espetáculos e aulas. Ambos os projetos foram iniciados pela professora Cátia Mary Volp, que os coordenou até 2010, quando então, a coordenação1 foi passada para a professora Silvia Deutsch. 1 A professora Cátia Mary Volp faleceu em dezembro de 2010. 23 Éxciton e Contratempo possuem características diferentes, pela inspiração da fundação de cada uma e pela construção histórica das mesmas. A Companhia Éxciton é um projeto de extensão institucionalizado na UNESP e possui alguns dos integrantes com experiência em dança, outros possuem experiência em esportes, e alguns em música, sendo que alguns só vieram a ter contato com a dança na universidade, por meio da vivência em aulas e dos projetos de extensão universitária (GARUFFI, 2011). Segundo Silva (1996), “o objetivo da companhia é aproveitar cada uma dessas linguagens, trabalhando-as de forma a possibilitar a participação de todos e o crescimento de cada um” (p.27). “Desde sua criação, a Éxciton mantém a proposta inicial, de priorizar a liberdade dos movimentos corporais, transformando-os plasticamente”. (GARUFFI, 2011, p. 01) e “modificando apenas os trabalhos à medida que o desenvolvimento conjunto, trouxer novas ideias a serem incorporadas” (VOLP, 1999, p.39). Além de representar a UNESP, zelar e divulgar a instituição e a própria Companhia faz parte das tarefas dos integrantes: criação e movimentação, criação de performances, criação de espetáculos, assistência á demonstração e espetáculos, adaptação a materiais alternativos, resolução de problemas individuais e em grupos, planejamento e implementação de oficinas, pesquisas bibliográficas, participação em apresentações, manutenção do repertório da Companhia, planejamento, execução e avaliações de audições para seleção de novos integrantes, exercícios de incentivar e criticar os companheiros de forma saudável, exercício de aceitar críticas e ajuda etc. (VOLP, 1999, p. 39). “A Éxciton seleciona seus bailarinos (alunos e alunas) através de audições, avaliando-os sobre seguintes aspectos: técnica, expressão corporal, e oral; capacidade de improvisação e de memorização, de coreografia e entrevista (disponibilidade)”. (GARUFFI, 2011, p. 01). Busca-se que o “novo ingressante seja capaz de atingir os objetivos da companhia e seja igualmente capaz de confeccionar espetáculos e aulas” (CARNEIRO, 2010, p.05). As aulas contam com as seguintes modalidades: “sapateado, jazz, hip-hop, balé clássico e alongamento” (GARUFFI, 2011, p.01) que são oferecidos à comunidade, assim como os espetáculos. Volp (1999) relata as oportunidades de se participar de atividades como essa: Vivenciar de uma experiência única, que não são comuns aos cursos aos quais pertencem, e que contribuem em muito para a qualidade de formação [...]. Estes serão profissionais diferenciados e, com certeza melhor preparados para enfrentar o mercado de trabalho (VOLP, 1999, p. 39). O projeto de extensão “Grupo de Dança Contratempo” segundo Volp (2006) é: 24 Um projeto formado por alunos (voluntários) [...] e visa divulgar seus trabalhos artísticos em eventos locais e regionais. O projeto atende alunos da graduação e pós-graduação, à comunidade universitária e a comunidade rio- clarense. O grupo apresenta-se em situações de palco, arena e outros espaços alternativos para o publico geral. O objetivo é coreografar e participar de coreografias criadas por componentes do grupo [...]. Possibilita oportunidade dos participantes de planejar, executar e avaliar atividades artísticas deste tipo. O projeto vincula-se com disciplina da graduação, oferecendo aos alunos oportunidades de estágio, de participarem de um grupo de dança e apresentação em festivais e campeonatos. Também proporciona aos participantes uma maior consciência corporal, maior flexibilidade e expressividade, promovendo ainda uma melhoria no relacionamento pessoal (p.08). Deutsch (2011) fala deste vínculo entre ensino e extensão, importantes tanto aos trabalhos atuais, como para preparar os alunos ao futuro profissional: As disciplinas de “Atividades Rítmicas e Expressivas”, “Dança”, “Danças de Salão” e “Projetos Integradores”, são as que têm se articulado mais enfaticamente com os trabalhos do grupo. Tanto o conteúdo teórico quanto o prático tem oferecido subsídios aos trabalhos em geral, do grupo. (p.12). O Grupo de Dança Contratempo, não possui muitos registros, desta forma foram utilizados formulários de relatórios finais e parciais de projetos de extensão referentes aos anos 2004 a 2010, disponibilizados pela vice-diretoria para fins acadêmicos. Em 2005, em função da necessidade de reerguer o grupo desfalcado no ano anterior, o grupo busca novas estratégias de inovar e renovar. Entre essas mudanças, encontra-se a divisão de funções, onde cada uma deveria se preocupar em organizar, planejar, coordenar e executar a função incumbida da melhor forma possível para garantir um melhor funcionamento do grupo. As participantes, até então apenas do sexo feminino, tiveram a preocupação de realizar aulas técnicas de diferentes estilos tanto com professores convidados, como entre elas para aumentar o repertório motor, uma vez que nem todos que participam no grupo têm uma experiência prévia em dança, aprimorar as técnicas de quem já possuía e desenvolver uma prática pedagógica dessas futuras profissionais. A fim de mostrar e divulgar esse trabalho, as alunas montaram suas próprias coreografias com base em pesquisas sobre o tema de cada coreografia. (VOLP, 2006) Para o ano de 2006, o grupo manteve as mesmas mudanças, porém em função do trabalho realizado em 2005 houve a necessidade de realizar uma audição, onde os alunos em pretensão de inserção no grupo eram avaliados por um “critério de seleção estabelecido, mostrando que estariam comprometidos com o grupo e iriam colaborar nas apresentações” (VOLP, 2007, p.06). . 25 Em relatório refrente ao ano 2007, Volp (2008), afirma que: A pesquisa corporal para a composição foi intensa e os treinamentos continuam. A contribuição para a formação das integrantes é muito significativa, pois participam de todas as etapas e de todas as atividades relativas ao grupo [...]. Diferentemente da participação de grupos de academias onde apenas treinam, a experiência neste grupo incorpora ambos os lados de um grupo de dança (p.03). Em 2008, apesar da grande adesão de pessoas na audição, o grupo novamente sofreria um desfalque, pois as participantes em ano de formação, não tiveram a preocupação de selecionar novos ingressantes da universidade, dessa forma o grupo em 2009 poderia deixar de existir. Porém alunos do 1° e 2° ano em Educação Física de ambos os sexos, interessados na dança começaram um novo trabalho. Inicialmente houve a preocupação de realizar aulas e montar coreografias individuais com o mesmo objetivo anteriormente descrito, somados à criação de espetáculos e apresentações. Atualmente o grupo se preocupa em selecionar novos integrantes que estejam ingressando na universidade, para que o grupo sempre se renove. (DEUTSCH, 2010) Desta forma o presente Trabalho de Conclusão de Curso, acredita que este contexto favorável ao aprendizado, da Dança possa ter trazido contribuições à formação dos profissionais de Educação Física, hoje atuantes no mercado de trabalho, hipótese esta que foi verificada pelo método exposto a seguir. 26 3 MÉTODO Para este estudo foi desenvolvida uma pesquisa qualitativa, envolvendo pesquisa bibliográfica e pesquisa de campo. A técnica para a coleta de dados da pesquisa de campo foi de questionário (anexo 1) com perguntas abertas e fechadas. Segundo Marconi (1988) “questionário é um instrumento de coleta de dados, constituído por uma série ordenada de perguntas, que devem ser respondidas por escrito sem a presença do entrevistador” e interferência do mesmo (p.74). Esta pesquisa de TCC foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual Paulista/Campus Rio Claro, com parecer: Protocolo n° 1690, data de registro CEP: 07-03-12. 3.1 Amostra A amostra foi constituída por um participante de cada companhia (Éxciton e Contratempo) por ano desde o início das mesmas, 1994 e 1995 respectivamente, até os formados em 2010, totalizando 33 participantes. Os critérios estabelecidos, além dos já citados, para determinação dos participantes são: - profissionais de Educação Física formados em Bacharelado ou Licenciatura plena no Departamento de Educação Física da Universidade Estadual Paulista/ Campus Rio Claro até 2010; - participantes de uma das companhias de dança; - atuantes no mercado de trabalho nesta área de formação. - disponibilidade em participar da pesquisa. 3.2 Procedimentos. Os participantes desta pesquisa foram contatados por rede social (facebook) e endereço eletrônico. Através desses contatos foi possível enviar os questionários e Termo de Consentimento Livre e Esclarecido os quais deveriam ser retornados: - Questionário: via e-mail ou rede social como anexo. 27 - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido: via correio ou e-mail, sendo que este ultimo o documento deveria ser escaneado. Independente da forma de envio, o documento deveria conter a assinatura do participante, validando sua participação na pesquisa. 3.3 Análise de resultados A análise de resultados será realizada por análise de conteúdo que segundo Bardin (2010) é “um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando obter por procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitem a inferência de conhecimento relativo às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) desta mensagem” (p. 44). Para Leville, Dionne (1999), “o princípio da análise de conteúdo: consiste em demonstrar a estrutura e os elementos desse conteúdo para esclarecer suas diferentes características e extrair sua significação”, ou seja, em um primeiro momento, “realiza-se uma entrevista a qual será transcrita, o material é descrito em ordem cronológica dos documentos, acompanhado de notas sobre a natureza e a fonte de cada um e, eventualmente, um breve apanhado de seu conteúdo”. (p.214). Em seguida “empreende- se um estudo, sobre as palavras e frases que o compõe, procura-se um sentido , capta a intenção, compara, avalia, descarta o acessório, reconhece o essencial e seleciona em torno das ideias principais”, a fim de confirmar a hipótese ou modifica-la (LEVILLE, DIONNE, 1999, p.214). 28 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES O presente estudo tinha como proposta inicial a amostra de 33 participantes, no entanto, como muito frequentemente acontece em pesquisas com questionários, tivemos o retorno de 11 participantes, sendo cinco ex-participantes da Cia Éxciton, cinco ex- participantes do Grupo de Dança Contratempo e um ex-participante de ambas as companhias. O período de participação desses participantes nos projetos de extensão Éxciton e Contratempo (Quadro 1): Quadro 1: Período de participação dos participantes nos projetos de extensão em Dança da UNESP Rio Claro A partir desses dados buscou-se conhecer e analisar qualitativamente a influência na formação profissional dos participantes das companhias anteriormente citadas e períodos já estabelecidos. O Quadro 2 mostra a atuação profissional desses participantes. Quadro 2: Atuação profissional dos participantes da pesquisa desde a formação 29 Quadro 3: Experiência profissional dos participantes na área de Dança. 30 Entre as repostas obtidas referentes à atuação profissional, encontram-se os seguintes resultados: 81.81% são professores, 18.18% são professores universitários, 9.09% são Treinadores Pessoais e 9.09% são Instrutores. Destes 18,18% atuam em Atividades Rítmicas e Expressivas, 18.18% com Dança, 9.09% com Dança de Salão, 9.09% com Balé e 9.09% com Dança escolar voltado especificamente às festividades. Nota-se que apesar da participação em um grupo de dança, nem todos seguiram esta área de atuação, 45.45% dos participantes atuam ou atuaram em aulas de Ginástica de condicionamento físico, 18.18% em Hidroginástica, 18.18% em Natação, 18.18% em Musculação, 9.09% em Pilates, 9.09% Vôlei para a Terceira Idade, 9.09% com Iniciação Esportiva 9.09% em área escolar, 9.09% Ginástica Artística e 9.09% Rope Skipping. É possível estabelecermos uma direta relação com atividades essencialmente coordenativas, expressivas e/ou rítmicas no mercado de trabalho dos participantes da pesquisa, como é o caso das ginásticas de condicionamento físico, ginástica artística e rope skipping2, sendo 89,89% com atividades coordenativas, rítmicas e/ou expressivas, características essas diretamente relacionadas à prática da Dança. Segundo Marques (1996) em sua pesquisa enfatiza a prática do Step, ginástica de condicionamento físico que se utiliza de um plano elevado para realizar movimentos consecutivos de subida e descida com variação especifica e extensa de movimentos, relata que esses movimentos sequenciados, são realizados ao ritmo de uma musica, o qual pode associar a definição de coreografia. O mesmo acontece com outras aulas de ginástica de condicionamento coreografadas. Em relação à Ginástica Artística (GA), Costa (1995), menciona esta ligação entre a dança e a GA, principalmente nos aparelhos Trave de equilíbrio e Solo: “a ginasta deve apresentar musicalidade, ritmo, expressão corporal e ligações coreográficas esteticamente agradáveis, tornando a série harmoniosa” (p.18). Gula (1990 apud Costa, 1995) afirma que: “a fim de ser melhor preparar para a competição, a ginasta deve treinar desde cedo à técnica da dança, o que significa aprender os movimentos específicos da dança com a técnica correta” (p18). Costa (1995) ainda menciona “é através do trabalho de dança que são desenvolvidos: a musicalidade e o ritmo, [...] saber contar as batidas da música, ou possuir um senso natural de ritmo [...]. A presença da música estimula a atleta a demonstrar mais expressividade e ajuda a marcar o tempo de seus elementos” (COSTA, 1995, p. 22). 2 Modalidade competitiva envolvendo manobras com cordas. 31 “O Rope Skipping, é uma prática esportiva caracterizada pela realização de acrobacias, giros, saltos, diversos movimentos oriundos das ginásticas, atreladas aos saltos na corda”, sendo uma atividade essencialmente coordenativa (MENDES, 2004, p.12). No que se refere à competição desta modalidade, ela se faz avaliando, aspectos como criatividade, velocidade, sincronismo e combinação dos elementos executados durante uma apresentação (performance), que pode se dar individualmente ou por equipe. Esta apresentação costuma vir acompanhada de uma musica, caracterizando-a assim, como uma composição coreográfica (MENDES, 2004, p. 13). Como citado anteriormente, muitas atividades tem um vinculo direto com a dança, que não necessariamente é a dança em si. Como relatado por Ugaya (2011), a dança muitas vezes é tratada em outras disciplinas denominadas “atividades rítmicas e expressivas, ritmos e movimento, expressão corporal” (p.43), não tendo um espaço próprio para ela dentro da área de educação física, ao mesmo tempo, defende que não se pode reduzir a dança em uma única forma de manifestação e propagação, o desenvolvimento deste conteúdo ou tema por diferentes áreas de conhecimento, possibilita uma nova visão, forma de aplicação, aquisição e incorporação do mesmo. (UGAYA, 2011). Em relação à experiência em Dança anterior à Universidade, o Quadro 4 expõe os resultados: Quando 4 – Experiências em Dança anterior à vida universitária O Quadro 4 mostra que todos os participantes tiveram uma experiência prévia em algum estilo de dança. Dos 11 participantes, o estilo de dança que mais se destacou foi o Balé Clássico, sendo descrito por 72.72 % deles, seguido do Jazz, com 72.72% dos 32 participantes, Dança Contemporânea com 36.36%, Sapateado com 18.18 %, Estilo livre e Curso profissionalizante de dança, contou com 9.09% cada um. Quadro 5- Experiência em Dança Posterior a universidade. Em relação ao resultado de “experiências com Dança posteriormente à universidade” e “outras experiências referente às práticas corporais”, 63.63% dos participantes continuaram a dançar e 27.27% buscaram novas práticas corporais. Desses 63.63% participantes, 27.27% permaneceram em pelo menos um estilo de dança já vivenciado anterior à universidade, entre eles Balé Clássico, jazz e sapateado, dessas três, 18.18% buscaram novos estilos, Balé Moderno e Street Dance e 36.36% não continuaram a dançar. Ainda relacionado à dança, 27.27% participantes buscaram novas experiências diferentes dos vivenciados anterior à universidade, sendo eles danças circulares, curso de dança esportiva, bailarina de show e banda, e 54.54% não realizam outras práticas, mesmo assim mostra-se que os projetos de extensão na universidade podem ter incentivado a manutenção da prática de dança, alguns mantendo os mesmos estilos e outros buscando outras experiências nesta área. Um dos participantes para a mesma questão coloca a Ginástica Geral como dança pelo fato de em sua opinião existir muito desta em sua composição, alegando ser um forte viés do grupo. De fato a dança é incorporada à Ginástica Geral, conforme Gallardo e Souza (1996) conceituam: [...] uma manifestação da cultura corporal, que reúne as diferentes interpretações da Ginástica (Natural, Construída, Artística, Rítmica Desportiva, Aeróbica etc.) integrando-as com outras formas de expressão corporal (Dança, Folclore, Jogos, Teatro, Mímica etc.), de forma livre e 33 criativa, de acordo com as características do grupo social e contribuindo para o aumento da interação social entre os participantes. (p.292). Sendo assim, colocaria esta prática na questão referente a “outras experiências referentes às práticas corporais”, juntamente as demais respostas, nas quais apenas 45.45% dos participantes relatam ter participado ou participar de alguma prática corporal, entre elas, Pilates, Teatro, Ginástica Artística, Rope Skipping, Ginástica e Musculação. Em relação às respostas sobre a contribuição à formação profissional com a participação nos projetos de extensão em Dança, foram obtidas as seguintes respostas: 36.36% contribuiu significativamente, 63.63% contribuiu de forma satisfatória. Não houve respostas alegando nenhuma ou pouca contribuição. . A fim de melhor analisar esta contribuição os participantes foram questionados sobre as razões que os levaram a participar dos projetos de extensão. Quadro 6- Quais razões o (a) levaram a participar do (s) projeto (s) em dança de extensão da universidade da UNESP/Rio Claro. Dos resultados obtidos no quadro 6, 90.90% dos participantes declararam ter participado dos projetos de extensão por prazer a prática, 9.09% pelo motivo de manter- 34 se em movimento, criar, aprender e dividir técnica e 9.09% buscava uma nova experiência, que não apenas a de bailarina. O quadro 7 expõe uma explicação mais detalhada relacionando extensão e atuação profissional. Quadro 7 - Contribuições e relações da participação no (s) projeto (s) de extensão em dança e atuação profissional. No quadro 7, os participantes apontaram a busca por novos conhecimentos como fator principal nesta relação. Ao ingressar na universidade, como descrita na tabela anterior, os participantes procuraram suprir alguns anseios pessoais, relacionado ao prazer da prática e os sentimentos que os envolvia. Porém possuíam uma visão restrita “DA DANÇA” (P6), limitada a cópias, execuções, demonstrações e imposições do coreógrafo, esta ultima 35 citada mais de uma vez. Outros dois declararam ter encontrado nos projetos de extensão a oportunidade de se manter em movimento praticando uma atividade física regular. Neste caso é necessário que se leve em consideração que o professor, ora “bailarino/professor, ora coreógrafo/professor é tido como referencia a ser imitada, tendo no domínio da técnica e de habilidades a sua metodologia e no repertório o seu privilégio”. (BRASILEIRO, 2008, p. 54). Com relação à imposição e movimentos limitados á cópia e execução Bernardino (2010), afirma que, hoje existem “diversas escolas de balé que dão ênfase em diferentes técnicas” (p.14), que buscam de forma geral trabalhar rigor do movimento e execução para que o aprendiz/bailarino seja dotado de “força, equilíbrio, elasticidade e porte” (p.15), a fim de “moldar o seus corpos para qualquer exigência coreográfica que lhe for apresentada” (p.15). Preocupa-se com as repetições dos exercícios de forma individual e em sequenciados, para que o bailarino/aluno aprenda a assimilar um conjunto de passos de forma rápida. “Estes métodos acreditam na importância de cada estudante, e oferecem a eles o desafio, através de um exame, mostrar seu entendimento e conhecimento do trabalho desenvolvido por eles”. (p. 15). No entanto como citado pelos participantes, este pode ser uma visão reduzida de dança, pois como pontuado por Scarpato (2004 apud GALLINA, 2008), “movimento imitados, podem reduzir a visão de consciência corporal ao conhecimento” apenas a nomes e movimentos [...] (p.21). A autora acrescenta ainda que muitos alunos dentro da própria universidade, por terem uma visão restrita de movimento, do próprio corpo e por se importarem com a forma de aceitação dos colegas (que pode estar relacionado a fatores culturalmente construídos), não conseguem relacionar esse movimentos com experiências ao longo da vida, as quais são expressas na postura, na maneira de andar, e no modo de ser ou estar no mundo (GALLINA, 2008). Porém os projetos trouxeram novas contribuições para os participantes referente ao comprometimento, respeito, disciplina, possibilidades de expressão corporal, aprendizado, construção do próprio movimento, do processo criativo, da possibilidade de divisão e a aquisição de novos conhecimentos. A aquisição de novos conhecimentos foi otimizada, pois a composição dos grupos era heterogênea no sentido de características e experiências individuais, dando à oportunidade aos participantes de ter contato com a prática profissional de ensino/didática e metodologia (planejar, organizar, executar), ainda na Universidade. 36 Este contexto se confirma com as seguintes afirmações “A extensão em dança na universidade abrange uma parcela da prática da dança que as academias e escolas “profissionais” não alcançam” (P9). Na dança que eu realizava antes da universidade, eu apenas copiava e executava algo imposto pelo coreógrafo. Isso também me dava prazer, mas no projeto eu, assim como todos os integrantes, participava ativamente de todos os processos, tanto de construção quanto de execução. Penso que justamente isso tenha sido o maior aprendizado, além de ser a bailarina em alguns momentos fui coreógrafa, em outros fui professora, em outros fui maquiadora, etc., etc., etc.,... aprendi a trabalhar com a Dança em sua amplitude. (P6) Estas experiências visivelmente são transferidas para a atuação profissional, o participante que ainda na graduação, tem contato com as diferenças individuais e sabe buscar estratégias para otimizar tais características e conhecimentos, ou novas estratégias para tornar este individuo homogêneo em relação ao grupo, desenvolve o processo ensino/didática/metodologia, ampliando sua visão para o verdadeiro sentido da dança, vivencia desde já a prática profissional, e cria uma maior “segurança” (P3) e confiança para atuar no mercado. Como já descrito anteriormente, os projetos de extensão surgem para suprir a ausência de aulas práticas da graduação, e permite que os alunos exercitem desde a graduação esta prática profissional (OLIVEIRA, 2011). Além disso, é buscado o desenvolvimento do pensamento criativo, a fim de solucionar problemas e situações novas ou já vivenciadas, contribuindo para a produção de novos saberes (MAYER, MELO, 2004). Estes novos saberes podem estar relacionados a vários fatores, como o descobrimento das possibilidades do próprio corpo e a quebra de preconceitos referentes ao dançar, autonomia de criação individual - coletivo, de criticas diversas e transformação da realidade pessoal e social, vivencia da dança como processo e produção artística, momentos de produção de conhecimento e preparação para a formação. (RIBEIRO, 2003). Este conhecimento referente ao “lidar com as diferenças” pode ser claramente visto em uma das respostas obtidas, um dos participantes, sentiu a necessidade de unir o seu conhecimento a outros novos e buscar estratégias e fontes criativas de levar esta oportunidade (a dança) a uma população especial. Outras formas de intervenção ocorreram através de cursos, oficinas e ensino escolar e superior. Esses relatos demonstram a importância dos projetos de extensão para a atuação profissional, pois são experiências adquiridas e incorporadas. A Universidade oferece Ensino, Pesquisa e Extensão, que em conjunto devem garantir a “investigação e atuação 37 de ensino e aprendizagem e suas mediações em espaços formais e não formais, por meio da formação inicial e continuada de professores” (GODOY, 2012, p.01). Todos os fatores citados até aqui se fazem importantes para compor o processo de graduação e, portanto para a atuação profissional. Até o presente momento diversos aspectos positivos foram citados, porém o Quadro 7 apresenta alguns aspectos que poderiam ser melhorados. QUADRO 8 – Sugestões e/ou críticas aos projetos de extensão universitária de dança da UNESP/Rio Claro? Entre os citados, o que chama mais atenção é a preocupação com o pouco incentivo da Universidade e acompanhamento dos professores (coordenadores), das seis respostas destacadas, três (50%) demonstram esta necessidade. Atendendo este quesito, os outros dois relatados principalmente por ex-participantes do grupo de Dança Contratempo poderiam também ser melhorados. Se os coordenadores acompanham de perto o desenvolvimento dos grupos, preocupando-se em desenvolver a tríade da Universidade, Ensino, Pesquisa, Extensão, o desenvolvimento poderia ser proporcional entre eles e dessa forma atenderiam as metas estabelecidas pela Universidade igualmente, permitindo ter os mesmos direitos e deveres. E por fim os participantes no ultimo quadro puderam apresenta outros comentários caso sentissem tal necessidade. Quadro 9 - Outros comentários dos participantes da pesquisa sobre os projetos que vivenciaram: 38 Apenas dois participantes sentiram essa necessidade, relatando a gratificação em saber que estes trabalhos, que eles mesmos ajudaram a construir são realizados com dedicação e seriedade, e que projetos de extensão em dança como o da UNESP Rio Claro – SP devem ser tidos como exemplos as demais universidades, pois é nelas que se formarão os futuros profissionais que propagarão os conhecimentos produzidos dentro delas. 39 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Este trabalho de conclusão de curso teve como objetivo conhecer e analisar a influência na formação profissional dos participantes das companhias Éxciton e Contratempo, já formados e atuantes no mercado desde o início das mesmas, 1994 e 1995 respectivamente, até o ano de 2010. Através da análise dos dados obtidos com estes ex-participantes especificamente, verificamos que as pessoas que procuram os projetos de extensão em dança, já tiveram contato anterior a universidade e buscam esta opção principalmente para suprir a necessidade de continuar dançando. No entanto ao ingressarem nesses grupos, descobrem uma DANÇA mais ampla, do que aquela de seus conhecimentos restritos. Esta nova dança possibilita que o participante não apenas reproduza algo imposto pelo coreografo como forma de demonstração, mas que demonstre cada experiência descoberta, adquirida e incorporada que obteve. Esta dança possibilita que o aluno ensine, divida, crie, descubra o próprio corpo, solucione problemas, construa, participe de todos os processos e aprenda, possibilitando assim, desde a graduação, o contato com a prática profissional de ensino/didática e metodologia (planejar, organizar, executar), adquirindo maior segurança e confiança para atuar no mercado de trabalho. Nem todas as participantes após a universidade permaneceram ou atuaram na área da dança, alegando que outras áreas de conhecimento também as atraíram. Mesmo assim, dentre as respostas obtidas, muitas tinham relação direta com a dança e mesmo as que não tinham, entre as participantes demonstra-se a contribuição desta experiência para a atuação profissional: “Na companhia conheci e me apropriei de muitas possibilidades [...] e isso eu carrego até hoje em minha atuação profissional” (P6). No entanto é necessário que estes projetos tenham mais registros de seu desenvolvimento e que possam ser disponibilizados com o intuito de gerar futuras pesquisas, pois este foi uma das limitações desta pesquisa. Outra dificuldade e limitação deste estudo foi o retorno de 3,33% dos Questionários perto do esperado, um estudo com um numero maior de participantes poderia trazer novas contribuições alem das já citas e tão enriquecedoras como essas. Esta pesquisa utilizou de dois grupos de Dança, dos projetos de extensão da UNESP/ Rio Claro, o que não necessariamente pode ser generalizado para outros projetos e realidades, mas que aponta para possibilidades concretas de contribuição para 40 a formação profissional, assim como já estudado em projetos de outras práticas corporais e de dança expostos no estudo. Uma importante contribuição deste estudo e que pode gerar novas pesquisas foi a exposição do ponto de vista dos participantes, estudantes de educação física e hoje profissionais sobre os projetos que vivenciaram na Universidade, oferecendo um retorno para a esta instituição sobre pontos positivos e sobre aspectos a serem melhorados. 41 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARAÚJO, F. P.; CASIMIRO, L. C. R. S. A importância dos projetos de extensão universitária na formação de cidadãos leitores. Disponível em: Acesso em: 22 dez. 2011. BARDIN, L. Análise de Conteúdo. Lisboa: Edições 70, LDA. 2010. BENITES, L. 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Vice-diretora - Instituto de Biociências. Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Rio Claro – SP, 2006. VOLP. C. M. Formulário de Relatórios Finais de Projeto de Extensão. 08f. 2007. Vice-diretora - Instituto de Biociências. Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Rio Claro – SP, 2007. VOLP. C. M. Formulário de Relatórios Finais de Projeto de Extensão. 09f. 2008. Vice-diretora - Instituto de Biociências. Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Rio Claro – SP, 2008. VOLP. C.M. Grupo Contratempo (2006). Vice-Diretoria - Instituto de Biociências. Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Rio Claro - SP. Disponível em: Acesso em: 26. dez.2011. 49 ANEXO A – Questionário aplicado para a pesquisa do Trabalho de Conclusão de Curso PESQUISA “PROJETOS DE EXTENSÃO EM DANÇA DA UNESP/RIO CLARO: CONTRIBUIÇÕES À FORMAÇÃO PROFISSIONAL DOS ESTUDANTES DE EDUCAÇÃO FÍSICA” Obs. Sempre que necessário utilize o verso para dar continuidade às respostas 1. IDENTIFICAÇÃO E DADOS PESSOAIS (estas informações não serão divulgadas): Nome:_______________________________________________________________ Data de hoje: ______ / _____ / ________ Data de Nascimento: ______ / ______ / ________ Idade: ____________________ Sexo: ( ) Feminino ( ) Masculino Cidade: _________________________________________ Estado: _____________ Fone residencial: ( ) _________________ Celular: ( )______________________ E-mail: _______________________________________________________________ Ano de formação em bacharelado na Unesp:_________________________________ Instituição: ___________________________________________________________ Ano de formação em licenciatura na Unesp:_________________________________ Instituição: ___________________________________________________________ ( ) Especialização Lato Sensu Área / Instituição: ____________________________ ___________________________________________________________________ ( ) Mestrado em: _____________________________________________________ ( ) Doutorado em: _____________________________________________________ ( ) Pós-doutorado em: __________________________________________________ Participou de quais projetos de extensão em dança? ( ) EXCITON - Qual o período de participação? De: __________ a _________ ( ) CONTRATEMPO - Qual o período de participação? De: _______ a ______ 50 2. Atuação profissional em Educação Física Há quanto tempo você atua como profissional de Educação Física? ( ) menos de 2 anos ( ) 3 a 5 anos ( ) 5 a 10 anos ( ) 11 a 15 anos ( ) 15 a 20 anos Descreva abaixo suas ultimas atuações profissionais em Educação Física, tendo como preferência as relacionadas á dança (caso exista). Atuação em Educação Física:_____________________________________________ Local de trabalho:______________________________________________________ Período:_____________________________________________________________ Atuação em Educação Física :____________________________________________ Local de trabalho:______________________________________________________ Período:_____________________________________________________________ Atuação em Educação Física :____________________________________________ Local de trabalho:______________________________________________________ Período:_____________________________________________________________ Atuação em Educação Física:_____________________________________________ Local de trabalho:______________________________________________________ Período:_____________________________________________________________ 3. Experiências com dança ANTERIORES à Universidade Participou de experiências com dança, anteriores à Universidade? ( ) NÃO ( ) SIM. Em caso positivo preencha o quadro abaixo: 51 Qual experiência Quanto tempo Qual faixa etária Instituição/Cidade 4. Experiências com dança POSTERIORES à Universidade Participou de experiências com dança, posteriormente à Universidade? ( ) NÃO ( ) SIM. Em caso positivo preencha o quadro abaixo: Qual experiência Quanto tempo Instituição/Cidade 52 5. Outras experiências relacionadas à atividades corporais? Qual experiência Quanto tempo Qual faixa etária Instituição/Cidade 53 6. Sobre a participação nos projetos: Quais razões o(a) levaram a participar do (s) projeto (s) em dança de extensão universitária da Unesp/Rio Claro? _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ Acredita que a participação neste(s) projeto(s) tenha contribuído para sua formação profissional? ( ) Não contribuiu ( ) Pouco contribuiu ( ) Contribuiu de forma satisfatória ( ) Contribuiu significativamente Explique melhor sobre as contribuições e relações que consegue estabelecer da participação no(s) projeto(s) de extensão em dança e sua atuação profissional. _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _________________________________________