1 Rafael Leite de Oliveira ESTUDO DA DEGRADAÇÃO DO CORANTE AZO DISPERSO AZUL 291 POR CLORAÇÃO QUÍMICA E FOTOELETROQUÍMICA Dissertação apresentada ao Instituto de Química, Universidade Estadual Paulista, como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Química Orientadora: Profa. Dra. Maria Valnice Boldrin Zanoni Araraquara 2008 2 DEDICATÓRIA Aos meus pais, Ladislau e Rosa e minhas irmãs Juliana e Carolina pelo exemplo, amor e carinho. A minha namorada Josiane pelo incentivo em todas as minhas decisões e por estar ao meu lado já há alguns anos. Aos meus amigos pela convivência, apoio e atenção nos momentos felizes e tristes. 3 AGRADECIMENTOS Aos meus pais, Sr. Ladislau Leite de Oliveira e Sra. Rosa Maria Malamam Leite de Oliveira, sou grato pelo amor, educação e compreensão, e por serem sempre meus amigos. Cheguei até aqui porque sempre vocês estiveram ao meu lado. As minhas irmãs Juliana e Carolina, obrigado pelos ensinamentos e pela presença em minha vida. A minha namorada Josi, obrigado por todo amor, apoio e compreensão nestes anos que está ao meu lado. A profa. Dra. Maria Valnice Boldrin Zanoni, obrigado pela oportunidade, na qual permitiu meu crescimento profissional dentro de um grupo de pesquisa. A Patrícia Carneiro, obrigado pela grande ajuda e ensinamentos quando eu estava começando meu mestrado em um novo grupo de pesquisa. A todos os colegas de grupo, principalmente: Fabiana, Magno, Thais, Thiago, Paulo e Antonio pela ajuda em algum momento do meu mestrado. Aos amigos: Mariposa, Bola, Dunga, Tandy, Sniffo, Lex, Igão, E.T., Teka e Costelinha da república A Rocha e aos demais amigos obrigado pela força, dedicação e amizade. A CNPq pela bolsa concedida. A todos aqueles que me apoiaram e continuam me dando força, acreditando em mim, minha total gratidão. 4 “Creio sem hesitações que há mais naturezas invisíveis que visíveis no universo. Mas quem nos descreverá a família de todas elas, assim como os graus e as relações e as características e as funções de cada uma? O que fazem? Que lugares habitam? A mente humana sempre desejou o conhecimento dessas coisas, mas nunca o alcançou. Enquanto isso é saudável, não nego, contemplar - seja em espírito, seja num quadro, a imagem de um mundo maior e melhor, para que o intelecto, acostumado às minúcias da vida atual, não se encolha demasiado e não mergulhe por inteiro nas cogitações triviais. Mas, ao mesmo tempo, devemos estar atentos à realidade e preservar o senso de proporção, para que possamos distinguir as coisas certas das incertas, o dia da noite.” Claude Lorrain, Navio na Tempestade (c. 1638). 5 RESUMO Neste trabalho investigou-se a degradação do corante disperso azul 291, empregado na tintura de fibras sintéticas usando a técnica de fotoeletrocatálise. O tratamento fotoeletrocatalítico foi efetuado sobre anodos de filmes finos de Ti/TiO2 operando sob potencial de +1,0V e irradiação UV em reator fotoeletroquímico de um compartimento. A performance do tratamento foi comparada para o corante em NaCl e Na2SO4 0,2M nos valores de pH 4, 6 e 8. Os produtos gerados foram analisados por cromatografia líquida de alta eficiência e detector de arranjo de diodos e espectrometria de massas. A cinética de descoloração foi seguida por espectrofotometria (UV-Vis). Após 60 minutos de tratamento fotoeletrocatalítico observa-se 100 % de remoção de cor em NaCl enquanto 120 min são requeridos para completa descoloração em Na2SO4. O processo foi comparado com o tratamento usando cloro ativo que promove remoção parcial da cor (52%). Comparando-se o desempenho para o tratamento fotoeletrocatalítico e cloração química convencional observou-se índices de remoção do carbono orgânico total (COT) em torno de 30 % após cloração química e 100% de remoção de COT após oxidação fotoeletrocatalítica. A maior eficiência observada no processo fotoeletroquímico em meio de cloreto sugere que nestas condições há formação de radical cloro devido á oxidação fotoeletroquímica do cloreto adsorvido na superfície de Ti/TiO2 pelas lacunas fotogeradas, que são agentes oxidantes muito mais poderosos que uma simples cloração convencional baseada em cloro ativo. Testes da mutagenicidade do corante e dos produtos gerados após os diferentes tratamentos foram avaliados pelo teste de AMES usando salmonella/microssoma. Observa-se total remoção da atividade mutagênica do corante original após tratamento fotoeletroquímico em NaCl e Na2SO4. No entanto amostra do corante azul 291 submetida à cloração química apresentou um aumento na atividade mutagênica com geração de um produto muito mais tóxico que o corante original. Os produtos gerados por cloração química do corante azul 291 foram analisados por espectrometria de massas, e os resultados indicam a formação de subprodutos clorados após cloração química (NaOCl). Entretanto, observa-se que após tratamento fotoeletrocatalítico em meio de sulfato há menor quantidade de subprodutos do que na cloração fotoeletroquímica. O método foi testado em efluente têxtil fortificado com corante disperso blue 291 monitorando-se a redução da demanda química de oxigênio (DQO) e demanda bioquímica de oxigênio (DBO), e observou-se uma redução de DQO de 25% e de DBO de 36% quando tratado pelo método fotoeletrocatalítico, indicando que novos estudos deverão ser conduzidos para melhorar o rendimento em efluentes têxteis reais. 6 ABSTRACT The present work investigate the degradation process of disperse blue 291 widely employed for dyeing synthetic fibers, by using photoelectrocatalytic oxidation on thin films anodes of Ti/TiO2. The oxidation process was performed in 0.2 mol L-1 of NaCl and Na2SO4 at pH values of 4, 6 and 8 under applied potential of 1.0 V irradiated with UV light. The kinetics of degradation was evaluated by color removal and degradation rate using high performance liquid chromatography, spectrophotometry (UV-Vis) and total organic carbon (TOC) measurements. After photoelectrocatalytic oxidation were reached 100% of color removal in both NaCl (60 min of treatment) and Na2SO4 (120 min of treatment) and also 100% of total organic carbon. The results were compared with the conventional chlorination that promoted only 52% of color removal and 30% of total organic carbon reduction. The higher efficiency observed for photoelectrochemical chlorination is explained by the formation of chlorine radical during oxidation of adsorbed chloride on the surface of Ti/TiO2 by photogenerated charge (h+), which are more powerful oxidizing agent than active chlorine operating under usual chlorination system. Disperse blue291 dye presents high mutagenesis activity confirmed by Ames test using salmonella /microssome assay for dye solutions of 5 mg L-1 in NaCl and Na2SO4 0.2 mol L-1. There is total removal of mutagenic activity for both samples treated by photoelectrocatalytic oxidation in both electrolytes. Nevertheless, the disperse blue 291ye treated by active chlorine generated chemically showed an increase in mutagenic activity with the generation of a product much more toxic than the original dye. The products generated by photoelectrocatalytic oxidation of the disperse 291 blue dye were analyzed by mass spectrometry, and the results indicate the formation of different products under chloride and sulfate medium. But, under treatment with active chlorine there is formation of chlorinated by-products, which were not detected for photoelectrocatalytic oxidation in chloride medium, suggesting that photoelectrocatalytic oxidation in chloride is more effective than treatment with active chorine. The method was tested in an effluent sample containing the dye. There was 25% of chemical oxygen demand (COD) and 36% of biochemical oxygen demand (BOD), which suggest that the others components present in the dye effluent is much more difficult to be removed, and deserve further investigations. 7 LISTA DE FIGURAS Figura 1: Estrutura Química do corante disperso azul 291. ........................................... 23 Figura 2: Esquema de geração do par elétron-lacuna que ocorre na superfície do semicondutor (TiO2). ...................................................................................................... 27 Figura 3: Esquema do reator fotoeletroquímico de vidro: (1) lâmpada UV de Xe-Hg de 125W, imersa em tudo de quartzo; (2) fotoânodo de Ti/TiO2 (eletrodo de trabalho); (3) capilar de Lüggin e eletrodo de referência (eletrodo de calomelano saturado- - ECS; (4) eletrodo auxiliar de rede de Pt; (5) borbulhador de ar comprimido. .............................. 34 Figura 4: Perfil cromatográfico de uma solução 5 mg.L-1 do corante disperso azul 291 que elue em 8,34 minutos. Fase móvel Acetonitrila/Água 85:15, temperatura da coluna 40°C e vazão 1,0 ml/min. ............................................................................................... 42 Figura 5: Curva analítica obtida a partir da solução do corante disperso azul 291. Fase móvel Acetonitrila/Água 85:15, temperatura da coluna 40°C e vazão 1,0 ml min-1. ..... 42 Figura 6: Espectro de absorbância na região do UV-VIS obtidos por detecção de arranjo de diodos para o pico singular do corante disperso azul 291 (613 nm) que elue em 8,34 minutos; Fase móvel ACN/H2O 85:15, T = 40°C, Vazão = 1mL min-1. ........................ 44 Figura 7: Espectro de absorbância na região do UV-VIS das alíquotas removidas durante a fotoeletrocatálise em meio de 0,2 mol L-1 de íons cloreto a pH igual a 4, E=+1,0V fotoânodo Ti/TiO2. Espectros obtidos por detecção de arranjo de diodos para o pico do corante disperso azul 291 que elue em: 8,34 minutos. ...................................... 45 Figura 8: Espectro de absorbância na região do UV-VIS das alíquotas removidas durante a fotoeletrocatálise em meio de 0,2 mol L-1 de íons cloreto a pH igual a 6, E=+1,0V fotoânodo Ti/TiO2, Espectros obtidos por detecção de arranjo de diodos para o pico do corante disperso azul 291 que elue em: 8,34 minutos. ...................................... 46 Figura 9: Espectros de absorbância na região do UV-VIS das alíquotas removidas durante a fotoeletrocatálise em meio de 0,2 mol L-1 de íons cloreto a pH igual a 8, E=+1,0V fotoânodo Ti/TiO2, Espectros obtidos por detecção de arranjo de diodos para o pico do corante disperso azul 291 que elue em: 8,34 minutos. ...................................... 46 Figura 10: Porcentagem de remoção de cor da solução do corante disperso azul 291 5 mg L-1 em diferentes valores de pH por tempo de fotoeletrocatálise realizada em meio de 0,2 mol L-1 de íons cloreto, E=+1,0V fotoânodo Ti/TiO2. ........................................ 47 Figura 11: Espectro de absorbância na região do UV-VIS das alíquotas removidas durante a fotoeletrocatálise em meio de 0,2 mol L-1 de íons sulfato a pH igual a 4, 8 E=+1,0V, fotoânodo Ti/TiO2, Espectros obtidos por detecção de arranjo de diodos para o pico do corante disperso azul 291 que elue em 8,34 minutos. .................................... 49 Figura 12: Espectro de absorbância na região do UV-VIS das alíquotas removidas durante a fotoeletrocatálise em meio de 0,2 mol L-1 de íons sulfato a pH igual a 6, E=+1,0V, fotoânodo Ti/TiO2, Espectros obtidos por detecção de arranjo de diodos para o pico do corante disperso azul 291 que elue em 8,34 minutos. .................................... 49 Figura 13: Espectro de absorbância na região do UV-VIS das alíquotas removidas durante a fotoeletrocatálise em meio de 0,2 mol L-1 de íons sulfato a pH igual a 8, E=+1,0V, fotoânodo Ti/TiO2, Espectros obtidos por detecção de arranjo de diodos para o pico do corante disperso azul 291 que elue em 8,34 minutos. .................................... 50 Figura 14: Porcentagem de remoção de cor da solução do corante disperso azul 291 5 mg L-1 em diferentes valores de pH por tempo de fotoeletrocatálise realizada em meio de 0,2 mol L-1 de íons sulfato, E=+1,0V fotoânodo Ti/TiO2. ......................................... 50 Figura 15: Espectro de absorbância na região do UV-VIS das alíquotas removidas durante a fotoeletrocatálise realizada na ausência de eletrólito de suporte, E=+1,0V, fotoânodo Ti/TiO2, Espectros obtidos por detecção de arranjo de diodos para o pico do corante disperso azul 291 que elue em 8,34 minutos. .................................................... 52 Figura 16: Porcentagem de remoção de cor da solução do corante disperso azul 291 5 mg L-1 na presença e na ausência de eletrólito de suporte, E=+1,0V fotoânodo Ti/TiO2. ........................................................................................................................................ 52 Figura 17: Gráfico do decaimento inicial da absorbância máxima do corante azul 291 durante o experimento de fotoeletrocatálise realizado em: NaCl 0,2 mol L-1 nos pH 4 (■), 6 (●) e 8 (▲); Na2SO4 0,2 mol L-1 nos pH 4 (□), 6 (○) e (�); e na ausência de eletrólito de suporte (�). ................................................................................................ 53 Figura 18: Perfil cromatográfico (HPLC/UV) da amostra comercial do corante disperso azul 291 em meio NaCl 0,2 mol L-1 pH 4 obtido a 613nm nos respectivos tempos de fotoeletrocatálise , E=1,0V fotoânodo Ti/TiO2. ............................................................. 58 Figura 19: Perfil cromatográfico (HPLC/UV) da amostra comercial do corante disperso azul 291 em meio NaCl 0,2 mol L-1 pH 6 obtido a 613nm nos respectivos tempos de fotoeletrocatálise , E=1,0V fotoânodo Ti/TiO2. ............................................................. 58 Figura 20: Perfil cromatográfico (HPLC/UV) da amostra comercial do corante disperso azul 291 em meio NaCl 0,2 mol L-1 pH 8 obtido a 613nm nos respectivos tempos de fotoeletrocatálise , E=1,0V fotoânodo Ti/TiO2. ............................................................. 59 Figura 21: Gráfico de área (Af / Ai) versus tempo da fotoeletrocatálise de 5 mg L-1 do corante disperso azul 291 em NaCl 0,2 mol L-1 em valores de (■) pH 4; (●) pH 6 e (▲) pH 8, sob potencial de + 1,0 V e fotoânodo de Ti/TiO2. ................................................ 60 9 Figura 22: Perfil cromatográfico (HPLC/UV) da amostra comercial do corante disperso azul 291 em meio Na2SO4 0,2 mol L-1 pH 4 obtido a 613nm nos respectivos tempos de fotoeletrocatálise , E=1,0V fotoânodo Ti/TiO2. ............................................................. 61 Figura 23: Perfil cromatográfico (HPLC/UV) da amostra comercial do corante disperso azul 291 em meio Na2SO4 0,2 mol L-1 pH 6 obtido a 613nm nos respectivos tempos de fotoeletrocatálise , E=1,0V fotoânodo Ti/TiO2. ............................................................. 61 Figura 24: Perfil cromatográfico (HPLC/UV) da amostra comercial do corante disperso azul 291 em meio Na2SO4 0,2 mol L-1 pH 8 obtido a 613nm nos respectivos tempos de fotoeletrocatálise , E=1,0V fotoânodo Ti/TiO2. ............................................................. 62 Figura 25: Gráfico de área (Af / Ai) versus tempo da fotoeletrocatálise de 5 mg L-1 do corante disperso azul 291 em Na2SO4 0,2 mol L-1 em valores de (■) pH 4; (●) pH 6 e (▲) pH 8, sob potencial de + 1,0 V e fotoânodo de Ti/TiO2. ........................................ 62 Figura 26: Perfil cromatográfico (HPLC/UV) da amostra comercial do corante disperso azul 291 na ausência de eletrólito de suporte obtido a 613nm nos respectivos tempos de fotoeletrocatálise, E=1,0V fotoânodo Ti/TiO2. .............................................................. 63 Figura 27: Gráfico de área final pela área inicial (Af / Ai) versus tempo da fotoeletrocatálise de 5 mg L-1 do corante disperso azul 291 em NaCl (■) e Na2SO4 0,2 mol L-1 (●), na ausência de um eletrólito de suporte (▲) e cloração química com hipoclorito de sódio (▼), sob potencial de + 1,0 V e fotoânodo de Ti/TiO2. ................ 64 Figura 28: Espectro de absorbância na região do UV-VIS das alíquotas removidas durante a cloração química realizada com a adição de hipoclorito de sódio. Espectros obtidos por detecção de arranjo de diodos para o pico do corante. ................................ 66 Figura 29: Porcentagem de remoção de cor da solução do corante disperso azul 291 5 mg L-1 em 120 minutos de cloração realizada com a adição de 8,5 ml de hipoclorito de sódio 2%. ........................................................................................................................ 66 Figura 30: Perfil cromatográfico (HPLC/UV) da amostra comercial do corante disperso azul 291 obtido a 613nm nos respectivos tempos de cloração química utilizando-se hipoclorito de sódio 2%. ................................................................................................. 67 Figura 31: Gráfico de área final pela área inicial (Af / Ai) versus tempo de cloração química do corante disperso azul 291 com hipoclorito de sódio (2% cloro ativo). ....... 67 Figura 32: Porcentagem de remoção de cor da solução do corante disperso azul 291 5 mg L-1 em 120 minutos de fotoeletrocatálise em meio contendo NaCl 0,2 mol L-1 pH 6 (■); 120 minutos de cloração realizada com a adição de 8,5 ml de hipoclorito de sódio 2% (▲). .......................................................................................................................... 68 Figura 33: Perfil cromatográfico da amostra comercial do corante Disperse blue 291 na concentração de 5 mg L-1 (1); após 120 minutos de fotoeletrocatálise em meio contendo 10 NaCl 0,2 mol L-1 pH 6 (2); após 120 minutos de cloração utilizando adição de hipoclorito de sódio 2% (3). ........................................................................................... 69 Figura 34: Espectro de absorbância na região do UV-VIS das alíquotas retiradas durante a degradação do corante azul 291 12 mg L-1 via fotoeletrocatálise em NaCl 0,2M, pH=6 e E=1,0V e Ti/TiO2. ........................................................................................................ 70 Figura 35: Porcentagem de remoção de cor do corante disperso azul 291: 12 mg L-1 (▲) e 5 mg L-1 (●) por tempo de fotoeletrocatálise em meio de NaCl 0,2M, pH=6 e E=1,0V. ........................................................................................................................................ 71 Figura 36: Perfil cromatográfico da amostra do corante disperso azul 291 12 mg L-1 durante fotoeletrocatálise em NaCl 0,2mol.L-1, pH 6 e E=1,0V, obtido a 613nm. ........ 72 Figura 37: Gráfico de área final pela área inicial (Af / Ai) versus tempo da fotoeletrocatálise do corante azul 291 12 mg L-1 (▲) e 5 mg L-1 (●), em NaCl 0,2 mol L-1 e pH 6. ....................................................................................................................... 72 Figura 38: Avaliação da remoção de carbono orgânico total da solução do corante disperso azul 291 durante: 3 horas de fotoeletrocatálise em Ti/TiO2 em solução NaCl 0,2M pH 6, E = +1,0V (-■-); e 3 horas de cloração convencional realizada com a adição de hipoclorito de sódio 2% nas condições já mencionadas (-▲-). ................................. 73 Figura 39: Curva dose-resposta obtida com as linhagens TA98 e YG1041 de Salmonella na presença e na ausência de ativação metabólica, S9, para o corante blue 291nas condições (A) 100 ml da solução de 5 mg L-1 do corante blue 291 em 0,2 mol L-1 de NaCl (tabela 3) e (B) 100 ml da solução de 5 mg L-1 do corante blue 291 em 0,2 mol L-1 de Na2SO4 (tabela 4). ...................................................................................................... 77 Figura 40: Curva dose-resposta obtida com as linhagens TA98 e YG1041 de Salmonella na presença e na ausência de ativação metabólica, S9, para o corante blue 291nas condições (A) 100 ml da solução de 5 mg L-1 do corante azul 291 em 0,2 mol L-1 de NaCl após fotoeletrocatálise E=+1,0V e TiO2. (tabela 5) e (B) 100 ml da solução de 5 mg L-1 do corante azul 291 em 0,2 mol L-1 de Na2SO4 após fotoeletrocatálise E=+1,0V e TiO2. (tabela 6). .............................................................................................................. 80 Figura 41: Curva dose-resposta obtida com as linhagens TA98 e YG1041 de Salmonella na presença e na ausência de ativação metabólica, S9, na condição de 100 ml da solução de 5 mg L-1 do corante azul 291 após cloração química com hipoclorito de sódio a 2% de cloro ativo (tabela 7). ................................................................................................. 82 Figura 42: Espectro de massas de uma solução do corante disperso azul 291 20 mg L-1 pH = 6,0. ......................................................................................................................... 85 11 Figura 43: Espectro de massas de uma solução do corante disperso azul 291 20 mg L-1 pH = 6,0 após 120 minutos de cloração química convencional utilizando hipoclorito se sódio a 2%. ..................................................................................................................... 87 Figura 44: Espectro de massas de uma solução do corante disperso azul 291 20 mg L-1 em meio contendo 0,2 mol L-1 de NaCl pH = 6,0 após 120 minutos de fotoeletrocatálise. ............................................................................................................ 89 Figura 45: Espectro de massas de uma solução do corante disperso azul 291 20 mg L-1 em meio contendo 0,2 mol L-1 de Na2SO4 pH = 6,0 após 120 minutos de fotoeletrocatálise. ............................................................................................................ 91 Figura 46: Espectro de absorbância na região do UV-VIS das alíquotas retiradas durante a degradação do efluente via fotoeletrocatálise em Na2SO4 0,2M, pH=6 e E=+1,0V, obtidos por detecção de arranjo de diodos para os picos dos componentes isolados do corante disperso azul 291. .............................................................................................. 93 Figura 47: Porcentagem de remoção de cor do efluente contendo o corante disperso azul 291 no efluente de pH 8,07 por tempo de fotoeletrocatálise em meio de Na2SO4 0,2M, pH=6 e E=+1,0V. ........................................................................................................... 93 Figura 48: Perfil cromatográfico da amostra do corante disperso azul 291 no efluente durante fotoeletrocatálise em Na2SO4 0,2 mol.L-1, pH 6 e E=1,0V, obtido a 613nm. ... 94 Figura 49: Gráfico de área final pela área inicial (Af / Ai) versus tempo da fotoeletrocatálise do efluente contendo o corante disperso azul 291, sob potencial de + 1,0 V e fotoânodo de Ti/TiO2. ........................................................................................ 95 12 LISTA DE TABELAS Tabela 1: Resultados obtidos da curva analítica para a determinação cromatográfica do corante disperso azul 291 pela técnica de CLAE-DAD, na faixa entre 1ppm a 11ppm, e limites de detecção e quantificação obtidos pela metodologia proposta. ....................... 43 Tabela 2: Constantes de descoloração para a oxidação fotoeletrocatalítica do corante disperso azul 291 em eletrodo de Ti/TiO2, em diferentes eletrólitos de suporte, nos pH estudados, Concentração do corante Blue 291 = 5mg L-1, λ = 613nm. ......................... 54 Tabela 3: Ensaio de mutagênicidade com Salmonella/Microssoma: Corante condição A – 100 ml da solução de 5 mg L-1 do corante azul 291 em 0,2 mol L-1 de NaCl . ........... 75 Tabela 4: Ensaio de mutagênicidade com Salmonella/Microssoma: Corante condição B – 100 ml da solução de 5 mg L-1 do corante azul 291 em 0,2 mol L-1 de Na2SO4. ........ 76 Tabela 5: Ensaio de mutagênicidade com Salmonella/Microssoma: Corante condição C – 100 ml da solução de 5 mg L-1 do corante azul 291 em 0,2 mol L-1 de NaCl após fotoeletrocatálise E=+1,0V e TiO2. ................................................................................ 79 Tabela 6: Ensaio de mutagênicidade com Salmonella/Microssoma: Corante condição D – 100 ml da solução de 5 mg L-1 do corante azul 291 em 0,2 mol L-1 de Na2SO4 após fotoeletrocatálise E=+1,0V e TiO2. ................................................................................ 79 Tabela 7: Ensaio de mutagênicidade com Salmonella/Microssoma: Corante condição E – 100 ml da solução de 5 mg L-1 do corante azul 291 após cloração química com hipoclorito de sódio a 2% de cloro ativo. ....................................................................... 82 Tabela 8: Picos do corante azul 291 identificados por espectrometria de massas antes de qualquer tratamento. ...................................................................................................... 86 Tabela 9: Picos do corante blue 291 identificados por espectrometria de massas após 120 minutos de cloração química convencional. ............................................................ 88 Tabela 10: Picos do corante azul 291 identificados por espectrometria de massas após 120 minutos de fotoeletrocatálise em NaCl 0,2 mol L-1. ................................................ 90 Tabela 11 Picos do corante azul 291 identificados por espectrometria de massas após 120 minutos de fotoeletrocatálise em Na2SO4 0,2 mol L-1. ............................................ 92 Tabela 12: Cálculo da redução da demanda química (DQO) e bioquímica (DBO) de oxigênio durante tratamento de 360 minutos (fotoeletrocatálise e cloração convencional) de um efluente têxtil contendo o corante azul 291. ........................................................ 95 13 SUMÁRIO I. - Introdução ................................................................................................................ 15 I. 1 – Corantes Dispersos .............................................................................................. 17 I. 1.1 – Corante disperso Azul 291 ............................................................................. 22 I. 2 – Fotoeletrocatálise aplicada no tratamento de corantes ........................................ 24 I. 3 – Fotoeletrocatálise aplicada na oxidação de cloreto ............................................. 28 II. - Objetivos ................................................................................................................. 32 III. – Parte Experimental .............................................................................................. 33 III. 1 – Preparação do eletrodo de Ti/TiO2 .................................................................. 33 III. 1.2 – Célula Fotoeletrocatalítica .......................................................................... 34 III. 1.3 – Instrumentação Analítica ........................................................................ 35 III. 1.4 – Procedimento e soluções ...................................................................... 36 III. 2 – Cloração química do corante Azul 291 ........................................................... 37 III. 3 – Testes de atividade mutagênica ....................................................................... 37 III. 4 – Espectrometria de massas ................................................................................ 40 IV. – Resultados e Discussão ......................................................................................... 41 IV. 1 - Análise do corante 291 por CLAE-DAD. ......................................................... 41 IV. 2 - Análise espectrofotométrica do corante azul 291. ............................................ 43 IV. 3 - Efeito do Eletrólito de Suporte e pH. ............................................................... 45 IV. 3.1 - Oxidação fotoeletrocatalítica do corante blue 291 em cloreto de sódio. ...... 45 IV. 3.2 - Oxidação fotoeletrocatalítica do corante blue 291 em sulfato de sódio. .... 48 IV. 3.3 - Oxidação fotoeletrocatalítica do corante blue 291 na ausência de eletrólito de suporte. ................................................................................................. 51 IV. 3.4 - Análise da influência do eletrólito de suporte. ..................................... 53 IV. 4 - Análise dos produtos gerados durante oxidação fotoeletrocatalítica do corante azul 291 por CLAE-DAD. ............................................................................................... 57 IV. 5 - Degradação do corante azul 291 por cloração química convencional. ............ 65 IV. 5.1 - Comparação da oxidação do corante disperso azul 291 submetido à cloração química e cloração fotoeletrocatalítica. ..................................................... 68 IV. 5.2 - Efeito da concentração do corante azul 291 na fotoeletrocatálise. ........ 70 IV. 5.3 - Avaliação da remoção de carbono orgânico total (COT) nos processos de cloração química e fotoeletrocatalítica. .............................................. 73 14 IV. 6 - Avaliação da potencialidade mutagênica do corante disperso azul 291 antes e após tratamento fotoeletroquímico e cloração química. .............................................. 74 IV. 6.1 - Corante azul 291 sem tratamento. ............................................................. 75 IV. 6.2 - Degradação fotoeletrocatalítica do corante azul 291............................. 78 IV. 6.3 - Cloração química do corante blue 291. .............................................. 81 IV. 7 - Análise do produto de degradação fotoeletrocatalítica e cloração química do corante blue 291 por espectrometria de massas. .......................................................... 84 IV. 7.1 - Corante blue 291 sem tratamento. ............................................................. 84 IV. 7.2 - Cloração química convencional do corante blue 291. ............................... 86 IV. 7.3 - Efeito do eletrólito na degradação fotoeletroquímica................................ 88 IV. 7.3.1 - Degradação em meio de cloreto de sódio. ........................................... 88 IV. 7.3.2 - Degradação em sulfato se sódio. ...................................................... 90 IV. 8 - Aplicação em efluente têxtil. ........................................................................... 92 V. - Conclusão ............................................................................................................... 97 Referências ................................................................................................................... 100 15 I. – Introdução A indústria têxtil ocupa posição de destaque no setor da economia mundial, sendo responsável pela produção e utilização anual de aproximadamente 700.000 toneladas de corantes e pigmentos. Entretanto, do ponto de vista ambiental a remoção desses corantes dos rejeitos industriais é um dos grandes problemas do setor têxtil. A perda destes corantes é um processo industrial rotineiro devido á má fixação dos corantes á fibra, que juntamente com outros aditivos compõem um rejeito caracterizado por alta carga orgânica de grande complexidade para ser tratado. Somado á geração de resíduos altamente coloridos, o setor têxtil ainda consome uma grande quantidade de água, como por exemplo, para o processamento de cada quilograma de algodão é consumido em média 200 litros de água [1], que na maioria das vezes não é reutilizada. A coloração em efluentes provenientes de indústrias que utilizam corantes não é apenas meramente um problema estético como se acreditava há alguns anos atrás, mas pode contribuir significativamente para a alta toxicidade dos efluentes causando muitas conseqüências ambientais tais como interferir na penetração dos raios solares sobre a água, interferirem nos processos de fotossíntese, dissolução de oxigênio, modifica ecossistema, pode ainda atingir reservatórios e estações de tratamento de água que quando não tratado de maneira correta pode acarretar graves problemas à saúde da população [2]. Além disto, um problema adicional é a modificação destes poluentes em ambientes aquáticos naturais ou no organismo humano, cujo produto pode ser mais nocivo que o próprio corante por suas propriedades carcinogênicas e potencialidade mutagênica [3-5]. A literatura sobre corantes sintéticos é complexa, pois o mesmo tipo de corante pode possuir diferentes nomenclaturas. Isto ocorre porque os corantes podem ser 16 classificados de duas maneiras, de acordo com sua estrutura química ou, no caso de corantes têxteis, pelo modo que o mesmo é fixado a fibra têxtil [6-7]. Na primeira classificação os corantes são agrupados de acordo com o grupo funcional que atua como cromóforo, tais como: azo, antraquinona, sulfonado, polimetino, nitro, nitroso, arilmetano, xanteno, cumarino e outros [2, 6-7]. Por outro lado, a classificação pelo modo de fixação geralmente é a mais utilizada e refere-se à maneira na qual o corante é aplicado à fibra seguindo 4 tipos de interações químicas: Iônicas, Van der Walls, Ligações de Hidrogênio e Covalentes. Considerando os diferentes tipos de fibras (naturais e sintéticas) neste tipo de classificação encontram-se os corantes reativos, corantes diretos, corantes ácidos, corantes a cuba, corantes de enxofre, corantes dispersos, corantes pré-metalizados e corantes branqueadores [6-7]. Os corantes são denominados de maneira geral como sendo substâncias orgânicas com alto grau de coloração com uma multiplicidade de aplicações seja na indústria têxtil, farmacêutica, de cosméticos, de plásticos, fotográfica, automobilística, de papel e alimentícia [2]. Dentre os diversos aditivos empregados durante o processo de tintura, a utilização de surfactantes/tensoativos nos banhos de tintura é um problema reconhecido. O surfactante tem a função de conferir solubilidade parcial de alguns corantes insolúveis em água [6] e também na sua estabilização e fixação á fibra. De modo geral, estes surfactantes envolvem o corante formando um sistema micelar de natureza coloidal, orientadas de tal forma que os compostos não polares (CORANTES) se orientam para o interior da mesma, reduzindo a tensão superficial da água e criando superfícies iônicas altamente estáveis. Dessa forma, esses surfactantes reduzem a tensão superficial da água, permitindo que o corante entre em contato com a fibra, porque ao mesmo tempo constituem-se de partes polares e apolares [7]. 17 Devido à extensa quantidade de corantes comerciais disponíveis e a escassos estudos de toxicidade, pouco se sabe a respeito dos efeitos mutagênicos e carcinogênicos destes compostos. Estudos recentes têm associado alguns corantes com o câncer de bexiga em humanos, alguns sarcomas, hepatocarcinomas, anomalias nucleares em experimentos com animais e aberrações cromossômicas em células de mamíferos [8]. Portanto, a busca por soluções começa na identificação destes corantes em nível de traço em corpos de água contaminados e águas de abastecimento além do desenvolvimento de tecnologias que permitam descoloração e degradação da sua carga orgânica. I. 1 – Corantes Dispersos. Corantes dispersos são uma família de compostos aromáticos não iônicos, pouco solúveis em água e solúveis em solventes orgânicos. A maioria deles são corantes azos e antraquinona e varias séries de C.I. Disperso Amarelo, Vermelho, Laranja, Roxo, Azul, Verde, Marrom e Preto são comercialmente disponíveis [9]. Dentre uma enorme quantidade de corantes empregados no processamento têxtil os corantes portadores do cromóforo azo têm tido destaque. O sucesso deste grupo de corantes é tal que eles formam a mais ampla classe de corantes disponíveis comercialmente e as estimativas indicam que esta classe representa 65% de toda a produção mundial de corantes [2, 10- 11]. O termo corante azo é aplicado a todos os corantes orgânicos sintéticos contendo um ou mais grupos (-N=N-) ligados a um átomo de carbono com hibridização sp2. Dentre suas aplicações industriais estão a sua utilização nas indústrias têxtil, sendo que nestas as fibras de poliéster, juntamente com as acrílicas e as de poliamida, constituem 18 as fibras sintéticas mais importantes para esta indústria, pois atualmente entram na produção de tecidos finos, de maior valor econômico e maior valor agregado [12]. Os corantes dispersos são essencialmente constituídos de grupos cromóforos, grupos auxocrômicos e outros grupos substituintes tais como aminas secundárias e primárias. Em geral agentes dispersantes são adicionados ao corante produzindo partículas finamente divididas. Essa mistura resulta em uma dispersão estável no banho de tintura [2, 6-7]. Aproximadamente 50% dos corantes dispersos comerciais são constituídos por grupos funcionais monoazo, 25% são antraquinonas, 10% são diazo e outros grupos como benzimidazol, derivados de naftóis constituem o restante. A grande preocupação com respeito a esta classe de corante é devido a seus efeitos poluentes e toxicológicos altamente nocivos, e à grande resistência à degradação [2, 10, 11]. Os riscos toxicológicos e ecológicos destas substâncias são baseados principalmente na avaliação de sua estrutura química, solubilidade, possíveis interações e rotas metabólicas [1-3]. O controle de efluentes industriais de modo geral, tem tradicionalmente se baseado, em normas que controlam parâmetros globais com respostas inespecíficas, tais como conteúdo de orgânico dissolvido (COD) ou demanda química de oxigênio (DQO), enquanto que informações sobre efeitos toxicológicos são desconhecidos. Diversos estudos têm sido propostos na literatura, onde se destaca a importância do controle da toxicidade/genotoxicidade de poluentes em amostras de águas, baseados no uso de micro-organismos, plantas, invertebrados e peixes. No entanto, o acoplamento de informações sobre os principais componentes tóxicos em efluentes, lodos e sedimentos com análise química dos compostos alvos seriam altamente relevantes para uma triagem das contribuições de cada composto na toxicidade final das amostras. 19 Os poucos estudos reportados na literatura para corantes dispersos apontam baixo perfil de toxicidade. A maioria dos problemas relacionados com este tipo de corante é relacionada com os aspectos de sensibilidade cutânea na forma de processos alérgicos e sensibilidade das vias respiratórias desenvolvendo asma e bronquite. No entanto, riscos crônicos envolvendo alta reatividade dos corantes com moléculas de interesse biológico e produtos gerados após etapas de biotransformação quando ingeridos pelo homem ou na presença de organismos vivos em geral são preocupantes. Os corantes dispersos como outros em geral devem ser tratados como compostos exógenos que poderiam entrar no organismo por ingestão, inalação ou absorção através da pele. Quando ingeridos pelo homem, estarão sujeitos aos processos de metabolização usuais, catalisadas pelo sistema do citocromo P-450, que envolve uma família de heme proteínas presente em todos os tipos de células de mamíferos. Reações de oxidação, redução, hidrólise envolvendo clivagem, hidroxilação, formação de espécies radicalares e etc. tem o objetivo de levar a um composto de toxicidade reduzida que possa ser excretado pelo organismo. No entanto, essas reações podem promover alterações químicas que levam á outra função, por exemplo, formação de produtos mais tóxicos que o composto original levando a um aumento da ativação e conseqüente interação com enzimas receptoras, membranas e DNA. Se não houver reparação celular (reparação de DNA, síntese protéica e etc.) pode promover mudanças fisiológicas, danos aos tecidos e desenvolvimento do cancro [3-4, 13-19]. A ocorrência de corantes dispersos em águas superficiais como compostos mutagênicos genotóxicos, e algumas vezes carcinogênicos, é preocupante, pois se torna um contaminante complexo quando na forma diluída ou complexada com metais e moléculas biológicas do meio, promovendo efeitos adversos tanto a saúde humana quanto para a biota nativa. Dados recentemente levantados sobre a 20 mutagenicidade/genotoxicidade de águas superficiais [20] usando diferentes tipos de testes específicos indicam que os efeitos deletérios da presença de azo corantes nos corpos d’água vão muito além da poluição visual (mudanças na intensidade e na tonalidade da coloração das águas). Alguns corantes e seus derivados apresentam potencialidade para promover dano ao material genético. Estudos utilizando microorganismos e células de mamíferos têm demonstrado que vários azo-corantes apresentam atividades mutagênicas e genotóxicas [21-23] e desenvolvimento de câncer de bexiga em trabalhadores expostos a estes compostos [24]. Em adição, a literatura especializada mostra que devido a problemas econômicos, países menos desenvolvidos como Brasil, México, Índia e Argentina, não cessaram completamente a produção de alguns corantes à base de aminas aromáticas carcinogênicas, usualmente por serem de baixo custo e boa fixação sendo encontrados em efluentes lançados por indústrias de tingimento. Embora, raros, a mutagenicidade de alguns corantes tem sido objeto de estudos prévios em águas superficiais [13-14, 25-27]. É importante destacar que vários corantes dispersos baseados no grupo azo como cromóforos requerem ativação metabólica para exibir mutagenicidade, a saber, redução e clivagem da ligação azo em aminas aromáticas, daí a importância de investigar processos oxidativos e redutivos de P-450 acoplados aos testes de mutagenicidade. Na literatura [13-14, 25, 27], ainda há muita controversa sobre a origem da mutagenicidade destes corantes. Isto pode ocorrer devido à catálise redutiva da ligação azo ou processos de redução do grupo nitro por azoredutases e nitroredutases da microflora intestinal ou enzimas do fígado [13-14, 25, 27] ou pela formação de N-hidroxiderivados. Ainda podem ser acetilados por enzimas como O-acetiltransferase gerando íon nitrenium, capaz de reagir com o DNA e formar adutos [27]. Como a principal via de exposição a esse grupo de corantes é a ingestão, é importante considerar a capacidade que alguns 21 deles têm em resistir ao tratamento tanto de efluentes industriais quanto nas Estações de Tratamento de Água (ETAs). Estudos prévios [13-14, 25-27] têm detectado atividade mutagênica até mesmo em água tratada servida para a população. Essa contaminação pode ser correlacionada à presença de corantes e seus produtos derivados gerados após tratamento por cloração de água em estações de tratamento de água [28-31]. Estes trabalhos confirmam que embora poucos há risco da exposição a estes compostos bem como dos produtos formados por etapa de cloração em processos de tratamento e o assunto merece uma atenção especial aos resíduos de corantes e seus derivados em efluentes industriais. Ohe et al. [20] apresentam uma revisão na literatura na tentativa de compilar os diversos estudos na literatura correlacionando natureza química e mutagenicidade/genotoxicidade de águas superficiais. Entre esses trabalhos destaca-se além da identificação de metais pesados, PAHs, aminas heterocíclicas e pragcidas, a ocorrência de alguns corantes do tipo disperso e seus derivados após redução e cloração [16, 20, 32-37]. A genotoxicidade de vários corantes do tipo disperso, especialmente aminoazobenzenos (AAB) tem sido estudadas [38, 39-42]. Muitos corantes pertencentes a este grupo apresentaram respostas mutagênicas em ensaios utilizando-se sistemas de Salmonella e células de mamíferos, e, é claro que a sua potencialidade mutagênica depende da natureza e da posição dos substituintes no que diz respeito a ambos os anéis aromáticos e do átomo de nitrogênio aminico [43]. Por exemplo, 3-metoxi-4- aminoazobenzeno (3-OMe-AAB) é um potente hepatocarcinogênico em ratos e um forte mutagênico em bactérias, enquanto que o 2-metoxi-4-aminoazobenzeno (2-OMe-AAB) é aparentemente um não carcinogênico e um extremamente fraco mutagênico em bactérias [44]. Deste modo, visto que as menores mudanças na molécula podem 22 modificar drasticamente a atividade mutagênica e o potencial carcinogênico, é importante que estes corantes sejam adequadamente testados antes de serem colocados em uso. Deste modo, selecionamos para este trabalho investigar novos métodos de tratamento do corante disperso azul 291 como modelo de corantes da classe dos dispersos, usados na tintura de fibras sintéticas e portadoras de grupo azo como cromóforo. I. 1.1 – Corante disperso Azul 291. Entre os vários tipos de corantes existentes, os do tipo disperso constituem uma classe de corantes que tem merecido atenção. São compostos orgânicos sintéticos pouco solúveis em água, com características hidrofóbicas e aplicados em fibras sintéticas de acetato e triacetato celulose, fibras de poliéster, nylon, acrílico e outras fibras hidrofóbicas através de suspensão utilizando-se de substâncias chamadas agentes surfactantes. Somado a adição de outros agentes necessários ao processo de tintura o descarte destes efluentes constitui um grave problema a ser solucionado, porque a perda desta classe de corantes em águas do banho após tintura envolve ao redor de 50% de toda a quantidade empregada devido a sua baixa solubilidade [12]. O corante Azul 291 (Figura 1) é um corante azo disperso comercial, com estrutura química baseada em um dinitrobromoaminobenzeno usado na indústria têxtil para tintura de poliéster. O composto apresenta propriedades hidrofóbicas, com grande facilidade de ser adsorvido sobre sedimentos do ambiente aquático. Entretanto, como na maioria das vezes é aplicada na presença de surfactante, a suspensão resultante é estável 23 e pode ser arrastado após lançamento em efluentes e atingir estações de tratamento de água [20]. N Br O2N N NO2 NH OCH 3 N(CH 2CH3)2 COCH 3 Figura 1: Estrutura Química do corante disperso azul 291. Estudos prévios da literatura [38] têm demonstrado que o corante disperso Azul 291 caracteriza-se por apresentar alta resposta de atividade mutagênica, comprovada pelo teste de Ames (salmonella/microssoma) utilizando diferentes linhagens, tanto na ausência quanto na presença de ativação enzimática. O teste de salmonella/microssoma envolveu vários anos de pesquisas, nas quais se tentava identificar o mapa dos genes responsáveis pela biossíntese da histidina. No decorrer destas pesquisas, foi produzido um grande número de mutantes de Salmonella typhimurium. As mutações ocorriam no óperom da histidina e se originavam espontaneamente, por radiação, ou induzidas por produtos químicos. Com isso as bactérias não conseguiam crescer na ausência de histidina. Mais tarde observou-se que algumas dessas linhagens podiam ser usadas para identificar e caracterizar mutágenos devido a suas capacidades de reverter à mutação e crescer quando em contato com um mutágeno [45]. Alguns produtos químicos, como aminas aromáticas ou hidrocarbonetos aromáticos policíclicos, necessitam ser metabolizados para exercerem seus efeitos mutagênicos [45]. Como as bactérias não têm o sistema de oxidação, citocromo P-450, usado pelos vertebrados em destoxificação metabólica de compostos exógenos, é importante a presença destes complexos para mimetizar esse sistema nos ensaios [46]. Tal procedimento é feito mediante adição de 24 um homogeneizado de células de fígado de rato pré-tratado com o indutor enzimático Araclor-1254 (S9). Assim os pró-mutágenos, ou seja, substâncias que exercem sua atividade mutagênica após metabolização, podem ser detectadas pela adição de S9 e aos mutágenos de ação direta, ou seja, aqueles que não precisam ser metabolizados para exercerem seu efeito mutagênico são identificados na ausência de S9. No entanto, embora seja um corante potencialmente perigoso aos organismos vivos não há na literatura nenhum estudo visando detectar ou remover este corante do ambiente aquático. Devemos levar em consideração que o fato de encontrar melhores formas de tratamento e reciclagem de efluentes é um tema de interesse imediato devido ao aumento dos custos e da escassez de água em muitos países. Assim, devido á sua comprovada toxicidade e importância comercial na indústria têxtil é altamente relevante investigar novos métodos de análise para monitoramento do corante disperso azul 291, assim como, métodos de degradação mais eficientes para remover o corante de águas residuais da indústria têxtil e para isto pretende-se investigar a potencialidade da técnica fotoeletrocatalítica. I. 2 – Fotoeletrocatálise aplicada no tratamento de corantes. Nos últimos anos, varias tecnologias têm sido desenvolvidas para o tratamento de poluentes ambientais. A oxidação fotocatalítica de compostos orgânicos e redução de íons inorgânicos como método de purificação de água vem sendo investigada nos últimos anos e tem apresentado [47-50] resultados bastante satisfatórios. Dentre os vários semicondutores, o uso de TiO2 como fotocatalisador tem oferecido diversas vantagens: estabilidade fotoquímica, relativa insolubilidade, absorção de radiação UV 25 em comprimentos de onda < 380 nm; potencial redox da banda de valência adequado para catalisar diversas reações; resistência à corrosão em ampla faixa de pH e baixo custo. Embora as reações fotocatalíticas redox sobre superfícies semicondutoras apresentem particularidades, de um modo geral se processa segundo as etapas básicas [51] de excitação com luz de energia maior que o “band gap”(Eg) do semicondutor, geração de pares de elétron/lacuna (e-/h+); aprisionamento de elétrons e lacunas pelas espécies adsorvidas; reações redox entre espécies adsorvidas e cargas fotogeradas e dessorção dos produtos da reação redox e regeneração do semicondutor. De acordo com a literatura [52], o mecanismo de processos de oxidação mediados por TiO2 em meio aquoso é complexo, porém deve ser notado que na maioria das condições não é o poder oxidante das lacunas propriamente dito que atua na oxidação de espécies orgânicas, porém a formação de radical hidroxila (OH•) deve ser considerado, como mostra as equações abaixo: Excitação do semicondutor TiO2 + һν → һ+ bv + e- bc (1) Aprisionamento de cargas һ+ bv + Ti(IV)OH → {Ti(IV)OH●}+ (2) e- bc + Ti(IV)OH → Ti(III)OH (3) Recombinação de cargas e- bc + {Ti(IV)OH●}+ → Ti(IV)OH (4) һ+ bv + Ti(III)OH → Ti(IV)OH (5) Transferência interfacal de cargas {Ti(IV)OH●}+ + RED → Ti(IV)OH + RED+ (6) e- tr + OX → Ti(IV)OH + OX●- (7) Onde, h+ bv e e- bc referem-se á lacuna e elétron fotogerados; bv, bc e tr referem-se a banda de valência do semicondutor, banda de condução e carga no estado aprisionado; RED e OX, um substrato redutor e oxidante, respectivamente. 26 As lacunas possuem tempo de vida muito curto para ser capaz de reagir diretamente sem a concentração de o composto orgânico ser muito alta ou fortemente adsorvida. O potencial de oxidação do radical hidroxila, que é a espécie preferencialmente gerada, é aproximadamente + 2,80 V. [43], suficientemente positivo para oxidar a maioria dos compostos orgânicos. Discussões recentes na literatura têm focalizado a questão da eficiência do processo a fim de tornar o uso da fotocatálise comercialmente atrativo [48]. Para tal, vários aspectos de sua aplicação precisam ser melhorados antes que tais processos possam ser considerados em escala industrial. Um ponto importante é o aumento da área de contato entre a superfície ativa do catalizador e a solução, que tem sido melhorada pelo emprego de filmes porosos de TiO2 obtido pelo método sol-gel [53]. Um segundo ponto é o aumento do tempo de vida de elétrons e lacunas gerados pela excitação eletrônica através de luz ultravioleta, que tem sido abordado pela aplicação de um potencial elétrico constante. Dentro deste contexto a eficiência de processos fotocatalíticos tem melhorado pela combinação das vantagens da fotocatálise com a eletrocatálise [47-49, 54]. A velocidade típica das reações num semicondutor varia de fentosegundos para o aprisionamento de cargas a milissegundos para a transferência interfacial, sendo esta última a etapa limitante da velocidade. O uso de um fotocalizador como fotoânodo onde se pode aplicar um potencial positivo fixo sob iluminação de luz ultravioleta pode aumentar a eficiência do processo fotocatalítico, retardando a recombinação de cargas nas partículas do semicondutor. A técnica de fotoeletrocatálise consiste no uso de um fotocatalizador (eletrodo de trabalho). Neste caso a superfície de titânio (Ti) recoberta com dióxido de titânio (TiO2) é ativada sob iluminação ultravioleta (һν), e separados pela aplicação de um potencial positivo (Eapp) maior que o potencial de banda plana do semicondutor. A 27 eficiência do processo fotocatalítico é aumentada, pois sob gradiente de potencial, os elétrons são redirecionados para o eletrodo (cátodo), retardando a recombinação entre lacunas (һ+) geradas na banda de valência (BV) e elétrons (e-) gerados na banda de condução (BC) do semicondutor (Figura 2). Neste caso, aumenta-se a disponibilidade das lacunas reagirem com H2O ou OH- adsorvidos na superfície do eletrodo para formar radicais hidroxilas, que por sua vez irão atuar na degradação do poluente orgânico. TiO2 → TiO2 – e- bc + TiO2 – һ+ bv (8) TiO2 – һ+ bv + H2O(ads) → TiO2 - OH● (ads) + H+ (9) TiO2 – һ+ bv + OH- (ads) → TiO2 - OH● (ads) (10) Figura 2: Esquema de geração do par elétron-lacuna que ocorre na superfície do semicondutor (TiO2). A potencialidade da técnica de fotoeletrocatálise na oxidação fotoeletrocatalítica de corante reativo da família azo vem sendo investigado pelo grupo de eletroanalítica com resultados bastante promissores [55-56]. Os melhores resultados foram obtidos para o uso de fotoeletrodos construídos de titânio metálico recobertos com nanocamadas 28 de TiO2 (forma anatase) sob potencial controlado e luz ultravioleta. No entanto, nenhum trabalho foi desenvolvido para o corante disperso de interesse (Azul 291). I. 3 – Fotoeletrocatálise aplicada na oxidação de cloreto. A produção de cloro ativo é uma das aplicações tecnológicas mais importantes da eletroquímica. A geração eletrolítica de cloro é proveniente da direta oxidação de cloreto em meio aquoso (equação 1), sobre eletrodos de mercúrio, platina, carbono e óxidos dimensionalmente estáveis. ● Reações Anódicas: - 2Cl- → Cl2 + 2e- (11) - 2H2O → O2 + 4H+ + 4e- (12) - 6OCl- + 3H2O → 2ClO3 - + 6H+ + 4Cl- + 1,5O2 + 6e- (13) ● Reações Catódicas: - 2H2O + 2e- → 2OH- + H2 (14) - OCl- + H2O + 2e- → Cl- + 2OH- (15) - 2 HOCl + OCl- → ClO3 - + 2H+ + 2Cl- (solução) (16) Entretanto, a sua oxidação requer potenciais altamente negativos e a evolução de oxigênio (equação 12) tem sido a reação paralela desfavorável no processo [46]. No catodo há o desprendimento de hidrogênio (equação 14) e redução de hipoclorito (equação 15) como reação paralela. Ainda pode ser complicada pela formação de cloratos como demonstrado nas equações (13) e (16) respectivamente. Para tal, a seleção do material eletródico tem sido relevante na evolução tecnológica do processo. 29 Segundo a literatura [57-59], a concentração total do cloro em processos de tratamento de água é denominada cloro ativo e envolve a soma das três possíveis espécies em solução: cloro (CL2), acido hipocloroso (HOCl) e íon hipoclorito (OCl-), de acordo com as equações: Cl2(aq) + H2O → Cl- + HClO + H+ (17) HClO → ClO- + H+ (18) A proporção relativa dessas formas de cloro ativo é dependente da temperatura e pH do meio. Á temperatura ambiente e 1 mmol L-1 de cloreto, Cl2(aq) é a forma preponderante em meio ácido. A espécie HClO predomina no intervalo de 3,37,5, a espécie OCl- é a forma predominante. Deste modo, o controle do pH tem sido um fator crítico no uso de cloro no tratamento para desinfecção de água. Isso tem mais do que interesse acadêmico se considerarmos que a capacidade do ácido hipocloroso como agente desinfetante é aproximadamente 80 a 100 vezes maior que o íon hipoclorito [57-59]. O uso do processo eletroquímico para geração de cloro como agente desinfetante em águas potáveis [20] tem merecido destaque uma vez que íon cloreto ocorre naturalmente nas águas a serem processadas, em concentração ao redor de 10 - 250 mg L-1. O encorajamento nas investigações envolvendo aplicações de métodos eletroquímicos para desinfecção de água tem se notado devido principalmente à possibilidade de se oferecer uma tecnologia mais limpa sem necessidade de aditivos químicos, ou perigo de manuseamento, estocagem e transporte de compostos perigosos como hipoclorito e gás cloro. Apesar do uso freqüente de cloro ativo para desinfecção de água e da importância do material eletródico na eficiência dos processos 30 eletroquímicos, e das vantagens da técnica fotoeletroquímica, nenhum estudo tem sido encontrado na literatura sobre a aplicação da técnica de oxidação do íon cloreto sobre eletrodos de finos filmes de TiO2 com o intuito de favorecer a geração de cloro ativo. Alguns testes preliminares [60] demonstram que eletrólises de cloretos sobre eletrodos de filmes finos nanocristalinos de TiO2 sob luz UV promove a produção de grande quantidade de cloro radical. Os resultados mostram uma extraordinária diminuição do potencial requerido para geração de cloro ativo em relação aos processos convencionais e maior eficiência na remoção de corantes do tipo reativo. A grande maioria das estações de tratamento de água usa cloro ativo como desinfetante no tratamento de águas de descarte e água potável. Alguns autores indicam que 98% das ETAs usam cloro para a destruição de organismos patogênicos (bactérias, vírus, protozoários e etc.) e com isso fornecer proteção à saúde pública. O cloro também é usado como desinfetante químico poderoso desde 1897 e como agente oxidante em inúmeros processos, principalmente para clareamento. Tem apresentado diversas vantagens como: alta eficiência na inativação de microorganismos pode ser aplicada na forma de sólido, líquido ou gás e apresenta boa solubilidade em água e principalmente apresenta baixo custo. A grande desvantagem é que pode gerar subprodutos tóxicos como compostos halogenados, promover alta corrosão dos materiais metálicos, atacarem membranas de tratamento e ser nocivo ao ser humano e meio ambiente. Estudos sobre aplicação do método fotoeletrocatalítico para geração de cloro ativo em eletrodos de filmes finos de dióxido de titânio tem demonstrado que o processo pode ocorrer de forma similar à oxidação da água/radical hidroxila e levar a geração de radical cloro (como mostra as equações 9 e 10). Considerando que as espécies radicalares formadas na superfície do eletrodo de TiO2 poderia ser um agente oxidante muito mais efetivo que o cloro ativo, este poderia fornecer um processo 31 alternativo muito mais eficiente na degradação de orgânicos, minimizando os subprodutos gerados nesse tipo de cloração. +− −+−→ BVBC h hTiOeTiOTiO 222 ν (19) 2 )(2)(2 2 ClCl ClTiOClhTiO adsadsBV a• −→−+− +•+ (20) Considerando a comprovada mutagênicidade de corantes têxteis do tipo do Azul 291, a utilização de métodos de alta eficiência na degradação destes corantes por meio de tecnologias destrutivas seria de interesse vital para a saúde pública e preservação do meio ambiente. Deste modo, também seria conveniente investigar a potencialidade da técnica de fotoeletrocatálise para produção de cloro radicalar em condições menos drásticas que as rotineiramente utilizadas, de cloração convencional para o tratamento deste tipo de poluente orgânico. A otimização do processo de desinfecção de água baseado na oxidação de cloretos “in situ” utilizando processos fotoeletroquímicos usando potencial eletródico menos negativo que o usualmente requerido seria bastante relevante do ponto de vista eletroquímico. No entanto, considerando que um dos grandes problemas associados ao uso de cloro como agente desinfetante é a possibilidade de formação de organoclorados nocivos ao ser humano e ao meio ambiente é também nosso interesse investigar a potencialidade da técnica de fotoeletrocatálise na degradação dos possíveis organoclorados formados durante o processo e comparar sua eficiência com processos de cloração química convencional. 32 II. – Objetivos Devido ao aspecto relevante da contaminação de águas provenientes do descarte da indústria têxtil e da comprovada mutagênicidade do corante disperso azul 291, é objetivo deste trabalho testar a aplicação da técnica de fotoeletrocatálise para degradação do corante em meio aquoso. Para tal, será comparada a eficiência da técnica na degradação do corante (em meio de sulfato e em meio de cloreto) em comparação ao processo de degradação via cloração química convencional. Os produtos gerados e a cinética de descoloração serão analisados por espectrofotometria na região do UV- Visível, cromatografia líquida de alta eficiência acoplada à detecção de arranjo de diodos, remoção de carbono orgânico total, espectrometria de massas e análise da potência mutagênica pelo teste de Ames. 33 III. – Parte experimental III. 1 – Preparação do eletrodo de Ti/TiO2. Os eletrodos foram preparados via imersão de uma chapa metálica de titânio de 0,5 mm de espessura (Goodfellow Cambridge Ltda.) de 4 x 3 cm em uma suspensão de TiO2 (dip-coating) obtida pela hidrólise de um alcóxido de titânio, conhecido na literatura especializada como processo sol-gel. As soluções de TiO2 foram preparadas usando como precursor tetraisopropóxido de titânio (Aldrich Co.), adicionado a uma solução de ácido nítrico em água deionizada (Milli-Q) mantendo a razão molar de Ti/H+/H2O em 1/0,5/200. O precipitado obtido foi agitado continuamente até completa peptização e então dializado em água deionizada utilizando-se uma membrana de diálise Micropore (3500 MW) até pH em torno de 3,5 e viscosidade dinâmica 5,6 cP. Tudo realizado à temperatura ambiente [61]. O depósito de TiO2 foi realizado adotando-se o seguinte procedimento: Os eletrodos foram lavados com detergente, acetona em banho de ultra-som durante 5 horas e então lavado com água deionizada, secados em estufa e calcinados a 350 °C por três horas. O filme fino foi depositado imergindo o substrato na suspensão do semicondutor e retirando-o a uma velocidade constante, controlado mecanicamente por uma polia. Depois de seco a 100 °C em uma estufa o eletrodo foi calcinado a 350 °C por três horas, completando um ciclo. Quatro ciclos adicionais foram completados [61]. 34 III. 1.2 – Célula Fotoeletrocatalítica. Os experimentos de fotoeletrocatálise foram realizados em um reator desenvolvido no laboratório de Eletroquímica e Eletroanalítica da Unesp-Araraquara, como esquematizado na Figura 3. Figura 3: Esquema do reator fotoeletroquímico de vidro: (1) lâmpada UV de Xe-Hg de 125W, imersa em tudo de quartzo; (2) fotoânodo de Ti/TiO2 (eletrodo de trabalho); (3) capilar de Lüggin e eletrodo de referência (eletrodo de calomelano saturado- - ECS; (4) eletrodo auxiliar de rede de Pt; (5) borbulhador de ar comprimido. Em um reator de vidro com camisa de refrigeração, constituído de um compartimento e volume igual a 250 cm3 foi inserido no centro um tubo de quartzo onde foi instalada uma lâmpada de Xe-Hg para iluminação UV (λ < 350 nm) do fotoânodo de Ti/TiO2 (Área geométrica igual a 12 cm2) (2). No reator foi também instalado um eletrodo de calomelano saturado (3 mol L-1 KCl) como eletrodo de 35 referência imerso em um capilar de Lüggin (3), e um eletrodo auxiliar de rede de platina (4) e um borbulhador de ar comprimido (5). III. 1.3 – Instrumentação Analítica. Um Potenciostato/Galvanostato (EG&G instruments modelo 362) operando sob potencial controlado foi utilizado nas medidas de fotoeletrocatálise. As medidas de pH de todas as soluções foram realizadas em um pHmetro equipado com um eletrodo vidro combinado (Thermo Scientific Orion 3Star pH Benchtop) , após calibrações prévias com padrões adequado (padrão pH 7,0 e 4,0 Orion). A fotodegradação do corante azul 291 via fotoeletrocatálise foi monitorada através da técnica de cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE) com detecção de arranjo de diodos (DAD) efetuadas em um cromatógrafo líquido Shimadzu HPLC SCL- 10AVP. A separação dos componentes foi efetuada utilizando-se uma coluna de fase reversa Shimadzu CLC-ODS (C18) com 25 cm de comprimento, 4,6 mm de diâmetro interno e partículas com diâmetro de 5 µm com porosidade de 100 Å. Previamente à coluna uma pré-coluna do mesmo material, porém com 1 cm de comprimento foi acoplada com o intuito de proteger a coluna principal de impurezas e partículas. As colunas são compostas de sílica gel com grupos octadecil imobilizados na fase estacionária. As amostras antes da injeção (injetor automático) foram filtradas com auxílio de uma seringa em filtros de PTFE de 0,45 µm (Unidade filtrante estéril e descartável marca Millipore modelo Millex®). 36 Espectros de absorção na região do UV-Vis foram registrados em um espectrofotômetro com arranjo de diodos marca HP modelo 8453 realizadas em uma cubeta de quartzo de 1 cm de caminho óptico e faixa espectral de 200 a 800nm. A remoção do carbono orgânico total (COT) oriunda do tratamento do corante foi monitorada por um analisador de carbono orgânico Shimadzu modelo 5000 A. O consumo de oxigênio foi analisado pela demanda química de oxigênio (DQO), utilizando-se o método de refluxo com dicromato (Standard Methods 5220B). Análise da demanda bioquímica de oxigênio (DBO) foi realizada pelo laboratório de análises Centerlab Ambiental de Araraquara [62] (Laudos 7663, 7664 e 7665). III. 1.4 – Procedimento e soluções. Nos experimentos de fotoeletrocatálise utilizou-se como eletrólito de suporte cloreto de sódio (NaCl) e sulfato de sódio (Na2SO4) na concentração de 0,2 mol L-1 em três valores de pH (4, 6 e 8) ajustados com soluções de ácido clorídrico (HCl) e sulfúrico (H2SO4), respectivamente, com concentrações iguais a 0,1 mol L-1. Nos experimentos de fotoeletrocatálise a potencial controlado, utilizou-se 250 mL de uma solução 5 mg L-1 do corante disperso azul 291 dissolvido nos diferentes eletrólitos suporte NaCl ou Na2SO4 e também após dissolução em água sem eletrólito continuo borbulhamento de ar comprimido. Alíquotas do corante foram removidas do compartimento após tempo de tratamento controlado em: 0, 10, 20, 30, 60, 90, e 120 minutos e submetidas a análise espectrofotométrica na região de 200 a 800 nm. As medidas cromatográficas foram realizadas sob condições previamente otimizadas de: fase móvel contendo 85% de acetonitrila e 15% de água e vazão de 1,0 37 ml por minuto sob temperatura da coluna constante igual a 40 °C. Todos os reagentes utilizados foram de grau HPLC. III. 2 – Cloração química do corante Azul 291. A oxidação química por cloração convencional do corante orgânico disperse azul 291 foi realizada utilizando-se adição de quantidade controlada de hipoclorito de sódio em solução contendo 5 mg L-1 do corante em 0,2 mol L-1 de NaCl. A concentração de hipoclorito comercial foi padronizada usando método volumétrico convencional [63] e ofereceu uma concentração de cloro ativo igual a 2,00 % (v/v). O procedimento adotado para o estudo da oxidação química do corante orgânico azul 291 foi realizada com a adição de hipoclorito de sódio na mesma concentração de cloro ativo gerado durante 90 minutos de fotoeletrocatálise. As amostras do experimento conduzido para oxidação de 0,2 mol L-1 de NaCl submetidos a potencial controlado de + 1,0 V gerou 800 mg L-1 [60], ou seja, 8,5 ml de hipoclorito de sódio à 2,00 % (v/v) de cloro ativo. Deste modo amostras de 200 ml da solução do corante Blue 291 foram ajustadas para pH igual a 7 e tratadas com 8,5 ml de NaClO 2,00%. Amostras foram coletadas após tempo de reação de: 0, 10, 20, 30, 60, 90 e 120 minutos e comparadas com os dados obtidos após oxidação fotoeletrocatalítica. III. 3 – Testes de atividade mutagênica. O teste Salmonella/microssoma com as linhagens TA98 e YG1041 com e sem S9 foi utilizado para avaliar a atividade mutagênica do corante azul 291 e dos produtos de degradação. Utilizou-se o protocolo [64] de incorporação em placa com pré- 38 incubação: culturas (100µL) de Salmonella typhimurium das linhagens TA98 e YG1041 (uma derivação da linhagem TA98, capaz de produzir altos níveis de nitroredutase e O- acetiltransferase) [65], provenientes de ampolas de uso rotineiro, foram inoculadas em 20 mL de caldo nutriente e crescidas por 16 horas a 37 °C sob agitação. Após crescimento, as culturas foram mantidas sob refrigeração até o momento do teste. Em tubos previamente esterilizados foram colocados 100 µL da cultura (aproximadamente 109 células mL-1), 100 µL da solução teste (do corante ou dos produtos) e 500 µL de tampão fosfato 0,2 mol L-1, para o ensaio na ausência de ativação metabólica, ou o mesmo volume da mistura S9 para o ensaio na presença de ativação metabólica. Os tubos foram homogeneizados e incubados a 37 °C por 30 minutos sem agitação. Após incubação, foram adicionados 2,0 mL de agár de superfície; então, a mistura foi homogeneizada e vertida em placa de Petri com 20 mL de agár mínimo. As placas foram incubadas invertidas, por 66 horas em temperatura de 37 °C (±0,5 °C). As colônias foram contadas avaliando-se a taxa de reversão espontânea das linhagens. Os resultados foram estatisticamente analisados pelo modelo de Bernstein, utilizando o programa Salanal. Os resultados foram expressos em revertentes/mg de composto testado. A fração S9 foi preparada a partir de microssomas de célula de fígado de rato [66], tratados com o indutor enzimático AROCLOR 1254 (MolTox, Boone, NC). A mistura S9 foi preparada na concentração 4% v/v e mantida em banho de gelo durante os experimentos. Água ultrapura estéril foi empregada como controle negativo. Os controles positivos foram 4-nitroquinolina (Acros) 0,25 µg/placa e 2-aminoantraceno (Sigma- Aldrich) 2,5µg/placa para ambas as linhagens na ausência e presença da mistura S9, respectivamente. As amostras foram consideradas positivas quando se obteve uma 39 ANOVA significativa e uma dose resposta. As amostras anterior e após o processo de oxidação (os veículos também) foram dissolvidas em 60 mL de água ultrapura estéril em uma concentração de corante de 0,83 mg L-1. Os veículos usados foram cloreto de sódio e sulfato de sódio, e as soluções destes sais foram testadas como controles negativos (branco). Cinco doses variando de 0,05 a 2,00 mL por placa foram testadas em duplicatas, ambas na presença e na ausência da mistura S9. As correspondentes doses em µg de corante são apresentadas nas tabelas 4-8. Pela linhagem YG1041 ser mais sensível que a TA98 ao corante disperso blue 291 [25] as doses não foram as mesmas para ambas a linhagens. Esta modificação foi necessária devido às limitações quantitativas da amostra. Resultados de testes empregando estas linhagens são úteis para a compreensão do papel da redução do grupo nitro na mutagenicidade de certos compostos. Assim, o ensaio Salmonella/microssoma, apesar de ser um teste bacteriano, é uma ferramenta importante capaz de predizer os possíveis efeitos desses compostos para a saúde humana após ingestão, pois a Salmonella é uma enterobactéria, com características metabólicas similares à flora intestinal de mamíferos. Outro teste é realizado testando-se também o sistema de metabolização exógeno (S9). Alguns compostos químicos necessitam ser metabolizados para exercerem seus efeitos mutagênicos [45]. Como as bactérias não têm o sistema de oxidação Citocromo P-450 usado pelos vertebrados em destoxificação metabólica de compostos exógenos é importante mimetizar esse sistema nos ensaios. Tal procedimento é feito mediante adição de um homogeneizado de células de fígado de rato pré-tratado com o indutor enzimático Araclor-1254 (S9), conforme descrito na seção experimental. Assim os pró- mutágenos, ou seja, substâncias que exercem sua atividade mutagênica após metabolização serão detectadas pela adição de S9, e os mutágenos de ação direta, ou 40 seja, aqueles que não precisam ser metabolizados para exercerem seu efeito mutagênico serão identificados na ausência de S9. Todos os ensaios são sempre realizados comparando-se com controles negativos e positivos, de forma a assegurar a capacidade de resposta da linhagem e a eficácia do sistema de ativação metabólica. III. 4 – Espectrometria de massas. A análise da degradação quanto a possíveis subprodutos organoclorados formados durante a cloração química e a fotodegradação foi analisada através da técnica de espectrometria de massas através de um equipamento UltrOTOFQ – ESI-TOF Mass Espectrometer da fabricante Bruker Daltonics, Billerica, MA, EUA. Este aparelho é de alta resolução necessitando de calibração interna e externa antes de realizar as análises. Usa-se para a calibração interna uma solução de Na-TFA a 10 mg/ml (TOF). Para a realização das análises foi utilizado uma bomba de infusão com uma vazão de 300 µl/h, End plate 4000 volts, Capillary 4500 volts, Capillary exit 300 volts, Skimmer 1 de 55 volts, Skimmer 2 de 25 volts, transfer 90 µs, collision exit gate 65 µs, dry gas temperature 160 C, dry gas flow de 4 l.min-1, Neb. Gas Pressure de 2 bar e o gás usado no caso é o nitrogênio. A fase móvel usada para a solubilização das amostras foi acetonitrila, e o modo de detecção foi positivo para a realização das análises. As amostras antes da injeção foram filtradas com auxílio de uma seringa em filtros de PTFE de 0,45 µm (Unidade filtrante estéril e descartável marca Millipore modelo Millex®). 41 IV. – Resultados e Discussão IV. 1 – Análise do corante 291 por CLAE-DAD. Investigaram-se primeiramente as melhores condições experimentais para separação e detecção do corante azul 291 por cromatografia líquida de alta eficiência usando detector de arranjo de diodos (CLAE-DAD). Os parâmetros cromatográficos foram otimizados testando várias combinações e a melhor condição foi: composição da fase móvel ACN/H2O 85/15%, vazão de 1 ml/min e temperatura da coluna de 40 ºC. Onde se obteve melhor separação dos componentes presentes na formulação comercial do corante 291, como mostrado na Figura 4. A ocorrência de um pico bem definido em menor intensidade no tempo de retenção (tr) igual a 5,7 minutos corresponde à provável na amostra e não foi considerado. Após a otimização dos parâmetros cromatográficos fez-se uma curva analítica da área dos picos do corante azul 291 que elue em 8,34 minutos vs concentração para o corante investigado. Os cálculos do limite de quantificação (LOQ) e do limite de detecção (LOD) foram determinados usando injeções de 20 µl realizadas em triplicatas e a respectiva curva é apresentada na Figura 5. 42 0 2 4 6 8 10 12 14 16 tempo de retenção (min) Figura 4: Perfil cromatográfico de uma solução 5 mg.L-1 do corante disperso azul 291 que elue em 8,34 minutos. Fase móvel Acetonitrila/Água 85:15, temperatura da coluna 40°C e vazão 1,0 ml/min. 0 2 4 6 8 10 12 0 20000 40000 60000 80000 100000 120000 140000 Á re a ( m A u) Concentração ( mg L-1) Figura 5: Curva analítica obtida a partir da solução do corante disperso azul 291. Fase móvel Acetonitrila/Água 85:15, temperatura da coluna 40°C e vazão 1,0 ml min-1. 43 A equação da curva analítica e os valores de seu limite de detecção e de quantificação são reportados na Tabela 1. Tabela 1: Resultados obtidos da curva analítica para a determinação cromatográfica do corante disperso azul 291 pela técnica de CLAE-DAD, na faixa entre 1ppm a 11ppm, e limites de detecção e quantificação obtidos pela metodologia proposta. Corante Equação da curva r2 LOD (mg.L-1) LOQ (mg.L-1) Blue 291 A = -3400,75 + 12435,97C 0,9962 0,59 1,96 A = Área (mAU); C = concentração (ppm/mg.L-1); r2 = coeficiente de correlação linear ; LOD = Limite de Detecção; LOQ = Limite de Quantificação Como pode ser observado na curva analítica da Figura 5, o intervalo estudado (1 até 11 mg.L-1) mostrou-se linear pela técnica de CLAE-DAD. O valor de correlação (r2) foi de 0,9962 (Tabela 1) sendo o método de análise viável. Para este trabalho foram seguidas as recomendações da IUPAC [67], que propõe o cálculo do limite de detecção baseado na relação LOD = 3x(SD/B), onde o SD é o desvio padrão do eixo y calculado a partir a regressão linear da curva analítica e B a inclinação da reta da curva analítica (coeficiente angular). O limite de quantificação (LOQ) é determinado de acordo com a equação: LOQ = 10 x(SD/B), cujos parâmetros (SD – desvio padrão e B – coeficiente angular) são baseados na resposta da inclinação da curva analítica. IV. 2 – Análise espectrofotométrica do corante azul 291. A espectrofotometria baseia-se na absorção de radiação eletromagnética por determinadas funções na molécula, quando os seus elétrons se movimentam entre níveis energéticos [68]. Uma vez que diferentes substâncias têm diferentes padrões de absorção, a espectrofotometria permite-nos, por exemplo, identificar substâncias com 44 base no seu espectro [69]. Permite também quantificá-las, uma vez que a quantidade de luz absorvida está relacionada com a concentração da substância, segundo a Lei de Lambert-Beer. Dessa forma procedeu-se a análise do componente singular da amostra através do acompanhamento do espectro de absorção. Devido à baixa concentração do corante e sua baixa absortividade molar, o espectro de absorção na região do UV-VIS para solução 5 mg L-1 do corante Disperso azul 291 foi obtido pelo registro em cromatogramas CLAE-DAD em modo hidrodinâmico correspondente ao tempo de retenção de 8,34 minutos, o qual é apresentado na Figura 6. 200 300 400 500 600 700 800 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 210 290 613 A bs or bâ nc ia λ (nm) Figura 6: Espectro de absorbância na região do UV-VIS obtidos por detecção de arranjo de diodos para o pico singular do corante disperso azul 291 (613 nm) que elue em 8,34 minutos; Fase móvel ACN/H2O 85:15, T = 40°C, Vazão = 1mL min-1. O espectro obtido para o corante azul 291 apresenta absorção máxima em 613 nm, banda atribuída a transições ns → π do grupo azo (presente nas estruturas das 45 moléculas) e absorções ao redor de 290 nm presente na região do UV é atribuída à transição π → π * do grupo azo [2]. Quanto ao pico em 210 nm provavelmente é devido à insaturações do anel aromático e outras densidades eletrônicas que permitem excitação. IV. 3 – Efeito do Eletrólito de Suporte e pH. IV. 3.1 – Oxidação fotoeletrocatalítica do corante blue 291 em cloreto de sódio. Soluções aquosas contendo 5 mg L-1 do corante azul 291 foram submetidas à oxidação fotoeletrocatalítica em NaCl 0,2 mol L-1, sob valores de pH 4, 6 e 8. As soluções foram irradiadas com luz UV e submetidas à concomitante potencial de +1,0V. Os respectivos espectros obtidos pelo modo CLAE-DAD são apresentados nas figuras 7, 8 e 9, para os pH 4, 6 e 8 respectivamente. 200 300 400 500 600 700 800 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 210 290 613 A bs or bâ nc ia λ (nm) Figura 7: Espectro de absorbância na região do UV-VIS das alíquotas removidas durante a fotoeletrocatálise em meio de 0,2 mol L-1 de íons cloreto a pH igual a 4, E=+1,0V fotoânodo Ti/TiO2. Espectros obtidos por detecção de arranjo de diodos para o pico do corante disperso azul 291 que elue em: 8,34 minutos. 46 200 300 400 500 600 700 800 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 210 290 613 A bs or bâ nc ia λ (nm) Figura 8: Espectro de absorbância na região do UV-VIS das alíquotas removidas durante a fotoeletrocatálise em meio de 0,2 mol L-1 de íons cloreto a pH igual a 6, E=+1,0V fotoânodo Ti/TiO2, Espectros obtidos por detecção de arranjo de diodos para o pico do corante disperso azul 291 que elue em: 8,34 minutos. 200 300 400 500 600 700 800 -0,2 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 210 290 613 A bs or bâ nc ia λ (nm) Figura 9: Espectros de absorbância na região do UV-VIS das alíquotas removidas durante a fotoeletrocatálise em meio de 0,2 mol L-1 de íons cloreto a pH igual a 8, E=+1,0V fotoânodo Ti/TiO2, Espectros obtidos por detecção de arranjo de diodos para o pico do corante disperso azul 291 que elue em: 8,34 minutos. 47 As análises desses espectros indicam que a fotoeletrocatálise foi eficaz tanto para remover a banda do cromóforo após 120 minutos em todos os valores de pH estudados tanto para diminuir as bandas da região do ultravioleta, sugerindo que também os centros aromáticos do corante estão sendo degradados. Para uma melhor comparação entre os pH estudados colocou-se em gráfico a porcentagem de remoção da cor durante os experimentos sob diferentes valores de pH, monitorando-se a diminuição da banda de absorção em 613 nm. O respectivo gráfico é mostrado na figura 10. 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 % r em oç ão d e co r tempo (min) pH 4 pH 6 pH 8 Figura 10: Porcentagem de remoção de cor da solução do corante disperso azul 291 5 mg L-1 em diferentes valores de pH por tempo de fotoeletrocatálise realizada em meio de 0,2 mol L-1 de íons cloreto, E=+1,0V fotoânodo Ti/TiO2. Os gráficos apontam que a fotoeletrocatálise em meio de 0,2 mol L-1 de íons cloreto é mais eficiente em pH 6. Após 10 minutos de fotoeletrocatálise as porcentagens de remoção de cor eram aproximadamente de 25%, 60% e 40% nos valores de pH 4, 6 e 8 respectivamente. No entanto, após 60 minutos de fotoeletrocatálise observa-se 98 % 48 de remoção em pH 6, enquanto que em pH 4 e 8 apenas 83 e 82 % respectivamente. Após 120 minutos de fotoeletrocatálise 100% de remoção é obtida em pH 6 e 95% para os valores de pH 4 e 8, no entanto em todos os experimentos observa-se boa eficiência de degradação. IV. 3.2 – Oxidação fotoeletrocatalítica do corante blue 291 em sulfato de sódio. Com intuito de comparar a influência do eletrólito na eficiência da fotoeletrocatálise para descolorir o corante azul 291 realizou-se outra série de experimentos mudando-se o eletrólito de suporte de cloreto para sulfato. A remoção da cor durante a fotoeletrocatálise em meio contendo 0,2 mol L-1 de íons sulfato (Sulfato de sódio) foi avaliada nas mesmas condições experimentais de pH (4, 6 e 8). Alíquotas foram removidas nos tempos de 0, 10, 20, 30, 60, 90 e 120 minutos e os respectivos espectros obtidos pelo modo CLAE-DAD são apresentados nas figuras 11, 12 e 13, para os pH 4, 6 e 8 respectivamente. Os resultados obtidos indicam que a remoção de cor através da técnica de fotoeletrocatálise em Na2SO4 é rápida e eficiente em todos os valores de pH investigados. Após 120 minutos de fotoeletrocatálise em meio de 0,2 mol L-1 de íons sulfato em pH 6 observa-se total remoção da banda em 613 nm. Para melhor comparação entre os resultados foi colocado em gráfico à porcentagem de remoção de cor por tempo de fotoeletrocatálise, cujo gráfico é apresentado na figura 14. 49 200 300 400 500 600 700 800 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 210 A bs or bâ nc ia λ (nm) 613 290 Figura 11: Espectro de absorbância na região do UV-VIS das alíquotas removidas durante a fotoeletrocatálise em meio de 0,2 mol L-1 de íons sulfato a pH igual a 4, E=+1,0V, fotoânodo Ti/TiO2, Espectros obtidos por detecção de arranjo de diodos para o pico do corante disperso azul 291 que elue em 8,34 minutos. 200 300 400 500 600 700 800 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 210 A bs or bâ nc ia λ (nm) 613 290 Figura 12: Espectro de absorbância na região do UV-VIS das alíquotas removidas durante a fotoeletrocatálise em meio de 0,2 mol L-1 de íons sulfato a pH igual a 6, E=+1,0V, fotoânodo Ti/TiO2, Espectros obtidos por detecção de arranjo de diodos para o pico do corante disperso azul 291 que elue em 8,34 minutos. 50 300 400 500 600 700 800 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 290 613 A bs or bâ nc ia λ (nm) Figura 13: Espectro de absorbância na região do UV-VIS das alíquotas removidas durante a fotoeletrocatálise em meio de 0,2 mol L-1 de íons sulfato a pH igual a 8, E=+1,0V, fotoânodo Ti/TiO2, Espectros obtidos por detecção de arranjo de diodos para o pico do corante disperso azul 291 que elue em 8,34 minutos. 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 % r em oç ão d e co r tempo (min) pH 4 pH 6 pH 8 Figura 14: Porcentagem de remoção de cor da solução do corante disperso azul 291 5 mg L-1 em diferentes valores de pH por tempo de fotoeletrocatálise realizada em meio de 0,2 mol L-1 de íons sulfato, E=+1,0V fotoânodo Ti/TiO2. 51 Verificou-se que a fotoeletrocatálise em meio de 0,2 mol L-1 de íons sulfato também apresenta melhor eficiência quando realizada em pH 6. Após 10 minutos de fotoeletrocatálise as porcentagens de remoção de cor eram aproximadamente de 15%, 35% e 21% para os valores de pH 4, 6 e 8 respectivamente. Após 60 minutos de fotoeletrocatálise em pH igual a 6 já se observa 85 % de remoção de cor e apenas 70 % nos valores de pH 4 e 8. Para todos observam-se valores máximos de 86, 100 e 90% após 120 minutos de fotoeletrocatálise em valores de pH 4, 6 e 8 respectivamente. IV. 3.3 – Oxidação fotoeletrocatalítica do corante blue 291 na ausência de eletrólito de suporte. Com o intuito de comparar a influência da adição do eletrólito de suporte na eficiência da fotoeletrocatálise para descolorir o corante azul 291 realizou-se outra série de experimentos sem a adição do eletrólito à solução. Alíquotas foram removidas nos tempos de 0, 10, 20, 30, 60, 90 e 120 minutos e os respectivos espectros obtidos pelo modo CLAE-DAD são apresentados na figura 15. O efeito do eletrólito sobre a eficiência da fotoeletrocatálise na degradação do corante é comparado na figura 16. A análise deste gráfico sugere uma grande diferença entre a adição ou não de um eletrólito suporte visto que 100% de remoção da cor é obtido apenas após 120 minutos de fotoeletrocatálise em ambos os eletrólitos, enquanto que aproximadamente 65% de remoção é obtida na fotoeletrocatálise realizada na ausência de um eletrólito de suporte. 52 200 300 400 500 600 700 800 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 210 290 613 A b s o rb â n c ia λλλλ (nm) Figura 15: Espectro de absorbância na região do UV-VIS das alíquotas removidas durante a fotoeletrocatálise realizada na ausência de eletrólito de suporte, E=+1,0V, fotoânodo Ti/TiO2, Espectros obtidos por detecção de arranjo de diodos para o pico do corante disperso azul 291 que elue em 8,34 minutos. 0 20 40 60 80 100 120 0 20 40 60 80 100 % r em oç ão d e co r tempo (min) íons cloreto pH 6 íoms sulfato pH 6 sem eletrólito Figura 16: Porcentagem de remoção de cor da solução do corante disperso azul 291 5 mg L-1 na presença e na ausência de eletrólito de suporte, E=+1,0V fotoânodo Ti/TiO2. 53 IV. 3.4 – Análise da influência do eletrólito de suporte. O decaimento inicial da absorbância do corante em λ igual a 613 nm em função do tempo de fotoeletrocatálise foi investigado para cloreto e sulfato considerando-se as leis de velocidade. Gráficos de ln A°/A vs tempo mostraram relações lineares para degradação em cloreto, sulfato e sem eletrólito em pH 4, 6 e 8 como mostra a Figura 17. As constantes de velocidade obtidas pelo coeficiente angular das retas são apresentadas na Tabela 2. 0 10 20 30 0,0 0,6 1,2 1,8 2,4 ln A ° / A tempo (min) Figura 17: Gráfico do decaimento inicial da absorbância máxima do corante azul 291 durante o experimento de fotoeletrocatálise realizado em: NaCl 0,2 mol L-1 nos pH 4 (■), 6 (●) e 8 (▲); Na2SO4 0,2 mol L-1 nos pH 4 (□), 6 (○) e (�); e na ausência de eletrólito de suporte (����). 54 Tabela 2: Constantes de descoloração para a oxidação fotoeletrocatalítica do corante disperso azul 291 em eletrodo de Ti/TiO2, em diferentes eletrólitos de suporte, nos pH estudados, Concentração do corante Blue 291 = 5mg L-1, λ = 613nm. Eletrólito de Suporte pH Constante de degradação k (min-1) NaCl 0,2 mol L-1 4 0,0431 6 0,0691 8 0,0525 Na2SO4 0,2 mol L-1 4 0,0342 6 0,0490 8 0,0312 Sem eletrólito 7 0,0080 Estes resultados mostram que a reação de degradação para o corante disperso azul 291 é de pseudo primeira ordem. Os resultados obtidos confirmam que a fotoeletrocatálise realizada em meio contendo íons cloreto é mais eficiente na remoção da cor comparada à realizada em meio de íons sulfato, visto que a maior constante de degradação foi de 0,0691 min-1 para a fotoeletrocatálise realizada em meio de cloreto em pH 6 enquanto que o valor de 0,0490 min-1 são obtidos para a fotoeletrocatálise realizada em meio contendo sulfato. Em comparação com a adição de um eletrólito de suporte ao experimento foi calculada a constante de fotodescoloração para a oxidação fotoeletrocatalítica realizada na ausência de um eletrólito de suporte. O valor para a constante é de 0,0080 min-1 (Tabela 2), sendo aproximadamente nove vezes menor que o valor encontrado para a fotoeletrocatálise realizado em meio contendo íons cloreto (0,691 min-1), o que mostra ser indispensável a adição de um eletrólito de suporte ao experimento fotoeletrocatalítico. Após ativação de um semicondutor pela irradiação ultravioleta, com comprimento de onda menor que 380 nm há excitação dos elétrons da banda de valência para a banda de condução. A excitação produz lacunas (h+) na banda de valência que 55 atuarão como sítios oxidantes, enquanto os elétrons (e-) fotogerados combinam com o oxigênio dissolvido evitando a recombinação do par elétron lacuna [70-71] formando inicialmente o íon-radical superóxido (O2 -•) e posteriormente peróxidos [58-59]. Este último pode reagir com o elétron fotogerado (ou íon-radical superóxido) formando radicais •OH [72]. Neste mecanismo, tanto a água molecular como a dissociada (grupos OH- ligados na superfície do TiO2) reagem com as lacunas h+ fotogerados para formar radicais hidroxilas (Eº=2,73V) altamente oxidantes [71]. Embora as reações fotocatalíticas redox sobre superfícies semicondutoras apresentem particularidades, de um modo geral, se processam segundo as etapas básicas: 1) Primeiramente ocorre a excitação eletrônica do semicondutor pela luz de energia maior que o “band gap”, sendo que os elétrons (BV) são fotoexcitados para a banda de condução (BC), gerando os elétrons na banda de condução (e- BC) e lacunas na banda de valência (h+ BV) como demonstrado na equação 21. TiO2 +hν → TiO2 (e - BC + h+ BV) (21) 2) O oxigênio adsorvido atua como um aceptor do elétron fotogerado, inibindo a recombinação do par elétron-lacuna (equação 22). O2 (ADSORVIDO) + e- (BC) → O2 -• (22) 3) A água dos grupos OH- adsorvidos na superfície do semicondutor na presença da lacuna fotogerada dão origem aos radicais hidroxilas altamente oxidantes (equações 23 e 24). 56 h+ BV + TiO2-H2OADSORVIDA → •OH + H+ (23) h+ BV + TiO2-OH- ADSORVIDA → •OH + H+ (24) 4) A matéria orgânica pode ser degradada diretamente na superfície do semicondutor pela lacuna fotogerada, ou através do radical hidroxila, podendo ocorrer a mineralização completa das espécies orgânicas (equações 25 e 26). h+ BV + Matéria orgânica → CO2 + H2O (25) •OH + Matéria orgânica → CO2 + H2O (26) 5) E finalmente a desorção dos produtos da reação redox e regeneração do semicondutor. Este procedimento seria esperado em processo fotoeletrocatalítico contendo sulfato como eletrólito de suporte. No entanto, para os experimentos de fotoeletrocatálise conduzidos em meio de íons cloreto é possível supor que íons Cl- adsorvidos na superfície do eletrodo de Ti/TiO2 pode levar à geração fotoeletrocatalítica de radicais cloro que poderiam ser recombinados à cloro ativo segundo a equação 27. TiO2 − h+ vb + Cl- ads → TiO2 − Cl• ads → 2Cl● → Cl2 (sol) (27) Paralelamente, a reação de radicais hidroxila na presença de Cl- poderiam levar à formação de radicais Cl● ou Cl2• - segundo a equação 28: ( ) − •− − •⇔•⇔•⇔+• + 2 2 ClClHOClClHO ClOHH (28) 57 Considerando que radicais cloro (E°=2,55V) são agentes oxidantes mais eficientes que cloro ativo (E°=1,36V) a degradação fotoeletrocatalítica do corante seria facilitada em meio de cloreto levando à total descoloração da solução do corante disperso azul 291. Deste modo podemos concluir que processos fotoeletrocatalíticos conduzidos em meio ácido podem ser favorecidos pela adsorção preferencial do cloreto em detrimento da água na superficie do eletrodo, o qual potencializa o processo de fotoeletrocatálise pois diminui a recombinação. A ausência de eletrólito pode impedir a formação do gradiente de potencial na interface eletrodo/solução, diminuindo o fluxo de lacunas para a superfície. Deste modo, a fotoeletrocatálise em meio 0,2 mol L-1 de cloreto de sódio como eletrólito de suporte pode ser uma alternativa eficiente para a remoção do corante disperso azul 291 com boa eficiência nos três valores de pH estudados, sendo que aparentemente é mais eficiente em meio levemente ácido onde a adsorção de íons cloreto é maior [60]. IV. 4 – Análise dos produtos gerados durante oxidação fotoeletrocatalítica do corante azul 291 por CLAE-DAD. Conhecendo-se o perfil cromatográfico para a amostra em uma solução aquosa 5 mg L-1 que apresenta um pico bem definido em tempo de retenção de 8,34 minutos foi realizado um acompanhamento da degradação fotoeletrocatalítica em meio contendo 0,2 mol L-1 de íons cloreto nos valores de pH iguais a 4, 6 e 8. Os respectivos cromatogramas são apresentados nas figuras 18, 19 e 20, respectivamente para todos os pH. 58 4 6 8 10 12 14 16 120 min 90 min 60 min 30 min 20 min 10 min 0 min 1000 mAU tempo de retenção (min) Figura 18: Perfil cromatográfico (HPLC/UV) da amostra comercial do corante disperso azul 291 em meio NaCl 0,2 mol L-1 pH 4 obtido a 613nm nos respectivos tempos de fotoeletrocatálise , E=1,0V fotoânodo Ti/TiO2. 4 6 8 10 12 14 16 120 min 90 min 60 min 30 min 10 min 20 min 1000 mAu tempo de retenção (min) 0 min Figura 19: Perfil cromatográfico (HPLC/UV) da amostra comercial do corante disperso azul 291 em meio NaCl 0,2 mol L-1 pH 6 obtido a 613nm nos respectivos tempos de fotoeletrocatálise , E=1,0V fotoânodo Ti/TiO2. 59 4 6 8 10 12 14 16 0 min 120 min 90 min 60 min 30 min 20 min 1000 mAU tempo de retenção (min) 10 min Figura 20: Perfil cromatográfico (HPLC/UV) da amostra comercial do corante disperso azul 291 em meio NaCl 0,2 mol L-1 pH 8 obtido a 613nm nos respectivos tempos de fotoeletrocatálise , E=1,0V fotoânodo Ti/TiO2. A análise dos cromatogramas indica que a fotoeletrocatálise foi mais bem sucedida na degradação do corante disperso azul 291 em pH 6, onde se observa 100% de remoção do pico do corante em apenas 90 minutos de experimento. Nos valores de pH 4 e 8 também se observa grande diminuição do sinal do corante, porém o mesmo ainda persiste após 120 minutos. Para melhor visualizar os resultados obtidos analisando os cromatogramas acima, foi feito um gráfico de área (área em um tempo t (Af) pela área no tempo zero da fotoeletrocatálise (Ai)) por tempo de fotoeletrocatálise (figura 21), que confirma este resultado. Nas condições cromatográficas utilizadas nenhum intermediário foi detectado. 60 0 20 40 60 80 100 120 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 A f / A i tempo (min) pH 4 pH 6 pH 8 Figura 21: Gráfico de área (Af / Ai) versus tempo da fotoeletrocatálise de 5 mg L-1 do corante disperso azul 291 em NaCl 0,2 mol L-1 em valores de (■) pH 4; (●) pH 6 e (▲) pH 8, sob potencial de + 1,0 V e fotoânodo de Ti