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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
“JÚLIO DE MESQUITA FILHO”
FACULDADE DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS
DEPARTAMENTO DE FÁRMACOS E MEDICAMENTOS
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
DESENVOLVIMENTO DE EMBALAGEM DE PRODUTO FARMACÊUTICO
DIFERENCIADO PARA MAIOR AUTONOMIA E QUALIDADE DE VIDA DE
PORTADORES DE DEFICIÊNCIAS FÍSICAS E VISUAIS
Aluna: Beatriz Gamberini Cernic
Co-orientação: Drª. Ana Carolina Kogawa
Orientação: Profª. Drª. Hérida Regina Nunes Salgado
ARARAQUARA
2017
1
Beatriz Gamberini Cernic
DESENVOLVIMENTO DE EMBALAGEM DE PRODUTO FARMACÊUTICO
DIFERENCIADO PARA MAIOR AUTONOMIA E QUALIDADE DE VIDA DE
PORTADORES DE DEFICIÊNCIAS FÍSICAS E VISUAIS
Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), apresentado
como exercício final no curso de Farmácia-
Bioquímica, da Universidade Estadual Paulista “Júlio
de Mesquita Filho” (UNESP), Faculdade de Ciências
Farmacêuticas, campus de Araraquara, sob a
orientação da Profa. Dra. Hérida Regina Nunes
Salgado e co-orientação da Dra. Ana Carolina
Kogawa, como parte dos requisitos necessários para
a obtenção de grau de farmacêutico-bioquímico.
Co-orientação: Drª. Ana Carolina Kogawa
Orientação: Profª. Drª. Hérida Regina Nunes Salgado
ARARAQUARA
2017
2
À minha família de sangue e
à família que construí em
Araraquara.
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AGRADECIMENTOS
Para a realização deste trabalho e do sonho em me formar farmacêutica-
bioquímica pela melhor faculdade do Brasil, a Unesp, contei com o apoio e o auxilio de
muitas pessoas.
Meus pais, irmã, tios e os amigos de infância que entenderam a minha ausência e
distância física em momentos diários e/ou importantes, mas em pensamento sempre
estivemos perto.
Nesses anos em Araraquara ganhei muitos irmãos e pais, uma nova família que
me acolheu e me ajudou a passar pelos momentos difíceis e alegres desses anos, à
república AsKeroZas e ao grupo Canelinha, muito obrigada pelas risadas, conselhos e
parcerias.
A um dos meus maiores amores universitários, a Jornada Farmacêutica da Unesp,
o meu maior agradecimento, por permitir que eu vivesse experiências únicas com pessoas
únicas e aprendesse mais sobre mim.
Um agradecimento especial à minha orientadora, Professora Hérida, e minha co-
orientadora, Ana Carolina Kogawa, muito obrigada por dividirem esse sonho e anseio
comigo e, principalmente, por me estimularem a pensar ainda mais nas responsabilidades
profissional farmacêutico com a sociedade.
Muito obrigada a todos por me permitirem e por viverem esse sonho comigo!
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RESUMO
Aproximadamente 45% da população brasileira apresentam necessidades especiais,
sejam permanentes ou provisórias. Esse índice é superior ao apresentado pela OMS, que
determina que 10% da população de um país, em tempos de paz, é portadora de algum
tipo deficiência. Este trabalho propõe, focado à Tecnologia Assistiva, buscar soluções
para problemas diários encontrados durante a destribuição do creme dental para a
escovação dos dentes de pessoas com deficiência visual ou com mobilidade reduzida,
através do desenvolvimento de um dispositivo que auxilie na autonomia e independência
do indíviduo, permitindo seu bem-estar e a sua inclusão social. Para tal, foi proposta a
embalagem inovadora para creme dental com características importantes para o suporte,
como a presença de válvula Pump e de adaptador que guia o usuário a localizar a saída
de uma quantidade pré-definida do creme dental, sem que seja necessário manusear as
cerdas da escova, evitando contaminações. O material de envase desenvolvido permite
independência do usuário nesta atividade do dia-a-dia, que fortalece sua auto-estima e
qualidade de vida, levando, consequentemente, ao bem-estar familiar.
Palavras-chave: bem-estar, deficiência visual, desenvolvimento de produto, embalagem
inovador, envase de creme dental, inclusão social, independência, tecnologia assistiva.
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ABSTRACT
Approximately 45% of the Brazilian population present special needs, whether permanent
or temporary. This percentage is higher than the number presented by the WHO, which
define that 10% of a country's population, in times of peace, has some type of disability.
This work proposes, associate with Assistive Technology, the research for solutions to
daily problems encountered during the distribution of toothpaste for the toothbrushing of
visually impaired people or persons with reduced mobility, through the development of
an instrument that assists in the autonomy and independence of the individual, allowing
their well-being and their social inclusion. For this, an innovative packaging for
toothpaste was proposed with important characteristics for the support, such as the
presence of pump valve and adapter that guides the user to locate the exit of a predefined
amount of the toothpaste, without having to handle the bristles, avoiding contaminations.
The developed packaging material allows the users independence in this daily activity,
which strengthens their self-esteem and quality of life, leading, consequently, to the
family welfare.
Keywords: assistive technology, independence, innovative packaging, product
development, social inclusion, toothpaste packaging, visual impairment, welfare
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Creme dentifrício Dr. Sheffield..............................................................17
Figura 2 – Frasco de Creme Dental Aromático Colgate, 1873................................17
Figura 3 – Tubo de Pasta de Dente Colgate, 1896...................................................18
Figura 4 – Creme Dentifrício Companhia Gessy Industrial, 1950...........................19
Figura 5 – Creme Dental em Embalagem Pump, 1990............................................20
Figura 6 – Close-up LiquiFresh, 1996………………………….............................20
Figura 7 – Close-up Smiles, 2017……………………………………….........…..21
Figura 8 – Embalagem azul (esquerda), Embalagem bola (direita) e creme dental
utilizados nos testes de capacidade e comportamento durante a dispensação do creme
dental................................................................................................................................32
Figura 9 – Pesagem do Creme Dental obtido após o acionamento das válvulas Pump
das embalagens Azul e Bola.............................................................................................33
Figura 10 – Comparação entre o tempo de colocação do creme dental com a
embalagem comum e a embalagem em desenvolvimento, em segundos, com voluntários
vendados..........................................................................................................................36
Figura 11 – Desenho com medidas da embalagem desenvolvida no trabalho.........38
Figura 12– A- Embalagem com o dispositivo impresso, em preto, por impressora
3D; B- Embalagem com o dispositivo impresso, em preto, mostrando a movimentação do
acionador da válvula Pump..............................................................................................39
Figura 13 – Desenho da embalagem com o novo dispositivo desenvolvido em
conjunto com a parte superior responsável pelo acionamento da válvula Pump...............40
Figura 14 – Impressão 3D do dispositivo acoplado ao acionado da válvula Pump..41
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LISTA DE FLUXOGRAMA
Fluxograma 1 – Evolução do termo Tecnologia Assistiva......................................26
8
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Identificação de creme dental compatível com as características da
embalagem com válvula Pump.........................................................................................31
Tabela 2 – Volume em mL das embalagens Azul e Bola.........................................33
Tabela 3 – Massa dispensada, em gramas, de creme dental por acionamento das
embalagens Azul e Bola...................................................................................................34
Tabela 4 – Comparação entre as massas dispensadas pelas embalagens Azul e Bola
através do acionamento por 20 voluntários......................................................................35
Tabela 5 – Tempo de colocação do creme dental com a embalagem comercial e a
embalagem em desenvolvimento, em segundos, com voluntários vendados....................37
Tabela 6 – Tempo de colocação do creme dental com a embalagem com o
dispositivo acoplado à válvula de acionamento e a massa dispensada nesse acionamento
com voluntários vendados e utilizando apenas um dos braços..........................................42
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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .......................................................................................... 10
2. ESTADO DA ARTE .................................................................................... 11
3. HISTÓRIA DA EMBALAGEM ................................................................... 13
3.1. História da embalagem de creme dental ................................................... 16
4. TECNOLOGIA ASSISTIVA ........................................................................ 22
4.1. Tecnologia assistiva no Brasil ................................................................. 24
5. OBJETIVOS ............................................................................................... 28
6. MATERIAL E MÉTODOS .......................................................................... 29
6.1. MATERIAL ............................................................................................. 29
6.2. MÉTODOS ........................................................................................... 29
6.2.1. Desenvolvimento de uma embalagem inovadora................................. 29
7. RESULTADOS ........................................................................................... 31
7.1. Análise de embalagem ............................................................................ 31
7.2. Embalagem desenvolvida ....................................................................... 37
8. DISCUSSÃO .............................................................................................. 43
9. CONCLUSÃO ............................................................................................ 46
10. REFERÊNCIAS ....................................................................................... 47
10
1. INTRODUÇÃO
No Brasil, aproximadamente 45% da população apresenta alguma necessidade
especial, desde permanente à temporária, o que inclui pessoas com deficiência, idosos,
gestantes, lactantes e os que apresentam mobilidade reduzida. Quando somado os
familiares e acompanhantes responsáveis pelos cuidados desses pacientes, chega-se a
ultrapassar 70 % da população brasileira (BRASIL, 2009).
O índice encontrado no país é muito superior à média apresentada pela OMS, que
estima que cerca de 10 % da população de qualquer país, em tempo de paz, é portadora
de algum tipo de deficiência, sendo essas deficiência mental, física, auditiva, visual e
múltipla (BRASIL, 2008).
O termo “Tecnologia Assistiva” (TA) é um conceito amplo que define uma nova
área do conhecimento que tem como objetivo a promoção dos Direitos Humanos das
pessoas com deficiências através da sua inclusão social, proporcionando autonomia e
independência nas suas atividades diárias e acessibilidade.
Segundo a Política Nacional de Saúde da Pessoa Portadora de Deficiência de 2008,
do Ministério da Saúde e da Secretaria de Atenção à Saúde, “Tecnologia Assistiva é o
conjunto de medidas adaptativas ou equipamentos que visam facilitar a independência
funcional das pessoas com deficiência”.
Para que essa parcela da população tenha sua inclusão plena dentro da sociedade
brasileira, é preciso que as suas necessidades sejam identificadas e soluções sejam
pensadas para minimizar as diferenças existentes.
Por tais razões, o escopo tem conquistado uma preocupação relevante nas ações
implementadas pelo Governo Federal, que traz como uma das suas diretrizes “promoção
da qualidade de vida das pessoas portadoras de deficiência” (BRASIL, 2008). Portanto,
o desenvolvimento de produtos e processos de Tecnologia Assistiva tem permitido a
valorização, integração e inclusão de tais pessoas com necessidades especiais,
promovendo melhor expectativa frente à vida e aos seus direitos humanos (BRASIL,
2009).
Baseado no anseio de minha orientadora, este produto foi desenvolvido pela
necessidade de seu pai em dispensar o creme dental, a fim de minimizar a dependência e
reintegrá-lo às atividades cotidianas.
11
2. ESTADO DA ARTE
O Governo Federal lançou o Programa Nacional de Inovação em Tecnologia
Assistiva, implantado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e pela
FINEP, que teve como objetivo apoiar o desenvolvimento de produtos, metodologias,
estratégias, práticas e serviços inovadores que aumentem a autonomia, o bem estar e a
qualidade de vida de pessoas com deficiência (BRASIL, 2013).
Assim sendo, o Programa Viver sem Limite do Governo Federal, criou em 2012 a
Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência para implementar, qualificar e monitorar
ações de reabilitação nos estados e municípios. A nova política induz articulações entre
os serviços, garantindo ações de promoção à saúde, identificação precoce de deficiências,
prevenção dos agravos, tratamento, reabilitação, aquisição de novos equipamentos e
oficinas itinerantes terrestres e fluviais.
O Ministério de Ciência e Tecnologia disponibiliza catálogo no qual constam 520
itens destinados a pacientes com deficiência visual (http://assistiva.mct.gov.br). Este
catálogo é um serviço de informação de itens de Tecnologia Assistiva (TA), o qual
permite a busca de produtos destinados a pacientes com deficiências produzidos ou
distribuídos no Brasil, que tem como missão “oferecer informações sobre os produtos de
TA (ajudas técnicas ou produtos de apoio) que podem contribuir para a maior autonomia
e qualidade de vida das pessoas com deficiência e idosas” (BRASIL, 2010). A
comercialização dos itens do catálogo deve ser feita pelo contato direto com a empresa
fabricante e/ou distribuidora.
Este projeto busca a melhoria da rotina diária e a vida prática de pessoas portadoras
de deficiência visual ou com mobilidade reduzida, através do desenvolvimento de
dispositivos que auxiliem na autonomia e independência das atividades diárias, incluindo
à execução de atividades de higiene pessoal. Esses novos produtos e a otimização
daqueles já existentes são de extrema importância para a inclusão dessa parcela
significativa da população brasileira nas suas atividades rotineiras, ajudando na melhoria
da sua auto-estima.
Na literatura consultada (BRASIL, 2012), vários dispositivos são disponibilizados
para facilitar a realização de atividades rotineiras. O anexo II desta Portaria
Interministerial cita as categorias de Tecnologia Assistiva classificadas em nove áreas
“Macro da Tecnologia Assistiva”, sendo a primeira dessas áreas a de “Auxílios para a
http://assistiva.mct.gov.br/
12
vida diária e vida prática”, que engloba produtos e materiais que facilitem o manuseio
autônomo e independente dos deficientes durante as suas atividades diárias.
A qualidade de vida das populações sempre foi uma preocupação da Organização
Mundial da Saúde (OMS), pois a garantia de produtos dentro dos padrões de qualidade
permite o melhor desempenho das atividades (WHO, 2007). Visando a qualidade de vida
população com alguma deficiência, a inclusão social vem sendo objeto preocupação e
pesquisas pelo mundo todo, através do desenvolvimento de produtos e processos, que
otimizem o desempenho das pessoas com deficiências permanentes ou não.
As Universidades executam um papel fundamental para melhorias sanitárias,
qualidade de vida da sociedade e ao enriquecimento científico, pois são centros de
pesquisa para o desenvolvimento e otimização de produtos e processos (IFPMA, 1997).A
elaboração desses produtos e processos que permitem melhorias na qualidade de vida da
população portadora de necessidades especiais, possibilitando que atividades rotineiras,
antes não possíveis, podem ser realizadas de forma independente e autônoma.
É importante destacar que os avanços científicos se dão pela observação e pela
necessidade, pois são delas que surgem ideias que corroboram com o desenvolvimento e
com o aprimoramento de produtos que possam sanar as necessidades impostas por
circunstâncias adversas.
Um busca na literatura e no Catálogo Nacional de Produtos de Tecnologia Assistiva
foi realizada e revelou que não foram encontrados dispositivos similiares ou com a mesma
função do dispositivos que pretende-se desenvolver (BRASIL,2017).
Dessa forma, propõe-se desenvolver um novo produto, baseado em experiências e
necessidades de uma parcela significante da população brasileira, por meio de novas
técnicas, rápidas, simples e econômicas, permitindo que o produto desenvolvido chegue
à população possibilitando uma melhora na qualidade de vida dos deficientes visuais e
motores de membros superiores, permanentes ou temporários.
Novos produtos, inovadores como o proposto, precisam ser desenvolvidos,
aprimorados e divulgados à comunidade, permitindo a inclusão social desta parcela da
população.
13
3. HISTÓRIA DA EMBALAGEM
Na apresentação do livro História da Embalagem no Brasil de 2006, Fábio
Mestriner, presidente do Conselho da Associação Brasileira de Embalagem, começa o
texto com a seguinte afirmação: “A embalagem existe para atender as necessidades e os
anseios da sociedade e com esta evoluiu através dos tempos.”, que nos faz pensar sobre a
importância das embalagens no desenvolvimento de uma sociedade.
Desde que o ser humano começou a caçar, coletar e comercializar os seus
produtos, o uso de embalagens se faz presente, com o intuito de transportar e proteger
essa mercadoria. As primeiras embalagens eram feitas de folhas, peles e couro. Com o
passar do tempo, essas embalagens passaram a ser feitas com grama e outras fibras
naturais, pois eram mais resistentes, podendo assim armazenar produtos mais pesados
(TWEDE, 2016). Para Cavalcanti e Chagas (2006), a natureza pode ser considerada
“primeira inventora das embalagens”, devido às proteções naturais que alguns alimentos
possuem, como: “vagem para proteger o feijão e a ervilha, a palha para envolver a espiga
de milho, a casca do ovo e da noz”.
Até 1800, as embalagens eram utilizadas apenas para armazenar, proteger e
transportar grandes quantidades de mercadoria, ou seja, não tinham como objetivo
armazenar produto para apenas um consumidor individual. Foi apenas nesse perído que
um dos objetivos das embalagens tornou-se satisfazer a grande demanda individual do
marketing moderno e a logística do comércio. No início do período entre 1800-1890, o
uso de chapas metálicas na produção de embalagens individuais era reduzido, devido ao
seu alto custo e produção manual, por isso, vidro, papel e latas eram mais utilizados por
ter custo inferior e ser mais acessível (TWEDE, 2016).
Após a Guerra Civil americana, a tecnologia para a produção automática de
garrafas, latas e papelão foi desenvolvida entre os anos de 1890 e 1910, com o objetivo
de facilitar a produção e, consequentemente, suprir a demanda de distribuição nacional e
do mercado de massa, ou seja, “the democratization of consumption” (TWEDE, 2016).
Foi só no período entre 1920 e 1940, que as embalagens passaram a ser usadas
como uma forma de propaganda do produto e para vender o produto direto para o
consumidor. Em 1928, Franken e Larrabee escreveram: “The consumer used to buy
anonymous goods in bulk. His grandchild demand the products by name and get them in
packages…”, ou seja, foi nesse período que as pessoas passaram a ter conhecimento das
marcas dos produtos que compravam, e, portanto, passaram a comprar a partir das marcas
14
(FRANKEN e LARRABE, 1928). Além disto, as embalagens passaram a ser
individualizadas e destinadas efetivamente ao consumidor, já que a população deixou de
comprar produto a granel (TWEDE, 2016).
Por conta desta democratização do consumo e da queda do consumo a granel, que
as embalagens possuem presença recorrente no nosso dia-a-dia, já que, dificilmente,
compramos algum produto sem a presença de pelo menos uma embalagem, tendo alguns
duas ou até três embalagens entre o meio externo e o produto em si. Para Cavalcanti e
Chagas (2006), a embalagem é o item mais fabricado no mundo, já que indústrias
alimentícia, farmacêutica, perfumaria, higiene e limpeza, utilizam no mínimo um tipo de
embalagem em seus produtos (CAVALCANTI e CHAGAS, 2006). No estudo realizado
pelo IBRE/FGV, em conjunto com a Associação Brasileira de Embalagem (ABRE), foi
observado que a indústria brasileira de embalagens apresentou um valor bruto de
produção, em 2014, de R$ 55,1 bilhões, sendo a industria farmacêutica o segmento que
apresentou o maior aumento em relação ao ano de 2013, 2,12% (ABRE, 2017).
A qualidade exigida no surgimento das embalagens, como resistência ao
transporte e à umidade, ainda continua sendo um dos principais objetivos das novas
embalagens. Porém, hoje em dia, esses envoltórios também possuem um maior e mais
importante impacto nas vendas do produto em si do que no passado, pois se tornaram uma
das mais poderosas armas de propaganda e marketing, áreas que estudam tamanho, cor e
estilo da letra, ilustrações, e todos os elementos estéticos presentes nas embalagens
(CAVALCANTI e CHAGAS, 2006), visando assim aumentar consumo e o lucro obtido
pela venda dos seus produtos, ou seja, “as empresas tentam fazer com que o mercado dê
mais valor (ou pare de depreciar) a um produto já conhecido” (SEIBEL e LIMA, 2011).
Uma das primeiras fábricas de embalagens no Brasil foi fundada em 1810, em
Salvador, e era responsável pela produção de garrafas e garrafões. Mas foi apenas com o
início das exportações de produtos agrícolas, que a produção de embalagens em grandes
quantidades teve início no Brasil. Porém, somente no final do século XX que essa
produção realmente transformou-se em indústria (CAVALCANTI e CHAGAS, 2006).
As primeiras fábricas de embalagem no Brasil produziam garrafas de vidro para
envasar cervejas e bebidas alcoólicas em geral importadas pelo Brasil. Posteriormente,
houve o avanço da produção de açúcar e café, e, consequentemente, uma mudança de
produção de embalagem no país, que diminui a sua produção de garrafas de vidro e passa
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a produzir caixas de madeira e sacos de jutas, que possibilitavam o transporte desses
alimentos (CAVALCANTI e CHAGAS, 2006).
Nos dias de hoje, só é possível conhecer a história das embalagens e rótulos no
Brasil por conta do trabalho realizado pelas Juntas Comerciais do país, que foram criadas
com o intuito de regular o uso das marcas em produtos. Para realizar o seu trabalho, as
Juntas Comerciais tinham como responsabilidade manter um registro e acervo de todos
os rótulos e embalagens completas utilizadas no Brasil. Muitos desses registros estão
conservados até hoje, sendo a Junta Comercial de Pernambuco a que engloba maior
volume desses materiais (CAVALCANTI e CHAGAS, 2006).
Com o processo de industrialização do país e a chegada dos imigrantes no último
quarto do século XIX, a produção de embalagens ganhou um novo impulso e rumo. Além
da chegada dos imigrantes, a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) também contribuiu
com o desenvolvimento da indústria nacional, já que durante o período da guerra, o
comércio marítimo foi reduzido e, consequentemente, a concorrência com os produtos
importados também diminuiu, dando mais espaço para a produção nacional
(CAVALCANTI e CHAGAS). Um exemplo desse cenário pode ser exemplificado na
citação de Stanley J. Stein em Origens da indústria têxtil no Brasil – 1850-1950: “Uma
verdadeira fome de produtos de algodão grassava por todo o país e nem o pior artigo era
recusado. Os proprietários das fábricas ditavam os preços.”. Ou seja, com o
desenvolvimento da indústria nacional de forma geral, ocorreu também o crescimento do
setor de embalagens, que sempre caminham juntos.
Em Histoire du design -1940 – 2000, Raymond Guidot relembra que o plástico
chegou no continente europeu durante a Segunda Guerra Mundial, na forma de nylon
(poliamida) usado na fabricação de pára-quedas (CAVALCANTI e CHAGAS, 2006).
Após as duas guerras mundiais que as embalagens passaram a se desenvolver mais
rapidamente e com maior complexidade, envolvendo assim maior número e categorias de
profissionais na sua produção (FINNEN, 1966). O polietileno já era utilizado no
isolamento de cabos telefônicos e cabos submarinos, mas foi apenas a após a Guerra que
o plástico passou a ser usado na produção de embalagem para alimentos. Um dos
primeiros sucessos na utilização de plásticos em embalagens foi o desenvolvimento de
recipientes com tampas precisas, os Tupperwares, amplamente utilizados até os dias de
hoje (CAVALCANTI e CHAGAS, 2006).
16
Porém, a entrada do plástico no Brasil enfrentou resistência na década de 1950,
pois era vista como “produto do capitalismo ianque”, entre políticos, estudantes
universitários e secundaristas. Foi só no final da década de 1960 que o plástico conseguiu
ser produzido em grande escala no Brasil, com o desenvolvimento de uma nova
tecnologia pela empresa Union Carbide em Cubatão, SP. De lá para cá, o plástico vem
sendo modificado para apresentar características físico-químicas mais interessantes, por
isso, ele vem sofrendo o processo de coextrusão, que é a fusão de dois ou mais tipos de
plásticos permitindo a obtenção de um novo material que apresente as características dos
seus antecessores (CAVALCANTI e CHAGAS, 2006).
Com o aquecimento global e os impactos que o planeta vem sofrendo com as
mudanças climáticas, observa-se um aumento da preocupação da população com as
questões ambientais, portanto, consumidores preocupados em consumir “produtos
ambientalmente corretos” (SILVA, 2013).
Desta forma, já é possível identificar que as embalagens também fazem parte as
estratégias de marketing relacionadas aos produtos ecologicamente corretos, e por isso já
sofrem ou ainda irão sofrer visando reduzir a média diária de produção de resíduos sólidos
no Brasil, que representa 125 toneladas, sendo as embalagens grande responsável por esse
volume (SILVA, 2013).
3.1. História da embalagem de creme dental
O primeiro uso de creme dental é datado de 3000-5000 anos a.C. pelos egípcios,
que faziam seus cremes dentais com uma mistura de cinzas em pó, cascas de ovos
queimadas, pedra-pomes e água. Como não existiam escovas de dentes, os egípcios
aplicavam o creme dental com o auxílio de bastões (ADJEI et al., 2014).
Já o primeiro creme dental como é conhecido atualmente, foi criado por um
dentista americano chamado Washington Wentworth Sheffield no ano de 1850, através
do desenvolvimento de um pó para limpar os dentes. Com o auxílio do seu filho, que
também era dentista, Sheffield modificou a fórmula original dando origem ao Creme
Dentifrício Dr. Sheffield, primeiro creme dental que se tem registro (SILVA, 2015).
O creme dental, caso fique exposto ao ambiente, pode sofrer contaminação por
micro-organismos, além de perda de água, por isso, umectantes são adicionados na sua
formulação (SILVA, 2015).
17
Figura 1: Creme dentifrício Dr. Sheffield.
Fonte: Anastasia, 2017
Em 1873, a empresa Colgate lançou o seu primeiro creme dental em frasco feito
de porcelana com pintura artesanal no seu exterior (Figura 2) (COLGATE-
PALMOLIVE). A utilização deste primeiro creme dental era diferente em cada camada
social, na elite da sociedade, o dentifrício era colocado em escovas de dente, enquanto as
camadas mais baixas da sociedade aplicavam o produto diretamente nos dedos, para então
realizar a fricção (TOLENTINO, 2009).
Figura 2: Primeiro frasco de creme de dental aromático Colgate, 1873.
Fonte: http://www.colgate.com.br/app/Colgate/BR/Corp/History/1806.cvsp / Acesso em 16/09/2017
http://www.colgate.com.br/app/Colgate/BR/Corp/History/1806.cvsp%20/%20Acesso%20em%2016/09/2017
18
Em 1841, o pintor americano John Goffe Rand patenteou na Inglaterra e nos
Estados Unidos a embalagem que desenvolveu, as bisnagas de metal (ANASTASIA,
2017). Porém, a popularização desse produto só ocorreu com o surgimento da pasta de
dente, que foi desenvolvida por Sheffield, e armazenada em bisnagas de metal (SILVA,
2015). Essas bisnagas de metal (Figura 1) eram produzidas através do processo de
extrusão de impacto, e o tubo depois de preenchido, sofria várias dobras e uma recravação
final para que o seu fundo fosse fechado de forma adequada, evitando qualquer
vazamento (TOLENTINO, 2009).
Em 1896, a empresa americana Colgate-Palmolive lança seu primeiro tubo de
pasta de dente (Figura 3), feito de estanho e tampa de metal, e possuía impressão com
duas cores no seu tubo (SILVA, 2015).
Figura 3: Tubo de Pasta de Dente Colgate, 1896.
Fonte: http://www.colgate.com.br/app/Colgate/BR/Corp/History/1806.cvsp / Acesso em 16/09/2017
Na década de 1950, a Companhia Gessy Industrial, conhecida atualmente como
Unilever Brasil, passou a comercializar seus cremes para dentifrício, forma mais
sofisticada de chamar as pastas de dente, em tubos de alumínio com tampas de plástico
(Figura 4).
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Figura 4: Creme dentifrício Companhia Gessy Industrial, 1950.
Fonte: SILVA, 2015
Foi na década de 1990, que os tubos de creme dental passaram a ser produzidos
com a associação de alumínio e plástico. Ccom uma camada externa de polietileno de
baixa densidade (PEDB), e uma camada interna de alumínio, através de um processo
chamado laminação.
Em 1990, as primeiras embalagens com sistema pump (Figura 5), ou seja, que
possuíam uma válvula que quando acionada libera o conteúdo, para creme dental foram
inseridas no mercado pela marca Kolynos, que posteriormente foi comprada pela Colgate-
Palmolive (SILVA, 2015), porém, o market share para esse tipo de embalagem é pequeno
e a demanda limitada devido a elevada complexidade e custo de produção, por conta disso
essas embalagens com o sistema Pump não permaneceram no mercado de embalagens de
creme dental por muito tempo (ANASTASIA, 2017).
20
Figura 5: Creme Dental em Embalagem Pump, 1990.
Fonte: SILVA,2015
Em 1996, a Close-up LiquiFresh (Figura 6) foi lançada com a sua formulação mais
líquida, permitindo o seu uso como gel dental e enxaguante bucal. A sua embalagem é
feita de polipropileno transparente com bico dosador (UNILEVER).
Figura 6: Close-up LiquiFresh, 1996.
Fonte: http://www.historiaunilever.com.br/unilever/timeline/produto/closeup / Acesso em: 16/09/2017
Após a mudança para os tubos produzidos com o PEBD e uma camada interna de
alumínio, as embalagens de creme dental não sofreram maiores mudanças na sua
produção, apenas mudanças estéticas, como a produção de novos formatos e com novas
http://www.historiaunilever.com.br/unilever/timeline/produto/closeup%20/
21
cores, e mudanças que visavam melhorar o fechamento da embalagem, permitindo uma
redução no tempo e custo de produção (SILVA, 2015).
Uma das maiores mudanças estéticas observadas nas embalagens de creme dental
nos últimos anos foi a produção de bisnagas laminadas “stand-up tube”, que apresentam
uma base com um diâmetro maior que a convencional, e com tubos mais curtos (Figura
7). Além dessas características, essas embalagens possuem tampas do tipo flip-flop com
o mesmo diâmetro da bisnaga, permitindo que se mantenha na posição vertical,
facilitando assim a utilização do produto, além de oferecer maior segurança a crianças, a
fim de não colocarem na boca e, acidentalmente, engolirem a tampa. (TOLENTINO,
2009).
Figura 7: Colgate Smiles, 2017.
Fonte: http://www.colgate.com.br/pt/br/oc/products/toothpaste . Acesso em: 16/09/17
http://www.colgate.com.br/pt/br/oc/products/toothpaste
22
4. TECNOLOGIA ASSISTIVA
O termo Tecnologia Assistiva foi criado oficialmente nos Estados Unidos da
América, em 1988, como elemento jurídico dentro da legislação denominada Public Law
100-407, que, em conjunto com outras leis, participa do American with Disabilities Act
(ADA) (GALVÃO FILHO, 2009). O ADA tornou-se lei em julho de 1990, quando foi
assinado pelo então presidente norte-americano George H.W. Bush, e é considerado uma
das leis de direitos civis mais importantes contra a discriminação, garantindo que pessoas
com deficiências possuam as mesmas oportunidades de emprego, possam utilizar serviços
e produtos da mesma maneira que pessoas que não as possuem (Introduction to the ADA).
Os seus quatros principais eixos são: emprego, agências estaduais e locais e o
transporte público, acomodação pública e telecomunicação. No primeiro eixo, o ADA
define que empresas com mais de 15 empregados deve fornecer as mesmas oportunidades
de emprego que uma pessoa sem deficiência possui, para pessoas com deficiência. Ou
seja, as oportunidades devem ser as mesmas tanto na hora do recrutamento, quanto no
momento da contratação, futuras promoções, pagamentos, entre outras atividades. Além
disso, a empresa deve fornecer um ambiente adaptado para que o funcionário com alguma
deficiência possa realizar seu trabalho sem perdas e desconforto (COOK e POLGAR,
2008).
Já no segundo eixo, as agências governamentais devem proporcionar igual
oportunidade ao cidadão com alguma deficiência, ao acesso aos seus programas, serviços
e atividades, como por exemplo: educação pública, emprego, transporte, recreação, saúde,
o direito de votar, entre outros. Para acolher essa parcela da população nessas atividades,
é necessário que o ambiente seja modificado fisicamente, assim como o transporte
público, que precisa de adequações estruturais para transportar pessoas com deficiência
de forma segura e sem discriminação (COOK e POLGAR, 2008).
No eixo de transporte público, o ADA ressalta que restaurantes, lojas, hotéis,
cinemas, teatros, escolas privadas, centros de convenções, centro de apoio a moradores
de rua, funerárias, estádios, entre outras locações, devem possuir adaptações da sua
estrutura para facilitar e promover a participação do população com deficiência nas
atividades do local. No quarto e último eixo, telecomunicação, o ADA garante que
pessoas com problemas de audição e visão devem possuir acesso a telefones e televisões,
mesmo com as rápidas mudanças que esse meio possui (COOK e POLGAR, 2008).
23
A criação do termo Tecnologia Assistiva veio da necessidade de regulamentação
desse tipo de tecnologia, para que assim a população com alguma deficiência pudesse ter
seus direitos e acessos garantidos a esses serviços especializados. Porém, os recursos da
Tecnologia Assistiva estão presentes no nosso cotidiano amaericano desde antes de 1988,
já que bengalas, utilizadas por idosos, proporcionam maior segurança ao caminhar,
aparelhos de amplificação utilizados por pessoas com diferentes níveis de surdez e carros
adaptados para pessoas com deficiência, podem ser considerados como Tecnologia
Assistiva (GALVÃO FILHO, 2009).
Com base nos critérios estabelecidos pelo ADA, Cook e Hussey (1995) definem
o termo Tecnologia Assistiva como “uma ampla gama de equipamentos, serviços,
estratégias e práticas concebidas e aplicadas para minorar os problemas funcionais
encontrados pelos indivíduos com deficiência”.
Na Europa, o termo Tecnologia Assistiva é frequentemente traduzido pelas
expressões Ajudas Técnicas ou Tecnologia de Apoio (GALVÃO FILHO, 2009). O
Consórcio Empowering Users Through Assistive Technology (EUSTAT) utiliza a
expressão Tecnologias de Apoio nos seus documentos traduzidos para o português, que
“engloba todos os produtos e serviços capazes de compensar limitações funcionais,
facilitando a independência e aumentando a qualidade de vida das pessoas com
deficiência e pessoas idosas” (EUSTAT, 1999).
O EUSTAT foi um estudo realizado entre os anos de 1997 e 1999 no âmbito do
Programa de Aplicações Telemáticas da Comissão Europeia, que teve como objetivo as
necessidades educacionais das pessoas que utilizam as tecnologias de apoio, produzindo
materiais de apoio para essas pessoas e seus familiares e cuidadores, a fim de orientar e
proporcionar uma escolha mais adequada e responsável dessas tecnologias de apoio. Esse
estudo tem como princípio básico a participação ativa das pessoas com deficiência na
escolha das tecnologias de apoio que utilizam, o que colabora com a qualidade dos
serviços e produtos oferecidos, já que é possível ouvir a opinião do utilizador final das
mesmas (EUSTAT, 1999).
A partir das duas definições apresentadas anteriormente, é possível perceber que
tanto na legislação norte-americana, quanto nos documentos do Consórcio EUTAST, o
termo Tecnologia Assistiva ou Tecnologia de Apoio são definidos não apenas como
24
produtos, mas também como serviços oferecidos para facilitar a independência das
pessoas portadoras de deficiência e de idosos.
Entre 2004 e 2005, foi criado na Europa o Consórcio EASTIN, a “Rede Europeia
de Informação de Tecnologias de Apoio”, que tem como objetivo criar uma rede de
informações internacional sobre Ajudas Técnicas, e já foi capaz de constatar a existência
de 20.000 produtos de Tecnologia de Apoio na Europa, gerando custos em torno de 30
bilhões de euros, segundo o informe “Acceso a las Tecnologias de Apoio en la Unión
Europea” publicado pela “Dirección de Empleo y Asuntos Sociales de la Comisión
Europea” (GALVÃO FILHO, 2009).
4.1. Tecnologia assistiva no Brasil
A expressão “Tecnologia Assistiva” é utilizada com frequência como sinônimo
das expressões “Ajudas Técnicas” e “Tecnologia de Apoio”. Quando não são
consideradas sinônimos, apresentam pequenas diferenças em relação à abrangência ou
não de dispositivos e serviços nos seus significados, como, por exemplo, em algumas
situações a expressão “Ajudas Técnicas” refere-se apenas aos recursos e dispositivos da
“Tecnologia Assistiva”, excluindo os serviços de sua definição (GALVÃO FILHO,
2009).
Por conta dessas diferenças de denominação e visando uma unificação no uso
dessas expressões, em 16 de novembro de 2006, foi instituído, pela Portaria nº142, o
Comitê de Ajudas Técnicas (CAT), estabelecido pelo Decreto nº 5.296/2004 no âmbito
da Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República, que tinha
como objetivo “aperfeiçoar, dar transparência e legitimidade ao desenvolvimento da
Tecnologia Assistiva no Brasil” (BRASIL, 2009).
O Decreto nº 5.296 de 2004 define acessibilidade como “condição para utilização,
com segurança e autonomia, total ou assistida, dos espaços, mobiliários e equipamentos
urbanos, das edificações, dos serviços de transporte e dos dispositivos, sistemas e meios
de comunicação e informação, por pessoa portadora de deficiência ou com mobilidade
reduzida” (BRASIL, 2004).
A partir da definição de acessibilidade apresentada anteriormente, destaca-se que
não são apenas pessoas com deficiência, o público alvo da Tecnologia Assistiva, podemos
considerar idosos, gestantes, lactantes e outras pessoas com mobilidade reduzida, seja ela
em caráter permanente ou temporário (BRASIL, 2009). Com base nesse novo escopo de
25
usuários da Tecnologia Assistiva, chega-se a 43,5% da população brasileira, e quando
adicionamos familiares e cuidadores, que também terão acesso a essa tecnologia,
chegamos a 70% da população brasileira (BRASIL, 2009).
O Decreto nº 5.296 de 2014, também traz o conceito de Desenho Universal, “um
conceito importante para a construção de uma sociedade mais inclusiva, principalmente
relacionando-o à Acessibilidade e à Tecnologia Assistiva.” (GALVÃO FILHO, 2009).
Portanto, Desenho Universal é a “concepção de espaços, artefatos e produtos que visam
atender simultaneamente todas as pessoas, com diferentes características antropométricas
e sensoriais, de forma autônoma, segura e confortável, constituindo-se nos elementos ou
soluções que compõem a acessibilidade” (BRASIL, 2004).
Segundo a “Carta do Rio”, elaborada na Conferência Internacional sobre Desenho
Universal “Projetando para o Século XXI”, em dezembro de 2004, esse novo conceito
tem como objetivo promover a inclusão social e o acesso aos bens e serviços pela maior
parcela possível da população, contribuindo com a integração de indivíduos que são
impedidos de interagir com a sociedade, como, por exemplo, pessoas com alguma
deficiência, marginalizadas, gestantes, obesos, entre outros (CARTA DO RIO, 2004).
Para construir a definição de Tecnologia Assistiva, o Comitê de Ajudas Técnicas
(CAT) também buscou entender o significado do termo Tecnologia isoladamente. Para
isso, o dicionário de Aurélio Buarque de Holanda de 1982 foi consultado, e as definições
encontradas foram as seguintes: “1. Conjunto de conhecimentos, especialmente
princípios científicos, que se aplica a um determinado ramo de atividade: tecnologia
mecânica. 2. Explicação dos termos concernentes às artes e ofícios. 3. O vocabulário
peculiar de uma ciência, arte, indústria etc. 4. Ciência que trata de técnica.” (BRASIL,
2009).
Com base nessas definições apresentadas anteriormente de acessibilidade, o CAT
definiu Tecnologia Assistiva como uma área do conhecimento composta por
características interdisciplinares que visa melhorar a participação de pessoas com
deficiência, incapacidades ou mobilidade reduzida em atividades rotineiras, promovendo
sua autonomia, independência e melhora da qualidade de vida, através de produtos,
recursos, metodologias, serviços e estratégias práticas. Portanto, após os estudos
realizados por esse comitê, a expressão Tecnologia Assistiva passou a ser utilizada, e não
mais a expressão Ajudas Técnicas. Essa mudança deve-se ao fato que comissão observou
26
uma tendência firmada no âmbito nacional, seja no meio acadêmico, em organizações de
pessoas com deficiência ou em setores do governo, pelo uso da expressão Tecnologia
Assistiva e pelo termo Tecnologia, segundo o dicionário de Aurélio Buarque de Holanda,
significar não apenas produtos, mas também a aplicação desse conhecimento, expandindo
assim a definição de Tecnologia Assistiva (BRASIL, 2009).
Além de definir o conceito de Tecnologia Assistiva, o Comitê de Ajudas Técnicas
também foi responsável por classificar essas tecnologias a partir de três importantes
referências:
Decreto nº 3.298 de 1999 –
Ajudas Técnicas são elementos
que permitem compensar
limitações funcionais, com o
objetivo de superar barreiras da
comunicação e mobilidade,
permitindo a sua plena inclusão
social (Brasil, 1999).
Decreto nº 5.296 de 2004 –
Ajudas Técnicas são produtos,
instrumentos, equipamentos ou
tecnologias adaptadas e
projetadas para otimizar a
funcionalidade de pessoas
portadores de deficiência ou
mobilidade reduzida (Brasil,
2004).
Comitê de Ajudas Técnicas,14 de
dezembro de 2007 – Tecnologia
Assistiva é uma área do
conhecimento com característica
interdisciplinar que visa promover
a autonomia de pessoas com
deficiência através de produtos,
recursos, metodologias, serviços
e estratégias práticas (Brasil,
2009).
Fluxograma 1 – Evolução do termo Tecnologia Assistiva
Desenvolvido por Beatriz Gamberini Cernic
De
27
-ISO 9999: nessa classificação, os produtos assistivos, incluindo software, são
classificados segundo a sua função e em três níveis diferentes: classe, subclasse e
detalhamento da classificação, com explicações e referenciais (BRASIL, 2009).
- Classificação Horizontal European Activities in Rehabilitation Technology –
HEART: esse modelo surgiu no âmbito do Programa Technology Initiative for Disabled
and Elderly People – TIDE, da União Europeia e tem como base os conhecimentos
envolvidos na utilização da Tecnologia Assistiva, como componentes técnicos,
componentes humanos e componentes socioeconômicos (BRASIL, 2009).
- Classificação Nacional de Tecnologia Assistiva, do Instituto Nacional de
Pesquisas em Deficiências e Reabilitação, dos Programas da Secretaria de Educação
Especial, Departamento de Educação dos Estados Unidos: foi desenvolvida com base no
conceito de Tecnologia Assistiva presente na legislação norte-americana e, por isso,
engloba recursos e serviços. Essa classificação cataloga dez itens de componentes de
recursos, por áreas de aplicação, e também apresenta um grupo para os serviços de
Tecnologia Assistiva (BRASIL, 2009).
28
5. OBJETIVOS
O objetivo geral deste trabalho é promover o desenvolvimento científico,
tecnológico e de inovação, de um produto em tecnologia assistiva. Como objetivos
específicos, destacam-se:
Desenvolver dispositivo facilitador de transferência de creme dental para
a escova de dente para pessoas com deficiência visual ou com mobilidade reduzida
permanente ou temporária;
Testar o dispositivo frente à capacidade de armazenamento das
embalagens, uniformidade de conteúdo dispensado e tempo de dispensação.
Promover a pesquisa, o desenvolvimento e a inovação de um novo produto
que possa vir a ser disponibilizado para a sociedade brasileira, promovendo, assim, a
inclusão de pessoas com deficiência através do aumento da sua autonomia e qualidade de
vida, além de seus familiares e cuidadores presente no dia-a-dia dessa parcela da
população brasileira;
Atuar como agente multiplicador na formação de profissionais
preocupados com o bem estar social, além de propiciar oportunidade à comunidade, com
experiência em aspectos voltados para a ciência básica com a perspectiva de aplicação
direta em produtos tecnológicos.
Esta pesquisa contempla um tema atual, inovador e de extrema importância para
a área de Desenvolvimento de Produtos em Tecnologia Assistiva.
29
6. MATERIAL E MÉTODOS
6.1. MATERIAL
- Embalagens plásticas de 80 g (Embalagem Azul) e 180 g ( Embalagem Bola)
com válvula Pump
- Balança analítica modelo BL320H (Shimadzu, Brasil)
- Escova de dente
- Creme dental
- Venda para os olhos
- Dispositivos-guia impressos
6.2. MÉTODOS
6.2.1. Desenvolvimento de uma embalagem inovadora
Foi desenvolvido um produto para auxiliar no dia-a-dia de deficientes visuais e de
pacientes com dificuldades motoras de membros superiores, ainda ausente na lista de
dispositivos destinados para pacientes com deficiências do Ministério da Ciência e
Tecnologia, gerando um produto capaz de suprir as necessidades desta parcela da
população.
As embalagens foram feitas com material plástico com capacidade de 80 g e 180
g que possuam válvulas Pump, que permitem a saída do creme dental de forma controlada
e pré-definida.
Além da quantidade pré-definida, esse dispositivo sofreu adequações que
permitem o posicionamento da escova dental próximo à saída do creme, diminuindo o
risco de desperdício do produto e a sua não utilização, melhorando a qualidade da higiene
bucal do paciente e, consequentemente, a sua qualidade de vida e bem-estar.
6.2.1.1. Dispositivo dosador de creme dental
A higiene bucal é essencial para a preservação da saúde, já que a boca é uma
importante porta de entrada de micro-organismos patogênicos ou não patogênicos no
organismo humano, e também é considerado um fator importante à estética e à auto-
estima de indivíduos. Para que atinja a higiene bucal desejada são necessárias, no mínimo,
três escovações diárias, com duração de pelo menos dois minutos cada (COLGATE,
30
2017). Por essa atividade estar presente constantemente no dia-a-dia de qualquer
indivíduo, ela torna-se um importante fator estimulante para a independência de
indivíduos que apresentam alguma deficiência.
O material de embalagem foi produzido em plásticos do tipo PET e polietileno,
para determinar-se qual possui as características mais eficientes para o acondicionamento
do creme dental e o manuseio por pessoas com deficiências visuais e físicas de membros
superiores.
O produto tem, aproximadamente, de 8 a 10 centímetros de altura
(desconsiderando o tamanho da válvula Pump), com um diâmetro de, aproximadamente,
4 centímetros. Além do melhor tipo de plástico, foi testado também o volume de creme
dental obtido após o acionamento da válvula Pump, para que ele seja condizente com a
quantidade ideal requerida na escovação e se existe relação entre o tamanho da válvula e
a quantidade de creme dental obtido através deste dispositivo.
Foi desenvolvido um material de acondicionamento com válvula Pump que
possibilitou o manuseio, para liberação de quantidade pré-estabelecida de creme dental
que representou a quantidade necessária para a realização de uma escovação adequada,
destinado a deficientes visuais.
Por tratar-se de um material de acondicionamento que necessita de apenas uma
das mãos, o produto é também indicado para pacientes com mobilidade reduzida, como
portadores de paralisia, hemiplégicos, amputados de membro superior ou aqueles com
necessidades temporárias como imobilização de ombro, clavícula, braço ou mão.
31
7. RESULTADOS
7.1. Análise de embalagem
Para definir um primeiro esboço da embalagem de creme dental adaptada, foi
determinado qual seria o seu mecanismo de dispensação do produto, que deveria ser
diferente daqueles encontrados no mercado, além de permitirem possíveis adaptações que
facilitassem o manuseio por pacientes portadores de deficiências físicas de membros
superiores e visuais.
Com o escopo inicial estabelecido, foi definido que a embalagem possuiria uma
válvula Pump de acionamento, que permitiria a dispensação de forma controlada e com
apenas uma mão do paciente. As embalagens com válvula Pump encontradas no mercado
cosmético, principalmente para o armazenamento de pequenas quantidades de produtos
de higiene pessoal para transporte em viagens, são feitas de plástico do tipo PET
transparente.
Por conta dessa característica transparente e de armazenamento em embalagens
plásticas, passou-se a buscar cremes dentais que fossem armazenados em embalagens sem
a presença de uma lâmina de alumínio em seus tubos, que atuam como forma de proteção
a luz e ao ar, e também em embalagens plásticas. Para encontrar um creme dental
compatível com as características já descritas da embalagem com válvula Pump presente
no mercado, mas para outros fins, foi feito uma pesquisa com 5 tipos de embalagens de
creme dental e apenas uma embalagem apresentou as duas características necessárias.
Tabela 1 – Identificação de creme dental compatível com as características da embalagem com
Válvula Pump
Marca Possui película de Al? Embalagem Transparente?
Colgate Total 12 Sim Não
Colgate Luminous White Sim Não
Oral-B 3D white Sim Não
Colgate Sensitive pro-alívio Sim Não
Close-up Liquifresh - Ação profunda Não Sim
32
Após essa análise da composição das embalagens dos cremes dentais, foi
encontrado um que se encaixava nas características necessárias para serem usadas na
embalagem com válvula Pump, que foi o creme dental Close-up Liquifresh – Ação
Profunda. Além de se encaixar nas características da embalagem, a escolha desse creme
dental para os ensaios realizados durante o trabalho também foi importante devido à sua
viscosidade, que é menor em relação aos outros cremes dentais observados na Tabela 1,
o que permitiria um descolamento melhor e mais eficiente pela válvula Pump.
Com o modelo inicial da embalagem e o creme dental definidos, foram testadas
duas embalagens distintas com válvula Pump, para observar a sua capacidade e o seu
comportamento durante a dispensação do creme dental (Figura 8).
Figura 8 – Embalagem azul (esquerda), embalagem bola (direita) e creme dental utilizados nos
testes de capacidade e comportamento durante a dispensação do creme dental
Fonte: Acervo Pessoal.
Para fazer a análise da capacidade das embalagens, ambas foram preenchidas com
água, em triplicata, até o mesmo ponto, e, posteriormente, essa quantidade de água foi
transferido para uma proveta de 100 mL para se obter a capacidade de cada embalagem.
Já para a análise do comportamento das embalagens durante a dispensação do creme
dental, cada embalagem foi acionada por um mesmo indivíduo, para evitar-se
interferências entre diferentes pessoas, em triplicata, e o creme dental obtido foi recolhido
e pesado com o auxílio de uma escova de dentes. Essa escova de dente foi lavada e secada
da mesma maneira entre cada acionamento, para que a quantidade de água remanescente
na escova fosse próxima e, portanto, descartada durante a pesagem do creme dental obtido
após cada acionamento (Figura 9).
33
Figura 9 – Pesagem do creme dental obtido após o acionamento das válvulas Pump das
embalagens Azul e Bola.
Fonte: Acervo Pessoal
Os resultados obtidos após os dois testes podem ser observados nas Tabela 2 e 3.
Tabela 2 – Volume em mL das Embalagens Azul e Bola
Teste Capacidade Embalagem Azul (mL) Capacidade Embalagem Bola (mL)
1 83 188
2 84 192
3 84 193
Média 83,67 191
DP 0,58 2,65
DPR (%) 0,69 1,39
DP = desvio padrão
DPR = desvio padrão relativo
34
Tabela 3 – Massa dispensada, em gramas, de creme dental por acionamento das embalagens Azul
e Bola
Teste
Massa Dispensada por Acionamento
Embalagem Azul (g)
Massa Dispensada por Acionamento
Embalagem Bola (g)
1 0,56 0,48
2 0,59 0,22
3 0,58 0,52
4 - 0,46
Média 0,57 0,42
DP 0,02 0,14
DPR (%) 2,93 32,81
DP = desvio padrão; DPR = desvio padrão relativo
Após a realização dos testes é possível observar que a embalagem azul, em média,
possui capacidade de armazenamento de 83,67 mL, enquanto a embalagem bola possui,
em média, capacidade de armazenamento de 191,00 mL. Já os resultados de massa de
creme dental obtida após o acionamento das válvulas Pump foi, em média, 0,57 g para a
embalagem azul, e 0,42 g para a embalagem bola.
A partir dos resultados obtidos nos testes de capacidade, foi observado que a
embalagem azul possui uma capacidade mais próxima da capacidade comercial do creme
dental Close-up Liquifresh – Ação Profunda, enquanto a embalagem bola possui quase o
dobro da capacidade comercial. Já no teste de massa dispensada por acionamento da
válvula Pump, foi observado através dos seus desvios padrões relativos (DPR) que a
embalagem azul possui maior homogeneidade nos seus valores obtidos do que a
embalagem bola, que apresentou um DRP de mais de 32,81%. Foi por conta dessa falta
de homegeinidade, e para a obtenção de um resultado mais fiel, que realizou-se o
acionamento da válvula da embalagem bola uma quarta vez, já que durante o segundo
acionamento, houve uma variação significante da massa dispensada.
O próximo teste realizado teve como objetivo comparar a massa de creme dental
obtido após o acionamento da válvula Pump por 20 voluntários e observar as variações e
o comportamento de cada embalagem frente usuários distintos (Tabela 4).
35
Tabela 4 – Comparação entre as massas dispensadas pelas embalagens Azul e Bola através do
acionamento por 20 voluntários
Voluntários
Massa Dispensada por
Acionamento Embalagem Azul
(g)
Massa Dispensada por
Acionamento Embalagem Bola
(g)
1 0,722 0,267
2 0,532 0,028
3 0,400 0,310
4 0,279 0,027
5 0,266 0,150
6 0,090 0,030
7 0,723 0,228
8 0,514 0,052
9 0,513 0,174
10 0,521 0,079
11 0,282 0,287
12 0,178 0,013
13 0,259 0,010
14 0,131 0,320
15 0,270 0,305
16 0,260 0,147
17 0,233 0,153
18 0,246 0,010
19 0,092 0,220
20 0,228 0,424
Média 0,340 0,150
DP 0,190 0,120
DPR 56,27 76,39
DP = desvio padrão; DPR = desvio padrão relativo
Através da observação dos resultados dos últimos três testes realizados, que tinham
como objetivo definir a capacidade de cada embalagem, a homogeneidade entre as
quantidades obtidas de creme dental pelo acionamento em triplicata das válvulas por um
único indivíduo e as quantidades obtidas pelo acionamento por 20 voluntários, foi
possível definir que devido à proximidade entre a capacidade comercial e a capacidade
obtida nos testes e a maior homogeneidade entre quantidades de creme dental obtidas
após o acionamento da válvula no testes de um único indivíduo e no com 20 voluntários,
a embalagem azul foi a escolhida como embalagem modelo para dar prosseguimento aos
nossos ensaios, e, portanto, a embalagem bola foi descartada.
36
O quarto e último ensaio realizado teve como objetivo observar e comparar a forma
e o tempo em que 20 voluntários levaram para colocar o creme dental na escova de dente
usando a embalagem comercial e a embalagem que está sendo desenvolvida. Porém, esse
teste teve uma dificuldade extra para os voluntários, ao realizarem as duas etapas do teste,
eles foram vendados, na tentativa de mimetizar as dificuldades que as pessoas com
deficiência visuais enfrentam no seu dia-a-dia em atividades rotineiras.
A partir dos tempos obtidos através desse teste comparativo entre a embalagem
comercial e a embalagem azul, embalagem que estamos trabalhando, foram calculadas as
variações entre esses dois valores, para assim observar qual das embalagens facilita e
agiliza a atividade rotineira de escovar os dentes para pessoas com alguma deficiência
visual (Figura 10).
Figura 10- Comparação entre o tempo de colocação do creme dental com a embalagem comum e a
embalagem em desenvolvimento, em segundos, com voluntários vendados.
Com base nos dados apresentados na tabela 5, é possível observar que 19 dos
voluntários apresentaram um tempo menor de colocação de creme dental na escova de
dente ao usarem a embalagem desenvolvida do que ao usarem a embalagem comercial.
Em média, os participantes tiveram uma redução de 42% no tempo de colocação de
creme dental com a embalagem desenvolvida, quando comparado com a embalagem
comercial.
61,9%
119,5%
-0,9%
27,8%
127,8%
67,0%
86,4%
20,8%
18,5%
89,5%
77,5%
6,4%
23,1%28,5%24,5%
3,5%
44,4%
26,4%
80,0%
31,1%
-20,0%
0,0%
20,0%
40,0%
60,0%
80,0%
100,0%
120,0%
140,0%
0
5
10
15
20
25
30
∆t(s) Embalagem Comum X Embalagem com Válvula - Com Venda
Embalagem Comum (s) Embalagem com Válvula (s) ∆T%
37
Tabela 5 – Tempo de colocação do creme dental com a embalagem comercial e a embalagem em
desenvolvimento, em segundos, com voluntários vendados
Tempo (s) Embalagem Comum Embalagem com Válvula ∆t%
Média 17,4 12,2 42%
Desvio Padrão 3,96 3,32 0,38
DPR 23% 27% 90%
7.2. Embalagem desenvolvida
Com base nos testes realizados durante esse trabalho, foi possível chegar a um
modelo de embalagem que facilita a inclusão social de pessoas que possuem alguma
deficiência visual ou motora parcial em uma atividade rotineira que é o ato de escovar os
dentes, de manter a sua higiene pessoal sem depender de terceiros.
A embalagem pensada seria feita de plástico PET, com uma válvula Pump, com
capacidade aproximada de 83,67 mL, próximo dos 100 g de capacidade da embalagem
comum do creme dental usado nos testes, o Close-up Liquifresh – Ação Prolongada.
Além disso, essa embalagem dispensaria, aproximadamente, 0,34 g de creme dental a
cada acionamento da sua válvula, o que representa um terço dos tamanho da área superior
das cerdas.
Para facilitar a localização e o posicionamento da escova de dente na saída do creme
dental da embalagem, foi pensado em um dispositivo que guiaria e posicionaria a mesma
no local correto. Esse dispositivo também contaria com um sistema que permitiria que a
escova de dente ficasse presa no local, podendo assim ser solta, para que pacientes que
possuam apenas um dos membros superiores possam acionar a válvula.
Para evitar a queda da embalagem devido ao peso extra da escova de dente, a mesma
contaria com um suporte feito de metal, onde a embalagem seria encaixada dentro,
podendo, assim, esse suporte ser aproveitado e usado por mais de uma vez, ou seja,
mesmo quando a embalagem plástica for trocada por uma nova, a suporte metálico
poderia ser mantido.
A Figura 11 apresenta a embalagem plástica desenvolvida com o objetivo de
facilitar e elevar a auto-estima de pacientes com deficiências visuais e físicas. Nessa
38
imagem é possível observar as medidas de todos os segmentos da embalagem, assim
como o dispositivo de posicionamento, que se encontra em azul, e o local e a forma em
que a escova de dente deverá ser posicionada durante a utilização da embalagem.
Figura 11 – Desenho com medidas da embalagem desenvolvida no trabalho (Desenho feito por Leandro
Giovanni D. Couto)
Com base no desenho mostrado na Figura 11 e as medidas obtidas, o dispositivo
que auxiliará no posicionamento da escova de dente no local correto de saída de creme
dental, foi desenvolvido com o auxílio de uma impressora 3D, com o intuito de realizar
novos ensaios e testar a funcionalidade.
O dispositivo produzido através da impressão 3D atende de forma satisfatória o
acionamento da válvula Pump e, consequentemente, a saída de creme dental. Após a
impressão do dispositivo e seu encaixe na embalagem modelo, foi possível identificar que
o mesmo não impediria a parte superior da embalagem, que permite o acionamento da
válvula e, consequentemente, a saída do creme dental, rotacionasse. Essa movimentação
39
da parte superior da válvula torna-se um impecilho para um bom funcionamento do nosso
dispositivo, já que pode ocasionar a saída do creme dental fora do local determinado onde
se encontra a escova de dente posicionada.
Essa rotação pode ser observada através da Figura 12, onde é possível identificar
que o acionador da válvula encontra-se a 180° de diferença do local onde a escova de
dente será posicionada pelo usuário da embalagem desenvolvida, o que ocasionaria a não
colocação do creme dental no local correto, principal objetivo do desenvolvimento desse
trabalho, que visa uma maior autonomia para pacientes portadores de deficiências visuais
e motoras.
Figura 12 – A- Embalagem com o dispositivo impresso, em preto, por impressora 3D
B- Embalagem com o dispositivo impresso, em preto, mostrando a movimentação do acionador
da válvula Pump
(A) (B)
Fonte: Acervo Pessoal
Para solucionar esse problema identificado após a impressão do primeiro
dispositivo idealizado, um novo desenho foi desenvolvido com o objetivo de evitar essa
movimentação do acionador da válvula Pump, impedindo que o creme dental caia em
local indevido.
40
O novo dispositivo-guia (Figura 13), pensado para suprir essa nova necessidade
observada após a primeira impressão 3D, foi desenvolvido acoplado com a parte superior
da embalagem responsável pelo acionamento da válvula Pump, evitando assim que aja
rotação durante a utilização da embalagem e, consequentemente, a queda do creme dental
em local indevido.
Figura 13 – Desenho da embalagem com o dispositivo acoplado à parte superior responsável
pelo acionamento da válvula Pump.(Desenho feito por Leandro Giovanni D. Do Couto)
Esse novo dispositivo acoplado ao acionador da válvula Pump, também foi
impresso, permitindo assim que a sua funcionalidade fosse testada.
41
Figura 14 – Impressão 3D do dispositivo acoplado ao acionado da válvula Pump.
Fonte: Acervo Pessoal
Após a impressão 3D do dispositivo acoplado, o material foi submetido a um teste
com o objetivo de observar o tempo em que 12 voluntários levaram para acionar o
dispositivo e, consequentemente, colocar o creme dental em sua escova de dente. Além
disso, a massa obtida nesse mesmo acionamento, utilizando apenas um dos membros
superiores e com os olhos vendados, mimetizando assim um paciente com as duas
deficiências foco deste trabalho foi avaliado. Os resultados adquiridos demonstraram que
o dispositivo realmente seria aplicável para indivíduos com essas duas condições em
conjunto e, consequentemente, seria aplicável para pessoas com apenas um das
deficiências (Tabela 6).
42
Tabela 6 – Tempo de colocação do creme dental com a embalagem com o dispositivo acoplado à
válvula de acionamento e a massa dispensada nesse acionamento com voluntários vendados e utilizando
apenas um dos braços.
Voluntários
Massa Dispensada por
Acionamento do dispositivo
acoplado (g)
Tempo de colocação do creme
dental utilizando o dispositivo
acoplado (s)
1 0,49 18,10
2 0,68 10,55
3 0,63 17,81
4 0,66 17,27
5 0,75 35,74
6 0,58 58,97
7 0,30 32,71
8 0,36 26,24
9 0,42 10,37
10 0,55 53,76
11 0,69 89,99
12 0,61 50,03
Média 0,56 35,13
DP 0,14 24,04
DPR 25,10 68,44
DP = desvio padrão; DPR = desvio padrão relativo (%)
Após a análise do teste acima, é possível observar que temos um tempo médio curto
dentre os nossos voluntários para o acionamento do dispositivo acoplado à válvula de
acionamento, o que mostra não haver dificuldade na manipulação do produto. Quanto aos
valores de massa obtidos nesses acionamentos, também obtivemos um baixo DRP para o
ensaio, mostrando a uniformidade e a funcionalidade do dispositivo.
Frente aos resultados até aqui expostos é possível afirmar que esse novo dispositivo
foi obtido com o sucesso esperado e é capaz de permitir a autonomia de pacientes com
deficiências visuais e motoras de membros superiores, sendo de extrema inovação e
utilizando materiais de baixo custo, permitindo assim maior acessibilidade à população,
e consequentemente, maior comercialização, favorecendo assim tanto o produtor quanto
o consumidor, já que o mercado possui uma lacuna para produtos destinados a essa
parcela da população.
43
8. DISCUSSÃO
A partir dos testes realizados e dos resultados obtidos durante o trabalho foi
observado que a embalagem bola apresentou desempenho irregular, quando comparado
com o da embalagem azul. No teste de capacidade, a embalagem bola apresentou um
desvio padrão relativo (DPR) de 1,39%, enquanto a embalagem azul apresentou um DPR
de apenas 0,69%.
Nos dois testes de acionamento das válvulas realizada por um único indivíduo
para a observação da massa de creme dental obtido, a embalagem bola atuou de forma
inconstante, que pode ser atribuído à dificuldade que a válvula apresentou em algumas
das vezes em que foi acionada, acarretando assim, em um DPR de 32,81%. Esse
resulta\do evidência um problema no acionamento da válvula, já que não temos alteração
do usuário da válvula.
Por conta dessa falta de homogeneidade, altos DPR e falha no acionamento da
válvula, a embalagem bola foi definida como inviável para o estudo e, portanto,
descartada.
Os testes seguintes foram realizados com a embalagem azul, que apresentou
acionamento constante e sem grandes dificuldades da sua válvula, além de apresentar uma
capacidade de armazenamento de 83,67 mL, capacidade próxima ao da embalagem
comercial do creme dental utilizados durante os ensaios.
O teste vendado foi realizado com o objetivo de comparar o tempo entre a
colocação do creme dental na escova de dente usando a embalagem comum e a
embalagem comercial, além de observar a forma em que esse processo acontecia.
Durante a observação dos 20 voluntários que participaram do teste, foi possível
ver que todos se sentiram desconfortáveis e inseguros na realização da atividade sem
enxergar, pois passaram a tatear e sentir melhor tanto as embalagens, quanto a escova de
dente. Além disso, foi possível determinar a real necessidade e importância da existência
do dispositivo de posicionamento da escova, já que todos os voluntários encostaram a
mão nas cerdas ao tentarem localizar o local correto para colocar o creme dental, o que
poderia causar uma contaminação microbiológica e acarretar em outros problemas na
saúde bucal do paciente.
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O dispositivo foi pensado não só para evitar a contaminação microbiológica, mas
também para evitar o desperdício do creme dental durante o acionamento da válvula
devido ao mau posicionamento da escova. Essa função também foi confirmada durante a
observação dos 20 voluntários, já que 14 deles tiveram perdas totais ou parciais de creme
dental durante o processo, já que não posicionaram a escova corretamente.
Após a impressão 3D do primeiro dispositivo idealizado, foi identificado que
quando acionada, a válvula Pump poderia rotacionar, fazendo com que o creme dental,
no momento da sua dispensação, não fosse colocado onde a escova de dentes estava
posicionada, fazendo com que a impressão 3D não obtivesse o resultado esperado para o
dispositivo.
Com o desenvolvimento do novo dispositivo acoplado ao acionador da válvula
Pump, foram realizados testes para observar se as funcionalidades teóricas propostas eram
atingidas.
Durante os testes de tempo de acionamento e massa de creme dental obtida na
dispensação com o dispositivo acoplado foram identificadas possíveis melhorias, o que
permitiria um melhor aproveitamento do equipamento proposto e consequentemente, um
melhor uso pelos pacientes.
Devido à impressão 3D, o dispositivo não possui um encaixe perfeito à válvula,
ocasionando um escape de creme dental por acionamento, fazendo com que com o passar
dos acionamentos, o mesmo possui uma maior resistência no seu acionamento, gerando
assim o emprego de maior força para a liberação do creme dental. Essa dificuldade pode
ser observada nos resultados apresentados na Tabela 6 do trabalho, onde os menores
tempos obtidos por acionamento foram dos primeiros voluntários do estudo e os maiores
mais próximo do último voluntário.
Por conta dessa resistência gerada pelo escape de creme dental na parte inferior
do dispositivo acoplado, 25% dos voluntários não conseguiram acionar a válvula
utilizando apenas uma mão devido à tamanha força necessária na realização da atividade.
Além disso, uma segunda otimização do dispositivo seria a base de
posicionamento da escova de dente possuir uma inclinação de menor que os 90° atuais,
em relação ao eixo da válvula. Seria interessante se a base apresentasse uma inclinação
de 60° em relação ao eixo da válvula, o que permitiria um melhor encaixe da mão do
paciente para segurar a escova de dente e acionar a dispositivo acoplado, já que permitiria
45
uma redução do espaço entre a escova e o dispositivo, tornando-o mais ergométrico ao
corpo humano.
Mesmo com possíveis otimizações, o dispositivo obteve resultado satifatório
frente ao seu obtivo, pois permite que pessoas com deficiências visuais e motoras
possuam autonomia e independência na realização de uma atividade rotineira de higiene
pessoal que é a escovação dentária.
O envase desenvolvido atende plenamente às expectativas, aumentando a
autonomia de deficientes visuais ou de portadores de deficiências em membros superiores
permitindo a colocação adequada do creme dental na escova e contribuindo para a
melhoria de qualidade de vida e bem-estar do indivíduo.
46
9. CONCLUSÃO
Baseado no levantamento feito nos catálogos de produtos de Tecnologia Assistiva
do Ministério de Ciência e Tecnologia para produtos destinados a pessoas com
deficiências visuais, verificou-se a ausência de um produto que levasse à autonomia do
indivíduo durante o processo de escovação dos dentes, uma necessidade de uma parcela
significativa da população brasileira, e na história da tecnologia assistiva no mundo que
esse estudo foi construído.
Os testes realizados mostraram que a válvula Pump foi a mais adequada para dar
sequências aos passos seguintes, além dos nos mostrar as dificuldades que o indivíduo
com deficiência visual ou física podem possuir no seu dia-a-dia. A partir dessas
dificuldades, a criação do dispositivo de posicionamento foi confirmada, como forma de
evitar contaminação microbiológica e desperdício de creme dental, proporcionando uma
atividade mais segura e econômica para essa parcela da população.
Com a embalagem desenvolvida é possível proporcionar uma melhora qualidade
de vida e, principalmente, independência em uma atividade constante e presente no dia-
a-dia de portadores de deficiência visual ou de membros superiores.
47
10. REFERÊNCIAS
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