UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA E URBANISMO RENATA BRAGA AGUILAR DA SILVA INSTRUMENTO PARA AVALIAR A QUALIDADE ESPACIAL DE PRAÇAS: ESTUDO EM PRAÇAS DE ÁREAS CENTRAIS BAURU 2020 RENATA BRAGA AGUILAR DA SILVA INSTRUMENTO PARA AVALIAR A QUALIDADE ESPACIAL DE PRAÇAS: ESTUDO EM PRAÇAS DE ÁREAS CENTRAIS Dissertação apresentada ao Programa de Pós- graduação em Arquitetura e Urbanismo da Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” campus de Bauru, como requisito final para obtenção do titulo de Mestre. Orientadora: Profa. Dra. Renata Cardoso Magagnin. BAURU 2020 Silva, Renata Braga Aguilar. Instrumento para avaliar a qualidade espacial de praças: Estudo em praças de áreas centrais/ Renata Braga Aguilar da Silva, 2020. 238 f.: il. Orientadora: Prof.ª Drª Renata Cardoso Magagnin Dissertação (Mestrado)–Universidade Estadual Paulista. Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação, Bauru, 2020. 1. Praças centrais. 2. Espaço público. 3. Qualidade espacial. 4. Indicadores de desempenho. 5. Desempenho topoceptivo. Universidade Estadual Paulista. Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação. II. Título. Dedico este trabalho aos meus avós, Vilmar e Maria Luiza e aos meus pais Flávio e Regina, por todo amor, carinho, apoio e confiança depositados em mim. Vocês foram verdadeiros alicerces para que hoje eu pudesse trilhar meu caminho. Não há palavras que conseguem agradecer tamanho meu amor e admiração por vocês! AGRADECIMENTOS À Deus, minha eterna gratidão, por ter me dado animo dia após dia, sem Ele nada disse teria sentido. À Prof.ª Dr.ª Renata Cardoso Magagnin, minha orientadora, pelo crédito e dedicação nessa jornada, foi uma intensa e longa parceria, me abrindo portas e me permitindo descobrir novos olhares impensados sobre o campo da arquitetura e urbanismo. Um verdadeiro exemplo de dedicação, amor, carinho e eficiência no que faz, na qual tenho uma profunda admiração e respeito. Muito obrigada! Ao meu companheiro, namorado e melhor amigo Gabriel Peres, por todo amor, carinho, dedicação e paciência nos dias de exaustão, pelo apoio e auxilio nos levantamentos de campo que pareciam intermináveis, e por estar sempre ao meu lado, me incentivando, acreditando e me apoiando em cada decisão, seu carinho, seu amor e seu companheiro foram fundamentais durante essa trajetória. Sou extremamente grata aos meus avós Vilmar e Maria Luiza que sempre me incentivaram a nunca desistir de meus sonhos e de meus estudos, me auxiliando psicologicamente e financeiramente na elaboração desta dissertação, minha eterna gratidão a vocês. Aos meus pais Flávio e Regina, por todas as orações, preocupações, e auxílios necessários. À minha avó Lourdes e aos meus tios Paulo, Andreia e Andrea, pelas preocupações, orações e auxílios necessários. Aos meus tios Prof.º Drº Rinaldo Henrique Aguilar da Silva e Prof.ª Drª Rosângela Aguilar da Silva, por me incentivarem e me direcionarem ao caminho da pesquisa. À minha segunda família Denise, Edvaldo, Rafael e Michele, por todo acolhimento, carinho e preocupações durante minha jornada no mestrado. Agradeço a todas as minhas amigas Natália, Iara, Isabella, Michele, Juliana, Letícia, Emilaine, Natália, Mariana, Joice, Isis, entre outras, pela amizade, carinho e incentivo constante. Aos meus amigos da PPGARQ Marcos Felipe e Eduarda, pelas trocas de experiência, conversas, trabalhos e discussões desenvolvidos ao longo do caminho, a Adélia que por muitas vezes ofereceu sua casa para minha permanência em Bauru, e a todos os meus colegas da PPGARQ. As prefeituras das cidades de Tupã e Paraguaçu Paulista e ao Museu Histórico e Pedagógico Índia Vanuíre, que disponibilizaram de maneira eficiente dados e colaboradores para a realização dos levantamentos de campo. Agradeço a banca examinadora, Professora Doutora Angelina Dias Leão Costa, Professora Doutora Maria Solange Gurgel de Castro Fontes e Professor Doutor Gustavo Garcia Manzato por aceitarem o convite e pelas boas contribuições para o aperfeiçoamento desta pesquisa. À CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior pela concessão da bolsa durante parte da realização desta pesquisa. SILVA, R. B. A. INSTRUMENTO PARA AVALIAR A QUALIDADE ESPACIAL DE PRAÇAS: ESTUDO EM PRAÇAS DE ÁREAS CENTRAIS. 238 p. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) - Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação, Universidade Estadual Paulista, Bauru, 2020. RESUMO A praça tem um significado importante na história das cidades brasileiras, pois reflete a cultura e os costumes da sociedade ao longo dos anos. Como elemento de convívio e de integração do espaço urbano, deve promover o encontro, a diversidade e a circulação segura e eficiente. Formada por elementos morfológicos e aspectos positivos e negativos, os diferentes tipos de configuração espacial e composição podem influenciar na qualidade espacial e permanência dos usuários nesse local. Entender como esses elementos são percebidos tanto por pesquisadores quanto pelos usuários pode ser o primeiro passo para identificar quais elementos físicos e morfológicos podem contribuir, ou não, para a escolha dos usuários em permanecer e usufruir desse local. Neste contexto, o objetivo desta pesquisa é propor um instrumento para avaliar a qualidade espacial de praças, a partir dos elementos físicos e morfológicos que compõe quatro planos bidimensionais da praça e de seu entorno imediato (praça, calçada, rua e fachada) e que envolvem os usuários no espaço público. A metodologia consiste na aplicação de multimétodos, sendo o instrumento composto por quatro fases de avaliação: (i) análise dos aspectos físicos dos planos bidimensionais que envolvem os usuários (praça, calçada, rua e fachada), por meio de indicadores de desempenho e um índice denominado Índice de Qualidade Espacial de Praças (IQEP); (ii) análise da influência da forma, dos aspectos e elementos morfológicos da praça e de seu entorno imediato relacionados a legibilidade espacial (desempenho topoceptivo); (iii) identificação dos principais usos, comportamentos e atividades a partir observações (mapa comportamental); e, (iv) identificação do nível de satisfação dos usuários em relação a utilização do espaço da praça e de seu entorno. O instrumento foi aplicado nas praças centrais das cidades de Tupã – SP e Paraguaçu Paulista – SP, cidades de pequeno porte, com grande fluxo de pedestre, com diferentes tipos de atividades e objetivos. Os resultados apontam para a efetividade do instrumento em identificar os problemas enfrentados por usuários em espaços públicos como ausência de equipamentos de lazer, mobiliário urbano - bebedouros, sinalizações e informações mínimas para os pedestres. Os resultados obtidos na aplicação desse instrumento induzem a uma reflexão crítica sobre o tipo de praça que está sendo projetada e implantada nas cidades brasileiras. A aplicação do instrumento proposto mostrou que ele permite que gestores municipais possam identificar pontualmente os problemas urbanos associados ao espaço público, propor e implementar soluções a curto e médio prazo, a fim de melhorar a qualidade espacial destes ambientes. Palavras-chave: Praças centrais, Espaço público, Qualidade espacial, Indicadores de desempenho, Desempenho topoceptivo. SILVA, R. B. A. SPATIAL QUALITY ASSESSMENT INSTRUMENT OF SQUARES: STUDY IN CENTRAL AREAS SQUARES. 238 p. Dissertation (Master’s in Architecture and Urbanism) - School of Architecture, Arts and Communication, UNESP (São Paulo State University), Bauru, 2020. ABSTRACT The square has an important significance in the history of Brazilian cities because it reflects the culture and customs of the society over the years. As an element of relief and integration of the urban space, it must promote meeting, diversity, safe and efficient circulation. Formed by morphological elements and positive and negative aspects, the different types of spatial configuration and composition can influence the spatial quality and permanence of users in that location. Understanding how these elements are perceived by both researchers and users can be the first step in identifying which physical and morphological elements may or may not contribute to the users' choice to stay and enjoy this place. In this context, the objective of this research is to propose an instrument to assess the spatial quality of the squares, from the physical and morphological elements that make up four two-dimensional planes of the square and its immediate surroundings (square, sidewalk, street and facade) and that involve users in the public space. The methodology consists of the application of multimethod, being the instrument composed of four evaluation phases : (i) analysis of the physical aspects of two- dimensional plans that involve users (square, sidewalk, street and façade), through performance indicators and an index called the Spatial Quality Square Index (in Portuguese Índice de Qualidade Espacial de Praças - IQEP); (ii) analysis of the influence of shape, aspects and morphological elements of the square and its immediate surroundings related to spatial legibility (topoceptive performance); (iii) identification of the main uses, applications and activities based on the behavioral map; and, (iv) identification of the level of user satisfaction in relation to the use of the space in the square and its surroundings. The instrument was applied in the central areas of the cities Tupã - SP and Paraguaçu Paulista - SP, small cities, with a large flow of pedestrians, with different types of activities and objectives. The results point to the effectiveness of the instrument to identify the problems faced by users in public of leisure equipment, urban furniture - drinking fountains, signs, and minimal information for pedestrians. The results obtained in the application of this instrument lead to a critical reflection on the type of square that is being designed and implemented in Brazilian cities. The application of the proposed instrument showed that it allows municipal managers to spaces as the absence identify the urban problems associated with the public space, propose and implement solutions in the short and medium term, in order to improve the spatial quality of these environments. Keywords: Central squares, Public space, Spatial quality, Performance indicators, Topoceptive performance. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 6 1.1 OBJETIVO ....................................................................................................................... 8 1.2 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO ......................................................................................... 8 2 QUALIDADE ESPACIAL DO ESPAÇO PÚBLICO ........................................................ 10 2.1 CENTRO URBANO E ESPAÇO PÚBLICO ............................................................................. 10 2.2 ESPAÇO PÚBLICO .......................................................................................................... 12 2.2.1 FUNÇÕES DOS ESPAÇOS PÚBLICOS .............................................................................. 14 2.3 PRAÇAS ........................................................................................................................ 16 2.3.1 DEFINIÇÕES DE PRAÇAS E SUAS FUNÇÕES .................................................................... 17 2.4 A QUALIDADE DO ESPAÇO PÚBLICO ................................................................................ 21 2.4.1 SÍNTESE DE MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE ESPAÇOS PÚBLICOS ................. 24 2.4.2 ANÁLISE DE DESEMPENHO TOPOCEPTIVO NA PERCEPÇÃO ............................................. 35 2.5 CONSIDERAÇÕES FINAIS DO CAPÍTULO ........................................................................... 41 3 METODOLOGIA ............................................................................................................ 43 3.1 PROPOSTA DO MÉTODO DE AVALIAÇÃO DA QUALIDADE ESPACIAL DE PRAÇAS .................. 43 3.1.1 1ª ETAPA – CARACTERÍSTICA ESPACIAL DA PRAÇA ........................................................ 45 3.1.2 CÁLCULO DO ÍNDICE DE QUALIDADE ESPACIAL DE PRAÇAS – IQEP ................................ 53 3.1.3 2º ETAPA – ANÁLISE DESEMPENHO TOPOCEPTIVO ......................................................... 57 3.1.4 3ª ETAPA – MAPA COMPORTAMENTAL .......................................................................... 65 3.1.5 4º ETAPA – ENTREVISTA .............................................................................................. 68 3.1.6 PROPOSTA DE DIRETRIZES .......................................................................................... 69 3.2 CONSIDERAÇÕES FINAIS DO CAPÍTULO ........................................................................... 70 4 APLICAÇÃO DO INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO DA QUALIDADE ESPACIAL DE PRAÇAS ............................................................................................................................. 71 4.1 DEFINIÇÃO DOS ESTUDOS DE CASO ................................................................................ 71 4.1.1 PRAÇA 1: PRAÇA DA BANDEIRA ................................................................................... 73 4.1.2 PRAÇA 2: PRAÇA 9 DE JULHO ...................................................................................... 76 4.2 APLICAÇÃO DO INSTRUMENTO NOS RECORTES ESPACIAIS ............................................... 78 4.2.1 1ª ETAPA – CARACTERIZAÇÃO ESPACIAL DA PRAÇA ....................................................... 79 4.2.2 2ª ETAPA – ANÁLISE DESEMPENHO TOPOCEPTIVO ......................................................... 83 4.2.3 3ª ETAPA – MAPA COMPORTAMENTAL .......................................................................... 85 4.2.4 4ª ETAPA - ENTREVISTAS ............................................................................................. 86 4.3 CONSIDERAÇÕES DO CAPÍTULO ...................................................................................... 87 5 RESULTADOS E DISCUSSÕES ................................................................................... 88 5.1 RESULTADOS DA ANÁLISE DAS PRAÇAS POR MEIO DE INDICADORES DE DESEMPENHO E DO ÍNDICE IQEP ......................................................................................................................... 88 5.1.1 ANÁLISE DAS PRAÇAS POR MEIO DE INDICADORES DE DESEMPENHO SOB A PERCEPÇÃO DA PESQUISADORA ..................................................................................................................... 88 5.1.2 ANÁLISE DAS PRAÇAS POR MEIO DE INDICADORES DE DESEMPENHO SOB A PERCEPÇÃO DA DE ESPECIALISTAS DA PREFEITURA MUNICIPAL DE PARAGUAÇU PAULISTA ................................ 96 5.2 2º ETAPA – ANÁLISE DO DESEMPENHO TOPOCEPTIVO ................................................... 104 5.2.1 ANÁLISE DOS PERCURSOS ENTRE AS ESTAÇÕES ......................................................... 104 5.3 3A ETAPA - MAPA COMPORTAMENTAL .......................................................................... 114 5.3.1 PRAÇA 1: PRAÇA DA BANDEIRA ................................................................................. 114 5.3.2 PRAÇA 2: 9 DE JULHO ............................................................................................... 119 5.3.3 ANÁLISE COMPARATIVA ............................................................................................. 122 5.4 4A ETAPA - ENTREVISTA .............................................................................................. 123 5.4.1 IDENTIFICAÇÃO DO PERFIL DOS ENTREVISTADOS ......................................................... 123 5.4.2 CARACTERIZAÇÃO DAS PRAÇAS ................................................................................. 127 5.4.3 ANÁLISE COMPARATIVA ............................................................................................. 137 5.5 AVALIAÇÃO DO INSTRUMENTO PROPOSTO .................................................................... 138 5.5.1 CONSIDERAÇÕES SOBRE A AVALIAÇÃO DA 1ª ETAPA DO INSTRUMENTO ........................ 138 5.5.2 CONSIDERAÇÕES SOBRE A AVALIAÇÃO DA 2ª ETAPA DO INSTRUMENTO ........................ 141 5.5.3 CONSIDERAÇÕES SOBRE A AVALIAÇÃO DA 3ª ETAPA DO INSTRUMENTO ........................ 142 5.5.4 CONSIDERAÇÕES SOBRE A AVALIAÇÃO DA 4ª ETAPA DO INSTRUMENTO ........................ 143 5.6 CONSIDERAÇÕES DO CAPÍTULO .................................................................................... 144 6 DIRETRIZES PARA A QUALIDADE ESPACIAL DE PRAÇAS ................................... 145 6.1 ORIENTAÇÕES GERAIS PARA PRAÇAS ANALISADAS ....................................................... 145 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................... 149 REFERÊNCIAS BIBILIOGRÁFICAS ................................................................................. 152 APÊNDICE A – SELEÇÃO DOS INDICADORES ............................................................. 157 APÊNDICE B – CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DOS INDICADORES E SUAS RESPECTIVAS PONTUAÇÕES........................................................................................ 162 APÊNDICE C – MÉTODO PARA COLETA DE DADOS E PROCESSAMENTOS DE DETERMINADOS INDICADORES .................................................................................... 169 APÊNDICE D - FORMULÁRIO DAS ENTREVISTAS ....................................................... 172 APÊNDICE E – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ..................... 177 APÊNDICE F – ANÁLISE DAS PRAÇAS POR MEIO DE INDICADORES DE DESEMPENHO SOB A PERCEPÇÃO DA PESQUISADORA .......................................... 178 APÊNDICE G – FORMULÁRIO E DESCRIÇÃO DAS ESTAÇÕES DA PRAÇA 1 (PRAÇA DA BANDEIRA) ................................................................................................................ 189 APÊNDICE H – FORMULÁRIO E DESCRIÇÃO DAS ESTAÇÕES DA PRAÇA 2 (PRAÇA 9 DE JULHO) ....................................................................................................................... 207 APÊNDICE I – ROTEIRO PARA APLICAÇÃO DO INSTRUMENTO ................................ 220 ANEXO A - APROVAÇÃO PELO COMITÊ DE ÉTICA ..................................................... 237 6 1 INTRODUÇÃO As praças são locais utilizados por diferentes pessoas, em horários distintos para desenvolver várias atividades, como permanência, encontro e lazer, portanto, é importante que esses espaços tenham boa qualidade espacial e sejam acessíveis para todos os usuários. Os estudos realizados por Romero (2001), De Angelis, Castro e De Angelis Neto (2004), Araújo (2007), Benedet (2008), Montelli (2008), Mora (2009), Minda (2009), ABCP (2013), Maia (2018) e Silva, Magagnin e Fontes (2019), em relação às praças ao longo dos anos evidenciam a importância destes locais para a vida das pessoas. O espaço da praça necessita incorporar diferentes características sociais, naturais, e físicas para atender todas as necessidades humanas. Quando um destes elementos não estão presentes no projeto da praça, pode ocorrer seu esvaziamento, ou seja, a diminuição de sua utilização e apropriação pelos usuários e, consequentemente pode acarretar sua degradação espacial. Por meio da leitura acerca dos estudos sobre a avaliação do espaço público que um espaço público de qualidade para os usuários. deve ter acessibilidade (MONTEIRO, 2015; PRADO, 2016; PIRES, 2018; ITDP, 2018; MAIA, 2018, TONON, 2019), conforto (BRANDÃO, 2002; DE ANGELIS; CASTRO; DE ANGELIS NETO, 2004; MONTEIRO, 2015; HEEMANN; SANTIAGO, 2015; PPS, 2018), diversidade de uso (DE ANGELIS; CASTRO; DE ANGELIS NETO, 2004; MORA, 2009; HEEMANN; SANTIAGO, 2015; GEHL, 2015), segurança (BRANDÃO, 2002; DE ANGELIS; CASTRO; DE ANGELIS NETO, 2004; MORA, 2009; GEHL, 2010; MONTEIRO, 2015; HEEMANN; SANTIAGO, 2015; MAIA, 2018; PPS, 2018; TONON, 2019) e legibilidade espacial (LYNCH, 1960; KOHLSDORF, 1996) que contribui para o usuário permanecer e usufruir. Muitos estudos sobre espaços públicos identificam a qualidade física do local (BRANDÃO, 2002; DE ANGELIS, CASTRO; DE ANGELIS NETO, 2004; GEHL, 2015; HEEMANN; SANTIAGO, 2015) e visam resolver problemas também associados a mobilidade urbana, como presença de faixa de pedestre, conflito entre veículos e pedestres e acessibilidade (MONTEIRO, 2015; PRADO, 2016; ITDP, 2018; PIRES, 2018; SASTRE, 2018; TONON, 2019). Contudo, os usuários do espaço público estão presentes dentro de um espaço tridimensional (NYC, 2013), assim, todos os elementos em sua volta contribui de forma positiva ou negativa para sua permanência neste local. 7 Além dos fatores expostos anteriormente, o usuário ao caminhar pelo espaço público está em contato com planos bidimensionais que o envolvem, e com elementos morfológicos presentes na configuração urbana. Estes elementos, por sua vez, proporcionam diferentes percepções e sensações aos usuários e podem ou não contribuir para sua orientação espacial (LYNCH, 1960; KOHLSDORF, 1996; MAGAGNIN, 1999; SASTRE, 2018; TONON, 2019). Neste contexto, a contribuição dessa pesquisa está relacionada à proposição de um instrumento para avaliar a qualidade espacial de praças, a partir dos elementos físicos e morfológicos que compõem quatro planos bidimensionais da praça e de seu entorno imediato (praça, calçada, rua e fachada) e que envolvem os usuários no espaço público. A metodologia utilizada consiste em multimétodos, o instrumento é composto por quatro fases de avaliação: (i) análise dos aspectos físicos dos planos bidimensionais que envolvem os usuários (praça, calçada, rua e fachada), por meio de indicadores de desempenho e um índice denominado Índice de Qualidade Espacial de Praças (IQEP); (ii) análise da influência da forma e dos aspectos e elementos morfológicos da praça e de seu entorno imediato, relacionados a legibilidade espacial (desempenho topoceptivo); (iii) identificação dos principais usos, comportamentos e atividades a partir observações (mapa comportamental); e, (iv) identificação do nível de satisfação dos usuários em relação à utilização do espaço da praça e de seu entorno. Ao buscar entender de que forma os elementos morfológicos e físicos da praça e de seu entorno podem contribuir com a qualidade espacial desse espaço público, esta pesquisa objetiva ser uma ferramenta que poderá ser utilizada por gestores públicos municipais para identificar aspectos positivos e negativos em relação à praça e seu entorno imediato, e assim definir critérios e diretrizes para ampliar o grau de qualidade espacial desse espaço público, independentemente de sua localização espacial (área central ou bairro), morfologia ou porte de cidade. A metodologia proposta é aplicada nas praças centrais das cidades de Tupã e Paraguaçu Paulista, localizadas no interior do estado de São Paulo. A escolha de uma praça central parte da evidência de um entorno diversificado, que gere tipos diferentes de usuários. Essa proposta metodológica pretende responder as seguintes questões: (a) Quais os principais problemas existentes nas praças em seu espaço físico e em seu entorno que poderiam ser solucionados a curto, médio e longo prazo?; (b) Como o espaço da praça pode colaborar para a permanência, uso e bem-estar dos usuários?; (c) Com relação a novos projetos de espaço público, quais são as soluções a serem adotadas nesses espaços para que sejam locais com segurança, conforto e agradabilidade?; (d) Qual a efetividade do instrumento proposto para 8 avaliar a qualidade espacial de praças? 1.1 Objetivo Propor um instrumento de avaliação da qualidade espacial de praças e seu entorno imediato, a partir de elementos físicos e morfológicos. A partir dessa definição, os objetivos específicos são:  Definir indicadores de avaliação para os aspectos físicos e morfológicos dos quatro planos bidimensionais (praça, calçada, rua e fachada) da praça e de seu entorno imediato;  Avaliar o desempenho topoceptivo do entorno imediato das praças e identificar aquele com maior ou menor legibilidade espacial;  Identificar os principais fluxos de usuários e as atividades realizadas nas praças;  Identificar o nível de satisfação dos usuários em relação a utilização do espaço da praça e de seu entorno;  Aplicar o instrumento nas praças centrais das cidades de Tupã e Paraguaçu Paulista, localizadas na região centro-oeste do estado de São Paulo;  Contribuir com a proposição de um instrumento que possa ser utilizado por gestores municipais para avaliar a qualidade espacial de praças e propor melhorias. 1.2 Estrutura da Dissertação Este documento é composto por 7 capítulos. O primeiro capítulo introduz a contextualização, justificativa, caracterização e objetivos desta pesquisa. O segundo capítulo consiste na revisão de literatura sobre os aspectos relacionados ao espaço público e praças, a partir de distintas abordagens de apreensão sobre sua qualidade espacial, que subsidiaram o desenvolvimento da proposta metodológica e elaboração do instrumento de avaliação. Na sequência, o terceiro capítulo descreve as etapas de desenvolvimento do instrumento proposto, denominado Índice de Qualidade Espacial de Praças – IQEP. No quarto capítulo 9 são apresentados uma caracterização dos municípios definidos para aplicação do instrumento proposto: Tupã e Paraguaçu Paulista e as especificidades para a aplicação do Índice de Qualidade Espacial de Praças - IQEP. O quinto capítulo mostra os resultados obtidos após a aplicação das quatro etapas do instrumento e a avaliação do instrumento. O sexto capítulo mostra diretrizes para a qualidade espacial de praças. O sétimo capítulo mostra as considerações finais da pesquisa. Ao final, são apresentadas as Referências, os Apêndices e Anexos. 1 0 2 QUALIDADE ESPACIAL DO ESPAÇO PÚBLICO Este capítulo apresenta os principais conceitos relacionados a cidade e seu centro urbano, definição e funções do espaço público, definições de praças e suas funções, qualidade do espaço público, síntese de métodos de avaliação dos espaços públicos, e análise de desempenho topoceptivo a partir de análise de percepção do pesquisador. 2.1 Centro urbano e espaço público A cidade é um elemento que está em constante transformação. Ela é formada por sobreposições históricas, culturais e sociais, tanto de edifícios que a compõe como de pessoas, e é responsável por abrigar e gerar convívios (MAGAGNIN, 1999; SASTRE, 2018). Historicamente, o homem sempre teve a necessidade de se organizar no espaço, valorizando alguns locais e desprezando outros (MAGAGNIN, 1999). Ao longo da história, as cidades se organizaram a partir dos lugares públicos, tais como: teatros, termas, mercados, circos e a praça (LAMAS, 2011). “Nas cidades antigas a vida social se dava no domínio público” (MAGAGNIN, 1999, p. 10). Os gregos valorizavam o espaço da Ágora (Praça do Mercado). A cidade medieval tem importantes espaços públicos visitados na atualidade como: Piazza dei Campo, em Siena e a Piazza de San Marco, em Veneza. No entanto, a partir da cidade modernista pode-se verificar um declínio do espaço público, a partir de uma crescente valorização do espaço privado. Em síntese, os espaços públicos podem ser representados pelos espaços de circulação (veículos e pedestres), praças, jardins, parques, fachadas; bem como o espaço do público (MAGAGNIN, 1999). No Brasil essa valorização e desvalorização do espaço público não foi diferente. A caracterização da formação e vida das cidades brasileiras, aconteceu nos centros urbanos, onde inicialmente, concentravam os comércios, residências, serviços e a vida social. Nesse sentido, os centros urbanos são locais dinâmicos e de intensa sociabilidade, animados pelo fluxo de veículos e mercadorias e historicamente eleitos para a localização de instituições importantes (pública, religiosa e cultural) (VARGAS; CASTILHO, 2009). Os inúmeros significados atribuídos ao espaço público localizado em áreas centrais ao longo da história dependem da apropriação desses locais pela população, ou seja, de como usam e de como fazem acontecer as práticas sociais (LAMAS, 2011; GEHL, 2015; JACOBS, 2018). 1 1 Para Gehl (2015), as práticas sociais são classificadas de acordo com as escolhas pessoais, e podem ser divididas em três distintas atividades, como as necessárias, opcionais e sociais. As atividades necessárias são aquelas realizadas no dia a dia, como ir à escola, trabalhar, esperar o transporte público; elas independem das condições urbanas tanto climáticas quanto físicas. As atividades opcionais são aquelas escolhidas pelas pessoas e só acontecem quando há um elemento atrativo no espaço proporcionando qualidade para a permanência ou deslocamento. Essas atividades podem ser: passear em uma praça, olhar vitrine e caminhar à beira-mar, por exemplo. As atividades sociais são resultados da presença de pessoas no espaço urbano, elas também dependem da qualidade física do local, assim, quanto mais características positivas o espaço possuir, maior será o número de pessoas que utilizará o lugar e maior será a interação entre elas. A Figura 1 exemplifica esta afirmação, a dimensão da circunferência representa o nível de interação social no ambiente urbano. Figura 1 - Relação entre tipo de atividade e a qualidade física do espaço público. Fonte: adaptado de Gehl (2015, p. 21). Ao longo dos últimos sessenta anos, diversos autores avaliaram a cidade e a área central através de seus espaços públicos, a partir de sua configuração urbana e suas relações socioespaciais (LYNCH, 1960; RAPOPORT, 1978; KRIER, 1979; WHYTE, 1980; KOHLSDORF, 1996; MAGAGNIN, 1999; CULLEN, 2002; LAMAS, 2011; GEHL, 2015; JACOBS, 2018; GEHL; SVARRE, 2018). Lynch (1960) estuda a maneira como observamos as cidades através de suas partes constituintes. Rapoport (1978) analisa quais efeitos indiretos podem influenciar na forma como 1 2 as pessoas percebem os espaços. Krier (1979) analisa e observa os espaços, formatos e composições dos espaços públicos das cidades ao longo da história. Kolhsdorf (1996) realiza a análise do espaço através da morfologia urbana e sua relação com a tipologia construída. Magagnin (1999) analisa a apreensão do espaço urbano através de efeitos visuais. Cullen (2002) apoia-se na análise do espaço público através da emoção que esta pode passar para o homem, da relação entre o observador e o espaço observado. Lamas (2011) estuda a estrutura do espaço urbano e sua relação com o restante do espaço da cidade através da percepção do observador. Gehl (2015) analisa o espaço do pedestre nas cidades a partir da microescala, buscando informações que podem influenciar diretamente na vida urbana. Jacobs (2018) analisa a cidade a partir do desenvolvimento do planejamento urbano, seu foco principal é a necessidade e o funcionamento da cidade. Whyte (1980) e Gehl e Svarre (2018) analisam a vida pública e apresentam métodos diversos para restabelecer a vida urbana. Para Magagnin (1999) algumas cidades estão, com o passar do tempo, perdendo a identidade tanto perceptiva como visual, pois seus espaços, principalmente os públicos, estão se tornando locais monótonos, em função da baixa qualidade visual e física. As mudanças no modo de vida, as exigências por conforto, o crescimento populacional e as novas modalidades de lazer e consumo, fazem com que os espaços públicos em áreas centrais, com o passar do tempo, percam usuários (PANERAI, 2006). Apesar dessa desvalorização e degradação, o centro urbano permanece como local onde há atividades políticas, religiosas e culturais. 2.2 Espaço público Os espaços públicos são locais onde a vivência pública da maioria das pessoas acontece. São lugares que englobam toda a área além das habitações, como as ruas, praças, parques, avenidas, e que os cidadãos convivem, se deslocam, e desenvolvem grande parte de suas atividades (MAGAGNIN, 1999; ARAÚJO, 2007). São elementos essenciais da paisagem urbana que constituem os espaços de vida (ROMERO, 2011), além de serem palco para a vida pública. De acordo com PPS (2018), instituição não governamental destinada a recuperação dos espaços públicos, os espaços públicos são representados pelas calçadas e pelas ruas em frente as empresas e as residências, são locais onde as pessoas podem se encontrar, onde as inúmeras culturas se misturam, onde há celebrações. 1 3 Benedet (2008) complementa a definição anterior mencionando que outros ambientes urbanos fazem parte dos espaços públicos como as vielas, bulevares, avenidas, largos, parques, praças, passeios, entre outros uma vez que representam espaços mais significativos para os acontecimentos da vida urbana. Para Macedo (2012), os espaços públicos podem ser classificados em: (i) Espaços verdes, que representam aquelas áreas urbanas com cobertura de vegetação, como matas, campos, bosques, jardins, algumas praças e parques, mas nem sempre esses espaços são acessíveis aos cidadãos, alguns possuem apenas valor de conservação; (ii) Áreas verdes caracterizadas por ser locais onde há vegetação por qualquer motivo e raramente possuem utilização, além de não possuir qualquer valor social; (iii) Áreas de lazer configuradas por serem locais destinados ao lazer ativo e/ou contemplativo; e (iv) Áreas de circulação representados por locais livres de apropriação pública, destinados à circulação de veículos e pedestres, como as ruas de um bairro, onde o tráfego é controlado e diante disso pode assumir funções de lazer. As áreas de circulação também podem ser classificadas como os calçadões centrais, onde há inúmeros usos diversificados e constante passagem de pedestres. Para Mora (2009), esses espaços são locais onde qualquer pessoa pode acessar a qualquer momento. Em sua maioria são locais abertos e expostos, que proporcionam maior oportunidade de autonomia aos usuários. e que devem permitir momentos agradáveis de encontro, recreação e contato com a natureza, além da integração de diferentes faixas etárias. De acordo com Lima, Carneiro e Martins (2011) os espaços públicos das cidades brasileiras, independentemente de sua classificação, não possuem projetos adequados as necessidades dos usuários, sejam elas culturais, como sociais. Esta afirmação encontra respaldo em Gehl (2015) ao discorrer que os espaços públicos estão sendo esquecidos por planejadores urbanos, pois estão sendo tratados com baixa prioridade, enquanto outras questões, como a acomodação do aumento de tráfego de automóveis, vêm ganhando força. Com o intuito de melhorar a qualidade dos espaços públicos, a organização Project for Public Spaces (PPS, 2018) elegeu dez diretrizes que podem estar associadas a bons espaços públicos: i) apoiar as economias locais; ii) atrair turismo; iii) atrair investimento; vi) reduzir o crime; v) encorajar o voluntariado; vi) promover atividades culturais; vii) melhorar a segurança para pedestres; viii) melhorar a qualidade da circulação para o pedestre; ix) aumentar o uso de transportes públicos; e x) melhorar e proteger o ambiente. Fernandes (2012) complementa as diretrizes do PPS ao mencionar que o espaço público precisa satisfazer os usuários nos requisitos como conforto, relaxamento e segurança. 1 4 2.2.1 Funções dos espaços públicos Os espaços públicos são locais de socialização, onde inúmeras atividades acontecem, com a circulação de pessoas, comércio, contato com a natureza, entre outros (LYNCH, 2011). São espaços, de acordo com Jacobs (2018), para encontros “casuais”, mas nem sempre há um planejamento, para que as pessoas possam interagir umas com as outras. Importantes funções desempenhadas pelo espaço público nas cidades, são resumidas por Benedet (2008, p. 25) “ [...] cultural (eventos), funcional (circulação), social (encontros) e terapêutica (higiênica mental e atividade física)”. Outras funções dos espaços públicos estão associadas a suavizar o calor, absorver ruídos, proporcionar momentos de lazer e contato com a natureza, melhorando a qualidade da vida urbana (MAIA, 2018). Minda (2009) ressalta que o espaço público é um elemento muito importante na estruturação, ordenação e modelação da cidade, pois seu espaço possibilita ter locais de socialização e convívio, onde todas as pessoas podem usufruir. Diante das inúmeras funções já apresentadas, Maia (2018) destaca a função social como sendo uma das mais importantes, entretanto, o espaço público para desempenhar essa função precisa possuir alta qualidade física e atratividade. Um ótimo indicador de qualidade e bom desempenho dos espaços públicos abertos, é seu uso. Espaços bem-sucedidos e conservados que favoreçam a troca e encontro, facilita a participação de grupos e pessoas e intensifica a satisfação dos usuários a permanecerem no local, além de indicar de forma aproximada a qualidade da cidade, entretanto, quando depredados e sujos, se tornam espaços vazios (WHYTE, 1980; MINDA, 2009; GEHL, 2015). De acordo com Minda (2009), o espaço público além de ser um local de convívio entre as pessoas, deve integrar e organizar as cidades, possibilitando uma melhor qualidade de vida. Diante de todos os sistemas de espaços públicos, observa-se que tanto a rua como a praça são importantes na vida urbana das pessoas. A rua como um local de movimento e a praça como um local de encontro e de expressão de diferentes pessoas, e um espaço de lazer. A qualidade do espaço público e os diferentes serviços presentes em seu entorno, de acordo com Metha (2013), tornam o ambiente agradável e útil, e garante a vitalidade e a possibilidade de permanência por longos ou curtos períodos, o que pode incentivar de maneira positiva os usuários a se apropriarem do espaço de forma contínua. Gehl (2015), durante muitos anos, 1 5 foi um dos pesquisadores que levantou importantes questões a respeito do desenvolvimento das cidades e seus espaços públicos. Um dos fatores mais importantes para a vitalidade urbana das áreas centrais, é a inserção de alguns elementos no espaço urbano, para que as pessoas se sintam pertencentes e convidadas ao uso desse espaço. Gehl (2015) menciona que os espaços públicos precisam ter locais para que as pessoas possam se sentar (assentos com encostos, bancos, cadeiras) e se apoiar (degraus, monumentos, pedestais, pedras e até mesmo o próprio chão). Outro fator importante e relevante para o planejamento urbano e vitalidade urbana dos espaços públicos em áreas centrais, de acordo com Holanda (2013) e Gehl (2015) refere-se à organização das funções da cidade. Elas precisam ser distribuídas de forma a se integrar, proporcionando pequenos deslocamentos e maior segurança aos moradores, e para garantir maior versatilidade social. Para Arrais (2015), a mistura de usos residenciais, comerciais e de serviço, é importante, pois permite que haja movimento de usuários em diferentes horários do dia no espaço público. Entretanto, em várias cidades brasileiras, independentemente de seu porte, as moradias nas áreas centrais têm se tornado escassas, por vários motivos, como falta de segurança e preços elevados dos lotes, cujos resultados se refletem na separação extrema de usos, o que desencadeia a degradação do espaço (ARRAIS, 2015). Jacobs (2018) afirma que a maior parte dos centros urbanos concentram apenas atividades relacionadas ao trabalho, como consequência disso, observam-se pouquíssimas pessoas fora do horário comercial. A praça, por exemplo, necessita ter pessoas em sua vizinhança com diferentes propósitos, ou então, só será utilizada em poucos momentos. Ruas maravilhosas, como descreve Karssenberg et al. (2015) possui residências, edifícios públicos, escritórios, lojas, bares e educação, um total de cerca de 8 a 10 funções a cada 100 metros. Outro fator associado a vitalidade urbana refere-se à visibilidade das edificações do espaço público na área central. Em função da forma como as pessoas enxergam e se apropriam das edificações, há um maior fluxo de indivíduos no local, o que incentiva os encontros. Caso isso não ocorra, haverá uma tendência das pessoas a terem repulsão deste espaço, fugindo e desapropriando-se do local (HOLANDA, 2013). Fachadas ao nível térreo, com portas que se abrem para a rua, ou espaços de transição, são elementos citados por Gehl (2015), que podem proporcionar um maior fluxo de movimento, e são extremamente relevantes para as áreas centrais, pois as pessoas se sentem atraídas e 1 6 tendem a parar, observar e passar por esses edifícios que mantém uma relação com o exterior. 2.3 Praças A praça foi palco de inúmeros fatos marcantes no decorrer da história, como a Revolução Comunista na extinta União Soviética ocorrida na Praça de São Petersburgo, a Plaza de Mayo em Buenos Aires, palco do movimento das mães que buscavam seus filhos desaparecidos, entre outros acontecimentos (DE ANGELIS; CASTRO; DE ANGELIS NETO, 2004). A praça de acordo com Caldeira (2007) era um espaço onde atividades importantes e cotidianas aconteciam, simbolizando toda a cidade. Os espaços da praça são acessíveis a todas as pessoas que vivem na cidade, ou seja, de uso comum (MONTELLI, 2008). Para diversos autores como Lefebvre (1974), Magagnin (1999), Robba e Macedo (2002), Araújo (2007), Caldeira (2007), Benedet (2009), Minda (2009), Lamas (2011), Lopes (2016), a praça como espaço livre público urbano é a base da cidade, local de encontro, de troca de mercadorias e palavras, fechamentos de acordos comerciais, locais de permanência, de manifestações da vida urbana e comunitária, de acontecimentos e práticas sociais. É um espaço onde a vida acontece, onde muitas vezes exerce função estruturante, e em muitos momentos são reflexos da história das cidades (MARX, 1980; ROBBA; MACEDO, 2002; SANTOS, 2008; LAMAS, 2011; METHA, 2013; GEHL, 2015). No Brasil colônia, a praça segundo Marx (1980), iniciou sua existência, sobretudo aos adros das igrejas e a grande maioria das cidades, de acordo com Robba e Macedo (2002), foram desenvolvidas a partir de uma praça central. Eram em regra geral nas povoações das cidades mais antigas, uma igreja, uma praça (MAGAGNIN, 1999). As praças centrais brasileiras foram espaços referenciais, atuaram como marcos visuais e como ponto focal na organização das cidades. Esse status alcançado, ainda se faz presente, sendo a praça ainda símbolo de referência, para habitantes e visitantes, em razão de sua forma arquitetônica, sua localização na cidade e sua história (CALDEIRA, 2007). Nos espaços públicos as pessoas eram e ainda são vistas e veem, onde é possível brincar, descansar e transitar (BENEDET, 2008), entretanto, esse papel de espaço de lazer, convivência e encontro vem se alterando significativamente (ROBBA; MACEDO; 2002). O uso do local vem diminuindo, e um dos fatores para isso estar acontecendo é a alteração no modo 1 7 de apropriação desse espaço na cidade. O ambiente da praça não está mais atendendo as necessidades da população, tornaram-se locais desérticos, muitas vezes impróprios para o uso coletivo. Transformaram-se em locais abandonados, degradados, cercados e cheios de estacionamentos, deixaram de ser um ponto de atração ou encontro e transformaram-se em um espaço apenas de passagem (MAGAGNIN, 1999; ROBBA; MACEDO, 2002; DE ANGELIS; CASTRO; DE ANGELIS NETO, 2004; BENEDET, 2008; MACIEL, 2016). Com o abandono desses espaços, de acordo com Magagnin (1999) e Bovo e Andrade (2012), esses locais estão se tornando hostis aos usuários, pois o homem muitas vezes não tem coragem de permanecer ou percorrer o local. Outro fator decorrente do esvaziamento urbano nas praças é a atual forma de vida urbana, que tem confinado as pessoas dentro de suas casas e faz com que ao longo do período se perca toda a noção do que é público (MAGAGNIN, 1999). Para Mehta (2013), Zakariya, Harun e Mansor (2015) e Gehl (2015) as pessoas já não dependem da praça para as necessidades básicas de lazer, em função da presença de outros espaços de uso público/privado existente nas cidades, como os shoppings. No entanto, as praças ainda são locais destinados à melhoria da saúde física, mental e psicológica, mas para que elas possibilitem a permanência de diferentes tipos de usuários por longos períodos, é necessário que seu ambiente ofereça boa qualidade espacial, que seja sociável o suficiente para que inúmeras atividades possam acontecer. 2.3.1 Definições de praças e suas funções Os autores Gehl e Gemzoe (2002) dividem as praças em quatro tipologias e funções. A Praça principal é aquela praça central localizada no centro da cidade ou em um bairro; a Praça recreativa tem seu espaço destinado ao encontro e ao lazer; a Praça monumental é aquela de grande importância simbólica, e o Passeio urbano possui como principal função a circulação e o tráfego. Como espaço coletivo, aberto e comum a todos os tipos de usuários, a praça possui inúmeras funções e atividades sejam elas sociais, culturais, funcionais, econômicas, de lazer, terapêuticas, politicas, de locomoção, etc., e podem permitir um usufruto compartilhado entre os diferentes tipos de pessoas (BENEDET, 2008; BRANDÃO et al.; 2018). 1 8 Ao longo da história das cidades, o espaço da praça tinha como função o mercado, que ao longo dos anos foi transferido para edificações destinadas especificamente para essas atividades. De acordo com Robba e Macedo (2002), a partir do século XX os espaços públicos, como as praças, começaram a ser objeto de paisagismo, surge então a praça ajardinada, que torna-se um belo cenário, destinado somente as atividades recreativas, voltado ao lazer contemplativo, ao passeio e a convivência da população. Segundo Macedo (2012) a praça ajardinada ou praça eclética, era o local onde as pessoas se encontravam, ouviam serenatas, os jovens namoravam e as crianças iam para alimentar peixes ou patos. Na segunda metade do século XX, segundo Macedo (2002), houve um crescimento acelerado nas cidades brasileiras com o surgimento de automóveis, energia elétrica e meios de transporte coletivo mais modernos, diante disso, as ruas precisavam ser mais largas e arborizadas para comportar o tráfego crescente. A partir desse crescimento acelerado, as praças passaram a ser circundadas por vias de tráfego, passeios e edificações, compondo o ambiente urbano (DE ANGELIS; CASTRO; DE ANEGLIS NETO, 2004). O Quadro 1 apresenta algumas configurações de praças decorrentes desta transformação urbana das cidades brasileiras. 1 9 Quadro 1 - Tipos de praças inseridas na trama urbana. Praças conformadas por uma única via: a) praças redondas, b) ou ovais. a) b) Praças conformadas por duas vias: a) praça circular interceptada por duas vias, de forma a criar dois bolsões, b) praça semicírculo, c) praça conformada por duas vias em 90º. a) b) c) Praças conformadas por três vias: a) praças triangulares, b) praça quadrangular (uma das faces é ocupada por edificações. a) b) Praças conformadas por quatro vias: a) praças quadrangulares ou retangulares, b) praças triangulares bipartidas. a) b) Praças conformadas por cinco vias: a) praças quadrangulares ou retangulares seccionadas. a) Fonte: DE ANGELIS; CASTRO; DE ANGELIS NETO (2004). Com a inserção da praça ajardinada na composição dos espaços urbanos, as praças começaram a adquirir novos significados, passaram a ter um lazer mais ativo, atividades esportivas e recreação infantil, alteraram sua imagem de espaço contemplativo (ROBBA; 2 0 MACEDO, 2002). Essa mudança de significados fez com que seu espaço se tornasse mais flexível, manteve-se suas funções modernas como o uso contemplativo, de convivência e de lazer, mas foram resgatados alguns usos abandonados com o passar dos anos, como a utilização comercial, voltado para uma maior atração do público para o espaço (ROBBA; MACEDO, 2002). Para Benedet (2008) a praça contemporânea surge no intuito de resgatar o sentido de urbanidade dos espaços das praças históricas, de modo a recuperar o sentimento de pertencimento. Ela pode ser classificada em cinco funções (esportivas, recreativas, contemplativas, comerciais e mistas) cujas características estão associadas aos equipamentos existentes e as respectivas atividades desenvolvidas em seu espaço físico, o Quadro 2 apresenta as tipologias de praças definidas por Macedo (2012). No entanto, as cidades continuaram em constante transformação e as pessoas alteraram o modo de apropriação do espaço na cidade contemporânea. Um fator importante também para o processo de abandono das praças é a rigidez formal dos projetos paisagísticos, que impedem que o espaço sobreviva as transformações urbanas. Para os autores Robba e Macedo (2002) os principais valores das praças contemporâneas estão associados aos elementos ambientais, estéticos, simbólicos e funcionais. Os valores ambientais melhoram a qualidade de vida ambiental da cidade. Os valores estéticos e simbólicos são importantes no sentido da praça se tornar um objeto de referência e cênico na paisagem. Quadro 2 - Tipologias de praças brasileiras proposta por Macedo (2012). FUNÇÃO CARACTERÍSTICA Esportivas Prática de esporte. Existência de quadras poliesportivas, equipamentos de ginástica, pistas de caminhada e/ou skatismo, campo de futebol (em menor proporção). Recreativas Principal característica é a existência de playground ou brinquedos infantis. Contemplativas Sua principal característica são os gramados, caminhos e arborização. É a tradicional praça-jardim. Comerciais Em geral apresenta quiosque, pequenas instalações para lojas de artesanato e comidas. Não é um tipo comum de praça, pois seu uso é estritamente comercial. Mistas Apresenta um programa diversificado de usos, brinquedos infantis, práticas esportivas, quiosques, bancas de jornais e revistas, pequenas fontes, pequenos palcos para apresentações, entre outros elementos. Fonte: adaptado de Macedo (2012, p. 196-197). Sob o ponto de vista funcional, Romero (2011) divide o espaço da praça em três categorias: i) espaço cotidiano onde ocorre as atividades do dia-dia como: tomar sol, passear, descansar, 2 1 conversar, reunir, namorar, entre outras , ii) espaço simbólico onde ocorrem as atividades com alta carga de simbolismo, como: manifestações, comemorações e passeatas, e, iii) espaço de passagem representado pelos locais onde a atividade predominante é a passagem, embora tenham elementos que permitam a permanência dos usuários. Para Romero (2015), os espaços de passagem não necessitam obrigatoriamente da adequação ambiental para beneficiar a permanência mais prolongada no espaço, mas são elementos que devem ser únicos ou inesperados, suficientemente atrativos para que se transformem em objetos de visitação. 2.4 A qualidade do espaço público O espaço público é importante para as cidades como demostrado por inúmeros autores (LEFEBVRE, 1974; MAGAGNIN, 1999; BRANDÃO, 2002; ARAÚJO, 2007; MONTELLI, 2008; MINDA, 2009; FERNANDES, 2012; GEHL; GEMZOE, 2012; MEHTA, 2013; ABCP, 2013; GEHL, 2015; HEEMANN; SANTIAGO, 2015; LOPES, 2016; JACOBS, 2018; MAIA, 2018; BRANDÃO et al., 2018), e é sentido de diferentes formas por cada usuário do local (NYC, 2013). No entanto, controlar as sensações dos usuários é impossível, mas alguns fatores são chaves para a contribuição de uma experiência agradável no espaço público (NYC, 2013), e essa preocupação em proporcionar ambientes agradáveis para as pessoas permanecerem e usufruírem está aumentando, pois, as cidades são feitas de pessoas, e nada mais natural do que planejar e proporcionar espaços agradáveis para elas permanecerem e usufruírem (GEHL, 2015). Um espaço público de qualidade deve ser acessível (MONTEIRO, 2015; PRADO, 2016; PIRES, 2018; ITDP, 2018; MAIA, 2018; TONON, 2019), proporcionar conforto (BRANDÃO, 2002; DE ANGELIS; CASTRO; DE ANGELIS NETO, 2004; PPS, 2012; MONTEIRO, 2015; HEEMANN; SANTIAGO, 2015), diversidade (DE ANGELIS; CASTRO; DE ANGELIS NETO, 2004; MORA, 2009; HEEMANN; SANTIAGO, 2015; GEHL, 2015), segurança (BRANDÃO, 2002; DE ANGELIS; CASTRO; DE ANGELIS NETO, 2004; MORA, 2009; GEHL, 2010; PPS, 2012; MONTEIRO, 2015; HEEMANN; SANTIAGO, 2015; MAIA, 2018; TONON, 2019) e legibilidade espacial (LYNCH, 1960; KOHLSDORF, 1996). A acessibilidade é um dos fatores que pode impedir o uso do espaço público, e em especial das praças por idosos, famílias com crianças em carrinhos de bebê, pessoas com mobilidade reduzida ou com alguma deficiência. 2 2 De acordo com Dischinger et al. (2001) e Yoshida (2017) a acessibilidade espacial pode ser definida como a capacidade do indivíduo em se deslocar de maneira confortável e segura em um determinado ambiente de forma independente. Dischinger; Bins Ely e Piardi (2012) definem que qualquer espaço deve incorporar quatro componentes de acessibilidade espacial para proporcionar o uso pleno do espaço por todas as pessoas, são eles: (i) Orientação espacial – compreender o espaço a partir de sua configuração arquitetônica e funcional; (ii) Deslocamento – refere-se as condições de facilidade no movimento das pessoas no ambiente, com autonomia, proporcionando conforto e segurança aos seus usuários; (iii) Uso - está associado ao uso de qualquer equipamento com conforto, segurança e autonomia; e (iv) Comunicação - refere-se a troca de informações interpessoais e utilização de equipamentos de tecnologia assistida, possibilitando o uso do ambiente e/ou equipamento por qualquer usuário, independentemente de sua restrição (YOSHIDA, 2017). A ausência de alguns desses quatro elementos pode interferir no desempenho da acessibilidade. Problemas relacionados a acessibilidade nos espaços públicos estão intrinsecamente associadas às deficiências encontradas na infraestrutura urbana, como ausência de pavimento nas calçadas, irregularidades no piso, desnível acentuado no rebaixamento das guias, irregularidades no piso (falta de manutenção, ausência de piso ou escolha errada do material), obstruções nas calçadas, falta de iluminação ou iluminação inadequada (PRADO, 2016). O conceito de desenho universal propõe uma arquitetura e um desenho mais centrado no ser humano e na sua diversidade. Segundo Mustaquim (2015), o desenho universal promove melhorias para todas as pessoas, e não somente para aquelas que possuem alguma deficiência, ele proporciona melhor ergonomia para todos. Ele define orientações “para que edificações, ambientes internos, urbanos e produtos atendam a um maior número de usuários, independentemente de suas características físicas, habilidades e faixa etária” (ABNT, 2015, p. 139). De acordo com Yoshida (2017) o Desenho universal é norteado por sete princípios, e eles são adotados mundialmente em planejamentos e obras de acessibilidade, são eles: (i) uso equitativo (onde se abrange todos os tipos de pessoas); (ii) uso intuitivo e simples (onde o design deve ser de fácil compreensão e entendimento, independente da capacidade do usuário de compreender o produto em questão); (iii) informação perceptível (capacidade do design informar eficazmente a informação para o usuários, independentemente das condições 2 3 de habilidades sensoriais e ambientais); (iv) tolerância ao erro (baixo risco e custos negativos de problemas intencionais); (v) baixo esforço físico (o design deve ser usado de maneira eficaz e confortavelmente de maneira a minimizar o esforço físico e cansaço); (vi) tamanho e espaço (o design é desenvolvimento de uma forma em que seu tamanho e espaço sejam apropriados para a realização das atividades e tarefas, independentemente da mobilidade do usuário, tamanho ou postura; (vii) flexibilidade de uso (pode ser usado em campos variados e em diferentes áreas independentemente da habilidade do usuários). O Desenho Universal juntamente com o planejamento urbano, tem como objetivo interligar o conhecimento sobre mobilidade reduzida, acessibilidade e deficiência, proporcionando ambientes agradáveis para as pessoas permanecerem e usufruírem dos espaços de uso público. PPS (2012), Monteiro (2015) e Heemann e Santiago (2015) mencionam que o conforto no espaço público está associado as percepções dos usuários em relação a limpeza, segurança e disponibilidade de lugares para sentar, fatores este que contribuem para um espaço ser considerado agradável e bonito. A diversidade no espaço público é definida por Jacobs (2018) como sendo espaços que mesclam seus usos, usuários e edificações com idades e estados de conservação variados, e garantem, assim maior vitalidade urbana. Mora (2009), Gehl (2015) e Monteiro (2015) definem um espaço com alta diversidade como sendo aquele com diversidade de equipamentos socioculturais, tradições e populações diversas, tendo assim maior intensidade de vida pública. A segurança no espaço público é definida como a capacidade de promover o máximo de presença de usuários e a continuidade do seu uso social no local, para isso acontecer, o espaço necessita ser agradável e oferecer automaticamente uma sensação de segurança à permanência (MORA, 2009; GEHL, 2010; PPS, 2012; MONTEIRO, 2015; HEEMANN; SANTIAGO, 2015). Para Lynch (1960) e Kohlsdorf (1996) legibilidade espacial é a facilidade com que cada parte da cidade pode ser reconhecida e organizada pelas pessoas, assim, um ambiente legível oferece maior segurança. 2 4 2.4.1 Síntese de métodos de avaliação da qualidade de espaços públicos Diversos métodos e técnicas possibilitam a análise do espaço público, em especial de praças. Muitos métodos utilizam técnicas de auditoria ou indicadores de desempenho, questionários e entrevistas, observação, dentre outras técnicas. Os indicadores de desempenho são considerados de acordo com Silva et al. (2010) uma matriz para a compreensão das características espaciais e da estrutura urbana. Eles podem ser considerados um instrumento que manifestam informações subjetivas sobre determinado fenômeno através da redução da quantidade de dados (COSTA et al., 2005). De acordo com Tonon (2019) para realizar uma avaliação de desempenho é necessário selecionar diferentes indicadores, pois assim é possível detectar possíveis problemas e com isso definir metas e por fim propor diretrizes. Litman (2011) afirma que a definição dos indicadores precisa ser realizada com cuidado e fundamentada no principal objetivo da pesquisa, pois estes podem influenciar diretamente no resultado da análise. De Angelis, Castro e De Angelis Neto (2004) desenvolveram uma metodologia com o objetivo de avaliar as praças públicas enquanto estrutura física e opinião dos usuários. O trabalho foi desenvolvido em quatro etapas: i) levantamento quantitativo dos equipamentos e estruturas existentes através de uma ficha de avaliação; ii) análise qualitativa do estado de conservação dos equipamentos e estruturas existentes avaliados por conceitos que variam em uma escala de 0,0 a 4,0 pontos através de uma ficha; iii) levantamento quali-quantitativo da vegetação e iv) questionário com os usuários. A validação do método ocorreu no trabalho desenvolvido por De Angelis et al. (2005), onde buscou-se conhecer a realidade de 102 praças na cidade de Maringá – PR. A primeira etapa do trabalho foi quantificar os equipamentos, estruturas e mobiliários existentes no local, para posteriormente constatar se havia precariedade ou não, sejam em relação a manutenção ou inexistência da estrutura e/ou equipamento. Romero (2001) em seu livro “Arquitetura Bioclimática do Espaço Público” apresenta um método também desenvolvido através de fichas analíticas, denominadas de “ficha bioclimática do espaço público”, que avalia os planos bidimensionais do espaço público, identificando os elementos presentes no ambiente urbano. A ficha bioclimática contém elementos espaciais e ambientais agrupados em categorias que devem ser avaliados a partir de características do espaço público. Romero define esses 2 5 elementos como sendo: i) base - formada por elementos horizontais, como cobertura, pavimentação, mobiliários, vegetação e elementos com a presença de água como fontes, estanques, lâminas, etc.) ii) superfície fronteira - elementos verticais que fazem limite com o espaço público em avaliação, como as edificações, suas texturas e aberturas; e iii) entorno - espaço mais próximo ao espaço público que está em avaliação (Figura 2). Para facilitar a inserção de características importantes do espaço público, a ficha permite a inserção de dados gráficos. Romero (2001), para validar sua proposta de ficha de avaliação, faz uma comparação entre duas cidades com concepções distintas de espaço público aberto, Barcelona e Brasília. Figura 2 – Elementos de análise do espaço público: Entorno, Base e Superfície. Fonte: Romero (2001, p.154). Na categoria Base, os elementos avaliados por pesquisadores nacionais e internacionais (ROMERO, 2001; BRANDÃO, 2002; DE ANGELIS; CASTRO; DE ANGELIS NETO, 2004; MORA, 2009; GEHL, 2010; PPS, 2012; NYC, 2013; MONTEIRO, 2015; HEEMANN; SANTIAGO, 2015; LOPES, 2016, PRADO, 2016; ITDP, 2018; PIRES, 2018; SASTRE, 2018; MAIA, 2018; TONON, 2019) estão relacionados: a condição de manutenção do piso, o tipo de piso, inclinação, mobiliários, dentre outros aspectos. Os elementos avaliados por pesquisadores nacionais e internacionais (ROMERO, 2001; GEHL, 2010; PPS, 2012; MONTEIRO, 2015; HEEMANN; SANTIAGO, 2015; LOPES, 2016; PRADO, 2016; IDTP, 2018; PIRES, 2018; SASTRE, 2018, MAIA, 2018; TONON, 2019) na categoria Fronteira, são: faixa livre de circulação, vegetação, desníveis, dentre outros. 2 6 Na categoria Entorno os elementos avaliados por pesquisadores nacionais e internacionais (ROMERO, 2001; MORA, 2009; GEHL 2010; PPS, 2012; MONTEIRO, 2015; HEEMANN; SANTIAGO, 2015; LOPES, 2016; ITDP, 2018; SASTRE, 2018; PIRES, 2018; MAIA, 2018; TONON, 2019) são: tipologias arquitetônicas, escala e proporção, uso misto e residencial, permeabilidade visual, dentre outros. Pesquisas apontam que a presença e frequência dos usos por diferentes usuários e a ocorrência de eventos também colaboram para a permanência das pessoas nos espaços (BENEDET, 2008; MORA, 2009; HEEMANN; SANTIAGO, 2015; LOPES, 2016; BRANDÃO et al., 2018, TONON, 2019). Há também pesquisadores que consideram as características físicas das edificações, fatores importantes para a permanência e uso dos espaços públicos pelos usuários, como as características físicas das edificações, tipologia arquitetônica, gabarito de altura, conservação, valor arquitetônico, diversidade de usos, uso público diurno e noturno, diversidade em cores, texturas e estilos, entre outros (ROMERO, 2001; PPS, 2012; MONTEIRO, 2015; KARSSENBERG et al., 2015; LOPES, 2016; ITDP, 2018; PIRES, 2018; SASTRE, 2018; MAIA, 2018, TONON, 2019). De acordo com Monteiro (2015) grande parte da qualidade do espaço público depende da qualidade da arquitetura edificada. Muitos pesquisadores utilizam a auditoria técnica para mensurar indicadores de desempenho do espaço público (BRANDÃO, 2002; MORA, 2009; MONTEIRO, 2015; LOPES, 2016; PRADO, 2016; IDTP, 2018; PIRES, 2018; SASTRE, 2018; MAIA, 2018; TONON, 2019). Alguns métodos identificam os aspectos do espaço público por meio de questionários e/ou entrevistas com usuários (BENEDET, 2008). Enquanto outros utilizam a observação sistêmica (GEHL, 2010; PPS, 2012; HEEMANN; SANTIAGO, 2015; KARSSENBERG et al., 2015; BRANDÃO et al., 2018). São inúmeros métodos que avaliam o espaço público, a diversidade dos indicadores e a forma de avaliação dependem do objetivo de cada pesquisador. O Quadro 3 apresenta 17 autores que utilizaram diferentes abordagens para o desenvolvimento de suas pesquisas, assim como, distintas escalas de avaliação e resultado, os quais subsidiaram o desenvolvimento de um instrumento para a avaliação da qualidade espacial do espaço público utilizado nesta pesquisa. 2 7 Quadro 3 – Síntese de alguns estudos de autores nacionais e internacionais que avaliaram o espaço público e suas respectivas abordagens. AUTORES PARÂMETROS DE ANÁLISE Romero, 2001. ENTORNO ESPACIAL: (1) Acessos (Sol; Vento; Som) (2) Continuidade da massa; (3) Condução dos ventos. ENTORNO AMBIENTAL: (1) Cor (Sensação de cor); (2) Som (Ressonância do recinto; Sombra acústica); (3) Radiação (Radiação direta, difusa, refletida); (4) Clima (Umidade relativa do ar; Temperatura do ar; Velocidade do vento. BASE ESPACIAL: (1) componentes e propriedades físicas dos materiais (pavimentos; vegetação; água; mobiliário urbano. BASE AMBIENTAL: (1) clima; temperatura superficial; albedo) (2) som (ambiente sonoro); (3) cor (variação sazonal; conjunto de cores; tonalidade); (4) luz (manchas de luz; estética da luz. FRONTEIRA ESPACIAL: (1) convexidade; (2) continuidade da superfície; (3) tipologia arquitetônica; (4) aberturas; (5) tensão; (6) detalhes arquitetônicos; (7) número de lados; (8) altura; (9) área total da superfície. FRONTEIRA AMBIENTAL: (1) luz (luminância; incidência da luz; direção do fluxo) (2) clima (absorção; reflexão) (3) cor (matizes; claridade); (4) som (personalidade acústica) (5) qualidade superficial dos materiais. ESCALA DE AVALIAÇÃO Não há escalas. FONTE DE DADOS Ficha bioclimática – registro sistemático. RESULTADOS Os indicadores não possuem pesos diferenciados. A análise é realizada tanto de forma discursiva como gráfica, possibilitando a apreciação das características essenciais do espaço público. Brandão, 2002. (1) Identidade; (2) continuidade; (3) mobilidade; (4) acessibilidade; (5) permeabilidade; (6) segurança; (7) conforto; (8) aprazibilidade; (9) inclusão social; (10) legibilidade; (11) diversidade; (12) adaptabilidade; (13) robustez; (14) durabilidade; (15) sustentabilidade; (16) elementos e estruturas naturais; (17) elementos de expressão artística; (18) elementos e sistemas de comunicação urbana; (19) equipamento e mobiliário; (20) estrutura e sistema de iluminação; (21) infraestrutura viária e transporte (ruas e passeios); (22) infraestrutura subterrânea; (23) estacionamento; (24) pavimentos; (25) avaliação da coerência, pregnância e outras qualidades do desenho. ESCALA DE AVALIAÇÃO 1 a 5 pontos FONTE DE DADOS Auditoria técnica aplicada por pesquisadores. RESULTADO Os indicadores não possuem pesos distintos. A partir do resultado individual de cada indicador é calculado a avaliação global do projeto. De Angelis, Castro e De Angelis Neto, 2004. (1) bancos; (2) iluminação alta; (3) iluminação baixa; (4) lixeiras; (5) sanitários; (6) telefone público; (7) bebedouros; (8) piso; (9) traçado dos caminhos; (10) palco/coreto; (11) monumento; (12) espelho d'água/chafariz; (13) estacionamento; (14) ponto de ônibus; (15) ponto de táxi; (16) quadra esportiva; (17) equipamentos para exercício físicos; (18) estrutura para terceira idade; (19) parque infantil; (20) banca de revista; (21) quiosque para alimentação e/ou similar; (22) vegetação; (23) paisagismo; (24) localização; (25) conservação/limpeza; (26) segurança; (27) conforto ambiental. ESCALA DE AVALIAÇÃO Ótimo - 3,5 a 4,0 Bom - 2,5 a 3,5 Regular - 1,5 a 2,5 Ruim - 0,5 a 1,5 Péssimo - 0 a 0,5 FONTE DE DADOS Auditoria técnica aplicada por pesquisadores. RESULTADO Os indicadores não possuem pesos diferenciados. A avaliação é feita em toda a área da praça. A pontuação obtida pelos indicadores deverá ser somada e ao final, a avaliação consistirá em uma média aritmética. 2 8 AUTORES PARÂMETROS DE ANÁLISE Benedet, 2008. Usuários - (1) qual a frequência do uso; (2) porque utiliza a praça; (3) qual o espaço que mais utiliza; (4) o que é ruim na praça; (5) o que é bom na praça; (6) quais sensações a praça passa (calor, frieza, alegria, tristeza, entre outra); (7) o que poderia ser melhorado. Não usuários - (1) porque não utiliza a praça; (2) quais sensações a praça lhe passa para que não a use; (3) o que poderia ser melhorado para que usasse a praça. ESCALA DE AVALIAÇÃO Não há escalas FONTE DE DADOS Entrevista. RESULTADOS A avaliação é realizada com usuários e não usuários que residem ou trabalhem no entorno das praças avaliadas, após a análise geral, interpretação é apresentado somente as respostas mais elencadas pelos usuários. Mora, 2009. ESPAÇO FUNCIONALMENTE APROPRIADO: (1) presença de equipamento; (2) condições do desenho; (3) quantidade de equipamentos complementares; (4) desenho apropriado e equipamentos rodoviário; (5) ausência de atividades incompatíveis; (6) rotas urbanas de transporte público; (7) qualidade do serviço de transporte público; (8) urbanismo sem barreiras. ESPAÇO AMBIENTALMENTE APTO: (1) superfícies localizadas em espaços estáveis; (2) presença de massas de vegetação purificadoras de ar; (3) superfície servida por sistemas de tratamento de água e resíduos sólidos; (4) manutenção permanente de espaço público; (5) superfície com proteção climática; (6) presença de elementos referencial simbólico; (7) presença de lugares comum de encontro espontâneo; (8) definição espacial perceptível; (9) mescla de usos compatíveis do solo; (10) dimensionamento e proporção do espaço a escala humana; (11) continuidade do plano vertical e do bloco urbano; (12) elementos naturais na formação da paisagem urbana; (13) elementos amáveis no espaço urbano; (14) rede estruturada do espaço público. PARTICIPAÇÃO ATIVA DOS CIDADÃOS: (1) presença de parcerias; (2) existência de sedes; (3) população participante; (4) funcionamento de programas comunitários; (5) organização e apoio a atividades sócio religiosas; (6) presença espontânea e organizada; (7) protestos públicos. EXPRESSÃO CULTURAL PERMANENTE: (1) presença de artistas; (2) ocorrência de eventos; (3) instalações adequadas; (4) ocorrência, duração e reconhecimento; (5) possibilidade de uso do espaço público; (6) diversidade; (7) origem. POSSIBILIDADE PARA RECREAÇÃO: (1) oferta efetiva de diferentes tipos de parque; (2) praças públicas; (3) frente de água; (4) outros centros de recreação; (5) espaço públicos diversos; (6) equipamentos comerciais complementares; (7) atividades inadequadas. (8) vigilância; (9) frequência de mortes; (10) roubos; (11) violações; (12) roubos a carros; (13) assalto a instalações; (14) usos e atividades contaminantes. ESCALA DE AVALIAÇÃO Excelente – 100% Bom – 75% Médio – 50% Baixo – 25% FONTE DE DADOS Auditoria técnica aplicada por pesquisadores. RESULTADOS Os indicadores não possuem pesos distintos. A avaliação é realizada em todo o espaço público. A pontuação obtida deverá ser somada e ao final, a avaliação consistirá em uma escala em porcentagem. Gehl, 2010. (1) Proteção contra o tráfego e acidentes; (2) proteção contra o crime e a violência; (3) proteção contra experiências sensoriais; (4) oportunidades para caminhar; (5) oportunidade para permanecer em pé; (6) oportunidade para sentar; (7) oportunidade para ver. (8) oportunidade para ouvir e conversar; (9) oportunidade para brincar e praticar atividade físicas; (10) escala; (11) oportunidade para aproveitar os aspectos positivos do clima; (12) experiências sensoriais positivas. ESCALA DE AVALIAÇÃO Não há escalas. FONTE DE DADOS Observação sistêmica. RESULTADOS Análise qualitativa. 2 9 AUTORES PARÂMETROS DE ANÁLISE Project for Public Space, 2012. SOCIABILIDADE: Aspectos qualitativos (1) diverso; (2) administrativo; (3) cooperativo; (4) sociabilização; (5) orgulho; (6) amigável; (7) interativo; (8) acolhedor. Aspectos quantitativos - (1) número de mulheres, crianças e idosos; (2) rede social; (3) voluntariado; (4) uso noturno; (5) vida na rua. ACESSOS E LIGAÇÕES: Aspectos qualitativos (1) continuidade; (2) proximidade; (3) conectado; (4) legível; (5) caminho; (6) conveniente; (7) acessível. Aspectos quantitativos (1) dados de tráfego; (2) divisões modais; (3) uso do trânsito; (4) atividades do pedestre; (5) padrões de uso de estacionamento. CONFORTO E IMAGEM: Aspectos qualitativos (1) seguro; (2) limpo; (3) verde; (4) pedonal; (5) adaptado; (6) espiritual; (7) charmoso; (8) atraente; (9) histórico. Aspectos quantitativos – (1) estatísticas criminais; (2) níveis de saneamento; (3) condições da construção; (4) dados ambientais. USOS E ATIVIDADES: Aspectos qualitativos (1) divertido; (2) ativo; (3) vital; (4) espacial; (5) real; (6) útil; (7) indígena (8) comemorativo (9) sustentável. Aspectos quantitativos (1) local de empresas locais; (2) padrões de uso do solo; (3) valores de propriedade; (4) níveis de varejo; (5) vendas a varejo. ESCALA DE AVALIAÇÃO Não há escala. FONTE DE AVALIAÇÃO Observação sistêmica. RESULTADOS Análise qualitativa. Heemann e Santiago (2015). ACESSOS E CONEXÕES: (1) você pode ver o espaço de uma distância considerável? Você vê o que acontece dentro do espaço mesmo estando longe dele?; (2) há uma boa conexão entre o espaço e os edifícios ao redor, ou o espaço é cercado por paredes brancas? As pessoas dos edifícios ao redor usam o espaço?; (3) as pessoas podem caminhar facilmente até o local? por exemplo: elas têm que se “jogar” entre os carros em movimento para chegar ao lugar?; (4) as calçadas levam para as áreas adjacentes?; (5) o espaço é acessível para pessoas com necessidades especiais?; (6) as ruas e os caminhos do espaço levam as pessoas onde eles realmente querem ir?; (7) as pessoas podem usar uma variedade de opções de transporte – trem, ônibus, carro, bicicleta, etc. – para chegar ao local?; (8) os semáforos estão convenientemente localizados próximos a destinos como bibliotecas, correios, entrada do parque/praça, etc.?. CONFORTO E IMAGEM: (1) a primeira impressão do espaço é positiva?; (2) há mais mulheres do que homens?; (3) existem lugares suficientes para sentar? São lugares convenientemente localizados? As pessoas têm uma escolha de lugares para sentar, seja no sol ou na sombra; (4) são espaços limpos e sem lixo? Quem é responsável pela manutenção? O que eles fazem? Quando?; (5) a área é segura? Existe seguranças no espaço? Se assim, o que eles fazem? Quando eles estão de plantão?; (6) as pessoas estão tirando fotos? Existem muitas oportunidades de fotos disponíveis?; (7) os carros dominam mais que os pedestres, impedindo esses de chegar ao local?. USOS E ATIVIDADES: (1) as pessoas estão usando o espaço ou ele está vazio?; (2) é usado por pessoas de diferentes idades?; (3) há pessoas em grupos ou apenas pessoas sozinhas?; (4) quantos tipos diferentes de atividades estão ocorrendo – pessoas andando, comendo, jogando futebol, xadrez, relaxando, lendo?; (5) quais partes do espaço estão sendo utilizadas e quais não estão?; (6) há opções de coisas para fazer?; (7) existe uma presença de gestão, ou você identifica que qualquer pessoa é responsável pelo espaço?. SOCIABILIDADE: (1) este é um espaço que você escolheria para encontrar seus amigos? Existem outras pessoas no espaço encontrando amigos?; (2) as pessoas estão em grupos? Eles estão falando um com o outro?; (3) as pessoas parecem se conhecer, por nome ou de vista?; (4) será que as pessoas trazem seus amigos e parentes para ver o lugar ou mostrar alguma de suas características com orgulho?; (5) as pessoas estão sorrindo? será que as pessoas fazem contato visual com o outro?; (6) será que as pessoas usam o local regularmente e por escolha própria?; (7) existe uma mistura de idades e grupos étnicos que geralmente refletem a comunidade em geral?; (8) as pessoas tendem a recolher o lixo quando o veem? ESCALA DE AVALIAÇÃO Não há escala de avaliação FONTE DE DADOS Observação sistêmica. RESULTADO Análise qualitativa. 3 0 AUTORES PARÂMETROS DE ANÁLISE Monteiro, 2015. (1) espaço público acessível para todos; (2) existência de vários percursos que permitam o acesso à frente de água; (3) estado dos passeios; (4) existência de obstáculos no passeio; (5) passagem de peões; (6) passeios com larguras mínimas recomendadas; (7) transporte público; (8) área de estacionamento; (9) vias de circulação para automóvel; (10) qualidade da ciclovia; (11) iluminação adequada no deslocamento noturno; (12) campos de visão; (13) estado de conservação da envolvente; (14) boas condições de acessibilidade; (15) vigilância do espaço público; (16) separação de tráfego motorizado e não motorizado; (17) ambiente limpo e cuidado; (18) existência de zonas de sombreamento; (19) existência de um percurso ao longo das frentes de água; (20) redução do tráfego de automóvel; (21) existência de comércio e restauração; (22) existência de espaços de repouso; (23) vistas sobre os espelhos de água; (24) existência de obras de arte; (25) existência de um percurso histórico nas frentes de água; (26) campo de visão sem obstáculos; (27) existência de equipamentos de esporte; (28) existência de equipamento para crianças; (29) existência de equipamentos artísticos; (30) existência de equipamentos intelectuais; (31) existência de equipamentos manuais; (32) existência de equipamentos sociais; (33) conservação das edificações; (34) valor arquitetônico; (35) uso habitacional; (36) existência de comércio; (37) existência de edifícios culturais; (38) existência de restauração; (39) existência de serviços; (40) frente contínua; (41) frente autônoma; (42) gabarito de altura dos edifícios; (43) atividade durante o dia; (44) atividade durante a noite; (45) proteção dos locais contra intempéries; (46) atividades diversificadas; (47) zonas de sombreamento. ESCALA DE AVALIAÇÃO Bom ( B ) Razoável ( R ) Fraco ( F ) FONTE DE DADOS Auditoria técnica aplicada por pesquisadores. RESULTADO Os indicadores não possuem pesos diferenciados. A avaliação é realizada de forma qualitativa avaliando as características do espaço por tema através dos indicadores. Lopes, 2016. (1) segurança para usuários; (2) nível de receio ao tráfego; (3) ambiente cheio de pessoas e heterogêneo; (4) iluminação; (5) sensação diurna; (6) sensação noturna; (7) grau de limpeza; (8) nível de poluição (sonora, atmosférica); (9) espaços para caminhar com boas superfícies; (10) ausência de obstáculos; (11) acessível a todos; (12) apoios para as pessoas permanecerem em pé; (13) espaços atraentes; (14) espaços para sentar (qualidade, quantidade e manutenção); (15) vistas obstruídas e interessantes; (16) espaços para estar (qualidade, quantidade, manutenção); (17) nível de ruído; (18) edifícios e espaços de acordo com a escala humana; (19) design e projeto; (20) elementos verdes e presença de agua; (21) existência de sombras; (22) qualidade dos espaços comerciais (atrativos e diversos); (23) eventos ao longo do ano; (24) equipamentos existentes (qualidade, quantidade e manutenção); (25) fachadas interessantes atrativas e diversas; (26) conforto, legibilidade e acessibilidade; (27) conforto, manutenção e dimensão das ciclovias; (28) legibilidade, acessibilidade e conectividade ao transporte público; (29) diversos modos de transporte (fluxo, acessibilidade e conectividade). ESCALA DE AVALIAÇÃO 1 ao 5 FONTE DE DADOS Auditoria técnica aplicada por pesquisadores. RESULTADOS Os indicadores não possuem pesos distintos, a partir do resultado da nota é realizada uma análise qualitativa. 3 1 AUTORES PARÂMETROS DE ANÁLISE Prado, 2016. (1) largura efetiva da calçada; (2) tipo de piso da calçada; (3) estado de conservação da superfície da piso da calçada; (4) inclinação longitudinal da calçada; (5) inclinação transversal da calçada; (6) desnível da calçada; (7)altura livre da calçada; (8)obstrução temporária na calçada; (9) obstrução permanente na calçada; (10) grelha; (11) iluminação; (12) sinalização de faixa de pedestre; (13) sinalização vertical de travessia; (14) rebaixamento de guia; (15) visão de aproximação de veículos; (16) redutor de velocidade; (17) sinalização horizontal escola; (18) sinalização vertical de proximidade de escola; (19) sinalização vertical de velocidade máxima de veículos; (20) operação de trânsito; (21) cobertura no ponto de ônibus; (22) banco no ponto de ônibus; (23) informações no ponto de ônibus; (24) espaço para cadeira de rodas no ponto de ônibus; (25) sinalização tátil; (26) localização no comprimento da calçada; (27) localização do ponto de ônibus na largura da calçada. ESCALA DE AVALIAÇÃO Ótimo - 100 a 61 Bom - 60 a 21 Regular - 20 a -21 Ruim - 21 a -60 Péssimo - 61 a -100 FONTE DE DADOS Auditoria técnica aplicada por pesquisadores. RESULTADO Os indicadores possuem pesos diferenciados. Os valores que são obtidos em cada face de quadra são inseridos em uma fórmula para obter o IMPES Global. A pontuação final irá variar de 100 pontos positivo a 100 pontos negativo. Brandão et al. 2018. (1) contexto urbano; (2) funcionamento do sistema público; (3) serviços ofertados pelo espaço público; (4) identificação e caracterização dos serviços ofertados; (5) quais são os usuários do espaço público; (6) caracterização e identificação dos usuários; (7) valores presentes no espaço público; (8) identificação dos valores presentes no espaço. ESCALA DE AVALIAÇÃO Sem identificação. FONTE DE DADOS Observação sistêmica. RESULTADOS Análise qualitativa. IDTP, 2018. Ferramenta índice de caminhabilidade (1) pavimentação da calçada; (2) largura da calçada; (3) dimensão da quadra; (4) distância a pé ao transporte; (5) fachadas fisicamente permeáveis; (6)fachadas visualmente ativas; (7) uso público diurno e noturno; (8) usos mistos; (9) tipologia da rua; (10) travessias; (11) iluminação; (12) fluxo de pedestres diurno e noturno; (13)sombra e abrigo; (14) poluição sonora; (15) coleta de lixo e limpeza ESCALA DE AVALIAÇÃO Ótimo - 3 pontos 2 ≤ Bom < 3 1 ≤ Suficiente < 2 Insuficiente - < 1 FONTE DE DADOS Auditoria técnica aplicada por pesquisadores. RESULTADO Os indicadores não possuem pesos diferenciados. A avaliação é realizada por segmento, através da média aritmética da pontuação das seis categorias, que inclui 15 indicadores no total. Ao final, a avaliação consiste na média aritmética da pontuação dos segmentos avaliados. 3 2 AUTORES PARÂMETROS DE ANÁLISE Maia, 2018. BASE: (1) faixa livre de obstáculos que permita a interligação de todos os equipamentos; (2) os pisos têm superfície regular, firme, antiderrapante sob qualquer condição climática?; (3) o piso tátil de alerta está sinalizando situações que envolvam algum tipo de risco (desníveis, obstáculos, mobiliário urbano)?; (4) a vegetação existente nos canteiros representa conforto e segurança para os pedestres (não possui espinhos, substâncias tóxicas e não desprendem muitas folhas, frutas, que tornem o piso escorregadio)?; (5) as pessoas podem acessar facilmente as academias ao ar livre (AAL) independentemente de suas condições ou necessidades?; (6) todos os desníveis existentes são inferiores a 5 mm, ou possuem tratamento adequado com inclinação máxima de 50% (até 20 mm)?; (7) os equipamentos possuem indicação se podem ser utilizados por qualquer pessoa independentemente de sua condição ou necessidade?; (8) os equipamentos para uso de cadeirantes estão em boas condições?; (9) o equilíbrio entre sol e sombra, a partir da área central da AAL (cálculo do fator de visão do céu – fvc) é ideal para a atividade; (10) alguns equipamentos estão parcialmente protegidos da radiação solar?; (11) a base está implantada e orientada segundo o eixo preferencial n/nw-s/se, de modo a proporcionar adequação, ao movimento do sol e aos ventos dominantes?; (12) o pavimento é permeável e tem refletância moderada (entre 25% e 40%); (13) a superfície possui materiais com as mesmas características em toda a base?; (14) a base da aal está implantada em um terreno adequado para o seu uso (sem desníveis)?; (15) a vegetação existente está adequada para a utilização do espaço (altura, tamanho das copas)?; (16) os equipamentos possuem cores que causam contraste no ambiente, estimulando o seu uso?; (17) a base pode ser ampliada e/ou melhorada; (18) a relação da metragem quadrada da base em relação a inserção urbana da superfície fronteira é suficiente para que o local possua diversidade de atrativos?; (19) a AAL possui o mínimo de dez equipamentos conforme o decreto estadual n°58.065?; (20) a placa com orientação das atividades a serem realizadas, informações de saúde, emergência e indicação do fabricante estão em bom estado?; (21) os equipamentos estão distribuídos de forma funcional na base (próximos uns dos outros)?; (22) os equipamentos estão em condição de uso?; (23) os equipamentos estão sinalizados com seu nome e orientação de uso?; (24) a base possui manutenção adequada para a prática das atividades propostas?; (25) os bancos para descanso e socialização na AAL estão em boas condições para uso?; (26) os usuários são de gêneros variados?; (27) as pessoas utilizam o espaço em grupos?; (28) grupos étnicos que refletem a comunidade em geral são visivelmente identificados?; (29) a AAL possui sinalização quanto a faixa etária que pode utilizar os equipamentos?; (30) usuários de diversas faixas etárias usam o espaço (dentro da faixa etária indicada pelo fabricante)?; (31) os usuários com necessidades especiais ou com algum tipo de limitação utilizam o espaço da AAL?; (32) o desenho da base é de fácil identificação visual?. FRONTEIRA: (1) A circulação possui faixa livre de circulação contínua de pedestre com largura mínima de 1,20 m que interliga as principais funções do local?; (2) A faixa livre de obstáculos possui piso antiderrapante?; (3) Os desníveis existentes são inferiores a 5mm, ou possuem tratamento adequado com inclinação máxima de 50% (até 20 mm)?; (4) A altura livre dos passeios é de, no mínimo, 2,10 m? (verificar obstáculos verticais, tais como placas, beirais, ramos de árvores)?; (5) Os passeios são livres de interferências que impeçam o deslocamento ou que constituam perigo aos pedestres (postes de sinalização, vegetação, desníveis, rebaixamentos, entre outros)?; (6) Na existência de vegetação, os seus elementos (galhos, raízes, muretas, grades, entre outros) encontram-se fora da faixa de circulação?; (7) O piso tátil de alerta está sinalizando situações que envolvam algum tipo de risco (desníveis, obstáculos)?; (8) O caminho a partir do passeio público leva as pessoas até a AAL?; (9) O espaço possui vegetação para proteção ou suavização dos excessos climáticos?; (10) O piso da superfície é contínuo com materiais com a mesma característica tanto na circulação quanto nas atividades propostas?; (11) A barreira contra ruídos externos no local torna as atividades mais agradáveis?; (12) A superfície da base possui material adequado para que não haja acumulo de água na superfície?; (13) Os elementos do local possuem contraste visual entre as cores que estimulem o seu uso?; (14) O local possui coberturas e/ou equilíbrio entre a radiação solar e sombreamentos (edificações vizinhas, toldos, tendas, pérgulas) para socialização entre os usuários?; (15) As barreiras para atenuar a velocidade dos ventos (muro, cerca viva) são suficientes para prática das atividades?; (16) O microclima é atenuado com a presença de água (forma natural, lâminas, fontes, entre outros) no local ou próximo?; (17) A base está instalada em um local onde propicia a prática de atividades físicas complementares como caminhada, corrida, alongamento, entre outros?; (18) O(s) bebedouro(s) está em local de fácil acesso?; (19) O 3 3 AUTORES PARÂMETROS DE ANÁLISE local possui manutenção adequada (gramas, podas de árvores, terra, folhas, entre outros)?; (20) Os equipamentos para uso infantil estão próximos?; (21) O local possui outros espaços para que mais práticas esportivas sejam realizadas?; (22) O local possui espaços que permitam a socialização entre os usuários?; (23) Espaços destinados ao lazer são encontrados no local (shows, feiras livre, local para picnic)?; (24) O banheiro público no local está funcionando e adequado para uso?; (25) O espaço está sendo utilizado pelas pessoas (ou existe sinal de abandono)?; (26) As pessoas que estão utilizando o espaço possuem em bom semblante (que transmita conforto, felicidade e satisfação com o local)?; (27) Os locais de sentar são suficientes e bem distribuídos?; (28) Esses lugares são convenientemente localizados?; (29) O local proporciona atividades para todas as faixas de idade e essas atividades possui adesão dos usuários?; (30) As pessoas interagem no local trazendo movimento e consequentemente sensação de segurança em todos os períodos ou horário de funcionamento? (31) O local está limpo, com lixos nas lixeiras, sem sujeira espalhada?; (32) O local possui alguém/empresa que trabalha na segurança?. ENTORNO: (1) As pessoas podem usar uma variedade de opções de transporte – moto, ônibus, carro, entre outros – para chegar ao local?; (2) O local possui ciclovia, ciclo faixa ou rota para bicicleta?; (3) Quanto as vagas de estacionamento para pessoas portadoras de necessidades especiais, elas atendem a NBR 9050/2015 (rampa de acesso ao passeio, Sinalizações, rota acessível)?; (4) A faixa de travessia possui rebaixamento ou faixa elevada nos passeios em ambos os lados da via, quando houver foco de pedestres?; (5) Os passeios possuem pisos antiderrapantes e regulares em qualquer condição climática?; (6) O passeio está livre de obstáculos no piso ou transversais que dificultam a passagem dos pedestres?; (7) A linha- direcional é identificável ou possui piso tátil direcional em locais muito amplos?; (8) O suporte informativo tátil (nome e função) no passeio permite a identificação do local por pessoas com restrição visual?; (9) O local permite que se tenha uma continuidade da massa integrando com o entorno?; (10) As árvores estão adequadas nas calçadas possibilitando sombra e frescor ao pedestre?; (11) O local possui barreira contra ruídos?; (12) O local permite que se tenha uma continuidade da vegetação integrando com o entorno?; (13) O gabarito é suficiente para proteção do espaço?; (14) A área total da envoltura é protegida pelo ganho de calor provocados pelas ilhas de calor?; (15) A vegetação nativa no local ou próximo está preservada?; (16) No entorno existe barreiras ou elementos que possam barrar a poluição?; (17) Do passeio é possível identificar o a função do local (nome e/ou função) ao qual se faz necessário o acesso?; (18) O local é ativo todos os dias independente do horário?; (19) A iluminação é adequada para o uso noturno da região?; (20) O local possui funcionário ou alguém/empresa responsável pelo local (adoção de empresas privadas)?; (21) O local está situado próximo a residências e de zonas povoadas?; (22) O espaço é utilizado pelos moradores do bairro (ou existe sinal de abandono)?; (23) O local está em uma área central da cidade?; (24) Elementos simbólicos para o município, ricos arquitetonicamente ou elementos da natureza podem ser encontrados próximos ao local?; (25) Os passeios públicos estão limpos e conservados?; (26) Os edifícios ao redor possuem uma boa conexão com o local?; (27) As vias públicas possuem iluminação proporcionando o uso noturno e trazendo segurança para os pedestres?; (28) O local possui atrativos econômicos mesmo que rotativos (food truck, carrinhos de lanche ou outro tipo de comércio)?; (29) Esses atrativos econômicos funcionam em todo o período do dia e/ou até o horário de fechamento do local?; (30) Os ambulantes se encontram fora do passeio público não interferindo na passagem?; (31) O local é agradável com paisagens admiráveis ou elementos que tornam o ambiente atrativo?; (32) Algum valor histórico e/ou sentimento de pertencimento da população (marco, valor afetivo) é encontrado na região?. ESCALA DE AVALIAÇÃO Ótimo – 25,7 até 32 Bom – 19,3 até 25,6 Regular – 12,9 até 19,2 Ruim - 6,5 até 12,8 Péssimo – 0 até 6,4 FONTE DE DADOS Auditoria técnica aplicada por pesquisadores. RESULTADOS Os indicadores não possuem pesos distintos. A partir do resultado individual de cada indicador é calculado a média aritmética que irá definir o Índice da Qualidade do Ambiente Físico das Academia ao Ar Livre (IAAL). A pontuação final irá variar de 32 pontos e 0 pontos. 3 4 AUTORES PARÂMETROS DE ANÁLISE Pires, 2018. (1) tamanho do quarteirão; (2) habitantes por hectare; (3) proporção unidades residenciais/ unidades não residenciais; (4) exposição ao tráfego (velocidade e fluxo de veículos na via); (5) separação lateral entre tráfego e pedestres; (6) desnível (diferença de altura entre os pisos da calçada); (7) altura livre de obstáculos; (8) conflitos com veículos sobre a calçada; (9)iluminação pública; (10) largura da calçada; (11) condições da superfície (manutenção do piso, defeitos, buracos); (12) tipo de piso; (13)inclinação longitudinal; (14) inclinação transversal (entre mín. 1% e máx. 3%); (15) obstáculos permanentes na faixa de circulação da calçada; (16) obstáculos temporários na faixa de circulação da calçada; (17) grelha; (18) fachadas fisicamente permeáveis; (19) fachadas visualmente permeáveis; (20) atratividade do ambiente; (21) arborização; (22) faixa de pedestres; (23) rebaixo de calçada; (24) piso tátil de alerta nos rebaixos de calçada; (25) semáforo nas vias arteriais ou coletoras; (26) tempo para travessia; (27) visão da aproximação de veículos; (28) possibilidade de conflito entre pedestres e veículos; (29) espaço de espera para pedestres na esquina; (30) largura da faixa de pedestres; (31) estado de manutenção da faixa de pedestre; (32) estado de manutenção de rebaixo da calçada; (33) largura da faixa livre de circulação em frente ao rebaixo de calçada; (34) largura da via transversal à travessia de pedestres; (35) sinalização tátil de alerta e direcional no ponto de ônibus ao longo do meio fio; (36) localização do ponto de ônibus no comprimento da calçada; (37) características do ponto de ônibus; (38) comprimento mínimo de calçada para implantação do ponto de ônibus; (39) largura mínima da faixa de serviço da calçada para implantação do ponto de ônibus; (40) painel informativo (horários e linhas dos ônibus); (41) presença de assentos fixos no ponto de ônibus; (42) espaço no ponto de ônibus para pessoas com cadeiras de rodas. ESCALA DE AVALIAÇÃO Péssimo - 0% a 20% Ruim - 21% a 40% Regular - 41% a 61% Bom - 61% a 80% FONTE DE DADOS Auditoria técnica aplicada por pesquisadores. RESULTADO Os indicadores possuem pesos diferenciados. A avaliação é realizada por segmento e por ponto de ônibus, os valores que são obtidos são inseridos em uma fórmula afim de obter o Índice de Caminhabilidade de Macro e Micro Escala (ICMME). A pontuação final irá variar de 100% ótimo a 0% Péssimo. Sastre, 2018. (1) fechamentos; (2) vegetação; (3) usos; (4) geometria - planta; (5) geometria - elevação; (6) verticalidade x horizontalidade; (7) idade/estilo; (8) cor/textura; (9)estado de conservação; (10) elementos de interação ativos; (11) edificações 2º plano; (12) vegetação 2º plano; (13) percurso de veículos - fluxos; (14) percursos de veículos - velocidades; (15) percursos de veículos - facilitação; (16) percursos de pedestres - possibilidades; (17) largura das calçadas; (18) condições físicas das calçadas; (19) continuidade das calçadas; (20) barreiras; (21) relação vias barreiras e calçadas; (22) cobertura/proteção; (23) sombreamento/vegetação; (24) catalizadores de movimento; (25) conforto ao usuário; (26) usos e práticas sociais; (27) territorialidade; (28) subsistemas/triangulação. ESCALA DE AVALIAÇÃO Escala do item varia de 1 a 5 (sendo 1 ruim e 5 bom). FONTE DE DADOS Auditoria técnica aplicada por pesquisadores. RESULTADOS Os indicadores possuem pesos que variam de 1 a 3 pontos. O resultado da tabela chegará a valores de 0 a 120 pontos para qualidade espacial ruim ou baixa, de 121 a 160 para regular ou média e 161 a 200 para boa ou ótima. 3 5 AUTORES PARÂMETROS DE ANÁLISE Tonon, 2019. (1) presença de calçada; (2) largura total da calçada; (3) material do piso; (4) condições de manutenção da superfície da calçada; (5) obstruções permanentes; (6) obstruções temporárias; (7) desníveis; (8) conflito entre pedestre e veículos; (9) travessia acessível; (10) inclinação longitudinal; (11) inclinação transversal; (12) sombreamento; (13) presença de pessoas; (14) presença de mendigos; (15) presença de vendedores de rua; (16) iluminação pública; (17) mobiliário urbano; (18) condição de manutenção do mobiliário urbano; (19) dimensão da quadra; (20) uso misto e residencial; (21) uso público diurno e noturno; (22) permeabilidade física; (23) aspectos de abandono; (24) detalhamento arquitetônico; (25) recuo frontal; (26) escala e proporção; (27) escala humana; (28) poluição visual; (29) obstruções aéreas; (30) marcos visuais; (31) classificação da via; (32) largura da rua; (33) visibilidade nas esquinas; (34) presença de zona de amortecimento; (35) sinalização de trânsito; (36) orientação e identificação; (37) semáforos nas intersecções viárias; (38) tipo de intersecção; (39) presença de faixa de pedestre; (40) condição de manutenção da faixa de pedestre. ESCALA DE AVALIAÇÃO Ótimo – 100% a 81% Bom – 80% a 61% Regular – 60% a 41% Ruim – 40% a 21% Péssimo – 20% a 0% FONTE Auditória técnica aplicada por pesquisadores. RESULTADOS Os indicadores não possuem pesos distintos. A partir do resultado individual de cada indicador é calculado a nota do IQEAP por face de quadra e por fim é calculado a nota do IQEAP da área ou do trecho. De uma maneira geral os trabalhos existentes avaliam quantitativa e qualitativamente os elementos tanto no âmbito das características físicas da praça quanto da qualidade espacial do entorno. No entanto, poucos verificam em um mesmo trabalho, até que ponto os