Ação do desregulador endócrino bisfenol A e da dieta hiperlipídica sobre os lobos prostáticos do gerbilo Camila Helena Facina Camila Helena Facina Ação do desregulador endócrino bisfenol A e da dieta hiperlipídica sobre os lobos prostáticos do gerbilo São José do Rio Preto 2015 Camila Helena Facina Ação do desregulador endócrino bisfenol A e da dieta hiperlipídica sobre os lobos prostáticos do gerbilo Dissertação apresentada como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Biologia Animal, junto ao Programa de Pós-Graduação em Biologia Animal, do Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Campus de São José do Rio Preto. Orientador: Prof. Dr. Sebastião Roberto Taboga São José do Rio Preto 2015 Facina, Camila Helena. Ação do desregulador endócrino bisfenol A e da dieta hiperlipídica sobre os lobos prostáticos do gerbilo / Camila Helena Facina. -- São José do Rio Preto, 2015 128 f. : il., gráfs., tabs. Orientador: Sebastião Roberto Taboga Dissertação (mestrado) – Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas 1. Biologia. 2. Próstata. 3. Gerbilos. 4. Desreguladores endócrinos. 5. Bisfenol A. 6 Nutrição animal. I. Taboga, Sebastião Roberto. II. Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho". Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas. III. Título. CDU – 591.463.4 Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca do IBILCE UNESP - Câmpus de São José do Rio Preto Camila Helena Facina Dissertação apresentada como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Biologia Animal, junto ao Programa de Pós-Graduação em Biologia Animal, do Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Campus de São José do Rio Preto. Comissão Examinadora Prof. Dr. Sebastião Roberto Taboga UNESP – São José do Rio Preto Orientador Prof. Dr. Alexandre Bruni-Cardoso USP – São Paulo Profª. Drª. Silvana Gisele Pegorin de Campos UNESP – São José do Rio Preto São José do Rio Preto 26 de fevereiro de 2015 Ação do desregulador endócrino bisfenol A e da dieta hiperlipídica sobre os lobos prostáticos do gerbilo ii AGRADECIMENTOS Este espaço eu dedico àqueles que deram a sua contribuição para que este trabalho fosse realizado, pois nada na vida conquistamos sozinhos, sempre precisamos de outras pessoas para alcançar nossos objetivos. A todos meu sincero agradecimento! Agradeço... Ao meu orientador Prof. Dr. Sebastião Roberto Taboga, obrigada por ter me acolhido em seu laboratório, oferecendo-me a oportunidade de contribuir com suas linhas de pesquisa. Agradeço o incentivo e a confiança. À Drª Bianca Facchim Gonçalves, pela co-orientação e empenho na elaboração desta dissertação. Obrigada pelo incentivo e pela colaboração no desenvolvimento dos meus objetivos. À Profª Drª Silvana Gisele Pegorin de Campos e Prof. Dr. Alexandre Bruni- Cardoso, membros titulares e aos membros suplentes Profª Drª Fernanda Cristina Alcantara dos Santos e Prof. Dr. Sérgio Luis Felisbino, por aceitarem a indicação para formarem minha banca examinadora e, por toda a contribuição futura neste trabalho. Aos amigos do Laboratório de Microscopia e Microanálise, por todas as experiências vividas, pelos bons momentos de descontração, por compartilharem os conhecimentos teórico-práticos específicos e, sobretudo, por toda amizade desprendida. Ação do desregulador endócrino bisfenol A e da dieta hiperlipídica sobre os lobos prostáticos do gerbilo iii À Cíntia Cristina Isicawa Puga, por sempre estar presente quando precisei de algum esclarecimento de dúvidas tanto relacionado com as regras da pós-graduação quanto com os meus experimentos. Obrigada por sempre estar disposta a me ajudar e obrigada pela amizade verdadeira. À Marina Guimarães Gobbo, pela amizade sincera e companheirismo. Obrigada por todas as risadas que demos juntas e pelas lágrimas enxugadas. Com você tive a oportunidade de aprender que o importante não é o tempo de amizade, mas sim a intensidade. Te desejo tudo de melhor que a vida possa oferecer! Agradeço aos meus professores do curso de Graduação que durante muito tempo me ensinaram e mostraram o quanto é bom estudar. Aos docentes do Programa de Pós-Graduação em Biologia Animal que contribuíram no aperfeiçoamento dos meus conhecimentos e na minha formação profissional. Ao técnico e amigo Luiz Roberto Falleiros Jr por toda a ajuda oferecida. Obrigada pelos seus conselhos, e principalmente por toda sua animação diária a qual deixa o ambiente de trabalho muito mais feliz. À CAPES pelos primeiros meses de bolsa de estudo concedida. À FAPESP pela bolsa de estudos concedida (Processo: 2013/01619-4). Obrigada a todas as pessoas que contribuíram para meu sucesso e para meu crescimento como pessoa. Sou o resultado da confiança e da força de cada um de vocês. http://www.brasilblogado.com/agradecimento-monografia/ Ação do desregulador endócrino bisfenol A e da dieta hiperlipídica sobre os lobos prostáticos do gerbilo iv Em especial, agradeço... À Deus por todas as oportunidades que me foram dadas na vida, principalmente por ter conhecido pessoas e lugares maravilhosos. Agradeço também por ter vivido momentos difíceis, que foram matérias-primas para o aprendizado. Aos meus pais Benedito S. Facina e Rosa Maria P. P. Facina que me deram toda a estrutura para que eu me tornasse a pessoa que sou hoje. Obrigada pela confiança, incentivo, apoio incondicional e pelo amor que me fortalece todos os dias! Felicidade é ter vocês ao meu lado. Ao meu irmão Leonardo V. Facina, que apesar de todas as nossas discussões, está sempre ao meu lado. Tenho muito orgulho de você! Obrigada por me entender, pela amizade, companheirismo e por todos os momentos felizes que passamos juntos. A toda a minha família, por todo o amor e apoio desprendido e por compreender a minha ausência. Obrigada pela preocupação e por todas as orações feitas ao meu favor. A minha amiga-irmã Rose Mari R. S. Ramalho, por ter compartilhado anos importantes da minha vida. Obrigada por todas as ligações e mensagens recebidas, as quais me fizeram sentir perto de você mesmo estando longe. Agradeço imensamente por me fazer sorrir nos momentos alegres e me confortar nos momentos difíceis. Ao meu amigo e companheiro Guilherme F. A. Scarabelo, por ter vivenciado comigo os momentos finais e mais tensos da elaboração deste manuscrito. Obrigado por ter me oferecido todo o apoio e carinho que necessitava nos momentos difíceis. Obrigada por me fazer sorrir e tornar meus dias especiais! Ação do desregulador endócrino bisfenol A e da dieta hiperlipídica sobre os lobos prostáticos do gerbilo v “Talvez não tenha conseguido fazer o melhor, mas lutei para que o melhor fosse feito. Não sou o que deveria ser, mas Graças a Deus, não sou o que era antes”. Marthin Luther King SUMÁRIO RESUMO...........................................................................................................................7 ABSTRACT....................................................................................................................10 1. INTRODUÇÃO...........................................................................................................13 2. OBJETIVOS................................................................................................................21 3. ARTIGO 1...................................................................................................................23 Ação do desregulador endócrino bisfenol a e da dieta hiperlipídica sobre os lobos prostáticos do gerbilo adulto. 4. ARTIGO 2...................................................................................................................88 Imunoexpressão dos receptores de andrógeno e estrógeno na próstata de gerbilos adultos após exposição prolongada ao bisfenol A e a dieta hiperlipídica. 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................122 7 RESUMO O câncer de próstata é a principal e mais frequente doença neoplásica que atinge os homens e embora represente uma causa comum de morbidade e mortalidade, é passível de prevenção e cura. No entanto, a patologia molecular dessa doença é complexa, pois além de altamente relacionada à idade, a fatores hereditários e andrógeno dependentes, é também influenciada por hormônios sexuais, fatores ambientais, dietas, respostas imunes e inflamatórias. Pesquisas recentes têm demonstrado que a exposição a desreguladores endócrinos, presentes no meio ambiente, pode causar alterações morfofisiológicas permanentes na próstata. Estas substâncias tem o potencial de causar danos ao sistema endócrino, pois mimetizam hormônios esteroides podendo afetar seu metabolismo e agir diretamente sobre os órgãos do trato reprodutivo. Entre estes químicos ambientais destaca-se o bisfenol A (BPA). O BPA é um monômero liberado de polímeros plásticos amplamente utilizados na atualidade. Esta substância pode alterar a histofisiologia prostática, uma vez que mimetiza estrógenos e compete com os receptores para esses hormônios. Estudos atuais com roedores têm demonstrado que a exposição a baixas concentrações de BPA aumentam significativamente a incidência e a severidade de neoplasias prostáticas. Além disso, é relatado que o BPA é capaz de influenciar a regulação da transcrição de genes envolvidos com a obesidade podendo promover aumento do peso corporal e da adiposidade. Outro fator ambiental potencialmente associado com a carcinogênese é a dieta rica em lipídeos. O consumo de nutrientes com alta densidade calórica pode resultar em uma síndrome metabólica com sintomas associados com a resistência à insulina, dislipidemia, certo grau de obesidade e ainda contribuir para o crescimento de tumores prostáticos em roedores. Resultados preliminares do nosso grupo empregando o roedor gerbilo (Meriones unguiculatus) como modelo para estudos sobre alterações na glândula prostática indicam que a dieta hiperlipídica e o BPA isoladamente têm 8 o potencial de promover o aumento da incidência de neoplasias prostáticas. No entanto, os efeitos de sua associação sobre indivíduos adultos não foi verificado e, os resultados obtidos poderão auxiliar na compreensão do processo de carcinogênese nesse roedor. Desta forma, os objetivos do presente estudo foram avaliar se a associação entre uma dieta hiperlipídica e o desregulador endócrino BPA potencializa o desenvolvimento de lesões prostáticas em animais adultos e investigar o possível envolvimento dos receptores de andrógeno e estrógeno na carcinogênese estimulada por bisfenol A e dieta hiperlipídica. Foram utilizados 24 gerbilos adultos (100 dias) submetidos às seguintes condições experimentais: 1) Controle (C): animais que receberam ração controle; 2) Dieta Hiperlipídica (D): animais que receberam dieta hiperlipídica, 3) Bisfenol A (BPA): animais que receberam ração controle + BPA na concentração de 50μg/Kg/dia na água de beber, 4) Dieta Hiperlipídica + BPA (BPA+D): animais submetidos à dieta hiperlipídica + BPA na concentração de 50μg/Kg/dia na água de beber. A eutanásia dos animais aconteceu 6 meses após o início do experimento. Os lobos Ventral e Dorsolateral prostáticos foram removidos, pesados e processados para microscopia de luz. As metodologias utilizadas envolveram análises quantitativas e estatísticas do consumo de ração, ingestão de BPA, peso corpóreo e prostático, dosagens hormonais, cálculo da incidência e multiplicidade de lesões prostáticas, bem como análises morfológicas por meio de técnicas citoquímicas (HE, Picrossírius e Reticulina de Gomori) e imunohistoquímicas (Receptores de Andrógeno (AR) e de Estrógeno (ERβ), Antígeno Nuclear de Proliferação Celular (PCNA), α-Actina de Músculo Liso, Detecção de células do compartimento basal (p63). A análise histológica permitiu avaliar a incidência, multiplicidade, fenótipo e distribuição das lesões histopatológicas. Lesões de caráter pré-maligno e maligno foram constatadas em ambos os lobos prostáticos. No entanto, os animais submetidos à dieta hiperlipídica, ao bisfenol A e a associação entre esses compostos, apresentaram uma maior incidência e multiplicidade de lesões prostáticas. Quando comparado ao grupo controle, os grupos BPA, BPA+D e D 9 apresentaram maior número de Inflamações Subepiteliais, Inflamações Intraluminais e Inflamações Periductais. O compartimento estromal dos grupos tratados apresentou remodelação das fibras de colágeno, além de diversos pontos de desestruturação da camada de células musculares lisas, favorecendo a invasão estromal. Quando comparado ao grupo Controle, a atividade proliferativa das células secretoras prostáticas aumentou em ambos os lobos de todos os grupos experimentais. Ao se tratar das células basais, foi possível notar um aumento destas em ambos os lobos estudados e em todos os tratamentos, quando comparado ao grupo controle. A análise da expressão de AR na próstata do gerbilo mostrou que, há uma diferença significativa entre o grupo Controle e os grupos tratados. Foi possível notar que, ambos os lobos dos grupos tratados, apresentam uma frequência de células AR-positivas bastante semelhantes. A dieta, o bisfenol A e a associação de ambos aparentemente estimulou um aumento na frequência de células AR positivas mesmo em áreas livres de lesões. A frequência de células ERβ-positivas é aparentemente maior na próstata de animais controle. Em alguns focos neoplásicos estimulados pela dieta, pelo bisfenol A ou pela associação de ambos, a presença de células ERβ positivas foi baixa ou indetectável. Por outro lado, algumas poucas lesões foram observadas expressando ERβ. Os níveis séricos de testosterona não apresentaram diferenças significativas entre os grupos tratados com dieta hiperlipídica, bisfenol A e a associação de ambos, em relação ao grupo controle. No entanto, houve uma tendência de aumento estimulada pelos diferentes tratamentos. Os resultados observados indicam, portanto, que a administração de bisfenol A, da dieta hiperlipídica e da associação de ambos provocou diversas alterações morfofisiológicas na glândula, as quais podem ter contribuído para o estabelecimento de lesões, as quais comprometem diretamente a homeostasia prostática. Palavras-chave: Bisfenol A. Desregulador Endócrino. Dieta Hiperlipídica. Gerbilo da Mongólia. Próstata. 10 ABSTRACT Prostate cancer is the main and the most common neoplastic disease that affects men and although it represents a common cause of morbidity and mortality, it is preventable and curable. However, the molecular pathology of this disease is complex, because besides being highly related to age, hereditary factors and androgen-dependent factors, it is also influenced by sex hormones, environmental factors, diet, immune and inflammatory responses. Recent research has shown that exposure to endocrine disruptors, presents in the environment, can cause permanent morphophysiological changes in the prostate. These substances have the potential to cause damage to the endocrine system, because they mimic steroid hormones and can affect their metabolism and act directly in the reproductive tract. Among these environmental chemicals is bisphenol A (BPA). BPA is a monomer released from plastic polymers widely used today. This substance can change prostatic histophysiology, since it mimics estrogens and compete with the receptors for these hormones. Recent studies with rodents have shown that exposure to low concentrations of BPA significantly increases the incidence and severity of prostatic cancer. Furthermore, it has been reported that BPA is able to influence the regulation of transcription of genes involved in obesity being able to promote body weight and adiposity increase. Another environmental factor potentially associated with carcinogenesis is the high-fat diet. The consumption of nutrients with a high caloric density can result in a metabolic syndrome with symptoms associated with insulin resistance, dyslipidemia, obesity and contribute to the growth of prostatic tumors in rodents. Preliminary results from our group using the gerbil rodent (Meriones unguiculatus) as a model for studies on changes in the prostate gland indicate that the high-fat diet and BPA have the potential to enhance the incidence of prostatic neoplasms. However, the effects of this association on adults animals has not been verified and the results may contribute? in understanding of the process of carcinogenesis in rodents. Thus, 11 the objectives of this study were to evaluate if the combination of high-fat diet and the endocrine disrupter BPA enhances the development of prostatic lesions in adult animals and to investigate the possible involvement of androgen and estrogen receptors in carcinogenesis stimulated by bisphenol A and high-fat diet. 24 adult gerbils (100 days) were subject to the following experimental conditions: 1) Control (C): animals receiving the control diet; 2) High-fat diet (D): animals fed with high-fat diet, 3) Bisphenol A (BPA): animals that received the control diet + BPA concentration of 50μg/Kg/day in drinking water, 4) High- fat diet + BPA (BPA+D): animals subjected to the high-fat diet + BPA concentration of 50μg/Kg/day in drinking water. The animals were euthanatized 6 months after the beginning of the experiment. The ventral and dorsolateral prostate lobes were removed, weighed and processed for light microscopy. The methods involved quantitative and statistical analyzes of ratio and BPA intake, body and prostatic weight, serum hormonal measurements, incidence and multiplicity of prostatic lesions and morphological analysis by cytochemical (HE, Picrosirius and Reticulin of Gomori) and immunohistochemical (Androgen Receptor (AR) and Estrogen (ERβ), Cell Proliferation Nuclear Antigen (PCNA), α-Smooth Muscle Actin, Detection of basal cell compartment (p63)) techniques. Histological analysis allowed to evaluate the incidence, multiplicity, and phenotype distribution of histopathological lesions. Premalignant and malignant lesions were found in both prostatic lobes. However, animals treated with high- fat diet, bisphenol A and the association between these compounds showed a higher incidence and multiplicity of prostatic lesions. When compared to the control group, the BPA, BPA + D and D groups presented more Subepithelial Inflammations, Intraluminal Inflammations and Periductal Inflammations. The stromal compartment of the treated groups showed remodeling of the collagen fibers, in addition to various disintegration points in the smooth muscle cells layer, promoting stromal invasion. When compared to the Control group, the proliferative activity of prostatic secretory cells was increased in both lobes of all groups. Regarding basal cells, it was possible to notice an increase in both lobes studied and by all treatments, when compared to the Control group. The 12 analysis of AR expression in prostate gerbil showed that there was a significant difference between the Control group and the treated groups. We observed that both lobes of the treated groups had a very similar frequency of AR-positive cells. High-fat diet, bisphenol A and the combination of both apparently stimulated an increase in the frequency of positive AR cells even in injury free areas. The ERβ-positive cells frequency in the prostate was apparently greater in prostate of control animals. In some neoplastic foci occasioned by high-fat diet, bisphenol A or the combination of both, the presence of ERβ positive cells was low or undetectable. Moreover, few lesions were observed expressing ERβ. Serum testosterone levels were not significantly different between the groups treated with high-fat diet, bisphenol A and the combination of both, compared to the Control group. However, there was a trend in increasing testosterone levels, stimulated by these different treatments. The results indicated, therefore, that the bisphenol A, high-fat diet and a associated administration of both caused several morphological and physiological changes in the gland, which may have contributed to the establishment of lesions, which directly compromise the prostatic homeostasis. Keywords: Bisphenol A. Endocrine Disruptor. Mongol Gerbil. High-fat diet. Prostate. Ação do desregulador endócrino bisfenol A e da dieta hiperlipídica sobre os lobos prostáticos do gerbilo 13 1. INTRODUÇÃO Morfofisiologia da Próstata O termo próstata tem sua origem na palavra grega „prohistani‟, usada em 335 a.C. por Herophilus da Alexandria e que significa „estar em frente a‟, se referindo a sua localização frontal em relação bexiga urinária (Kirby et al., 1996). Por definição, é uma glândula acessória do sistema genital masculino que juntamente com a vesícula seminal contribui com a produção de componentes que irão compor o fluido seminal e promove a manutenção do gradiente iônico e pH adequado desta secreção (Untergasser et al., 2005). O grande interesse em se compreender a biologia desta glândula deve-se tanto ao seu complexo processo de desenvolvimento, quanto à alta incidência de doenças prostáticas, como adenocarcinoma e hiperplasia prostática benigna (HPB) nos homens (Marker et al., 2003). A patologia molecular desta doença é complexa, pois além de ser relacionada à idade, fatores hereditários e andrógeno-dependentes, é também influenciada por hormônios sexuais, fatores ambientais, dietas, respostas imunes e inflamatórias (Huynh et al., 2001; Carruba, 2006; De Marzo et al., 2007). A morfogênese da próstata de roedores e de humanos ocorre de maneira análoga (Cunha et al., 2004 a,b). Em humanos o desenvolvimento prostático inicia-se, aproximadamente, no primeiro trimestre e se completa logo em seguida ao nascimento, enquanto que em roedores o desenvolvimento inicia-se próximo ao décimo sétimo dia embrionário e o completo crescimento e maturação ocorre durante a puberdade (25° - 40° dia) (Prins & Korach, 2008). Este processo tem início a partir do seio urogenital, durante o período fetal, e é dependente de andrógenos circulantes produzidos pelos testículos fetais (Cunha et al., 1986; Thomson & Cunha, 1999; Thomson et al., 2002). O crescimento e desenvolvimento da glândula se estendem até que a maturidade sexual seja atingida e a manutenção de sua homeostase no indivíduo adulto é garantida por hormônios esteroides como a testosterona (Cunha et al., 1986; Marker et al., 2003). Os efeitos androgênicos em células alvo resultam da interação do hormônio com receptores de andrógenos (AR) presentes nestas (Cunha et al., 1986). A produção de andrógenos é regulada pelo eixo hipotalâmico-hipofisário-gonadal (Cunha et al., 1986), com mais de Ação do desregulador endócrino bisfenol A e da dieta hiperlipídica sobre os lobos prostáticos do gerbilo 14 95% da testosterona produzida pelas células de Leydig dos testículos e menos de 5% pelas glândulas adrenais (Hsing et al., 2002). Além do AR, outros receptores nucleares, como o ERα (receptor de estrógeno alfa) e o ERβ (receptor de estrógeno beta), determinantes para o desenvolvimento da próstata, passam a ser expressos em locais e momentos específicos durante a organogênese prostática. Enquanto o ERα é expresso predominantemente no mesênquima, durante estágios iniciais do desenvolvimento, o ERβ tem sua expressão localizada no epitélio durante as fases de diferenciação das células epiteliais prostáticas (Prins & Korach, 2008). Em ratos e camundongos a próstata é composta por quatro lobos distintos: anterior (também chamado de glândula coaguladora), dorsal, lateral e ventral. Esses lobos compõem arranjos circunferenciais ao redor da bexiga e apresentam características particulares de ramificação de ductos e produção de secreções proteicas (Sugimura et al., 1986). Em um mesmo lobo, os ductos prostáticos apresentam heterogeneidade regional quanto ao tipo celular, resposta a andrógenos, síntese e secreção de proteínas (Banerjee et al., 1998). Em humanos, a próstata tem uma morfologia mais compacta, sem lobos distintos, sendo geralmente diferenciada em três zonas: central, de transição e periférica (McNeal, 1983). Em termos de homologia entre espécies, nota-se que o lobo ventral da próstata de rato corresponde à zona de transição da próstata humana e o lobo dorsal do rato à porção dorsal ou zona posterior da próstata humana. A camada celular epitelial consiste de quatro tipos de células: basal, secretora, intermediária e neuroendócrina que são dependentes dos hormônios esteroides e reagem diferentemente a cada um deles (De Marzo et al., 2007, Rumpold et al., 2002). As células basais formam uma camada contínua entre o epitélio secretor e a membrana basal, o que não é observado em camundongos, nos quais as poucas células basais aparecem em camadas descontínuas ao redor dos ductos. As células neuroendócrinas podem ser notadas na camada epitelial, tanto da próstata em desenvolvimento quanto na adulta (Marker et al., 2003). As células secretoras, as basais e as neuroendócrinas, que compõem a maior parte do epitélio prostático, além de diferirem quanto à regulação hormonal, são responsáveis pela secreção de proteínas e substâncias de baixo peso molecular que também compõem o fluido prostático (Bonkhoff et al., 1998). Entremeando as porções glandulares há um estroma conjuntivo ricamente vascularizado, com células musculares lisas dispostas concentricamente aos ácinos e Ação do desregulador endócrino bisfenol A e da dieta hiperlipídica sobre os lobos prostáticos do gerbilo 15 entremeadas às camadas de colágeno, bem como poucas fibras conjuntivas e elásticas (Carvalho & Line, 1996). As células musculares lisas exercem papel contráctil durante a ejaculação e juntamente com os fibroblastos são responsáveis pela síntese dos componentes da matriz extracelular. Entre os elementos estruturais que integram a matriz destacam-se as fibras de colágeno, reticulares e elásticas, as quais conferem resistência mecânica e flexibilidade ao tecido, servindo como substrato para a ancoragem e migração celular (Tuxhorn et al., 2001; Vilamaior et al., 2005). Os tipos de populações celulares são similares entre as espécies, independendo do aspecto macroscópico da glândula e, provavelmente, desempenham as mesmas funções fisiológicas, porém a distribuição relativa dessas populações varia (Imamov et al., 2004). A similaridade de tipos de populações celulares referida acima favorece estudos referentes à homologia morfofuncional entre diferentes espécies (Price, 1963; Karr et al., 1995). Ação do desregulador endócrino bisfenol A e da dieta hiperlipídica sobre os lobos prostáticos do gerbilo 16 A próstata do gerbilo A utilização de gerbilos (Meriones unguiculatus), roedores murídeos da subfamília Gerbillinae, é cada vez maior na pesquisa científica das áreas da imunologia (Jeffers et al., 1984; Nawa et al., 1994), fisiologia (Nolan et al., 1990), culturas de células (Moritomo et al., 1991) e morfologia (Redecker, 1991; Aoki-Komori et al., 1994; Jones et al., 1997; Santos et al., 2000; Santos & Taboga, 2002; Corradi et al., 2004; Rochel et al., 2007; Fochi et al., 2008; Scarano et al., 2008; Pinto et al., 2010; Campos et al., 2010; Gonçalves et al., 2010 a, b). Este roedor tem se revelado um bom modelo para o estudo da próstata apresentando respostas significativas quanto a tratamentos hormonais (Santos & Taboga, 2006; Scarano et al., 2006; 2008), drogas contra hiperplasia prostática humana (Corradi et al., 2004), carcinogênese química (Bosland & Prinsen, 1990; Zanetoni, 2007, Gonçalves et al., 2010 a; Gonçalves et al., 2013;) bem como, desenvolvimento de neoplasias espontâneas associadas ao envelhecimento (Pegorin de Campos et al., 2006; Campos et al., 2008; Custódio et al., 2008; Campos et al., 2010). De anatomia similar à do rato e camundongo, os gerbilos adultos de ambos os sexos variam entre 11,5 e 14,5cm de comprimento corporal, sendo que os machos nesta faixa etária pesam em torno de 70 gramas. Histologicamente, a próstata dos gerbilos adultos (100 dias) apresenta ácinos com epitélio prismático simples e altamente secretor. Entre as porções glandulares, há estroma conjuntivo vascularizado, com poucas fibras conjuntivas e elásticas, além de células musculares lisas bem compactadas, dispostas ao redor de cada ácino (Rochel et al., 2007). Estas características teciduais e a disposição dos elementos epiteliais, estromais e musculares são também muito semelhantes às encontradas na próstata humana. Desta forma, as semelhanças morfofuncionais estabelecidas até o momento favorecem situações experimentais e correlações com o homem, devido a grande importância da próstata para a homeostase e funcionalidade de todo o aparelho reprodutor masculino. O estabelecimento de modelos experimentais para o estudo das relações entre epitélio e estroma e o conhecimento dos componentes celulares e macromoleculares da próstata tornam-se instrumentos muito importantes para o entendimento do desenvolvimento, da estrutura e da fisiologia desta glândula. Ação do desregulador endócrino bisfenol A e da dieta hiperlipídica sobre os lobos prostáticos do gerbilo 17 Carcinogênese Prostática: Ação de químicos ambientais e da dieta hiperlipídica O câncer de próstata é a principal e mais frequente doença neoplásica que atinge os homens e embora represente uma causa comum de morbidade e mortalidade, é passível de prevenção e cura (Huynh et al., 2001). Doenças que afetam a próstata humana como a prostatite, hiperplasia benigna e o câncer de próstata são as principais causas de mortes em homens nos países desenvolvidos. A patologia molecular desse problema é complexa, pois além de ser uma doença altamente relacionada à idade, a fatores hereditários e andrógeno dependentes, é também influenciada por hormônios sexuais, fatores ambientais, dietas, respostas imunes e inflamatórias (Huynh et al., 2001; Carruba, 2006; De Marzo et al., 2007; Stacewicz-Sapuntzakis et al., 2008). Pesquisas recentes têm demonstrado que a exposição a diversas substâncias químicas presentes no meio ambiente pode causar alterações morfofisiológicas permanentes na próstata. Estas substâncias, denominadas desreguladores endócrinos, representam uma ampla variedade de componentes que são encontrados em quantidades significativas na água, ar, solo, alimentos e produtos industrializados em geral. Estes químicos mimetizam hormônios esteroides e tem o potencial de causar danos ao sistema endócrino, de forma a afetar diretamente o metabolismo de hormônios no organismo. Consequentemente, essas substâncias podem agir diretamente sobre os órgãos do trato reprodutivo, tanto de machos quanto de fêmeas, tendo em vista que competem com os esteroides endógenos pelos sítios de ligação dos seus receptores específicos (Bigsby et al., 1999; Toppari, 2008). Muitos destes desreguladores endócrinos pertencem à classe dos xenoestrógenos, que são estrógenos sintéticos produzidos pelo homem. Atualmente é conhecida uma infinidade de xenoestrógenos com ação de desregulador endócrino, como, por exemplo, o bisfenol A (BPA), muito utilizado na fabricação de plásticos policarbonatos, o etinilestradiol utilizado nas pílulas contraceptivas, as bifenilas policloradas (PCBs) e polibromadas (PBBs) utilizadas em diversos setores industriais, além de diversos compostos de pesticidas largamente utilizados na agricultura (Waalkes, 2000; Timms et al., 2005; Prins et al., 2008). Dentre os compostos citados acima, alguns se destacam pela sua ampla distribuição e pelos impactos que podem ter Ação do desregulador endócrino bisfenol A e da dieta hiperlipídica sobre os lobos prostáticos do gerbilo 18 sobre a saúde dos seres humanos e também sobre o meio ambiente de maneira geral, como é o caso do BPA. O bisfenol A é uma das substâncias químicas de maior produção ao redor do mundo (Prins et al., 2008), sendo cada vez mais estudada, principalmente pela sua ampla distribuição no ambiente e pelo seu potencial como desregulador endócrino. O BPA é um monômero, formado por dois anéis de fenol, muito utilizado na produção de embalagens plásticas, resinas epóxi e muitos outros produtos domésticos comuns, sendo um dos produtos químicos de maior volume de produção no mundo (Prins et al., 2007). Como parte do polímero existente na grande maioria das embalagens plásticas, dos selantes dentais e da resina que reveste a maioria das latas de conserva (Timms et al., 2005), o BPA pode ser facilmente liberado em solução em decorrência de repetidas lavagens, alterações de pH ou mesmo devido à um aumento de temperatura (Teilmann et al., 2002; Hond & Schoeters, 2006; Seta et al., 2006; Prins et al., 2008). O BPA é uma substância que tem potencial estrogênico, podendo mimetizar os estrógenos endógenos, se ligando aos receptores de estrógenos e ativando as vias de sinalização dos mesmos. A afinidade de ligação do BPA ao ERα e ERβ é cerca de 10.000 vezes menor do que a dos estrógenos endógenos. Contudo, ele é um completo agonista destes receptores estrogênicos (Prins et al., 2008). Atualmente, o BPA tem sido encontrado no soro e na urina de 95% da população mundial, em níveis que atingem de 0,2 a 20 ng/mL. De acordo com a Agência Americana de Proteção Ambiental a dose considerada segura para ingestão diária de BPA é de 50ug/kg/dia (Alonso- Magdalena et al., 2011), entretanto, estudos tem mostrado efeitos adversos desta substância em concentrações inferiores, quando administrada no período fetal ou início do período pós natal, sobre o trato reprodutivo de roedores (Ho et al., 2006; Prins et al., 2011; Castro et al., 2013). Ho (2006) e Prins e colaboradores (2011) reportaram alterações histopatológicas como Neoplasia Intraepitelial Prostática (PIN) em animais adultos tratados com BPA (10ug/kg/dia) durante o período neonatal. Chitra et al., (2003) mostrou que a administração de baixas doses de BPA (0.2- 20 μg/Kg) para ratos adultos elevou o peso da próstata ventral. Adicionalmente, a exposição fetal a baixas concentrações de BPA (20 μg/Kg) induziu a expressão da citoqueratina 10, uma proteína relacionada à metaplasia escamosa no epitélio prostático (Ogura et al., 2007). Assim, constata-se que a maioria dos estudos tem demonstrado que a administração de baixas doses de BPA durante o início da vida, quando os tecidos são notadamente sensíveis à ação dos desreguladores endócrinos, afeta significativamente Ação do desregulador endócrino bisfenol A e da dieta hiperlipídica sobre os lobos prostáticos do gerbilo 19 vários aspectos do desenvolvimento prostático (Castro et al., 2013). No entanto, pouco se sabe a respeito dos efeitos da exposição prolongada ao BPA durante a vida adulta sobre a histofisiologia próstatica. Outro fator ambiental potencialmente associado com a progressão tumoral é a dieta rica em lipídeos. Vários estudos epidemiológicos têm relacionado este fator às altas taxas de mortalidade por cânceres de mama, cólon, pâncreas e próstata em humanos (Fleshner et al., 2004; Kondo et al., 1994). Há um consenso entre estudos correlacionando dietas ricas em gorduras e a patogênese prostática, os quais asseguram que o consumo de ácidos graxos saturados está relacionado com o desenvolvimento do câncer prostático e que ácidos graxos poliinsaturados e gorduras vegetais apresentam uma correlação inversa (Fleshner et al., 2004; Carrol & Khor, 1975; Kolonel et al., 1999). Além disso, não só o consumo excessivo de gordura, mas também, e talvez mais importante, o tipo de gordura ingerida exerce influência direta sobre o risco de câncer de próstata (Escobar et al., 2009). No entanto, identificar os ácidos graxos específicos que exercem um papel potencialmente causal na progressão do câncer prostático consiste em uma questão que requer maior investigação. A ingestão calórica excessiva é outro fator que se relaciona com o crescimento de tumores prostáticos em roedores (Mukherjee et al., 1999; Kondo et al., 1994). Camundongos imunodeficientes, carregando células LNCap de carcinoma prostático humano, que consumiram dieta na qual 40% da energia era proveniente de lipídeos, apresentaram maior taxa de crescimento tumoral e altos níveis de antígeno prostático específico (PSA) em relação a aqueles que receberam dieta na qual 20% da energia provinha de lipídeos (Wang et al., 1995). Por muitos anos tem-se especulado os mecanismos que determinam a relação entre o consumo de gordura e o risco de câncer de próstata e tem sido determinado que alguns fatores como os níveis hormonais e o estresse oxidativo são afetados pelo tipo de dieta. Consideráveis evidências têm apontado que alterações nos níveis androgênicos, estimuladas pelo consumo de dietas ricas em gordura, podem elevar o risco de câncer prostático, uma vez que esta doença sofre forte influência hormonal (Fleshner et al., 2004). Níveis hormonais de ratos ACI/Seg que consumiram 5 ou 20% de óleo de milho, correspondendo respectivamente à dieta com baixo e alto teor lipídico, durante longos períodos, indicaram que a testosterona aumentou significativamente e pode ter favorecido o desenvolvimento de neoplasias (Kondo et al., 1994). Ação do desregulador endócrino bisfenol A e da dieta hiperlipídica sobre os lobos prostáticos do gerbilo 20 O consumo de nutrientes com alta densidade calórica pode resultar em uma síndrome metabólica com sintomas associados com a resistência à insulina, hiperinsulinemia, dislipidemia, e certo grau de obesidade. Por conseguinte, é pensado que esta síndrome metabólica seja um dos principais contribuintes para o desenvolvimento da diabetes, complicações cardiovasculares, e uma variedade de desordens urológicas, incluindo a incontinência urinária, disfunção erétil, hiperplasia benigna da próstata, e câncer prostático (Shankar et al., 2012). As causas mais comuns da obesidade têm sido geralmente atribuídas ao alto teor calórico, dietas ricas em gorduras e a falta de exercício combinada com uma predisposição genética para a doença. No entanto, o aumento alarmante da obesidade não pode ser apenas explicado por esses fatores; um componente ambiental deve estar envolvido (Newbold, 2011; Nadal, 2013). Tem sido sugerido que a exposição à desreguladores endócrinos durante fases críticas da adipogênese pode contribuir para a epidemia da obesidade. O termo obesogens foi cunhado para designar os químicos ambientais que estimulam o acúmulo de gordura, referindo-se a ideia de que eles regulam, inadequadamente, o metabolismo lipídico e a adipogênese para promover a obesidade (Newbold, 2011). Recentemente, têm sido demonstrado que o BPA, é capaz de influenciar a regulação da transcrição de genes envolvidos com a obesidade (Nadal, 2013). Além disso, esses estudos mostraram que a exposição ao BPA pode promover aumento do peso corporal e a adiposidade (Newbold, 2011). Em um estudo epidemiológico, Trasande e colaboradores (2012) encontraram uma associação entre concentrações urinárias do desregulador endócrino BPA e o aumento de massa corporal em crianças e adolescentes com idade entre 6-19 anos. Surpreendentemente, o de ganho de peso não ocorre apenas em seres humanos, mas também em outros mamíferos, incluindo os primatas e roedores de laboratório, cães e gatos domésticos e os roedores selvagens (Klimentidis et al., 2011). Pesquisas atuais, utilizando doses ambientais de BPA, relatam a inibição da adiponectina e o estímulo para a liberação de adipocinas inflamatórias, tais como interleucina-6 (IL-6) e fator de necrose tumoral- α (TNF-α), a partir de tecido adiposo humano, sugerindo que o BPA pode estar envolvido na obesidade e relacionado com a síndrome metabólica (Hugo et al., 2008; Ben-Jonathan et al., 2009). Ação do desregulador endócrino bisfenol A e da dieta hiperlipídica sobre os lobos prostáticos do gerbilo 21 2. OBJETIVOS OBJETIVOS GERAIS  Avaliar por métodos histopatológicos qualitativos e quantitativos, se a exposição prolongalada à dieta hiperlipídica e ao desregulador endócrino bisfenol A promove o desenvolvimento de lesões prostáticas em animais adultos. Bem como, se associação entre uma dieta hiperlipídica e o bisfenol A potencializa o desenvolvimento dessas lesões. OBJETIVOS ESPECÍFICOS  Investigar o possível envolvimento dos receptores de andrógeno e estrógeno na carcinogênese estimulada por bisfenol A e dieta hiperlipídica; Ação do desregulador endócrino bisfenol A e da dieta hiperlipídica sobre os lobos prostáticos do gerbilo 22 Esta dissertação foi escrita na forma de 2 artigos científicos, os quais serão submetidos a revistas internacionais relacionadas ao tema. Artigo 1: AÇÃO DO DESREGULADOR ENDÓCRINO BISFENOL A E DA DIETA HIPERLIPÍDICA SOBRE OS LOBOS PROSTÁTICOS DO GERBILO ADULTO. Artigo 2: IMUNOEXPRESSÃO DOS RECEPTORES DE ANDRÓGENO E ESTRÓGENO NA PRÓSTATA DE GERBILOS ADULTOS APÓS EXPOSIÇÃO PROLONGADA AO BISFENOL A E A DIETA HIPERLIPÍDICA. Ação do desregulador endócrino bisfenol A e da dieta hiperlipídica sobre os lobos prostáticos do gerbilo 23 3. Artigo 1: AÇÃO DO DESREGULADOR ENDÓCRINO BISFENOL A E DA DIETA HIPERLIPÍDICA SOBRE OS LOBOS PROSTÁTICOS DO GERBILO ADULTO. Camila Helena Facina1, Bianca Facchim Gonçalves2, Sebastião Roberto Taboga3. 1 Departamento de Biologia, Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas, IBILCE/UNESP, São José do Rio Preto, SP, Brasil. 2 Instituto de Biociências IBB/UNESP, Botucatu, SP, Brasil. Correspondência: Sebastião Roberto Taboga (taboga@ibilce.unesp.br) - Universidade Estadual Paulista Júlio Mesquita Filho – UNESP. Rua Cristovão Colombo 2265 – Jardim Nazareth. São José do Rio Preto – SP. CEP: 15054-000. Brasil - (17) 3221-2386. mailto:taboga@ibilce.unesp.br Ação do desregulador endócrino bisfenol A e da dieta hiperlipídica sobre os lobos prostáticos do gerbilo 24 RESUMO Pesquisas recentes têm demonstrado que a exposição a diversas substâncias químicas presentes no meio ambiente, os chamados desreguladores endócrinos, pode causar alterações morfofisiológicas permanentes na próstata. Muitos destes desreguladores endócrinos são estrógenos sintéticos produzidos pelo homem, como o Bisfenol A. Outro fator ambiental associado com alterações prostáticas é a dieta rica em lipídeos O consumo de nutrientes com alta densidade calórica pode resultar em síndrome metabólica com sintomas associados com a resistência à insulina, dislipidemia, e certo grau de obesidade. Assim, os objetivos do presente trabalho foram avaliar se a exposição prolongada à dieta hiperlipídica e ao desregulador endócrino bisfenol A promove o desenvolvimento de lesões prostáticas em animais adultos. Bem como, se associação entre uma dieta hiperlipídica e o bisfenol A potencializa o desenvolvimento dessas lesões. Foram utilizados 24 gerbilos adultos submetidos às seguintes condições experimentais: 1) Controle (C): animais que receberam ração controle; 2) Dieta Hiperlipídica (D): animais que receberam dieta hiperlipídica, 3) Bisfenol A (BPA): animais que receberam ração controle + BPA na concentração de 50μg/Kg/dia na água de beber, 4) Dieta Hiperlipídica + BPA (BPA+D): animais submetidos à dieta hiperlipídica + BPA na concentração de 50μg/Kg/dia na água de beber. Lesões de caráter pré-maligno e maligno foram constatadas em ambos os lobos prostáticos. No entanto, os animais submetidos à dieta hiperlipídica, ao bisfenol A e a associação entre esses compostos, apresentaram uma maior incidência e multiplicidade de lesões prostáticas. Quando comparado ao grupo controle, os grupos BPA, BPA+D e D apresentaram maior número de focos inflamatórios. O compartimento estromal dos grupos tratados apresentou remodelação das fibras de colágeno, além de diversos pontos de desestruturação da camada de células musculares lisas, favorecendo a invasão estromal. Quando comparado ao grupo Controle, a atividade proliferativa das células secretoras prostáticas aumentou em ambos os lobos de todos os grupos experimentais. Ao se tratar das células basais, foi possível notar um aumento destas em ambos os lobos estudados e em todos os tratamentos. Os resultados observados indicam, portanto, que a administração de bisfenol A, da dieta hiperlipídica e da associação de ambos provocou diversas alterações morfofisiológicas na glândula, as quais podem ter contribuído para o estabelecimento de lesões, as quais comprometem diretamente a homeostasia prostática. PALAVRA-CHAVE: Bisfenol A. Dieta Hiperlipídica. Gerbilo da Mongólia. Próstata. Ação do desregulador endócrino bisfenol A e da dieta hiperlipídica sobre os lobos prostáticos do gerbilo 25 INTRODUÇÃO A próstata é uma glândula acessória do sistema genital masculino que juntamente com a vesícula seminal contribui com a produção de componentes para o fluido seminal e promove a manutenção do gradiente iônico e pH adequado desta secreção (Untergasser et al., 2005). Pesquisas recentes têm demonstrado que a exposição a diversas substâncias químicas presentes no meio ambiente, os chamados desreguladores endócrinos, pode causar alterações morfofisiológicas permanentes na próstata (Bigsby et al., 1999; Toppari, 2008). Muitos destes desreguladores endócrinos pertencem à classe dos xenoestrógenos, que são estrógenos sintéticos produzidos pelo homem (Timms et al., 2005; Prins et al., 2008). Atualmente é conhecida uma infinidade de xenoestrógenos com ação de desreguladores endócrino, como, por exemplo, o bisfenol-A (BPA). O BPA é um monômero, formado por dois anéis de fenol, muito utilizado na produção de embalagens plásticas, resinas epóxi e muitos outros produtos domésticos comuns, sendo um dos produtos químicos de maior volume de produção no mundo (Prins et al., 2007). Como parte do polímero existente na grande maioria das embalagens plásticas, dos selantes dentais e da resina que reveste a maioria das latas de conserva (Timms et al., 2005), o BPA pode ser facilmente liberado em solução em decorrência de repetidas lavagens, alterações de pH ou mesmo devido à um aumento de temperatura (Teilmann et al., 2002; Hond & Schoeters, 2006; Seta et al., 2006; Prins et al., 2008). O BPA é uma substância que tem potencial estrogênico, podendo mimetizar os estrógenos endógenos, se ligando aos receptores de estrógenos e ativando as vias de sinalização dos mesmos (Prins et al., 2008).. Outro fator ambiental potencialmente associado com alterações prostáticas é a dieta rica em lipídeos (Ribeiro, et al., 2012 a,b; Chang, et al., 2014). Há um consenso entre estudos correlacionando dietas ricas em gorduras e a patogênese prostática, os quais asseguram que o consumo de ácidos graxos saturados está relacionado com o desenvolvimento do câncer prostático (Fleshner et al., 2004). O consumo de nutrientes com alta densidade calórica pode resultar em síndrome metabólica com sintomas associados com a resistência à insulina, hiperinsulinemia, dislipidemia, e certo grau de obesidade. Por conseguinte, é pensado que esta síndrome metabólica seja um dos principais contribuintes para o desenvolvimento do diabetes, complicações Ação do desregulador endócrino bisfenol A e da dieta hiperlipídica sobre os lobos prostáticos do gerbilo 26 cardiovasculares, e uma variedade de desordens urológicas, incluindo a incontinência urinária, disfunção erétil, hiperplasia benigna da próstata, e câncer prostático (Shankar et al., 2012). As causas mais comuns da obesidade têm sido geralmente atribuídas ao alto teor calórico, dietas ricas em gorduras e a falta de exercício combinada com uma predisposição genética para a doença. No entanto, o aumento alarmante da obesidade não pode ser apenas explicado por esses fatores; um componente ambiental deve estar envolvido (Nadal, 2013). A obesidade tornou-se um grave problema de saúde pública devido a sua crescente incidência global e seu efeito negativo sobre múltiplos sistemas e órgãos (Chen et al., 2009). Tem sido amplamente comprovado o risco aumentado de vários tipos de câncer em indivíduos obesos. A relação entre o consumo de dietas ricas em gordura saturada e o aumento do risco de câncer prostático é bem estabelecida, no entanto, os mecanismos que levam ao estabelecimento desta doença não foram completamente compreendidos. Assim como a ingestão de dietas com alto conteúdo de gordura saturada tem se tornado comum entre a maioria da população, o consumo de alimentos acondicionados em embalagens plásticas é uma prática comum na vida contemporânea. O uso de embalagens plásticas para o aquecimento, congelamento ou acondicionamento de alimentos leva a liberação de monômeros de BPA expondo os indivíduos a quantidades crescentes deste químico ambiental. A ampla exposição dos seres humanos ao BPA e suas potenciais consequências clínicas, sobretudo sobre a glândula prostática, tem estimulado a pesquisa na área (Castro et al., 2013).Os objetivos do presente estudo foram avaliar por métodos histopatológicos qualitativos e quantitativos, se a exposição prolongalada à dieta hiperlipídica e ao desregulador endócrino bisfenol A promove o desenvolvimento de lesões prostáticas em animais adultos. Bem como, se associação entre uma dieta hiperlipídica e o bisfenol A potencializa o desenvolvimento dessas lesões. Ação do desregulador endócrino bisfenol A e da dieta hiperlipídica sobre os lobos prostáticos do gerbilo 27 MATERIAL E MÉTODOS Animais Foram utilizados gerbilos machos adultos (Meriones unguiculatus) com 100 dias de idade mantidos no biotério do grupo de pesquisa em Biologia da Reprodução do Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas da UNESP, campus de São José do Rio Preto (SP). Os animais foram mantidos em caixas de polietileno, com substrato de maravalha, em condições controladas de luminosidade e temperatura média de 23C, com regime alimentar específico (descrito abaixo e resumido na Tabela I). O experimento foi conduzido de acordo com as normas adotadas pelo Colégio Brasileiro de Experimentação Animal (COBEA) e os procedimentos envolvidos foram apreciados pela Comissão de Ética no Uso de Animais do IBILCE/UNESP (Prot. Nº. 079/2013). Delineamento Experimental Foram utilizados 24 animais (n= 6 por grupo), divididos de maneira aleatória em 4 grupos: Controle (C), Dieta Hiperlipídica (D), Bisfenol A (BPA) e Dieta Hiperlipídica + Bisfenol A (D+BPA). Animais do grupo D e D+BPA foram submetidos a uma dieta hiperlipídica e hipercalórica. Esses animais receberam ração com elevado teor de lipídios e calorias, contendo 20% de lipídeos saturados, padronizada pelo Laboratório Experimental da Clínica Médica da Faculdade de Medicina de Botucatu- UNESP e fabricada pela Agroceres (Campinas, SP, Brasil). Aos grupos C e BPA foi oferecida a ração controle desenvolvida pela mesma empresa. A composição das rações controle e hiperlipídica encontram-se na Tabela I. Foram utilizados quatro tipos de ração hiperlipídica (RC Focus 2413, 2414, 2415, 2416, Agroceres) que diferem apenas no sabor e que foram substituídas ao longo da semana evitando que houvesse redução do consumo da ração devido à habituação dos animais ao sabor das mesmas. Adicionalmente os grupos BPA e D+BPA receberam água ad libitum contendo BPA na concentração de 50μg/kg peso corpóreo/dia e os grupos C e D receberam água filtrada ad libitum. A concentração de 50μg/kg/dia foi baseada em trabalhos que reportam essa Ação do desregulador endócrino bisfenol A e da dieta hiperlipídica sobre os lobos prostáticos do gerbilo 28 como a dose considerada segura para ingestão diária de BPA por seres humanos (vom Saal & Hughes, 2005; Alonso- Magdalena et al., 2011; Castro et al., 2013).Todos os animais foram pesados no início e ao final do experimento para o monitoramento do ganho de peso. Adicionalmente, foi avaliado o consumo semanal médio de ração por animal para todos os grupos para determinação da ingestão calórica e a ingestão de BPA para os grupos BPA e D+BPA. A eutanásia dos animais aconteceu 6 meses após o início do experimento. Os animais foram submetidos à eutanásia por superdosagem de anestésico. Metodologia Análise Morfológica Os lobos Ventral e Dorsolateral prostáticos foram removidos e pesados. Posteriormente, os lobos do complexo prostático foram fixados por imersão em Paraformaldeído tamponado (pH 7,2), desidratados em etanol, clarificados em xilol e, então, incluídos em Paraplast. Os cortes de 4-5 m obtidos em micrótomo rotativo automático (Leica®) foram corados pelos seguintes métodos histoquímicos: 1. Coloração pela Hematoxilina-Eosina (HE) – Para estudos morfológicos gerais da próstata e diagnósticos histopatológicos, classificação dos tipos de lesões (pré-malignas e malignas); Figura 1: Delineamento Experimental do estudo Ação do desregulador endócrino bisfenol A e da dieta hiperlipídica sobre os lobos prostáticos do gerbilo 29 2. Picrossírius-Hematoxilina – Para estudo das fibras de colágeno no estroma prostático; 3. Impregnação pela prata para reticulina – Para estudo das fibras reticulares do estroma prostático (Behmer et al., 1976). Classificação das Lesões histopatológicas Foram obtidos cortes seriados dos lobos Ventral e Dorsolateral da próstata do gerbilo e as lesões histopatológicas detectadas nos mesmos foram classificadas de acordo com o sistema de Classificação Bar Harbor para próstata de camundongos (Shappell et al., 2004). Ao longo da série de secções histológicas obtidas foram escolhidos cerca de 25 cortes do lobo Dorsolateral e 25 cortes do lobo Ventral de cada animal (n=6/grupo), os quais foram corados por HE e utilizados para a classificação e determinação da multiplicidade e incidência de lesões prostáticas. Foram quantificados os focos de Neoplasia Intraepitelial Prostática (PIN) (presença de hiperplasia e de atipia nuclear (núcleos aumentados, diminuídos ou elongados, hipercromasia, nucléolo proeminente)), Inflamações Intraluminais (focos de infiltrados inflamatórios no interior luminal), Inflamações Periductais (focos de infiltrados inflamatórios no estroma) e Inflamações Subepiteliais (focos de infiltrados inflamatórios em contato com o epitélio glandular) e Carcinoma Microinvasivo (Ruptura da camada de células musculares lisas e migração das células epiteliais para o estroma prostático). Análise Imunohistoquímica Os seguintes testes imunohistoquímicos foram aplicados nas próstatas dos gerbilos: 1. Verificação dos índices de proliferação celular no epitélio componente de lesões:  Antígeno nuclear de proliferação celular: Anti-PCNA (F-2) (sc56, Mouse Monoclonal), (Santa Cruz Biotechnology, Califórnia). Ação do desregulador endócrino bisfenol A e da dieta hiperlipídica sobre os lobos prostáticos do gerbilo 30 2. Caracterização do painel de lesões histopatológicas identificadas, buscando determinar o grau de severidade estimulado por cada tratamento:  -actina de músculo liso: Anti--actina (Mouse Monoclonal, Clone IA4), (Santa Cruz Biotechnology, Califórnia).  Detecção de células do compartimento basal: Anti-p63 (Mouse Monoclonal, Clone 4A4), (Santa Cruz Biotechnology, Califórnia). Procedimentos gerais para as avaliações imunohistoquímicas: Os cortes histológicos desparafinizados e reidratados foram submetidos à recuperação antigênica em tampão citrato pH 6.0 a 97oC (15-30 min.). O bloqueio de peroxidases endógenas foi efetuado com H2O2 (3% em metanol) durante 20-30 minutos. Anticorpos primários para os componentes acima mencionados foram utilizados em diluições variadas (entre 1:20, 1:50 e 1:200) por 60-120 minutos a 37o ou overnight a 4ºC. Após serem lavados em PBS ou TBS e incubados com anticorpos secundários marcados com peroxidase, os cortes passaram pela revelação com a diaminobenzidina (DAB, Sigma). A contracoloração dos cortes foi feita hematoxilina de Harris. As lâminas foram desidratadas, montadas em bálsamo do Canadá e avaliadas em microscopia de luz convencional. O controle negativo foi obtido com a omissão do anticorpo primário. Análises Quantitativas 1. Análise biométrica Os animais foram pesados no início e ao final do período experimental para o monitoramento do ganho de peso. Após a remoção do complexo prostático os lobos Ventral e Dorsolateral foram separados e pesados para determinação do peso absoluto e do peso relativo de cada lobo. O peso relativo (PR) foi determinado pela razão entre o peso do lobo prostático e o peso do animal. Em seguida foi removida e pesada a gordura corporal (retroperitoneal, epididimal, visceral e prostática). Foi ainda determinado o consumo semanal médio de ração por animal para avaliação da ingestão calórica. 2. Multiplicidade e Incidência de lesões prostáticas Ação do desregulador endócrino bisfenol A e da dieta hiperlipídica sobre os lobos prostáticos do gerbilo 31 A multiplicidade de lesões corresponde ao número médio de focos alterados presentes nos lobos prostáticos de cada grupo animal. Para sua determinação foi estimado o número total de focos de cada tipo de lesão em cada corte histológico da série avaliada e posteriormente foi calculada sua média e desvio padrão. Adicionalmente, foi quantificada a incidência de lesões prostáticas (número de animais acometidos por uma das classes de lesão – expresso em porcentagem) de cada lobo e nos diferentes grupos. Para tanto, foi considerada apenas a lesão de caráter mais avançado que ocorrer em cada animal, ou seja, lesões pré-malignas (Neoplasia Intraepitelial Prostática - PIN) ou malignas (Carcinoma Microinvasivo). 3. Contagem de núcleos com marcações positivas para PCNA Um total de 40 campos foram obtidos, em aumento de 40x, por grupo (n= 6 animais/grupo), por meio do Sistema Analisador de Imagens, com o programa Image– Pro-Plus. O índice de proliferação por campo foi determinado pelo número de células marcadas em relação ao número total de células. 4. Contagem de núcleos com marcações positivas para p63 Um total de 40 campos foram obtidos, em aumento de 40x, por grupo (n= 6 animais/grupo), por meio do Sistema Analisador de Imagens, com o programa Image– Pro-Plus. A frequência de células p63 positivas por campo foi determinada pelo número de células marcadas em relação ao número total de células. 5. Estereologia Análises estereológicas foram realizadas para se obter o volume absoluto de componentes epiteliais e estromais das diferentes lesões prostáticas encontradas nos 4 grupos avaliados. Foram capturadas imagens de 30 campos de cada grupo (5 campos por animal, n=6) a partir de lâminas coradas pela técnica HE, por meio do Sistema Analisador de Imagens, com o programa Image-Pro-Plus da Media Cybernetics. As medidas foram realizadas de acordo com o sistema de teste de multipontos M168 proposto por Weibel (1978) e aplicado à próstata por Huttunen et al. (1981). Assim, a partir dos dados obtidos para cada campo analisado, foi calculada a frequência absoluta das porções glandulares e estromais prostáticas, bem como, de cada componente tecidual individual (epitélio, lúmen, células musculares lisas periacinares, colágeno I e colágeno III, estroma não-muscular). Ação do desregulador endócrino bisfenol A e da dieta hiperlipídica sobre os lobos prostáticos do gerbilo 32 Análise Estatística A análise exploratória dos dados coletados foi feita em planilhas e gráficos do software Excel 2010. Os testes estatísticos utilizados para averiguação da significância foram o teste de Kruskal-Wallis seguidos pelo método de Dunn (post hoc). para dados não paramétricos e o teste ANOVA para dados paramétricos seguido de Tukey (post hoc), por meio do software GraphPad Prism 5.00, (significância com valor de p < 0.05). Ação do desregulador endócrino bisfenol A e da dieta hiperlipídica sobre os lobos prostáticos do gerbilo 33 RESULTADOS Dados Biométricos A análise dos dados provenientes de animais submetidos a diferentes tratamentos durante o período de 6 meses mostrou que, a ingestão calórica foi superior nos grupos submetidos à dieta hiperlipídica (Figura 2). O grupo Controle e o grupo BPA permaneceram ingerindo uma quantidade menor de calorias. Consequentemente, o ganho de peso foi superior no grupo Dieta e BPA+D (Figura 3). Adicionalmente, verificou-se uma maior deposição de gordura corporal nos animais que receberam a dieta hiperlipídica (Figura 4 e 5). Os animais que receberam bisfenol A tiveram um aumento de peso, mas este não foi significativo em relação ao grupo Controle. Foi possível observar uma maior deposição de gordura corporal no grupo BPA quando comparado ao grupo Controle (Figura 4). Ao se tratar da medida de cintura foi possível notar um aumento significativo na cintura dos animais que compõe o grupo D e BPA+D, quando comparados ao grupo Controle. Apesar de não apresentar um aumento estatisticamente significante, houve uma tendência de aumento na cintura dos animais do grupo BPA em relação ao grupo Controle (Figura 6). O lobo Dorsolateral e o Ventral permaneceram com peso relativo similar, resultando em diferenças não significativas entre os animais dos diferentes grupos experimentais (Figura 7A, B) Por outro lado, o Complexo Prostático apresentou peso relativo diferente entre os grupos analisados, resultando em diferenças significativas entre os animais (Figura 7C). Os grupos tratados com bisfenol A apresentaram um maior peso relativo do complexo prostático em relação ao grupo Controle (Figura 7C). O consumo de bisfenol A na água de beber foi semelhante entre os grupos BPA e BPA+D, não apresentando diferenças estatísticas entre os grupos que ingeriram este composto (Figura 8). Análise Morfológica Por meio da análise morfológica foi possível notar que o lobo Ventral dos animais que compõe o grupo controle é formado por um conjunto de alvéolos e ductos envoltos por um estroma fibromuscular. O epitélio é colunar simples, com células Ação do desregulador endócrino bisfenol A e da dieta hiperlipídica sobre os lobos prostáticos do gerbilo 34 secretoras e basais, e apresentam lúmens amplos que armazenam o fluido prostático. O estroma é composto por células musculares e fibroblastos, e por fibras colágenas e elásticas (Figura 9A, B). O lobo Dorsolateral dos animais controle possui composição semelhante. No entanto, o epitélio acinar é composto de células com aspecto cuboide (Figura 10A, B). A análise histológica permitiu avaliar a incidência, multiplicidade, fenótipo e distribuição das lesões histopatológicas que acometeram o tecido prostático após 6 meses de tratamento. Lesões de caráter pré-maligno e maligno foram constatadas em ambos os lobos prostáticos (Figura 9 e 10). No entanto, os animais submetidos à dieta hiperlipídica, ao bisfenol A e a associação entre esses compostos, apresentaram uma maior incidência e multiplicidade de lesões prostáticas (Figuras 17 e 18). Quando comparado ao grupo controle, os grupos BPA, BPA+D e D apresentaram maior número de Inflamações Subepiteliais, Inflamações Intraluminais e Inflamações Periductais, além de lesões pré-malignas (Neoplasia Intraepitelial Prostática (PIN)) e malignas (Carcinomas Microinvasivos) (Figuras 9 e 10). Nestes grupos foi possível notar aumento do volume epitelial seguido de redução luminal As células apresentaram diversas atipias, tais como aumento da área nuclear e nucléolo bastante evidente. O compartimento estromal dos grupos tratados apresentou remodelação das fibras de colágeno (Figura 11), além de diversos pontos de desestruturação da camada de células musculares lisas (Figura 12), favorecendo a invasão estromal. Quando comparado ao grupo Controle, a atividade proliferativa das células secretoras prostáticas aumentou em ambos os lobos de todos os grupos experimentais (Figura 13 e 14). No lobo Dorsolateral o maior índice proliferativo foi observado no grupo BPA+D (Figura 14A). Por outro lado, o lobo Ventral do Grupo BPA, apresentou o maior índice proliferativo (Figura 14B). Os dados quantitativos confirmam o caráter bastante proliferativo das lesões determinadas pela análise histopatológica. Ao se tratar das células basais, foi possível notar um aumento destas em ambos os lobos estudados e em todos os tratamentos, quando comparado ao grupo controle (Figura 16). As células basais, no grupo controle, formam uma camada contínua entre o epitélio secretor e a membrana basal (Figura 15). Essa disposição é perdida nos demais grupos experimentais e as células basais aparecem em camadas descontínuas ao redor dos ductos ou dispersas pelo epitélio secretor (Figura 15). Ação do desregulador endócrino bisfenol A e da dieta hiperlipídica sobre os lobos prostáticos do gerbilo 35 Análise Quantitativa A análise da incidência de lesões prostáticas de animais submetidos a 6 meses de tratamento mostrou que, o lobo Dorsolateral do grupo Intacto possui uma maior pré- disposição para o desenvolvimento de lesões neoplásicas (Figura 17A). O lobo Dorsolateral do grupo Dieta apresentou apenas lesões de caráter pré-maligno (Figura 17A). Já nos grupos BPA e BPA+D foi constatado o desenvolvimento de lesões pré- malignas e malignas neste mesmo lobo (Figura 17A). No lobo Ventral do grupo D, BPA e BPA+D foi possível verificar o desenvolvimento de lesões pré-malignas e malignas (Figura 17B). A multiplicidade de lesões evidenciou um aumento significativo no número de lesões pré-malignas (Figura 18A) no Lobo Dorsolateral do grupo BPA+D, quando comparado com o grupo controle. Apesar dos grupos D e BPA não terem apresentado diferenças estatisticamente significantes em relação ao controle, estes grupos também apresentaram um incremento no número desta classe de lesões. No lobo Ventral foi constatado um aumento significativo nas lesões pré-malignas no grupo D e BPA. No grupo BPA+D, apesar das diversas alterações morfológicas encontradas, a multiplicidade de lesões foi menor quando comparada à administração da dieta ou do bisfenol A isoladamente (Figura 18A). Ao se tratar das lesões malignas (Figura 18B), estas tiveram um incremento no lobo Dorsolateral dos grupos BPA e BPA+D. Por outro lado, no Lobo Ventral foram constatadas lesões malignas em todos os grupos tratados. Apesar de ambos os lobos prostáticos desenvolverem lesões, o lobo Ventral foi o mais afetado pelo consumo da dieta isoladamente. No grupo Bisfenol A, as lesões pré- malignas acometeram ambos os lobos de forma semelhante. No entanto, ao se tratar de lesões malignas lobo Ventral apresentou um maior número deste tipo de lesão. Quando associamos o desregulador endócrino com a dieta rica em lipídios, foi possível notar que o Lobo Dorsolateral foi o mais afetado. Com relação às desordens inflamatórias, observou-se uma correlação positiva entre estas e as lesões histopatológicas na próstata do gerbilo. Dentre as desordens inflamatórias as mais comuns foram Inflamação Periductal (IPD), Inflamação Intraluminal (IIL) e Inflamação Subepitelial (ISE). De acordo com a multiplicidade de inflamações prostáticas (Figura 19 e 20), foi possível notar que os grupos experimentais foram mais acometidos por esses três tipos de inflamações quando comparado ao grupo Controle. Ação do desregulador endócrino bisfenol A e da dieta hiperlipídica sobre os lobos prostáticos do gerbilo 36 Análise estereológica A análise estereológica mostrou diferenças nas proporções assumidas pelos diferentes compartimentos glandulares (Epitélio, Lúmen, Colágeno I, Colágeno III, Músculo Liso e Estroma) nos lobos prostáticos do gerbilo (Figura 21 e 22). Em ambos os lobos e nos diferentes tratamentos, houve um aumento no volume ocupado pelo epitélio acompanhado de uma redução do volume luminal em relação ao controle. O volume ocupado pelo Epitélio e pelo Lúmen, não variou muito entre os lobos do grupo Controle. Nos dois lobos estudados, ao se tratar dos elementos estromais Colágeno I e Músculo Liso, foi observado um aumento do volume ocupado por eles, no grupo de animais submetidos à dieta hiperlipídica, ao bisfenol A e a associação de ambos. Por outro lado, o volume ocupado pelo estroma não muscular diminui quando comparado ao grupo Controle. O Colágeno III sofreu um incremento nos grupos D e BPA em relação ao controle em ambos os lobos. No entanto houve uma diminuição dessas fibras em ambos os lobos do grupo BPA+D (Figura 21 e 22). Estes elementos estromais foram observados dispostos paralelamente à membrana basal circundando porções glandulares íntegras (Figura 11A, B e Figura 23A, B) e, em sítios neoplásicos, sofreram reestruturação (Figura 11C – K e 23C – H). Ação do desregulador endócrino bisfenol A e da dieta hiperlipídica sobre os lobos prostáticos do gerbilo 37 DISCUSSÃO No presente trabalho foi avaliada a influência da dieta hiperlipídica, do desregulador endócrino bisfenol A e da associação entre ambos sobre os lobos prostáticos do gerbilo, após seis meses de tratamento, sobretudo no que diz respeito ao estabelecimento e desenvolvimento de lesões histopatológicas nesta glândula. Diversos estudos têm apontado a dieta rica em lipídeos como um fator ambiental potencialmente associado com a progressão tumoral. Tem sido investigada uma possível associação entre ácidos graxos específicos e o risco do câncer prostático, contudo, os resultados não são consistentes (Fleshner et al., 2004; Kondo et al., 1994). Animais que ingeriram ração rica em lipídeos saturados (grupo D e BPA+D) por um período de seis meses apresentaram ingestão calórica superior ao grupo Controle e ao grupo Bisfenol A. Os animais tratados com a dieta hiperlipídica atingiram peso superior em relação aos animais do grupo Controle e BPA que ingeriram ração controle. Aliado ao ganho de peso foi possível observar um aumento significativo de gordura corporal nos grupos D e BPA+D. Esse acúmulo está diretamente associado ao estabelecimento de um desbalanço energético (Chen et. al., 2009). Os resultados encontrados indicam, portanto, que a metodologia utilizada foi eficaz em gerar alterações metabólicas, as quais comprometem diretamente a homeostasia prostática. Muitos estudos epidemiológicos apoiam o conceito que, o risco de câncer de próstata é aumentado por níveis elevados de ingestão de gorduras (Cai et al., 2006). Além disso, outros estudos mostraram que a exposição ao BPA pode promover aumento do peso corporal e a adiposidade (Newbold, 2011). Em um estudo epidemiológico, Trasande e colaboradores (2012) encontraram uma associação entre concentrações urinárias do desregulador endócrino BPA e o aumento de massa corporal em crianças e adolescentes. Segundo Boucher e colaboradores (2014) o bisfenol A pode ter um papel importante na formação de células de gordura e no metabolismo, tanto durante o desenvolvimento quanto na vida adulta. Este desregulador pode alterar os mecanismos de adipogênese e de acúmulo de lipídios contribuindo, assim, para o estabelecimento da obesidade. A dieta estimulou o desenvolvimento de lesões histopatológicas na próstata do gerbilo. Dentre as lesões, a mais comum foi a Neoplasia Intraepitelial Prostática, Ação do desregulador endócrino bisfenol A e da dieta hiperlipídica sobre os lobos prostáticos do gerbilo 38 caracterizada por anormalidades genéticas e por ocasionar alterações que comprometem as funções da glândula prostática (Zanetoni, 2007; Gonçalves et. al., 2010 a,b). Essas lesões, na maior parte das vezes, apresentaram crescimento papilar, formando invaginações epiteliais restritas a determinados sítios e um elevado número de células atípicas, ocasionado pela grande extensão das mesmas, além do comprometimento das unidades glandulares. Diversos estudos apontam evidências morfológicas e moleculares de que a PIN de alto grau pode ser uma lesão precursora de alguns carcinomas da próstata (Montironi et al., 2011). A análise da ingestão de grande quantidade de gordura saturada por longos períodos de tempo confirmou que há diferenças na resposta dos lobos prostáticos à dieta hiperlipídica. O lobo Ventral da próstata do gerbilo do grupo Dieta foi mais sensibilizado pela ingestão de gordura saturada que o lobo Dorsolateral, já que desenvolveu lesões microinvasivas. Os mecanismos pelos quais a dieta promove o desenvolvimento do câncer de próstata são incertos. Estudos prévios sugerem que alterações na ação androgênica nesta glândula, pode ser um mecanismo potencial (Fleshner et al., 2004). Lesões histopatológicas espontâneas, bem como as induzidas quimicamente, podem ser reforçadas por altos níveis de testosterona, bem como por uma dieta rica em lipídeos (Cai et al., 2006). Dessa forma, desequilíbrios hormonais como diferenças nos níveis séricos de testosterona, associados ao tratamento com a dieta hiperlipídica, podem ter contribuído para a evolução de alterações histopatológicas na glândula prostática. A administração de bisfenol A em gerbilos adultos promoveu um aumento da atividade proliferativa e secretora das células epiteliais e um aumento no número das células basais. Além disso, houve um aumento do número de lesões pré-malignas e malignas e de focos inflamatórios na próstata de animais que receberam este composto. O surgimento de reações inflamatórias na próstata é um evento usualmente associado ao aparecimento de lesões prostáticas (De Marzo et al., 2007; Bernoulli et al., 2008). Há crescentes evidências apontando para a associação entre Prostatite, Hiperplasia Prostática Benigna (Nickel, 2008; Wang et al., 2008) e Câncer Prostático humano (De Marzo et al., 2007; Stock et al., 2008). Nos lobos prostáticos do gerbilo, o surgimento de desordens inflamatórias foi concomitante ao desenvolvimento das lesões prostáticas. Mesmo em “baixas doses” ou “doses ambientais”, ou seja, aquelas na faixa típica de exposição ambiental humana, a ingestão de BPA pode promover diversas alterações na próstata de gerbilos. Esses efeitos podem não ser aparentes em doses mais elevadas que são comumente utilizadas em estudos toxicológicos tradicionais (Vandenberg, et Ação do desregulador endócrino bisfenol A e da dieta hiperlipídica sobre os lobos prostáticos do gerbilo 39 al.,2007). Esses resultados são reforçados por diversos outros estudos que mostram que a exposição a baixas doses de bisfenol A são bastante prejudiciais para o sistema reprodutor masculino (Ramos, et al., 2001; Rubin et al., 2001; Ho, et al., 2006; Rochester, 2013; Teeguarden & Hanson-Drury, 2013). Após a ingestão da dieta hiperlipídica, do BPA e da associação de ambos, constatou-se alteração do volume ocupado pelos componentes teciduais glandulares. Nos grupos D, BPA e BPA+D o volume relativo epitelial foi maior que o grupo Controle, sugerindo que a dieta rica em lipídeos saturados e o bisfenol A são capazes de promover instabilidade na homeostase das células epiteliais, favorecendo a proliferação. Consequentemente, houve diminuição do volume relativo do compartimento luminal, devido aos numerosos focos proliferativos. O estroma não muscular sofreu redução em seu volume, o que possivelmente se deve ao aumento da proliferação celular na glândula. Foi possível notar que as alterações histopatológicas estavam associadas com mudanças estruturais na matriz extracelular, caracterizando o início da reação dos componentes do estroma. As fibras colágenas e reticulares se apresentaram como componentes estruturais com percentual representativo e sofreram fragmentação e posterior reestruturação em áreas com focos neoplásicos. Essas fibras formam uma barreira à migração celular, contudo, com a progressão tumoral esses componentes sofrem reestruturação para favorecer a migração de células cancerosas. Assim, as interações epitélio-estromais são de extrema importância não apenas durante o desenvolvimento normal da próstata como também durante a tumorigênese. De acordo com Tuxhorn (2001), o estroma prostático atua com o um participante ativo no estabelecimento e desenvolvimento de lesões proliferativas, criando, assim, um microambiente favorável ao desenvolvimento do carcinoma e de seu potencial invasivo. Ação do desregulador endócrino bisfenol A e da dieta hiperlipídica sobre os lobos prostáticos do gerbilo 40 CONCLUSÃO Os resultados preliminares do presente trabalho demonstram que o consumo de dietas ricas em gorduras saturadas favoreceu o desenvolvimento de lesões histopatológicas na próstata do gerbilo. Apesar de ambos os lobos prostáticos desenvolverem lesões, o lobo Ventral do grupo Dieta foi o mais afetado pelo consumo da dieta. Além disso, a exposição ao desregulador endócrino bisfenol A, em níveis ambientais, que são considerados seguros pela Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (Hunt et al., 2009), ocasionou diversas alterações morfológicas na próstata destes animais. No grupo BPA, aparentemente, o lobo Ventral foi o mais afetado pela ingestão de bisfenol A. Quando associamos o bisfenol A com a dieta rica em lipídios, é possível notar que o Lobo Dorsolateral foi o mais afetado. Estudos posteriores, tais como análises imunohistoquímicas e dosagens hormonais devem ser realizadas para a melhor compreensão dessas lesões prostáticas nos diferentes lobos prostáticos. Ação do desregulador endócrino bisfenol A e da dieta hiperlipídica sobre os lobos prostáticos do gerbilo 41 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Alonso-Magdalena P, Quesada I, Nadal A. 2011. Endocrine disruptors in the etiology of type 2 diabetes mellitus. Nat. Rev. Endocrinol. 7, 346–353. Behmer AO, Tolosa EMC, Neto AGF. 1976. Manual de aulas práticas para histologia normal e patológica. EDART-EDUSP, SP 329p Bernoulli J, Yatkin E, Laakso A, Anttinen M, Bosland M, Vega K, Kallajoki M, Santti R, Pylkkänen L. 2008. Histopathological evidence for an association of inflammation with ductal pin-like lesions but not with ductal adenocarcinoma in the prostate of the noble rat. Prostate. v.68, n.7, p.728-739. Bigsby R, Chapin RE, Daston GP, Davis BJ, Gorski J, Gray LE, Howdeshell KL, Zoeller T, Vom Saal FS. 1999. 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Ingestão calórica semanal (kcal) de gerbilos submetidos a diferentes tratamentos. Os valores representam média ± EP (n, 6 por grupo). Análise estatística baseada nos testes de ANOVA e Tukey-honest (p ≤ 0,05). O Superíndice (***p≤0,001) indica diferenças significativas entre os grupos analisados. Ação do desregulador endócrino bisfenol A e da dieta hiperlipídica sobre os lobos prostáticos do gerbilo 46 Ação do desregulador endócrino bisfenol A e da dieta hiperlipídica sobre os lobos prostáticos do gerbilo 47 Figura 3. Ganho de peso (g) de gerbilos submetidos a diferentes tratamentos. Os valores representam média ± EP (n, 6 por grupo). Análise estatística baseada nos testes de ANOVA e Tukey-honest (p ≤ 0,05). O Superíndice (**p≤0,01; ***p≤0,001) indica diferenças significativas entre os grupos analisados. Figura 4. Gordura corporal (g) (soma das gorduras epididimal, retroperitoneal, visceral e prostática) de gerbilos submetidos a diferentes tratamentos por seis meses. Os valores representam média ± EP (n, 6 por grupo). Análise estatística baseada nos testes de ANOVA e Tukey-honest (p ≤ 0,05). Os Superíndices (**p≤0,01; ***p≤0,001) indicam diferenças significativas entre os grupos analisados. Ação do desregulador endócrino bisfenol A e da dieta hiperlipídica sobre os lobos prostáticos do gerbilo 48 Ação do desregulador endócrino bisfenol A e da dieta hiperlipídica sobre os lobos prostáticos do gerbilo 49 Figura 5. Gerbilos submetidos a diferentes tratamentos durante 6 meses. Notar Gordura Epididimal (GE), Gordura Visceral (GV) e Gordura Retroperitoneal (GRP). A. Gordura Epididimal. B. Gordura Visceral. C. Gordura Retroperitoneal. Ação do desregulador endócrino bisfenol A e da dieta hiperlipídica sobre os lobos prostáticos do gerbilo 50 Ação do desregulador endócrino bisfenol A e da dieta hiperlipídica sobre os lobos prostáticos do gerbilo 51 Figura 6. Cintura (cm) de gerbilos submetidos a diferentes tratamentos durante 6 meses. Os valores representam média ± EP (n, 6 por grupo). Análise estatística baseada nos testes de ANOVA e Tukey-honest (p ≤ 0.05). Os Superíndices (**p≤0,01; ***p≤0,001) indicam diferenças significativas entre os grupos analisados. Ação do desregulador endócrino bisfenol A e da dieta hiperlipídica sobre os lobos prostáticos do gerbilo 52 Ação do desregulador endócrino bisfenol A e da dieta hiperlipídica sobre os lobos prostáticos do gerbilo 53 Figura 7. Peso Relativo (g) (10 4 ) dos lobos Dorsolateral (A) e Ventral (B) e do Complexo Prostático (C) de gerbilos submetidos a diferentes tratamentos por seis meses. Os valores representam média ± EP (n, 6 por grupo). Análise estatística baseada nos testes de ANOVA e Tukey-honest (p ≤ 0,05). Os Superíndices (*p≤0,05; **p≤0,01) indicam diferenças significativas entre os grupos analisados. O peso relativo (PR) foi determinado pela razão entre o peso do lobo prostático e o peso do animal. Ação do desregulador endócrino bisfenol A e da dieta hiperlipídica sobre os lobos prostáticos do gerbilo 54 Ação do desregulador endócrino bisfenol A e da dieta hiperlipídica sobre os lobos prostáticos do gerbilo 55 Figura 8. Consumo semanal de Bisfenol A (mL) por animal nos grupos BPA e BPA+D. Os valores representam média ± EP (n, 6 por grupo). Análise estatística baseada nos testes de ANOVA e Tukey-honest (p ≤ 0,05). Não houve diferenças significativas entre os grupos analisados. Ação do desregulador endócrino bisfenol A e da dieta hiperlipídica sobre os lobos prostáticos do gerbilo 56 Ação do desregulador endócrino bisfenol A e da dieta hiperlipídica sobre os lobos prostáticos do gerbilo 57 Figura 9. Lobo Ventral da próstata de gerbilos adultos, submetidos a diferentes tratamentos. A e B. Epitélio prostático íntegro, circundado por uma camada delgada de células musculares lisas (ML). O epitélio apresenta células secretoras de formato cilíndrico. C. Epitélio prostático atípico, onde é possível observar a presença de Neoplasia Intraepitelial Prostática (PIN), com invaginação do epitélio para o interior do lúmen. D. Ácino acometido por Inflamação Intraluminal. Observa-se um grande número de células inflamatórias no lúmen acinar. E. Ácino acometido por Neoplasia Intraepitelial Prostática. Notar extensa Inflamação Periductal (IPD) e Intraluminal (IIL). F. Carcinoma Microinvasivo acometendo um ácino. G. Detalhe da figura anterior. É importante ressaltar a desestruturação da camada de células musculares lisas, favorecendo a invasão do estroma (*). H. Ácino acometido por Neoplasia Intraepitelial Prostática. I. Epitélio prostático atípico (*). Notar a presença de diversas células inflamatórias no lúmen acinar e de uma extensa Inflamação Periductal. J. Epitélio prostático atípico, onde é possível observar a presença de Neoplasia Intraepitelial Prostática. É possível notar extensa Inflamação Subepitelial (ISE) e Intraluminal (IIL). K. Carcinoma Microinvasivo acometendo um ácino. É possível notar a desestruturação da camada de células musculares lisas (*), favorecendo a invasão do estroma. L. Neoplasia Intraepitelial Prostática (PIN), com invaginação do epitélio para o interior do lúmen. M. Extensa Inflamação Periductal no estroma prostático (*). N. Epitélio prostático atípico (*). Notar a presença de diversas células inflamatórias no lúmen acinar. O. Inflamação Periductal (IPD). A-O. Hematoxilina- Eosina (HE). Epitélio (Ep), Lúmen (L), Células musculares lisas (ML), Inflamação Intraluminal (IIL), Inflamação Periductal (IPD), Inflamação Subepitelial (ISE), Neoplasia Intraepitelial Prostática (PIN), Carcinoma Microinvasivo (CM). A, B. Grupo Controle. C-G. Grupo Dieta. H-K. Grupo Bisfenol A. L-O. Grupo Bisfenol A + Dieta. Ação do desregulador endócrino bisfenol A e da dieta hiperlipídica sobre os lobos prostáticos do gerbilo 58 Ação do desregulador endócrino bisfenol A e da dieta hiperlipídica sobre os lobos prostáticos do gerbilo 59 Figura 10. Lobo Dorsolateral da próstata de gerbilos adultos, submetidos a diferentes tratamentos. A. Epitélio prostático íntegro. B. O epitélio do lobo dorsolateral apresenta células secretoras de formato cúbico e é circundado por uma camada espessa de células musculares lisas. C. Epitélio prostático atípico onde é possível observar a presença de Neoplasia Intraepitelial Prostática, com invaginação do epitélio para o interior do lúmen. Além disso, é possível notar uma extensa Inflamação Periductal (IPD). D. Detalhe da figura C. É possível observar células atípicas com núcleos aumentados e nucléolos evidentes. E. Ácino com Inflamação Intraluminal (IIL). Notar a presença de inúmeras células inflamatórias no lúmen acinar e o epitélio prostático encontra-se atípico. F. Epitélio prostático atípico onde é possível observar a presença de Neoplasia Intraepitelial Prostática G. Epitélio prostático atípico (*). Notar extensa inflamação Subepitelial e a presença de inúmeras células inflamatórias no lúmen acinar. H. Ácino acometido por Neoplasia Intraepitelial Prostática. Notar Inflamação Intraluminal. I. Epitélio prostático atípico. Notar a presença de diversas células inflamatórias no lúmen acinar. J. Extensa Inflamação Periductal. K. Ácino acometido por Neoplasia Intraepitelial Prostática. L. Ácino com Neoplasia Intraepitelial Prostática. Notar redução do volume luminal. M. Ácino acometido por Carcinoma Microinvasivo. Notar o epitélio anômalo e a diminuição da área luminal. N. Inflamação Intraluminal. Observa-se um grande número de células inflamatórias no lúmen. O. Carcinoma microinvasivo acometendo um ácino. É importante ressaltar a desestruturação da camada de células musculares lisas, favorecendo a invasão do estroma (setas). A-O. Hematoxilina-Eosina (HE). Epitélio (Ep), Lúmen (L), Células musculares lisas (ML), Inflamação Intraluminal (IIL), Inflamação Periductal (IPD), Inflamação Subepitelial (ISE), Neoplasia Intraepitelial Prostática (PIN), Carcinoma Microinvasivo (CM). A, B. Grupo Controle. C-G. Grupo Dieta. H-K. Grupo Bisfenol A. L-O. Grupo Bisfenol A + Dieta. Ação do desregulador endócrino bisfenol A e da dieta hiperlipídica sobre os lobos prostáticos do gerbilo 60 Ação do desregulador endócrino bisfenol A e da dieta hiperlipídica sobre os lobos prostáticos do gerbilo 61 Figura 11. Elementos colagênicos dos lobos Dorsolateral e Ventral de gerbilos submetidos a diferentes tratamentos. A. Epitélio prostático íntegro circundado por células musculares lisas (ML) e por uma espessa camada de colágeno subepitelial (setas). B. Epitélio prostático íntegro circundado por células musculares lisas e por finas camadas de colágeno subepitelial (setas). C. Ácino com epitélio atípico. Observa- se reestruturação dos elementos colagênicos (seta) nesse sítio alterado. D. Ácino acometido com Neoplasia Intraepitelial Prostática (PIN). E. No detalhe do ácino acometido com Neoplasia Intraepitelial Prostática observa-se reestruturação dos elementos colagênicos (*), caracterizando o processo de pré-invasão. F. Ácino com Neoplasia Intraepitelial Prostática (PIN). G. Detalhe do ácino anterior. Os asteriscos indicam reestruturação das fibras de colágeno. H. Ácino com Neoplasia Intraepitelial Prostática (PIN). As setas indicam rompimento dos elementos colagênicos no sítio neoplásico.