RESSALVA Atendendo solicitação do(a) autor(a), o texto completo desse trabalho será disponibilizado somente a partir de 28/02/2025. UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA - UNESP Faculdade de Ciências e Letras - Campus de Assis AMANDA CAROLLO RAMOS DA SILVA A VIVÊNCIA EMOCIONAL DE ADOLESCENTES VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA SEXUAL NO CONTEXTO JUDICIÁRIO POR INTERMÉDIO DO PROCEDIMENTO DE DESENHOS-ESTÓRIAS Assis 2024 AMANDA CAROLLO RAMOS DA SILVA A VIVÊNCIA EMOCIONAL DE ADOLESCENTES VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA SEXUAL NO CONTEXTO JUDICIÁRIO POR INTERMÉDIO DO PROCEDIMENTO DE DESENHOS-ESTÓRIAS Tese apresentada à Universidade Estadual Paulista (UNESP), Faculdade de Ciências e Letras de Assis, para obtenção do título de Doutora em Psicologia. Área de Concentração: Psicologia e Sociedade Orientador: Prof. Dr. Jorge Luís Ferreira Abrão Assis 2024 S586v Silva, Amanda Carollo Ramos da A vivência emocional de adolescentes vítimas de violência sexual no contexto judiciário por intermédio do Procedimento de Desenhos-Estórias / Amanda Carollo Ramos da Silva. -- Assis, 2024 147 f. : il. Tese (doutorado) - Universidade Estadual Paulista (UNESP), Faculdade de Ciências e Letras, Assis Orientador: Jorge Luís Ferreira Abrão 1. Adolescência. 2. Psicanálise. 3. Violência sexual. 4. Vítimas de abuso sexual - Estudo de casos. 5. Adolescentes e violência sexual. I. Título. Sistema de geração automática de fichas catalográficas da Unesp. Biblioteca da Universidade Estadual Paulista (UNESP), Faculdade de Ciências e Letras, Assis. Dados fornecidos pelo autor(a). Essa ficha não pode ser modificada. Ao Felippe, que chegou no início desta jornada, por permanecer e trilhar a vida ao meu lado; Ao Dante, que chegou na conclusão desta jornada, por trazer um novo sentido à minha vida. AGRADECIMENTOS O trabalho de pesquisa e de escrita, embora solitário, só se faz possível pela presença de algumas pessoas durante este percurso, às quais não poderia deixar de registrar meus agradecimentos. Ao Professor Doutor Jorge Luís Ferreira Abrão, pela confiança em mim depositada desde o início e por me guiar de forma tão sábia e leve por este caminho; À Flávia Renata Bertonha Manoel Bertão, por me acolher de modo continente e me fazer enxergar a riqueza deste trabalho nos momentos de dúvidas; À Ana Carolina Fortes Paiva de Pina, pelos momentos partilhados nas supervisões de cada caso atendido; Às Professoras Doutoras Leila Salomão de La Plata Cury Tardivo e Helena Rinaldi Rosa, pelas importantes contribuições durante o Exame de Qualificação; Ao Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, na pessoa dos Magistrados Doutora Paula Micheletto Cometti e Doutor Tiago Tadeu Santos Coelho, por autorizar a realização desta pesquisa, permitindo meu aprimoramento profissional; Às adolescentes, e seus familiares, por compartilharem suas histórias, a partir das quais se fez possível o desenvolvimento desta tese. “não há nada de errado com você isso é crescimento isso é transformação decidir se proteger se perder na multidão tentar se resolver sentir que alguém te usou e não teve consideração perder a esperança ficar sem energia isso é medo isso é reflexão isso é sobrevivência isso faz parte da vida” - jornada (Rupi Kaur, Meu corpo minha casa) “as experiências a que sobrevivemos vivem dentro de nós” (Rupi Kaur, Meu corpo minha casa) RESUMO Silva, A. C. R. (2024). A vivência emocional de adolescentes vítimas de violência sexual no contexto judiciário por intermédio do Procedimento de Desenhos-Estórias (Tese de Doutorado). Faculdade de Ciências e Letras, Universidade Estadual Paulista, Assis. O fenômeno da violência sexual contra o público infantojuvenil e as repercussões psíquicas dessa vivência, potencialmente traumática, são temas de complexidade, envoltos por diversas nuances. Esta pesquisa, que se desenvolveu em um contexto de intersecção entre a Psicologia e o Judiciário, tem como objetivo compreender, por intermédio do Procedimento de Desenhos- Estórias (D-E), aplicado durante a entrevista prévia ao depoimento especial, a experiência emocional de adolescentes que vivenciaram situações de violência sexual. Para seu desenvolvimento, elegeu-se o método clínico-qualitativo, utilizando como estratégia metodológica o estudo de caso à luz do referencial teórico psicanalítico e, como instrumento de pesquisa, o Procedimento de Desenhos-Estórias, uma técnica de investigação clínica que possibilita o acesso à condição psicodinâmica do indivíduo, focalizando os pontos conflitivos e turbulências emocionais. O estudo foi aprovado por um Comitê de Ética em Pesquisa e teve o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo como instituição coparticipante. A aplicação do instrumento ocorreu no cotidiano profissional da autora e, para a análise de dados, foi utilizada a livre inspeção dos materiais, na qual se privilegiou o acompanhamento livre das associações entre produções gráficas e produções verbais, buscando a apreensão dos aspectos que se sobressaíam. Participaram da pesquisa cinco adolescentes do sexo feminino que sofreram abuso sexual intrafamiliar. Analisando os materiais produzidos, em conjunto com os históricos de vida acessados, foram evidenciadas situações de desproteção e o estado de desamparo em relação às figuras parentais. Para lidar com essa condição, identificou-se, a nível intrapsíquico, a mobilização de uma série de mecanismos de defesa, sendo reconhecidos, nas unidades de produção, o uso de idealização, negação, esquecimento, isolamento, controle onipotente e cisão. Observou-se, de forma geral, que inseridas em um contexto vulnerável, com falhas na proteção parental, as adolescentes não tiveram seus processos de desenvolvimento preservados, sendo levadas a assumir uma independência prematura ou uma falsa maturidade. Não obstante a isso, considerou-se que as participantes demonstraram um movimento favorável de elaboração das situações vivenciadas e de desenvolvimento de recursos internos para dar sentido às suas vivências, levando-se em conta não só a expressão de emoções, possibilitada por meio da atividade, mas também a oferta de um espaço de escuta, acolhimento e credibilização. Em relação à aplicação do D-E no atendimento psicológico em âmbito forense, pôde-se observar que se mostrou uma ferramenta eficaz tanto para propiciar ao examinando a expressão de suas emoções de forma lúdica quanto para o profissional, que tem o estabelecimento do rapport favorecido e passa a ter acesso, de forma breve e não invasiva, às experiências emocionais do indivíduo, o que leva a uma atuação mais continente e assertiva. Compreende-se que embora esta pesquisa tenha tratado de um contexto e de um público específicos, as reflexões emergentes permitiram lançar um olhar além, não só para questões relacionadas à violência sexual contra crianças e adolescentes e ao exercício profissional de Psicologia em instância judicial, mas também para a compreensão do fenômeno da violência em si, contribuindo, ainda, para a atuação de psicólogos nesses casos, independente da área em que seu trabalho é demandado. Palavras-chave: adolescência; procedimento de Desenhos-Estórias; psicanálise; psicologia jurídica; violência sexual. ABSTRACT Silva, A. C. R. (2024). The emotional experience of teenagers victims of sexual violence in the judicial context through the Drawing-Story Procedure. (Ph.D. Thesis). Faculdade de Ciências e Letras, Universidade Estadual Paulista, Assis. The phenomenon of sexual violence against children and adolescents and the psych repercussions of this experience potently traumatic are terms of complexity, surround by several nuances. This research, which was develop in a context of intersection between Psychology and the Judiciary, has as an objective to comprehend, through the Procedure of Drawings-Stories (D-E), applied during a previous interview to the special testimony, the emotional experience of teenagers who experienced situations of sexual violence. To its developing, was elegit the clinic-qualitative method, using as a methodological strategy the case study, in the light of the psychoanalytic theoretical framework, and as a research tool, the Drawing-Story Procedure, conceived as a clinic investigation technique that enables the access to a psychodynamic condition of the individual, focusing on the conflict points and emotional turbulences. The study was approved by the Research Ethics Committee and had the São Paulo State's Court of Justice as a participating institution. The application of the instrument occurred in the author's professional daily life and, for the data analysis, it was used the free inspection of the materials, which privileged the free monitoring association between graphic and verbal productions, seeking to apprehend the aspects that stood out. Five female tennagers that suffered sexual abuse whitin the family setting participated in the study. Analyzing the materials produced, with their life stories, were evidenced situations of unprotection and helplessness of parental figures. To deal with this condition, it was identified the mobilization, in a intrapsychic level, of a series of defence mechanisms. In the production units were seen the use of idealization, denial, forgetfulness, isolation, omnipotent control and split. It was observed, in general, that, in a vulnerable context, with flaws in parent protection, the teenagers didn’t have their development process preserved, being led to assume a premature independence or a false maturity. Despite this, it was considered that the participants demonstrated a favorable movement of elaboration of experienced situations and the development of internal resources to give meaning to their experiences, considering not only the expression of emotions, made possible through the activity, but also the offer of a space for listening, welcoming and credibility. Regarding to the D-E’s application in psychological care in forensic scope, it proved to be an effective tool to provide for the pacient the expression of their emotions in a playful way and also provide to the professional, that has the establishment of the rapport and access, in a brief and non-invasive way, to the emotional experiences of the individual, which leads to a more continental and assertive performance. It is understood that although this research has dealt with a specific context and audience, the emerging reflections allowed to cast a look beyond, not just the questions related to sexual violence against children and teenagers, and the professional practice of Psychology in judicial proceedings, but contributing to the understanding of the phenomenon of violence itself and with the performance of psychologists to these cases, regardless of the area in which your work is demanded. Keywords: adolescence; Drawing-Story Procedure; psychoanalysis; juridical psychology; sexual violence. LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Primeiro desenho de Sara no D-E .......................................................................... 56 Figura 2 – Segundo desenho de Sara no D-E .......................................................................... 58 Figura 3 – Terceiro desenho de Sara no D-E .......................................................................... 60 Figura 4 – Quarto desenho de Sara no D-E ............................................................................. 61 Figura 5 - Primeiro desenho de Dora no D-E .......................................................................... 68 Figura 6 – Segundo desenho de Dora no D-E ......................................................................... 69 Figura 7 – Terceiro desenho de Dora no D-E.......................................................................... 71 Figura 8 – Quarto desenho de Dora no D-E ............................................................................ 72 Figura 9 – Quinto desenho de Dora no D-E ............................................................................ 73 Figura 10 – Primeiro desenho de Bruna no D-E ..................................................................... 80 Figura 11 – Segundo desenho de Bruna no D-E ..................................................................... 81 Figura 12 – Terceiro desenho de Bruna no D-E ...................................................................... 82 Figura 13 – Quarto desenho de Bruna no D-E ........................................................................ 83 Figura 14 – Quinto desenho de Bruna no D-E ........................................................................ 84 Figura 15 – Primeiro desenho de Catarina no D-E.................................................................. 91 Figura 16 – Segundo desenho de Catarina no D-E.................................................................. 92 Figura 17 – Terceiro desenho de Catarina no D-E .................................................................. 93 Figura 18 – Quarto desenho de Catarina no D-E .................................................................... 95 Figura 19 – Primeiro desenho de Lara no D-E ...................................................................... 101 Figura 20 – Segundo desenho de Lara no D-E ...................................................................... 102 Figura 21 – Terceiro desenho de Lara no D-E ...................................................................... 104 Figura 22 – Quarto desenho de Lara no D-E ......................................................................... 105 Figura 23 – Quinto desenho de Lara no D-E ......................................................................... 107 LISTA DE QUADROS Quadro 1 – Caracterização das participantes .......................................................................... 46 Quadro 2 – Primeira estória de Sara no D-E. .......................................................................... 56 Quadro 3 – Segunda estória de Sara no D-E. .......................................................................... 58 Quadro 4 – Terceira estória de Sara no D-E. .......................................................................... 60 Quadro 5 – Quarta estória de Sara no D-E. ............................................................................. 62 Quadro 6 – Primeira estória de Dora no D-E. ......................................................................... 68 Quadro 7 – Segunda estória de Dora no D-E. ......................................................................... 70 Quadro 8 – Terceira estória de Dora no D-E. ......................................................................... 71 Quadro 9 – Quarta estória de Dora no D-E. ............................................................................ 72 Quadro 10 – Quinta estória de Dora no D-E. .......................................................................... 73 Quadro 11 – Primeira estória de Bruna no D-E. ..................................................................... 80 Quadro 12 – Segunda estória de Bruna no D-E. ..................................................................... 81 Quadro 13 – Terceira estória de Bruna no D-E. ...................................................................... 82 Quadro 14 – Quarta estória de Bruna no D-E. ........................................................................ 83 Quadro 15 – Quinta estória de Bruna no D-E. ........................................................................ 84 Quadro 16 – Primeira estória de Catarina no D-E. ................................................................. 91 Quadro 17 – Segunda estória de Catarina no D-E. ................................................................. 92 Quadro 18 – Terceira estória de Catarina no D-E. .................................................................. 94 Quadro 19 – Quarta estória de Catarina no D-E. .................................................................... 95 Quadro 20 – Primeira estória de Lara no D-E. ...................................................................... 101 Quadro 21 – Segunda estória de Lara no D-E. ...................................................................... 103 Quadro 22 – Terceira estória de Lara no D-E. ...................................................................... 104 Quadro 23 – Quarta estória de Lara no D-E. ........................................................................ 106 Quadro 24 – Quinta estória de Lara no D-E. ........................................................................ 107 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 13 2 A ADOLESCÊNCIA: CONSIDERAÇÕES PSICANALÍTICAS .......................... 17 3 A VIOLÊNCIA SEXUAL CONTRA CRIANÇAS E ADOLESCENTES: UM OLHAR PSICANALÍTICO ....................................................................................... 23 3.1 CONCEITUAÇÃO E DADOS GERAIS........................................................................23 3.2 A DINÂMICA DO ABUSO SEXUAL INTRAFAMILIAR .................................................. 26 3.3 A VIVÊNCIA DE UM ABUSO SEXUAL PARA A CRIANÇA E O ADOLESCENTE ...................................................................................................................................................................30 4 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA .............................................................................. 37 4.1 JUSTIFICATIVA ............................................................................................................................... 37 4.2 OBJETIVOS ........................................................................................................................................ 40 4.3 MÉTODO ............................................................................................................................................. 40 4.3.1 Método qualitativo de pesquisa ...................................................................................................... 40 4.3.2 Contexto de estudo ............................................................................................................................. 43 4.3.3 Participantes ........................................................................................................................................ 45 4.3.4 Instrumento ........................................................................................................................................... 46 4.3.5 Procedimento de Coleta de Dados ................................................................................................ 48 4.3.6 Procedimento de Análise de Dados .............................................................................................. 50 4.3.7 Considerações éticas ......................................................................................................................... 53 5 RESULTADOS ............................................................................................................. 54 5.1 CASO SARA .................................................................................................................................... Z’54 5.1.1 Contextualização ................................................................................................................................ 54 5.1.2 Procedimento de Desenhos-Estórias ............................................................................................ 56 5.1.3 Análise ................................................................................................................................................... 62 5.2 CASO DORA ...................................................................................................................................... 66 5.2.1 Contextualização ................................................................................................................................ 66 5.2.2 Procedimento de Desenhos-Estórias ............................................................................................ 68 5.2.3 Análise ................................................................................................................................................... 74 5.3 CASO BRUNA .................................................................................................................................... 78 5.3.1 Contextualização.................................................................................................................................. 78 5.3.2 Procedimento de Desenhos-Estórias ............................................................................................ 80 5.3.3 Análise ................................................................................................................................................... 85 5.4 CASO CATARINA ............................................................................................................................ 89 5.4.1 Contextualização.................................................................................................................................. 89 5.4.2 Procedimento de Desenhos-Estórias ............................................................................................. 91 5.4.3 Análise ..................................................................................................................................................... 96 5.5 CASO LARA......................................................................................................................................... 99 5.5.1 Contextualização.................................................................................................................................. 99 5.5.2 Procedimento de Desenhos-Estórias ........................................................................................... 101 5.5.3 Análise ................................................................................................................................................... 108 6 DISCUSSÃO ............................................................................................................... 112 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................... 124 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 126 APÊNDICE A - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO .. 138 APÊNDICE B - TERMO DE ASSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ....... 140 APÊNDICE C - PARECER DO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA ................... 143 APÊNDICE D - AUTORIZAÇÃO PARA REALIZAÇÃO DE PESQUISA JUNTO AO TJSP .............................................................................................................................................. 147 13 1 INTRODUÇÃO O presente estudo, que se desenvolve em um contexto de intersecção entre a Psicologia e o Judiciário, tem como propósito promover reflexões sobre a vivência emocional de adolescentes vítimas de violência sexual e trazer contribuições para a atuação do psicólogo judiciário, especialmente no contexto de atendimento ao público infantojuvenil, a partir da implantação da Lei nº 13.431 de 04 de abril de 2017. Sabe-se que o impacto emocional decorre não apenas da experiência de uma violência em si, mas também dos procedimentos a que crianças e adolescentes são submetidos, subsequentes a uma denúncia. Nesse sentido, esta pesquisa, embora se direcione com maior ênfase às questões relacionadas às repercussões emocionais decorrentes das vivências de situações de violência, acessadas por intermédio do Procedimento de Desenhos-Estórias, abarca também a dimensão da atuação técnica, compreendendo a relevância de um atendimento acolhedor, protetivo e não-revitimizante. A proposta de estudar esse tema relaciona-se ao fato de esta pesquisadora atuar como psicóloga judiciária em uma comarca do interior paulista, e desde o início dessa atuação, ter sido atribuída a ela a responsabilidade de conduzir o atendimento a casos de violência sexual contra crianças e adolescentes, quando foi implantado o procedimento de depoimento especial, conforme previsto na referida legislação. Em meio aos tantos casos da Vara da Infância e Juventude e da Vara de Família, também estava a demanda da Vara Criminal. Logo, em seu primeiro mês de exercício no Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJSP), a pesquisadora passou por capacitação sobre a temática e começou a estudar com maior atenção a oitiva judicial de crianças e adolescentes. A partir do Código Penal Brasileiro, a perspectiva jurídica enquadra a violência sexual contra o público infantojuvenil como crime de estupro de vulnerável, e seu olhar se direciona para a investigação e a penalização do agressor, caso julgada a ocorrência do crime. No rito processual, as crianças e os adolescentes, vítimas ou testemunhas, têm o direito de prestar seu depoimento. Em linhas gerais, o procedimento de depoimento especial trata-se da oitiva desse público perante autoridade policial ou judiciária. É realizado em local apropriado, que garanta sua privacidade e os resguarde de qualquer contato, ainda que visual, com o suposto agressor. É filmado e transmitido em tempo real para a sala de audiência, onde se encontram os operadores de Direito (Lei nº 13.431/2017). A Lei prevê que, nesses casos, o depoimento seja conduzido por um profissional especializado e, apesar de não precisar sua formação, observa-se que os Tribunais de Justiça têm demandado tal atividade aos técnicos judiciários - psicólogos e assistentes sociais. Ou seja, 14 esses profissionais passaram a ter atribuição de facilitar o relato de crianças e adolescentes, intermediando a comunicação com o magistrado, promotor e advogado que, em instância judicial, acompanham a solenidade. No Estado de São Paulo, além da realização do depoimento especial, é ato integrante de seu protocolo a realização de uma entrevista prévia à audiência para avaliação da família e da criança e/ou do adolescente e estabelecimento de vínculo entre o técnico e o depoente (TJSP, 2021). Considera-se que, mesmo que as equipes técnicas judiciárias estejam realizando os procedimentos relacionados ao depoimento especial há cerca de seis anos, esse é um tema recente, que gera controvérsias entre as categorias profissionais. Em uma linha de pensamento, psicólogos e assistentes sociais estariam realizando atividades alheias às suas respectivas formações, assumindo a função de inquirir e produzir provas judiciais. Por outro lado, partindo-se da noção de cuidado e acolhimento, há o entendimento de que a atuação técnica estaria voltada não apenas para facilitar a comunicação, mas direcionada à proteção emocional de crianças e adolescentes em sua experiência em âmbito judiciário. Vivenciando a implantação do depoimento especial, bem como as contradições afetas ao procedimento, identificou-se um campo de interesse para pesquisa, no qual diversos aspectos poderiam ser explorados no meio acadêmico. Logo no início da pós-graduação, na fase de elaboração do projeto de pesquisa, a pesquisadora teve contato com o trabalho desenvolvido por Ana Maria Trapé Trinca com crianças em âmbito hospitalar, no contexto pré-cirúrgico – situação essa entendida como desencadeante de crise e intensificadora de defesas. A autora utilizou o Procedimento de Desenhos-Estórias (D-E) como instrumento de intermediação terapêutica abreviada, com vistas a facilitar a compreensão da dinâmica emocional dos pacientes e direcionar a intervenção profissional, dentre outros objetivos. Esse trabalho foi uma das inspirações para o direcionamento da presente pesquisa, compreendendo-se que o método desenvolvido por Trinca (2003) poderia, com as devidas adaptações, ter estendida sua aplicação ao contexto judiciário, no atendimento a crianças e adolescentes, preliminar à participação em audiência. Identificou-se que o ambiente forense, tal como o hospitalar, resguardadas as suas peculiaridades, é gerador de ansiedade e promove um desgaste emocional no público atendido; quanto ao atendimento psicológico ofertado, em ambos os contextos ele se desenvolve de forma breve e pontual. Além dessas questões, considerou-se as características do instrumento eleito pela autora, o qual tem amplitude e abrangência de utilização clínica e não clínica, podendo ser facilmente empregado em diversos contextos de atuação do psicólogo. 15 A intenção inicial deste estudo consistia no aprofundamento de questões técnicas relacionadas ao exercício profissional, com objetivos de analisar a relevância da entrevista prévia ao depoimento especial e as contribuições do uso do Procedimento de Desenhos- Estórias nos atendimentos. O caminho da pesquisa estava delineado, contudo, esse processo não foi linear e simples. Ao longo do desenvolvimento do projeto, acompanhando discussões sobre o procedimento de depoimento especial e a atuação de psicólogos no judiciário, aliadas ao próprio amadurecimento profissional da pesquisadora e à aproximação com o fazer da clínica psicológica, compreendeu-se a importância de redirecionar a questão central do estudo, mantendo, no entanto, a utilização do instrumental e o contexto previamente idealizados. Considerando a potência do saber psi que, a partir da linha psicanalítica, permite o entendimento sobre a dinâmica da violência e a compreensão sobre os impactos dessa vivência na constituição psíquica do sujeito, além de proporcionar a oferta de uma escuta que conduz à elaboração de uma experiência traumática, fez-se possível ajustar os objetivos do trabalho. Parece sutil, mas essa nova perspectiva suscitou outro foco à pesquisa, potencializando o olhar da Psicologia e suas contribuições diante do fenômeno do abuso sexual infantojuvenil. O objetivo principal deste trabalho passou a ser, então, compreender, por intermédio do Procedimento de Desenhos-Estórias (D-E), aplicado durante a entrevista prévia ao depoimento especial, a experiência emocional de adolescentes que vivenciaram situações de violência sexual. Ou seja, a pesquisa deixou de estar direcionada ao estudo da relevância do atendimento prévio à oitiva judicial para se configurar como o cenário em que os participantes foram acessados. O eixo passou a ser as repercussões emocionais da violência em adolescentes: o olhar clínico em ambiente forense. E por qual motivo a definição pela fase da adolescência? “Caminhante não há caminho, se faz caminho ao andar”, disse Machado de Assis. A princípio, a pesquisa previa também a participação de crianças, porém, no decorrer da trajetória deste estudo, optou-se em delimitar o público adolescente, entendendo que esta demarcação tornaria possível uma análise mais direcionada, tendo em vista as peculiaridades desse período da vida. Pesquisar e escrever uma tese de doutorado é complexo, exige tempo e uma dedicação infinita, assim como o processo de se formar e se constituir como psicóloga. Em meio a pausas, ajustes e recomeços, este trabalho se desenvolveu, mas nem sempre havendo a certeza de que estaria no caminho “certo”. Todavia, a cada caso atendido, ao se acessar um recorte da história de cada participante e de seu mundo psíquico, a disposição era revigorada e percebia-se a importância de se dar seguimento ao estudo, cujos resultados permitiram diversas reflexões, que se estendem para além do âmbito forense. 16 Agora, o leitor é convidado a acompanhar o percurso desta pesquisa. A fundamentação teórica é apresentada em dois capítulos: no primeiro, abordam-se aspectos da adolescência; já no capítulo seguinte, aprofunda-se no tema da violência sexual contra o público infantojuvenil, tratando desde a conceituação sobre o fenômeno até os possíveis impactos emocionais dessa vivência. O capítulo 4 delineia os caminhos da pesquisa – justificativa, objetivos e método – e é seguido pelo capítulo 5, em que são apresentados os casos atendidos, os desenhos-estórias produzidos e uma possibilidade de análise dos materiais. O capítulo 6 discute os resultados apresentados no capítulo anterior e o capítulo 7 traz as conclusões a que se chegou neste estudo. Por fim, são apresentadas as referências e os apêndices. Obter o título de doutora em Psicologia é muito valoroso, mas ainda mais significativo é conseguir perceber, além do aprimoramento profissional e crescimento pessoal durante a construção deste trabalho, a possibilidade de passar a oferecer um atendimento psicológico mais refinado e continente a crianças e adolescentes que, desde tão novos, vivenciaram situações de extrema desproteção. O desejo é de que a leitura desta tese visibilize o tema da violência sexual contra o público infantojuvenil, a partir da perspectiva psicológica, e promova reflexões sobre as possibilidades de atuação do psicólogo nos casos de violências diversas. 124 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS O fenômeno da violência sexual contra o público infantojuvenil e as repercussões psíquicas dessa vivência potencialmente traumática são temas de complexidade, envoltos por diversas nuances. Neste trabalho, que se desenvolveu no contexto de atuação da Psicologia na esfera do Poder Judiciário, buscou-se analisar a experiência emocional de adolescentes, que passaram por situações de abuso sexual, utilizando-se para tal o Procedimento de Desenhos- Estórias, instrumento de investigação clínica desenvolvido por Walter Trinca. Primeiramente, considera-se que o fato desta pesquisa ter sido realizada em âmbito forense, durante a entrevista prévia ao depoimento especial, cujo objetivo é, dentre outros, a preparação de crianças e adolescentes para participação em uma oitiva judicial, merece algumas considerações. A premissa da realização desse atendimento é estar em curso um processo judicial para investigação da ocorrência da suposta violência, ou seja, que o abuso sexual ao qual as vítimas foram submetidas tenha sido revelado e denunciado. Se, por um lado, isso remete à uma credibilização do relato de quem sofreu a violência, o que é uma questão de extrema importância para o processo de elaboração da situação vivenciada, por outro, demanda da criança e do adolescente a presença em instância judicial para prestar seu depoimento, o que se observa ser, em geral, uma situação provocadora de ansiedade e fantasias persecutórias. Nesse sentido, este estudo buscou identificar no contato com as participantes suas vivências emocionais, mas sem deixar de levar em conta a experiência de estarem em ambiente judiciário e a relevância de uma atuação técnica protetiva e acolhedora, que viesse não só a minimizar os seus possíveis efeitos ansiogênicos, mas também contribuir com a ressignificação das situações de violência vivenciadas. A partir da análise dos materiais produzidos pelas adolescentes, aliada ao histórico de vida acessado, chegou-se à compreensão de que a vivência de um abuso sexual, durante a infância e início da adolescência, em geral, não ocorre de forma isolada de outras violências, observando-se que o desenvolvimento dessas meninas é permeado por situações de desproteção e negligência familiar. Identificou-se o estado de desamparo das adolescentes e, para lidar com essa condição, a mobilização, a nível intrapsíquico, de uma série de mecanismos de defesa, sendo reconhecidos, nas unidades de produção, o uso de idealização, negação, esquecimento, isolamento, controle onipotente e cisão. Durante o estudo, sobressaíram-se questões ligadas à dinâmica familiar das participantes, indicando que a exposição à violência sexual se relaciona a um contexto vulnerável, desprovido de proteção parental, em que se presentificam falhas ambientais 125 significativas, sendo possível observar, em alguns casos, inclusive, a transmissão intergeracional da violência. Não obstante a todas essas situações, observou-se que ainda assim as adolescentes receberam um amparo mínimo de alguém da família ou do meio social e foram afastadas do perpetrador da violência. Essa condição, somada à instauração de um processo judicial e à oferta de tratamento psicológico, levou a refletir sobre uma potencialidade a voltarem a acreditar em figuras protetoras e cuidadosas, distanciando-se do destino de vitimização. Sobre a utilização do Procedimento de Desenhos-Estórias em âmbito forense, durante a entrevista prévia ao depoimento especial, mostrou-se uma ferramenta capaz de sinalizar a disponibilidade emocional do público infantojuvenil para participação em audiência judicial. Nos casos apresentados, observou-se que o D-E foi um instrumento eficaz para propiciar às examinandas o contato com suas emoções conscientes e inconscientes, identificando-se, na análise dos materiais, um movimento psíquico favorável para a elaboração de experiências traumáticas e desenvolvimento de recursos internos para dar sentido às suas vivências. Tal como o estudo de Ana Maria Trinca, que inspirou o desenvolvimento da presente pesquisa, ao aplicar o D-E em atendimentos psicológicos abreviados, em situações mobilizadoras de intensa angústia, identificou-se que o uso do instrumento durante a entrevista preliminar a uma oitiva judicial pode trazer benefícios tanto para o público atendido – a depender de seus recursos internos – quanto para o profissional. Observou-se, ainda, que nesse contexto são favorecidos, por intermédio do D-E, o estabelecimento do rapport e o acesso, de forma breve e não invasiva, às experiências emocionais do indivíduo, levando à uma atuação profissional mais continente e assertiva. Mesmo que esta pesquisa tenha tratado de um contexto e de um público específicos, as reflexões emergentes permitiram lançar um olhar além, não só para questões relacionadas à violência sexual contra crianças e adolescentes e ao exercício profissional de Psicologia em instância judicial, mas contribuindo com a compreensão do fenômeno da violência em si e com a atuação de psicólogos a esses casos, independente da área em que seu trabalho é demandado. Ainda assim, observa-se a relevância da realização de outros estudos que se aprofundem em temas afetos a estes, podendo-se citar, por exemplo, questões ligadas à dinâmica familiar abusiva, à relação transgeracional da violência sexual, às possíveis repercussões psíquicas da participação de crianças e adolescentes em uma oitiva judicial e aos efeitos da realização da entrevista prévia na participação do público infantojuvenil no depoimento especial. 126 REFERÊNCIAS Aberastury, A. (1971). Adolescência. Artmed. Aberastury, A. (1992). 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