UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULlSTA - UNESP CAMPUS DE JABOTICABAL ESTRATÉGIAS PARA AUMENTO DA EFICIÊNCIA DE UTILIZAÇÃO DO NITROGÊNIO DE BOVINOS NELORE RECRIADOS EM PASTAGENS Verônica Aparecida Costa Mota Zootecnista 2019 i UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULlSTA - UNESP CAMPUS DE JABOTICABAL ESTRATÉGIAS PARA AUMENTO DA EFICIÊNCIA DE UTILIZAÇÃO DO NITROGÊNIO DE BOVINOS NELORE RECRIADOS EM PASTAGENS Discente: Verônica Aparecida Costa Mota Orientador: Prof. Dr. Gustavo Rezende Siqueira Tese apresentada à Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias – Unesp, Campus de Jaboticabal, como parte das exigências para a obtenção do título de Doutor em Zootecnia 2019 ii iii iv DADOS CURRICULARES DA AUTORA Verônica Aparecida Costa Mota, nascida em 19 de novembro de 1988 na cidade de Manga, Minas Gerais, filha de José Luiz Oliveira Mota e Miraci Costa Mota. Em 2007 Ingressou no curso de bacharel em Zootecnia na Universidade Estadual de Montes Claros – Unimontes, Campus de Janaúba-MG, obtendo o título de Zootecnista em 2012, sob orientação da Professora Dra. Eleuza Clarete Junqueira de Sales. Em 2013 iniciou o mestrado em Zootecnia pela Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias – UNESP, Campus de Jaboticabal, sob orientação do Professor Dr. Gustavo Rezende Siqueira, sendo bolsista pela CAPES e FAPESP (processo FAPESP número: 2014/05510-0). Em 2015 iniciou o doutorado em Zootecnia pela mesma instituição, sob orientação do Professor Dr. Gustavo Rezende Siqueira. No período de agosto de 2017 a agosto de 2018 integrou a equipe de pesquisa do Dr. Dennis Poppi na Universidade de Queensland em Gatton - Austrália (bolsa de Estudos e Pesquisa no Exterior – BEPE, Processo número: 2017/02704-6). v “O inverno nunca falha em se tornar primavera” Nitiren Daishonin vi A minha família, minha mãe Miraci que é a mulher mais guerreira, lutadora, bondosa, exemplo de mulher e minha melhor inspiração. Meu Pai, José Luiz pelo carinho e confiança. Aos meus irmãos, Luiz e Doka pelo amor, carinho e cumplicidade. Aos meus amores, Cecília e Lara por fazerem a minha vida mais alegre. Dedico vii AGRADECIMENTOS Agradeço primeiro à Deus, por me guiar e me fazer acreditar nos meus objetivos. Agradeço à minha família por sempre acreditar e apoiar meu sucesso. Minha mãe Miraci, meus irmãos Luiz e Doka, cunhadas Nancy e Agda. Minha sobrinha Lara e minha afilhada Cecília pelo amor e carinho. Às minhas queridas Tias Neide, Magali, Niquinha e Nelsa e meus tios por todo apoio e torcida! Aos funcionários da Escola Dona Maria e da UNIMONTES pelos ensinamentos. Minha orientadora Eleuza Junqueira por todo apoio. Aos amigos Marisa, Suelen, Priscila, Tiago, Suleize, Valdo, Dona Cida do Instituto de Zootecnia pelo apoio e amizade. Minhas orientadoras Luciana e Alessandra, meu eterno agradecimento por toda ajuda, conversas e conselhos. A Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias – UNESP- Jaboticabal, pela oportunidade de realização deste trabalho. Ao professor Dr. Gustavo Rezende Siqueira, pela confiança, paciência, ensinamentos e exemplo de profissionalismo e dedicação. Ao professor Dr. Flávio Dutra de Resende pelo apoio, ensinamentos, amizade, e bons conselhos. A todos os professores do departamento de Zootecnia que contribuíram com meu aprendizado. Em especial ao Dr. Ricardo Reis por todos os ensinamentos, consideração e atenção com a minha formação acadêmica desde à minha entrada no mestrado. Aos membros da banca de qualificação e defesa Luiz Fernando, Marcia Machado, Diogo Fleury, Ricardo Reis, Amélia Almeida e Wignez Henrique pela contribuição. Aos funcionários da APTA-Colina pela ajuda e conversas diárias, e por sempre torcer pelo meu sucesso. Aos amigos Hugo, Willian, Diego, Luiz Fernando, Felipe, Iorrano, Jessica louca, Michelle, Jessica do leite, Max, Wiliam, Layles, Kyone, Marcão, Luiz, Wendel pela ajuda e eternas conversas que fazem meus dias melhores. Ao Toga e Regina pelo auxilio nas análises laboratoriais e amizade. Aos velhos amigos/irmãos da hospedaria João Paraíba, Juca, João Marcos, Mau Mau e Berti, pelas amizades. Às minhas browzinhas, Cleisy pelas conversas, ajuda, amizade. Laura e Lolla pela cumplicidade, ajuda e bondade. Val pela amizade e disposição em ajudar. Ivanna sempre ajudando com o coração enorme. Dan por me apoiar e aceitar fazer as mais loucas aventuras. Aline pela amizade e consultoria de moda. Naiara pelas boas conversas e ajuda. Bia pela amizade incondicional, cafés intermináveis e conselhos sábios. Paloma por compartilhar sua viii família comigo e pelos momentos maravilhosos. Ju com toda sua meiguice pela amizade, risadas e ajuda. Leticia pela amizade e apoio. Renan com seu enorme coração de bondade e carinho. Amo todos vocês! Aos integrantes do GEPROR pelo aprendizado. Tenho certeza que foram essenciais para a condução do experimento e principalmente para meu aprendizado. Ao grupo de pesquisa na UQ, Dr. Dennis Poppi, Dr. Simon Quigley, Dra. Karen Harper, Dr. Stuart McLennan, Dr. Kieren Mccosker, Dr. Luis Silva, Dr. Diogo Fleury, David Innes, Dr.Tiago Alves pela amizade, ajuda, paciência e ensinamentos! Aos amigos que fiz na Austrália que fizeram eu me sentir mais perto de casa Giovanna (Tião), Laís, Marcela, Halley, Carlos Ramirez, Chelo, Carlos Núñez, Bonna, Acep, Stefania, Peter, Alma, Malini, Vale, Jaz. Meu carinho em especial para Nora Ring pela ajuda, apoio e paciência. Aos meus companheiros de casa Eden, Jessica, Jesse, Renée. Aos amigos e minha nova família em Katherine, Jack, Sharon, Nicky, Danni, Tamara, Benn, Ascheley. Os anjos que me ajudaram e me deram força, Laila Cury, Pâmela, Mariana e Camila. Browzinhas não tenho palavras para agradecer vocês. A Cargill e Alltech pela parceria e patrocínio e à Agência Paulista de Tecnologia do Agronegócio pela oportunidade de desenvolvimento desse projeto. O presente trabalho foi realizado com o apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Brasil (CAPES) – Código de Financiamento 001. E por meio da bolsa de doutorado (Processo: 2016/05131-4 - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) e todo o suporte técnico e financeiro concedidos pela FAPESP. A todos que de alguma forma participaram desse trabalho. Muito OBRIGADA! ix SUMÁRIO RESUMO ....................................................................................................................xi ABSTRACT ................................................................................................................xii CAPÍTULO 1: CONSIDERAÇÕES GERAIS................................................................ 1 1. INTRODUÇÃO GERAL ...................................................................................... 1 1.1. Metabolismo de proteína em ruminantes ..................................................... 4 1.2. Estratégia de suplementação proteica no período da seca .......................... 5 1.3. Estratégias de suplementação proteica no período das águas .................... 8 1.4. Horário de suplementação e comportamento ingestivo de bovinos em pastejo ................................................................................................................... 9 1.5. Aditivos suplementares .............................................................................. 10 2. REFERÊNCIAS ............................................................................................... 12 CAPÍTULO 2: COMPORTAMENTO INGESTIVO, DESEMPENHO E METABOLISMO DE TOURINHOS NELORE RECRIADOS EM PASTO, SUPLEMENTADOS COM FONTES DE NITROGÊNIO NÃO PROTEICO DURANTE A ESTAÇÃO SECA EM DIFERENTES HORÁRIOS DE SUPLEMENTAÇÃO ................................................. 19 1. INTRODUÇÃO ................................................................................................. 21 2. MATERIAL E MÉTODOS................................................................................. 22 3. RESULTADOS ................................................................................................. 31 4. DISCUSSÃO .................................................................................................... 44 5. CONCLUSÃO .................................................................................................. 46 6. REFERÊNCIAS ............................................................................................... 47 CAPÍTULO 3: INCLUSÃO DE FONTE PROTÉICA E ÓLEO ESSENCIAL NO DESEMPENHO, PARÂMETROS RUMINAIS E SANGUÍNEOS DE TOURINHOS NELRE EM PASTO DE CAPIM MARANDU............................................................ 533 1. INTRODUÇÃO ................................................................................................. 54 2. MATERIAL E MÉTODOS................................................................................. 57 3. RESULTADOS ................................................................................................. 65 4. DISCUSSÃO .................................................................................................... 70 5. CONCLUSÃO .................................................................................................. 71 6. REFERÊNCIAS ............................................................................................... 72 x xi ESTRATÉGIAS PARA AUMENTO DA EFICIÊNCIA DE UTILIZAÇÃO DO NITROGÊNIO DE BOVINOS NELORE RECRIADOS EM PASTAGENS RESUMO - Dois experimentos foram conduzidos para avaliar estratégias nutricionais e de manejo que permitam melhorar a eficiência de utilização do nitrogênio e consequentemente elevar o desempenho de bovinos suplementados em pastagens. Os experimentos foram conduzidos na APTA no Polo Regional Alta Mogiana, Colina/SP. Os tratamentos foram arranjados em esquema fatorial 2 × 2 para as avaliações de desempenho e comportamento ingestivo no experimento 1 (exp. 1) e desempenho no experimento 2 (exp. 2), sendo: exp. 1 (fase de seca): duas fontes de nitrogênio não proteico (ureia e ureia de liberação controlada [Optigen®] e dois horários de suplementação [7:00 h (manhã) e 13:00 h (tarde)] e exp. 2 (fase de águas) fonte de proteína verdadeira (farelo de soja e farelo de soja tratado [Soypass BR®] com ou sem óleo essencial [Cinnagar®]. As avalições foram realizadas em 20 piquetes de Brachiaria brizantha cv. Marandu de 3 ha e 6 animais cada. As áreas e animais foram os mesmos nos dois experimentos. O método de pastejo foi o de lotação contínua com taxa de lotação variável. No exp. 1 a duração foi de 98 dias, 14 dias de adaptação e três períodos de 28 dias e no exp. 2 foi de 133 dias, 21 dias de adaptação e quatro períodos de 28 dias. Os animais foram pesados com jejum de 16 horas de sólidos e líquidos a cada 28 dias para mensuração do desempenho. As variáveis avaliadas no comportamento ingestivo no exp. 1 foram: o tempo de pastejo e tempo de cocho diurno (6:00 as 17:50 h), noturno (18:00 as 05:50 h) e total (6:00 as 5:50 h). As observações instantâneas foram executadas por pessoas treinadas durante 24 horas com intervalo de frequência de 10 minutos, correspondendo a uma coleta de comportamento ingestivo por período experimental. Os parâmetros ruminais e sanguíneos foram avaliados em 12 animais canulados no rúmen. Foram utilizados 4 piquetes, sendo três quadrados latinos simultâneos (3 quadrados latinos 4 × 4). Cada período teve duração de 21 dias. Amostras de sangue foram coletadas, em cada período, no tempo zero (antes da suplementação) e 2, 3 e 6 horas após a suplementação. As concentrações séricas de glicose, proteína, ureia e creatinina foram mensuradas. O fluido ruminal foi coletado em dois dias consecutivos no exp. 1 onde no dia 1 foram coletados líquidos às 0, 6, 12 e 18 horas após a suplementação e 3, 9, 15 e 21 horas no dia 2 para coleta de fluido ruminal. As análises de ácidos graxos de cadeia curta (AGCC) e pH foram utilizadas as amostras nos horários de 0, 6, 12 e 18 horas após a suplementação e do nitrogênio amoniacal (N-NH3) às 0, 3, 6, 9, 12, 15 18 e 21 horas após suplementação. No exp. 2 as coletas ruminais foram em um dia às 0, 6, 12 e 18 horas após a suplementação. As mensurações de pH foram realizadas imediatamente após as coletas. As médias foram comparadas pelo teste-t e as diferenças consideradas a partir do P < 0,05 e tendências foram discutidas quando 0,05 ≤ P ≤ 0,10. No exp. 1 não houve influência dos tratamentos e suas interações sobre o ganho médio diário (GMD) (P > 0,45) e peso corporal e final (P > 0,39). O GMD médio foi de 0,623 kg. O comportamento ingestivo foi influenciado pelos períodos experimentais. O tempo de pastejo foi reduzido em 92 minutos (P < 0,01) no terceiro período comparado aos dois primeiros. Os paramentos ruminais no horário 6 após a suplementação, os valores de pH ruminal foram menores e AGCC total maiores dos animais suplementados no período da tarde (P < 0,03). No exp. 2 não houve xii influência dos tratamentos e suas interações no GMD (P > 0,45) e no peso corporal final (P > 0,22). O GMD em todos os tratamentos foi de 0,921 kg. Animais suplementados com Cinnagar® apresentaram concentração sérica de nitrogênio ureico no sangue 22% maior em relação aos animais não suplementados (P = 0,03). A maior concentração de glicose de 3,69 mmol/L foi observada nos tratamentos com SoyPass® e presença de óleo essencial (Cinnagar®), sendo que o farelo de soja apresentou concentração intermediaria entre os tratamentos (P < 0,01). A suplementação com fontes de NNP e diferentes horários de suplementação no período seco e fontes de proteína verdadeira e óleo essencial nas águas não afetam os desempenhos de bovinos Nelore em pastagens. Porém os paramentos sanguíneos e ruminais são alterados. Palavras-chave: comportamento ingestivo, nitrogênio amoniacal, proteína, suplementação xiii STRATEGIES FOR INCREASING THE EFFICIENCY OF NITROGEN USE IN THE GROWING NELLORE CATTLE IN PASTURE ABSTRACT - Two experiments were conducted to evaluate nutritional and management strategies to improve the nitrogen efficiency utilization and consequently to increase the performance of supplemented cattle in pasture. The experiments were conducted at APTA - Colina / SP experimental station. The treatments were arranged in a 2 × 2 factorial scheme for the performance and ingestive behavior evaluations in experiment 1 (Exp. 1) and performance in experiment 2 (Exp. 2). Exp. 1 (dry season): two sources of non-protein nitrogen (urea and encapsulated urea [Optigen®] and two supplementation hours [7:00 a.m. and 1:00 p.m.]) and Exp. 2 (rainy season): soybean meal or soybean meal treated [Soypass BR®] with or without plant extract (Cinnagar®). The experiments were carried out in 20 paddocks of Brachiaria brizantha cv. Marandu of 3 hectares with 6 animals each one. The experiment lasted 98 days, 14 days of adaptation, and three periods of 28 days. The animals were weighed with fasting of solids and liquids for 16 hours every 28 days. The Exp. 2 lasted 133 days, 21 days of adaptation and four periods of 28 days. In Exp. 1 the ingestive behavior was: grazing time and daytime trough (6:00 a.m. to 5:50 p.m.), at night (6:00 p.m. to 5:50 a.m.) and total. The instantaneous observations were performed by trained people during 24 hours with frequency interval of 10 minutes, corresponding to a collection of ingestive behavior per experimental period. Ruminal and blood parameters were evaluated in 12 rumen cannulated animals. Four paddocks were used, three simultaneous Latin squares 4 × 4. Each period had a duration of 21 days where, from day 1 to 10, the animals were adapted to the treatments. Blood samples were collected in each period at time zero (before supplementation) and 2, 3 and 6 hours after supplementation. Glucose, protein, urea and creatinine concentrations were measured in the blood. The ruminal fluid was collected on two consecutive days for Exp. 1 where on day 1, liquids were collected at 0, 6, 12 and 18 hours after supplementation and 3, 9, 15 and 21 hours at day 2. Volatilly fatty acid (VFA) and pH analyzes were used only at the time of 0, 6, 12 and 18 hours after supplementation and for ammoniacal nitrogen (N-NH3) at 0, 3, 6, 9, 12, 15 and 21 hours after supplementation. In Exp. 2, ruminal collections were only in one day, at 0, 6, 12 and 18 hours after supplementation. The pH measurements were performed immediately after collection. The average were compared by the t-test and the differences considered from the P < 0.05 and trends were discussed when 0.05 ≥ P ≤ 0.10. In the Exp. 1, there is not interaction among factors for average daily gain (ADG) and body weight (BW). The factors did not influence ADG (P > 0.45) and initial and final body weight (P > 0.39). The ADG was 0.623 kg. Ingestive behavior was influenced only by the experimental periods. The grazing time was reduced in 92 minutes (P < 0.01) in the third period compared to the first and second one. For ruminal parameters, at time 6 after supplementation, ruminal pH values were lower and total VFA greater than supplemented animals at 1:00 p.m. (P < 0.03). There was effect of Optigen® supplementation in isovalerate concentrations and it was possible to observe trends for valerate concentration superiority (P = 0.02 and P = 0.07, respectively). In Exp. 2, there was no influence of factors and their interactions on ADG (P > 0.45) and final body weight (P > 0.22). The ADG for all treatments was 0.921 kg. Animals xiv supplemented with Cinnagar® showed 22% greater urea nitrogen concentration in blood compared to non-supplemented animals (P = 0.03). The highest concentration of glucose of 3.69 mmol/L was observed in the treatments with SoyPass® and presence of essential oil (Cinnagar®), and the soybean meal showed intermediate concentration between the treatments (P < 0.01). Supplementation with NNP sources and different times of dry season supplementation and sources of true protein and essential oil in the waters do not affect Nellore cattle performance in pastures. However, blood and ruminal parameters affect. Keywords: ingestive behavior, protein, ruminal ammonia nitrogen, soybean, supplementation 1 CAPÍTULO 1: CONSIDERAÇÕES GERAIS 1. INTRODUÇÃO GERAL A quantidade e qualidade das forrageiras consumidas pelos bovinos em pastejo sofrem alterações ao longo do ano. Regiões de clima tropical se caracterizam pela distribuição desuniforme das chuvas, resultando em alterações na oferta e na qualidade de forragem nas pastagens. Dessa forma, existe uma ampla variabilidade na composição química das gramíneas tropicais durante o ano, e como consequência, oscilações no desempenho dos animais (Roth et al., 2013). Uma das formas de se complementar o eventual déficit de proteína e energia que os pastos apresentam durante algumas fases do ano é por intermédio da suplementação (Reis et al., 1997; Moretti et al., 2013; Roth et al., 2013; Poppi et al., 2018). Quando são suplementados, o desempenho de animais em pastejo podem ser alterados por vários fatores, pois existem efeitos associativos (substitutivo, aditivo e combinado) entre a quantidade e tipo do suplemento e o consumo de pasto. Segundo Moore (1980), o efeito substitutivo ocorre quando há manutenção do nível de consumo de energia digestível devido ao aumento do consumo de suplemento, mas em contrapartida ocorre decréscimo na ingestão de pasto; o efeito aditivo está relacionado ao aumento do consumo de energia digestível através da elevação do consumo de concentrado, sem diminuir o consumo de forragem; e por fim, o efeito combinado é observado quando existe aumento do consumo de energia digestível devido ao suplemento, mas também ocorre diminuição na ingestão de pasto, de maneira menos acentuada do que aquela observada no efeito substitutivo. Na suplementação à pasto, o objetivo é a otimização do consumo de pasto, por meio do aumento na taxa de degradação da fibra. Depois da identificação e correção dos nutrientes do pasto em menor concentração, a introdução de recursos suplementares poderá ser feita, visando suprir diretamente as exigências dos bovinos (Detmann et al., 2010). Muitas vezes, os animais na fase de recria são negligenciados e é nesta fase que ocorre maior deposição de tecido muscular. À medida que a idade do animal aumenta, a deposição de tecidos é alterada. A deposição de tecido adiposo é menos eficiente 2 por unidade de massa do que a de tecido muscular (Owens et al., 1995). Com a mesma quantidade de energia disponível (10 kcal), ocorre deposição de 4 vezes mais tecido muscular (2,8 g) do que adiposo (0,7 g). A síntese de tecido muscular carreia água, o que promove maior aumento em unidade de massa em relação ao tecido adiposo. O ganho de peso dos animais na recria é muito importante, pois isto refletirá no peso corporal (PC) inicial da fase de terminação. Roth et al. (2013) verificaram maiores PC iniciais na terminação em bovinos que tiveram maior nível nutricional na recria. Casagrande et al. (2013) também verificaram PC inicial maior na terminação em animais que na recria receberam suplemento quando comparados ao uso de apenas sal mineral. De acordo com estes autores, o maior ganho de peso refletiu em melhorias nas características de carcaça, principalmente na área de olho de lombo, medida por meio da ultrassonografia, ao final da recria. A suplementação proteica é uma estratégia que permite corrigir dietas desbalanceadas, melhorando o ganho de peso, e por consequência diminuindo os ciclos produtivos da pecuária de corte (Peruchena, 1999, Casagrande et al., 2013, Roth et al., 2013). O suprimento de quantidades adequadas de proteína degradada no rúmen (PDR) e proteína não degradada no rúmen (PNDR) é necessário para atender a demanda de nitrogênio para a síntese de proteína microbiana e a exigência do animal de proteína metabolizável. Proteína metabolizável é a proteína digerida e absorvida no intestino, tendo origem na PNDR oriunda dos alimentos, na proteína microbiana e na proteína endógena que chega ao intestino (NRC, 2000). No sistema de produção, muitas vezes, a utilização de proteína da dieta é o fator limitante do desempenho em bovinos de corte, sendo assim a sua utilização deve ser de forma eficiente, pois a proteína constitui um nutriente de alto custo nas dietas (Amaral et al., 2018). A utilização de forma eficiente da suplementação proteica, além de benefícios no desempenho do animal e consequentemente melhoria no ciclo de produção, pode também diminuir os impactos negativos no meio ambiente. A ureia utilizada como fonte de nitrogênio não proteico (NNP) no rúmen são rapidamente hidrolisadas por ureases microbianas, ocasionando a sua rápida liberação de amônia (N-NH3) (Kozloski, 2011). As principais fontes de nitrogênio para os microrganismos do rúmen sintetizarem proteína microbiana são a amônia e peptídeos liberados no 3 rúmen. A eficiência dos microrganismos ruminais em utilizar o N-NH3 depende, entre outros fatores, da disponibilidade de energia no rúmen (Santos e Pedroso, 2011). Quando a degradação da proteína excede a taxa de assimilação dos aminoácidos e da amônia ocorre aumento na concentração de amônia no rúmen (Kozloski, 2011; Batista et al., 2017). A amônia então pode ser removida do ambiente ruminal, principalmente via difusão, podendo posteriormente retornar ao rúmen (reciclagem) ou ser perdida como ureia através da urina, fezes e leite (Russel et al., 1992). Portanto, em situações em que não ocorre sincronismo ruminal entre a liberação de N-NH3 e a disponibilidade de energia ocorre uso ineficiente do nitrogênio. Nos últimos anos, ocorreu um aumento na busca por fontes de ureia de liberação controlada no rúmen que mantenham os níveis de nitrogênio ruminal constantes durante o dia. O uso destas fontes pode ser uma forma de aumentar o sincronismo das taxas de degradação de carboidratos e proteínas para maximizar a eficiência microbiana. O objetivo desse produto é reduzir a solubilidade no rúmen e permitir a liberação controlada do nitrogênio ao longo do dia (Harrison et al., 2006; Carareto, 2007; Simeone et al., 2009). Outra forma de tentar aumentar o sincronismo na utilização de N-NH3 e energia pelos microrganismos é o horário de fornecimento da suplementação aos animais. Devido às variações diurnas no ambiente ruminal provocada pelo padrão de pastejo dos animais, o horário de suplementação pode ser usado de forma estratégica, onde ocorra um maior sincronismo entre a taxa de liberação de energia através da fermentação do pasto e a de disponibilidade de amônia no rúmen. Quando as concentrações de proteína não são limitantes na dieta, deve-se minimizar relativamente sua degradação ruminal e parte da proteína vai ser digerida no intestino delgado (PNDR), assim evitando possíveis perdas de aminoácidos no rúmen, decorrentes da fermentação microbiana. Para isso, procura-se fornecer alimentos com PNDR elevado (Atkinson et al. 2007; Mezzomo et al., 2016). A suplementação com PNDR aumenta diretamente o suprimento de proteína metabolizável, possibilitando melhorias no desempenho (Poppi e Mclennan, 1995). Para aumentar a disponibilidade de PNDR uma forma seria proteger parte da proteína dietética para que não ocorra degradação ruminal (Mezzomo et al., 2016; Malacco, 2016; França, 2017). Outra forma seria uso de aditivos suplementares e óleo 4 essencial que são compostos secundários de plantas, no qual tem ação antimicrobiana, reduzindo a desaminação no rúmen, (Van Soest, 1994). 1.1. Metabolismo de proteína em ruminantes Em animais ruminantes, as proteínas da dieta são compostas por uma fração degradável no rúmen e uma fração não degradável no rúmen. No rúmen, as proteínas são hidrolisadas a peptídeos e aminoácidos pela protease microbiana ruminal, possibilitando estes últimos ser incorporados pela microbiota para síntese de proteína microbiana, ou então desaminados, dando origem ao nitrogênio amoniacal (Mcdonald, 1995). Já a ureia é um composto nitrogenado de origem não proteica que pode ser incorporada na dieta de ruminantes, mas que também chega ao rúmen por reciclagem via saliva ou diretamente do sangue via transpitelial. Este composto é solubilizado e degradado pela urease microbiana à nitrogênio amoniacal (Kozloski, 2011; Mcdonald, 1995). Sistemas multienzimáticos associados à membrana celular bacteriana fazem a degradação das proteínas no rúmen. Inicialmente as proteínas são hidrolisadas em oligopeptídeos, que são hidrolisados por aminopeptidases, liberando dipeptídeos e estes, por sua vez, são hidrolisadas por dipeptidases liberando os aminoácidos (Kozloski, 201, Bartley et al., 1976). Após a degradação extracelular, os peptídeos e aminoácidos resultantes são prontamente captados pelas células bacterianas ruminais, de modo que suas concentrações no fluido ruminal normalmente são muito baixas (McDonald, 1995). Os aminoácidos são desaminados, liberando amônia e α- cetoácidos, ou utilizados pelas bactérias para a síntese de suas proteínas. Os α- cetoácidos, por sua vez, são utilizados como fonte de energia e convertidos em ácidos graxos de cadeia curta (Kozloski, 2011). Os produtos da degradação formados no rúmen, em particular a amônia, são usados por microrganismos na presença de fontes de energia (carboidratos) para a síntese de proteína e outros constituintes celulares dos microrganismos, como ácidos nucléicos (Kozloski, 2011). A amônia também pode ser absorvida na corrente sanguínea e transformada em ureia no fígado, sendo excretada em maior parte na urina, ou então pode retornar ao rúmen pela reciclagem na saliva ou até mesmo pela 5 corrente sanguínea (Kozloski, 2011, Batista et al., 2017). Há uma forte correlação entre o nível de proteína degradada proveniente da dieta e a síntese de proteína microbiana (Hoover e Stokes, 1991). A proteína microbiana pode suprir de 50 a 100% das exigências de proteína metabolizável para bovinos de corte, sendo considerada fonte de qualidade, devido a sua alta digestibilidade, em torno de 80%, e ao seu perfil em aminoácidos (NRC, 2000). A concentração de amônia no rúmen é importante para o adequado funcionamento deste ecossistema, verificando-se na literatura, a concentração é bem variável, Valadares Filho e Pina (2011) definiram 10 mg/dL de conteúdo ruminal e Detmann et al. (2009) de 8 mg/dL para degradação da fibra no rúmen, contudo esses não devem ser considerados como um número fixo, porque a capacidade das bactérias sintetizarem proteína e a utilização de amônia depende da taxa de fermentação de carboidratos (Van Soest, 1994). A absorção da amônia está diretamente relacionada com a sua concentração no rúmen e aumenta com o aumento do pH do fluido ruminal, com isso a sua absorção ocorre por difusão passiva da sua forma dissociada (Kozloski, 2011, Fernandez et al., 1990). Os compostos nitrogenados que chegam ao abomaso e intestino delgado são de origem das proteínas não degradadas no rúmen, compostos nitrogenados microbianos, onde destes em torno de 80% são representados por proteína verdadeira e o restante bases nitrogenadas. Também em torno de 5% de nitrogênio amoniacal e nitrogênio de origem endógena (Kozloski, 2011). 1.2. Estratégia de suplementação proteica no período da seca No período seco do ano, as forragens tropicais são caracterizadas pela baixa qualidade nutricional, com aumento na lignificação, queda na digestibilidade da fibra e baixo teor de proteína bruta (Reis et al., 1997; Detmann et al., 2004, Roth et al., 2013). A proteína normalmente se encontra em concentrações inferiores à necessidade dos microrganismos ruminais, para que estes apresentem plena capacidade de degradação dos carboidratos fibrosos (Paulino et al., 2008; Lazzarini et al., 2009; Sampaio et al., 2009) para utilização ótima do pasto. 6 Sendo assim, a suplementação na época seca deve ser capaz de minimizar as deficiências de compostos nitrogenados, que pode implicar em deficiência tanto para o animal como deficiência de precursores nitrogenados para crescimento de microrganismos responsáveis pela extração de energia oriunda da fibra da forragem de baixa qualidade (Detmann et al., 2009). Bactérias celulolíticas usam praticamente nitrogênio amoniacal como fonte de nitrogênio e sua capacidade fermentativa é consideravelmente menor na ausência de N-NH3, uma vez que sua capacidade de usar nitrogênio na forma de aminoácidos e peptídeos é bastante reduzida (Kozloski, 2011, Russel et al.,1992). As bactérias amilolíticas crescem mais rapidamente utilizando cerca de 60% de peptídeos e aminoácidos e 34 de nitrogênio amoniacal como fontes de nitrogênio para seu crescimento (Russell et al., 1992). Além disso, as bactérias que degradam amido, pectina ou açúcares são capazes de continuar a degradação do substrato mesmo quando o nitrogênio é limitante (Tedeschi et al., 2000). Para esses autores, as bactérias que degradam fibra não são capazes de degradar substrato quando o nitrogênio é limitante. A ureia é tradicionalmente uma das principais fontes de NNP fornecida em suplementos para ruminantes em pastejo. Apresenta teor médio de nitrogênio variando de 42 a 46,7%, equivalente a 262 a 292% de proteína bruta (PB), sendo formada, na sua totalidade, por NNP; é extremamente solúvel em água e no rúmen, sendo rapidamente degradada a amônia (Russell et al., 1992). A amônia no rúmen também pode ser oriunda da hidrólise da ureia sanguínea e salivar e por desaminação de aminoácidos no interior das células microbianas (Wallace, 1996). Para uma ótima atividade microbiana, a eficiência de digestão dos alimentos no rúmen e a capacidade de transformação dos nutrientes em proteína de alta qualidade ocorrem em função da disponibilidade conjunta de energia e nitrogênio no rúmen (Russell et al., 1992; Firkins, 1996). Os microrganismos são dependentes do ATP (adenosina tri fosfato), que é a energia proveniente da fermentação dos carboidratos, para que ocorra a biossíntese de proteína microbiana. Peptídeos e aminoácidos também podem ser utilizados como fontes de energia pelos microrganismos no rúmen em situações de escassez de energia oriunda de carboidratos ou excesso de proteína, assim ocorrendo acúmulo de nitrogênio 7 amoniacal no meio (Russell et al., 1992). Porém, a associação entre a composição química e o potencial de degradação dos alimentos determina a eficiência de crescimento microbiano e produção de ácidos graxos de cadeia curta, principais fontes de proteína e energia para bovinos, respectivamente (Church, 1990). Sendo assim, a concentração de N-NH3 é dependente da degradabilidade da fonte proteica, disponibilidade de carboidratos e do equilíbrio entre sua produção e utilização pelos microrganismos (Satter e Slyter, 1974; Nocek e Russell, 1988). Quando não há um sincronismo na degradação de proteína e energia, a produção microbiana será reduzida e a degradação do alimento diminuirá (Russell et al., 1992). Quando não utilizado, o excesso de amônia no rúmen pode passar rapidamente para o sangue por difusão e alcançar o fígado. A sobrecarga de N- amoniacal no fígado ocasiona um gasto maior de energia para produção da ureia, elevando os níveis de nitrogênio ureico no plasma sanguíneo, na saliva e na urina (Newbold e Rust, 1992; Baker et al., 1995; Gabarra, 2001). Este processo metabólico é indesejável, pois exige o uso de energia que poderia ser utilizada para a produção microbiana, uma vez que a síntese de uma molécula de ureia apresenta balanço negativo de um ATP. Diante do exposto, têm pontos a serem considerados quanto à suplementação de proteína na época da seca. O fornecimento de suplemento com ureia para bovinos em pastagens no período seco do ano tem um agravante, pois o pico de liberação de amônia no rúmen ocorre cerca de 1 a 2 horas após sua ingestão, mas, nessa época, as pastagens apresentam valores elevados de carboidratos fibrosos que apresentam taxa de degradação ruminal inferior a 10%/h e baixo conteúdo de carboidratos de rápida degradação (Santos e Pedroso 2011). Consequentemente, a síntese de proteína microbiana e o aproveitamento do nitrogênio amoniacal tornam-se comprometidos, devido à baixa disponibilidade de esqueletos de carbono em sincronia com a degradação da proteína no rúmen (Van Soest, 1994). Uma alternativa nesse caso seria a utilização de ureia de liberação controlada, pois o nitrogênio possui liberação mais lenta no rúmen, assegurando uma utilização mais efetiva (Tedeschi et al., 2002). Este mecanismo pode melhorar o desempenho animal, possibilitando melhorar o sincronismo de nutrientes no rúmen (Marchesin et al., 2006) e, consequentemente, o ganho destes animais. Castañeda-Serrano et al. (2013), 8 avaliando o uso de ureia de liberação controlada em substituição à ureia convencional na dieta de bovinos de corte, observaram melhora no fluxo omasal da matéria seca, matéria orgânica, proteína e digestibilidade ruminal aparente da FDN, sem efeito no consumo e digestibilidade total de nutrientes e síntese de proteína microbiana. Segundo Akay et al. (2004), a ureia de liberação controlada confere tempo de degradação da ureia de até 16 h, sendo a sua solubilização lenta e constante. Os autores avaliaram a utilização in situ do nitrogênio da ureia de liberação controlada comparando com a ureia comum e com a soja em grãos. A degradação in situ da ureia de liberação controlada seguiu padrão mais semelhante ao da soja do que ao da ureia. A ureia de liberação controlada teve velocidade intermediária de utilização durante as primeiras 16 h de fermentação ruminal, seguida de velocidade mais lenta de utilização de 16 a 30 h. Esse padrão de utilização em duas fases assemelhou-se ao observado para a soja. Ureia de liberação controlada diminuiu a concentração ruminal de amônia e não alterou as concentrações ruminais de ácidos graxos de cadeia curta em bovinos de corte comparados com os do grupo controle (8,9 vs. 14,1 mM respectivamente), quando receberam dietas contendo 85% de silagem de milho e diferentes fontes de NNP (Taylor-Edwards et al., 2008). 1.3. Estratégias de suplementação proteica no período das águas No período das águas, a forragem Brachiaria brizantha cv. Marandu apresenta alta produtividade e valor nutritivo, apresentando teores de proteína bruta variando entre 9% a 14% (Gerdes et al., 2000; Moretti et al., 2013, Barbero et al., 2017; Costa et al., 2018) na base da matéria seca. Nessa condição, os microrganismos ruminais podem apresentar plena capacidade de degradação dos substratos fibrosos da forragem basal (Sampaio et al., 2009). Sendo assim, uma estratégia seria o fornecimento de fontes de PNDR, com o objetivo de aumento diretamente no suprimento de proteína metabolizável, possibilitando melhorias no desempenho dos animais (Poppi e Mclennan, 1995). A suplementação com proteína de baixa degradação ruminal permite a absorção de aminoácidos no intestino (Mezzomo et al., 2016), resultando em efeito 9 positivo sobre o desempenho animal. Contudo, o conhecimento dos efeitos do aumento no suprimento de PNDR e a retenção de nitrogênio no organismo animal ainda são escassos em condições tropicais. Entretanto, a eficiência de uso da proteína metabolizável para ganho pode variar em função do peso corporal e do grupo genético dos animais, do perfil de aminoácidos da proteína metabolizável, entre outros fatores (Valadares Filho et al., 2016). O aumento na disponibilidade de compostos nitrogenados via suplementação de PNDR pode acarretar em melhor equilíbrio na utilização metabólica dos compostos nitrogenados, ampliando a proporção dos que são utilizados para fins anabólicos. Detmann et al. (2014) indicaram que, quando ocorre aumento do suprimento de compostos nitrogenados via suplementação, observa-se aumento no anabolismo muscular e redução do catabolismo de proteínas miofibrilares, sem necessariamente estar associado a alterações na produção microbiana. 1.4. Horário de suplementação e comportamento ingestivo de bovinos em pastejo A composição da dieta, a quantidade e a frequência com que é oferecida, podem acarretar em mudanças comportamentais em relação às outras atividades que os animais desenvolvem dentro do piquete, sendo o tempo de pastejo uma das mais importantes (Krysl e Hess, 1993). Trabalhos mostram redução do tempo total de pastejo quando os animais recebem suplementação variando de 0,3 a 1,5% do PC (Adams, 1985; Krysl e Hess, 1993; Pardo, 2003). Bovinos possuem dois horários de pico de pastejo, um no início da manhã e outro no final da tarde, onde as temperaturas normalmente são mais amenas (Roth et al., 2013). Os animais possuem variações diurnas no ambiente ruminal, provocada pelo padrão de pastejo (Cosgrov 1997), devido a esse comportamento, a eficácia dos suplementos pode ser influenciada pela hora da suplementação pelo de efeitos sobre a digestão da fibra e outras variáveis associadas com a fermentação ruminal. Sendo assim, o horário do fornecimento dos suplementos pode trazer benefícios ao consumo de forragem, reduzindo o impacto no tempo de pastejo desde que não afete o consumo de pasto e, consequentemente, na eficiência de utilização da fibra. O 10 fornecimento de suplementos no início da manhã, onde ocorre o primeiro pico de pastejo pode proporcionar maior efeito de substituição, reduzindo o consumo de pasto (Adams, 1985). Barton et al. (1992) mostraram que animais suplementados com fonte de proteína (farelo de algodão), 0,25% do peso corporal, em horários de 6 e 12 horas, diminuíram 1,5 horas no pastejo em relação aos não suplementados. Porém, os animais não suplementados perderam peso nas estações de baixa disponibilidade de forragem. Brandyberry et al. (1991) observaram que os animais gastam mais tempo pastejando no meio da manhã entre 6:00 e 9:00 horas e no final da tarde entre 15:00 e 18:00 horas. Outro ponto a ser considerado é como esses animais consomem maior quantidade de forragem no início da manhã, o pico de fermentação ocorrerá no início da tarde (8 a 12 horas após a primeira alimentação) (Fernandes et al., 2016). Portanto pressupõe-se que a suplementação no início da tarde, principalmente rica em NNP, deve ser melhor aproveitada pelo animal. Já quando o uso de suplemento no período da manhã é necessário, por motivos de manejo, a ureia de liberação controlada pode ter um efeito positivo na utilização de nitrogênio. Trabalhos publicados utilizando ureia de liberação controlada mostram níveis de amônia mais constantes ao longo do dia (Ferreira et al., 2005; Huntington et al., 2006). Esse mecanismo pode proporcionar melhor sincronismo entre nitrogênio e energia para os microrganismos ruminais na época da seca. 1.5. Aditivos suplementares Na busca por ferramentas que melhorem a eficiência de utilização da dieta e o desempenho animal, os aditivos zootécnicos têm sido utilizados com o objetivo de modificar o padrão fermentativo no rúmen e elevar a eficiência na digestão e absorção dos nutrientes. No Brasil, o Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento define aditivo como substância intencionalmente adicionada ao alimento com a finalidade de conservar, intensificar ou modificar suas propriedades, desde que não prejudique seu valor nutritivo. 11 Os óleos essenciais são aditivos que contém compostos secundários de plantas que conferem proteção contra predadores, além de odor e cor. Os terpenoídes e fenilpropanóides são os principais grupos químicos que compõem óleos essenciais. Alguns dos compostos já estudados são: alicina (alho – Allium sativum), timol (orégano – Origanum vulgare e tomilho – Thymus vulgaris), cinamaldeído (canela- Cinnamomum cassia) (Marina e Medeiros, 2015). Os óleos essenciais têm ação antimicrobiana, reduzindo a desaminação de proteínas no rúmen, onde os produtos peptídeos e aminoácidos gerados pela hidrólise da proteína dietética podem liberar N-NH3 no rúmen, assim como ocorre com a ureia endógena e dietética (Van Soest, 1994). Assim, os óleos essenciais são utilizados com o objetivo de aumentar a disponibilidade de PNDR. Em estudo avaliando óleos essenciais com diferentes concentrações, Busquet et al. (2006) observaram que o composto cinamaldeído, reduziu a concentração de amônia e aumentou a proporção molar de propionato em comparação ao controle. No mesmo ensaio in vitro, óleo de alho aumentou as proporções molares de propionato e butirato e reduziu a proporção molar de acetato, comparado com o controle. A disponibilidade de aminoácidos para absorção intestinal é fundamental para garantir a produtividade dos ruminantes, principalmente na fase de crescimento, onde há uma maior demanda por proteína metabolizável. Contudo, devido às características simbióticas destes animais, a existência de um processo fermentativo ruminal dificulta o aporte intestinal de proteína (Van Soest, 1994). Portanto, a utilização de técnicas que visem o aumento da disponibilidade de aminoácidos a serem absorvidos no intestino, quer seja pela suplementação com uma fonte de PNDR, ou pela alteração do processo de desaminação ruminal, pode ser uma importante ferramenta para aumento da produção de bovinos em pastagens na época das águas. Com isso, objetivou-se com esse trabalho determinar qual a melhor estratégia de manejo que permita aumentar o uso eficiente do nitrogênio em animais recriados em pastagens de Brachiaria brizantha cv. Marandu na estação de seca e águas. 12 3. REFERÊNCIAS Adams DC (1985) Effect of time of supplementation on performance, forage intake and grazing behavior of yearling beef steers grazing Russian wildryegrass in the fall. Journal of Animal Science 61:1037-1042. Akay V, tikofsky J, Holtz C, Dawson ka (2004). Optigen ®1200: controlled release of non-protein nitrogen in the rumen. In: NUTRITIONAL BIOTECHNOLOGY IN THE FEED AND FOOD INDUSTRIES, 21., 2004, Lexington. Proceedings… Lexington: Alltech, 2004. p. 179-185. Atkinson RL, Toone CD, Ludden PA (2007) Effects of supplemental ruminally degradable protein versus increasing amounts of supplemental ruminally undegradable protein on site and extent of digestion and ruminal characteristics in lambs fed low-quality forage. Journal of Animal Science 85:3322–3330. Amaral PM, Mariz LDS, Zanetti D, Prados LF, Marcondes MF, Santos AS, Detmann E, Faciola AP, Valadares Filho SC (2018) Effect of dietary protein content on performance, feed efficiency and carcass traits of feedlot Nellore and Angus×Nellore cross cattle at different growth stages. The Journal of Agricultural Science 156:110 –117. https:// doi.org/10.1017/S0021859617000958. Bartley EE, Davidovich AD, Barr GW, Griffel GW, Dayton AD, Deyoe CW, Bechtle RM (1976) Ammonia toxicity in cattle. I. Rumen and blood changes associated with toxicity and treatment methods. Journal Animal Science, v.43, p.835-841. Barbero RP, Malheiros EB, Nave RLG, Mulliniks JT, Delevatti LM, Koscheck JFW, Romanzini EP, Ferrari AC, Renesto DM, Berchielli TT, Ruggieri AC, Reis RA (2017) Influence of post-weaning management system during the finishing phase on grasslands or feedlot on aiming to improvement of the beef cattle production. Agricultural Systems 153: 23-31. Baker LD, Ferguson JD, Chalupa W (1995) Responses in urea and true protein of milk to different protein feeding schemes for dairy cows. Journal Dairy Science 78:2424- 2434. Batista ED, Detmann E, Valadares Filho SC, Titgemeyer EC, Valadares RFD (2017) The effect of CP concentration in the diet on urea kinetics and microbial usage of recycled urea in cattle: a meta-analysis. Animal 11:8:1303–1311 doi:10.1017/S1751731116002822. 13 Barton RK, Krysl LJ, Judkins MB, Holcombe DW, Broesdefl JT, Guntefl S, Valente A, Beam SW (1992) Time of daily supplementation for steers grazing dormant intermediate wheatgrass pasture. Journal of Animal Science 70:547-558. Brandyberry SD, Cochran RC, Vanzant ES (1991) Influence of supplementation method on forage use and grazing behavior by steers cattle grazing bluestem range. Journal of Animal Science 69:4128:4136. Busquet M, Calsamiglia S, Ferret A, Carro MD, Kamel C (2006) Plant extracts effects in vitro rúmen microbial fermentation. Journal Dairy Science 89:761-771. 2006. Carareto R (2007) Uso de ureia de liberação lenta para vacas alimentadas com silagem de milho ou pastagens de capim Elefante manejadas com intervalos fixos ou variáveis de desfolhas. Piracicaba, SP: Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, 2007. 113p. Dissertação (Mestrado em Ciência Animal e Pastagem) – Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”. Castañeda-Serrano RD, Ferriani-Branco A, Teixeira S, Garcia Diaz T, Diego-Sofiati A (2013) Urea de liberación lenta en dietas para bovinos productores de carne: digestibilidad, síntesis microbiana y cinética ruminal. Agrociencia 47:13-24. Casagrande DC, Azenha MV, Vieira BR, Resende FD, Faria MH, Berchielli TT, Ruggieri AC, Reis RA (2013) Performance and carcass quality of feedlot- or pasture- finished Nellore heifers according to feeding managements in the postweaning phase. Revista Brasileira de Zootecnia 42:899-908. Cosgrov GP (1997) Grazing behaviour and forage intake. In. International Symposium on animal production under grazing. Viçosa-MG. 471 p. Costa JPR, Jesus R, Oliveira IM, Resende FD, Siqueira GR, Malheirs EB (2018) Does virginiamycin supplementation affect the metabolism and performance of Nellore bulls grazing under low and high gain rates? Animal Science Journal 89(10). Church DC (1990) The ruminant animal: digestive physiology and nutrition. Englewood Cliffs: Waveland Press 563 p. Detmann E, Paulino MF, Zervoudakis JT, Cecon PR, Valadares filho SC, Gonçalves LC, Cabral LS, Melo AJN (2004) Níveis de proteína bruta em suplementos múltiplos para terminação de novilhos mestiço em pastejo durante época seca: desempenho produtivo e característica de carcaça. Revista Brasileira de Zootecnia 33:169-180. 14 Detmann E, Paulino MF, Mantovani HC, Valadares Filho SC, Sampaio CB, Souza MA, Lazzarini I, Detmann KSC (2009) Parameterization of ruminal fibre degradation in low- quality tropical forage using Michaelis-Menten kinetics. Livestock Science 126:136- 146. Detmann E, Paulino MF, Valadares Filho SC (2010) Otimização do uso dos recursos forrageiros basais. In: SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO DE GADO DE CORTE, Viçosa. Anais... Viçosa: SIMCORTE p.191-240. Detmann E, Van Soest EEL, Batista ED, Huhtanen P (2014) An evaluation of the performance and efficiency of nitrogen utilization in cattle fed tropical grass pastures with supplementation. Livestock Science 162:141-153. Euclides VBP, Euclides Filho K, Costa FP, Figueiredo GR (2001) Desempenho de novilhos F1s Angus-Nelore em pastagens de Brachiaria decumbens submetidos a diferentes regimes alimentares. Revista Brasileira de Zootecnia 30:470-481. França M (2017) Produção e composição do leite de vacas jersey em pastagem tropical suplementadas com proteína de baixa degradabilidade ruminal. Universidade do Estado de Santa Catarina, 2017. 67p. Dissertação (Mestrado em Ciência Animal) – Universidade do Estado de Santa Catarina. Fernandez JM, Croom WJ, Tate LP, Johnson AD (1990) Subclinical ammonia toxicity in steers: effects on hepatic and portal-drained visceral flux of metabolites and regulatory hormones. Journal Animal Science, v.68, p.1726-1742. Ferreira RN, Oliveira ER, Orsine GJ, Paula AA, Oliveira LG, Bittencourt AR, Souza SN (2005) Liberação de nitrogêno amoniacal no rúmen com o uso de ureia encapsulada com polímero (Optigen® 1200 Alltec). In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA. Anais... Goiânia: SBZ. Fernandez M, Serrano E, Frutos P, Giraldez FJ, Mantecon AR, Llach JR (1997) Efeito do suplemento Crina HC sobre a atividade degradativa ruminal em ovinos. Inf. Tech. Econ. Agraria 18:160-162. Fernandes RM, Almeida CM, Carvalho BC, Alves Neto JA, Mota VAC, Resende FD, Siqueira GR (2016) Effect of supplementation of beef cattle with different protein levels and degradation rates during transition from the dry to rainy season. Tropical Animal Health 48:95-101. 15 Firkins JL (1996) Maximizing microbial protein syntesis in the rumen. Journal of Nutrition 126:1347-1354. Gerdes L, Werner JC, Colozza MT, Carvalho DD, Schammass EA (2000) Avaliação de características agronômicas e morfológicas das gramíneas forrageiras Marandu, Setária e Tanzânia aos 35 dias de crescimento nas estações do ano. Revista Brasileira de Zootecnia 29:947-954. Gabarra PR (2001) Digestibilidade de nutrientes e parâmetros ruminais e sanguíneos de novilhos Nelore alimentados com fontes protéicas e energéticas com diferentes degradabilidade ruminais 109 p. Dissertação (Mestrado Agronomia) – Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”. Universidade de São Paulo, Piracicaba, SP. Hoover WH, Stokes SR (1991). Various factors affecting microbial protein synthesis in the rumen. Journal of Dairy Science 74:3630-3645. Harrison GA, Tricarico JM, Dawson KA (2006) Effects of urea and Optigen® II on ruminal fermentation and microbial protein synthesis in rumen- simulating cultures. In: NUTRITIONAL BIOTCHNOLOGY IN THE FEED AND FOOD INDUSTRIES, 22., 2006, Lexington. Proceedings… Lexington: Alltech, 2006. 1 CD-ROM. Huntington GB, Harmon DL, Kristensen NB, Hanson KC, Spears JW (2006) Effects of a slow-release urea source on absorption of ammonia and endogenous production of urea by cattle. Animal Feed Science and Technology 130:225-241. Krysl LJ, Hess BW (1993) Influence of supplementation on behavior of grazing cattle. Journal of Animal Science 71:2546-2555. Kozloski GV (2011) Bioquímica dos ruminantes. 3ª ed. Revista e ampliada. Santa Maria: Editora da UFSM. LazzarinI I, Detmann E, Sampaio CB, Paulino MF, Valadares Filho SC, Souza MA, Oliveira FA (2009) Intake and digestibility in cattle fed low quality tropical forage and supplemented with nitrogenous compounds. Revista Brasileira de Zootecnia 38:2021-2030. Malacco VMR (2016) Substituição parcial do farelo de soja por farelo de soja tratado com amino resina na dieta de vacas F1 Holandês x Gir manejadas em pastejo rotacionado. Universidade Federal de Minas Gerais. 56p. Dissertação (Mestrado em Produção Animal) – Escola de Veterinária da Universidade Federal de Minas. 16 Marino CT, Medeiros SR (2015) Aditivos alimentares na nutrição de bovinos de corte IN: Nutrição de bovinos de corte: fundamentos e aplicações. Medeiros, SR, Gomes, RCG, Bungenstab DJ. -- Brasília, DF: Embrapa, 2015. 176 p. Moore JE (1980) Forage Crops. In: Hoveland, C.S. (ed.). Crop Quality, Storage, and Utilization. Crop Science Society of America. Madison, Wisconsin. 1980. Marchesin WA, Herling VR, Luz PHC, Manella M, Freitas EC, Schalch Jr FJ, Ferreira PEB (2006) Níveis da substituição da ureia de suplementos proteicos por ureia de liberação encapsulada na recria de machos da raça Nelore. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA João Pessoa. Anais... João Pessoa: SBZ, 43. Mezzomo R, Paulino PVP, Barbosa MM, Martins TS, Paulino MF, Alves KS, Gomes DI, Monnera JIS (2016) Performance and carcass characteristics of young cattle fed with soybean meal treated with tannins. Animal Science Journal 87:743-854. Moretti MH, Resende FD, Siqueira GR, Roth APTP, Custodio L, Roth MTP, Campos WC, Ferreira LH (2013) Performance of Nellore young bulls on Marandu grass pasture with protein supplementation. Revista Brasileira de Zootecnia 42:438-446. McDonald Edwards RA, Greenhalgh JFD, Morgan CA, Sinclair LA, Wilkinson RG (1995) Animal Nutrition. 5th ed. Longman Scientific and Technical: New York. 1995. 607p. National Research Council – NRC (2000) Nutrient requirements of beef cattle 7.rev.ed. Washington, D.C.: National Academic Press, 242p. Nocek JE, Russell JB (1988) Protein and energy as an integrated system. Relationship of ruminal protein and carbohydrate availability to microbial synthesis and milk production. Journal of Dairy Science 71:2070-2107. Newbold JR, Rust SR (1992) Effects of a synchronous nitrogen and energy supply on growth of ruminal bacteria in batch culture. Journal. Animal Science 70:538-546. Owens FN, Gill DR, Secrist DS, Colema SW (1995) Review of some aspects of growth and development of feedlot cattle Journal of Animal Science 73:3152. Pardo RMP, Fischer V, Balbinotti M, Moreno CB, Ferreira EX, Vinhas RI, Monks PL, (2003) Comportamento Ingestivo Diurno de Novilhos em Pastejo Submetidos a Níveis 17 Crescentes de Suplementação Energética. Revista Brasileira Zootecnia 32:1408- 1418. Peruchena CA (1999) Suplementación de bovinos para carne sobre pasturas tropicales, aspectos nutricionales, productivos y econômicos In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA999, Porto Alegre. Anais... São Paulo: Sociedade Brasileira de Zootecnia/Gmosis. Nutrição de Ruminantes, 1999. Poppi DP, Mclennan SR (1995) Protein and energy utilization by ruminants t pasture. Journal of Animal Science 73:278-290. Poppi DP, Quigley SP, Correa TA, Mclennan SR (2018) Challenges of beef cattle production from tropical pastures. Revista Brasileira de Zootecnia 47:e20160419. Paulino MF, Detmann E, Valente EEL, Barros LV (2008) Nutrição de bovinos em pastejo. In: SIMPÓSIO SOBRE MANEJO ESTRATÉGICO DA PASTAGEM Anais... Viçosa: DZO-UFV p.131-169. Reis RA, Rodrigues LRA, Pereira JRA (1997) Suplementação como estratégia para o manejo das pastagens. In: SIMPÓSIO SOBRE MANEJO DAS PASTAGENS Anais... Piracicaba: Piracicaba, FEALQ, p123-150. Roth MTP, Resende FD, Siqueira GR, Fernandes RM, Custodio L, Roth APTP, Moretti, MH, Campos WC (2013) Supplementation of Nellore young bulls on Marandu grass pastures in the dry period of the year. Revista Brasileira de Zootecnia 42:447-455. Russell JB, O’Connor JD, Fox DG, Van Soeste PJ, Sniffen CJA (1992) A net carbohydrate and protein system for evaluating cattle diets. I. Ruminal fermentation. Journal of Animal Science 70:3551-3561. Simeone A, Beretta V, Elizalde JC, Sabbia J (2009) Sustitución de la harina de girasol por Optigen® en dietas de alto concentrado en feedlot: respuesta de terneros y novillos. 25th International Symposium of Science and Technology in the Feed Industry. 2009. Sampaio CB, Detmann E, Lazzarini I, Souza MA, Paulino MF, Valadares Filho SC (2009) Rúmen dynamics of neutral detergent fiber in cattle fed low-quality tropical forage and supplemented with nitrogenous compounds. Revista Brasileira Zootecnia 38:560-569. 18 Santos FAP, Pedroso AM (2011) Metabolismo de proteínas. In: Berchielli, T.T; Pires, A.V; Oliveira, S.G. Nutrição de Ruminantes. Jaboticabal: FUNEP, ed 2, p.265- 292. Satter LD, Slyter LL (1974) Effect of ammonia concentration on rúmen microbial protein production “in vitro”. British Journal of Nutrition 32:199. Taylor-Edwards CC, Hibbard G, Kitts SE, McLeod KR, Axe DE, Vanzant ES, Kristensen NB, Harmon DL (2008) Effects of slow-release urea on ruminal digesta characteristics and growth performance in beef steers. Journal of Animal Science: 87:200-208. Tedeschi LO, Baker MJ, Ketchen DJ, Fox DG (2002) Performance of growing and finishing cattle supplemented with a slow-release urea product and urea. Canadian Journal of Animal Science 82:567-573. Valadares Filho SC, Pina DS (2011) Fermentação Ruminal. In: Berchielli, T.T; Pires, A.V; Oliveira, S.G. Nutrição de Ruminantes. Jaboticabal: FUNEP, ed 2, p.161- 189. Valadares Filho SC, Costa e Silva LF, Gionbelli MP, Rotta PP, Marcondes MI, Chizzotti ML, Prados LF (2016) Exigências Nutricionais de Zebuinos Puros e Cruzados BR- CORTE. 3nd. ed. Viçosa: DZO-UFV, 327p. Van Soest PJ (1994) Nutritional ecology of the ruminant. ed., New York: Cornell University Press, 476p. Wallace RJ (1996) Rumen microbial metabolism of peptides and amino acids. Journal of Nutrition 126:1326S-1334S. 19 CAPÍTULO 2: COMPORTAMENTO INGESTIVO, DESEMPENHO E METABOLISMO DE TOURINHOS NELORE RECRIADOS EM PASTO, SUPLEMENTADOS COM FONTES DE NITROGÊNIO NÃO PROTEICO DURANTE A ESTAÇÃO SECA EM DIFERENTES HORÁRIOS DE SUPLEMENTAÇÃO RESUMO - O objetivo nesse estudo foi avaliar o efeito da suplementação com diferentes fontes de nitrogênio não proteico em diferentes horários de suplementação sob desempenho, comportamento ingestivo e metabolismo de bovinos Nelore, recriados, durante a fase de seca. Foram utilizados 120 tourinhos, peso corporal (PC) inicial de 206 ± 39 kg e 12 meses de idade no experimento de desempenho e comportamento ingestivo e 12 animais canulados no rúmen com peso médio de 509 ± 59 no experimento de metabolismo. A área experimental foi constituída de 20 piquetes, com 3 ha cada de Brachiaria brizantha cv. Marandu com 6 animais cada no experimento de desempenho e comportamento ingestivo. A duração foi de 98 dias, sendo 14 dias de adaptação e três períodos de 28 dias. O delineamento foi em blocos casualizados em esquema fatorial 2 × 2 sendo os fatores, fonte de nitrogênio não proteico (ureia e ureia de liberação controlada [Optigen®]) e horário de suplementação (manhã [7:00 h] e tarde [13:00 h]). O suplemento foi proteico energético 4 g/kg PC. As variáveis avaliadas no comportamento ingestivo foram executadas por pessoas treinadas durante 24 horas com intervalo de frequência de 10 minutos, correspondendo a uma avaliação de comportamento ingestivo por período experimental. Os animais foram pesados em jejum de 16 horas de sólidos e líquidos a cada 28 dias para mensuração do desempenho. Para as avaliações de metabolismo foram utilizadas 12 animais canulados no rúmen sendo três quadrados latinos simultâneos (3 quadrados latinos 4 × 4). Cada período teve duração de 21 dias onde a adaptação ocorreu do 1º ao 10º dia. Amostras de sangue foram coletadas, em cada período, no tempo zero (antes da suplementação) e 2, 3 e 6 horas após a suplementação. As concentrações séricas de glicose, proteína, ureia e creatinina foram mensuradas. O fluido ruminal foi coletado em dois dias consecutivos para avaliação do nitrogênio amoniacal ruminal (N-NH3), no primeiro dia foram coletados líquidos às 0, 6, 12 e 18 horas após a suplementação e 3, 9, 15 e 21 horas após a alimentação no segundo dia. As análises de ácidos graxos de cadeia curta (AGCC) e pH ruminal foram utilizadas as amostras nos horários de 0, 6, 12 e 18 horas após a suplementação. As mensurações de pH foram realizadas imediatamente após as coletas. Não houve influência das fontes de nitrogênio não proteico e horários de suplementação, assim como as interações sobre o comportamento ingestivo dos bovinos (P > 0,10). O tempo de pastejo foi reduzido em 92 minutos (P < 0,01) no terceiro período comparado aos dois primeiros. Houve interação entre horário de suplementação e horário da coleta de fluido ruminal para a variável pH ruminal (P < 0,01). Seis horas após a suplementação, os valores de pH ruminal foram menores e AGCC total maiores nos animais suplementados no período da tarde (P < 0,03). Houve efeito da adição de ureia de liberação controlada (Optigen®) na suplementação para as concentrações de isovalerato (P = 0,02) e foi possível observar tendências de superioridades na concentração de valerato (P = 0,07). Com exceção do isovalerato, todas as variáveis ruminais apresentaram diferenças no horário de coleta (P < 0,01). As fontes e horário de suplementação não afetam o comportamento ingestivo e desempenho dos bovinos. Palavras-chave: nitrogênio não proteico, Optigen®, ureia 20 INGESTIVE BEHAVIOR, PERFORMANCE AND METABOLISM OF GRAZING NELLORE STEERS SUPPLEMENTED WITH DIFFERENT SOURCES OF NON- PROTEIN NITROGEN DURING THE DRY SEASON AT DIFFERENT TIMES OF SUPPLEMENTATION ABSTRACT - The objective of this study was to evaluate the effect of supplementation with different sources of non-protein nitrogen at different feeding times during performance, ingestion behavior and metabolism of reared Nellore cattle during the dry season. A total of 120 steers, body weight (BW) of 206 ± 39 kg and 12 months of age were used for performance and ingestive behavior and 12 rumen cannulated animals with 509 ± 59 BW for metabolism experiment. The experimental area consisted of 24 paddocks, with 3 hectare each of Brachiaria brizantha cv. Marandu. Twenty paddocks with 6 animals each for the experiment of performance and ingestive behavior were used. The experiment lasted 98 days, 14 days of adaptation and three periods of 28 days. The trial was in randomized block design in a 2 × 2 factorial arragement with the factors being a source of non-protein nitrogen (urea and protected urea [Optigen®]) and supplementation hour (morning [7:00 a.m.] and afternoon [1 p.m.]). The supplement was offered in the same amount, 4 g/kg BW. The variables evaluated in the ingestive behavior were performed by trained people during 24 hours with a frequency interval of 10 minutes, corresponding to a collection of ingestive behavior per experimental period. The animals were weighed fasting 16 hours of solids and liquids every 28 days. For the metabolism evaluations, 12 rumen cannulated animals were used in the rumen, being three simultaneous Latin squares 4 × 4. Each period had lasted 21 days, where the adaptation occurred from the 1st to the 10th day. Blood samples were collected in each period at time zero (before supplementation) and 2, 3 and 6 hours after supplementation. Glucose, protein, urea and creatinine concentrations were measured in the blood. Ruminal fluid was collected on two consecutive days for evaluation of ruminal ammoniacal nitrogen (N-NH3). On the first day, liquids were collected at 0, 6, 12 and 18 hours after supplementation and at 3, 9, 15 and 21 hours after feeding on the second day. For volatilly fatty acids (VFA) and ruminal pH analyzes, the samples were used only at the times of 0, 6, 12 and 18 hours after the supplementation. The pH measurements were performed immediately after collection. Data were analyzed using the PROC MIXED of SAS and the averages were compared by the t-test and the differences considered when P < 0.05 and trends were discussed when 0.05 ≥ P ≤ 0.10. There was no influence of the sources of non-protein nitrogen and supplementation hour, as well as the interactions on the ingestive behavior of the cattle (P > 0.10). The grazing time was reduced in 92 minutes (P < 0.01) in the third period compared to the first and second one. There was interaction between supplementation time and the time of ruminal fluid collection for the ruminal pH variable (P < 0.01). Six hours after supplementation, ruminal pH values were lower and total VFA was higher in supplemented animals in the afternoon (P < 0.03). There was an effect of the addition of protected urea (Optigen®) in the supplementation to the isovalerate concentrations (P = 0.02) and it was possible to observe trends of superiority in the valerate concentration (P = 0.07). Except for isovalerate, all ruminal variables presented differences in collection time (P < 0.01). The sources and hours of supplementation do not affect the ingestive behavior and performance of cattle. Keywords: non-protein nitrogen, Optigen®, urea 21 1. INTRODUÇÃO A ureia é tradicionalmente uma das principais fontes de nitrogênio não proteico (NNP) fornecida em suplementos para ruminantes em pastejo. No rúmen, a ureia é hidrolisada e libera amônia; entretanto, se a amônia não é utilizada como fonte de nitrogênio pelos microrganismos, isso pode implicar em perdas de nitrogênio ou até intoxicação animal por amônia. A taxa de hidrólise da ureia no rúmen ocorre cerca de 1 a 2 horas após ingestão (Santos e Pedroso, 2011). A ureia, uma vez hidrolisada em N-NH3 no rúmen, pode ser incorporada pelos microrganismos ruminais e transformada em aminoácidos e proteína microbiana, que serão aproveitadas posteriormente pelo animal (Kozloski, 2011). Porém, para que a ureia seja utilizada como fonte de nitrogênio, há necessidade de disponibilidade de um suprimento adequado de carboidratos fermentescíveis para que ocorra a síntese de proteína microbiana, pois as bactérias têm uma capacidade limitada de assimilação do N-NH3. Com isso, pode haver um acúmulo e escape de nitrogênio amoniacal do rúmen, e para que esse seja eliminado do organismo animal há necessidade de gasto de energia no ciclo da ureia (Verbic, 2002). Energia essa que poderia ser utilizada para aumentar o desempenho animal. Aliado a isso, as pastagens apresentam valores elevados de carboidratos de origem fibrosa que apresentam baixa taxa de degradação ruminal na época seca do ano. Assim, se faz necessário uma adequação da taxa de liberação de nitrogênio amoniacal e disponibilidade de carboidratos fermentados (Santos e Pedroso, 2011). O uso de uma ureia de liberação controlada pode ser uma alternativa para que haja uma sincronia entre a disponibilidade de amônia e energia ruminal em épocas secas do ano. Além do tipo de suplementação, uma outra forma de aumentar o uso energia e proteína para crescimento dos microrganismos ruminais seria o horário de suplementação. Bovinos em pastejo em climas tropicais possuem dois horários de pico de pastejo, no início da manhã e no final da tarde; portanto, o fornecimento de suplementos no início da manhã, onde ocorre o primeiro pico de pastejo pode proporcionar maior efeito de substituição, reduzindo consumo de pasto (Adams, 22 1985), além de que, pode diminuir o sincronismo na taxa de liberação de energia e proteína. Uma hipótese desse experimento é que animais alimentados com ureia de liberação controlada [Optigen®] melhoraria o aproveitamento do nitrogênio pelos microrganismos, pois, com a menor velocidade de disponibilização da energia pela taxa de degradação da fibra, terá melhor sincronização com ureia de liberação controlada [Optigen®] em relação à ureia normal pela menor taxa de liberação. Outra hipótese é que a suplementação no horário de 13:00h melhoraria o aproveitamento do nitrogênio proveniente da ureia pelos microrganismos ruminais, pois como neste horário os animais já apresentaram pico de pastejo, assim essa forragem vai disponibilizar esqueletos de carbono que, em sincronia com degradação de proteína no rúmen, poderá proporcionar melhor aproveitamento do N-amoniacal. A suplementação quando fornecida pela manhã com ureia de liberação controlada [Optigen®] pode assegurar no rúmen a utilização mais efetiva dos carboidratos fibrosos, por propiciar maior sincronismo no rúmen da amônia e energia na degradação da fibra, diminuídos perdas de nitrogênio. Portanto, o objetivo do estudo foi avaliar qual a melhor suplementação com fontes de nitrogênio não proteico em diferentes horários de suplementação sobre desempenho, comportamento ingestivo e metabolismo de bovinos Nelore, recriados, durante a estação de seca. 2. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido de acordo com as normas e aprovado pelo comitê de Ética da FCAV/UNESP/Jaboticabal-SP, Brasil (número 15471/15), conforme a lei número 11977 do Estado de São Paulo, Brasil (São Paulo, 2005). Local e dados climáticos O experimento foi realizado no Pólo Regional de Desenvolvimento Tecnológico dos Agronegócios da Alta Mogiana (PRDTA – Alta Mogiana) em Colina – SP, Brasil de agosto a novembro de 2015. A precipitação pluvial anual média é de 1304 mm de acordo com dados coletados na unidade de pesquisa, sendo que deste total, 93% 23 ocorreram nos meses de outubro a maio. Os dados de precipitação e temperatura observados durante os períodos experimentais estão demonstrados na Figura 1. Figura 1. Dados climáticos (precipitação e temperatura máxima e mínima) durante o período experimental registrados no município de Colina - SP. Delineamento e tratamentos Os 4 tratamentos foram divididos em um arranjo fatorial 2 × 2: duas fontes de nitrogênio não proteico (ureia e ureia de liberação controlada [Optigen®] e dois horários de suplementação [manhã (7:00 h) e tarde (13:00 h)]) em delineamento em blocos completos ao acaso. Tratamentos: 1- Suplementação proteico energética 4g/kg peso corporal (PC) com ureia as 7:00 horas 2- Suplementação proteico energética 4g/kg PC com ureia as 13:00 horas 3- Suplementação proteico energética 4g/kg PC com ureia de liberação controlada [Optigen®] as 7:00 horas 4- Suplementação proteico energética 4g/kg PC com ureia de liberação controlada [Optigen®] as 13:00 horas 0 5 10 15 20 25 30 35 40 0 20 40 60 80 100 Ago (2) set (8) Out (4) Nov (5) T e m p e ra tu ra ° C P re c ip it a ç ã o ( m m ) Mês (Dias de chuvas) Precipitação/2015 T° Max T° Min 24 O suplemento foi proteico energético contendo 26% de proteína bruta (PB), 77,5% de fibra em detergente neutro 30% de fibra em detergente ácido, 2,3% de extrato etéreo oferecidos ao nível de 4 g/kg de peso corporal composto por milho moído (74%), farelo de amendoim (13%), ureia ou Optigen® (5%), minerais e vitaminas (8%). Estudo 1- Desempenho e comportamento ingestivo Animais e método de pastejo Foram utilizados 120 tourinhos da raça Nelore, não castrados, com 12 meses de idade e média de 206 ± 39 kg de peso corporal, distribuídos em 20 piquetes de 3 ha cada de Brachiaria brizantha cv. Marandu, correspondendo a 6 animais por piquete, para as avaliações de comportamento ingestivo e desempenho. O método de pastejo adotado foi o contínuo. Adotou-se um critério de oferta de massa e oferta de folhas semelhantes entre os tratamentos em cada estação. Para manter a oferta de forragem disponível semelhante e homogênea entre os piquetes foi utilizado o método “put and take” (Mott e Lucas, 1952), sendo utilizados animais oriundos da mesma desmama e alojados em piquetes anexo aos utilizados no experimento. Avaliação de desempenho O experimento teve duração de 98 dias, sendo 14 dias de adaptação e três períodos de avaliação de 28 dias. Os pesos corporais foram obtidos em procedimento padrão de pesagem de bovinos, após 16 horas de jejum de sólidos e água, no início e final de cada período experimental de 28 dias. Avaliação do comportamento ingestivo A avaliação do comportamento ingestivo, o tempo de pastejo e o tempo no suplemento durante o período diurno (6:00 às 17:50 h), noturno (18:00 a 05:50 h) e total foram avaliados por pessoas treinadas em intervalos de 10 minutos em 1 dia em cada período (Hughes e Reid, 1951). 25 Avaliação quantitativa da forragem As estimativas da massa de forragem foram obtidas no final de cada período pelo método de dupla amostragem (Sollenberger e Cherney, 1995). A avaliação dos componentes quantitativos e estruturais do dossel forrageiro, foram coletadas as amostras da altura média de cada piquete e divididas em quatro frações: caule verde, folha verde, caule morto / senescente e folha morta / senescente. Análises químicas da forragem Na avaliação qualitativa, as amostras foram colhidas pelo método de pastejo simulado (De Vries, 1995), em cada período experimental. Estas amostras foram secas a 55 ° C em forno de circulação de ar forçada durante 72 h e depois moídas utilizando um moinho de facas Wiley (crivo da peneira de 1mm) armazenadas para análise química. Os conteúdos de matéria seca (método 934.01), matéria mineral (método 942.05), proteína bruta (método 978.04) e extrato etéreo (método 920.39) foram analisados de acordo com as recomendações da AOAC (1995). O teor de fibra em detergente neutro (FDN) e fibra em detergente ácido (FDA) foi avaliado por análise sequencial descrita por Robertson e Van Soest (1981), utilizando um analisador de fibras TECNAL® TE-149 (Piracicaba, SP, BRA). A celulose foi solubilizada com ácido sulfúrico a 72% e o teor de lignina foi obtido por diferença (Goering e Van Soest, 1970). Na tabela 1, estão apresentados os valores das características do pasto no período experimental. 26 Tabela 1. Características quantitativas e qualitativas do dossel forrageiro (pastejo simulado) de pastagem de Brachiaria brizantha cv. Marandu durante a fase de recria de bovinos Nelore suplementados com fontes de nitrogênio não proteico e diferentes horários de suplementação. Fonte (F) Ureia Optigen® Períodos EPM1 P valor2 Horário suplementação (H) Manhã Tarde Manhã Tarde 1 2 3 F H F×H Período Quantitativo Altura, cm 24,3 27,7 29,5 25,3 18,6b 18,3b 42,1a 2,68 0,57 0,86 0,13 <0,01 Massa de forragem, kg MS 3975 3986 3808 3793 3415b 3806b 4450a 245 0,38 0,99 0,95 <0,01 Massa de forragem verde, kg MS 2248 2344 2144 2257 1451c 1919b 3375a 230 0,54 0,51 0,96 <0,01 Massa de folha verde, kg MS 1474 1557 1405 1482 895c 1233b 2313a 190,4 0,53 0,52 0,99 <0,01 Folha verde, % MS 35,6 38,1 36,1 37,0 25,3c 32,9b 42,4a 0,03 0,99 0,19 0,75 <0,01 Colmo verde, % MS 16,7 17,1 19,0 18,7 16,3b 17,7b 23,4a 0,01 0,56 0,53 0,85 <0,01 Folha morta, % MS 24,3 22,9 23,3 22,0 28,1a 28,4a 25,2b 0,01 0,19 0,82 0,66 0,02 Colmo morto, % MS 23,5 23,4 23,1 22,7 29,2a 24,0b 24,3b 0,01 0,38 0,72 0,65 <0,01 Qualitativo / Pastejo Simulado Material mineral, % MS 7,59 7,85 7,61 7,77 <0,01 7,93b 8,25a 0,15 0,82 0,17 0,75 <0,01 Proteína bruta, % MS 9,47 9,41 9,13 9,86 0,02 10,37a 8,50b 0,38 0,89 0,39 0,30 0,02 Extrato etéreo, % MS 2,32 2,28 2,22 2,54 0,12 2,32 2,32 0,18 0,65 0,43 0,31 0,12 Fibra em detergente neutro, % MS 62,9 63,3 63,2 62,7 <0,01 64,4a 63,4a 0,81 0,86 0,98 0,60 <0,01 Fibra em detergente ácido, % MS 29,5 29,1 29,4 29,4 <0,01 29,7a 30,2a 0,65 0,89 0,72 0,77 <0,01 Lignina, % MS 8,41 9,03 8,55 8,28 0,13 8,62 8,57 0,27 0,23 0,48 0,08 0,13 NIDA, % N Total 8,42 9,79 9,01 9,09 0,50 9,05 9,63 0,76 0,94 0,33 0,40 0,50 NIDN % N Total 39,7 38,1 41,4 39,2 0,39 41,7 39,7 2,15 0,59 0,46 0,91 0,39 FDNi 13,1 13,2 13,7 13,7 0,36 13,6 13,8 0,78 0,12 0,86 0,96 0,36 Digestibilidade verdadeira, MS 82,7 83,3 82,6 82,8 <0,01 80,1c 82,3b 0,64 0,66 0,59 0,75 <0,01 NIDA = Fibra indigestível em detergente ácido, NIDN = Fibra indigestível em detergente neutro, FDNi=Fibra em detergente neutro indigestível. 27 Analises estatísticas – Estudo 1 Como o experimento foi conduzido em delineamento de blocos ao acaso com arranjo fatorial 2 × 2, cada piquete foi considerado como unidade experimental e o PC inicial foi o critério adotado para a formação dos blocos (5 blocos, 5 piquetes / tratamento, 6 animais / piquete). Os dados foram analisados como um modelo misto, sendo considerado como efeitos fixos as fontes de nitrogênio e horários de suplementação suas interações, enquanto o bloco foi considerado aleatório no modelo. Os dados foram submetidos à análise de variância como medidas repetidas ao longo do tempo, utilizando o REPEATED do SAS (SAS Inst. Inc., Cary, NC). Diferentes estruturas de covariância residual foram testadas para determinar a estrutura que melhor se ajusta a cada variável. A estrutura de covariância foi escolhida utilizando os critérios de informação Bayesiana (BIC), nos quais o menor valor de BIC foi usado como seleção. Em todas as análises estatísticas, foi utilizado o procedimento MIXED do SAS (SAS Inst. Inc., Cary, NC). Diferenças foram consideradas significantes quando P < 0,05 enquanto tendência foi considerada quando 0,05 ≤ P ≤ 0,10. Estudo 2- Metabolismo Animais Nas avaliações de parâmetros sanguíneos e ruminais foram utilizados 12 bovinos Nelore não castrados canulados no rúmen com peso médio de 509 ± 59 kg. Foram destinados 4 piquetes, sendo três quadrados latinos simultâneos (3 quadrados latinos 4 × 4). Cada período teve duração de 21 dias com 14 dias de adaptação para o consumo de suplemento (Machado et al., 2016). Avaliações sanguíneas Amostras de sangue foram coletadas, em cada período no 20º e 21º dia (Figura 2), no tempo zero (antes da suplementação) e 2, 3 e 6 horas após a suplementação. Foram coletadas por meio de pulsão da veia jugular em tubos Vacutainer® de 10 mL, contendo heparina sódica (Vacutainer Becton Dickinson, Franklin Lakes, NJ). Os 28 tubos Vacutainers foram homogeneizados e acondicionados, imediatamente após a venopunção, em recipientes refrigerados a 4 ºC. As amostras foram centrifugadas a 1500 × g, por 20 min em temperatura ambientes, para a separação do plasma, conforme descrito por Kerr (2003), e as alíquotas foram armazenadas em tubos eppendorfs a -20 ºC. As concentrações séricas de glicose, proteína, ureia e creatinina foram mensuradas por método colorimétrico utilizando kit enzimático (LaborLab®, São Paulo, Brasil). As análises foram determinados em espectrofotômetro automático (Labmax plenno– lasbtest). Avaliações ruminais O fluido ruminal foi coletado (Figura 2) em dois dias consecutivos em que no 18° dia (Figura 2) foram coletados líquidos às 0, 6, 12 e 18 horas após a suplementação no 19° dia, as 3, 9, 15 e 21 horas após a alimentação para avaliação dos parâmetros ruminais. As análises dos ácidos graxos de cadeira curta (AGCC) e pH ruminal foram utilizadas as amostras nos horários de 0, 6, 12 e 18 horas após a suplementação e nitrogênio amoniacal (N-NH3) às 0, 3, 6, 9, 12, 15 18 e 21 horas após suplementação. As coletas foram feitas por meio da fístula no rúmen. O material proveniente das regiões inferior, central e superior do interior do rúmen foi coletado misturados e acondicionado em panos de poliéster com porosidade de 0,5 mm, para que assim fosse filtrado e o fluido originado foi então armazenado em recipientes adequados. Nas amostras de fluido ruminal, foram mensurados o pH, a concentração de N- NH3 e de AGCC. As mensurações de pH foram realizadas imediatamente após as coletas, por intermédio de pHmetro digital (Model MA522, Marconi Laboratory Equipment, Piracicaba, SP, Brasil). Para quantificação da amônia ruminal uma alíquota de 50 mL foi separada, acondicionada em recipiente de plástico contendo 1,0 mL de ácido sulfídrico (1:1), posteriormente centrifugadas a 4 ºC e 1500 × g por 30 minutos e determinados em espectrofotômetro manual (FEMTO) conforme Noel e Hambleton (1976). Na determinação dos AGCC, foram coletadas alíquotas de 5 mL em cada tempo amostral, armazenados em frascos contendo 1 mL de ácido fórmico e congeladas a -20 °C. As determinações dos AGCC foram feitas segundo método 29 descrito por Erwin et al. (1961) utilizando cromatógrafo gasoso (GC2014, Shimadzu Corporation, Kyoto, Japan), equipado com HP-INNOWax capillary column (30 m × 0,32 mm; Agilent Technologies, Colorado, USA). Foram calculadas as proporções molares dos ácidos acético, butírico, propiônico, isovalérico e valérico, assim como a relação acetato:propionato e a quantidade total de AGCC (mM/100 mM). Síntese de proteína microbiana Para a estimativa da síntese de proteína microbiana, foram utilizados como indicadores os derivados de purinas (DP) na urina dos animais (Fujihara et al., 1987). Foram colhidas amostras spot de urina por micção (Chizzotti et al., 2008). Alíquotas de 10 mL de urina foram diluídas em 40 mL de H2SO4 à 0,036 N para análises de alantoína por método colorimétrico, segundo Fujihara et al. (1987), e descrito por Chen e Gomes (1992); creatinina (método colorimétrico-picrato alcalino) e ácido úrico (enzimático trinder) foram realizadas por meio de kits comerciais (Labtest Diagnostic S.A., Lagoa Santa, Brasil). O volume urinário total diário foi estimado pela divisão da excreção diária de creatinina pela concentração de creatinina na urina (Costa e Silva et al., 2012), utilizando a seguinte equação: Excreção diária de urina (g/dia) = 0,0345 X PC0,9491. A estimativa da excreção diária de derivados de purina foi calculada utilizando a soma da concentração de alantoína e ácido úrico. As purinas absorvidas e o fluxo de nitrogênio microbiano para o intestino delgado (NMIC) foram calculados de acordo com Barbosa et al. (2011) usando as equações: Purinas absorvidas = (derivados de purina + (0,301 x PC0,75) / 0,80) e N microbiano = (70 x purinas absorvidas) / (0,90 x 0,137 x 1000), em que purinas absorvidas está em mmol/dia e NMIC é fluxo de N microbiano para o intestino delgado, em g/dia. 30 Esquema 2. Linha do tempo dos dias de coleta nos animais de metabolismo. Analises estatísticas – Estudo 2 Os resultados foram analisados considerando um delineamento em quadrado latino 4x4, com agrupamento de três quadrados simultâneos (cada animal dentro do piquete foi considerado como unidade experimental), em esquema fatorial 2 x 2, duas fontes de nitrogênio não proteico (ureia e ureia de liberação controlada [Optigen®] e dois horários de suplementação [manhã (7:00 h) e tarde (13:00 h)]). Em todas as análises estatísticas, foi utilizado o procedimento MIXED do SAS (SAS Inst. Inc., Cary, NC). Diferenças foram consideradas significativas quando P < 0,05 enquanto tendência foi considerada quando 0,05 ≤ P ≤ 0,10. 1º da de adaptação 16º dia de adaptação Dia de coleta de urina 1º Dia de coleta de fluido ruminal 2º Dia de coleta de fluido ruminal 1º Dia de coleta de Sangue 2º Dia de coleta de Sangue/Pesagem 1 16 17 18 19 20 21 31 3. RESULTADOS Não houve influência do horário de suplementação, fontes de ureia e suas interações no tempo de pastejo e no tempo diurno, noturno (P > 0,10; Tabela 2). Tabela 2. Comportamento ingestivo por 24 horas de bovinos Nelore suplementados com fontes de nitrogênio não proteico durante a estação seca em diferentes horários de suplementação Fonte (F) Ureia Optigen® EPM1 P valor2 Horário de suplementação (H) Manhã Tarde Manhã Tarde F H Período Pastejo, min 523 492 519 533 29,0 0,26 0,62 < 0,01 Cocho, min 55 44 56 43 8,00 0,98 0,16 0,03 Pastejo diurno, min 330 338 315 322 12,9 0,26 0,57 <0,01 Pastejo noturno, min 278 267 272 294 13,9 0,38 0,64 <0,01 Cocho diurno, min 50,0 43,1 52,7 39,2 7,59 0,94 0,19 0,06 Cocho noturno, min 4,78 3,36 3,33 3,44 1,72 0,84 0,32 0,03 1Erro padrão da média. 2As médias foram comparadas pelo teste-t e as diferenças consideradas a partir do P < 0,05 e tendências foram discutidas quando 0,05 ≥ P ≤ 0,10. As interações FxH, FxP, HxP e FxHxP não foram significativas (P > 0,17). 32 O tempo de pastejo foi reduzido em 92 minutos (P < 0,01; Figura 2) no terceiro período comparado aos demais. O tempo de cocho no primeiro período foi 42% menor em relação aos últimos períodos que teve média de 57 min (Figura 3). Figura 2. Tempo de pastejo e tempo de cocho de bovinos Nelore suplementados com fontes de nitrogênio não proteico durante a estação seca em diferentes horários de suplementação Na figura 3 a,b, c e d estão apresentados as médias do comportamento dos animais de cada tratamento em um período de 24 horas. Observa-se que o comportamento dos horários em que os animais se encontram em pastejo, na área de cocho e em ócio é muito semelhante. A A B b a a 0 100 200 300 400 500 600 700 1 2 3 M in u to s /d ia Períodos Tempo Pastejo Tempo de Cocho 33 Figura 3: Porcentagem de tourinhos Nelore pastejando no cocho ou em ócio em 24 horas (média de três avaliações), suplementados com fontes de nitrogênio não proteico durante a estação seca em diferentes horários de suplementação. 0 20 40 60 80 100 06:00 12:00 18:00 00:00 a) Ureia /manhã PASTEJANDO COCHO OCIO 0 20 40 60 80 100 06:00 12:00 18:00 00:00 b) Optgen®/manhã PASTEJANDO COCHO OCIO 0 20 40 60 80 100 06:00 12:00 18:00 00:00 c) Ureia/ tarde PASTEJANDO COCHO OCIO 0 20 40 60 80 100 06:00 12:00 18:00 00:00 d) Optigen®/ tarde PASTEJANDO COCHO OCIO 34 Não houve influência dos fatores e suas interações sobre o GMD (P > 0,45) e peso corporal final (P > 0,39). O GMD foi de 0,623 kg. Nos períodos experimentais o ganho médio diário foi diferente em todos os períodos. Os ganhos tiveram média de 0,303, 0,743 e 0,822 kg no primeiro, segundo e terceiro período, respectivamente. Tabela 3. Desempenho de bovinos Nelore suplementados com fontes de nitrogênio não proteico durante a estação seca em diferentes horários de suplementação Fonte(F) Ureia Optigen® EPM1 P valor2 Horário suplementação(H) Manhã Tarde Manhã Tarde F H Peso corporal inicial, kg 208 205 207 204 16,4 0,59 0,12 Peso corporal final, kg 261 254 260 257 17,2 0,85 0,13 Ganho médio diário, kg/dia 0,634 0,591 0,635 0,630 0,32 0,37 0,29 1Erro padrão da média. 2As médias foram comparadas pelo teste-t e as diferenças consideradas a partir do P < 0,05 e tendências foram discutidas quando 0,05 ≥ P ≤ 0,10. As interações no GMD de período FxH, FxP, HxP e FxHxP não foram significativas (P < 0,46). Houve efeito da adição de ureia de liberação controlada na suplementação sobre as concentrações de isovalerato (P = 0,02) e foi possível observar tendências de 4% de superioridades na concentração de valerato (P = 0,07) (Tabela 4) quando comparados ao tratamento em que foi fornecido ureia. A concentração de propionato tendeu a ser 3% superior em animais que foram suplementados na manhã (P = 0,08, Tabela 4). Com exceção do isovalerato, todas as variáveis ruminais apresentaram diferenças no horário de coleta (P < 0.01, Tabela 4). Houve tendência de interação nas fontes de nitrogênio não proteico e horários de suplementação para as concentrações de propionato, acetato e relação acetato:propionato (P > 0,08, Tabela 4). 35 Tabela 4. Concentrações de ácidos graxos de cadeia curta, amônia e pH em bovinos Nelore suplementados com fontes de nitrogênio não proteico durante a estação seca em diferentes horários de suplementação Fonte (F) Ureia Optigen® EPM2 P Valor3 Horário suplementação(H) Manhã Tarde Manhã Tarde F H Hor. Coleta F×H F×C. H×C. F×H×C pH 6,70 6,71 6,69 6,70 0,09 0,83 0,41 <0,01 0,56 0,77 <0,01 0,12 A:P1 3,98b 4,27a 4,11ab 4,08ab 0,22 0,77 0,19 <0,01 0,09 0,81 0,92 0,24 AGCC Total, mM 158 153 156 157 4,92 0,45 0,27 <0,01 0,20 0,55 0,08 0,57 Acetato, mol/100 mol 60,8b 61,8a 61,0ab 60,6b 0,84 0,21 0,40 <0,01 0,08 0,07 0,47 0,37 Propionato, mol/100 mol 15,4a 14,6b 15,1ab 15,0ab 0,64 0,91 0,08 <0,01 0,08 0,59 0,66 0,31 Butirato, mol/100 mol 7,59 7,37 7,56 7,48 0,32 0,75 0,23 <0,01 0,57 0,96 0,80 0,98 Isovalerato, mol/100 mol 7,36 7,02 7,53 7,75 0,45 0,02 0,75 0,23 0,15 0,41 0,03 0,23 Valerato, mol/100 mol 2,59 2,57 2,61 2,70 0,27 0,07 0,38 <0,01 0,18 0,86 0,34 0,32 NH3, mg/dL 7,46ab 6,49b 7,04ab 7,85a 1,07 0,32 0,86 <0,01 0,06 0,64 <.0,01 0,05 1Relação acetato:propionato. 2Erro padrão da média. 3As médias foram comparadas pelo teste-t e as diferenças consideradas a partir do P < 0,05 e tendências foram discutidas quando 0,05 ≥ P ≤ 0,10. 36 Houve interação entre horário de suplementação e horário da coleta de fluido ruminal na variável pH ruminal (P < 0,01, Figura 4). Sendo que 7:00, 13:00 e 19:00 horas os valores de pH ruminal dos animais suplementados no período da tarde foram 2, 2,5 e 2% superiores aos animais que receberam suplementação no período da manhã respectivamente. Figura 4. Valores de pH, ao longo do tempo de coleta, em bovinos Nelore suplementados com fontes de nitrogênio não proteico durante a estação seca em diferentes horários de suplementação na recria. P = 0,28 P = 0,04 P = 0,01 P = 0,03 6,5 6,6 6,7 6,8 6,9 7,0 1 7 13 19 p H Horário de coleta Manhã Tarde 37 A concentração total de ácidos graxos de cadeia curta (AGCC) no fluido ruminal teve tendência na interação entre horário de suplementação e horário de coleta, em que as 13:00 e 19:00 horas teve diferenças significativas. Animais suplementados no período da manhã tiveram 5 e 4% concentrações total de AGCC maiores na coleta das 13:00 e 19:00 horas respectivamente em relação aos animais suplementados no período da manhã (Figura 5). Figura 5. Concentração total de ácidos graxos de cadeia curta, ao longo do tempo de coleta, em bovinos Nelore suplementados com fontes de nitrogênio não proteico durante a estação seca em diferentes horários de suplementação na recria. Interação horário de suplementação e horário de coleta e hora (P = 0,08). P = 0,70 P = 0,57 P = 0,06 P = 0,04 120 130 140 150 160 170 180 1 7 13 19 T o ta l A G C C ( m M /L ) Horário da coleta Manhã Tarde 38 Apenas na coleta das 13:0 horas houve diferença (P = 0,03) nas concentrações de acetato entre horário de coleta e fonte de nitrogênio não proteico, onde animais recebendo suplementação com ureia apresentaram 2% maiores concentrações de acetato (Figura 6). Figura 6. Valores de acetato, ao longo do tempo de coleta, em bovinos Nelore suplementados com fontes de nitrogênio não proteico durante a estação seca em diferentes horários de suplementação na recria. Interação fonte de nitrogênio não proteico e horário de coleta (P = 0,07). P=0,14 P=0,48 P=0,03 P=0,73 60,0 60,5 61,0 61,5 62,0 62,5 63,0 1 7 13 19 A c e ta te , % Horário da coleta Optigen® Ureia 39 Houve interação nas concentrações de isovalerato entre horário de suplementação e horário de coleta do fluido ruminal (P = 0,03). Apenas 7:00 horas houve diferença significativa, onde animais recebendo suplementação no período da tarde apresentaram 8% maiores concentrações de isovalerato (P = 0,03, Figura 7), quando comparados aos animais suplementados no período da manhã. Figura 7. Valores de isovalerato ao longo do tempo de coleta, em bovinos Nelore suplementados com fontes de nitrogênio não proteico durante a estação seca em diferentes horários de suplementação na recria. Nas horas zero, seis e vinte e uma após a suplementação, os valores de N-NH3 ruminal dos animais suplementados no período da tarde foram, respectivamente, 45, 12 e 30% superiores aos do grupo suplementados de manhã (P = 0,01). Três e nove horas após suplementação o comportamento inverteu, sendo quean imais suplementados no período da tarde tiveram, respectivamente, 45 e 12% maiores concentrações de N-NH3 (P ≤ 0,02; figura 8 a). P = 0,26 P = 0,03 P = 0,43 P = 0,29 6,6 6,8 7,0 7,2 7,4 7,6 7,8 8,0 8,2 1 7 13 19 Is o v a le ra te , % Horário da coleta Manhã Tarde 40 a) b) Figura 8. Valor de N-NH3, ao longo do tempo de coleta, em bovinos Nelore suplementados com fontes de nitrogênio não proteico durante a estação seca em diferentes horários de suplementação na recria. P < 0,01 P = 0,02 P = 0,03 P < 0,01 P = 0,27 P = 0,73 P = 0,59 P = 0,02 0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 0 3 6 9 12 15 18 21 N -N H 3 (m g /d L ) Horário após suplementação Manhã Tarde P = 0,03 P = 0,03 P = 0,18 P < 0,01 P = 0,11 P = 0,09 P = 0,64 P = 0,04 0 2 4 6 8 10 12 1 4 7 10 13 16 19 22 N H 3 (m g /d L ) Horário da coleta Manhã Tarde 41 Na figura 8 b, estão apresentados os efeitos de horários de coleta e horários de suplementação, em que animais suplementados no período da tarde apresentam concentrações de N-NH3 ruminal superior nos horários 1:00 e 4:00 horas apresentado superioridade de 28 e 24%, respectivamente. Enquanto que animais suplementados no período da manhã apresentaram concentrações de N-NH3 ruminal de 34% superior no horário das 10:00 horas e 21 e 16% nos horários de 16:00 e 22:00 horas. As concentrações séricas de glicose, ureia e creatinina sanguíneas, não sofreram efeito da interação das fontes de nitrogênio não proteico em diferentes horários de suplementação (P ≥ 0,38; Tabela 5). As concentrações plasmáticas de proteína nos animais suplementados às 13:00 h foram maiores (P = 0,01), quando comparados aos animais suplementados. Às 7:00 h. Houve tendência dos animais suplementados com ureia de liberação controlada e no período da manhã apresentarem menores concentrações plasmáticas de proteína no sangue (P = 0,09). Tabela 5- Concentrações plasmáticas de variáveis sanguíneas de bovinos Nelore suplementados com fontes de nitrogênio não proteico durante a estação seca em diferentes horários de suplementação Fonte (F) Ureia Optigen® EPM1 P valor2 Horário suplementação (H) Manhã Tarde Manhã Tarde F H Coleta F×H N uréico, mg/dl 13,0 12,9 13,7 13,7 1,06 0,22 0,99 0,34 0,93 Proteína, g/L 59,3a 60,6a 55,6b 62,3a 2,64 0,49 0,01 0,16 0,09 Glicose, mg/dl 63,6 59,4 58,5 59,4 3,01 0,38 0,57 0,12 0,38 Creatinina, µmol/L 351 351 351 351 0,13 0,67 0,10 0,46 0,96 1Erro padrão da média. 2As médias foram comparadas pelo teste-t e as diferenças consideradas a partir do P < 0,05 e tendências foram discutidas quando 0,05 ≥ P ≤ 0,10. As interações F x coleta, horário x coleta e fonte x horário x coleta foram consideradas no modelo, apenas houve diferença para interação horário x coleta na variável Glicose, mg/dl (P = 0,01) e tendência no N uréico, mg/dl (P = 0,08), as demais variáveis não apresentaram efeito significativo (P > 0,13) A concentração plasmática de glicose teve efeito de interação entre horário de suplementação e horários de coletas (P < 0,01), como mostrado na Figura 9 a,b. A concentração de glicose nos animais na coleta de 0 horas foi 9% superior nos animais suplementados de manhã, enquanto que na coleta de quatro horas após suplementação animais suplementados no período da tarde tiveram 8% maiores concentrações de glicose (P = 0,02). 42 Figura 9. Valores de glicose plasmática mg/dl, ao longo do tempo de coleta, em bovinos Nelore suplementados com fontes de nitrogênio não proteico durante a estação seca em diferentes horários de suplementação na recria. A concentração de N uréico duas horas após suplementação tendeu a ser 11% superior para animais suplementados no período da manhã (P = 0,07; Figura 10 a,b). Figura 10. Valores de N uréico, ao longo do tempo de coleta, em bovinos Nelore suplementados com fontes de nitrogênio não proteico durante a estação seca em diferentes horários de suplementação na recria. Interação horário de suplementação e horário de coleta (P = 0,08). P = 0,01 P = 0,86 P = 0,02 P = 0,60 50 55 60 65 70 0 2 4 6 G lic o s e , m g /d l Horas após suplemetação Manhã Tarde 50 55 60 65 70 6 8 10 12 14 16 18 G lic o s e , m g /d l Horário da coleta Manhã Tarde P = 0,83 P = 0,07 P = 0,66 P = 0,27 20 25 30 35 0 2 4 6 N u re ic o , m g /d l Horas após suplementação Manhã Tarde 20 22 24 26 28 30 32 6 8 10 12 14 16 18 N u ré ic o , m g /d l Horário da coleta Manhã Tarde 43 Na tabela 6 está apresentado as variáveis urinárias e síntese de nitrogênio microbiano. Não foi observado efeitos em nenhum dos parâmetros (P > 0,28). A produção média de síntese de nitrogênio microbiano foi de 291g por dia. Tabela 6: Parâmetros urinários e síntese de nitrogênio microbiano de bovinos Nelore suplementados com fontes de nitrogênio não proteico durante a estação seca em diferentes horários de suplementação Fonte (F) Ureia Optigen® EPM1 P valor2 Horário suplementação(H) Manhã Tarde Manhã Tarde F H F×H Peso Corporal, kg 524 527 520 528 36,7 0,79 0,28 0,55 Alantoína, mmol/dia 433 432 389 464 61,8 0,86 0,28 0,28 Ácido Úrico, mmol/dia 26,7 27,2 26,6 26,6 2,45 0,61 0,73 0,78 DP, mmol/dia 459 459 416 490 67,7 0,86 0,28 0,28 PA, mmol/dia 533 533 479 571 83,9 0,86 0,28 0,28 Nmic g/dia 293 293 263 314 46,1 0,86 0,28 0,28 1