UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA CAMPUS DE BOTUCATU SUSCEPTIBILIDADE AO ESTRESSE, DESEMPENHO E QUALIDADE DE CARNE DE SUÍNOS DE DIFERENTES CATEGORIAS DE CASTRAÇÃO E NÍVEIS DE RACTOPAMINA NATÁLIA BORTOLETO ATHAYDE Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Zootecnia como parte das exigências para obtenção do Título de Doutor em Zootecnia. BOTUCATU - SP Junho - 2013 UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA CAMPUS DE BOTUCATU SUSCEPTIBILIDADE AO ESTRESSE, DESEMPENHO E QUALIDADE DE CARNE DE SUÍNOS DE DIFERENTES CATEGORIAS DE CASTRAÇÃO E NÍVEIS DE RACTOPAMINA NATÁLIA BORTOLETO ATHAYDE Zootecnista ORIENTADOR: PROF. DR. ROBERTO DE OLIVEIRA ROÇA CO-ORIENTADOR: DR. OSMAR ANTONIO DALLA COSTA Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Zootecnia como parte das exigências para obtenção do Título de Doutor em Zootecnia. BOTUCATU - SP Junho – 2013 iii iv “Lute com determinação. Abrace a vida com paixão. Perca com classe e vença com ousadia. Porque o mundo pertence a quem se atreve e a vida é muito para ser insignificante.” Charles Chaplin “Insista, persista e não desista!” Autor desconhecido “Deus olha por todos. Mas em nós, ele foca!” Autor desconhecido v Dedico este trabalho... À pessoa que contribuiu de forma assídua e necessária, À quem sempre me incentivou e apoiou; À quem me motivou e efetivamente orientou; À quem, em momento algum, deixou de acreditar na minha competência; Àquele que começou como mestre e “terminou” como um grande amigo... Roça, esta é para você! vi Agradecimentos Esta seção de agradecimentos tem valor especial para mim porque é o espaço que tenho para agradecer as tantas formas de apoio que recebi neste período de planejamento, realização do experimento, adaptações a novas cidades, novas casas, novas situações e desafios. Assim, gostaria de dar atenção minunciosa a cada um que me auxiliou, ensinou, motivou, abraçou e fez, direta ou indiretamente, esta tese acontecer. Inicialmente, gostaria de registrar o meu eterno respeito aos suínos. Meus esforços e dedicação são voltados para que estes animais possam ter uma vida mais digna. Ao meu Pai, Eduardo Athayde, pelas dicas preciosas, exemplo de vida, por ensinar que viver vale a pena e que não devo me deixar intimidar por pouca coisa. À minha mãe, Wilza Margarete Bortoleto Athayde, pela incansável dedicação, amor, carinho e compreensão incondicional. Obrigada por ter dito naquelas noites insones: “Filha, pare um pouco e vá descansar!”. Às minhas irmãs Clarissa Bortoleto Athayde de Medeiros e Marina Bortoleto Athayde e minha querida avó Maria Conceição Bortoleto pelo companheirismo e carinho. À minha sobrinha Sofia Athayde de Medeiros, pelo inocente brilho no olhar que me faz querer viver mais. Ao Prof. Roberto de Oliveira Roça, Mestre e amigo, pela confiança, pelo apoio incondicional, oportunidade e incansáveis orientações concedidas. Ao Osmar Antonio Dalla Costa pela co-orientação desta tese. Agradeço imensamente à excelente equipe multidisciplinar da Embrapa Suínos e Aves, formada por estagiários, assistentes, analistas e pesquisadores, a qual sempre esteve disposta a ajudar e fazer acontecer: ao pesquisador, mestre e amigo Antônio Lourenço Guidoni pelas tantas horas de planejamento, conversas filosóficas e pelos ensinamentos. À Letícia dos Santos Lopes apoio na parte estatística do projeto. Ao pesquisador e conselheiro Gustavo J. M. M. de Lima pelas lições de vida e apoio técnico durante todo o experimento. À grande pesquisadora e incentivadora Terezinha Marisa Bertol pelas preciosas dicas e apoio para a realização do estágio no Meat Science Laboratory da University of Illinois at Urbana-Champaign. Ao admirável jornalista Jean Carlos Porto Vilas Boas Souza, pelo apoio, ensinamentos e preciosa contribuição para redação dos trabalhos produtos desta tese. Ao Núcleo de Apoio vii Técnico, Dirceu da Silva, Edio Luiz Klein, Neilor Manuel Armiliato, Luiz Carlos Ajala, Edison Roberto Bomm, Idair Pedro Piccinin por todo o esforço para que o experimento à campo saísse nos conformes e nas avaliações de qualidade de carne logo após o abate dos animais. Agradeço imensamente ao Adelar Kerber, Geordano Dalmédico, Darci Dambrós Júnior e Paulo da Silva Pinto Jr. pelas horas investidas com assistência na área de informática. Aos meninos da manutenção André Luiz da Silva, Agenor Ferreira, José Luiz Giordani, Ozair Deniz de Brito e Diomar Adimar Bender e ao Dilson Holdefer e Valdir José Hegler da área de apoio aos projetos pelo apoio na etapa experimental e pelos tantos sacos de ração carregados... Aos motoristas Claudino Darci Peters, Ronaldo Ivan Chaves e Eloi Pilonetto por sempre conduzirem os veículos com cuidado para entregar as rações na granja sempre fresquinhas. Ao pessoal da fábrica de rações Iles Pilonetto, Miguel H. Klassmann e Claudir M. Klassmann pelo profissionalismo na fabricação das rações experimentais. Aos graduandos e futuros zootecnistas e médicos veterinários da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho e Universidade Estadual do Mato Grosso pela dedicação e auxílio em parte das avaliações de qualidade de carne: Renato Tonhá Alves Júnior, Haymora Faria Da Silva, Letícia de Fátima Carvalho, Érika Ramos Pivetta, Sâmea Fernandes Joaquim e Juliana Machado Homem. Ao meu competente amigo Lúcio Vilela Carneiro Girão pelo apoio nas avaliações de qualidade de carne, discussões, pelos conselhos, dicas e por me auxiliar nos momentos de sufoco. Aos meus companheiros do departamento de Gestão e Tecnologia Agroindustrial: Hélio de Almeida Ricardo, Ernani Nery de Andrade, Giulianna Zilocchi Miguel, Marcelo Henrique de Faria, Quézia Pereira Borges da Costa, Carolina Toledo dos Santos, Nara Laiane Casagrande Delbem, Angelo Polizel Neto e Aurélia Pereira de Araújo, pela alegria do convívio diário, amizade, dicas e pelas tantas risadas. Aos funcionários do departamento de Gestão e Tecnologia Agroindustrial Wilson, Cecília, Nilton, João e Dona Cida pelo apoio desde o cafezinho nas horas de distração até o auxílio para correto funcionamento dos equipamentos no laboratório. Aos meus “pais adotivos” Suelei da Silva, Pedro e Marlí Savoldi, que me acolheram em suas casas tornando mais gostosa e agradável minha estada em Concórdia/SC durante a realização da parte prática do projeto. Aos proprietários das 17 granjas de suínos na região centro-oeste de Santa Catarina onde os 1160 suínos foram selecionados para o experimento. Ao proprietário da granja situada em Seara, onde os suínos foram criados durante a fase de creche e viii ao senhor Sérgio Rhoden e sua família pela confiança, ensinamentos e pela gentileza em abrir as porteiras da sua propriedade em Itá/SC para instalação do experimento desde a fase de crescimento até a terminação. Às minhas irmãs de coração Cassiele Dalle Daste, Lorimar Pellizzaro, Juliana Spanguero Nakayama, Rosângela do Nascimento Fernandes, Namíbia Teixeira e Thaila Cristina Putarov pelos momentos de cumplicidade e amizade. À Cooperativa de Produção e Consumo Concórdia (COPÉRDIA), em nome de Clênio Arboit, Cooperativa Central Oeste Catarinense (Aurora Alimentos Ltda.) e Pfizer Animal Health, pela parceria e apoio para desenvolvimento deste projeto. À Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo – FAPESP – pelo Auxílio à Pesquisa e pela Bolsa de Doutorado concedida. Gostaria de ressaltar que esta fundação, por meio da Reserva Técnica da Bolsa de Doutorado, viabilizou a realização do estágio na área de qualidade de carne, no Meat Science Laboratory da University of Illinois at Urbana-Champaign, Illinois, EUA. Este estágio contribuiu imensamente para o meu aprimoramento nesta área. À toda equipe do Meat Science Laboratory da University of Illinois at Urbana- Champaign, pelos ensinamentos, treinamentos e troca de experiências durante o estágio realizado em Illinois, EUA, especialmente aos pesquisadores Drª. Anna Carol Dilger e Dr. Floyd McKeith; aos pós-graduandos Arica Baer, Bradley Kevin Lowe, Benjamin Cole Peterson, Daniel Clark, Diana Pezza, Hunter Galloway, Katelyn Jones- Hamlow, Marcos Tavarez, Ryan Herrick e às graduandas Amanda Kazmierczak, Tonimarie Ebbole e Jackie McCarten. Aos mestres Prof. Dr. Dirlei Antonio Berto, Prof. Dr. José Roberto Sartori, Profª. Drª. Jacinta Diva Ferrugem Gomes e Prof. Dr. Marcelo Henrique Faria pelas sensatas e importantes contribuições na revisão desta tese. À cada um de vocês, o meu MUITO OBRIGADA!!! ix SUMÁRIO Página CAPÍTULO 1.................................................................................................... 01 CONSIDERAÇÕES INICIAIS..................................................................... 02 1. Introdução........................................................................................ 02 2. Panorama da produção de carne suína........................................... 03 3. Imunocastração................................................................................ 03 3.1. Desempenho e características de carcaça de machos inteiros e castrados cirurgicamente.......................................... 05 3.2. Legislação................................................................................ 05 4. Ractopamina................................................................................... 06 4.1. Estrutura................................................................................... 06 4.2. Mecanismo de ação................................................................. 06 4.3. Benefícios do uso..................................................................... 07 4.4. Efeitos na qualidade de carne.................................................. 08 pH............................................................................................. 09 Cor............................................................................................ 09 Perdas por exsudação e cocção.............................................. 10 Força de cisalhamento............................................................. 10 Marmorização........................................................................... 11 5. Uso de ractopamina para suínos imunocastrados............................ 11 6. Referências...................................................................................... 12 CAPÍTULO 2................................................................................................... 20 EFEITOS DO USO DA RACTOPAMINA E DA CATEGORIA DE CASTRAÇÃO DE SUÍNOS SOBRE O DESEMPENHO E CARACTERÍSTICAS DE CARCAÇA Resumo.................................................................................................. 21 Introdução.............................................................................................. 22 Material e Métodos................................................................................. 24 Local, animais e manejo.................................................................... 24 Avaliação do desempenho................................................................ 28 Manejo pré-abate............................................................................... 28 Avaliação das características de carcaça.......................................... 28 Análise Estatística............................................................................. 29 x Resultados............................................................................................. 30 Discussão............................................................................................... 35 Conclusão.............................................................................................. 40 Literatura Citada..................................................................................... 41 CAPÍTULO 3.................................................................................................... 48 SUSCEPTIBILIDADE AO ESTRESSE E QUALIDADE DE CARNE DE SUÍNOS DE DIFERENTES CATEGORIAS DE CASTRAÇÃO E NÍVEIS DE RACTOPAMINA Resumo.................................................................................................. 49 Introdução.............................................................................................. 51 Material e métodos................................................................................. 52 Local, animais e manejo.................................................................... 52 Manejo pré-abate............................................................................... 56 Avaliações dos parâmetros fisiológicos do estresse......................... 56 Avaliações de qualidade de carne..................................................... 57 Análise Estatística............................................................................. 59 Resultados......................................................................................... 60 Discussão.......................................................................................... 64 Conclusão.......................................................................................... 67 Literatura citada................................................................................. 67 CAPÍTULO 4.................................................................................................... 73 IMPLICAÇÕES................................................................................................ 74 ANEXO.......................................................................................................... 75 xi LISTA DE ABREVIATURAS, SIMBOLOS E SIGLAS µg - microgramas a* - variação entre a coloração vermelha (+a*) a verde (-a*) ABIPECS - Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína AC - enzima adelinato ciclase AGPIC - linhagem comercial de suíno reprodutor desenvolvida pela empresa AGROCERES AMPc - monofosfato cíclico de adenosina AMSA - American Meat Science Association, Associação Americana de Ciência da Carne ATP - trifosfato de adenosina b* - variação entre a coloração amarelo (+b*) a azul (-b*) bj - é o efeito de faixa de peso (fator blocagem); ci - é o efeito da categoria de castração; CA - conversão alimentar CEUA - Câmara de Ética no Uso de Animais CGI - Coordenação Geral de Inspeção CIELAB - sistema mais utilizado para avaliações de cor em alimentos cm - centímetros COPERDIA - Cooperativa de Produção e Consumo Concórdia CTC - Centro de Tecnologia de Carnes CRD - consumo de ração diário dL - decilítros DFD - sigla inglesa de Dark, Firm, Dry - escura, firme e seca DICS - Divisão de Inspeção de Carnes e Derivados se Suínos DIPOA - Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal DNA - sigla inglesa de deoxyribonucleic acid - ácido desoxirribonucleico ejik - é o erro aleatório não observável suposto seguir a distribuição normal de média zero e variância constante �² EM - energia metabolizável EPO4 - enzima fosforilada ET - espessura de toucinho etik - é o efeito da interação castração x ractopamina; xii FAPESP - Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo FDA - Food and Drugs Administration, Administração de drogas e alimentos FMVZ - Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia g - gramas GnRH - hormônio liberador de gonadotrofina GPD - ganho de peso diário ITAL - Instituto de Tecnologia de Alimentos kg - quilogramas L - litros L* - luminosidade, brilho ou reflectância LD - músculo Longíssimus dorsi Ltda. - Limitada m² - metros quadrados MAPA - Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento Mb - mioglobina MC - macho castrado MI - macho imunocastrado ml - mililitros mmol - milimol n - amostragem NPPC - National Pork Production Council, Conselho Nacional de Produção de Carne Suína ºC - Graus Celsius PB – proteína bruta PCQ - peso de carcaça quente pH - potencial hidrogênio iônico pHi - pH inicial, avaliado 45 minutos após o abate pHu - pH final, avaliado 24 horas após o abate PM - profundidade de músculo ppm - partes por milhão PSE - sigla inglesa de Pale, Soft, Exudative - carne pálida, flácida, exsudativa rk - é o efeito de nível de ractopamina; rpm - rotações por minuto SAS - Statistical Analysis System, Sistema de Análise Estatística SC - Santa Catarina xiii SDA - Secretaria de Defesa Agropecuária SEM - maior erro-padrão encontrado UI – Unidades Internacionais UNESP - Universidade Estadual Paulista V - voltz yjik - é a observação da resposta pertencente à faixa de peso j, categoria de castração i e nível de ractopamina k; β - beta βAR - receptor β-adrenérgico % - porcentagem %CM - porcentagem de carne magra ® - marca registrada xiv LISTA DE TABELA Página CAPÍTULO 2 Tabela 1 - Categorização dos suínos em função dos pesos............................. 25 Tabela 2 - Composições centesimal e calculada das dietas experimentais fornecidas 28 dias antes do abate..................................................................... 27 Tabela 3 - Efeito das categorias de castração de suínos (machos castrados - MC ou imunocastrados - MI) sobre o desempenho na fase de creche (27 a 60 dias).............................................................................................................. 31 Tabela 4 - Efeito das categorias de castração (machos castrados - MC ou inteiros/imunocastrados - MI) e da suplementação de ractopamina (Rac) na ração, e suas interações sobre o desempenho dos suínos nos períodos dos 60 aos 135 dias, 136 aos 164 dias e dos 60 aos 164 dias de idade.................................................................................................................. 32 Tabela 5 - Efeito das categorias de castração (machos castrados - MC ou imunocastrados - MI), suplementação de ractopamina (Rac) na ração, e suas interações sobre as características de carcaça de suínos................................................................................................................. 34 CAPÍTULO 3 Tabela 1 - Categorização dos suínos em função dos pesos............................. 53 Tabela 2 - Composições centesimal e calculada das dietas experimentais fornecidas 28 dias antes do abate..................................................................... 55 Tabela 3 - Efeito da suplementação de ractopamina na ração, categorias de castração e suas interações sobre os parâmetros de qualidade da carne do músculo Longíssimus dorsi de suínos............................................................... 62 Tabela 4 - Efeito da suplementação de ractopamina na ração, imunocastração e suas interações sobre as os parâmetros fisiológicos do estresse de suínos............................................................................................. 63 xv LISTA DE FIGURA Página CAPITULO 1 Figura 1 - Mecanismo de ação dos agonistas β-adrenérgicos......................... 07 CAPÍTULO 2 Figura 1 - Cronologia do experimento............................................................... 26 CAPÍTULO 3 Figura 1 - Cronologia do experimento............................................................... 54 ANEXO............................................................................................................ 76 Anexo 1 - Padrão da Qualidade de Carne Suína: painel de cores utilizado para mensurar coloração da carne – método subjetivo (Padrão Japonês) e objetivo (Kônica Minolta), e escala de grau de marmoreio da carne suína (AMSA, 2001).................................................................................................... 77 1 CAPÍTULO 1 2 CONSIDERAÇÕES INICIAIS 1. Introdução O mercado consumidor está cada vez mais exigente com relação à qualidade dos produtos cárneos que devem conter propriedades que determinem sua utilidade para o comerciante, a atração para o consumidor e a adequação para processamento posterior. Neste sentido, são importantes as características de retenção de água, cor, textura, sabor e aroma. Para atender essas exigências, os pesquisadores da área têm buscado alternativas e novas tecnologias que permitam aumentar a produção e a porcentagem de carne magra na carcaça, melhorando o desempenho, sem prejudicar o bem-estar dos animais. Dentre as alternativas estão a imunocastração e a ractopamina. A imunocastração é uma técnica inovadora que visa a castração de suínos machos, feita através de uma vacina que atua inibindo a função testicular. A castração de suínos é uma prática de manejo necessária para controlar o odor de macho inteiro, odor e sabor desagradáveis perceptíveis ao cozinhar carne de suínos machos não castrados, causado principalmente pelo acúmulo de androstenona e escatol no tecido adiposo. No Brasil, é uma medida obrigatória conforme consta no artigo 121 do RIISPOA, Decreto 30.691 de 29/03/1952, alterado pelo Decreto 1255 de 25/06/1962. Entretanto, os machos castrados cirurgicamente crescem mais lentamente, consomem mais ração, apresentam carcaças com mais teor de gordura e têm maior índice de mortalidade ainda na maternidade. A ractopamina é um agonista β-adrenérgico que vem sendo utilizado como repartidor de energia em dietas de suínos na fase de terminação. Segundo as pesquisas, o uso da ractopamina promove melhora no desempenho zootécnico (STOLLER et al., 2003; MARINHO et al., 2007; SANCHES et al., 2010), redução da quantidade de gordura subcutânea (RUTZ & XAVIER, 1998) e aumento da quantidade de carne magra na carcaça (WILLIAMS et al., 1994; STOLLER et al., 2003), sem alterar a qualidade da carne (PATIENCE et al., 2009). Porém, alguns autores encontraram efeitos negativos da ractopamina sobre vários aspectos como alteração do comportamento, aumento da freqüência cardíaca, e perfil das catecolaminas epinefrina e norepinefrina de suínos em terminação, o que os tornou mais difíceis de manejar (MARCHANT-FORDE et al., 2003). Além disso, Scott et al. (2000) demonstraram que suínos de linhagens para elevada deposição de carne magra são mais difíceis de serem manejados. Como as 3 linhagens suínas comercializadas no Brasil geralmente apresentam elevadas porcentagens de carne magra, então a suplementação com ractopamina pode aumentar a suscetibilidade ao estresse destes animais aumentando a possibilidade de produção de carne PSE (pálida, flácida e exsudativa) e baixo rendimento tecnológico nos processamentos. 2. Panorama da produção de carne suína Atualmente, a carne suína representa a proteína de origem animal mais consumida no mundo, tendo ultrapassado a preferência dos consumidores pela carne bovina no ano de 1979. Segundo Roppa (2009), 39,5% da carne consumida no mundo é suína. A União Européia é maior consumidora desta carne, 42,68 kg/pessoa/ano (ROPPA, 2009), e no Brasil, segundo projeção do ABIPECS (2012a), o consumo chegou a 15,10 kg/pessoa/ano em 2011. A produção mundial de carne suína chegou a 101 milhões e 127 mil toneladas, em 2011 (ABIPECS, 2012b), sendo os maiores produtores a China (48,95%), União Européia (22,28%) e Estados Unidos (10,16%) (ABIPECS, 2012b). Em 2011, o Brasil realizou o abate fiscalizado de 30.807.512 cabeças de suínos (ABIPECS, 2012c) e continua na posição de 4º maior produtor mundial (3,23%), com mais de 3 milhões e 227 mil toneladas de carne. A região Sul detém 65,02% da produção nacional de carne suína, sendo o estado de Santa Catarina o maior produtor com 782,1 mil toneladas (ABIPECS, 2012d). Segundo informações da ABIPECS (2012e), as exportações brasileiras de carne suína em 2011 chegaram a 582 mil toneladas, totalizando 18,04% do total produzido. Os restantes 81,96% foram consumidos no mercado interno. Em janeiro de 2013, o Brasil exportou 40 mil e 118 toneladas de carne suína, sendo que os principais destinos das exportações brasileiras de carne suína foram Rússia (29,76%) Hong Kong (21,11%), Ucrania (16,50%), Angola (7,73%), Cingapura (5,05%), Argentina (3,89%), Uruguai (3,62%), Geórgia (2,33%), Emirados Árabes Unidos (1,47%), Camarões (1,35%) e outros (7,19%) (ABIPECS, 2012f). 3. Imunocastração O odor sexual presente na carne suína, causado principalmente pelo acúmulo de androstenona e escatol no tecido adiposo, é um problema significativo na qualidade da carne oriunda de suínos machos inteiros. A androstenona é um ferormônio esteróide produzido nos testículos e o escatol é um subproduto da degradação do 4 triptofano pelas bactérias lácticas no trato digestivo que cairá na corrente sanguínea, será absorvido pelo tecido adiposo e eliminado nas fezes e na urina. Ambas as substâncias, altamente lipofílicas, são seqüestradas pelo tecido adiposo dos suínos e devido à alta volatilidade, são liberadas durante aquecimento e o cozimento, liberando odor e sabor indesejáveis. Há, basicamente, duas soluções para este problema: o abate antes da maturidade sexual e, mais comumente, a castração cirúrgica comumente realizada antes do desmame. Porém, essas práticas possuem inconvenientes. O abate de suínos leves leva a perdas de rendimento e produção, enquanto a castração de suínos jovens, apesar de impedir a produção endógena de esteróides masculinos que dão origem ao acúmulo de androstenona e escatol, provoca aumento da gordura na carcaça, menor rendimento de carne magra, além da redução na eficiência de crescimento. Outra desvantagem do método cirúrgico (que consiste em fazer a extração dos testículos, na maioria das vezes sem anestesia), é causar impacto na saúde e bem-estar dos animais. A preocupação com o bem-estar animal segue uma trajetória ascendente e já foi transformada em barreira comercial por muitos países. Na União Européia, por exemplo, até 2018, não será mais permitida a castração cirúrgica. Neste contexto, há uma busca por alternativas ao método cirúrgico de castração, como a imunocastração. A vacina (Improvac®/Vivax®; Pfizer Saúde Animal) age estimulando a produção de anticorpos contra o fator de liberação de gonadotrofinas endógenas (GnRF). O GnRF endógeno estimula o eixo hipófise-gonadal, que nos machos inteiros resultam na síntese de esteróides, incluindo testosterona e androstenona. A supressão da síntese de esteróides testiculares, não apenas previne a produção de androstenona, como também acelera a degradação de escatol. Assim, o efeito de induzir anticorpos contra GnRF circulante é a inibição da função testicular e a redução de androstenona e escatol a níveis inferiores à detecção do consumidor. Hennessy et al. (2006) avaliaram os atributos sensoriais e a aceitabilidade da carne suína oriunda de machos imunocastrados com Improvac®, fêmeas e machos castrados cirurgicamente e constataram que a carne dos suínos imunocastrados foram aceitas tão bem quanto a dos outros tipos analisados. Esses mesmos autores também verificaram melhor desempenho e qualidade de carcaça dos imunocastrados comparadas aos machos castrados cirurgicamente. 5 3.1. Desempenho e características de carcaça de machos inteiros e castrados cirurgicamente Em relação ao desempenho, há superioridade dos machos inteiros em relação aos castrados e isso tem sido constatado na maioria dos trabalhos científicos encontrados na literatura (XUE et al., 1997 e FAVERO, 2000). Xue et al. (1997) também encontraram um número significativo de referências comprovando as vantagens dos machos inteiros sobre os castrados em relação às características de carcaça. Porém, há algumas limitações na produção e abate de machos inteiros em função da possibilidade do tecido gorduroso desses animais apresentarem odor e sabor desagradáveis. A literatura mostra que os teores de androstenona na gordura de machos inteiros variam de 0,0 a 5,0 ppm, dependendo, principalmente, do peso, maturidade sexual ou idade e genótipo (CLAUS et al., 1994; ANDERSON et al., 1997 e BONNEAU et al., 1997). Já os teores de escatol variam de 0 a 0,8 ppm (XUE et al., 1995 e BONNEAU et al., 1997). Os limites de rejeição para o escatol na gordura variam de 0,20 a 0,25 ppm e o limite máximo para androstenona é de 0,5 ppm (BONNEAU et al., 1992; XUE et al., 1995; ANNOR-FREMPONG et al., 1997a,b e OLIVEIRA et al., 1999). 3.2. Legislação A vacina está em processo de registro nos Estados Unidos, Ásia e América Latina, e é comercializada na Austrália e Nova Zelândia desde 1998. Na União Europeia a vacina foi aprovada em 2009 (SKRLEP et al. 2010). No Brasil, o registro já foi aprovado, após testes realizados pelo Centro de Tecnologia de Carnes do Instituto de Tecnologia de Alimentos (CTC/ITAL) e estão sendo feitos testes comerciais em grande escala com as sete maiores empresas de carne do País. Nestes testes, os suínos imunocastrados com testículos maiores que 110 mm são amostrados, por meio da remoção de gordura costo-lombar, para realização do teste de cocção por agentes da Inspeção Federal, sob supervisão do médico veterinário responsável pela empresa de abate. Mesmo não apresentando o odor sexual por meio do teste de cocção, amostras destes mesmos animais são embaladas a vácuo e enviadas para avaliação química do escatol e androstenona no laboratório de Físico Química do CTC – ITAL, Campinas/SP. O abate brasileiro de suínos imunocastrados por meio de vacina está aprovado, dentro das condições e critérios constantes na Informação/Diversa Nº 6 061/2007/DICS/CGI/DIPOA, pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA)/Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA)/Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (DIPOA)/Coordenação Geral de Inspeção (CGI)/Divisão de Inspeção de Carnes e Derivados se Suínos (DICS), de acordo com a Circular Nº 001/2007/DICS/CGI/DIPOA de 03 de maio de 2007. 4. Ractopamina 4.1. Estrutura A ractopamina é um agonista β-adrenérgico do grupo das fenetanolaminas com estrutura análoga às catecolaminas epinefrina e norepinefrina. As fenetanolaminas fazem parte de uma classe de compostos que se ligam aos receptores α e β- adrenérgicos e são caracterizados pela presença de um anel aromático, uma cadeia lateral da etanolamina e o nitrogênio alifático (CANTARELLI, 2007). As catecolaminas, segundo Bellaver et al. (1991), podem ser divididas em naturais e sintéticas. Das sintéticas, o clembuterol, o salbutamol e a ractopamina são as mais estudadas e usadas como agentes de repartição, em especial a última com maior interesse na suinocultura (PALERMO NETO, 2002), pois interfere no metabolismo dos suínos, desviando nutrientes para funções zootecnicamente desejáveis. 4.2. Mecanismo de ação O mecanismo de ação mais sugerido aponta para a membrana celular, onde um receptor é estimulado pelo agonista β-adrenérgico (CANTARELLI, 2007). Segundo Moody et al. (2000) o complexo β-adrenérgico/receptor (βAR) fixa-se sobre uma proteína de ligação, que na sua forma ativa, induzirá a fluidez da membrana e permitirá o seu deslocamento lateral. Este mecanismo levará à estimulação da ação catalítica da enzima adenilato cliclase (AC), situada na face interna da membrana plasmática, e levará à formação do mensageiro secundário monofosfato cíclico de adenosina (AMPc), formado a partir do trifosfato de adenosina (ATP). O AMPc por sua vez, ativa a proteína quinase que conduz à fosforilação de enzimas, responsáveis pelas respostas finais. Estas enzimas quando estão fosforiladas (APO4), promovem respostas celulares como: estimulação da lipólise, aumento da neoglicogênese, glicogenólise, aumento da insulina, glucagon e renina, relaxamento da musculatura lisa e aumento da contração cardíaca (Figura 1). 7 Figura 1 - Mecanismo de ação dos agonistas β-adrenérgicos. ABA - agonista β- adrenérgicos; βAR – receptor β-adrenérgicos; Gs – proteína ativa; AC - enzima adelinato ciclase; ATP – trifosfato de adenosina; AMPc – monofosfato cíclico de adenosina; PKA – proteína quinase A; E – enzima; EPO4 – enzima fosforilada. (Moddy et al., 2000, adaptado por Cantarelli, 2007). 4.3. Benefícios do uso A ractopamina faz parte do grupo dos agonistas β-adrenérgicos que foram autorizados para uso na indústria suinícola pelo Food and Drugs Administration (FDA) em 1999. Esse aditivo há muito vem sendo estudado em frangos (BUYSE et al., 1987), suínos (BARK et al., 1992) e bovinos (EISEMANN et al., 1988), reconhecido como promotor de crescimento animal. Segundo Ramos & Silveira (2002), apesar dos agonistas β-adrenérgicos serem eliminados, sobretudo pela urina e pelas fezes, não prejudica a qualidade do solo ou da água. Pode-se inferir que a ractopamina exerce influência pronunciada sobre as variáveis de desempenho de suínos (STOLLER et al., 2003; ARMSTRONG et al., 2004; CARR et al., 2005). A inclusão de ractopamina à dieta promove melhorias nas características quantitativas da carcaça dos suínos, aumentando, principalmente, o percentual de carne magra por meio da redução da espessura de toucinho e aumento da profundidade de músculo. Page et al. (2004) demonstraram que agonistas β-adrenérgicos, inclusive ractopamina, aumentam a apoptose no tecido adiposo de ratos. Este aumento pode explicar parcialmente o fato de que os suínos que recebem ractopamina geralmente apresentam menor quantidade de gordura na carcaça (WEBER et al., 2006). De 8 acordo com Rutz & Xavier (1998), a eficiência da ractopamina em reduzir o tecido adiposo do animal pode estar relacionada mais ao bloqueio da lipogênese do que ao estímulo da lipólise. A resposta dos suínos em terminação à ractopamina é dose dependente, contudo, tem sido observada melhora do ganho de peso, eficiência alimentar e em menor grau, para características de carcaça mesmo quando utilizada em baixa taxa de inclusão (5 ppm) (MOODY et al., 2000; BRUMM et al., 2004). Segundo Weldon & Armstrong (2001), para maximizar a resposta da ractopamina, as concentrações de nutrientes na dieta devem ser aumentadas. Pesquisas mostram que dietas contendo 5 ppm de ractopamina resultaram em melhorias no desempenho zootécnico dos animais, no entanto, concentrações de 10 a 20 ppm, resultaram em melhorias nas características das carcaças (WATKINS et al., 1990; STITES et al., 1991; WILLIAMS et al., 1994). Apesar de a ractopamina trazer vários benefícios para a eficiência alimentar, taxa de crescimento e na produção de carne magra a mesma pode acarretar algumas alterações em qualidade de carne (STOLLER et al., 2003). De acordo com as observações de Marchant-Forde et al. (2003), suínos suplementados com ractopamina são mais ativos, alertas e demoram mais tempo para se acalmar após uma situação estressante. Entretanto, Schaefer et al. (1992) reportaram que suínos suplementados com ractopamina após seis semanas, gastaram mais tempo descansando e menos tempo caminhado e Brumm et al. (2004), não encontraram diferenças no desempenho de suínos suplementados com ractopamina quando esses encontravam-se alojados em um espaço reduzido (0,55 vs 0,74 m2/suíno) durante a etapa de terminação. Várias pesquisas têm avaliado o efeito da ractopamina em suínos machos castrados cirurgicamente e marrãs (UTTARO et al., 1993; WILLIAMS et al., 1994; ELANCO, 1999), mas poucos estudos têm sido realizados com marrãs. 4.4. Efeitos na qualidade de carne e ractopamina A qualidade de carne, conceito amplo e complexo, é definida por características objetivas e subjetivas. As características objetivas abrangem as físicas, nutricionais e higiênicas (PELOSO, 2002), enquanto que as subjetivas englobam os aspectos sensoriais, apresentação e forma de exposição do produto. A qualidade da carne é dependente da temperatura e velocidade de resfriamento do tecido muscular após o abate, podendo ser avaliada através de parâmetros físico-químicos (pH, cor, 9 perdas por exsudação, perdas por cocção, capacidade de retenção de água, gordura intramuscular e maciez), visual (marmorização) e por métodos sensoriais (suculência, aparência da carne e resistência a mastigação) (CULAU et al., 1993; BROWN et al.,1999, NANNI COSTA et al., 2002). pH É uma das formas de avaliação mais utilizada atualmente pelas indústrias para auxiliar na determinação da qualidade da carne, por ser prática e fornecer resultados instantâneos. Cor, firmeza e capacidade de retenção de água são afetadas pelo pH do músculo. Valores ótimos de pHu (avaliado 24 horas após o abate) para carne fresca de suínos deve estar entre 5,5 a 5,8 (DALLA COSTA, 2005). A estimulação ante mortem da glicólise, promovida pelos agonistas β-adrenérgicos leva à redução da concentração do glicogênio muscular, limitando a normal acidificação post mortem em cerca de 0,3 - 0,4 unidades de pH (WILLIAMS, 1987; WARRISS et al., 1989). Porém, muitos estudos não encontraram diferenças nos valores de pHu para suínos alimentados com rações contendo ractopamina, em relação aos animais controle (AALHUS et al., 1990; DUNSHEA et al., 1993; STITES et al., 1994; STOLLER et al., 2003). Cor A coloração da carne de suínos é uma importante característica de impacto na percepção dos consumidores (BREWER & MCKEITH, 1999), sendo associada com o frescor e a boa qualidade do produto. A cor da carne reflete a quantidade e o estado químico da mioglobina (Mb), seu principal pigmento. A cor é objetivamente caracterizada utilizando-se colorímetros que apresentam descrições L*, a* e b* (AMSA, 1991) e subjetivamente utilizando um padrão para cor de carne suína como NPPC (1991) e NPPC (1999) ou o padrão de cor Japonês. Segundo relatos de Ramos & Silveira (2002), a carne de animais suplementados com agonistas β-adrenérgicos, tende a ter o aspecto DFD (sigla inglesa de Dark, Firm and Dry - escura, firme e seca) em função da limitação normal da acidificação post mortem, porém segundo Warriss et al. (1990), em suínos esse efeito não parece ser tão comum. Uttaro et al. (1993) avaliando coloração de carne de suínos alimentados com ração contendo ractopamina, observaram diferenças nos valores de a* e b*, sendo mais vermelha e amarela nos animais que não receberam ractopamina na dieta. 10 Entretanto, os mesmos autores avaliando presunto curado, demonstraram que os animais que receberam ractopamina tiveram valores de L* menores do que os do grupo que não receberam, mas não foram observadas diferenças nos valores de cor a* e b*. Stites et al. (1994) não verificaram diferenças no escore de cor da carne de suínos alimentados com dietas contendo 0, 4,5, 9 e 18 ppm de ractopamina. Perdas por exsudação e cocção A perda de água por exsudação (drip loss) refere-se à porcentagem de umidade que é perdida durante o período de armazenagem, usualmente de 24 a 48 horas após o corte da amostra. Carter et al. (1991) e Cardoso & Stock (1996) verificaram, que a diminuição da gordura da carcaça é acompanhada pelo aumento do teor em água, que estará associado ao correspondente incremento da proteína. Segundo Walker et al. (1989) o teor de água avaliado na carcaça dos suínos tratados com ractopamina foi superior ao existente nos animais controle. Warriss et al. (1989) concluíram que a capacidade de retenção de água da carne dos animais que receberam ractopamina aumenta e por conseqüência, há redução na perda de água por exsudação durante o armazenamento. Entretanto, Aalhaus et al. (1990) e Dunshea et al. (1993) não encontraram diferença analisando a perda de água por exsudação em lombos de suínos alimentados com ração contendo ou não ractopamina. O aumento na quantidade de água nas carnes provenientes de animais suplementados com agonistas β-adrenérgicos refletiu em maior perda de água por cocção (RAMOS & SILVEIRA, 2002). Força de cisalhamento A textura dos alimentos é um parâmetro sensorial que reúne os atributos primários (maciez, coesividade, viscosidade e elasticidade) e os secundários (gomosidade, mastigabilidade, suculência, fraturabilidade e adesividade), sendo um dos requisitos mais importantes para o consumidor, ao julgar a qualidade da carne. Os fatores que podem afetar a textura da carne possuem duas origens: ante mortem (idade, sexo, nutrição, exercício, estresse antes do abate, presença de tecido conjuntivo, espessura e comprimento do sarcômero) e post mortem (estimulação elétrica, rigor mortis, velocidade de resfriamento da carcaça, maturação, temperatura de cozimento e pHu). 11 O uso dos agonistas β-adrenérgicos em suínos leva à obtenção de carne menos macia, como foi demonstrado em vários estudos (JONES et al., 1985; WALKER et al., 1989; WARRISS et al., 1991). No entanto, a diminuição da textura da carne desses animais não ocorre em função das modificações da estrutura do tecido conjuntivo muscular, mas sim como conseqüência dos efeitos da diminuição lipídica do músculo e das alterações das miofibrilas musculares, como se pode constatar durante os processos de maturação da carne (BERGE et al., 1993; JIANG, 1998; KRETCHMAR et al., 1990). Carr et al. (2005) observaram que a carne de suínos alimentados com ração contendo ractopamina tiveram no geral menos gordura e maciez. Porém, Stoller et al. (2003) compararam o efeito de 10 ppm de ractopamina na ração de suínos de diferentes linhagens genéticas e constataram que o músculo Longíssimus dorsi (LD) de suínos Berkshire que receberam o aditivo apresentou maior maciez e suculência e menor perda de água por cocção em relação ao Duroc. Marmorização A marmorização ou gordura intramuscular tem sido associado com qualidade da carne comestível. Marmorização pode ser avaliada visualmente e objetivamente. Na avaliação visual utiliza-se uma escala de 1 a 5 (NPPC, 1991) ou um padrão mais recente (NPPC, 1999) com escala contínua, a qual representa a quantidade de lipídio presente no músculo, enquanto a avaliação objetiva consiste na análise química do músculo. Stites et al. (1991) e Crome et al. (1996) não observaram diferenças na marmorização subjetiva entre os suínos controle e os que foram alimentados com ração contendo ractopamina. Watkins et al. (1990) apresentaram os resultados de dois estudos. No primeiro estudo, não foram observadas diferenças, mas no segundo, os animais alimentados com ração contendo ractopamina tiveram maiores níveis subjetivos de marmorização quando comparados com os animais do grupo controle. Entretanto, Stites et al. (1994) não observaram diferenças na marmorização dos músculos avaliados no grupo controle e no alimentado com dieta contendo ractopamina. 5. Uso de ractopamina para suínos imunocastrados Moore et al. (2006) avaliaram o efeito de dois níveis de ractopamina na dieta sobre o desempenho e qualidade da carcaça de machos inteiros e imunocastrados 12 com Improvac® constatando que os machos imunocastrados tiveram maior ganho de peso diário e maior consumo do que os inteiros. Segundo esses mesmos autores, a inclusão de ractopamina promoveu melhora na conversão alimentar bem como no ganho de peso diário, porém, não houve diferenças entre os tratamentos para porcentagem de gordura e consumo de ração. Há escassez de informações tecnológicas e científicas a respeito do uso da imunocastração e da ractopamina, bem como o efeito de ambos sobre o bem-estar e qualidade de carne suína. Por isso, a importância de estudarmos o efeito desses componentes combinadamente. Desse modo, objetivou-se com o presente estudo avaliar a susceptibilidade ao estresse, desempenho e qualidade de carne de suínos de diferentes categorias de castração e níveis de ractopamina. Os Capítulos 2 e 3, intitulados “Efeitos do uso da ractopamina e da categoria de castração de suínos sobre o desempenho e características de carcaça” e “Susceptibilidade ao estresse e qualidade de suínos de diferentes categorias de castração e níveis de ractopamina”, respectivamente, estão com redação provisória de acordo com as normas para publicação do Journal of Animal Science. 6. Referências AALHUS, J. L. et al. The effect of ractopamine on performance, carcass composition and meat quality of finishing swine. Canadian Journal of Animal Science, Ottawa, v.70, p. 943-952, 1990. ABIPECS. Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína. Relatório 2011/2012. São Paulo, 2012a. Disponível em: . Acesso em: 07 abr. 2013. ABIPECS. Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína. Estatísticas: Mercado mundial de carne suína - Produção mundial de carne suína 2003-2011. São Paulo, 2012b. Disponível em: . Acesso em: 07 abr. 2013. 13 ABIPECS. 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Até os 136 dias de idade dos suínos, o modelo de variância foi aplicado para um delineamento inteiramente casualizado com dois tratamentos (MC e MI), e a partir daí foi considerado um delineamento em blocos casualizados em arranjo fatorial (dois níveis de castração x quatro níveis de ractopamina). Constatou-se que não houve interação entre categorias de castração e níveis de ractopamina para nenhuma variável de desempenho e de carcaça avaliadas. Na fase de 60 a 136 dias, houve menor consumo de ração diário (P = 0,016), maior ganho diário de peso (P < 0,001) e melhora na conversão alimentar (P < 0,001) dos suínos imunocastrados. Na fase de 136 a 164 dias a suplementação de ractopamina na dieta de suínos promoveu aumento do ganho diário de peso (P < 0,001) e melhorou a conversão alimentar (P < 0,001), sem influenciar o consumo de ração diário dos animais. Na fase de 60 aos 164 dias a inclusão de ractopamina na dieta e a categoria de castração influenciaram de forma benéfica o 22 ganho de peso diário (P = 0,001 e P < 0,001, respectivamente), a conversão alimentar (P = 0,009 e P < 0,001, respectivamente) e o peso de abate dos suínos (P = 0,011 e P < 0,001, respectivamente), sem afetar o consumo de ração neste período. Os maiores pesos dos suínos ao abate, pesos de carcaça quente e porcentagens de carne magra foram encontrados nos machos imunocastrados e com a inclusão de ractopamina. No entanto, o rendimento de carcaça foi maior nos machos castrados (P < 0,001) e naqueles que consumiram 10 e 15 mg/kg de ractopamina na dieta (P < 0,001). A profundidade de músculo sofreu influência apenas da ractopamina (P = 0,003), sendo os melhores valores encontrados com a inclusão deste aditivo. A espessura de gordura foi influenciada apenas pela categoria de castração (P < 0,001), sendo os menores valores encontrados nos machos imunocastrados. Conlui-se que os efeitos positivos da inclusão de ractopamina na dieta e da castração imunológica no desempenho de suínos refletem no aumento de carne e redução da porcentagem de gordura na carcaça, valorizando este produto no mercado. Palavras-chave: agonista β-adrenérgico, crescimento, conversão alimentar, imunocastração, suínos. INTRODUÇÃO O mercado dos produtos cárneos exige a produção de carnes em quantidade, com alto valor nutritivo, baixo teor de gordura, com adequada suculência e atrativa aos consumidores mais exigentes. O desafio atual inclui também a produção de carne dentro dos princípios éticos de bem-estar animal, com custo acessível e que promova retorno econômico satisfatório à essa atividade econômica. Para atender esses objetivos, novas 23 tecnologias estão sendo utilizadas, dentre as quais estão a imunocastração e o uso de ractopamina. A imunocastração é uma técnica inovadora que visa à castração, por meio de uma vacina que inibe a função testicular. A castração de suínos é uma prática de manejo necessária para controlar o odor e sabor de macho inteiro, causado principalmente pela presença da androstenona, que é um feromômio, e do escatol, que é um subproduto da degradação do triptofano no intestino delgado do animal. No Brasil a castração é um procedimento obrigatório, conforme consta no artigo 121 do RIISPOA, Decreto 30.691 de 29.03.1952, alterado pelo Decreto 1255 de 25.06.1962. Entretanto, os machos castrados cirurgicamente crescem mais lentamente do que os inteiros consomem mais ração e apresentam maior porcentagem de gordura na carcaça (FAVERO, 2000). Assim, as principais vantagens da imunocastração são eliminação do manejo estressante da castração cirúrgica nos leitões, que apresentarão nas fases subseqüentes maior ganho de peso (Moore et al., 2006) e menor deposição de gordura (Rikard-Bell et al., 2009). A ractopamina é um agonista β-adrenérgico utilizado como repartidor de energia em dietas de suínos na fase de terminação e promove melhora no desempenho zootécnico (Stoller et al., 2003; Marinho et al., 2007; Sanches et al., 2010), redução da quantidade de gordura (Rutz e Xavier, 1998) e aumento da quantidade de carne magra na carcaça (Williams et al., 1994; Stoller et al., 2003), sem alterar a qualidade da carne (Patience et al., 2009). Apesar dos resultados de desempenho e qualidade de carne de suínos imunocastrados serem positivos, é necessário o investimento com duas doses da vacina, aplicadas nos animais oito e quatro semanas antes do abate. Nesse panorama a 24 utilização da ractopamina pode potencializar os benefícios da imunocastração e tornar a atividade mais economicamente viável. Este estudo consistiu em avaliar os efeitos da inclusão de ractopamina na ração (0, 5, 10 e 15 mg/kg de ração) e das categorias de castração (machos castrados e imunocastrados) de suínos provenientes de cruzamentos industriais sobre o desempenho e características de carcaça. MATERIAL E MÉTODOS Todos os procedimentos utilizados neste experimento foram desenvolvidos de acordo com os princípios éticos na experimentação animal, protocolo nº 99/2010- CEUA, determinados pela Câmara de Ética no Uso de Animal da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, UNESP, Univ. Estadual Paulista, Câmpus de Botucatu/SP, Brasil. Local, animais e manejo O experimento foi realizado na região centro-oeste do estado de Santa Catarina, Brasil. Foram selecionados 1160 leitões machos (Camborough 25 x AGPIC 337) provenientes de 17 granjas comerciais, de acordo com o peso ao nascimento. As castrações cirúrgicas foram realizadas em metade desses leitões no 7º dia de vida e de acordo com os procedimentos padrão de cada granja. Os demais suínos foram mantidos inteiros para serem imunocastrados na fase de crescimento e terminação. A segunda pesagem dos animais foi realizada no desmame, aos 27 dias, e estes foram transferidos para as instalações de creche. 25 No término da fase inicial (60 dias) os 1160 suínos foram novamente pesados. A partir desses pesos foram definidos grupos nos quais cada categoria de castração foi dividida em grupos contendo suínos com pesos leves, médios e pesados (três grupos de cada), com densidade animal de 12, 11 e 10 suínos por baia, respectivamente. Em seguida, dentro de cada um dos três grupos, fez-se uma segunda estratificação de pesos (leves, médios e pesados), constituindo nove subgrupos (Tabela 1). Foram selecionadas ao acaso nove baias para cada um dos quatro níveis de ractopamina, totalizando 36 grupos e 792 suínos, os quais foram alojados nas instalações de crescimento e terminação. Assim, foi utilizado um delineamento experimental em blocos ao acaso com esquema fatorial 2x4 (duas categorias de castração x quatro níveis de ractopamina) e quatro repetições. Ressalta-se que foi necessário separar os animais em grupos em relação ao peso porque tanto a utilização de ractopamina como a imunocastração podem agir diferentemente em animais leves ou pesados. Tabela 1. Categorização dos suínos em função dos pesos Grupo de Peso Subgrupo de peso Peso na saída da fase inicial (kg) Leves Leves 19,14 Médios 20,74 Pesados 21,84 Médios Leves 22,86 Médios 23,86 Pesados 24,43 Pesados Leves 25,91 Médios 27,26 Pesados 29,80 26 Todos os suínos que não foram castrados após o nascimento, receberam duas doses da vacina de imunocastração, sendo a primeira aplicada aos 103 dias de idade, oito semanas antes do abate, e a segunda dose aplicada aos 136 dias, quatro semanas antes do abate. A administração desta segunda dose da vacina coincidiu com a quarta pesagem dos animais e com o início do fornecimento das dietas experimentais contendo ractopamina. As dietas suplementadas com ractopamina (Tabela 2) foram fornecidas de forma controlada, 28 dias antes do abate e dividida em três tratos diários. O grupo controle recebeu dieta com mesma composição que os demais, porém sem a suplementação da ractopamina. No dia do abate, aos 164 dias, antes do embarque dos animais para o frigorífico, os suínos foram pesados novamente (quinta pesagem) e a partir desses pesos, foram selecionados dois animais com pesos médios de cada baia para a avaliação das características de carcaça. A cronologia do experimento está ilustrada na Figura 1. Figura 1. Cronologia do experimento. 27 Ta be la 2 . C om po siç õe s c en te si m al e c al cu la da d as d ie ta s e xp er im en ta is fo rn ec id as 2 8 di as a nt es d o ab at e. R ac to pa m in a (m g/ kg ) Ite m 0 5 10 15 In gr ed ie nt e, % M ilh o 71 ,4 98 71 ,4 72 71 ,4 47 71 ,4 22 Fa re lo d e So ja 23 ,6 00 23 ,6 00 23 ,6 00 23 ,6 00 Ó le o de S oj a 1, 60 0 1, 60 0 1, 60 0 1, 60 0 N úc le o1 1, 50 0 1, 50 0 1, 50 0 1, 50 0 Fo sf at o B ic ál ci co 0, 55 0 0, 55 0 0, 55 0 0, 55 0 C al cá re o 0, 76 7 0, 76 7 0, 76 7 0, 76 7 L- Li si na 0, 16 4 0, 16 4 0, 16 4 0, 16 4 D L- M et io ni na 0, 07 2 0, 07 2 0, 07 2 0, 07 2 N ot ox 2 0, 25 0 0, 25 0 0, 25 0 0, 25 0 R ac to pa m in a3 0, 00 0 0, 02 5 0, 05 0 0, 07 5 C om po si çã o C al cu la da 4 PB , % 16 ,7 9 16 ,7 8 16 ,7 8 16 ,7 8 EM , k ca l/k g 32 76 ,6 6 32 75 ,7 9 32 74 ,9 6 32 74 ,1 2 Li si na to ta l, % 0, 99 0, 99 0, 99 0, 99 Li si na d ig es tív el , % 0, 89 0, 89 0, 89 0, 89 Fó sf or o di sp on ív el , % 0, 18 0, 18 0, 18 0, 18 C ál ci o, % 0, 51 0, 51 0, 51 0, 51 R ac to pa m in a, m g/ kg 0, 00 0 0, 02 5 0, 05 0 0, 07 5 1 Fo rn ec en do a s se gu in te s qu an tid ad es /k g de r aç ão : m an ga nê s, 59 ,8 5 m g; z in co , 1 50 ,0 0 m g; f er ro , 9 5, 55 m g; c ob re , 1 59 ,9 6 m g; io do , 1, 20 m g; se lê ni o, 0 ,2 5 m g; v ita m in a A , 4 76 5, 75 U I; vi ta m in a D 3, 9 54 ,9 1 U I; vi ta m in a E, 1 6, 38 m g; v ita m in a K , 1 ,0 0 m g; v ita m in a B 1, 0 ,7 8 m g; v ita m in a B 2, 3, 28 m g; v ita m in a B 6, 0 ,5 2 m g; v ita m in a B 12 , 1 2, 34 μ g; á ci do fó lic o, 0 ,3 1 m g; á ci do p an to tê ni co , 1 3, 08 m g; n ia ci na , 1 6, 81 m g; b io tin a, 3 4, 99 μ g; m et io ni na , 0 ,2 5 g; li si na , 0 ,6 3 g; tr eo ni na , 0 ,2 5g ; a di tiv o an tio xi da nt e, 2 ,3 2 m g; s ód io , 1 ,5 0 g; c ál ci o, 1 ,6 5 g; fó sf or o, 0 ,4 9 g; fl úo r, (m áx im o) 4 ,3 9 m g. 2 N ot ox : ad iti vo a ds or ve nt e de f um on is in a e af la to xi na . 3 Pa yl ea n, E la nc o Sa úd e A ni m al , Sp ek e, I ng la te rr a. 4 R os ta gn o et a l. (2 00 5) . 28 Avaliação do desempenho O desempenho foi avaliado nas fases de inicial (27 a 60 dias de idade), crescimento e parte da terminação (60 a 136 dias), no final da terminação (136 a 164 dias) e no período total da fase de crescimento e terminação (60 a 164 dias). O ganho de peso foi calculado pelas pesagens individuais dos suínos, realizadas ao longo do experimento. O consumo de ração foi avaliado por meio do controle de ração fornecida aos suínos da sobra de ração nos comedouros. A conversão alimentar foi calculada em seguida, a partir dessas informações. Manejo pré-abate Os suínos foram pesados pela quinta vez aos 164 dias de idade e submetidos ao jejum de aproximadamente quatro horas. Em seguida, os animais foram transportados por quatro horas até um frigorífico localizado na cidade de Chapecó/SC e permaneceram durante seis horas nas baias de descanso até serem conduzidos ao insensibilizador. O período total de jejum, desde a retirada da ração na granja até o abate, foi em média de 14 horas. O abate ocorreu por eletrocussão automática. Após essa etapa, os animais foram imediatamente sangrados na posição horizontal e suspensos ao fim da mesa de sangria na nórea contínua da linha de abate. As carcaças permaneceram em câmara fria e foram submetidas a temperaturas variando entre 1 a 4°C durante 24 horas. Avaliação das características de carcaça As carcaças quentes, sem cabeça e patas anteriores de 792 suínos foram pesadas e a sonda de tipificação óptica (Hennessy Grading System – GP4/BP4) inserida a seis 29 centímetros da linha dorsal mediana da carcaça, entre a última e penúltima costela para medir a espessura de toucinho e a profundidade do músculo Longissimus dorsi, o que possibilita estimar a porcentagem de carne magra na carcaça. Em seguida, foi calculado o rendimento de carcaça quente. A carcaça foi considerada como unidade experimental. Análise Estatística Desde os sete dias de idade até a saída dos suínos da fase inicial (7 a 60 dias), o modelo de análise de variância foi aplicado para um delineamento inteiramente casualizado com dois tratamentos simbólicos (macho castrado e inteiro/imunocastrado), pois os suínos que não foram castrados cirurgicamente só foram imunocastrados na fase de crescimento e terminação e, portanto, foram criados inteiros até o momento das vacinações. As médias foram comparadas pelo teste F, ao nível de 5% de probabilidade. Foi utilizado o programa Statistical Analysis System (SAS, 2008). A partir da entrada dos suínos na fase de crescimento até o abate (60 a 164 dias) foi adotado um modelo fatorial (duas categorias de castração x quatro níveis de ractopamina) inerente ao delineamento em blocos casualizados. O critério para formação dos blocos foi o peso aos 60 dias de idade. O modelo de análise de variância adotado foi: yjik = µ + bj+ ci + rk+ etik + �jik; com j=1, 2,…, 9 faixas de peso; i= 1, 2 categorias de castração (castrado e imunocastrado); k=1,2,3,4 níveis de ractopamina. Em que: yjik é a observação da resposta pertencente à faixa de peso j, categoria de castração i e nível de ractopamina k; bj é o efeito de faixa de peso (fator blocagem); ci é o efeito da categoria de castração; rk é o efeito de nível de ractopamina; 30 etik é o efeito da interação castração x ractopamina; ejik é o erro aleatório não observável suposto seguir a distribuição normal de média zero e variância constante �². Para verificar se a variabilidade era a mesma entre as duas categorias de castração foi realizado um estudo com o intuito de testar se a distribuição dos animais era a mesma em cada categoria. Para cada variável foram geradas cinco categorias de classes, definidas pelo comprimento de classe, dado por: Comp_classe=(máximo- mínimo/6). O limite inferior da primeira classe foi dado pelo valor mínimo e o superior da última classe pelo valor máximo. Para cada variável foi contado o número de animais ou unidades experimentais em cada uma das cinco categorias de classe e nas duas categorias de castração. O critério para tomada de decisão adotado foi 5% de probabilidade como taxa de erro. As comparações das médias foram realizadas através do teste t de Student. RESULTADOS Não houve interação entre níveis de ractopamina e categorias de castração para nenhuma variável de desempenho ou de características de carcaça. Não houve efeito das categorias de castração sobre os parâmetros de desempenho para suínos na fase de creche, com exceção do peso final (Tabela 3). 31 Tabela 3 - Efeito das categorias de castração de suínos (machos castrados - MC ou inteiros que serão imunocastrados posteriormente - MI) sobre o desempenho na fase de creche (27 a 60 dias). Cat. de Castração P-valor Item MC MI SEM1 Cat. Castração CRD2, kg/d 0,664 0,643 0,018 0,507 GDP3, kg/d 0,471 0,465 0,013 0,775 CA4 1,413 1,383 0,035 0,515 Peso final, kg 24,08a 23,94b 0,770 0,013 Médias seguidas por letras minúsculas distintas na linha diferem (P < 0,05) pelo teste F de Student, dentro de cada fator. 1SEM corresponde ao maior erro-padrão encontrado. 2CRD - consumo de ração diário. 3GDP - ganho diário de peso. 4CA - conversão alimentar. No período de 60 a 136 dias, com 76 dias de alojamento e após 33 dias da primeira dose da vacina de imunocastração, houve o efeito das categorias de castração sobre os parâmetros de desempenho (Tabela 4). Apesar de nesta fase os machos inteiros, que posteriormente foram imunocastrados, apresentarem menor peso inicial em relação aos castrados, o menor consumo diário de ração e o maior ganho de peso diário promoveram melhor conversão alimentar a estes suínos. 32 Ta be la 4 . E fe ito d as c at eg or ia s d e ca st ra çã o (m ac ho s c as tra do s - M C o u in te iro s/ im un oc as tra do s - M I) e d a su pl em en ta çã o de ra ct op am in a (R ac ) n a ra çã o, e su as in te ra çõ es so br e o de se m pe nh o do s s uí no s no s p er ío do s d os 6 0 ao s 1 35 d ia s, 13 6 ao s 1 64 d ia s e d os 6 0 ao s 1 64 d ia s de id ad e. R ac (m g/ kg ) C at . C as tra çã o P – va lo r Ite m 0 5 10 15 SE M 1 M C M I SE M R ac C at . C as tra çã o R ac x C at . C as tra çã o SE M 60 a os 1 36 d ia s Pe so in ic ia l, kg - - - - - 24 ,0 9 a 23 ,9 4 b 0, 55 0 - 0, 01 3 - - C D R 2 , k g/ d - - - - - 1, 90 0 a 1, 85 7 b 0, 02 7 - 0, 01 6 - - G PD 3 , k g/ d - - - - - 0, 86 1 b 0, 92 1a 0, 00 9 - <0 ,0 01 - - C A 4 - - - - - 2, 20 7 a 2, 01 4 b 0, 01 9 - <0 ,0 01 - - 13 6 ao s 1 64 d ia s Pe so in ic ia l, kg 92 ,0 6 92 ,1 1 91 ,5 7 91 ,1 4 1, 96 89 ,5 0 b 93 ,9 3 a 1, 23 0, 55 7 <0 ,0 01 0, 93 4 2, 84 C D R , k g/ d 2, 74 5 2, 72 6 2, 67 9 2, 68 4 0, 06 3 2, 70 7 2, 71 1 0, 04 0 0, 31 9 0, 90 6 0, 94 5 0, 09 4 G PD , k g/ d 0, 86 4b 0, 97 0a 0, 99 1a 1, 01 7a 0, 02 0 0, 96 6 0, 95 4 0, 01 7 <0 ,0 01 0, 48 4 0, 73 2 0, 03 9 C A 3, 19 9a 2, 81 8b 2, 70 4bc 2, 64 0c 0, 08 1 2, 81 8 2, 86 3 0, 05 5 <0 ,0 01 0, 35 9 0, 90 3 0, 09 1 60 a os 1 64 d ia s C D R , k g/ d 2, 09 9 2, 12 2 2, 09 8 2, 08 8 0, 04 8 2, 11 7 2, 08 7 0, 03 0 0, 68 3 0, 12 5 0, 92 9 0, 07 5 G PD , k g/ d 0, 88 7b 0, 91 6a 0, 91 6a 0, 91 9a 0, 01 6 0, 88 9 b 0, 93 0 a 0, 00 9 0, 00 1 <0 ,0 01 0, 72 5 0, 02 2 C A 2, 36 7a 2, 31 8ab 2, 29 0b 2, 27 0b 0, 03 3 2, 38 1 a 2, 24 2 b 0, 02 0 0, 00 9 <0 ,0 01 0, 78 9 0, 05 1 Pe so a ba te 5 , k g 11 6, 24 b 11 9, 25 a 11 9, 3a 11 9, 62 a 2, 29 11 6, 56 b 12 0, 65 a 1, 46 0, 01 1 <0 ,0 01 0, 74 7 3, 26 M éd ia s se gu id as p or le tra s m in ús cu la s di st in ta s na li nh a pa ra c ad a fa to r d ife re m (P <0 ,0 5) p el o te st e T de S tu de nt , d en tro d e ca da fa to r p ar a ra ct op am in a e pe lo te st e de F p ar a ca te go ria s de c as tra çã o. ¹S EM c or re sp on de a o m ai or e rr o- pa dr ão e nc on tra do . 2 C R D : c on su m o de r aç ão d iá rio . 3 G D P: g an ho d e pe so d iá rio . 4 C A : c on ve rs ão a lim en ta r. 5 Pe so d e ab at e, c on si de ra nd o 97 2 su ín os . 33 No período de 136 a 164 dias não houve efeito das categorias de castração sobre o desempenho, exceto para peso inicial, que foi superior nos machos imunocastrados. Porém, a inclusão de ractopamina promoveu maior ganho de peso diário, independente do nível fornecido e melhora na conversão alimentar. Observa-se na Tabela 4 que no período total, de 60 a 164 dias, o consumo diário de ração não foi influenciado pelas categorias de castração nem pelos níveis de ractopamina. Porém, o ganho de peso diário, conversão alimentar e peso de abate sofreram influência de ambos. Os machos inteiros/imunocastrados foram mais eficientes que os machos castrados. Houve melhora na conversão alimentar, aumento no ganho de peso diário e no peso de abate dos suínos que consumiram ractopamina. Os resultados das variáveis de carcaça são apresentados na Tabela 5. Os maiores pesos de carcaça quente e porcentagens de carne magra foram encontrados nos machos inteiros/imunocastrados comparados com os machos castrados. A profundidade de músculo sofreu influência apenas da ractopamina, sendo os melhores valores encontrados com a inclusão deste aditivo, enquanto que a espessura de toucinho sofreu influência apenas das categorias de castração, sendo menor nos machos inteiros/imunocastrados. O rendimento de carcaça foi maior para os machos que consumiram 10 e 15 mg/kg de ractopamina na dieta. 34 Ta be la 5 . E fe ito d as c at eg or ia s de c as tra çã o (m ac ho s ca st ra do s - M C o u im un oc as tra do s - M I) , s up le m en ta çã o de ra ct op am in a (R ac ) na ra çã o, e s ua s in te ra çõ es so br e as c ar ac te rís tic as d e ca rc aç a de su ín os . R ac (m g/ kg ) C at . C as tra çã o P – va lo r Ite m 0 5 10 15 SE M 1 M C M I SE M R ac C at . C as tra çã o R ac x C at . C as tra çã o SE M Pe so a ba te 2 , k g 11 6, 24 b 11 9, 25 a 11 9, 3a 11 9, 62 a 2, 29 11 6, 56 b 12 0, 65 a 1, 46 0, 01 1 <0 ,0 01 0, 74 7 3, 26 PC Q 3 , k g 84 ,8 0b 87 ,7 0a 88 ,2 4a 88 ,7 0a 1, 74 86 ,5 6 b 88 ,1 6 a 1, 13 <0 ,0 01 0, 00 4 0, 92 3 2, 58 R en d. c ar ca ça 4 , % 72 ,9 6c 73 ,5 5bc 73 ,9 3ab 74 ,3 3a 0, 34 74 ,3 7 a 73 ,0 2 b 0, 19 <0 ,0 01 <0 ,0 01 0, 47 3 0, 38 ET 5 , m m 15 ,7 3 15 ,3 1 15 ,1 7 15 ,2 7 0, 46 15 ,9 8 a 14 ,7 7 b 0, 31 0, 34 9 <0 ,0 01 0, 16 1 0, 73 PM 6 , c m 60 ,6 8b 63 ,3 7a 63 ,7 8a 63 ,3 8a 0, 74 63 ,2 4 62 ,3 6 0, 53 0, 00 3 0, 16 7 0, 81 4 1, 13 C M 7 , % 57 ,6 3b 58 ,4 0a 58 ,5 6a 58 ,4 2a 0, 23 58 ,0 0 b 58 ,5 1 a 0, 18 0, 00 2 0, 00 7 0, 38 6 0, 37 M éd ia s se gu id as p or le tra s m in ús cu la s di st in ta s na h or iz on ta l d ife re m (P <0 ,0 5) p el o te st e T de S tu de nt , d en tro d e ca da fa to r, pa ra ra ct op am in a e pe lo te st e de F p ar a ca te go ria s de c as tra çã o. 1 SE M c or re sp on de a o m ai or e rr o- pa dr ão e nc on tra do . 2 Pe so d e ab at e co ns id er an do 7 92 s uí no s. 3 Pe so d a ca rc aç a qu en te . 4 PC Q /P es o fin al *1 00 . 5 Es pe ss ur a de to uc in ho . 6 Pr of un di da de d e m ús cu lo . 7 Po rc en ta ge m d e ca rn e = ca lc ul ad a em f un çã o do p es o da c ar ca ça qu en te e d a es pe ss ur a de to uc in ho , d e ac or do a e qu aç ão % C M = K 0- (K 1* ET )+ (K 2* PM ) o nd e K 0, K 1 e K 2 s ão c on st an te s do fr ig or ífi co c om er ci al o nd e oc or re ra m o s a ba te s d os su ín os . 35 Com a inclusão da ractopamina houve aumento na profundidade de músculo e na porcentagem de carne magra, independente da condição sexual, e aumento do peso da carcaça quente dos machos imunocastrados. DISCUSSÃO A velocidade de crescimento dos diferentes tecidos corporeos é variável em função da idade e maturidade fisiológica do animal. Na fase inicial, os suínos utilizam a energia disponível para crescimento de vísceras, ossos e desenvolvimento do tecido muscular. Isso pode explicar o fato de não ter havido neste trabalho efeito das categorias de castração sobre os parâmetros de desempenho para os suínos na fase inicial (Tabela 3). A castração cirúrgica tem impacto negativo sobre o peso à desmama, taxa de mortalidade e incidência de suínos leves, aumenta a necessidade de medicação injetável adicionais antes e após o desmame, bem como aumenta a ocorrência de diarréia durante a fase de creche (Dallanora et al., 2010). Segundo Andersson et al. (1997), os custos são menores para produção de machos inteiros, em relação à produção de castrados, pois os custos de mão-de-obra e materiais envolvidos na realização da castração são eliminados, a mortalidade de animais diminui e os machos inteiros possuem melhor conversão alimentar e apresentam maior taxa de crescimento que os castrados. Constatou-se que na fase de 60 a 136 dias (Tabela 4), houve menor consumo de ração diário, maior ganho de peso diário e melhora na conversão alimentar dos suínos inteiros/imunocastrados. Provavelmente, os efeitos da primeira dose da vacina de imunocastração, aplicada aos 103 dias, não foram responsáveis por esses resultados, pois, de acordo com Dunshea et al. (2001), a primeira dose da vacina contra GnRH não tem efeito fisiológico sobre a função dos testículos. 36 Neste contexto, os benefícios obtidos podem estar relacionados ao fato dos suínos imunocastrados se comportarem fisiologicamente como machos inteiros até a segunda dose da vacina, segundo relatos de Dunshea et al. (2001) e Pauly et al. (2009). O potencial anabolizante natural dos machos inteiros afeta positivamente os resultados produtivos para machos imunocastrados, benefícios que são perdidos após a segunda dose da vacina (Pauly et al., 2009). Segundo Booth (1975), os andrógenos predominantes nos testículos dos suínos são o 5-androstenediol, dehidroepiandrosterona e a testosterona, os quais têm efeitos anabólicos que estimulam o crescimento muscular, a retenção de nitrogênio e fósforo, crescimento dos ossos e provoca a redistribuição dos nutrientes, resultando em melhor conversão alimentar, menor espessura de toucinho e aumento do tecido magro das carcaças de machos inteiros em comparação com fêmeas ou machos castrados. Esta melhor conversão alimentar implica em menor geração de dejetos. A partir da segunda dose da vacina, no período de 136 a 164 dias (Tabela 4), não houve aumento no consumo diário de ração dos imunocastrados. Porém, diversos autores (Dunshea e McCauley, 2001; McCauley et al., 2003 e Oliver et al., 2003; Dunshea et al., 2005; Fàbrega et al., 2010 e Moore et al., 2009) relataram que houve aumento do consumo diário de ração dos machos com a imunocastração. Segundo Campbell e Taverner (1988) e Dunshea et al. (1993), suínos castrados consomem mais ração do que machos inteiros e isto está relacionado à baixa concentração de testosterona nos castrados. O suíno inteiro apresenta flutuações sazonais de testosterona e para de comer quando as concentrações de testosterona estão em valores altos (Weiler et al., 2000). Assim, a redução da testosterona poderia ser responsável pelo aumento do consumo de ração que ocorre após a segunda aplicação da vacina, o 37 que não foi verificado neste estudo. Contudo, Fàbrega et al. (2010) relatam que, após a aplicação da segunda dose da vacina de imunocastração, o consumo diário de ração foi maior para os castrados em relação aos imunocastrados, inteiros e fêmeas, mas que antes do abate o consumo dos imunocastrados e castrados não diferiu entre si, o que dá suporte aos resultados encontrados no presente estudo. Os resultados do presente trabalho indicam que a imunocastração parece não ter efeito importante na fase de 136 a 164 dias, quando se adota restrição alimentar. A suplementação de ractopamina na dieta de suínos, durante os 28 dias finais da fase de terminação, promoveu aumento no ganho de peso diário e melhorou a conversão alimentar. Apple et al. (2007), Marinho et al. (2007); Pereira et al. (2008); Patience et al. (2009), Moore et al. (2009), Rickard-Bell et al. (2009), Takada (2010) e Moraes et al. (2010) que também relataram aumento no ganho de peso diário e melhor conversão alimentar de suínos machos em terminação que receberam suplementação de ractopamina na dieta, assim como Athayde (2010) e Hinson et al. (2011) avaliando machos castrados e fêmeas. Esses efeitos benéficos da ractopamina sobre o desempenho de suínos são resultados da ligação deste agonista β-adrenérgico a receptores ligados à proteína Gs, isoforma da proteína G que ativa a adenilato ciclase. O complexo β- adrenérgico/receptor (βAR) fixa-se sobre esta proteína de ligação (Gs), que na sua forma ativa, induz a fluidez da membrana e permite o seu deslocamento lateral. Este mecanismo leva à estimulação da ação catalítica da enzima adenilato cliclase (AC), situada na face interna da membrana plasmática, e leva à formação do mensageiro secundário monofosfato cíclico de adenosina (AMPc), formado a partir do trifosfato de adenosina (ATP). O AMPc por sua vez, ativa a proteína quinase que conduz à 38 fosforilação de enzimas, responsáveis pelas respostas finais (Cantarelli, 2007). Estas enzimas quando estão fosforiladas (APO4), promovem respostas celulares como: diminuição da gordura corporal (Yen et al., 1991), hipertrofia sem hiperplasia (Miller et al., 1988), entre outros efeitos como aumento da glicogenólise, aumento do glucagon e da renina, relaxamento da musculatura lisa e aumento da contração cardíaca (Moody et al., 2000). No período de 60 aos 164 dias, houve aumento no ganho de peso diário dos suínos imunocastrados, enquanto que o consumo diário de ração foi inalterado (Tabela 4). Isso proporcionou melhora na conversão alimentar e maior peso de abate desses animais. Os machos imunocastrados e os machos que consumiram dieta contendo ractopamina obtiveram os melhores resultados, o que pode estar relacionado com dois fatos: diminuição no comportamento agressivo e sexual dos suínos como conseqüência da supressão da função testicular, causada pela imunocastração, e pela ação da ractopamina que desvia a energia livre para a deposição de mais músculo nos suínos. A castração torna o suíno mais dócil, porém, causa alterações no metabolismo, levando o animal a acumular gordura na carcaça. Este fato foi confirmado no presente estudo, onde a espessura de toucinho dos castrados foi maior do que nos imunocastrados. O macho imunocastrado foi criado inteiro até a vacinação, o que o permitiu estender a fase de deposição de músculo e atrasar a fase de deposição de gordura na carcaça. A ractopamina não influenciou a espessura de toucinho dos suínos (Tabela 5). A ausência de efeito da ractopamina pode estar relacionada ao fato de terem sido utilizados neste estudo animais melhorados geneticamente para alta produção de carne e baixa deposição de gordura e de ter sido adotado programa de restrição alimentar. 39 Hinson et al. (2011) também não observaram influência da ractopamina sobre a espessura de gordura ao avaliar machos castrados e fêmeas. Este aditivo é um potente estimulador da mobilização de gordura do tecido adiposo, porém, em alguns casos pode não ter efeito na redução da deposição de gordura em suínos em função da combinação de rápida regulação dos receptores ß-adrenérgicos dos adipócitos (Dunshea e King, 1995), pouco efeito sobre a lipogênese (Liu et al., 1994), e da insensibilidade relativa dos adipócitos aos agonistas ß-adrenérgicos (Pethick et al., 2005). Segundo Mills (2002), os isômeros da ractopamina têm capacidade limitada para ativar os receptores β- adrenérgicos de suínos, sendo que a down-regulation pode limitar a eficácia da ractopamina e levar à variação na gordura da carcaça. A profundidade de músculo foi maior nos suínos que receberam ractopamina, mas não foi influenciada pelas categorias de castração (Tabela 5). Esse resultado está de acordo com os encontrados por Fàbrega et al. (2010) que relataram que não houve efeito da imunocastração para profundidade de músculo e por Athayde (2010) que verificou aumento na profundidade de músculo de suínos que foram alimentados com dietas contendo ractopamina. Apesar das catecolaminas estarem relacionadas com o processo de degradação e gasto energético, Mills (2002) relatou que os ligantes dos receptores β- adrenérgicos promovem o aumento da massa muscular. Não se sabe ao certo como a ativação dos receptores β-adrenérgicos promove aumento da deposição de proteína, mas a maioria das evidências indica que são esses receptores que mediam a resposta do crescimento. Segundo Mills (2002), isso indica que a síntese de proteínas é afetada, o que pode explicar a maior profundidade de músculo dos machos que consumiram ractopamina, o que também foi verificado no presente estudo. 40 Com exceção da espessura de toucinho e da profundidade de músculo, todos os outros parâmetros de características de carcaça avaliados (Tabela 5) foram influenciados tanto pelos níveis de ractopamina quanto pelas categorias de castração. O peso de abate, peso de carcaça quente e porcentagem de carne magra na carcaça foram maiores nos machos imunocastrados e também nos machos que consumiram dieta contendo ractopamina. Rickard-Bell et al. (2009) verificaram que a meia carcaça dos machos imunocastrados foi mais pesada do que as dos machos inteiros e nos animais que consumiram ractopamina. Athayde (2010) também relatou aumento nos valores de peso de abate, carcaça quente e porcentagem de carne magra de suínos que consumiram ractopamina na dieta. O efeito favorável da imunocastração sobre a porcentagem de carne magra na carcaça foi verificado em diversos experimentos: Xue et al. (1997), Dunshea et al. (2001), Zamaratskaia et al. (2008), Pauly et al. (2009), Moraes et al. (2010), Fàbrega et al. (2010) e Boler et al. (2011). CONCLUSÃO A utilização da ractopamina na dieta e a imunocastração proporcionam efeitos benéficos no desempenho e nas características de carcaça dos suínos. Quando o suíno é criado inteiro permite-se a ação natural de seus hormônios que proporcionam ao animal maior deposição de músculo. Quando o suíno é imunocastrado há um aumento na deposição de gordura e é neste momento que se evidenciam os benefícios da utilização da ractopamina. Assim, a utilização da ractopamina e imunocastração refletem no aumento de carne e redução da porcentagem de gordura na carcaça, valorizando este produto no mercado. 41 LITERATURA CITADA Andersson, K., A. Schaub, K. Andersson, K. Lundström, S. Thomke and I. Hansson. 1997. The effects of feeding system, lysine level and gilt contact on performance, skatole levels and economy of entire male pigs. Livest. Prod. Sci. 51(1- 3):131-140. doi: 10.1016/S0301-6226(97)00097-3. Apple, J. K., P. J. Rincker, F. K. McKeith, S. N. Carr, T. A. Armstrong, and P. D. Matzat. 2007. Review: Meta-analysis of the ractopamine response in finishing swine. Prof. Anim. Scient. 23:179-196. Athayde, N. B. Desempenho, qualidade de carne e estresse de suínos suplementados com ractopamina. 2010. 106 p. Dissertação (Mestrado em Produção Animal) - Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade Estadual Paulista, Botucatu, Brasil, 2010. Boler, D. D., Kutzler, L. W., Meeuwe, D. M., King, D. R., Campion, D. R., McKeith, F. K. and J. Killefer. 2011. Effects of increasing lysine on carcass composition and cutting yields of immunologically castrated male pigs. J. Anim. Sci. 89:2189-2199. doi: 10.2527/jas.2010-3640. Booth, W. D. 1975. 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