UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA – UNESP CÂMPUS DE JABOTICABAL DESENVOLVIMENTO E VALIDAÇÃO DE UM TESTE DE DIAGNÓSTICO PARA MONITORAMENTO DA RESISTÊNCIA ANTI-HELMÍNTICA EM REBANHOS OVINOS Yousmel Alemán Gainza Orientador: Profª. Dra. Ana Carolina de Souza Chagas Tese apresentada à Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias – UNESP, Campus de Jaboticabal, como parte das exigências para a obtenção do título de Doutor em Medicina Veterinária (área: Medicina Veterinária Preventiva). 2020 UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA – UNESP CÂMPUS DE JABOTICABAL DESENVOLVIMENTO E VALIDAÇÃO DE UM TESTE DE DIAGNÓSTICO PARA MONITORAMENTO DA RESISTÊNCIA ANTI-HELMÍNTICA EM REBANHOS OVINOS Yousmel Alemán Gainza Médico Veterinário e Zootecnista 2020 G143d Gainza, Yousmel Alemán Desenvolvimento e validação de um teste de diagnóstico para monitoramento da resistência anti-helmíntica em rebanhos ovinos. / Yousmel Alemán Gainza. -- Jaboticabal, 2020 106 p. : il., tabs. Tese (doutorado) - Universidade Estadual Paulista (Unesp), Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Jaboticabal Orientadora: Ana Carolina de Souza Chagas 1. Diagnóstico. 2. RESISTA-Test. 3. Resistência anti-helmíntica. 4. Nematoides gastrintestinais. 5. Ovinos. I. Título. Sistema de geração automática de fichas catalográficas da Unesp. Biblioteca da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Jaboticabal. Dados fornecidos pelo autor(a). Essa ficha não pode ser modificada. DADOS CURRICULARES DO AUTOR Yousmel Alemán Gainza nasceu na cidade de Havana, Cuba, no dia 11 de maio de 1983. Em setembro de 2003 iniciou sua graduação na Faculdade de Veterinária da “Universidad Agraria de la Habana” - UNAH, obtendo o título de Médico Veterinário e Zootecnista em julho de 2008. Em setembro de 2008 ingressou no “Centro Nacional de Sanidad Agropecuaria” – CENSA, onde foi pesquisador assistente no laboratório de parasitologia veterinária até dezembro de 2015. Iniciou os estudos de pós- graduação no Programa de Pós-graduação em Medicina Preventiva Veterinária (Saúde Animal) pela UNAH, obtendo o título de mestre em outubro de 2014. Parte das pesquisas de mestrado foram desenvolvidas no Laboratório de Parasitologia Veterinária na Embrapa Pecuária Sudeste, de agosto de 2013 a maio de 2014, por meio do projeto de cooperação internacional Brasil/Cuba, pela chamada CAPES/MESCUBA: "Diagnóstico da resistência anti-helmíntica e fitofármacos: contribuição ao controle integrado de nematoides gastrintestinais em pequenos ruminantes” (processo n°. 147/12). Foi professor assistente das disciplinas de Fisiologia Animal e Fisiologia Animal Aplicada pela faculdade de Medicina Veterinária da UNAH, no período de janeiro a julho de 2016. Em agosto de 2016 iniciou o doutorado pelo programa de pós-graduação em Medicina Veterinária (Medicina Veterinária Preventiva) pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – campus de Jaboticabal, desenvolvendo a parte experimental de seu projeto na Embrapa Pecuária Sudeste, com bolsa outorgada pela FAPESP (Processo No 2016/07132-8). Dedico Aos meus pais Lina Gainza Buzón e Jesús Alemán Marrero, ao meu irmão Yordennys Alemán Gainza por todo amor, carinho e confiança depositados em mim, porque estando longe de vocês, estiveram e estão sempre presentes em meu coração. AGRADECIMENTOS À Mase, presente em todos os momentos e por ter me concedido força, humildade e sabedoria nos momentos difíceis. À minha família pelo apoio incondicional em minhas decisões. Vocês são minha base, meu alicerce. Todos os valores que hoje eu tanto prezo vieram de vocês. À minha família de Brasil, Ane Lisye e Edvaldo, pela força e apoio em todo momento. À Yolanda Emilia Suarez, que desde Cuba ficou sempre me apoiando e salientando como pessoa e como profissional. À minha orientadora Professora Dra. Ana Carolina de Souza Chagas, pelos ensinamentos durante o mestrado e agora no doutorado, e eficiência na orientação desta pesquisa. Ao Programa de Pós-Graduação em Medicina Veterinária – Medicina Veterinária Preventiva da Universidade Estadual Paulista – UNESP. À Dra. Lea Chapaval Andri, pela especial ajuda e socorro em momentos difíceis. Ao Dr. Sérgio Novita Esteves por conceder total apoio e estrutura de pesquisa para realização das avaliações a campo. À minha irmã brasileira Rafaela Regina Fantatto, pessoa especial em todo momento, sabendo me aconselhar, acalmar e dar força moral para seguir nos momentos fracos. Você foi luz no meu caminho. Aos colegas e amigos do Laboratório de Parasitologia Veterinária (LPV): Louyse Gabriele, Giovanna Cruvinel, Matheus H. Grego, Caroline Valerio, Luciana Giraldelo, João Toscano, Amanda Figueiredo e Leonardo A. Lima. Especial agradecimento à Isabella Barbosa, colega e amiga de laboratório, pela enorme paciência e apoio incondicional em todo o desenvolvimento dos experimentos da tese. Sem você não teria dado tempo terminar a tese! À EMBRAPA PECUÁRIA SUDESTE por concederem estrutura de pesquisa para a realização dos experimentos. Ao pesquisador, colega e amigo Waldomiro Barioni-Júnior pelos ensinamentos de estatística e pela valiosa ajuda nas análises estatísticas realizadas nessa pesquisa. Aos irmãos da República Xicreti: Cícero, Fabricio, Felipe Bardela, Danilo, Vitor, Vitor Bardela, João Pedro, João, Rafael, Luis e Marcos Felix pelos bons momentos vividos nessa irmandade A todos que de alguma forma contribuíram para a realização desse trabalho. À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo – FAPESP pelo financiamento da minha bolsa de Doutorado. i SUMÁRIO Página Certificado da Comissão de Ética no Uso de Animais …………………………... iii RESUMO ……………………………………………………………………………... iv ABSTRACT …………………………………………………………………………... vi LISTA DE FIGURAS ………………………………………………………………… viii LISTA DE TABELAS ………………………………………………………………… ix CAPÍTULO 1 – CONSIDERAÇÕES GERAIS ……………………………………. 1 1.1 Introdução ………………………………………………………………………... 1 1.2 REVISÃO DE LITERATURA …………………………………………………… 3 1.2.1 Aspectos epidemiológicos dos nematoides gastrintestinais no Brasil …. 3 1.2.2 A resistência parasitária aos anti-helmínticos ………………………….. 4 1.2.2.1 Resistência aos anti-helmínticos na América do Sul ……………….. 4 1.2.2.2 Resistência aos anti-helmínticos na América do Norte …………….. 5 1.2.2.3 Resistência aos anti-helmínticos na África ………………………… 6 1.2.2.4 Resistência aos anti-helmínticos na Ásia ………………………….. 7 1.2.2.5 Resistência aos anti-helmínticos na Austrália …………………….. 8 1.2.2.6 Resistência aos anti-helmínticos na Europa ………………………. 8 1.2.3 Consequências da resistência anti-helmíntica …………………………. 9 1.2.4 Estratégias para retardar a resistência aos anti-helmínticos ……………. 11 1.2.5 Diagnóstico da resistência anti-helmíntica por testes in vitro …………… 12 1.2.5.1 Teste de eclosão de ovos – TEO ……….........………………………. 14 1.2.5.2 Testes de desenvolvimento larvar– TDL …………………………... 14 1.2.5.3 Teste de motilidade e migração larvar – TML ……………………….. 15 1.2.5.4 Testes moleculares …………………………………………………... 16 1.2.6 Diagnóstico da resistência anti-helmíntica por testes in vivo …………. 17 1.3 REFÊRENCIAS …………………………………………………………………. 19 CAPÍTULO 2 – Improvement of an in vitro test (RESISTA-Test) for Haemonchus contortus resistance diagnosis in small ruminant……………. 36 2.1 Abstract …………………………………………………………………………... 36 2.2 Introduction ………………………………………………………………………. 38 2.3 Material and methods …………………………………………………………… 40 ii 2.3.1 Anthelmintics ……………………………………………………………….. 40 2.3.2 GIN evaluation ……………………………………………………………… 41 2.3.3 Egg recovery ……………………………………………………………….. 41 2.3.4 Larval development test (LDT) …………………………………………… 42 2.3.5 Statistical analysis …………………………………………………………. 43 2.4 Results ……………………………………………………………………………. 43 2.4.1 Echevarria1991 and Botucatu isolates ………………………………….. 43 2.4.2 GINs from flocks …………………………………………………………… 49 2.5 Discussion ……………………………………………………………………….. 58 2.6 Conclusion ………………………………………………………………………… 61 2.7 References ………………………………………………………………………. 62 CAPÍTULO 3 – Anthelmintic resistance of Haemonchus contortus from sheep flocks in Brazil: concordance of in vivo and in vitro (RESISTA- Test) methods …………………………………………………….. 69 3.1 Abstract ………………………………………………………………………….. 69 3.2 Introduction ………………………………………………………………………. 70 3.3 Material and Methods …………………………………………………………… 72 3.3.1 Sampling procedures for FECRT ………………………………………… 72 3.3.2 Sampling procedures for LDT ……………………………………………. 73 3.3.3 FECRT and LDT analysis and resistance determination ……………… 74 3.3.4 Statistical analysis …………………………………………………………. 74 3.4 Results ……………………………………………………………………………. 75 3.5 Discussion ………………………………………………………………………. 80 3.6 Conclusion ………………………………………………………………………… 82 3.7 References ………………………………………………………………………. 83 CAPÍTULO 4 – CONSIDERAÇÕES FINAIS ……………………………………… 88 iii CERTIFICADO DA COMISSÃO DE ÉTICA NO USO DE ANIMAIS iv Desenvolvimento e validação de um teste de diagnóstico para monitoramento da resistência anti-helmíntica em rebanhos ovinos RESUMO – O teste de desenvolvimento larvar (TDL) pode ser uma ferramenta de diagnóstico da resistência anti-helmíntica de rebanhos, permitindo seu monitoramento e ajustes de manejo. O objetivo deste estudo foi desenvolver e validar um teste de diagnóstico in vitro da resistência de Haemonchus contortus a anti-helmínticos comerciais e validar os resultados a campo. A eficácia do tiabendazol (TBZ), levamisol (LEV), ivermectina-monossacárida (IVM-M), monepantel (MPT) e Zolvix® (ZLV) foi avaliada no TDL em isolados de H. contortus susceptível (Echevarria1991-HcEc91) e resistente (Botucatu-HcBot), em placas de cultura de 24 e 96 poços. Testes complementares foram posteriormente realizados com a ivermectina aglicona (IVM- A). Para validação do TDL, realizou-se o teste de redução da contagem de ovos nas fezes (TRCOF) em cinco rebanhos ovinos com anti-helmínticos comerciais dos mesmos grupos químicos (grupos de 7 animais com OPG ≥ 200). TDL e coproculturas também foram realizadas com as amostras dos rebanhos (HcRebanhos). H. contortus foi o parasita majoritário em todas as fazendas (média de 74%). O fator de resistência (FR) definido para os isolados foi superior a 3, indicando que o teste foi capaz de diferenciar HcEc91 e HcBot para TBZ, LEV, MPT, ZLV, IVM-A, e de maneira menos consistente para IVM-M. A similaridade das curvas dose-resposta entre as placas e interação placa*concentração (R2 de 98,4 a 99,0% para HcEc91/HcBot e de 99,4 a 99,0% para HcRebanhos), bem como baixas diferenças na eficácia média (0,02 a 2,26% para HcEc91/HcBot e 0,02 a 4,90% para HcRebanhos) para todos os anti- helmínticos, exceto para MPT, indicaram concordância confiável do TDL em ambas as placas, tanto para a avaliação de HcEc91/HcBot quanto para HcRebanhos. No último caso, a detecção de resistência pelo ZLV foi mais clara e mais estável do que pelo MPT. A adaptação do teste para placas de 96 poços resultou em economia de pelo menos 51.9%. Por meio do TRCOF, detectou-se resistência a todos os grupos químicos em todos os rebanhos, exceto para ZLV (40% resistentes e 20% suspeitos de resistência). Os resultados do TDL nos rebanhos indicaram resistência a TBZ (100%), LEV (80%), ZLV (20%), IVM-M (0%) e IVM-A (100%). Foi obtida concordância total quanto aos resultados de ambos os testes para TBZ e IVM-A (k=1,00). Já para v LEV e ZLV, apesar de haver divergência de resultados em dois rebanhos, esta não foi estatisticamente diferente para ambas as drogas (P= 0,077 e P= 0,197, respectivamente), obtendo-se concordância substancial (k= 0,8 e 0,6, respectivamente). Os dados do presente estudo indicam que os resultados dos dois testes são comparáveis, validando, portanto, esse teste como uma opção para o diagnóstico da resistência anti-helmíntica para produtores de pequenos ruminantes. Palavras-chave: diagnóstico, RESISTA-Test, resistência anti-helmíntica, nematoides gastrintestinais, ovinos. vi Development and validation of a diagnostic test for anthelmintic resistance monitoring in sheep flocks ABSTRACT – The larval development test (LDT) can be a diagnostic tool for anthelmintic resistance in flocks, allowing monitoring and management adjustments. The aim of this study was to develop and validate an in vitro diagnostic test of Haemonchus contortus resistance to commercial anthelmintics and to validate the results at the farm level. The efficacy of thiabendazole (TBZ), levamisole (LEV), ivermectin-monosaccharide (IVM-M), monepantel (MPT) and Zolvix® (ZLV) were evaluated in LDT in susceptible (Echevarria1991-HcEc91) and resistant (Botucatu- HcBot) isolates, in 24 and 96 well culture plates. Complementary tests were subsequently performed with ivermectin aglycone (IVM-A). To validate the LDT, the fecal egg count reduction test (FECRT) was performed in five sheep flocks with commercial anthelmintics from the same chemical groups (groups of 7 animals with FEC ≥ 200). LDT and fecal cultures were also carried out with the samples of the flocks (HcFlocks). H. contortus was the major parasite on all farms (average of 74%). The resistance factor (RF) defined for the isolates was greater than 3, indicating that the test was able to differentiate HcEc91 and HcBot for TBZ, LEV, MPT, ZLV, IVM-A, and in a less consistent way for IVM-M. The similarity of the dose-response curves between the plates and plate*concentration interaction (R2 from 98.4 to 99.0% for HcEc91/HcBot and from 99.4 to 99.0% for HcFlocks), as well as low differences in efficacy mean (0.02 to 2.26% for HcEc91/HcBot and 0.02 to 4.90% for HcFlocks) for all anthelmintics, except for MPT, indicated a reliable agreement of the LDT in both plates, both for the evaluation of HcEc91/HcBot as for HcFlocks. In the latter case, resistance detection by ZLV was clearer and more stable than by MPT. The adaptation of the test to 96-well plates resulted in savings of at least 51.9%. Through FECRT, resistance to all chemical groups was detected in all flocks, except for ZLV (40% resistant and 20% suspected of resistance). LDT results in flocks indicated resistance to TBZ (100%), LEV (80%), ZLV (20%), IVM-M (0%) and IVM-A (100%). Total agreement was obtained regarding the results of both tests for TBZ and IVM-A (k = 1.00). For LEV and ZLV, although there was a divergence of results in two flocks, this was not statistically different for both drugs (P = 0.077 and P = 0.197, respectively), vii with substantial agreement (k = 0.8 and 0.6, respectively). The data from the present study indicate that the results of the two tests are comparable, thus validating this test as an option for the diagnosis of resistance for small ruminant farmers. Keywords: diagnosis, RESISTA-Test, anthelmintic resistance, gastrointestinal nematodes, sheep. viii LISTA DE FIGURAS Página CAPÍTULO 2 Figure 1. Log-dose and logit-response curves for H. contortus: Echevarria1991 susceptible isolate in 24-well (HcEc91-24W) and 96-well (HcEc91-96W) plates, and Botucatu resistant isolate in 24-well (HcBot-24W)) and 96-well plates (HcBot-96W) to Thiabendazole-TBZ (A), Levamisole-LEV (B), Ivermectin-IVM-M (C), Monepantel-MPT (D) and Zolvix-ZLV (E)................................................................................................46 Figure 2. Percentage of nematode genre in fecal culture from flocks (Flock 1 to Flock 5) on days 0 and 14.....................................................................................................49 ix LISTA DE TABELAS Página CAPÍTULO 2 Table 1. Results of the larval development inhibition of H. contortus isolates Echevarria1991 (HcEc91) and Botucatu (HcBot), in 24 and 96-well plates, for thiabendazole -TBZ, levamisole - LEV, ivermectin monosaccharide - IVM-M, monepantel - MPT and Zolvix® - ZLV...........................................................................45 Table 2. Lethal concentrations LCs, confidence limits (95%, μg/mL) and resistance factors (*RFs) in LDT to Haemonchus contortus susceptible (Echevarria1991-HcEc91) and resistant (Botucatu-HcBot) isolates, in 24- and 96-well plates, for thiabendazole - TBZ, levamisole - LEV, ivermectin monosaccharide - IVM-M, monepantel - MPT and Zolvix® - ZLV...............................................................................................................48 Table 3. Results of the inhibition of H. contortus larval development by flock (HcFlocks 1 to 5), in 24- and 96-well plates, on days 0 and 14, for thiabendazole -TBZ, levamisole - LEV, ivermectin monosaccharide - IVM-M, monepantel - MPT and Zolvix® - ZLV......50 Table 4. Lethal concentrations LC50 and confidence limits (95%, μg/mL) in LDT for HcFlocks in 24 and 96-well plates, on collection days zero (D0) and fourteen (D14), for thiabendazole -TBZ, levamisole - LEV, ivermectin monosaccharide - IVM-M, monepantel - MPT and Zolvix® - ZLV...........................................................................56 Table 5. Resistance factors (*RFs) in LDT in 24 and 96-well plates, on different collection days (D0 and D14), for thiabendazole -TBZ, levamisole - LEV, ivermectin monosaccharide - IVM-M, monepantel - MPT and Zolvix® - ZLV.................................57 Table 6. Lethal concentrations LC50, confidence limits (95%, μg/mL) and resistance factors (RFs) for ivermectin monosaccharide - IVM-M and aglycone - IVM-A in LDT to Haemonchus contortus susceptible (Echevarria1991-HcEc91) and resistant (Botucatu-HcBot) isolates, in 96-well plates................................................................58 x CAPÍTULO 3 Table 1. The arithmetic means of fecal egg counts on day 14 after treatment (FEC D14), fecal egg count reduction percentages (R%) and the lower and upper 95% confidence intervals (CI), in sheep flocks (N=49, 7 animals per group) tested for the anthelmintics (AH) benzimidazole (BZ), levamisole (LEV), closantel (CLO), ivermectin (IVM), moxidectin (MOX), and zolvix (ZLV), including an untreated control group (C)...............................................................................................................................77 Table 2. Comparison of the efficacy obtained in the fecal egg count reduction test (FECRT) and the critical cut-off points obtained in the larval development test (LDT) for benzimidazole (BZs), levamisole (LEV), ivermectin (IVM), and Zolvix (ZLV). Results were reported as resistant (R), suspected of resistance (SR) or susceptible (S)...............................................................................................................................79 1 CAPÍTULO 1 – CONSIDERAÇÕES GERAIS 1 INTRODUÇÃO O Brasil possui rebanho ovino de aproximadamente 18 milhões de cabeças. (ANUALPEC 2018). Os pequenos ruminantes desempenham importante papel na agricultura familiar e possuem potencial para os mercados emergentes. Em comparação aos bovinos, os ovinos e caprinos são amplamente adaptados a diferentes condições climáticas, além de consumirem menor quantidade de alimentos em razão do menor tamanho corporal (Silanikove, 2000; Markos, 2006). Esses fatores permitem fácil integração dos pequenos ruminantes a diversos sistemas de produção. O principal problema sanitário na criação de pequenos ruminantes no Brasil é causado pelos nematoides gastrintestinais (NGI). Os animais sofrem redução no ganho de peso, diminuição na taxa de fertilidade, levando a gastos com medicamentos e aumento na mortalidade, causando significativas perdas econômicas (Sczesny-Moraes et al., 2010; Nova et al., 2014). Parasitas como Haemonchus e Trichostrongylus acarretam milhões em perdas econômicas a cada ano à cadeia de produção ovina. Em levantamento realizado na região sul do Rio Grande do Sul, as perdas econômicas geradas por esses parasitas foram estimadas em R$ 2.016.000/ano (Oliveira et al., 2017). Como forma de minimizar os prejuízos, o controle de parasitas tem sido amplamente realizado por meio de anti-helmínticos, mas a excessiva dependência nessas substâncias tem levado ao desenvolvimento de resistência anti-helmíntica (RA) múltipla e, portanto, essa abordagem não tem sido considerada sustentável para o controle de NGI (Sutherland e Leathwick, 2011; Van Wyk e Reynecke, 2011). A resistência dos NGI aos anti-helmínticos em animais de produção continua a aumentar globalmente em gravidade. Houve muitos avanços na pesquisa de resistência nos últimos 50 anos, incluindo diagnósticos, descobertas fisiológicas e genéticas importantes, além do desenvolvimento de modelos e ferramentas matemáticas preditivas para ajudar os agricultores a gerenciar a resistência (Kotze et al., 2014a). Entretanto, uma questão fundamental que ainda requer resolução é o uso de técnicas de diagnóstico que estimam a presença de resistência anti- helmíntica em rebanhos ovinos. 2 O estabelecimento de medidas racionais para prevenir e controlar NGI em pequenos ruminantes é um grande desafio, especialmente em regiões tropicais, onde a espécie predominante é Haemonchus contortus, causador de intensa anemia (Amarante et al., 2004). O conhecimento precoce do status de resistência nas propriedades é importante para a manutenção da atividade dos grupos químicos de anti-helmínticos que ainda são eficazes. Portanto, a validação de técnicas para monitorar e controlar a RA em rebanhos é extremamente importante, pois conduz ao manejo sanitário mais racional e permite a orientação de ações futuras para o controle parasitário em cada propriedade. Desta forma, o presente estudo teve por objetivo desenvolver um teste de diagnóstico in vitro do status de resistência de H. contortus a anti-helmínticos comerciais e validar os resultados a campo. 3 1.2 REVISÃO DE LITERATURA 1.2.1 Aspectos epidemiológicos dos nematoides gastrintestinais no Brasil Várias espécies de NGI já foram identificadas em ovinos no Brasil. A diversidade de espécies que parasitam os animais é influenciada pela frequência de tratamentos anti-helmínticos, pelo manejo e pelas condições ambientais. No Sul do Brasil, por exemplo, as temperaturas baixas do inverno favorecem a ocorrência de Teladorsagia circumcincta, espécie que não tem sido registrada em ovinos criados em outras regiões do país (Amarante, 2014). Além dessa espécie, ainda é comum a ocorrência de Nematodirus spp. e Oesophagostomum venulosum (Ramos et al., 2004). Porém, no Rio Grande do Sul, a exemplo dos demais estados brasileiros, H. contortus é a espécie predominante, especialmente nos meses de verão, enquanto que Trichostrongylus spp. e T. circumcincta predominam nos períodos com baixas temperaturas, nos meses de inverno e primavera, quando causam problemas clínicos e redução na produtividade dos ovinos (Echevarria et al., 1996). No estado de São Paulo, Vieira et al. (1989) realizaram estudos epidemiológicos nos quais 100% das infecções correspondeu a H. contortus seguido por 85% Trichostrongylus colubriformis, 69% Oesophagostomum columbianum, 50% Cooperia punctata, 12% Cooperia pectinata e 3,8% Trichuris ovis. Amarante e Barbosa (1995) constataram que em Botucatu, SP, os gêneros de helmintos de maior ocorrência foram Haemonchus spp., Trichostrongylus spp., Cooperia spp., Oesophagostomum spp. e Strongyloides papillosus, acometendo bovinos e ovinos adultos, e Haemonchus spp., Oesophagostomum spp. e Trichostrongylus spp. em cordeiros antes do desmama. Bassetto et al. (2009), durante o período de novembro de 2007 a julho de 2008, verificaram que na pastagem da região de Botucatu, predominavam larvas de Haemonchus spp., Trichostrongylus spp. e Oesophagostomum spp. Rocha et al. (2008) citam H. contortus e T. colubriformis como as espécies mais prevalentes na região de Tupi Paulista. 4 1.2.2 A resistência parasitária aos anti-helmínticos As helmintoses em pequenos ruminantes continuam em aumento devido aos altos níveis de resistência anti-helmíntica (RA), atual cenário em quase todos os países do mundo com grande número de ovinos (Kaplan e Vidyashankar, 2012). A resistência desenvolve-se quando os parasitas sobrevivem ao tratamento e transmitem genes associados à resistência aos seus descendentes. Com a seleção e reprodução adicionais, estes genes aumentam em frequência na população. Para que a resistência se desenvolva em uma espécie, parasitas com genes de resistência devem sobreviver ao tratamento, continuar a se reproduzir e seus descendentes serem transmitidos para o hospedeiro seguinte (Sangster et al., 2018). O primeiro relato de resistência ocorreu em 1957 (Drudge et al., 1957a, b). Detectou-se resistência de H. contortus aos benzimidazóis (BZs) em ovinos e foi o primeiro registro de uma droga moderna em animais de produção. A resistência ocorre em várias espécies de NGI, porém H. contortus demonstrou maior capacidade de desenvolver RA (Gilleard, 2013). Em muitos casos, a resistência apareceu menos de 10 anos após a introdução de uma nova classe de medicamentos (Waller, 1994). As populações de campo desta espécie agora mostram resistência a todas as classes de drogas anti-helmínticas (Gilleard, 2013). Essa situação, associada ao aparecimento precoce de resistência ao monepantel, ameaçam a sustentabilidade dos sistemas de produção de ovinos e caprinos em todo o mundo (Kotze e Prichard, 2016). O desenvolvimento de RA ocorreu globalmente, mas os padrões diferem de região para região. É provável que essa variação esteja ligada a fatores conhecidos que aumentam a resistência, tais como padrões de uso de anti-helmínticos (por exemplo, maior número de tratamentos por intervalo de tempo), decisões de manejo (por exemplo, usando drogas de uma única classe), raças (por exemplo, raças com baixa imunidade podem exigir mais tratamentos), além da perda da proporção de vermes na população que não são expostos às drogas (Sangster et al., 2018). 1.2.2.1 Resistência aos anti-helmínticos na América do Sul No final da década de 90, a América do Sul registrou indiscutivelmente os níveis mais altos e espacialmente mais difundidos de RA em criações de pequenos 5 ruminantes no mundo (Waller, 1997). Levantamentos realizados no norte da Argentina (Eddi et al., 1996), sul do Brasil (Echevarria et al., 1996), Paraguai (Maciel et al., 1996) e Uruguai (Nari et al., 1996) indicaram que os BZs e imidazotiazóis haviam quase alcançado o fim de sua vida terapêutica nesses países, o que continua até os tempos atuais (Kaplan e Vidyashanka, 2012; Salgado e Santos, 2016). Após o primeiro relato de RA em ovinos no Brasil (Dos Santos e Gonçalves, 1967), multiplicaram-se os relatos de nematoides resistentes a todos os fármacos comercialmente utilizados. Na região Sul, a resistência foi detectada no Paraná (Thomaz-Soccol et al., 2004), Santa Catarina (Ramos et al., 2004) e novamente no Rio Grande do Sul (Echevarria e Trindade, 1989; Echevarria et al., 1996). Na região Sudeste foram observados relatos em São Paulo (Verissímo et al., 2002). No Nordeste, suspeitou-se de nematoides resistentes inicialmente em caprinos no Ceará (Vieira et al., 1989) e posteriormente outros relatos em caprinos e ovinos ocorreram (Vieira e Cavalcante, 1999; Melo, 2001). Ainda no Ceará, foi observada a presença de H. contortus resistente em ovinos provenientes do Paraná e Rio Grande do Sul (Vieira et al., 1992), o que facilitou a disseminação da resistência para todo o país. Estudos também indicaram RA em Pernambuco, Bahia e Alagoas (Charles et al., 1989; Barreto e Silva, 1999; Bispo et al., 2002). No Brasil, muitos produtos contendo combinações de diferentes anti- helmínticos mostraram-se quase ineficazes como resultado da disseminação da RA (Da Cruz et al., 2010; Molento et al., 2011). Estudos conduzidos por Almeida et al. (2010) e Cezar et al. (2010) identificaram populações de Haemonchus spp. e Trichostrongylus spp. com RA a múltiplas drogas, como IVM e moxidectina por exemplo, resultando em eficácia aproximada de 1% para ambas drogas. Baixa eficácia do MPT em H. contortus foi detectada no Uruguai por Mederos et al. (2014) e no Brasil (Martins, 2016; Albuquerque et al., 2017; Mallman Junior et al., 2018; Ramos et al., 2018). 1.2.2.2 Resistência aos anti-helmínticos na América do Norte Na América do Norte, embora a ovinocaprinocultura não fosse muito representativa, pesquisas conduzidas na década de 1990 indicaram elevada RA para os BZs (Uhlinger et al., 1992). Nos estados do sul de Louisiana e Flórida detectaram 6 RA para todos os anti-helmínticos. A criação de raças importadas de ovinos se tornou difícil de manter por causa das mortalidades devidas a H. contortus (Waller, 1997). No sudeste dos Estados Unidos, um estudo de prevalência de RA em fazendas de ovinos e caprinos mostrou populações de H. contortus resistentes a BZs, levamisol (LEV), IVM e moxidectina (Howell et al., 2008; Tsukahara et al., 2017). Esses achados corroboram relatos anteriores de RA múltipla em ovinos e caprinos por Zajac e Gipson (2000) e Terrill et al. (2001), o que levou à fundação do grupo multidisciplinar ACSRPC (Consórcio Americano para Pequenos Ruminantes para Controle de Parasitas), dedicado ao desenvolvimento de sistemas sustentáveis de manejo de NGI, recomendando o uso do método FAMACHA© e de pastagens com propriedades anti- helmínticas. Relatos em Ontário, Canadá, mostraram inicialmente que a RA era baixa em rebanhos ovinos, como consequência de: (1) Baixa necessidade de tratamento devido às temperaturas extremas, que geralmente limitam o desenvolvimento de larvas; (2) Diversidade nas práticas de manejo; (3) Uso menos frequente de anti-helmínticos em comparação com outros países; e (4) Menor quantidade de fazendas e de animais nos rebanhos comparado a outros países (Guthrie et al., 2010). Entretanto, um estudo recente de Falzon et al. (2013), também em Ontário, registrou falha na eficácia de ivermectina em 88% das 39 fazendas estudadas. Além disso, uma investigação subsequente nas mesmas propriedades indicou 97% (28/29), 95% (19/20) e 6% (1/17) de resistência à IVM, fenbendazol e LEV, respectivamente, em H. contortus (espécie majoritária identificada nas coproculturas pós-tratamento). 1.2.2.3 Resistência aos anti-helmínticos na África Os estudos de monitoramento de RA na África, embora poucos, sugerem motivo de preocupação (Vatta e Lindberg, 2006). No Quênia, 50% das 42 fazendas de pequenos ruminantes pesquisadas mostraram RA (Wanyangu et al., 1996). Em um estudo realizado em fazendas comerciais de ovelhas no Zâmbia, a RA ao albendazol foi encontrada em cinco das seis propriedades avaliadas (Gabriel et al., 2001). Um dos grandes problemas na África foi o rápido desenvolvimento de RA para o monepantel (MPT), que ocorreu praticamente tão rapidamente quanto para a ivermectina (IVM) (Scott et al., 2013; Love, 2014). 7 Na África do Sul, o primeiro registro de RA está entre os primeiros para o continente (Berger, 1975) e, desde então, tem se manifestado de forma variada e rápida (van Wyk et al., 1998). Assim como em outros países, a RA foi considerada uma situação de crise, pois envolveu praticamente todos os anti-helmínticos disponíveis na época (van Wyk et al., 1999; van Wyk, 2001). As espécies de NGI nas quais se verificou RA foram H. contortus (Berger, 1975; van Wyk e Malan, 1988), T. colubriformis (van Wyk et al., 1990), T. circumcincta (van Schalkwyk et al., 1983) e Moniezia expansa (Visser et al, 1987). Ocorreram relatos RA em H. contortus na África do Sul para as lactonas macrocíclicas (IVM), salicilanilidas (ambos rafoxanida e closantel) e substitutos fenólicos (nitroxinil e dinitrofenol) (van Wyk e Geber, 1980; van Wyk et al., 1982; Carmichael et al., 1987; van Wyk e Malan, 1988; van Wyk et al., 1997). No caso das lactonas macrocíclicas (LMs), duas populações diferentes de H. contortus foram relatadas como resistentes à IVM três anos após o medicamento ter sido registrado para uso em ovelhas na África do Sul (Carmichael et al., 1987; van Wyk e Malan, 1988; van Wyk et al., 1989). Isto levou a uma hipótese de resistência cruzada entre grupos anti-helmínticos por van Wyk et al. (1989), sendo os BZs o candidato mais provável em relação às LMs (Mottier e Prichard, 2008). Por outro lado, Leathwick et al. (2009) e Bartram et al. (2012) consideraram que não há uma indicação clara da ocorrência de resistência cruzada. 1.2.2.4 Resistência aos anti-helmínticos na Ásia Em todas as regiões do sudeste da Ásia e do Pacífico Sul, devido ao rápido desenvolvimento e intensificação das indústrias de pequenos ruminantes, o uso intensivo de anti-helmínticos para o controle de nematoides resultou em aumento na prevalência e no nível de RA (Waller, 1997). Levantamentos diagnosticaram RA para BZ e LEV em Fiji, RA emergente para IVM (Le Jambre, 1994), e situação semelhante na Malásia (Dorny et al., 1994; Chandrawathani et al., 2011). Na Índia RA múltipla em NGI foi detectada para BZs, IVM e LEV (Gill, 1993; Easwaran et al., 2009). 8 1.2.2.5 Resistência aos anti-helmínticos na Austrália A RA também é um problema sério na Austrália. Duas décadas atrás pesquisas regionais mostravam que aproximadamente 80% das populações de NGI nas fazendas tinham RA tanto para BZs como para imidazotiazóis (Waller et al., 1995). A resistência amplamente disseminada de H. contortus à salicilanilida e ao closantel foi documentada por Rolfe (1993), possivelmente devido ao seu uso extensivo durante o programa “WormKill” (Dash et al., 1985) nas regiões chuvosas da Austrália (van Wyk, 2001, 2006). Um estudo atual de resistência, após um período de quase 20 anos, revelou níveis inesperadamente altos e crescentes de resistência aos ativos mais amplamente utilizados: 54% para moxidectina e 96% para BZs e LEV (Playford et al., 2014). É preocupante que o primeiro caso de resistência ao MPT, lançado na Austrália na primavera de 2010, também já tenha sido confirmado (Love, 2014; Constantinoiu et al., 2015). Na Nova Zelândia, RA para os BZs, imidazotiazóis e LMs está amplamente difundida em fazendas de ovinos (Hughes et al., 2005; 2007; Waghorn et al., 2014) e mais grave em fazendas de caprinos (West et al., 2004). O primeiro caso de RA para o MPT foi registrado em T. colubriformis e T. circumcincta, poucos anos após o seu lançamento (Scott et al., 2013). 1.2.2.6 Resistência aos anti-helmínticos na Europa Numerosos países europeus diagnosticaram RA, principalmente aos BZs e aos imidazotiazóis, e subsequentemente, um número crescente de casos de resistência às LMs (Papadopoulos, 2008; Papadopoulos et al., 2012). No Reino Unido, RA foi documentada para os BZs (Mitchell et al., 2011) e o mecanismo de seleção para a resistência foi recentemente caracterizado por Morrison et al. (2014), tanto genotipicamente como fenotipicamente. Também há relatos de resistência múltipla ao BZ, LEV e avermectina em T. circumcincta (Sargison et al., 2010a). Na Escócia, a resistência a BZs, imidazotiazóis e LMs, separadamente e em combinação, foi diagnosticada (Sargison et al., 2010b), enquanto no País de Gales, 9 100 das 122 fazendas pesquisadas foram positivas para RA a BZs, LEV ou ambos (Mitchell et al., 2010). Em rebanho irlandês de ovelhas comerciais, Good et al. (2012) relataram RA em populações de NGI tanto para BZs (>88% do rebanho) quanto para LEV (>39% do rebanho), enquanto para LMs suspeitou-se de resistência em 11% das fazendas. No nordeste da Espanha, de 107 fazendas de ovelhas pesquisadas, 11% foram resistentes aos BZs (Calavia et al., 2011). Em outro estudo, também na Espanha, a falha do tratamento foi documentada em 40,8%, 20,8% e 9,6% das fazendas para LEV, IVM e BZs, respectivamente (Martínez-Valladares et al., 2011). Cernansta et al. (2006) encontraram RA em 4% e 23% das fazendas testadas na Eslováquia para BZs e IVM, respectivamente, enquanto na Holanda, Borgsteede et al. (1997; 2007; 2010) relataram RA para BZs, IVM e doramectina em fazendas de ovinos e posteriormente para moxidectina e MPT (van den Brom et al., 2013, 2015). Na Itália, a resistência ao LEV e à IVM foi registrada (Traversa et al., 2007). No oeste da França, RA aos BZs foram detectadas em 83% das fazendas. Em 50% das fazendas ocorreu RA para o LEV, afetando principalmente Teladorsagia, Trichostrongylus e Cooperia spp (Chartier et al.,1998). Na Grécia, Papadopoulos et al. (2001), utilizando testes in vitro, encontraram populações de Teladorsagia sp. resistentes ao BZ, enquanto que, no mesmo país, Gallidis et al. (2011) relataram a presença de populações de H. contortus 100% homozigóticas, resistentes ao BZ em rebanhos ovinos de leite. Embora as investigações sobre RA na União Europeia tinham como foco principal os NGI de pequenos ruminantes, problemas também foram registrados em bovinos (Stafford e Coles, 1999; Demeler et al., 2009; Kleinschmidt et al., 2010; Taylor, 2010; Rose et al., 2015). 1.2.3 Consequências da resistência anti-helmíntica Outra preocupação com o fenômeno da resistência aos anti-helmínticos está relacionada aos danos ambientais dos resíduos (Morgan et al., 2019). Seu impacto no meio ambiente pode ser detectado na fauna não-alvo (Cooke et al., 2017). Os efeitos no ambiente e nos sistemas de agricultura agroecológica, precisam ser bem compreendidos em relação aos benefícios do tratamento anti-helmíntico (Verdú et al., 10 2018). Os prejuízos diretos da RA incluem o custo do medicamento, o uso intenso de mão-de-obra na administração do medicamento (usualmente ineficaz) e a redução da produção de carne e leite por hectare e por animal. No entanto, é provável que haja muitos outros prejuízos econômicos e ambientais indiretos, uma vez que serão necessários mais animais para produzir a mesma quantidade de alimentos (Herrero et al., 2015). Gerar essas percepções e integrá-las em estruturas econômicas tem grande potencial para apoiar programas sustentáveis de controle de helmintos nos níveis agrícola, regional e nacional. A valorização da sustentabilidade e os benefícios econômicos do controle dos helmintos nos sistemas agrícolas menos rentabilizados continuam a ser um desafio (Perry e Randolph, 1999). A elevada frequência de tratamentos anti-helmínticos, muitas vezes desnecessária, leva a um risco crescente de resíduos nos alimentos, aumento da resistência e diminuição dos medicamentos úteis disponíveis (Kinsella et al., 2008). Podem ocorrer resíduos de BZs nos tecidos dos animais devido a vários fatores: produtos inadequados para aquela espécie animal, uso de dose não recomendada, período de carência não observado ou consomo de ração contaminada pelos animais (Danaher et al., 2007). Os resíduos dependem da droga utilizada, via de administração, tecido alvo ou tempo decorrido desde o tratamento. Os limites máximos de resíduos (LMR) para medicamentos relacionados aos BZs foram estabelecidos em 100 µg/Kg para leite, músculo e gordura, 500 µg/Kg para rim, e 1000 µg/Kg para o fígado nas espécies bovina e ovina (EEC, 1990). O mebendazol e o triclabendazol são os BZs identificados como os mais persistentes em tecidos animais. Em estudos realizados em ovelhas tratadas com uma dose oral de febendazol (5 mg/Kg PV) detectou-se valores acima do LMR 7 dias após o tratamento (EMEA, 1997a, b). O metabolismo das LMs em tecidos animais é bem descrito. Foi demonstrado que os medicamentos deste grupo químico utilizados por vias parentais são os principais resíduos encontrados nos tecidos dos animais (Danaher et al., 2006). Verificou-se que os resíduos de LMs ocorrem no fígado e nos tecidos gordurosos em níveis mais altos do que nos tecidos renais e musculares. Campbell et al. (1985) mostraram que a IVM não é extensivamente metabolizada em mamíferos e 90% da dose é excretada nas fezes. O medicamento é responsável por pelo menos 50% do 11 total de resíduos nos tecidos de bovinos, ovinos, suínos e ratos até 14, 5, 7 e 3 dias após o tratamento, respectivamente. Os principais metabólitos da IVM no fígado de bovinos, ovelhas e ratos foram identificados como 24-hidroximetil-H2B1α e o monossacarídeo 24-hidroximetil-H2B1α (Campbell et al., 1985; Danaher et al., 2006). Em ovelhas tratadas com doramectina via parental o medicamento representou 67- 92% do total de resíduos na gordura, fígado, rim e músculo, 14 dias após o tratamento (EMEA, 1997c). Afzal et al. (1997) descobriram que a moxidectina representava 91, 51, 52 e 92% do total de resíduos nos tecidos adiposo, hepático, renal e muscular de ovelhas, respectivamente. A IVM não é licenciada para uso em espécies em lactação na união europeia, entretanto, Alvinerie et al. (1993) e Cerkvenik et al. (2002) constataram que os níveis de IVM (200 µg/Kg PV) atingiram uma concentração máxima de 23 µg/Kg no leite de ovelha 1,3 dias após o tratamento e os resíduos foram detectáveis 23 dias após o tratamento. 1.2.4 Estratégias para retardar a resistência aos anti-helmínticos Na atualidade existem diferentes estratégias de manejo com o objetivo de prevenir a infecção e/ou reduzir a pressão de seleção dos anti-helmínticos. Isso inclui manejo de pastagens e abrigo e quarentena para animais recém-introduzidos em rebanho. O objetivo geral é reduzir a necessidade de anti-helmínticos e, consequentemente, retardar o desenvolvimento de resistência. Uso correto dos anti-helmínticos: as recomendações de uso racional atualmente estabelecidas são geralmente baseadas em uma compreensão profunda da epidemiologia parasitária (Sargison, 2011). Têm como objetivo geral direcionar o tratamento de modo a reduzir a exposição desnecessária (tratamento seletivo) e, assim, limitar o risco de resistência. A sub-dosagem e/ou o uso frequente de anti- helmínticos pertencentes à mesma classe aumentarão o risco de seleção de resistência. Recomenda-se que os anti-helmínticos de ação prolongada sejam aplicados apenas em situações em que a estação de pastejo é mais longa do que a duração do efeito (Rathbone e McDowell, 2012). A manutenção da refugia através da implementação de rotinas adequadas de tratamento anti-helmíntico e gestão de pastagens é importante para diminuir a pressão de seleção e reduzir o risco de desenvolvimento de resistência (Muchiut et al., 2018). 12 Refugia: visa manter proporção baixa de NGI resistentes dentro da população e, portanto, é defendida como uma ferramenta para retardar o avanço da resistência anti- helmíntica (Van Wyk, 2001; Sargison, 2011; Muchiut et al., 2018; Forbes, 2019). Parasitas em refugia são aqueles que não foram expostos a um anti-helmíntico, incluindo aqueles presentes como estágios de vida livre no ambiente, indivíduos não tratados, e aqueles em qualquer fase do ciclo de vida no hospedeiro que não são afetados pelo tratamento anti-helmíntico. O conceito de refugia é amplamente aceito, mas ainda está cercado por várias suposições, como a dependência do nível de refugia às circunstâncias prevalecentes (por exemplo, climáticas) (Cornelius et al., 2016). A refugia como conceito tem sido aplicado principalmente aos NGI, mas seu papel no manejo da resistência em outros helmintos requer mais pesquisas (Hodgkinson et al., 2019; Morgan et al., 2019). Além disso, não está claro seu papel na inversão da RA (Leathwick et al., 2015), assim como seu uso nas estratégias de substituição de populações parasitárias para recuperar a suscetibilidade anti- helmíntica nas propriedades (Kenyon et al., 2013; Muchiut et al., 2018). Uso de produtos anti-helmínticos de ação múltipla: ainda está em discussão se os produtos que contêm duas ou mais substâncias ativas direcionadas para o mesmo helminto, mas com diferentes modos de ação, podem ser vantajosos no que diz respeito a desacelerar o surgimento de resistência. Estudos de modelagem e alguns dados de campo indicaram que tais produtos podem retardar o desenvolvimento de resistência a novas substâncias ativas (Learmount et al., 2012; Leathwick, 2012; Leathwick et al., 2012) ou retardar o desenvolvimento de resistência anti-helmíntica a classes de anti-helmínticos existentes (Leathwick e Hosking, 2009; Leathwick et al., 2015). No entanto, o uso de anti-helmínticos de ação múltipla também pode selecionar RA múltipla (Leathwick e Besier, 2014). Se esses produtos oferecem um benefício em relação ao desenvolvimento de RA, que superaria o risco de promover RA múltipla, isso deve ser mais fundamentado. 1.2.5 Diagnóstico da resistência anti-helmíntica por testes in vitro Há um consenso na comunidade científica de que os programas de controle de nematoides e o retardo da RA dependem da disponibilidade de testes sensíveis e eficazes para a detecção da resistência (Taylor et al., 2002). Neste contexto, o 13 conhecimento prematuro do status de resistência nas propriedades é importante para a manutenção da atividade dos grupos químicos que ainda são eficazes. Já que o diagnóstico da resistência é possível de ser estimado in vitro, a caracterização de isolados é imperativa para o estabelecimento de valores de referência e para que esse diagnóstico se torne menos dependente dos experimentos in vivo (Chagas et al., 2013). Como os criadores necessitam de uma medida confiável do grau de resistência presente em seus rebanhos, o desenho experimental apropriado do teste para os gêneros de NGI que infectam os animais será importante. O monitoramento do status de resistência anti-helmíntica e a adoção de recomendações racionais para prevenir o estabelecimento da resistência a determinado grupo químico, podem ser consideradas ferramentas extremamente úteis. Assim, o monitoramento da resistência anti-helmíntica é uma chave para atrasar o desenvolvimento de resistência, preservar classes anti-helmínticas e talvez promover a reversão em direção à susceptibilidade, o que pode ser considerado de grande interesse para a indústria de drogas veterinárias. Há uma grande necessidade de ampliar nosso conhecimento sobre as forças motrizes do desenvolvimento da RA, para estabelecer ferramentas de detecção de resistência aplicáveis e significativas no campo e, assim, fornecer informações mais atualizadas e confiáveis sobre a ocorrência da RA (Morgan et al., 2019). Em uma era de revolução de tecnologia nas indústrias de diagnóstico, melhorias dos testes ou, eventualmente, automação, têm grande potencial para permitir diagnóstico mais rápido, eficiente e precoce. O uso de bioensaios in vitro com os estágios de vida livre dos nematoides representa uma alternativa para medir a sensibilidade a anti-helmínticos e, portanto, detectar que a resistência está surgindo. Esses bioensaios são muito mais baratos que os ensaios in vivo, relativamente rápidos, evitam quaisquer efeitos de animais hospedeiros e algumas das imprecisões associadas ao Teste de redução da contagem de ovos nas fezes (TRCOF). Além disso, tais testes podem usar uma gama de concentrações do fármaco a fim de verificar seu efeito na população de NGI, por exemplo, a concentração que mata 50% da população exposta (valores CL50). 14 1.2.5.1 Teste de eclosão de ovos – TEO Esse método foi inicialmente descrito por Le Jambre (1976) para detectar RA aos BZs em H. contortus e T. circumcincta. Posteriormente, um protocolo padronizado foi adotado pela WAAVP (Coles et al., 1992). O TEO mede o efeito dos BZs na inibição da embriogênese e na eclosão das larvas. O tiabendazol foi elencado para o ensaio devido à sua maior solubilidade em meio aquoso em comparação com alguns outros compostos do grupo dos BZs. Posteriormente, Dobson et al. (1986) adaptaram o ensaio para detectar resistência ao LEV. A utilização do TEO para detecção de resistência a BZ em isolados a campo foi descrita por Coles et al. (1992). Mais tarde estabeleceu-se a dose discriminante como a dose da droga que inibe a eclosão de 99% dos ovos susceptíveis. As doses discriminantes foram estabelecidas usando isolados susceptíveis de H. contortus, T. circumcincta e Trichostrongylus colubriformis (Coles et al., 2006). Os dados atuais sugerem que uma dose de 0,1 µg/mL de tiabendazol pode inibir a eclosão dos ovos em 99% dessas espécies (Coles et al., 2006). Em estudo de padronização entre laboratórios da Europa foi proposto um protocolo padrão para a detecção de resistência aos BZs (von Samson-Himmelstjerna et al., 2009a). A maioria dos estudos que avaliaram o uso do TEO para a detecção de nematoides resistentes aos BZs mostrou uma boa concordância com os resultados obtidos com o TRCOF em ovinos (Díez-Baños et al., 2008) e bovinos (Demeler et al., 2012). 1.2.5.2 Testes de desenvolvimento larvar– TDL O teste de desenvolvimento larvar (TDL) mede os efeitos de diferentes drogas anti-helmínticas no desenvolvimento de ovos a larvas infectantes de terceiro estágio (L3) (Hubert e Kerboeuf, 1992). Várias adaptações já foram descritas, mas geralmente o cultivo ocorre em meio líquido (Taylor, 1990; Hubert e Kerboeuf, 1992) ou em ágar 1 % (Gill et al., 1995; Coles et al., 2006; Dolinská et al., 2012). Vários estudos mostraram que o ensaio é capaz de discriminar entre isolados de H. contortus que são susceptíveis ou resistentes às principais classes de anti- helmínticos (Gill et al., 1995; Dolinska et al., 2013; Kotze et al., 2014b, 2018). O TDL 15 também é capaz de detectar resistência das larvas ao organofosforado naftalofós (Kotze et al., 1999). Recentemente, Raza et al. (2016) demonstraram que o TDL também permite a diferenciação entre isolados susceptíveis e resistentes ao MPT. O TDL é considerado sensível e prático, permitindo a avaliação da eficácia de mais de um grupo químico ao mesmo tempo, e não depende de ovos embrionados (Kaplan et al., 2007). Os resultados podem ser comparados com isolados de referência (susceptíveis e resistentes), de modo que é possível determinar a CL50 e anular a interferência inter-ensaios (Craven et al., 1999). Muitos estudos demonstraram boa correlação entre o TRCOF e a CL50 discriminatória para a resistência obtida in vitro (Várady et al., 2006; Kaplan et al., 2007; Díez-Baños et al., 2008; Taylor et al., 2009). Gill et al. (1995) adaptaram o TDL para detectar RA às avermectinas e milbemicinas, o que levou ao lançamento de um teste hoje disponível no mercado, DrenchRite®. O teste é eficaz para BZs, levamisole e lactonas macrocíclicas em H. contortus e as outras espécies importantes na Austrália, no entanto, teve um desempenho muito ruim para a última classe de medicamentos em T. circumcincta. Assim, ele foi retirado do mercado na Austrália porque não era aplicável a outras espécies (Kotze e Prichard, 2016). 1.2.5.3 Teste de motilidade e migração larvar – TML Os testes de motilidade e migração larvar podem ser usados para avaliar o efeito dos anti-helmínticos que causam paralisia na musculatura somática dos parasitas. A motilidade de larvas pode ser determinada por meio de observação visual, detectores eletrônicos (instrumentos que medem o grau de refração da luz e fornecem um índice de motilidade) ou migração através de peneiras. Estes ensaios são frequentemente usados como ferramentas de triagem em programas de descoberta de novas drogas, além de serem também aplicados para a detecção de RA (Gill e Lacey, 1998; d’Assonville et al., 1996; Molento e Prichard, 2001; Kotze et al., 2006; Fortes et al., 2013; Kotze e Prichard, 2016), visto que os testes a campo têm uso limitado. Por isso, muitas variações de protocolo foram descritas. Em comparação ao TDL, o TML é um teste fácil e simples, possível de ser realizado na maioria dos laboratórios. Além disso, requer larvas de terceiro estágio, 16 que podem ser facilmente obtidas a partir de coproculturas, e mantidas em geladeira (Demeler et al., 2010a). O uso deste teste para detecção de resistência às LMs foi padronizado para diferentes espécies de nematoides, com amostras coletadas em ovinos e bovinos (Demeler et al., 2010b). Entretanto, sua utilidade para detecção de níveis baixos de resistência permanece desconhecida. 1.2.5.4 Testes moleculares Os avanços na compreensão da base molecular da resistência de H. contortus a determinados anti-helmínticos levaram ao desenvolvimento de testes para o diagnóstico molecular de RA. Esta área de pesquisa tem sido foco do grupo de pesquisadores do Consórcio de Resistência e Susceptibilidade Anti-Helmíntica (CARS), e o progresso em direção ao desenvolvimento de marcadores moleculares tem sido descrito em vários artigos do grupo (Gilleard e Beech, 2007; Prichard et al., 2007; von Samson-Himmelstjerna et al., 2007; Beech et al., 2011; Kotze et al., 2014a). As possibilidades para o desenvolvimento de tais testes em curto prazo são, no entanto, bastante diferentes para as classes químicas, devido ao nível de compreensão da natureza molecular dos vários tipos de resistência. Para os BZs, o desenvolvimento de testes moleculares foi bem-sucedido, já que é a base química mais bem compreendida em nível molecular. Para os outros grupos de fármacos, no entanto, a incerteza sobre a natureza específica dos mecanismos de resistência em isolados de campo e o fato de que as mudanças moleculares relatadas para alguns isolados não ocorreram em outros isolados, atrasaram o desenvolvimento de diagnósticos moleculares (Kotze e Prichard, 2016). O primeiro fenótipo de resistência descrito vem da evidência de que frações enriquecidas com tubulina de NGI resistentes aos BZ ligam menos compostos radioativos BZ em comparação com NGI susceptíveis (Sangster et al., 1985), o que definiu a tubulina como o local de ação. O segundo foi a demonstração de que NGI resistentes a LEV requeria concentrações in vitro mais elevadas para alcançar o mesmo efeito na contração muscular (Sangster et al., 1991). Esses NGI também eram resistentes ao neurotransmissor acetilcolina, o que indica que a resistência provavelmente se deve a mudanças na farmacologia do receptor. Apesar das descrições da sequência da subunidade do receptor e das diferenças de transcrição, 17 falta evidência convincente de um genótipo para a resistência ao LEV (Kotze et al., 2014a) Coles et al. (2006) descreveram uma PCR alelo-específica para a detecção de polimorfismos únicos de nucleotídeos (SNPs- single nucleotide polymorphism) F200Y associado à resistência a BZ em H. contortus usando DNA extraído de larvas L3. Outros métodos moleculares também foram descritos para a detecção e quantificação deste SNP, assim como os outros dois associados à resistência a BZ (F167Y, E198A), incluindo PCR-RFLP (Tiwari et al., 2006; Ghisi et al., 2007), PCR em tempo real (Alvarez-Sanchez et al., 2005; Walsh et al., 2007; von Samson-Himmelstjerna et al., 2009b) e pirosequenciamento (von Samson-Himmelstjerna et al., 2009b). Este último estudo descreveu ensaios de pirosequenciamento para os códons de H. contortus 167, 198 e 200 dos isotipos 1 e 2 de β-tubulina (Arafa et al., 2016). O método mostrou-se capaz de avaliar o status de resistência a BZ de vários isolados de H. contortus, indicando que pode ser adequado para o diagnóstico de rotina de resistência nesta espécie. Uma comparação de dados moleculares com dados de eclosão de ovos mostrou que o teste molecular nem sempre foi correlacionado com o grau de resistência; no entanto, foi capaz de discriminar isolados resistentes e susceptíveis. Curiosamente, os SNPs observados nas regiões 200 e 198 (para os BZs) também estão associados à resistência à lactonas macrocíclicas (Kotze et al., 2014a). 1.2.6 Diagnóstico da resistência anti-helmíntica por testes in vivo A eficácia dos anti-helmínticos pode ser determinada por testes envolvendo contagem de NGI pós-morte, após o tratamento anti-helmíntico, comparando-se animais tratados e não tratados (Wood et al., 1995). No entanto, tal procedimento requer abate de animais e seu custo é alto, por isso não é amplamente utilizado (Fortes e Molento, 2013). O método padrão e mais frequentemente usado para estimar a eficácia dos anti-helmínticos contra NGI, incluindo H. contortus, é o TRCOF. No TRCOF, populações de parasitas são consideradas susceptíveis quando a eficácia do medicamento excede 95%. Por outro lado, a resistência está presente quando a eficácia é < 95% (Coles et al., 1992). O ponto de corte de 95% é mais complexo do que parece, porque algumas drogas têm eficácia muito alta (99,9%) 18 contra algumas espécies de parasitas, mas menores (95%) para outros no mesmo hospedeiro. Portanto, reduções na eficácia requerem interpretação à luz de diferentes situações. O TRCOF, no entanto, apresenta diversas restrições em termos de sensibilidade entre espécies animais, variações individuais e presença de infecções múltiplas (Levecke et al., 2012; Traversa e von Samson-Himmelstjerna, 2016; George et al., 2017; Wang et al., 2017). Isso ocorre especialmente quando espécies com baixas taxas de fecundidade, como por exemplo Trichostrongylus spp., estão envolvidas em infecções naturais de ovinos descritas como resistentes aos fármacos (Palcy et al., 2010). Algumas drogas podem causar uma supressão temporária na postura dos ovos, levando a uma superestimativa da eficácia anti-helmíntica, se avaliada nesse período. Uma redução superior a 95% no TRCOF indica eficácia do anti-helmíntico, mas uma pequena porcentagem de vermes sobreviventes pode indicar resistência, que pode aumentar com tratamentos subsequentes (Coles et al., 2006). Outras considerações são que as contagens de ovos nas fezes: (1) se relacionam com infecções patentes, mas não pré-patentes (Thienpont et al., 1986), (2) não fornecem nenhuma informação sobre NGI machos ou imaturos que possam estar presentes (McKenna, 1981), e (3) pode ser influenciada pela variação na excreção de ovos por NGI adultos (Villanua et al., 2006), idade da população de NGI e imunidade, sexo e idade do hospedeiro (Thienpont et al., 1986). O TRCOF é considerado um teste laborioso e demorado e, portanto, ensaios in vitro têm sido desenvolvidos para a avaliação da RA a diferentes classes de drogas (Babják et al., 2018). Os próximos capítulos se referem à descrição da otimização do Teste de Desenvolvimento Larvar com isolados de H. contortus (Capítulo 2) e à sua validação para a detecção da resistência em H. contortus oriundos de rebanhos do estado de São Paulo (Capítulo 3). 19 1.3 REFERÊNCIAS1 Afzal J, Burke AB, Batten PL, DeLay RL, Miller P (1997). 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