UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA - UNESP CÂMPUS DE JABOTICABAL METODOLOGIA DE PESQUISA E AVALIAÇÃO DA RESISTÊNCIA DE GENÓTIPOS DE AMENDOIM A Spodoptera albula (WALKER, 1857) (LEPIDOPTERA: NOCTUIDAE) Mirella Marconato Di Bello Engenheira Agrônoma 2015 UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA - UNESP CÂMPUS DE JABOTICABAL METODOLOGIA DE PESQUISA E AVALIAÇÃO DA RESISTÊNCIA DE GENÓTIPOS DE AMENDOIM A Spodoptera albula (WALKER, 1857) (LEPIDOPTERA: NOCTUIDAE) Mirella Marconato Di Bello Orientador: Prof. Dr. Arlindo Leal Boiça Júnior Dissertação apresentada à Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias – UNESP, Câmpus de Jaboticabal, como parte das exigências para a obtenção do título de Mestre em Agronomia (Entomologia Agrícola). 2015 Ficha catalográfica elaborada pela Seção Técnica de Aquisição e Tratamento da Informação – Serviço Técnico de Biblioteca e Documentação - UNESP, Câmpus de Jaboticabal. Di Bello, Mirella Marconato D543m Metodologias de pesquisa e avaliação da resistência de genótipos de amendoim a Spodoptera albula (walker, 1857) (Lepidoptera: Noctuidae)/ Mirella Maronato Di Bello. – – Jaboticabal, 2015 vi, 85 p. : il. ; 28 cm Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, 2015 Orientador: Arlindo Leal Boiça Júnior Banca examinadora: Raphael De Campos Castilho, José Roberto Scarpellini Bibliografia 1. Arachis hypogaea. 2. Antibiose. 3. Dieta artifical. 4. Antixenose. 5. Resistência de plantas a insetos. 6. Criação de insetos. I. Título. II. Jaboticabal-Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias. CDU 632.93:634.58 DADOS CURRICULARES DA AUTORA MIRELLA MARCONATO DI BELLO – Filha de Adamir Di Bello e Maria Helena Marconato, natural de Jaboticabal, SP, nascida no dia 01 de agosto de 1989. Graduada no curso de Engenharia Agronômica, pela Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Câmpus de Jaboticabal, SP, no ano de 2013. Durante a graduação, realizou estágio na área de Entomologia Agrícola, trabalhando com resistência de plantas a insetos e controle biológico, sendo bolsista de iniciação científica (CNPq/PIBIC), sob a orientação do Prof. Dr. Arlindo Leal Boiça Júnior. Em março de 2013, iniciou o curso de Mestrado em Agronomia, área de Concentração em Entomologia Agrícola, pela Universidade Estadual Paulista - Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias - UNESP/FCAV, Câmpus de Jaboticabal, SP, atuando com pesquisas em Resistência de Plantas a Insetos, sendo bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq, sob a orientação do Prof. Dr. Arlindo Leal Boiça Júnior. “Deus tem um propósito para sua dor, uma razão para sua luta e uma recompensa por sua fidelidade. Nunca desista!” Autor desconhecido. DEDICO Aos meus pais, Adamir Di Bello e Maria Helena Marconato pelo exemplo de força e fé, e também pela batalha diária para formar com sucesso um filho, sem eles eu nada seria. OFEREÇO À Deus que é a base de tudo e que mesmo nas dificuldades nunca nos desampara. “Nada sem vós, nada sem nós!”. AGRADECIMETOS À Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias – Câmpus de Jaboticabal, FCAV/UNESP, e ao Departamento de Fitossanidade, pela oportunidade de cursar a Pós-Graduação em Agronomia - Entomologia Agrícola, em uma das melhores escolas do país. Em especial ao meu orientador Professor Dr. Arlindo Leal Boiça Júnior, pela oportunidade de trabalho desde a graduação, por toda confiança depositada em mim, por sua excelente orientação, e por todos os conhecimentos transmitidos durante esses anos, os quais foram imprescindíveis para a minha formação profissional e pessoal. Aos professores do Programa de Pós-Graduação em Agronomia – Entomologia Agrícola, pelos ensinamentos transmitidos durante suas respectivas disciplinas, os quais foram fundamentais para o meu crescimento profissional: Prof. Dr. Antonio Carlos Busoli (Manejo Integrado de Artrópodos Pragas), Profª. Dra. Nilza Maria Martinelli (Morfologia de Insetos), Prof. Dr. Sérgio Antonio De Bortoli (Biologia dos Insetos), Prof. Dr. Odair Aparecido Fernandes (Controle Biológico de Artrópodes Pragas), Prof. Dr. José Carlos Barbosa (Métodos Estatísticos Aplicados à Entomologia), Prof. Dr. Jaime Maia dos Santos e Prof. Dr. Pedro Luiz Martins Soares (Nematologia Agrícola). Ao Professor Dr. Roberto Antonio Zucchi, da Universidade de São Paulo de Piracicaba, ESALQ-USP, pela identificação do inseto estudado. Ao Pesquisador Dr. Ignácio José de Godoy, do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), pelo fornecimento das sementes de amendoim para realização dos experimentos. Aos companheiros de trabalho do Laboratório de Resistência de Plantas a Insetos, Eduardo Neves Costa, Wellington Ivo Eduardo, Renato Franco Oliveira de Moraes, Bruno Henrique Sardinha de Souza, Juno Ferreira Silva Diniz, Luciano Nogueira e Jeane Dayse Veloso dos Santos, pelo convívio diário, e principalmente ao Zulene Antônio Ribeiro, por toda ajuda nos trabalhos e amizade. A todos os funcionários do Departamento de Fitossanidade, em especial à Roseli Pessoa, Lígia Dias Fiorezzi, e José Altamiro de Souza, pela convivência e colaboração. Aos colegas e alunos do Programa de Pós-graduação em Entomologia Agrícola, em especial a Valéria Lucas de Laurentis, Ana Carolina Pires Veiga e Caroline Placidi De Bortoli pela convivência e participação junto às disciplinas e cursos realizados. Muito Obrigada! i Sumário Páginas Resumo ...................................................................................................................... iii Abstract ....................................................................................................................... v CAPITULO 1 – CONSIDERAÇÕES GERAIS .............................................................. 1 1. Introdução ............................................................................................................. 1 2. Revisão de literatura ............................................................................................. 3 2.1 A cultura do amendoim ...................................................................................... 3 2.2 Distribuição, hospedeiros, importância econômica e aspectos biológicos de Spodoptera albula .................................................................................................... 6 2.3 Criação Laboratorial de Insetos ..................................................................... 9 2.4 Resistência de Planta a Insetos ................................................................... 12 2.5 Metodologias de Pesquisa em Resistência de Plantas ................................ 13 2.6 Resistência de genótipos de amendoim a insetos-praga ............................. 14 3. Referências ......................................................................................................... 17 CAPITULO 2 – ADEQUAÇÃO DA METODOLOGIA PARA CRIAÇÃO DE Spodoptera albula (WALKER, 1857) (LEPIDOPTERA: NOCTUIDAE) EM DIETA ARTIFICIAL ... 26 Resumo .................................................................................................................... 26 Abstract ..................................................................................................................... 27 1. Introdução...............................................................................................................28 2. Material e Métodos ................................................................................................ 30 2.1 Experimento 1: Avaliação de parâmetros biológicos de Spodoptera albula em dietas artificiais ...................................................................................................... 31 2.2 Experimento 2: Desenvolvimento biológico de Spodoptera albula em diferentes densidades larvais ................................................................................................. 33 2.3 Experimento 3: Determinação da densidade de casais e tamanho de gaiolas para oviposição de Spodoptera albula ................................................................... 34 3. Resultados .......................................................................................................... 35 3.1 Experimento 1: Avaliação de parâmetros biológicos de Spodoptera albula em dietas artificiais ...................................................................................................... 35 3.2 Experimento 2: Desenvolvimento biológico de Spodoptera albula em diferentes densidades larvais ................................................................................................. 38 3.3 Experimento 3: Determinação da densidade de casais e tamanho de gaiolas para oviposição de Spodoptera albula ................................................................... 40 4. Discussão ........................................................................................................... 43 5. Conclusões ......................................................................................................... 48 ii 6. Referências ......................................................................................................... 48 CAPÍTULO 3 – Metodologia de pesquisa para avaliar o desempenho alimentar e resistência de genótipos de amendoim a Spodoptera albula (Walker) ................... 53 Resumo ..................................................................................................................... 53 Abstract ..................................................................................................................... 54 1. Introdução ........................................................................................................... 55 2. Material e Métodos ............................................................................................. 56 2.1 Metodologia de pesquisa do desempenho alimentar de Spodoptera albula .... 57 2.1.1 Densidade de lagarta por disco foliar ......................................................... 57 2.1.2 Disco foliar versus folíolo inteiro ................................................................ 58 2.2 Resistência de genótipos de amendoim a Spodoptera albula nas categorias não preferência para alimentação e antibiose ...................................... 58 2.2.1 Não preferência para alimentação de Spodoptera albula em genótipos de amendoim ...................................................................................... 58 2.2.2 Parâmetros biológicos de Spodoptera albula alimentadas com amendoim ........................................................................................................... 59 2.3. Análise estatística ........................................................................................... 59 3. Resultados .......................................................................................................... 60 3.1 Metodologia de pesquisa para a avaliação de fatores que influenciam na não preferência para alimentação .......................................................................... 60 3.2 Resistência de genótipos de amendoim a Spodoptera albula nas categorias não preferência para alimentação e antibiose ...................................... 65 3.2.1 Não preferência para alimentação de Spodoptera albula em genótipos de amendoim ...................................................................................... 65 3.2.2 Parâmetros biológicos de Spodoptera albula alimentadas com amendoim ........................................................................................................... 69 4. Discussão ........................................................................................................... 72 5. Conclusões ......................................................................................................... 75 6. Referências ......................................................................................................... 76 CAPÍTULO 4 – CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................. 79 iii METODOLOGIA DE PESQUISA E AVALIAÇÃO DA RESISTÊNCIA DE GENÓTIPOS DE AMENDOIM A Spodoptera albula (WALKER, 1857) (LEPIDOPTERA: NOCTUIDAE) RESUMO – Tendo-se em vista a importância da espécie Spodoptera albula (Walker,1857) (Lepidoptera: Noctuidae) nos últimos anos devido aos prejuízos econômicos, causando desfolha na cultura do amendoim bem como a falta de informações a respeito de metodologias de criação e pesquisa em resistência de plantas a insetos, o objetivo do presente trabalho foi avaliar diferentes métodos e materiais visando os estudos de não preferência para alimentação e antibiose dessa espécie, utilizando-se de dietas artificiais e genótipos de amendoim. Os ensaios foram realizados em condições controladas (25 ± 2 ° C, 70 ± 10% umidade relativa e 12 horas de fotofase). Os experimentos iniciais foram para a adequação de uma metodologia de criação para S. albula. Foram avaliados os seguintes parâmetros biológicos: duração, sobrevivência e mortalidade das fases larval, pupal e larva a adulto; peso de lagartas aos 12 dias de idade; peso de pupa com 24 horas de idade; razão sexual; e longevidade dos adultos, em três dietas artificiais, diferentes densidades larvais, densidades de casais e tamanho de gaiolas para oviposição (para o teste de oviposição avaliou-se o número de posturas e de ovos). Observou- se que S. albula conseguiu completar seu ciclo biológico nas três dietas, entretanto, a dieta de Anticarsia gemmatalis Hübner foi a mais adequada para sua criação em laboratório, proporcionando desenvolvimento mais rápido e com maior sobrevivência em relação às demais. A individualização das lagartas de S. albula favoreceu seu desenvolvimento, permitindo maior ganho de peso e menor mortalidade. O tamanho da gaiola não influencia no número de ovos colocados pelas fêmeas, e o maior número de casais por gaiola não favoreceu um aumento da oviposição. Possíveis adequações a dieta escolhida são recomendadas para que a criação alcance maiores índices de sobrevivência. Quanto à metodologia de pesquisa em resistência de plantas os experimentos realizados avaliaram a influência dos seguintes fatores na expressão da não preferência alimentar nos genótipos rasteiro IAC Runner 886 e ereto IAC Tatu a S. albula em testes com e sem chance de escolha: uma lagarta versus duas lagartas por disco foliar e disco foliar versus folíolo inteiro. A melhor diferenciação na expressão da não preferência alimentar para os genótipos de amendoim testados foi o uso de seis lagartas para o primeiro ínstar e de uma lagarta de terceiro ínstar em disco foliar. Para a validação do experimento foram avaliados oito genótipos de amendoim, os quais foram separados em dois grupos em função do hábito de crescimento, sendo quatro rasteiros: Caiapó, IAC Runner 886, Granoléico e IAC 505; e quatro eretos: IAC 22, IAC Tatu, IAC 5 e IAC 8112. Para os testes de não preferência para alimentação a S. albula foram realizados testes com lagartas de primeiro e terceiro ínstar. No teste com chance de escolha, prepararam- se discos foliares de 2,5 cm de diâmetro dos genótipos, os quais foram dispostos em placas de Petri e liberaram-se seis lagartas de primeiro ínstar e uma lagarta de terceiro instar por cultivar, enquanto no teste sem chance de escolha, utilizou-se um disco por placa, liberando-se o mesmo número de lagartas para cada ínstar. A iv atratividade foi avaliada nos tempos de 30 minutos, 1, 2, 6, 12 e 24 horas após a liberação das lagartas de terceiro ínstar e para as lagartas de primeiro ínstar a avaliação seguiu até às 48 horas. Para a quantificação do consumo foliar para as lagartas de primeiro ínstar foi adotada uma nota de consumo e para as lagartas de terceiro ínstar mediu-se a área foliar consumida. No teste de antibiose foram utilizadas placas de Petri revestidas com papel filtro umedecido com água destilada, onde foi transferida uma lagarta recém-eclodida por placa, alimentando-as de folíolos dos genótipos testados durante todo o período larval. Foram avaliados os seguintes parâmetros biológicos: período e viabilidade larval, de pré-pupa e pupal, pesos de lagartas, pupas, adultos vivos e adultos mortos e a longevidade dos adultos. Os genótipos testados não apresentaram resistência do tipo não preferência para alimentação a S. albula. No entanto, para antibiose os genótipos de hábito de crescimento ereto IAC Tatu e rasteiro IAC Caiapó apresentaram possíveis fontes de resistência. Palavras-chave: antibiose, antixenose, Arachis hypogaea, criação de insetos, dieta artificial, resistência de plantas a insetos v RESEARCH METHODOLOGY AND EVALUATE RESISTANCE IN PEANUTS GENOTYPES TO Spodoptera albula (WALKER, 1857) (LEPIDOPTERA: NOCTUIDAE) ABSTRACT – Taking into consideration the importance of Spodoptera albula (Walker, 1857) (Lepidoptera: Noctuidae) species in recent years due to the economic losses, caused defoliation in the peanut crop and the lack of rearing methodologies and research on host plant resistance information, the aim of this study was to evaluate different materials and methods aiming non-preference feeding and antibiosis of this species, using artificial diets and peanut genotypes. The assays were performed under controlled conditions (25 ± 2 ° C, 70 ± 10% relative humidity and 12 hours photophase). Initial experiments were to adjust a design methodology for S. albula. The following biological parameters were evaluated: larval, pupal and larval to adult phase duration, survival and mortality; 12 days old caterpillars weight; 24 hours old pupal weight; sex ratio; and longevity of adults, in three artificial diets, different larval densities, couples densities and cages size for oviposition (for the oviposition assay were evaluated the number of egg masses and eggs). S. albula managed to complete its life cycle in all three diets; however, the Anticarsia gemmatalis Hübner diet was the most suitable for laboratory rearing, providing faster development and higher survival rate in compare to the others. S. albula caterpillar’s individualization favored its development, allowing greater weight gain and lower mortality. Cage size does not influence the number of eggs laid by the females, and the largest number of couples per cage did not favor an increase in oviposition. Possible adjustments in the chosen diet are recommended so the rearing can reach higher survival rates. As for research methodology in plant resistance the experiments evaluated the influence of these factors on the expression of non- feeding preference in runner growth habit genotypes IAC Runner 886 and straight growth habit IAC Tatu to S. albula in assays free-choice and no-choice feeding: a caterpillar versus two caterpillars per leaf disc and leaf disc versus whole leaflet. The best differentiation in the expression of non-feeding preference for peanut genotypes tested was the use of six caterpillars for the first instar and one third instar caterpillar on leaf disc. For the experiment validation were evaluated eight peanut genotypes, which were separated into two groups depending on the growth habit, four of runner growth habit: Caiapó, IAC Runner 886, Granoléico and IAC 505; and four of straight growth habit: IAC 22, IAC Tatu, IAC 5 and IAC 8112. For the S. albula non- preference feeding assay, tests were carried out with first and third instar caterpillars. In the free choice test, 2.5 cm diameter leaf discs of the genotypes were prepared, which were arranged in Petri dishes and released six first instar caterpillar and one third instar caterpillar per cultivar, while in the no-choice test, we used a disk per plate, releasing the same number caterpillar for each instar. The attractiveness was assessed in a 30 minute time, 1, 2, 6, 12 and 24 hours after the third instar caterpillars release and for the first instar caterpillar’s evaluation followed up to 48 hours. To quantify leaf consumption for the first instar caterpillars was adopted a consumption score and for the third instar larvae leaf area consumed was measured. In the antibiosis assay were used petri dishes coated with moistened filter paper with vi distilled water, where a newly hatched caterpillar per plate was transferred, and feeding them with the genotypes tested leaflets during the larval period. The following biological parameters were evaluated: larval period and viability, from pre-pupae and pupae, caterpillar’s weights, pupae, living and dead adults and longevity of adults. The tested genotypes didn’t show resistance of non-preference type for S. albula feeding. However, for antibiosis the straight growth habit genotypes IAC Tatu and IAC Caiapó runner growth habit presented possible sources of resistance. Keywords: antibiosis, antixenosis, Arachis hypogaea, insects rearing, artificial diet, plant resistance to insects 1 CAPITULO 1 – CONSIDERAÇÕES GERAIS 1. Introdução A cultura do amendoim é afetada por diversas pragas. Destacam-se o tripes- do-prateamento, Enneothrips flavens Moulton (Thysanoptera: Thripidae), a lagarta- do-pescoço-vermelho, Stegasta bosquella (Chambers) (Lepidoptera: Gelechidae), e lagartas do gênero Spodoptera Guenée, Lepidoptera: Noctuidae), que são consideradas importantes devido aos prejuízos causados, ocorrência generalizada e elevados níveis populacionais (CALCAGNOLO; RENSI; GALLO, 1974; GALLO et al., 2002; JANINI, 2011). Dentre as espécies de Spodoptera, a maior parte do conhecimento a respeito da biologia e metodologia de criação restringem-se a Spodoptera cosmioides (Walker), Spodoptera eridania (Cramer) e Spodoptera frugiperda (J. E. Smith). O conhecimento da biologia é de fundamental importância para o desenvolvimento de técnicas de manejo, que só são possíveis com o estabelecimento de metodologias de criação laboratorial que permitam manter diversas gerações em condições padronizadas, obtendo alta viabilidade e sobrevivência dos insetos. O desenvolvimento destas condições possibilita a adoção de novas ferramentas de estudo e também o conhecimento de aspectos detalhados (PANIZZI; PARRA, 2009; MONTEZANO et al., 2013). Spodoptera albula (Walker) é um inseto holometabólico, ou seja, apresenta metamorfose completa, compreendida pelas fases de ovo, larva, pupa e adulto (POGUE, 2002). Na fase de larva tem o habito desfolhador e causa danos a cultura do amendoim. Devido a sua polifagia, a sucessão dessa cultura fornece a este inseto uma contínua oferta de alimento. Assim, essa espécie tem potencial de se tornar uma praga ainda mais importante no amendoim em função da intensa exposição da cultura à pressão populacional do inseto (TEIXEIRA et al., 2001). Estudos sobre a bioecologia e nutrição dos insetos permitiram o desenvolvimento de dietas artificiais. Isso proporcionou condições adequadas para a criação massal em laboratório, favorecendo o manejo integrado de pragas (PANIZZI; PARRA, 2009). De acordo com Salvadori e Parra (1990), um dos primeiros passos a 2 serem efetuados para a realização de estudos bioecológicos e desenvolvimento de métodos de controle de um inseto é a definição de uma dieta artificial que permita a sua criação, preenchendo requisitos mínimos de qualidade biológica, quantidade e economicidade. Desse modo, métodos de controle são imprescindíveis a fim de se obter uma produção rentável e de boa qualidade. Entre os métodos alternativos ao controle químico com inseticidas destaca-se o método de resistência de plantas que se baseia no cultivo de plantas que apresentam em sua constituição genes que expressam características fenotípicas que as tornam menos injuriadas do que outras (suscetíveis) em igualdade de condições. As características expressas pelas plantas resistentes podem proporcionar alterações no comportamento, fisiologia ou biologia dos insetos fitófagos, ou apresentar apenas maior capacidade de suportar seu ataque (BOIÇA JÚNIOR et al., 2013). Todavia, diversos fatores bióticos e abióticos podem influenciar negativa ou positivamente a expressão da resistência nas plantas, incluindo aqueles inerentes às plantas, ao inseto e ao ambiente (SMITH, 2005). Portanto, para a realização de testes visando à avaliação de genótipos quanto à resistência a um determinado inseto, as condições utilizadas nos ensaios devem ser criteriosamente confiáveis, a fim de que um genótipo que realmente apresente genes que expressem alguma característica que confira resistência se manifeste sob aquelas condições. Visto a importância de se conhecer o comportamento e a biologia do inseto para manejá-lo de forma mais eficiente em programas de manejo integrado de pragas e que diversos fatores inerentes ao inseto e à planta exercem na expressão da resistência, o presente trabalho teve o objetivo estabelecer uma metodologia de criação para a espécie S. albula e avaliar possíveis fatores que possam influenciar a não preferência para alimentação e antibiose em genótipos de amendoim. 3 2. Revisão de literatura 2.1. A cultura do amendoim O amendoim é uma planta dicotiledônea que pertence à família Fabacea, subfamília Faboideae, gênero Arachis, apresentando cerca de 80 espécies (GREGORY; KRAPOVICKAS; GREGORY, 1980; VALLS; SIMPSONS, 1994), 69 já descritas, sendo 27 pertencentes à secção Arachis (KRAPOVICKAS; GREGORY, 1994). Essas espécies são amplamente distribuídas no bioma cerrado e em outros ambientes de vegetação aberta, tendo como limites de distribuição a Ilha de Marajó ao Norte, o Uruguai ao Sul, o Nordeste brasileiro a Leste, e a Oeste o sopé da Cordilheira dos Andes (GREGORY; KRAPOVICKAS; GREGORY, 1980). A oleaginosa é originária da América do Sul, na região compreendida entre as latitudes 10º a 30º S, com provável centro de origem na região do Gran Chaco (Paraguai), incluindo os vales dos rios Paraná e Paraguai. A difusão do amendoim se iniciou pelos indígenas para as diversas regiões da América Latina, e no século XVIII foi introduzido na Europa. No século XIX difundiu-se do Brasil para a África, e do Peru para as Filipinas, China, Japão e Índia (FAGUNDES, 2002). Nos últimos 25 anos, numerosas coleções de germoplasma de amendoim silvestres e cultivados, obtidos no Noroeste e Nordeste da Argentina, Paraguai, Brasil, Bolívia, Uruguai, Peru e no Equador, confirmam definitivamente a origem sul- americana desta leguminosa (GREGORY; GREGORY, 1976; BAJAJ, 1984). Dentre as espécies conhecidas de amendoim, 48 são restritas ao Brasil. Seu centro de origem é apontado para a Serra de Amambai, que divide as bacias atuais dos rios Paraguai e Paraná, estabelecendo parte do limite entre o Estado do Mato Grosso do Sul e o Paraguai (SILVA, 1997). Registros feitos por Banks (1976) indicam que o gênero Arachis se estendia sobre mais de 2,6 milhões de km2 da América do Sul, identificando cinco centros geográficos onde o amendoim apresenta a maior diversidade de caracteres. Em estudos posteriores, Gregory et al. (1973) adicionaram o Nordeste do Brasil como o sexto centro de diversificação. O amendoinzeiro cultivado pertence à espécie Arachis hypogaea L., sendo dividido em duas subespécies e em seis variedades botânicas. A variedade típica, 4 com ciclo longo, sem flores no eixo central e com as ramificações vegetativas ou reprodutivas alternadas nos ramos primários, correspondente à subespécie virgínia. A subespécie fastigiata apresenta ciclo mais curto, flores sobre o eixo central e ramificações reprodutivas e vegetativas desordenadas ao longo dos ramos primários (KRAPOVICKAS; GREGORY, 1994). Além disso, é classificado em três grupos distintos, de acordo com suas características vegetativas e reprodutivas: Valência, Spanish e Virgínia. As cultivares pertencentes aos grupos Valência e Spanish apresentam suas plantas com o eixo central com flores, hábito de crescimento ereto ou semi-ereto, poucos ramos secundários e às vezes terciários, ciclo vegetativo curto e vagens apresentando duas sementes, para o grupo Spanish, ou de três a quatro sementes para o grupo Valência. Morfologicamente, os acessos de amendoim do grupo Spanish podem ser enquadrados em A. hypogaea fastigiata var. vulgaris, e aqueles do grupo Valência podem ser enquadrados em A. hypogaea fastigiata var. fastigiata. O grupo Virgínia pertence a A. hypogaea hypogaea var. hypogaea, com as plantas apresentando hábito de crescimento rasteiro, ramificação abundante, ciclo vegetativo longo, ausência de flores no eixo central e presença de vagens com duas sementes (GODOY et al., 1999). As plantas de amendoinzeiro são autógamas, apresentando uma estrutura reprodutiva que facilita a autofecundação: oito anteras e estigma na mesma altura ou ligeiramente acima das anteras, sendo todas as estruturas envoltas por uma quilha. Seu processo de frutificação é denominado de geocarpia, onde uma flor aérea, após ser fecundada, produz um fruto subterrâneo (SANTOS; GODOY, 1999). O gênero Arachis possui espécies perenes e anuais, com folhas estipuladas, quatro ou três folíolos, flores com corola papilionada, hipanto tubular e frutos subterrâneos. O “peg” (pedúnculo), que resulta da expansão do meristema intercalar situado abaixo do óvulo basal, é uma estrutura peculiar do gênero (RAO; MURTHY, 1994). As espécies silvestres de amendoim apresentam frutos catenados, isto é, frutos cujas sementes são separadas uma das outras por uma constrição muito profunda ou um istmo (CONAGIN, 1959). A maioria das espécies possui dois segmentos de frutos, são consideradas autógamas, com ocasional fecundação cruzada feita por insetos, e há evidências de partenogênese. 5 O ciclo do amendoim dura em média de 85 a 160 dias, influenciado pelas condições ambientais da região e da variedade utilizada. Apresenta basicamente dois estádios de desenvolvimento: vegetativo, que compreende as fases de estabelecimento e desenvolvimento das plantas; e o reprodutivo, iniciando-se com o florescimento até a maturação das vagens (NOGUEIRA; TÁVORA, 2005). A dinâmica mundial de produção de amendoim tem sofrido pouca variação desde a última década. Esta cultura se posiciona como a quarta maior cultura de oleaginosa no mundo, sendo cultivada em mais de 100 países, com média de produção de 35,5 milhões de toneladas, perdendo apenas para soja, algodão e canola (CONAB, 2014). No Brasil o amendoim é cultivado de forma mais significativa em dez estados, sendo São Paulo o maior produtor da cultura com 85% da produção nacional, seguido pela Bahia 3,6% e Mato Grosso 2,8%. Nas regiões canavieiras do Estado de São Paulo, o amendoim assume grande importância pelos benefícios advindos na renovação da cultura de cana-de-açúcar que por ser uma leguminosa incorpora nitrogênio ao solo favorecendo a reimplantação, além de proporcionar uma renda alternativa da entressafra da cana (CONAB, 2014). A importância econômica do amendoim está relacionada ao fato das sementes possuírem sabor agradável, serem ricas em óleo (40% a 50%) e proteína (22% a 30%) (SILVEIRA, 2011). Na região Nordeste, o amendoim é uma excelente alternativa agrícola, em razão da riqueza nutricional de suas sementes e adaptação às condições semiáridas (FREITAS et al., 2005). A cultura tem ciclo curto, é de fácil manejo e apresenta mercado atraente. Cerca de 70% da área cultivável no Nordeste encontra-se em condições semiáridas com ampla variação de microclimas (GODOY, 2005; GOMES et al., 2007). Em relação ao amendoim paulista, as estruturas de beneficiamento estão vinculadas na sua maioria às cooperativas de produtores, beneficiadores e indústrias processadoras; as quais estão adotando técnicas sistematizadas de coleta e análise de amostras devido à preocupação com a prevenção e controle da aflatoxina, visando à qualidade do grão e no acesso aos mercados compradores, seguindo a instrução normativa publicada em 2009 pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (BRASIL, 2009). 6 Por fim, demandas tecnológicas e institucionais ainda são latentes em todos os elos da cadeia de produção do amendoim, tanto para regiões mais consolidadas, quanto para outras localizadas no Centro-Sul e Nordeste do Brasil (MARTINS; VICENTE, 2010). Dentre os fatores bióticos que podem afetar adversamente o desenvolvimento das plantas de amendoim, limitando o potencial de produtividade máximo e qualidade dos grãos estão os insetos-pragas, que causam injúrias nas plantas desde a emergência até a maturação fisiológica, com destaque para as lagartas desfolhadoras da Ordem Lepidoptera. 2.2 Distribuição, hospedeiros, importância econômica e aspectos biológicos de Spodoptera albula As lagartas do gênero Spodoptera apresentam mais de 30 espécies identificadas. Em lugares de clima temperado é considerada uma das mais importantes pragas de culturas agrícolas em todo o mundo. As espécies são polífagas, causam danos significativos, principalmente em lavouras de algodão, soja, milho, arroz e feijão e apresentam ampla distribuição geográfica (POGUE, 2002). Spodoptera albula tem ocorrência na Flórida, no sul do Texas, em todo o Caribe, América Central e do sul da Venezuela ao Paraguai e sul do Brasil (POGUE, 2002; ZENKER et al., 2010) e no Chile (ÂNGULO; OLIVARES; WEIGERT, 2008 ). Esta espécie até o ano de 1989 era erroneamente citada como Spodoptera sunia ( Guenée, 1852), que atualmente é reconhecida como Neogalea sunia (Guenée, 1852), representante da família Oncocnemidinae (LAFONTAINE; SCHMIDT, 2010). A espécie S. albula é um inseto de desenvolvimento holometabólico, ou seja, apresenta metamorfose completa, compreendida pelas fases de ovo, larva, pupa e adulto (POGUE, 2002). Os ovos inicialmente são de coloração verde-clara, tornam- se alaranjados de 12 a 15 horas após a oviposição e escuros próximos à eclosão, devendo-se isso à cabeça negra da larva, vista através do córion. O período embrionário de S. albula é semelhante à descrita para a maioria das espécies deste gênero, sob condições semelhantes de temperatura (BARROS et al., 2010). A 7 oviposição é feita geralmente em massas de ovos, com média entre 100 a 250 ovos. As posturas são recobertas por pelos e escamas provenientes do abdome da fêmea durante a oviposição. O período de incubação dos ovos é de quatro dias à temperatura de 25ºC (MONTEZANO et al., 2013). A fase larval de S. albula apresenta duração média de 16 dias, onde as lagartas normalmente passam por seis instares. No entanto, dependendo dos hospedeiros que a lagarta se alimenta, substâncias antibióticas ou impropriedades nutricionais inerentes a um determinado genótipo de planta ou mesmo fatores ambientais, o número de instares do inseto pode sofrer variações (MONTEZANO et al., 2013). No início, as lagartas recém-eclodidas ficam um período em repouso, depois começam a se alimentar, raspando o limbo das folhas, preferencialmente as mais novas. Durante o primeiro instar, as larvas tecem fios de seda que são utilizados como meio de dispersão e/ou escape dos inimigos naturais (HEPPNER, 1998). Inicialmente a larva é esbranquiçada, passando para uma coloração esverdeada após começarem a se alimentar de folhas. Ao final do primeiro instar chegam a atingir até 1,9 mm de comprimento. Com o tempo adquirem coloração que varia de preto-acinzentadas a castanho-acinzentadas, com duas fileiras dorsais de manchas triangulares pretas ou escuras, cada uma delas com um ponto branco no centro. A linha subespiracular é ausente ou fraca e as linhas dorsal e subdorsal frequentemente amarela brilhante, vermelha ou laranja, podendo ser fracamente marcada. Tem a coloração da cabeça castanha com manchas pretas (KING; SAUNDERS, 1984). Ao completar seu desenvolvimento, a lagarta deixa a planta, dirigindo-se para o solo, onde se transforma em pupa. Esta possui cerca de 15 mm de comprimento e coloração avermelhada até quase preta, tendo essa fase de 15 a 17 dias de duração (MONTEZANO et al., 2013). Os adultos têm hábito noturno e não são ativos durante o dia, podendo ser encontrados escondidos sob folhagens próximas ao solo, e quando perturbadas voam aleatoriamente até encontrarem outro local para se esconderem. Sua atividade se inicia próximo ao pôr-do-sol, de forma que as mariposas se movimentam perto das plantas hospedeiras mais favoráveis à sua alimentação, 8 oviposição e acasalamento, atingindo o pico após cerca de duas a quatro horas (TODD; POOLE, 1995). De acordo com King e Saunders (1984), as mariposas adultas dessa espécie apresentam de 26 a 37 mm de envergadura, asas anteriores e corpo com coloração cinza e as asas posteriores brancas. A longevidade é cerca de 12 dias e é a partir do terceiro ou quarto dia, após a emergência da fêmea, que se dá a oviposição. O ciclo completo de desenvolvimento do inseto, desde ovo até adulto, é cerca de 30 dias (MONTEZANO et al., 2013). Por ser um inseto fitófago desfolhador, a lagarta reduz a área foliar das plantas, diminuindo assim sua capacidade fotossintética e consequentemente a produção. Os danos ocasionados por essa praga podem ser diferentes em função da planta hospedeira, estádio fenológico, época de ataque e intensidade de infestação (TEIXEIRA et al., 2001). Segundo Savoie (1988), S. albula é uma das pragas mais importantes do algodoeiro na região oeste de Nicarágua. No Brasil, foi registrada sua primeira ocorrência em amendoim, com alta infestação no ano safra 99/00 e vem ganhando importância gradativa, havendo necessidade de controle químico. Desse modo, diante da intensa exposição da cultura do amendoim à pressão populacional de S. albula, esse inseto tem potencial para se tornar uma praga de grande importância para a oleaginosa no Estado de São Paulo (TEIXEIRA et al., 2001). Em geral esta praga apresenta um grande número de hospedeiros, os quais foram registrados surtos que representam um risco, por inviabilizar o desenvolvimento de culturas importantes, tais como o tabaco (PAEZ GÁZQUEZ; NOVO PADRINO, 1987), algodão (GONZÁLEZ, 1966), tomate (GLORIA, 1975), repolho (ARMSTRONG, 1994), gergelim, soja (HALLMAN,1983), amendoim (TEIXEIRA et al., 2001), girassol (PRUETT; GUAMÁN, 2001), e também a produção de mudas em viveiros florestais (VÁZQUEZ; MENÉNDEZ; LÓPEZ, 1999). As plantas de amendoim por apresentarem porte baixo e grande massa foliar, dificultam a penetração dos inseticidas e o contato das lagartas com os mesmos, diminuindo a eficiência do controle dessa praga. Assim o manejo dessa espécie deve ter um enfoque mais ecológico, por se tratar de praga tolerante aos inseticidas 9 sintéticos e para o Bacillus thuringiensis Berliner gene Cry1Ac (SAVOIE, 1988; LA ROSA et al., 1992). 2.3 . Criação Laboratorial de Insetos A criação laboratorial de insetos é de fundamental importância para que os trabalhos não sofram falta de continuidade e nem fiquem dependentes da ocorrência natural do inseto, em especial, pragas agrícolas (PARRA, 2002). A criação massal em laboratório tem múltiplas aplicações, tanto na pesquisa em entomologia, no estudo de seus ciclos de vida, preferências alimentares entre outros, como possibilitar estudos sobre controle biológico, produção de feromônios, técnica do macho estéril, resistência, controle genético e vetores de doenças entre outros. Esses estudos são possíveis devido à disponibilidade de meios práticos de criação dos insetos (KOGAN, 1980). O conhecimento dos parâmetros biológicos das espécies é fundamental para o desenvolvimento de estudos em programas de Manejo Integrado de Pragas (MIP). Assim, através do desenvolvimento de meios artificiais para a criação de insetos em laboratório foi possível à obtenção de grandes avanços em diversas áreas, como nutrição, toxicologia, produção de proteínas recombinantes e de fármacos, plantas transgênicas, bioquímica (estudos enzimáticos), biotecnologia, endocrinologia, genética, comportamento, ecologia e até taxonomia de insetos. Com o desenvolvimento de criações massais de insetos ocorreu à evolução das pesquisas aplicadas em controle biológico, resistência de plantas e patologia de insetos, controle genético, vetores de doenças, produção químico, entre outros (PANIZZI; PARRA, 2009). O desenvolvimento de dietas artificiais para insetos proporcionou uma melhora gradativa das pesquisas sobre as exigências nutricionais. Atualmente mais de 1.300 espécies de insetos podem ser criados em meios artificiais. Esse avanço nas técnicas de criação permitiu descobrir que alguns grupos restritos de insetos exigem ácidos nucleicos e, mesmo, vitaminas lipossolúveis (PANIZZI; PARRA, 2009). 10 As manutenções de populações em dietas artificiais apresentam uma série de vantagens, porém a nutrição de qualquer organismo, incluído os insetos, deve levar em consideração o aspecto qualitativo, isto é, nutrientes exigidos sob o ponto de vista químico e quantitativo, ou seja, a proporção adequada de alimento ingerido, digerido, assimilado e convertido em tecidos de crescimento (COHEN, 2004). Uma dieta artificial corretamente formulada possui propriedades físicas e contém produtos químicos que estimulam e mantêm a alimentação, como os nutrientes em proporções adequadas propiciando um crescimento e desenvolvimento ótimo. Na maioria das vezes o problema associado à formulação de dietas está diretamente correlacionado com o conteúdo de água, devendo ser adequada conforme o habito alimentar e o tipo do aparelho bucal do inseto (PANIZZI; PARRA, 2009). As exigências nutricionais dos insetos são determinadas através dos estudos com dietas artificiais, já que se torna impossível, mesmo com os avanços na biotecnologia, controlar a composição química de uma planta (ROSSETTO, 1980). Uma dieta nutricionalmente completa em cultura axênica, para a maioria dos insetos, deve conter todos ou a maior parte dos elementos: proteínas ou aminoácidos (10 essenciais), carboidratos, ácidos graxos, colesterol, colina, inositol, ácido pantotênico, nicotinamida, tiamina, riboflavina, ácido fólico, piridoxina, vitamina B12, caroteno ou vitamina A, tocoferol, ácido ascórbico, minerais e água (SMITH, 1966). O ideal para se iniciar uma dieta artificial seria que fosse feita uma análise química do inseto e do local atacado (folhas, frutos, raízes ou qualquer parte do vegetal) para que se pudesse conhecer os compostos químicos existentes e se formular uma dieta adequadamente, a partir destes resultados. Entretanto, isto nem sempre é possível. Assim, o primeiro passo é utilizar uma dieta que sirva para uma espécie próxima, ou uma dieta que seja eficiente para a criação de um grande número de espécies (PARRA, 2000). Como exemplo de dietas utilizadas em laboratórios de criação pode-se citar a dieta desenvolvida por King e Hartley (1985) para a criação da broca da cana-de-açúcar Diatraea saccharalis (Fabricius) (Lepidoptera: Crambidae); para a lagarta-da-soja Anticarsia gemmatalis Hübner (Lepidoptera: Erebidae) (GREENE; LEPPLA; DICKERSON, 1976); e para a lagarta- do-cartucho-do milho S. frugiperda (KASTEN JUNIOR; PRECETTI; PARRA, 1978). 11 Para o preparo de uma dieta artificial são utilizados ingredientes que forneçam cada um dos nutrientes e que tenham um menor custo, pois seria inviável a utilização dos componentes isoladamente. Dessa forma, a elaboração da dieta apresenta algumas dificuldades, como por exemplo, o processo de preparação da dieta envolve aquecimento, assim deve-se ter alguns cuidados para evitar que ocorra a degradação de proteínas, vitaminas ou mesmo de anticontaminantes durante o preparo. Cohen (2004) mostrou as diferenças nutritivas do germe de trigo, se o produto for torrado ou não, além disso, o armazenamento incorreto ou no caso dos produtos não serem puros podem trazer contaminantes e interferir na criação dos insetos. Outro fator que está diretamente relacionado à técnica de criação é a escolha do recipiente para o acondicionamento dos insetos, o qual pode afetar a sanidade e a nutrição. Se os insetos forem criados individualmente, as possibilidades de alastramento de doenças e contaminações são reduzidas. Outro fato considerável é a eliminação do problema de canibalismo, embora mesmo em casos que as espécies são gregárias, estas podem se tornar canibais, se os insetos forem agrupados em um espaço restrito ou se a dieta for deficiente (PANIZZI; PARRA, 2009). À medida que cresce o número de insetos criados, ou seja, as criações massais, aumentam a ocorrência de problemas de instalações, sanidade, custo, necessidade de automatização, armazenamento e previsão de produção (PARRA, 2007). De acordo com Salvadori e Parra (1990) para a avaliação de que os métodos de criação estão adequados e que podem ser padronizados para uma determinada espécie, existem vários critérios a serem avaliados, destacando-se os morfológicos, biométricos, nutricionais e tabela de vida. O aparecimento de uma anomalia morfológica pode ser a manifestação de uma dieta desfavorável. House (1963) referiu algumas anomalias e pode associar com deficiências nutricionais, como por exemplo, os adultos apresentam deformações especialmente nas asas que podem decorrer de deficiências de ácidos graxos (linoléico ou linolênico) ou, mesmo, da interação dos ácidos graxos com temperaturas elevadas. 12 Cada espécie apresenta diferentes exigências para o estabelecimento da criação, não existindo assim regras específicas, pois a diversidade e os hábitos dos insetos são muito variáveis. Entretanto, as exigências microclimáticas de temperatura, umidade, luz e ventilação devem ser levadas em consideração para qualquer criação (PANIZZI; PARRA, 2009). Quando se trata de criações massais os problemas deixam de ser somente entomológicos e surgem os problemas tecnológicos também. A busca de melhores dietas deve abranger estudos incluindo não só a exigência nutricional, mas também levando em consideração a tecnologia e os equipamentos utilizados na criação visando um aprimoramento para a produção em grande escala. 2.4 . Resistência de Planta a Insetos A resistência de plantas é uma tática de controle do Manejo Integrado de Pragas (MIP), o qual tem por definição como sendo aquela planta que devido à sua constituição genética expressa características fenotípicas físicas, morfológicas e/ou químicas que a torna menos infestada ou injuriada que outras (suscetíveis) em igualdade de condições. Tais características podem afetar os insetos e proporcionar alterações no comportamento, fisiologia e biologia, ou serem capazes de suportar seu ataque, não causando nenhum efeito sobre ele (BOIÇA JÚNIOR et al., 2014). Desse modo, a resistência de plantas a insetos quando comparada aos métodos de controle de pragas disponíveis, pode ser considerada como a tática ideal, uma vez que o uso de plantas resistentes pode contribuir para a redução da população do inseto-praga abaixo do nível de dano econômico, não causam desequilíbrios no agroecossistema, apresentam efeito cumulativo e persistente, não promovem aumento nos custos de produção, não exigem conhecimento específico por parte do agricultor para a sua utilização, além de serem compatíveis, de modo geral, com as demais táticas de controle dentro do manejo integrado de pragas (LARA, 1991). Ao se comparar a forma com que um grupo de genótipos de uma cultura pode resistir ao ataque de um inseto, quanto à alimentação ou oviposição, evidenciam-se indiretamente níveis de respostas, ou seja, níveis de resistência, denominados por 13 Lara (1991) de graus de resistência, cuja classificação baseia-se no nível de injúria ou número de ovos observados. Em função dos diferentes mecanismos de defesa da planta, a resistência pode ser classificada em três categorias ou tipos, os quais são: não preferência para alimentação, oviposição e/ou abrigo, antibiose e tolerância. Deve-se evidenciar que uma mesma planta pode apresentar uma ou mais características de resistência, em virtude da presença de um ou mais genes que irão expressar na planta características responsáveis por resistir ao ataque da praga. Para uma planta que possui resistência para mais de uma espécie de praga, diz-se que esta possui Resistência Múltipla (BOIÇA JÚNIOR et al., 2013). A busca por genes que expressam características de resistência é uma ferramenta viável e eficaz para um programa de melhoramento. Inicialmente deve-se identificar o inseto-praga que ocasiona maior prejuízo para a cultura de interesse, e então buscar possíveis fontes de resistência (BOIÇA JÚNIOR et al., 2011). 2.5 . Metodologias de Pesquisa em Resistência de Plantas A resistência em plantas, por se tratar de um caráter genético, ou seja, pode se manifestar sob determinadas condições, e, portanto, diversos são os fatores que podem influenciar sua expressão, negativa ou positivamente. Entre esses fatores, podem-se destacar aqueles inerentes às plantas (idade, parte, enxertia, etc.), ao inseto (idade, espécie, biótipo, densidade populacional, condicionamento pré- imaginal, etc.) e ao ambiente (umidade, temperatura, nutrientes do solo, fotoperíodo, etc.) (SMITH, 2005). Em vista disso, para a realização de testes visando à avaliação de genótipos de plantas quanto à resistência a um determinado inseto, as condições empregadas nos ensaios devem ser criteriosamente confiáveis a fim de que, um genótipo que realmente apresente genes que expressem alguma característica fenotípica, física, química ou morfológica, se manifeste sob as condições empregadas. É importante salientar que, as metodologias de pesquisa empregadas nos testes de resistência de plantas devem ser previamente avaliadas em função do inseto a ser utilizado nos testes de seleção ou screening, elaborando-se assim 14 protocolos específicos para cada inseto e cultura. Essa prática tem a finalidade de descartar o uso de técnicas e métodos usados em estudos com diferentes insetos e plantas alvos, o que pode levar a conclusões errôneas sobre a resistência dos genótipos testados (BOIÇA JÚNIOR et al., 2013). No que se refere aos fatores relacionados à planta, alguns estudos avaliaram o uso de folhas inteiras ou partes do tecido vegetal na resistência a insetos. O uso de discos foliares ou folíolos é muito comum, com algumas variações nos resultados encontrados pelos dois métodos dependendo da espécie de planta ou inseto. Por exemplo, Huang et al. (2003) observaram que um genótipo de alface expressou maior nível de resistência a Diabrotica balteata LeConte (Coleoptera: Chrysomelidae) em folhas intactas do que naquelas retiradas das plantas, porém, quando o genótipo foi oferecido como disco foliar, a resistência não foi observada. Em outro trabalho, Souza et al. (2012) também comparando o uso de disco foliar e folíolo de soja para A. gemmatalis, observou que a maior diferença no consumo foi para o disco foliar entre os genótipos no teste com chance de escolha, sendo portanto, selecionados para os seguintes experimentos de resistência. Entre os fatores inerentes ao inseto, à densidade populacional a ser utilizada nos experimentos é de fundamental importância na seleção de genótipos, e o procedimento do ensaio só será efetivo com o nível ótimo de infestação artificial, uma vez que densidades muito altas ou muito baixas podem não proporcionar manifestação visível da resistência em genótipos que realmente apresentem tais características, não os distinguindo dos suscetíveis (HARRIS, 1979). Souza (2014), ao testar a densidade de lagartas de A. gemmatalis em genótipos de soja, concluíram que a utilização de uma lagarta por disco foliar proporcionou numericamente a maior diferença no consumo foliar entre os genótipos resistente e suscetível em teste com chance de escolha. 2.6 . Resistência de genótipos de amendoim a insetos-praga Atualmente, várias são as culturas que possuem linhagens ou espécies nativas para serem usadas em programas de melhoramento genético. Estudos relataram a existência de genótipos de amendoim com resistência a várias espécies 15 de insetos-praga. Janini (2009) verificou fontes de resistência à lagarta-do-pescoço- vermelho, avaliando a infestação e sintomas desta praga em condições de campo. O trabalho foi realizado com 44 acessos de 22 espécies silvestres de Arachis, dois anfidiploides e duas cultivares comerciais, nas espécies silvestres A. stenosperma Kaprov. e W.C. Greg., A. cardenasii Kaprov. e W.C. Greg., A. kuhlmannii Kaprov. e W.C. Greg., A. hoehnei Kaprov. e W.C. Greg., A. benensis Kaprov., W.C. Greg. e C.E. Simpson, A. kempff-mercadoi Kaprov., W.C. Greg. e C.E. Simpson e A. helodes Mart., ex. Kaprov. e Rigoni, apresentaram menor porcentagem de presença da lagarta e notas visuais de danos. De modo geral, plantas de amendoim com baixa resistência podem reduzir de 10 a 35% os danos causados por insetos-pragas em relação a uma cultivar suscetível; uma planta com moderada resistência pode representar de 35 a 65% de redução de danos, e uma planta com alta resistência mostrará reduções superiores a 65% (CAMPBELL; WYNNE, 1980). No Brasil, a utilização de cultivares com resistência ao tripes poderia representar ganhos adicionais em produtividade ou promover redução significativa no custo de produção, pela supressão ou redução do controle químico (GODOY et al., 2005). Leuck et al. (1967) estudando o controle de tripes através de genótipos resistentes, na Georgia, E.U.A., observaram que, dentre as cultivares testadas, as do grupo Spanish, Argentine e Starr, foram pouco atacadas quando comparadas com as demais cultivares testadas, ou seja, elas se mostraram mais resistentes ao ataque de Franklinella fusca (Hinds) (Thysanoptera: Thripidae) do que as do grupo Virgínia, enquanto que ocorreu exatamente o inverso com relação à resistência para S. bosquella. Lynch e Mack (1995) citam diversos trabalhos em que a resistência ao tripes foi avaliada em cultivares de amendoim. Na Índia, a cultivar Robut 33- 1 foi avaliada como resistente ao tripes Frankliniella schultzei (Trybom) (Thysanoptera: Thripidae). Linhagens resultantes de cruzamentos com essa cultivar também foram avaliadas como resistentes a vírus. No Brasil, Gabriel et al. (1998) estudaram a flutuação populacional do tripes E. flavens em sete cultivares de amendoim de diversos grupos morfológicos e encontraram diferenças quanto às médias do número de tripes (ninfas e adultos) por 16 folíolo, onde as cultivares de hábito de crescimento rasteiro (grupo Virgínia) aparentemente mostraram menor número de insetos. Nesse estudo, os autores observaram que as cultivares de ciclo longo, tais como IAC Caiapó e IAC Jumbo tenderam a serem menos atacadas pelo tripes em ausência de controle químico, enquanto que cultivares precoces como Tatu foram mais atacadas. Essas diferenças, na morfologia e no ciclo das plantas, sugerem a necessidade de se estudar melhor o comportamento da praga entre cultivares. Boiça Júnior et al. (2004) sugeriram que os genótipos Makap, Peru Amarelo e Altika apresentaram as menores infestações de E. flavens possivelmente devido a fatores de resistência ao inseto. Em amendoim de porte ereto e ciclo curto, Chagas Filho et al. (2008) não encontraram diferenças significativas quanto às infestações de tripes entre os cultivares avaliados. Em estudos com cultivares eretos e rasteiros (respectivamente, de ciclo curto e longo), Moraes (2005), Moraes et al. (2005) e Lourenção et al. (2007) observaram que alguns cultivares rasteiros apresentam menores infestações de E. flavens do que os de porte ereto, e que a produtividade de um dos cultivares rasteiros ( IAC Caiapó) foi menos afetada pela praga, sugerindo possível resistência do tipo “tolerância”. O comportamento deste também foi relatado em outra série de experimentos por Boiça Júnior et al. (2011). Pitta et al. (2010), em teste de não preferência para alimentação com chance de escolha por A. gemmatalis, não verificaram diferença significativa no número de lagartas atraídas por genótipos de amendoim, todavia, na área foliar consumida, os genótipos IAC Caiapó, IAC Runner 886 e IAC 147 foram menos preferidas para alimentação, demonstrando apresentar fatores de resistência à lagarta-da-soja, não se assemelhando ao presente trabalho que obteve resultados diferentes. Em teste sem chance de escolha para genótipos de amendoim de hábito de crescimento rasteiro a S. cosmioides, Boiça Júnior et al. (2013) observaram diferença significativa entre os genótipos IAC 503 e IAC 147, os quais mostraram-se, respectivamente a mais e a menos atrativa em relação às demais. Campos et al. (2011), estudando os aspectos biológicos de S. frugiperda criadas em diferentes genótipos de amendoinzeiro, observaram que IAC Runner 886 proporcionou maior duração da fase larval (21,04 dias) quando comparado a IAC 503, IAC 505 e IAC 17 125. No mesmo trabalho, os autores verificaram que os genótipos IAC 147 e IAC Caiapó apresentaram valores intermediários na duração da fase larval. Boiça Júnior et al. (2013) avaliando os mesmos parâmetros biológicos, referentes aos períodos e viabilidades em genótipos de amendoim de habito de crescimento ereto com S. cosmioides, observaram diferença significativa apenas no período total, sendo que IAC 8112 prolongou o ciclo de S. cosmioides em relação aos genótipos IAC 22, IAC Tatu ST e IAC 5, os quais não diferiram entre si. 3. Referências ÂNGULO A. O.; OLIVARES, T. S.; WEIGERT, G.T . H.. Estados inmaduros de lepidópteros nóctuidos de importancia agrícola y forestal en Chile y claves para su identificación (Lepidoptera: Noctuidae). 3ª edición. Concepción: Universidad de Concepción, 2008. 154p. ARMSTRONG, A. M. Spodoptera sunia (Guenée) [S.albula] (Lepidoptera: Noctuidae): a new record of attack on cabbage in Puerto Rico. Jornal of Agriculture of the University of Puerto Rico, Puerto Rico v. 78, p. 67-68, 1994. BAJAJ, Y. P. S. Peanut. In: Handbook of plant cell culture. New York: Mac. Publs. Comp. p. 193-225, 1984. BANKS, D. J. Peanuts: germplasm resources. Crop Science, New York, v. 16, p. 499–502, 1976. BARROS E. M, TORRES J. B.; BUENO, A. F. Oviposição, Desenvolvimento e reprodução de Spodoptera frugiperda (JE Smith) (Lepidoptera: Noctuidae) em diferentes hospedeiros de importância econômica. Neotropical Entomology, Londrina, v. 39, n. 6, p. 996-1001, 2010. BOIÇA JUNIOR, A. L.; SANTOS, T. M.; CENTURION, M. A. P. C.; JORGE, J. M. Resistência de genótipos de amendoim Arachis hypogaea L. a Enneothrips flavens Moulton, 1941 (Thysanoptera: Thripidae). Bioscience Journal, Uberlândia, v. 20, n. 1, p. 75-80, 2004. 18 BOIÇA JÚNIOR, A. L.; SILVA, A. G.; BOTTEGA, D. B.; RODRIGUES, N. E. L.; SOUZA, B. H. S.; PEIXOTO, M. L.; SOUZA, J. R. Resistência de plantas e o uso de produtos naturais como táticas de controle no manejo integrado de pragas. In: BUSOLI, A. C.; FRAGA, D. F.; SANTOS, L. C.; ALENCAR, J. R. C. C.; GRIGOLLI, J. F. J.; JANINI, J. C.; SOUZA, L. A.; VIANA, M. A.; FUNICHELLO, M. Tópicos em entomologia agrícola IV. Jaboticabal: Gráfica e Editora Multipress, 2011. p. 139- 158. BOIÇA JÚNIOR, A. L.; SOUZA, B. H. S.; LOPES, G. L.; COSTA, E. N.; MORAES, R. F. O.; EDUARDO, W. I. Atualidades em resistência de plantas a insetos. In: BUSOLI, A. C.; ALENCAR, J. R. C. C.; FRAGA, D. F.; SOUZA, L. A.; SOUZA, B. H. S.; GRIGOLLI, J. F. J. (Eds.). Tópicos em entomologia agrícola – VI. Jaboticabal: Gráfica e Editora Multipress, 2013. p. 207-224. BOIÇA JÚNIOR, A. L.; SOUZA, B. H. S.; COSTA, E. N.; MORAES, R. F. O.; EDUARDO, W. I.; RIBEIRO, Z. A. 2014. Resistência de plantas e produtos naturais e as implicações na interação inseto-planta. In: BUSOLI, A. C., SOUZA, L. A.; ALENCAR, J. R. C.; FRAGA, D. F; GRIGOLLI, J. F. J. Tópicos em entomologia agrícola – VII. Jaboticabal: Gráfica e Editora Multipress, 2014. p. 291-308. BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Instrução Normativa nº 3, de 28 de Janeiro de 2009. (Estabelece critérios e procedimentos para o controle higiênico-sanitário do amendoim e subprodutos na cadeia produtiva). 2009. CALCAGNOLO, G.; RENSI, A. A.; GALLO, J. R. Efeitos da infestação do tripes nos folíolos do amendoinzeiro Enneothrips (Enneothripiella) flavens Moulton, 1941, no desenvolvimento das plantas, na qualidade da produção de uma cultura “das águas”. O Biológico, São Paulo, v.40, p.241-42, 1974. CAMPBELL, W.V.; WYNNE, J.C. Resistance of groundnuts to insects and mites. In: Proceedings…INTERNATIONAL WORKSHOP ON GROUNDNUTS, 1980, Patancheru. Proceding... p. 149-157. CONAB. Acompanhamento da safra brasileira: levantamento de grãos. Brasília: CONAB, 2014. 85 p. Disponível em . Acesso em 20 jan. 2015. COHEN, A. C. Insects diet: science and technology. Boca Raton: CRC, p.324, 2004. 19 CAMPOS, A. P.; BOIÇA JÚNIOR, A. L.; JESUS, F. G.; GODOY, I. J. Avaliação de cultivares de amendoim para a resistência de Spodoptera frugiperda. Bragantia, Campinas–SP, v.70, p.349-355, 2011. CONAGIN, C. H. T. M. Desenvolvimento dos frutos nas espécies selvagens de amendoim (Arachis spp.), Bragantia, Campinas, v. 18, n. 5, p. 51-70, 1959. CHAGAS FILHO, N. R. Estratégias de manejo integrado em cultivo de amendoim, de hábitos de crescimento ereto e rasteiro, para o controle do tripes Enneothrips flavens Moulton, 1941. 2008 100f. Tese (Doutorado em Entomologia Agrícola), Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Universidade Estadual Paulista, Jaboticabal, 2008. FAGUNDES, M. H. Sementes de amendoim: alguns comentários. Brasília: CONAB, 2002. Disponível em: . Acesso em 14 jan. 2015. FREITAS, S. M.; MARTINS, S. S.; NOMI, A. K.; CAMPOS, A. F. Evolução do mercado brasileiro de amendoim. In: SANTOS, R.C. (Ed.). O agronegócio do amendoim no Brasil. Campina Grande: Embrapa Algodão; Brasília: Embrapa Informação Tecnológica, 2005. p.15-44. GABRIEL, D.; NOVO, J. P. S.; GODOY, I. J. Efeito do controle químico na população de Enneothrips flavens Moulton e na produtividade de cultivares de amendoim Arachis hypogaea L. O Biológico, São Paulo, v. 65, n. 2, p. 51-56, 1998. GALLO, D.; NAKANO, O.; SILVEIRA NETO, S.; CARVALHO, R. P. L.; BATISTA, G. C.; BERTI FILHO, E.; PARRA, J. R. P.; ZUCCHI, R. A.; ALVES, S. B., VENDRAMIN, J.D.; MARCHINI, L.C.; LOPES, J.R.S.; OMOTO, C. Entomologia agrícola. Piracicaba: FEALQ, 2002, p. 920. GLORIA, R. Control químico del “gusano ejercito” Prodenia sunia (G.) em tomateira. Revista Peruana de Entomologia, Lima, v. 18, n. 1, p. 120-123, 1975. GODOY, I. J.; MOREIRA, C. A; COSTA, J. A. S. Rendimento operacional e perdas na colheita do amendoim. Campinas: Instituto Agronômico, 1984. 12 p. (Boletim Técnico, 93). 20 GODOY, I. J.; MORAES, S. A.; SIQUEIRA, W. J.; PEREIRA, J. C. V. N. A.; MARTINS, A. L. M.; PAULO, E. M. Produtividade, estabilidade e adaptabilidade de es de amendoim em três níveis de controle de doenças foliares. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 34, n. 7, p. 1183-1191, 1999. GODOY, I. J.; MORAES, S. A.; ZANOTTO, M. D.; SANTOS, R. C. . Melhoramento do Amendoim. In: A. Borém (editor). (Org.). Melhoramento de Plantas: Culturas Agronômicas. 2a Edição. Viçosa-MG: Universidade Federal de Viçosa, 2005. GOMES, L. R; SANTOS, R. C.; FILHO, C. J. A.; MELO, P. A. F. Adaptabilidade e estabilidade fenotípica de genótipos de amendoim de porte ereto. In: Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 42, n. 7, p.985-989, 2007. GONZÁLEZ, J. B. Aspectos Importantes sobre la Evolución y Combate de las Plagas del Algodonero en Colombia. Revista Peruana de Entomologia, Lima, v. 9, n. 1, p. 145-155, 1966. GREGORY, W. C.; GREGORY, M. P.; KRAPOUVICKAS, A.; SMITH, B. W.; YARBROUGH, J. A. Strutures and genetic resources of peanut. In: WISON, C. A. (Ed.). The peanut culture and uses. Stillwater: American Peanut Research, 1973. p. 47– 133. GREGORY, W. C. GREGORY, M. P. Groundnut Arachis hypogaea (Leguminosae- Papilonatae). In: SIMMONDDS, N. W. (Ed.). Evolution of crop plants. London: Longman, 1976. p. 151-154. GREGORY, W. C.; KRAPOVICKAS, A.; GREGORY, M. P. Struture, variation, evolution and classification in Arachis. In: SUMMERFIELD, R. J., BONTING, A. H. Advances in Legume Science. London: Kew Publishing, 1980. p. 469-481. KRAPOVICKAS, A.; GREGORY, W. C. Taxonomia del género Arachis (Leguminosae). Bonplandia, Corrientes, v. 8, n. 1-4, p. 1-186, 1994. GREENE, G. L.; LEPPLA, N. C.; DICKERSON, W. A. Velvetbean caterpillar: a rearing procedure and artificial medium. Journal of Economic Entomology, Lanham, v.69, p. 487-488, 1976. HALLMAN, G. Arthropods associated with soya bean in Tolima. Revista Colombiana Entomologia, Bogota, v. 9, p. 55-59, 1983. 21 HARRIS, M. K. Arthropod-plant interactions related to agriculture, emphasizing host plant resistance. In: HARRIS, M.K. (Ed.). Biology and breeding for resistance to arthropods and pathogens in agricultural plants. College Station: Texas A & M University, 1979. p. 23-51. HEPPNER, J. B. 1998. Spodoptera armyworms in Florida (Lepidoptera: Noctuidae). Entomology Circular, Gainesville, n. 390, p. 1-5, 1998. HOUSE, H. L. Nutritional diseases. In STEINHAUS, E. A. (Ed.). Insect pathology: an advanced treatise. New York: Academic, v.1, p. 133-160, 1963. HUANG, J.; NUESSLY, G. S.; MCAUSLANE, H. J.; NAGATA, R. T. Effects of screening methods on expression of romaine lettuce resistance to adult banded cucumber beetle, Diabrotica balteata (Coleoptera: Chrysomelidae). Florida Entomologist, Gainesville, v. 86, n. 2, p. 194-198, 2003. JANINI, J. C. Resistência de espécies silvestres de amendoim (Arachis ssp.) ao ataque de Enneothrips flavens Moulton, 1941 (Thysanoptera, Thripidae) e Stegasta bosquella (Chambers, 1875) (Lepidoptera: Gelechiidae). 2009, 89f, Dissertação (Mestrado em Entomologia Agrícola) Trabalho apresentado à Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Universidade Estadual Paulista, Jaboticabal, 2009. JANINI, J. C. Resistência de germoplasma silvestre de amendoim (Arachis spp.) a Enneothrips flavens Moulton, 1941(Thysanoptera, Thripidae) e Stegasta bosquella (Chambers, 1875) (Lepidoptera: Gelechiidae). 2011 112f. Tese (Doutorado em Entomologia Agrícola), Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Universidade Estadual Paulista, Jaboticabal, 2011. KASTEN JUNIOR, P.; PRECETTI, A. A. C. M.; PARRA, J. R. P. Dados biológicos comparatives de Spodoptera frugiperda (J. E. Smith, 1797) em duas dietas artificiais e substrato natural. Revista Agricultura, Piracicaba, v. 53, p. 68-78, 1978. KING, E.G.; HARTLEY, G. G. Diatraea saccharalis. p. 265-270. In P. Singh & R. F. Moore (eds.). Handbook of insect rearing. New York, Elsevier, p.514, 1985. KING, A. B. S.; SAUNDERS, J. L. The invertebrate pests of annual food crops in Central America. London: Overseas Development Administration, 1984. 166p. 22 KOGAN, M. Criação de insetos: Bases nutricionais e Aplicações em Programas de Manejo de Pragas. Campinas, Fundação Cargill, Anais do Congresso Brasileiro de Entomologia. 6.p.45-75, 1980. LAFONTAINE J. D.; SCHMIDT B. C. Annotated check list of the Noctuoidea (Insecta: Lepidoptera) of North America north of Mexico. ZooKeys, v. 40, p. 1-239, 2010. LARA, F. M. Princípios de resistência de plantas a insetos. São Paulo: Ícone, 1991. 336 p. LA ROSA J.; CABRERA, R.; VERA, R. Influencia de la temperatura en el desarollo de Spodoptera sunia (Lepidoptera: Noctuidae) en tomata “Cambell-28”. Protección de plantas, La Habana, n. 2, v. 3, p. 13-21, 1992. LEUCK, D. B.; HAMMONS, L. W.; HARVEY, J. E. Insect preference for peanut varieties. Journal of Economic Entomology, Lanham, v. 6, p. 1546-1549, 1967. LOURENÇÃO, A. L.; MORAES, A. R. A.; GODOY, I. J.; AMBROSANO, G. M. B. Efeito da infestação de Enneothrips flavens Moulton sobre o desenvolvimento de cultivares de amendoim. Bragantia, Campinas, v. 66, p. 623-636, 2007. LYNCH, R. E.; MACK, T. P. Biological and biotechnical advances for insect management in peanut. In: PATTEE, H.E.; STALKER, H.T. (Eds). Advances in Peanut Science. American Peanut Research and Education Society, 1995. p. 95- 159. MARTINS, R.; VICENTE, J. R. Demandas por inovação no amendoim paulista. Revista Informações Econômicas, São Paulo, v.40, n.5, p.43-51, maio, 2010. MORAES, A. R. A. Efeito da infestação de Enneothrips flavens Moulton no desenvolvimento e produtividade de seis cultivares de amendoim em condições de campo. 2005. 104 f. Dissertação (Mestrado em Agricultura Tropical e Subtropical)- Instituto Agronômico de Campinas. Campinas, 2005. MORAES, A. R. A; LOURENÇÃO, A.L.; GODOY, I.J.; TEIXEIRA G.C. Infestation by Enneothrips flavens Moulton and yield of peanut s. Scientia Agricola, Piracicaba, v.62, n.5, p.469-472, 2005. http://lattes.cnpq.br/8342883361739081 http://lattes.cnpq.br/9634322608141263 23 MONTEZANO, D. G.; SPECHT, A.; BORTOLIN, T. M.; FRONZA, E.; SOSA-GÓMES, D. R.; ROQUE-SPECHR, V. F.; PEZZI, P.; LUZ, P. C.; BARROS, N. M. Immature stages of Spodoptera albula (Walker) (Lepidoptera: Noctuidae): Developmental parameters and host plants. Anais da Academia Brasileira de Ciências, Rio de Janeiro, v. 85, n. 1, p. 271-284, 2013. NOGUEIRA, R. J. M.; TÁVORA, F. J. A. F. Ecofisiologia do amendoim. In: DOS SANTOS, R.C. O agronegócio do amendoim no Brasil. Campina Grande: Embrapa Algodão, p.71-122, 2005. PÁEZ GÁZQUEZ, B.; NOVO PADRINO, J. M. Comportamiento poblacional de Spodoptera sunia (Gn) en siete variedades de tabaco. Revista CENIC Ciências Biológicas, La Habana v. 18, n. 3, p. 133-135, 1987. PANIZZI, A. R.; PARRA, J. R. P. Bioecologia e nutrição de insetos: base para o manejo integrado de pragas. Brasília: Embrapa/CNPq, 2009. 1164p. PARRA, J. R. P. Técnicas de criação de insetos para programas de controle biológico. Piracicaba: USP, 2007. 133 p. PARRA, J. R. P. Criação massal de inimigos naturais. In: Parra, J. R. P.; Botelho, P. S. M.; Corrêa-Ferreira, B. S.; Bento, J. M. S. (ed.). Controle biológico no Brasil: parasitóides e predadores. Piracicaba: FEALQ, 2002, 139 p. PITTA, R. M.; BOIÇA JÚNIOR, A. L.; JESUS, F. G.; TAGLIARI, S. R. A.Seleção de genótipos resistente de amendoinzeiro a Anticarsia gemmatalis Hübner (Lepidoptera: Noctuidae) com base em análises multivariadas. Neotropical Entomology, Londrina-PR, v. 39, p.260-265, 2010. POGUE, G. M. The world revision of the genus Spodoptera (Guenée) (Lepidoptera: Noctuidae). Memoirs of the American Entomological Society, v. 43, p. 1-202, 2002. PRUETT C. J. H.; GUAMÁN, I. Principios de manejo integrado de plagas y biocontrol en siembra directa. In: ROSSELLO, RD. (Coord.). Siembra Directa en el Cono Sur. PROCISUR: Montevideo, 2001. p. 450. RAO, V. R.; MURTHY, V. R. Botany - morphology and anatomy. In: SMARTT, J. (Ed.). The groundnut Crop. London: Chapman Hall, 1994. p. 43-95. 24 ROSSETO, C. J. Requisitos nutricionais de insetos fitófagos. Campinas: Instituto Agronômico, 1980. 30p. (IAC. Circular Técnica, 105). SALVADORI, J. R.; PARRA, J. R. P. Seleção de dietas artificiais para Pseudaletia sequax (Lepidoptera: Noctuidae). Pesquisa Agropecuária Brasileira, Rio de Janeiro, v.25, p. 1701-1713, 1990. SANTOS, R. C.; GODOY, I. J. Hibridação em amendoim. In: BORÉM, A. (Ed.). Hibridação artificial de plantas. Viçosa: UFV, 1999. p. 83-100. SAVOIE, K. L. Alimentación selectiva por especies de Spodoptera (Lepidoptera: Noctuidae) en un campo de frijol con labranza mínima. Turrialba, San Jose, v. 38, p. 67-70, 1988. SILVA, G. P. O conhecimento da geografia do gênero Arachis (Leguminosae) para a coleta de germoplasma. In: SIMPÓSIO LATINO-AMERICANO DE RECURSOS GENÉTICOS VEGETAIS, 1., 1997, Campinas. Anais… Campinas: IAC/CENARGEN, 1997. p. 24-24. SILVEIRA, P. S. et al. Teor de proteínas e óleo de amendoim em diferentes épocas de semeadura e densidade de plantas. Revista FZVA Uruguaiana,v. 18, n. 1, p. 34- 45, 2011. SMITH, C. M. Plant resistance to arthropods: molecular and conventional approaches. Drodrecht: Springer, 2005. 423 p. SMITH, C. N. Insect colonization and mass production. New York: Academic, 1966. 618p. SOUZA, B. H. S.; BOIÇA JÚNIOR, A. L.; JANINI, J. C.; SILVA, A. G.; RODRIGUES,N. E. L. Feeding of Spodoptera eridania (Lepidoptera: Noctuidae) on soybean genotypes. Revista Colombiana de Entomología, Bogotá, v. 38, n. 2, p. 215-223, 2012. SOUZA, B. H. S. Fatores e mecanismos que influenciam a resistência em soja a Anticarsia gemmatalis HÜBNER e Spodoptera frugiperda (J. E. SMITH). 2014. 142f. Tese (Doutorado em Entomologia Agrícola), Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Universidade Estadual Paulista, Jaboticabal, 2014. 25 TEIXEIRA, E. P.; NOVO, J. P. S.; STEIN, C. P.; GODOY, I. J. Primeiro registro da ocorrência de Spodoptera albula (Walker) (Lepidoptera: Noctuidae) atacando amendoim (Arachis hypogaea, L.) no estado de São Paulo. Neotropical Entomology, Londrina, v. 30, n. 4, p. 723-724, 2001. TODD, E. L.; POOLE, R. W. Keys and illustrations for the armyworm moths of the Noctuid Genus Spodoptera Guenée from the Western Hemisphere. Annals of the Entomological Society of America, v. 73, n. 6, p. 722-738, 1980. VALLS, J. F. M.; SIMPSONS N. C. E. Taxonomy, natural distribution, and attributes of Arachis. In: KERRIDGE, P.C.; HARDY, B. (Ed.). Biology and Agronomy of Forage Arachis. Cali: Centro Internacional de Agricultura Tropical, 1994. p. 1-18. VÁZQUEZ, L. L.; MENÉNDEZ, J. M.; LÓPEZ, R. Manejo de insectos de importancia forestal en Cuba. Manejo Integrado de Plagas, Costa Rica, v. 54, p. 13-26, 1999. WALKER, F. List of Specimens of Lepidopterous Insects in the Collection of the British Museum. Edward Newman London, United Kingdom, v. 11, p. 493-764, 1857. ZENKER, M. M.; BOTTON, M.; TESTON, J. A.; SPECHT, A. Noctuidae moths occurring in grape orchards in Serra Gaúcha, Brazil and their relation to fruit-piercing. Revista Brasileira de Entomologia, São Paulo, v. 54, n. 2, p. 288-297, 201 26 CAPITULO 2 – ADEQUAÇÃO DA METODOLOGIA PARA CRIAÇÃO DE Spodoptera albula (WALKER, 1857) (LEPIDOPTERA: NOCTUIDAE) EM DIETA ARTIFICIAL RESUMO - Avanços sobre técnicas de criação de insetos em dietas artificiais são fundamentais para solucionar problemas relacionados à Entomologia Básica ou Aplicada. Nesse trabalho, o desenvolvimento de Spodoptera albula (Lepidoptera: Noctuidae) foi avaliado em três dietas artificiais utilizadas para outras espécies de Lepidoptera, em três densidades larvais, duas densidades de casais por gaiola e em dois tipos de gaiolas, a fim de otimizar a metodologia de sua criação em laboratório. Além disso, as concentrações de nitrogênio e proteínas totais nas três dietas artificias foram quantificadas. Os ensaios foram realizados em condições ambientais controladas, e foram avaliados os seguintes parâmetros biológicos de S. albula: duração e sobrevivência das fases larval, pupal e de larva-adulto; pesos de lagartas e pupas; razão sexual; e longevidade de adultos. Avaliou-se o número de ovos e posturas colocadas utilizando cinco e 10 casais em gaiolas de dois tamanhos. S. albula conseguiu completar seu ciclo biológico em todas as dietas artificiais; entretanto, a dieta 2 utilizada para a criação de lagartas de Anticarsia gemmatalis (Lepidoptera: Erebidae) foi a mais adequada, proporcionando intermediário tempo de desenvolvimento e maior sobrevivência em relação às demais dietas. A individualização das lagartas favoreceu o desenvolvimento de S. albula, resultando em maior ganho de peso de lagartas e pupas, maior sobrevivência, e maior longevidade de adultos. O tamanho da gaiola não afeta o número de ovos colocados pelas fêmeas, e o maior número de casais por gaiola não causa aumento na oviposição de cada casal. Possíveis adequações na metodologia de criação estabelecida são discutidas para que a criação de S. albula alcance maiores índices de sobrevivência e fecundidade. Palavras chave: criação de insetos, densidade larval, gaiola de oviposição, nutrição de insetos 27 CHAPTER 2 – ADJUST OF THE METHODOLOGY FOR CREATING Spodoptera albula (Walker, 1857) (LEPIDOPTERA: NOCTUIDAE) IN ARTIFICIAL DIET ABSTRACT - Advances on techniques for rearing insects on artificial diets are fundamental to solve issues of Basics and Applied Entomology. In this study, we evaluated development of Spodoptera albula (Lepidoptera: Noctuidae) on three artificial diets used for other Lepidoptera species, in three larval densities, two densities of adult pairs, and two oviposition cages, attempting to optimize the methodology for rearing S. albula in laboratory. In addition, concentrations of total nitrogen and proteins were quantified in the three artificial diets. Assays were conducted under environmentally controlled conditions, and the following biological parameters were recorded from S. albula: duration and survival of larval, pupal, and larva-to-adult stages; weights of larvae and pupae; sex ratio; and adult longevity. Numbers of eggs and egg masses were recorded using five and 10 adult pairs in two size-varying oviposition cages. S. albula successfully completed development on all artificial diets; however, diet 2 used for rearing Anticarsia gemmatalis (Lepidoptera: Erebidae) larvae, was the most adequate by providing intermediate development time and highest survival relative to the other diets. Individualization of larvae favored S. albula development by providing greater weights of larvae and pupae, highest survival, and longest adult longevity. The size of cages does not affect number of eggs laid by females, and using greater adult pairs per cage does not increase oviposition per each pair. Potential improvement in the rearing methodology herein established is discussed so that S. albula rearing can obtain higher rates of survival and fecundity. KEYWORDS: insect rearing, larval density, oviposition cage, insect nutrition 28 1. Introdução O gênero Spodoptera (Lepidoptera: Noctuidae) possui cerca de 30 espécies identificadas, as quais apresentam ampla distribuição geográfica, e são encontradas com frequência em regiões de clima temperado. Esse gênero compreende um grupo de lagartas desfolhadoras que inclui a maioria das pragas de importância econômica para culturas agrícolas (POGUE, 2002; ÂNGULO; OLIVARES; WEIGERT, 2008). A espécie Spodoptera albula (Walker) (Lepidoptera: Noctuidae) tem se tornado uma praga importante por apresentar ampla gama de hospedeiros. S. albula é registrada na literatura como praga de culturas como o tomate, soja, milho, sorgo, hortaliças, algodão, ervilha e beterraba, ocasionando reduções no desenvolvimento e produtividade das plantas por se alimentar tanto de folhas quanto de frutos. Além disso, as lagartas de S. albula ocasionalmente podem cortar os caules das plantas hospedeiras (TEIXEIRA et al., 2001). Nas Américas, S. albula tem ocorrência na Flórida, sudeste do Texas, em todo o Caribe, América Central, na América do Sul, da Venezuela ao Paraguai, sudeste do Brasil (POGUE, 2002; ZENKER et al., 2010) e Chile (ÂNGULO; OLIVARES; WEIGERT 2008). No Brasil, sua primeira ocorrência foi registrada em amendoinzeiro (Arachis hypogaea L.), com alta infestação na safra de 1999/2000. Isso demonstra o potencial de S. albula como praga dessa cultura e de outras oleaginosas no Estado de São Paulo (TEIXEIRA et al., 2001), principal Estado produtor de amendoim do Brasil e responsável por cerca de 80% da produção do país (AGRIANUAL, 2014). Atualmente, as populações de S. albula têm se mantido controladas, abaixo do nível de dano econômico nas áreas de amendoim, devido ao uso de inseticidas para o controle de outros lepidópteros- praga da cultura. Estudos em bioecologia e nutrição de insetos permitiram o desenvolvimento de dietas artificiais, proporcionando condições adequadas para a criação massal em laboratório. Essa contribuição favoreceu estudos e aplicações dos resultados no Manejo Integrado de Pragas, por exemplo, no controle biológico, técnica do inseto estéril e síntese de feromônios (PANIZZI; PARRA, 2012). Um dos primeiros passos a serem efetuados para a realização de estudos bioecológicos e de desenvolvimento de métodos de controle de um inseto é a definição de uma dieta artificial que permita a sua criação, isto é, que atenda requisitos mínimos que possam elevar sua 29 qualidade biológica e que também seja viável economicamente (SALVADORI; PARRA, 1990). Independentemente da classificação taxonômica e do hábito alimentar dos insetos, as exigências nutricionais qualitativas são semelhantes interespecificamente, e os nutrientes devem ser adequadamente balanceados na dieta, especialmente na proporção de proteínas e carboidratos (PANIZZI; PARRA, 2012). Uma das alternativas para definir um método de criação para determinado inseto consiste em trabalhar com dietas artificiais utilizadas para outros insetos taxonomicamente semelhantes, procurando ajustá-la de acordo com as necessidades nutricionais da espécie investigada. Além disso, a escolha do recipiente de criação deve levar em consideração o comportamento do inseto; muitos insetos são canibais, ou mesmo quando são espécies gregárias, estas podem se tornar canibais. O recipiente também deve ser adequado para que a dieta não seja perdida por evaporação, provocando alterações em sua textura e palatabilidade (PANIZZI; PARRA, 2012). A gaiola de oviposição deve ser apropriadamente dimensionada, pois alguns insetos necessitam de espaço para o acasalamento (GULLAN; CRASTON, 2010). A capacidade reprodutiva pode ser interferida pela frequência de cópulas; cópulas múltiplas são comuns em quase todas as espécies de Lepidoptera, o que pode favorecer a diversidade genética da progênie e evitar incompatibilidade genética (TREGENZA; WEDELL, 2002). A reposição espermática ocorre quando a primeira cópula não transmite espermatozoides em quantidade suficiente para fertilizar todos os ovos da fêmea ou devido à degradação natural dos espermatozoides devido ao longo tempo de armazenamento dentro da espermateca (THORNHILL; ALCOCK, 1983). Além disso, as fêmeas também podem copular para obter mais nutrientes através do espermatóforo do macho, a fim de aumentar a longevidade e fecundidade (KARLSSON; LEIMAR; WIKLUND, 1998; JIMENEZ-PEREZ; WANG; MARKWICK, 2003). Portanto, o número de adultos utilizados por gaiola de oviposição pode interferir no número de cópulas, afetando a reprodução do inseto. Tendo em vista a elevada polifagia de S. albula, testou-se a hipótese de que dietas adequadas ao desenvolvimento de outras lagartas de Lepidoptera permitem a criação de S. albula com elevada qualidade biológica, em condições de laboratório. 30 Dessa forma, o objetivo do presente estudo foi avaliar o desenvolvimento de S. albula em três dietas artificiais, utilizadas com sucesso para a criação de Spodoptera frugiperda (J. E. Smith) (Lepidoptera: Noctuidae), Anticarsia gemmatalis Hübner (Lepidoptera: Erebidae) e Diatraea saccharalis (Fabricius) (Lepidoptera: Crambidae), visando selecionar uma dieta mais adequada nutricionalmente ao inseto. Além disso, a criação de S. albula foi testada em três densidades larvais, duas densidades de adultos e em dois tamanhos de gaiolas para oviposição. Espera-se que os resultados obtidos nesse trabalho possam contribuir para a melhoria da metodologia utilizada para a criação de S. albula, produzindo insetos em quantidade e qualidade satisfatórias para uso em estudos relacionados com o manejo integrado da praga. 2. Material e Métodos O trabalho foi desenvolvido no Laboratório de Resistência de Plantas a Insetos (LARPI) do Departamento de Fitossanidade da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias (FCAV/UNESP), Jaboticabal, SP, Brasil. Os ensaios foram conduzidos em condições controladas de temperatura (25 ± 2oC), umidade relativa (70 ± 10%) e fotoperíodo (12C:12E h). Para o estabelecimento da criação de S. albula, inicialmente foram coletadas cerca de 100 lagartas, com o auxílio de um pano de batida, em áreas cultivadas com amendoim (cv. IAC Runner 886) na região de Jaboticabal, SP. Os insetos coletados foram transferidos individualmente em tubos ensaio de fundo chato (2,5 cm de diâmetro x 8,5 cm de altura) com dieta padrão de criação de A. gemmatalis (GREENE; LEPPLA; DICKERSON, 1976). Alguns adultos foram enviados para o professor Dr. Roberto Antonio Zucchi, da Universidade de São Paulo/ESALQ, para identificação. Após o estabelecimento da criação, os ensaios foram iniciados utilizando-se insetos da geração F3. 31 2.1. Experimento 1: Avaliação de parâmetros biológicos de Spodoptera albula em dietas artificiais Estudou-se o desenvolvimento de S. albula em três dietas artificiais amplamente utilizadas com sucesso para a criação de outros lepidópteros: (a) dieta 1, desenvolvida por King e Hartley (1985) para a criação da broca da cana-de- açúcar D. saccharalis; (b) dieta 2, para a lagarta-da-soja A. gemmatalis (GREENE; LEPPLA; DICKERSON, 1976); e (c) dieta 3, para a lagarta-do-cartucho S. frugiperda (KASTEN JUNIOR; PRECETTI; PARRA, 1978). Ao longo do texto, esses três tratamentos serão referidos respectivamente como dietas 1, 2 e 3 (Tabela 1). Tabela 1. Dietas artificiais utilizadas para criação de Spodoptera albula, sendo relatadas como alimento para criações de Diatraea saccharalis (Dieta 1), Anticarsia gemmatalis (Dieta 2) e Spodoptera frugiperda (Dieta 3). Constituintes Quantidade* Dieta 1 Dieta 2 Dieta 3 Sacarose 120,0 g - - Farelo de soja 120,0 g 100,0 g - Germe de trigo 35,0 g 200,0 g - Levedura - 125,0 g 15,0 g Nipagin 7,0 g 10,0 g 0,5 g Ácido ascórbico 4,2 g 12,0 g 1,5 g Ácido sórbico - 6,0 g 0,5 g Cloreto de colina 0,9 g - - Sais de Wesson 17,0 g - - Solução vitamínica 25,0 mL 20,0 ml - Vita gold 0,9 ml - - Binotal 0,3 g - - Tetraciclina 0,3 g 1c. 500 mg - Formaldeído 1,7 mL 12,0 ml 1,0 mL Ágar 25,0 g 46,0 g 12,0 g Caseína 54,0 g 75,0 g - Feijão - 250,0 g 100,0 g Água 2000,0 mL 3400,0 mL 625,0 mL *Material suficiente para o uso em 100 tubos de fundo chato. Para o estabelecimento da metodologia de criação foram utilizadas 100 lagartas recém-eclodidas provenientes da geração F3 para cada dieta. As lagartas foram inoculadas individualmente com o auxílio de um pincel fino em tubos de vidro de fundo chato de 2,5 cm de diâmetro x 8,5 cm de altura, previamente esterilizados em estufa a 120°C por duas horas, contendo aproximadamente 15 ml de dieta 32 despejada e solidificada no fundo dos recipientes. Os tubos foram tamponados com algodão hidrófobo, e acondicionados, com a abertura voltada para baixo, em estantes de madeira com 15% de declividade. O ensaio foi instalado em delineamento inteiramente casualizado, com 100 repetições, com cada unidade experimental representada por uma lagarta em cada tubo. As lagartas foram observadas diariamente para avaliar a duração de cada fase biológica e sobrevivência. As lagartas foram pesadas com 12 dias de idade em balança analítica de precisão (0,0001 g). Quando os insetos atingiram a fase de pupa, as mesmas foram pesadas com 24 horas de idade, e em seguida transferidas para copos plásticos de 50 ml, e tampados para a avaliação da sobrevivência diária do adulto sem alimentação. As pupas foram observadas quanto ao sexo observando-se as características morfológicas do abdome das pupas, e a razão sexual foi calculada por meio da fórmula: RS = número total de fêmeas dividido pelo número total de insetos (machos + fêmeas). Assim, durante o desenvolvimento de S. albula, os seguintes parâmetros biológicos foram avaliados: duração e sobrevivência das fases larval, pupal e larva-adulto; peso de lagartas aos 12 dias de idade; peso de pupa com 24 horas de idade; razão sexual e longevidade de adultos sem alimento. Para se obter o valor nutritivo das dietas, 10 amostras para cada dieta foram separadas e secas em estufa com circulação de ar a 60ºC por 72 horas e então pesadas novamente. Após a secagem, todas as amostras foram processadas em um moinho de facas do tipo Willey (modelo Te 650, Tecnal, Piracicaba, Brasil), com peneira de malha com crivo de 1 mm. Foi quantificado o teor de proteína bruta (PB), de acordo com os procedimentos descritos pela AOAC (1990), obtida por condutividade térmica utilizando-se o equipamento Leco®, modelo FP-528 (Leco Corporation, Michigan, USA). Os dados obtidos dos parâmetros biológicos de S. albula foram analisados quanto à normalidade dos resíduos (teste de Kolmogorov-Smirnov) e homogeneidade das variâncias (teste de Levene). Pelo fato de os dados não apresentarem distribuição normal e/ou homogeneidade de variâncias, foram submetidos ao teste não paramétrico de Kruskal-Wallis, com exceção dos dados de duração do período de larva-adulto e longevidade de adultos sem alimento, que 33 foram submetidos à análise de variância (ANOVA), e quando significativo suas médias foram separadas pelo teste de Tukey (P<0,05). Os dados de duração do período de larva-adulto foram transformados em (x)1/2 antes da ANOVA para atender aos pressupostos da normalidade e homocedasticidade, porém são apresentadas as médias reais nas tabelas para facilitar a interpretação dos resultados. As análises foram realizadas no software Statistica, versão 7 (STATSOFT, 2004). 2.2. Experimento 2: Desenvolvimento biológico de Spodoptera albula em diferentes densidades larvais Esse ensaio teve como objetivo a maximização da produção do inseto. Assim, foram testadas as densidades larvais de uma, duas e três lagartas de S. albula por recipiente. Foram utilizados os mesmos tubos de vidro de fundo chato utilizados no experimento 1, os quais foram previamente esterilizados e tamponados com algodão hidrófobo, como previamente descritos. As lagartas da geração F6 obtidas da criação estoque foram alimentadas com a dieta 2 (A. gemmatalis), pois proporcionou os melhores resultados no ensaio anterior. A metodologia de instalação e os parâmetros biológicos avaliados foram semelhantes aos descritos no Bioensaio 1. Utilizou-se o delineamento experimental inteiramente casualizado, com 100 repetições, onde cada unidade experimental consistiu de um tubo com uma lagarta. Os dados obtidos dos parâmetros biológicos de S. albula foram analisados quanto à normalidade dos resíduos (teste de Kolmogorov-Smirnov) e homogeneidade das variâncias (teste de Levene). Pelo fato de os dados não apresentarem distribuição normal e/ou homogeneidade de variâncias, os dados foram submetidos ao teste não paramétrico de Kruskal-Wallis, com exceção dos dados de duração do período larva-adulto e de longevidade de adultos sem alimento. Estes foram transformados em (x)1/2 para atender aos pressupostos da normalidade e homocedasticidade e então submetidos à ANOVA. Quando a análise foi significativa, suas médias foram separadas pelo teste de Tukey (P<0,05). As análises foram realizadas no software Statistica, versão 7 (STATSOFT, 2004). 34 2.3. Experimento 3: Determinação da densidade de casais e tamanho de gaiolas para oviposição de Spodoptera albula Para a realização desse ensaio, adultos provenientes da criação estoque e emergidos no mesmo dia foram separados em casais e colocados nas gaiolas de oviposição. Foram avaliados quatro tratamentos, incluindo dois tipos de gaiolas para oviposição e duas densidades de casais. As gaiolas foram constituídas por tubos de Policloreto de Vinila (PVC) de 10 cm de diâmetro (pequena) ou 20 cm de diâmetro (grande) e 20 cm de altura para ambos. As densidades de casais avaliadas foram de cinco e 10 casais por gaiola. As gaiolas foram revestidas internamente com papel utilizado para teste de germinação de sementes, afim de facilitar a mobilidade, dispostas sobre pratos plásticos de 15 cm e 25 cm de diâmetro, forrados com o mesmo papel e tampadas na extremidade superior com tecido voile. Os adultos foram alimentados com solução aquosa de mel a 10% oferecida em um chumaço de algodão hidrófilo embebido em um recipiente de plástico no fundo da gaiola. Diariamente, o alimento foi substituído e a sobrevivência dos adultos avaliada. Após o início da oviposição, o papel foi substituído para quantificar as posturas e ovos colocados por S. albula. Nesse ensaio, utilizou-se o delineamento experimental inteiramente casualizado, com cinco repetições. Cada unidade experimental foi constituída pelas gaiolas pequena ou grande, contendo cinco ou 10 casais de S. albula. Os dados de número de ovos colocados foram primeiramente submetidos ao teste de Kolmogorov-Smirnov para verificação da normalidade dos resíduos, e ao teste de Levene para análise da homogeneidade de variâncias. Pelo fato de os dados não apresentarem distribuição normal e/ou homogeneidade de variâncias, foram submetidos ao teste não paramétrico de Kruskal-Wallis. As análises foram realizadas no software Statistica, versão 7 (STATSOFT, 2004). 35 3. Resultados 3.1. Experimento 1: Avaliação de parâmetros biológicos de Spodoptera albula em dietas artificiais A duração do período larval de S. albula apresentou diferenças significativas entre as dietas artificiais avaliadas (H2,210 = 151,70; P < 0,0001). A dieta 3 (S. frugiperda) proporcionou a maior duração da fase larval, 1,8 vezes maior que a duração dessa fase na dieta 1 (D. saccharalis), que proporcionou o menor período larval de S. albula. As dietas 2 (A. gemmatalis) e 3 (S. frugiperda) foram aquelas que causaram a maior (81%) e menor (57%) sobrevivência das lagartas de S. albula, respectivamente, diferindo significativamente entre si (H2,297 = 15,63; P = 0,0004). A dieta 1 (D. saccharalis) proporcionou sobrevivência larval intermediária (75%), e não diferiu de ambas as dietas artificiais comparadas (Tabela 2). Lagartas de S. abula alimentadas com a dieta 2 (A. gemmatalis) e dieta 3 (S. frugiperda) obtiveram respectivamente a maior e menor duração do período pupal, e ambas não diferiram significativamente da dieta 1 (D. saccharalis) (H2,172 = 10,42; P = 0,0055). Para a sobrevivência pupal (Tabela 2), a dieta 2 (A. gemmatalis) proporcionou aumento de 1,4 vezes na sobrevivência quando comparada à dieta 1 (D. saccharalis), as quais diferiram significativamente entre si (H2,210 = 14,59; P = 0,0007). A dieta 3 (S. frugiperda) não diferiu de ambas as dietas artificiais para a sobrevivência de pupas de S. albula. A duração (F2,172 = 241,28; P < 0,0001) e sobrevivência (H2,297 = 23,97; P < 0,0001) do período de larva-adulto de S. albula diferiram significativamente entre as dietas avaliadas. A dieta 3 (S. frugiperda) causou aumento na duração desse período de 1,5 e 1,3 vezes em relação às dietas 1 (D. saccharalis) e 2 (A. gemmatalis), respectivamente. A dieta 2 (A. gemmatalis) proporcionou período de larva-adulto intermediário, enquanto a dieta 1 (D. saccharalis) proporcionou desenvolvimento de S. albula significativamente mais curto. Quanto à sobrevivência de larva-adulto, a dieta 2 (A. gemmatalis) proporcionou o maior índice, sendo 1,6 e 1,7 vezes maior em relação à dieta 1 (D. saccharalis) e dieta 3 (S. frugiperda), respectivamente, as quais não diferiram entre si (Tabela 2). 36 Lagartas de S. albula alimentadas com a dieta 1 (D. saccharalis) apresentaram o maior ganho de peso em relação às demais dietas (H2,236 = 170,25; P < 0,0001). O ganho de peso das lagartas criadas com essa dieta foi 2,3 vezes maior em relação ao ganho de peso das lagartas alimentadas com a dieta 2 (A. gemmatalis), que foi intermediário, e 12,1 vezes maior que o ganho de peso larval na dieta 3 (S. frugiperda). Tabela 2. Duração (dias) dos períodos larval, pupal e de larva a adulto e sobrevivência (%) larval, pupal e de larva-adulto de Spodoptera albula alimentada em três dietas artificiais. Dietas Larval Pupa Larva a adulto Período Sobrevivência Período Sobrevivência Período Sobrevivência Diatraea saccharalis (1) 19,51±0,29c 75,00±4,35ab 12,00±0,22ab 65,79±5,48b 30,84±0,35c 50,00±5,03b Anticarsia gemmatalis (2) 22,90±0,29b 81,00±3,94a 12,67±0,15a 96,30±0,11a 35,56±0,38b 78,00±4,16a Spodoptera frugiperda (3) 34,75±0,75a 57,00±4,98b 11,89±0,21b 82,45±5,08ab 45,32±0,58a 47,00±5,02b H2,210=151,70 H2,297=15,63 H2,172=10,42 H2,210=14,59 F2,172=241,28 H2,297=23,97 p<0,0001 p=0,0004 p=0,0055 p=0,0007 p<0,0001 p<0,0001 Médias seguidas de letras diferentes na coluna diferem significativamente entre si (p<0,05). Lagartas de S. albula alimentadas com as dietas 1 (D. saccharalis) e 3 (S. frugiperda) produziram pupas com o maior e menor peso (H2,210 = 21,52; P < 0,0001), respectivamente (Tabela 3). A alimentação de S. albula na dieta 1 (D. saccharalis) resultou em pupas com peso 1,1 vezes maior do que aquelas produzidas com a dieta 3 (S. frugiperda), enquanto o peso das pupas provenientes da dieta 2 (A. gemmatalis) não diferiu significativamente entre as dietas testadas. A longevidade dos adultos de S. albula diferiu significativamente entre as dietas avaliadas (F2,156 = 5,59; P = 0,0045). As dietas 1 (D. saccharalis) e 2 (A. gemmatalis) produziram adult