UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA - UNESP CAMPUS DE JABOTICABAL COMPATIBILIDADE E SELETIVIDADE DE MISTURAS DE INSETICIDA QUÍMICO E BIOLÓGICOS PARA Chrysodeixis includens (LEPIDOPTERA: NOCTUIDAE) E Trichogramma pretiosum (HYMENOPTERA: TRICHOGRAMMATIDAE). Camila Bertolazzo Giangrecco Engenheira Agrônoma 2024 UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA - UNESP CAMPUS DE JABOTICABAL COMPATIBILIDADE E SELETIVIDADE DE MISTURAS DE INSETICIDA QUÍMICO E BIOLÓGICOS PARA Chrysodeixis includens (LEPIDOPTERA: NOCTUIDAE) E Trichogramma pretiosum (HYMENOPTERA: TRICHOGRAMMATIDAE). Discente: Camila Bertolazzo Giangrecco Orientador: Prof. Dr. Ricardo Antonio Polanczyk Coorientador: Dr. Claudio Damasceno Pavani Dissertação apresentada à Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias – Unesp, Campus de Jaboticabal, como parte das exigências para a obtenção do título de Mestre em Agronomia (Entomologia Agrícola). 2024 G433c Giangrecco, Camila Bertolazzo Compatibilidade e seletividade de misturas de inseticida químico e biológico para Chrysodeixis includens (Lepidoptera: Noctuidae) e Trichogramma pretiosum (Hymenoptera: Trichogrammatidae). / Camila Bertolazzo Giangrecco. -- Jaboticabal, 2024 80 f. Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual Paulista (UNESP), Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Jaboticabal Orientador: Ricardo Antonio Polanczyk Coorientador: Claudio Damasceno Pavani 1. Controle biológico. 2. Controle químico. 3. Incompatibilidade. 4. Microrganismos. 5. Parasitoide. I. Título. Sistema de geração automática de fichas catalográficas da Unesp. Biblioteca da Universidade Estadual Paulista (UNESP), Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Jaboticabal. Dados fornecidos pelo autor(a). Essa ficha não pode ser modificada. DADOS CURRICULARES DO AUTOR CAMILA APARECIDA BERTOLAZZO GIANGRECCO, natural de Jaboticabal, SP, nascida em 08 de outubro de 1989. Graduada pela Universidade de Araraquara, UNIARA, SP, em Engenharia Agronômica, com título obtido em 16 de julho de 2016. O trabalho de conclusão de curso de graduação teve como título: “Efeito de diferentes substratos sobre o desenvolvimento de mudas de Corymbia citriodora” com a orientação da Profa.MSC.Mayra Cristina Teixeira Caetano. No decorrer da graduação realizou estágio na empresa Herbae Consultoria e Projetos Agrícolas durante o período de 1 ano, após foi contratada pela mesma empresa permanecendo na empresa por 3 anos. Após foi contratada pela empresa SGS do Brasil, onde trabalhou por 1 ano na área de pesquisa com ensaio de NTO e de OGM (organismos geneticamente modificados). Atualmente trabalha na empresa Alfa Agrotec Produtos Agrícolas, na área de pesquisa, onde é responsável pelo laboratório de microbiologia. Em julho de 2020 ingressou no curso de Mestrado no Programa de Pós-Graduação em Agronomia (Entomologia Agrícola) na FCAV–UNESP, com a orientação do Prof. Dr. Ricardo Antonio Polanczyk. O trabalho de conclusão de curso de mestrado foi intitulado: “Compatibilidade e seletividade de misturas de inseticida químico e biológicos para Chrysodeixis includens (Lepidoptera: Noctuidae) e Trichogramma pretiosum (Hymenoptera: Trichogrammatidae). “AOS MEUS PAIS TEREZA E MAURICIO POR TODO AMOR E CONFIANÇA DEPOSITADA EM MIM, AO MEU MARIDO MARCOS DIEGO POR TODO APOIO, CARINHO E AMOR, E A MINHA FILHA HELENA POR TODO O AMOR TRANSMITIDO MESMO QUE TÃO PEQUENININHA”. Dedico AGRADECIMENTOS Á Deus por sempre estar ao meu lado e me ensinar a jamais desistir dos meus sonhos. Ao Programa de Pós-Graduação em Agronomia - Entomologia Agrícola da Universidade Estadual Paulista – UNESP pela oportunidade de realização desta pesquisa. Ao meu orientador Professor Dr. Ricardo Antônio Polanczyk pelos ensinamentos, pela confiança e pela oportunidade. Ao meu coorientador Dr. Claudio Damasceno Pavani pelos ensinamentos e pelo incentivo. A minha avó Maria Aparecida de Fátima Financi Bertolazzo (in memoria) por sempre confiar em mim, na minha capacidade de conquistar meus objetivos e me ensinar a nunca desistir dos meus sonhos. Aos amigos e colegas do Laboratório de Controle Microbiano de Artrópodes Pragas – LCMAP, da FCAV UNESP. A minha colega do Programa da Pós-graduação Kelly Cristina Gonçalves e Warner Gasparini Cardoso por todo apoio, ajuda e dedicação durante o experimento. Ao meu amigo Pedro Vinha por todo o incentivo e apoio durante o mestrado. Aos meus amigos de trabalho, Matheus Donadon, Camila Braga, José Paulo Simioni Barbosa, Felipe Morandim e Igor Masson por todo o apoio em mim depositado e pela oportunidade de desenvolver o meu melhor. Sumário COMPATIBILIDADE E SELETIVIDADE DE MISTURAS DE INSETICIDA QUÍMICO E BIOLÓGICOS PARA Chrysodeixis includens (LEPIDOPTERA: NOCTUIDAE) E Trichogramma pretiosum (HYMENOPTERA: TRICHOGRAMMATIDAE). 1 CAPÍTULO 1- Considerações Gerais 5 INTRODUÇÃO 5 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 8 2.1 Soja (Glycine max L.) 8 2.1.1 Aspecto da cultura da soja (Glycine max L.) 8 2.1.2 Importância da soja para a agricultura 9 2.2 Chrysodeixis includens 9 2.2.1Classificação taxonômica 9 2.2.2 Ocorrência e distribuição geográfica 9 2.2.3 Aspectos morfológicos e biológicos 10 2.2.4 Danos causados pela lagarta Chrysodeixis includens 13 2.3 Manejo Integrado para Chrysodeixis includens 14 2.4 Beauveria bassiana 16 2.4.1 Histórico 17 2.4.2 Modo de ação 17 2.4.3 Cordyceps fumosorosea 18 2.4.4 Modo de ação 18 2.4.5 Bacillus thuringiensis 19 2.4.6 Histórico 19 2.4.7 Modo de ação 19 2.4.8 Sacharopolyspora spinosa 20 2.4.9 Histórico 21 2.4.10 Modo de ação 21 3. Trichogramma pretiosum 22 3.1 Ocorrência e distribuição geográfica 22 3.2 Aspectos morfológicos e biológicos 23 3.3 Utilização de Trichogramma pretiosum na cultura da soja 24 4. Considerações gerais sobre os bioinseticidas 25 5. Considerações gerais sobre os inseticidas químicos 25 6. Seletividade de inseticidas biológicos à químico sobre inimigos naturais 26 7. Referências 27 CAPÍTULO 2 – Compatibilidade de produtos biológicos com o inseticida químico Belt ® (flubendiamida) usado para o controle de C. includens. 38 Compatibility of biological products with the chemical insecticide Belt® (flubendiamide) for the control of Chrysodeixis includens. 39 1. 39 2. 40 2.1 Produtos adquiridos 41 2.2 Bioensaios 41 2.3 ANÁLISE DOS DADOS 43 3. 43 4. 44 5. 45 CAPÍTULO 3. Toxicidade de bioinseticidas em associação com produto químico para o controle de Chrysodeixis includens (Lepidoptera: Noctuidae). 47 1. 49 2. 50 2.1 Obtenção dos insetos 51 2.2 Bioinseticidas e inseticida químico 51 2.3 Bioensaios 51 2.4 Análise dos dados 52 3. 52 4. 55 5. 56 CAPÍTULO 4 - Seletividade de bioinseticidas em associação com o inseticida químico Belt® (flubendiamida) com o parasitoide Trichogramma pretiosum Riley (Hymenoptera: Trichogrammatidae). 58 1. 60 2. 60 2.1 Obtenção dos Insetos 61 2.2 Bioinseticidas e inseticidas químicos 62 2.3 Pulverização 62 2.4 Trichogramma pretiosum 62 3. 63 4. 63 5. 64 6. Erro! Indicador não definido. Capítulo 5 – CONSIDERAÇÕES FINAIS 70 1 COMPATIBILIDADE E SELETIVIDADE DE MISTURAS DE INSETICIDA QUÍMICO E BIOLÓGICOS PARA Chrysodeixis includens (LEPIDOPTERA: NOCTUIDAE) E Trichogramma pretiosum (HYMENOPTERA: TRICHOGRAMMATIDAE). RESUMO – Os produtos biológicos são muito utilizados para o controle de insetos-pragas. Há vários bioinseticidas como fungos, bactérias e vírus. A compatibilidade de produtos é essencial para controlar diversas pragas como Chrysodeixis includens (Walker, 1858) (Lepidoptera: Noctuidae), praga importante da cultura da soja. Mistura de tanques são métodos que otimizam operações agrícolas. Com isso o objetivo desse trabalho foi avaliar a compatibilidade e toxicidade de produtos biológicos isolados ou em associação com o inseticida químico Belt ® (flubendiamida) para controle de C. includens e verificar se esses mesmos produtos são seletivos aos inimigos naturais Trichogramma pretiosum. A compatibilidade in vitro com os produtos Beauveria bassiana IBCB66, Challenger® (Cordyceps fumosorosea), Dipel PM® (Bacillus thuringiensis kurstaki), Exalt® (espinoteram) e o inseticida químico Belt® (flubendiamida) foi avaliado em 9 tratamentos e 15 repetições/placa. Os parâmetros avaliados foram o crescimento vegetativo (cm2) e esporulação (esporos.mL-1) permitiram o cálculo de toxicidade, que classifica a interação em compatível, moderadamente tóxica, tóxica e muito tóxica. As avaliações de toxicidade foram realizadas com lagartas de 2° instar de C. includens, com dois intervalos de aplicação sendo 0 e 2 horas após o preparo da calda. As avaliações foram realizadas em 7 e 10 dias após a aplicação dos produtos. Para o teste de toxicidade a média de lagartas vivas, continham 11 tratamentos e 20 repetições onde cada repetição era composta por 5 lagartas. Os parâmetros avaliados foram médias de lagartas vivas em 0 e 2 horas após a aplicação e 7 e 10 dias de avaliações após essas aplicações. As análises foram realizadas pelo Teste de Tukey a 5% em bloco inteiramente casualizados. A incompatibilidade entre a combinação de B. bassiana e Challenger® ressalta a necessidade de considerar não apenas as características individuais dos agentes, mas também suas possíveis interações e competições, onde o valor T foi de 41 sendo considerado tóxico. Os resultados demonstram a eficácia dos tratamentos Beauveria bassiana, Exalt® e Challenger® no controle de pragas agrícolas, especialmente quando combinados com o inseticida químico Belt® (flubendiamida). A rápida ação dos microrganismos entomopatogênicos, aliada à eficácia de flubendiamida, destaca o potencial dessas combinações no manejo integrado de pragas. Além disso, o produto Dipel PM® também demonstrou ser uma ferramenta eficaz no controle de pragas, especialmente quando combinado com o inseticida químico Belt® (flubendiamida). Os tratamentos, B. bassiana, Challenger® e Dipel PM® isolados mostraram resultados promissores, onde a porcentagem de parasitismo foi entre 84 e 87 %, diferenciando dos demais tratamentos onde esses mesmos organismos em associação com o Belt® obtiveram resultados entre 80 e 84% de parasitismo inferiores aos tratamentos anteriores. O produto Exalt® e o inseticida químico Belt® apresentaram as menores porcentagens de parasitismo das fêmeas do parasitoide Trichogramma pretiosum durante a avaliação de 24 horas. 2 Palavras-chave: controle biológico, controle químico, incompatibilidade, microrganismos, parasitoide, seletividade 3 COMPATIBILITY AND SELECTIVITY OF CHEMICAL AND BIOLOGICAL INSECTICIDE MIXTURES FOR Chrysodeixis includens (LEPIDOPTERA: NOCTUIDAE) AND Trichogramma pretiosum (HYMENOPTERA: TRICHOGRAMMATIDAE). ABSTRACT- Biological products are widely used for the control of insect pests. There are several bioinsecticides such as fungi, bacteria and viruses. Product compatibility is essential to control several pests such as Chrysodeixis includens (Walker, 1858) (Lepidoptera: Noctuidae), an important pest of the soybean crop. Tank mixing is a method that optimizes agricultural operations. Thus, the objective of this study was to evaluate the compatibility and toxicity of biological products alone or in association with the chemical insecticide Belt ® (flubendiamide) for the control of C. includens and to verify if these same products are selective to the natural enemies Trichogramma pretiosum. In vitro compatibility with Beauveria bassiana IBCB66, Challenger® (Cordyceps fumosorosea), Dipel PM® (Bacillus thuringiensis kurstaki), Exalt® (spinoteram) and the chemical insecticide Belt® (flubendiamide) was evaluated in 9 treatments and 15 replicates/plate. The parameters evaluated were vegetative growth (cm2) and sporulation (spores.mL-1) that allowed the calculation of toxicity, which classifies the interaction as compatible, moderately toxic, toxic and very toxic. Toxicity evaluations were performed with 2° instar larve of C. includens, with two application intervals, 0 and 2 hours after the preparation of the mixture. The evaluations were carried out at 7 and 10 days after the application of the products. For the toxicity test, the average number of live larvae contained 11 treatments and 20 replicates, where each replicate consisted of 5 larvae. The parameters evaluated were the mean number of live larve at 0 and 2 hours after application and 7 and 10 days after these applications. The parameters evaluated were the mean number of live larves at 0 and 2 hours after application and 7 and 10 days after these applications. The analyses were performed by the 5% block Tukey test in a completely randomized manner. The incompatibility between the combination of B. bassiana and Challenger® underscores the need to consider not only the individual characteristics of the agents, but also their possible interactions and competitions, where the T-value was 41 and was considered toxic. The results demonstrate the efficacy of Beauveria bassiana, Exalt® and Challenger® treatments in the control of agricultural pests, especially when combined with the chemical insecticide Belt® (flubendiamide). The rapid action of entomopathogenic microorganisms, combined with the efficacy of flubendiamide, highlights the potential of these combinations in integrated pest management. In addition, the Dipel PM® product has also been shown to be an effective pest control tool, especially when combined with the chemical insecticide Belt® (flubendiamide). The treatments, B. bassiana, Challenger® and Dipel PM® alone showed promising results, where the percentage of parasitism was between 84 and 87 %, differing from the other treatments where these same organisms in association with the Belt® (flubendiamide) obtained results between 80 and 84% of parasitism lower than the previous treatments. The product Exalt® and the chemical insecticide Belt® showed the lowest percentages of parasitism of the females of the parasitoid Trichogramma pretiosum during the 24-hour evaluation. 4 Keywords: biological control, chemical control, incompatibility, microorganisms, parasitoid, selectivity 5 CAPÍTULO 1- Considerações Gerais INTRODUÇÃO A soja Glycine max L. ocupa um papel importante na economia mundial, sendo cultivada em quase todas as partes do mundo. É referência de mercado, pois é uma commodities e, como é uma mercadoria primária de origem agrícola (matéria prima) influencia na produção global, além de ser regida pelo livre mercado, obedecendo a lei da oferta e procura, sendo estipulada pela política monetária mundial. O Brasil é o segundo maior produtor mundial e o maior da América Latina desta cultura. De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produção brasileira de grãos para essa safra pode atingir 316,7 milhões de toneladas na safra 2023/2024, 1,5% ou 4,7 milhões de toneladas abaixo do obtido em 2022/23 (Conab, 2024). Com o mercado aquecido, oferta e demanda mundial bastante ajustadas, os preços de soja em grãos devem continuar atrativos para um aumento de produção nacional. Apesar do elevado aumento do custo de produção em 2024, a soja ainda é uma cultura que vem gerando uma perspectiva de aumento de exportação. De acordo com a FAO (2015), a constante evolução da agricultura mundial, inovando por meio de novas tecnologias e aprimoramento de técnicas consagradas, busca melhorar os índices de produção e produtividade, no que concerne ao propósito de garantir sustentabilidade ao longo de toda a cadeia produtiva do agronegócio. Sendo assim, até 2050 o planeta terá uma população de 9,5 bilhões de pessoas, exigindo ações no setor agrícola que ocorram de forma planejada e organizada para alimentar a população que cresce constantemente. Segundo Motta (2019), a agricultura é um sistema aberto, que sofre influências de fatores bióticos e abióticos, exigindo dos profissionais habilitados que cuidam de tal sistema olhos clínicos, com vistas a intervir sobre o meio, estabelecendo melhores estratégias na promoção de incrementos que interfiram cada vez menos no sistema ambiental. Para isso, faz-se necessário atingir maiores níveis de produtividades com melhores rendimentos, mas atuando de forma consciente no controle de pragas e doenças agrícolas, plantas daninhas e insetos de forma a não promover o 6 desequilíbrio. Para alguns autores o fator biótico é mais importante e plausível, pois o desequilíbrio pode causar sérios problemas, como por exemplo a extinção das abelhas, que provocaria prejuízos drásticos, a ponto de extinguir a vida na terra (Detke; Dhene, 2004). Uma das pragas que causam grandes prejuízos na produtividade da soja a lagarta falsa-medideira Chrysodeixis includens (Walker,1858) (Lepidoptera: Noctuidae), sua importância se dá pelo seu hábito alimentar. Segundo Bernardi (2012),essa lagarta pode sobreviver em 73 plantas hospedeiras, pertencendo a 29 famílias botânicas, com isso pode favorecer sua sobrevivência podendo persistir no ambiente por mais tempo em baixa densidade, fazendo com que a fêmea encontre seu hospedeiro sustentando o desenvolvimento das lagartas (Moscardi et al.,2012), com relação a isso o ciclo de vida do inseto possibilita o escape ao controle químico (Carvalho et al.,2012). Esses resultados de estudos podem ser usados para desenvolver estratégias de Manejo Integrado de Pragas (MIP) que combinem o uso de fungos entomopatogênicos e inseticidas químicos para controlar insetos-pragas (Fiedler e Sosnowska, 2017). Além disso, sugere que o controle biológico é uma alternativa ao uso de inseticidas, utilizando parasitoides, predadores e microrganismos (Parra; Zucchi, 2004), como algumas bactérias do gênero Bacillus, que são os mais difundidos (Valicente, 2009). No caso o Bacillus thuringiensis possui um bastonete gram-positivo e produz inclusões proteicas durante a fase de esporulação. Essa bactéria tem uma ampla aplicação no controle biológico devido as suas inclusões proteicas que apresentam alta toxicidade em diversas ordens de insetos que podem causar prejuízos à agricultura. Essas proteínas são classificadas como Cry,e Cyt e são responsáveis por essa alta toxicidade contra insetos (Polanczyk , 2004). O inseticida espinetoram, frequentemente empregado no controle de lagartas na cultura da soja, demonstra uma potente atividade inseticida contra diversos insetos que se alimentam de seiva. Estudos indicam sua eficácia na redução de algumas espécies de lagartas (Seal, 2012; Haviland; Rill, 2015). Vale ressaltar que esse ingrediente ativo é derivado da bactéria Saccharopolyspora spinosa. Dentre outros métodos de controle, há também o uso de fungos entomopatogênicos, pois esses microrganismos conseguem desempenhar um papel importante de se proliferar nos insetos- pragas em todas as fases da vida. 7 Existem diversos tipos de fungos, dentre eles encontram-se nos filos Ascomycota (ordem: Hypocreales) e Entomophothoromycota (Alves,1998). Esses fungos Ascomycotas apresentam hifas septadas que se diferenciam de células condiogênicas, conidióforos ou fiálides, conídios, estes que são estruturas reprodutivas assexuada, dentre esses filos existem várias famílias sendo a primeira: Cordycipitaceae estão os gêneros de maior importância agrícola como Beauveria, Cordyceps, Lecanicillium (Humber, 2012), e a segunda família Clavicipitaceae com os gêneros Metarhizium, Aschersonia,e Pochonia. O uso de inseticidas químicos pode afetar o crescimento, esporulação e virulência dos fungos entomopatogênicos que são usados para controlar os insetos-pragas. Portanto, é importante realizar testes de compatibilidade de produtos fitossanitários com esses microrganismos, especialmente quando há mistura de tanque (Rossi-Zalaf et al., 2008). O uso indevido desses bioinseticidas pode influenciar negativamente aos inimigos naturais, prejudicando ainda mais o controle de pragas. É essencial considerar a segurança e eficácia desses produtos, a fim de garantir o sucesso no controle biológico de insetos-pragas. Dessa forma, é necessário ter um cuidado especial no manejo integrado de pragas para maximizar os benefícios do uso de bioinseticidas. No Brasil, os estudos com Trichogramma spp. para o controle de Neoleucinodes elegantalis (Guenée) (Lepidoptera: Pyralidae) em plantações de tomate tiveram início na década de 1940, conforme documentado por Gomes (1963). Desde então, o país avançou consideravelmente na área de controle biológico, impulsionado não apenas pelas descobertas provenientes de pesquisas envolvendo diferentes espécies desse parasitoide, mas também pela demanda do mercado por produtos livres de resíduos de agrotóxicos, como observado por Thuler (2006). Existem numerosos estudos em todo o mundo que demonstram a ampla variedade de hospedeiros utilizados por diferentes espécies de Trichogramma. Gómez et al. (1996) demonstraram que na Colômbia, Trichogramma exiguum Pinto & Platner (Hymenoptera: Trichogrammatidae) é a única espécie que parasita ovos de Diatraea spp. no campo. Os autores Parra & Zucchi (1997) observaram que na América do Sul, quase metade das espécies de Trichogramma estão associadas a um único hospedeiro. 8 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1 Soja (Glycine max L.) 2.1.1 Aspecto da cultura da soja (Glycine max L.) A soja, também conhecida como feijão-soja ou feijão-chinês (Ferrreira.1986), é uma planta que pertence à família Fabaceae, a mesma família de plantas que inclui o feijão, a lentilha e a ervilha. É uma cultura de grande importância econômica, com mais de 2 mil cultivares registrados no Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA). A soja é amplamente utilizada tanto na alimentação humana quanto na alimentação animal, e é uma fonte importante de proteína vegetal e outros nutrientes. Existem algumas variedades comerciais que apresentam caule híspido, folhas trifoliadas, vagens na coloração verde para amarelo-pálido, marrom-claro contendo sementes lisas, elípticas ou globosas, com tegumento amarelo pálido, com hilo preto, marrom ou amarelo-palha. A medida das plantas varia dependendo do clima ou da variedade, a altura ideal está entre 60 a 110 cm, que em lavouras comerciais pode facilitar a colheita mecânica e evitar o acamamento. A floração da soja acontece na duração da noite ou fotoperíodo, que é a duração do dia, e diz que a soja é uma planta de dias curtos, uma vez que, sob dias longos, ela atrasa seu florescimento e alonga seu ciclo, quando acontece isso o florescimento tardio em dias curtos, ou do chamado “período juvenil longo”, não há mais restrição fotoperiódica ao plantio comercial de soja, mesmo em regiões próximas à linha do equador (Embrapa-CNPSo, 2008). Com a entrada da fase final da colheita das culturas de primeira safra, a produção de grãos no Brasil no ciclo 2023/24 está estimada em 317,5 milhões de toneladas. No caso da área plantada, é esperado um crescimento de área total semeada, que deverá ultrapassar os 78 milhões de hectares segundo a CONAB-Companhia Nacional de Abastecimento (2024). 2.1.2 Importância da soja para a agricultura A cultura da soja vem conquistando grande valor econômico na agricultura, onde, hoje no Brasil é considerada uma das principais culturas, onde 9 o grão é muito utilizado para comercialização, pois é uma oleaginosa rica em proteína vegetal, a fim de atender o setor dos produtos de origem animal, com isso possibilitando a procura do produto tanto in natura quanto os seus derivados afins de atender a demanda da população nacional e internacional (Hirakuri e Lazzarotto, 2014). 2.2 Chrysodeixis includens 2.2.1Classificação taxonômica A espécie Chrysodeixis includens pertence a classe Insecta; ordem Lepidoptera; família Noctuidae; subfamília Plusiinae gênero Chrysodeixis; e espécie includens (Goater et al., 2003; Sosa-Gómez et al., 2014). 2.2.2 Ocorrência e distribuição geográfica A lagarta falsa-medideira é uma praga que ataca diferentes partes das plantas de soja, com maior incidência nas folhas do baixeiro (Hoffmann-Campo et al., 2012). A ocorrência da praga costuma ser mais frequente nos estágios de floração e desenvolvimento das vagens da soja (Moraes et al. 1991). A densidade média de ovos da praga é superior durante a fase de plena floração da cultura. (Felland et al., 1992). A correta identificação e manejo dessa praga é importante para minimizar os danos causados à produção de soja Nos últimos anos esse inseto-praga mudou atacando várias culturas, como soja, algodão, dentre outras. Atualmente no Brasil sabe-se que ela ataca cerca de mais de 26 plantas hospedeiras fazendo com que sobreviva por várias estações do ano, mesmo sem a utilização de culturas extensivas (Specht et al., 2015). A lagarta falsa-medideira era considerada praga secundaria, mas esse cenário mudo nos anos 2000, por se tornar praga primaria principalmente da cultura da soja por causar um aumento expressivo na população (Guedes et al., 2011; Moscardi et al., 2012), devido a aplicação de produtos não seletivos diminuindo a população de inimigos naturais presentes na cultura. 10 2.2.3 Aspectos morfológicos e biológicos A espécie Chrysodeixis includens antigamente conhecida com o gênero Pseudoplusia McDonnung, 1944 (Poole, 1989), no decorrer das pesquisas alguns taxonomistas reclassificaram a espécie e consideraram alguns caracteres morfológicos da genitália de noctuídeos europeus consideraram Pseudoplusia ser um sinônimo de Chrysodeixis Hübner, 1821. Antigamente, essa espécie era classificada como uma praga secundária, porém, devido à aplicação de inseticidas não seletivos, houve uma redução significativa na população de seus inimigos naturais nas lavouras de soja do Brasil (Bueno et al., 2011). Esse declínio na presença dos inimigos naturais contribuiu para a ascensão dessa espécie se tornar praga primária, desequilibrando o ecossistema agrícola e aumentando os danos causados à cultura. Hoje conhecida como lagarta-falsa- medideira, é um inseto polífago de uma grande variedade de leguminosas (Specht et al., 2015). Desde a safra de 2002/2003, esta praga, tornou-se importante no Brasil, no que diz respeito à cultura da soja (Sosa-Gómez et al., 2014; Moscardi et al., 2012), e é controlado principalmente por inseticidas químicos de amplo espectro. Seus ovos são globulares, com cerca de 0,5 mm de diâmetro e são de cor creme-clara logo a marrom-clara, depositados individualmente pela fêmea de C. includens principalmente na face inferior das folhas e na altura mediana superior do dossel (Mascarenhas & Pitre 1997; Moscardi et al., 2012). Chapman (1982) observou que a face inferior da folha é o local preferido para oviposição de muitos lepidópteros por apresentar menor dessecação e exposição aos inimigos naturais. O período de desenvolvimento embrionário é de 2 a 5 dias e a viabilidade dos ovos varia entre 33 e 100% (Peterson, 1964; Barrionuevo e San Blas, 2016). A fase larval na Figura1 apresenta um comportamento de se alimentar das folhas do dossel médio a inferior das plantas de soja, dificultando seu controle por inseticidas que precisam ser aplicados no fundo e no interior das plantas, resultando na necessidade de maiores doses desses produtos (Degrande; Vivan, 2008; Sosa-Gómez et al., 2014). As lagartas do segundo e penúltimo ínstares se alimentam por dois dias com um dia de comportamento errático; após ao esvaziamento intestinal a lagarta se desloca para o topo do recipiente e constrói uma estrutura de seda 11 para passar ao último ínstar (Shour e Sparks, 1981). Além disso, esta espécie tem se mostrado menos suscetível aos princípios ativos disponíveis no mercado (Ávila et al., 2008; Bernardi et al., 2012), a (Figura 1) representa lagarta de segundo instar. Figura 1. Lagarta de segundo ínstar de Chrysodeixis includens (Foto Própria) A pupa se localiza, em geral, na face abaxial das folhas (Sosa-Gómez et al., 2010). A pupa da fêmea é um pouco menor em comprimento (18,2 mm) do que a pupa do macho (18,6 mm) (Barrionuevo e San Blas, 2016), a Figura 2 representa a pupa. O estágio de pupa dura de sete a nove dias e a cor verde clara dos primeiros dias torna-se marrom clara quando perto da emergência do adulto. A coloração da pupa pode variar de acordo com a alimentação da lagarta, com isso essas informações podem ser uteis para a identificação das espécies e para entender o ciclo de vida e características da espécie, auxiliando no manejo adequado Shour e Sparks (1981). Assim, a busca por métodos alternativos para o controle dessa praga no agroecossistema da soja é uma realidade. 12 Figura 2. Pupa de Chrysodeixis includens: vista lateral (a), vista dorsal (b), vista ventral (c) cremaster (d). Escala das barras = 2 mm (a, b, c) and 1 mm (d) (Barrionuevo e San Blas, 2016). Os adultos de C. includens são mariposas com asas dispostas de forma inclinada, com aproximadamente 35 mm de envergadura, nas asas a presença de duas manchas escuras prateadas na parte central do primeiro par de asas, e as asas posteriores são de coloração marrom (Gallo et al., 2002; Sosa-Gómez et al., 2010), conforme a Figura 3. As fêmeas depositam seus ovos na face abaxial das folhas onde esses ovos são de formato globular medindo aproximadamente 0,5 mm de diâmetro apresentando coloração esverdeada, o seu desenvolvimento embrionário é de aproximadamente 5 dias (Peterson, 1964; Mascarenhas & Pitre, 1997; Barrionuevo et al., 2012). 13 Figura 3. Adulto de C.includens (Foto Própria) 2.2.4 Danos causados pela lagarta Chrysodeixis includens A lagarta é altamente polífaga, alimentando-se de uma ampla variedade de plantas. Além da polifagia, essa espécie possui alta capacidade reprodutiva e habilidade de dispersão (Santos et al., 2017) e (Stacke et al.,2020). As lagartas jovens selecionam folhas novas com baixo teor de fibras (Jensen et al., 1974; Kogan e Cope, 1974), enquanto as mais desenvolvidas são menos exigentes e se alimentam de folhas mais velhas e fibrosas (Strayer e Greene, 1974). No Brasil, as lagartas de C. includens são frequentemente encontradas no terço inferior das plantas e em folhas tenras de ramos secundários de soja e algodão. Elas raspam e perfuram as folhas, deixando as nervuras intactas, o que resulta em um aspecto rendilhado nas folhas atacadas, conforme a Figura 4. Figura 4. Dano causado pela lagarta de C. includens, folha rendilhada.(FOTO Revista Cultivar). 14 2.3 Manejo Integrado para Chrysodeixis includens A lagarta falsa-medideira Chrysodeixis includens (Walker, 1858) (Lepidoptera: Noctuidae) é umas das principais pragas chave desfolhadora da cultura da soja que vem causando danos e comprometendo o custo de produção. Atualmente, em função da mudança do manejo utilizado para aumentar a produtividade tem favorecido o aparecimento de pragas antes tidas como secundárias e que hoje são primárias. Desfolham o limbo foliar e impedem a realização da fotossíntese e com isso remetem baixa produtividade. Para controle desta praga, produtores têm insistido em utilizar inseticidas de forma demasiada, sem seguir os preceitos do manejo integrado tornando-as com o passar do tempo, tolerantes à maioria dos inseticidas. Fatores como alterações climáticas, baixa umidade do ar, tempo seco, destruição dos inimigos naturais (agentes responsáveis pelo controle biológico natural) favorecem o processo reprodutivo do inseto aumentando a densidade populacional. Com isso, ocorre utilização de grandes concentrações de pulverizações de inseticidas químicos nos campos de produção, sendo que o uso intensivo e contínuo de inseticidas tem elevado a pressão de seleção no campo e favorecido a seleção de populações resistentes a alguns ingredientes ativo, como os inseticidas químicos do grupo das benzoilureias, que apresenta dentro deste grupo o ingrediente ativo teflubenzuron, que é amplamente utilizado para o controle dessa espécie de lepidóptera. Para contornar esse problema, existem estratégias para manejar tal resistência desses insetos, que atua retardando a evolução da resistência. Atualmente, as lagartas desfolhadoras, os coleópteros, mosca-branca, ácaros, percevejos fitófagos e os tripes são as principais pragas que atacam a cultura da soja no Brasil. Para manejar tais pragas, os produtores rurais utilizam como ferramenta de controle os inseticidas químicos. Entretanto, o Manejo Integrado de Pragas (MIP) trabalha fortemente com objetivo de reduzir a resistência genética dos insetos juntamente, como foi discutido anteriormente sobre estudos que estão sendo efetuados e monitorados para melhor entendimento do padrão de herança de resistência, principalmente no que 15 concerne ao acompanhamento da evolução da resistência e melhoramento das estratégias para reestabelecer a suscetibilidade. Um controle eficaz, racionaliza o uso dos produtos químicos, aliando manejos biológicos, culturais, genéticos e comportamentais Os estudos realizados por Moscardi et al. (2021) destacam a importância do manejo adequado de pragas no campo agrícola. A utilização de estratégias como o monitoramento de pragas e a amostragem de área, juntamente com o uso de inseticidas seletivos, é eficaz para controlar e mitigar surtos populacionais de pragas, mantendo-os em níveis que não causem danos significativos à produção das culturas. De acordo com a Embrapa (2015), o manejo integrado de pragas (MIP) é uma abordagem que busca equilibrar o controle de pragas através do uso de medidas estratégicas, como o monitoramento contínuo, a amostragem adequada, o uso de cultivares resistentes, o controle biológico natural e a aplicação seletiva de inseticidas. Essas medidas visam promover um equilíbrio biológico no agroecossistema, reduzindo os custos de produção em comparação com os métodos convencionais de controle de pragas. Atualmente, a preocupação com a preservação da qualidade ambiental e a segurança da saúde humana tem levado a uma maior conscientização sobre os métodos de controle de insetos-praga. Portanto, é necessário buscar sistemas de produção agrícola que sejam sustentáveis e promovam a biodiversidade no agroecossistema. Embora o manejo integrado de pragas (MIP) se baseie em diferentes métodos de controle utilizados de forma integrada, os principais métodos táticos incluem o uso de defensivos químicos e agentes de controle biológico. O MIP busca utilizar essas táticas de forma racional e equilibrada, levando em consideração os processos naturais e minimizando o uso indiscriminado de defensivos agrícolas. O controle biológico é uma estratégia que utiliza agentes de controle, como parasitoides, predadores e microrganismos, para incrementar e conservar os inimigos naturais das pragas. Esses agentes ajudam a controlar os insetos- praga, evitando que eles atinjam níveis prejudiciais à produção agrícola. O controle biológico possui várias vantagens, como a ausência de resíduos no 16 ambiente, a toxicidade para os seres humanos e a especificidade de ação (Moscardi et al., 2012). Apesar da importância do Manejo Integrado de Pragas (MIP), o controle de pragas na cultura da soja ainda se baseia principalmente no uso de defensivos químicos. No entanto, uma alternativa viável e importante para reduzir a dependência desses produtos é o incremento do controle biológico (Embrapa, 2021). Para que os inimigos naturais desempenhem efetivamente seu papel no controle de pragas, é necessário fornecer condições favoráveis, tanto para aqueles presentes naturalmente na área como para os que podem ser introduzidos por meio de liberações inundativas. Além disso, é importante priorizar o uso de defensivos agrícolas seletivos aos inimigos naturais, ou seja, aqueles que têm menor impacto sobre eles. É válido ressaltar que não apenas os inseticidas, mas também herbicidas e fungicidas utilizados nas lavouras, podem afetar as populações de inimigos naturais de diferentes formas. Portanto, são necessárias pesquisas para avaliar a seletividade desses produtos, ou seja, identificar quais são os mais eficazes no controle das pragas-alvo e apresentam menos efeitos adversos sobre os agentes de controle biológico, sejam eles microrganismos, predadores ou parasitoides. 2.4 Beauveria bassiana O uso de agentes de controle biológico, em vez de inseticidas convencionais, é uma alternativa promissora devido à sua alta eficácia no controle de pragas, seletividade e baixo impacto ambiental. Um exemplo destacado é o fungo entomopatogênico chamado Beauveria bassiana. Esse fungo é altamente virulento contra uma ampla variedade de insetos hospedeiros (Alves, 1998) e possui potencial para o controle de pragas como Spodoptera frugiperda (lagarta-do-cartucho) (Castanheira et al., 1993; Polanczyk; Alves, 2005). O fungo B. bassiana é um dos agentes de biocontrole mais amplamente utilizados contra artrópodes, pois é capaz de produzir estruturas de infecção e sintetizar uma variedade de proteínas, enzimas, ácidos orgânicos (especialmente ácido oxálico, que enfraquece a integridade da cutícula dos insetos) e metabólitos secundários bioativos. Essas substâncias são 17 responsáveis pela atividade entomopatogênica e pela virulência do fungo (Garica Estrada; Cat; Santamarta, 2016). 2.4.1 Histórico Em 1835, o italiano Agostino Bassi de Lodi foi o primeiro a mostrar experimentalmente a natureza infecciosa do fungo Beauveria bassiana no bicho- da-seda. Foi ele que primeiro sugeriu o uso de patógenos causadores de doenças para matar insetos indesejáveis. Ele propôs que o líquido de cadáveres de insetos infectados em putrefação poderia ser misturado com água e aspergido sobre as folhagens para matar insetos. Estudos realizados por Dela Rosa et al. (2001) destacam -se a importância de avaliar os possíveis efeitos negativos dos fungos entomopatogênicos, como o B. bassiana, sobre os micros himenópteros parasitoides, que são inimigos naturais das pragas. Isso evidencia a necessidade de entender as interações entre pragas e patógenos, incluindo a biologia, genética, sistemática e a ecologia. Tanto o controle biológico com entomófagos (insetos predadores e parasitoides) quanto o uso de patógenos de insetos evoluíram gradualmente, com avanços na compreensão dessas interações. Além disso, métodos cada vez mais sofisticados e criativos têm sido desenvolvidos para a produção e formulação de agentes de controle biológico, visando o controle eficaz das pragas. 2.4.2 Modo de ação O fungo Beauveria bassiana que, uma vez dentro do corpo do inseto, forma propágulos infectivos conforme a Figura 5, que não são reconhecidos pelo sistema imunológico do hospedeiro, facilitando a colonização pelo patógeno. 18 Figura 5. Processo de Infecção do fungo Beauveria bassiana Fonte.(Moino Jr,2002). 2.4.3 Cordyceps fumosorosea Dentre os fungos entomopatogênicos da família Cordycipitaceae se destaca o gênero Isaria (anteriormente denominado Paecilomyces) e Isaria que tem sido considerado um dos mais promissores, pois causam epizootias naturais em lepidópteros, coleópteros, hemípteros e ortópteros (Alves, 1998). A Bemisia tabaci é um inseto que preocupa cada vez mais os produtores rurais, porque ataca várias culturas de grande importância econômica e, entre elas encontra-se a cultura da soja. Nos últimos anos, observa-se um crescente interesse em fungos entomopatogênicos, como o Cordyceps fumosorosea (Ascomycota: Hypocreales: Cordycipitaceae), devido à sua capacidade de infectar diversos estágios de desenvolvimento dos insetos. Isso confere a esses fungos um potencial significativo no controle efetivo dessa praga (SANTOS, 2018). O fungo Cordyceps sp. surge como um aliado crucial no contexto do manejo integrado desses insetos, encontrando aplicação atualmente em produtos comerciais destinados ao controle de B. tabaci (SHAPIRO-ILAN et al., 2012). 2.4.4 Modo de ação O processo de infecção do fungo Cordyceps fumosorosea começa quando as estruturas reprodutivas do fungo (conídios) entram em contato com a 19 Bemisia tabaci e os conídios germinam sobre o corpo do inseto, formando um tubo germinativo que, por pressão e produção de compostos químicos (enzimas), degrada a cutícula e penetra no interior do inseto (Mukwa et al., 2021) 2.4.5 Bacillus thuringiensis 2.4.6 Histórico O pesquisador Berliner em 1915 denominou a bactéria Bacillus thuringiensis, em homenagem a província de Thuringia, na Alemanha, onde foi encontrado o primeiro inseto infectado na lagarta Anagasta kueniella, uma mariposa que se desenvolveu na farinha de trigo. Os cristais encontrados na bactéria Bacillus thuringiensis foram descobertos em 1953 por Hannay. Ele foi o primeiro pesquisador a associar esses cristais, conhecidos como cristais, com a capacidade patogênica da bactéria. Hannay observou que esses cristais poderiam produzir uma substância tóxica que causava a morte de insetos. Essa descoberta foi posteriormente confirmada pelo pesquisador Angus em 1968. A utilização do B. thuringiensis foram reconhecidas para programas de controle biológico, e em 1983 uma formulação comercial a base da bactéria B. thuringiensis, Sporeine, foi desenvolvida e comercializada na França em 1938, para o controle de lagartas da traça-da-farinha Ephestia kuehniella (Zeller, 1879) (Lepidoptera: Pyralidae) (Lambert; Peferoen, 1992; Ramos, 2008). Bacillus thuringiensis (Bt) é uma bactéria que ocorre naturalmente no solo e tem sido utilizada como uma estratégia de controle de pragas agrícolas desde a década de 1940. Essa bactéria é especialmente eficaz no controle de insetos da ordem Lepidoptera, que inclui importantes pragas agrícolas. O uso de Bt como uma alternativa de controle de insetos tem se mostrado uma prática eficiente e sustentável para reduzir o impacto das pragas nas culturas agrícolas. 2.4.7 Modo de ação Conforme a Figura 6, de acordo com Simonato et al. (2014), Bacillus thuringiensis (Bt) produz proteínas chamadas delta-endotoxinas durante seu processo de reprodução, especificamente durante a esporulação. Essas proteínas são altamente tóxicas para insetos, porém inofensivas para mamíferos e a flora em geral. Os inseticidas comerciais à base de Bt geralmente contêm uma mistura de esporos e cristais secos das toxinas. Eles são aplicados na soja 20 por pulverização foliar e, quando as lagartas se alimentam das folhas tratadas, ingerem a proteína inseticida (delta-endotoxinas). Essa proteína é ativada no trato digestivo alcalino das lagartas, com pH superior a 7. O resultado da ingestão de Bacillus thuringiensis é o rompimento das paredes do intestino médio do inseto, causando paralisação na alimentação e, consequentemente, a morte do inseto. Devido à necessidade de pH alcalino para ativar a proteína inseticida, sua toxicidade para os seres humanos é nula, uma vez que o pH do trato digestivo humano é ácido e não ativa a proteína. A tomada de decisão em relação ao controle de pragas é influenciada por vários fatores, como os princípios ativos disponíveis, o alvo a ser controlado, o preço dos produtos e sua eficiência. A combinação de inseticidas químicos e biológicos deve ser considerada levando em conta esses fatores, de modo que a associação seja sinérgica, compatível e apresente um bom custo-benefício. Figura 6. Mecanismos de ação de Bacillus thuringiensis Disponível em: http://web.utk.edu/~jurat/Btresearchtable.html 2.4.8 Sacharopolyspora spinosa A Sacharopolyspora spinosa são bactérias pertencentes a família dos (Actinomycetales) e, por meio do processo de fermentação desta bactéria são obtidos uma nova classe de inseticidas químicos, que tem sido indicada como alternativa natural aos pesticidas clássicos. 21 2.4.9 Histórico A bactéria Saccharopolyspora spinosa foi descoberta por acaso em 1940 em um barril de rum, a bactéria foi levada para estudos e análises em laboratório e descobriu-se que possuía propriedades inseticidas. Nos anos 80 já se conhecia diversos de seus metabólitos, um deles chamados espinosinas, de acordo os pesquisadores Salgado (1998), Sparks et. al. (1999), Williams et. al. (2003), Mansouret. al. (2007), spinosad na Figura 7, dentre outros, as espinosinas possuem atividade seletiva para insetos das classes Lepidoptera, Diptera, Hymenoptera, Thysanoptera, e alguns da classe Coleoptera. 2.4.10 Modo de ação As espinosinas, uma mistura de metabólitos de S. spinosa, como as espinosinas A e D, (Mertz; Yao, 1990; Thompson et al., 2000; Yano et al., 2002; Kirst, 2010) possuem um modo único de ação ao ativar o sistema nervoso de receptores nicotínicos e GABA (ácido γ-aminobutírico) (Kirst et al., 1992; DeAmicis et al., 1997; Salgado, 1998; Thompson et al., 2000). Esse mecanismo difere dos inseticidas que atuam na acetilcolinesterase e alteram o metabolismo energético. As espinosinas são usadas principalmente em culturas como algodão, batata, frutíferas e tabaco, e são eficazes contra organismos-alvo mesmo em baixas concentrações. Estudos demonstraram que as espinosinas têm baixa toxicidade para a maioria dos insetos benéficos (MANSOUR et. al., 2007; SCHOONOVER e LARSON, 1995; ELZEN et al., 2000), tornando-as seletivas. Isso sugere que esses compostos podem substituir alguns inseticidas mais tóxicos no controle de certas pragas (Kirst et al., 1992; DeAmicis et al., 1997; Thompson et al., 2000; Cisneros et al., 2002; Kirst, 2010). A utilização de espinosinas pode ser uma alternativa promissora, devido à sua eficácia e seletividade. 22 Figura 7. Estrutura química do inseticida espinetoram, isolado de Sacharopolyspora spinosa. Fonte: Adaptado Salgado; Spaks, (2005; p.208). No Brasil, ao longo do tempo estudos relataram alguns efeitos ocasionados por Espinosinas, e perceberam que ao longo período de uso do produto, causou-se toxicidade nos organismos não alvos, incluindo as abelhas (Biondi et al., 2012; Villaverde et al., 2014; Giannini et al., 2015). 3. Trichogramma pretiosum 3.1 Ocorrência e distribuição geográfica No Brasil, a ocorrência natural do gênero Trichogramma corresponde a 31,8% do registrado em todo o continente sul-americano. Segundo Zucchi e Monteiro (1997), há o registro de 14 espécies desses parasitoides de ovos em 17 espécies de insetos, todos pertencentes à ordem Lepidoptera. Estudos têm sido desenvolvidos explorando o uso de espécies de Trichogramma no controle de pragas-chave nas culturas de algodão, soja, cana-de-açúcar, milho e tomate (Parra, 1989; Resende e Ciociola, 1996; Cruz et al., 1999; Pratissoli e Parra, 2000 e 2001). Parra (1996) afirma que, para o sucesso na utilização desse parasitoide, devem ser seguidas algumas etapas consideradas primordiais: identificação das linhagens e/ou espécies no campo, manutenção no laboratório, seleção de espécies e/ou linhagens do parasitoide para as pragas visadas, estudo das exigências térmicas e hídricas das linhagens selecionadas, seletividade de químicos aos parasitoides, técnicas de liberação com avaliação da eficiência e modelagem da dinâmica do parasitóide, semelhante à dinâmica das pragas e dos ovos no campo. 23 Estudos realizados por Fernandes et al. (1999) demonstram que o uso de parasitoides do gênero Trichogramma não deve ser liberado massivamente no campo sem um planejamento adequado. É necessário conhecer o hospedeiro, o que envolve a coleta de dados na área pré-introdutória, incluindo a origem, o hospedeiro em que foi coletado, a cultura e as condições climáticas onde se deseja aplicar o controle biológico. A seleção de espécie ou linhagem de Trichogramma tem sido um dos fatores principais, como características de qualidade nos programas de controle biológico (Hassan, 1997; Botelho, 2017). Estudos deste tipo, denominado de avaliação pré-introdutória, visa, baseado em princípios ecológicos, avaliar uma agressividade do parasitóide nativo em função do clima, habitat e condições do hospedeiro (Parra et., 1987). 3.2 Aspectos morfológicos e biológicos A espécie de Trichogramma pretiosum pode apresentar variações no comprimento das cerdas flageliformes e a reentrância basal da lâmina dorsal ou ausente, a lâmina dorsal pode ter a base larga e a extensão posterior com ápice arredondado a levemente pontiagudo. O T. pretiosum é mais relacionado morfologicamente principalmente pela carena ventral mais curta, não alcançando a metade da cápsula genital, conforme a Figura 8. Figura 8. Trichogramma pretiosum: cápsula genital ventral (A), cápsula genital dorsal (B), detalhe apical da cápsula genital (C) e sensilo basicônico – posição 3 (D). 24 O gênero Trichogramma é composto por várias espécies distribuídas globalmente e tem sido eficiente no manejo de pragas em diferentes culturas (Parra; Prezotti, 2002; Pratissoli et al., 2019, Carvalho et al., 2020; Araujo Júnior et al., 2021). O sucesso de programas de controle biológico utilizando parasitoides do gênero Trichogramma depende de parâmetros biológicos, como viabilidade do parasitismo, razão sexual, duração do ciclo e longevidade (Pratissoli et al., 2019, Carvalho et al., 2020; Araujo Júnior Agrarian Academy, Centro Científico Conhecer – Jandaia-GO, v.8, n.16 P. 42 2021 et al., 2021). Esses fatores influenciam a eficácia desses parasitoides no controle de pragas. Estudos têm sido realizados para compreender e otimizar esses parâmetros, visando aprimorar o uso de Trichogramma no manejo integrado de pragas. 3.3 Utilização de Trichogramma pretiosum na cultura da soja O gênero Trichogramma, é um dos gêneros mais usados no controle biológico de pragas agrícolas no mundo (Jalali, Mohanraj, Lakshmi, 2016; Carvalho et al., 2019), contudo utilizasse a espécie T. pretiosum para o controle de algumas pragas por ser um parasitoide de ocorrência natural no Brasil, foi introduzida uma linhagem do parasitoide T. pretiosum na Colômbia para controlar a traça-do tomate, Tuta absoluta, em tomateiro industrial no ano de 1990 (Berti Filho; Macedo, 2010). O parasitoide T. pretiosum é muito utilizado no controle de lepidópteros- praga no Brasil (Altoé et al., 2012 e Carvalho et al., 2019; Rakes et al., 2021) a vantagem e que o T. pretiosum controla uma gama muito grande de diferentes pragas agrícolas sendo uma característica vantajosa da espécie de apresentar menor especificidade do hospedeiro (Rukmowati-Brotodjojo; Walter 2006). O controle biológico de pragas com parasitoides continua com avanços na agricultura, sendo a soja uma das culturas onde há mais registros de uso de T. pretiosum para controle de insetos-praga (Pinto; Bueno, 2019). No Brasil, cerca de 250.000 hectares de soja são manejados com T. pretiosum para controlar H. armigera e C. includens (Parra et al., 2015; Carvalho et al., 2019). A presença de T. pretiosum em lavouras agrícolas parasitando ovos de C. includens também é comprovada por Bueno et al. (2009), Bueno et al. 25 (2011) e por Rakes et al. (2021), indicando a eficiência do parasitoide no controle desse lepidóptero. 4. Considerações gerais sobre os bioinseticidas Os bioinseticidas, também conhecidos como entomopatógenos, são microrganismos que causam doenças em insetos. Esses microrganismos possuem toxinas específicas que têm ação interna nos insetos-alvo, resultando em sua morte. O uso de bioinseticidas pode ser parte do Manejo Integrado de Pragas (MIP), uma abordagem que busca controlar pragas de forma sustentável e minimizando o uso de pesticidas químicos. Existem diversos fatores que incentivam o uso de bioinseticidas, especialmente devido a suas vantagens econômicas e ambientais. Esses produtos são considerados naturais e apresentam características como baixos teores de resíduos, alta eficácia, menor efeito tóxico secundário e boa compatibilidade com o meio ambiente e organismos não alvo. Isso significa que eles causam menos impacto ambiental e são menos prejudiciais para outros seres vivos além dos insetos-alvo (Andrade, Costa Neto & Brandão, 2015). Os bioinseticidas são eficazes em pequenas quantidades e se decompõem rapidamente, o que resulta em menor exposição e evita problemas de poluição associados aos pesticidas convencionais. Por isso, eles podem ser utilizados com segurança como parte dos programas de Manejo Integrado de Pragas (Leng et al., 2011). Em resumo, os bioinseticidas são microrganismos que causam doenças nos insetos por meio de toxinas específicas. Eles são vantajosos devido a suas características naturais, baixo impacto ambiental e eficácia em pequenas quantidades. Seu uso está em conformidade com os princípios do Manejo Integrado de Pragas, contribuindo para o controle de pragas de forma sustentável. 5. Considerações gerais sobre os inseticidas químicos Os inseticidas químicos são produtos formulados com compostos químicos sintéticos que são utilizados para o controle de insetos-pragas. Eles são amplamente empregados na agricultura, bem como em ambientes urbanos, 26 para proteger plantações, culturas, edifícios e áreas residenciais respectivamente. Os inseticidas químicos são desenvolvidos para afetar o sistema nervoso, o sistema de reprodução ou o sistema de crescimento dos insetos, resultando na morte ou no controle dessas pragas. Eles podem ser classificados em diferentes grupos, de acordo com o modo de ação e a sua toxicidade para os insetos-alvo. Esses produtos oferecem uma ação rápida e eficiente no controle de insetos-pragas, podendo ser aplicados de forma direta nas plantas, no solo ou como tratamentos de superfície. Além disso, eles são facilmente disponíveis, têm um efeito residual prolongado e podem ser aplicados em grandes áreas de forma relativamente rápida. Estudos realizados por Tomquelski e Martins (2007) avaliaram a eficácia de inseticidas no controle de lagartas desfolhadoras na cultura da soja. Os inseticidas clorantraniliprole e flubendiamida são altamente tóxicos principalmente para insetos da ordem Lepidoptera, incluindo Plutella xylostella (Lepidoptera: Plutellidae) (Silva et al. 2012), dentre outras espécies. 6. Seletividade de inseticidas biológicos à químico sobre inimigos naturais Os inimigos são de grande importância para o equilíbrio da população de insetos pragas em pomares de citros e outras diversas culturas (Gravena, 2005). Estudos têm sido conduzidos para avaliar a seletividade de fungos entomopatogênicos em relação aos inimigos naturais em hortaliças e culturas anuais (Farag, 2008; Ren et al., 2010; Emami e Minaei, 2013). Um controle eficaz, racionaliza o uso dos produtos químicos, aliando manejos biológicos, culturais, genéticos e comportamentais. ‘ 27 7. Referências Alves SB (1998) Pathology and Microbial Control: Advantages and Disadvantages. In: Alves SB (Ed.), Controle Microbiano de Insetos, 2nd Edition, Fealq, Piracicaba, pp. 21-38. Andrade, J. N., Costa Neto, E. M., & Brandão, H. (2015). Using ichthyotoxic plants as bioinsecticide: A literature review. Revista Brasileira de Plantas Medicinais, 17(4), 649-656. Araujo Júnior, L. M.; Zago, H. B.; Damascena, A. P.; Faria, L. V.; Pereira A. G.; Madalon, F. Z.; Carvalho, J. R.; Pratisssoli, D. (2021) Biological characteristics of Trichogramma pretiosum under temperatures stress by successive generations. Acta Brasiliensis. v. 5, n. 2, p.72-75. Ávila, C.J; Santos, V.; Vilela, E.F. Atração fatal. Revista Cultivar: Grandes Culturas, Pelotas, ano 9, n.103, p.17-19, (2008). Barrinuevo MJ & San Blas G. (2016). Redescription of immature stages of the soybean looper (Lepidoptera: Noctuidae: Plusiinae). Can Entomol 148(3): 247- 259. Barrionuevo, M.J., Murúa, M.G., Goane, L., Meagher, R., Navarro, F. (2012) Life tablestudies of Rachiplusia nu (Guenée) and Chrysodeixis (= Pseudoplusia) includens (Walker) (Lepidoptera: Noctuidae) on artificial diet. Fla. Entomol. 95, 944- 951. Bernardi,O.; Malvestiti,G.S; Dourado,P.M.; OliveiraW.S.; Martinelli,S.; Berger,G. U.; Cabeça G.P.; Omoto C. (2012) Avaliação do conceito de alta dose e nível de controle da soja MON 87701xMON89788 contra Anticarsia gemmatalis e Pseudoplusia includens (Lepidoptera: Noctuidae) no Brasil. Pest Management Science, v.68, n.7, p.1083-1091. Biondi, A.; Mommaerts, V.; Smagghe, G.; Vinuela, E.; Zappla, L.; Desneux, N. The non-target impact of spinosyn on beneficial arthropods. Pest Management Science, v. 68, n. 12, p. 1523-1536, 2012. Botelho P.S.M. Eficiência de Trichogramma em campo. In: Parra, JRP; Zucchi, RA eds. Trichogramma e o Controle Biológico Aplicado. Piracicaba: FEALQ, (2017). pág. 303-318. Bueno, R. C. O. F.; Bueno, A. F.; Moscardi, F.; Parra, J. R. P.; Hoffmanncampo, C. B.(2011) Lepidopteran larvae consumption of soybean foliage: basis for developing multiple species economic thresholds for pest management decisions. Pest Management Science, Sussex, v. 67, p. 170-174. 28 Carvalho, G. A.; GrÜtzmacher, A. D.; Passos, L. C.; Oliveira, R. L. (2019) Physiological and Ecological Selectivity of Pesticides for Natural Enemies of Insects. In: SOUZA, B.; VÁZQUEZ, L. L.; MARUCCI, R. C.; Natural Enemies of Insect Pests in Neotropical Agroecosystems. Cham, Switzerland: Springer, p. 469- 478. Carvalho, J. R., Araujo Júnior, L. M. Pratissoli, D.; Fragaso, D. F.M.; Túler, A. C. (2020) Performance of Trichogramma spp. in small tomato borer (Neoleucinodes elegrantalis): Pest management with egg parasitoid. Acta Scientiarum Biological Sciences, v. 42, n.1, p.1-6. Carvalho, L. C.; Ferreira, F. M.; Bueno N. M. (2012) Importância econômica e generalidades para o controle da lagarta falsa-medideira na cultura da soja. Goiânia: Enciclopédia Biosfera, Centro Científico Conhecer, v. 8, n. 15; p. 1021- 1034. Chapman R F (1982) The insects: structure and function. Cambridge: Harvard University Press. 919p. Cisneros, J., Goulson, D., Derwent, LC., Penagos, DI. and Hernández, O., (2002) Toxic effects of spinosad on predatory insects. Biological Control, vol. 23, p. 156- 163. CONAB. Companhia Nacional de Abastecimento (2024). Costa, E.C.; Link, D. (2019) Comportamento de predadores e parasitoides na cultura da soja, em relação à aplicação de inseticida. Revista do Centro de Ciências Rurais, Santa Maria, v.19, n.4, p.317-323, out./dez. Cruz, I.; Figueiredo, M.L.C; Matoso, M.J. Controle biológico de Spodoptera frugiperda usando o parasitóide de ovos Trichogramma Sete Lagos: EMBRAPA CNPMS, Circular Técnica 30, (1999), 40 p. Davis, D.W.; Hoyt S.C. Agrotóxicos seletivos. In: Davis, D.W.; Hoyt, S.C. Controle biológico e manejo de pragas de insetos Berkeley: Universidade da Califórnia, Divisão de Ciências Agrícolas, (1979). p.72-79. (Série de Publicações Precificadas n.4096). 29 DeAmics, J. E., Dripps, C. V., Hatton, C. J., Karr, L. L. (1997) Physical and biological properties of the spinosyns: Novel macrolide pest-control agents from fermentation. p. 144-154. In: HEDIN, HOLLINGWORTH, MASLER, MIYAMOTO. Phytochemicals for Pest Control, Symposium Series 658. Degrande, P.E.; Vivan, L.M. (2008) Pragas da soja Tecnologia e produção: soja e milho 2008/2009. Maracaju-MS: Fundação MS, p.73-108. Detke, K.; Dhene, A. (2004) Labour productivity change: drivers, business impact and macroeconomic moderators. International Journal of Production Economics, v. 131, n. 1, p. 215-223. Emami, F.; Alichi, M.; Minaei, K. (2013) Interaction between the entomopathogenic fungus, Beauveria bassiana (Ascomycota: Hypocreales) and the parasitoid wasp, Aphidius colemani Viereck (Hymenoptera: Braconidae). Journal of Entomological and Acarological Research, Milan, v. 47, n. 4, p. 14-17. FAO,(2015) How to feed the world in 2050. High level expert forum Convened at FAO Headquarters in Rome on 12-13 October. Farag, N.A.(2008) Impact of entomopathogenic fungi on the aphid, Brevicoryne brassicae L. and its associated predator, Coccinella undecimpunctata L. Egyptian Journal of Biological Pest Control, Giza, v. 18, n. 2, p. 297-301. Felland, C. M.; Porter, R. P.; Pitre, H. N. (1978) Soybean looper (Lepidoptera: Noctuidae) oviposition preference relative to plant development in soybean and cotton. Journal of Entomological Science, v. 27, n.1, p. 54-59. Fernandes, M.G.; Bussoli, A.C.; Degrande, P.E. (1999) Parasitismo natural de ovos de Alabama argillacea Hüb. e Heliothis virescens Fab. (Lep.: Noctuidae) por Trichogramma pretiosum Riley (Hym.: Trichogrammatidae) em algodoeiros no Mato Grosso do Sul. Anais da Sociedade Entomológica do Brasil, Londrina, v. 28, n. 4, pág. 695-701. Ferreira,A.B.H. Novo dicionário de língua portuguesa. 2ª edição. Rio de Janeiro. Nova Fronteira (1986). p. 766. 30 Gallo, D., Nakano, O., Silveira Neto, S., Carvalho, R.P.L., Baptista, G.C., Berti Filho, E., Parra, J.R.P., Zucchi, R.A., Alves, S.B., Vendramim, J.D., Marchini, L.C., Lopes, J.R.S., Omoto, C., (2002). Entomologia Agricola. Piracicaba: FEALQ, 920. Garica-Estrada, C.; Cat, E.; Santamarta, I. Beauveria bassiana as Biocontrol Agent: Formulation and Commercialization for Pest Management. Agriculturally Important Microorganisms. Singapore: Springer. p. 81-96, Nov, 2016. Giannini, T.C.; Freitas, B.M.; Saraiva, A.M.; ImperatrizFonseca, V.L.The Depen dence of crops for pollinators and the economic value of pollination in Brazil. Jo urnal of Economic Entomology. v.108, n. 3, p. 849857, 2015. Goater, B.; Ronkay, L.; Fibiger, M. Noctuidae Europeae. Soro: Entomological Press, 2003. 452. Gomes, J.G. Histórico do combate biológico no Brasil. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO SOBRE COMBATE BIOLÓGICO, 1., 1963, Rio de Janeiro Boletim do Instituto Experimental do Estado do Rio, v.21, p.89-97, 1963. Gómez, L.A.; Díaz, M.A.E.; Lastra, B.L.A. Reconocimiento de las especies de Trichogramma associadas con la caña de azúcar en Colombia. Revista Colombiana de Entomologia, v.22, n.1, p.1-5, (1996). Gravena, S. Manual prático de manejo ecológico de pragas dos citros. Jaboticabal: Gravena, (2005) 372 p. Guedes, J.V.C., Stecca, C.S., Rodrigues, R.B., Bigolin, M., (2011) Nova dinâmica. Cultivar Grandes Culturas. 139, 24-26. Hassan, S.A. Seleção de espécies de Trichogramma para uso em programas de controle biológico. In: PARRA, JRP; ZUCCHI, RA eds. Trichogramma e o Controle Biológico Aplicado. Piracicaba: FEALQ,1997. pág. 183-205. Haviland, D. R.; Rill, S. M. (2015) Citrus thrips control in southern highbush blueberries in California, (2014) Arthropod Management Tests, v. 40, n. 1, p. 1- 2. Hoffmann-Campo, C. B.; Oliveira, L. J.; Moscardi, F.; Corrêa - Ferreira , B. S.; Corso, I. C. , (2012) Pragas que atacam plântulas, hastes e pecíolos da soja. In: 31 Hoffmann-Campo, C. B.; Corrêa-Ferreira, B. S.; Moscardi, F. (Ed.). SOJA. Embrapa, p. 145-199. Humber,R.A.Hurricane warning!How changed nomenclatural rules affect fungal entomopathogens.(2012) In:Annual Meeting of the Society For Invertebrate. Jalali, S. K.; Mohanraj, P.; Lakshmi, B. L. (2016) Trichogrammatídeos. In: OMKAR (Ed). Ecofriendly Pest Management for Food Security. San Diego, USA: Academic Press, p. 139-181. Jensen RL, Newson LD, Gibbens J (1974) Soybean Looper: effect of adult nutrition on oviposition, mating frequency and longevity. Journal of Economic Entomology 67:467-4760. Kirst, HA., (2010) The spinosyn family of insecticides: realizing the potencial of natural products research. Journal of Antibiotics, vol. 63, p. 101-111. Kirst, HA., MIchel, KH., Mynderse, JS., Chio, EH., Yao RC., Nakatsukasa, WM., Boeck, LD., Occlowitzy, JL., Paschal, JW., Deeter, JB. and Thompson, GD., (1992). Discovery, isolation, and structure elucidation of a family of structurally unique, fermentation-derived tetracyclic macrolides. In BAKER, DR., FENYES, JG. and STEFFANS, JJ. (Eds.). Synthesis and Chemistry of Agrochemicals III. Washington: American Chemical Society. p. 214-225. Knowles, B. H. (1994) Mechanism of action of Bacillus thuringiensis insecticidal δ– endotoxins. Advances in Insect Physiology, San Diego, v. 24, p. 275–308. Kogan M, Cope D (1974) Feeding and nutrition of insects associated with soybeans 3. Food intake utilization, and growth in the soybean looper, Pseudoplusia includens. Annals of the Entomological Society of America 67:66-72. Lambert, B.; Peferoen, M. (1992) Insecticidal promise of Bacillus thuringiensis. BioScience, Washington, v. 42, n. 2, p. 112-122. Leng, P., Zhang, Z., Pan, G., & Zhao, M. (2011). Applications and development trends in biopesticides. African Journal of Biotechnology, 10(86), 19864-19873. 32 Mansour, S.A., Mossa, A.H., Heikal, T.M., (2007) Cytogenetic and hormonal alteration in rats exposed to recommended “safe doses” of spinosad and malathion insecticides. Int. J. Agri. Biol., v.10, p.9–14. Martins, G. L.; Tomquelski, G. V. (2015) Eficiência de inseticidas sobre Chrysodeixis includens (Lepidoptera: Noctuidae) na cultura da soja. Revista de Agricultura Neotropical, v. 4, p. 25-31. Mascarenhas, R. N.; Pitre, H. N. (1997) Oviposition responses of soybean looper (Lepidoptera: Noctuidae) to varieties and growth stages of soybean. Environmental Entomology, v. 26, n. 1, p. 76-83. Mertz, FP. and Yao, RC., (1990) Saccharopolyspora spinosa sp. nov. isolated from soil collected in a sugar mill rum still. International Journal of Systematic Bacteriology, vol. 40, p. 34-39. Moino Jr, A. et al. External development of the entomopathogenic fungi Beauveria bassiana and Metarhizium anisopilae in the subterranean termite Heterotermes tenuis. Scientia Agricola, v.59, n.2, p.267-273, abr/jun, 2002. Monthean, C.; Potter, da Efeitos de RH5849, um novo regulador de crescimento de insetos, em besouro japonês (Coleoptera: Scarabeidae) e lagarta-do-cartucho (Lepidoptera-Noctuidae) em gramados. Journal of Economic Entomology, Lanham, v.85, n.2, p.507-513, abril de 1992. Moraes, R. R.; Loeck, A. E.; Belarmino, L. C. (1991) Inimigos naturais de Rachiplusia nu (Grenéé, 1852) e de Pseudoplusia includens (Walker, 1857) (Lepidoptera: Noctuidae) em soja no Rio Grande do Sul. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. 26, n. 1, p. 57-64. Moscardi, F., Bueno, A.F., Sosa-Gómez, D.R., Roggia, S., Hoffmann-Campo, C.B., Pomari, A. F., Corso, I.C., Yano, S.A.C., (2012) In: Hoffmann-Campo, B.C., Corrêa-Ferreira, B.S., Moscardi, F. Soja: manejo integrado de insetos e outros artrópodes-praga, Embrapa, 859. Moscardi, F.; Bueno, A.; Sosa-Gómez, DR; Roggia, S.; Hoffmann-Campo, CB; POMARI, AF; CORSO, IC; YANO, SAC (2012) Artrópodes que atacam as folhas da soja. Soja. Manejo integrado de insetos e outros artrópodes- praga. Brasília, DF: Embrapa. 33 Motta, A.A.L. (2019) Previsão de prêmio e ocorrência de sinistros no mercado de seguro agrícola brasileiro. Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo, Piracicaba. Mukwa, L. F. T., J. Mukendi., F. G. Adakate., D. M. Bugeme.; A. Kalonji-Mbuyi and S. Ghimire (2021): First report of the South American tomato pinworm Tuta absoluta (Meyrick) (Lepidoptera: Gelechiidae) and its damage in the Democratic Republic of Congo. BioInvasions 10(1): 33–44. Oliveira, H.N.; Ávila, C.J. Controle biológico de pragas no Centro-Oeste brasileiro. In: Controle Biológico 193 G. Bio: Revista de Controle Biológico, p. 11-13, abr. 2018. Parra, J.R.P. & Zucchi, R.A. (Eds.). Trichogramma e o controle biológico aplicado Piracicaba: FEALQ, 1997. 324p. Parra, J.R.P. (1989) Controle biológico de pragas através de Trichogramma Biotecnologia, Piracicaba, v. 26, p. 1-4. Parra, J.R.P. (1996) Etapas básicas para programas de controle biológico com Trichogramma no Brasil. In: SIMPÓSIO DE CONTROLE BIOLÓGICO, 5., Foz do Iguaçu. Anais Foz do Iguaçu. pág. 353-354. Parra, JRP e Zucchi, RA (2004) Trichogramma no Brasil: viabilidade de uso após vinte anos de pesquisa. Neotropical Entomology, 33, 271-281. Pathology,(2012),Buenos Aires.Proceedings... Buenos Aires:SIP,(2012).p.106- 106. Peterson, A., (1964) Egg types among moths of the Noctuidae. Florida Entomologist. 47, 71- 100. Poole RW (1989) Noctuidae. In: Heppner JB (Ed.) Lepidopterorum Catalogus (New Series). Gainsville: Scientific Publishers. 1314p. Pratissoli, D.; Freitas Bueno, R. C. O.; Carvalho, J. R. (2019) Trichogramma: da coleta a pesquisa aplicada. Alegre, Unicopy. 211p. 34 Pratissoli, D.; Parra, J.R.P. (2000) Desenvolvimento e exigências térmicas de Trichogramma pretiosum Riley, criadas em duas traçadas do tomateiro. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 35, n. 7, pág. 1281- 1288. Pratissoli, D.; Parra, J.R.P. (2001) Seleção de Linhagens de Trichogramma pretiosum para o controle das traças Tuta absoluta e Phthorimaea operculella Neotropical Entomology, Londrina, v. 30, n. 2, pág. 277-282. Rakes, M et al. (2021 b) Residual effects and foliar persistence of pesticides used in irrigated rice on the parasitoid Telenomus podisi (Hymenoptera: Platygastridae). Journal of Pest Science, v.95, p.1-13. Ramos, F. R. (2008) Avaliação a campo de uma estirpe de Bacillus thuringiensis tóxica à lepidoptera e seu possível efeito adverso sobre espécies não-alvo. 2008. 87 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Agrárias) - Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária, Universidade de Brasília, Brasília, DF. Ren, S.X.; Ali, S.; Huang, Z.; Wu, J.H. Lecanicillium muscarium as microbial insecticide against whitefly and its interaction with other natural enemies. In: Current Research, Technology and Education Topics in Applied Microbiology and Microbial Biotechnology, Badajoz, 2° Edição, 2010, 1620 p. Resende, D.L.M.C.; Ciociola, A.I. (1996) Capacidade de parasitismo de Trichogramma atopovirilia (Hym.: Trichogrammatidae) em ovos de Helicoverpa zea (Lep.: Noctuidae) em diferentes temperaturas. Ciência e Agrotecnologia, Lavras, v. 20, n. 4, pág. 421-424. Rossi-Zalaf L S, Alves SB, Lopes RB, Silveira Neto S, Tanzini MR (2008) Interação de microrganismos com outros agentes de controle de pragas e doenças. Controle microbiano de pragas na América Latina: avanços e desafios, 270-302. Salgado, V. L (1998) Studies on the mode of action of spinosad: Insect symptoms and physiology correlates. Pestici. Bioch. Physiol., 60: 91–102. Santos S, Specht A, Carneiro E, Paula-Moraes SV, Casagrande MM (2017) Interseasonal variation of Chrysodeixis includens (Walker, 1858) (Lepidoptera: Noctuidae) populations in the Brazilian Savanna. Revista Brasileira de Entomologia 61:294-299. 35 Seal, D. R. (2012) Controlling melon thrips on eggplants, 2011. Arthropod Management Tests, v. 37, n. 1, p.1-2. Silva, J.E., H.A.A. Siqueira, T.B.M. Silva, M.R. Campos & R. Barros. (2012) Baseline susceptibility to chlorantraniliprole of Brazilian populations of Plutella xylostella. Crop Prot. 35: 97-101. Silver, K. S.; Song, W.; Nomura, Y.; Salgado, V. L.; Dong, K. (2010) Mechanism of action of sodium channel blocker insecticides (SCBIs) on insect sodium channels. Pesticide Biochemistry and Physiology, Amsterdam, v. 97, n. 2, p. 87- 92. Sosa-Gómez, D.R; Corrêa-Ferreira, B.S; Hofmann-Campo, C.B; Corso, I.C; Oliveira, L.J; Moscardi, F.; Panizzi, A.R; Bueno, A.F; Hirose, E., (2010) Manual de identificação de insetos e outros invertebrados da cultura da soja. Londrina: Embrapa-CNPSo. 90 (Embrapa – CNPSo. Documentos, 269). Sparks, T.C., Thompson, G. D., Kirst, H. A., Hertlein, M. B., Mynderse, J. S., Turner, J. R., Worden, T. V.,(1999) Fermentation-derived insect control agents, In: HALL, F.R., MENN, J. J. (eds.), “Methods in Biotechnology”, Humana Press, Totowa NJ, p. 171–88. Specht, A.; Paula-Moraes, S.V; Sosa-Gómez, D.R. (2015) Plantas hospedeiras de Chrysodeixis includens (Walker) (Lepidoptera, Noctuidae, Plusiinae). Revista Brasileira de Entomologia, v.59, n.4, p.343-345. Stacke RF, Godoy DN, Halberstadt SA, Bronzatto ES, Giacomelli T, Hettwer BL, Muraro DS, Guedes JVC, Bernardi O (2020) Inheritance of lambda-cyhalothrin resistance, fitness costs and cross-resistance to other pyrethroids in soybean looper, Chrysodeixis includens (Lepidoptera: Noctuidae). Strayer J, Greene GL (1974) Soybean insect management. Cidade de publicação: Florida Cooperation Extension Service. 15p. (Circular, 395). Thuler, R.T. Plutella xylostella (L) (Lepidoptera: Plutellidae): táticas para o manejo integrado em brássicas 2006. 80f. Tese (Doutorado em Agronomia – Entomologia Agrícola) – Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Universidade Estadual Paulista, Jaboticabal, 2006. 36 Tompson, GD., Dutton, R. and Sparks, TC., (2000). Spinosad-a case study: an example from a natural products discovery programme. Pest Management Science, vol. 56, p. 696-702. Tomquelski, G.V.; Martins, G. L. M.; Dias,(2015) T. S. e manejo de pragas da cultura da soja. Pesquisa, Tecnologia e Produtividade, Chapadão do Sul-MS, v. 2, n. 9, p. 61-82c. Villaverde, J. J.; Sevilla‐Morán, B.; Sandín‐España, P.; López Goti, C.; Alonsoprados, J. L. Biopesticides in the framework of the Europ an Pesticide Regulation (EC). Pest Management Science, n. 70, p. 2–5, 2014. Williams, T., Valle, J., Viñuela, E.. (2003) Is the naturally derived insecticide spinosad compatible with insect natural enemies Biocontrol Science and Technology, v.13, p.459-475. Wing, K.D.; Schnee, M.; Sacher, M.; Connair, M. (1998) A novel oxidiazine insecticide is bioactivated in lepidopteran larvae. Archives of insect biochemistry and physiology, v. 37, p. 91103. Yano BL., Bond, DM., Novilla, MN., Mcfadden, LG. and Reasor, M.J., (2002) Spinosad insecticide: Subchronic and chronic toxicity and lack of carcinogenicity in Fischer 344 rats. Toxicological Sciences, vol. 65, p. 288-298. Zucchi R.A.; Monteiro, R.C.(1997) O gênero Trichogramma na América do Sul. In: Parra, JRP; Zucchi, RA eds. Trichogramma e controle biológico aplicado. Piracicaba: FEALQ,p. 41-66. 37 CAPÍTULO 2 – Compatibilidade de produtos biológicos com o inseticida químico Belt ® (flubendiamida) usado para o controle de C. includens. Resumo – O crescente uso de produtos biológicos na agricultura vem trazendo grandes resultados a campo, esta tendência impulsiona a prática de combinar produtos biológicos com produtos químicos, buscando potencializar o controle de diversas pragas e otimizar as operações agrícolas. Dentre outros métodos de controle menos agressivos ao ambiente e com alta eficiência destacam-se os fungos, bactérias e vírus pela sua especificidade e seletividade. Com isso o presente trabalho teve como objetivo avaliar se os produtos biológicos isolados ou em associação com o produto químico Belt® (flubendiamida) são eficientes no controle da lagarta Chrysodeixis includens. Foram utilizados 10 tratamentos e 15 repetições/placa . Os parâmetros avaliados foram o crescimento vegetativo (cm2) e esporulação (esporos.mL-1) permitiu que o cálculo com valor de toxicidade, classificasse a interação em compatível, moderadamente tóxica, tóxica e muito tóxica. Apenas o tratamento com B. bassiana em associação a produto comercial Challenger® foram incompatíveis onde o valor de T foi de 41, sendo considerado tóxico, isso ocorreu provavelmente devido as espécies competirem entre si, sendo uma competição intraespecífica entre os microrganismos. Palavras-chave: compatibilidade, falsa-medideira , fungos entomopatogenicos, mistura de tanque. 38 Compatibility of biological products with the chemical insecticide Belt® (flubendiamide) for the control of Chrysodeixis includens. ABSTRACT- The growing use of biological products in agriculture has been bringing great results in the field, this trend drives the practice of combining biological products with chemical products, seeking to enhance the control of various pests and optimize agricultural operations. Among other control methods that are less aggressive to the environment and with high efficiency, fungi, bacteria and viruses stand out for their specificity and selectivity. Thus, the present study aimed to evaluate whether biological products alone or in association with the chemical Belt® (flubendiamide) are efficient in the control of the caterpillar Chrysodeixis includens. A total of 10 treatments and 15 replicates/plate were used. The parameters evaluated were vegetative growth (cm2) and sporulation (spores.mL-1) allowed the calculation with toxicity value to classify the interaction as compatible, moderately toxic, toxic and very toxic. Only the treatment with B. bassiana in association with the commercial product Challenger® was incompatible where the T value was 41, being considered toxic, this was probably due to the species competing with each other, being an intraspecific competition between the microorganisms. Keywords: compatibility, entomopathogenic fungi, false meter ,tank mixing 39 1. INTRODUÇÃO O uso combinado de inseticidas biológicos à base de fungos entomopatogênicos com inseticidas químicos requer atenção à compatibilidade entre os produtos. Isso ocorre porque os inseticidas químicos podem afetar de várias maneiras esses fungos, inibindo a germinação e o desenvolvimento do tubo germinativo, além de causar alterações na patogenicidade ou virulência dos fungos. Os efeitos tóxicos dos produtos fitossanitários nos fungos podem variar de acordo com a natureza química dos produtos, sua concentração e as espécies e/ou isolados do agente microbiano. É importante considerar esses fatores ao utilizar a combinação de inseticidas biológicos e químicos, a fim de evitar impactos negativos nos fungos entomopatogênicos (Batista Filho et al., 2001; Botelho e Monteiro, 2010; Borges e Nova, 2011). Devido aos efeitos adversos dos inseticidas químicos nos fungos entomopatogênicos e a preocupação crescente com a segurança alimentar e o meio ambiente, o controle de pragas agrícolas evoluiu do uso exclusivo de inseticidas químicos para uma abordagem mais abrangente chamada Manejo Integrado de Pragas (MIP). O MIP envolve a combinação de conjunto de táticas de controle de pragas, incluindo o uso de inseticidas químicos, mas de forma mais seletiva e direcionada, considerando os impactos mínimos no ambiente. Além disso, outras técnicas são utilizadas, como o uso de inseticidas biológicos, como os fungos entomopatogênicos mencionados anteriormente, que são eficazes no controle de pragas sem causar danos significativos ao meio ambiente (Kogan, 1988; Kogan e Bajwa, 1999; Stenberg, 2017; Baker et al., 2020). O mercado brasileiro de bioinseticidas teve um impulso significativo devido aos surtos das pragas Helicoverpa armigera e Chrysodeixis includens nas safras de 2013/2014. Nesse período, os bioinseticidas à base de Bacillus thuringiensis (Bt) mostraram-se altamente eficientes no controle dessas duas pragas (Polanczyk et al., 2017). Os surtos dessas lagartas causaram grandes prejuízos nas lavouras brasileiras, levando os produtores a buscarem alternativas de controle que fossem eficazes e, ao mesmo tempo, mais sustentáveis e menos impactantes ao meio ambiente. Os bioinseticidas à base de Bt surgiram como uma solução viável. 40 As pesquisas têm sido realizadas com o objetivo de investigar o sinergismo entre fungos entomopatogênicos e inseticidas para o controle de insetos-pragas. Esses estudos têm apresentado resultados promissores quanto à eficácia da associação entre esses agentes de controle. Os estudos citados, como os de Jaramillo et al. (2005), Shapiro-Ilan et al. (2011), Shakir et al. (2015), Yii et al. (2015), Ashraf et al. (2017) e Shewale e Mohite (2018), têm demonstrado que a combinação de fungos entomopatogênicos com inseticidas pode levar a uma melhoria significativa na eficiência de controle de insetos-pragas. Essa sinergia entre os fungos e inseticidas pode ocorrer de diferentes maneiras, como a potencialização dos efeitos letais dos fungos sobre os insetos, a ampliação do espectro de controle, a redução das doses necessárias de inseticidas químicos, além de proporcionar uma ação mais rápida e prolongada no controle das pragas. O objetivo do trabalho foi verificar a compatibilidade de diferentes bioinseticidas isolados ou em associação com o inseticida químico Belt® (flubendiamida) para o controle de C.includens. 2. MATERIAL E MÉTODOS Os bioensaios foram conduzidos no Laboratório de Controle Microbiano de Artrópodes (LCMAP) da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias da Universidade Estadual Paulista, Jaboticabal, SP, em condições controladas. 2.1 Produtos adquiridos Os produtos utilizados para o teste de compatibilidade foram: Beauveria bassiana IBCB66 (350ml/ha),Challenger®(Cordyceps fumosorosea) 1500 ml/ha, Dipel PM® (Bacillus thuringiensis kurstaki) 500g/ha, Exalt® (espinetoram) 150ml/ha e Belt® (flubendiamida) 70ml/ha. 2.2 Bioensaios Para o teste de compatibilidade foi observado como esses microrganismos em associação com o produto químico se sobressaiu no controle de C. includens (lagarta falsa-medideira). O preparo da calda com os produtos biológicos em associação do produto químico foi realizado conforme as doses recomendadas. 41 Foi preparado 39 gramas do meio de cultura BDA (Batata Dextrose Ágar) da marca Kasvi em 1 litro de água deionizada e em seguida foi autoclavado a 121°C a pressão de 1atm, ao atingir temperatura de 45°C, ponto em que o meio ainda não solidifica. O inseticida químico descrito na (Tabela1) foi adicionado e homogeneizado ao meio de cultura com o auxílio de um agitador magnético em seguida plaqueou-se 18 ml do meio em placas de Petri (90X15mm de diâmetro), totalizando 15 repetições/placas para cada tratamento. Após solidificação do meio contendo o inseticida químico, foi inoculada uma alíquota de 5,0 μL da suspensão de Beauveria bassiana IBCB66 e Challenger® (C. fumosorosea), no centro da placa de Petri. Essa alíquota foi espalhada na superfície do meio com auxílio de uma alça de Drigalski. A seguir, as placas inoculadas foram mantidas em câmaras de germinação (B.O.D.) por um período de sete dias, nas condições favoráveis ao desenvolvimento dos fungos (26 ± 2°C), UR de 70 ± 10% e fotofase de 12 h. Sete dias após a inoculação, a área de cada colônia de cada placa/repetição (cm2) foi copiada para folha sulfite A4 transparente e recortada com tesoura, sendo essa área foi mensurada com auxílio de um aparelho medidor de área foliar (modelo LI - 3100, Lincoln®). Para a contagem dos esporos foram raspadas as colônias que se desenvolveram no meio de cultura mais o inseticida. O material coletado foi transferido para tubos Falcon® com 10 mL de água estéril com adesivo (Tween 0,01%). Essa suspensão foi homogeneizada com auxílio de um agitador (Phoenix® Modelo AP56) por 60 segundos e 200 μL foram retirados para contagem dos esporos em câmara de Neubauer em microscópio ótico Zeiss® (Alves e Moraes, 1998). Para o teste com os produtos Dipel® (Btk) e Exalt® (espinetoram) foi preparado placas/repetições utilizando meio de cultura Agar® Nutrient (KASVI, Itália) através da dissolução de 18,0 em 1 litro de água deionizada e autoclavada a 121°C e pressão a 1 atm. por 20 minutos, aferiu-se pH da solução para que mantenha entre 5 e 6, após atingir temperatura de 45°C. O inseticida químico descrito na (Tabela 1) foi adicionado e homogeneizado ao meio de cultura com o auxílio de um agitador magnético, em 42 seguida, o meio foi vertido em placas de Petri (90X15mm), totalizando 15 repetições/placas para cada tratamento, a mesma avaliação foi realizada conforme descrita acima. Tabela 1: Inseticida Belt® (flubendiamida) e os bioinseticidas à base de Beauveria bassiana IBCB66, Challenger® (C.fumosorosea), Dipel PM® (Bacillus thuringiensis kurstaki), Exalt® (espinetoram) utilizados nos testes de compatibilidade e toxicidade de lagartas de 2° instar de C.includens. 2.3 ANÁLISE DOS DADOS O bioensaio foi composto por dez tratamentos e quinze repetições/placas, onde a classificação de compatibilidade foi realizada conforme Alves et al. (1998), sendo os valores de Toxicidade entre 0 e 30 caracterizam mistura muito tóxica, 31 a 45 tóxica, 46 a 60 moderadamente tóxica e acima de 60 compatível. Essa escala se baseia nos valores médios da porcentagem de esporulação e crescimento das colônias, sendo os valores de T calculados com pela fórmula (T= 20 * (CV) + 80 * (ESP) / 100), onde T = valor corrigido do crescimento Produto comercial Ingrediente ativo (i.a) MA5 D6 Controle Água deionizada - - B. bassiana IBCB66 B.b1 C 350 ml/ha B. bassiana IBCB66 + Belt® B.b1 + flubendiamida C 350ml + 70 ml/ha B. bassiana IBCB66 + Challenger® B.b1 + C.f2 C 350ml + 1500 ml/ha Challenger® C.f2 C 1500ml/ha Challenger + Belt® C.f2 + flubendiamida C 1500ml+70 ml/ha Dipel PM® Btk3 I 500g/ha Dipel PM® + Belt® Btk3 + flubendiamida I/C 500g +70 ml/ha Exalt® Esp4 I 150 ml/ha Exalt® + Belt® Esp4+flubendiamida I/C 150ml+70ml/ha Belt® Flubendiamida C 70 ml/ha 1B.b:Beauveria bassiana 2C.f: Cordyceps fumosorosea 3Btk: Bacillus thuringiensis kurstaki 4 Esp: espinetoram 5Modo de ação dos produtos: C- contato / I – ingestão 6Dosagem dos produtos por hectare 43 vegetativo e esporulação para classificação do produto; CV = porcentagem de crescimento vegetativo em relação a testemunha; ESP = porcentagem de esporulação em relação a testemunha. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Para o teste de compatibilidade dos produtos dentre todos os bioinseticidas, apenas o tratamento com B. bassiana em associação a Challenger® (C.f2) foram incompatíveis onde o valor de T foi de 41 (Tabela 2), sendo considerado tóxico segundo Alves et al. (1998). Isso ocorreu, provavelmente devido as espécies competirem entre si, sendo uma competição intraespecífica, no caso de fungos entomopatogênicos, à poucos relatos de micoparasitismo e/ou competição onde indicam que há muita semelhança entre os mecanismos utilizados pelos parasitos/competidores, como é o caso de uma substância antibiótica (fomalactona) extraída de Hirsutella thompsonii, que inibe a germinação de conídios de B. bassiana (Krasnoff & Gupta, 1994; Roberts & Krasnoff, 1998), e também pelas duas não serem a mesma formulação, onde o Challenger® (C.f2) é composto por óleo mineral na sua formulação e a B. bassiana por ser a base de água. Segundo Mietkiewski e Gorski (1995), os fungos entomopatogênicos são utilizados simultaneamente com outros inseticidas biológicos, eles podem apresentar sinergia, competitividade ou até interação. As descobertas de Staves e Knell (2009) sugerem que, se a infecção mista persistir, o tipo de interação, seja direta ou indireta, dentro do hospedeiro, pode desempenhar um papel importante na determinação da evolução do entomopatógeno em termos de virulência. De acordo com Ramaraje, Govindu e Shastry (1967), diferentes doses dos inseticidas podem influenciar no crescimento e esporulação do entomopatógeno nos testes de compatibilidade. A dose recomendada dos produtos fitossanitários testados pode ser um fator importante para determinar a compatibilidade entre os agentes químicos e biológicos (Agostini et al., 2014). Essa variável pode ser estrategicamente ajustada para favorecer a compatibilidade (Batista Filho; Almeida; Lamas, 2001; Manachini, 2002). 44 Tabela 2. Interações compatíveis entre os produtos biológicos e o inseticida Belt®, considerando índice T da escala proposta por Alves et al. (1998). Tratamentos Crescimento vegetativo (cm2) Esporulação (esporos mL-1) Valor de T Compatibilidade B. bassiana IBCB66 1144 2X108 65 Compatível B. bassiana IBCB66 + Belt® 4916 3X108 74 Compatível B. bassiana IBCB66 + Challenger® 2601 2X108 41 Incompatível Challenger® 4240 8X104 91 Compatível Challenger + Belt® 3470 8X104 380 Compatível Dipel PM® 2013 3X108 423 Compatível Dipel PM® + Belt® 4381 3X108 930 Compatível Exalt® 2073 9X107 2715 Compatível Exalt® + Belt® 13401 7X104 1393 Compatível Crescimento igual ao diâmetro da placa de Petri. Transformado em log (x)+1. Transformado em x2. 4. CONCLUSÃO Concluiu-se que, a avaliação da compatibilidade entre os produtos bioinseticidas destacou a importância de uma abordagem importante no manejo integrado de pragas agrícolas. A incompatibilidade entre a combinação de B. bassiana e Challenger® (C.f2) ressalta a necessidade de considerar não apenas as características individuais dos agentes, mas também suas possíveis interações e competições. Os trabalhos mencionados enfatizam o papel crucial das doses de inseticidas e das interações entre diferentes agentes no controle de pragas. A capacidade de ajustar estrategicamente as doses dos produtos fitossanitários pode contribuir significativamente para promover a compatibilidade entre os agentes químicos e biológicos, garantindo uma abordagem mais eficaz e sustentável no controle de pragas agrícolas. Assim, é essencial adotar uma abordagem integrada e cuidadosa na seleção, combinação e aplicação de produtos fitossanitários, levando em consideração não apenas sua eficácia imediata no controle de pragas, mas também seu potencial de interação e seu impacto ambiental a longo prazo. 45 5. REFERÊNCIAS Baker, G., Buss, E. A., Funderburk, J., Rohde, B. B., & Stansly, P. (2020). Integrated pest management in vegetable crops. In Integrated Pest Management: Current Concepts and Ecological Perspective (pp. 335-366). Academic Press. Batista Filho, A., Botelho, P. S. M., & Monteiro, A. C. (2001). Eficiência de produtos químicos no controle do ácaro vermelho em cafeeiros orgânicos. Coffee Science, 7(3), 270-279. Borges, R. C. V., & Nova, E. P. (2011). Avaliação de inseticidas biológicos e químicos no controle de adultos de Cryptolestes ferrugineus (Coleoptera: Laemophloeidae) em trigo armazenado. Neotropical Entomology, 40(3), 370- 375. Botelho, P. S. M., & Monteiro, A. C. (2010). Influência da concentração e do tempo de exposição do acaricida etoxazol sobre o fungo Neozygites sp. (Entomophthorales: Neozygitaceae), agente de controle do ácaro-vermelho em cafeeiro. Ciência Rural, 40(2), 374-379. Kogan, M. (1988). Integrated pest management: historical perspectives and contemporary developments. Annual Review of Entomology, 33(1), 1-19 Kogan, M., & Bajwa, W. I. (1999). Integrated pest management: a historical perspective and overview. In Pesticide Biotransformation in Plants and Microorganisms (pp. 1-27). Springer. Krasnoff, S.B.; Gupta S., (1994) Identification of the antibiotic phomalactonefrom the entomopathogenic fungus Hirsutella thompsonii var. synnematosa Journal of Chemical Ecology, v.20, n.2, p.293-302. Mietkiewski R., Gorski R.(1995) Growth of selected species of entomopathogenic fungi and isolated in media containing insecticides. Acta Mycol. 1995; 30 :27–33. Polanczyk, R. A., Campos, S. O., Calvo, E. S., Alves, A. P. M., & Omoto, C. (2017). Potential of Bt transgenic plants for insect pest control in South America: A review of the last 30 years. Current Opinion in Insect Science, 21, 1-7. Ramaraje, N. V. U.; Govindu, H. C.; Shastry, K. S. S (1967) The effect of certain insecticides on the entomogenous fungi Beauveria bassiana and Metarhizium 46 anisopliae. Jounal of the Invertebrate Pathology, Maryland Heights, v. 9, p. 398-403. Stenberg, J. A. (2017). Pest control in integrated pest management (IPM). In The Science of Grapevines (pp. 563-589). Academic Pres. 47 CAPÍTULO 3. Toxicidade de bioinseticidas em associação com produto químico para o controle de Chrysodeixis includens (Lepidoptera: Noctuidae). Resumo – Os bioinseticidas e o inseticida químico isolado ou em associação mostram a importância da interação desses microrganismos com o químico, visando otimizar as operações agrícolas, diminuindo o custo por aplicação desses produtos. O experimento teve objetivo avaliar a toxicidade dos bioinseticidas isolados ou em associação com inseticida químico flubendiamida, para o controle de Chrysodeixis includens (Walker, 1858) (Lepidoptera: Noctuidae), importante praga da cultura da soja. Foram realizados 11 tratamentos, 20, repetições, onde cada repetição era composta por cinco lagartas de 2° instar. Foi avaliado número médio de lagartas vivas com dois intervalos de tempo, sendo 0 e 2 horas após o preparo da calda. As avaliações das lagartas vivas foram de 7 e 10 dias da aplicação dos produtos. Após 7 dias da aplicação dos produtos, os tratamentos com B. bassiana e Exalt®, tanto isoladamente quanto em combinação com flubendiamida, mostraram eficácia estatisticamente equivalente ao grupo de controle, enquanto a flubendiamida isoladamente resultou na menor média de lagartas vivas. A sinergia entre agentes biológicos e químicos, como Dipel PM® e Belt®, também foi observada, destacando-se pela redução significativa das populações de lagartas. A combinação de B. bassiana e Challenger® demonstrou eficácia, embora a eficiência tenha sido inferior à de Challenger® isoladamente. No entanto, quando associados ao inseticida Belt® (flubendiamida), todos os tratamentos apresentaram resultados semelhantes, exceto Challenger®, que mostrou eficácia após 10 dias. Para as caldas aplicadas 2 horas após o preparo, os tratamentos com B. bassiana, B. bassiana + Challenger® e Exalt® não diferiram estatisticamente da testemunha após sete e dez dias. As combinações com flubendiamida registraram as menores médias de lagartas vivas, destacando-se pela eficácia em relação aos demais tratamentos. Os resultados evidenciam a eficácia dos agentes biológicos e sua sinergia com inseticidas químicos no controle de lagartas vivas de C. includens. Palavras-chave: bioinseticidas, Chrysodeixis includens, inseticidas químicos e mistura de tanque. 48 Toxicity of bioinsecticides in association with chemicals for the control of Chrysodeixis includens (Lepidoptera: Noctuidae). ABSTRACT – Bioinsecticides and chemical insecticides alone or in association show the importance of the interaction of these microorganisms with the chemical, aiming to optimize agricultural operations, reducing the cost per application of these products. The objective of this experiment was to evaluate the toxicity of bioinsecticides alone or in association with the chemical insecticide flubendiamide for the control of Chrysodeixis includens (Walker, 1858) (Lepidoptera: Noctuidae), an important pest of soybean crops. The objective of this experiment was to evaluate the toxicity of bioinsecticides alone or in association with the chemical insecticide flubendiamide for the control of Chrysodeixis includens (Walker, 1858) (Lepidoptera: Noctuidae), an important pest of soybean crops. A total of 11 treatments were performed, 20 replicates, where each replicate consisted of five 2° instar larve. The average number of live larvae was evaluated at two time intervals, 0 and 2 hours after the preparation of the solution. The evaluations of the live caterpillars were 7 and 10 days after the application of the products. After 7 days of application of the products, treatments with B. bassiana and Exalt®, both alone and in combination with flubendiamide, showed efficacy statistically equivalent to the control group, while flubendiamide alone resulted in the lowest average number of live larve. The synergy between biological and chemical agents, such as Dipel PM® and Belt®, was also observed, highlighting the significant reduction of larves populations. The combination of B. bassiana and Challenger® demonstrated efficacy, although the efficiency was lower than that of Challenger® alone. However, when associated with the insecticide Belt® (flubendiamide), all treatments showed similar results, except for Challenger®, which showed efficacy after 10 days. For the syrups applied 2 hours after preparation, the treatments with B. bassiana, B. bassiana + Challenger® and Exalt® did not differ statistically from the control after seven and ten days. The combinations with flubendiamide had the lowest mean number of live larvae, standing out for their efficacy in relation to the ontr treatments. The results show the efficacy of biological ontrol and their ontrol with ontrolo insecticides in the ontrolo f live larves of C. includens. Keywords: bioinsecticides, Chrysodeixis includens, chemical insecticides, tank mix. 49 1. INTRODUÇÃO A lagarta falsa-medideira (Chrysodeixis includens) é uma das principais pragas que afetam a cultura da soja. Sua incidência é mais comum no final do período vegetativo e durante o período reprodutivo da planta. Os danos causados por essa praga são característicos, pois a lagarta se alimenta do parênquima das folhas, deixando as nervuras intactas, o que resulta em um aspecto rendilhado nas folhas (Sosa-Gómez et al.2014). O nível de ação recomendado para o controle da praga falsa-medideira consiste em identificar a presença de 20 lagartas com tamanho superior a 1,5 cm, ou 30% de desfolha na fase vegetativa, ou ainda 15% de desfolha na fase reprodutiva das plantas (Grigolli et al.2016). No entanto, para um manejo e controle adequados, não é suficiente apenas conhecer o período de ocorrência da praga e os níveis de ação. É essencial utilizar inseticidas que tenham eficácia comprovada quando aplicados corretamente. No Brasil recomenda-se mais de 60 inseticidas para o controle dessa praga, dentre eles estão três bioinseticidas Bt: Dipel SC®, Dipel WG® e Thuricide PM®. Os agricultores muitas vezes optam por utilizar