UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA CAMPUS DE BOTUCATU PÓLEN COLETADO POR Apis mellifera NO DIAGNÓSTICO DA POLUIÇÃO AMBIENTAL CAUSADA POR PRAGUICIDAS E METAIS NO BRASIL MARA LÚCIA DE AZEVEDO SANTOS Bióloga Orientadora: Profa. Dra. SILVIA REGINA CUNHA FUNARI Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Zootecnia - Área de Concentração: Nutrição e Produção Animal como parte das exigências para obtenção do título de Doutor. BOTUCATU – SP Julho – 2005 DEDICATÓRIA A DEUS, presença constante em minha vida. Aos meus avôs, Gilda, José Messias, Maria Madalena e Miguel. Meus eternos exemplos. AGRADECIMENTOS À Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP) e ao Departamento de Produção Animal e Exploração Animal, Melhoramento e Nutrição Animal, pela oportunidade de realização do Curso. Aos Professores do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia, em especial Prof. Dr. Edson Ramos de Siqueira e Prof. Dr. José Matheus Yalenti Perosa, pelos ensinamentos. A Profa. Dra. Silvia Regina Cunha Funari, pela orientação, pela dedicação, pelos expressivos ensinamentos, pela amizade e, principalmente, pela confiança depositada em mim. A profa. Dra. Wilma De Grava Kempinas, Supervisora do Centro de Assistência Toxicológica – (CEATOX), do Instituto de Biociências da Universidade Estadual Paulista, Campus Botucatu, por ter-me aceito em seu laboratório, pelo apoio e pela paciência nos momentos de elaboração desse trabalho. Aos Professores e pesquisadores do Laboratório do Centro de Assistência Toxicológica (CEATOX), Ms.Amauri Mercadante, Ms. Denise Zuccari Bissacot e Ms. Alaor Aparecido Almeida pela amizade e pelas valiosas contribuições a este trabalho. Aos funcionários do Laboratório do Centro de Assistência Toxicológica (CEATOX), Ana Maria Alves Sartori Almeida, Osmir Ribeiro e Rita de Cássia Ferrari Bertochin pela amizade e auxíl io na realização das análises toxicológicas. A Profa. Dra. Silvia Maria Alves Gomes Dierckx e Prof. Dr. Antônio Celso Pezzato, pelas crít icas construtivas, pelas sugestões e por terem participado genti lmente do Exame Geral de Qualif icação. Aos Professores Dra. Augusta Carolina Camargo Carmello Moreti, Dra. Silvia Maria Alves Gomes Dierckx, Dr. Luis Carlos Marchini e Dr. Antonio Francisco Godinho, por genti lmente terem participado da Banca Examinadora da defesa de tese com sugestões e crít icas construtivas. Aos amigos do Laboratório de Apicultura, Conceição e Gilson pelo convívio e colaboração nas diversas fases da realização deste trabalho. Aos Apiários e Associações que contribuíram para realização desse trabalho enviando-nos pólen coletado em diversas áreas para análise, em especial: APICON, Bela Vista, Biagi, Breyer, CIA da Abelha, Lambertucci, Levy, Mackllani, Martins, Mata Atlântica, Melinatura, Polenectar, São João, Santana e Tecnoapis. À apicultora Lisete Magalhães Rosa, Prof. Dr. Silvio R. da Silva, Profa. Maria José de Faria Almeida da Universidade Federal de Goiás e Prof. Dr. Hélio Carlos Rocha da Universidade de Passo Fundo, pela genti leza de enviarem pólen e pelas informações prestadas. Ao Engenheiro Agrônomo José Jairo dos Santos da Empresa Agropim pela identif icação comercial de alguns inseticidas. À Bibliotecária Isabel Pereira de Matos, da Biblioteca da Universidade Estadual Paulista do Campus de Araçatuba, pela revisão e normalização das Referências Bibliográficas. Ao Prof. Édi Carlos Ribeiro, pela amizade, pela boa convivência e pelo auxíl io na elaboração do “summary” de cada capítulo. A Profa. Lúcia Isimar, pela revisão de Língua Portuguesa, pela inestimável amizade, por tudo o que fez e faz por mim. Aos Colegas do Curso de Pós-Gradução em Zootecnia, pelos momentos de descontração e estudos que passamos juntos. Às secretárias Carmen Silvia de Oliveira Pólo e Seila Cristina Cassinell i Vieira, do Programa de Pós-graduação em Zootecnia, pela paciência, pela eficiência e pela amizade. À secretaria do Departamento de Produção Animal Solange Aparecida Ferreira de Souza pela atenção e constante colaboração. Às minhas amigas Dra. Elvira Maria Romero Arauco, Ms. Verônica Noemi Albarracín, Elaine Maria de Almeida, e aos amigos Dr. Ricardo de Oliveira Orsi e Ms. Gladston Alves Nunes, pela amizade, pelas horas doces e difíceis. Aos meus famil iares e amigos, por tudo que f izeram, e fazem por mim, em especial Vera Lúcia Coradim e Rosimeire da Conceição Parra Pastor. Ao meu grande amigo Eduardo Antunes da Conceição e minha amiga Angelina Eliza Toassa, pelo grande apoio e incentivo nos momentos mais difíceis. Aos amigos Fabiane Missima e Nelson Mendes Marra, pela amizade construída pouco a pouco e solidif icada durante esse tempo. A FAPESP, pelo auxíl io pesquisa. A todos que, direta ou indiretamente, contribuíram de forma posit iva para a realização desse trabalho. “A arte da vida consiste em fazer da vida uma obra de arte.” Gandhi SUMÁRIO Página CAPÍTULO 1 ................................................................................................. 01 CONSIDERAÇÕES GERAIS ....................................................................... 02 Referências Bibliográficas ...................................................................... 12 CAPÍTULO 2 ................................................................................................. PRESENÇA DE ORGANOCLORADOS, ORGANOFOSFORADOS E PIRETRÓIDES NO PÓLEN APÍCOLA BRASILEIRO 20 Resumo ................................................................................................. 21 Summary ................................................................................................ 23 Introdução .............................................................................................. 25 Material e Métodos ................................................................................. 27 Resultados e Discussão ......................................................................... 31 Conclusões ............................................................................................ 51 Referências ............................................................................................ 52 CAPÍTULO 3 ................................................................................................. PRESENÇA DE ALUMÍNIO, CHUMBO E MERCÚRIO NO PÓLEN APÍCOLA BRASILEIRO 57 Resumo ................................................................................................ 58 Summary ................................................................................................ 60 Introdução .............................................................................................. 61 Material e Métodos ................................................................................. 63 Resultados e Discussão ......................................................................... 66 Conclusões ............................................................................................ 75 Referências ............................................................................................ 76 CAPÍTULO 4.................................................................................................. IMPLICAÇÕES ............................................................................................. 82 83 CAPÍTULO 1 CONSIDERAÇÕES GERAIS A apicultura nacional tem apresentado crescente desenvolvimento, apesar das f lutuações, especialmente devido à introdução da abelha africana. Esse desenvolvimento tem ocorrido graças ao potencial apícola do Brasil, que, pela extensão de sua área, f loradas diversif icadas e seu cl ima propício possibil i tam o manejo durante todo o ano (Camargo, 1972; Couto & Couto, 2002). Como qualquer outro grupo de seres vivos os insetos necessitam de substâncias químicas para uma série de funções, como crescimento, reprodução, deslocamento, dentre outras. Estas substâncias químicas, chamadas nutrientes, podem ser conseguidas através da alimentação, sendo as plantas um recurso importante para esses insetos (Edwards & Wratten, 1981; Raven et al., 2001). O principal al imento protéico para as abelhas e suas larvas é o pólen (Zucoloto, 1977). Segundo Standifer (1967), nem todo t ipo de pólen tem igual valor nutricional, por isso que alguns fazem com que as abelhas se desenvolvam mais rapidamente. A coleta de pólen é grandemente influenciada pelas necessidades da colônia (Heithaus, 1979; Janzen, 1980). Após sua coleta, o pólen é transportado para a colônia onde é estocado, sofrendo alterações químicas devido a processos fermentativos (Testa et al., 1981), permitindo com isso uma melhor assimilação dos nutrientes pré-digeridos (Machado, 1971) e melhor preservação do alimento estocado. O pólen é praticamente a única fonte de proteínas tendo grande quantidade de aminoácidos essenciais, substâncias graxas, f ibras vegetais, minerais e vitaminas (Jeanne, 1993; Sampaio, 1994; Bonvehi & Jordá, 1997, Funari et al., 1998) que são necessários durante a produção de alimento larval para o desenvolvimento de abelhas recém-nascidas (Herbert & Shimanuki, 1978; Jorge et al., 1995; Hrassnigg & Crailsheim, 1998; Salomé & Salomé, 1998; Lengler, 1999) e os seus primeiros tecidos (Maurizio, 1950; Haydak, 1970), sem os quais as abelhas não teriam condições de desenvolver satisfatoriamente seus órgãos e glândulas, tão importantes na produção de cera, geléia real e feromônios (Free, 1980; Couto & Couto, 2002). Assim, o pólen é consumido em maior quantidade quanto maior o número de crias presentes e quanto mais jovens forem as abelhas (Eischen et al., 1984; Crailsheim et al., 1992). Para o homem o pólen apícola é indicado para o equilíbrio funcional e harmonioso do organismo, produzindo bem estar e vigor físico, com ação já comprovada nos seguintes casos: aumenta a capacidade física e mental; previne o envelhecimento precoce; possui ação sobre o sistema digestório regulando o seu funcionamento e equil ibrando a f lora intestinal; apresenta efeitos preventivos contra hipertensão arterial. Atua também na regeneração das mucosas e pele; como antidepressivo; previne queda e embranquecimento precoce dos cabelos; indicado em estados de carência e suas conseqüências como: raquit ismo, atraso de crescimento e má dentição, dentre outros (Cândido, 1993; Hakim, 1994; Salomé & Salomé, 1998; Lengler, 1999; Couto & Couto, 2002). As abelhas também são organismos importantes nas comunidades vegetais por serem agentes polinizadores de diferentes espécies (Carvalho et al., 1999; Kevan, 1999; Raven et al., 2001) contribuindo, portanto, para o equilíbrio das populações de plantas e animais que vivem em ecossistemas naturais (Heithaus, 1979; Janzen, 1980), além de trazer aumento da produção de diversas culturas (Viana & Mouchrek, 1981; Free, 1993) e a preservação da f lora de uma região (Cândido, 1993). Essa ação é tão importante que Giordani, citado por Viana & Mouchrek (1981), diz que cerca de 10% das espécies si lvestres da Bélgica e 20 espécies da Suécia desapareceram, nestes últ imos 100 anos, em conseqüência do desaparecimento dos insetos polinizadores. A extensão das áreas contínuas cult ivadas vem sendo ampliada cada dia mais em busca do aumento na produção agrícola, tornando a agricultura mais dependente dos praguicidas que causam graves conseqüências à apicultura (Warhurst & Goebel, 1995). Segundo Ramalho et al. (2000), a aplicação de agroquímicos aos solos e culturas se tornou uma prática comum na agricultura. O aumento do suprimento de nutrientes, a correção do pH do solo e, principalmente a proteção das lavouras pelo controle de doenças e pragas levaram ao aumento do uso de agroquímicos. Essas práticas podem causar degradação química do solo, como resultado do acúmulo de elementos e/ou compostos tóxicos em níveis indesejáveis (Ramalho et al., 2000). Oliveira-Silva et al. (2001) citam que o Brasil é considerado o maior consumidor de agrotóxicos da América Latina, sendo seu consumo estimado em 50% da quantidade comercial izada nesta região. Segundo Caldas & Souza (2000), o uso de praguicidas é ainda atualmente a principal estratégia no campo para o combate e a prevenção de pragas agrícolas, garantindo alimento suficiente e de qualidade para a população. Esses compostos, porém, são potencialmente tóxicos ao homem, podendo causar efeitos adversos ao sistema nervoso central e periférico, ter ação imunodepressora ou ser cancerígeno, entre outros (Porto & Freitas, 1997; Caldas & Souza, 2000). Os praguicidas são responsáveis por mais de 20.000 mortes não intencionais por ano, sendo que a maioria ocorre no Terceiro Mundo, onde se estima que 25 milhões de trabalhadores agrícolas são intoxicados de forma aguda anualmente. Cerca de 70% dos praguicidas produzidos por ano são consumidos em países considerados desenvolvidos. No entanto, a maior quantidade de mortes decorrentes da exposição humana a esses agentes é observada nos países em desenvolvimento (Ferreira, 1993; Araújo et al., 2000). O estudo de avaliação de risco crônico da ingestão de praguicidas é o processo no qual a exposição humana a um dado composto, por meio de dieta, é comparada a um parâmetro toxicologicamente seguro (Caldas & Souza, 2000). Who (1997) citado por Caldas & Souza (2000) descreve que o risco pode existir quando a exposição ultrapassa o parâmetro toxicológico. Em geral, os pesquisadores conduzem estudos de avaliação de risco durante o processo de registro do praguicida, e seus resultados podem influir no estabelecimento de l imites máximos de resíduos permitidos ou restringir o uso em algumas culturas. Segundo Anvisa (1999) citado por Caldas & Souza (2000) a legislação brasileira não prevê estudos de avaliação de risco no processo de registro. Caldas & Souza (2000) citam que no Brasil é desconhecido o risco para a saúde com a ingestão de pesticidas por meio de dieta. Existem evidências de uso abusivo e de intoxicações por praguicidas em diferentes regiões rurais do Estado de Pernambuco, porém não existem registros dos mesmos, faltando uma polít ica de monitoramento, para a qual é essencial, entre outros requisitos, o aumento do número de laboratórios capacitados para a detecção de resíduos tóxicos (Araújo et al., 2000). São três os principais t ipos de praguicidas uti l izados na agricultura e que podem causar intoxicação às abelhas: os inseticidas, os herbicidas e os fungicidas (Silveira, 1987). Segundo Oliveira-Silva et al. (2001), de um modo geral, o consumo desses agentes no meio rural decresce na seguinte ordem: herbicidas > inseticidas > fungicidas. Embora os herbicidas sejam mais uti l izados, em geral a toxicidade deste grupo de substâncias é inferior à dos inseticidas. No entanto, o risco de efeitos adversos à saúde humana relacionada ao uso de praguicidas, depende fundamentalmente do perfi l toxicológico do produto, do t ipo e intensidade da exposição experimentada pelos indivíduos e da susceptibi l idade da população exposta. A exposição individual torna-se menor e segura, à medida que procedimentos de proteção são adotados e as regras de segurança obedecidas (Delgado & Paumgartten, 2004). Dentre os praguicidas, os inseticidas são os responsáveis pelos maiores danos às abelhas, mas não signif icando que os fungicidas e herbicidas não causem problemas às colméias. Os t ipos de inseticidas são piretróides, organofosforados, organoclorados e carbamatos, além de outros organossintéticos como cloronicotinóis, organossulforados, derivados da nereistoxina, pirazolinas e aciluréias (Ware, 1994, Brown et al., 1996). Segundo Silveira (1987), as abelhas mais afetadas pelos praguicidas são as campeiras em trabalho de coleta, pelo contato direto com os produtos tóxicos, no momento da aplicação, ou pela ingestão de néctar ou pólen contaminado. Em geral, os casos de envenenamento de colônias ocorrem quando os praguicidas são aplicados nas culturas durante o período de f loração da planta cult ivada e de outras existentes dentro dos campos (Warhurst & Goebel, 1995). A morte imediata das abelhas não é o único problema, pois a exposição a doses não letais pode provocar vários distúrbios f isiológicos e comportamentais, afetando com isso a produtividade das colméias (Cox & Wilson, 1984; Nunamaker et al., 1984; Smirle et al., 1984). Loper & Ross (1982) citam, em seus estudos com pólen, que vários praguicidas são absorvidos pelos l ipídeos que participam da constituição dos grãos de pólen. Dessa forma, aparentemente, essa toxidez pode ser mantida por tempo prolongado no alimento armazenado, podendo causar aumento de mortalidade na cria e nas abelhas jovens durante um longo tempo (Moffett et al., 1970). É importante salientar que os praguicidas possibil i taram um aumento da produção agrícola, auxil iando no controle de pragas e vetores de diversas doenças, contudo, seu uso desordenado e excessivo vem provocando diversos impactos sobre o ambiente. Esses impactos são causados pela presença de resíduos na água, no solo, no ar, nos animais e nas plantas, podendo chegar ao homem através da cadeia alimentar (Fernández et al., 2001; Tomita & Beyruth, 2002). Além dos praguicidas, os metais pesados (MP), definidos como elementos com densidade relativa maior que 5g/cm3, estão presentes em rochas e em concentrações elevadas, em áreas com adição de rejeitos industriais, biossólidos e alguns agroquímicos. Alguns desses elementos são essenciais para várias funções f isiológicas nos seres vivos, como ferro (Fe), cobre (Cu), zinco (Zn) e manganês (Mn), enquanto outros, como cádmio (Cd), chumbo (Pb) e mercúrio (Hg) não têm funções biológicas conhecidas (Carneiro et al., 2001). Quando em excesso no solo, esses elementos podem inibir o crescimento das plantas e causar alterações nas comunidades vegetais (Baker et al., 1994) como tanto exercer efeitos adversos sobre os microrganismos do solo (Valsecchi et al., 1995), interferindo nas funções do ecossistema, com conseqüências ao meio ambiente e a saúde pública. Accioly et al. (2000) citam que com a implantação do parque siderúrgico brasileiro a geração de resíduos tem-se tornado um problema grave, em razão do impacto que esses materiais podem causar nos ecossistemas terrestres e aquáticos (Amaral Sobrinho et al., 1993; Ramalho et al., 2000). Baker et al. (1994) citam que os metais em excesso no solo, podem inibir o crescimento das plantas causando alterações nas comunidades vegetais. Salomons (1995), citado por Silva et al. (2003), descreve que a atividade de mineração pode ocasionar a entrada dos metais no ambiente, através de depósitos de rejeitos decorrentes de atividades de mineração, sendo fontes de contaminação ambiental, principalmente quando esses materiais contêm teores elevados de metais. A atividade mineradora quando comparada a outras fontes de degradação do ambiente, como a agricultura e a pecuária, afeta diretamente pequenas áreas. Contudo, os elementos solubil izados de rejeitos se atingirem os cursos d’água, podem impactar negativamente áreas localizadas a centenas de quilômetros da mineração. Com isso elevados teores de metais pesados podem ser encontrados na cadeia trófica e no homem em arredores de áreas de mineração, pela entrada desses elementos em solos agrícolas, cursos d’água e nos alimentos produzidos nestas áreas, podendo colocar em risco toda população localizada no entorno dos empreendimentos minerários (Silva et al., 2003). O alumínio é um metal comum no solo, causando problemas em 30-40% das terras cult iváveis mais comumente nos trópicos, onde os solos são ácidos (Raven et al., 2001). Em solos ácidos o alumínio se torna solúvel, é absorvido pelas raízes e inibe o seu crescimento, possuindo, com isso, um efeito f i totóxico (Bohnen, 1995; Tebaldi et al., 2000). A maioria dos solos brasileiros são bastante l ixiviados, pobres, com elevada acidez e alta concentração de alumínio, provocando com isso toxicidade em muitas plantas cult ivadas (Olmos & Camargo, 1976). A toxicidade do alumínio inibe o alongamento da raiz, restringindo o crescimento radicular, provocando a diminuição da produção de grãos e da altura da planta (Camargo & Oliveira, 1981). As diversas fontes de alumínio, para o homem incluem o ar, desodorantes anti-transpirantes, cosméticos, adit ivos alimentares, chá, a própria água consumida (Quintaes, 2000). Medicamentos como antiácidos, contendo hidróxido de alumínio, podem também contribuir para um aumento na ingestão de alumínio (Quintaes, 2000). Segundo Campbell (2002), a toxidade do alumínio no homem está associada a várias complicações clínicas, destacando- se nestas, disfunções neurológicas como o mal de Alzheimer. Com relação ao chumbo a contaminação ambiental pode ser atribuída à combustão de gasolina, às atividades industriais, ao uso de fert i l izantes, corretivos e ao uso generalizado de inseticidas com elevadas concentrações deste elemento (Paiva et al., 2002). No homem, a contaminação aguda por chumbo promove o aparecimento de cólicas intestinais, vômito e morte, dependendo da concentração absorvida. Quando a intoxicação é crônica, ocorre o comprometimento do sistema hematopoiético, nervoso, renal, neuromuscular, trato gastrintestinal, anemia, cansaço e fraqueza (Gossel & Bricker, 1994; Mameli et al., 2001; Lahn et al., 2003; Toscano & Guilarte, 2005). Paoliel lo & Chasin (2001) citam que pessoas que consomem grande quantidade de alimento enlatado, cuja lata apresenta solda com chumbo, possuem níveis elevados desse metal, devido à migração do chumbo presente nos recipientes. Os mesmos autores citam que a contaminação das plantas por chumbo pode levar à diminuição de rendimento da produção e acúmulo do metal nas partes comestíveis, usadas como alimento ou ração. Segundo Vieira & Passarell i (1995), o mercúrio e seus compostos são uti l izados nos mais variados ramos das atividades humanas desde tempos remotos. As principais formas de exposição humana ao mercúrio ocorrem através da ingestão de água e alimentos contaminados. As atividades ocupacionais onde o metal participa dos processos industr iais, como fábricas de cloro- soda, lâmpadas, materiais elétricos, termômetros, mineradoras, etc., oferecem sério risco de exposição. No Brasil, o mercúrio é ut i l izado na extração e concentração do minério de ouro (Oliveira et al., 2003). Por ser um metal pesado com alta toxicidade e propriedades como bioacumulação e biomagnif icação, o mercúrio tem causado sérios danos ao ambiente e à saúde humana. Segundo Vieira & Passarell i (1995), o mercúrio atua na junção neuromuscular, acarretando a l iberação espontânea de aceti lcolina nas fendas sinápticas, com despolarização dos terminais nervosos e posterior bloqueio da condução nervosa. Estudos experimentais demonstram que os compostos de mercúrio interferem no metabolismo de neurotransmissores, por exemplo, acarretando acúmulo de serotonina, os quais seriam responsáveis pelos sintomas neuropsíquicos (Vieira & Passarell i , 1995). Sampaio (1994) pondera que a procura pelos produtos naturais vem aumentando, e o pólen é um produto de comercial ização recente no Brasil ainda sem avaliações específ icas. Portanto, a contaminação do pólen é algo bastante sério, merecendo maior atenção pelos problemas que pode trazer às abelhas na colônia, mas, principalmente pelos danos potenciais à saúde dos consumidores. O pólen coletado, de colméias situadas em locais em que os praguicidas são uti l izados ou metais pesados são encontrados, deve, quase sempre, estar contaminado, podendo provocar intoxicação naqueles que o uti l izam. Com base nas observações expostas, os objetivos deste projeto de pesquisa foram: a) pesquisar a presença de inseticidas organoclorados (Aldrin; alfa-BHC; beta-BHC; gama-BHC; delta- BHC, p,p’-DDT; p,p’-DDE; p,p’-DDD; Dieldrin; Endosulfan 1; Endosulfan 2; Endosulfan sulfato; Endrin; Endrin aldeído; Heptacloro; Endrin Keton e Heptacloro epóxico), organofosforados (Co-ral, Zolone, Diazinon, Methyl-Parathion, Ethion, Fenthion, Malathion, Cygon e DDVP) e piretróides (Deltametrina, Cif lutr ina, Cipermetrina e Permetrina) no pólen brasileiro; b) pesquisar a presença dos metais chumbo, mercúrio e alumínio no pólen apícola brasileiro; c) preconizar a uti l ização do pólen apícola brasileiro como indicador da contaminação ambiental. Como exigências do curso de Pós-Graduação em Zootecnia, o assunto foi dividido em capítulos, a saber: - Capítulo 2: Presença de organoclorados, organofosforados e piretróides no pólen apícola brasileiro , que será submetido à publicação no Journal of Environmental Quality , de acordo com suas normas. - Capítulo 3: Presença de alumínio, chumbo e mercúrio no pólen apícola brasileiro, que será submetido à publicação no Journal of Environmental Quality, de acordo com suas normas. - Capítulo 4: Implicações REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS* ACCIOLY, A. M. A., NETO, A. E. F., MUNIZ, J. A., FAQUIN, V., GUEDES, G. A. A. Pó de forno elétrico de siderurgia como fonte de micronutrientes e de contaminantes para plantas de milho. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.35, p.1483-91, 2000. AMARAL SOBRINHO, N. M. B., COSTA, L. M., DIAS, I. E., BARROS, N. F. Aplicação de resíduo siderúrgico em um latossolo: efeitos na correção do solo e na disponibil idade de nutrientes e metais pesados. 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Neste sentido, o objetivo deste trabalho foi identif icar a ocorrência de organofosforados, organoclorados e piretróides nas amostras do pólen apícola das regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste, Norte e Nordeste. As análises quantitativas de organofosforados, organoclorados e para os piretróides foram realizadas através de cromatografia de fase gasosa. De acordo com os resultados obtidos, observou-se a presença de organofosforados, organoclorados e piretróides nas amostras de pólen apícola de todas as Regiões Brasileiras. Os inseticidas Zolone, Aldrin, Dieldrin, Endrin aldeído, Heptacloro epóxico, Endrin, p,p’-DDE e p,p’-DDT foram detectados em amostras de pólen apícola sendo estes inseticidas de uso proibido no Brasil. Isso pode ter ocorrido devido à persistência desses inseticidas no ambiente. Desta forma, pode-se concluir que o pólen apícola pode ser uti l izado no monitoramento da contaminação ambiental por inseticidas; existe a necessidade de maior controle quanto à presença de inseticidas no pólen apícola, bem como da necessidade de estabelecer-se uma legislação específ ica para o pólen apícola, quanto aos l imites de tolerância para os inseticidas. Palavras-chave : Apis mell i fera , pólen, organofosforados, organoclorados, piretróides, monitoramento ambiental. “THE PRESENCE OF ORGANOCHLORIDES, ORGANOPHOSPHATES AND PYRETHROIDS IN BRAZILIAN BEE POLLEN” 2 Summary The frequent and indiscriminate use of chemicals in the agriculture has contributed to high levels of toxic residues in foods and to the environment contamination. This owed to the growth of agricultural production, which aims at f i l l ing the populational needs. As bees f ly long distances looking for water, nectar and pollen, they can get contaminated with the insecticides which have been used in the agriculture, and moreover Brazil hasn’t yet got a specif ic legislation for bee pollen. Thus, the objective of this work has been to identify the occurrence of organophosphates, organochlorides and pyrethroids in the samples of bee pollen found in the South, West Center, North and Northeast of Brazil. The quantitative analyses of organophosphates, organochlorides and for the pyrethroids have been made through chromatography of the gaseous phase. According to the results obtained, organophosphates, organochlorides and pyrethroids have been found in the samples of bee pollen from all Brazil ian regions. Insectives l ike Zolone, Aldrin, Endrin aldehyde, Heptachlor epoxide, Endrin, p,p’-DDE and p,p’- DDT have been found in samples of bee pollen and not al lowed in Brazil. This may have occurred due to the insistence of such insecticides. Thus, i t is possible to conclude that bee pollen can be used in the monitoring of environment contamination by insecticides. It is necessary to control the presence of insecticides in bee pollen as well as it is necessary to have a specif ic legislation for i t and tolerance l imits for insecticides. Key-words: Apis mell i fera, pollen, organophosphates, organochlorides, pyrethroids, environmental monitoring. 3 Introdução Com o crescimento da população mundial houve a necessidade de aumentar a produção de alimentos (Warhurst & Goebel, 1995). Segundo Caldas & Souza (2000), o uso de praguicidas é ainda a principal estratégia no campo para o combate e a prevenção de pragas agrícolas, garantindo com isso, maior produtividade. Ramalho et al. (2000) citam que a aplicação de agroquímicos aos solos e culturas tornou-se uma prática comum na agricultura. O aumento do suprimento de nutrientes, a correção do pH do solo, e principalmente a proteção das lavouras pelo controle de doenças e pragas levaram ao aumento do uso de agroquímico. Essas práticas podem causar degradação química do solo, como resultado do acúmulo de elementos e/ou compostos tóxicos em níveis indesejáveis. O estudo de avaliação de risco crônico da ingestão de pesticidas é o processo no qual a exposição humana a um dado composto por meio de dieta é comparada a um parâmetro toxicologicamente seguro. Risco pode existir quando a exposição ultrapassa o parâmetro toxicológico. Em geral, exigem estudos de avaliação de risco durante o processo de registro do pesticida, e seus resultados podem influir no estabelecimento de l imites máximos de resíduos permitidos ou restringir o uso em algumas culturas (Brown et al., 1996). No entanto, segundo Anvisa (1999) citado por Caldas & Souza (2000) a legislação brasileira não prevê estudos de avaliação de risco no processo de registro, sendo desconhecido o risco para a saúde com a ingestão de pesticidas por meio de dieta. Contudo, o uso freqüente e indiscriminado de produtos químicos, muitas vezes tem acarretado em presença de altos níveis de resíduos tóxicos nos alimentos, desequilíbrio biológico, contaminações ambientais, intoxicações de pessoas e animais, reaparecimento de pragas, surtos de pragas secundárias e o aparecimento de l inhagens de insetos resistentes (Trindade et al., 2000; Peres et al., 2002). Segundo Campanhola (1990), a maioria dos inseticidas presentes no mercado atua no sistema nervoso dos insetos. Como existem semelhanças entre o sistema nervoso desses organismos e do homem, a uti l ização desses compostos representa um risco às pessoas envolvidas com o seu manuseio e aplicação. Dentre os t ipos de praguicidas uti l izados pelo homem na agricultura, os inseticidas são os que promovem maiores danos à apicultura (Silveira, 1987). Como as abelhas percorrem longas distâncias para coletarem água, néctar e pólen podem se contaminar com os inseticidas uti l izados na agricultura. Os perigos que os inseticidas podem causar aos organismos polinizadores são grandes. Segundo Stefanidou et al. (2003), a cada ano milhares abelhas são mortas e colméias destruídas em conseqüência do uso desordenado de inseticidas. Além da morte imediata das abelhas, a exposição a doses não letais pode provocar distúrbios f isiológicos e comportamentais, afetando diretamente a produtividade das colméias (Cox & Wilson, 1984; Nunamaker et al., 1984; Smirle et al., 1984). Segundo Gobo et al. (2004), a análise de resíduos de inseticidas é de grande importância, porque permite determinar se estes resíduos encontram-se dentro de um nível de tolerância estabelecido. Com isso, os objetivos do presente trabalho foram pesquisar a presença de inseticidas organofosforados, organoclorados e piretróides no pólen apícola coletado nas cinco Regiões Brasileiras, bem como verif icar uma possível contaminação ambiental nessas regiões. 4 Material e Métodos 4.1 Origem das Amostras O trabalho contou com a participação dos produtores de pólen apícola das Regiões Brasileiras (Tabela 1), os quais enviaram amostras de pólen apícola coletadas por coletores de pólen frontal. Tabela 1 – Número de amostras de pólen apícola das Regiões Brasileiras. Região Brasileira Estado Número de amostras Sul Paraná 14 Santa Catar ina 02 Rio Grande do Sul 05 Sudeste São Paulo 12 Minas Gerais 05 Centro-Oeste Mato Grosso 01 Mato Grosso do Sul 01 Goiânia 02 Norte Roraima 11 Nordeste Bahia 16 4.2 Análises realizadas nas amostras de pólen apícola Essas amostras foram analisadas no Laboratório do Centro de Assistência Toxicológica (CEATOX), do Instituto de Biociências da Universidade Estadual Paulista (UNESP), Campus Botucatu. 4.2.1 Organofosforados e Organoclorados As amostras de pólen apícola foram analisadas através de cromatografia a gás, modif icado para pólen conforme descrito Azevedo & Moraes (1981). Inicialmente, pesou-se 5,0 g de cada amostra de pólen apícola, adicionando-se em seguida 2,0 mL de ácido fórmico PA e 40 mL de n-hexano grau HPLC, sendo a mistura agitada por 30 minutos. Após este período de tempo, as amostras foram fi l tradas em papel de f i l tro no 42 (125mm diâmetro - Whatman®) contendo sulfato de sódio anidro. O fi l trado foi deixado em capela de exaustão até completa evaporação do solvente. Para a purif icação dos extratos das amostras de pólen apícola, 4,0g de Florisi l® foi adicionado em coluna cromatográfica. Em seguida, foi adicionado n-hexano (grau HPLC) até o Florisi l® f icar totalmente umedecido. Ressuspendeu-se, então, o resíduo de cada amostra com 20,0 mL de n-hexano e eluiu-se pela coluna, coletando-se o eluato em um béquer e deixando-o em capela de exaustão até completa evaporação do solvente. Após a evaporação, as amostras foram analisadas através da cromatografia a gás, ut i l izando-se cromatógrafo CG Varian Star modelo 3600 Cx, com mostrador automático 8200 equipado com injetor on column , coluna DB-1 (30m x 0,25mm x 1,0 mm) e detector de captura de elétrons (ECD), com nitrogênio como gás de arraste. A temperatura inicial foi de 50oC/min, sendo elevada de 30oC/min até atingir a temperatura de 180oC, mantida por 1minuto. Em seguida, a temperatura foi elevada de 6oC/min até atingir 220oC, permanecendo nesta temperatura durante 11 minutos. Após, a temperatura foi então elevada de 5oC/min até atingir 250oC, permanecendo nesta temperatura durante 1 minuto. O volume de amostra injetado foi de 1 µL. Os organofosforados pesquisados foram: Co-ral (Coumaphos), Fenthion, DDVP (Diclorvos), Diazinon, Malathion, Zolone (Phosalone), Methyl-Parathion, Ethion, Cygon (Dimethoato). Os organoclorados pesquisados foram: Aldrin; Dieldrin, Endrin aldeído; Heptacloro epóxico, Endosulfan 1; Endosulfan 2; Endosulfan sulfato; Endrin; p,p’-DDE (4,4’- diclorodifenil- 1,1’dicloroeti leno); p,p’-DDT (1,1,1-tr icloro-2,2-bis4- clorofeniletano), alfa-BHC (alfa Hexaclorocicloexano); beta-BHC (beta Hexaclorocicloexano); gama-BHC (gama Hexaclorocicloexano); delta-BHC (delta Hexaclorocicloexano); p,p’- DDD; Heptacloro e Endrin Keton. Os l imites de detecção das análises foram 1,00 ηg/mL (ppb) para o organofosforado e organoclorados. 4.2.2 Piretróides As amostras de pólen apícola foram analisadas com modif icações segundo a metodologia de Bissacot & Vassil ieff (1997), e as leituras feitas em cromatógrafo de fase gasosa. Pesou-se 5,0 g de cada amostra de pólen apícola, adicionando-se em seguida 1,0 mL de HCl (ácido clorídrico) (1,0N) e 40 mL de Acetonitr i la grau HPLC, sendo a mistura agitada mecanicamente por 30 minutos. Decorrido este período de tempo, as amostras foram fi l tradas em papel de f i l tro quantitativo no42 (125 mm diâmetro) Whatman®, e deixadas em capela de exaustão para evaporação total do solvente. Para a purif icação das amostras de pólen apícola, 4,0g de Florisi l® foi adicionado em coluna cromatográfica. Em seguida, foi adicionado n-hexano (grau HPLC) até que o Florisi l® f icou totalmente umedecido. Ressuspendeu-se então o resíduo de cada amostra com 10,0 mL de n-hexano e eluiu pela coluna, coletando o eluato em um béquer. Adicionou-se ao resíduo da amostra 10 mL da mistura n- hexano:éter etí l ico (na proporção de 9:1), coletando no mesmo béquer do elutato. A mistura foi mantida em capela de exaustão até completa evaporação do solvente. Após a evaporação, as amostras foram analisadas em cromatógrafo de fase gasosa CG Varian Star modelo 3600 Cx, com mostrador automático 8200 equipado com injetor on column , coluna DB-1 (30m x 0,25mm x 1,0 mm) e detector de captura de elétrons (ECD), com nitrogênio como gás de arraste. A temperatura inicial foi de 50oC/min, sendo elevada de 30oC/min até atingir a temperatura de 180oC, mantida por 1minuto. Em seguida, a temperatura foi elevada de 6oC/min até atingir 220oC permanecendo nesta temperatura durante 11 minutos. Após, a temperatura foi então elevada de 5oC/min até atingir 250oC, permanecendo nesta temperatura durante 1 minuto. O volume de amostra injetado foi de 1 µL. Os piretróides pesquisados foram Deltametrina, Cif lutr ina, Cipermetrina e Permetrina. O limite de detecção da análise para piretróide foi 1,00 ηg/mL (ppb). 4.3 Análise estatística Para se avaliar os possíveis índices de contaminação por agroquímicos presentes nas amostras de pólen apícola, os dados foram transformados para α+x , com α = 0,5. Foi realizada Análise de Variância (ANOVA), seguido do teste de Kruskal-Wall is para comparação de médias em nível de 5% de signif icância. 5 Resultados e Discussão 5.1 Organofosforados Na Tabela 2 estão representados os valores dos organofosforados pesquisados nas amostras de pólen apícola brasileiro. Tabela 2 – Valores dos inset ic idas organofosforados (ηg/g) obt idos em amostras de pólen coletado por Apis mel l i fera provenientes das cinco Regiões Brasi leiras. O R G A N O F O S F O R A D O S (ηg / g ) REGIÃO AMOSTRAS* C o-ral F enthion D D V P D iazinon M alathion Z olone M ethyl- P arathion E thion C ygon SUL 01 a 21 01 nd nd nd nd nd 1,20 nd nd nd (n=21) 15 nd nd nd nd nd nd nd 3,89 nd 21 nd nd nd nd nd nd nd 5,81 nd SUDESTE 22 a 38 (n=17) 24 2,96 nd nd 1,13 nd nd nd nd nd 26 nd 3,85 nd 1,48 nd nd nd nd nd 27 nd nd nd nd nd 2,50 nd nd nd 28 1,88 nd nd 3,64 5,53 5,73 3,22 nd nd 29 1,46 nd nd 1,74 9,21 18,69 4,36 8,90 nd 30 1,06 nd nd nd 3,71 11,39 5,46 7,05 nd 31 1,25 2,15 nd 2,94 nd 2,66 3,76 1,21 3,36 32 nd 2,25 nd nd nd 4,69 nd nd nd 33 nd 1,10 nd nd 1,62 20,86 2,48 7,57 nd 34 3,34 3,61 nd 4,82 1,58 4,81 nd nd nd 36 nd nd 3,91 nd nd nd nd nd nd CENTRO-OESTE 39 a 42 39 nd nd nd nd nd 3,07 1,18 1,26 nd (n=04) NORTE 43 a 53 47 nd nd nd nd nd nd nd 2,82 nd (n=11) 48 nd nd nd 2,07 nd nd 5,50 nd nd 50 nd nd nd 2,09 nd nd nd nd nd 52 nd nd nd 2,12 4,46 nd 11,27 nd nd NORDESTE 54 a 69 54 2,02 3,93 nd nd 3,59 4,95 1,23 nd nd (n=16) 55 nd nd nd nd nd nd 1,91 nd nd 56 nd 5,83 nd nd 3,47 nd 6,23 nd nd 58 2,19 nd nd nd 3,44 3,11 1,75 nd nd 59 nd 3,07 1,41 nd 4,91 nd nd 25,93 nd 62 nd 2,21 nd nd 3,14 2,79 6,76 nd nd 63 nd nd nd nd 2,71 1,99 6,30 nd nd 64 nd nd nd nd 2,41 nd 1,26 nd nd 65 8,19 1,13 nd nd nd nd 3,08 nd nd 66 nd nd nd nd 1,17 nd 1,64 nd nd 67 2,36 2,50 1,64 3,15 1,70 5,51 2,82 12,04 nd 68 nd nd nd nd nd nd 3,73 nd nd nd = não detectado. * Estão l is tadas somente as amost ras que apresentaram organofosforados. 5.1.1 Co-ral, Fenthion e DDVP Os organofosforados Co-ral (coumaphos), Fenthion e DDVP (diclorvós) não foram encontrados em nenhuma amostra das regiões Sul, Centro-Oeste e Norte. Na região Sudeste foram detectados os organofosforados Co-ral, Fenthion e DDVP em 35,3%, 29,4% e 5,9% das amostras, respectivamente e, para a região Nordeste em 25,0%, 37,5% e 12,5% das amostras, respectivamente (Tabela 2). As médias encontradas nas regiões Sudeste e Nordeste não diferiram estatist icamente entre si, para o organofosforado Co-ral. (Tabela 3). Tabela 3 - Média da concentração de inset ic idas organofosforados (ηg/g) nas amostras de pólen apícola das cinco Regiões Brasi leiras. Os resultados representam os dados transformados para α+x , com α=0,5, seguido do erro padrão. Sul n=21 Sudeste n=17 Centro-Oeste n=04 Norte n=11 Nordeste n=16 Co-ral nd 1,04±0,09a nd nd 1,02±0,12a Fenthion nd 1,01±0,10a nd nd 1,14±0,12a DDVP nd 0,79±0,07a nd nd 0,80±0,05a Diazinon nd 1,07±0,11a nd 0,96±0,06a 0,79±0,06a Malathion nd 1,12±0,15a nd 0,85±0,07b 1,34±0,12a Zolone 0,74±0,03b 1,73±0,26a 1,00±0,05a nd 1,12±0,12a Methyl- Parathion nd 1,11±0,13b 0,86±0,02b 1,12±0,14ab 1,52±0,13a Ethion 0,86±0,11a 1,13±0,17a 0,87±0,03a 0,81±0,05a 1,16±0,24a Cygon nd 0,78±0,06 nd nd nd *Let ras d i ferentes, na mesma l inha, ind icam d i ferença esta t ís t ica s ign i f icat iva ent re as médias, a 5% de s ign i f icânc ia , pe lo tes te Kruskal l -Wal l is . * *nd = não detectado. O organofosforado Co-ral é muito uti l izado como acaricida, principalmente no combate a Varroa jacobsoni , um parasita de Apis mell i fera (Wallner, 1999). Segundo Martel & Zeggane (2002), o uso de acaricida dentro de colméias pode provocar um risco de contaminação do mel como também de outros produtos da colméia. Na Alemanha e Itál ia, o seu l imite máximo permitido no mel é de 10,00 ηg/g (Bogdanov et al., 1998). Com relação ao orgafosforado Fenthion, as médias encontradas nas regiões Sudeste e Nordeste não diferiram estatist icamente entre si (Tabela 3). Segundo a Anvisa (1985), o Fenthion é uti l izado em culturas de abóbora, ameixa, algodão, café, caqui, citros, goiaba, maçã, manga, maracujá, marmelo, melão, nogueira, pêra, pêssego, pepino e uva. Seu Limite Máximo Permitido (MRL) em alimentos varia de 50,00 ηg/g para leite e batata até 2000,00 ηg/g para frutas cítr icas, pêra, morango, maçã e outros (Codex Alimentarius, 1996). Nas abelhas, o Fenthion apresenta uma DL50 de 308,00 ηg/abelha, sendo um produto altamente tóxico para a mesma (Silveira, 1987). Com relação ao DDVP, as médias encontradas nas regiões Sudeste e Nordeste não diferiram estatist icamente entre si (Tabela 3). O organofosforado DDVP é uti l izado na aplicação em partes aéreas em culturas de alface, algodão, almeirão, amendoim, batata, berinjela, brócolis, cebola, chicória, citros, cogumelo, couve, couve-flor, fei jão, j i ló, maçã, melancia, morango, pimenta, quiabo, tomate, repolho, soja e plantas ornamentais, bem como no tratamento de grãos e sementes de algodão, amendoim, arroz, batata, cacau, café, castanha-do-pará, centeio, cevada, fei jão, grão-de-bico, milho, pinhão, soja e sorgo (Anvisa, 1985). Segundo Oliveira & Machado (2004), o DDVP possui efeito toxicológico leve nos seres humanos. Citam também que o principal problema relacionado à uti l ização deste pesticida é que o emprego exagerado, tanto doméstico, como na agricultura e pecuária (principalmente no combate a carrapatos em animais confinados), faz com que a contaminação humana se torne muito freqüente. Esses resultados do presente trabalho sugerem o uso desses inseticidas (Co-ral e Fenthion) nessas regiões, pois as coletas foram feitas em apiários próximos às culturas de café, citros, cana- de-açúcar, arroz, fei jão, milho, entre outros, e do DDVP para controle de formiga na região Nordeste. 5.1.2 Diazinon e Malathion Os organofosforados Diazinon e Malathion não foram detectados nas regiões Sul e Centro-Oeste. No entanto, o Diazinon foi detectado em 35,3%, 27,3% e 6,3% das amostras nas regiões Sudeste, Norte e Nordeste, respectivamente e, o Malathion, em 29,4%, 9,1% e 56,3% das amostras nas mesmas regiões, respectivamente (Tabela 2). Com relação ao Diazinon, as médias encontradas nas regiões Sudeste, Norte e Nordeste não diferiram estatist icamente entre si (Tabela 3). O organofosforado Diazinon é aplicado em partes aéreas de culturas de alfafa, algodão, alho, amêndoa, amendoim, arroz, avelã, azeitona, café, cana-de-açúcar, cebola, citros, cucurbitáceas, ervi lha, fei jão, frutas em geral, hortal iças folhosas, milho, noz, raízes e tubérculos, soja e sorgo, apresentando o princípio ativo uma persistência curta no ambiente (Anvisa, 1985). O l imite permitido de Diazinon nos alimentos é de 20,00 ηg/g para carne de ovelha, suíno e bovino e, de 2000,00 ηg/g para óleo de oliva (Codex Alimentarius, 1996). Com relação ao Malathion, a média encontrada na região Norte diferiu estatist icamente com as regiões Sudeste e Nordeste (Tabela 3). O Malathion é uti l izado na pulverização de algodão, amendoim, bulbos, café, cereais, fei jão, frutos, forragens, hortal iças, leguminosas frescas, pastagens, raízes, tubérculos, soja e em tratamentos de grãos (Anvisa, 1985). Espinoza-Navarro & Bustos-Obregón (2004) estudaram o efeito do Malathion em uma espécie de Anelídeo, pois este inseticida inibe a atividade enzimática da aceti lcolinesterase, além de apresentar efeitos letais em muitos seres vivos. Concluíram que o Malathion é extremamente tóxico a esta espécie, pois afeta o funcionamento neuromuscular, alterando o equilíbrio de Ca2+ e K+, que parece ser o fator responsável por mudanças dentro da morfologia e atividade das minhocas. Como as minhocas representam a maior fração de biomassa de invertebrados no solo, mais de 80%, e faz um papel importante estruturando e aumentando a concentração de nutrientes no solo (Bustos-Obregón & Goicochea, 2002), os autores propuseram um modelo uti l izando essa espécie como bioindicadores para a avaliação de riscos tóxicos de xenobióticos em ecossistemas terrestres. Golub (2000) citado pelos autores, já descrevia em seu trabalho que o efeito deste praguicida é tóxico e que deveria ser monitorado. Segundo Ferrero et al. (2001) esse inseticida, contamina a água direta ou indiretamente, sendo trazido por deriva aérea, l ixiviação, entre outros, afetando com isso a cadeia alimentar. O l imite permitido de Malathion varia de 500,00 ηg/g permitido em pêra e couve a 8000,00 ηg/g para repolho e frutas secas (Codex Alimentarius, 1996). 5.1.3 Zolone e Methyl-parathion O organofosforado Zolone não foi detectado nas amostras da região Norte. Porém, foi observado nas regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste, em 4,8%, 47,1%, 25,0% e 31,3% das amostras, respectivamente (Tabela 2). Considerando-se as médias de contaminação pelo Zolone nas regiões, observa-se que as regiões Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste não diferiram signif icativamente entre si, mas diferiram signif icativamente da região Sul (Tabela 3). Segundo Botton et al . (2004), o Zolone é um inseticida que não está mais disponível no mercado. Esses resultados sugerem que no passado esse inseticida foi muito uti l izado podendo persistir no ambiente até hoje, principalmente na região Sudeste onde 47% das amostras de pólen apícola analisadas apresentaram este inseticida. O Methyl-parathion não foi encontrado nas amostras analisadas da região Sul. Para as regiões Sudeste, Centro-Oeste, Norte e Nordeste foram encontrados em 29,4%, 25,0%, 18,2% e 68,8% das amostras, respectivamente (Tabela 2). Considerando-se as médias de contaminação pelo Methyl- parathion nas regiões, observa-se que a região Nordeste diferiu signif icativamente da Sudeste e Centro-Oeste, mas não da região Norte (Tabela 3). Segunda a Anvisa (1985), o Methyl-parathion é uti l izado nas culturas de cereais, frutas em geral, hortal iças folhosas e não folhosas, leguminosa, algodão, amendoim, soja, batata, cana-de- açúcar, café, alfafa e pastagens. Segunda a EPA (Environmental Protection Agency) (1986), citado por Machado & Fanta (2003), o Methyl-parathion é um dos vários praguicidas organofosforados (OP) desenvolvidos para substituir organoclorados. Os OPs são menos persistentes na atmosfera, sendo facilmente unidos a compostos orgânicos, sendo adsorvidos para sedimentos e partículas em suspensão. Seu l imite de tolerância para alguns alimentos varia de 50,00 ηg/g para óleo de semente de algodão e de 200,00 ηg/g para tomate, melão e pepino (Codex Alimentarius, 1996). 5.1.4 Ethion, Cygon O Ethion foi encontrado em todas as regiões, sendo encontrado em 9,5% das amostras da região Sul, 23,5% no Sudeste, 25,0% no Centro-Oeste, 9,1% no Norte e 12,5% na região Nordeste (Tabela 2). Considerando-se as médias entre as regiões, observa-se que a região Nordeste apresentou maiores níveis de Ethion (1,16 ηg/g), embora não tenha diferido estatist icamente das demais regiões estudadas (Tabela 3). Segundo a Anvisa (2003), o Ethion é empregado na pulverização de partes aéreas em culturas de abacaxi, alho, ameixa, amêndoas, amendoim, berinjela, caqui, castanha, cebola, cereja, citros, damasco, fei jão, louro, maçã, marmelo, melancia, melão, milho, morango, nectarina, noz, pêra, pêssego, soja, tomate, uva, e em uso externo em animais (Anvisa, 1985). O l imite permitido em alimentos varia de 20,00 ηg/g para leite a 2000,00 ηg/g para frutas cítr icas (Codex Alimentarius, 1996). O organofosforado Cygon (dimetoato) foi encontrado em apenas uma amostra da região Sudeste. Para as demais regiões não foi observada a presença deste inseticida nas amostras de pólen apícola (Tabelas 2 e 3). Segundo Schmalko et al. (2002), a taxa de degradação desse inseticida depende do tipo de plantas e condições cl imáticas. Belal & Gomaa (1979), citado pelos autores acima, estudaram a persistência de dimetoato em vegetais e plantas de algodão, encontrando uma meia-vida entre 3,3 a 6 dias. No entanto Noble (1985), também citado pelos autores, trabalhando com frutas e controlando a temperatura, pH, detectou uma meia-vida de até 200 dias. Esse inseticida é empregado na aplicação em partes aéreas de culturas de algodão, alho, amendoim, batata, café, cana-de- açúcar, cebola, citros, cucurbitáceas, hortal iças, leguminosas, maçã, morango, pêra, pêssego, tr igo, soja, e plantas ornamentais, tendo como l imite máximo permitido de 50,00 ηg/g para ervi lhas e couve a 2000,00 ηg/g para frutas cítr icas (Codex Alimentarius, 1996). 5.2 Organoclorados Na Tabela 4 estão representados os valores dos organoclorados analisados nas amostras de pólen apícola. Tabela 4 - Valores dos inseticidas organoclorados (ηg/g) obtidos em amostras de pólen coletado por Apis mell i fera provenientes das cinco Regiões Brasileiras. O R G A N O C L O R A D O S (ηg / g ) REGIÃO AMOSTRAS* A ldrin D ieldrin E ndrin aldeído H eptacloro epóxico E ndossulfan 1 E ndossulfan 2 E ndossulfan sulfato E ndrin p,p’-D D E p,p’-D D T SUL 01 a 21 01 nd nd 2,25 nd nd nd nd nd nd 9,25 (n=21) 02 nd 29,35 93,93 nd nd nd 4,61 nd nd nd 03 nd nd 10,53 nd nd nd nd nd nd 18,98 09 nd nd nd nd nd nd nd 9,95 nd nd 10 nd nd nd nd nd nd 23,58 5,38 1,80 nd 11 nd nd nd nd nd nd 18,18 16,52 4,15 nd 12 nd nd nd nd nd nd 33,50 10,70 6,86 nd 14 nd nd nd nd nd nd 20,35 nd nd nd 15 nd nd nd nd nd nd 7,80 3,73 nd nd 16 nd nd nd nd nd nd 19,96 25,29 4,06 nd 21 nd nd nd nd nd nd nd nd nd 4,53 SUDESTE 22 a 38 22 nd 6,80 1,59 nd 3,62 nd nd nd nd 53,60 (n=17) 25 nd 3,33 6,08 nd nd nd nd nd nd 3,86 26 2,34 nd 2,49 nd 5,57 nd nd nd nd nd 28 nd 1,10 nd nd nd nd nd nd nd nd 29 nd 4,34 nd nd nd 2,82 nd nd nd nd 30 nd nd 1,59 nd nd nd nd nd nd nd 31 nd nd 1,08 nd nd 2,51 nd nd nd nd 32 nd nd nd nd nd nd nd 1,15 nd nd 34 nd nd nd nd nd 1,74 nd nd nd nd 35 nd 2,51 6,36 nd nd nd nd nd nd nd CENTRO-OESTE 39 a 42 39 nd nd nd nd nd nd nd nd nd 2,76 (n=04) NORTE 43 a 53 47 nd nd nd nd nd nd nd nd 2,32 nd (n=11) 50 nd nd nd nd nd nd 6,74 nd 2,52 nd 51 nd nd nd nd nd nd nd nd 8,64 nd NORDESTE 54 a 69 55 nd 5,01 3,88 2,03 nd 1,18 nd nd nd nd (n=16) 56 nd nd nd nd nd 3,36 nd nd nd nd 59 nd 8,73 6,69 nd nd 6,71 nd nd nd nd 60 nd nd 2,57 nd nd nd nd nd nd nd 62 nd nd 10,48 nd 1,16 nd nd nd nd nd 63 nd nd 10,94 nd nd nd nd nd nd nd 65 nd nd nd 1,02 nd nd nd nd nd nd 67 nd 9,73 3,43 nd nd 5,62 nd nd nd nd 69 nd nd nd nd nd nd 1,22 nd nd nd nd= não detectado. * Estão l is tadas somente as amost ras que apresentaram inset ic idas organoc lorados. 5.2.1 BHC (alfa, beta, gama e delta), Heptacloro, p,p’-DDD e Endrin keton Nas amostras de pólen apícola pesquisadas, não foram encontrados os seguintes organoclorados: BHC (alfa, beta, gama e delta), Heptacloro, p,p’-DDD e Endrin keton. 5.2.2 Aldrin Com relação ao inseticida Aldrin, apenas a região Sudeste apresentou uma amostra (amostra 26) de pólen apícola contendo presença deste inseticida (Tabelas 4 e 5). Tabela 5 - Média da concentração de inset ic idas organoclorados (ηg/g) nas amostras de pólen apícola das cinco Regiões Brasi leiras. Os resultados representam os dados transformados para α+x , com α=0,5, seguido do erro padrão. Sul n=21 Sudeste n=17 Centro Oeste n=04 Norte n=11 Nordeste n=16 Aldrin nd 0,76±0,05 nd nd nd Dieldrin 0,94±0,23b 1,08±0,13a nd nd 1,11±0,17a Endrin aldeído 1,31±0,44a 1,11±0,13a nd nd 1,39±0,19a Heptacloro epóxico nd nd nd nd 0,80±0,05 Endossulfan 1 nd 0,89±0,10a nd nd 0,75±0,03a Endossulfan 2 nd 0,88±0,08a nd nd 1,06±0,13a Endossulfan sulfato 1,87±0,39a nd nd 0,89±0,09a 0,75±0,03a Endrin 1,47±0,30a 0,74±0,03b nd nd nd p,p’-DDE 0,98±0,13b nd nd 1,10±0,12a nd p,p’-DDT 1,07±0,21a 1,18±0,32a 0,99±0,05b nd nd *Let ras d i ferentes, na mesma l inha, ind icam d i ferença esta t ís t ica s ign i f ica t iva ent re as médias, a 5% de s ign i f icânc ia , pe lo tes te Kruskal l -Wal l is . * *nd = não detectado. Segundo Atkins et al. (1977), citados por Silveira (1987), o Aldrin apresenta uma DL50 de 0,353 µg/abelha. Segundo a Anvisa (2003), o Aldrin apresenta uma persistência longa no ambiente, com pequeno deslocamento para as regiões vizinhas, sendo seu uso proibido. Segundo Mídio & Martins (2000), al imentos produzidos a partir de organismos expostos ao Aldrin e outros organoclorados (principalmente aqueles ricos em gordura) irão conter resíduos que poderão ser transferidos a outros organismos através da cadeia alimentar. Segundo Carvalho et al. (1990) o Aldrin, após a absorção, sofre rápida metabolização hepática, transformando-se em seu epóxido correspondente, o dieldrin, que é mais tóxico que o composto original e, devido à sua l ipossolubil idade, deposita-se no tecido adiposo humano. Costabeber & Emanuell i (2002), estudando a influência de hábitos alimentares sobre as concentrações de pesticidas organoclorados em tecido adiposo mamário, encontraram o valor de 0,005 ηg/g de Aldrin. Os autores ainda citam que a concentração de Aldrin em alguns alimentos como leite, carnes e pescados foram de 7,00; 1,00 e 5,00 ηg/g, respectivamente. 5.2.3 Dieldrin, Endrin aldeído e Heptacloro epóxido O Dieldrin foi detectado nas regiões Sul, Sudeste e Nordeste, aparecendo em 4,8%, 29,4% e 18,8% das amostras, respectivamente (Tabela 4). Com relação às médias encontradas para as regiões, observa-se que o Nordeste apresentou maior contaminação (1,11 ηg/g) e não diferiu estatist icamente da região Sudeste, mas diferiu estatist icamente da região Sul. De acordo com o Codex Alimentarius (1993), os l imites aceitáveis de Dieldrin são de 50,00 ηg/g em frutas, 20,00 ηg/g em cereais e 6 ηg/g em leite. O Dieldrin é cerca de 40 a 50 vezes mais tóxico que o DDT (Federação Mundial de Associações de Saúde Pública WFPHA, 2000), sendo este proibido na maioria dos países desenvolvidos. O Endrin aldeído foi encontrado nas regiões Sul (14,3%), Sudeste (35,3%) e Nordeste (37,5%) (Tabela 4). Com relação às médias entre as regiões, a região Nordeste apresentou a maior concentração de Endrin aldeído nas amostras de pólen apícola (1,39 ηg/g), mas não diferindo estatist icamente das regiões Sul e Sudeste (Tabela 5). O Endrin aldeído é indicado como inseticida nas culturas de algodão e cereais, e no combate ao gafanhoto e ratos em pomares. Todavia, o seu uso está proibido em diversos países, inclusive no Brasil. O nível máximo de tolerância para este inseticida é de 0,80 ηg/g para o leite (Codex Alimentarius, 1993). O inseticida Heptacloro epóxido foi detectado apenas em 12,5% das amostras de pólen apícola oriundas da região Nordeste e não sendo encontrado nas outras regiões (Tabelas 4 e 5). Como este inseticida possui uma persistência longa no ambiente e seu uso estar proibido no Brasil, pode ser a explicação de ter sido encontrado em duas amostras de pólen apícola. Os níveis de tolerância para este inseticida são de 6,00 ηg/g para leite, 10,00 ηg/g para frutas e 20,00 ηg/g para cereais (Codex Alimentarius, 1993). 5.2.4 Endossulfan 1, Endossulfan 2 e Endossulfan sulfato O Endosulfan 1 e Endosulfan 2 foram encontrados nas amostras de pólen apícola das regiões Sudeste (11,8% e 17,6% das amostras, respectivamente) e Nordeste (6,3% e 25,0% das amostras, respectivamente) (Tabela 4). Em relação às médias encontradas para as Regiões Brasileiras estudadas, verif icou-se que a região Sudeste não diferiu estatist icamente da região Nordeste (Tabela 5). Segundo Botton et al . (2004), o Endossulfan apresenta restrições de uso devido a sua elevada toxicidade. Este inseticida é uti l izado na aplicação em partes aéreas de culturas de alfafa, algodão, arroz, batata, bulbos, café, cana-de-açúcar, citros, cucurbitáceas, frutas em geral, hortal iças, leguminosas, milho, soja e tr igo. O organoclorado Endossulfan sulfato foi detectado nas regiões Sul, Norte e Nordeste, em 33,4%, 9,1% e 6,3% das amostras analisadas, respectivamente (Tabela 4). Comparando-se as médias das regiões, verif icam-se maiores índices de contaminação na região Sul (1,87 ηg/g), mas não diferindo estatist icamente das regiões Norte e Nordeste (Tabela 5). Segundo Peres et al. (2004), o Endossulfan sulfato é uti l izado em culturas de café, soja e algodão para o controle de diversas espécies de insetos e ácaros mediante contato e ingestão dos produtos formulados. 5.2.5 Endrin O Endrin foi detectado nas amostras de pólen apícola das regiões Sul (28,6%) e Sudeste (5,9%) (Tabela 4). Com relação às médias de contaminação encontradas para as regiões, verif ica-se que a região Sul apresentou os maiores níveis deste inseticida (1,47 ηg/g), diferindo estatist icamente da região Sudeste (Tabela 5). O Endrin é um produto moderadamente tóxico para abelhas, apresentando uma DL50 de 2,02 µg/abelha (Silveira, 1987). Segundo Flores et al. (2002), o Endrin é um produto que possui uma persistência longa no ambiente, com índice de l imite para leite estabelecido pelas Nações Unidas de 4,00 ηg/g . Entretanto, foram detectadas amostras de pólen apícola contaminadas por esse inseticida, sugerindo que isso possa ter ocorrido devido sua persistência no ambiente. 5.2.6 p,p’-DDE e p,p’-DDT Nas regiões Sul e Norte foram detectados p,p’-DDE nas amostras de pólen apícola em 19,0% e 27,3% das amostras, respectivamente (Tabela 4). Observando-se as médias encontradas para as regiões, observa-se que a região Norte apresentou os maiores níveis de contaminação (1,10 ηg/g), diferindo estatist icamente da região Sul (Tabela 5). Esse inseticida é proibido pelo Ministério da Agricultura nacional. Segundo D’Amato et al . (2002), o p,p’-DDE é um dos metabólitos do DDT, o qual pode servir de indicador de DDT por ser mais persistente nos organismos vivos. Segundo o Codex Alimentarius (1996), os l imites máximos permitidos são 500,00 ηg/g para ovos, 100,00 ηg/g para grãos e de 50,00 ηg/g para leite. O p,p’-DDT apresentou contaminação em 14,3%, 11,8% e 25% das amostras de pólen apícola da região Sul, Sudeste e Centro-Oeste, respectivamente (Tabela 4). Considerando-se as médias encontradas para as regiões, verif ica-se que a região Sudeste apresentou os maiores índices de contaminação (1,18 ηg/g), apresentando diferença estatística com a região Centro- Oeste (Tabela 5). Segundo a Anvisa (1985), este inseticida apresenta Classif icação Toxicológica II, sendo permitido seu uso apenas em Campanhas de Saúde Pública, sob responsabil idade da Superintendência de Campanhas de Saúde Pública (Sucam) do Ministério da Saúde. O p,p’-DDT é extremamente l ipossolúvel, sendo rapidamente armazenado no tecido adiposo de qualquer animal, ocorrendo o mesmo com organismos vegetais. Assim, al imentos produzidos a partir de organismos expostos a este inseticida (principalmente aqueles ricos em gordura) irão conter resíduos que poderão ser transferidos a outros organismos através da cadeia alimentar (Costabeber et al., 2003). O p,p’-DDT atravessa facilmente o exoesqueleto quit inoso dos insetos; no entanto, é pouco absorvido pela pele humana o que explica sua baixa toxicidade em nível tópico. O ser humano pode ser contaminado por exposição direta (inalação) ou por al imentos contaminados (D’Amato et al., 2002). Sendo l ipossolúvel, possuem apreciável absorção intestinal sendo, portanto, faci lmente absorvidos por via digestiva. Segundo D’Amato et al. (2002), aproximadamente 2,50 ηg/g são consideradas altas concentrações em solos e isso se deve ao uso indiscriminado do organoclorado. Para peixes, o l imite permitido é 2000,00 ηg/g e para o leite 50,00 ηg/g (Flores et al., 2002). 5.3 Piretróides Em relação às amostras analisadas para piretróides, os resultados estão apresentados na Tabela 6. Tabela 6 - Valores dos inseticidas piretróides (ηg/g) obtidos em amostras de pólen coletado por Apis mell i fera provenientes das cinco Regiões Brasileiras. PIRETRÓIDES (ηg/g) REGIÃO AMOSTRAS* DELTAMETRINA CIFLUTRINA CIPERMETRINA PERMETRINA SUL 01 a 21 01 92,95 12,66 41,94 233,53 (n=21) 05 1,38 nd 3,95 4,79 06 nd nd nd 1,42 07 nd nd nd 4,30 09 26,56 69,16 18,55 19,69 13 nd 141,63 16,97 nd 16 nd 58,32 19,71 201,61 19 nd nd 443,13 272,48 21 4,00 9,76 95,56 106,62 SUDESTE 22 nd 149,79 4,74 303,79 21 a 38 23 nd 2,90 5,86 nd (n=17) 24 9,99 3,49 32,73 nd 25 nd 14,41 55,56 151,35 26 nd 9,21 98,16 nd 27 nd 4,20 nd 4,75 29 8,41 3,08 nd 26,82 30 6,29 44,54 32,31 64,70 31 27,04 29,81 21,77 70,69 32 3,94 3,72 10,28 18,86 33 nd nd nd 5,29 34 6,62 5,53 27,09 5,82 35 5,39 nd 25,18 nd 36 nd 2,60 7,61 nd 37 nd 1,33 nd nd 38 nd 2,66 4,92 7,97 CENTRO-OESTE 39 a 42 39 nd nd 43,46 31,03 (n=04) 40 nd 8,98 2,50 nd NORTE 43 a 53 44 nd nd 3,92 nd (n=11) 45 nd nd nd 6,12 46 nd 14,26 nd 33,04 49 2,04 nd nd 1,18 50 nd 14,34 5,26 13,30 51 nd 1,77 1,19 2,70 52 nd 11,71 2,42 52,67 53 nd 2,47 3,75 33,81 NORDESTE 54 a 69 54 2,20 nd 50,59 2,60 (n=16) 55 nd 12,04 20,94 5,00 60 nd nd 7,71 nd 61 2,69 nd 16,26 nd 63 nd nd 14,93 6,50 69 nd nd nd 1,69 nd = não detectado. * Estão l is tadas somente as amost ras que apresentaram inset ic idas p i re t ró ides. 5.3.1 Deltametrina O piretróide Deltametrina foi observado em 19,0% das amostras de pólen apícola da região Sul, em 41,2% na região Sudeste, 9,0% na região Norte e 12,5% na Nordeste. A região Centro-Oeste não apresentou contaminação com este inseticida (Tabela 6). Considerando-se as médias entre as regiões, verif ica- se que a maior contaminação das amostras de pólen apícola ocorreu na região Sudeste (1,67 ηg/g), não sendo estatist icamente signif icativo em comparação com as demais regiões (Tabela 7). Tabela 7 - Média da concentração de inset ic idas piretróides (ηg/g) nas amostras de pólen apícola das cinco Regiões Brasi leiras. Os resultados representam os dados transformados para α+x , com α=0,5, seguido do erro padrão. Sul n=21 Sudeste n=17 Centro-Oeste n=04 Norte n=11 Nordeste n=16 Deltametrina 1,15±0,47a 1,67±0,26a nd 0,79±0,04a 0,84±0,06a Ciflutrina 2,20±0,69ac 2,99±0,56b 1,30±0,10abc 1,70±0,21ab 0,89±0,13c Cipermetrina 2,97±1,05ac 3,57±0,53b 2,45±0,24bc 1,26±0,11a 1,91±0,38ac Permetrina 3,62±1,18ab 4,18±0,94a 1,94±0,21ac 2,83±0,38a 1,05±0,01bc *Let ras d i ferentes, na mesma l inha, ind icam d i ferença esta t ís t ica s ign i f ica t iva ent re as médias, a 5% de s ign i f icânc ia , pe lo tes te Kruskal l -Wal l is . * *nd = não detectado. Esse piretróide apresenta Classif icação Toxicológica II, sendo seu uso agrícola autorizado para aplicação em partes aéreas de culturas de abacaxi, algodão, ameixa, amendoim, arroz, berinjela, café, citros couve, couve-flor, crisântemo, fei jão, entre outros (Anvisa, 2003). A Deltametrina apresenta alta toxicidade aos organismos aquáticos (Mulla et al., 1978; Zitko et al., 1979), sendo que sua meia-vida no ambiente pode ser de uma semana a vários meses (Hil l , 1983). Frank et al. (1991) trabalharam com amostras de sedimentos em um local onde se cult ivava batata com pulverização aérea. Após o período de um mês, das seis amostras coletadas pelos autores, uma apresentava esse piretróide. Segundo o Codex Alimentarius (1996), a Deltametrina apresenta l imite de tolerância de 50,00 ηg/g para morango e 10000,00 ηg/g para chá verde e preto. 5.3.2 Ciflutrina, Cipermetrina e Permetrina A Cif lutr ina foi encontrada em todas as Regiões Brasileiras, aparecendo em 23,8% das amostras na região Sul, 82,45% na região Sudeste, 25,0% na região Centro Oeste, 45,5% na região Norte e 6,3% na região Nordeste (Tabela 6). Comparando-se as médias encontradas para as regiões estudadas, verif ica-se que a região Sudeste apresentou os maiores índices de contaminação (2,99 ηg/g), diferindo estatist icamente da região Sul e Nordeste (Tabela 7). Segundo o Serviço Nacional do Ministério da Agricultura e do Desenvolvimento Rural e das Pescas, a Cif lutr ina é um piretróide que atua por contato e ingestão. Sua Classe Toxicológica é I, sendo perigoso para abelhas, devendo ser evitado seu uso durante os períodos de f loração. A Cif lutrina é uti l izada em culturas de tomate, soja, uva, couve, maçã, pêra, dentre outras (Delgado & Paumgartten, 2004). Segundo a Codex Alimentarius (1996), a Cif lutr ina apresenta l imite de tolerância que varia de 50,00 ηg/g para semente de algodão e milho a 500,00 ηg/g para tomate e maçã. Para o leite, o l imite máximo permitido é de 10,00 ηg/g. Com relação a Cipermetrina, todas as Regiões Brasileiras apresentaram amostras contaminadas com esse piretróide, aparecendo-se em 33,4%, 70,6%, 50,0%, 45,5% e 31,3% do total das amostras para a região Sul, Sudeste, Centro-Oeste, Norte e Nordeste, respectivamente (Tabela 6). Considerando-se as médias de contaminação para as regiões, verif ica-se maior contaminação na região Sudeste (3,57 ηg/g), diferindo estatist icamente das regiões Sul, Norte e Nordeste (Tabela 7). A Cipermetrina atua como inseticida de contato, sendo uti l izada em culturas de algodão, cereais, vegetais, frutas e para armazenagem de alimentos. Este inseticida possui estrutura química derivada do piretro (inseticida natural), apresentando maior atividade biológica e estabil idade que seu precursor. Sua Classe Toxicológica é II, sendo altamente tóxico para abelhas (Delgado & Paumgartten, 2004). Segundo a Anvisa (2003), a Cipermetrina apresenta l imites de segurança para os seguintes alimentos: milho - 0,01 ppm; café (grão) - 0,02 ppm; soja (semente) - 0,05 ppm; arroz - 0,1 ppm; óleo de algodão - 0,2 ppm e tomate - 0,5 ppm. A Permetrina foi encontrada em todas as Regiões Brasileiras, aparecendo em 38,1%, 58,8%, 25,0%, 63,6% e 25,0% das amostras da região Sul, Sudeste, Centro-Oeste, Norte e Nordeste, respectivamente (Tabela 6). Considerando-se as médias para as Regiões Brasileiras, verif ica-se que a região Sudeste apresentou os maiores níveis de contaminação (4,18 ηg/g), diferindo estatist icamente da região Nordeste (Tabela 7). A Permetrina apresenta classif icação toxicológica II. Erickson & Erickson (1983) citam a persistência de resíduos de Permetrina no pólen por até sete meses, provocando com isso um aumento na mortalidade de abelhas. Cabras et al. (1985), estudando resíduos de Permetrina em tomate, verif icaram persistência considerável de Permetrina com acúmulo de resíduos após aplicações repetit ivas. Segunda a Anvisa (2002), a Permetrina apresenta l imite de tolerância para tomate de 300,00 ηg/g. 6 CONCLUSÕES Diante dos resultados obtidos, pode-se concluir que: - Estes resultados reforçam a necessidade do estabelecimento de l imites de segurança, quanto aos inseticidas, para o pólen apícola; - Os agroquímicos Zolone, Aldrin, Dieldrin, Endrin aldeído, Heptacloro epóxico, Endrin, p,p’-DDE e p,p’-DDT, proibidos no Brasil, foram detectados sugerindo que isso possa ter ocorrido devido sua persistência no meio ambiente ou que possam estar sendo ainda uti l izados; - Sendo o pólen apícola um alimento, há necessidade de estabelecer, na legislação, l imites de tolerância quanto à presença de inseticidas; - O monitoramento é uma forma eficiente de prevenir a contaminação ambiental, além de verif icar se os valores l imites para concentrações de agroquímicos e metais, estabelecidos ou recomendados, estão sendo cumpridos após a legislação estabelecida para o pólen apícola no Brasil. 7 Referências Anvisa – Agência Nacional de Vigilância Sanitária. 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Além desta contaminação, os produtos apícolas podem ser de grande importância como indicadores de contaminação de uma determinada região. Neste sentido, o objetivo deste trabalho foi identif icar a ocorrência de metais no pólen apícola, como alumínio (Al), chumbo (Pb) e mercúrio (Hg) das regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste, Norte e Nordeste. As análises quantitativas foram realizadas através de espectrofotometria por absorção atômica. De acordo com os resultados obtidos, observou-se a presença de alumínio e mercúrio em todas as regiões analisadas. Com relação ao chumbo, apenas as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste apresentaram contaminação por este metal. Desta forma, pode-se concluir da necessidade de maior controle sobre a contaminação do pólen apícola por metais, bem como uti l izá-lo no monitoramento da poluição ambiental. Palavras-chave: Apis mell i fera , pólen, metais, alumínio, chumbo, mercúrio, ambiente. “THE PRESENCE OF ALUMINIUM, LEAD AND MERCURY IN THE BRAZILIAN BEE POLLEN.” 2 Summary The growth of the national industrial park may bring polluents, such as metals, which are a big concern, as they represent environment contamination. The polluents may get in the soil-water-plant chain, representing a dangerous direct and indirect source of contamination for bees and their products. Besides that contamination, bee products may be of great importance as being indicators of contamination in a certain region. Thus, the objective of this work has been to identify the occurrence of metals in bee pollen such as aluminium (Al), lead (Pb) and mercury (Hg) found in the South, Southeast, West Center, North and Northeast. The quantitative analyses have been made by spectrometry through atomic absortion. According to results obtained, aluminium and mercury have been found in al l regions analyzed. As for lead, only in South, Southeast and West Center have shown contamination. Thus, i t is possible to conclude that i t is necessary that contamination of bee pollen by metals be more controlled and used in the monitoring of environment pollution. Key-words: Apis mell i fera , pollen, metals, lead, aluminium, mercury, environment. 3 Introdução Os metais são uti l izados como matéria-prima em diversas indústrias de bens de consumo e em fert i l izantes agrícolas. Contudo, a contaminação do solo e da água, decorrente do excesso de metais é cada vez mais freqüente e preocupante por causa do seu impacto negativo no ecossistema (Ribeiro-Filho et al., 2001). Carneiro et al. (2001) citam que alguns desses elementos são essenciais para as funções f isiológicas como o Fe (ferro), importante para a constituição da hemoglobina (Guyton, 1998), o Zn (zinco) para a formação da clorofi la, o Cu (cobre) para o metabolismo do nitrogênio nas plantas (Larcher, 2000) e favorecimento da catalisação da síntese da hemoglobina (Guyton, 1998), sendo todas as formas de vida afetadas pela presença de metais (Foy et al. 1978). Quando em excesso no solo, esses elementos podem inibir o crescimento das plantas e causar alterações nas comunidades vegetais (Baker et al., 1994), como também exercer efeitos adversos sobre os microrganismos do solo (Valsecchi et al., 1995), interferindo nas funções do ecossistema, com conseqüências ao meio ambiente e a saúde pública. Com a implantação do parque siderúrgico brasileiro, a geração de resíduos tem-se tornado um problema grave, em razão do impacto que esses materiais podem causar nos ecossistemas terrestres e aquáticos (Amaral Sobrinho et al., 1993; Accioly et al., 2000; Ramalho et al., 2000). Salomons (1995), citado por Silva et al. (2003), descreve que a atividade de mineração pode ocasionar a entrada dos metais no ambiente, através de depósitos de rejeitos, sendo fontes de contaminação ambiental, principalmente quando esses materiais contêm teores elevados de metais. Com isso, elevados teores de metais podem contaminar solos agrícolas, cursos d’água e alimentos produzidos próximos a estas áreas, podendo colocar em risco o ecossistema e toda a cadeia trófica (Kevan, 1999; Silva et al., 2003). O alumínio é um metal comum no solo, causando problemas em 30-40% das terras cult iváveis, mais comumente nos trópicos, onde os solos são ácidos (Raven et al., 2001). Em solos ácidos o alumínio se torna solúvel, é absorvido pelas raízes e inibe o seu crescimento, possuindo, com isso, um efeito f i totóxico (Bohnen, 1995; Tebaldi et al. 2000). As diversas fontes de alumínio, para o homem incluem o ar, desodorante anti-transpirantes, cosméticos, adit ivos alimentares, chá, a própria água consumida, sendo que esta últ ima teve, nos últ imos anos, um acréscimo, em locais onde ocorre, no conteúdo de alumínio em decorrência da chuva ácida (Quintaes, 2000). Medicamentos como antiácidos, contendo hidróxido de alumínio, podem também contribuir para um aumento na ingestão de alumínio (Quintaes, 2000). Segundo Campbell (2002), a toxidade do alumínio no homem está associada a várias complicações clínicas, destacando-se nestas, disfunções neurológicas como o mal de Alzheimer. Com relação ao chumbo, a contaminação ambiental pode ser atribuída à combustão de gasolina, às atividades industriais, ao uso de fert i l izantes, corretivos e ao uso generalizado de inseticidas com elevadas concentrações deste elemento (Paiva et al., 2002). No homem, a contaminação aguda por chumbo promove o aparecimento de cólicas intestinais, vômito e morte dependendo da concentração absorvida. Quando a intoxicação é crônica, ocorre o comprometimento do sistema hematopoiético, nervoso, renal, neuromuscular, trato gastrintestinal, anemia, cansaço e fraqueza (Gossel & Bricker, 1994; Mameli et al., 2001; Lahn, 2003; Toscano & Guilarte, 2005).