RESSALVA Atendendo solicitação do(a) autor(a), o texto completo deste trabalho será disponibilizado somente a partir de 20/02/2019. UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” FACULDADE DE MEDICINA Carlos Izaias Sartorão Filho Ultrassonografia tridimensional dos músculos do assoalho pélvico de gestantes com diabete melito gestacional Dissertação apresentada à Faculdade de Medicina, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Campus de Botucatu, para obtenção do título de Mestre em Ginecologia, Obstetrícia e Mastologia. Orientadora: Profa. Titular Marilza Vieira Cunha Rudge Coorientadora: Profa. Dra. Angélica Mércia Pascon Barbosa Botucatu 2017 UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” FACULDADE DE MEDICINA Carlos Izaias Sartorão Filho Ultrassonografia tridimensional dos músculos do assoalho pélvico de gestantes com diabete melito gestacional Dissertação apresentada à Faculdade de Medicina, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Campus de Botucatu, para obtenção do título de Mestre em Ginecologia, Obstetrícia e Mastologia. Orientadora: Profa. Titular Marilza Vieira Cunha Rudge Coorientadora: Profa. Dra. Angélica Mércia Pascon Barbosa Botucatu 2017 Dedicatórias A Deus, por ter sempre iluminado o meu destino, pelo suporte nos momentos de angústia e por me dar força e coragem para superar todos os obstáculos. Aos meus pais Carlos e Célia, exemplos de caráter, sabedoria e dedicação em tudo o que fazem. À minha esposa Celyse, pelo amor e carinho e pelo apoio incondicional nesta jornada. Aos meus filhos Carlos Neto e Ana Luísa, fontes inesgotáveis de inspiração. A toda minha Família, em especial às minhas irmãs Sílvia e Lígia, cunhados e sobrinhos, por todo o suporte e incentivo. Agradecimentos À Profa. Titular Marilza Vieira Cunha Rudge, toda a minha admiração pela competência, inteligência e dedicação no ensino e condução dos trabalhos. À Profa. Dra. Angélica Mércia Pascon Barbosa e a toda sua família, por me introduzir nesta maravilhosa jornada acadêmica. Meus sinceros agradecimentos pela paciência e dedicação e por todos os ensinamentos. À Profa. Dra. Baerbel Junginger, pelas orientações e revisão dos exames. Ao Prof. Dr. Roberto Antonio de Araújo Costa e à Profa. Titular Iracema de Mattos P. Caldeiron, pelo apoio e disponibilidade nas atividades do ambulatório da FMB-Unesp. À Profa. Adjunta Zsuzsanna Ilona Katalin de Jármy di Bella, pela valiosa contribuição no aprimoramento do método de ultrassom no ambulatório da Unifesp. Ao grupo de pesquisa “Diabetes e Gravidez: clínico e experimental” da Faculdade de Medicina de Botucatu – Unesp, em especial às amigas e companheiras de trabalho Carolina Baldini Prudêncio e Fabiane Afonso Pinheiro, pela contribuição na execução dos nossos estudos. À equipe da Euroclínica de Assis, em especial à Deise, Leticia e Adriana, pela dedicação e apoio na nossa jornada diária de trabalho. Aos amigos do serviço de obstetrícia do Hospital Regional de Assis, em especial ao Dr. Armênio Carpentieri Junior e Dr. André Luiz da Silveira, parceiros no rastreamento e prospecção das gestantes. À equipe do laboratório de análises clínicas do Hospital Regional de Assis. Um especial agradecimento à minha querida irmã Sílvia, pela fundamental ajuda na prospecção das gestantes. Ao corpo docente e discente da Faculdade de Medicina de Assis – Fema, pelo incentivo na carreira acadêmica. Aos funcionários da seção de Pós-Graduação do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Unesp de Botucatu. Ao Hélio R. C. Nunes, pela competência e presteza na elaboração das análises estatísticas. Ao Nerdcast (jovemnerd.com.br) e à banda Pink Floyd, meus combustíveis sonoros que embalaram as viagens até Botucatu. A todos os amigos e profissionais que, de alguma maneira, puderam contribuir para a realização deste trabalho. Às gestantes que participaram voluntariamente deste estudo, meus mais sinceros agradecimentos pela contribuição. Epígrafe “Jamais considere seus estudos como uma obrigação, mas como uma oportunidade invejável para aprender a conhecer a influência libertadora da beleza do reino do espírito, para seu próprio prazer pessoal e para proveito da comunidade à qual seu futuro trabalho pertencer.” Albert Einstein https://pensador.uol.com.br/autor/albert_einstein/ Resumo Sartorão Filho, C. I. Ultrassonografia tridimensional dos músculos do assoalho pélvico de gestantes com diabete melito gestacional. 2017. 52f. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Medicina de Botucatu, Universidade Estadual Paulista, Botucatu, Brasil. Objetivo: Diabete Melito gestacional (DMG) está associado à lesão muscular, e isso pode induzir alterações na biometria do assoalho pélvico durante o período pré- natal. O objetivo deste estudo foi avaliar a progressão da biometria do assoalho pélvico usando a ultrassonografia tridimensional (3D) por via transperineal durante o período pré-natal em mulheres com DMG. Métodos: Neste estudo de coorte prospectivo, 44 gestantes com DMG e 66 normoglicêmicas (grupo-controle) foram recrutadas no segundo trimestre de gravidez. Todas eram maiores de 18 anos de idade, nulíparas ou primíparas com cesárea eletiva prévia, com gravidez única. Ultrassonografia 3D por via transperineal foi realizada com 24-30 e 34-40 semanas de gestação, com a paciente em posição de litotomia, em repouso, e medidas biométricas do assoalho pélvico foram avaliadas no plano axial da mínima dimensão hiatal do músculo levantador do ânus. Os dados biométricos e demográficos obtidos com 24-30 e 34-40 semanas de gestação foram comparados entre os grupos, bem como as mudanças na progressão da biometria do assoalho pélvico nestes dois pontos definidos de avaliação. Resultados: Das 110 gestantes incluídas no estudo, 100 completaram o seguimento com 34-40 semanas de gestação. O grupo DMG teve uma porcentagem significativamente menor de mudança em relação ao grupo controle, no período de 24-30 para 34-40 semanas de gestação, na biometria da área hiatal (β = -6,76; P = 0,020), diâmetro anteroposterior (β = -5,07; P = 0,019) e da espessura do músculo levantador do ânus (β = -12,34; P = 0,005). Conclusões: As gestantes com o DMG tiveram uma porcentagem significativamente menor de mudança na progressão esperada da biometria do assoalho pélvico de 24-30 para 34-40 semanas de gestação. Os resultados indicam a ocorrência de mudanças anormais na biometria do assoalho pélvico avaliada pela ultrassonografia 3D em gestantes com DMG, que podem estar associadas a lesões e disfunções do assoalho pélvico. Palavras-chave: ultrassonografia; imagem tridimensional; gravidez; diafragma da pelve; diabetes gestacional; estudo de coorte. Abstract Sartorão Filho, C. I. Pelvic floor muscle tridimensional ultrasonography in pregnant women affected by gestational diabetes. 2017, 52f. Thesis (Master) - São Paulo State University (Unesp), Medical School, Botucatu, Brazil. Objective: Gestational Diabetes Mellitus (GDM) is associated with muscle injury, and this may induce changes in pelvic floor biometry during the antenatal period. The aim of this study was to evaluate the progression of pelvic floor biometry using transperineal three-dimensional (3D) ultrasound during the antenatal period from GDM pregnant women. Methods: In this prospective cohort study, 44 GDM pregnant women and 66 normoglycemic (control) pregnant women were recruited in the second trimester of pregnancy. All were older than 18 years, nulliparous or primiparous with previous elective cesarean section, with singleton pregnancy. Transperineal 3D ultrasound was performed at 24-30 and 34-40 weeks of gestation, in lithotomy position at rest, and biometric measurements of pelvic floor were assessed in the axial plane of minimal levator hiatal dimension. Demographic data and ultrasound measurements at 24-30 and 34-40 weeks of gestation were compared between groups as well as the changes in progression of the pelvic floor biometry in these two set points of assessment were compared. Results: From 110 pregnant women, 100 had completed the follow-up at 34-40 weeks of gestation. The GDM group had a significantly lower percentage of change compared to the control group, from 24-30 to 34-40 weeks of gestation, in the hiatal area (β= -6.76; P=0.020), anteroposterior diameter (β= -5.07; P= 0.019) and levator ani thickness (β= -12.34; P= 0.005). Conclusions: Pregnant women with GDM had a significantly lower percentage of change in the expected progression of pelvic floor biometry from 24-30 to 34-40 weeks of gestation. The results indicated the occurrence of abnormal changes in pelvic floor biometry assessed by 3D ultrasound in GDM pregnant women, which may be associated with pelvic floor muscle injury and impaired function. Keywords: ultrasonography; imaging, three-dimensional; pregnancy; pelvic floor; diabetes, gestational; cohort study. Sumário Parte 1 Histórico do grupo de pesquisa “Diabetes e Gravidez: Clínico e Experimental”.. 16 Referências .......................................................................................................... 22 Parte 2 Artigo original ………………………………………………………………………….. 25 Assessment of pelvic floor biometry with three-dimensional ultrasound during pregnancy complicated by gestational diabetes: a prospective cohort study…… 26 Abstract ………………………………………………………………………………… 26 Introduction ……………………………………………………………… ……………. 27 Methods ………………………………………………………………………………… 28 Results ………………………………………………………………………………….. 30 Discussion ……………………………………………………………………………… 31 Acknowledgement …………………………………………………………………….. 33 Disclosures ……………………………………………………………………………….34 References …………………………………………………………………………........34 Anexos Anexo A .................................................................................................. 38 Anexo B.................................................................................................. 39 Anexo C.................................................................................................. 40 Anexo D.................................................................................................. 41 Anexo E.................................................................................................. 42 Apêndices Figura A .................................................................................................. 47 Figura B .................................................................................................. 48 Table 1 .................................................................................................. 49 Table 2 .................................................................................................. 50 Table 3 .................................................................................................. 51 16 Histórico do grupo de pesquisa “Diabetes e gravidez: clínico e experimental” 17 Diabete Melito Gestacional (DMG) é definido como o diabete diagnosticado no segundo ou terceiro trimestre da gravidez, que não é claramente “overt” diabete (1). DMG é o distúrbio metabólico mais comum da gestante, e sua prevalência está aumentando na população, principalmente em razão da epidemia global de obesidade. A prevalência também varia de acordo com as características demográficas e os critérios usados para o rastreamento e diagnóstico (3). Com as novas diretrizes de rastreamento e diagnóstico adotadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e pela Associação Americana de Diabetes, a estimativa de prevalência de DMG na gestação é de 18% (4). O DMG está relacionado a risco aumentado de morbidade materna e perinatal e desfechos adversos em longo prazo para a mulher e para a sua prole (4). O Grupo de Pesquisa “Diabetes e Gravidez: Clínico e Experimental”, liderado por Rudge junto ao Programa de Pós-Graduação em Ginecologia, Obstetrícia e Mastologia da Faculdade de Medicina de Botucatu-Unesp, realiza desde 1978 diferentes investigações relacionadas com a gravidez complicada pelo diabete. Na tese de Livre-docência apresentada em 1984, Rudge investigou o diagnóstico do DMG por meio do teste de tolerância à glicose associado ao teste de perfil glicêmico. Identificou 4 grupos de gestantes com características e comportamentos relevantes e diferentes dos apontados pela literatura (7). Desde então, várias pesquisas foram elaboradas para melhor elucidação dos desfechos relacionados ao DMG e à hiperglicemia gestacional, culminando com estudos translacionais que aplicam resultados de investigação básica à investigação clínica, e vice-versa (8). Além dos já conhecidos efeitos do DMG nos desfechos maternos e fetais, Barbosa, em 2006, apresentou sua tese de doutorado intitulada “Prevalência e fator de risco para incontinência urinária e disfunção do assoalho pélvico dois anos após diabete melito gestacional”. Os resultados fundamentaram uma nova linha de pesquisa, para abordar a associação entre hiperglicemia / DMG e disfunção muscular do assoalho pélvico. A incidência da incontinência urinária (IU) específica da gestação em mulheres com DMG foi maior (50,8%) em comparação ao grupo normoglicêmico (31,6%)., A IU dois anos pós-parto cesárea foi de 44,8% nas mulheres com histórico de DMG ante 18,4% nas normoglicêmicas e de Disfunção 18 muscular do assoalho pélvico de 53.9% nas diabéticas e de 37.8% nas normoglicêmicas. Na análise multivariada, o DMG foi considerado fator de risco para IU (OR 2,26; IC 95%: 1,116-4,579). Além disso, a IU no pós-parto estava relacionada com a baixa pressão de contração dos músculos do assoalho pélvico (MAP) (OR 20,416; IC 95%: 3,548; 117,479) e com IU gestacional ( OR1,61; IC 95%:1,383- 18,023) (9). Este déficit funcional dos MAP associado ao DMG deu origem à primeira etapa do estudo translacional ("bedside to bench"), cuja finalidade foi investigar os músculos estriados de ratas prenhes diabéticas, que são análogos aos MAP de mulheres. Esta fase foi conduzida em parceria com pesquisadores da Case Western Reserve University, de Cleveland, Ohio, USA. No mestrado de Marini, 2010 (Fapesp 2008/00989-4) e de Pículo, 2013 (Fapesp 2010/13303-3) foram conduzidos estudos em ratas prenhes com diabete grave e moderado. Essas investigações evidenciaram alterações musculares estruturais e ultraestruturais caracterizadas por adelgaçamento, atrofia, aumento de colágeno na área do músculo estriado, aumento de vasos, acúmulo de mitocôndrias, de gotas de lipídios e grânulos de glicogênio, desorganização e rompimento de fibras. Também ocorreu perda da localização anatômica normal das fibras rápidas e lentas (tipos I e II) e diminuição na proporção de fibras rápidas na uretra. Portanto, houve evidências de lesões importantes dos músculos do assoalho pélvico de ratas prenhes diabéticas suportam a hipótese fisiopatológica da lesão muscular como fator fundamental na IU em mulheres com DMG prévio (10,11). O efeito da indução do diabete de intensidade e tempo de exposição diferentes foi verificado no doutorado de Marini, 2014 (Fapesp 2010/10740-3), em que o diabete moderado presente por longo prazo foi mais agressivo para o tecido muscular do que o diabete grave por curto prazo demonstrando que o tempo de exposição ao estado hiperglicêmico parece ser mais determinante para lesão que sua intensidade. Também detectou que o músculo estriado foi envolvido por tecido conjuntivo com aumento na relação colágeno I/III, caracterizando um colágeno mais endurecido que é o oposto do encontrado no tecido fibromuscular uretral no modelo de incontinência urinária induzida pela parturição. A investigação da musculatura sinergista no processo de continência foi tema do estudo experimental de Vesentini, em seu mestrado (Fapesp 2012/25053- 5), que verificou a repercussão do diabete grave de curto prazo e do diabete 19 moderado de longo prazo no músculo reto abdominal de ratas prenhes. A presença de atrofia e aumento da proporção de fibras lentas no reto abdominal foi similar em relação aos achados no músculo estriado uretral de ratas. No músculo reto abdominal, a miopatia diabética parece ser mais intensa também em ratas com níveis moderados de glicose por longo prazo. Em relação à área de colágeno, não houve diferenças no músculo reto abdominal, ao contrário do observado no músculo estriado uretral. Estes achados permitiram o entendimento de que o DMG repercute como doença sistêmica que afeta também a musculatura sinergista envolvida no processo de continência urinária. Atualmente, os estudos no Grupo de Pesquisa se concentram na etapa “bench to bedside”, com pesquisas clínicas cujos objetivos são estudar biomarcadores na associação DMG e disfunção dos MAP, visando esclarecer a fisiopatologia e contribuir na elaboração de estratégias preventivas e terapêuticas. O pós-doutorado de Marini (2014-2018) tem como objetivo analisar a morfologia dos tipos de fibras e da matriz extracelular no músculo reto abdominal de gestantes com hiperglicemia e IU. O doutorado de Vesentini (2015-2019), por sua vez, avalia a composição muscular e conectiva do músculo reto abdominal de gestantes com DMG. Prudêncio (mestrado 2015-2017) está usando a eletromiografia (EMG) para analisar a atividade elétrica dos MAP de gestantes com DMG. A EMG identifica características neuromusculares pelo estudo da unidade motora que é considerada a via final comum de todo trajeto que se inicia no sistema nervoso central e termina no músculo. O entendimento das características da ativação muscular pode contribuir na elucidação da relação entre DMG, disfunção muscular do assoalho pélvico e IU gestacional e pós-parto. Estudar o músculo levantador do ânus durante a gestação de mulheres com DMG é um desafio a ser vencido. Há poucos estudos longitudinais monitorando o músculo levantador do ânus e o hiato do levantador durante a gestação em mulheres com DMG. A presente dissertação de mestrado evidencia os resultados do uso da evolução da biometria dos MAP no período gestacional de mulheres com DMG avaliada pela ultrassonografia tridimensional (US3D) transperineal, em repouso (Sartorão, 2015-2017). Paralelamente a este estudo, está sendo realizada a análise funcional por US3D dos MAP durante contração e manobra de Valsalva (mestrado Pinheiro, 2016-2017). 20 Diferentes métodos clínicos possibilitam o estudo anatômico do assoalho pélvico, como a ultrassonografia bidimensional, a ultrassonografia tridimensional, a tomografia computadorizada e a ressonância magnética nuclear. Cabe salientar que a US3D por via transperineal se destaca entre esses recursos, como método inócuo e não invasivo de investigação. É mais conveniente na prática clínica, de fácil acesso, e pode ser realizada com segurança durante a gestação. A US3D permite a obtenção da imagem do assoalho pélvico no plano ortogonal axial. A imagem no plano axial permite mensurar a área hiatal, os diâmetros anteroposterior e transversal e a espessura do músculo levantador do ânus (Apêndices - Figura A) (12). Os planos de imagem obtidos na US3D podem ser rearranjados de maneira completamente arbitrária para melhorar a visualização das estruturas anatômicas, durante a execução do exame ou após o arquivamento das imagens. Os três planos ortogonais de imagens são reconstituídos tridimensionalmente para obtenção da imagem renderizada, ou seja, a imagem que representa de forma arquitetural o conjunto de todos os pontos obtidos dos três planos ortogonais, definidos dentro da área visual de interesse do examinador (12) (Apêndices - Figura B). Esses parâmetros biométricos são especificamente escolhidos porque são de alta repetitividade e confiabilidade (13,14), e suas alterações têm correlação com as disfunções do assoalho pélvico (15-18). Durante a evolução da gestação, alterações de todas as dimensões hiatais são demonstradas por meio da US3D. Esses achados indicam que as mudanças no assoalho pélvico não são somente decorrentes do parto, mas também de alterações hormonais e mecânicas prévias, durante a gestação (19,20,21). A hipótese testada nesta dissertação é que a exposição ao DMG está associada com alterações da biometria de repouso dos MAP e do hiato do levantador durante a gestação, causada pelo meio materno hiperglicêmico. A avaliação da evolução dos achados da biometria do assoalho pélvico de gestantes por meio da US3D contribuirá para o melhor entendimento das disfunções dos MAP relacionadas ao DMG. A experiência de participar de um grupo tão seleto de estudos e pesquisas é muito gratificante. Apesar das grandes dificuldades enfrentadas para conciliar os compromissos de trabalho com a vida acadêmica, emerge a sensação de sentir-se realizado pelo progresso conquistado ao longo dessa maravilhosa jornada. No 21 decorrer dos últimos anos, destaca-se a participação de vários cursos realizados no Programa de Pós-graduação em Ginecologia, Obstetrícia e Mastologia da Faculdade de Medicina de Botucatu- Unesp , além de cursos de aperfeiçoamento na área de ultrassonografia tridimensional do assoalho pélvico, com ênfase para o curso “Hands-on de Ecografía de Piso Pélvico” em Santiago (Chile), ministrado pelos professores Hans Peter Dietz e Rodrigo Guzmán (Anexo A), o “Workshop on Pelvic Floors Muscle US 3D” (Anexo B) e o curso “Avaliação ultrassonográfica do Assoalho Pélvico Feminino” (Anexo C), ministrados pela Profa. Baerbel Junginger, na Faculdade de Medicina de Botucatu. Ressalta-se, também, o prêmio conferido à apresentação dos resultados parciais da dissertação, como melhor pôster (1º lugar) no I Congresso Internacional de Fisioterapia em Pelveperineologia, em Salvador - BA (Anexo D). Esta dissertação está dividida em duas partes, a saber: Parte 1 - Histórico do grupo de pesquisa “Diabetes e gestação: clínico e experimental” e contextualização sobre o projeto desenvolvido nesta dissertação com o uso ultrassonografia tridimensional do assoalho pélvico em DMG; Parte 2 - Artigo original, em inglês, formatado de acordo com as normas da revista Ultrasound in Obstetrics & Gynecology, à qual será submetido. 22 REFERÊNCIAS 1. American Diabetes Association. 2016 American Diabetes Association (ADA) Diabetes Guidelines Summary Recommendation from NDEI. Natl Diabetes Educ Initiat. 2016;39(1):1–46. 2. Yogev Y, Metzger BE, Hod M. Establishing diagnosis of gestational diabetes mellitus: Impact of the hyperglycemia and adverse pregnancy outcome study. Semin Fetal Neonatal Med. 2009 Apr;14(2):94–100. 3. American Diabetes Association. Standards of Medical Care in Diabetes - 2016. Diabetes Care. 2016. p. 94–7. 4. Metzger BE, Lowe LP, Dyer AR T, ER, Chaovarindr U, Coustan DR, Hadden DR, McCance DR, Hod M, McIntyre HD O, JJ, Persson B, Rogers MS S DA. Hyperglycemia and Adverse Pregnancy Outcomes. N Engl J Med. 2008 May 8;358(19):1991–2002. 5. Teh WT, Teede HJ, Paul E, Harrison CL, Wallace EM, Allan C. Risk factors for gestational diabetes mellitus: Implications for the application of screening guidelines. Aust New Zeal J Obstet Gynaecol. 2011 Feb;51(1):26–30. 6. Kampmann U. Gestational diabetes: A clinical update. World J Diabetes. 2015;6(8):1065. 7. Rudge M V, Calderon IM, Ramos MD, Abbade JF, Rugolo LM. Perinatal outcome of pregnancies complicated by diabetes and by maternal daily hyperglycemia not related to diabetes. A retrospective 10-year analysis. Gynecol Obstet Invest. 2000;50(2):108–12. 8. Rudge MVC, Piculo F, Marini G, Damasceno DC, Calderon IMP, Barbosa AP. Pesquisa translacional em diabetes melito gestacional e hiperglicemia gestacional leve: conhecimento atual e nossa experiência. Arq Bras Endocrinol 23 Metabol. 2013 Oct;57(7):497–508. 9. Barbosa AMP, Dias A, Marini G, Calderon IMP, Witkin S, Rudge MVC. Urinary incontinence and vaginal squeeze pressure two years post-cesarean delivery in primiparous women with previous gestational diabetes mellitus. Clin (São Paulo, Brazil). 2011;66(8):1341–6. 10. Marini G, Pascon Barbosa AM, Damasceno DC, Michelin Matheus SM, De Aquino Castro R, Castello Girão MJB, et al. Morphological changes in the fast vs slow fiber profiles of the urethras of diabetic pregnant rats. Urogynaecologia. 2011 Nov 4;25(1):9. 11. Piculo F, Marini G, Barbosa AMP, Damasceno DC, Matheus SMM, Felisbino SL, et al. Urethral striated muscle and extracellular matrix morphological characteristics among mildly diabetic pregnant rats: Translational approach. 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