8º Congresso de Extensão Universitária da UNESP, 2015. Título, autores – ISSN 2176-9761 Inclusão digital para a terceira idade: o Projeto TID-Unati. Maria Antonia Benutti; Carmem Hernandes Ricardo Toledo; Eliane Patricia Grandini Serrano; Maria Bernardo; Iara Pedezzi Bianchi e Marina Malzov Foltran. Campus Bauru, FAAC, Artes Visuais/Relações Pública. mariabenutti@faac.unesp.br, carmemhrt@gmail.com; patricia@faac.unesp.br; mariabernardo.n@gmail.com; iara_pbianchi26@hotmail.com; marinamalzov@gmail.com; Eixo: 3 - "Novas Tecnologias: Perspectivas e Desafios" Resumo O presente trabalho apresenta o projeto de extensão UNATI, Universidade Aberta para a Terceira Idade, que trabalha com a inclusão digital do idoso. O projeto objetiva facilitar o uso de computadores e possibilitar às pessoas em processo de maturidade e envelhecimento, o acesso à universidade. Desenvolve diversas atividades, dentre as quais se destaca o projeto TID (Terceira Idade Digital) com oficinas de informática básica, voltadas para a introdução desse público na era digital. Palavras Chave: idoso, terceira idade, inclusão digital. Abstract: This paper presents the UNATI extension project, the Open University for the Third Age, which works with the digital inclusion of the elderly. The project aims to facilitate the use of computers and enable people in maturity and aging, access to university. Develops various activities, among which stands out the TID project (Third Digital Age) with basic computer workshops, aimed at the introduction of this public in the digital age. Keywords: elderly, third Age, digital inclusion Introdução A população idosa no mundo está aumentando de forma significativa, por volta do ano 2050 os idosos serão um quinto da população mundial. No Brasil, com a melhoria da qualidade de vida e de saúde da população, os números da população idosa duplicarão. Nos próximos 20 anos, a população idosa do Brasil poderá ultrapassar os 30 milhões de pessoas e deverá representar quase 13% da população ao final deste período. Em 2000, segundo o Censo, a população de 60 anos ou mais de idade era de 14.536.029 de pessoas, contra 10.722.705 em 1991. O peso relativo da população idosa no início da década representava 7,3%, enquanto, em 2000, essa proporção atingia 8,6%. (IBGE, 2015) Apontando para uma progressão anunciada para 2025, calcula-se que 15,1% da população terá mais de 60 anos, segundo dados do IBGE de 2010. A maior longevidade da população implica em um aumento da participação dos idosos na sociedade. “Ao envelhecer o ser humano se depara com diferentes situações e precisa estar em constante aprimoramento e adaptação. Não se vive em um mundo isolado, e sim em uma rede de relações sociais. Nesta mesma visão, o idoso depara-se com as modernidades da vida atual, dentre elas as tecnológicas. [...] O fato é que a maioria das pessoas com idade superior a 60 anos não estão acompanhando esta realidade”. (RIBEIRO, 2015, p.1) A maior longevidade da população implica em um aumento da participação dos idosos na sociedade. E a interação e comunicação entre essa população e as populações com menos idade se faz necessária. No mundo globalizado em que vivemos, a chamada era digital possibilitou a aproximação de diferentes pessoas e lugares por meio das tecnologias de informação e comunicação (TICs), mas da mesma forma que a tecnologia as aproximou também promoveu a exclusão dos que não têm conhecimento e acesso a elas. Vários grupos da população brasileira se encontram nessa situação, seja pela falta de acesso a computadores ou outras ferramentas digitais por motivos financeiros, ou pela falta de conhecimento no https://www.facebook.com/mama.bernardo https://www.facebook.com/mama.bernardo https://www.facebook.com/iara.pedezzibianchi mailto:mariabenutti@faac.unesp.br mailto:carmemhrt@gmail.com mailto:patricia@faac.unesp.br mailto:mariabernardo.n@gmail.com mailto:iara_pbianchi26@hotmail.com mailto:marinamalzov@gmail.com 8º Congresso de Extensão Universitária da UNESP, 2015. Título, autores – ISSN 2176-9761 uso dessas tecnologias. Um dos grupos que se enquadram nessa situação é a população idosa. O idoso no século XXI tem enfrentado muita dificuldade para acompanhar as constantes atualizações das tecnologias de informação. A exclusão social que o idoso enfrenta, em virtude de sua idade e suas limitações atualmente é agravada pela exclusão digital, na falta de conhecimento e acesso as tecnologias. Acompanhar estas tecnologias não é tarefa fácil, mas faz-se necessário, tanto para o recebimento da aposentadoria nos caixas eletrônicos, como para uma simples ligação no celular. (RIBEIRO, 2015, p.6) O rápido crescimento da população de idosos em nosso país vem produzindo grande impacto na sociedade, especialmente com referência as diversas necessidades dessa população. Segundo Carrilho e Álvares (2012), “A interação entre o idoso e as tecnologias permite a comunição entre as pessoas, acesso a informações e às atualidades. Possibilita a aplicações para uso pessoal, distração e ocupação do tempo ou, mesmo, para resolver situações domésticas com a máquina, como gerenciar finanças. Na sociedade atual, praticamente passou a exigir esse novo conhecimento. A apropriação desse conhecimento inclui ou exclui parcelas da população, entre elas, os idosos. (CARRILHO, ÁLVARES, 2012, p.3) A distância física de filhos e parentes próximos e a possibilidade dessas tecnologias aproximá-los de seus entes queridos tem motivado o idoso a buscar conhecimento nessa área, mas a falta de cursos voltados para a faixa etária da terceira idade, contribui para a dificuldade que essas pessoas têm em utilizar um computador ou mesmo os smartfones. O Estatuto do Idoso, no capítulo V que trata da Educação, Cultura, Esporte e Lazer no artigo 21 diz que “O Poder Público criará oportunidades de acesso do idoso à educação, adequando currículos, metodologias e material didático aos programas educacionais a ele destinados”. E no parágrafo 1o desse mesmo artigo diz que “Os cursos especiais para idosos incluirão conteúdo relativo às técnicas de comunicação, computação e demais avanços tecnológicos, para sua integração à vida moderna.” (BRASIL, 2003) A UNESP preocupada com esse público, e baseado no Estatuto do Idoso, criou o projeto intitulado UNATI – Universidade Aberta para a Terceira Idade. Cumprindo o papel social da universidade pública, a UNATI possibilita a troca de experiências, educação e cultura entre seus realizadores e os idosos. Assim, o projeto de extensão do núcleo da UNATI- UNESP Bauru tem elaborado atividades programadas de acordo com o interesse dos participantes, incluindo palestras e cursos sobre temas como computação, artes, artesanato, bem como, oferece oportunidades para participação em grupos de discussão, passeios e visitas educativas a exposições, museus, entre outros. De acesso amplo e gratuito o projeto realizado no câmpus Bauru da UNESP recebe idosos da região, sem nenhum tipo de restrição, quer econômica ou social e objetiva, além da integração e da troca de experiências entre a população participante, contribuir para a melhoria da qualidade de vida desse segmento da população bauruense, e uma aproximação com o setor universitário, na medida em que participam conjuntamente das ações alunos, professores e funcionários da Universidade, integrando a comunidade e a Universidade, colaborando também para a ampliação da formação dos jovens universitários. Objetivos O projeto UNESP-UNATI - núcleo Campus de Bauru tem como objetivo possibilitar às pessoas em processo de maturidade e envelhecimento, o acesso à universidade como meio de ampliação do espaço cultural, bem como, de educação continuada pelo oferecimento de cursos e atividade que propiciem a atualização de conhecimentos gerais e específicos atinentes aos interesses e necessidades desse segmento. Diante desse desafio, muito mais do que um compromisso institucional da Unesp, a partir de 2014, a UNATI – campus de Bauru tem como objetivo o TID (Terceira Idade Digital), que oferece oficinas de informática básica, voltadas para a introdução do público participante na era digital. Material e Métodos O projeto pedagógico do curso de inclusão digital é voltado para o ensino da terceira idade de forma a atender suas necessidades de aprendizado e de comunicação. As aulas do Terceira Idade Digital ocorrem na central de laboratórios da Faculdade de Artes e Comunicação (Figura 1) semanalmente e têm duas horas de duração. Atreladas ao ensino da informática, são introduzidas temáticas de interesse dos idosos, a partir de textos, imagens e vídeos coletados via ferramentas do computador a fim de suscitar reflexões sobre os temas discutidos. Esse ano incluímos a solução de dúvidas em relação a utilização dos smartfones. 8º Congresso de Extensão Universitária da UNESP, 2015. Título, autores – ISSN 2176-9761 Figura 1. Aula de TID, central de laboratórios FAAC. Toda a programação de aula é feita de forma gradativa, desde a apresentação dos componentes como, mouse, teclado e ensinamentos básicos de planilha de dados, trabalho com textos e apresentações de slides, até a criação de e-mail, apresentação de redes sociais e mídias digitais. Para o desenvolvimento do projeto contamos com uma bolsista e alguns voluntários, alunos do curso de Relações Públicas da Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação. Conta também, com a participação de alunos dos cursos de Artes Visuais, Educação Física e Psicologia, que trazem, além das atividades de TICs, atividades de artes, educação física e psicologia, que ocorrem uma vez ao mês cada uma. O projeto, hoje, tem a participação de 15 alunos, sendo apenas 2 do sexo masculino. A faixa etária é de 56 a 76 anos. A escolaridade e a classe socioeconômica são heterogêneas. Apresentando participantes com formação desde apenas o ensino fundamental até com formação universitária. Resultados e Discussão Segundo Carrilho e Álvares (2012, p.2) “O objetivo do treinamento da pessoa idosa é desenvolver as habilidades para operar a tecnologia, ou seja, aprender sobre o computador e seus recursos, não deixando de lado a aprendizagem significativa, para que possam assim intervir na mudança social e na imagem do idoso”. O desenvolvimento das atividades no projeto UNATI têm a preocupação de tornar o idoso um cidadão mais crítico sobre os conteúdos disponibilizados pela mídia, expandindo sua cultura comunicacional, e ampliando as possibilidades de conhecimento mediante o mundo digital globalizado. “Através dessa nova aprendizagem digital, precisamos tornar o adulto tardio capaz de compreender o seu papel social e o significado dessas suas novas aprendizagens, para usá-la melhor em seu dia a dia, de forma a atender suas exigências e as da própria sociedade, promovendo sua inclusão digital e até social”. (GOULART, D., et al., 2013, p.146) As mudanças ocorrem muito rapidamente em relação as tecnologias, sendo difícil, até mesmo para as pessoas mais jovens, acompanhá-las. Segundo Ribeiro (2015, p. 5) “Toda esta evolução tecnológica apresenta a necessidade de uma constante atualização por parte de toda a população, e o idoso deve estar inserido neste processo”. Porém, o ritmo do idoso para a aprendizagem das novas tecnologias é mais lento do que o dos jovens, então a interação entre o jovem, aluno-professor e o idoso, é extremamente necessária, possibilitando para ambos a troca de experiências, o desenvolvimento do respeito mútuo e um maior conhecimento sobre as necessidades, limitações e habilidades da terceira idade. Além das atividades de TID, as atividades complementares de artes, psicologia e educação física são bastante importantes, pois promovem a interação do grupo. As atividades de artes e de psicologia são realizadas no próprio laboratório de informática, mas as atividades de educação física são realizadas no pátio. Nas atividades de educação física são realizados exercícios de alongamento (Figura 2), de equilíbrio e algumas competições entre outras atividades adequadas à terceira idade. Figura 2. Atividades de educação física. Conclusões O rápido crescimento da população de idosos em nosso país vem produzindo grande impacto na sociedade, especialmente com referência as diversas necessidades dessa população. Quando se pensa no bem-estar do idoso, geralmente se faz com referência a assistência no âmbito da saúde. Porém, existem outros fatores igualmente importantes dessa etapa da vida. Partindo da 8º Congresso de Extensão Universitária da UNESP, 2015. Título, autores – ISSN 2176-9761 definição de que as múltiplas atividades promovem a saúde, o bem-estar psicológico e social e a cidadania desse público, as ações desenvolvidas pela UNATI- UNESP – Bauru têm procurado oferecer oportunidades para participação em diversos âmbitos, como: a inclusão digital, a troca de experiências, atividades intelectuais, físicas e sociais, oferecendo espaços de maior interação e participação social, refletindo diretamente na saúde física e mental. É com essa possibilidade que o projeto de extensão UNATI-UNESP Bauru tem trabalhado. Tendo como foco central abrir as portas da universidade para a terceira idade, de forma a integrar e efetivar a participação desse público dentro do câmpus, possibilitando assim a ampliação de conhecimentos, a troca de experiência e a melhoria na qualidade de vida desse segmento da população. O objetivo do projeto vai além da introdução do idoso nas mídias digitais, ou a realização de pesquisas sobre a temática. Tem-se também a preocupação em torná-lo um cidadão mais crítico sobre os conteúdos disponibilizados pela mídia, expandindo sua cultura comunicacional, e ampliando as possibilidades de conhecimento mediante o mundo digital globalizado. Também entra no mote de resultados esperados a interação entre o jovem, aluno-professor e o idoso, aluno, possibilitando para ambos a troca de experiências, o desenvolvimento do respeito mútuo e um maior conhecimento sobre as necessidades, limitações e habilidades da terceira idade. Ambos, idosos e alunos, ganham com o aprendizado mútuo. Agradecimentos Agradecemos à PROEX – Pró-reitoria de Extensão Universitária pelo apoio. ____________________ BRASIL, 2003. Estatuto do idoso. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/L10.741.htm. Acesso em 24 jul. 2015. CARRILHO, D. Q. do N., ÁLVARES, N. O. TERCEIRA IDADE E TECNOLOGIA DIGITAL: Inclusão Digital x Inclusão Social. Disponível em: http://www.portal.inf.ufg.br/espinfedu/sites/www.inf.ufg.br.espinfedu/fil es/uploads/trabalhos- finais/Djane_ArtigoEspecInformaticaAplicEducacao-2012.pdf. Acesso em 20 jul. 2015. GOULART, D.; et al. Inclusão digital na adultez tardia e o reencantamento da aprendizagem. 2013. Disponível em: http://seer.ufrgs.br/index.php/RevEnvelhecer/article/view/20995/26996. Acesso em 28 jul. 2015. IBGE, Perfil dos Idosos Responsáveis pelos Domicílios. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/25072002pidoso.shtm Acesso em 05 ago. 2015. RIBEIRO, R. R.. INCLUSÃO DIGITAL NA TERCEIRA IDADE. Disponível em: http://www.webartigos.com/artigos/inclusao-digital-na- terceira-idade/99073/. Acesso em 27 jul. 2015. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/L10.741.htm http://www.portal.inf.ufg.br/espinfedu/sites/www.inf.ufg.br.espinfedu/files/uploads/trabalhos-finais/Djane_ArtigoEspecInformaticaAplicEducacao-2012.pdf http://www.portal.inf.ufg.br/espinfedu/sites/www.inf.ufg.br.espinfedu/files/uploads/trabalhos-finais/Djane_ArtigoEspecInformaticaAplicEducacao-2012.pdf http://www.portal.inf.ufg.br/espinfedu/sites/www.inf.ufg.br.espinfedu/files/uploads/trabalhos-finais/Djane_ArtigoEspecInformaticaAplicEducacao-2012.pdf http://seer.ufrgs.br/index.php/RevEnvelhecer/article/view/20995/26996 http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/25072002pidoso.shtm http://www.webartigos.com/artigos/inclusao-digital-na-terceira-idade/99073/ http://www.webartigos.com/artigos/inclusao-digital-na-terceira-idade/99073/