ISSN Impresso 0102 -5716 ISSN Eletrônico 2178-3764 Veterinária e Zootecnia 171 Crocomo LF. et al. Aspectos ultraestruturais dos complexos cumulus-oócito de mamíferos domésticos. Vet. e Zootec. 2013 jun.; 20(2): 171-182. ASPECTOS ULTRAESTRUTURAIS DOS COMPLEXOS CUMULUS-OÓCITO DE MAMÍFEROS DOMÉSTICOS Leticia Ferrari Crocomo1 Wolff Camargo Marques Filho2 Midyan Daroz Guastali2 Fernanda Da Cruz Landim-Alvarenga2 Sony Dimas Bicudo2 RESUMO Nos mamíferos domésticos, a competência oocitária para suportar os subseqüentes estadios de desenvolvimento, que envolve os processos de fertilização e embriogênese inicial, depende não apenas da correta segregação cromossômica que caracteriza a maturação nuclear, mas principalmente, das modificações morfológicas e funcionais ao longo da oogênese e maturação citoplasmática. Qualquer distúrbio no padrão de desenvolvimento e migração das organelas citoplasmáticas assim como no processo de transcrição gênica, síntese proteica e expansão das células do cumulus resultará em menor potencial de desenvolvimento oocitário. Deste modo, dada a relevância do tema, esta revisão visa elucidar os principais aspectos ultraestruturais dos complexos cumulus-oócitos de mamíferos com ênfase aos eventos biológicos que ocorrem ao longo da maturação oocitária. Palavras-chave: oogênese, maturação citoplasmática, ultraestrutura, mamíferos. UTRASTRUCTURAL ASPECTS OF THE CUMULUS-OOCYTE COMPLEXES OF DOMESTIC MAMMALS ABSTRACT In domestic mammals, the oocyte competence to support the subsequent stages of development, which involves the processes of fertilization and early embryogenesis, depends not only on the correct chromosome segregation that characterizes the nuclear maturation, but mainly, the morphological and functional changes throughout oogenesis and cytoplasmic maturation. Any disturbance in the pattern of development and migration of cytoplasmic organelles as well as the process of gene transcription, protein synthesis and cumulus cells expansion will result in lower development potential. Thus, considering the topic relevance, this review aims to elucidate the main ultrastructural aspects of the cumulus-oocyte complexes of mammals with emphasis on the biological events that occur during oocyte maturation. Keywords: oogenesis, cytoplasmic maturation, ultrastructure, mammals. ASPECTOS ULTRAESTRUCTURALES DE LOS COMPLEJOS CUMULUS- OVOCITOS DE LOS MAMÍFEROS DOMÉSTICOS RESUMEN En los mamíferos domésticos, la capacidad de los ovocitos para soportar las fases que involucran los procesos de fertilización y embriogénesis temprana, no depende únicamente de la correcta segregación de los cromosomas que caracteriza a la maduración nuclear, sino 1 Médica Veterinária formada na FMVZ-UNESP-BOTUCATU 2 FMVZ-UNESP-Botucatu ISSN Impresso 0102 -5716 ISSN Eletrônico 2178-3764 Veterinária e Zootecnia 172 Crocomo LF. et al. Aspectos ultraestruturais dos complexos cumulus-oócito de mamíferos domésticos. Vet. e Zootec. 2013 jun.; 20(2): 171-182. principalmente, de los cambios morfológicos y funcionales durante la ovogénesis y la maduración citoplasmática. Cualquier alteración en el patrón de desarrollo y migración de los organelos citoplasmáticos, así como en el proceso de transcripción génica, en la síntesis de proteínas y en la expansión de las células del cumulus se traduce en la disminución del potencial de desarrollo de los ovocitos. Así, dada la importancia del tema, esta revisión tiene por objetivo elucidar los principales aspectos ultraestructurales de los complejos cumulus- ovocitos de los mamíferos con énfasis en los eventos biológicos que ocurren durante la maduración de los ovocitos. Palabras clave: ovogénesis, maduración, citoplasmática, ultraestructura, mamíferos. INTRODUÇÃO Ainda durante a vida intra-uterina, após sucessivas mitoses, os oócitos iniciam a meiose que é interrompida no estadio diplóteno da prófase I, morfologicamente identificado pela vesícula germinativa (VG). Neste estadio, os oócitos agora designados primordiais ou imaturos podem permanecer por vários anos sendo que, a partir da puberdade, serão recrutados para completar seu desenvolvimento (1). Durante este período de bloqueio meiótico, apesar da aparente quiescência nuclear, os oócitos sofrem importantes mudanças moleculares e citoesqueléticas, caracterizadas pela intensa transcrição gênica, síntese proteica e desenvolvimento de organelas, aumentando expressivamente de volume (2). Concomitantemente, as células da granulosa se associam por interações moleculares, formando os folículos, considerados unidade funcional do ovário (3). Ao longo do desenvolvimento folicular, embora os oócitos permaneçam em VG, as células da granulosa sofrem alterações, passando de planas à cubóides, e se proliferam, determinando a diferenciação dos folículos do estadio primordial até antral (4). Este último estadio se caracteriza pela formação do antro, uma cavidade preenchida por um fluido viscoso rico em esteróides, que promove a separação das células da granulosa, sendo que o grupo de células em íntimo contato com o oócito corresponde às células do cumulus (1). Os folículos antrais são responsivos às gonadotrofinas e, na maioria dos mamíferos domésticos, a meiose oocitária é retomada sob estímulo primário do LH (5). Diferentemente, nas cadelas, os oócitos são ovulados ainda no estadio de VG e o reinício meiótico ocorre no oviduto (6). Esta segregação cromossômica que caracteriza a meiose corresponde à maturação nuclear e é essencial para formação de gametas haplóides (5). Concomitantemente à maturação nuclear, a atividade transcricional cessa e o complexo cumulus-oócito (COC) sofre marcantes alterações morfológicas e funcionais que caracterizam a maturação citoplasmática e a expansão do cumulus e são essenciais para aquisição da competência oocitária (5). Deste modo, dada a relevância do tema, esta revisão visa abordar as principais modificações ultraestruturais nos oócitos de mamíferos ao longo da maturação com enfoque às características e distribuição das organelas citoplasmáticas e células do cumulus, ressaltando a importância destes eventos. ULTRAESTRUTURA DO NÚCLEO De acordo com critérios morfológicos, os oócitos podem ser classificados em diferentes estádios da meiose, conforme definido por Hyttel et al. (7) e Hewitt e England (8). Sendo assim, oócitos imaturos morfologicamente identificados pela vesícula germinativa, se caracterizam pela presença de núcleo esférico localizado na periferia do ooplasma com carioteca íntegra, cromatina pouco condensada e nucléolo visível (Figura 1A). O reinício meiótico é marcado pela quebra da vesícula germinativa (QVG), caracterizada pela marcante condensação cromossômica e dissolução da membrana nuclear ISSN Impresso 0102 -5716 ISSN Eletrônico 2178-3764 Veterinária e Zootecnia 173 Crocomo LF. et al. Aspectos ultraestruturais dos complexos cumulus-oócito de mamíferos domésticos. Vet. e Zootec. 2013 jun.; 20(2): 171-182. descontínua, porém ainda com aspecto vesicular. Com a progressão da meiose, se observa o estadio de metáfase I (MI), no qual os cromossomos condensados se organizam na placa metafásica localizada perifericamente no ooplasma (7, 8) (Figura 1B). É possível visualizar ainda os estádios de anáfase I, na qual os cromossomos homólogos estão se separando e há fuso visível, telófase I, no qual os cromossomos já estão separados e metáfase II (MII), caracterizado pela extrusão do primeiro corpúsculo polar, representado por um grupo denso de cromossomos no espaço perivitelínico (Figura 1C). Neste último estadio, os oócitos se mantém até a fecundação quando a segunda divisão meiótica se completa (7, 8). Os demais estadios da meiose são dificilmente diferenciados por se tratarem de eventos intermediários de um processo dinâmico. Figura 1. Estadios da meiose em oócitos corados e analisados em microscópio de fluorescência: (A) vesícula germinativa; (B) metáfase I; (C) metáfase II (Aumento 200X). Crocomo (9) ZONA PELÚCIDA E ESPAÇO PERIVITELÍNICO A zona pelúcida consiste num revestimento acelular, transparente e relativamente espesso que envolve os oócitos de mamíferos. Esta estrutura é formada durante a foliculogênese, especificamente no estadio de folículo primário, pela deposição das proteínas ziptina (ZP)1, ZP2 e ZP3, e permanece envolvendo o embrião ao longo de todo desenvolvimento pré-implantacional. Além de conferir proteção aos oócitos e embriões, a zona pelúcida contém receptores que permitem a adesão dos espermatozóides e também atua como barreira à poliespermia (10). A formação da zona pelúcida define uma área ao redor do oócito denominada espaço perivitelínico cujo tamanho varia consideravelmente ao longo da oogênese. Nos oócitos em VG o espaço perivitelínico é pouco desenvolvido sendo dificilmente visualizado em microscópio óptico. Com a retomada e progressão da maturação oocitária, este espaço dilata e se torna assimétrico após a extrusão dos corpúsculos polares (11). Evidências indicam que o espaço perivitelínico é preenchido por uma matriz extracelular rica em glicosaminoglicanos secretados tanto pelo oócito quanto pelas células do cumulus quando sob estímulo gonadotrófico. Estes polissacarídeos, em especial o ácido hialurônico, têm potencial de reter grandes volumes de água e, devido a isso, são considerados os principais responsáveis pela dilatação do espaço perivitelínico ao longo da maturação oocitária (12). Tem sido proposto ainda que o ácido hialurônico consiste numa barreira à poliespermia, uma vez que dificulta a fusão do espermatozoide no oolema (11). Além disso, dada a permeabilidade da zona pelúcida, a composição da matriz que preenche o espaço perivitelínico se altera conforme a localização do COC, apresentando características semelhantes ao fluido folicular quando no folículo antral ou composição proteica similar à secreção do oviduto quando no seu interior (13, 14). Tem sido constatado ainda que o tamanho deste espaço interfere na fertilização do oócito de mamíferos. Em oócitos de suínos, camundongos e coelhos, foi relatada menor ISSN Impresso 0102 -5716 ISSN Eletrônico 2178-3764 Veterinária e Zootecnia 174 Crocomo LF. et al. Aspectos ultraestruturais dos complexos cumulus-oócito de mamíferos domésticos. Vet. e Zootec. 2013 jun.; 20(2): 171-182. incidência de poliespermia em oócitos com espaço perivitelínico mais dilatado e vice-versa (15, 16). Com a fertilização, este espaço se dilata em decorrência da extrusão do conteúdo dos grânulos corticais, também envolvidos no bloqueio à poliespermia (11). COMPLEXOS DE GOLGI O complexo de Golgi está envolvido com a síntese, armazenamento e processamento de moléculas internalizadas, proteínas e demais substâncias, sendo reconhecido principalmente pela formação dos grânulos corticais e secreção das proteínas que constituem a zona pelúcida (17). No entanto, embora desempenhe importantes funções, sua importância direta na maturação oocitária, fertilização e embriogênese inicial ainda é desconhecida (18). Em contrapartida, a dinâmica das membranas do complexo de Golgi ao longo da maturação tem sido descrita em diferentes espécies animais, como camundongos, macacos e bovinos (17, 19). Nos oócitos imaturos, esta organela é observada como um sistema de cisternas achatadas e vesículas, bem desenvolvido e ativo que está disperso por todo o ooplasma, porém ligeiramente mais concentrado na região periférica do oócito (9). Com a progressão da maturação, esta organela sofre fragmentação e assim permanece até o oócito atingir o estadio de MII. Durante a QVG, que marca a retomada da meiose oocitária, estes fragmentos se localizam principalmente na região perinuclear, tendendo à distribuição mais uniforme pelo ooplasma (19). Evidências indicam que a fragmentação de organelas como o complexo de Golgi durante a divisão celular garante que cada nova célula a ser originada receba quantidades similares de todo material celular (20). GRÂNULOS CORTICAIS Os grânulos corticais são organelas secretoras derivadas do complexo de Golgi, encontradas exclusivamente nos oócitos, e responsáveis pela reação cortical que impede a poliespermia. Seu conteúdo inclui uma grande diversidade de proteínas, moléculas estruturais, enzimas e glicosaminoglicanos e sua distribuição no ooplasma consiste numa importante etapa da maturação citoplasmática sendo utilizada como critério de avaliação desta (21). Sua formação ocorre no início do desenvolvimento folicular quando o complexo de Golgi se encontra funcionalmente ativo. No entanto, o exato momento de sua síntese varia entre espécies. Em ratos e camundongos, os grânulos corticais podem ser observados nos folículos primários enquanto que em macacos, hamsters, coelhos e humanos, eles começam a surgir nos folículos secundários (22). A migração destas organelas pelo ooplasma ocorre de maneira coordenada com o reinício meiótico e progressão da maturação oocitária. Nos oócitos em VG, se encontram distribuídas em grumos por todo ooplasma e conforme ocorre a progressão da maturação nuclear, migram em direção à região cortical do oócito, sendo que, no estadio de MII se localizam próximo à superfície interna da membrana plasmática, formando uma monocamada estratégica para prevenir a poliespermia (23, 24). Este padrão de distribuição dos grânulos corticais tem sido descrito em diversas espécies animais como camundongos (25), bovinos (23), equinos (26), suínos (27) e ovinos (9). Com a fecundação e consequente elevação da concentração intraoocitária de íons de cálcio (Ca+2), ocorre a fusão dos grânulos corticais à membrana plasmática e exocitose dos seus conteúdos no espaço perivitelínico, caracterizando a reação cortical (26). A maior incidência de poliespermia nos oócitos maturados in vitro é decorrente da inadequada maturação citoplasmática caracterizada, principalmente, pela distribuição anormal dos grânulos corticais e consequente falha na reação cortical (28). ISSN Impresso 0102 -5716 ISSN Eletrônico 2178-3764 Veterinária e Zootecnia 175 Crocomo LF. et al. Aspectos ultraestruturais dos complexos cumulus-oócito de mamíferos domésticos. Vet. e Zootec. 2013 jun.; 20(2): 171-182. Figura 2. Ultraestrutura de COCs imaturos de ovino em microscopia eletrônica de transmisão. (A) Cumulus (cc) compacto com projeções citoplasmáticas (seta), espaço perivitelínico pouco desenvolvido, muitas gotículas de lipídio e vesículas, mitocôndrias preferencialmente na periferia; (B) Grumos de grânulos corticais e mitocôndrias dispersos no ooplasma; (C) Presença de complexos juncionais (seta), Complexo de Golgi bem desenvolvido (círculo), mitocôndrias pleomórficas na periferia, poucos grânulos corticais (GC) próximo à membrana plasmática. Crocomo (9). RETÍCULO ENDOPLASMÁTICO O retículo endoplasmático é constituído por uma rede de túbulos achatados e interconectados que se invaginam da membrana plasmática e se comunicam com a carioteca, podendo estar associado ou não à ribossomos, o que lhe confere a característica de rugoso ou liso (29). Imagens de microscopia eletrônica de transmissão revelam que o retículo endoplasmático rugoso apresenta uma aparência tubular e granular enquanto que o retículo endoplasmático liso aparece como um sistema de túbulos dilatados e contorcidos (30). Trata-se de uma organela multifuncional que está envolvida na síntese e degradação de membranas, proteínas e lipídios. No entanto, nos oócitos, esta organela se destaca, principalmente, pela sua capacidade de estoque e liberação de íons de cálcio (Ca+2), sendo responsável pela regulação da concentração intracelular deste íon (29). O aumento transitório da concentração intraoocitária de Ca+2 em decorrência da penetração espermática, durante a fertilização, é essencial para que ocorra exocitose dos ISSN Impresso 0102 -5716 ISSN Eletrônico 2178-3764 Veterinária e Zootecnia 176 Crocomo LF. et al. Aspectos ultraestruturais dos complexos cumulus-oócito de mamíferos domésticos. Vet. e Zootec. 2013 jun.; 20(2): 171-182. grânulos corticais, retomada e progressão da meiose nos oócitos em MII e recrutamento do mRNA materno necessário para ativação do genoma embrionário (31). Evidências indicam que a proteína fosfolipase C zeta, considerada fator espermático ativador do oócito, promove a clivagem do fosfatidilinositol 1, 4,5 bifostato, um fosfolipídio de membrana, resultando na formação de dois segundo mensageiros, o diacilglicerol e o inositol 1,4,5-trifosfato (IP3). Este último, ao interagir com seu receptor específico no retículo endoplasmático, promove ativação dos canais de cálcio (32). Esta capacidade de liberação de íons Ca+2 é desenvolvida ao longo da maturação oocitária. Nos óocitos imaturos, o retículo endoplasmático é menos sensível ao IP3 e se encontra uniformemente disperso por todo ooplasma. Com a progressão da maturação, ocorre incremento da quantidade e sensibilidade dos receptores para IP3 além de reorganização ultraestrutural desta organela que tende a se acumular na periferia do ooplasma, sendo que, no estadio de MII se localiza imediatamente abaixo da membrana plasmática. Esta localização específica visa a rápida liberação de Ca+2 no momento da fecundação (29, 33). MITOCÔNDRIAS O adequado desenvolvimento oocitário e embrionário depende da disponibilidade de adenosina trifosfato (ATP) suficiente para atender suas demandas metabólicas. Neste contexto, as mitocôndrias desempenham importante função uma vez que são responsáveis pelo fornecimento de toda energia requerida. Deste modo, a quantidade assim como o deslocamento destas organelas para áreas de maior consumo de energia são determinantes para os oócitos e blastocistos durante os períodos críticos do ciclo celular (34). No estadio de VG, as mitocôndrias se localizam preferencialmente na região periférica do oócito visto o elevado requerimento energético decorrente da íntima associação com as células do cumulus. Com a progressão da maturação oocitária, estas organelas tendem à uma distribuição mais uniforme, sendo que, após a extrusão do primeiro corpúsculo polar, se dispersam por todo ooplasma (7). Este padrão de distribuição tem sido observado em diversas espécies animais como camundongos (35), bovinos (34), suínos (36) e ovinos (9) e qualquer alteração neste processo prejudica as subsequentes fases de desenvolvimento (37). Ao longo da maturação oocitária, a quantidade de mitocôndrias tende a aumentar para suprir a elevada demanda energética durante a formação do fuso meiótico, condensação cromossômica, extrusão do corpúsculo polar, redistribuição das organelas citoplasmáticas, formação dos pró-núcleos após a fertilização e clivagem embrionária (38). Além disso, em algumas espécies animais como ovinos (9) e caprinos (39) tem sido relatada a ocorrência de pleomorfismo mitocondrial. Segundo Fair, Hyttel e Greve (40), o formato da mitocôndria reflete seu grau de maturidade sendo considerada imatura quando arredondada ou ovalada e matura quando alongada. Já as projeções mitocondriais em forma de arco, conferem maior superfície a estas organelas, estando relacionadas ao elevado metabolismo oocitário. GOTÍCULAS DE LIPÍDIOS, GRÂNULOS DE GLICOGÊNIO DE VESÍCULAS As gotículas de lipídios servem de substrato para produção de energia e síntese de membranas ao longo da maturação, fertilização e desenvolvimento embrionário (41). Devido a isso, geralmente são encontradas em associação com mitocôndrias e retículo endoplasmático constituindo as unidades metabólicas que estão diretamente relacionadas ao elevado metabolismo oocitário e tendem a se acumular na periferia do oócito (42). No entanto, o acúmulo excessivo de lipídio tanto no oócito quando no embrião é prejudicial, uma vez que potencializa a sensibilidade ao estresse oxidativo (43). Deste modo, ISSN Impresso 0102 -5716 ISSN Eletrônico 2178-3764 Veterinária e Zootecnia 177 Crocomo LF. et al. Aspectos ultraestruturais dos complexos cumulus-oócito de mamíferos domésticos. Vet. e Zootec. 2013 jun.; 20(2): 171-182. a quantidade, o tamanho e a distribuição destas inclusões citoplasmáticas interferem no potencial de desenvolvimento e na criotolerância dos oócitos e embriões (44). Evidências indicam que o ácido graxo presente na circulação sanguínea, no fluido folicular e até mesmo nos diferentes meios de cultivo oocitário in vitro é captado pelas células somáticas, convertido em triacilglicerol e ésteres de colesterol, e estocado como gotículas de lipídio no citoplasma (44). Deste modo, alterações na dieta dos animais assim como os componentes dos meios de maturação in vitro como hormônios, fatores de crescimento e soro, podem afetar a quantidade e constituição deste tipo de inclusão citoplasmática nos oócitos, determinando sua qualidade e viabilidade (45). Figura 3. Aspectos ultraestruturais de COCs maturos de ovino em microscopia eletrônica de transmissão. (A) Expansão do cumulus, ausência das projeções citoplasmáticas atravessando a zona pelúcida (ZP), espaço perivitelínico dilatado; (B) Grânulos corticais alinhados à membrana plasmática (seta), gotículas de lipídio (L) maiores e em menor quantidade; mitocôndrias dispersas pelo ooplasma, algumas delas em associação com as gotículas de lipídio; (C) Aspecto do ooplasma: menor quantidade de vesículas e gotículas de lipídio, mitocôndrias pleomórficas espalhados pelo ooplasma. Crocomo (9). A quantidade, tamanho e distribuição destas gotículas difere entre espécies e de acordo com o estadio de desenvolvimento oocitário. Em bovinos, Hytell et al. (7) relataram a presença de pequenas gotículas principalmente periferia de oócitos imaturos e tendência ao aumento de tamanho, formação de unidades metabólicas e localização mais centralizada em oócitos maturos. Já Niimura et al. (46) constataram redução do tamanho e quantidade destas inclusões citoplasmáticas ao longo da maturação oocitária. ISSN Impresso 0102 -5716 ISSN Eletrônico 2178-3764 Veterinária e Zootecnia 178 Crocomo LF. et al. Aspectos ultraestruturais dos complexos cumulus-oócito de mamíferos domésticos. Vet. e Zootec. 2013 jun.; 20(2): 171-182. Os grânulos de glicogênio consistem numa reserva de carboidrato e assim como as gotículas de lipídio servem como fonte de energia para o oócito (46). No entanto, até o momento se desconhece a origem e dinâmica desta inclusão citoplasmática ao longo da maturação oocitária. Nos oócitos de mamíferos, é possível observar ainda vesículas com diferentes tamanhos, formatos e conteúdos, contudo, a exata função destas estruturas ainda é desconhecida. Evidências sugerem que estão envolvidas com o estoque e transporte de metabólitos celulares e nutrientes, como o glicogênio (47). RIBOSSOMOS Todo RNA necessário para posterior síntese de proteínas indispensáveis aos processos de maturação, fertilização e desenvolvimento embrionário são transcritos ao longo da foliculogênese enquanto os oócitos estão mantidos no estadio diplóteno da prófase I. Com a retomada da meiose, o nucléolo se torna inativo e embora a atividade transcricional do oócito seja interrompida, sendo reestabelecida apenas com a ativação do genoma embrionário, a capacidade de tradução de mRNA pelos ribossomos e síntese proteica é mantida (48). Deste modo, a síntese de ribossomos pela transcrição de genes RNA ribossômicos (rRNA) localizados no nucléolo e o acúmulo citoplasmático desta organela durante os estádios iniciais da foliculogênese é crucial para o desenvolvimento oocitário e embrionário (49). Evidências indicam ainda que os ribossomos tendem a se unir formando cadeias que assim são mantidas pela combinação com proteínas. Nesta forma, estas organelas são mantidas inativas no ooplasma, sendo recrutadas quando necessário para síntese proteica (48). CÉLULAS DO CUMULUS As células do cumulus e corona radiata correspondem ao grupo de células da granulosa que circundam o oócito e com o qual estabelecem íntima comunicação pela emissão de projeções citoplasmáticas que atravessam a zona pelúcida e dos complexos juncionais (50, 51). A partir da transferência de substâncias de baixo peso molecular, as células do cumulus garantem a nutrição do oócito, contribuem para progressão da maturação citoplasmática e controlam o bloqueio e reinício meiótico (52). Além disso, modulam os efeitos dos hormônios e fatores de crescimento sobre o oócito, garantem sua conexão com o meio externo e auxiliam no processo de fertilização (51). Os fatores solúveis sintetizados pelos oócitos também determinam importantes funções das células da granulosa como proliferação, esteroidogênese, secreção de inibina, expressão de receptores de LH, e a expansão das células do cumulus No entanto, a natureza e função destes fatores não estão totalmente esclarecidas (53). Quando imaturos, os oócitos se caracterizam pela presença de uma camada compacta de células do cumulus e integridade dos complexos juncionais, indispensáveis para o adequado desenvolvimento e aquisição de competência oocitária ao longo da foliculogênese (52). In vivo, sob estímulo gonadotrófico, as células do cumulus e da corona radiata sofrem expansão caracterizada pela síntese de uma matriz extracelular rica em ácido hialurônico que se deposita nos espaços intercelulares resultando na disjunção dos complexos juncionais e interrupção da comunicação bidirecional entre o oócito e as células do cumulus. Concomitante a este processo, ocorre a retomada da meiose oocitária devido à interrupção da transferência de moléculas moduladoras da maturação (54, 55). ISSN Impresso 0102 -5716 ISSN Eletrônico 2178-3764 Veterinária e Zootecnia 179 Crocomo LF. et al. Aspectos ultraestruturais dos complexos cumulus-oócito de mamíferos domésticos. Vet. e Zootec. 2013 jun.; 20(2): 171-182. CONSIDERAÇÕES FINAIS O potencial de desenvolvimento oocitário e embrionário está diretamente relacionado à adequada reorganização das organelas citoplasmáticas, à correta segregação cromossômica, e à manutenção da integridade e expansão das células do cumulus e corona radiata. Deste modo, a compreensão das alterações ultraestruturais ao longo da maturação oocitária serve de base para o desenvolvimento de novas pesquisas visando o esclarecimento dos eventos biológicos e aperfeiçoamento de biotecnologias reprodutivas que envolvem a maturação oocitária in vitro. REFERÊNCIAS 1. Rajkovic A, Pangas SA, Matzuk MM. Follicular development: mouse, sheep, and human models. In: Knobil and Neill’s Physiology of reproduction. 3ª ed. San Diego: Academic Press; 2006. p.383-423. 2. Wessel GM, Brooks JM, Green E, Haley S, Voronina E, Wong J, et al. The biology of cortical granules. Int Rev Cytol. 2001;209:117-206. 3. Hirshfield AN. Development of follicles in the mammalian ovary. 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