ANÁLISES GENÉTICAS EM PROGÊNIES DE Pinus caribaea Morelet var. caribaea POR CARACTERES QUANTITATIVOS E MARCADORES MOLECULARES JANETE MOTTA DA SILVA Engenheira Agrônoma Orientador: Prof. Dr. Mario Luiz Teixeira de Moraes Co-orientador: Prof. Dr. Edson Seizo Mori ILHA SOLTEIRA – SP JULHO DE 2005 Dissertação apresentada à Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, para a obtenção do Título de Mestre em Agronomia – Área de Concentração: Sistemas de Produção. iii Aos meus pais MOACIR E FÁTIMA por minha vida, por tudo o que sou e pelo apoio constante DEDICO Aos meus irmãos BRUNO E SIMONE Que tanto amo, OFEREÇO iv AGRADECIMENTOS - À DEUS, pela minha vida, por sempre estar comigo me mostrando o caminho, dando-me sempre forças e fé; - Ao Prof. Dr. Mario Luiz Teixeira de Moraes, pela orientação, incontáveis exemplos profissionais e de vida, e pela amizade sincera; - Ao Prof. Dr. Edson Seizo Mori, pela co-orientação, pelos ensinamentos, pelos auxílios e colaborações prestados no desenvolvimento deste trabalho; - À Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira -UNESP, pela oportunidade de realização desse trabalho; - À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), pelo suporte financeiro; - Ao Centro de Conservação Genética e Melhoramento de Pinheiros Tropicais (CCGMPT) e ao Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais (IPEF), pelo fornecimento das sementes das progênies, e à Duratex S.A. (Agudos, SP) pela formação das mudas; - À banca examinadora: Dr. Alexandre Magno Sebbenn, Dr. Miguel Luiz Menezes Freitas e Dr. Mario Luiz Teixeira de Moraes pelo trabalho de correção, sugestões e críticas dadas à dissertação; - Ao Professor João Antônio da Costa Andrade, Dr. Léo Zimback, Dr. Marcos Deon Vilela de Resende e Professor Pedro César dos Santos, pelas importantes contribuições e esclarecimentos para conclusão deste trabalho; - Aos colegas Evandro Tambaruci, Robson Fernando Missio e Rodrigo de Andrade Furlan pela paciência, esclarecimentos diversos e ensinamento das técnicas de laboratório; - Aos Funcionários da Fazenda de Ensino e Pesquisa da FEIS/UNESP: Alexandre Marques da Silva, Alonso A. da Silva, José Cambuim, Manoel F. R. Bonfim, Odorico Santos da Silva, “Sergipe” (in memorian), pelo apoio na coleta de dados; - À Selma Maria Bozzite de Moraes, pelas importantes lições de trabalho e de vida e por sempre ter uma palavra amiga momentos difíceis; - Às “eternas” companheiras de república: Bruna L. Rosa, Cecília S. de Castro, Camila R.S. Baleroni, Cássia M.C. Lopes, Luciana Bedore, por terem participação especial em minha vida; - Aos colegas e amigos: Alexandra, Alexsander, Ana Cláudia, Carla, Cecília, Daniela Canuto, Daniela Cintra, Elza, Flávia, Flávio, Francisco, Gisele, Ivan Iuri, Larissa Lima, Marcela, Patrícia, Rosalina, Saulo, Vanessa, pela convivência e amizade; - À Sergio A. P. Cervigni, pelo apoio, incentivo, colaboração e pelo carinho que sempre me trata; - E à todos aqueles que, direta ou indiretamente, ajudaram-me a concluir esta importante e valiosa etapa de minha vida. v ANÁLISES GENÉTICAS EM PROGÊNIES DE Pinus caribaea Morelet var. caribaea POR CARACTERES QUANTITATIVOS E MARCADORES MOLECULARES RESUMO Pinus caribaea var. caribaea, conhecido comumente como pinho caribenho, é uma espécie exótica, pouco exigente em solo, que pode ser amplamente cultivada em locais não aproveitados para a agricultura, pecuária, assim como para reflorestamentos. Tem crescimento rápido e produz madeira resinosa útil para a produção de madeiramento e papel. Assim, este trabalho teve os seguintes objetivos: estimar a variabilidade genética para caracteres de crescimento e a densidade básica da madeira em um teste de progênies de Pinus caribaea var. caribaea; verificar o efeito de um desbaste no teste de progênies e a sua interferência na estimativa de parâmetros genéticos; estimar possíveis ganhos na seleção, através da utilização do índice multi-efeitos (IME), visando a transformação do teste de progênies em um Pomar de Sementes por Mudas e/ou fornecedor de material para a formação de um Pomar de Sementes Clonal; estimar o valor genético de árvores superiores; caracterizar, por marcadores moleculares RAPD e SSR, três grupos de indivíduos: superiores, intermediários e inferiores, selecionados pelo IME; fornecer subsídios para a continuidade do programa de melhoramento genético dessa espécie. O teste de progênies de Pinus caribaea var. caribaea foi instalado de 20 a 22/02/1989, na Fazenda de Ensino, Pesquisa e Extensão da Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira em Selvíria-MS. O delineamento experimental utilizado foi látice 10x10 triplo, com 99 progênies e uma testemunha comercial. As parcelas foram lineares com 10 plantas, no espaçamento 3x3m. As sementes das 99 progênies e uma testemunha comercial foram cedidas pelo Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais - IPEF-ESALQ/USP – Piracicaba, SP, e oriundas do Centro de Conservação Genética e Melhoramento de Pinheiros Tropicais (CCGMPT). Os caracteres avaliados foram: altura total de plantas (m), diâmetro à altura do peito - DAP (cm); volume (m3/árvore); forma do fuste das árvores, densidade básica da madeira, na altura do DAP - DBM-1, e na metade da altura da árvore - DBM-2 (g/cm3); e sobrevivência das progênies (%). Aos 14,3 anos após o plantio foi realizado um desbaste com intensidade de 50%, e o ganho genético foi estimado pelo IME. A coleta de dados foi realizada em cinco situações: A - antes do desbaste, aos 14,3 anos; B - árvores desbastadas, 14,3 anos; C - árvores remanescentes ao desbaste, 14,3 anos; D - um ano após o desbaste: vi 15,3 anos; E - dois anos após do desbaste, 16,3 anos. Utilizando marcadores moleculares RAPD (dominante) e SSR (co-dominante), foi realizada a caracterização molecular da espécie comparando-se três grupos de indivíduos: os superiores, os intermediários e os inferiores. Após a análise dos resultados verificou-se que: a) a variação genética encontrada para os caracteres analisados foi pouco expressiva; b) o desbaste realizado abriu perspectivas para a exploração deste teste de progênies como um Pomar de Sementes por Mudas e/ou Clonal; c) as estimativas de herdabilidade apresentaram baixa magnitude e pouca variação com o tempo; d) as estimativas de correlações entre os caracteres DAP, altura e volume foram altas, e em relação à densidade básica da madeira e forma foram baixas. A análise do coeficiente de Trilha foi útil para esclarecer a natureza das correlações existentes entre os caracteres estudados, sendo que o volume é determinado em grande parte pela altura, tendo o DAP uma participação secundária; e) a obtenção da distância generalizada de Mahalanobis e o agrupamento das progênies pelo método de Tocher, forneceram informações importantes para futuros programas de melhoramento que utilizem hibridação ou retrocruzamentos; f) o uso do IME aplicado ao caráter DAP, a situação E, apresentou maiores ganhos do que a seleção entre e dentro de progênies, sendo a melhor opção de selecionar no máximo cinco indivíduos por progênies por obter maiores ganhos e manter a diversidade genética próxima de uma seleção entre e dentro de progênies; g) a caracterização com uso de marcadores moleculares constatou homogeneidade entre os grupos de indivíduos superiores, intermediários e inferiores. Palavras-chave: parâmetros genéticos, divergência genética, pinheiros tropicais, teste de progênies, índice multi-efeitos. vii GENETIC ANALYSES IN PROGENIES OF Pinus caribaea Morelet var. caribaea FOR QUANTITATIVE CHARACTERS AND MOLECULAR MARKERS ABSTRACT Pinus caribaea var. caribaea, known as Caribbean pine, is an exotic species, demanding in ground of soil, which can widely be cultivated in places not used to agriculture, cattle raising breeding, as well as for reforestations. It has growth fast and produces resinous wood useful for the timbering production and paper. This work aimed: to estimate the genetic variability to growth characters and the wood density; to estimate the genetic value of superior trees; to characterize by molecular markers (RAPD e SSR), three groups of individuals - superiors, intermediates and inferiors, selected with multi-effects index; to verify the effect of thinning on progeny trial relating it to parameters genetics; to estimate the gain expected through the use of IME, aiming to turn the progeny trial in a seedling seed orchard and/or to supply material to establish a clonal seed orchard; to give subsidies to genetic breeding program of this species. The progeny trial of Pinus caribaea var. caribaea was installed from 20 to 22/02/1989 in the Experimental Station of Ilha Solteira University Campus, located in Selvíria, MS, Brazil. A triple lattice design 10 x 10, with 99 progenies and a commercial control was used. The plots were constituted by 10 plants in line, with 3m between plants and between lines. The progeny seeds were supplied by Forestry Research Institute – IPEF, and Genetic Conservation and Breeding of Tropical Pine – CCGMPT. The evaluated characters was: total height, diameter at breast height (dbh); volume, form of stem, wood density at breast height total and wood density at half of tree total height, survival of progenies. A thinning with 50% of intensity was made on the progeny trial with 14,5 years after plantation, and the genetic gain was determinate by the multi-effects index. The evaluations was done in five situations: A – before the thinning – 14,5 years; B – thinning trees, 14,3 years; C – remaining trees to the thinning, 14,3 years; D – one year after the thinning, 15,3 years; E – two years after the thinning, 16,3 years. The molecular markers RAPD (dominant) and SSR (co-dominant) was used to characterize the species, comparing itself three groups of individuals: superiors, intermediates and inferiors. The results were: a) a genetic variation verified on the traits was few expressive; b) the thinning showed perspectives to these progenies trial to be explored as a seed orchard by seedling and/or clonal; c) the heritability estimates had presented low viii magnitude and little variation through time; d) the correlations between characters dbh, height and volume was high, and low for wood density and form. The path analysis coefficient was useful to know to correlation among the studied trait, with volume being largely determined by height and little influence by dbh; e) the Mahalanobis generalized distance and the assemble of progenies by Tocher’s method gave important information to future breeding programs about hybridization or backcross; f) the multi-effect index applied to dbh, on D situation, showed higher gains than the selection within and among progenies, and the best option the selection up to five plants per progenies because to permit higher gains and keep genetic diversity close to a selection within and among progenies; g) the characterization using molecular markers evidenced homogeneity between the groups of superiors, intermediates and inferiors individuals. Key-words: genetic parameters, genetic divergence, tropical pines, progeny trial, multi-effects index. ix SUMÁRIO DEDICATÓRIA..................................................................................................................................................... iii AGRADECIMENTOS............................................................................................................................................ iv RESUMO................................................................................................................................................................. v ABSTRACT........................................................................................................................................................... vii LISTA DE ILUSTRAÇÕES................................................................................................................................... xi LISTA DE TABELAS........................................................................................................................................... xii LISTA DO APÊNDICE........................................................................................................................................ xvi 1. INTRODUÇÃO................................................................................................................................................... 1 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA............................................................................................................................. 3 2.1. Generalidades sobre Pinus caribaea Morelet var. caribaea....................................................................... 3 2.1.1. Taxonomia e descrição..................................................................................................................... 3 2.1.2. Áreas de expansão............................................................................................................................ 4 2.1.3. Ciclo vital......................................................................................................................................... 6 2.1.4. Propriedades e utilização de Pinus caribaea var. caribaea............................................................. 7 2.2. Melhoramento genético de Pinus................................................................................................................ 9 2.3. Teste de progênies..................................................................................................................................... 11 2.4. Estimativas de parâmetros genéticos......................................................................................................... 13 2.5. Marcadores moleculares – ferramenta para o melhoramento de Pinus..................................................... 15 3. MATERIAL E MÉTODOS............................................................................................................................... 18 3.1. Material...................................................................................................................................................... 18 3.2. Métodos..................................................................................................................................................... 18 3.2.1. Instalação do ensaio....................................................................................................................... 18 3.2.2. Coleta de dados.............................................................................................................................. 19 3.2.3. Estimativas de componentes de variância e parâmetros genéticos................................................ 20 3.2.4. Ganho na seleção pelo método do índice multi-efeitos................................................................. 25 3.2.5. Análise do coeficiente de trilha e da divergência genética............................................................ 27 3.2.6. Marcadores moleculares................................................................................................................. 29 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO....................................................................................................................... 39 4.1. Avaliações nas Situações A, B, C, D e E.................................................................................................. 39 x 4.1.1. Resultados das análises de variância individuais para os caracteres de crescimento e densidade básica da madeira.......................................................................................................................... 39 4.1.2. Estimativas das variâncias genéticas e fenotípicas, coeficientes de variação e herdabilidades para os caracteres de crescimento e densidade básica da madeira....................................................... 43 4.1.3. Estimativas das correlações genéticas e fenotípicas entre os caracteres de crescimento e densidade básica da madeira........................................................................................................................... 49 4.2. Análises multivariadas............................................................................................................................... 52 4.2.1. Estudo do coeficiente de caminhamento (path coefficient analysis)............................................. 52 4.2.2. Estudo das medidas de dissimilaridade pela distância generalizada de Mahalanobis (D2) e pelo método de otimização de Tocher................................................................................................... 57 4.3. Ganhos na seleção..................................................................................................................................... 74 4.3.1. Seleção entre e dentro de progênies............................................................................................... 74 4.3.2. Índice Multi-efeitos........................................................................................................................ 77 4.4. Caracterização genética com uso de marcadores moleculares.................................................................. 80 4.4.1. Seleção de indivíduos para a caracterização molecular................................................................. 80 4.4.2. Marcador molecular RAPD............................................................................................................ 80 4.4.3. Marcador molecular Microssatélite (SSR)..................................................................................... 86 5. CONCLUSÕES.................................................................................................................................................. 95 REFERÊNCIAS..................................................................................................................................................... 96 APÊNDICE.......................................................................................................................................................... 106 xi LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1. Área de distribuição natural de populações de Pinus caribaea var. caribaea, na América Central (Francis, 1992)........................................................................................................................................ 4 Figura 2. Dendograma baseado na distância genética (Nei, 1978), pelo método UPGMA, entre as subpopulações de indivíduos 1 (superiores), 2 (intermediários) e 3 (inferiores), de Pinus caribaea var. caribaea, baseado em marcadores RAPD.............................................................................................................. 84 Figura 3. Dendograma baseado na distância genética (Nei, 1978), pelo método UPGMA, entre as subpopulações de indivíduos 1 (superiores), 2 (intermediários) e 3 (inferiores), de Pinus caribaea var. caribaea, baseado em marcadores SSR.................................................................................................................. 93 Quadro 1. Classificação da madeira quanto à densidade adotada pelo Forest Products Laboratory (1973)............ 8 Quadro 2. Estratégias de melhoramento genético empregadas em diferentes países para Pinus (Resende (1999a)............................................................................................................................................... 11 Quadro 3. Principais espécies do gênero Pinus utilizadas no melhoramento genético no Brasil, respectivos usos e aptidões (Resende (1999a).................................................................................................................... 11 Quadro 4. Soluções utilizadas para extração e quantificação de DNA.................................................................. 30 Quadro 5. Lista dos primers RAPD testados em Pinus caribaea var. caribaea, da marca (OPERON) Operon Technologies, Inc................................................................................................................................. 33 Quadro 6. Lista dos locos microssatélites (SSR) isolados, espécie para a qual foram desenhados, seqüência de nucleotídeos dos primers forward (F) e reverse (R), e autores dos respectivos trabalhos em que foram publicados................................................................................................................................ 34 xii LISTA DE TABELAS Tabela 1. Estimativas da média de progênies (m̂ ), coeficiente de determinação dos efeitos de parcela ( 2ˆ pC ), coeficiente de determinação dos efeitos de bloco ( 2 bĈ ), coeficiente de variação experimental ( expCV ) e F de progênies (Fprog), para os caracteres estudados em diferentes situações, em progênies de P. caribaea var. caribaea, em Selvíria-MS............................................................................................... 42 Tabela 2. Estimativas de herdabilidade individual, no sentido restrito ( 2ĥ ), herdabilidade média de progênies ( 2 mĥ ), herdabilidade aditiva dentro de parcela ( 2 dĥ ), coeficiente de variação genético individual ( giCV ), coeficiente de variação genético de progênies ( gpCV ), e acurácia de seleção de progênies ( aar̂ ), para os caracteres estudados em diferentes situações, em progênies de P. caribaea var. caribaea, em Selvíria-MS..................................................................................................................... 48 Tabela 3. Estimativas das correlações genotípicas (rg) e fenotípicas (rf), entre os caracteres estudados na situação A, em progênies de P. caribaea var. caribaea, em Selvíria-MS.......................................................... 50 Tabela 4. Estimativas das correlações genotípicas (rg) e fenotípicas (rf), entre os caracteres estudados na Situação B, em progênies de P. caribaea var. caribaea, em Selvíria-MS.......................................................... 50 Tabela 5. Estimativas das correlações genotípicas (rg) e fenotípicas (rf), entre os caracteres estudados na Situação C, em progênies de P. caribaea var. caribaea, em Selvíria-MS........................................................... 51 Tabela 6. Estimativas das correlações genotípicas (rg) e fenotípicas (rf), entre os caracteres estudados na Situação D, em progênies de P. caribaea var. caribaea, em Selvíria-MS.......................................................... 51 Tabela 7. Estimativas das correlações genotípicas (rg), fenotípicas (rf) e ambiental (re), entre os caracteres estudados (Situação E), em progênies de P. caribaea var. caribaea, aos 16,3 anos de idade, em Selvíria-MS........................................................................................................................................... 52 Tabela 8. Análise do coeficiente de trilha, desdobramento das correlações genotípicas em componentes de efeitos diretos e indiretos entre os caracteres: DAP, Altura, Forma e Volume, estudados na Situação A, em progênies de P. caribaea var. caribaea, em Selvíria-MS.......................................................... 54 Tabela 9. Análise do coeficiente de trilha, desdobramento das correlações genotípicas em componentes de efeitos diretos e indiretos entre os caracteres: DAP, Altura, Forma, Volume, DBM-1 e DBM-2, estudados na Situação B, em progênies de P. caribaea var. caribaea, em Selvíria-MS...................... 55 Tabela 10. Análise do coeficiente de trilha, desdobramento das correlações genotípicas em componentes de efeitos diretos e indiretos entre os caracteres: DAP, Altura, Forma e Volume, estudados na Situação C, em progênies de P. caribaea var. caribaea, em Selvíria-MS........................................................ 56 Tabela 11. Análise do coeficiente de trilha, desdobramento das correlações genotípicas em componentes de efeitos diretos e indiretos entre os caracteres: DAP, Altura, Forma e Volume, estudados na Situação D, em progênies de P. caribaea var. caribaea, em Selvíria-MS........................................................ 56 xiii Tabela 12. Análise do coeficiente de trilha, desdobramento das correlações genotípicas em componentes de efeitos diretos e indiretos entre os caracteres: DAP, Altura, Forma e Volume, estudados na Situação E, em progênies de P. caribaea var. caribaea, em Selvíria-MS........................................................ 57 Tabela 13. Estimativas de medidas de dissimilaridade (Mahalanobis - D2) entre pares de progênies, para os caracteres estudados na Situação A, em progênies de P. caribaea var. caribaea, em Selvíria-MS...60 Tabela 14. Contribuição relativa dos caracteres para a divergência – Singh (1981), para os caracteres DAP, altura, forma e volume, estudados na Situação A, em progênies de P. caribaea var. caribaea, em Selvíria-MS......................................................................................................................................... 61 Tabela 15. Formação de grupos com base no método de aglomeração: Otimização de Tocher, entre os caracteres DAP, altura, forma e volume, estudados na Situação A, em progênies de P. caribaea var. caribaea, em Selvíria-MS................................................................................................................................... 62 Tabela 16. Estimativas de medidas de dissimilaridade (Mahalanobis - D2) entre pares de progênies, para os caracteres estudados na Situação B, em progênies de P. caribaea var. caribaea, em Selvíria-MS....63 Tabela 17. Contribuição relativa dos caracteres para a divergência – Singh (1981), para os caracteres DAP, altura, forma, volume, DBM-1 e DBM-2, estudados na Situação B, em progênies de P. caribaea var. caribaea, em Selvíria-MS.................................................................................................................. 64 Tabela 18. Formação de grupos com base no método de aglomeração: Otimização de Tocher, entre os caracteres DAP, altura, forma, volume, DBM-1 e DBM-2, estudados na Situação B, em progênies de P. caribaea var. caribaea, em Selvíria-MS............................................................................................ 65 Tabela 19. Estimativas de medidas de dissimilaridade (Mahalanobis - D2) entre pares de progênies, para os caracteres estudados na Situação C, em progênies de P. caribaea var. caribaea, em Selvíria-MS.....6 Tabela 20. Contribuição relativa dos caracteres para a divergência – Singh (1981), para os caracteres DAP, altura, forma e volume, estudados na Situação C, em progênies de P. caribaea var. caribaea, em Selvíria-MS......................................................................................................................................... 67 Tabela 21. Formação de grupos com base no método de aglomeração: Otimização de Tocher, entre os caracteres DAP, altura, forma e volume, estudados na Situação C, em progênies de P. caribaea var. caribaea, em Selvíria-MS................................................................................................................................... 68 Tabela 22. Estimativas de medidas de dissimilaridade (Mahalanobis - D2) entre pares de progênies, para os caracteres estudados na Situação D, em progênies de P. caribaea var. caribaea, em Selvíria-MS....69 Tabela 23. Contribuição relativa dos caracteres para a divergência – Singh (1981), para os caracteres DAP, altura e volume, estudados na Situação D, em progênies de P. caribaea var. caribaea, em Selvíria-MS....70 Tabela 24. Formação de grupos com base no método de aglomeração: Otimização de Tocher, entre os caracteres DAP, altura e volume, estudados na Situação D, em progênies de P. caribaea var. caribaea, em Selvíria-MS......................................................................................................................................... 71 Tabela 25. Estimativas de medidas de dissimilaridade (Mahalanobis - D2) entre pares de progênies, para os caracteres estudados na Situação E, em progênies de P. caribaea var. caribaea, em Selvíria-MS....72 xiv Tabela 26. Contribuição relativa dos caracteres para a divergência – Singh (1981), para os caracteres DAP, altura e volume, estudados na Situação E, em progênies de P. caribaea var. caribaea, em Selvíria-MS....73 Tabela 27. Formação de grupos com base no método de aglomeração: Otimização de Tocher, entre os caracteres DAP, altura e volume, estudados na Situação E, em progênies de P. caribaea var. caribaea, em Selvíria-MS......................................................................................................................................... 74 Tabela 28. Estimativas da de ganhos na seleção entre (GSE e GSE%), dentro de progênies (GSD e GSD%) e total (GS e GS%), envolvendo os caracteres DAP (D), altura (A) e volume (V), na Situação E, em progênies de P. caribaea var. caribaea, em Selvíria-MS.................................................................. 76 Tabela 29. Estimativas da resposta correlacionada na seleção entre (RCE e RCE%), dentro de progênies (RCD e RCD%) e total (RC e RC%), envolvendo os caracteres DAP (D), altura (A) e volume (V), na Situação E, em progênies de P. caribaea var. caribaea, em Selvíria-MS......................................... 76 Tabela 30. Comparação entre os indivíduos selecionados pelo método de seleção Índice Multi-efeitos, com base no DAP, estudado em progênies de P. caribaea var. caribaea, aos 16,3 anos (Situação E), em Selvíria-MS......................................................................................................................................... 79 Tabela 31. Número de locos obtidos com Primers RAPD utilizados na caracterização molecular de P. caribaea var. caribaea....................................................................................................................................... 81 Tabela 32. Freqüência alélica de cada loco estudado com marcador RAPD, na população de P. caribaea var. caribaea...............................................................................................................................................82 Tabela 33. Tamanho da amostra média por loco, % de locos polimórficos e heterozigosidade médias esperada e observada, para seis locos, com marcador RAPD, na população de P. caribaea var. caribaea.............................................................................................................................................. 83 Tabela 34. Distâncias genéticas ( D̂ ) e identidades genéticas ( Î ) de Nei (1978) (diagonal superior e inferior, respectivamente) para três sub-populações de indivíduos de P. caribaea var. caribaea estimadas por locos RAPD........................................................................................................................................ 84 Tabela 35. Variabilidade genética entre progênies (FST) para todos os alelos da população de P. caribaea var. caribaea, estudados pelo marcador RAPD........................................................................................ 86 Tabela 36. Locos para os quais foram desenhados os primers microssatélite utilizados e temperatura de anelamento, para P. caribaea var. caribaea....................................................................................... 87 Tabela 37. Locos para os quais foram desenhados os primers microssatélite utilizados, seqüência de cada loco, tamanhos dos locos esperados e obtidos na amplificação e o número de alelos observados, para P. caribaea var. caribaea........................................................................................................................ 88 Tabela 38. Freqüência alélica de cada loco estudado com marcador SSR, na população e nas subpopulações de indivíduos: superiores, intermediários e inferiores, de P. caribaea var. caribaea............................. 89 Tabela 39. Tamanho da amostra média por loco, número médio de alelos por loco, % de locos polimórficos e heterozigosidade média esperada e observada, para 6 locos, com marcador SSR, na população de P. caribaea var. caribaea........................................................................................................................ 90 xv Tabela 40. Teste qui-quadrado (X2) para o Equilíbrio de Hardy-Weinberg (EHW) dos locos microssatélite estudados, na população de P. caribaea var. caribaea, e nas subpopulações de indivíduos: superiores, intermediários e inferiores............................................................................................... 92 Tabela 41. Distâncias genéticas ( D̂ ) e identidades genéticas ( Î ) de Nei (1978) (diagonal superior e inferior, respectivamente) para três sub-populações de indivíduos de P. caribaea var. caribaea estimadas por locos SSR............................................................................................................................................ 92 Tabela 42. Índices de fixação total (FIT), entre (FST) e dentro as populações (FIS), para todos os alelos da população de P. caribaea var. caribaea, estudados pelo marcador SSR........................................... 94 xvi LISTA DO APÊNDICE Tabela 1A. Dados utilizados para os resultados das análises de variância para o caráter forma do fuste, onde estes foram transformados em x ............................................................................................................... 107 Tabela 2A. Estimativas do quociente de forma do fuste com casca, para cada parcela das 3 repetições do TP de Pinus caribaea var. caribaea, aos 14,3 anos, em Selvíria-MS........................................................... 108 Tabela 3A. Estimativas das variâncias aditiva ( 2 aσ̂ ), ambiental entre parcelas ( 2 cσ̂ ), residual dentro de parcelas ( 2 eσ̂ ), e fenotípica individual ( 2 fσ̂ ), para os caracteres estudados em diferentes situações, em progênies de Pinus caribaea var. caribaea, em Selvíria-MS............................................................. 109 Tabela 4A. Quadrados médios para os caracteres analisados na Situação A, em progênies de Pinus caribaea var. caribaea, em Selvíria-MS................................................................................................................... 110 Tabela 5A. Quadrados médios para os caracteres estudados na Situação B, em progênies de Pinus caribaea var. caribaea, em Selvíria-MS................................................................................................................... 110 Tabela 6A. Quadrados médios para os caracteres estudados na Situação C, em progênies de Pinus caribaea var. caribaea, em Selvíria, MS................................................................................................................... 110 Tabela 7A. Quadrados médios para os caracteres estudados na Situação D, em progênies de Pinus caribaea var. caribaea, em Selvíria-MS................................................................................................................... 111 Tabela 8A. Quadrados médios para os caracteres estudados na Situação E, em progênies de Pinus caribaea var. caribaea, Selvíria-MS......................................................................................................................... 111 Tabela 9A. Matriz das correlações fenotípicas entre os caracteres avaliados na Situação A, em progênies de Pinus caribaea var. caribaea, em Selvíria-MS................................................................................... 111 Tabela 10A. Matriz das correlações fenotípicas entre os caracteres avaliados na Situação B, em progênies de Pinus caribaea var. caribaea, em Selvíria-MS................................................................................... 112 Tabela 11A. Matriz das correlações fenotípicas entre os caracteres avaliados na Situação C, em progênies de Pinus caribaea var. caribaea, em Selvíria-MS................................................................................ 112 Tabela 12A. Matriz das correlações fenotípicas entre os caracteres avaliados na Situação D, em progênies de Pinus caribaea var. caribaea, em Selvíria-MS................................................................................ 112 Tabela 13A. Matriz das correlações fenotípicas entre os caracteres avaliados na Situação E, em progênies de Pinus caribaea var. caribaea, em Selvíria-MS................................................................................ 113 Tabela 14A. Matriz das variâncias e covariâncias residuais entre os caracteres avaliados na Situação A, em progênies de Pinus caribaea var. caribaea, em Selvíria-MS........................................................... 113 Tabela 15A. Matriz das variâncias e covariâncias residuais entre os caracteres avaliados na Situação B, em progênies de Pinus caribaea var. caribaea, em Selvíria-MS........................................................... 113 Tabela 16A. Matriz das variâncias e covariâncias residuais entre os caracteres avaliados na Situação C, em progênies de Pinus caribaea var. caribaea, em Selvíria-MS........................................................... 114 Tabela 17A. Matriz das variâncias e covariâncias residuais entre os caracteres avaliados na Situação D, em progênies de Pinus caribaea var. caribaea, em Selvíria-MS........................................................... 114 xvii Tabela 18A. Matriz das variâncias e covariâncias residuais entre os caracteres avaliados na Situação E, em progênies de Pinus caribaea var. caribaea, em Selvíria-MS........................................................... 114 Tabela 19A. Estimativas das Distâncias Generalizadas de Mahalanobis (D2) da progênie 1 em relação as demais progênies de Pinus caribaea var. caribaea, em Selvíria-MS, na situação A, envolvendo os caracteres: DAP, altura, forma e volume.......................................................................................... 115 Tabela 20A. Estimativas do Índice Multi-efeitos (IME) em relação ao caráter DAP para indivíduos de um teste de progênies de Pinus caribaea var. caribaea, aos 14,3 anos (Situação A), em Selvíria-MS, evidenciando os dez primeiros e os dez últimos indivíduos............................................................. 116 Tabela 21A. Estimativas do Índice Multi-efeitos (IME) em relação ao caráter DAP para os indivíduos de um teste de progênies de Pinus caribaea var. caribaea, aos 16 anos (Situação E), em Selvíria-MS, evidenciando os dez primeiros e os dez últimos indivíduos............................................................. 117 Tabela 22A. Estimativas do Índice Multi-efeitos (IME) com base no caráter DAP, para os noventa melhores indivíduos, resultantes das seleção com kf variável, em um teste de progênies de Pinus caribaea var. caribaea, aos 16 anos (Situação E), em Selvíria-MS (2005)........................................................... 118 Tabela 23A. Estimativas do Índice Multi-efeitos (IME) com base no caráter DAP, para os noventa melhores indivíduos, resultantes da seleção entre (30%) e dentro (10%) de progênies, para Pinus caribaea var. caribaea, aos 16 anos (Situação E), em Selvíria-MS....................................................................... 119 Tabela 24A. Estimativas do Índice Multi-efeitos (IME) com base no caráter DAP, para os noventa melhores indivíduos, considerando no máximo 5 plantas por progênie, em um teste de progênies de Pinus caribaea var. caribaea, aos 16 anos (Situação E), em Selvíria-MS................................................. 120 Tabela 25A. Lista dos indivíduos selecionados para a caracterização molecular de progênies de Pinus caribaea var. caribaea, aos 14,3 anos, em Selvíria-MS.................................................................................. 121 Apêndice 26A. Formato do arquivo de dados com os genótipos observados por locos RAPD em indivíduos de Pinus caribaea var. Caribaea, aos 14,3 anos, em Selvíria-MS............................................... 122 Apêndice 27A. Formato do arquivo de dados com os genótipos observados por locos microssatélites (SSR), em indivíduos de Pinus caribaea var. caribaea, em Selvíria-MS................................................. 125 Apêndice 28A. Croqui do teste de progênies de Pinus caribaea var. caribaea, instalado na FEPE da FEIS/UNESP, em Selvíria-MS........................................................................................... 128 Apêndice 29A. Correspondência entre número de campo e número da progênie no CCGMPT, referente ao teste de progênies de Pinus caribaea var. caribaea................................................... 129 1 1. INTRODUÇÃO A crescente demanda de madeira e seus produtos, e a tendência mundial à conservação e preservação dos ecossistemas naturais, com restrições impostas ao uso de madeiras provenientes de florestas tropicais nativas, lançam um desafio à ciência florestal, representando o aumento da produção industrial (madeira serrada, chapas e celulose) com mínimo de impacto ambiental. Esses fatos, associados aos aspectos econômicos, têm sido apontados como um dos principais fatores que levaram à busca de espécies de rápido crescimento e o desenvolvimento de tecnologias apropriadas ao atendimento da demanda das indústrias (Assis, 1999). Esses motivos ocasionaram aumento no cultivo de espécies florestais exóticas no Brasil, proporcionando grandes benefícios ao desenvolvimento socioeconômico de diversas regiões do país, principalmente nas áreas onde as características do solo e clima não são propícias a atividade agrícola. As espécies do gênero Pinus são muito utilizadas nos reflorestamentos homogêneos em diversas partes do globo, devido a grande adaptação às diversidades climáticas e a grande aplicação de seus produtos (madeira, resinas, fibras, chapas, celulose, etc.) (Sebbenn et al., 1994). No Brasil, procedem-se há décadas diversos experimentos com este gênero em programas de melhoramento genético e manejo silvicultural, pelas Instituições de Pesquisa, Universidades e Empresas Florestais (Moura e Vale, 2002; Silva Júnior, 1993). Os plantios comerciais com espécies do gênero Pinus no Brasil ocorreram na década de 1950, e hoje a área brasileira plantada com espécies do gênero, supera 1,8 milhões de hectares. Nos estados do sul do país, o Pinus taeda e o Pinus elliottii são as espécies mais importantes no contexto florestal; no sudeste, centro e norte, as variedades da espécie Pinus caribaea têm destacada importância, nativos de países da América Central e México (Furlan, 2003). No estado de São Paulo, as plantações comerciais de Pinus foram feitas inicialmente pelo Instituto Florestal, conforme citado por Rosa (1981), sendo ampliadas em seguida por empresas particulares, visando principalmente à produção de aglomerados, laminados, madeira para caixotaria, móveis, serraria, e celulose, vindo a seguir a exploração de resina e a produção de sementes melhoradas, tanto para o abastecimento interno como para a exportação. Planejando diminuir a dependência externa para obtenção de material genético, o Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais (IPEF), juntamente com o Departamento de 2 Ciências Florestais da ESALQ/USP, estabeleceram em 1977 as bases para a instalação do Centro de Conservação Genética e Melhoramento de Pinheiros Tropicais (CCGMPT), implantado em Aracruz-ES, cujos objetivos principais eram a conservação de material genético e produção de sementes melhoradas de três variedades de Pinus caribaea (Pinto Júnior et al., 1979; Martini e Engel, 1985; Santos et al., 1988). Considerando que as progênies envolvidas no presente trabalho são provenientes do CCGMPT, o presente trabalho teve por objetivos: a) Estimar a variabilidade genética para caracteres de crescimento e a densidade básica da madeira em um teste de progênies de Pinus caribaea var. caribaea; b) Verificar o efeito de um desbaste no teste de progênies e a sua interferência na estimativa de parâmetros genéticos; c) Estimar possíveis ganhos na seleção, utilizando o índice multi-efeitos, visando a transformação do teste de progênies em um Pomar de Sementes por Mudas e/ou fornecedor de material para a formação de um Pomar de Sementes Clonal; d) Estimar o valor genético de árvores superiores procedentes do Centro de Conservação Genético e Melhoramento de Pinheiros Tropicais (CCGMPT); e) Caracterizar, por marcadores moleculares, três grupos de indivíduos: superiores, intermediários e inferiores, selecionados pelo índice multi-efeitos; f) Fornecer subsídios para a continuidade do programa de melhoramento genético dessa espécie. 3 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1. Generalidades sobre Pinus caribaea Morelet var. caribaea Pinus caribaea Morelet é uma conífera tropical importante e amplamente plantada. Por mais de 70 anos tem sido extensivamente usada como uma espécie de plantios industriais em áreas de ocorrência natural e como exótica em áreas tropicais e subtropicais no mundo (Zheng e Ennos, 1999). O P. caribaea var. caribaea, conhecido comumente como pinho caribenho, é o único pinheiro tropical que cresce de maneira natural em baixas altitudes. É uma árvore que cresce rapidamente e produz madeira resinosa útil para a produção de madeiramento e papel (Francis, 1992). 2.1.1. Taxonomia e descrição A espécie do gênero Pinus encontrada na América Central foi definitivamente classificada como Pinus caribaea por Little e Dorman em 1952. Mais recentemente Barret e Golfari classificaram a espécie em três variedades: P. caribaea Morelet var. caribaea, P. caribaea Morelet var. bahamensis Barrett et. Golfari, e o P. caribaea Morelet var. hondurensis Barrett et. Golf. (Zheng e Ennos, 1999). Segundo o sistema proposto por Cronquist et al. (1966), o P. caribaea var. caribaea pode ser enquadrado taxonomicamente como: Divisão: Pinophyta Sub-Divisão: Pinophytina Classe: Pinopsida Sub-Classe: Pinidae Ordem: Pinales Família: Pinaceae Gênero: Pinus Espécie: Pinus caribaea (Morelet) Variedade: caribaea As populações naturais de P. caribaea Morelet var. caribaea são de distribuição restrita ao oeste de Cuba e Isla de Pinos, em altitudes variando de 0 a 280 m em 4 Cuba. O P. caribaea se distribui desde latitudes de 12º13’ N (Nicarágua) a 27º25’ N (Ilhas Bahamas) e longitude de 71°40’W a 89°25’W (Figura 1). Nestas áreas encontram-se sob condições edafo-climáticas amplas, indo desde 750 a 1300 mm de precipitação anual, com período de seis meses de inverno seco e clima tropical com temperatura média de 25° C. Toleram solos pouco férteis, moderadamente alcalinos (pH 7,5 a 8,5), e topografia moderada (Francis, 1992; Wang et al., 1999; Zheng e Ennos, 1999). Figura 1. Área de distribuição natural de populações de Pinus caribaea, na América Central (Francis, 1992). No que se diz respeito à topografia e drenagem do solo, a variedade P. caribaea var. caribaea, prefere solos altos e secos, e não se adequa, em absoluto, a solos de baixadas, mal drenados. Com respeito ao balanço hídrico, apresenta melhor adaptação do que as demais às regiões com déficit hídrico. Geralmente, solos úmidos determinam mais o desenvolvimento do que a disponibilidade de nutrientes (Nieto e Rodrigues, 2003). 2.1.2. Áreas de expansão As espécies de Pinus foram introduzidas no Brasil por volta de 1936, trazidas por imigrantes europeus com finalidade ornamental e produção de madeira. No entanto, não houve sucesso por má adaptação ao nosso clima. Desde então, houve prosseguimento à 5 introdução de um grande número de espécies, provenientes dos Estados Unidos, México, América Central, Ilhas Caribenhas e Ásia. A espécies de Pinus mais importantes para o Brasil são provenientes principalmente da América do Norte e América Central (Fier e Kikuti, 1993). Visando diminuir a dependência externa para obtenção de material genético, o Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais (IPEF), juntamente com o Departamento de Ciências Florestais da ESALQ/USP, estabeleceram em 1977 as bases para a instalação do Centro de Conservação Genética e Melhoramento de Pinheiros Tropicais (CCGMPT), implantado em Aracruz–ES, cujo objetivo principal era a conservação de material genético e produção de sementes melhoradas de três variedades de P. caribaea (Pinto Júnior et al., 1979; Martini e Engel, 1985; Santos et al., 1988). Vários trabalhos de pesquisa com P. caribaea são realizados com progênies provenientes do CCGMPT, a exemplo do presente trabalho: Moraes (2001) e Missio (2004), que trabalharam, respectivamente, com progênies de P. caribaea var. hondurensis e P. caribaea var. bahamensis, em Selvíria-MS; Furlan (2003) que trabalhou com população base e pomares de sementes clonais de P. caribaea var. hondurensis, na região de Prata–MG; Gurgel Garrido et al. (1996) que trabalharam com progênies de P. caribaea var. bahamensis na região de Assis-SP. Todos os trabalhos têm o objetivo comum de avaliar a variabilidade genética das variedades de P. caribaea. No estado de São Paulo existe uma área de aproximadamente 202.010 ha plantados com o gênero Pinus (Caron Neto, 2000). Nas regiões Norte e Centro do estado de São Paulo, onde se situam os cerrados, caracterizados por inverno e primavera secos e solos pobres, as espécies que melhor se adaptaram foram as de origem tropical (P. caribaea var. hondurensis, P. caribaea var. caribaea, P. caribaea var. bahamensis, Pinus oocarpa e Pinus kesiya). Segundo Brodie (1994), citado por Zheng e Ennos (1999), algumas populações naturais de P. caribaea var. caribaea foram administradas para produção in situ. Genótipos de P. caribaea var. caribaea foram selecionados para estabelecer pomares de sementes dentro da área onde é nativo (Cuba), a fim de fornecer sementes para plantações comerciais. Além disso, essas sementes selecionadas foram usadas para serem introduzidas em localizações exóticas (ex situ), para estabelecer plantações, notavelmente a Austrália e China. Segundo Zheng et al. (1997), na China pelo menos, a base genética da variedade caribaea é estreita. As características morfológicas e silviculturais da madeira de Pinus, assim como a introdução de espécies tropicais de P. caribaea, têm promovido expansão da 6 distribuição geográfica das florestas plantadas com este gênero no Brasil. As áreas de plantio, antes restritas à região Sul, têm-se ampliado, atingindo as regiões Sudeste e Centro-Oeste e algumas áreas das regiões Norte e Nordeste (Silva Júnior, 1992). 2.1.3. Ciclo vital P. caribaea var. caribaea possui folhas aciculadas, em forma de agulhas (acículas) agrupadas em 3, raramente 4. A espécie é alógama, monóica (com flores femininas e masculinas na mesma árvore), e polinização anemófila (pelo vento) (Conabio, 2004). Segundo Francis (1992), esta espécie e todas as demais do gênero Pinus possuem 2N=24 cromossomos. Os estróbilos masculinos são produzidos a partir do terceiro ou quarto ano de idade. São de coloração roxa-parda, estreitos e cilíndricos, medindo de 2,5 a 4,5 cm de comprimento, ocorrendo em ramos laterais da parte inferior das árvores, e caem pouco depois da liberação do pólen. Os estróbilos femininos (cones) são produzidos a partir dos quatro anos de idade. Contêm de 30 a 60 sementes, ocorrem em grupos de cerca de um a cinco nos ramos da parte superior da copa. Suas dimensões são menores que 1,3 cm de comprimento, quando polinizados, 1,9 cm no fim do segundo ano e de 5 a 12 cm quando maduros. O período entre a polinização e a maturação dos cones é de 18 a 21 meses, sendo que a maturação ocorre ao mesmo tempo em uma dada localização, independente do tempo decorrido da polinização. O período máximo de maturação, na área de origem, é em maio ou junho na Nicarágua, julho em Belize e Honduras, junho e julho em Cuba, agosto nas Bahamas e setembro em Porto Rico (Little et al., 1974 e Plumptre 1984, citados por Francis, 1992). As sementes são ovóides, medem de 5 a 6 cm de comprimento, apresentam cor cinzenta escura e às vezes manchas marrom clara. Muitas delas possuem uma asa de 20 mm, mas a maioria as perde (Nieto e Rodrigues, 2003). Segundo Lantz (1983), o peso das sementes varia de acordo com a variedade e a origem, sendo que 1kg de semente tem de 52.000 a 81.000 sementes. A produção de sementes viáveis é relacionada com a altitude e aos períodos secos, pois favorecem a boa dispersão do pólen, e segundo Nieto e Rodrigues (2003), possuem alto valor comercial. A liberação natural de sementes pelos cones começa de duas a três semanas após estes se tornarem de cor marrom. A coleta artificial de cones deve ser feita quando eles 7 têm coloração de verde a marrom. Como ainda estão verdes, recomenda-se a secagem artificial com temperaturas entre 30º a 60ºC para extrair as sementes, mas também podem ser secos naturalmente ao sol. A viabilidade das sementes obtidas pelo método de secagem artificial é a mesma que aquelas obtidas pelo método de secagem ao sol, entretanto observa-se um aumento na germinação quando os cones verdes (sementes maduras fisiologicamente) são armazenados a 5°C durante 13 dias antes de secar (Francis, 1992; Peters, 1977). O Diário Oficial da União de 27 de janeiro de 1984 publicou a Portaria número 18, de 25 de Janeiro de 1984 para os padrões mínimos de qualidade de sementes florestais (Pinus, Eucalyptus, Acacia, Mimosa e Araucaria), obrigatoriamente estabelecidos em todo o território nacional. Para P. caribaea var. caribaea são estabelecidos: 90% de pureza, 70% de germinação, 70% de umidade (máxima) (Stábile, 2004). 2.1.4. Propriedades e utilização de Pinus caribaea var. caribaea As espécies de P. caribaea Morelet confirmam excelentes qualidades a serem exploradas, seja para produção de papel, madeira, resinas, etc. Em países como a China, onde a espécie foi introduzida em 1961, o objetivo principal das plantações é a produção de madeira, polpa e chapas, assim como estudos da variabilidade da espécie sob condição de exótica (Wang et al., 1999). Segundo o Forest Products Laboratory (USDA Forest Service) a densidade básica da madeira de P. caribaea Morelet pode variar consideravelmente de 0,34 g/cm3 (madeira leve) até 0,68 g/cm3 (madeira muito pesada), conforme a classificação da madeira quanto à densidade (Quadro 1). A madeira verde suporta peso de 980 libras (444,53 kg) e peso de 1240 libras (562,46 kg) a 12% de umidade, com dureza média para material verde e seco de 251 libras (113,85 kg) (Chudnoff, 1984). As propriedades físicas e a estrutura da madeira de P. caribaea var. caribaea foram intensivamente estudadas pela South China Agriculture College e Zanjiang Forestry Institute de 1974 a 1979, utilizando amostras proveniente de árvores com idades de 10 e 15 anos. Estas investigações mostraram que P. caribaea var. caribaea teve madeira com estrutura grosseira com fibras verticais; cor marrom avermelhada ou marrom amarelada; anéis de crescimento largos no lenho outonal e cerne não formado até a idade dos 15 anos. A densidade básica da madeira seca foi de 0,47 g/cm3 aos 10 anos, e 0,58 g/cm3 (aos 15 anos). A madeira é apropriada para pasta sulfúrica na fabricação de papéis reforçados (Wang et al., 8 1999). Considerando a classificação da madeira quanto à densidade adotada pelo Forest Products Laboratory, a madeira de P. caribaea var. caribaea pode então ser considerada de moderadamente pesada a pesada. Quadro 1. Classificação da madeira quanto à densidade adotada pelo Forest Products Laboratory (1973) (citado por Barrichelo, 1980). INTERVALO DA DENSIDADE (g/cm3) DESCRIÇÃO DA MADEIRA < 0,20 Extremamente leve 0,20 – 0,25 Excessivamente leve 0,25 – 0,30 Muito leve 0,30 – 0,36 Leve 0,36 – 0,42 Moderadamente leve 0,42 – 0,50 Moderadamente pesada 0,50 – 0,60 Pesada 0,60 – 0,72 Muito pesada 0,72 – 0,86 Excessivamente pesada > 0,86 Extremamente pesada A madeira de P. caribaea var. caribaea é fácil de ser trabalhada manualmente ou com ferramentas elétricas, mas conteúdos de resina geram necessidade de manutenção dos maquinários por engomarem cortadores e mesas de máquinas. A durabilidade e a resistência da madeira ao ataque de insetos varia de acordo com o conteúdo de resina, sendo o cerne moderadamente durável e resistente (Chudnoff, 1984). A madeira é amplamente empregada em construções rurais, construções pesadas e construção de navios, assim como na carpintaria, laminados, aglomerados, como combustível (lenha), móveis, cercas, chapas, ladrilhos, dormentes de via férrea, tinas, celulose, etc (Chudnoff, 1984). A resina tem propriedades medicinais em enfermidades respiratórias, e muitas indústrias a utilizam na produção de sabões, desinfetantes, vernizes, fármacos, borrachas e pinturas (Chudnoff, 1984; Conabio, 2004). Apesar dos problemas nos portos do Brasil e das barreiras não tarifárias impostas por alguns países, as exportações de madeira e produtos de madeira de janeiro a março de 2004 (US$ 770 milhões) superaram às do mesmo período do ano passado em 36,7% (US$ 563 milhões – janeiro a março 2003). O compensado brasileiro continua sendo exportado para a União Européia, no qual países como Reino Unido, Alemanha e Bélgica ficam com mais de 47% das exportações de compensado de Pinus brasileiros. Em 2003, o 9 setor de madeira sólida exportou mais de US$ 2,6 bilhões contra US$ 2,2 bilhões em 2002 (Sociedade Brasileira de Silvicultura, 2004). 2.2. Melhoramento genético de Pinus O melhoramento genético de espécies florestais tem como principais objetivos o aumento da produtividade, obtenção de matéria-prima de maior qualidade, a melhoria das condições adaptativas das espécies, a tolerância a pragas e doenças e ainda a manutenção da variabilidade genética, requisito fundamental para a obtenção de ganhos genéticos a longo prazo (Mori, 1993). O melhoramento de espécies florestais é uma ciência relativamente nova, onde a partir de 1950 foram desenvolvidos os maiores experimentos com as espécies florestais. As espécies de Pinus foram umas das primeiras a serem melhoradas em larga escala, nos Estados Unidos (Resende, 1999a). No Brasil, as primeiras pesquisas na área de silvicultura iniciaram no princípio do século XX, onde o principal objetivo foi a produção de madeira para atender o consumo existente, devido ao grande processo de devastação das florestas naturais e a impossibilidade de reposição com espécies nativas (Ferreira e Santos, 1997). Assis (1999) explica que as restrições impostas ao uso de madeiras provenientes de florestas tropicais nativas, aliadas à necessidade imperiosa de suprir o mercado interno, são apontadas como um dos principais fatores que levaram à busca de espécies de rápido crescimento (Eucalyptus e Pinus) e o desenvolvimento de tecnologias apropriadas ao atendimento da demanda das indústrias. Para a manutenção e incremento de plantios de Pinus é preciso ter disponibilidade de sementes melhoradas. Quando o Pinus foi introduzido no Brasil, isso só era possível com a importação de sementes de populações naturais, mas hoje é grande o número de plantações no Brasil, com várias espécies do gênero Pinus, graças às pesquisas sobre capacidade adaptativa e melhoramento da espécie. Resende (1999a) relata algumas estratégias de melhoramento empregadas para Pinus (Quadro 2), assim como as principais espécies empregadas no melhoramento e seus respectivos usos e aptidões (Quadro 3). Há plantado no Brasil mais de 1,9 milhão de hectares com Pinus, sendo mais de um milhão de hectares com as espécies Pinus elliottii e Pinus taeda. Também o melhoramento genético do Pinus é realizado por empresas privadas com o apoio de instituições públicas de ensino. 10 Os trabalhos relacionados com melhoramento de Pinus abordam predominantemente a densidade básica da madeira. Quando se trata de densidade de madeira de Pinus, vários parâmetros e enfoques a ela se associam, sendo que o grau de importância de cada aspecto está intimamente relacionado ao uso da matéria-prima (energia, celulose, serraria, laminação, lápis, aglomerado etc). Para melhoramento genético, o conhecimento desses fatores é fonte de várias pesquisas (Santos et al., 1994). O fato do produto florestal e economicamente mais importante ser a madeira, tem estimulado muitos estudos a cerca de suas propriedades, especialmente a densidade básica. A densidade é altamente correlacionada com as principais propriedades de resistência da madeira, produção de celulose e propriedades do papel. Zobel e Talbert (1984, citado por Santos et al., 1994) comentam que a densidade básica é uma característica ideal para ser manipulada geneticamente por apresentar grande variação entre árvores, alta herdabilidade, baixa interação genótipo x ambiente e pelos significativos efeitos sobre a produção e qualidade da madeira. Segundo Santos et al. (1994), existe uma expressiva variação para as características densidade básica da madeira e dimensões de fibras das espécies, procedências e indivíduos em Pinus, e a alta herdabilidade facilita os trabalhos de seleção. Para o melhoramento genético com base na produção de resina, Fonseca e Kageyama (1978) enumeram os componentes mais importantes na variação deste caráter. As pesquisas têm sido desenvolvidas e resultados amplamente satisfatórios vêm sendo obtidos em função da melhoria das técnicas de extração, da escolha do tipo de árvore e da determinação do melhor período de amostragem. Por outro lado, poucos trabalhos vêm sendo conduzidos visando aproveitar o potencial genético das espécies produtoras face à produção de resina (Fonseca e Kageyama 1978; Shimizu e Spir, 1999). 11 Quadro 2. Estratégias de melhoramento genético empregadas em diferentes países para Pinus (Resende (1999a). Estratégia Autores Populações múltiplas com progênies de polinização aberta e cruzamento e produção de sementes em pomares de sementes por mudas Barnes et al., 1984; Barnes e Mulliri, 1989, Barnes et al., 1995 Populações múltiplas associadas a sublinhas e núcleos de cruzamentos complementares empregando dialélico parcial Burdon et al., 1977; Shelbourne et al., 1986 Sublinhas associadas a progênies de polinização aberta e de policruzamentos e seleção combinada Cotterill, 1984, 1986 Sublinhas associadas ao delineamento de cruzamento dialélico parcial desconexo Lowe e Van Buijtenen, 1986 Sublinhas associadas a delineamentos complementares de cruzamento (policruzamento e pares simples) e uso de progênies de autofecundação Mckeand e Bridgwater, 1992 Núcleos de cruzamento e população principal dividida em sublinhas, associadas a delineamentos complementares de cruzamento (policruzamento e pares simples) White et al., 1993 Populações múltiplas associadas a núcleos de cruzamento e propagação vegetativa em massa a partir de policruzamentos e seleção entre e dentro de progênies Danell, 1991; Danell et al., 1993 Quadro 3. Principais espécies do gênero Pinus utilizadas no melhoramento genético no Brasil, respectivos usos e aptidões (Resende, 1999a). Espécies Usos e Aptidões Pinus elliottii, Pinus taeda Papel e celulose de fibra longa, climas subtropicais Pinus caribaea, Pinus oocarpa, Pinus tecunumanii, Pinus patula Papel e celulose de fibra longa e madeira serrada (climas tropicais) Pinus maximinoi Papel e celulose de fibra longa e madeira serrada (regiões não muito quentes e de elevada altitude) Pinus elliottii, Pinus taeda Produção de resina – sul do Brasil Pinus caribaea, Pinus oocarpa Produção de resina – regiões de clima mais quentes do Brasil 2.3. Teste de progênies Os testes de progênies são utilizados em programas de melhoramento, com o objetivo de conservação genética de populações; determinação da estrutura genética de populações; produção de sementes melhoradas; determinação do valor genético de matrizes 12 selecionadas; determinação de parâmetros genéticos, e gerar indivíduos para seleção recorrente (Shimizu et al., 1982; Kageyama e Dias, 1982; Kageyama et al., 1977a). Os testes de progênies representam, basicamente, um dos métodos de conservação ex situ. Ou seja, segundo Lleras (1992), a manutenção de amostras representativas de populações que, depois de caracterizadas geneticamente, estejam disponíveis para melhoramento genético ou pesquisas correlatas. Grande parte dos recursos genéticos florestais se enquadra neste caso, pois a variabilidade genética adequada de muitas espécies somente poderá ser garantida desta forma. O teste de progênie de polinização livre é o mais utilizado em espécies florestais, devido à facilidade de produzir progênie em relação aos testes de progênies que exigem polinização controlada, pois também permite obter estimativas, tanto da capacidade geral de combinação como de parâmetros genéticos. A validade deste método deve estar fundamentada na pressuposição de que todas as árvores selecionadas contribuem eqüitativamente com seu pólen e que elas estejam igualmente receptivas à fecundação no mesmo período (Shimizu et al., 1982). A coleta de dados, nos testes de progênies, normalmente é feita em todas as árvores de cada parcela, sendo que isto não apresenta muitos problemas quando se trabalha com caracteres do tipo altura, diâmetro e volume. Porém, o alto custo e também por ser complicado a mensuração de todas as árvores da parcela, quando se trabalha com caracteres do tipo comprimento de acículas, densidade básica da madeira e composição da madeira, sendo recomendado apenas a mensuração da árvore mais desenvolvida (Kung, 1977). Quanto ao número de plantas por parcela, os experimentos florestais costumam usar um número reduzido de árvores por parcela (Leonardecz-Neto, 1998; Resende, 1995). Um argumento comum para utilização de parcelas com pequeno número de árvores, é o aumento da eficiência estatística do delineamento, isto é, o número de árvores está associado ao tamanho da parcela e conseqüentemente do bloco; assim, diminuindo a unidade experimental, diminui-se também a variância dentro do bloco (Lamberth e Gladstone, 1983). Quando se considera também a acurácia, percebe-se que, com simulações de experimentos com tamanho fixo, é melhor aumentar o número de repetições em detrimento do tamanho da parcela (Resende, 1995; Resende et al., 1995), o que contribui para a diminuição da parcela e o aumento do número de repetições. 13 2.4. Estimativas de parâmetros genéticos O delineamento de estratégias eficientes de melhoramento depende, fundamentalmente, do conhecimento do controle genético dos caracteres a serem melhorados (Talbert, 1992; Resende et al., 1995). Entende-se por controle genético de um caráter, todos os fatores genéticos responsáveis pela herança do mesmo, tais como: número de genes que o governam, ações e efeitos alélicos, herdabilidade e associações genéticas com outros caracteres (Van Buijtenen, 1992; Resende et al., 1995). Para estudar tais fatores genéticos realizam-se as estimativas de parâmetros genéticos, pois possibilitam a obtenção de informações sobre a natureza da ação gênica envolvida na herança dos caracteres e fornece base para a avaliação dos planos do melhoramento. Desta forma, a genética quantitativa explica quase a totalidade dos fenômenos genéticos envolvidos nos trabalhos de melhoramento (Vencovsky e Barriga, 1992). É importante entender que a expressão genética é resultado da soma dos efeitos genéticos aditivos, de dominância e epistáticos, dos quais, segundo Vencovsky (1987), o parâmetro mais importante a analisar é o que corresponde a variância genética aditiva ( 2 Aσ ), pois ela contribui plenamente para a resposta à seleção. Por sua vez, a manifestação do genótipo de um indivíduo é resultado da contribuição trazida pelos gametas e de um efeito da combinação de dois gametas específicos que o originaram. O genótipo pode ser avaliado a partir de mensurações realizadas nos seus fenótipos, onde o seu desempenho representa o valor genotípico no ambiente que ocupa. Desse modo, o valor de um genótipo pode ser definido como o seu valor fenotípico médio quando os genótipos se desenvolvem em diversos ambientes (Costa, 1999). Segundo Vencovsky e Barriga (1992), a variância fenotípica pode ser decomposta em três componentes principais, sendo eles a variação produzida pelo ambiente, variação devido às diferenças na hereditariedade e variação devido aos efeitos conjugados do meio e da hereditariedade. Dentre os parâmetros genéticos, a variância genética aditiva é o componente mais importante, pois é a principal causa da semelhança entre parentes, logo, ela é o principal indicador das propriedades genéticas observadas em uma população e sua resposta à seleção. O estudo da variação total e a estimativa dos seus componentes, possibilitam ao melhorista o conhecimento da estrutura genética do material em teste, a contribuição genética total para cada caráter, bem como o progresso potencial quando da seleção por determinado método de melhoramento (Falconer, 1981). 14 O sucesso de um programa de melhoramento depende, basicamente, da quantidade de variação genética e, sobretudo, do valor relativo desta em relação ao valor fenotípico total. Nos ensaios genéticos, Vencovsky (1987) salienta que podem ser calculados diferentes componentes na variação de um caráter: variação entre plantas dentro de parcelas ( 2 dσ ); variação devido às diferenças ambientais entre parcelas ( 2 eσ ) e a variação devido às diferenças genéticas entre tratamentos/progênies ( 2 pσ ). Dentre estes componentes só 2 dσ e 2 pσ são favoráveis ao melhorista. As estimativas dos componentes de variância e de parâmetros genéticos são necessárias para a predição de valores genéticos. Segundo Resende (1999b) as estimativas dos componentes de variância podem ser realizadas pelo método de quadrados mínimos, para situações de dados balanceados, ou pelo método da máxima verossimilhança restrita, para a situação de dados desbalanceados, dentre outros. Dentre os parâmetros genéticos quantitativos que mais interessam ao melhorista e que são objetos de estudos em testes de progênies, se destacam as variâncias genéticas, a herdabilidade no sentido amplo e restrito, a repetibilidade, o ganho genético e as associações entre os caracteres estudados das plantas no estádio juvenil e adulto (Costa, 1999). A definição de herdabilidade corresponde à proporção da variabilidade total que é de natureza genética, indicando o grau de dificuldade de se melhorar determinado caráter através da seleção, definido como quociente entre a variância genética e a variância total (Allard, 1971; Falconer, 1987). A correlação genética entre caracteres denota o grau de associação genética entre eles, indicando o grau de alteração que pode ocorrer em um caráter, através da alteração no outro (Vencovsky, 1987). A separação da variação genética da não genética (ambiental) é o principal objetivo de estudo da genética quantitativa (Falconer, 1987). Conseqüentemente, é fundamental a minimização ou estratificação da variação ambiental na escolha do delineamento utilizado. A heterogeneidade ambiental em experimentos genéticos florestais é inevitável, pois tais experimentos ocupam grandes áreas, devido à sua própria constituição. Além disso, os testes são conduzidos durante vários anos, até décadas, conforme o sítio de desenvolvimento da espécie estudada (Magnussen e Yeatman, 1987). Muita atenção tem-se prestado para reduzir esta heterogeneidade, buscando-se aumentar a eficiência estatística de experimentos genéticos florestais (Libby e Cockerham, 1980). Com relação a variância genética aditiva, Resende e Higa (1994a) consideraram que na seleção, entre e dentro de progênies, frações da variação genética aditiva 15 não são consideradas na seleção, pois são retidas nos efeitos de parcela e de blocos. Desse modo, os autores sugerem que, com a utilização de todos os efeitos do modelo, é possível conseguir a maximização na precisão da seleção, embora, em muitos casos, as inclusões dos efeitos de parcela e blocos podem pouco alterar a seleção. Assim, por considerar todos estes efeitos, os autores propõem a utilização do Índice Multi-efeito (IME). A seleção Índice Multi-efeito (IME) baseia-se na multiplicação dos valores fenotípicos referentes a indivíduo, média de parcela, média de família, média de bloco e média geral do experimento pelos coeficientes de ponderação dos índices – herdabilidades (Sampaio et al., 2000a; Resende e Higa, 1994b). 2.5. Marcadores moleculares – ferramenta para o melhoramento de Pinus As diferenças entre os indivíduos podem ser caracterizadas através de marcadores genéticos, ou seja, através de características morfológicas, de processos bioquímicos e metabólicos, e também através de fragmentos de DNA. Os marcadores genéticos mais utilizados em plantas são os morfológicos, citológicos, bioquímicos e moleculares (Borém, 1997). Dentre os marcadores moleculares, os mais utilizados são as isoenzimas, RFLPs (polimorfismo de comprimento de fragmentos de restrição), RAPDs (fragmentos de polimórficos de DNA amplificados randomicamente), microssatélites (SSR) e AFLPs (fragmentos amplificados de comprimento polimórfico) (Strauss e Namkoong,1992; Ferreira e Grattapaglia, 1996). Segundo Paris (2000), os marcadores moleculares podem ser usados em diferentes estudos genéticos. A utilização desses marcadores moleculares em espécies florestais é cada vez mais freqüente, visto que essa tecnologia traz um grande número de informações em um tempo reduzido, tornando mais eficiente a seleção precoce. Diante dessa perspectiva, muitos trabalhos têm sido desenvolvidos com os subsídios dessas técnicas moleculares. Características fenotípicas de importância econômica como, por exemplo, a produção de volume de madeira, são controladas por um grande número de genes e muito influenciadas pelo ambiente, no entanto, marcadores morfológicos deste tipo foram durante muito tempo utilizados para o desenvolvimento teórico da análise de ligação gênica e para a construção das primeiras versões de mapas genéticos (Ferreira e Grattapaglia, 1996). 16 A técnica RAPD se distingue da PCR por utilizar um único primer com seqüência arbitrária de nucleotídeos para a amplificação do DNA genômico. O polimorfismo (“poly"= muitos, "morphic"= formas) é gerado pela ausência de seqüências específicas de nucleotídeos e podem ser visualizados diretamente em géis de eletroforese através de corantes específicos para DNA. Desde sua descrição, o uso de marcadores RAPD na análise genética e no melhoramento de plantas tem tido uma difusão extremamente rápida. As aplicações incluem: (i) a obtenção de “fingerprints” genômicos de indivíduos, variedades e populações; (ii) análise de estrutura e diversidade genética em populações de melhoramento e bancos de germoplasma; (iii) o estabelecimento de relacionamentos filogenéticos entre diferentes espécies; (iv) construção de mapas genéticos de alta cobertura genômica e a localização de genes de interesse econômico (Ferreira e Grattapaglia, 1996). Marcadores isoenzimáticos foram empregados em Pinus para a avaliação de polimorfismo entre amostras de diferentes procedências para o estudo de híbridos (Felkenhagen, 1985). Observa-se também grande polimorfismo genético e diferentes distribuições das freqüências alélicas, confirmando a existência de grande variação genética (Siedlewska e Prus-Glowacki, 1994). Segundo Oliveira (1997.), diversos trabalhos vêm sendo conduzidos objetivando a identificação de marcadores RAPD associados com caracteres de importância agronômica, em diversas culturas, podendo-se citar: o uso de marcadores moleculares tipo RAPD em espécies de Pinus nigra, pallasiana e Pinus brutia para verificar a existência de polimorfismo genético (Kaya e Neale, 1993). Dentre os marcadores, os baseados na amplificação de microssatélites constituem hoje a classe de marcadores mais polimórfica disponível (Echt et al., 1996). Os primeiros microssatélites desenvolvidos para espécies florestais foram para Pinus radiata (Smith e Devey, 1994). Foram desenvolvidos a partir do genoma nuclear de uma série de árvores de floresta de clima temperado e tropical (Camargo, 2001). Os microssatélites, também denominados de seqüências simples repetidas ou SSR (Simple Sequence Repeats), consistem de pequenas seqüências repetidas em tandem. Estas SSR em genomas de eucariotos são bastante freqüentes e distribuídas ao acaso. Em plantas, os sítios SSR ocorrem com uma freqüência de um a cada 50 mil pares de base, sendo o elemento repetido mais comum o dinucleotídio AT (Ferreira e Grattapaglia, 1996) A quantidade de AG e de AC em plantas varia de espécie para espécie; em Pinus, por exemplo, a quantidade de AC é duas vezes mais que de AG. Microssatélites de dinucleotídeos são mais abundantes que tri e tetranucleotídeos, daí o motivo de uma maior 17 quantidade de trabalhos apresentando “primers” que amplificam estas regiões (Gaiotto, 2001). O primeiro trabalho publicado em que estas seqüências repetidas foram denominadas microssatélites, foram estudados em seres humanos por Litt e Luty (1989). Segundo Jones et al. (2002), os microssatélites são uma classe de marcadores moleculares que aparentemente não apresentam nenhuma função real no genoma nuclear, e, portanto, são neutros no que diz respeito à seleção, ao contrário dos marcadores morfológicos. Na literatura, vários trabalhos são citados para a identificação de locos SSR e desenho de primers específicos para a amplificação destes locos, em várias espécies de Pinus. Segundo Elsik e Williams (2001), aproximadamente 86% do genoma das espécies do gênero Pinus é formado por elementos repetitivos de DNA. Os marcadores moleculares cpSSRs e APLF foram utilizados por Ribeiro et al. (2002), para comparar a diversidade genética entre e dentro de populações de Pinus pinaster. Utilizando esta mesma espécie porém comparando AFLP e microssatélite, Mariette et al. (2001), verificaram a diversidade genética entre e dentro de populações; Ribeiro et al. (2002) avaliaram a diversidade genética e o processo de colonização da espécie com o auxílio da técnica de microssatélites. Como forma de verificar a diversidade genética entre e dentro de populações, Al-Rabab e Williams (2002), utilizaram marcadores SSR para comparar duas populações de Pinus taeda, nos Estados Unidos. Foi possível estimar que ocorreu fluxo gênico nestas populações, sendo que houveram de dois a seis migrantes por geração por população, e a população do leste tem maior quantidade de alelos/loco do que a população do sul. Concluíram, assim, que o fluxo gênico foi favorecido pela direção do vento, pois facilitou a dispersão do pólen do oeste para o leste. 18 3. MATERIAL E MÉTODOS 3.1. Material As sementes das 99 progênies de polinização livre que constituem o experimento são provenientes de um pomar de sementes clonal do Centro de Conservação Genética e Melhoramento de Pinheiros Tropicais - CCGMPT, localizado em Aracruz-ES, a coordenadas 19º 49’ S e 40º 16’ O, com altitude de 50 metros. Esse material genético foi cedido pelo Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais (IPEF-ESALQ/USP), Piracicaba-SP. Além das progênies, foi incluída no ensaio uma testemunha comercial proveniente de árvore matriz da Duratex S.A., em Agudos-SP, coordenadas 22º 22’ S e 48º 52’ O, com altitude de 550 metros. 3.2. Métodos 3.2.1. Instalação do ensaio Um teste de progênies de polinização livre de Pinus caribaea var. caribaea foi instalado no período de 20 a 22/02/1989, na Fazenda de Ensino, Pesquisa e Extensão da Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira - UNESP, localizada no município de Selvíria-MS. A localização geográfica aproximada da área do experimento está na latitude de 20°20’ S, longitude de 51°23’ O e altitude de 370 metros. O relevo é caracterizado por ser moderadamente plano e ondulado. O clima do local é do tipo Aw, pela classificação de Köppen, com temperatura média anual de 24,5° C, precipitação média anual de 1232,2 mm, umidade média anual de 64,8 % e insolação média de 7,3 horas/dia (Hernandez et al., 1995). O solo local foi classificado por Demattê (1980), e reclassificado segundo o Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (EMBRAPA, 1999), como LATOSSOLO VERMELHO Distrófico típico argiloso, A moderado, hipidistrófico, álico, caulinítico, férrico, compactado, muito profundo, moderadamente ácido (LVd). O delineamento experimental utilizado foi o látice 10 x 10, triplo, contendo uma testemunha comercial e 99 progênies de polinização livre provenientes do CCGMPT. As parcelas foram lineares com dez plantas, no espaçamento de 3 x 3 m, e três repetições. As mudas das progênies foram produzidas na Companhia Agro-florestal “Monte Alegre” – 19 CAFMA, atual Duratex S.A., em Agudos-SP. Aos 14,3 anos após o plantio foi realizado um desbaste de 50% de intensidade, em todo o experimento, tendo por base a aplicação do índice multi-efeitos (Resende e Higa, 1994a), deixando-se cinco plantas por parcela. O croqui do ensaio está no Apêndice 28A e 29A, assim como a correspondência entre as progênies e o número de identificação no campo. 3.2.2. Coleta de dados A coleta de dados foi realizada medindo-se todas árvores das parcelas, em cinco situações: A: antes do desbaste, aos 14,3 anos após o plantio; B: árvores desbastadas, aos 14,3 anos; C: árvores remanescentes ao desbaste, 14,3 anos; D: um ano após o desbaste, aos 15,3 anos, e E: dois anos após o desbaste, aos 16,3 anos. Os caracteres analisados em cada uma das situações são descritos em seguida: Situação A (antes do desbaste, aos 14,3 anos): Foram avaliadas todas as árvores de cada parcela antes de efetuar o desbaste (n= 10 plantas/parcela), com relação aos seguintes caracteres: altura total de plantas (m); diâmetro à altura do peito - DAP (cm); forma do fuste das árvores, sendo esta obtida com base em uma escala de notas – Kageyama (1977a) (Tabela 1A, no Apêndice); volume (m3/árvore); sobrevivência das progênies (%). Situação B (árvores desbastadas, 14,3 anos): Após a realização da situação A, foi feito um desbaste com 50% de intensidade em todo o experimento, tendo por base o caráter DAP, e seleção dos indivíduos baseada no índice multi-efeitos, deixando-se 5 plantas por parcela (n= 5plantas/parcela). Foram retirados dois discos por árvore desbastada para determinação da densidade básica da madeira, sendo um na altura do DAP (DBM-1) e outro na metade da altura total da árvore (DBM-2). Cada disco foi devidamente identificado (exemplo: progênie 53, repetição 1, planta 3). Nas árvores desbastadas foram mensurados os seguintes caracteres: altura total de plantas (m), volume (m3/árvore), e DBM-1 e DBM-2 (g/cm3). Também foram incluídos os caracteres forma do fuste e DAP (cm). 20 Situação C (árvores remanescentes ao desbaste, 14,3 anos): Nesta situação foram avaliadas árvores remanescentes ao desbaste, quanto aos seguintes caracteres: altura total de plantas (m); DAP (cm); forma do fuste das árvores; volume (m3/árvore). Para determinação do volume foi utilizada a seguinte expressão: qALT)DAP( 4 V 2π = , em que: cc cc DAP H21D q = q = quociente de forma, obtido para cada uma das parcelas, com base nas árvores desbastadas (Tabela 2A); D½Hcc = medida feita no disco obtido no diâmetro na metade da altura total da árvore, com casca. DAPcc = medida feita no disco obtido na altura do DAP, com casca. Situação D (um ano após o desbaste: 15,3 anos): Esta situação refere-se a avaliações realizadas nas árvores remanescentes, um ano após o desbaste, na idade de 15,3 anos. Os caracteres avaliados nesta situação foram: altura total de plantas (m); DAP (cm); volume (m3/árvore), e sobrevivência das progênies (%). Situação E (dois anos após o desbaste: 16,3 anos): Esta situação foi analisada dois anos após o desbaste, na idade de 16,3 anos. Foram avaliados os caracteres: altura total de plantas (m); DAP (cm); volume (m3/árvore), e sobrevivência das progênies (%). 3.2.3. Estimativas de componentes de variância e parâmetros genéticos O delineamento experimental do teste de progênies de P. caribaea var. caribaea é o látice 10x10 triplo, com 99 progênies e uma testemunha comercial. As estimativas de componentes de variância e parâmetros genéticos foram realizadas adotando-se o delineamento experimental em blocos ao acaso, pois a eficiência do látice foi de baixa magnitude, de acordo com os valores obtidos de coeficiente de determinação dos efeitos de blocos ( 2 bC ), que foram próximos de zero, para todos os caracteres avaliados. 21 As estimativas de componentes de variância e parâmetros genéticos foram obtidas pelo método REML/BLUP (máxima verossimilhança restrita / melhor predição linear não viciada), a partir de dados desbalanceados, empregando-se o software genético-estatístico SELEGEN-REML/BLUP, desenvolvido por Resende (2002b). Para utilizar os modelos propostos pelo programa, foi preciso assumir que as progênies de polinização livre de P. caribaea var. caribaea são de meios-irmãos. Para a avaliação individual foram utilizados os modelos estatísticos 1, 93, 102 e 105 deste programa, descrito a seguir. Modelo estatístico 1: blocos ao acaso, progênies de meios irmãos, várias plantas por parcela. O modelo 1 aplica-se aos testes de progênies de meios-irmãos, com delineamento de blocos ao acaso, várias plantas por parcela, um só local e uma única população. Este modelo faz a análise de variância e genética, além de classificar os indivíduos pelos seus respectivos valores genéticos preditos. As variáveis foram analisadas pela metodologia do modelo linear misto (aditivo univariado)-REML/BLUP, seguindo o procedimento proposto por Resende (2002a): y = Xb + Za + Wc + e em que: y = vetores de dados; b = vetores dos efeitos de blocos (fixos); a = vetores dos efeitos genéticos aditivos (aleatórios); c = vetores dos efeitos de parcela (aleatórios); e = vetores dos efeitos de erros aleatórios. X, Z e W = matrizes de incidência para b, a e c, respectivamente. As distribuições e estruturas da média e variâncias são: by , V ~ N(Xb, V) Aa , 2 aσ ~ N(0, A 2 aσ ) 2 cc σ ~ N(0, I 2 cσ ) 2 ee σ ~ N(0, I 2 eσ ) COV (a, c’) = 0; COV (a, e’) = 0; COV (c, e’) = 0 , ou seja, as covariâncias entre todos os efeitos aleatórios do modelo são consideradas nulas. Assim: 22             e c a y E =             0 0 0 Xb e Var             e c a y =             R00R 0C0'CW 00G'GZ RWCZGV , em que: G = A 2 aσ R = I 2 cσ C = I 2 eσ V = ZA 2 aσ Z’+WI 2 cσ W’+I 2 eσ = ZGZ’+WCW’+R. As equações de modelo misto são:           λ+ λ+ − 2 1 1 IW'WZ'WX'W W'ZAZ'ZX'Z W'XZ'XX'X           ĉ â b̂ =           y'W y'Z y'X , em que: 2 22 2 a 2 e 1 h ch1 −− = σ σ =λ ; 2 22 2 c 2 e 2 c ch1 −− = σ σ =λ ; 2 e 2 c 2 a 2 a2h σ+σ+σ σ = : herdabilidade individual no sentido restrito, no bloco. 2 e 2 c 2 a 2 c2c σ+σ+σ σ = : correlação devida ao ambiente comum da parcela. 2 aσ : variância genética aditiva. 2 cσ : variância entre parcelas; 2 eσ : variância residual (ambiental dentro de parcelas + não aditiva). A: matriz de correlação genética aditiva entre os indivíduos em avaliação. Os estimadores iterativos dos componentes de variância por REML, via algoritmo EM (Expectation-Maximization), são: 2 eσ̂ = [y’y - 'b̂ X’y - 'â Z’y - 'ĉ W’y] / [N – r (x)] 2 aσ = [ 2 e 1 ˆâA'â σ+− tr (A-1 C22)]/q 23 2 cσ̂ = [ 2 eˆc'ĉ σ+ tr C33] / s, em que: C22 e C33 advêm de: 1 333231 232221 131211 1 CCC CCC CCC C − −           = =           333231 232221 131211 CCC CCC CCC C= matriz dos coeficientes das equações de modelo misto. tr = operador traço matricial. r (x) = posto da matriz X. n = número total de dados; q = número de indivíduos; s = número de parcelas. Demais estimativas de variâncias e parâmetros genéticos processados pelo programa: 2/1 2 a 2 a aâ h h4 n n r                     − + = : acurácia de seleção de progênies; 2 e 2 d 2 a 2 f ˆˆˆˆ σ+σ+σ=σ : variância fenotípica individual; [ ] )h)(1n(1 h)1n(1 ĥ 2 a 2 a2 mp ρ−+ ρ−+ = : herdabilidade da média de progênies, em que: aρ = correlação genética entre os indivíduos do tipo de progênie considerada ( aρ = ¼ para meios-irmãos); n = número total de indivíduos por progênie. ( ) ( )[ ] b.n ˆ b ˆ ˆ ˆ.b.n.4b.n3 ĥ 2 d 2 e2 p 2 a2 ad σ + σ +σ σ+ = : herdabilidade aditiva dentro de parcelas, em que: n = número de plantas/parcela b = número de blocos m̂ ˆ.100 CV 2 a gi σ = : coeficiente de variação genético entre indivíduos; 24 m̂ ˆ41.100 CV 2 a gp σ = : coeficiente de variação genético entre progênies; m̂ QM.100 CV res e = : coeficiente de variação experimental; 2 f 2 c2 p ˆ ˆ Ĉ σ σ = : coeficiente de determinação dos efeitos de parcela. A seqüência de dados para a análise empregando o modelo 1, no programa computacional SELEGEN-REML/BLUP (Resende, 2002b) é a seguinte: Indivíduo, Progênie, Repetição, Parcela, Árvore, Variáveis Modelo estatístico 93 – análise de variância (ANOVA) Este modelo é aplicado para realização da análise de variância (ANOVA) aos testes de progênies de meios-irmãos, com delineamento de blocos ao acaso, várias plantas por parcela, um só local e uma única população. A seqüência de dados para a análise empregando o modelo 93, no programa computacional SELEGEN-REML/BLUP (Resende, 2002b) é a seguinte: Indivíduo, Progênie, Repetição, Parcela, Árvore, Variáveis Modelo estatístico 102 – correlações fenotípicas Este modelo é aplicado para obtenção das estimativas de correlações genéticas, e utiliza resultados intermediários já processados pelas análises individuais pelos modelos 1 ou 93, desde que estes já tenham sido obtidos. Modelo estatístico 105 – correlações genéticas Este modelo é aplicado para obtenção das estimativas de correlações fenotípicas, e utiliza resultados intermediários já processados pelas análises individuais pelos modelos 1 ou 93, desde que estes já tenham sido obtidos. 25 3.2.4. Ganho na seleção pelo método do índice multi-efeitos A seleção entre e dentro de progênies que foi realizada objetivando seleção de indivíduos para o desbaste, com base no DAP e foi baseada no Índice Multi-efeitos, segundo metodologia proposta por Resende e Higa (1994a). Uma das vantagens da seleção pelo método multi-efeito é a redução do peso dado à média geral das progênies, permitindo assim uma melhor distribuição dos indivíduos selecionados nas várias progênies. O Índice Multi- efeitos (IME) possui a expressão: ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ...243..i32.j.34.ij13ijk1 Y.b̂b̂b̂Y.b̂b̂Yb̂b̂Yb̂b̂Yb̂Î −−+−+−+−+= em que: Yijk: valor individual; ...Y : média geral do ensaio; ..iY : média da progênie no ensaio; .ijY : média da progênie em determinado bloco (média da parcela); .j.Y : média do bloco; 1b̂ = 2 dĥ : herdabilidade, no sentido restrito, dentro de parcelas: ( ) 2 d 2 a2 d ˆ ˆ.43 ĥ σ σ = ; 2b̂ = 2 mĥ : herdabilidade, no sentido restrito, de progênies: ( ) ( )[ ] b.n ˆ b ˆ ˆ ˆ.b.n.4b.n3 ĥ 2 d 2 e2 p 2 a2 m σ + σ +σ σ+ = ; 3b̂ = 2 pĥ : herdabilidade, no sentido restrito, de parcelas: ( )[ ] n ˆ ˆ ˆ.n.43 ĥ 2 d2 e 2 a2 p σ +σ σ = ; 4b̂ = 2 bĥ : herdabilidade, no sentido restrito, de blocos: ( )[ ] p.n ˆ p ˆ ˆ ˆ.p.n.43 ĥ 2 d 2 e2 b 2 a2 b σ + σ +σ σ = . Posteriormente, Resende (2002a) verificou que o coeficiente 4b̂ pode ser ignorado, pois sua estimativa está sempre próxima de zero. Portanto o IME passa a ter a expressão: ( ) ( ) ( ) ...23.j.3.ij13..i32ijk1 Y.b̂b̂Yb̂Yb̂b̂Y.b̂b̂Yb̂Î −+−−+−+= 26 A estimativa do IME na situação E (dois anos após o desbaste) foi realizada com base em Resende (2002a). O tamanho efetivo populacional ( N e ) foi obtido com base em Resende (2002a): ( ) ( )[ ]N N k k ke f f f kf f= + +4 3 2. . σ em que: k f = número médio de indivíduos selecionados por progênies; σ kf 2 = variância do número de indivíduos selecionados por progênies; Nf = nº de progênies selecionadas. A diversidade genética (D), após a seleção, foi quantificada, conforme Wei e Lindgren (1996), citados por Resende (2002a): foef NND = em que: 0 < D ≤ 1; foN = número original de progênies, que no presente trabalho corresponde a 99 progênies; efN = número efetivo de progênies selecionadas, sendo dado por: ( ) ∑∑= 2 f 2 fef kkN A seleção de indivíduos foi realizada pelo método BLUP individual, usando o programa SELEGEN (Resende, 2002b), definiu as seguintes quantidades: Ordem Bloco Família Árvore f a u+a Ganho Nova média Ne d g em que: f = valor fenotípico individual ou medição de campo; a = efeito genético aditivo predito; u+a = valor genético aditivo predito; Ne = tamanho efetivo populacional; d = efeito genético de dominância predito (supondo determinado grau médio de dominância (gmd) no caso de progênies de meios-irmãos), dado por: 2 A 2 d2 gmd σ σ = , segundo Vencovsky (1969); g = a+d = efeito genotípico predito. 27 A estimativa de ganhos para o caráter x (GSx), na seleção entre (30%, com k1 = 1,16) e dentro de progênies (10%, com k2 = 0,70), utilizado na situação E: ( ) ( ) 2 d 2 A2 2 F 2 A1 x ˆ ˆ4 3.k ˆ ˆ4 1.k GS σ σ + σ σ = Estimativa da resposta correlacionada para o caráter x, quando a seleção é realizada no caráter y, com seleção entre (30 %, com k1 = 1,16) e dentro de progênies (10 %, com k2 = 0,70), utilizado na situação E: ( ) ( ) 2 d )y,x(A2 2 F )y,x(A1 y,x yy ˆ VÔC.4 3.k ˆ VÔC.4 1.k RC σ + σ = 3.2.5. Análise do coeficiente de trilha e da diversidade genética A partir das correlações genéticas entre os caracteres estudados, foi possível conhecer os efeitos diretos e indiretos, envolvendo os caracteres de crescimento e a densidade básica da madeira, através de estimativas do coeficiente de trilha (path analysis), conforme metodologia proposta por Vencovsky e Barriga (1992) e Cruz e Regazzi (2001). As análises de trilha foram realizadas nas situações A (envolvendo os caracteres altura, DAP, forma e volume), B (envolvendo os caracteres altura, DAP, forma, volume, DBM-1 e DBM-2), C (envolvendo os caracteres altura, DAP, forma e volume), D e E (ambas situações envolvendo os caracteres altura, DAP e volume). O mesmo procedimento foi adotado nas estimativas da distância genética de Mahalanobis. As análises foram realizadas com o uso do programa computacional GENES, conforme Cruz (2001). Para realizar as estimativas do coeficiente de trilha, foi necessário realizar as estimativas dos componentes de variância de acordo com os modelos aleatórios apresentados por Cruz e Regazzi (2001) e Cruz e Carneiro (2003), a fim de obter as estimativas das correlações à nível fenotípico, que são requisitadas pelo programa GENES. As análises dos componentes de variância e parâmetros genéticos realizadas pelo modelo REML/BLUP, proposto por Resende (2002a), consideram que as covariâncias entre x e y são nulas, e as predições são realizadas à nível genético, e não fenotípico. 28 A diversidade genética entre as progênies de P. caribaea var. caribaea foi estimada pela Distância Generalizada de Mahalanobis (D2). Dias (1998) considera esta distância como a mais robusta das medidas de distâncias disponíveis para a análise de dados quantitativos, tratando-se de uma distância do tipo escala-invariante, que considera a correlação entre as variáveis. A Distância Generalizada de Mahalanobis (D2), segundo Cruz e Carneiro (2003) é dada pela expressão: δψδ= −12 'ii 'D em que: 2 'iiD = distância de Mahalanobis entre os genótipos i e i’; 'δ = [d1, d2, ..., dv], sendo dj = Yij – Yi’j; ψ = matriz de variâncias e covariâncias residuais; Yij = média do i-ésimo genótipo em relação à i-ésima variável. A partir das matrizes de dissimilaridades, obtidas na distância de Mahalanobis (D2), foi aplicado um método de agrupamento como objetivo de reconhecer grupos de progênies homogêneas. Para tanto, foi utilizado o Método de Otimização de Tocher, cuja metodologia é descrita por Cruz e Regazzi (2001). Este método adota como critério que a média dos valores D2 (intracluster), deve ser menor que os valores de D2 (inter-cluster). Assim, para a aplicação do método parte-se da matriz de dissimilaridade, sendo identificado na mesma o par de progênies mais similar. Estas progênies formarão o grupo inicial. Uma vez formado o grupo, calculam-se as medidas de dissimilaridade entre este grupo e as demais progênies. O critério de inclusão de novas progênies no grupo tem por base verificar se a distância desta progênie em relação ao grupo, dividida pelo número de progênies que já o constitui, é inferior ao máximo permitido, ou seja: Se ( ) α≤η/D i)Grupo( 2 , inclui-se a progênie no grupo. Se ( ) α>η/D i)Grupo( 2 , a progênie “i” não deve ser incluída no grupo. em que: η = número de progênies que constitui o grupo original; α = limite de acréscimo, na média da distância intragrupo, para formação ou inclusão de um novo elemento no grupo. 29 3.2.6. Marcadores moleculares A) Indivíduos Selecionados Para o estudo de carac