José Carlos Yamashita AVALIAÇÃO DA MICROBIOTA E DA REPARAÇÃO APICAL E PERIAPICAL APÓS PREPARO BIOMECÂNICO DE CANAIS RADICULARES COM DIFERENTES SOLUÇÕES IRRIGADORAS, EM DENTES DE CÃES COM REAÇÃO PERIAPICAL CRÔNICA Araraquara 2004 José Carlos Yamashita AVALIAÇÃO DA MICROBIOTA E DA REPARAÇÃO APICAL E PERIAPICAL APÓS PREPARO BIOMECÂNICO DE CANAIS RADICULARES COM DIFERENTES SOLUÇÕES IRRIGADORAS, EM DENTES DE CÃES COM REAÇÃO PERIAPICAL CRÔNICA. Tese apresentada á Faculdade de Odontologia de Araraquara da Universidade Estadual Paulista “ Júlio de Mesquita Filho”, como parte dos requisitos para obtenção do título de doutor em Odontologia – Área de Endodontia Orientador: Prof Dr. Mário Tanomaru Filho Araraquara 2004 Yamashita, José Carlos Avaliação da microbiota e da reparação apical e periapical após preparo biomecânico de canais radiculares com diferentes soluções irrigadoras, em dentes de cães com reação periapical crônica./José Carlos Yamashita.- Araraquara: [s.n.], 2004. 197 f.; 30 cm. Tese (Doutorado) – Universidade Estadual Paulista , Faculdade de Odontologia. Orientador: Prof. Dr. Mário Tanomaru Filho 1. Clorexidina. 2. Irrigantes do canal radicular. 3. Preparo de canal radicular. Dados Curriculares JOSÉ CARLOS YAMASHITA NASCIMENTO 21. 05. 1964, São Paulo – SP FILIAÇÃO José Yamashita Megumi Yamashita 1982/1985 Curso de Graduação em Odontologia. Faculdade de Odontologia - USP, Bauru-SP 1994/1995 Curso de Especialização em Endodontia. APCD-Regional Bauru. 1997/2004 Professor Assistente das disciplinas de Endodontia e Clínica Integrada, da Faculdade de Odontologia da Universidade do Sagrado Coração, Bauru-SP. 1998/2000 Curso de Pós–Graduação em Endodontia – Mestrado. Faculdade de Odontologia de Araraquara, da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”. 2001/2004 Curso de Pós–Graduação em Endodontia – Doutorado. Faculdade de Odontologia de Araraquara, da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”. Associações: SBPqO e APCD Todo trabalho envolve um universo muito maior que seu simples autor. Ao protagonista é necessária a participação de um número sem fim de colaboradores. A estes que direta ou indiretamente, e até aqueles que inconscientemente me auxiliaram, dedico este trabalho. Dedico meu trabalho à FAMÍLIA, no mais amplo sentido desta palavra. Aquela que participa e nos incentiva desde a nossa concepção, nos encoraja nas dificuldades, nos auxilia durante as necessidades, se frustra numa derrota, mas compartilha a alegria de uma conquista. Independente dos laços de sangue, a família participou diretamente para a realização de mais um trabalho. À DEUS, que muito antes de alcançarmos a maturidade para nos darmos conta, já nos acolhe, motiva e protege como filhos. Aos meus pais, José e Megumi e meus filhos Vitor e Lia. Minhas raízes e meus frutos. Pela base sólida e retidão, ofereço a vocês esta conquista. Tento manter vivo o exemplo de luta e dedicação, transmitindo força para a próxima geração. À minha Renata pelo prazer que temos em compartilhar e planejar, juntos, nossas vidas. AGRADECIMENTOS ESPECIAIS Agradeço ao Prof. Dr. Mário Tanomaru Filho, que com maestria conduziu esta orientação, ofereceu-me sua amizade, paciência, experiência e compartilhou seus conhecimentos. Ao amigo Mario Tanomaru Filho agradeço a oportunidade de poder atingir minha “maioridade acadêmica”. Ao ver em você um talento expoente na endodontia, com um presente e futuro brilhantes, tenho orgulho e fico feliz por ter participado, como orientado, de sua história. Agradeço ao Prof. Dr. Mário Roberto Leonardo, pela oportunidade de ingressar e compreender as prioridades de um curso de Pós-graduação. Sempre enxergaremos no Sr. a figura mítica do exemplo de pesquisador, defensor da Endodontia Biológica, incontestável por sua competência, profissionalismo e amor pleno a ciência e arte da Endodontia. Obrigado Prof. Dra. Léa Assed Bezerra da Silva, pelas contribuições e sugestões que foram dadas. Pelo exemplo de dedicação e competência, e ainda pela oportunidade de enxergar a importância do trabalho em equipe. À Profa. Dra. Izabel Yoko Ito pelos conhecimentos compartilhados e pelo exemplo de profissional, pesquisadora e professora. Agradeço, ainda, a sua equipe técnica, do laboratório de microbiologia da Faculdade de Farmácia de Ribeirão Preto-USP, que viabilizaram o estudo microbiológico. AGRADEÇO Ao Prof. Dr. Romeu Magnani pela colaboração na análise estatística do estudo microbiológico. Ao Prof. Dr. Marco Antonio Hungaro Duarte pela colaboração na análise estatística do estudo histopatológico. Aos Profs. Drs. da Disciplina de Endodontia da FOAr. Roberto de Miranda Esberard, Idomeo Bonetti Filho, Renato de Toledo Leonardo e Fábio Luiz de Camargo Villela Berbert, pela atenção e ensinamentos dedicados. Agradeço ainda ao Prof. Dr. Jaime Maurício Leal, pelos conhecimentos e exemplo demonstrados. Aos Professores do curso de Pós-graduação pela atenção dispensada, disponibilidade e dedicação. A equipe de Endodontia da Universidade do Sagrado Coração. Muito mais que companheiros e incentivadores, os Profs. Sylvio de Campos Fraga, Milton Carlos Kuga, Marco Antonio Hungaro Duarte e Eliane Cristina Gullin de Oliveira, são minha família da USC. A Universidade do Sagrado Coração, nas pessoas das Irmãs Jacinta Turollo Garcia e Marizabel Leite, pelo esforço e incentivo na formação de seu corpo docente. A Faculdade de Odontologia de Araraquara da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, nas pessoas do Diretor Prof. Dr. Ricardo Samih Georges Abi Rached. e do Vice-diretor Roberto Miranda Esberard. Ao funcionário Edson Luís Mori e funcionários do Biotério do campus da UNESP-Araraquara, pela participação na parte experimental com os cães. Pela competência e carinho que dedicaram aos animais. Ao funcionário da Disciplina de Odontopediatria da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto – USP, Marco Antônio dos Santos, pelo auxílio prestado no processamento histológico. Ao Sr. Júlio César de Matos e equipe, pelo empenho na qualidade da documentação fotográfica e sua impressão. Aos Funcionários da Seção de Pós-Graduação da Faculdade de Odontologia de Araraquara da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”. Aos Funcionários da Biblioteca da Faculdade de Odontologia de Araraquara da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”. Aos Funcionários da Disciplina de Endodontia da Faculdade de Odontologia de Araraquara da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”. Aos colegas do curso de Pós-Graduação, em especial aos da área de Endodontia: Fábio e José Maurício. Agradeço a convivência durante mais um desafio em nossas vidas. Ao CNPq, pelo apoio financeiro à realização deste trabalho. Aos alunos, de todos os níveis, a quem desejamos contribuir na formação. Nos estimulando a buscar informações e tentar dar os exemplos, até aqui recebidos. Sumário 1.Introdução.................................................................. 13 2.Revisão de literatura................................................... 19 3.Proposição................................................................. 75 4.Material e método....................................................... 77 5.Resultado.................................................................. 99 6.Discussão.................................................................. 136 7.Conclusão.................................................................. 163 8.Referências................................................................ 166 Resumo........................................................................ 190 Abstract ....................................................................... 193 Anexo........................................................................... 196 INTRODUÇÃO Introdução 14 1. Introdução O tratamento de canal radicular é constituído de várias fases interdependentes, com objetivo fundamental de permitir, ou mesmo promover, a reparação dos tecidos apicais e da região periapical. O tratamento endodôntico em dentes sem vitalidade pulpar e com reação periapical crônica apresenta maior dificuldade em função da infecção estabelecida, a qual desempenha importante papel no desenvolvimento e manutenção das lesões periapicais (BYSTRÖM et al.26, 1987; SJÖGREN et al.143, 144, 1991, 1997; SUNDQVIST et al.153, 1998). Nestas situações tem sido demonstrada maior quantidade de bactérias anaeróbias, particularmente as gram- negativas (FABRICIUS et al.38, 1982; SUNDQVIST et al.152, 1989; ABOU-RASS e BOGEN1, 1998; SUNDQVIST151, 1992; MOLANDER et al.98, 1998), sua disseminação por todo o sistema de canais radiculares (SHOVELTON129, 1964; ANDO e HOSHINO6, 1990; BERRUTI et al.17, 1997; PETERS et al.112, 2001), grande concentração de endotoxinas bacterianas (SCHEIN e SCHILDER123, 1975; P ITTS et al.115, 1982; SCHONFELD et al.124, 1982; HORIBA et al.66, 1992) e presença de infecção extra- radicular (LEONARDO et al.85, 2002, NORI et al.103, 2002) Introdução 15 justificando a maior dificuldade na terapia endodôntica. Como conseqüência das implicações microbiológicas, são observados menores índices de sucesso após tratamento endodôntico de dentes com lesão periapical (HOLLAND et al.64, 1983; SUNDQVIST et al.152, 1989; LEONARDO e S ILVA79, 1998, S ILVA et al.134, 2002, TANOMARU F ILHO et al.160, 2002). Dentre as fases que compõem o tratamento endodôntico radical, o preparo biomecânico visa a limpeza dos canais radiculares, remoção de restos orgânicos e inorgânicos, neutralização do conteúdo séptico-tóxico, assim como a modelagem do canal radicular, proporcionando a sua dilatação e atribuindo conformação cônica (LEONARDO78, 1998). Durante o preparo biomecânico, a atuação química da solução irrigadora tem importante papel em associação à ação mecânica do instrumento endodôntico, o qual apresenta dificuldade de atuação em toda superfície do canal radicular em função da complexidade anatômica do sistema de canais radiculares (PETERS et al.112, 2001; WU et al.172, 2003). Como solução irrigadora, o hipoclorito de sódio tem sido amplamente difundido e empregado (BAUMGARTNER e CUENIN12, 1992; CHEUNG e STOCK29, 1993; WALTON e RIVERA 167, 1996; WEST e ROANE 169, 2000). Propriedades importantes são atribuídas à solução de hipoclorito de sódio, para obtenção da Introdução 16 limpeza do sistema de canais radiculares. Dentre elas a capacidade de dissolução de tecido orgânico (GROSSMAN e MEIMAN53, 1941; GORDON, et al.49, 1981; YANG et al.174, 1995; SÓ et al.145, 1997; HASSELGREN et al.59, 1988); baixa tensão superficial (BERBERT et al.16, 1980; LEONARDO78, 1998), neutralização parcial do conteúdo séptico-tóxico dos canais radiculares, dupla ação detergente e ação imediata (LEONARDO78, 1998). Um outro aspecto importante na escolha de uma solução irrigadora endodôntica para dentes sem vitalidade pulpar está relacionado à sua atividade antimicrobiana, a qual tem sido demonstrada para a solução de hipoclorito de sódio (OHARA et al.104, 1993; GEORGOPOULOU et al.46, 1994; YESILSOY et al.175, 1995; AYHAN et al.8, 1999; S IQUEIRA JR. et al.137, 138, 1999, 2000). De acordo com Leonardo et al.82 (1998), para o tratamento de dentes sem vitalidade pulpar e com reação periapical crônica, é recomendado o emprego da solução concentrada de hipoclorito de sódio, devido a sua maior eficácia antimicrobiana que as soluções diluídas (FOLEY et al.43, 1983; OHARA et al.104, 1993; AYHAN et al.8, 1999). No entanto, quando em concentrações elevadas, esta solução pode prejudicar a reparação dos tecidos apicais e periapicais, atuando como irritante tecidual (SPANGBERG et Introdução 17 al.148, 1973, LEONARDO et al.83, 1984; BECKING13, 1991; CYMBLER e ARKADA NI32, 1994; YESILSOY et al.175, 1995; MEHRA et al.97, 2000, TANOMARU et al.162 2002). Dessa maneira, têm sido propostas soluções irrigadoras alternativas, que tenham ação antimicrobiana e ao mesmo tempo sejam biocompatíveis (JEANSONNE e WHITE69, 1994; LEONARDO et al.89, 1999, TANOMARU F ILHO et al.162, 2002; ONÇAG et al.105, 2003). Dentre elas, merece destaque a solução de digluconato de clorexidina a 2%, com comprovada atividade antimicrobiana (JEANSONNE e WHITE69, 1994; YESILSOY et al.175, 1995; GOMES et al.48, 2001; ONÇAG et al.105, 2003), bem como efeito antibacteriano residual por períodos prolongados (HELING et al.61, 1992; JEANSONNE e WHITE69, 1994; WHITE et al.170, 1997; LEONARDO et al.89, 1999, LENET et al.77, 2000). O efeito residual da solução de clorexidina após emprego como solução irrigadora endodôntica, propriedade conhecida como substantividade, pode desempenhar importante ação na desinfecção dos canais radiculares. Porém, não é conhecida a sua eficácia em relação ao sistema de canais radiculares após preparo biomecânico e influência desta atuação sobre a reparação dos tecidos periapicais. Introdução 18 Assim, torna-se oportuna a avaliação do efeito do preparo biomecânico utilizando diferentes soluções irrigadoras sobre as condições de desinfecção do sistema de canais radiculares e conseqüentemente sobre a reparação dos tecidos apicais e periapicais em dentes com lesão periapical. REVISÃO DE LITERATURA Revisão de Literatura 20 2. Revisão de Literatura Grossman e Meiman53, em 1941, estudaram o potencial dissolvente sobre polpas humanas da soda clorada, solução de enzima, solvente de mucina, ácido hidroclorídrico, a 10%, hidróxido de potássio (em solução aquosa a 20%), solução aquosa de hidróxido de cálcio a 25%, solução de ácido sulfúrico a 50% e exsudato leitoso de Carica papaya (papaína). Os autores enfatizavam a eliminação do tecido necrótico para o sucesso endodôntico. As observações foram feitas em períodos de 1, 2, 3, 6, 24, 48, e 72 horas. Constataram maior eficiência da soda clorada, sendo esta a única capaz de dissolver o tecido pulpar em menos de 2 horas. As outras substâncias estudadas levaram 24 horas ou mais. Spangberg et al.148, em 1973, avaliaram a toxicidade e efeito antimicrobiano de alguns anti -sépticos empregados em endodontia. Foram testados: paraclorofenol canforado, solução de clorexidina a 0,05%, formocresol, iodeto de potássio, PMC, solução de NaOCl a 0,5 e 5,25% e álcool iodado. Foi constatado que o efeito tóxico da solução de NaOCl, clorexidina, iodeto de potássio e álcool iodado é muitas vezes maior que sua ação antimicrobiana. Foi Revisão de Literatura 21 considerado que a solução irrigadora ideal é aquela que combina o máximo de ação antimicrobiana com uma toxicidade mínima. Nenhuma das soluções avaliadas apresentou estas características. Em casos de necrose pulpar e contaminação dos túbulos dentinários é necessário um efeito antimicrobiano maior, a solução NaOCl deve ser a escolhida. A concentração de 5,25% é mais eficiente que o necessário para este fim, portanto concentrações menores devem ser usadas para possibilitar uma correta correlação entre fatores biológicos e antimicrobianos. Neste estudo destacaram que a solução de NaOCl a 0,5% com pH 8,9 como tendo atividade antimicrobiana e baixa toxicidade. A solução de clorexidina a 0,05% apesar de baixo efeito tóxico apresentou pouca ação antimicrobiana, além de pequena capacidade de limpeza dos canais radiculares. A solução de NaOCl em baixa concentração foi considerada a melhor escolha por associar baixo nível de toxicidade com melhor efeito antimicrobiano e dissolvente de resíduos. McComb e Smith94, em 1975, examinaram canais tratados sob diferentes formas de irrigação, empregando MEV. Utilizando dentes humanos extraídos, que tiveram seus canais radiculares preparados empregando as seguintes soluções irrigadoras: NaOCl a 1 e 6%; NaOCl a 6%+peróxido de Revisão de Literatura 22 hidrogênio a 3%; REDTA; RC-Prep; e ácido poliacrílico a 20%. Os autores observaram a formação de uma camada amorfa composta por dentina, restos necróticos e bactérias na superfície do canal radicular após a instrumentação. Nenhuma das técnicas propostas foi capaz de remover completamente a camada residual e os restos formados na superfície. A associação da solução de hipoclorito de sódio e peróxido de hidrogênio não foi mais eficiente que o uso da água na remoção de restos. Concluíram que as técnicas estudadas foram inadequadas, no que se refere a produzir uma superfície de parede radicular limpa. Ressaltaram ainda que o uso de agentes irrigantes apresenta grande importância na limpeza dos canais radiculares, merecendo maiores estudos in vitro e in vivo. Gordon et al.49, em 1981, estudaram a ação dissolvente de várias diluições de solução de NaOCl (0, 1, 3 e 5%) sobre polpas vitais e necróticas de bovinos. As polpas foram observadas em períodos variando de 2 a 10 minutos. A solução de NaOCl a 0% não foi capaz de dissolver a polpa vital e teve ação limitada sobre a polpa necrótica. As concentrações de 3 e 5% apresentaram eficácia semelhante, dissolvendo cerca de ¾ da polpa vital, após 2 minutos. As concentrações de 1, 3 e 5% foram capazes de dissolver 90% Revisão de Literatura 23 da polpa necrótica após 5 minutos. Concluíram que o uso de concentrações mais baixas da solução de NaOCl deve ser indicado, por ser menos agressivas aos tecidos que as concentrações maiores. Ringel et al.120, em 1982, compararam, in vivo, em tratamento endodôntico de dentes com necrose pulpar, a ação bactericida das soluções de NaOCl e clorexidina, usadas como soluções irrigadoras de canais radiculares. Os resultados mostraram que a solução de NaOCl a 2,5% foi significativamente mais eficaz, sob o ponto de vista antimicrobiano, em relação a solução de clorexidina a 0,2%. Delany et al.34, em 1982, realizaram estudo in vitro, avaliando a capacidade antimicrobiana da solução de clorexidina a 0,2%. Quarenta dentes com polpa necrótica recém-extraídos tiveram seus canais radiculares preparados simulando situação clínica, empregando como solução irrigadora clorexidina ou solução salina. Realizadas as culturas microbianas durante, imediatamente após e 24hs após, concluíram que a clorexidina auxilia na redução das bactérias remanescentes no sistema de canais radiculares, sendo assim eficaz, quando utilizada como solução irrigadora ou curativo de demora. Revisão de Literatura 24 Byström e Sundqvist24, em 1983 realizaram avaliação da atividade antibacteriana da solução de hipoclorito de sódio a 0,5% utilizada como irrigante endodôntico. Foram biomecanizados 30 dentes com necrose pulpar e lesão periapical, cujas coroas estavam intactas. As amostras iniciais foram positivas com 80% de incidência de anaeróbios. Realizaram um total de cinco preparos, com intervalos de 2 a 4 dias, e a cada sessão nova colheita. Ao final do experimento, dos 15 dentes tratados com solução salina, oito apresentaram cultura negativa. Enquanto no grupo tratado com solução de hipoclorito, 3 ainda apresentavam bactérias viáveis. Azevedo e Leonardo9, em 1983, realizaram avaliação microbiológica da eficiência de preparo biomecânico de dentes anteriores de humanos, sem vitalidade pulpar e sem reação periapical visível radiograficamente. Os resultados mostraram que o preparo endodôntico empregando o líquido de Dakin proporcionou 85% de testes bacteriológicos negativos, após um ou dois preparos. Em apenas 10,5% dos casos foi necessário o emprego de um curativo de demora após o preparo biomecânico. Foley et al.43, em 1983, avaliaram in vitro, a eficácia de algumas soluções irrigadora na eliminação de B. Revisão de Literatura 25 melaninogenicus e P. anaerobius do sistema de canais radiculares. Foram avaliados o Clorox (solução de NaOCl a 4- 6%) e Gly-Oxide nas concentrações originais ou diluídos; utilizados isolados ou alternadamente. Mostraram que o Clorox concentrado e Clorox alternado com Gly-Oxide apresentaram atividade antimicrobiana. Enquanto que o Gly- Oxide isoladamente teve eficiência variável e a solução salina foi completamente ineficaz. Byström e Sundqvist25, em 1985, realizaram preparo biomecânico em 60 dentes unirradiculados, com necrose pulpar e lesão periapical, os quais foram divididos aleatoriamente em 3 grupos, sendo empregadas como solução irrigadora a solução de hipoclorito de sódio a 0,5%; a 5% ou a associação das soluções de hipoclorito de sódio a 5% e EDTA a 15%. Após 2 a 4 dias da primeira sessão, foram realizadas culturas bacteriana, que se mostraram positivas em 60, 50 e 55% dos casos, respectivamente. Realizada segunda sessão, após novo período de 2 a 4 dias, o crescimento bacteriano foi observado em 40, 30 e 15% dos casos; 80% das espécies isoladas eram anaeróbios. Não houve diferença estatística entre as duas concentrações diferentes da solução de hipoclorito de sódio; porém houve entre estas e a associação hipoclorito+EDTA. Mesmo após o segundo preparo Revisão de Literatura 26 biomecânico houve persistência de várias espécies bacterianas nos canais radiculares. A ação dissolvente das soluções de hidróxido de cálcio, hipoclorito de sódio a 0,5%, ou sua associação, sobre tecido muscular necrótico de porco, foram avaliadas por Hasselgren et al.59, em 1988. Constataram que as amostras de tecido colocadas em solução de hipoclorito de sódio a 0,5% não foram totalmente dissolvidas após 12 dias. No entanto, quando a solução era renovada a cada 30 minutos, o tecido foi dissolvido em 3 horas. As amostras colocadas em solução de hidróxido de cálcio mostraram aumento de volume e peso nas primeiras 24 horas, com perda gradativa de volume após este período até completa dissolução após 12 dias. O pré- tratamento com hidróxido de cálcio por 30 minutos permitiu a dissolução do tecido pela solução de hipoclorito de sódio em 90 minutos. Quando pré-tratados por 24 horas ou 7 dias a dissolução ocorreu em 60 minutos. Ostarvik e Haapasalo106, em 1990, compararam a desinfecção de canais por curativos de demora e soluções irrigadoras. Como modelo experimental empregaram cilindros de dentina bovina, contaminados com E. faecalis, S. sanguis, E. coli ou P. aeruginosa. Os resultados apresentados mostraram que a solução irrigadora de maior potencial Revisão de Literatura 27 antimicrobiano foi o iodeto de potássio iodado, entretanto a solução de NaOCl a 5,25% apresentou eficiência considerável. A clorexidina a 2% não foi mais potente que a solução de NaOCl. Outra importante conclusão obtida foi que a presença da camada residual retardou, porém não eliminou, a ação dos medicamentos testados. Harisson et al.58, em 1990, estudaram a ação antimicrobiana das soluções de NaOCl nas concentrações de 2,62% e 5,25%, contra S. faecalis e C. albicans. Cones de papel inoculados com os microrganismos foram expostos às soluções por 60s ou 120s, e então incubados em meio apropriado. Mostraram atividade antimicrobiana semelhante em ambas as concentrações. Cervone et al.27, em 1990, avaliaram in vitro o efeito antimicrobiano da clorexidina através de um sistema de liberação controlada, em adesivo vinílico. Utilizaram microrganismos de campo, isolados de bolsas periodontais, cáries e tecido pulpar necrótico. Os adesivos contendo clorexidina foram colocados sobre placas de ágar, semeados com os diversos microrganismos. Incubadas em condições de aerobiose e anaerobiose e examinadas, quanto aos halos de inibição. O dispositivo de liberação controlada inibiu o crescimento de todos os microrganismos testados. Revisão de Literatura 28 Baumgartner e Cuenin12, realizaram em 1992 estudo com MEV com o objetivo de avaliar a capacidade de desbridamento de diferentes concentrações da solução de NaOCl depositas por cânula ou ultra-som, em superfícies instrumentadas ou não. Os autores utilizaram pré-molares de raiz única, sendo somente uma parede, vestibular ou lingual, instrumentada. As concentrações utilizadas foram: 5,25%; 2,5%; 1% e 0,5% num volume de 3mL (ou 10 segundos de ultra-som) de solução a cada troca de instrumento. Como resultados, não foram encontradas diferenças em relação às diversas soluções e formas de irrigação, nas superfícies instrumentadas. Nas superfícies não instrumentadas, as concentrações de 1%, 2,5% e 5,25% apresentaram áreas livres de restos pulpares e pré-dentina expondo calcosferitos, independente do uso ou não do ultra-som. A solução de NaOCl a 0,5% removeu a maior parte dos remanescentes pulpares porém algumas fibrilas foram observadas. Heling et al.61, em 1992, avaliaram o efeito da clorexidina como medicação intracanal, in vitro utilizando cilindros de dentina bovina inoculadas com S. faecalis. Os medicamentos testados foram a solução de gluconato de clorexidina a 0,2%, clorexidina num dispositivo de liberação controlada (1,2mg) e paramonoclorofenol canforado. No grupo Revisão de Literatura 29 controle não foi utilizada qualquer medicação. Na leitura óptica dos meios de cultura com espectrofotômetro, os grupos experimentais apresentaram melhores resultados antimicrobianos que o grupo controle. Heling et al.62, em 1992, avaliaram a atividade antimicrobiana da clorexidina comparando-a com o hidróxido de cálcio na desinfecção e prevenção de infecção secundária do sistema de canais radiculares. Foi utilizada dentina radicular bovina inoculada com S. faecalis. Nos grupos experimentais utilizaram duas formulações diferentes de clorexidina num dispositivo de liberação controlada; hidróxido de cálcio e a solução salina foi empregada como controle. Os resultados mostraram que a clorexidina reduziu significativamente a contaminação primária e secundária, nos moldes do experimento. O hidróxido de cálcio não apresentou esta capacidade nos períodos testados, de até 7 dias. Briseño et al.20, em 1992, realizaram estudo, in vitro, para avaliação da eficácia de duas soluções irrigadoras endodônticas, em diferentes concentrações e sob diferentes métodos de irrigação sobre E. coli e S. mutans. Os autores inocularam canais radiculares de dentes extraídos instrumentados. Após manter o inóculo por 30min no canal, estes foram irrigados, utilizando 5mL das soluções irrigadoras Revisão de Literatura 30 de acordo com os seguintes métodos: 1-solução salina, manualmente; 2- solução de NaOCl a 1% com ultra-som; 3- solução de NaOCl a 2% com ultra-som; 4- NaOCl a 1%, manualmente; 5- NaOCl a 2%, manualmente; 6- solução Fokalhydran I (diacetato de clorexidina), manualmente; 7- solução Fokalhydran II (diacetato de clorexidina), manualmente. Feita a irrigação, foram coletadas amostras e determinadas as unidades formadoras de colônia (ufc). Foi realizada também avaliação de remoção das bactérias por MEV. Os resultados mostraram que as soluções de Fokalhydran tiveram menor efeito bactericida comparado à solução de NaOCl. Por sua vez, quando em concentração a 1%/manual, a solução de NaOCl obteve resultados similares a 1%/ultra-som e 2%/manual a solução a 2% associada ao ultra- som foi a menos eficaz. Os dados obtidos por MEV ou ufc foram similares. Vahdaty et al.165, em 1992, testaram a eficiência antimicrobiana das soluções de NaOCl e clorexidina nas concentrações de 0,2 e 2%, como controle foi utilizada solução salina. O estudo in vitro foi realizado em cilindros de dentina bovina inoculada com E. faecalis. Após irrigação, removeu-se dentina em diferentes profundidades, e estas raspas foram levadas para cultura. Os resultados mostraram Revisão de Literatura 31 que as soluções foram igualmente eficientes, em concentrações semelhantes. Houve redução significativa nos primeiros 100µm de túbulos dentinários, porém, 50% das amostras permaneceram infectadas após a irrigação. Ohara et al.104, em 1993, avaliaram o efeito de soluções irrigadoras endodônticas sobre bactérias anaeróbias. Este estudo in vitro, manteve os microrganismos em contato com as soluções em teste, as quais foram incubadas para avaliação de crescimento. Os resultados mostraram que a clorexidina foi mais eficiente que o peróxido de hidrogênio, solução de NaOCl e EDTA. As soluções de hidróxido de cálcio e salina mostraram-se totalmente ineficazes. Jeansonne e White69, em 1994, compararam in vitro, a atividade antimicrobiana do gluconato de clorexidina a 2% e da solução de NaOCl a 5,25%. Utilizaram dentes com necrose pulpar recém-extraídos, instrumentados e irrigados com as soluções propostas e solução salina. Mantidos após instrumentação em ambiente anaeróbio por 24 horas. Ambas as soluções avaliadas reduziram significantemente o número das unidades formadoras de colônia em relação à solução salina. Porém não houve diferença significante entre elas. Cymbler e Ardakani 32, em 1994, relataram caso clínico em que ocorreu injeção acidental de solução de Revisão de Literatura 32 hipoclorito de sódio nos tecidos periapicais, apresentando como conseqüência uma reação severa com dor intensa, edema e parestesia. Em 1994, Georgopoulou et al.46, avaliaram a atividade antimicrobiana do ácido cítrico a 25% e da solução de hipoclorito de sódio a 2,5%, após períodos de 5, 15, 30, e 60 minutos. Foram utilizadas espécies bacterianas (cocos gram-positivos e bacilos gram-negativos) isoladas de canais radiculares de dentes infectados de humanos. Os testes revelaram que o ácido cítrico apresentou efeito antimicrobiano sobre anaeróbios, principalmente os cocos, porém foi menos eficaz que a solução de hipoclorito de sódio. Em 1994, Pupo et al.118, avaliaram a capacidade antimicrobiana de irrigantes endodônticos. Os autores utilizaram cones de guta-percha contaminados com S. faecalis e S. albus, expostos aos irrigantes por 5 ou 10 minutos. Foram avaliadas as soluções de: NaOCl nas concentrações de 0,5, 1 e 5%; ácido cítrico a 1,1 e 50%; EDTA; água de cal; tergentol e solução salina. A solução de NaOCl se mostrou eficaz em todas as concentrações. O ácido cítrico mostrou apenas ser bacteriostático na concentração de 50% por 10 min contra S. albus . A água de cal mostrou efeito bacteriostático em ambos Revisão de Literatura 33 os períodos. As demais soluções não apresentaram atividade antimicrobiana. Yesilsoy et al.175, em 1995, estudaram o efeito antimicrobiano e tóxico de soluções irrigadoras endodônticas. Utilizaram soluções de hipoclorito de sódio nas concentrações de 0,5, 2,5 e 5,25% e gluconato de clorexidina a 0,12%. As soluções foram avaliadas contra 4 diferentes microrganismos e com relação a reação subcutânea em modelo animal. Os autores verificaram resultados semelhantes entre as soluções mais concentradas de NaOCl e a clorexidina. De acordo com as condições de estudo, demonstraram que a clorexidina tem potencial para uso endodôntico. Gomes e al.47, em 1996, avaliaram a microbiota endodôntica após procedimentos biomecânicos, realizando colheita microbiana em dentes imediatamente após preparo com irrigação com solução de hipoclorito de sódio a 2,5%; e após 7-10 dias. A incubação foi feita sob anaerobiose, e foram isoladas 51 espécies na primeira colheita. O numero de cepas variou de 1 a 9. Anaeróbios obrigatórios foram cultivados em 73% dos canais e facultativos em 69%. Os anaeróbios prevalecentes foram Peptostreptococcus (45,2%) e Prevotella (38,1%). Na segunda amostragem, 40 espécies foram isoladas, com número de cepas variando de 1 a 8 por canal. Revisão de Literatura 34 Os anaeróbios isolados foram somente em 52% dos canais, enquanto que os facultativos foram recuperados em 64,3%. Streptococcus millieri (33,3%) e Peptostreptococcus micros (23,8%) foram as espécies predominantes na segunda colheita. A suscetibilidade dos microrganismos ao preparo biomecânico foi variável. Gêneros como Enteroccocus, Veillonela, Porphiromonas, Propionobacterium aumentara de numero na segunda colheita. Outros gêneros como Staphylococcus, Bacteróides, Fusobacterium mantiveram os mesmos níveis. Concluíram que o preparo biomecânico foi ineficiente na eliminação da infecção endodôntica e a susceptibilidade aos procedimentos foi variável. Estudando a microbiota de dentes humanos com reação periapical e câmara pulpar intacta, Sydney e Estrela154, em 1996, avaliaram sua suscetibilidade ao preparo biomecânico. Os autores encontraram uma redução qualitativa de aproximadamente 50% dos anaeróbios após instrumentação com solução salina. Quando a solução de hipoclorito de sódio a 1% foi empregada, esta redução foi mais significativa. Bactérias gram-positivas foram mais resistentes ao preparo biomecânico, com maior incidência de Peptostreptococcus prevoti e Clostridium histolyticum . Revisão de Literatura 35 Berutti et al.17, em 1997, estudaram, in vitro, a capacidade de penetração de irrigantes endodônticos em túbulos dentinários infectados por S. faecalis. Nos grupos experimentais utilizaram os seguintes regimes de irrigação: grupo A - solução de hipoclorito de sódio a 5%, seguido de EDTA a 10% e solução fisiológica; e no grupo B – solução de EDTA a 10%, agente tensoativo (Triton), hipoclorito de sódio a 5% e irigação final com solução fisiológica. O exame histomicrobiológico (coloração de Brown e Brenn) revelou infecção residual desde as paredes do canal até uma profundidade de 300µm no grupo A. No segundo grupo foi observada área livre de infecção até uma profundidade de 130µm, e áreas de infecção variadas a partir deste limite. Algumas áreas no terço cervical e não foi encontrada presença de microrganismos nos túbulos dentinários. Sugeriram que o agente tensoativo melhora a capacidade de penetração das soluções irrigadoras utilizadas. Em 1997, Só et al.145, estudaram o tempo necessário para a dissolução tecidual por diversas marcas comerciais e diferentes concentrações de soluções de hipoclorito de sódio. Foram utilizadas línguas de hamsters, simulando o tecido pulpar. Os resultados mostraram que a capacidade de dissolução está diretamente relacionada à Revisão de Literatura 36 concentração do cloro da solução. As diferentes marcas comerciais, com mesmas concentrações mostraram resultados diversos. Os autores atribuem estes resultados à fatores como condições de armazenagem e estabilidade da solução. White et al.170, em 1997, realizaram estudo in vitro, para verificar a substantividade da solução de clorexidina como solução irrigadora endodôntica. Realizaram a instrumentação de dentes extraídos, empregando soluções de clorexidina a 2 e 0,12%, sendo os canais radiculares preenchidos, em seguida, com água destilada. Foram realizadas cole tas do canal radicular, com cones de papel absorvente, em diferentes períodos de tempo (6, 12, 24, 48 e 72hs) após o tratamento. A clorexidina a 2% apresentou atividade antimicrobiana em todos os períodos. A solução com 0,12% apresentou atividade em menor grau, sendo detectada nos períodos de 6 a 24hs. Concluíram que a clorexidina mantém a substantividade, ou efeito residual, quando utilizada em irrigação endodôntica. Siqueira Jr et al.139, avaliaram em 1997 a eficiência da solução de hipoclorito de sódio a 4% na eliminação de E. faecalis inoculados no canal radicular. Os autores utilizaram os seguintes métodos de irrigação: Irrigação com 2mL da solução, agitado com lima manual e Revisão de Literatura 37 mantida por 5min; irrigação com 2mL da solução e agitação por meio de ultra-som por 1min; irrigação com a solução alternadamente com solução de peróxido de hidrogênio a 3%; e grupo controle irrigado com solução salina. Após colheita e incubação não foram encontradas diferenças significantes entre os grupos experimentais, que foram superiores ao grupo controle. Demonstraram a importância da ação antimicrobiana da solução de hipoclorito de sódio a 4%. Sjögren et al.144, em 1997, realizaram estudo in vivo, avaliando o prognóstico de dentes com periodontite apical tratados em sessão única. Foram tratados endodonticamente 55 dentes com condição de necrose pulpar e reação periapical. Após o preparo biomecânico, foram realizadas colheitas microbianas com técnicas anaeróbias. Poucas bactérias foram detectadas, apenas 22 dos 55 casos tratados. Reparo apical foi proservado por 5 anos, estes ocorreram completamente em 94% dos casos de cultura negativa. Nos casos de cultura positiva o índice de sucesso foi de 68%. Demonstram a importância da eliminação dos microrganismos do sistema de canais radiculares, que não pode ser alcançada somente com instrumentação, irrigação com solução de hipoclorito de sódio e obturação; não é possível erradicar a infecção do sistema de canais radiculares Revisão de Literatura 38 sem a utilização de um curativo de demora com ação antimicrobiana. Kuruvilla e Kamath74, em 1998, avaliaram, in vivo, a atividade antimicrobiana das soluções de NaOCl a 2,5%, clorexidina a 0,2% e a associação de ambas, como irrigante endodôntico. 40 casos clínicos de tratamento de dentes anteriores com necrose pulpar e reação periapical visível radiograficamente foram selecionados. Estes foram irrigados com as soluções de NaOCl, clorexidina, hipoclorito+clorexidina e salina. Foram feitas coletas microbianas antes e após a irrigação. Mostraram que a combinação dos agentes irrigadores resultou em menor quantidade de culturas positivas após irrigação. Os autores acreditam na possibilidade da formação de cloridrato de clorexidina, aumentando seu potencial ionizante. Lindskog et al.92, em 1998, propuseram um modelo animal para investigação do efeito terapêutico da clorexidina sobre a reabsorção radicular externa. Utilizando incisivos reimplantados intencionalmente de macacos, demonstraram que, com o uso de um curativo de demora à base de gel de clorexidina houve diminuição da inflamação e reabsorção nos dentes tratados. Revisão de Literatura 39 Heling e Chandler60, em 1998, avaliaram a eficácia das soluções de NaOCl a 1%, EDTA a 17%, clorexidina e peróxido de hidrogênio em diferentes concentrações, em seqüência ou em combinação, como irrigantes endodônticos. Raízes de incisivos de bovinos infectados com E. faecalis, foram expostos às soluções irrigadoras. As amostras foram incubadas e analisadas por espectrofotometria. As soluções de clorexidina e NaOCl apresentaram efeito antimicrobiano semelhante. As soluções de clorexidina e peróxido de hidrogênio apresentaram efeitos sinérgicos, em combinações específicas. Ainda, vislumbraram a possibilidade da utilização destes dados na erradicação de infecções endodônticas persistentes por E. faecalis. Siqueira Jr et al.136, em 1998, avaliaram, in vitro, o efeito antimicrobiano de 6 soluções irrigadoras contra 4 cepas de anaeróbios gram-negativos e 4 cepas de anaeróbios facultativos, em teste de difusão em ágar. Com base nos resultados obtidos, ordenaram as soluções de acordo com sua capacidade antimicrobiana: solução de NaOCl a 4%; solução de NaOCl a 2,5%; clorexidina a 2%; clorexidina a 0,2%, EDTA e ácido cítrico; e solução de NaOCl a 0,5%. Segura et al.125, em 1999, compararam em cultura de células, o efeito de soluções irrigadoras Revisão de Literatura 40 endodônticas sobre a adesão de macrófagos peritoniais de ratos. Mostraram que ambas as substâncias avaliadas inibiram, in vitro, a capacidade de adesão dos macrófagos em superfícies de plástico. O digluconato de clorexidina a 0,12% foi menos potente que a solução de NaOCl a 2,5%. Considerando-se que a adesão dos macrófagos é o primeiro passo na reação inflamatória, no caso de extravasamento das soluções irrigadoras para o ligamento periodontal, a sua inibição por estes agentes estudados pode levar à alteração da resposta inflamatória e de reparo na região periapical. Para avaliar a eficiência da desinfecção de túbulos dentinários, in vitro, de alguns irrigantes endodônticos, Buck et al.21 em 1999, testaram as soluções de NaOCl a 0,5%; clorexidina a 0,12%; RC-prep; Betadine iodine, e água esterilizada. Utilizaram dentina humana inoculada com M. luteus ou B. megaterium . Os resultados mostraram que os irrigantes testados alcançaram os túbulos dentinários em profundidade, numa concentração suficiente para eliminar os microrganismos, porém clinicamente, a eficiência do irrigante será dependente do tipo de microrganismo encontrado no túbulo. Em 1999, Siqueira Jr et al.137, estudaram a ação antimicrobiana das soluções de hipoclorito de sódio a 1 e Revisão de Literatura 41 5,25% sobre as seguintes bactérias anaeróbias: P. endodontalis, P. gingivalis, P. intermédia e P. nigrescens, utilizando método de difusão em agar. Mostraram que as duas concentrações apresentaram ação satisfatória. A concentração de 5,25% proporcionou os maiores halos de inibição do crescimento bacteriano. Sen et al.126, em 1999, investigaram, in vitro, a atividade de soluções de NaOCl e clorexidina sobre dentina inoculada com Candida albicans. Os canais com e sem camada residual, foram inoculados e incubados por 10 dias. Depois foram tratados com as soluções de NaOCl a 1 e 5% e clorexidina a 0,12%, durante 1min, 5min, 30min e 1h, e então incubados novamente. Mostraram na presença da camada residual, a ocorrência de atividade anti -fúngica, após 1h em todos os grupos. No caso de ausência desta camada, somente a solução de NaOCl a 5% mostrou alguma atividade no período de 30 min. Concluíram que as condutas de ação anti - fúngica, nos tratamentos endodônticos, principalmente em pacientes predispostos a candidíase oral, devem ser reavaliadas. Leonardo et al.89, em 1999, realizaram estudo in vivo, da atividade antimicrobiana da solução de clorexidina como solução irrigadora endodôntica. Realizaram coletas Revisão de Literatura 42 microbianas em dentes de humanos com necrose pulpar e lesão periapical instrumentados manualmente e irrigados com solução de clorexidina a 2%. As coletas foram realizadas imediatamente após a instrumentação e 48hs após, sendo os canais radiculares mantidos vazios e com selamento coronário. Mostraram que o tratamento obteve 100% de redução de S. mutans e 77,78% de eficiência contra microrganismos anaeróbios na segunda coleta. Ainda, demonstraram, in vitro, a atividade antimicrobiana residual da clorexidina após um período de 48hs. Aibel e Stevens2, em 1999, estudaram em cultura de células o efeito da clorexidina na produção de IL -6 por macrófagos de camundongos. Realizaram medidas pelo ELISA da interleucina produzida por células estimuladas por LPS não tratado e por LPS tratado com clorexidina. Houve diminuição da produção de IL -6 nos grupos tratados com a clorexidina, porém o tratamento não causou a inativação do LPS. Jung et al.70, em 1999. conduziram estudo para avaliação da eficiência da clorexidina na prevenção de reinfecção coronária dos tratamentos endodônticos. Foram utilizados canais de dentes bovinos, instrumentados, autoclavados e imersos em clorexidina, solução de NaOCl e solução salina, por 5min, antes de serem obturados. As raízes Revisão de Literatura 43 foram montadas de tal forma que na porção coronária pudesse ser colocado o inóculo e numa câmara apical foi posta um meio de cultura. A turbidez do meio foi observada em 80% dos espécimes tratados com solução salina e 70% com solução de NaOCl após 24hs. O tratamento com clorexidina previniu a turbidez em 80% dos espécimes, demonstrando maior eficiência na prevenção da infiltração bacteriana. Santa Cecília122, em 1999, estudou as propriedades físico-químicas e biológicas de uma solução irrigadora experimental (CLOR-IN, solução clorada com 1,5% de cloro). Foram realizados testes comparando a solução experimental com a solução de hipoclorito de sódio a 1% e solução salina. Os resultados do teste edemogênico mostraram que a solução de hipoclorito de sódio a 1% foi menos irritante. No teste de contato em olho de cobaia, os resultados demonstraram a seguinte ordem decrescente de irritabilidade: solução de hipoclorito de sódio a 1%, solução experimental e solução salina. Na avaliação da ação antimicrobiana a solução experimental foi mais eficaz. Quanto ao teor de cloro, a solução experimental mostrou estabilidade de cloro ativo até 120 horas do preparo da solução. Quanto a capacidade de dissolução de tecido orgânico, a solução experimental não mostrou capacidade dissolvente. Revisão de Literatura 44 D’Arcangelo et al.33, em 1999, realizaram estudo in vitro, avaliando o efeito antimicrobiano de diferentes soluções irrigadoras. Foram utilizadas cepas padrão de anaeróbios facultativos, microaerófilos e anaeróbios estritos, bactérias freqüentemente encontradas nas infecções endodônticas. As seguintes soluções irrigadoras foram avaliadas: Cetrimide a 0,2% + clorexidina a 0,2%, cetrimide a 0,2% + clorexidina a 1%, cetrimide a 0,2% +clorexidina a 0,5%, cetrimide a 0,2% + clorexidina a 0,4%, cetrimide a 0,2% + clorexidina a 0,3%, clorexidina a 0,2% + cetrimide a 1%, clorexidina a 0,2% + cetrimide a 0,5%, clorexidina a 0,2% + cetrimide a 0,4%, clorexidina a 0,2% + cetrimide a 0,3%, NaOCl a 5, 3, 1 e 0,5%. Os períodos de avaliação foram de 10, 20 e 30min. Mostraram que todos os agentes irrigantes testados apresentaram forte efe ito bactericida, sem apresentar diferenças entre eles. Concluíram que pelo poder bactericida a associação clorexidina + cetrimide pode ser utilizada satisfatoriamente como solução irrigadora endodôntica. Ayhan et al.8 em 1999 verificaram o efeito antimicrobiano de seis irrigantes endodônticos contra diferentes microrganismos. Foram utilizadas cepas de Staphyloccocus aureus, Enteroccocus faecalis, Streptoccocus salivarius, S. pyogenes, Escherichia coli e Candida albicans. Revisão de Literatura 45 Discos de papel com 6mm de diâmetro, embebidos na solução irrigadora foram colocadas sobre uma placa de petri semeada com os microrganismos. Após incubação as zonas de inibição foram medidas e registradas. Os resultados mostraram que a solução de NaOCl a 5,25% obteve os maiores halos de inibição, mostrando maior atividade antimicrobiana, a mesma solução em baixa concentração (0,5%) mostrou significante redução desta atividade. Paramonoclorofenol mostrou maior halo de inibição quando comparado ao álcool a 21%, NaOCl a 0,5% e clorexidina a 2%. A solução salina mostrou não ter atividade antimicrobiana. Para avaliar a atividade antimicrobiana residual de diferentes regimes de irrigação endodôntica, White et al.171 em 1999, utilizaram dentes extraídos de humanos biomecanizados com solução de hipoclorito de sódio, clorexidina e associação de hipoclorito de sódio com clorexidina. Após instrumentação os canais foram secos com pontas de papel absorvente e preenchidos com solução salina nos períodos de 6, 12, 24, 48 e 72 horas. As pontas de papel contendo o fluido do canal foram colocadas em placas inoculadas com S. mutans para avaliação antimicrobiana. Mostraram atividade antimicrobiana em todos os períodos, não Revisão de Literatura 46 existindo diferença estatisticamente significante entre os grupos testados. Em estudo, in vitro, Komorowsky et al.73, em 2000, avaliaram o efeito residual ou substantividade da clorexidina por um período de 21 dias. Utilizaram 60 fragmentos padronizados de dentina bovina, livres de smear layer, divididas em três grupos experimentais. Os espécimes foram imersos nas seguintes soluções: salina esterilizada, NaOCl a 2,5%, e clorexidina a 0,2%. Metade dos espécimes foi tratada por 5 min e outra metade por 7 dias. Os fragmentos tratados foram incubados em meio de cultura contendo E. faecalis. Após 21 dias a superfície dentinária foi raspada com uma broca esterilizada e as raspas levadas a um meio de cultura. Mostraram que os espécimes tratados com clorexidina por um período de 7 dias, tiveram menor colonização pelo E. faecalis que os outros grupos, demonstrando ser este, um potencial medicamento intra-canal, se utilizado por um período de 7 dias. Numa revisão de literatura e relato de casos clínicos, Hulsmann e Hahn67 descrevem a importância da solução de hipoclorito de sódio como irrigante endodôntico, assim como os riscos de possíveis acidentes com seu uso. Os autores reforçam a importância na técnica de irrigação e Revisão de Literatura 47 indicação da concentração a ser utilizada. Em casos de risco ou após acidentes desta natureza, soluções não irritantes como solução salina ou clorexidina devem ser recomendadas. Shuping et al.130, em 2000, avaliaram a redução de bactérias dos canais radiculares pela instrumentação rotatória e irrigação com solução de hipoclorito de sódio a 1,25%. Selecionados canais com necrose pulpar e periodontite apical crônica. Foram realizadas culturas anaeróbias antes, durante e após o preparo biomecânico, e ainda foi avaliado após a utilização de curativo de demora à base de hidróxido de cálcio. As bactérias foram quantificadas e valores do logaritmo decimal utilizados para a análise estatística. Antes do preparo, foi confirmada a infecção endodôntica. Após a utilização da solução de hipoclorito de sódio reduziu significantemente a quantidade de bactérias nos canais radiculares, quando comparado com a irrigação com solução salina. A irrigação com a solução de NaOCl produziu 61,9% de culturas negativas, por outro lado a utilização de curativo de demora à base de hidróxido de cálcio, por uma semana, produziu cultura negativa em 92,9% dos canais, demonstrando redução significante. Demonstraram que o preparo biomecânico com instrumentação rotatória e solução de NaOCl é importante para a redução da infecção endodôntica, porém o Revisão de Literatura 48 uso do curativo de demora com hidróxido de cálcio complementa esta ação. Siqueira Jr et al.138 em 2000, avaliaram, in vitro, a redução da população bacteriana após preparo biomecânico utilizando diferentes concentrações de solução de hipoclorito de sódio. Utilizaram raízes de dentes extraídos de humanos, inoculadas com Enteroccocus faecalis. Durante a instrumentação endodôntica utilizaram como irrigante as soluções de hipoclorito de sódio nas concentrações de 1, 2,5 e 5,25%, no grupo controle a irrigação foi feita com solução salina. Amostras colhidas antes e após a instrumentação, foram semeadas em ágar Mitis salivarius e incubadas, sendo as unidades formadoras de colônia registradas. Ainda, avaliaram o efeito de inibição das soluções no teste de difusão em agar. Mostraram efeito na redução no número de bactérias, sem diferença significante entre as diferentes concentrações. As soluções de hipoclorito de sódio foram mais ativas que a solução salina. As três concentrações da solução de hipoclorito de sódio apresentaram grandes halos de inibição contra o E. faecalis. Os autores sugerem que as trocas regulares e o maior volume de solução podem manter o efeito antimicrobiano, compensando a maior concentração. Revisão de Literatura 49 Haapasalo et al.54 em 2000, apresentaram modelo experimental in vitro para testar a possível inativação de medicamentos endodônticos pela dentina. Foram estudadas as soluções saturadas de hidróxido de cálcio, hipoclorito de sódio a 1%, acetato de clorexidina a 0,5 e 0,05%, iodeto de potássio a 2/4% e 0,2/0,4%. Pó de dentina esterilizado foi adicionado aos medicamentos e o E. faecalis foi o microrganismo teste. Mostraram que o pó de dentina inibiu o efeito de todos os medicamentos testados. A eficácia antimicrobiana da solução de hidróxido de cálcio foi totalmente abolida com a presença do pó de dentina, similarmente o iodeto de potássio perdeu seu efeito. A clorexidina a 0,05% e o NaOCl a 1% tiveram sua ação reduzida porém não eliminada. Para avaliar a substantividade de diferentes medicamentos endodônticos, Lenet et al.77 em 2000, realizaram estudo in vitro utilizando canais radiculares de dentes de bovinos. A dentina foi exposta a solução de clorexidina num veículo de liberação controlada (contendo 25% de clorexidina) e em forma de gel; utilizaram, ainda, a pasta à base de hidróxido de cálcio e soro fisiológico. Após contato por 7 dias os canais foram inoculados com E. faecalis durante 21 dias. Decorrido este período amostras de dentina Revisão de Literatura 50 em diferentes profundidades foram obtidas e incubadas. A densidade óptica das culturas foi medida. O soro fisiológico apresentou a maior densidade óptica, não mostrando atividade antimicrobiana. A clorexidina em dispositivo de liberação controlada mostrou menor densidade óptica que a pasta de hidróxido de cálcio até a 0,2mm de profundidade de dentina. As amostras com clorexidina gel mostraram os melhores resultados. Os autores sugeriram que a aplicação deste por 7 dias em dentina bovina proporciona atividade antimicrobiana residual por pelo menos 21 dias. Em 2000, Mehra et. al.97, relataram a formação de hematoma facial durante tratamento endodôntico após a utilização da solução de hipoclorito de sódio. Apesar de ser uma solução de ampla utilização deve-se conhecer e prevenir os acidentes, devido ao seu potencial citotóxico e de destruição tecidual, que ainda hoje ocorrem quando esta solução não é mantida nos limites do sistema de canais radiculares. Marley et al.95 em 2001 avaliaram, in vitro, o efeito da irrigação de canais radiculares com solução de clorexidina no selamento apical de obturações endodônticas. Utilizaram grupos experimentais com 10 dentes extraídos cada. Os canais foram irrigados durante o preparo Revisão de Literatura 51 biomecânico com as soluções de clorexidina a 0,12%; hipoclorito de sódio a 5,25% ou solução salina. As obturações foram realizadas com três diferentes cimentos endodônticos, Roth’s 811, AH 26 ou Sealapex, pela técnica da condensação lateral ativa. A infiltração foi medida pelo método de filtração de fluido após períodos de 90 e 180 dias. Mostraram não haver diferença significante entre os grupos experimentais em selamento apical nos dois períodos de observação. Em 2001, Lima et al.90 estudaram a ação de medicamentos endodônticos sobre o biofilme de E. faecalis. Utilizaram clorexidina gel a 2%, clorexidina+detergente, clindamicina a 2%, clindamicina+detergente, clorexidina+óxido de zinco+detergente, clindamicina+metronidazol a 10%+detergente, e um grupo controle. Obtiveram biofilmes, com 1 dia e 3 dias, de culturas dos microrganismos sobre membranas de celulose. As membranas então foram cobertas com 1ml de cada medicamento testado e incubada por 1 dia a 37°C, após este período, cada membrana foi levada para neutralização do medicamento com solução salina e centrifugada. A suspensão foi então semeada em placas contendo ágar Mitis salivarius. As unidades formadoras de colônia foram contadas após 48 horas. Os resultados mostraram que apenas os medicamentos contendo clorexidina Revisão de Literatura 52 a 2% foram capazes de inibir o crescimento do biofilme de E. faecalis de 1 ou 3 dias. No ano de 2001, Ferraz et al.41, realizaram estudo para avaliar as seguintes substâncias irrigadoras: solução de clorexidina a 2%, gel de clorexidina a 2% e solução de NaOCl a 0,5; 1; 2,5; 4 e 5,25%. Os autores avaliaram a ação antimicrobiana das soluções pelo método de difusão em ágar, capacidade de remoção do smear layer por MEV e eliminação de E. faecalis, in vitro. Concluíram que: A clorexidina em solução ou gel apresentou os maiores halos de inibição contra os microrganismos testados. O gel de clorexidina promoveu maior remoção de smear layer que a solução de clorexidina e a solução de hipoclorito de sódio a 5,25%. Com o gel de clorexidina e a solução de hipoclorito de sódio a 5,25% observaram culturas negativas mais rapidamente que com os demais agentes irrigadores, quando em contato com o E faecalis. Para comparar o efeito do iodeto de potássio, hidróxido de cálcio e clorexidina a 2% contra A. israelii, Basson e Tait11, conduziram estudo in vitro, em 2001. Utilizaram dentes extraídos de humanos inoculados com o microrganismo, e mantidos em contato com os medicamentos por períodos de 3, 7 e 60 dias. Mostraram que a clorexidina foi Revisão de Literatura 53 melhor em todos períodos, eliminando os microrganismos. O iodeto de potássio manteve viabilidade em 25% e o hidróxido de cálcio viabilidade em 50% dos casos. Hales et al.57, em 2001, apresentaram um protocolo para tratamento e manejo de acidente com solução de hipoclorito de sódio durante o tratamento endodôntico, reforçando a necessidade de conhecimento e prevenção com o uso deste irrigante. Gomes et al.48, em 2001, avaliaram in vitro a atividade antimicrobiana de diferentes concentrações da solução de hipoclorito de sódio (0,5, 1, 2,5 e 5,25%) e clorexidina (forma gel e líquido; nas concentrações de 0,2, 1 e 2%) contra E. faecalis. Foram utilizadas 2ml de suspensão de cultura dos microrganismos em solução salina misturadas com 1ml das soluções a serem avaliadas nos seguintes intervalos de tempo: 10, 30 e 45 segundos; 1, 3, 5, 10, 20, e 30 minutos; 1 e 2horas. Decorridos os períodos experimentais os tubos foram incubados durante 7 dias à 37°C. Os tubos que apresentaram turbidez após a incubação foram considerados como crescimento positivo. Mostraram que a clorexidina na forma líquida nas concentrações de 0,2%, 1% e 2% e a solução de NaOCl a 5,25% foram os irrigantes mais eficientes. Entretanto o tempo que a clorexidina a 0,2% e a 2% na forma Revisão de Literatura 54 gel necessitaram de apenas 30seg e 1min respectivamente para produzirem culturas negativas. Concluíram que todos os irrigantes testados apresentam atividade antimicrobiana, sendo esta dependente da concentração e tipo utilizado. Nery102, em 2001, avaliou a influência dos irrigantes endodônticos no reparo de lesões apicais de dentes de cães tratados endodonticamente. Foram determinados os grupos experimentais, irrigando com as diferentes soluções: solução de NaOCl a 1 e 2,5%; soro fisiológico; e endo-PTC+ NaOCl a 1%. Todos os canais foram obturados com guta- percha e cimento Sealapex na mesma sessão. Mostrou melhores condições de reparo nos grupos que utilizaram as soluções de NaOCl a 1% e 2,5%, com resultados semelhantes entre si. No grupo que empregou o endo-PTC, foi observado maior quantidade de detritos, apresentando os piores resultados de reparo apical e periapical. Em 2001, Estrela et al.35, realizaram estudo in vitro para avaliar a influência de diferentes veículos dos curativos de demora endodônticos à base de hidróxido de cálcio, na sua ação antimicrobiana. Utilizaram pontas de papel absorvente que foram imersas por 3min em várias suspensões microbianas. As pontas de papel foram então colocadas em placas de Petri e cobertas com os curativos de demora com os Revisão de Literatura 55 seguintes veículos: solução salina; PMCC; clorexidina a 1%; lauril sulfato sódio a 3%; e Otosporin. Após períodos de 1min, 48h, 72h e 7 dias, os cones de papel foram incubados. Apresentaram atividade antimicrobiana após 48h para as culturas de S. mutans, E. faecalis, S. aureus, P. aeruginosa, B. subtilis, C. albicans e cultura mista, independente do veículo utilizado. Em 2001, Portenier et al.117 examinaram e compararam a inibição do efeito antimicrobiano de solução saturada de hidróxido de cálcio, acetato de clorexidina, e iodeto de potássio por pó de dentina, hidroxiapatita, e albumina bovina. Utilizaram metodologia semelhante a de Haapasalo et al. (2001), em que uma suspensão de cultura de E. faecalis foi exposta as soluções experimentais durante 1 hora sob incubação. Mostraram a inativação total da solução de hidróxido de cálcio. A clorexidina (a 0,05%) foi fortemente inibida pela albumina, porém menos pela dentina e quase nenhuma inibição pela hidroxiapatita. O iodeto de potássio apresentou uma redução de capacidade antimicrobiana semelhante ao da clorexidina. Concluíram que a inibição dos antimicrobianos testados ocorreram por diferentes mecanismos, e diferentes componentes da dentina podem causar esta inativação. A solução saturada de hidróxido de Revisão de Literatura 56 cálcio é particularmente sensível a ação dos componentes orgânicos e inorgânicos da dentina. Leonardo et al.87, em 2001, avaliaram in vitro a atividade antimicrobiana de alguns irrigantes endodônticos contra cocos gram-posit ivos (M. luteus, S. aureus, E. faecalis, S. epidemitis, S. mutans e S. sobrinus); bacilos gram- negativos (E. coli e P. aeruginosa) e C albicans. Utilizaram a técnica de difusão em camada dupla. Sobre as placas de petri semeadas foi colocado um disco de papel absorvente (6mm) em pontos eqüidistantes embebidos em uma das soluções (detergente de mamona, clorexidina a 2% e NaOCl a 0,5%), as placas foram mantidas por duas horas para pré-difusão e incubadas por 24 horas a 37°C. Após a incubação os meios foram otimizados com cloreto de trifeniltetrazolio a 0,05%. Os halos de inibição foram então medidos. Mostraram que a solução de clorexidina inibiu todos os microrganismos; o detergente de mamona inibiu os gram-positivos e a solução de hipoclorito de sódio a 0,5% foi eficaz apenas contra o S.aureus. Spratt et al.149, em 2001, avaliaram, in vitro, a eficiência antimicrobiana de alguns irrigantes endodônticos contra biofilmes de microrganismos isolados de infecções endodônticas. Os biofilmes de P. intermédia, P. micros, S. Revisão de Literatura 57 intermedius, F. nucleatum e E. faecalis foram gerados sobres discos de filtro. Utilizaram prata coloidal a 5ppm, solução de hipoclorito de sódio a 2,25%, solução de clorexidina a 0,2%, povidine iodetado a 10%(PVPI) ou PBS (controle) sobre os biofilmes em tempos de 15min ou 1h. O efeito antimicrobiano foi avaliado após centrifugação, diluição semeadura, incubação e contagem das ufc. Mostraram que as bactérias foram susceptíveis, em diferentes graus, dependendo do irrigante avaliado e do tempo de exposição. A prata coloidal foi ineficiente, enquanto que a solução de NaOCl foram mais eficiente seguido pelo PVPI e a clorexidina. Apesar deste resultado, pela revisão de estudos realizada, consideraram que as soluções de NaOCl e clorexidina possuem atividade antimicrobiana adequada para serem utilizados como irrigante endodôntico. A contradição é atribuída, no caso das infecções polimicrobianas, pela quebra de possíveis interações benéficas entre os microrganismos, complementando a atividade antimicrobiana sobre espécies individualmente. Em 2001, Buck et al.22 testaram a eficácia de irrigantes endodônticos na eliminação de bactérias que colonizam túbulos dentinários de dentes humanos. Utilizaram raízes de dentes extraídos de humanos esterilizados e inoculados com cultura de E. faecalis. Os canais então foram Revisão de Literatura 58 expostos durante 1 min às seguintes soluções irrigadoras: hipoclorito de sódio a 0,525%; EDTA a 0,2% e clorexidina a 0,12%, a água destilada foi utilizada como grupo controle. Foram cultivadas raspas de dentina obtidas de dife rentes profundidades da dentina nos terços apical médio e cervical das raízes. A solução de hipoclorito de sódio apresentou os melhores resultados, ao passo que as soluções de EDTA e clorexidina apresentaram resultados melhores que a água destilada. Observaram maior quantidade de bactérias remanescente na dentina mais distante da polpa, estes achados foram feitos em todos os terços do canal. Knight et al.72, em 2001, relata caso de anafilaxia em paciente após introdução de cateter na uretra. Em teste dérmico subseqüente a paciente apresentou resultado negativo ao látex e lignocaina a 2%, porém positivo à clorexidina a 1% (substâncias presentes no cateter). Relatos como este ainda são em pequeno número, mas a incidência vem crescendo. A clorexidina deve ser reconhecida como potencial causa de anafilaxia. Lauerma75, em 2001, relatou caso clínico de paciente que apresentou reação de hipersensibilidade imediata e tardia após uso de anti -séptico sobre a pele, a base de digluconato de clorexidina. Considera que pelo seu Revisão de Literatura 59 uso difundido, a clorexidina apresenta casos relativamente raros de manifestações alérgicas. Relatos de desconforto do paciente frente ao uso de substancias que contenham clorexidina devem ter seus riscos encarados seriamente. Buck et al.23, em 2001, avaliaram in vitro capacidade de diferentes irrigantes endodônticos e do hidróxido de cálcio na detoxificação de LPS bacteriano. O LPS foi misturado com uma das soluções irrigadoras experimentais durante 30 minutos. Com o hidróxido de cálcio o contato foi por 1, 2 ou 5 dias. A inativação do LPS foi determinada pela quantificação de ácidos graxos livres por técnica de espectrofotometria de massa/cromatrografia gasosas com monitoramento seletivo de íons. Os resultados mostraram pequena quebra de LPS quando em contato com água, solução de clorexidina a 0,12%, solução de hipoclorito de sódio a 2,6%, etanol a 95% e solução de clorexidina+hipoclorito de sódio. O contato prolongado com o hidróxido de cálcio e com uma associação alcalina de etanol+clorexidina+hipoclorito de sódio durante 10 minutos detoxificaram a molécula de LPS por hidrólise. Chang et al.28 em 2001, avaliaram em cultura de células do ligamento periodontal de humano o efeito citotóxico das soluções irrigadoras de NaOCl e clorexidina. O estudo Revisão de Literatura 60 sugere que ambos os irrigantes produzem dano aos tecidos vitais. A relevância clínica, contudo, deve ser avaliada de acordo com outras variáveis como concentração das soluções, tempo e área de exposição. Para testar a eficácia de medicamentos e irrigantes endodônticos contra Candida albicans, Ferguson et al.40 (2002), efetuaram estudo in vitro, em 2001. Avaliaram a suscetibilidade da cepa padrão ATTC64342 às solução de hipoclorito de sódio, peróxido de hidrogênio, digluconato de clorexidina, e solução saturada de hidróxido de cálcio determinando a concentração inibitória mínima (CIM). Mostraram que a concentração inibitória mínima da solução de hipoclorito de sódio foi <10µg/mL, do peróxido de hidrogênio foi de 234µg/mL e da clorexidina <0,65µg/mL. A solução saturada de hidróxido de cálcio não apresentou atividade inibitória. As cepas foram colocadas em contato direto com pasta de hidróxido de cálcio e para-monoclorofenol canforado, comumente utilizados como medicamentos endodônticos. Ambos foram agentes antifúngicos eficazes. Em 2002, Sukawat e Sriswan150 realizaram estudo para testar a eficácia antimicrobiana de diferentes pastas de hidróxido de cálcio utilizando dentina humana infectada com E. faecalis como modelo experimental in vitro. Revisão de Literatura 61 Raízes de dentes extraídos de humanos após inoculação foram preenchidas com as três pastas experimentais, à base de hidróxido de cálcio P.A., acrescido de: água destilada, solução de clorexidina a 0,2% ou para-monoclorofenol canforado(PMCC). Após período de 7 dias a porção de dentina interna de cada canal foi removida com broca e incubada em meio de cultura. A quantificação das bactérias foi feita por espectrofotometria do meio de cultura pós 24 horas. Mostraram que o melhor resultado foi obtido com a pasta contendo PMCC. As pastas, aquosa e com clorexidina, se mostraram ineficientes contra este tipo de microrganismo. Em 2002, Almyroudi et al.5 , realizaram estudo in vitro para avaliar a eficiência de vários medicamentos endodônticos. Foi utilizado modelo experimental com canais radiculares de dentes extraídos de humanos biomecanizados e contaminados com E. faecalis. Nestes canais foram colocados solução salina, pasta aquosa de hidróxido de cálcio, gel de clorexidina a 1%, pasta com gel de clorexidina+hidróxido de cálcio e Periochip® com uma gota de solução salina. As raízes foram incubadas a 37°C e avaliadas em períodos de 72hs, 8 dias e 14 dias. Os resultados mostraram ser satisfatórios para a pasta de hidróxido de cálcio nos períodos de 3 e 8 dias, sendo no período de 14 dias ineficaz. As diferentes Revisão de Literatura 62 formulações com clorexidina mostraram se eficazes em todos os períodos. O gel de clorexidina e a pasta com clorexidina+hidróxido de cálcio obteve um melhor resultado que o Periochip®, porém sem diferença significante. Siqueira et al.141, em 2002, avaliaram a eficácia de diferentes técnicas de instrumentação e regimes de irrigação endodôntica na redução de população bacteriana. Os autores utilizaram canais radiculares inoculados com E. faecalis, divididos nos seguintes grupos experimentais: técnica de rotação alternada (TRA), instrumentos manuais de NiTi e irrigação com solução de NaOCl a 2,5%; TRA e irrigação com solução de NaOCl a 2,5% combinada com ácido cítrico; TRA e irrigação combinada com solução de NaOCl a 2,5% e solução de clorexidina a 2%; e instrumentos rotatórios “Great tapers” e irrigação com solução de NaOCl a 2,5%. Como grupo controle foi utilizada instrumentação por TRA e solução salina como irrigante. O conteúdo dos canais após o preparo foram semeados em agar Mitis salivari us e incubados para verificação de unidades formadoras de colônia. Mostraram não haver diferença entre os grupos experimentais, apesar de todos estes terem resultados melhores que o grupo controle. Revisão de Literatura 63 Com o objetivo de avaliar a capacidade de neutralização da endotoxina por preparo biomecânico com diferentes soluções irrigadoras e curativo de demora à base de hidróxido de cálcio, Tanomaru156, em 2002, realizou estudo in vivo. Canais de dentes de cães preenchidos com LPS, foram biomecanizados coadjuvados com solução de hipoclorito de sódio a 1, 2,5 e 5%; clorexidina a 2% e solução fisiológica. Um grupo foi mantido com LPS no seu interior e um grupo ainda foi biomecanizado com solução fisiológica e preenchido com curativo de demora (Pasta Calen). Na avaliação histológica observou que quando não se utilizou o curativo de demora, houve maior intensidade de infiltrado inflamatório, espessamento do ligamento periodontal, reabsorção cementária e óssea. Concluiu que o preparo biomecânico somente não foi capaz de inativar o LPS. O curativo à base de hidróxido de cálcio mostrou ser eficaz na inativação dos efeitos negativos da endotoxina. Zehnder et al.176, em 2002, realizaram estudo com diferentes soluções de hipoclorito de sódio nas concentrações de 2,5 e 0,5%, tamponadas ou não. Foram avaliadas as características de dissolução de tecido e antimicrobiana contra E faecalis. Mostraram que não houve melhor desempenho das soluções tamponadas, e a solução de Revisão de Literatura 64 Dakin (pH 9) obteve resultados semelhantes a solução de hipoclorito a 0,5% não tamponada (ph 12). O efeito de dissolução de tecido e antimicrobiano mostrou se maior onde a quantidade de clorina livre foi maior, e não pela osmolaridade, pH ou capacidade tampão Tanomaru Filho et al.160, em 2002, realizaram estudo in vivo para avaliar o efeito de diferentes irrigantes endodônticos e curativo de demora à base de hidróxido de cálcio no reparo apical e periapical de dentes com lesão de origem endodôntica. Utilizando modelo experimental em cães com dentes com necrose pulpar e lesão periapical crônica, estes tiveram seus canais biomecanizados irrigando-se com solução de hipoclorito de sódio a 5,25% ou clorexidina a 2%. As raízes foram obturadas imediatamente com Sealapex®+guta-percha ou foi aplicado curativo com pasta à base de hidróxido de cálcio durante 15 dias e obturação da mesma forma após este período. Após 210 dias os animais foram mortos e realizados cortes histológicos das áreas periapicais, coradas com hematoxilina/eosina e tricrômicro de Mallory. Apresentaram melhores reparos histológicos nos grupos tratados com curativo de demora, com relação àqueles obturados imediatamente. Nos grupos de obturação imediata a irrigação com solução de digluconato de clorexidina Revisão de Literatura 65 apresentou melhor reparo que a irrigação com solução de hipoclorito de sódio. Para realizar avaliação in vitro de concentração inibitória mínima e concentração bactericida mínima, Ferreira et al.42 (2002), utilizaram as seguintes cepas padrão: Fusobacterium nucleatum ATCC 25586, Prevotella nigrescens ATCC 33563, Clostridium perfringens ATCC 13124 e Bacteroides fragilis ATCC 25285. Foram avaliados diferentes anti -sépticos endodônticos. Mostraram que todas as substâncias estudadas apresentaram atividade antimicrobiana, sendo que o digluconato de clorexidina a 2% foi o mais eficaz, seguido pelo detergente de mamona a 10%, paramonoclorofenol canforado e solução de hidróxido de cálcio a 10%. Estrela et al.37 (2002) discutiram os mecanismos de ação das soluções de hipoclorito de sódio e sua importância no tratamento de canais radiculares. As reações de saponificação, neutralização amino ácidas, destruição de fosfolipídios e cloraminação promovem alterações biossintéticas celulares, no metabolismo e inibição enzimática irreversível nas bactérias, e conseqüente atividade antimicrobiana. Os fatores citados ainda promovem a capacidade de dissolução tecidual. Estas características Revisão de Literatura 66 fazem da solução de hipoclorito de sódio o irrigante endodôntico mais amplamente utilizado no mundo. Num relato clínico em 2002, Oztan109 mostrou resultado favorável de tratamento endodôntico conservador em dente portador de necrose pulpar e lesão periapical extensa. O autor recomendou o uso de irrigação com gluconato de clorexidina a 0,2%, curativo de demora (pasta aquosa à base de hidróxido de cálcio) e cimento à base de hidróxido de cálcio (Apexit) para o controle da infecção endodôntica resultando em sucesso do tratamento. Para determinar eletroquimicamente a corrosão promovida por alguns irrigantes endodônticos em instrumentos endodônticos de aço inoxidável, Oztan et al.110 (2002), utilizaram como método de extrapolação de Tafel. Mostraram que as soluções de gluconato de clorexidina a 0,2%, de NaOCl e de NaOCl+KOH causam severa corrosão. A primeira pelo seu baixo pH (5,72), e os outros pela ação dos íons Cl- liberados. A solução de EDTA a 17% apresentou o menor índice de corrosão. Em 2002, Tanomaru Filho et al.162, realizaram estudo in vivo, para avaliar a resposta inflamatória produzida por diferentes irrigantes endodônticos. Injetaram na cavidade peritoneal de camundongos isogênicos, os seguintes irrigantes Revisão de Literatura 67 endodônticos: solução de hipoclorito de sódio a 0,5%, solução de clorexidina a 2% e solução salina fosfatada (PBS) como grupo controle. Mostraram resposta inflamatória com grande migração neutrofílica e de células mononucleares na cavidade peritoneal, provocada pela solução de hipoclorito de sódio a 0,5%. Tanto a solução de clorexidina como o grupo controle não induziram a uma reação inflamatória significante. Estrela et al.36 (2003) realizaram estudo, in vitro, para avaliar o efeito antimicrobiano das soluções de hipoclorito de sódio a 2% e digluconato de clorexidina a 2%. Foram utilizados os testes de difusão em ágar e exposição direta com os seguintes microrganismos: S. aureus, E. faecalis, P. aeruginosa, B. subtilis, C. albicans e ainda uma mistura destes. O teste de exposição direta foram feitos com tempos de 5, 10 e 30 min. Os melhores resultados da solução de hipoclorito de sódio foram observados nos testes de exposição direta, enquanto a clorexidina mostrou melhores resultados nos testes de difusão em ágar. Os autores demonstraram que a magnitude do efeito antimicrobiano sofre influência do método, indicador biológico e tempo de exposição adotados. Em 2003, Ferguson et al.39, avaliaram o selamento apical de dentes extraídos que utilizaram solução Revisão de Literatura 68 salina, de hipoclorito de sódio a 5,25% ou digluconato de clorexidina a 0,12% como irrigantes endodôntico. Foram utilizados, ainda três diferentes cimentos obturadores (Roth’s 811, AH 26 e Sealapex). A infiltração foi observada por meio do método de filtração de fluido nos períodos de 270 e 360 dias. Mostraram que a combinação Sealapex/solução salina apresentou a maior infiltração no período de 270 e 360 dias. Não foram observadas diferenças entre os grupos que utilizaram solução de hipoclorito de sódio ou clorexidina. Grewehr et al.50 (2003) avaliaram as soluções de ácido etilenodiamino tetracético a 17%(EDTA), hipoclorito de sódio a 1% (NaOCl), comparando com uma mistura de NaOCl a 0,5% e EDTA a 8,5% (NaOCl-EDTA). Foram verificadas as interações químicas na atividade quelante de cálcio e liberação de clorinas, dissolução de tecido e propriedades antimicrobianas. Mostraram que na quelação do cálcio a presença do NaOCl teve pequeno efeito quando comparado com a ação do EDTA puro. Por sua vez houve redução de clorina disponível na mistura quando comparada ao NaOCl puro. No teste de dissolução de tecido o NaOCl foi mais efetivo e entre O EDTA e NaOCl-EDTA não houve diferença. No teste de difusão em agar contra E faecalis e C albicans o resultando mostrou melhor desempenho dos grupos do EDTA Revisão de Literatura 69 e NaOCl-EDTA sem apresentar diferença entre eles. Concluíram que o EDTA manteve sua capacidade de quelação de íons cálcio e atividade antimicrobiana quando combinado com NaOCl. O NaOCl por sua vez perdeu na disponibilidade de clorina e na capacidade de dissolução de tecido quando misturado ao EDTA. Clinicamente recomendaram irrigação copiosa com NaOCl para eliminar os remanescentes EDTA que possam interferir, garantido a eficiência do NaOCl. Com o objetivo de avaliar in vitro, por MEV, a limpeza da superfície da parede de canais radiculares por diferentes soluções irrigadoras, Yamashita et al.173, em 2003, utilizaram dentes recém-extraídos de humanos, divididos em quatro grupos experimentais, nos quais utilizou as seguintes soluções irrigadoras: solução fisiológica, solução de clorexidina a 2%, solução de hipoclorito de sódio a 2,5% e solução de hipoclorito de sódio a 2,5%+EDTA. A limpeza das paredes dos canais radiculares foi avaliada nos terços cervical, médio e apical em cada espécime, por atribuição de escores. Demonstraram que a melhor limpeza da superfície das paredes dos canais radiculares foi obtida pela associação da solução de hipoclorito de sódio a 2,5% e EDTA, seguida pela solução de hipoclorito de sódio a 2,5% (p<0,05), sendo esta semelhante à solução de clorexidina apenas no terço Revisão de Literatura 70 cervical. A solução de clorexidina a 2% e a solução fisiológica apresentaram resultados inferiores aos grupos anteriores e semelhantes entre si, nos três terços do canal radicular (p>0,05). Em todos os grupos experimentais observaram melhor limpeza no terços cervical e médio, com piores resultados para o terço apical. Em 2003, Önçag et al.105, realizaram estudo onde avaliaram a propriedades antimicrobianas e toxicidade de irrigantes endodônticos. Testaram as soluções de hipoclorito de sódio a 5,25% (NaOCl), digluconato de clorexidina a 2% (CHX) e uma associação de digluconato de clorexidina a 0,2% com cetrimide a 0,2% de nome comercial Cetrexidin (CET). Realizaram testes antimicrobianos contra E. faecalis, in vitro e estudo in vivo realizando culturas antes a após (48h) preparo biomecânico de dentes decíduos com polpa necrosada. A avaliação de toxicidade foi realizada injetando-se a solução irrigadora em sub-cutâneo de ratos. Mostraram que o efeito antimicrobiano in vivo e in vitro do CHX e CET semelhantes entre si e maior que do NaOCl. A toxicidade da CHX e CET é menor e o reparo nas áreas onde este foi injetado tende a ser mais rápido que com o uso do NaOCl. Concluíram que a CHX e o CET foram mais eficientes, tiveram maior ação antimicrobiana residual e menor toxicidade Revisão de Literatura 71 que o NaOCl, sendo assim indicados como irrigante endodôntico em tratamentos de dentes decíduos. Haumann e Love56, em 2003, fizeram uma revisão de literatura enfocando a biocompatibilidade de algumas soluções antimicrobianas utilizadas na endodontia contemporânea. Destacam a importância e os testes utilizados experimentalmente para esta avaliação. Abordaram as soluções de hipoclorito de sódio, EDTA e clorexidina, e ainda o hidróxido de cálcio, drogas antiinflamatórias e antibióticas e fenol e seus derivados. A solução de hipoclorito de sódio (pH 11 a 12) é relatada como de uso tradicional nas diferentes concentrações, variando de 0,5 a 5,25%. Tendo como características importantes a ação antimicrobiana e capacidade de dissolver tecidos. Esta mesma capacidade torna a solução irritante aos tecidos apicais, com inúmeros relatos de injeção acidental além ápice e conseqüentes reações teciduais violentas. A clorexidina (pH 5 a 7) um bisguanídeo catiônico com ação antimicrobiana inespecífica, de amplo espectro e substantividade. Tem sido sugerida como substituta da solução de hipoclorito de sódio, nos casos de risco de extrusão. Salientam esta não é isenta de risco, e relatos de pacientes com sintomas de hipersensibilidade e reação anafilática com o uso tópico da clorexidina. Revisão de Literatura 72 Em 2003, Siqueira et al.140, avaliaram, a eficiência de alguns medicamentos utilizados como curativos intracanal contra C. albicans. Cilindros de dentina foram imersos nos medicamentos: hidróxido de cálcio (CaOH)+glicerina (GLI); CaOH+gluconato de clorexidina a 0,12% (CHX); CaOH+paramonoclorofenol canforado (PMCC)+GLI; e CHX+óxido de zinco (Ozn), em períodos de 1hora, 2 dias e 7 dias. Então foram lavados com solução salina e incubados. Mostraram maior eficiência do CaOH+PMCC e CHX+Ozn, desinfectando a dentina em 1hora. A associação de CHX+CaOH foi ineficaz, mesmo após período de 7 dias. Em 2003, Haenni et al.55, compararam a capacidade de alcalinização de dentina e antimicrobiana de irrigantes endodônticos isoladamente ou de pastas a base de hidróxido de cálcio utilizando estes como veículos. Foram avaliadas as soluções salina, NaOCl a 1%, clorexidina a 0,5% e iodeto de potássio a 7,5%. Todas as pastas levaram a alcalinização da dentina de forma semelhante os irrigantes isolados não promoveram alcalinização. A atividade antimicrobiana foi avaliada contra E. faecalis e C. albicans, em teste de difusão em agar. Novamente as pastas obtiveram resultados semelhantes entre si. A clorexidina isoladamente Revisão de Literatura 73 obteve maior halo de inibição que na pasta. Concluíram que o potencial de alcalinização do hidróxido de cálcio se mantém mesmo quando é associado a substâncias ácidas ou alcalinas, quanto ao potencial antimicrobiano, este não aumenta com a adição dos irrigantes endodônticos. Lin et al.91, 2003, avaliaram a eficiência da atividade antimicrobiana do hidróxido de cálcio e solução de clorexidina a 012%, individualmente ou combinados, contra E. faecalis e difusão em Agar. Mostraram que a clorexidina obteve o melhor efeito antibacteriano. A combinação de hidróxido de cálcio e clorexidina mostrou melhor desempenho que o hidróxido de cálcio somente, mas a combinação não foi melhor que a clorexidina. Weber et al.168 (2003), avaliaram, in vitro, o efeito antimicrobiano residual das soluções de hipoclorito de sódio a 5,25% (NaOCl) e clorexidina a 2% (CHX), sendo os grupos, ainda, subdivididos em utilização de ultra-som ou não, durante 1 minuto. Após o preparo biomecânico com os irrigantes propostos, os canais foram preenchidos com solução fostatada tamponada e colhidas amostras, para estudo microbiológico, em tempos de 24, 48, 72, 96, 120, 144 e 168 horas. Realizaram estudo de difusão em agar com cepa padrão de S. sanguis. Mostraram que o efeito antimicrobiano Revisão de Literatura 74 residual da CHX foi superior ao do NaOCl. O ultra-som aumentou os halos de inibição da CHX. A CHX mostrou atividade residual mesmo após 168 horas. PROPOSIÇÃO Proposição 76 3. Proposição O presente estudo teve como objetivo a avaliação das condições microbiológicas antes e 30 dias após o preparo biomecânico dos canais radiculares de dentes de cães com lesão periapical utilizando como soluções irrigadoras as soluções de hipoclorito de sódio a 2,5%, digluconato de clorexidina a 2% e soro fisiológico. Ainda, foi analisado o efeito do preparo biomecânico com as diferentes soluções irrigadoras sobre as condições histopatológicas da região apical e periapical. MATERIAL E MÉTODO Material e Método 78 4. Material e Método 4.1. Procedimentos experimentais 4.1.1. Indução das lesões apicais crônicas. Foram utilizados 4 cães, de ambos os sexos, sem raça definida, de uma mesma ninhada, com aproximadamente 1 ano de idade e pesando entre 10 e 15 Kg. Os animais foram mantidos por um período de 30 a 45 dias anteriormente às intervenções endodônticas sob cuidados relacionados à dieta, medicações e vacinas. Durante esta fase e em todo o período experimental, eles foram mantidos no Biotério da Faculdade de Odonto logia de Araraquara- Campus- UNESP. O projeto de pesquisa foi avaliado e aprovado pelo Comitê de Ética em Experimentação Animal da Faculdade de Odontologia de Araraquara- UNESP (Ofício CEEA-FOAr nº38/2002) (Anexo). Os dentes selecionados para o estudo foram os segundos, terceiros e quartos pré-molares inferiores e segundos e terceiros pré-molares superiores, totalizando 40 dentes, com 80 raízes, divididas em 4 grupos experimentais. Material e Método 79 Para cada intervenção, os animais foram pré- anestesiados com injeção intramuscular de 2 mL de Rompum (Cloridrato de dihidroxiazina – Bayer do Brasil S/A, Produtos Veterinários, Ind. Bras., São Paulo-SP) e, posteriormente, anestesiados com solução de Nembutal Sódico (Thionembutal – Aboot Laboratórios do Brasil Ltda., Rio de Janeiro-RJ), na dosagem de 15 mg/Kg de peso do animal, aplicada na veia tibial de uma das patas do animal. Durante os procedimentos operatórios, o animal foi mantido com solução isotônica de cloreto de sódio (Darrow Laboratório S/A – São Paulo SP) administrada endovenosamente e, quando necessário, efetuada a complementação anestésica. Após a anestesia e realização de tomadas radiográficas periapicais, dos dentes selecionados, pela técnica da bissetriz, realizou-se a limpeza mecânica das coroas dentais com curetas periodontais e gaze esterilizada. A seguir, anestesia terminal infiltrativa foi realizada na área periapical dos dentes empregados na pesquisa utilizando anestésico à base de Cloridrato de Prilocaína com Felipressina (Citanest 3% - Astra Química e Farmacêutica). As aberturas coronárias foram realizadas com brocas esféricas carbide número 4, em turbina de alta velocidade refrigerada a ar e água, de modo a se obter duas Material e Método 80 aberturas, uma mesial e outra distal, mantendo-se a ponte de esmalte com o objetivo de prevenir fraturas coronárias. As aberturas oclusais foram complementadas com pontas diamantadas tronco-cônicas de extremidade inativa número 3081 (K.G. Sorensen – São Paulo-SP), também em alta rotação. Com base nas radiografias para diagnóstico, foi efetuada a exploração dos canais radiculares com limas tipo K no 25 (Dentsply Maillefer, Ballaigues, Suiça), até o nível do “platô” apical, o qual foi utilizado como referência para a remoção da polpa radicular. Removida a polpa coronária, a irrigação da câmara pulpar foi realizada com soro fisiológico, acondicionado em tubetes anestésicos, empregando-se seringa do tipo Carpule e agulha descartável longa (27 G- Becton Dickinson, Ind. Cirúrgica Ltda., Juiz de Fora, MG). A seguir, com limas tipo K número 25 neste níve l, foram realizadas tomadas radiográficas para odontometria, com o objetivo de determinar o Comprimento Real do Dente (CRD) e o Comprimento Real de Trabalho (CRT), situado aproximadamente a 1,5 mm aquém do CRD. A partir da medida odontométrica, foi realizado o arrombamento do forame apical com auxílio de limas tipo K de no 20, até a de nº 30, no Comprimento Real do Dente (CRD), Material e Método 81 previamente estabelecido pelo exame radiográfico, determinando o Instrumento Apical Foraminal (IAF). Os canais radiculares permaneceram expostos ao meio bucal durante sete dias, com o objetivo de permitir contaminação. Decorrido este período, sob nova anestesia geral, foi efetuada a irrigação/aspiração da câmara pulpar com soro fisiológico e após a secagem foi realizada colocação de uma mecha de algodão na câmara pulpar, sendo a abertura coronária selada com cimento à base de óxido de zinco e eugenol de presa rápida (Pulposan – S. S. White Artigos Dentários Ltda., Rio de Janeiro, RJ). Após 60 dias do selamento provisório, controles radiográficos foram realizados para constatação das imagens radiolúcidas sugestivas de reação periapical crônica. 4.1.2. 1ª Colheita microbiológica. Os grupos experimentais foram então, distribuídos de modo que cada animal recebesse as quatro variáveis. Assim, em cada hemi-arco, de cada animal, foi utilizada uma das soluções irrigadoras experimentais ou foi realizado o grupo controle (Quadro 1). Em função da perda de um elemento dentário, o total de raízes utilizadas no estudo microbiológico foi de 78. Material e Método 82 QUADRO 1 – Distribuição dos grupos experimentais, em função da solução irrigadora empregada, relacionado à avaliação microbiológica. Grupos experimentais Solução irrigadora Número de raízes 11 Clorexidina a 2% 20 2 Hipoclorito de sódio a 2,5% 20 3 Soro fisiológico 20 4 Controle - Sem preparo biomecânico 18 Realizado o isolamento dos dentes de um quadrante com dique de borracha, anti -sepsia do campo operatório com álcool a 70% e 0,3% de iodo, e neutralização com álcool/éter (em partes iguais), o selamento coronário e mecha de algodão da câmara pulpar foram removidos. A seguir, a coleta de material dos canais radiculares para avaliação da condição microbiológica foi efetuada, empregando-se dois cones de papel absorvente para cada canal radicular. Os cones de papel foram colocados imediatamente nos tubos de ensaio contendo fluído para transporte reduzido (RTF) e encaminhados para processamento microbiológico. Material e Método 83 Composição do fluido de transporte reduzido –RTF: Solução salina 1 75,mL Solução salina 2 75mL Bicarbonato de sódio a 8% 5mL Ditiotreitol a 1% 20mL Água destilada q.s.p. 1L Composição da solução salina 1 : Fosfato de dipotássico 0,6g Água destilada q.s.p. 100mL Composição de solução salina 2 : Cloreto de sódio 12g Fosfafato monopotássico 0,6g Sulfato de amônio 12g Sulfato de magnésio 0,25g Água destilada q.s.p. 100mL 4.1.3. Preparo biomecânico dos canais radiculares. O preparo biomecânico seguiu a distribuição do Quadro 1, desta forma: No grupo 1 utilizou-se a solução de digluconato de clorexidina a 2% (CHX - Instituto de Química de Araraquara,UNESP- SP). No grupo 2 utilizou-se a solução de hipoclorito de sódio a 2,5% (NaOCl -Instituto de Química de Araraquara,UNESP- SP). No grupo 3 utilizou-se a solução Material e Método 84 fisiológica de cloreto de sódio a 0,9% (Soro - Darrow Laboratório S/A – São Paulo SP). E finalmente no grupo 4 os canais radiculares não foram manipulados, servindo como grupo controle. Abundante irrigação/aspiração/inundação foi executada na entrada dos canais radiculares. Empregou-se uma seringa Luer de 10mL e agulha hipodérmica 30x5, inicialmente com 5mL de uma das soluções irrigadoras de acordo com o grupo experimental. A “neutralização” do conteúdo séptico-tóxico foi realizada por meio da técnica clássica sendo utilizadas limas tipo K no sentido coroa-ápice associadas à solução irrigadora até alcançar o CRT, nos grupos 1, 2 e 3. Para o preparo biomecânico foram empregadas limas tipo K no CRT, 1,5 mm aquém do CRD, até que a dilatação alcançasse o instrumento de no 70 ou 60 para o segundo-pré-molar inferior. A cinemática de emprego do instrumento foi de limagem contra todas as paredes, até que o mesmo não se prendesse ao canal radicular, quando foi usado o instrumento seguinte. Após o preparo biomecânico, foi realizado o desbridamento do forame apical com o IAF, empregado em todo o comprimento do dente, para remoção de possíveis raspas de dentina na região do forame apical. Material e Método 85 Durante todo o preparo biomecânico, foi realizada irrigação/aspiração/inundação dos canais radiculares, com a solução irrigadora estudada, sendo empregados 2 mL de solução a cada troca de instrumento. Ao término do preparo realizou-se irrigação com 2 mL solução fisiológica nos grupos 1, 2 e 3. Após secagem foi realizada inundação dos mesmos com solução de ácido etilenodiaminotetracético (EDTA) a 15% (EDTA Trissódico, Biodinâmica Química e Farmacêutica Ltda., SP), mantida sob agitação por 3 minutos com auxílio de uma lima tipo K no 40. Ao final, realizou-se irrigação/aspiração com 2mL soro fisiológico e secagem dos canais radiculares por meio de pontas de papel absorvente esterilizadas (Tanariman Ind. Ltda., Manacapurú, AM). Os canais radiculares permaneceram sem curativo de demora após o preparo biomecânico e emprego da solução de EDTA, sendo apenas acomodada uma mecha de algodão esterilizada no nível da entrada dos canais radiculares, seguida da colocação de base com cimento de policarboxilato de zinco (Durelon, ESPE, Alemanha) e restauração da cavidade oclusal com cimento ionomérico fotopolimerizável (V itremer, 3M ESPE, E.U.A.), de acordo com recomendação da norma ISO 740568, 1997. Material e Método 86 4.1.4. 2ª Colheita microbiológica. Decorrido o período experimental de 30 dias, foram realizadas novas tomadas radiográficas e, após o isolamento e anti -sepsia de cada um dos quadrantes, foi realizada a remoção do selamento coronário e da mecha de algodão das câmaras pulpares, seguida da coleta de material dos canais radiculares para avaliação das condições microbiológicas, de forma idêntica à coleta inicial. Os cones, após coleta fo ram colocados nos de tubos de ensaio contendo fluído para transporte reduzido (RTF) e encaminhados para processamento microbiológico. 4.1.5 Fixação para preparo histopatológico. Durante o período experimental de 30 dias, os animais foram mantidos no Biotério do Câmpus da UNESP – Araraquara. Após este período, realizada a coleta microbiológica, os animais foram mortos por sobredose anestésica. As maxilas e mandíbulas foram removidas e as peças fixadas em solução de cacodilato de sódio em associação com sacarose e glutaraldeído (SOARES146, 1999). Material e Método 87 Composição da solução fixadora Solução aquosa de glutaraldeído a 25% 50mL Sacarose 5g Solução tamponada de cacodilato de sódio (pH 7,4) 1L Solução de hidróxido de sódio 0,1N qsp 4.2. Avaliação microbiológica. 4.2.1. Metodologia do estudo microbiológico. 4.2.1.1. Diluição e Semeadura. No laboratório de Microbiologia da Faculdade de Farmácia de Ribeirão Preto -USP, os tubos contendo as amostras microbiológicas receberam 4 a 6 perólas de vidro e uma aleta metálica esterilizada, as quais a seguir foram agitadas por 2 minutos no aparelho Mixtrom-Toptronix (São Paulo), regulado em velocidade máxima, para dessorção dos microrganismos. A seguir, diluições decimais seriadas foram realizadas, em PBS, em fluxo laminar, até a diluição de 10-4. Um volume de 0,05 mL das amostras puras e de cada diluição foi depositado em placas, com auxílio de pipeta centesimal esterilizada, contendo ágar-sangue (As), ágar sangue enriquecido (Ask) (TCHAOU et al.163, 1995) e ágar Miti s salivarius (Ms). A seguir, foram distribuídos uniformemente, com auxílio de bastão de vidro em L, esterilizado. Material e Método 88 Composição do agar sangue Infusão de cérebro de bezerro 200g Infusão de coração 250g Proteose peptona 10g Dextrose 2g Cloreto de sódio 5g Fosfato dissódico 2,5g No preparo deste meio, utilizou-se o produto desidratado Brain Heart Infusion (Difco), sendo 37g adicionados a 1l de água destilada contendo 1,5% de agar. Após resfriamento foi adicionado 5% de sangue desfibrinado de coelho, 0,5mg/mL de menadiona (Merck). Distribuiu-se 5mL do meio de cultura em placas de Petri (10x60). Composição do agar Mitis salivarius (Ms) Triptose 10g Proteose peptona 5g Dextrose 1g Sacarose 50g Fosfato dipotássico 4g Azul de tripan 5g Cristal violeta 0,0008g Agar 15g Material e Método 89 Utilizou-se o Mitis salivarius Agar (Difco) rehidratado em água destilada. Distribuiu-se 5mL do meio de cultura em placas de Petri (10x60). Composição do agar sangue enriquecido (Ask) Infusão de cérebro de bezerro 200g Infusão de coração 250g Proteose peptona 10g Dextrose 2g Cloreto de sódio 5g Fosfato disódico 2,5g Com a mesma base do As, utilizou-se o produto desidratado Brain Heart Infusion (Difco). Rehidratado e a este se adicionou, após resfriamento, 5% de sangue desfibrinado de coelho, 5mg/mL de hemina (Difco) e 0,1mg/mL de menadiona (Merck). Distribuiu-se 5mL do meio de cultura em placas de Petri (10x60). A incubação das placas de As foi feita em condições de ae