UNESP - Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” Faculdade de Odontologia de Araraquara Marcelo Borges Marques Avaliação da concentração de ozônio na água gelada potável e de injeção em relação ao tempo Araraquara 2022 UNESP - Universidade Estadual Paulista Faculdade de Odontologia de Araraquara Marcelo Borges Marques Avaliação da concentração de ozônio na água gelada potável e de injeção em relação ao tempo Trabalho de Conclusão de curso apresentado ao Curso de Graduação em Odontologia da Faculdade de Odontologia de Araraquara, da Universidade Estadual Paulista, para a obtenção do grau de Cirurgião-Dentista Orientador:Prof. Dr. José Scarso Filho Araraquara 2022 M357a Marques, Marcelo Borges Avaliação da concentração de ozônio na água gelada potável e de injeção em relação ao tempo / Marcelo Borges Marques. -- Araraquara, 2022 38 p. : tabs., fotos Trabalho de conclusão de curso (Bacharelado - Odontologia) - Universidade Estadual Paulista (Unesp), Faculdade de Odontologia, Araraquara Orientador: Jose Scarso Filho 1. Oxigênio. 2. Ozônio. 3. Terapêutica. I. Título. Sistema de geração automática de fichas catalográficas da Unesp. Biblioteca da Faculdade de Odontologia, Araraquara. Dados fornecidos pelo autor(a). Essa ficha não pode ser modificada. UNESP - Universidade Estadual Paulista Faculdade de Odontologia de Araraquara Marcelo Borges Marques Avaliação da concentração de ozônio na água gelada potável e de injeção em relação ao tempo Orientador: Prof (a) Dr (a) José Scarso Filho Assinatura Orientador (a): Assinatura Aluno (a): Araraquara, 31 de março de 2022 Dedico esse trabalho de conclusão à todas as pessoas que me acompanharam nessa jornada de tamanha importância em minha vida, seja nas alegrias, nas tristezas, nas conquistas e adversidades que a vida coloca em nossa frente. A Deus, aos meus Anjos da guarda e Guardiões Espirituais que me acompanham todos os dias e me auxiliam em minhas tomadas de decisões por terem participado junto a mim dessa conquista. Aos meus pais Ricardo Marques e Rosana Maria Ribeiro Borges Marques pelo apoio, confiança, presença em todo o meu trajeto e também por sempre acreditarem em mim e em meu potencial. Meus maiores incentivadores da vida e que serei eternamente grato. Agradeço à minha madrinha Simone e meu padrinhoRogério por fazerem parte da minha caminhada e sempre estarem comigo quando precisei. À minha namorada Giovanna Toguchi, por sempre se fazer presente cada segundo dos dias, das semanas, do meses e dos anos. Por ser uma pessoa que sempre me incentivou a seguir meu sonho nessa profissão e que sempre pude dividir meus momentos. Mesmo com a distância, não faltou apoio, amor e companheirismo. Com ela pude aprender muito sobre altruísmo, generosidade, gratidão e amor. Sei que juntos vamos seguir ainda mais alto e mais longe. À minha dupla Maíra Bonassi Lucchesi, por ter dividido várias experiências profissionais comigo, sendo a pessoa a qual sempre me auxiliou e dividiu a cadeira odontológica todos esses anos. Algumas vezes com pequenas discussões e diferenças de filosofias, mas nunca perdendo o respeito e a admiração para com o outro, buscando sempre uma melhor resolução de nossos problemas do dia a dia e nossos casos. Aos meus colegas de faculdade, que tornaram o ambiente muito mais leve e a quem sempre podemos contar. Meu amigo e irmão do peito João Maurício Varanda e todos os integrantes do “Tetinha”, que sempre foram essenciais nessa trajetória, do início ao fim. Principalmente por terem paciência comigo e dividirem o estresse, as horas de estudos sem dormir, os resumos, trabalhos, brincadeiras e horas compartilhadas em clínica que foram de extrema importância para meu crescimento pessoal e profissional. AGRADECIMENTOS Agradeço ao meu professor, orientador e conselheiro Prof. Dr. José Scarso Filho por sempre me incentivar e auxiliar no meu caminho acadêmico e crescimento profissional, por poder me introduzir nessa linha de estudo que eu não conhecia, mas já me senti completamente envolvido e agradecido por poder fazer parte. Sou grato por fazer parte de uma instituição que preza pelo aprendizado e crescimento do aluno, tal qual acolhimento na área de conhecimento que tanto amo, que é a cirurgia. Ao Diretório Academico da Faculdade de Odontologia de Araraquara, que pode fazer parte do eu crescimento pessoal, me ensinando a ser mais dedicado, altruísta e dar valor a pequenas coisas que eu sequer imaginava. Além de me regar com responsabilidades, foi um ambiente de muito acolhimento, risadas, trabalho e principalementeprazer em fazer projetos que podem mudar vidas. Sempre me recordarei dessa parte da minha vida com saudade e um sorriso no rosto. Agradeço ao meus colegas de classe que se tornaram muito mais que colegas, mas sim amigos para uma vida toda, levarei o Tetinha pra sempre comigo. Ao meu amigo João Mauricio Varanda por todos os momentos e por saber que continuaremos sendo irmãos pro resto de nossas vidas. Foi uma honra fazer parte desse ciclo com todos vocês. Agradeço à fundação PIBIC por ter proporcionado o desenvolvimento deste projeto com o intuito de desenvolver a produção cientifica deste país e por confiar na graduação de ensino público. Marques MB. Avaliação da concentração de ozônio na água gelada e potável e de injeção em relação ao tempo [Trabalho de Conclusão de Curso – Graduação em Odontologia]. Araraquara: Faculdade de Odontologia da UNESP; 2022. RESUMO O oxigênio é um elemento químico gasoso e estável que pode ser modificado para uma forma alotrópica, sendo chamado de ozônio, apresentando propriedades medicinais, mas com pouca estabilidade. Esta técnica é chamada de ‘’oxigênio- ozônioterapia’’ e seu mecanismo de ação é estabelecido através da oxidação, promovendo uma incrível e versátil cascata de componentes derivados do ozônio (ROS). Capazes de trabalhar em diversos alvos, fazem com que ele se torne uma alternativa para o combate a inflamação e infecção podendo modular respostas reparacionais em tecidos, dependendo de sua concentração. Apesar da literatura nos propor resultados positivos com o uso da oxigênio-ozônioterapiae em sua conduta na clínica odontológica, ainda se faz necessário estudos mais profundos, principalmente com relação a perda da concentração que ocorre com o tempo, que modifica seu potencial de ação. Devido à sua alta instabilidade termodinâmica, a molécula se torna catalisável em condições de aumento de pressão e temperatura. Diante deste grande campo de atuação, traçando um projeto de utilização do veículo ‘’água ozonizada’’, no qual todo o processo de refrigeração dos instrumentos rotatórios é feito por meio desta, este estudo tem como objetivo avaliar a variação da concentração da água gelada potável e de injeção coletada do tubo de ozonização em relação ao tempo. Para o experimento, será utilizado: água potável coletada em filtro e água para injeção (JP Indústria Farmacêutica S.A), colocadas em coluna vertical para ozonização da agua, e através de um gerador de ozônio O&L 3.0 RM (Ozone & Life), será realizado a saturação dos líquidos com o gas ozônio a 50ug/mL por 10 minutos e analisados através de Kit para fotometria DissolvedOxygen SAM (Single-AnalytePhotometer) - Vacu-Vials Ozônio (CHEmetrics) para obtenção da concentração de ozônio. Os intervalos de tempo escolhidos para mensuração forãm de: 0 (imediato), 10, 20, 40, 60 e 120 minutos. Os resultados evidenciaram as médias de concentração de ozônio da água ozonizada coletadas do tubo de ozonização no tubo vertical de ozonização foram: Tubo 11,90 ug/ml, tempo 0 de 11,90 ug/ml, tempo 10 minutos de 10,57ug/ml, tempo 20 minutos de 9,01ug/ml, tempo 40 minutos de 5,30ug/ml, tempo 60 minutos de 4,73ug/ml e tempo 120 minutos de 2,84ug/ml. As médias de concentração de ozônio da agua ozonizada coletadas na seringa tríplice de equipamento odontológico foram: Tubo 11,90 ug/ml, tempo 0 de 1,39, tempo 10 minutos de 0,95ug/ml, tempo 20 minutos de 1,04ug/ml, tempo 40 minutos de 0,27ug/ml, tempo 60 minutos de 0,26ug/ml e tempo 120 minutos de 0,17ug/ml, demonstrando uma diminuição acentuada quando passa pelo equipamento odontológico. Palavras-chave: Oxigênio. Ozônio. Terapêutica. Marques MB. Evaluation of the ozone concentration of drinking and injection water in relation to time [Trabalho de Conclusão de Curso – Graduação em Odontologia]. Araraquara: Faculdade de Odontologia da UNESP; 2022. ABSTRACT Oxygen is a gaseous and stable chemical element that can be modified to an allotropic form, being called ozone, presenting medicinal properties, but with little stability. This technique is called ''oxygen-ozone therapy'' and its mechanism of action is established through oxidation, promoting an incredible and versatile cascade of ozone-derived components (ROS). Able to work on different targets, they make it an alternative to fight inflammation and infection, being able to modulate reparative responses in tissues, depending on their concentration. Despite the literature proposing positive results with the use of oxygen-ozone therapy and its conduct in the dental clinic, further studies are still necessary, especially regarding the loss of concentration that occurs with time, which modifies its action potential. Due to its high thermodynamic instability, the molecule becomes catalyzed under conditions of increased pressure and temperature. In view of this large field of action, outlining a project to use the vehicle ''ozonized water'', in which the entire cooling process of the rotating instruments is done through it, this study aims to evaluate the variation of the concentration of the chilled water potable and injection collected from the ozonation tube with respect to time. For the experiment, it will be used: drinking water collected in a filter and water for injection (JP Indústria Farmacêutica S.A), placed in a vertical column for ozonation of the water, and through an ozone generator O&L 3.0 RM (Ozone & Life), will be carried out the saturation of liquids with ozone gas at 50ug/mL for 10 minutes and analyzed using a DissolvedOxygen SAM (Single-AnalytePhotometer) - Vacu-Vials Ozone (CHEmetrics) photometry kit to obtain the ozone concentration. The time intervals chosen for measurement were: 0 (immediate), 10, 20, 40, 60 and 120 minutes. The results showed the average ozone concentration of ozonized water collected from the ozonation tube in the vertical ozonation tube were: Tube 11.90 ug/ml, time 0 of 11.90 ug/ml, time 10 minutes of 10.57ug/ml ml, time 20 minutes at 9.01ug/ml, time 40 minutes at 5.30ug/ml, time 60 minutes at 4.73ug/ml and time 120 minutes at 2.84ug/ml. The average ozone concentration of ozonated water collected in the triple syringe of dental equipment were: Tube 11.90 ug/ml, time 0 of 1.39, time 10 minutes of 0.95ug/ml, time 20 minutes of 1.04ug /ml, time 40 minutes of 0.27ug/ml, time 60 minutes of 0.26ug/ml and time 120 minutes of 0.17ug/ml, demonstrating a marked decrease when passing through the dental equipment. Keywords: Oxygen. Ozone. Therapeutics. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................07 2 PROPOSIÇÃO ..................................................................................11 3 REVISÃO DA LITERATURA ............................................................12 3.1 Histórico ........................................................................................12 3.2 A Ozônio Terapia ..........................................................................12 3.2.1 Mecanismo de ação...................................................................14 3.2.2 Propriedades biológicas do ozônio .........................................15 3.3 Evidências Literárias Sobre Água Ozonizada ............................17 4 MATERIAL E MÉTODO ....................................................................21 5 RESULTADO ....................................................................................24 6 DISCUSSÃO .....................................................................................26 6.1 Da Proposta ..................................................................................26 6.2 Dos Resultados ............................................................................27 6.3 Da Importância do Trabalho para ProduçãoCiêntífica ..............29 7 CONCLUSÃO ...................................................................................30 REFERÊNCIAS .................................................................................31 APÊNDICES ......................................................................................35 7 1 INTRODUÇÃO O oxigênio é um elemento químico gasoso, estável que pode ser modificado para uma forma alotrópica triatômica chamado de ozônio, que apresenta diversas propriedades medicinais, mas com pouca estabilidade. Esta técnica é chamada de ‘’oxigênio-ozônioterapia’’. Está molécula representa o elemento mais vital para a vida humana, quanto mais oxigênio possuímos em nosso organismo, mais energia produzimos e assim potencializamos a eficácia do nosso sistema imune em eliminar toxinas. Naturalmente, obtemos o oxigênio por meio da respiração, que consiste em uma troca gasosa que ocorre dentro dos alvéolos pulmonares. Outra maneira de obtermos o oxigênio, efetivamente no nosso organismo, surgiu através da descoberta da oxigênio-ozonônioterapia. A partir dessa descoberta, o gás ozônio passou então a ser cada vez mais estudado. Descobriu-se que esse gás é um alótropo do oxigênio, ou seja, é caracterizado pela capacidade de que um mesmo elemento químico poder originar uma ou mais substâncias simples. Durante sua descoberta e até os dias de hoje, a oxigênio-ozonioterapia tem demonstrado, ao contrário do que se imaginava, resultados impressionantes no tratamento de diversas patologias através de seu efeito oxidativo. Desta forma, quando temos o ozônio como uma substância terapêutica é necessário enfatizar a importância de sua dosagem, que, deve ser criteriosamente calculada para que seja capaz de induzir um estresse oxidativo agudo, preciso e transitório. A partir do momento em que o ozônio é escolhido para atuar como um medicamento, e entendemos que ele vai causar esse tal estresse oxidativo nas células patológicas, é de fundamental importância sabermos como promover uma dose que deve estar acima de um certo limiar para ser eficaz, mas, não muito alto para não sobrecarregar os antioxidantes e se tornar tóxico1 . Ozônio melhorao metabolismo do oxigênio, estimulando as enzimas antioxidantes já existentes, para que sejam capazes de estimular a reparação celular quase que imediatamente. Com isso, a saturação de oxigênio no sangue circulante aumenta, com consequente aumento do aporte de oxigênio às células 8 do organismo, da oxigenação e respiração celular. A circulação sanguínea também se torna facilitada devido às melhoras das propriedades sorológicas do sangue2. O ozônio é uma molécula termodinamicamente instável e catalisada em condições de aumento de pressão e temperatura. Apresenta uma meia vida de tempo curto e, se decompõe em oxigênio molecular (O2)3 de uma maneira relativamente fácil e rápida. Ele é encontrado na natureza, na estratosfera, em forma de gás em uma concentração de 1-10 ppm, sendo continuamente criado e destruído em O2 molecular4. Ambas as reações são catalisadas por luz ultravioleta de alta frequência a partir da luz solar5. A fórmula do Ozônio é geralmente escrita como O3 e também é conhecido como trioxigênio, porém, muito menos estável que o O2. O terceiro átomo de oxigênio que orbita ao redor da estrutura diatômica da molécula de oxigênio, existe por meio de uma ligação simples, e os outros dois átomos, por meio de uma ligação covalente dupla. Isso significa que esse terceiro átomo de oxigênio, na molécula do Ozônio, possui uma ligação muito fraca, o que torna a molécula altamente reativa. O ozônio existe, primordialmente, em forma de gás, que vive em busca de estabilidade e, devido à sua probabilidade em liberar oxigênio livre, tem sido utilizado na medicina humana há anos para combater bactérias, fungos e principalmente para inativar vírus. Ele é facilmente encontrado na superfície terrestre e sua importância se dá pelo fato de ser o único gás que filtra a radiação ultravioleta do tipo B,ou seja, a camada de ozônio, onde ele se encontra, é responsável por proteger os seres vivos de substancias nocivas. Ele é 1,6 vezes mais denso e 10 vezes mais solúvel em água que o oxigênio6. Oxigênio é uma molécula que apresenta uma dupla ligação química, contendo então dois átomos de oxigênio. Ao ser submetido à uma descarga elétrica (Corona Discharge) e, por ser termodinamicamente instável e catalisável em condições de aumento de pressão e temperatura, essa molécula é dividida e, onde antes havia uma molécula de oxigênio, agora apresenta dois átomos de oxigênio livres. A partir disso, estes dois átomos livres, passam a precisar se ligar a outras moléculas e, é nesta etapa que eles se ligam a uma outra molécula de oxigênio, levando à formação do Ozônio. Sua condição química instável estabelece a fácil 9 decomposição, liberando oxigênio puro e restruturando a molécula de oxigênio mais estável7. O ozônio voltado para o uso medicinal provém do oxigênio puro, dessa forma, há meios de gerar o gás, comercialmente. No processo do efeito Corona, ele é gerado por uma descarga elétrica em um tubo de inox que chamamos de reator de ozônio e, através deste tubo aplica-se uma descarga elétrica juntamente com um fluxo de ar gerando assim o gás ozônio, um gás com alto poder oxidante8 . Existem diversas ações do ozônio no corpo humano tais como: analgésica e imuno-estimulante;detoxificante e anti-hipóxia; antimicrobiano; bioenergético e biossintético (ativação do metabolismo de carboidratos, proteínas e lipídeos); e outras mais9. Ozônio medicinal é uma mistura de oxigênio e ozônio puros na proporção de 0,05% a 5% de O3 e 99,95% a 95% de O2 respectivamente4. A utilização do ozônio para fins terapêuticos teve seu primeiro relato na I Guerra Mundial quando Albert Wolf tratou com sucesso feridas de soldados alemães em putrefação, fraturas ósseas supuradas, fleimões e abscessos10. Especificamente, o uso medicinal do O3 induz a um moderado estresse oxidativo no organismo, quando interage com lipídeos ou quadros patológicos. Tal interação aumenta a produção endógena de antioxidantes, a perfusão local, o aporte de oxigênio, também otimiza as respostas imunes11 . Mais do que isso, o ozônio aumenta a estabilidade das células normais saudáveis12 bem como oxida os agentes patógenos que podem habitar em nosso organismo. A evolução da oxigênio-ozônioterapia vem crescendo cada vez mais na área da saúde, seja humana ou animal. Hoje em dia, aqui no Brasil, a ozônioterapia pode ser indicada como terapia complementar, tanto na medicina, quanto na veterinária e na odontologia. Sabe-se que a forma, primordial, de obtenção do ozônio é o gás, assim como o oxigênio, mas, ainda podemos adicionar mais duas formas básicas de obtenção desta molécula na Odontologia. Para melhor compatibilidade e aplicação aos tecidos orais, temos as formas de óleo ozonizado e a água ozonizada. Um importante educador e conselheiro militar germano-americano, conhecido como Fritz Kramer13, já na sua época em 1940, pôde afirmar que o ozônio, na forma de água ozonizada, pode ser utilizado de inúmeras maneiras. De acordo com o 10 dentista alemão, estas seriam as principais ocasiões onde poderíamos utilizar a agua ozonizada: como um potente desinfetante; agente hemostático; na limpeza feridas cirúrgicas em tecidos duros e moles; para aumentar o aporte local de oxigênio na área cirúrgica e, consequentemente, como agente cicatrizante; também pode aumentar a temperatura na região cicatricial e aumentar os processos metabólicos relacionados à cicatrização da ferida cirúrgica. Porém, a ausência de materiais adequados para seu desenvolvimento, tornou sua utilização mais complexa, razão pela qual deixou a evolução da ozonioterapia esquecida por um tempo. A ozonioterapia é aplicável em diversas áreas da odontologia, com diversas terapêuticas, sendo estas estabelecidas devido às suas propriedades biológicas. Dessas propriedades, vários estudos foram e continuam sendo conduzidos em busca de um melhor aperfeiçoamento e manejo dessas suas propriedades. Diversos estudos fazem referência a capacidade antimicrobiana do ozônio, agindo contra bactérias, vírus e fungos, principalmente na forma de água ozonizada, devido a maior facilidade de utilização na odontologia. Além disso, a água ozonizada impede o crescimento de alguns agentes patogênicos, pode ser utilizada para desinfecção da via oral, semelhante a Clorexidina, e em casos cirúrgicos, estabelece hemostasia, cria melhor visibilidade do campo operatório e oxidaos tecidos expostos, auxiliando no reparo tecidual. A influência da água ozonizada nos tecidos da cavidade oral, principalmente em relação à cicatrização epitelial, foi estudada por Filippi.Verificou-se que a aplicação diária desta água poderia acelerar o processo de reparação tecidual, além de agir como um importante meio de descontaminação da mucosa oral, envolvendo áreas como periodontia e implantodontia14. 11 2 PROPOSIÇÃO O estudo proposto tem o objetivo de avaliar a variação da concentração da água gelada potável e de injeção coletada do tubo de ozonização em relação ao tempo. Para o experimento, será utilizado: água potável coletada em filtro e água para injeção (JP Indústria Farmacêutica S.A), colocadas em coluna vertical para ozonização da agua, e através de um gerador de ozônio O&L 3.0 RM (Ozone & Life), será realizado a saturação dos líquidos com o gas ozônio a 50ug/mL por 10 minutos e analisados através de Kit para fotometria DissolvedOxygen SAM (Single- AnalytePhotometer) - Vacu-Vials Ozônio (CHEmetrics) para obtenção da concentração de ozônio. Os intervalos de tempo escolhidos para mensuração foram: I (tubo de ozonização), 0 (imediato), 10, 20, 40, 60 e 120 minutos. Para isso, traçou-se um estudo com o seguinte propósito: ozonizar a água potável e de injeção, resfriadas em geladeira convencional, e avaliar a variação da concentração de ozônio em função do tempo, no tubo de ozonizaçã e armazenadas em cadeira odontológica e coletadas na seringa tríplice no equipo da cadeira odontológica. 12 3 REVISÃO DA LITERATURA A revisão de literatura objetiva pautar a relevância dos estudos desse elemento e também contextualizar sua evolução com o passar dos anos. 3.1 Histórico O gás ozônio foi descoberto em 1783 pelo médico e físico Martins Van Marum, que percebeu que ao redor de sua máquina eletrostática o ar apresentava um odor característico quando emitia descargas elétricas. Porém, somente em 1840 que Christian Friedrich Schonbein observou que a água submetida a uma descarga elétrica produzia odor estranho: se tratava de um gás semelhante ao oxigênio, que ele denominou como gás de ozon. Deste modo, Schonbein é reconhecido até os dias atuais como o pai da ozonioterapia. Seguidos os anos, o físico Dr. Werner Von Siemens, em 1857 desenvolveu o que seria o primeiro Gerador de Alta Frequência, com duas placas de eletrodos interpostas de alta tensão clivando o oxigênio formando o gás ozônio. A primeira aplicação médica do ozônio foi em 1870 pelo Dr. C. Lender que o utilizou para purificar o sangue em tubos de ensaio. Em 1896 Nikola Tesla patenteou o primeiro gerador de O3 nos USA (Bobina Tesla). Porém, suas primeiras aplicações terapêuticas só foram realizadas durante a I Guerra Mundial (1914-1918) quando Albert Wolf tratou com sucesso feridas de soldados alemães em putrefação, fraturas ósseas supuradas, fleimões e abscessos, conforme já publicado na revista THE LANCET, nos anos 1916 e 1917. No entanto, o ozônio foi seriamente estudado pela comunidade científica somente em 1932 quando a água ozonizada foi utilizada como desinfetante pelo Dr. Edward Fisch, um dentista suíço. Ele teve a ideia de utilizar o gás ozônio e água ozonizada em sua prática. Fisch utilizou como antisséptico em cirurgias orais, no tratamento de feridas cirúrgicas, com o objetivo de aumentar o aporte de oxigênio, e no tratamento de alvéolos e de canais radiculares. Em 1959, Joachim Hansler e Hans Wolff desenvolveram o primeiro gerador de ozônio para uso médico, com dosagens precisas: este foi o protótipo dos geradores utilizados na atualidade9. 3.2 A Ozônioterapia Bocci15 destacou que a ozônioterapia possui inúmeras aplicabilidades em 13 medicina, entre elas: tratamento de doenças infecciosas agudas e crônicas (particularmente devido à bactérias vírus e fungos resistentes à antibióticos e outrosfármacos), osteomielites, enfisema pleural, peritonite, abcesso com fístula, escaras, úlceras crônicas, pé diabético, queimaduras, picadas de insetos, feridas infectadas, onicomicoses e candidíases, infecções herpéticas, herpes zoster e infecção por papiloma vírus, doenças autoimunes (esclerose múltipla, artrite reumatoide e doença de Crohn), doenças isquêmicas crônicas (cerebral e cardíaca) e muitas outras condições. Bocci41 realçou que o progresso da ozônioterapia foi, por muito tempo, barrado devido a dogmas e outros equívocos. Entretanto, tal terapia quando bem utilizada por profissionais competentes e especializados, pode ser muito útil ao contrário do que a Medicina ortodoxa pensa parecer inadequada. A ozônioterapia é incrivelmente versátil devido à cascata de componentes, derivados do ozônio, capazes de atuar em vários alvos, levando assim a uma correção multifatorial do estado patológico. Grupta et al.16 atribuíram que o ozônio na odontologia possui suas principais indicações nos seguintes tipos de tratamento: na periodontia (tratamento de gengivite, periodontite, peri-implantite e na profilaxia), para o tratamento de cáries, trincas de esmalte e tratamento de canais radiculares, clareamento dental, no tratamento de outras patologias (abcessos, granulomas, fístulas, aftas, herpes, estomatites e candidíases), em cirurgia (implantes, reimplante dental, exodontias, para acelerar a cicatrização e como agente hemostático), para desinfecção de próteses, no tratamento de DTMs, trismo e mioartropatias, entre outros. Estudos avaliaram a eficácia da ozônioterapia como coadjuvante no tratamento de osteomielites crônicas. Oguz et al17 mostraram menores contagens de bactérias quando o ozônio foi utilizado em conjunto com a terapia de oxigênio hiperbárico e vancomicina. Além disso, procedimentos cirúrgicos aliados a ozônioterapia têm proporcionado resultados satisfatórios em pacientes que fazem uso de bifosfonatos, evitando o surgimento de osteonecrose(2). Bonetti et al. (2004), citado por Daif18 trataram portadores de DTM com infiltração intra-articular injetando uma mistura de ozônio a 25ug/ml. Estes possuíam anomalias de posição do disco articular e de compressão disco-côndilo, com 14 osteoartrose e/ou osteoartrite ou osteonecrose avascular. Os resultados mostraram a resolução da sintomatologia dolorosa em 84% dos casos, confirmando o potencial do ozônio para o tratamento das DTM, em alternativa ao tratamento farmacológico7. Apesar de todas essas aplicações da Ozônioterapia, ainda não há um protocolo padronizado para as concentrações e intervalos entre aplicações para cada tratamento, e nem mesmo um protocolo universal para a Ozônioterapia, Ferreira et al.19. 3.2.1 Mecanismo de ação A Ozônioterapia pode ser evidenciada devido à sua cascata de componentes derivados do ozônio formando espécies reativas de oxigênio (ROS) e produtos de oxigenação de lipídios (LOPs). As ROS são formadas a partir dos ácidos graxos poli-insaturados e dos compostos tiólicos das células. Já as LOPs são os produtos formados a partir do peróxido de hidrogênio. Os ROS e LOPs atuam na pele sendo reduzidos por antioxidantes enzimáticos, como a glutationa oxidase, o superóxido dismutase e a catalase, além de isoformas de vitamina E, vitamina C, ácido úrico e ubiquinol. Por isso, quando o ozônio é convertido em ROS e LOPs no plasma sanguíneo, ele atua desencadeando o processo terapêuticocapaz de atuar em vários alvos, levando assim a umacorreção multifatorial do estado patológico. Essas cascatas funcionam como uma resposta inicial ao sinal de um estresse oxidativo que induz ao potencial redutivo. Sempre que há uma situação de estresse oxidativo em nosso organismo, devemos interpretar como uma insuficiência do sistema imunológico em combater determinadas patologias. O ozônio, quando entra no organismo humano sofre uma rápida dissociação da terceira molécula de oxigênio,e isso faz com que haja um aumento da oxigenação tecidual. A partir disso, aproximadamente 98% deste oxigênio é transformado em ATP, aumentando o metabolismo celular. Ou seja, não só as células patológicas processam essa nova carga de oxigenação, mas também as células saudáveis. Em doses controladas de ozônio, nosso sistema imune recebe então uma espécie de recarga. Os 2% restantes de oxigênio livre, vão ser convertidos em radicais livres. A reação dos radicais livres (ROS), apresentam uma meia vida aproximada de 60 segundos, ou seja, assim que ela entra em atuação, 15 rapidamente é degradada com auxílio da catálise, isso é a fase inicial. Pelo fato dessa cascata atuar somente no local da aplicação, quando ela atinge um nível alto de glicose nas hemácias e aumenta o aporte de oxigênio tecidual, ativa o sistema antioxidante endógeno. A partir disso, inicia-se aqui a fase tardia: que é a reação dos lipoperóxidos (LOPS). Mais claramente, lipídeos oxidados pelo ozônio geram lipoperóxidos que guiam então, o efeito sistêmico. A partir disso, devido à vasodilatação do estado patológico, as cascatas de derivados de ozônio são capazes de aumentar a concentração de oxigênio no local, permitindo que esse estresse oxidativo passe a ser controlado. 3.2.2 Propriedadesbiológicas do ozônio Grande parte das propriedades biológicas da molécula do ozônio no corpo humano foram atribuídas com base nos diversos títulos da literatura que embasam este assunto. Sua capacidade de poder controlar o estresse oxidativo tanto das células saudáveis quanto das células patológicas foi a característica que impulsionou ainda mais entendermos a farmacodinâmica desta terapia complementar. O ozônio é extremamente efetivo como desinfetante, com uma performance muito superior ao hipoclorito de sódio, formaldeído, e ácido acético, comumente utilizados nos sistemas de tratamento de água20. Filippi21 realizou um estudo comparativo sobre a desinfecção da água em equipamentos odontológicos utilizando ozônio e peróxido de hidrogênio/íons prata por um período de 11 anos e, através de testes microbiológicos, constatou que os resultados apresentados a longo prazo apontaram que a desinfecção por ozônio é atualmente o método mais confiável para se manter a água dos equipamentos odontológicos livre de bactérias. Sua capacidade desinfetante abrange tanto bactérias Gram + como Gram -, além de diversos fungos e bactérias. A ação antimicrobiana do ozônio pode ser descrita em duas fases, nas quais a sua capacidade em eliminar bactérias, fungos e vírus pode ser afirmada. A ação direta se inicia logo no começo de sua atuação no organismo, a partir do momento em que os ácidos graxos poliinsaturados da membrana bacteriana sofre uma oxidação, ocorre a lise bacteriana. Ou seja, pelo fato da maioria das células patológicas não serem portadoras de agentes antioxidantes, ao sofrer o então 16 chamado estresse oxidativo,a célula interpreta isso como uma ‘’chuva de granizo’’ em sua parede celular, e ocorre a ruptura da célula bactériana. Outra propriedade biológica do ozônio, afirmada por Kim22, é seu efeito analgésico no qual pode ser explicado pelo fato desta molécula ser capaz de neutralizar mediadores da dor. Atua neutralizando mediadores neuroquímicos da sensação dolorosa, facilitando a metabolização e eliminação de mediadores inflamatórios como histamina, quinina e bradicinina. Por isso é utilizado como coadjuvante no tratamento de algumas dores crônicas. Também inibe a cicloxigenase II evidenciando a redução da hiperpermeabilidade, edema e dor25. Ferreira et al.2 avaliaram a cicatrização de feridas cutâneo tratadas com óleo ozonizado, e pode-se concluir que a aplicação na forma tópica pode acelerar a cicatrização de feridas agudas cutâneas, promovendo a síntese de colágeno e a proliferação de fibroblastos no local da lesão e o aumento da expressão de fatoresde crescimento tais como PDGF, TGF- e VEGF. Também existem casos em que o uso do ozônio como antisséptico em cirurgias bucais, utilizado na irrigação de feridas e na hemostasia durante a cirurgia, contribuiu com a melhora do processo de reparo através de estímulos à vascularização e maior oxigenação local, como indicam os estudos de Traina23. Na técnica de exodôntia, a água ozonizada pode ser utilizada como meio auxiliar, atuando como agente irrigante durante a ostectomia de terceiros molares, ao se reduzir a ocorrência de complicações infecciosas após a cirurgia, sendo indicada também para aplicações profiláticas contra infecções após osteomielite24. Tem-se também, como aditivo, o enorme potencial de oxidação pelas moléculas de ôzonio no tecido. De acordo Schwarz25, devido a essa sua característica, o ozonio é um agente ativo contra fungos, bactérias e vírus. Dito isso, tem-se alguns virus que são mais suscetíveis a ação do ozônio do que outros; foi-se constatado que vírus envoltos por lipídios são mais afetados que os vítus sem essa camada de lipídeos. Schwarz25 estabelece que o enorme potencial de oxidação pelas moléculas de ozônio no tecido estabelece a característica que o ozonio é um agente ativo contra fungos, bactérias e vírus. Alguns vírus são mais suscetíveis a ação do ozônio do que outros; constatado, que vírus envoltos por lipídios são mais afetados que os vírus 17 sem essa camada de lipídeos. Bardellini26 fez os primeiros ensaios sobre a aplicação da água ozonizada em cadeira odontológica, ressaltando que hoje em evidência,o vírus 2019-nCoV, SARS e MERS, são todos envoltos por lipídiosque são oxidáveis por agua ozonizada. 3.3 Evidências Literárias Sobre Água Ozonizada Sadatullahet al.27 citaram em seus estudos a eficácia da água ozonizada a 0,1ppm no combate a certos tipos de microrganismos presentes no biofilme bucal (placa bacteriana). A exposição à água ozonizada por 30 segundos, através de bochechos, reduziu a população total da placa bacteriana formada durante 24 horas em 45,3%. Nagayoshi et al.28 também examinaram o efeito da água ozonizada nos microrganismos bucais e na placa dental. As amostras de placa dental foram tratadas com 4 ml de água ozonizada por 10 segundos. Os autores observaram que a água ozonizada foi efetiva ao combater microrganismos orais Gram+ e Gram- e Candidaalbicans oral em cultura pura. Também observaram a efetividade da água ozonizada em combater bactérias no biofilme e no controle de microrganismos responsáveis por infecções orais, presentes na placa dental. Em um outro trabalho, Nagayoshi et al.29 testaram a eficácia de três diferentes concentrações de água ozonizada (0,5; 2 e 4 g/ml em água destilada) na inativação de micróbios cariogênicos, periodontopatogênicos, e endodontopatogênicos (Streptococus, Porfiromonasgengivalis e endodontalis, Actinomicesactinomycetemcomitans e Candidaalbicans) em cultura e em biofilmes. Eles confirmaram que a água ozonizada foi altamente efetiva tanto para microrganismos Gram+ quanto para Gram-. Dependendo da dosagem, os microrganismos orais foram inativados em 10 segundos. Os Gram- anaeróbicos, tais como Porfirmonasendodontalis e gengivalis, foram substancialmente mais sensíveis à água ozonizada que os Gram+, Candidaalbicans e Streptococusorais, em cultura pura. Além disso, a água ozonizada teve uma atividade bactericida potente contra bactérias no biofilme da placa e também inibiu o acúmulo da placa dental experimental in vitro. 18 Mon et al.30 fizeram uma pesquisa comparando os efeitos da água ozonizada, conjuntamente a clorexidina e água à base de ervas, como exaguantes orais em crianças e seus efeitos nos níveis deStreptococcusmutans na saliva. Nesse estudo, foram selecionadas crianças entre 10 e 12 anos de idade, sem problemas sistêmicos, que fizeram uso de antibióticos no último mês e que estão passando por tratamento ortodôntico. Como conclusão, notou-se que cada um obteve vantagem em determinado meio, sendo que a água ozonizada foi a mais eficaz na diminuição dos debris, a clorexidina atuando eficientemente melhor na diminuição da Streptococcusmutans e a agua a base de ervas no cálculo dentário. Huth et al.31 em seus estudos, declararam que a forma aquosa do ozônio, como um potente agente antisséptico, apresentou menos citotoxidade que a forma gasosa ou os antimicrobianos convencionais (digluconato de clorexidina 2%, 0,2%; hipoclorito de sódio (NaOCl) 5,25%, 2,25%; peróxido de hidrogênio (H2O2) 3%). Os autores afirmam que o ozônio aquoso preenche as melhores características biológicas celulares em termos de biocompatibilidade para aplicação oral. Herbold et al.32 em seus estudos ressaltam que a concentração de ozônio necessária para desinfetar água potável é extremamente baixa, sendo a aplicação de 0.4ug/mL durante 4 minutos. Isso afirma a propriedade desinfetante do ozônio e antimicrobiana, podendo ser usado em tratamentos odontológicos e por toda a medicina, quando na concentração correta e segura. Ebensberger et al.33 avaliaram o efeito da irrigação com água ozonizada na proliferação de células no ligamento periodontal que aderiram às superfícies radiculares de 23 terceiros molares erupcionados recém extraídos. Os dentes foram aleatoriamente tratados com irrigação intensa por 2 minutos com água ozonizada ou solução salina estéril (grupo controle). As células periodontais destes dentes foram estudadas imuno-histo-quimicamente a fim de marcar antígenos de proliferação celular (PCNA). Os autores observaram maiores índices de PCNA nos dentes irrigados com ozônio, concluindo que os dentes tratados com água ozonizada levaram não só a uma limpeza mecânica, mas também uma descontaminação da superfície radicular, sem causar efeito negativo nas células periodontais remanescentes na superfície dental. Em um outro estudo, Huth et al.34 examinaram o efeito do ozônio na resposta 19 do sistema imunológico e escolheram o sistema NF-kappa, um complexo proteico de sinalização associado à inflamação, para a realização deste estudo. Os autores observaram que a resposta imunológica em células no ligamento periodontal das superfícies radiculares de dentes periodontalmente comprometidos foi inibida após a incubação em meio ozonizado. Este estudo, os autores estabeleceram uma condição sob a qual a água ozonizada exerceu efeitos inibitórios no sistema NF- kappa, sugerindo assim, que ela possui uma capacidade anti-inflamatória também. Moraschini et al.35 em suas revisões afirmam que o ozônio tem uma grande e eficaz compatibilidade com células do tecido periodontal e fibroblastos gengivais; alem disso, concluiu que, apesar de não haver uma diferença tão significativa nos tecidos periodontais comparando Clorexidina 2% e agua ozonizada, a inefetividade da ozonioterapia em tratamentos periodontais não-cirurgicos não pode ser considerada definitiva, devido a seus princípios biológicos favoráveis. Azuma et al.36 avaliaram, em um estudo utilizando modelo animal (ratos), os efeitos anti-inflamatórios da água ozonizada no tratamento de peritonite induzida. Os autores observaram que as concentrações do ozônio dissolvido diminuíram constantemente e linearmente, e que a meia vida do ozônio dissolvido foi de 36.8 ± 2.7 minutos (a 27o C). Os resultados sugeriram que a água ozonizada possui propriedades anti-inflamatórias e que pode ser uma boa opção terapêutica nas inflamações agudas. Filippi37 observou em seus estudos a influência da água ozonizada no processo de cicatrização das feridas cirúrgicas da cavidade oral. Descobriu que a água ozonizada aplicada diariamente pode acelerar o índice de cicatrização na mucosa oral. O efeito foi mais evidente nos dois primeiros dias pós-operatórios. Kuroda et al.38 conduziram um estudo que relacionou a segurança da água ozonizada e seus efeitos anti-tumorais, em modelo animal. Os autores separaram os ratos em dois grupos, sendo que um grupo recebeu tratamento com células tumorais para a indução tumoral e o outro grupo não (controle). A administração de água ozonizada não foi associada a nenhum efeito deletério em tecidos normais. Por outro lado, a administração local de água ozonizada diretamente no tecido tumoral induziu à necrose e inibiu a proliferação de células tumorais. Tais resultados indicaram que a água ozonizada não afeta os tecidos normais, mas afeta somente o 20 tecido tumoral por necrose seletivamente induzida. Há uma possibilidade de que isto aconteça devido à produção de espécies reativas de oxigênio (ROS). Kim et al., citados por Chun-Chieh Tseng e Chih-ShanLi39, em 2006, afirmam que o ozonio provavelmente reage com os vírus tanto pela reação direta com a molécula de ozônio bem como pela reação indireta com os radicais livres formados pelo ozônio já decomposto. Ainda, pôde-se afirmar que a comunidade viral sofre um ataque das moléculas de ozônio ao atingirem sua estrutura proteica que compõe o seu capsídeo. Küçük et al.40, por meio de um estudo comparativo com o Hipoclorito de Sódio 2,5% (NaOCl) para desinfecção oral por irrigação, observaram que o ozônio tem um poderoso efeito antimicrobiano contra bactérias, fungos e vírus, além de incapacitar o crescimento de alguns agentes patogênicos. Isso, também, devido a seu enorme potencial de oxidação nos tecidos nos tecidos. Dessa forma, foi possível observar que a susceptibilidade de inativação destes microrganismos rege em função da concentração do ozônio, valor de pH (da microbiota oral e/ou da presença de um processo inflamatório), temperatura da água, grau de saturação do ozônio nas moléculas da água e compostos orgânicos. Ainda, podemos constatar que para a inativação de algum microrganismo, a concentração do ozônio na água e o tempo decorrido desde sua produção, influenciam na capacidade de efetivar a quebra do capsídeo proteico que envolve o núcleo ácido de cada microrganismo, expondo-o fazendo com que a sua lise seja completada. 21 4 MATERIAIS E MÉTODOS Neste experimento foi utilizada água para injeção (JP Indústria Farmacêutica S.A), água potável coletada em filtro de água (Europa),coluna vertical de agua para ozonização (Ozone & Life), gerador de ozônio O&L 3.0 RM (Ozone & Life), Kit para fotometria DissolvedOxygen SAM(Single-AnalytePhotometer) Vacu-Vials Ozônio (CHEmetrics) com trinta ampolas para teste, 2 cubetas de teste 25ml, uma ampola em branco (zero teste) e um frasco de solução ativadora A-7400 (líquido ativador reagente ao ozônio), além de um Termômetro digital modelo FR1DZ1 (G-tech sem contato). A água para injeção (bolsa) e a água potável foram acondicionadas em geladeira, após período de 2 horas para atingirem a mesma temperatura, foi colocada em uma coluna de vidro preenchendo um volume de 500 ml, em uma temperatura de sala inicial mensurada em 22˚C (refrigerada por ar-condicionado). A esta coluna foi conectada o aparelho gerador de ozônio. O equipamento gerador de ozônio foi ligado durante 10 minutos a fim de aquecer a ampola. Com equipo de 3 vias de distribuição do gerador de ozônio canalizando o fluxo de ozônio para o neutralizador, o cilindro de oxigênio foi aberto e o regulador posicionado em fluxo de saída em 0.25ml por minuto, o gerador foi calibrado para potência 7 com equivalência para 50g/ml. Equipo de 3 vias de distribuição foi direcionado para a coluna vertical e mantido em fluxo constante por um período de 10 minutos. Ao final do experimento o gás ozônio foiredirecionadopara o neutralizador, o fluxo e o cilindro de oxigênio foram fechados e o aparelho de ozônio posicionado em zero de potência e desligado. Foram constituídos dois grupos, o com água potável (grupo de água potável) e com água de injeção (grupo de água de injeção). Os grupos foram analisados separadamente em cada experimento, e quantificados a concentração de ozônio na água em dois locais: no próprio tubo de ozonização e na cadeira odontológica. Para ser quantificado na cadeira odontológica, metada a água ozonizada foiremovida da coluna vertical, e transferidas para o reservatório de água do equipo odontológico, da marca Dabi Atlante, e fechada para pressurização do equipamento com compressor regulado em 120Libras. No trajeto dentro da tubulação para a cadeira, existe uma válvula (Bap) que realiza a transferência da pressão, para 22 80Libras dentro do equipo e quando essa água é acionada para a refrigeração dos instrumentos rotatórios, essa pressurização também sofre uma alteração e passa a girar em torno de 60-80 Libras. Os intervalos de tempo aguardados para mensuração da concentração de ozônio foram: I (inicial ao ser coletado do tubo vertical de ozonização), 0 (imediato), 10, 20, 40, 60 e 120 minutos. O experimento foi dividido em dois grupos: Grupo T (tubo) onde foi coletado a agua ozonizada nos tempos: I(inicial), 0, 10, 20, 40, 60 e 120 minutos correspondendo grupos GTI, GT0, GT10, GT20, GT40, GT60 E GT120; e o Grupo C (cadeira) onde foi coletado a agua ozonizada nos tempos: I (inicial), 0, 10, 20, 40, 60 e 120 minutos correspondendo grupos nGCI, nGCO, nGC10, nGC20, nGC40, nGC60 E nGC120, sendo realizado 4 testes padronizados representados pelo n (numero de 1 a 4) inseridos em tabela contendo os dados da concentração de ozônio. Para coleta nos tempos acima foi utilizado 25 ml de água ozonizada em cuba apropriada contendo solução ativadora do experimento( 4 gotas do reagente). Em cada experimento, o aparelho SAM Photometer foi utilizado para medir a quantidade de ozônio presente em cada amostra (ampola). Inicialmente o fotômetro foi calibrado com uso de ampola teste. Para tal finalidade a ampola teste foi inserida no aparelho e este colocado na posição de calibragem até a que a marca zero aparecesse no visor. Com o fotômetro calibrado, uma ampola de teste foi posicionada invertida dentro da cuba contendo a água ozonizada e o reagente encaixando sua ponta em um dos ressaltos existentes no fundo da desta. A seguir, a ponta da ampola foi quebrada, pressionando-a contra a parede inferior da cuba, fazendo com que a ampola fosse preenchida automaticamente, devido ao vácuo formado, pela solução existente na cuba, adquirindo após a reação química uma cor rósea. Foi aguardado o tempo de 1 minuto para que as reações químicas finais colorimétricas ocorressem. A partir dos processos anteriores, a ampola foi seca, mensurada e registrada o tempo do experimento e posicionada dentro do fotômetro onde foi feita a leitura digital da concentração de ozônio por colorimétria. Quando os indicadores da 23 amostra apontaram índices elevados, acima de 4.5 μg/mL (High) mensurados no fotômetro, a mistura foi rapidamente diluída em 1:2 e medida novamente no fotômetro. O novo resultado obtido pela fotometria foi anotado na tabela, sendo multiplicado por dois (x2). 24 5 RESULTADO Os valores da concentração de ozônio em cada grupo (I, 0, 10, 20, 40, 60 e 120 minutos) coletados do tubo de ozonização e da seringa tríplice na cadeira odontológica foram utilizados para gerar o Quadro 1. Quadro 1 –Concentração de ozônio na água T 1GT 1GC 2GT 2GC 3GT 3GC 4GT 4GC MC MT tubo 10,68 10,68 13.12 13.12 10,08 10,08 13,72 13,72 11,90 11,90 I 10,68 0,79 13,12 1,65 10,08 1,31 13,72 1,79 1,39 11,90 10 9,60 0,59 11,88 1,00 9,18 0,70 11,56 1,50 0,95 10,57 20 8,40 1,26 9,68 1,18 8,04 0,43 9,92 1,27 1,04 9,01 40 6,18 0,75 6,10 0,01 4,06 0,31 4,76 0,00 0,27 5,30 60 3,46 0,01 6,12 0,32 4,42 0,29 4,90 0,42 0,26 4,73 120 3,15 0,00 4,00 0,10 2,42 0,21 1,79 0,36 0,17 2,84 Concentração da água ozonizada (µg/mL) coletada do tubo (T) e da seringa tríplice © dos 4 grupos T e C em relação ao tempo decorrido após a ozonização da água, nos diferentes momentos de avaliação.Media da concentração (MC e MT) da agua ozonizada nos diferentes momentos de avaliação. Fonte: Elaboração própria. Quadro 2 – Médias das concentrações APARELHOS VARIÁVEIS TUBO DE OZONIZAÇÃO TEMPO 0' TEMPO 10' TEMPO 20' TEMPO 40' TEMPO 60' TEMPO 120' TUBO CONCENTRAÇÃO CO³ 11,90 11,90 10,57 9,01 5,30 4,73 2,84 CADEIRA CONCENTRAÇÃO CO³ 11,90 1,39 0,95 1,04 0,27 0,26 0,17 Média da concentração da água ozonizada (µg/mL) coletada do tubo (T) e da seringa tríplice © dos 4 grupos T e C em relação ao tempo decorrido após a ozonização da água, nos diferentes momentos de avaliação. Fonte: Elaboração própria. 25 Os valores das médias da concentração de ozônio foram utilizados para a confecção de um gráfico da concentração em função do tempo (Gráfico 1). Gráfico 1 - Médias Média da concentração da água ozonizada (µg/mL) coletada da seringa tríplice de 4 grupos em relação ao tempo decorrido após a ozonização da água, nos diferentes momentos de avaliação. Fonte: Elaboração própria. Os resultados evidenciaram que a meia vida do ozônio saturado na água, no tubo de ozonização baseado no gráfico de tempo em minutos foi de 34 minutos. Os resultados não evidenciaram a meia vida do ozônio quando saturado na água, coletado da seringa tríplice na cadeira odontológica. As médias de concentração de ozônio nas agua ozonizada coletadas do tubo de ozonização no tubo vertical de ozonização foram: Tubo 11,90 ug/ml, tempo 0 de 11,90 ug/ml, tempo 10 minutos de 10,57ug/ml, tempo 20 minutos de 9,01ug/ml, tempo 40 minutos de 5,30ug/ml, tempo 60 minutos de 4,73ug/ml e tempo 120 minutos de 2,84ug/ml As médias de concentração de ozônio nas agua ozonizada coletadas na seringa tríplice de equipamento odontológico foram: Tubo 11,90 ug/ml, tempo 0 de 1,39, tempo 10 minutos de 0,95ug/ml, tempo 20 minutos de 1,04ug/ml, tempo 40 minutos de 0,27ug/ml, tempo 60 minutos de 0,26ug/ml e tempo 120 minutos de 0,17ug/ml. 0 2 4 6 8 10 12 14 TUBO CONCENTRAÇÃO CO³ CADEIRA CONCENTRAÇÃO CO³ 26 6 DISCUSSÃO Tem-se esta discussão para tratar da importância dessas pesquisas nos dias atuais, dado o avanço tecnológico e aumento de pesquisas. 6.1 Da Proposta Dado o avanço temporal, tecnológico e o aumento do número de pessoas no planeta, fica cada vez mais evidente ao longo dos anos que o consumo de água também aumente exponencial e gradativamente. Além disso, tem-se, também, como contribuintes o aumento do desperdício e do uso excessivo de suprimentos naturais. Dessa maneira, torna-se fato que bilhares de pessoas são afetadas por essas ações propriamente feitas por humanos, que causaram a menor disponibilidade desses suprimentos de tamanha importância. Com a insuficiência desses mantimentos, bem como com o aumento populacional e a demanda dos mesmos, várias doenças acometeram a humanidade e problemas de saúde acabaram surgindo e se alastrando por todo o mundo, tal qual a COVID-19. Graças a isso, a iniciativa pública foi e ainda é a de um tratamento de água sem grandes investimentos. Meyer42 afirma que a utilização do cloro para desinfetar a água, apesar de sua eficiência, acaba por gerar compostos considerados tóxicos para o organismo humano. No contexto da odontologia, tem-se conhecimento de que a água é de suma importância nos procedimentos diários do profissional, haja vista que é a mola propulsora do equipo odontológico. Não apenas sendo utilizada em seringa tríplice, temos como modos de utilizá-la em motores de alta rotação e baixa rotação para o resfriamento dos instrumentos. A molécula do ozônio, apesar de instável em determinadas condições de temperatura e pressão, tem sido bastante utilizado como aliado no tratamento de água para que sirva na cadeira odontológica. De acordo com Nogales10, tanto na medicina quanto na odontologia é possível utilizar o gás in natura associado a um veículo com a finalidade de retardar a sua instabilidade. Tal efeito está diretamente vinculado aos fatores como temperatura, pressão, pH e viscosidade do meio. Quanto mais baixa a temperatura e mais viscoso é o meio, maior a durabilidade do O3. Entretanto, as formas mais eficientes de aplicação se encontram na forma in natura e no ozônio diluído em água bidestilada resfriada. 27 Hoje em dia, o ozônio se tornou um grande alicerce às terapias odontológicas, diferentemente de outras substâncias também experimentadas para a desinfecção de água. As suas propriedades antimicrobianas, anti-inflamatórias e detoxificantes, já comprovadas, faz com que a sua utilização seja ainda mais feita em consultórios odontológicos23,27,29,33,38. No estudo de Nagayoshi et al.29 onde foi testada a eficácia de três concentrações de água ozonizada na inativação de algumas microbiotas presentes na cavidade oral. Eles confirmaram que a água ozonizada foi altamente efetiva tanto para microrganismos Gram+ quanto para Gram-. Dependendo da dosagem, os microrganismos orais foram inativados em 10 segundos.Além disso, o mesmo autor ainda afirmou que a água ozonizada teve uma atividade bactericida potente contra bactérias no biofilme da placa e também inibiu o acúmulo da placa dental experimental in vitro. Já Bocci41, em seus estudos contrariando a década passada, demonstrou que o ozônio que tinha sua aplicação considerada prejudicial em doenças infecciosas crônicas, e até na odontologia, mostrou-se diferente com resultados impressionantes, tornando a Ozonioterapia algo funcional. Reforçando que a dose de ozônio deve ser correta, haja vista que menores doses não possuem efeitos terapêuticos e doses acima do indicado tornam-se tóxicas ao organismo. Tais literaturas apresentadas mostram a importância das mesmas no meio científico e também o poder da água ozonizada em relação a resistência às bactérias e biofilmes das mangueiras do equipo odontológico em comparação ao cloro para sua limpeza, como relata Huth31. Isso ressalta a importância da água na odontologia, tendo grande participação em quase todos os procedimentos odontológicos, tornando os resultados das pesquisas científicas ainda mais concretos e permitindo cada vez mais a sua utilização clínica com maior eficácia e segurança, como vem acontecendo com o passar dos anos. 6.2 Dos Resultados A literatura nos respalda com uma abrangente literatura, que nos forneceu o conteúdo necessário para determinarmos os materiais e métodos mais eficazes para 28 a avaliação de concentração da água ozonizada quando coletada da seringa tríplice no equipo odontológico. Diante dos resultados, foi possível afirmar a instabilidade da concentração do ozônio diante de mudanças de temperatura. Fato esse que nos leva ainda a avaliar como mantemos uma temperatura ambiente e constante do nosso consultório odontológico. O auxílio de condicionadores de ar faz com que a temperatura seja mantida em um padrão pré-determinado para aquele ambiente, bem como a temperatura do local onde se encontra o consultório e do dia também devem ser levadas em consideração para que os resultados possam ser validados. O aumento de temperatura na água ozonizada faz com que a movimentação molecular seja aumentada, confirmando a fácil decomposição do ozônio em oxigênio molecular3. Ainda sobre a questão da instabilidade da concentração do ozônio na água em situações de aumento de pressão, foi observado que as pressurizações das cadeiras odontológicas podem variar dentre as marcas. Para o presente estudo, foram utilizadas as cadeiras da marca Dabi Atlante, nas dependências da Associação Brasileira de Odontologia Regional de Araraquara.Esse fato, determina a grande variância de resultados que podem ser obtidos em diferentes marcas de equipos odontológicos. Em suma, as mangueiras que compõem o equipo odontológico podem ainda apresentar uma grande variedade de microrganismos vivendo em comunidade por dentro, podendo se acumular por anos. Apesar da concentração do ozônio ser efetiva para inativar uma variedade de microrganismos, a sujidade presente nas mangueiras acaba por inativar a água ozonizada quando passada pela primeira vez39. Assim, os resultados obtidos neste presente estudo podem ter sofrido a influência de vários anos de uso das cadeiras odontologias da ABO de Araraquara. Em seu artigo, Chun-Chieh Tseng e Chih-Shan Li39 relatam que a capacidade da sobrevivência dos microrganismos são indiretamente proporcionais ao aumento exponencial da concentração de ozônio, independentemente da forma como ele é administrado. Isso se torna possível graças as propriedades biológicas do ozônio juntamente ao veículo, que é a agua nos casos odontológicos mais registrados. Além disso, é impressionante como uma baixa concentração de ozônio (1ug) e um 29 pequeno tempo em contato com a superfície desejada (1 minuto) já fazem com que ocorra a inativação de uma série de vírus39, fungos e bactérias. 6.3 Da Importância do Trabalho para a Produção Científica É imprescindível dar destaque a Friedrich Schonbein, que iniciou seus estudos sobre a ozonioterapia em meados de 1840. Após o início desses estudos, muitos cientistas e intelectuais deixaram essa linha de pesquisa de lado, devido à dificuldade que se encontrava em obter geradores, sua aplicabilidade e a falta de dados científicos benéficos às pesquisas. Com o passar do tempo e o avanço da tecnologia, as pesquisas alavancaram e a ozonioterapia tornou-se material de estudo mais aprofundado e aplicável clinicamente, tendo maiores embasamentos e estudos que fazem com que seja mais prático do que uma pesquisa teórica puramente, como antigamente. A partir desta necessidade de haver estudos clínicos que comprovem a vida útil do ozônio quando utilizado através da água, foi elaborado o presente trabalho. Os resultados aqui obtidos são marcantes e determinantes para a aplicação da ozônioterapia, não só na pratica clínica, bem como para a padronização do seu uso no dia a dia dos consultórios. É fundamental que mais estudos se façam presentes para a complementação deste a fim de determinarmos mais protocolos de utilização da água ozonizada nos tratamentos odontológicos. 30 7 CONCLUSÃO Tendo como base os estudos atribuídos e os achados clínicos cientificos, tem-se como conclusão que a concentração da água ozonidada diminui em função do tempo na cadeira odontológica. Os resultados evidenciaram que a meia vida do ozônio saturado na água, no tubo de ozonização baseado no gráfico de tempo em minutos foi de 34 minutos. Os resultados não evidenciaram a meia vida do ozônio quando saturado na água, coletado da seringa tríplice na cadeira odontológica. As médias de concentração de ozônio nas agua ozonizada coletadas do tubo de ozonização no tubo vertical de ozonização foram: Tubo 11,90 ug/ml, tempo 0 de 11,90 ug/ml, tempo 10 minutos de 10,57ug/ml, tempo 20 minutos de 9,01ug/ml, tempo 40 minutos de 5,30ug/ml, tempo 60 minutos de 4,73ug/ml e tempo 120 minutos de 2,84ug/ml As médias de concentração de ozônio nas agua ozonizada coletadas na seringa tríplice de equipamento odontológico foram: Tubo 11,90 ug/ml, tempo 0 de 1,39, tempo 10 minutos de 0,95ug/ml, tempo 20 minutos de 1,04ug/ml, tempo 40 minutos de 0,27ug/ml, tempo 60 minutos de 0,26ug/ml e tempo 120 minutos de 0,17ug/ml. 31 REFERÊNCIAS 1. Bocci V. Ozone as Janus: this controversial gas can be either toxic or medically useful. MediatorsInflamm. 2004; 13(1): 3-11. 2. Ferreira S, Mariano RC, Garcia Júnior IR, Pellizer EP. 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