RESSALVA Atendendo solicitação do autor, o texto completo desta dissertação será disponibilizado somente a partir de 25/11/2024 UNESP UNIVERSIDADE ESTADUAL “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” Faculdade de Ciências e Letras Campus de Araraquara - SP Maria Clara Romanini Alves FAKE NEWS E MEMES NA POLÍTICA: análise dialógica de enunciados sobre Manuela D’Ávila. ARARAQUARA – S.P. 2023 MARIA CLARA ROMANINI ALVES Fake news e memes na política: análise dialógica de enunciados sobre Manuela D´Ávila. Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa em Linguística e Língua Portuguesa da Faculdade de Ciências e Letras – Unesp/Araraquara, como requisito para obtenção do título de Mestre em Linguística e Língua Portuguesa. Linha de pesquisa: Estrutura, organização e funcionamento discursivos e textuais Orientador: Profa. Dra. Marina Célia Mendonça Bolsa: CNPq ARARAQUARA – S.P. 2023 MARIA CLARA ROMANINI ALVES Fake news e memes na política: análise dialógica de enunciados sobre Manuela D´Ávila. Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa em Linguística e Língua Portuguesa da Faculdade de Ciências e Letras – Unesp/Araraquara, como requisito para obtenção do título de Mestre em Linguística e Língua Portuguesa. Exemplar apresentado para exame de qualificação. Linha de pesquisa: Estrutura, organização e funcionamento discursivos e textuais Orientador: Profa. Dra. Marina Célia Mendonça Bolsa: CNPq Data da defesa: 25/05/2023 MEMBROS COMPONENTES DA BANCA EXAMINADORA: _______________________________________________________________________ Presidente e Orientador: Profa. Dra. Marina Célia Mendonça (UNESP/FCLAr) _______________________________________________________________________ Membro Titular: Renata Coelho Marquezan (UNESP/FCLAr) ____________________________________________________________________ Membro Titular: Grenissa Bonvino Stafuzza (Universidade Federal de Goiás) ARARAQUARA – S.P. 2023 AGRADECIMENTOS Aos meus pais, familiares e amigos que me apoiam sempre e sonham juntos comigo. Ao meu noivo que me incentivou a não desistir de nenhum desafio. À minha orientadora Marina Célia que me acompanha desde a graduação e me auxilia com muita dedicação. Aos professores e às professoras do programa de pós-graduação de Linguística e Língua Portuguesa da Unesp/Araraquara que partilharam seus conhecimentos e contribuíram para minha formação. Agradeço também ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pelo fomento a essa pesquisa. “(...) as mulheres vivem (literalmente) negociando papéis, sem abdicar, contudo, de suas identidades.” Heleieth Saffioti (2019, p. 149) RESUMO O impacto causado no cenário político advindo da disseminação de fake news nas redes sociais influenciou os processos de decisão da democracia brasileira, bem como de outras democracias ocidentais na última década. Diante dessa complexa problemática, marcada pela guerra cultural e pela retórica do ódio projetadas pela extrema direita, a presente pesquisa objetiva desenvolver uma análise dialógica sob uma perspectiva bakhtiniana de fake news e memes que se referem à Manuela D'Ávila no período de 2018 e de 2020. A escolha pela figura de D’Ávila relaciona-se com a pertinência em compreender o discurso sobre a mulher que está inserida na política, visto que as manifestações de ódio motivadas pelo gênero dentro do âmbito político são um dilema que persiste na conjuntura brasileira. Por meio das noções da Análise do Discurso Bakhtiniana, como signo ideológico, enunciado concreto e gênero do discurso, a pesquisa pretende investigar como as ideologias refratam a realidade social nestes enunciados. Para isso, a seleção do material se deu através de buscas no Facebook e na ferramenta de busca Google, através do uso do nome de D’Ávila em conjunto com adjetivos que definem as características e posicionamentos da ex-deputada, como por exemplo: “Manuela D’Ávila feminista”, “Manuela D’Ávila comunista”. Esses elementos, aliados ao nome de Manuela D’Ávila, nos permitiram chegar a 10 enunciados que se relacionam com os temas da religião, da subalternização da mulher e do posicionamento anti esquerda, sendo estes os eixos de análise do trabalho. As fake news foram retiradas da Agência Lupa (https://lupa.uol.com.br/) e E-farsas (https://www.e-farsas.com/) os memes extraídos das redes sociais Facebook, Reddit e Memedroid, totalizando em seis fake news e quatro memes. Além disso, a metodologia marcada pelo cotejo é mobilizada para esse trabalho com a intenção de interpretar os sentidos tecidos na cadeia de enunciados, relacionando assim fake news e memes entre si e com outros enunciados que nos permitam ampliar o contexto dos enunciados. Por ser uma pesquisa caracterizada pela perspectiva da análise dialógica do discurso, acredita-se na necessidade de analisar as formas constitutivas e de circulação desses enunciados verbo-visuais, pois tais aspectos são partes indissociáveis da unidade de sentido dos enunciados analisados. Por meio dos resultados da pesquisa, foi possível concluir que as fake news e os memes não se restringem somente ao fenômeno da desinformação ou da interação no ambiente digital, mas também se constituem como um problema social causado por visões de mundo extremistas que buscam aniquilar aquele que não participa do mesmo viés político. Em vista disso, a análise demonstrou também a tensão entre a existência de Manuela D’Ávila enquanto um centro axiológico e as forças políticas da extrema direita que conservam valores ideológicos das ideologias dominantes. Essa tensão expõe a problemática da violência política de gênero, que se intensifica em ambientes digitais nos quais circulam enunciados concretos que reforçam a hierarquia de gênero por meio de valores ideológicos que mantêm as ideologias dominantes como dominantes. Palavras-chaves: Análise dialógica do discurso; Enunciado; Memes; Fake news; Violência política de gênero. ABSTRACT The impact caused in the political scenario by the dissemination of fake news in social networks has influenced the decision processes of the Brazilian democracy, as well as other Western democracies in the last decade. Facing this complex problematic, marked by the cultural war and the rhetoric of hate projected by the far right, the present research aims to develop a dialogical analysis under a Bakhtinian perspective of fake news and memes that refer to Manuela D'Ávila in the period 2018 and 2020. The choice for the figure of D'Ávila is related to the pertinence in understanding the discourse about women who are inserted in politics, since the manifestations of hate motivated by gender within the political sphere are a dilemma that persists in the Brazilian conjuncture. Through the notions of Bakhtinian Discourse Analysis, such as ideological sign, concrete utterance, and genre of discourse, the research intends to investigate how ideologies refract social reality in these utterances. For this, the selection of material was made through searches on Facebook and Google search engine, through the use of D'Ávila's name together with adjectives that define the characteristics and positions of the former deputy, for example: "Manuela D'Ávila feminist", "Manuela D'Ávila communist". These elements, together with Manuela D'Ávila's name, allowed us to reach 10 statements that relate to the themes of religion, women's subordination and anti-leftist position, being these the axes of analysis of the work. The fake news were taken from Agência Lupa (https://lupa.uol.com.br/) and E-farsas (https://www.e-farsas.com/) and the memes were extracted from the social networks Facebook, Reddit and Memedroid, totalizing in six fake news and four memes. Furthermore, the methodology marked by the collage is mobilized for this work with the intention of interpreting the meanings woven in the chain of statements, thus relating fake news and memes to each other and to other statements that allow us to amplify the context of the statements. For being a research characterized by the perspective of dialogic discourse analysis, we believe in the need to analyze the constitutive and circulation forms of these verb-visual enunciates, because such aspects are inseparable parts of the unity of meaning of the analyzed enunciates. Through the results of the research, it was possible to conclude that fake news and memes are not only restricted to the phenomenon of misinformation or interaction in the digital environment, but also constitute a social problem caused by extremist worldviews that seek to annihilate those who do not participate in the same political bias. In view of this, the analysis also demonstrated the tension between the existence of Manuela D'Ávila as an axiological center and the political forces of the extreme right that preserve ideological values of the dominant ideologies. This tension exposes the problematic of gender political violence, which intensifies in digital environments in which concrete statements circulate that reinforce gender hierarchy through ideological values that maintain dominant ideologies as dominant. Keywords: Dialogic discourse analysis; Enunciation; Memes; Fake news; Gender-based political violence. LISTA DE FIGURAS Figura 1: Cartaz das manifestações de 2013 “Quero bolsa Louis Vuitton”. 24 Figuras 2 e 3: Imagens do protesto pró-impeachment do dia 13 de março de 2015. 30 Figura 4: Fake news sobre o Kit gay. 41 Figura 5:Meme “E eis que surge na esquerda uma jênia discípula da Dilmanta”. 60 Figura 6:Meme com Manuela D’Ávila e Luiza Erundina. 60 Figura 7:Meme “Viva ao nordeste”. 67 Figura 8:Meme “Por que todo esquerdista odeia o regime militar?” 72 Figura 9: Fake News sobre Jean Wyllys e Manuela D’Ávila. 75 Figura 10: Post da página “Mulheres contra o feminismo”. 79 Figura 11: Post que inicia discussão sobre Manuela D’Ávila na subreddit brasilivre. 93 Figura 12:Meme “Por que você ama um mas quer comer o outro?” 93 Figura 13: Outdoor com a campanha da Sociedade Vegetariana Brasileira. 94 Figura 14: Resposta no fórum sobre Manuela D’Ávila na subreddit brasilivre. 97 Figura 15:Meme “Escolha sabiamente”. 100 Figura 16: Interações com o meme. 103 Figura 17: Interações com o meme. 104 Figura 18: Interações com o meme. 105 Figura 19:Meme “13 TB”. 109 Figura 20: Comentário da página Brasil Resistente sobre o meme. 110 Figura 21: Fake news “Jesus é travesti”. 116 Figura 22: Manuela D´Ávila desmente fake news no Twitter. 117 Figura 23: Interação entre seguidores na publicação de Manuela D´Ávila. 117 Figura 24: Interação entre seguidores no tweet de Manuela D´Ávila. 119 Figura 25: Interação na publicação de Manuela D’Ávila. 119 Figura 26: Fake news “O cristianismo vai desaparecer” 123 Figura 27: Post no Facebook feito por um usuário. 125 Figura 28: Fake news “Cara de anjo coração de demônio”. 127 Figura 29: Fake news “A Manuela D’Ávila ligou 19 vezes…” 130 Figura 30: Imagens de apresentação dos filmes O misterioso caso de Judith Winstead (2015) e Veronica (2017). 131 Figura 31: Fake news “Imagine a cena” disseminada em 2018. 135 Figura 32: Fake news “Agora Maconhela é recatada e do lar” disseminada em 2020. 135 Figura 33: Comentários do post. 140 Figura 34: Meme sobre a campanha eleitoral de Manuela D’Ávila em 2020. 141 Figura 35: Fake news sobre Manuela D’Ávila fazendo uso de uma foice e martelo de brinquedo para festejar o dia das crianças. 144 Figura 36: Fragmento da fake news da figura 35. 144 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO………………………………………………………………………….. 11 2 CONSIDERAÇÕES SOBRE O CONTEXTO SOCIOPOLÍTICO DO BRASIL NAS PRIMEIRAS DÉCADAS DO SÉCULO XXI…………………………………………….. 19 2.1 O Brasil dividido: guerra cultural em solo brasileiro…………………………………19 2.2 Conflito ideológico em compartilhamento: as fake news……………………………. 35 3. BAKHTIN E O CÍRCULO………………………………………………………………45 3.1 Procedimentos metodológicos………………………………………………………….. 46 3.2 Enunciado concreto e Signo ideológico……………………………………………….. 49 3.3 Gênero do discurso…………………………………………………………………….. 54 3.3.1 O caso do meme………………………………………………………………………. 58 3.3.2 O caso das fake news e os gêneros do discurso………………………………………74 4 VIOLÊNCIA POLÍTICA EMMEMES E FAKE NEWS SOBRE MANUELA D’ÁVILA……………………………………………………………………………………. 83 4.1 O tema da subalternização da mulher em memes……………………………………. 87 4.2 O tema da religião em fake news……………………………………………………... 115 4.3 O tema sobre anti esquerda em fake news e memes………………………………… 134 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS……………………………………………………………149 REFERÊNCIAS……………………………………………………………………………154 11 1 INTRODUÇÃO O ambiente digital propiciou uma nova dinâmica de mediação entre seres humanos e tecnologia. Essa novidade, possibilitada pela relativa democratização do acesso à informática de consumo, trouxe consigo formas diferentes de sociabilidade, expressão de identidade e comunicação, impactando diversas áreas da atividade humana. Através dessas mudanças as pessoas passaram a ter acesso a uma maior diversidade de fontes de informações, fenômeno atribuído ao “fim do velho monopólio em que os mass media viveram durante mais de um século” (FIGUEIRA; SANTOS, p.7, 2019). A divulgação de notícias passou por um processo de adaptação ao meio digital, e nesse processo as redes sociais potencializaram o acesso à informação, pois se caracterizam como um lugar onde os usuários produzem, consomem e trocam informações e notícias (TANDOC; LIM; LING, 2018). Com uma maior quantidade de fontes de informação disponíveis, a relação e a comunicação política se alteram, a exemplo da relação entre políticos e cidadãos, que não passa mais somente por essa mediação. Todo o circuito de produção e recepção de notícias é impactado e a produção de notícias teve um grande aumento para acompanhar a demanda de uma sociedade que está permanentemente conectada. Em um ambiente com uma vastidão de opções de entretenimento e informações, Van Aelst et al., (2017:18) também aponta para problemáticas que surgem desse cenário, como o crescente do relativismo e o aumento da seletividade no consumo de informações, não porque os indivíduos estão mais criteriosos em relação ao que irão ver e sim porque “(...) as pessoas só estão dispostas a consumir informação consistente com as suas convicções anteriores e rejeitam ser desafiadas nos seus rígidos quadros de pensamento e apropriação do mundo” (BAPTISTA, p.53-54, 2019). É nesse contexto que a prática de confecção e disseminação de notícias falsas encontrou um novo espaço para serem publicadas e compartilhadas. Novo porque a desinformação não teve sua origem nas redes sociais, entretanto as consequências que esse meio potencializa através da viralização de notícias falsas, como a ascensão de figuras antidemocráticas na política e a relativização de fatos, constitui o interesse em analisar os enunciados que se configuram como fake news, visto que há diversos aspectos a serem explorados nesse sentido, sobretudo em relação à discussão sobre violência política de gênero e às mudanças que as redes sociais trazem para a participação política. Castells (2012) também explica que a viralização de imagens proporcionada pelos indivíduos conectados em 12 rede contribui para a auto-organização de movimentos sociais, demonstrando assim a relevância que os enunciados verbo-visuais possuem para a constituição daquilo que o autor denomina como autocomunicação de massas. Nesse sentido, além das fake news, este trabalho também inclui memes em seu corpus, visto que estes enunciados são populares nas redes sociais e através destes usuários manifestam posicionamentos e narrativas políticas (WIGGINS, 2016), (GUERRA; BOTTA, 2018). Considerando essa discussão, o objetivo geral deste trabalho é analisar, sob a perspectiva do Círculo de Bakhtin, enunciados verbo-visuais sobre Manuela D’Ávila, manifestos em fake news e memes, referentes aos contextos eleitorais de 2018 e 2020 no Brasil. Os objetivos específicos do trabalho são: 1) Analisar quais valores ideológicos estão materializados nos enunciados, em especial em relação à presença da mulher de esquerda na política. 2) Refletir sobre a violência política de gênero manifesta em fake news e memes sobre Manuela D’Ávila referentes a 2018 e 2020. Por um lado, é preciso dizer que a escolha pela figura de Manuela D’Ávila está ligada ao concernimento acerca da violência política de gênero, um dilema que persiste em todo mundo e se intensifica à medida que as mulheres se inserem na disputa política pelos espaços legislativos e executivos. Em vista disso, reconhecemos também a relevância em elaborar uma pesquisa que contribua para um tema que é preocupação nacional e internacional e faz parte dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável no Brasil propostos pela Organização das Nações Unidas (ONU) como meio de alcançar a Agenda de 2030 que visa a promoção de paz e prosperidade em todos os lugares do mundo. Para que seja possível viver com a garantia plena de todos os direitos humanos, a ONU propõe, no quinto Objetivo Sustentável, o alcance da igualdade de gênero através da garantia da “participação plena e efetiva das mulheres e a igualdade de oportunidades para a liderança em todos os níveis de tomada de decisão na vida política, econômica e pública” 1. Além disso, o Objetivo 16, que propõe Paz, Justiça e Instituições Eficazes, elabora sobre a importância do “acesso público à informação e proteção das liberdades fundamentais, em conformidade com a legislação nacional e os acordos internacionais”2, o que também se 2 Disponível em: . Acesso em: 19 dez. 2022. 1 Disponível em: . Acesso em: 19 dez. 2022. https://brasil.un.org/pt-br/sdgs/16 https://brasil.un.org/pt-br/sdgs/5 13 relaciona com o tema da disseminação de notícias falsas, já que tal problemática está ligada à descrença das instituições e a formação de consensos sociais a partir de dados falsos, o que prejudica o acesso à informação e fere liberdades fundamentais, sobretudo quando esses enunciados prejudicam o processo eleitoral. D’Ávila tem sido alvo de ameaças desde que sua figura política ganhou projeção nacional. Segundo Alexandre (2021), entre 150 tweets selecionados que se referem à Manuela D’ávila, 22 possuem manifestações de violência política de gênero. Além disso, existe uma recorrência no uso de sua imagem pelas fake news. Segundo Dourado (2020), as figuras políticas que foram alvo de notícias falsas e mais atraíram engajamento nas redes sociais foram Fernando Haddad, Jair Bolsonaro, Lula, Amélia Teles, Antônio Palocci e Manuela D´Ávila, o que reforça a pertinência em analisar os enunciados que remetem à D’Ávila, já que ela é um sujeito social sobre o qual se tem produzido diversos enunciados, entre eles, as fake news e os memes. Cabe ressaltar que Amélia Teles, a outra mulher que aparece nesse levantamento, é filiada ao mesmo partido de Manuela D’Ávila, o Partido Comunista do Brasil (PCdoB), e manifesta posicionamentos similares, tendo escrito algumas obras sobre a questão da mulher no Brasil. Em 2018, Manuela D´Ávila foi candidata à vice-presidência junto a Fernando Haddad, mas sua vida política teve início como uma militante do movimento estudantil, que posteriormente se candidatou e foi eleita para os cargos de vereadora (2004), deputada federal (2006, 2010) e estadual (2013). Em sua atuação, sempre explicitou posicionamentos à esquerda e alinhados com o pensamento feminista, sendo a violência política de gênero um tema abordado por D´Ávila, que publicou em 2022 o livro Sempre foi sobre nós: Relatos da violência política de gênero no Brasil. A ex-deputada também fundou o Instituto E se fosse você, criado com o intuito de combater as fake news. Assim, Manuela possui um posicionamento sobre essa questão, tendo escrito outras obras relacionadas ao tema do feminismo e também organizando um clube de leitura voltado para mulheres e para obras escritas por mulheres.3 Por outro lado, esta pesquisa também se justifica tendo em vista que, desde as eleições presidenciais norte-americanas e o referendo do Brexit, ambos ocorridos em 2016, as fake news começaram a ganhar centralidade nos debates a respeito da política (ALLCOTT; GENTZKOW, 2017). Isso porque a proporção desses acontecimentos apresentou à sociedade 3 Revolução Laura: Reflexões sobre maternidade e resistência (2019), Por que lutamos?: Um livro sobre amor e liberdade (2019), E Se Fosse Você?: Sobrevivendo às redes de ódio e fake news (2020), Rede de Mentiras e de ódio: E se o alvo fosse você? (2021), Sempre foi sobre nós (2022). 14 os impactos que a disseminação de notícias falsas causam em processos de decisão democrática e na vida social como um todo. Entretanto, essa pesquisa visa não somente analisar fake news, mas fake news que falam sobre uma mulher, o que nos leva à necessidade de pensar na violência política de gênero, assunto que tem obtido repercussão no mundo todo dado sua pertinência para garantir que a participação de mulheres na política aconteça de forma plena e diminua a desigualdade de gênero nesses espaços. Definida como “toda ação, conduta ou omissão com a finalidade de impedir, obstaculizar ou restringir os direitos políticos da mulher” pelo 3º artigo da lei 14.192, que estabelece normas para prevenir e combater a violência política contra mulher, esse tipo de violência possui definições semelhantes à violência política. Segundo Fischer (2001, p. 3, tradução nossa)4, considera-se violência política “qualquer ato aleatório, organizado ou ameaça para intimidar, ferir fisicamente, chantagear ou abusar de uma parte política envolvida na tentativa de determinar, atrasar, ou influenciar um processo eleitoral”. Nesse sentido, segundo Bardall (2013), à medida que a participação política das mulheres aumenta, também aumenta sua exposição à vulnerabilidade e os espaços on-line também têm sido utilizados para perpetuar violências. Depreende-se, então, que a comunicação tecnológica está sendo utilizada para realizar diversos atos violentos contra as mulheres durante as eleições, mandatos e atividades políticas, sobretudo atos que causam medo e danos psicológicos. Dessa forma, essas violências podem ocorrer através de diversos meios de comunicação tecnológica, a exemplo das fake news que foram disseminadas após o assassinato da então vereadora no Rio de Janeiro, Marielle Franco, fato que levou sua equipe a criar um site para desmentir essas difamações5. Outro caso da história recente do país foi a violência sofrida pela ex-deputada federal Joice Hasselmann, então filiada ao Partido Social Liberal (PSL), que recebeu no dia 30 de novembro de 2018 uma caixa que continha uma cabeça de porco em conjunto com uma carta que ameaçava sua vida6, fato que explicita que a violência política vem se manifestando de diversas maneiras7. Por conseguinte, Manuela D’Ávila, mesmo fora do contexto eleitoral, registrou em maio de 2021 uma ocorrência na 7 A ex-deputada também sofreu ameaças em suas redes sociais, conforme consta em: . Acesso em: 04 jan. 2023 6 Disponível em: . Acesso em: 04 jan. 2023 5 Disponível em:. Acesso em 19 abr. 2023 4 “any random or organized act or threat to intimidate, physically harm, blackmail, or abuse a political stakeholder in seeking to determine, delay, or otherwise influence an electoral process” (Fischer, 2001, p. 3). https://congressoemfoco.uol.com.br/area/governo/joice-hasselmann-chora-e-relata-ameaca-de-morte-contra-ela-e-filhos-veja-o-video/ https://congressoemfoco.uol.com.br/area/governo/joice-hasselmann-chora-e-relata-ameaca-de-morte-contra-ela-e-filhos-veja-o-video/ https://noticias.r7.com/prisma/r7-planalto/joice-hasselmann-recebe-ameaca-de-morte-em-encomenda-29062022 https://noticias.r7.com/prisma/r7-planalto/joice-hasselmann-recebe-ameaca-de-morte-em-encomenda-29062022 https://www.institutomariellefranco.org/verdade-sobre-marielle 15 Delegacia de Repressão aos Crimes Informáticos e Defraudações por ter recebido ameaças de morte que se estendiam a sua filha de cinco anos (ROLLSING, 2021). Os atos de violência continuam acontecendo, ainda que fora do contexto de eleições, o que nos indica que a violência contra a mulher é uma problemática constante que está distante de ser mitigada devido ao seu caráter estrutural. Essa problemática, com a especificidade de manifestações no meio digital, tem sido estudada por Bardall (2011, 2013) Krook; Sanín (2016), Alexandre (2021), entretanto há uma carência de trabalhos que analisem as fake news que falam sobre a mulher. Justifica-se assim, e se torna relevante para a construção de uma sociedade democrática, uma pesquisa que aborde esse recorte de gênero, a fim de fomentar o debate sobre a participação das mulheres em eleições e mandatos, além de gerar conhecimento sobre as notícias falsas, para que tenhamos cada vez mais recursos para combater a desinformação. Nesse sentido, É, efetivamente, um momento muito particular para pensar no significado da verdade e da democracia, na importância da informação como fator de empoderamento cívico, no papel do jornalismo e nos desafios que o afrontam e o colocam em risco tal como o conhecíamos no final do século passado. É um momento decisivo para se questionar o papel da informação numa sociedade que se ergue precisamente sobre o valor do conhecimento (FIGUEIRA; SANTOS, 2019, p.8). É preciso destacar que as fake news são nocivas não somente porque visam desinformar, mas também pela difamação de sujeitos. Os memes, nesse sentido, também chamam a atenção pela capacidade que possuem em produzir significados sobre narrativas políticas (WIGGINS, 2016) e durante a seleção de fake news observou-se a aparição de diversos memes sobre Manuela D’Ávila nas redes sociais, o que nos conduziu a incorporá-los na análise, a fim de investigar os sentidos que estão sendo produzidos por esses enunciados. Ademais, “os memes funcionam como um indicador das opiniões da população” (GUERRA; BOTTA, p.1861, 2018), portanto incluir esses enunciados na análise traz contribuições acerca dos posicionamentos sobre D’Ávila e sua atuação política presentes no ambiente digital no contexto da campanha eleitoral presidencial de 2018 e municipal de 2020. Esse gênero, nativo do meio digital, se constitui como enunciados visuais ou verbo-visuais que objetivam a produção de humor através da apropriação de fatos recentes que recebem um tratamento humorístico e, na maior parte das vezes, crítico. Assim como as fake news, os memes são enunciados que viralizam, e como um elemento característico da Internet, é complexo determinar sua autoria. Entretanto, uma vez 16 que um meme é lançado no ambiente digital, existe o potencial de ser replicado diversas vezes, já que é algo comum em redes sociais diálogos que se mantêm através de memes, sobretudo porque as plataformas permitem que o usuário possa responder a uma postagem imagens, figurinhas, emojis, gifs e vídeos. Spyer (2017), ao analisar o uso de imagens em posts realizados por brasileiros nas redes sociais, argumenta que o uso de fotografias e imagens produzidas digitalmente na comunicação on-line são úteis para a relação entre usuários nesse espaço digital e o compartilhamento de memes e vídeos simplifica o ato de expressar opinião sobre eventos, principalmente em comunidades que possuem a tradição oral como uma das principais formas de manutenção dos relacionamentos interpessoais. Nesse sentido, chegamos ao corpus selecionado para a pesquisa através da busca no Google e na rede social Facebook, entretanto as buscas no Google também nos ofereceram resultados de outras redes sociais, como o Reddit. Dada a repercussão das fake news e memes no espaço digital e o interesse em compreender a orientação social do discurso inserido nesse ambiente, manteremos o enfoque nesses enunciados. Todavia, salienta-se que as fake news não estão restritas às redes sociais, a exemplo do uso de carros de som com objetivo de disseminar fake news sobre Manuela D’Ávila no dia da votação para eleição municipal de Porto Alegre8 de 2020, enunciados que não analisaremos neste trabalho. As fake news selecionadas para análise foram retiradas da Agência Lupa (https://lupa.uol.com.br/) e E-farsas (https://www.e-farsas.com/), e os memes extraídos das redes sociais Facebook, Reddit, Memedroid, resultando no total de 10 enunciados, sendo seis fake news e quatro memes. O critério de seleção foi organizado pela presença de enunciados que possuíam Manuela D’Ávila como figura central, se configuraram como fake news e meme e estavam situados no contexto de 2018 e de 2020 (selecionamos estes dois recortes temporais pois são momentos em que D’Ávila estava em maior evidência, seja por ser candidata a vice-presidente de Fernando Haddad, no primeiro caso, ou por ser candidata a prefeita de Porto Alegre, no segundo. Através da ferramenta de busca presente no Facebook e Google, conseguimos chegar até esses enunciados. Em relação às questões metodológicas, como uma pesquisa que parte do viés da análise dialógica do discurso, entendemos como primordial analisar os enunciados considerando sua concretude e exterioridade, isto é, a materialidade na qual eles se realizam e a realidade socio-histórica para a qual se orientam, já que a concepção de linguagem 8 Disponível em: . Acesso em: 16/08/2022 https://www.cartacapital.com.br/politica/manuela-x-melo-eleicoes-em-porto-alegre-foram-marcadas-por-fake-news/ https://www.cartacapital.com.br/politica/manuela-x-melo-eleicoes-em-porto-alegre-foram-marcadas-por-fake-news/ 17 explorada por Bakhtin e o Círculo a compreende na sua relação com o mundo. Assim, ao examinar a especificidade do corpus, é preciso ir para além da base linguística, observando a esfera de produção, circulação e recepção dos enunciados concretos (incluindo-se aí os valores sociais e ideológicos que se materializam neles) e considerando o contexto dialógico no qual estão inseridos, já que “Cada palavra (cada signo) do texto leva para além dos seus limites ” (BAKHTIN, p.400, 2011). Por essa razão o cotejo torna-se necessário em nosso trabalho, pois entendemos que a postura dialógica diante do objeto de análise compreende esse como um projeto de dizer que dialoga com outros dizeres, o que nos remete à noção de cadeia de enunciados, pois a ação comunicativa está sempre direcionada a possíveis interlocutores, instantâneos ou não, além de estarem inseridos na cadeia dialógica de enunciados anteriores. Através dessa perspectiva, concebemos também que as noções de signo ideológico, enunciado concreto e gênero discursivo nos auxiliam a compreender o corpus enquanto enunciados que apresentam determinados valores ideológicos porque são consequências da compreensão responsiva de um sujeito. Por esse ângulo, podemos entender que “o enunciado é ação sobre o mundo porque é resultado de uma compreensão responsiva de um sujeito” (MENDONÇA, p. 112, 2012), o que se torna algo essencial para refletir sobre os enunciados do corpus, que circulam nas redes sociais, modificam nossa sociedade, impactando assim momentos históricos cruciais em que a opinião pública é parte central do processo, a exemplo dos processos de decisão democrática ou momentos de emergência sanitária, como a pandemia da COVID-19. Nesse sentido, essas noções se constituem como centrais para o trabalho, pois na análise trazemos vozes que dialogam com os enunciados do corpus, seja em concordância ou oposição, e através dessas relações dialógicas podemos depreender sentidos, além de recuperar o contexto político, histórico e social dos enunciados. A dissertação está organizada em três seções, sendo a primeira dedicada a abordar o contexto sociopolítico do Brasil nas primeiras décadas do século XXI, pois entendemos que ao revisitar certos acontecimentos da história brasileira podemos entender como se viabilizou a conjuntura política contemporânea, regida pelos conflitos ideológicos próprios do que alguns autores definem como guerra cultural, em que há a disposição de perspectivas antagônicas sobre a realidade nacional, sendo uma a conservadora e exacerbadamente ufanista, preparada para disputar a narrativa de nação de maneira acirrada e demarcar com precisão os inimigos do seu projeto de país: os comunistas ou qualquer pessoa que represente ideais progressistas. Já o campo progressista é um campo composto por indivíduos, partidos, 18 coletivos e demais organizações que de forma geral pautam a defesa aos direitos humanos, diminuição de desigualdades sociais e constroem resistência em relação à ideologia reacionária. A subseção desta primeira parte foi dedicada a explorar esse conflito ideológico presente nas fake news, além de explicar a concepção de notícia falsa que adotamos, demonstrando que entendemos este como um enunciado multissemiótico e que, no caso do corpus deste trabalho, se caracteriza pela manipulação de imagens. A segunda seção é voltada para tratar sobre as produções de Bakhtin e o Círculo que constituem nosso arcabouço teórico, além de explanar as questões metodológicas do trabalho e desenvolver os conceitos da análise do discurso dialógica aqui mobilizados para a atividade analítica. Nela também versamos sobre o conceito de enunciado concreto, signo ideológico e gênero do discurso para refletir sobre o meme e o post que manifesta fake news, considerando suas relações com o mundo e as estabilidades presentes nos enunciados. A terceira seção é dedicada a conceituar a violência política de gênero e a relação dessa problemática com fake news e memes sobre Manuela D’Ávila. Esse tema se faz pertinente na conjuntura nacional, visto que o caso de Manuela D’Ávila é perpassado por essa violência. Já nas subseções damos início à análise do corpus, a qual decidimos organizar por eixos de acordo com os temas dos enunciados, sendo o primeiro eixo centrado na subalternização da mulher em memes ; o segundo na religião em fake news; e o terceiro direcionado ao tema da antiesquerda em memes e fake news. 149 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Diante dos impactos que o fenômeno da desinformação tem causado em processos democráticos, analisamos neste trabalho fake news e memes sobre Manuela D’Ávila nos períodos de campanha eleitoral de 2018 e 2020. Compreendemos que a escolha por esse tema ofereceu possibilidades de ampliar a reflexão sobre a violência política de gênero, bem como viabilizou uma discussão sobre o contexto sociopolítico contemporâneo em tempos de guerra cultural. Considerando esse contexto, buscamos evidenciar no item 2.2, por meio das manifestações de junho de 2013 e o impeachment de Dilma Rousseff, como esses eventos da história recente do Brasil contribuíram para transformações na esfera política. Por um lado, os protestos de junho demarcaram o uso das redes sociais como uma tática de mobilização política, além de demonstrar a aproximação de grupos sociais aos valores fascistas. Por outro, as manifestações pelo impeachment da ex-presidenta Dilma demonstravam que a direita estava se radicalizando. A partir dessa radicalização, vemos que a extrema direita se estabilizou na esfera política nacional, conseguindo eleger um presidente e diversos parlamentares. Rocha (2021) argumenta que a extrema direita brasileira possui valores extremistas que visam aniquilar aqueles que discordam das suas crenças, o que constitui a guerra cultural -a disputa de um grupo por um projeto de nação aliado ao seus valores ideológicos. Em meio a essa conjuntura política complexa cujos desdobramentos seguiram acontecendo durante a redação da dissertação, buscamos as noções da Análise dialógica do discurso para nortear nossa análise. Nesse sentido, signo ideológico, enunciado concreto e gênero do discurso foram conceitos mobilizados com o objetivo de analisar os valores ideológicos materializados em enunciados sobre Manuela D’Ávila, considerando sua condição enquanto mulher de esquerda situada em um país que vivencia os efeitos da radicalização da extrema direita. Para isso, definimos a partir dos temas dos enunciados três eixos de análise: o tema da subalternização das mulheres em memes, o da religião em fake news e o da antiesquerda em memes e fake news. Em relação à subalternização das mulheres em memes, identificamos que os valores ideológicos presentes nesses enunciados expõem uma tensão sobre a mulher que ocupa um espaço na política. Essa tensão surge na correlação entre a linguagem verbal e a visual 150 expressas pelas escolhas feitas pelo autor do enunciado. Todos os enunciados analisados neste eixo contam com uma seleção de uma fotografia de Manuela D’Ávila para compor o meme, a qual se soma a recursos visuais e à escolha de palavras, sendo que esses elementos produzem em conjunto sentidos sobre a mulher como objeto por meio da sexualização exacerbada e da ridicularização do corpo feminino. Vemos que o aspecto da objetificação feminina se ampara no papel histórico que a mulher ocupa na sociedade brasileira, visto que no período colonial a mulher não era igual ao homem em direitos (SILVEIRA, 2021). Essa construção histórica, constituída por uma organização social patriarcal que exige da mulher a submissão como forma de manutenção da honra e do poder masculino, delimitou a identidade mulher em relação ao homem, dado que a fidelidade e subserviência feminina são valores essenciais que constituem a ideologia machista (RAMOS, 2012). Compreende-se também que a luta feminista viabilizou direitos para as mulheres e a possibilidade uma identidade feminina em construção que passa (...) pela desmontagem destes modelos introjetados de rainha do lar, do destino inexorável da maternidade, da restrição ao espaço doméstico familiar e o resgate de potencialidade, abafado ao longo dos séculos de domínio da ideologia machista e patriarcal (CARNEIRO, p.188, 1994). Ao considerarmos a identidade feminina em redefinição, compreendendo que este aspecto é essencial à participação das mulheres na política, observamos que Manuela D’Ávila é um sujeito político que ocupou lugares de tomada decisão, portanto transgrediu o ideário machista que pensa o lugar da mulher como restrito ao âmbito privado. O lugar de D’Ávila no mundo, enquanto centro axiológico, suscita enunciados, no caso memes, que debocham de sua existência a partir do que esta significa na sociedade. Se a ex-deputada existe na vida como uma relevante liderança política que ganhou eleições com votações numerosas, e obteve esses êxitos eleitorais com posicionamentos feministas e à esquerda, há o movimento centrípeto que busca negar sua existência por meio da ridicularização cômica. Podemos ressaltar ainda que a comicidade nos memes se vale de valores ideológicos constituídos pela normalização da violência contra a mulher, a exemplo do meme (figura 15) que relativiza o consentimento feminino. A partir desse aspecto, levanta-se a questão do enunciado enquanto parte do mundo, pois embora exista o entendimento do enunciado humorístico como aquele que não precisa se comprometer com a realidade (POSSENTI, 2018), o fato é que os memes fazem parte da vida e estão suscitando respostas violentas à mulher, intensificando a presença 151 de valores ideológicos que se distanciam de uma sociedade democrática e sem hierarquia de gênero. Sobre a religião em fake news, nota-se que o cristianismo é um elemento basilar na organização da sociedade brasileira (DEL PRIORE, 2011), (RAMOS, 2012), somando-se a isso o fato de que os valores ideológicos da religião cristã constituem a esfera política. Por esse viés, a Ação Integralista Brasileira (AIB) e líderes políticos como Bolsonaro e Edir Macedo são exemplos da mescla entre a religião cristã e atuação política. Percebe-se também que o Brasil conta com uma numerosa comunidade cristã (FERREIRA; FUKS, 2021), fato que nos permitiu refletir sobre enunciados intencionalmente falsos que correlacionam signos religiosos da fé cristã à Manuela D’Ávila. Nesses enunciados, vemos a ex-deputada assumir posicionamentos contrários à religião, sendo que essas posições axiológicas emergem no enunciado através da manipulação das imagens. Ao alterar fotografias de D’Ávila colocando sua imagem em relação às afirmações que afrontam a igreja, identifica-se que há um projeto de dizer que visa ressignificá-la diante de um público religioso. A conclusibilidade do enunciado concreto permite que este seja respondido, fazendo assim com que D’Ávila tenha respostas raivosas direcionadas a ela, algo que observamos nas relações dialógicas que emergem dos enunciados (figuras 23 e 24). A partir da compreensão ativa responsiva presente nesses comentários, foi possível observar a força das fake news enquanto fenômeno que intensifica visões extremistas, pois mesmo que D’Ávila tenha publicado em sua rede social um enunciado desmentindo a fake news, essa ainda foi tomada como verdade por alguns usuários. Nota-se também que o anticomunismo foi construído em documentos oficiais com relações de sentido que situavam o comunismo como produto diabólico. Nesse sentido, um sujeito filiado ao Partido Comunista do Brasil pode ser significado da mesma maneira, como ocorreu com D’Ávila. No eixo referente à antiesquerda em fake news e memes, assumimos que o comunismo historicamente foi tomado como ameaça ao país, algo que se explicita na redação do Plano Cohen e também no livro secreto da ditadura denominado Orvil. Nota-se que ambos buscavam delinear uma narrativa política do Brasil sob ataques comunistas, retomando assim a ideia de ameaça à unidade nacional que é tão cara ao ideário fascista (REIS; SOARES, 2018). Observamos que nas fake news a dialética interna do signo ideológico se torna evidente, explicitando no todo de sentido uma valoração negativa aos signos ideológicos de esquerda como forma de reiterar um projeto de dizer que visa disputar o consenso social indicando o outro enquanto inimigo. O outro, nesse caso, são os sujeitos políticos de esquerda, que sob o viés da guerra cultural bolsonarista devem ser aniquilados (ROCHA, 152 2021). Nos memes com esse tema, identificamos que a estereotipação é um procedimento adotado para exagerar e tornar caricato o militante de esquerda, movimento discursivo que também visa ocultar aspectos da identidade do militante, reduzindo assim a existência dessas pessoas a uma visão baseada em extremos. Ressalta-se o Movimento Brasil Livre (MBL), foi responsável por popularizar um estilo de meme que estereotipa o indivíduo de esquerda e objetifica a mulher, com destaque ao alto índice de engajamento que esses enunciados atingem, visto que a composição do enunciado disponibiliza opções para o usuário selecionar (figuras 9 e 16) e manifestar sua escolha por meio das reações do Facebook. A análise realizada nos permitiu observar, a partir de enunciados que se configuram de formas diferentes, valores ideológicos de ideologias dominantes como a ideologia machista, cristã e anticomunista. Compreendemos também que Manuela D’Ávila, enquanto um centro axiológico, representa a força centrífuga que visa subverter a identidade feminina que se define em relação à submissão ao homem. Ao ocupar um espaço de tomada de decisão, D’Ávila se constitui no movimento de construção da nova identidade feminina. Todavia, salientamos que esse movimento, no caso específico de D’Ávila, não se dá apenas pela sua participação no espaço público, mas também pelos posicionamentos ideológicos que ela assume nesse espaço enquanto feminista e comunista. Portanto, os enunciados que a valoram negativamente buscam, em um movimento centrípeto, anular sua relevância e apagar a gênese histórica da opressão das mulheres. Nos memes, esse apagamento ocorre amparado na produção de sentidos cômicos que contribuem para a normalização da violência contra mulher, aspecto que se revela com ênfase nas relações dialógicas que emergem desses memes (figuras 14, 16, 17, 18). Identificou-se também que no eixo da subalternização da mulher, houve uma preponderância dos memes que sexualizam D’Ávila, a disponibilizando como um objeto para os leitores. Porém também há um movimento de ridicularizá-la através do seu corpo, por meio do uso de uma imagem antiga quando a ex-deputada era gorda, destacando assim o corpo da mulher enquanto um elemento que é utilizado para controle e imposição do poder masculino, sendo o valor da gordofobia salientado para fins cômicos. Destacamos que as fake news objetivam, a partir dos signos ideológicos acentuados pelo viés da extrema direita, obstruir o funcionamento pleno da democracia, promovendo um cenário de campanha eleitoral caótico, confuso e intimidador. O receio provocado nos leitores é construído a partir da conspiração da ameaça ao país, elemento que foi vinculado historicamente ao comunismo, e também à esquerda. A falsificação intencional desses enunciados demonstra os interesses sociais manifestos em contextos de campanha eleitoral, 153 que refratam a realidade e a distorcem, expondo o embate entre o plano factual e o plano das refrações. Em conclusão, os conflitos ideológicos característicos de um país que vivencia a radicalização política demonstram que alguns enunciados em circulação durante períodos de campanha eleitoral estão em consonância com valores da extrema direita, que por sua vez estão ligados à ideologia machista, cristã e anti comunista. Destaca-se ainda que o fenômeno da desinformação expressos em fake news, por si só, não é restrito somente à extrema direita, todavia a partir da análise conseguimos observar que os enunciados, tanto fake news como memes, preservam valores ideológicos das ideologias dominantes. Esse aspecto nos permite enxergar as fake news não só como um fenômeno da desinformação, mas também como parte de um problema social causado por visões de mundo extremistas que buscam anular aquele que não participa do mesmo viés político. Em vista disso, a análise demonstrou também a tensão entre a existência de Manuela D’Ávila enquanto um centro axiológico e as forças políticas da extrema direita que conservam valores ideológicos das referidas ideologias dominantes. Essa tensão expõe a problemática da violência política de gênero, que se intensifica em ambientes digitais nos quais circulam enunciados concretos que reforçam a hierarquia de gênero por meio de valores ideológicos que mantêm as ideologias dominantes como dominantes. 154 REFERÊNCIAS “ADEUS ACIMA DE TUDO”: vitória de Lula vira meme nas redes. PODER360. 31 out. 2022. Disponível em: https://www.poder360.com.br/eleicoes/adeus-acima-de-tudo-vitoria-de-lula-vira-meme-nas-re des/. Acesso em: 23 abr. 2023. AFONSO, N. É falsa informação de que Manuela D’Ávila ligou para Adélio Bispo. Rio de Janeiro. 04 fev. 2019. Lupa. Disponível em: https://lupa.uol.com.br/jornalismo/2019/02/04/verificamos-manuela-adelio/ Acesso em: 01 jul. 2022 AFONSO, N. 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