RESSALVA

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completo desta Tese será disponibilizado

somente a partir de 20/01/2024.

 



Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – UNESP- Bauru

FAMÍLIA, CONSUMO DE SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS E TRABALHO:

FATORES DE VULNERABILIDADE E DE PROTEÇÃO

Bauru

2022



1

Natália Leal Vio

Família, consumo de substâncias psicoativas e trabalho: fatores de vulnerabilidade e de

proteção

Dissertação de Mestrado do programa de
Psicologia do Desenvolvimento e
Aprendizagem – Unesp/Bauru, parte dos
requisitos para obtenção do título de Mestre.
Orientadores: Profa. Dra. Marianne Ramos
Feijó. Coorientador: Prof. Dr. Mário Lázaro
Camargo.

Bauru

2022



2

Ata de Defesa



3

Vio, Natália Leal.
Família, consumo de substâncias psicoativas e

trabalho : fatores de vulnerabilidade e de proteção
/ Natália Leal Vio, 2022

136 f.

Orientadora: Marianne Ramos Feijó
Coorientador: Mário Lázaro Camargo

Dissertação (Mestrado)–Universidade Estadual
Paulista (Unesp). Faculdade de Ciências, Bauru,
2022

1. Vulnerabilidade. 2. Trabalho. 3. Substâncias
psicoativas. I. Universidade Estadual Paulista.
Faculdade de Ciências. II. Título.



4

Dedico essa dissertação às unidades de um

todo familiar que estiveram ou estarão em

situação de vulnerabilidade para o conflito e

fragmentação.



5

“Adentrar no território do outro é como estar

em um rio caudaloso sem margens fixas, que

flui na geografia dos terrenos por onde

passamos, significa respeitar os contornos de

enchentes e vazantes, considerando sempre o

mar de possibilidades favorecido pelos

Tempos Líquidos”.

Marilene Grandesso.



6

AGRADECIMENTOS

À UNESP, especificamente à Faculdade de Ciências de Bauru e aos docentes e

servidores desta instituição, na qual pude realizar o curso de pós-graduação.

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES)

pelo apoio e financiamento prestado a este estudo (código 001).

Aos meus orientadores Dra. Marianne Ramos Feijó e Mário Lázaro Camargo pela

disposição, habilidade e cuidado com os quais têm auxiliado em meu estudo. À Marianne,

pela conduta sempre gentil e assertiva com a qual compartilhou saberes e cuidou de guiar os

meus passos no estudo, pesquisa e extensão. Ao Mário, pela disposição e competência com as

quais sempre esteve presente na coorientação dos estudos, da dissertação, pesquisas e

trabalhos afins.

À Dra. Vera Capellini, por ministrar, graciosamente, aulas inesquecíveis e por

conceder o espaço de extensão junto ao serviço do Núcleo Técnico de Atenção Psicossocial

(NTAPS). À Vera, agradeço também pelo aceite em contribuir com a banca. À Dra. Ana

Regina Noto e Nelson Iguimar Valério por participarem da minha qualificação e aos doutores

Hugo Ferrari Cardoso e Eroy Aparecida da Silva por aceitarem assumir como suplentes da

banca.

Aos meus pais, padrinho, madrinha, Caroliny e Pâmela, sou eternamente grata pelo

que já fizeram por mim, sobretudo pela força e apoio.

À Samara, Luciana, Fred e todos os outros funcionários da Delegacia da Mulher da

cidade de Araçatuba, por terem, de forma solícita, permitido que eu realizasse a pesquisa na

instituição e prestado auxílio ao longo da coleta de dados.

À parceira Isabella Oliveira, por partilhar estudos e pesquisas, assim como oferecer

escuta e amparo. À Simone Pantaleão Macedo, à Rita Venturolli, à Flávia Santiago de

Oliveira e ao Renato Fajardo, por terem me orientado ao longo da graduação, o que permitiu

que eu trilhasse os caminhos do mestrado.

Aos amigos, especialmente à Camila Canha e Juliana Ijiri porque, além do constante

amparo, também tornaram meu caminho mais leve.



7

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AUDIT Alcohol Use Disorders Identification Test

DDM Delegacia de Defesa da Mulher

CEP Comitê de Ética em Pesquisa

COVID-19 Corona Vírus Desease

EACT Escala de Avaliação do Contexto de Trabalho

EADRT Escala de Avaliação dos Danos Relacionados ao Trabalho

ECHT Custo Humano do Trabalho

EIPST Escala de Indicadores de Prazer e Sofrimento no Trabalho

ESUL Escala de Suporte Laboral

ITRA Inventário sobre o Trabalho e Riscos de Adoecimento

OMS Organização Mundial de Saúde

PSC Pensamento sistêmico e complexo

SPA Substâncias psicoativas

TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido



8

LISTA DE TABELAS E GRÁFICOS

Tabela 1 (Cap. I)- Distribuição de todas as publicações organizadas a partir das

categorias…………………………………………………………………………………..11

Tabela 2 (Cap. I)- Consumo de álcool em envolvidos em situações de violência………...12

Tabela 3 (Cap. I)-  Associação violência-consumo de álcool……………………………..12

Tabela 4 (Cap. I)- Associação do consumo de álcool em vítimas…………………………13

Tabela 1 (Cap. II)- Distribuição pela natureza das infrações……………………………...15

Tabela 2 (Cap. II)- Distribuição por ocupação …………………………………………....16

Tabela 3 (Cap. II)- ESUL- percepção de suporte no trabalho……………………………..17

Tabela 4 (Cap. II)- Contexto de trabalho…………………………………………………..18

Tabela 5 (Cap. II)- Custo humano do trabalho …………………………………………....19

Tabela 6 (Cap. II)- Frequência de conflitos relacionados ao trabalho …………………….22

Tabela 7 (Cap. II)- Consumo de SPA dos participantes …………………………………...22

Tabela 8 (Cap. II)- Audit Zona de risco para o consumo de bebida alcoólica dos participantes

………………………………………………………………………………........................23

Tabela 1 (Cap. III)- Área de formação ……………………………………………………..47

Tabela 2 (Cap. III)-  Variação na renda durante a pandemia ……………………………….48

Tabela 3 (Cap. III)-  Consumo de bebida alcoólica em quem mora com os participantes

……………………………………………………………………………………………….49

Tabela 4 (Cap. III)-  Consumo de bebida alcoólica dos participantes……………………....50

Tabela 5 (Cap. III)-  Motivos de conflitos em docentes……………………………………..51

Tabela 6 (Cap. III)-  Motivos de conflitos em discentes…………………………………….51

Tabela 7 (Cap. III)-  Sensações e sentimentos durante a pandemia …………………………52

Tabela 8 (Cap. III)-  Principais vulnerabilidades em docentes……………………………….52

Tabela 9 (Cap. III)-  Aspectos de vulnerabilidade em docentes……………………………...53

Tabela 10 (Cap. III)-  Suporte/apoio de familiares para o trabalho/estudo remoto DURANTE

a pandemia …………………………………………………………………………………...54

Tabela 11 (Cap. III)- Fatores protetivos e forças …………………………………………….55



9

SUMÁRIO

I- ASSOCIAÇÕES ENTRE O CONSUMO DE ÁLCOOL E AS CONDIÇÕES DE
TRABALHO NAS SITUAÇÕES DE VIOLÊNCIA. 9

Introdução 9

2. Objetivo 10

3. Metodologia 10

4. Resultados 12

5. Considerações Finais 25

6. Referências 25

II- PRECARIEDADE NO TRABALHO E O USO DE SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS
EM DENUNCIANTES E ACUSADOS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA. 32

1. Introdução 33

1.1 Relações entre o trabalho, o uso e abuso de álcool e a violência doméstica. 34

2. Objetivos 38

3. Metodologia 39

4. Resultados 43

4.1 Contexto de trabalho no passado e presente 44

4.2 Uso de substâncias psicoativas 51

4.3 Situação Familiar e contexto de violências no passado e presente 54

4.4 Contexto Socioeconômico 57

5. Discussão 57

6. Considerações finais 62

7. Referências 63

III – O TRABALHO, A SAÚDE E AS RELAÇÕES FAMILIARES DE DOCENTES E
DISCENTES NA PANDEMIA: VULNERABILIDADES E FORÇAS 69

1. Introdução 69

1.1 Antecedentes ao contexto pandêmico 71

1.2 O pensamento sistêmico e complexo e as vulnerabilidades e forças na pandemia 72



10

2. Objetivos 75

3. Metodologia 76

4. Resultados 77

4.1 Dados gerais/apresentação 77

4.2 Trabalho e estudo remoto 78

4.3 Saúde física e mental 80

4.4 Relações familiares 81

4.5 Forças e fatores protetivos 85

5. Discussão 87

6. Considerações Finais 90

7. Referências 90



11

1- Apresentação

A mestranda é psicóloga clínica e realizou plantão na Delegacia de Defesa da

Mulher (DDM) na cidade de Araçatuba, onde a presente pesquisa foi desenvolvida. Essa

instituição é especializada no atendimento de crianças, adolescentes e mulheres que sofreram

violência doméstica. O interesse da mestranda pela DDM surgiu durante o ano de 2018, em

estágio de Psicologia, por meio do qual foi possível identificar que as situações de violência

doméstica eram a demanda prevalente da instituição. Verificou-se que o consumo de

substâncias psicoativas (SPA) e o desemprego ou trabalho informal eram características

recorrentes nos sujeitos envolvidos nessas situações de violência dessa delegacia.

A necessidade de estudar essas situações de violência doméstica é relevante, uma

vez que correspondem a um problema de saúde pública no Brasil, com altos índices de

ocorrência e consequências diversas que atingem os sujeitos envolvidos, a família e a

comunidade. Entretanto, constatou-se escassez de estudos que concomitantemente

investigam: as “vítimas” e os “agressores”, o consumo de SPA e as condições de trabalho

deles. Deste modo, uma compreensão embasada no pensamento sistêmico e complexo é

crucial.

Dada a conjuntura, a mestranda elaborou projeto principal de pesquisa para

investigar a violência doméstica e os sujeitos nela envolvidos, especialmente o consumo de

SPA e as condições de trabalho dos participantes. Essa investigação incluiu, a priori, um

levantamento bibliográfico e coleta de dados em campo na DDM.

É importante informar que a pesquisa de campo foi atravessada pela eclosão da

pandemia por Covid-19, entretanto, o plantão da mestranda para a coleta de dados ocorreu

mesmo durante a pandemia, com a adoção das medidas de segurança. Escolheu-se manter o

plantão durante a pandemia, porque a mestranda considerou essencial a presença de um

psicólogo na DDM durante esse período. Nessa etapa da pesquisa, em campo, na DDM, foi

possível coletar os dados, mas também, fornecer a escuta qualificada e o acolhimento para a

equipe e para a clientela da instituição.

Além do levantamento bibliográfico e da coleta de dados em campo, previstos a

priori, o inédito contexto de pandemia no mundo contemporâneo e o corriqueiro problema da

violência doméstica influenciaram a decisão de coletar dados online para compor esse estudo.



12

Os resultados das coletas geraram produções apresentadas em congressos e os

estudos se encontram em formato de capítulos, sendo o primeiro, a revisão bibliográfica

sobre o tema principal deste estudo: a associação entre o álcool, o trabalho e a violência.

O segundo capítulo corresponde à pesquisa quanti-qualitativa descritiva principal,

uma investigação e discussão sobre as condições de vida e de trabalho e o uso de substâncias

psicoativas em denunciantes e acusados de violência doméstica contra a mulher,

desenvolvida em delegacia.

O terceiro capítulo apresenta o resultado de uma pesquisa com coleta de dados

online, com objetivo de investigar vulnerabilidades e possíveis fatores de proteção, com

ênfase no trabalho, nas relações familiares e na saúde de docentes e discentes do ensino

superior durante a pandemia por covid-19.

Nas considerações, são brevemente apontadas possíveis intervenções pensadas a

partir da pesquisa principal sobre violência, trabalho e o uso de substâncias psicoativas, além

de perspectivas para futuras investigações sobre os impactos da pandemia por COVID-19 em

trabalhadores e alunos do ensino superior, pensado em resposta à pesquisa do quarto capítulo.



13

I- ASSOCIAÇÕES ENTRE O CONSUMO DE ÁLCOOL E AS CONDIÇÕES DE

TRABALHO NAS SITUAÇÕES DE VIOLÊNCIA.

Resumo

Realizou-se revisão integrativa da literatura para investigar as relações entre os temas:

trabalho (emprego), consumo de álcool e a violência (de qualquer tipo, contra qualquer

pessoa, em qualquer idade), tanto em autores de atos violentos, quanto nas "vítimas". Foram

utilizados nas bases eletrônicas de dados os seguintes descritores: álcool, trabalho, violência.

Obtiveram-se 377 publicações, das quais 49 atenderam aos critérios de inclusão e foram

organizadas nas categorias. Para tanto, constatou-se que a maioria dos artigos estabelecia

relações entre duas variáveis, portanto, foram definidas com base na análise de conteúdo de

Bardin, conforme essas relações entre: 1- álcool e violência, 2- álcool e trabalho, 3- trabalho e

violência, 4- duas categorias e 5- todas as categorias. Relações e condições de trabalho ruins

podem influenciar e serem influenciadas por conflitos e violências na família, assim como o

consumo nocivo de substâncias psicoativas (SPA). Constatou-se que os artigos desenvolvem

compreensão fragmentada das relações entre os fatores estudados, como apresentado nas

categorias, nas quais prevaleceram um ou outro fator associado. Assim, o estudo da

complexidade destas relações e interações é uma lacuna de pesquisa.

Palavras-chave: trabalho, substâncias psicoativas, álcool, violência.



14

I- ASSOCIATIONS BETWEEN ALCOHOL CONSUMPTION AND WORKING

CONDITIONS IN VIOLENT SITUATIONS.

Abstract

An integrative literature review was carried out to investigate the relationships between the

themes: work (employment), alcohol consumption and violence (of any kind, against anyone,

at any age), both in perpetrators of violent acts and in the " victims". The following

descriptors were used in the electronic databases: alcohol, work, violence. A total of 377

publications were obtained, of which 49 met the inclusion criteria and were organized into

categories. Therefore, it was found that most articles established relationships between two

variables, therefore, they were defined based on Bardin's content analysis, according to these

relationships between: 1- alcohol and violence, 2- alcohol and work, 3- work and violence, 4-

two categories and 5- all categories. Poor relationships and working conditions can influence

and be influenced by conflicts and violence in the family, as well as the harmful consumption

of psychoactive substances (SPA). It was found that the articles develop a fragmented

understanding of the relationships between the factors studied, as shown in the categories, in

which one or another associated factor prevailed. Thus, the study of the complexity of these

relationships and interactions is a research gap.

Keywords: work, psychoactive substances, alcohol, violence.



31

5. Considerações Finais

Constatou-se que a maioria das publicações estabelecem relações unicausais sobre

um outro aspecto estudado, ou entre o álcool e a violência ou entre o trabalho e o álcool.

Isto pode indicar ainda que a compreensão dos impactos do trabalho sobre os

sujeitos é limitada ao adoecimento físico, única condição na qual é possível estabelecer

ligação direta e causal.

Portanto, novos estudos sobre aspectos que aumentam a vulnerabilidade de certos

grupos de trabalhadores, de pessoas que consomem substâncias, que protagonizam ou sofrem

com atos violentos são importantes. Propostas sobre modos de prevenir violência e

dependência também são necessários, além de intervenções que possam reduzir os impactos

negativos à saúde e às relações entre pessoas no trabalho, na família e na sociedade em geral.

6. Referências

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https://doi.org/10.1590/1413-81232018231.05612015
https://doi.org/10.1590/0102-3772e322212
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38

II- PRECARIEDADE NO TRABALHO E O USO DE SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS

EM DENUNCIANTES E ACUSADOS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA.

Resumo

O trabalho é atividade essencial para o homem e a percepção das condições, relações e dos

benefícios do trabalho são fatores associados à proteção ou vulnerabilidade. O sofrimento

decorrente do trabalho pode influenciar e ser influenciado pelo uso nocivo de substâncias

psicoativas (SPA) e a violência doméstica. Devido aos impactos amplos e as relações

complexas dessas situações, objetivou-se compreender as condições de vida e de trabalho e o

uso de substâncias psicoativas em pessoas envolvidas em queixas de violência em uma

delegacia do interior do estado de São Paulo. Trata-se de uma pesquisa de abordagem

quanti-qualitativa, os dados foram coletados por meio de consulta a boletins de ocorrência,

entrevista semiestruturada e aplicação dos instrumentos: Alcohol Use Disorders Identification

Test (AUDIT), Escala de Suporte Laboral (ESUL) e Inventário sobre o Trabalho e Riscos de

Adoecimento (ITRA) para denunciantes e acusados do ato de violência. Obtiveram-se 24

participantes que assinaram o Termo de Consentimento Livre Esclarecido, 19 participaram

das entrevistas. Os dados documentais e da pesquisa de campo foram inseridos em programa

de análise quantitativa e os qualitativos foram categorizados conforme o conteúdo e

compreendidos com o referencial do pensamento sistêmico e complexo. Prevaleceram

mulheres adultas, denunciantes, com relacionamento amoroso rompido com a parte acusada e

que possuíam histórico de violência pregressa. A metade dos participantes consumiam

medicamentos controlados, 26% álcool, vários vincularam o consumo de SPA à violência, à

socialização e ao trabalho. 58% eram trabalhadores informais e 25% estavam desempregados

ou eram do lar. Grande parte teve avaliações de custos físicos, cognitivos e emocionais do

trabalho, insatisfação com benefícios e conflitos decorrentes do trabalho. Diversos fatores

influenciam e são influenciados pela violência doméstica. O contexto familiar, o trabalho, a

renda e a escolaridade podem vulnerabilizar ou proteger os sujeitos. A compreensão

complexa dos fenômenos é uma lacuna de pesquisa e intervenções embasadas devem ser

criadas para reduzir as vulnerabilidades e ampliar a proteção.

Palavras-chave: trabalho; álcool; violência.



39

II- PRECARIOUSNESS AT WORK AND THE USE OF PSYCHOACTIVE

SUBSTANCES IN WHISTLEBLOWERS AND ACCUSED OF DOMESTIC

VIOLENCE.

Abstract

Work is an essential activity for man and the perception of the conditions, relationships and

benefits of work are factors associated with protection or vulnerability. Suffering from work

can influence and be influenced by the harmful use of psychoactive substances (PAS) and

domestic violence. Due to the broad impacts and the complex relationships of these

situations, the objective was to understand the living and working conditions and the use of

psychoactive substances in people involved in complaints of violence in a police station in

the interior of the state of São Paulo. This is a research with a quantitative-qualitative

approach, data were collected through consultation of police reports, semi-structured

interviews and application of instruments: Alcohol Use Disorders Identification Test

(AUDIT), Labor Support Scale (ESUL) and Inventory on Work and Risks of Illness (ITRA)

for whistleblowers and those accused of the act of violence. There were 24 participants who

signed the Informed Consent Term, 19 participated in the interviews. Documentary and field

research data were entered into a quantitative analysis program and qualitative data were

categorized according to content and understood within the framework of systemic and

complex thinking. Adult women, whistleblowers, with a broken romantic relationship with

the accused party and who had a history of previous violence prevailed. Half of the

participants used prescription drugs, 26% alcohol, several linked the consumption of PAS to

violence, socialization and work. 58% were informal workers and 25% were unemployed or

housewives. Most had assessments of physical, cognitive and emotional costs of work,

dissatisfaction with benefits and conflicts arising from work. Several factors influence and

are influenced by domestic violence. The family context, work, income and schooling can

make the subjects vulnerable or protect them. The complex understanding of the phenomena

is a research gap and informed interventions must be created to reduce vulnerabilities and

expand protection.

Keywords: work; alcohol; violence.



70

6. Considerações finais

Esse estudo apresentou limitações vinculadas ao contexto pandêmico no qual

medidas de contenção ao vírus foram aplicadas de forma inesperada e exigiram a adaptação

da pesquisadora, da instituição e usuários do serviço. Por se tratar de uma delegacia da

mulher, a maioria do público era do sexo feminino, conforme indica prevalência desse gênero

nessa pesquisa.

Tanto em denunciantes, quanto em acusados, a violência doméstica está associada a

diversos fatores, tais como os estudados nesta pesquisa (consumo de SPA e trabalho), que

interagem entre si. O consumo de SPA apareceu como um fator de vulnerabilidade para a

ocorrência e gravidade da violência, assim como, uma consequência deste fenômeno. Já o

contexto familiar, o trabalho, a escolaridade e a renda são interdependentes, interagem entre

si e com outros aspectos, como o consumo de SPA, podendo vulnerabilizar os sujeitos e

grupos ou proteger da violência.

Constata-se que meios intermediários entre a delegacia e as famílias são essenciais,

sobretudo porque além da violência, há vulnerabilidade socioeconômica, familiar e

individual. Portanto, a delegacia aplica medidas, mas não soluciona e pouco pode colaborar

para amenizar as vulnerabilidades. Outra questão é que as pessoas que buscam a instituição

após passarem por um evento de violência, seja como denunciante ou acusado, demandam

acolhimento e escuta qualificada por meio de atendimentos individuais na modalidade de

plantão psicológico, por exemplo.



71

É urgente a necessidade de um profissional da psicologia nessas delegacias, esse é

um recurso possível por lei, todavia não aplicado na realidade. Outra questão é que a lei

Maria da Penha prevê ações de reabilitação aos autores dessa violência, porém são escassos

projetos com estes sujeitos, muito menos com a família. Esse estudo indica que, como a

violência doméstica é uma situação complexa, a prevenção precisa abranger diversos fatores

e pode ser realizada para além de espaços tradicionais, por exemplo ações preventivas em

organizações e espaços de cuidado com a saúde mental.

Aponta-se a necessidade de ações com as famílias, tais como a mediação de

conflitos ou a terapia familiar, uma vez que muitos acusados e vítimas reatam a relação ou

precisam manter contato para negociar a guarda e educação dos filhos.

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77



78

III – O TRABALHO, A SAÚDE E AS RELAÇÕES FAMILIARES DE DOCENTES E

DISCENTES NA PANDEMIA: VULNERABILIDADES E FORÇAS

Resumo

Esta é uma pesquisa quanti-qualitativa que objetiva descrever e compreender aspectos de
vulnerabilidade e de resiliência de docentes e discentes de instituições de ensino superior
(IES) durante a pandemia, com enfoque no trabalho, na saúde e nas relações familiares.
Foram aplicados 2 formulários online, um para docentes (grupo 1) e outro para discentes
(grupo 2), cujos dados foram inseridos em programa para análise quanti-qualitativa.
Principais resultados: ambos os grupos tiveram redução de renda, contudo, discentes foram
35% mais afetados. Para os docentes houve aumento de 3 horas na jornada de trabalho, 90%
dos docentes de IES particulares relataram medo de perder o emprego, 24% perderam renda,
27% alteraram consumo de álcool, 50% tiveram vivências negativas despertadas pela
pandemia, 71% perceberam alterações nas relações familiares e 40% relataram aumento de
conflitos. Dos discentes: 60% trabalhavam, 50% perderam renda, 40% apresentaram
alterações no consumo de álcool, 80% tiveram vivências negativas despertadas ou agravadas
pela pandemia, 64% perceberam alterações nas relações familiares e 63% perceberam
aumento de conflitos. Ambos os grupos descreveram as relações como principal fator de
proteção, assim como atividades de trabalho ou estudo ou lazer. Constatou-se que no período
anterior à pandemia os participantes possuíam algumas vulnerabilidades, sobretudo discentes
que foram os grupos mais afetados e com forças e fatores de proteção reduzidos em
comparação aos docentes.

Palavras-chave: Psicologia Organizacional e do Trabalho. Saúde Mental. Pensamento
Sistêmico e Complexo.



79

III- WORK, HEALTH AND FAMILY RELATIONS OF TEACHERS AND

STUDENTS IN THE PANDEMIC: VULNERABILITIES AND STRENGTHS

This is a quantitative-qualitative research that aims to describe and understand aspects of

vulnerability and resilience of professors and students of higher education institutions (HEIs)

during the pandemic, focusing on work, health and family relationships. Two online forms

were applied, one for professors (group 1) and another for students (group 2), whose data

were entered into a program for quantitative-qualitative analysis. Main results: both groups

had reduced income, however, students were 35% more affected. For professors, there was an

increase of 3 hours in the working day, 90% of professors from private HEIs reported fear of

losing their jobs, 24% lost income, 27% changed alcohol consumption, 50% had negative

experiences aroused by the pandemic, 71% noticed changes in family relationships and 40%

reported increased conflicts. Of the students: 60% worked, 50% lost income, 40% showed

changes in alcohol consumption, 80% had negative experiences aroused or aggravated by the

pandemic, 64% noticed changes in family relationships and 63% noticed an increase in

conflicts. Both groups described relationships as the main protective factor, as well as work

or study or leisure activities. It was found that in the period before the pandemic, the

participants had some vulnerabilities, especially students who were the most affected groups

and with reduced strengths and protection factors compared to teachers.

Keywords: Organizational and Work Psychology; Mental health; Systems and Complex

Thinking.



102

6. Considerações Finais

Esta pesquisa descreveu panorama de discentes e docentes durante a pandemia, teve

caráter exploratório, sendo essa uma limitação. Propõe-se investigações que tenham a

intenção de compreender aspectos que apareceram aqui, porém não foram de forma

específica. Por exemplo, questões relativas às dificuldades com organização do tempo e

espaço, alterações em saúde mental, com ênfase nos sintomas de ansiedade, depressão e

estresse e a comunicação familiar.

Docentes e discentes sofreram com impactos negativos da pandemia, tais como a

perda de renda, aumento da carga de estudo e/ou trabalho, piora na saúde mental e conflitos

familiares. A divisão das tarefas, do tempo e do espaço foi descrita como problemática para

ambos os grupos e prevaleceu enquanto queixas da pandemia. Todavia, os discentes foram

mais afetados por esses impactos negativos, portanto estiveram mais vulneráveis.

Consequências positivas ocorreram e foram maiores para os docentes, tais como a

possibilidade de estreitar laços e acompanhar os filhos e ter atividades de lazer. Para muitos,

o trabalho foi mencionado como vinculado à manutenção da saúde mental em tempos de

pandemia. Estudar e intervir nesses aspectos positivos parece uma possibilidade promissora,

sobretudo como alternativa à tendência dos estudos em enfatizar aspectos negativos, o que

pode vulnerabilizar ainda mais os sujeitos.

Além disso, a pandemia não acabou, dessa forma este estudo não esgota o tema e

novas pesquisas são necessárias, sobretudo em relação às consequências posteriores e à

retomada presencial. Recomenda-se estudos interventivos sobre a saúde mental, o trabalho e

as relações familiares na pandemia, visando mitigar os impactos negativos e ampliar fatores

protetivos neste contexto.

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