UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” FACULDADE DE ENGENHARIA CÂMPUS DE ILHA SOLTEIRA JOÃO ANTONIO ZANARDI JÚNIOR ATIVIDADE DO FEROMÔNIO DE DISRUPÇÃO SEXUAL NO MANEJO DA LAGARTA-DO-CARTUCHO, Spodoptera frugiperda (LEPIDOPTERA: NOCTUIDAE) NA CULTURA DO MILHO. Ilha Solteira 2024 Campus de Ilha Solteira PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRONOMIA JOÃO ANTONIO ZANARDI JÚNIOR ATIVIDADE DO FEROMÔNIO DE DISRUPÇÃO SEXUAL NO MANEJO DA LAGARTA-DO-CARTUCHO, Spodoptera frugiperda (LEPIDOPTERA: NOCTUIDAE) NA CULTURA DO MILHO. Tese apresentada à Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira – Unesp como parte dos requisitos para obtenção do título de Doutor. Especialidade: Sistemas de Produção. Paulo Cezar Ceresini Orientador Geraldo Papa Coorientador Ilha Solteira 2024 A DEUS, Fonte de energia AGRADEÇO À minha filha, Luísa Ávila Zanardi, milha fonte de alegria e inspiração À minha esposa, Priscila Ávila de Souza Zanardi, minha companheira de jornada, por todo apoio e pelos momentos que já passamos juntos DEDICO Aos meus pais, João Antonio Zanardi e Tânia Suzeli Garcia Zanardi pelos cuidados que tiveram comigo durante toda minha formação, À minha irmã, Natalia Garcia Zanardi pela amizade e companheirismo, Aos meus avós maternos, Jandira Aparecida Garcia e José Garcia (in memoriam), e paternos Maria Venturini Zanardi (in memoriam) e Herminio Zanardi (in memoriam) por todo carinho. OFEREÇO AGRADECIMENTOS - Ao Professor Dr. Geraldo Papa, meu orientador, pelos ensinamentos, sabedoria, apoio, confiança, compreensão e amizade durante toda minha formação acadêmica, minha eterna gratidão. - À Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira – UNESP, pela oportunidade de cursar o Doutorado. - À Fundação de Ensino, Pesquisa e Extensão pela concessão de bolsa de Doutoramento. - Aos colegas do Laboratório de Entomologia II que tive oportunidade de trabalhar, em especial Felipe Capobianco (Oreia), João Pedro Scrociato (Fronha), Mateus Cardoso de Castro (Lafon), Marcos Menguini (Cochilo), Mateus Kitagawa (Sodoku), Leonardo Mendes (Garça), Maximiliano Bello Todaro (Papachuva), Wesley Novaes (Mumia), Rafae Nascimento (Rafa), Victor Sanches (Esquisito), Lais Araujo Galetti (Tramela), Ana Beatriz (Bia), Paulo Antonio Tibiriça (Paulinho) e Luis Lima (Musy) pela amizade estabelecida entre nós. - Aos colegas da graduação e pós-graduação da Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira, pela agradável convivência durante o curso. - Aos Professores Dr. Edson Lazarini, Dra. Luciana Claudia Toscano Maruyama, Dr. Fernado Juari Celoto, Dr. Alexandre José Ferreira Diniz, Dr. Caros Alberto Hector Flechmann, Dr. Carlos Frederico Wilcken e Dr. Pedro Takao Yamamoto pela participação na Comissão Examinadora e pelos ensinamentos transmitidos. - Aos funcionários da Seção de Pós Graduação pela atenção dispensada. - Aos produtores parceiros: Mário Marcio Arantes e equipe, Vagner Onibeni e equipe, e Luiz Roberto Trovati e equipe, por todo o suporte na condução dos trabalhos em campo. - A todos aqueles que contribuíram para a realização deste trabalho. “O êxito da vida não se mede pelo caminho que você conquistou, mas sim pelas dificuldades que superou no caminho”. (Abraham Lincoln) RESUMO A ocorrência de insetos-praga na cultura do milho é considerada um dos principais fatores de redução de produtividade. A Spodoptera frugiperda é considerada uma das principais pragas do milho. O objetivo do trabalho foi verificar a atividade do feromônio acetato de (Z)-9-tetradecenila + acetato de (Z)-11-hexadecenila, em diferentes formulações e concentrações na disrupção sexual da Spodoptera frugiperda e seus efeitos no manejo da praga na cultura do milho. Os trabalhos foram divididos em duas etapas. Durante a primeira etapa foram realizados dois experimentos em condições de campo durante a segunda safra de grãos de 2020, nos municípios de Ilha Solteira/SP e Selvíria/MS, avaliando-se três diferentes formulações liquidas do feromônio acetato de (Z)-9-tetradecenila, 250 g.L-1 + acetato de (Z)-11-hexadecenila, 37,4 g.L-1. O delineamento adotado para ambos os experimentos foi inteiramente casualizado, com sete tratamentos e quatro repetições. Cada tratamento constou de 1,5 ha (124m x 124m), com quatro pontos amostrais (repetições), indicados por uma armadilha a base de feromônio sexual para captura de adultos. Os tratamentos constaram da aplicação de: 1 – PR-001-2019-v8.1 a 87 mL.ha-1, 2 – PR-001-2019- v8.1 a 174 mL.ha-1, 3 – PR-001-2019-v9.1 a 87 mL.ha-1, 4 – PR-001-2019-v9.1 a 174 mL.ha-1, 5 – JC001-042 a 87 mL.ha-1, 6 – JC001-042 a 174 mL.ha-1 e 7 – Controle (sem aplicação de feromônio). Foram realizadas três pulverizações do feromônio, com intervalo de 14 dias, utilizando-se um drone, com volume de calda de 10 L.ha-1. Os efeitos dos tratamentos foram avaliados com uso de armadilha contendo frasco com água, sabão e atrativo sexual BioSpodoptera®. As avaliações foram realizadas aos 0 (prévia), 3, 6, 9, 12 e 14 dias após cada aplicação, mensurando a atividade do feromônio pela contagem do número de mariposas macho de S. frugiperda atraídas e capturadas nas armadilhas. Aos 14 dias após terceira aplicação foi realizada a avaliação de danos da praga na cultura do milho, atribuindo-se notas (0 – 9) em 50 plantas por repetição. Durante a segunda etapa foi realizado um único experimento, em condições de campo, durante a safra 2022/2023, verificando-se atividade de uma formulação granulada do feromônio FAW Eco Granules 305 (acetato de (Z)-9- tetradecenila, 26,5% m/m + acetato de (Z)-11-hexadecenila, 4,0% m/m) em diferentes doses. O delineamento adotado foi inteiramente casualizado, com sete tratamentos e quatro repetições. Cada tratamento constou de 4 hectares (200m x 200m), com quatro pontos amostrais (repetições), indicados por uma armadilha a base de feromônio sexual para captura de adultos. Os tratamentos constaram da aplicação de: 1 – FAW Eco Granules 305 a 84 g.ha-1, 2 – FAW Eco Granules 305 a 167 g.ha-1, 3 – FAW Eco Granules 305 a 250 g.ha-1, 4 – FAW Eco Granules 305 a 333 g.ha-1, 5 – FAW Eco Granules 305 a 500 g.ha-1, 6 – Pherogen Spray FAW® a 90 mL.ha-1 (5 pulverizações com intervalo de 7 dias) e 7 – Controle (sem aplicação de feromônio). Os tratamentos a base do feromônio granulado foram distribuídos manualmente em faixas de 4m de largura, proporcionalmente a dose de cada tratamento. Os efeitos dos tratamentos foram avaliados com uso de armadilha tipo delta, contento piso adesivo e atrativo sexual BioSpodoptera®. As avaliações foram realizadas aos 0 (prévia), 3, 7, 10, 14, 17, 21, 24, 28, 31, 35, 40 e 46 dias após a aplicação, mensurando a atividade do feromônio pela contagem do número de mariposas macho de S. frugiperda atraídas e capturadas nas armadilhas. Aos 7, 14, 21, 28 e 35 dias após a aplicação dos grânulos foi realizada a avaliação de danos da praga na cultura do milho, atribuindo-se notas (0 – 9) em 50 plantas por repetição. Ao término do ciclo da cultura foi realizada a avaliação de produtividade de grãos em cada tratamento (Kg/ha). O feromônio acetato de acetato de (Z)-9-tetradecenila 250 g.L-1 + acetato de (Z)-11-hexadecenila 37,4 g.L- 1, nas três formulações líquidas e nas duas doses avaliadas, reduziram significativamente a captura de mariposas nas armadilhas e os danos provocados pelas lagartas, indicando a disrupção do acasalamento da S. frugiperda. Entre as formulações líquidas do feromônio, o melhor desempenho na confusão sexual de adultos da S. frugiperda e na proteção das plantas de milho contra o ataque da praga foi promovido pela formulação PR-001-2019-v8.1 a 174 mL.ha-1. A aplicação do feromônio granulado FAW Eco Granules 305 (acetato de (Z)-9- tetradecenila, 26,5% m/m + acetato de (Z)-11-hexadecenila, 4% m/m) a 250g, 333g e 500g do p.c.ha-1 foi eficiente na confusão sexual da S. frugiperda, até 35 dias após a aplicação, proporcionado redução dos danos provocados pelas lagartas nas plantas de milho. O emprego de feromônio de confusão sexual nos programas de manejo da S. frugiperda em milho apresenta-se como uma alternativa promissora, pois atua na supressão de acasalamento, resultando em declínio populacional. Palavras-chave: semioquímicos; manejo integrado de pragas; Zea mays. ABSTRACT The occurrence of insect pests in corn crops is considered one of the main factors in reducing productivity. The Spodoptera frugiperda is considered one of the main pests of corn. The objective of the work was to verify the activity of the pheromone (Z)-9- tetradecenyl acetate + (Z)-11-hexadecenyl acetate, in different formulations and concentrations, on the sexual disruption of adults of Spodoptera frugiperda and its effects on pest management in corn crop. The work was divided into two stages. During the first stage, two experiments were carried out under field conditions during the second grain crop of 2020, in the city of Ilha Solteira/SP and Selvíria/MS, evaluating three different liquid formulations of the pheromone acetate (Z)-9- tetradecenyl 250 g.L-1 + (Z)-11-hexadecenyl acetate 37.4 g.L-1. The design adopted for both experiments was completely randomized, with seven treatments and four replications. Each treatment consisted of 1.5 ha (124m x 124m), with four evaluations points (replications), indicated by a sex pheromone trap to capture adults. The treatments consisted of the application of: 1 – PR-001-2019-v8.1 at 87 mL.ha-1, 2 – PR-001-2019- v8.1 at 174 mL.ha-1, 3 – PR-001 -2019-v9.1 at 87 mL.ha-1, 4 – PR-001-2019-v9.1 at 174 mL.ha-1, 5 – JC001-042 at 87 mL.ha-1, 6 – JC001- 042 to 174 mL.ha-1 and 7 – Control (without pheromone application). Three pheromone sprays were carried out, with 14 days of interval, using a drone as spraying equipment, with a spray volume of 10 L.ha-1. The effects of the treatments were evaluated using a trap containing a bottle with water, soap and BioSpodoptera® sexual attractant. Evaluations were carried out at 0 (previous), 3, 6, 9, 12 and 14 days after each application, measuring the activity of pheromone by counting the number of male moths of S. frugiperda attracted and captured in the traps. At 14 days after the third application, damage assessment was carried out on the corn crop, assigning scores (0 – 9) to 50 plants per replication. During the second stage, a single experiment was carried out, under field conditions, during the 2022/2023 grain season, verifying the activity of a granulated formulation of the pheromone FAW Eco Granules 305 ((Z)-9- tetradecenyl acetate, 26.5 % m/m + (Z)-11-hexadecenyl acetate, 4.0% m/m) in different rates. The design adopted was completely randomized, with seven treatments and four replications. Each treatment consisted of 4 hectares (200m x 200m), with four evaluations points (replications), indicated by a sex pheromone trap to capture adults. The treatments consisted of the application of: 1 – FAW Eco Granules 305 at 84 g.ha-1, 2 – FAW Eco Granules 305 at 167 g.ha-1, 3 – FAW Eco Granules 305 at 250 g.ha-1, 4 – FAW Eco Granules 305 to 333 g.ha-1, 5 – FAW Eco Granules 305 to 500 g.ha-1, 6 – Pherogen Spray FAW® at 90 mL.ha-1 (5 sprays at an interval of 7 days) and 7 – Control (without application of pheromone). The granulated pheromone treatments were manually distributed in 4m wide strips, proportionally to the dose of each treatment. The effects of the treatments were evaluated using a delta trap, adhesive flooring content and BioSpodoptera® sexual attractant. Evaluations were carried out at 0 (previous), 3, 7, 10, 14, 17, 21, 24, 28, 31, 35, 40 and 46 days after application, measuring activity of pheromone by counting the number of male moths of S. frugiperda attracted and captured in the traps. At 7, 14, 21, 28 and 35 days after application of the granules, damage evaluations of pest in corn crop was carried out, assigning scores (0 – 9) to 50 plants per replications. At the end of the crop cycle, grain productivity per treatment (Kg/ha) was assessed. The pheromone (Z)-9-tetradecenyl acetate 250 g.L-1 + (Z)-11-hexadecenyl acetate 37.4 g.L-1, in the three liquid formulations and in the two doses evaluated, significantly reduced the capture of moths in the traps and the damage caused by the caterpillars, indicating the disruption of S. frugiperda mating. Among the liquid pheromone formulations, the best performance in the sexual confusion of S. frugiperda adults and in the protection of corn plants against pest attack was promoted by the formulation PR-001-2019-v8.1 at 174 mL.ha-1. Application of FAW Eco Granules 305 granulated pheromone ((Z)-9-tetradecenyl acetate, 26.5% m/m + (Z)-11-hexadecenyl acetate, 4% m/m) at 250g, 333g and 500g of p.c.ha-1 was efficient in the sexual confusion of S. frugiperda, up to 35 days after application, providing a reduction in damage caused by caterpillars on corn plants. The use of sexual confusion pheromone in S. frugiperda management programs in corn presents its a promising alternative, as it acts to suppress mating, resulting in population decline. Key-words: semiochemicals; integrated pest management; Zea mays. LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Tecnologias Bt em soja milho, algodão e soja comercialmente disponíveis para o controle de insetos-praga no Brasil.................. 23 Figura 2 - Aspecto das formulações do feromônio líquido PR-001-2019- v8.1, PR-001-2019-v9.1 e JC001-042........................................... 32 Figura 3 - Croqui da área experimental com os tratamentos indicados por linhas vermelhas e armadilhas indicadas pelos marcadores amarelos no município de Ilha Solteira/SP.................................... 34 Figura 4 - Aplicação de diferentes formulações de feromônio liquido na cultura do milho com a utilização de um Drone (pulverizador octacóptero DJI Agras MG - 1). Ilha Solteira/SP. 2020.................. 36 Figura 5 - (A) Armadilha água-sabão; (B) Tampa da armadilha contendo o atrativo Sexual Bio Spodoptera; (C) Armadilhas abertas contendo mariposas de Spodoptera frugiperda capturadas em 3 noites...... 37 Figura 6 - Croqui da área experimental com os tratamentos indicados por linhas vermelhas e armadilhas indicadas pelos marcadores amarelos. Selvíria/MS.................................................................... 40 Figura 7 - Aplicação de diferentes formulações de feromônio liquido na cultura do milho com a utilização de um Drone (pulverizador octacóptero DJI Agras MG - 1). Selvíria, MS. 2020....................... 42 Figura 8 - Feromônio FAW Eco Granules 305 (acetato de (Z)-9- tetradecenila, 26,5% + acetato de (Z)-11-hexadecenila, 4%) ........ 45 Figura 9 - Croqui da área experimental com os tratamentos indicados por linhas brancas e armadilhas indicadas pelos marcadores vermelhos no centro de cada tratamento. Itapura/SP. ................. 46 Figura 10 - Metodologia de aplicação do feromônio granulado. Itapura/SP. 2022............................................................................................... 49 Figura 11 - Metodologia de aplicação com pulverizador terrestre. Itapura/SP. 2022............................................................................................... 50 Figura 12 - (A) Armadilha tipo delta, (B) Piso adesivo com machos de Spodoptera frugiperda capturados e (C) disposição espacial das armadilhas nos tratamentos avaliados. Itapura/SP. 2023............. 51 Figura 13 - Metodologia de colheita para estimativa de produtividade por tratamento. Itapura/SP. 2023......................................................... 52 Figura 14 - Precipitação pluviométrica em mm por dia e número de mariposas capturadas no tratamento Controle durante o período de avaliações do experimento. Ilha Solteira/SP. 2020................... 57 Figura 15 - Precipitação pluviométrica em mm por dia e número de mariposas capturadas no tratamento Controle durante o período de avaliações do experimento. Selvíria/MS. 2020......................... 62 Figura 16 - Porcentagem de eficiência na redução de captura de mariposas S. frugiperda capturadas nas armadilhas de feromônio por intervalo de aplicação (3, 6, 9, 12 e 14 dias após cada aplicação) e média geral da porcentagem de eficiência na redução de captura de mariposas. Selvíria/MS. 2020..................................... 64 Figura 17 - Desenvolvimento da cultura do milho próximo à primeira, segunda e terceira pulverização das formulações de suspensão de encapsulados de feromônio. Selvíria/MS. 2023........................ 65 Figura 18 - Atividade do feromônio FAW Eco Granules 305 na disrupção sexual de adultos da Spodoptera frugiperda, em milho. Média de mariposas capturadas nas armadilhas (mariposa/armadilha/noite) por tratamento aos 0 (prévia), 3, 7, 10, 14 e 17 dias após aplicação (DAA). Itapura/SP. 2022/23....... 67 Figura 19 - Precipitação pluviométrica em mm por dia e número de mariposas capturadas no tratamento Controle durante o período de avaliações do experimento. Itapura/SP..................................... 68 Figura 20 - Porcentagem de redução de captura de mariposas Spodoptera frugiperda por tratamento aos 3, 7, 10, 14, 17, 21, 24, 28, 31, 35, 40 e 46 dias após a aplicação dos grânulos (DAA). Itapura/SP. 2022/23.......................................................................................... 70 LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Escala de notas (0 a 9) para avaliação de danos de Spodoptera frugiperda no cartucho do milho e tomada de decisão para com controle.......................................................................................... 24 Tabela 2 - Nível de ação para lagarta-do-cartucho, Spodoptera frugiperda em milho........................................................................................ 24 Tabela 3 - Tratamentos e doses das formulações de suspensão de encapsulados (CS) aplicados para o controle comportamental da lagarta-do-cartucho, Spodoptera frugiperda, em milho.................. 32 Tabela 4 - Coordenadas geográficas da área experimental e das armadilhas de captura de mariposas de cada tratamento. Ilha Solteira/SP..... 35 Tabela 5 - Informações de data, clima e cultura no momento de cada aplicação. Ilha Solteira/SP............................................................. 36 Tabela 6 - Escala de notas de fitotoxicidade em plantas tratadas.................. 38 Tabela 7 - Coordenadas geográficas da área experimental e das armadilhas de captura de mariposas de cada tratamento. Selvíria/MS............ 41 Tabela 8 - Informações de data, clima e cultura no momento de cada aplicação. Selvíria/MS. 2020......................................................... 41 Tabela 9 - Coordenadas geográficas dos vértices de cada tratamento. Itapura/SP. 2023............................................................................ 47 Tabela 10 - Tratamentos e doses do feromônio de formulação em grânulos. Itapura/SP. 2022/23....................................................................... 48 Tabela 11 - Dados climatológicos momento da aplicação dos tratamentos T1 a T5. Itapura/SP. 2022................................................................... 49 Tabela 12 - Tabela 12 - Dados climatológicos no momento de cada aplicação do tratamento 6. Itapura/SP. 2022/23............................................ 50 Tabela 13 - Média do número de mariposas de Spodoptera frugiperda capturadas nas armadilhas de feromônio sexual (mariposa/armadilha/noite) e porcentagem de eficiência na redução de captura (%E) aos 0 (prévia), 3, 6, 9, 12 e 14 dias após primeira aplicação (DA1ªA). Ilha Solteira/SP. 2020....................... 55 Tabela 14 - Média do número de mariposas de Spodoptera frugiperda capturadas nas armadilhas de feromônio sexual (mariposa/armadilha/noite) e porcentagem de eficiência na redução de captura (%E) aos 3, 6, 9, 12 e 14 dias após segunda aplicação (DA2ªA). Ilha Solteira/SP. 2020..................................... 55 Tabela 15 - Média do número de mariposas de Spodoptera frugiperda capturadas nas armadilhas de feromônio sexual (mariposa/armadilha/noite) e porcentagem de eficiência na redução de captura (%E) aos 3, 6, 9 12 e 14 dias após terceira aplicação (DA3ªA). Ilha Solteira/SP. 2020..................................... 56 Tabela 16 - Média do número de mariposas de Spodoptera frugiperda capturadas nas armadilhas de feromônio por noite em cada intervalo de aplicação (3, 6, 9, 12 e 14 dias após cada aplicação) e média geral da porcentagem de eficiência na redução de captura de mariposas. Ilha Solteira/SP. 2020............................... 59 Tabela 17 - Média das notas danos de Spodoptera frugiperda (Davis et al., 1992), porcentagem de eficiência na redução de danos em 80 plantas por tratamento e porcentagem de plantas com notas iguais ou superior a 3 aos 14 dias após a terceira aplicação. Ilha Solteira/SP. 2020........................................................................... 59 Tabela 18 - Análise de fitotoxicidade do feromônio acetato de acetato de (Z)- 9-tetradecenila 250 g.L-1 + acetato de (Z)-11-hexadecenila 37,4 g.L-1 aplicado na cultura do milho. Média de notas de fitotoxicidade de 80 plantas por tratamento aos 7 dias após aplicação dias após primeira, segunda e terceira aplicação. Ilha Solteira/SP. 2020........................................................................... 59 Tabela 19 - Média do número de mariposas de Spodoptera frugiperda capturadas nas armadilhas de feromônio sexual (mariposa/armadilha/noite) e porcentagem de eficiência na redução de captura (%E) aos 0 (prévia), 3, 6, 9, 12 e 14 dias após primeira aplicação (DA1ªA). Selvíria/MS. 2020.............................. 60 Tabela 20 - Média do número de mariposas de Spodoptera frugiperda capturadas nas armadilhas de feromônio sexual 61 (mariposa/armadilha/noite) e porcentagem de eficiência na redução de captura (%E) aos 3, 6, 9, 12 e 14 dias após segunda aplicação (DA2ªA). Selvíria/MS. 2020............................................ Tabela 21 - Média do número de mariposas de Spodoptera frugiperda capturadas nas armadilhas de feromônio sexual (mariposa/armadilha/noite) e porcentagem de eficiência na redução de captura (%E) aos 3, 6, 9 12 e 14 dias após terceira aplicação (DA3ªA). Selvíria/MS. 2020............................................ 61 Tabela 22 - Média do número de mariposas de Spodoptera frugiperda capturadas nas armadilhas de feromônio em cada intervalo de aplicação (3, 6, 9, 12 e 14 dias após cada aplicação) e média geral da porcentagem de eficiência na redução de captura de mariposas. Selvíria/MS. 2020........................................................ 63 Tabela 23 - Média das notas danos de Spodoptera frugiperda, porcentagem de eficiência na redução de danos em 80 plantas por tratamento e porcentagem de plantas com notas iguais ou superior a 3 aos 14 dias após a terceira aplicação. Selvíria/MS. 2020..................... 65 Tabela 24 - Análise de fitotoxicidade do feromônio acetato de (Z)-9- tetradecenila 250 g.L-1 + acetato de (Z)-11-hexadecenila 37,4 g.L- 1 aplicado na cultura do milho. Média de notas de fitotoxicidade de 80 plantas por tratamento aos 7 dias após a primeira, segunda e terceira aplicação. Selvíria/MS. 2020.......................................... 66 Tabela 25 - Média do número de mariposas de Spodoptera frugiperda capturadas nas armadilhas de feromônio sexual (mariposa/armadilha/noite) e porcentagem de eficiência na redução de captura (%E) aos 0 (prévia), 3, 7, 10, 14 e 17 dias após aplicação (DAA). Itapura/SP. 2022/23................................... 69 Tabela 26 - Média do número de mariposas de Spodoptera frugiperda capturadas nas armadilhas de feromônio sexual (mariposa/armadilha/noite) e porcentagem de eficiência na redução de captura (%E) aos 21, 24, 28, 31, 35, 40, 46 dias após aplicação (DAA). Itapura, SP. 2022/23........................................... 69 Tabela 27 - Porcentagem de plantas de milho com notas de danos de Spodoptera frugiperda (Davis et al., 1992) iguais ou superiores a 3 por tratamento aos 7, 14, 21, 28, 35 e 40 dias após aplicação (DAA). Itapura, SP. 2022/23.......................................................... 71 Tabela 28 - Média das notas de danos (Davis et al., 1992) em folhas por tratamento (média obtida em 80 plantas por tratamento) aos 7, 14, 21, 28, 35 e 40 dias após aplicação (DAA). Itapura, SP. 2022/23.......................................................................................... 72 Tabela 29 - Análise do rendimento de grãos de milho em função da aplicação do feromônio acetato de (Z)-9- tetradecenila + acetato de (Z)-11- hexadecenila, 26,5% m/m + 4,0% m/m. Media do peso de grãos (Kg) colhidos em quatro linhas de cinco metros cada (10m²) por repetição, média estimada em Kg/ha e porcentagem de incremento. Selvíria, MS. 2023...................................................... 72 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO...................................................................................... 14 2 REVISÃO DE LITERATURA................................................................. 17 2.1 IMPORTÂNCIA SOCIOECONÔMICA DA CULTURA DO MILHO, Zea mays L.................................................................................................... 17 2.2 OCORRÊNCIA DE INSETOS-PRAGA NA CULTURA DO MILHO...... 17 2.3 ASPECTOS COMPORTAMENTAIS E BIOLÓGICOS DA Spodoptera frugiperda............................................................................................... 18 2.4 DANOS DA S. frugiperda NA CULTURA DO MILHO............................. 20 2.4.1 Danos nas plântulas............................................................................. 20 2.4.2 Danos no cartucho e estruturas reprodutivas das planas de milho. 21 2.5 MÉTODOS DE CONTROLE DA LAGARTA-DO-CARTUCHO NA CULTURA DO MILHO............................................................................ 21 2.5.1 Uso de tecnologias de milho que expressam proteína inseticida de Bacillus thuringiensis Berliner (Bt)............................................... 21 2.5.2 Utilização de inseticidas sintéticos.................................................... 23 2.6 FEROMÔNIOS...................................................................................... 25 2.6.1 Características dos feromônios e seus efeitos naturais sobre insetos.................................................................................................. 26 2.6.2 Emprego de feromônios sexuais para o manejo de pragas............ 27 2.6.3 Disrupção do acasalamento pela confusão sexual........................... 28 2.7 FORMULAÇÕES DE DEFENSIVOS AGRÍCOLAS PARA A ULTILIZAÇÃO EM LARGA ESCALA DO FEROMÔNIO....................... 29 2.7.1 Suspensão de encapsulados (CS)..................................................... 30 2.7.2 Granulado (G)....................................................................................... 30 3 EFEITO DA APLICAÇÃO DE DIFERENTES FORMULAÇÕES LIQUIDAS DO FEROMÔNIO DE DISRUPÇÃO SEXUAL PARA O MANEJO DA LAGARTA-DO-CARTUCHO, Spodoptera frugiperda, NA CULTURA DO MILHO, EM CONDIÇÕES DE CAMPO................... 31 3.1 OBJETIVO............................................................................................. 31 3.2 MATERIAL E MÉTODOS....................................................................... 31 3.2.1 Características do feromônio testado................................................ 31 3.2.2 Experimento I....................................................................................... 33 3.2.2.1 Local de condução do experimento.................................................. 33 3.2.2.2 Instalação e condução da cultura do milho na área experimental... 33 3.2.2.3 Metodologia de aplicação.................................................................... 35 3.2.2.4 Metodologia de avaliação.................................................................... 36 3.2.2.5 Manejo da Spodoptera frugiperda na área do experimental............. 38 3.2.3 Experimento II....................................................................................... 39 3.2.3.1 Local de condução do experimento.................................................... 39 3.2.3.2 Instalação e condução da cultura do milho na área experimental.... 39 3.2.3.3 Metodologia de aplicação.................................................................... 41 3.2.3.4 Metodologia de avaliação.................................................................... 42 3.2.3.5 Manejo da Spodoptera frugiperda na área do experimental............. 43 3.3 Estádio de desenvolvimento da cultura............................................. 44 3.4 Análises estatísticas............................................................................ 44 4 EFEITO DA APLICAÇÃO DE FORMULAÇÃO GRANULADA DO FEROMÔNIO DE DISRUPÇÃO SEXUAL (FAW Eco Granules 305) NO MANEJO DA LAGARTA-DO-CARTUCHO, Spodoptera frugiperda, EM CONDIÇÕES DE CAMPO........................................... 44 4.1 OBJETVO.............................................................................................. 44 4.2 MATERIAL E MÉTODOS....................................................................... 44 4.2.1 Características do feromônio avaliado.............................................. 45 4.2.2 Local de condução do experimento................................................... 45 4.2.3 Delineamento experimental................................................................. 46 4.2.4 Instalação e condução da cultura do milho na área experimental.... 47 4.2.5 Tratamentos e doses............................................................................ 48 4.2.6 Metodologia de aplicação.................................................................... 49 4.2.7 Manejo da Spodoptera frugiperda na área do experimental............. 49 4.2.8 Metodologia de avaliação.................................................................... 50 4.3 ESTÁDIO DE DESENVOLVIMENTO DO MILHO................................... 52 4.4 INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS............................................... 52 4.5 ANÁLISES ESTATÍSTICAS................................................................... 53 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO............................................................. 54 5.1 EFEITO DA APLICAÇÃO DE DIFERENTES FORMULAÇÕES LIQUIDAS DO FEROMÔNIO DE DISRUPÇÃO SEXUAL NO MANEJO DA LAGARTA-DO-CARTUCHO, Spodoptera frugiperda, NA CULTURA DO MILHO, EM CONDIÇÕES DE CAMPO.......................... 54 5.1.1 Experimento I........................................................................................ 54 5.1.2 Experimento II....................................................................................... 59 5.1.3 Conclusões........................................................................................... 66 5.2 EFEITO DA APLICAÇÃO DE FORMULAÇÃO GRANULADA DO FEROMÔNIO DE DISRUPÇÃO SEXUAL (FAW Eco Granules 305) NO MANEJO DA LAGARTA-DO-CARTUCHO, Spodoptera frugiperda, EM CONDIÇÕES DE CAMPO...................................................................... 67 5.2.1 Conclusões........................................................................................... 73 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................... 74 REFERÊNCIAS..................................................................................... 75 14 1 INTRODUÇÃO Entre os fatores que mais afetam a produção do milho destacam-se as pragas, como a lagarta-do-cartucho, Sodoptera frugiperda (Smith, 1797), considerada por muitos anos a principal praga da cultura pelos prejuízos proporcionados. Em função da polifagia da espécie e da disponibilidade de alimento o ano todo, associado as condições climáticas favoráveis ao seu desenvolvimento, a praga pode ser encontrada em todas as regiões brasileiras (Cruz, 1995). Considerada como uma praga cosmopolita, recentemente a lagarta-do-cartucho, S. frugiperda, ganhou notoriedade no cenário agrícola mundial por sua ocorrência ter sido relatada também na África, Ásia e Austrália (Gergen et al., 2016; Jing et al., 2020; Queensland Government Departament of Agricultura and Fisheries, 2020). O inseto se alimenta de todas as estruturas da parte aérea do milho, dando preferência às folhas jovens no período vegetativo. Quando o ataque acontece logo após e emergência das plantas, a lagarta-do-cartucho pode levar a planta à morte. As estruturas reprodutivas da planta (pendão e espiga) também podem ser afetadas, com perdas quantitativas, reduzindo a produtividade, e qualitativas, pelo favorecimento do desenvolvimento de fungos e presença de micotoxinas nos grãos (Busato et al., 2004). A espécie S. frugiperda possui metamorfose completa, passando pelas fases de ovo, larva (lagarta), pupa e adulto. O inseto em sua fase adulta é uma mariposa de cor cinza e mede cerca de 15 mm de comprimento, possui hábito noturno, não sendo ativo durante o dia, com longevidade média de 12 dias. O acasalamento começa com o pôr do sol e atinge o pico duas a quatro horas após o início, quando as temperaturas estão mais amenas e favoráveis para a atividade do inseto (Cruz, 1995; Pogue, 2002; Valicente, 2015). Para a ocorrência da cópula, assim como para a maioria dos lepidópteros, o encontro entre parceiros é mediado por estímulos químicos, onde feromônios sexuais liberados pelas fêmeas promovem a atração dos machos (Cadré; Baker, 1984). No atual cenário agrícola brasileiro, o controle da S. frugiperda em lavouras do milho é realizado basicamente pela adoção de variedades transgênicas (Bt) e por pulverizações com inseticidas químicos. A pressão de seleção de indivíduos resistentes às duas formas de controle tem sido o maior desafio nos últimos anos, preocupando os agricultores e a sociedade quanto a sustentabilidade de controle da praga em um futuro próximo. Para tanto, o desenvolvimento de outras táticas de 15 controle para a lagarta-do-cartucho se torna alternativa importante para a viabilidade do cultivo de milho com menor uso de inseticidas químicos. Uma das novas opções de controle é pela liberação de feromônios sintéticos na lavoura, técnica conhecida como “Mating Disruption” (Disrupção do Acasalamento), que trabalha com o princípio de que o ar em um campo agrícola seja saturado com feromônio sexual, evitando ou dificultando o encontro de machos e fêmeas, impedindo o processo de reprodução (Ganie et al., 2012). Pelo fato de apresentarem alta especificidade e por não haver depósito significativo de elementos químicos no ambiente ou no alimento produzido, a utilização de feromônios no controle de pragas contribui para a produção mais segura de alimentos, destacando-se a utilização para o manejo de lepidópteros (Zarbin et al., 2009; Araujo et al., 2021). Feromônios são substâncias químicas pertencentes ao grupo dos semioquímicos que mediam interações intraespecíficas. De fórmula química simples, biodegradável e empregado em diminutas quantidades, os feromônios são considerados o principal elemento da linguagem de comunicação dos insetos (Vilela, 1992). A amplitude de componentes químicos presentes nos feromônios de lepidópteros inclui mistura de álcoois alifáticos, aldeídos, ésteres e epoxides. Uma das principais dificuldades da técnica refere-se à instabilidade do feromônio natural, pois os aldeídos são instáveis em condições de campo, em razão da rápida oxidação e polimerização do composto (Campion, 1984; Ujváry et al., 1993). Diante do contexto, o presente trabalho teve por objetivo verificar a atividade do feromônio sexual acetato de (Z)-9-tetradecenila + acetato de (Z)-11-hexadecenila aplicado no manejo da lagarta-do-cartucho, Spodoptera frugiperda, em cultivos comerciais de milho. Os trabalhos foram divididos em duas etapas: Primeira etapa: Foram realizados dois experimentos em condições de campo durante a segunda safra de 2020, avaliando-se três diferentes formulações de suspensão de encapsulados do feromônio acetato de (Z)-9-tetradecenila 250 g.L-1 + acetato de (Z)-11-hexadecenila 37,4 g.L-1) na disrupção sexual da S. frugiperda e seus efeitos na redução de danos da praga na cultura do milho em condições de campo. Segunda etapa: Foi realizado um único experimento, em condições de campo, durante a safra 2022/2023, avaliando-se o desempenho de uma formulação granulada do feromônio (acetato de (Z)-9- tetradecenila + acetato de (Z)-11-hexadecenila, 26,5% 16 m/m + 4% m/m) na disrupção sexual da S. frugiperda e seus efeitos na redução de danos da praga na cultura do milho em condições de campo. 17 2 REVISÃO DE LITERATURA 2.1 IMPORTÂNCIA SOCIOECONÔMICA DA CULTURA DO MILHO, Zea mays L O milho é uma gramínea pertencente à família Poaceae. Tem origem no Continente Americano e é cultivada em diferentes locais do mundo. É um cereal de fácil adaptação que permite ser cultivado em altitudes referentes ao nível do mar até superiores a 3.600 metros. É encontrado em climas temperados, tropicais e subtropicais (Barros, 2014). A cultura do milho tem grande importância no cenário mundial, pois o seu alto valor nutricional o coloca como alimento importante, muitas vezes básico, na dieta humana e animal, além de ser utilizado como matéria-prima na produção de energia limpa, como na produção biocombustíveis (Sologuren, 2015; Maximiano, 2017). O milho é um produto muito versátil, podendo ser utilizado como insumo na fabricação de produtos como lisina, itens biodegradáveis, isoglucose, etanol etc. Na alimentação humana, o milho é utilizado para a produção de alimentos básicos como fubás, farinhas, canjicas e óleos. Pode ser empregado também em produtos mais elaborados como xarope de glucose (utilizado na produção de balas, gomas de mascar, doces em pasta etc.), maltodextrinas (destinadas à produção de essências e aromas, sopas desidratadas, produtos achocolatados e outros) e corantes caramelo (para produção de refrigerantes, cervejas, molho etc.) (Barros; Alves, 2015; Sologuren, 2015). Nas condições brasileiras o milho é considerado uma das principais culturas. Somando os três períodos de cultivo da cultura, conhecidos como verão; segunda safra (safrinha), geralmente em sucessão ao cultivo da soja e cultivo de inverno, realizado geralmente em áreas irrigadas, a área estimada com o cultivo da cultura na safra 2022/23 foi de aproximadamente 22,3 milhões de hectares, com produtividade média estimada em 5,9 toneladas por hectare (CONAB – Companhia Nacional de Abastecimento, 2024). 2.2 OCORRÊNCIA DE INSETOS-PRAGA NA CULTURA DO MILHO Um dos principais fatores de redução de produtividade de milho são os frequentes ataques de insetos praga. No atual cenário de ocorrência de pragas nas 18 condições brasileiras, as atenções dos produtores de milho são voltadas para os ataques da cigarrinha-do-milho, Dalbulus maidis, percevejo barriga-verde, Diceraeus spp., lagarta-da-espiga, Helicoverpa zea, pulgão-do-milho, Rhopalosiphum maidis e lagarta-de-cartucho, Spodoptera frugiperda (Wordell Filho et al., 2016). Dentre as pragas que ocorrem na cultura do milho nas condições brasileiras, a lagarta-do-cartucho, S. frugiperda merece destaque, pois foi considerada por muitos anos a principal praga pelos danos provocados e pelas dificuldades de controle. Caso não seja manejada adequadamente, a redução de produtividade pode chegar à 60%, dependendo da cultivar e da época de ataque (Rosa, 2010; Nais, 2012). 2.3 ASPECTOS COMPORTAMENTAIS E BIOLÓGICOS DA Spodoptera frugiperda A espécie S. frugiperda é uma praga migratória e cosmopolita nas regiões tropicais e subtropicais do Hemisfério Ocidental e recentemente foi constatada na África, Ásia e Austrália (Goergen et al., 2016; Jing et al., 2020; QUEENSLAND GOVERNMENT DEPARTAMENT OF AGRICULTURA AND FISHERIES, 2020, Luginbill, 1928; Adamczyk et al., 1999). Conhecida também como lagarta-do-cartucho ou lagarta-militar, a espécie S. frugiperda é considerada uma das principais pragas da cultura do milho, além de causar danos nas culturas do sorgo (Sorghum bicolor L. Moench), trigo (Triticum aestivum L.), arroz (Oryza sativa L.), algodão (Gossypium hirsutum L.), amendoim (Arachis hypogaea L.), soja (Glycine max (L.) Merril), solanáceas, crucíferas (Moscardi; Kastelic, 1985; Ali et al., 1990; Cruz, 1995; Casmuz et al., 2010; ; Capinera, 2001; CABI, 2020), dentre outras culturas. Trata-se de um inseto holometábolo, ou seja, apresenta desenvolvimento completo, passando pelas fases de ovo, lagarta (larva), pupa e adulta (Luginbill, 1928; Valicente, 2015). Os adultos possuem hábito noturno são pouco ativos durante o dia. A atividade das mariposas inicia próxima no período crepuscular, próximo ao pôr-do-sol, atingindo o pico de atividade duas a quatro horas depois, ocasião em que ocorre o acasalamento, dispersão e migração (Cruz, 1995). A mariposa fêmea inicia o período de oviposição entre o terceiro e quarto dia após a emergência. Cada mariposa pode colocar em torno de 2.000 ovos durante o 19 seu ciclo, que agrupados em massas com 50 a 300 ovos, colocadas em camadas, que pode variar de uma a quatro (Cruz, 1995). As lagartas passam por até seis instares larvais durante o seu desenvolvimento e a duração de cada instar depende da temperatura e do substrato alimentar. Logo após a eclosão, as neonatas, ou seja, lagartas com idade até 12 horas após a eclosão, se alimentam do córion (Busato et al., 2004). Antes de atingir o segundo instar, as lagartas caminham para a região do cartucho da planta de milho e iniciam o processo de alimentação do tecido vegetal, passando para uma coloração esverdeada. Durante este período, também ocorre a dispersão do inseto, processo onde as lagartas se suspendem por fios de seda, sendo levadas pelo vento até outras plantas (Cruz, 1995). Durante o segundo instar, as lagartas possuem coloração esbranquiçada, com um sombreamento marrom no dorso. Quando as lagartas atingem o terceiro instar é possível visualizar três linhas dorsais de cor branco-amarelada longitudinalmente na região dorsal, e de cada lado das lagartas, uma na região dorso lateral (supraespiracular) de cor marrom escuro e uma subespiracular de cor amarela irregular (Pogue, 2002, Busato et al., 2004). A partir do quarto instar as lagartas apresentam cabeça marrom-avermelhada e o dorso do corpo marrom-escuro. Quando atingem o quinto instar, as lagartas apresentam coloração um pouco mais escura. Ao atingir o último instar as lagartas têm o corpo cilíndrico, com textura granular quando observada de perto (Cruz, 1995; Capinera, 2001). As lagartas de S. frugiperda possuem duas características básicas que as distinguem das demais lagartas do gênero, a primeira é a presença de tubérculos que estão localizados em cada segmento abdominal no formato de trapézio, composto por quatro pináculos, de coloração preta, as quais apresentam uma área esclerotizada com um pelo curto engrossado na base. A segunda característica é possuir “Y” invertido na fronte (Cruz, 1995; Pogue, 2002). A duração do período larval pode variar de 12 a 30 dias e as lagartas podem atingir 50 mm de comprimento (Cruz, 1995; Murúa e Virla, 2004). Após seis instares, as lagartas penetram no solo, transformando-se em pupas, período que pode durar entre seis e 55 dias dependendo da temperatura. No início a pupa apresenta cor verde-clara, mas após alguns minutos a cor muda para alaranjada 20 e depois para marrom, tornando-se mais escura quando próximo à emergência dos adultos (Cruz, 1995; Valicente, 2015; Capinera, 2017). O número de gerações que podem ocorrer durante o ano depende da latitude e do habitat, sendo que em regiões tropicais como o Brasil, podem ocorrer até treze gerações ao ano (Afonso et al., 2009). 2.4 DANOS DA S. frugiperda NA CULTURA DO MILHO A lagarta-do-cartucho é a praga que causam grandes preocupação ao produtor de milho. O comportamento larval da espécie em se alojar no interior do cartucho das plantas de milho dificulta a adoção de estratégias de controle (Cruz, 1995). Os sinais de presença da lagarta no interior do cartucho podem ser indicados pela presença de excrementos, ou pela abertura das folhas da região do cartucho das plantas. As injúrias ocasionadas as plantas de milho podem ser observadas desde o início do desenvolvimento das lagartas (Cruz, 1995). Os danos provocados pela lagarta-do-cartucho na cultura do milho podem variar no decorrer do ciclo da cultura. Seu ataque ocorre desde fases de emergência e estabelecimento da cultura, se estendendo até a maturação fisiológica das plantas, quando atacam os grãos em desenvolvimento (Afonso-Rosa; Barcelos, 2012; Figueiredo et al., 2006). 2.4.1 Danos nas plântulas Em ambientes de milho cultivado em sistema de plantio direto, podem ocorrer a migração de lagartas para as plântulas de milho, oriundas de cultivos remanescentes ou presentes em plantas hospedeiras alternativas, como plantas daninhas ou mesmo plantas de cobertura. Após a emergência, as plântulas de milho que recebem o ataque de lagartas desenvolvidas danos mais comuns é a secção da plântula na base, provocando a redução de estande. Quando as plantas são atacadas nos estágios iniciais de desenvolvimento fenológico, a produção pode ser reduzida em até 60% (Cruz, 1999). Em plantas novas a lagarta pode também penetrar no colmo, através do cartucho, fazendo galerias descendentes, até danificar o ponto de crescimento, ocasionando o sintoma denominado coração morto, que também por ser provocado 21 pela perfuração transversal na base da planta, sem que ocorra a secção (Cruz et al., 1995; Casmuz et al., 2010). 2.4.2 Danos no cartucho e estruturas reprodutivas das planas de milho A lagarta-do-cartucho se alimenta de todas as estruturas da parte aérea do milho, dando preferência às folhas jovens no período vegetativo. Seu ataque ocorre em todas as fases de crescimento da cultura, sendo que no período reprodutivo da cultura, podem atacar os grãos em desenvolvimento, se estendendo até a fase de maturação fisiológica (Afonso-Rosa; Barcelos, 2012) Após a eclosão de posturas realizadas em folhas de milho, as lagartas de primeiros instares raspam o tecido de uma das faces da folha, deixando intacta a epiderme membranosa da face foliar oposta, provocando o sintoma de folhas raspadas (Cruz, 1995). Quando atingem o segundo instar, as lagartas perfuram as folhas, indo em direção ao cartucho da planta, local onde permanece até próximo ao estágio de pupa. Nos instares finais a lagarta consome grande quantidade de área foliar, destruindo completamente a parte basal das folhas em desenvolvimento. O ataque da lagarta em plantas de milho na fase de intenso desenvolvimento vegetativo pode ocasionar a destruição do cartucho da planta (Cruz, 1995). 2.5 MÉTODOS DE CONTROLE DA LAGARTA-DO-CARTUCHO NA CULTURA DO MILHO 2.5.1 Uso de tecnologias de milho que expressam proteína inseticida de Bacillus thuringiensis Berliner (Bt). O controle dos insetos-praga na cultura do milho, especialmente dos lepidópteros, como a lagarta-do-cartucho, Spodoptera frugiperda (J. E. Smith) (Lepidoptera: Noctuidae), a broca-do-colmo, Diatraea saccharalis (F.) (Lepidoptera: Crambidae) e a lagarta-da-espiga, Helicoverpa zea (Boddie) (Lepidoptera: Noctuidae) tem sido realizado em larga escala com uso de tecnologias de milho que expressam proteína inseticida de Bacillus thuringiensis Berliner (Bt) (Omoto; Bernardi, 2015). 22 A tecnologia Bt se fundamenta na mudança e expressão de genes de resistência a insetos-praga para o milho, isolados da bactéria Bacillus thuringiensis Berlinger (Bt). A adoção da tecnologia Bt proporciona o melhor manejo em agroecossistemas pois foi desenvolvida para que a planta possua uma maior resistência ao ataque dos insetos, reduzindo o número de pulverizações com inseticidas (Carneiro et al., 2009). A utilização de milho geneticamente modificado (tecnologia Bt) consiste como a principal ferramenta para o manejo da lagarta-do-cartucho, S. frugiperda na cultura do milho desde a sua introdução. No entanto, com o aumento do uso das tecnologias de milho Bt, também cresceu a preocupação com a evolução da resistência. Bernardi et al. (2015) constataram que a S. frugiperda apresentou alta sobrevivência em híbridos de milho que expressam proteínas Cry1 e Cry 2 de forma isolada ou em pirâmide. Além das proteínas Cry1 e Cry2, outra grande preocupação é que trabalhos realizados em laboratório já detectaram a resistência de linhagens de S. frugiperda ao milho que possui tecnologia Agrisure Viptera, que expressa a proteína Vip3Aa20 (Bernardi, 2016). O modelo de agricultura brasileiro estrutura-se em plantios sucessivos e concomitantes. Tratando-se do cultivo das principais culturas que adotam o uso da tecnologia Bt como base do manejo de lagartas, como é o caso do milho, soja e algodão, a extensa exposição da tecnologia, principalmente pelos desafios que os agricultores enfrentam ano a ano gera um cenário preocupante quanto a viabilidade do uso da tecnologia Bt em um futuro próximo. Falhas de controle da tecnologia Bt já têm sido relatados com frequência em muitas regiões brasileiras (Gómez et al., 2020). Atualmente estão disponíveis diversos eventos (proteínas Bt’s) em plantas geneticamente modificadas para o manejo da Spodoptera frugiperda nos sistemas agrícolas brasileiros (CTN Bio, 2023). A Figura 1 representa a exposição das proteínas Bt’s disponíveis para cada cultura e a sua adoção no decorrer do ano agrícola. 23 Figura 1 – Tecnologias Bt em milho, algodão e soja comercialmente disponíveis para o controle de insetos-praga no Brasil Fonte: Elaboração própria. Adaptado do CTNBio, 2023. Com o aumento da adoção do algodão Bt expressando a toxina Vip3, o manejo da resistência fica a cada safra mais desafiador uma vez que proteínas do mesmo grupo já estão presentes em plantas de algodão e milho, aumentando o risco de rápido desenvolvimento de resistência no Brasil (Bernardi et al., 2016; Amaral et al., 2020). 2.5.2 Utilização de inseticidas sintéticos Outro método de controle consolidado é a utilização de inseticidas químicos sintéticos. Para o manejo da lagarta-do-cartucho com inseticidas sintéticos, seja em milho Bt ou não-Bt, o nível de controle adotado é com base nos sintomas de alimentação da praga nas folhas mais jovens da planta, conforme descrito na Tabela 1 (Davis et al.,1992). 24 Tabela 1 - Escala de notas (0 a 9) para avaliação de danos de Spodoptera frugiperda no cartucho do milho e tomada de decisão para com controle Nota Descrição 0 Planta sem dano 1 Planta com pontuações (mais que uma pontuação por planta) 2 Planta com pontuações; 1 a 3 lesões circulares pequenas (até 1,5cm) 3 Planta com 1 a 5 lesões circulares pequenas (até 1,5cm); mais que 1 a 3 lesões alongadas (até 1,5cm) 4 Planta com 1 a5 lesões circulares pequenas (até 1,5cm); mais 1 a 3 lesões alongadas (maiores que 1,5cm e menores que 3,0cm) 5 Plantas com 1 a 3 lesões alongadas grandes (maior que 3,0 cm) em 1 a 2 folhas; mais 1 a 5 furos ou lesões alongadas até 1,5 cm 6 Planta com 1 a 3 lesões alongadas (maiores que 3,0 cm) em 2 ou mais folhas; mais 1 a 3 furos grandes (maiores que 1,5cm) em 2 ou mais folhas. 7 Planta com 3 a 5 lesões alongadas grandes (maiores que 3,5cm) em 2 ou mais folhas; mais 3 a 5 furos grandes (maiores que 1,5cm) em 2 ou mais folhas. 8 Planta com muitas lesões alongadas (mais que 5) de todos os tamanhos na maioria das folhas. Muitos furos médios a grandes (mais que 5) maiores que 3,0 cm em muitas folhas. 9 Planta com muitas folhas, na quase totalidade, destruídas Fonte: DAVIS et al. (1992). Em ambientes de cultivo de milho sem tecnologia Bt, seja em refúgio estruturado ou não, o nível de ação recomendado é de 20% de plantas com notas de danos iguais ou superiores a 3 (Tabela1). Em áreas de cultivo de milho com tecnologia Bt (sem Vip3), desencadeia-se a aplicação quando for detectado 4% plantas com nodas Davis iguais ou superiores a 3. Já as áreas de cultivo de milho com tecnologia Bt (com Vip3), desencadeia-se a aplicação quando for detectado 4% plantas com nodas Davis iguais ou superiores a 3, conforme descrito na Tabela 2. (BERNARDI e OMOTO, 2018) Tabela 2 – Nível de ação para lagarta-do-cartucho, Spodoptera frugiperda em milho Milho Nível de ação de controle Milho não-Bt Nível de ação recomendado pela Embrapa – 20% de plantas com notas Davis iguais ou superiores a 3 Refúgio estruturado Nível de ação recomendado pelo IRAC – 20% plantas com nodas Davis iguais ou superiores a 3, com máximo de 2 aplicações até V6 Bt com Vip3 4% plantas com nodas Davis iguais ou superiores a 3 Bt sem Vip3 10% plantas com nodas Davis iguais ou superiores a 3 Fonte: Bernardi; Omoto (2018). Embora venham ao longo dos anos desempenhando um papel importante no manejo da S. frugiperda, devido à aplicação inadequada de inseticida sintéticos, aliado à sua utilização contínua, plasticidade genética da praga, alta fecundidade do inseto e particularmente a pressão de seleção intensiva, tem-se observado o desenvolvimento de populações resistentes deste inseto às principais classes de inseticidas disponíveis no mercado (Figueiredo et al., 2019; Zhao et al., 2020). 25 Isto também tem provocado problemas relativos aos custos de produção, os quais vêm se tornando cada vez mais elevados, além dos riscos residuais e biocumulativos em diferentes níveis tróficos, impactando a nossa biodiversidade e a saúde humana (Akutse et al., 2020). Cabe ressaltar que a evolução da resistência às medidas de controle em populações de insetos é um processo natural ao longo do tempo - essa resistência dificulta o controle desta praga na agricultura. Entretanto, para gerenciar e mitigar o desenvolvimento dessas resistências, são necessárias medidas alternativas que alcancem resultados satisfatórios. Para isso, pesquisas acerca de métodos de controle alternativos são vistas como primordiais (Harrison et al., 2019). Diante do contexto, o desenvolvimento de outras táticas para o manejo da S. frugiperda se torna alternativa importante para a contribuição da viabilidade do cultivo de milho com a menor carga de inseticidas químicos possível ou até mesmo sem o uso. Uma das ferramentas do Manejo Integrado de Pragas se trata da utilização de feromônios sintéticos (Arioli et al., 2013). Uma das formas de utilização de feromônios para o manejo de pragas é conhecida, entre outros, como interrupção de acasalamento, que trabalha com o princípio de que o ar em um campo agrícola seja saturado com feromônio sexual, evitando ou dificultando o encontro de machos e fêmeas, impedindo o processo de reprodução (Arioli et al., 2013). 2.6 FEROMÔNIOS Feromônios são substâncias químicas pertencentes ao grupo dos semioquímicos que mediam interações intraespecíficas. De fórmula química simples, biodegradável e empregado em diminutas quantidades, os feromônios são considerados o principal elemento da linguagem de comunicação dos insetos (Vilela, 1992). No caso da comunicação dos insetos, algumas espécies utilizam odores ou sinais químicos, denominados também como infoquímicos, para a comunicação entre os indivíduos ou para reagir à presença de outros organismos. A troca de informações pelo dos infoquímicos, desencadeia uma série de comportamentos nos insetos, incluindo a aproximação, o alarme e o recrutamento, entre outros (Vilela; Della Lucia, 2001). 26 Os odores que mediam a comunicação entre os indivíduos de uma mesma espécie são conhecidos por “feromônios”. Este termo é originário do grego clássico, onde o prefixo “pherein” significa carregar e “horman” significa estimular (Vilela; Della Lucia, 2001). Em uma das primeiras definições registradas na literatura Karlson e Luscher (1959) definem feromônios como “substâncias secretadas no ambiente externo por um indivíduo e recebidas por outros indivíduos da mesma espécie, provocando uma reação característica”. Na natureza encontram-se de forma natural uma infinidade de insetos que se comunicam por feromônios. De forma sintética, o primeiro feromônio isolado de uma mariposa foi do bicho-da-seda Bombyx mori Linnaeu (Lepidoptera: Bombycidae), denominado de Bombicol, e trata-se de um álcool de cadeia longa liberado pelas fêmeas para atrair os machos para o acasalamento (Butenandt et al., 1959). 2.6.1 Características dos feromônios e seus efeitos naturais sobre insetos Os feromônios provocam diferentes respostas nos indivíduos receptores e com base na resposta comportamental, os feromônios são classificadas em: sexuais, de agregação, de dispersão, de alarme, de territoriedade, de marcação de trilha e de postura (Ferreira; Zarbin, 1998; Vilela; Della Lucia, 2001). A amplitude de componentes químicos presentes nos feromônios de lepidópteros inclui mistura de álcoois alifáticos, aldeídos, ésteres e epoxides. A utilização de feromônios visando o manejo de pragas tem se desenvolvido seguindo- se geralmente três caminhos principais: monitoramento de populações de insetos com armadilhas de feromônio; manejo pela captura massal utilizando grande número de armadilhas para reduzir o nível populacional; e o manejo pela interrupção do acasalamento, cujo feromônio sintético evapora de formulações especiais e permanece na atmosfera, impedindo que o inseto seja bem sucedido em encontrar sua parceira para a cópula (Campion, 1984). As duas classes de feromônios mais comuns em insetos são os feromônios sexuais, geralmente produzidos pelas fêmeas para atrair os machos, para o propósito do acasalamento; e o feromônio de agregação, produzido por um ou ambos os sexos, induzindo-os a se alimentar e reproduzir (Campion, 1984). 27 De acordo com Mafra-Neto (1993), o feromônio sexual, quando liberado pela fêmea a partir de glândulas exócrinas que geralmente estão localizadas na parte posterior do abdome, é dissipado pelo vento, originando uma trilha de odor que segue a turbulência e a direção da corrente de ar. A percepção do feromônio sexual acontece em áreas específicas das antenas dos insetos, as quais possuem estruturas denominadas quimiorreceptores, que captam o feromônio e enviam impulsos nervosos para o cérebro, desencadeando uma série de comportamentos (Bestmann; Vostrowsky, 1981; Audemard, 1989). As moléculas de feromônio que reagem com os quimiorreceptores são degradadas por enzimas, permitindo restabelecer a capacidade sensorial do indivíduo (Arioli et al., 2013). Tratando-se da ordem Lepidoptera, de acordo com a sequência de respostas desencadeadas pela presença do feromônio sexual se inicia geralmente pelo movimento das antenas, seguido pelo movimento das pernas, movimento das asas e início de voo errático, geralmente em zigue-zague, até localizar a trilha. Depois voam contra o vento, seguindo a trilha de feromônio, até localizarem a fonte emissora ou áreas adjacentes, para então caminharem movimentando as asas até encontrarem a fêmea. A partir do momento em que o macho encontra a fêmea, uma série de estímulos químicos, táteis e visuais ocorrem, resultando na cópula (Vilela; Della Lucia, 2001; Arioli et al., 2013; Mafra-Neto, 1993; Audemard, 1989). 2.6.2 Emprego de feromônios sexuais para o manejo de pragas A utilização de feromônios sexuais para o manejo de pragas em toda a área tem sido aplicada para diversas espécies em vários sistemas de cultivo ao redor o mundo incluindo África do Sul, Itália, Estados Unidos, Austrália, Argentina e Brasil (Staten et al., 1987; Barnes; Blomefield, 1997; Calkins et al., 2000; Jones e Casagrande, 2000; Il’ichev et al., 2002; Arioli et al., 2013). O controle de pragas usando feromônios sexuais para a interrupção do acasalamento pode ser uma estratégia viável para a supressão populacional de pragas, e já demonstrou ser eficaz em muitos sistemas de cultivo ao redor do mundo (Witzgall et al., 2010). De acordo com Arioli et al., (2013), os estudos com feromônios sexuais produzidos por insetos seguem duas direções, onde uma tem por objetivo atrair os 28 insetos para a fonte emissora de feromônio, sendo utilizados para o monitoramento populacional ou para a coleta massal de insetos. Tratando-se do monitoramento de insetos, de acordo com Wall (1990), as três finalidades são: a) detectar a presença de insetos; b) conhecer as suas flutuações populacionais; e c) conferir se existe a necessidade de aplicar medidas de controle. No caso da captura massal de insetos, utiliza-se um grande número de armadilhas de feromônio sexual sintético, com o objetivo de atrair e capturar os indivíduos para manter a sua população abaixo do nível de dano econômico (Howse et al., 1998; Bento, 2001). Ainda sobre o manejo de pragas com uso de feromônios sexuais, o segundo direcionamento dos estudos tem por objetivo utilizar feromônios sexuais para interferir nos processos ou nos mecanismos que atuam sobre a capacidade dos machos localizarem as fêmeas, impedindo ou dificultando o encontro entre os mesmos. A técnica é conhecida como interrupção de acasalamento (Arioli et al., 2013). 2.6.3 Disrupção do acasalamento pela confusão sexual Uma das formas da disrupção do acasalamento, ou interrupção do acasalamento é utilizando-se a confusão sexual de adultos. Para que ocorra o acasalamento, os insetos necessitam de pequenas quantidades de feromônio sexual para localizar o seu parceiro. Portando a liberação de maior quantidade dessas substâncias no habitat do inseto pode dificultar e até impedir a localização do parceiro, provocando a supressão dos acasalamentos (Agosta, 1990). A técnica tem por objetivo interromper a comunicação entre machos e fêmeas via aplicação de um feromônio sexual sintético no ambiente, geralmente aplicado em uma quantidade de superior àquela emitida naturalmente por uma população normal de fêmeas, o que gera uma camada de ar saturado por essa substância, evitando com que os machos encontrarem a trilha do feromônio natural emitido pelas fêmeas. (Arioli et al., 2013; Cardé, 1990). De acordo com Ariole (2013), para a liberação do feromônio sexual, já existem acessórios emissores registrados, como sachês, ampolas, aerossol, entre outros. Também pode ser implementada pela pulverização de caldas elaboradas com formulações microencapsuladas de feromônio sexual sintético ou então, pela liberação de feromônio em frações de tempo programado, método também denominado confusão sexual temporizada. Nesse caso, o feromônio líquido é aplicado 29 por meio de nebulizadores (puffers) ou por uma rede de fio de nylon impregnada com feromônio sexual, instalada sobre a copa das plantas, com liberação controlada do feromônio para o ambiente. 2.7 FORMULAÇÕES DE FEROMÔNIO PARA A ULTILIZAÇÃO EM GRANDES CULTURAS. Por definição, a formulação de qualquer defensivo agrícola é uma mistura de compostos em certa proporção utilizada para aplicar o ingrediente ativo (inseticida, fungicida, herbicida, feromônios, entre outros) de maneira uniforme, segura e adequada, sendo que todos os ingredientes ativos registrados são formulados antes da sua comercialização (Gazziero et al., 2021). O ingrediente ativo é o componente principal, que em conjunto com outros, constituem a formulação do produto. Entre as substâncias encontradas junto ao ingrediente ativo de um produto formulado é possível encontrar solventes, dispersantes, emulsificantes e outros (Gazziero et al., 2021). No Brasil, o desenvolvimento dessas formulações é normatizado pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), que, além de definir os diferentes tipos de formulação, define os padrões mínimos de qualidade para cada tipo de formulação. Cada tipo de formulação confere ao seu ingrediente ativo uma propriedade ou aplicabilidade distinta. A escolha por determinada tecnologia, além de estar relacionada às propriedade físico-químicas, também está relacionada à aplicabilidade do produto, buscando sempre maximizar sua eficiência agronômica e minimizar as desvantagens associadas à determinada propriedade do ingrediente ativo, como alta volatilidade, fitotoxicidade, rápida degradação e baixa eficiência. (Volgas et al., 2003). Um dos grandes desafios para formular um feromônio trata-se da sua instabilidade, pois os aldeídos são instáveis em condições de campo, em razão da rápida oxidação e polimerização do composto (Campion, 1984; Ujváry et al., 1993). Para o manejo de alguns Lepidópteros em ambientes de produção de frutas em clima temperado, Mafra-Neto et al. (2008) sugere que a liberação de grande quantidade de feromônio sexual logo após a instalação dos acessórios dispensadores de feromônio nos pomares não é desejável, pois gera desperdício, portanto as fontes 30 emissoras devem liberar o feromônio sexual em taxas constantes e adequadas durante todo o seu período de atividade. 2.7.1 Suspensão de encapsulados (CS) Trata-se de uma formulação líquida para diluição em água, sendo um dos tipos mais avançados de produtos em pré-mistura de proteção de cultivos utilizados em todo o mundo (Gazziero et al., 2021). Na formulação micro encapsulada ou suspensão de encapsulado, o ingrediente ativo é envolvido por uma parede fina e porosa de um material do grupo dos polímeros (microcápsula) que permite a liberação mais lenta do produto com maior segurança para o aplicador. Quando diluídas em água no tanque de pulverização, forma-se uma suspensão espontânea. A formulação micro encapsulada reduz a volatilização, a fitotoxicidade e a degradação ambiental. Após aplicação, o ingrediente ativo é liberado lentamente por permeação da parede da cápsula (Souza, 2001). 2.7.2 Granulado (G) A maioria dos inseticidas registrados produzidos na formulação de grânulo (GR), são sistêmicos, utilizados para aplicação no solo ou em cova de plantas no momento do transplante de mudas, com o objetivo de controlar pragas que se alimentam da seiva (insetos e ácaros), larvas de brocas e de lepidópteros, nematoides entre outros (Contiero et al., 2018). Uma das principais características dos granulados é que, dependendo da matriz empregada como veículo, pode-se controlar a velocidade de liberação do ingrediente ativo, de tal forma a prolongar a sua ação residual, sendo que as partículas são suficientemente pesadas para resistirem à ação do vento durante a aplicação e, estando bem elaborada a formulação, não há formação de pó, tornando a aplicação um dos processos mais seguros entre as diversas alternativas (Contiero et al., 2018). 31 3 EFEITO DA APLICAÇÃO DE DIFERENTES FORMULAÇÕES LIQUIDAS DO FEROMÔNIO DE DISRUPÇÃO SEXUAL PARA O MANEJO DA LAGARTA-DO- CARTUCHO, Spodoptera frugiperda, NA CULTURA DO MILHO, EM CONDIÇÕES DE CAMPO. Foram conduzidos dois experimentos em áreas comerciais de produção de milho durante a segunda safra de grãos do ano de 2020. 3.1 OBJETIVO Verificar a atividade do feromônio acetato de (Z)-9-tetradecenila 250 g i.a./L + acetato de (Z)-11-Hexadecenila 37,4 g i.a./L, em três formulações diferentes de suspensão de encapsulados, denominadas PR-001-2019-v8.1, PR-001-2019-v9.1 e JC001-042, aplicados via pulverização foliar para a confusão sexual de adultos da Spodoptera frugiperda e seus efeitos na redução de danos provocados pela praga na cultura do milho. 3.2 MATERIAL E MÉTODOS 3.2.1 Características do feromônio testado O feromônio acetato de (Z)-9-tetradecenila, 250 g do i.a./L + acetato de (Z)-11- hexadecenila, 37,4 g do i.a./L pertence ao grupo químico dos acetatos insaturados. A formulação do feromônio utilizada no estudo é denominada suspensão de encapsulado (CS) (Figura 2). 32 Figura 2 – Aspecto das formulações do feromônio líquido PR-001-2019-v8.1, PR- 001-2019-v9.1 e JC001-042. Fonte: Elaboração própria. Por questões de confidencialidade e sigilo empresarial de patente, não foram informadas as diferenças entre as formulações de suspensão de encapsulados testadas PR-001-2019-v8.1, PR-001-2019-v9.1 e JC001-042. As doses de cada um dos tratamentos estão listadas na Tabela 3. Tabela 3 - Tratamentos e doses das formulações de suspensão de encapsulados (CS) aplicados para o manejo da lagarta-do-cartucho, Spodoptera frugiperda, em milho Fonte: Elaboração própria. Tratamentos Dose ingrediente ativo (g/ha) produto comercial (mL/ha) 1. PR-001-2019-v8.1 25 87 2. PR-001-2019-v8.1 50 174 3. PR-001-2019-v9.1 25 87 4. PR-001-2019-v9.1 50 174 5. JC001-042 25 87 6. JC001-042 50 174 7. Controle -- -- 33 3.2.2 Experimento I 3.2.2.1 Local de condução do experimento Foi realizado na Fazenda Além dos Sonhos, localizada no Km 76 da Rodovia Ettore Bottura, SP 595 (Santa Fé do Sul/SP - Ilha Solteira/SP), no município de Ilha Solteira/SP, com as seguintes coordenadas geográficas do ponto central do experimento: S 20o 24,482’ W: 51o 07,381’ H: 352 m Precisão: 8m. O delineamento adotado foi inteiramente casualizado, com sete tratamentos e quatro repetições. Cada tratamento constou de 1,5 hectares (124m x 124m), com quatro pontos amostrais (repetições), indicados por uma armadilha a base de feromônio para captura de adultos. 3.2.2.2 Instalação e condução do milho na área experimental O experimento foi conduzido em área irrigada por pivô central, com 60ha, durante o período de 27/03/2020 a 18/07/2020 (Figura 3). A distância entre cada tratamento foi de 200 metros, evitando assim o deslocamento significativo das plumas de feromônio de uma parcela para outras. O milho das parcelas experimentais possuía a tecnologia Bt VTPRO3 (Cry1A.105 + Cry2Ab2 + Cry3Bb1), suscetível ao ataque da lagarta-do-cartucho. A área de isolamento, entre os tratamentos, foi cultivada com a tecnologia PowerCoreUltra (Cry1A.105 + Cry2Ab2 + Cry1F + Vip3Aa20), que proporcionou eficientemente o controle da praga. As coordenadas geográficas da área experimental e das armadilhas de captura de mariposas de cada tratamento estão descritas na Tabela 4. 34 Figura 3 – Croqui da área experimental com os tratamentos indicados por linhas vermelhas e armadilhas indicadas pelos marcadores amarelos no município de Ilha Solteira/SP. Fonte: Google Earth (2020). O hibrido de milho utilizado nos tratamentos foi o AS 1633 VTPRO3, semeado em 13 e 14/03/2020. A emergência da cultura foi registrada em 19 e 20/03/2020. O milho foi cultivado em sistema de plantio direto, semeado com espaçamento 0,5m entre linhas e densidade de 3,3 sementes por metro, perfazendo 66.000 sementes por hectare (ha). No sulco de plantio foi realizada adubação na proporção de 200 Kg/ha da formulação NPK 08-28-26. Após a emergência, quando a cultura atingiu os estádios de desenvolvimento V3 e V7, foram realizadas duas aplicações de Uréia junto a irrigação (fertirrigação pelo pivô central), na proporção de 100kg/ha em cada aplicação. Durante a condução do trabalho não houve nenhuma aplicação de inseticidas para o controle de lagartas. 35 Tabela 4 – Coordenadas geográficas da área experimental e das armadilhas de captura de mariposas de cada tratamento no município de Ilha Solteira/SP. Fonte: Elaboração própria. 3.2.2.3 Metodologia de aplicação Foram realizadas três aplicações via pulverização foliar, com intervalo de 14 dias entre cada aplicação, utilizando-se pulverizador octacóptero DJI Agras MG-1 (drone), equipado com 4 pontas tipo leque (XR 110 01), com pressão de trabalho de 40 psi, volume de calda de 10L/ha. O equipamento sobrevoou a cultura a 3 metros de altura do dossel, pulverizando uma faixa de 3,5m de largura (Figura 4). A primeira aplicação foi realizada quando a cultura atingiu o estádio de desenvolvimento V2, no dia 27/03/2024. Tratamentos Tratamentos Armadilhas Vértice Sul Oeste Armadilha Sul Oeste 1 1 20° 24,701’ 51° 7,470’ A 20°24,671’ 51°07,460’ 2 20° 24,651’ 51° 7,416’ B 20°24,658’ 51°07,447’ 3 20° 24,605’ 51° 7,460’ C 20°24,645’ 51°07,462’ 4 20° 24,657’ 51° 7,514’ D 20°24,657’ 51°07,476’ 2 1 20° 24,392’ 51° 7,124’ A 20°24,392’ 51°07,162’ 2 20° 24,343’ 51° 7,171’ B 20°24,404’ 51°07,175’ 3 20° 24,388’ 51° 7,223’ C 20°24,391’ 51°07,190’ 4 20° 24,437’ 51° 7,176’ D 20°24,380’ 51°07,176’ 3 1 20° 24,523’ 51° 7,643’ A 20°24,534’ 51°07,594’ 2 20° 24,569’ 51° 7,595’ B 20°24,521’ 51°07,577’ 3 20° 24,525’ 51° 7,544’ C 20°24,509’ 51°07,588’ 4 20° 24,477’ 51° 7,592’ D 20°24,519’ 51°07,602’ 4 1 20° 24,496’ 51° 7,344’ A 20°24,461’ 51°07,342’ 2 20° 24,456’ 51° 7,292’ B 20°24,448’ 51°07,327’ 3 20° 24,406’ 51° 7,341’ C 20°24,433’ 51°07,339’ 4 20° 24,445’ 51° 7,394’ D 20°24,448’ 51°07,356’ 5 1 20° 24,350’ 51° 7,602’ A 20°24,358’ 51°07,564’ 2 20° 24,397’ 51° 7,554’ B 20°24,369’ 51°07,552’ 3 20° 24,351’ 51° 7,502’ C 20°24,355’ 51°07,538’ 4 20° 24,304’ 51° 7,551’ D 20°24,343’ 51°07,553’ 6 1 20° 24,668’ 51° 7,228’ A 20°24,671’ 51°07,267’ 2 20° 24,619’ 51° 7,277’ B 20°24,657’ 51°07,281’ 3 20° 24,666’ 51° 7,326’ C 20°24,671’ 51°07,295’ 4 20° 24,714’ 51° 7,278’ D 20°24,685’ 51°07,281’ 7 1 20° 24,222’ 51° 7,366’ A 20°24,274’ 51°07,381’ 2 20° 24,272’ 51° 7,320’ B 20°24,289’ 51°07,370’ 3 20° 24,312’ 51° 7,373’ C 20°24,277’ 51°07,352’ 4 20° 24,264’ 51° 7,423’ D 20°24,262’ 51°07,364’ 36 Figura 4 – Aplicação de diferentes formulações de feromônio liquido na cultura do milho com a utilização de um Drone (pulverizador octacóptero DJI Agras MG - 1). Ilha Solteira/SP. Fonte: Elaboração própria. As informações de data, clima e o estádio de desenvolvimento da cultura no momento de cada aplicação estão descritos na Tabela 5. Tabela 5 - Informações de data, clima e cultura no momento de cada aplicação. Ilha Solteira/SP Data Temp. ar ºC U.R (%) Velocidade do vento (Km/h) Direção vento Nebulosidade Início da aplicação (h) Término da aplicação (h) 27/03/20 28,9 53,0 1,3 NO Ensolarado 16:15 22:10 10/04/20 28,5 50,1 3,2 NE Ensolarado 14:40 18:50 24/04/20 29,5 49,7 2,9 NO Ensolarado 15:10 19:20 Fonte: Elaboração própria. 3.2.2.4 Metodologia de avaliação Para mensurar a eficiência do feromônio quanto a confusão sexual de machos adultos da S. frugiperda, foram instaladas quatro armadilhas de água + sabão e o atrativo sexual para S. frugiperda BioSpodoptera® no interior de cada tratamento, distanciadas em 50m entre si e 37,5m da bordadura de cada tratamento (Figura 5). Após a instalação das armadilhas, que ocorreu em 24/03/2020, as cápsulas de 37 feromônio de atração sexual para S. frugiperda BioSpodoptera® foram trocadas em intervalo máximo de 21 dias até o término das avaliações. Afim de que não houvesse acúmulo de mariposas na superfície da água, foi feita a mistura de detergente neutro na água utilizada nas armadilhas na proporção de 2%. Após cada avaliação, a água dos frascos foi trocada independente de ter mariposas capturadas ou não. Figura 5 – (A) Armadilha água-sabão; (B) Tampa da armadilha contendo o atrativo Sexual Bio Spodoptera; (C) Armadilhas abertas contendo mariposas de Spodoptera frugiperda capturadas em 3 noites Fonte: Elaboração própria. As armadilhas foram suspensas a uma estaca de madeira. Em cada avaliação a altura das armadilhas foram ajustadas para que ficassem 50cm acima do dossel da cultura. As contagens do número de machos adultos da espécie S. frugiperda nas armadilhas ocorreram aos 0 (avaliação prévia), 3, 6, 9 e 14 dias após cada aplicação. Para mensurar os danos provocados pelas lagartas da espécie S. frugiperda, foi realizada aos 14 dias após terceira aplicação a análise de dano foliar, utilizando-se a escala de danos proposta por Davis et al. (1992), que sugere notas de danos de 0 a 9, conforme descrito na Tabela 1. Por se tratar de feromônio ainda em fase de registro na modalidade de aplicação foliar quando realizou-se o trabalho, foram realizadas avaliações da (A) (B) (C) 38 ocorrência ou não de fitotoxicidade aparente nas plantas tratadas aos 7 dias após cada aplicação, atribuindo-se para 20 plantas por repetição (80 plantas por tratamentos) notas de fitotoxicidade de acordo com a escala de Frans et al. (1986), que sugere notas de 0 a 100, conforme caracterizações descritas na Tabela 6. Tabela 6 – Escala de notas de fitotoxicidade em plantas tratadas Nota Descrição 0 Nenhuma 10 Leve descoloração 20 Descoloração 30 Descoloração pronunciada com rápida recuperação 40 Descoloração pronunciada com recuperação 50 Descoloração pronunciada com recuperação lenta 60 Não recuperável 70 Grandes perdas na densidade 80 Plantas quase destruídas 90 Sobrevivem poucas plantas 100 Morte total da cultura Fonte: (FRANS et al., 1986). 3.2.2.5 Manejo da S. frugiperda na área do experimental No tratamento 7 (Controle – sem aplicação do feromônio) realizou-se três pulverizações com inseticidas sintéticos para o manejo das lagartas, quando constatou-se 20% de plantas com notas de danos iguais ou superiores a 3 (Davis et al., 1992), conforme recomendação. Os inseticidas utilizados foram: Exalt (espinetoran 120 g do i.a.L-1) na dose de 0,1 L.ha-1, Proclaim 50 (benzoato de emamectina, 50 g do i.a.kg-1) na dose de 0,3 kg.ha-1 e novamente o inseticida Proclaim 50 (benzoato de emamectina, 50 g do i.a.kg-1) na dose de 0,3 kg.ha-1. As aplicações foram realizadas, respectivamente, em 30/03/2020 (3 dias após a primeira aplicação do feromônio), 08/04/2020 (12 dias após a primeira aplicação do feromônio) e 30/04/2020 (6 dias após a terceira aplicação do feromônio). Para os demais tratamentos, realizaram-se duas aplicações com o inseticida Proclaim 50 (benzoato de emamectina, 50 g do i.a.kg-1) na dose de 0,3 kg.ha-1, quando constatou-se 20% de plantas com notas de danos iguais ou superiores a 3 (Davis et al., 1992) em pelo menos um dos tratamentos. As aplicações foram realizadas, respectivamente, em 08/04/2020 (12 dias após a primeira aplicação do feromônio) e 30/04/2020 (6 dias após a terceira aplicação do feromônio). 39 3.2.3 Experimento II 3.2.3.1 Local de condução do experimento O experimento foi realizado na Fazenda São Mateus, de acesso pela rodovia BR 158 (Selvíria/MS – Três Lagoas/MS), localizada no município de Selvíria/MS, com as seguintes coordenadas geográficas: S 20o 32,400’ W: 51o 34,493’ H: 373 m Precisão: 8m. O delineamento adotado foi inteiramente casualizado, com sete tratamentos e quatro repetições. Cada tratamento constou de 1,5 hectares (124m x 124m), com quatro pontos amostrais (repetições), indicados por uma armadilha a base de feromônio para captura de adultos. 3.2.3.2 Instalação e condução da cultura do milho na área experimental O experimento foi conduzido em talhão de aproximadamente 100ha, durante o período de 14/04/2020 a 17/07/2020 (Figura 6). A distância mínima de cada tratamento foi de 200 metros, evitando assim o deslocamento significativo das plumas de feromônio de uma parcela para outra. O milho das parcelas experimentais possuía a tecnologia VTPRO2 (Cry1A.105 + Cry2Ab2), suscetível ao ataque da lagarta-do- cartucho durante a segunda safra de 2020. A área de isolamento, entre os tratamentos, foi cultivada com a tecnologia VTPRO2 (Cry1A.105 + Cry2Ab2) e recebeu o controle da lagarta-do-cartucho com inseticidas sintéticos. O hibrido de milho utilizado nos tratamentos foi o K2999 VTPRO3, semeado em 03/04/2020. A emergência da cultura foi registrada em 09/04/2020. O milho foi cultivado em sistema de plantio direto, semeado com espaçamento 0,5m entre linhas e densidade de 3,3 sementes por metro, perfazendo 66.000 sementes por hectare (ha). No sulco de plantio foi realizada uma adubação na proporção de 200 kg/ha da formulação NPK 08-28-26. Após a emergência, quando a cultura atingiu os estádios de desenvolvimento V3 e V7, foram realizadas duas aplicações a lanço de Uréia, na proporção de 100kg/ha em cada aplicação. 40 Figura 6 – Croqui da área experimental com os tratamentos indicados por linhas vermelhas e armadilhas indicadas pelos marcadores amarelos. Selvíria/MS Fonte: Google Earth (2020). As coordenadas geográficas da área experimental e das armadilhas de captura de mariposas de cada tratamento estão descritas na Tabela 7. 41 Tabela 7 – Coordenadas geográficas da área experimental e das armadilhas de captura de mariposas de cada tratamento no município de Selvíria/MS. FONTE: Elaboração própria. 3.2.3.3 Metodologia de aplicação Foram realizadas três aplicações via foliar, com intervalo de 14 dias entre cada pulverização, utilizando-se pulverizador octacóptero DJI Agras MG-1 (drone), equipado com 4 pontas tipo leque (XR 110 01), com pressão de trabalho de 40 psi, volume de calda de 10L/ha. O equipamento sobrevoou a cultura a 3 metros de altura do dossel das plantas, aplicando uma faixa de 3,5m de largura (Figura 7). A primeira aplicação foi realizada quando a cultura atingiu o estádio V2 de desenvolvimento, no dia 14/04/2020 (Tabela 8). Tabela 8 - Informações de data, clima e cultura no momento de cada aplicação. Selvíria/MS. 2020. Data Temp. ar ºC U.R (%) Velocidade do vento (Km/h) Direção vento Nebulosidade Início da aplicação (h) Término da aplicação (h) 14/04/2020 26,5 56,1 3,6 SE Ensolarado 08:30 10:45 28/04/2020 29,1 45,1 2,9 NO Ensolarado 15:10 18:30 12/05/2020 27,9 55,2 3,7 NO Parcialmente nublado 16:00 19:20 Fonte: Elaboração própria. Tratamentos Tratamentos Armadilhas Vértice Sul Oeste Armadilha Sul Oeste 1 1 20° 32,353' 51° 34,293 A 20° 32,325' 51° 34,170' 2 20° 32,314' 51° 34,224' B 20° 32,318' 51° 34,188' 3 20° 32,261' 51° 34,193' C 20° 32,298' 51° 34,177' 4 20° 32,293' 51° 34,130' D 20° 32,310' 51° 34,162' 2 1 20° 32,352' 51° 34,805' A 20° 32,400' 51° 34,812' 2 20° 32,387' 51° 34,750' B 20° 32,408' 51° 34,798' 3 20° 32,443' 51° 34,792' C 20° 32,390' 51° 34,788' 4 20° 32,405' 51° 34,850' D 20° 32,383' 51° 34,800' 3 1 20° 32,490' 51° 34,271' A 20° 32,453' 51° 34,282' 2 20° 32,457' 51° 34,334' B 20° 32,448' 51° 34,295' 3 20° 32,401' 51° 34,298' C 20° 32,433' 51° 34,285' 4 20° 32,436' 51° 34,236' D 20° 32,442' 51° 34,270' 4 1 20° 32,174' 51° 34,654' A 20° 32,217' 51° 34,657' 2 20° 32,211' 51° 34,594' B 20° 32,228' 51° 34,645' 3 20° 32,264' 51° 34,639' C 20° 32,212' 51° 34,635' 4 20° 32,227' 51° 34,695' D 20° 32,205' 51° 34,648' 5 1 20° 32,675' 51° 34,413' A 20° 32,643' 51° 34,422' 2 20° 32,640' 51° 34,471' B 20° 32,633' 51° 34,440' 3 20° 32,583' 51° 34,431' C 20° 32,615' 51° 34,428' 4 20° 32,619' 51° 34,373' D 20° 32,623' 51° 34,408' 6 1 20° 32,015' 51° 34,521' A 20° 32,065' 51° 34,527' 2 20° 32,057' 51° 34,463' B 20° 32,077' 51° 34,510' 3 20° 32,105' 51° 34,507' C 20° 32,062' 51° 34,500' 4 20° 32,069' 51° 34,566' D 20° 32,048' 51° 34,515' 7 1 20° 32,600' 51° 34,662' A 20° 32,607' 51° 34,607' 2 20° 32,547' 51° 34,621' B 20° 32,593' 51° 34,625' 3 20° 32,584' 51° 34,562' C 20° 32,578' 51° 34,617' 4 20° 32,638' 51° 34,601' D 20° 32,590' 51° 34,600' 42 Figura 7 – Aplicação de diferentes formulações de feromônio líquido na cultura do milho com a utilização de um Drone (pulverizador octacóptero DJI Agras MG - 1). Selvíria/MS. 2020 Fonte: Elaboração própria. 3.2.3.4 Metodologia de avaliação Para mensurar a eficiência do feromônio quanto a confusão sexual de machos adultos da S. frugiperda, foram instaladas quatro armadilhas de água, sabão e o atrativo sexual para S. frugiperda BioSpodoptera® no interior de cada tratamento, distanciadas em 50m entre si e 37,5m da bordadura de cada tratamento. Após a instalação das armadilhas, que ocorreu em 13/04/2020, as cápsulas de feromônio de atração sexual para S. frugiperda BioSpodoptera® foram trocadas em intervalo máximo de 21 dias até o término das avaliações. Afim de que não houvesse acúmulo de mariposas na superfície da água, foi feita a mistura de detergente neutro na água utilizada nas armadilhas na proporção de 2%. Após cada avaliação, a água dos frascos foi trocada independente de ter mariposas capturadas ou não. As armadilhas foram suspensas a uma estaca de madeira. Em cada avaliação a altura das armadilhas foram ajustadas para que ficassem 50cm acima do dossel da cultura. 43 As contagens do número de machos adultos da espécie Spodoptera frugiperda nas armadilhas ocorreram aos 0 (avaliação prévia), 3, 6, 9 e 14 dias após cada aplicação. Para mensurar os danos provocados pelas lagartas da espécie S. frugiperda, foi realizada aos 14 dias após terceira aplicação a análise de dano foliar, utilizando-se a escala de danos proposta por Davis et al. (1992), que sugere notas de danos de 0 a 9 (Tabela 1). Por se tratar de um feromônio ainda em fase de registro quando realizou-se o trabalho, foram realizadas avaliações da ocorrência ou não de fitotoxicidade aparente nas plantas tratadas aos 7 dias após cada aplicação, atribuindo-se para 20 plantas por repetição (80 plantas por tratamentos) notas de fitotoxicidade de acordo com a escala de Frans et al. (1986), que sugere notas de 0 a 100, conforme caracterizações descritas na Tabela 6. 3.2.3.5 Manejo da Spodoptera frugiperda na área experimental No tratamento 7 (Controle – sem aplicação do feromônio) realizaram-se três aplicações com inseticidas sintéticos para o manejo das lagartas, quando constatou- se 20% de plantas com notas de danos iguais ou superiores a 3 (Davis et al., 1992) conforme recomendação (Tabela 1). Os inseticidas utilizados foram: Lannate (metomil, 215 g do i.a.L-1) na dose de 1 L.ha-1, Voraz (metomil, 440 g + nocalurom, 35 g do i.a.L-1) na dose de 0,8 L.ha-1 e novamente o inseticida Voraz (metomil, 440 g + novalurom, 35 g do i.a.L-1) na dose de 0,8 L.ha-1. As aplicações foram realizadas, respectivamente, em 21/04/2020 (7 dias após a primeira aplicação do feromônio), 28/04/2020 (14 dias após a primeira aplicação do feromônio) e 11/05/2020 (13 dias após a segunda aplicação do feromônio). Para os demais tratamentos, realizaram-se duas aplicações com o inseticida Voraz (metomil, 440 g + novalurom, 35 g do i.a.L-1) na dose de 0,8 L.ha-1, quando constataram-se 20% de plantas com notas de danos iguais ou superiores a 3 (Davis et al., 1992) em pelo menos um dos tratamentos. As aplicações foram realizadas, respectivamente, em 28/04/2020 (14 dias após a primeira aplicação do feromônio) e 11/05/2020 (13 dias após a segunda aplicação do feromônio). 44 3.3 Estádio de desenvolvimento da cultura Durante todas avaliações foi reportado o estádio de desenvolvimento das plantas de milho, de acordo com a escala proposta por Ritchie e Hanway (1989). 3.4 Análises estatísticas Os resultados obtidos de cada avaliação foram submetidos à análise de variância através do teste F, comparando-se as médias pelo teste T – LSD ou Fischer (5%) utilizando o sistema computacional de análise estatística R. Para remoção da heterocedasticidade dos dados, no processamento das análises, os dados originais foram transformados em raiz de (X + 0,5). Para a interpretação dos resultados, em cada avaliação de captura de mariposas realizou-se a porcentagem de redução de captura em relação ao tratamento controle (sem feromônio) em função da aplicação das diferentes formulações de feromônio, com base na fórmula de Abbott (1925): %R = (Nº de mariposas no tratamento controle - Nº de mariposas no tratamento observado) x 100 Nº de mariposas no tratamento controle 4 EFEITO DA APLICAÇÃO DE FORMULAÇÃO GRANULADA DO FEROMÔNIO DE DISRUPÇÃO SEXUAL (FAW Eco Granules 305) NO MANEJO DA LAGARTA-DO- CARTUCHO, Spodoptera frugiperda, EM CONDIÇÕES DE CAMPO. 4.1 OBJETIVO Verificar a atividade da formulação granulada do feromônio FAW Eco Granules 305 (acetato de (Z)-9-tetradecenila, 26,5% do i.a./L + acetato de (Z)-11-hexadecenila, 4%), aplicado sobre o solo, na confusão sexual de adultos da Spodoptera frugiperda, e seus efeitos na proteção da cultura do milho contra os danos da praga. 4.2 MATERIAL E MÉTODOS 45 4.2.1 Características do feromônio avaliado O feromônio FAW Eco Granules 305 (acetato de (Z)-9-tetradecenila, 26,5% do i.a./L + acetato de (Z)-11-hexadecenila, 4%) pertence ao grupo químico dos acetatos insaturados. Apresenta-se na formulação granulada (G), com formato cilíndrico (Altura: 3mm x Diâmetro: 3mm), pronto para aplicação direta (Figura 9). Desde sua fabricação até o momento da aplicação, o feromônio permaneceu acondicionado em sacos hermeticamente fechados. Figura 8 – Aspecto do feromônio FAW Eco Granules 305 (acetato de (Z)-9- tetradecenila, 26,5% + acetato de (Z)-11-hexadecenila, 4%). Fonte: Elaboração própria. 4.2.2 Local de condução do experimento O experimento foi conduzido durante a safra de verão de 2022/2023, na Fazenda Nova Estrela, localizada no distrito de Entre Rios, no município de Itapura/SP, com coordenadas geográficas: S: 20° 40.086' W: 51° 23.701' H: 342 m Precisão: 8m 46 4.2.3 Delineamento experimental O experimento foi disposto em delineamento inteiramente casualizado, com sete tratamentos e quatro repetições (Figura 9). Cada tratamento constou de 4 hectares (200m x 200m), com quatro pontos amostrais (repetições), indicados por uma armadilha a base de feromônio para captura de adultos. Figura 9 – Croqui da área experimental com os tratamentos indicados por linhas brancas e armadilhas indicadas pelos marcadores vermelhos no centro de cada tratamento. Itapura/SP. Fonte: Google Earth (2023). As coordenadas geográficas da área experimental e das armadilhas de captura de mariposas de cada tratamento estão descritas na Tabela 9. 47 Tabela 9 – Coordenadas geográficas dos vértices de cada tratamento. Itapura/SP. Tratamento Tratamentos Armadilhas Vértice Sul Oeste Armadilha Sul Oeste 1 1 20° 40.402' 51° 23.646' A 20° 40.436' 51° 23.690' 2 20° 40.506' 51° 23.652' B 20° 40.464' 51° 23.693' 3 20° 40.497' 51° 23.769' C 20° 40.461' 51° 23.723' 4 20° 40.390' 51° 23.761' D 20° 40.434' 51° 23.720' 2 1 20° 40.575' 51° 23.708' A 20° 40.609' 51° 23.753' 2 20° 40.682' 51° 23.724' B 20° 40.638' 51° 23.757' 3 20° 40.675' 51° 23.836' C 20° 40.635' 51° 23.786' 4 20° 40.563' 51° 23.815' D 20° 40.607' 51° 23.781' 3 1 20° 39.981' 51° 23.896' A 20° 40.018' 51° 23.938' 2 20° 40.085' 51° 23.900' B 20° 40.047' 51° 23.939' 3 20° 40.086' 51° 24.011' C 20° 40.046' 51° 23.968' 4 20° 39.980' 51° 24.006' D 20° 40.019' 51° 23.967' 4 1 20° 39.991' 51° 23.506' A 20° 40.029' 51° 23.553' 2 20° 40.095' 51° 23.518' B 20° 40.056' 51° 23.554' 3 20° 40.096' 51° 23.631' C 20° 40.056' 51° 23.584' 4 20° 39.984' 51° 23.625' D 20° 40.027' 51° 23.582' 5 1 20° 39.986' 51° 23.707' A 20° 40.022' 51° 23.748' 2 20° 40.091' 51° 23.704' B 20° 40.050' 51° 23.748' 3 20° 40.088' 51° 23.822' C 20° 40.049' 51° 23.778' 4 20° 39.985' 51° 23.818' D 20° 40.022' 51° 23.778' 6 1 20° 40.169' 51° 23.716' A 20° 40.206' 51° 23.755' 2 20° 40.279' 51° 23.718' B 20° 40.236' 51° 23.756' 3 20° 40.276' 51° 23.826' C 20° 40.235' 51° 23.784' 4 20° 40.163' 51° 23.821' D 20° 40.206' 51° 23.783' 7 1 20° 39.977' 51° 24.092' A 20° 40.017' 51° 24.135' 2 20° 40.085' 51° 24.093' B 20° 40.044' 51° 24.135' 3 20° 40.087' 51° 24.209' C 20° 40.044' 51° 24.164' 4 20° 39.981' 51° 24.203' D 20° 40.017' 51° 24.164' Fonte: Elaboração própria. 4.2.4 Instalação e condução da cultura do milho na área experimental O experimento foi conduzido em área de sequeiro, com aproximadamente 90ha, durante o período de 17/12/2022 à 29/03/2023 (Figura 9). A distância entre cada tratamento foi de 200 metros, evitando assim o deslocamento significativo das plumas de feromônio de uma parcela para outra. O milho cultivado tanto nas parcelas experimentais e nos intervalos entre as parcelas foi com a tecnologia Bt VTPRO3 (Cry1A.105 + Cry2Ab2 + Cry3Bb1), suscetível ao ataque da lagarta-do-cartucho. A área de isolamento, entre os tratamentos, foi cultivada com milho da mesma tecnologia Bt VTPRO3 (Cry1A.105 + Cry2Ab2 + Cry3Bb1), recebendo o tratamento com inseticidas sintéticos para o manejo da Spodoptera frugiperda. O hibrido de milho utilizado nos tratamentos foi o AG 1850 VTPRO3, semeado em 12/12/2022. A emergência da cultura foi registrada em 16/12/2022. O milho foi cultivado em sistema de plantio direto, semeado com espaçamento 0,5m entre linhas e densidade de 3 sementes por metro, perfazendo 60.000 sementes por hectare (ha). 48 No sulco de plantio foi realizada adubação na proporção de 200 kg/ha da formulação NPK 08-28-26. Foi realizada uma aplicação de Uréia, aplicada a lanço na proporção de 200 kg/ha quando a cultura atingiu o estádio de desenvolvimento V5. 4.2.5 Tratamentos e doses A relação dos tratamentos e doses estão descritas na tabela abaixo. Tabela 10 - Tratamentos e doses do feromônio de formulação em grânulos. Itapura/SP. 2022/23 Tratamentos Dose do ingrediente ativo por hectare Dose do produto formulado por hectare 1. FAW Eco Granules 305 25 g 84 g 2. FAW Eco Granules 305 50 g 167 g 3. FAW Eco Granules 305 75 g 250 g 4. FAW Eco Granules 305 100 g 333 g 5. FAW Eco Granules 305 150 g 500 g 6. Pherogen Spray FAW (*) 130 g (*) 450mL (*) 7. Controle -- -- * Foram realizadas 5 aplicações de 90 mL.ha-1 cada, totalizando 450 mL.ha-1 com intervalo de sete dias entre cada aplicação. Fonte: Elaboração própria. Para efeitos de comparação, o Tratamento 7 foi considerado padrão, pois trata- se do primeiro feromônio de formulação líquida (CS – Suspensão de encapsulado) registrado para o manejo da lagarta-do-cartucho via confusão sexual, com o nome comercial Pherogen® Spray FAW (acetato de (Z)-9-tetradecenila, 250 g do i.a.L-1 + acetato de (Z)-11-hexadecenila, 37,4 g do i.a.L-1). Foram realizadas 5 aplicações com intervalo de 7 dias entre cada aplicação. Para análises de proteção da cultura do milho contra o ataque da Spodoptera frugiperda, foi reservada uma área de 100m² distante em 200m dos demais tratamentos, onde não foi realizada nenhuma aplicação de inseticidas para o manejo de lagartas, sendo considerada como testemunha absoluta (sem aplicação do feromônio e sem aplicação de inseticidas) para análises de danos. 49 4.2.6 Metodologia de aplicação Para os tratamentos a base do feromônio granulado, foi realizada uma única aplicação, em 17/12/2022, distribuindo-se os grânulos manualmente em faixas de 4m de largura, proporcionalmente a dose de cada tratamento (Figura 10). Para os tratamentos a base do feromônio líquido (Pherogen® Spray FAW), foram realizadas cinco aplicações, com intervalo de sete dias entre cada aplicação, utilizando-se um pulverizador terrestre, equipado com 36 pontas XRVK 110 03, pressão de trabalho de 45 psi e volume de calda de 150L.ha-1 (Figura 11). Figura 10 – Metodologia de aplicação do feromônio granulado. Itapura/SP. 2022 Fonte: Elaboração própria. Tabela 11 - Dados climatológicos no momento da aplicação dos tratamentos T1 a T5. Itapura/SP. 2022. Data Temp. ar ºC U.R (%) Velocidade do vento (km/h) Direção vento Nebulosidade Aplicação Estádio da cultura Início Término 17/12/2022 26,2 59,4 1,1 NE Ensolarado 07:30 08:20 VE/V1 Fonte: Laboratório de Manejo integrado de Pragas – UNESP/FEIS. 4.2.7 Manejo da Spodoptera frugiperda na área do experimental No tratamento 7 (Controle) realizou-se três aplicações do inseticida Lannate (metomil, 215 g do i.a.L-1) na dose de 0,6 L.ha-1, quando constatou-se 20% de plantas com notas de danos iguais ou superiores a 3 (Davis et al., 1992) conforme recomendação (Tabela 1). As aplicações foram realizadas em 28/12/2022 (11 dias após a aplicação do feromônio granulado), 14/01/2023 (28 dias após a aplicação do 50 feromônio granulado) e 04/02/2023 (49 dias após a aplicação do feromônio granulado). Os tratamentos a base de feromônio, todos receberam as mesmas aplicações dos inseticidas utilizadas para o manejo da Spodoptera frugiperda no tratamento 7 (Controle), aplicados nas mesmas datas e nas mesmas condições. Figura 11 – Metodologia de aplicação com pulverizador terrestre. Itapura/SP. 2022. Fonte: Elaboração própria. Tabela 12 - Dados climatológicos no momento