UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO”
FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS (FCAV/UNESP)
CAMPUS DE JABOTICABAL
DETECÇÃO E CARACTERIZAÇÃO MOLECULAR
DE MICOPLASMAS HEMOTRÓPICOS E Coxiella
burnetii EM MAMÍFEROS DA SUPERORDEM
XENARTHRA NO BRASIL
Laryssa Borges de Oliveira
Médica Veterinária
2021
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO”
FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS (FCAV/UNESP)
CAMPUS DE JABOTICABAL
DETECÇÃO E CARACTERIZAÇÃO MOLECULAR
DE MICOPLASMAS HEMOTRÓPICOS E Coxiella
burnetii EM MAMÍFEROS DA SUPERORDEM
XENARTHRA NO BRASIL
Laryssa Borges de Oliveira
Orientador: Prof. Dr. Marcos Rogério André
Coorientadora: Rosangela Zacarias Machado
Dissertação apresentada à Faculdade de
Ciências Agrárias e Veterinárias – Unesp,
Câmpus de Jaboticabal, como parte das
exigências para a obtenção do título de
Mestre em Medicina Veterinária; área:
Medicina Veterinária Preventiva
2021
DADOS CURRICULARES DO AUTOR
Laryssa Borges de Oliveira: nascida em 19 de dezembro de 1994 na cidade de
Belém, Pará. Filha de Perpetuo Socorro Borges de Oliveira e José André
Nascimento de Oliveira. Graduada em Medicina Veterinária pela Universidade
Federal Rural da Amazônia (UFRA), Belém, Pará no ano de 2018. Durante a
graduação teve experiência em Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais.
Foi bolsista de Iniciação Científica CNPq pelo Laboratório de Fisiologia Animal da
Universidade Federal Rural da Amazônia sob a orientação do Prof. Dr. Frederico
Ozanan Barros Monteiro, com o projeto intitulado “Avaliação do Crescimento Fetal
em Paca”. Desenvolveu estudos na área de Saúde Pública no Instituto Evandro
Chagas como bolsista de Iniciação Científica CNPq no “Laboratório de
Parasitologia e Pesquisas Básicas em Malaria”, sob orientação da Drª Marinete
Marins Povoa, com o projeto intitulado "Investigação de Infecção por Plasmodium
spp. em primatas não-humanos do plantel do Centro Nacional de Primatas,
Ananindeua, Pará". Ingressou no Mestrado em Medicina Veterinária (área de
concentração de Medicina Veterinária Preventiva) na Faculdade de Ciências
Agrárias e Veterinárias da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita
Filho”, Campus Jaboticabal, no ano de 2019, como bolsista da Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior CAPES (Processo número
#88887.464146/2019-00), atuando principalmente no Diagnóstico e
caracterização molecular de hemoparasitas transmitidos por vetores artrópodes
em animais selvagens, sob orientação do Prof. Dr. Marcos Rogério André.
EPÍGRAFE
“Às vezes a ciência é mais arte do que ciência”
(Rick Sanchez).
DEDICATÓRIA
Aos meus queridos pais, Perpetuo Socorro Borges de Oliveira e José
André Nascimento de Oliveira, à minha irmã Rayssa Borges de Oliveira por
todo amor, carinho e apoio em todas as decisões da minha vida.
AGRADECIMENTOS
O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento
de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001,
que forneceu financiamento durante todo mestrado.
Ao meu orientador, Prof. Dr. Marcos Rogério André, por todas as oportunidades
proporcionadas, os conselhos, ensinamentos e por toda a paciência nesse
processo, no qual pôde contribuir imensamente com meu crescimento acadêmico
e profissional.
À Profa. Dra. Rosangela Zacarias Machado, pelos ensinamentos e por toda ajuda
fornecida durante esse período.
À Profa. Dra. Marta Maria Geraldes Teixeira e à Juliana Gaboardi Vultão, do
Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da Universidade de São Paulo (USP); à
Profa. Dra. Karin Werther do SEPAS (Serviço de Patologia de Animais Selvagens)
da UNESP, Campus de Jaboticbal; ao Dr. Arnauld Leonard Jean Desbiez, Mário
Henrique Alves, Danilo Kluyber e Débora Regina Yogui do Projeto Bandeiras e
Rodovias e Projeto Tatu-Canastra e ao Prof. Dr. João Fábio Soares do
“Laboratório de Protozoologia e Rickettsioses Vetoriais”, Universidade Federal do
Rio Grande do Sul (UFRGS), por terem gentilmente cedido às amostras
biológicas de Xenarthra utilizadas nesse projeto.
Agradeço a Deus, por guiar o meu caminho e me proporcionar tantos momentos
especiais.
Aos meus pais, por todo apoio e por nunca desistirem de me dar o melhor para
que eu pudesse buscar os meus sonhos, mesmo que distante deles. Eu amo
vocês!
Ao meu companheiro Daniel Freitas Coelho, por estar presente nos momentos
mais especiais da minha vida, por sempre me apoiar e incentivar meus sonhos
mais loucos, mesmo com a distância.
Aos amigos Jaqueline Camargo, Matheus Santana, Ana Calchi, Victória Valente,
Anna Mongruel, Ana Carolina Santiago, Bruna Bressianini, Clara Morato, Ricardo
Bassini, por todas as risadas, comilanças, carinho e cumplicidade. Vocês foram
essenciais em diversos momentos.
Aos amigos e colegas de laboratório Lívia Perles, Caroline Secato, Lucinéia
Rudiak, Priscila Ikeda, Leidiane Lima, Maria Eduarda Furquim, Mariele de Santi,
Amir Alabí, Renan do Amaral, Luiz Ricardo Gonçalves e Thiago Merighi pela
convivência, pelos ensinamentos, auxílios e apoio.
A todos os estagiários e bolsistas de Iniciação Científica que passaram pelo
laboratório nesse período, por toda contribuição.
Aos funcionários da FCAV-UNESP principalmente do Departamento de Patologia,
Reprodução e Saúde Única e da Seção de Pós-Graduação por toda ajuda
fornecida durante esse período.
Sumário
DETECÇÃO E CARACTERIZAÇÃO MOLECULAR DE MICOPLASMAS
HEMOTRÓPICOS E Coxiella burnetii EM MAMÍFEROS DA SUPERORDEM
XENARTHRA NO BRASIL ................................................................................ 13
ABSTRACT - ...................................................................................................... 13
LISTA DE TABELAS ......................................................................................... 14
LISTA DE FIGURAS .......................................................................................... 15
CAPÍTULO 1 – CONSIDERAÇÕES GERAIS .................................................... 16
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................ 16
2. OBJETIVOS ................................................................................................ 18
2.1 Objetivos gerais ................................................................................... 18
2.2 Objetivos específicos .......................................................................... 18
3. REVISÃO DE LITERATURA ...................................................................... 19
3.1 Mamíferos da Superordem Xenarthra ................................................ 19
3.2 Ordem Cingulata .................................................................................. 20
3.3 Ordem Pilosa ........................................................................................ 21
3.3.1 Subordem Folivora ........................................................................ 21
3.3.2 Subordem Vermilingua .................................................................. 22
3.4 Micoplasmas hemotrópicos (hemoplasmas) ..................................... 23
3.4.1 Agentes etiológicos ....................................................................... 23
3.4.2 Transmissão de hemoplasmas ..................................................... 24
3.4.3 Quadro Clínico ............................................................................... 25
3.4.4 Diagnóstico .................................................................................... 25
3.4.5 Hemoplasmas em animais selvagens .......................................... 26
3.4.6 Potencial zoonótico ....................................................................... 26
3.5 Coxiella burnetti ................................................................................... 28
3.5.1 Agente etiológico ........................................................................... 28
3.5.2 Transmissão e quadro clínico ...................................................... 29
3.5.3 Diagnóstico .................................................................................... 30
3.5.4 Coxiella burnetti em animais e humanos no Brasil .................... 31
4. REFERÊNCIAS ........................................................................................... 32
CAPÍTULO 2 – Investigação molecular de micoplasmas hemotrópicos e
Coxiella burnetii em mamíferos da Superordem Xenarthra no Brasil, com
evidência de novos Candidatus de hemoplasmas ........................................ 54
Resumo .......................................................................................................... 55
1. Introdução .............................................................................................. 56
2. Material e Métodos ................................................................................. 58
2.1 Comitê de Ética ................................................................................. 58
2.2 Amostras biológicas e espécies amostradas ............................... 58
2.3 Análises Moleculares ....................................................................... 61
2.4 Ensaio de PCR em tempo real quantitativo (qPCR) para Coxiella
burnetii .................................................................................................... 61
2.5 Ensaios de qPCR e PCR convencional para Mycoplasma spp.
(hemoplasmas ou micoplasmas hemotróficos) ................................... 62
2.6 Purificação de Amplicons e Sequenciamento ............................... 65
2.7 Análises Filogenéticas ..................................................................... 66
2.8 Análise de distância pelo software SplitsTree ............................... 67
3. Resultados .............................................................................................. 67
3.1 PCR convencional para o gene endógeno gapdh de mamíferos . 67
3.2 PCR em tempo real quantitativa (qPCR) para Coxiella burnetii
baseada no gene IS1111 ........................................................................ 67
3.3. PCR em tempo real quantitativa (qPCR) para hemoplasmas
baseada no gene 16S rRNA ................................................................... 68
3.4 PCR convencional para hemoplasmas ........................................... 69
3.5 Resultados do sequenciamento ...................................................... 73
3.6 Análises filogenéticas ..................................................................... 75
3.7 Resultados da análise de distância pelo SplitsTree ...................... 78
4. Discussão ............................................................................................... 80
5. Conclusão ............................................................................................... 84
6. Agradecimentos ..................................................................................... 85
7. Conflito de interesses ............................................................................ 85
8. Referências ............................................................................................. 85
DETECÇÃO E CARACTERIZAÇÃO MOLECULAR DE MICOPLASMAS
HEMOTRÓPICOS E Coxiella burnetii EM MAMÍFEROS DA SUPERORDEM
XENARTHRA NO BRASIL
RESUMO - Embora mamíferos da superordem Xenarthra sejam considerados
hospedeiros de uma ampla gama de agentes zoonóticos, são raros os trabalhos
que visam investigar o papel desses animais como hospedeiros de bactérias com
potencial zoonótico. O presente estudo teve como objetivo investigar a ocorrência
e caracterizar molecularmente o DNA de Coxiella burnetii e hemoplasma
(micoplasmas hemotrópicos) em amostras de sangue e baço de 397 mamíferos
Xenarthra de vida livre (233 preguiças, 107 tamanduás e 57 tatus) em cinco
estados brasileiros (Mato Grosso do Sul, São Paulo, Pará, Rondônia e Rio
Grande do Sul). Todas as amostras biológicas de Xenarthra foram negativas na
qPCR para Coxiella burnetii com base no gene IS1111. A ausência de DNA de C.
burnetii em amostras de sangue e baço de Xenarthra sugere que esses
mamíferos podem não atuar como possíveis hospedeiros desse agente nas
localidades estudadas. Quando realizados ensaios de PCR convencionais para o
gene endógeno (gapdh) de mamífero, 386 amostras foram positivas. Quando
triados por ensaios moleculares baseados no gene 16S rRNA de hemoplasmas,
81 amostras foram positivas, sendo 15,54% (60/386) positivas por PCR
convencional e 5,44% (21/386) positivas por PCR em tempo real; três amostras
foram positivas em ambos os ensaios. Destes, 39,74% (31/78) também foram
positivos para o gene 23S rRNA e 7,69% (6/78) para o gene hemoplasma RNAse
P. Entre as amostras positivas para hemoplasmas, 25,64% (20/78) foram obtidas
de tamanduás, 39,74% (31/78) de preguiças e 34,61% (27/78) de tatus. Com
base na baixa identidade e no posicionamento filogenético das sequências 16S
rRNA e 23S rRNA de hemoplasmas detectados em tamanduás, tatus e preguiças,
o presente estudo mostrou, pela primeira vez, a ocorrência de um novo putativo
de Candidatus hemotrópico Mycoplasma spp. ('Candidatus Mycoplasma
haematotetradactyla', 'Candidatus Mycoplasma haematomaximus' e 'Candidatus
Mycoplasma haematotridactylus').
Palavras-chave: hemoplasmas; febre Q; preguiças; tamanduás; tatus
MOLECULAR DETECTION AND CHARACTERIZATION OF HEMOTROPIC
MYCOPLASMAS AND Coxiella burnetii IN MAMMALS FROM
XENARTHRA SUPERORDER FROM BRAZIL
ABSTRACT- Although mammals of the superorder Xenarthra are considered
hosts of a wide range of zoonotic agents, works aiming at investigating the role of
these animals as hosts for bacteria with zoonotic potential are rare. The present
study aimed to investigate the occurrence and molecularly characterize Coxiella
burnetii and hemoplasma (hemotropic mycoplasmas) DNA in blood and spleen
samples from 397 free-living Xenarthra mammals (233 sloths, 107 anteaters, and
57 armadillos) in five Brazilian states (Mato Grosso do Sul, São Paulo, Pará,
Rondônia, and Rio Grande do Sul). All biological samples from Xenarthra were
negative in the qPCR for Coxiella burnetii based on the IS1111 gene. The
absence of C. burnetii DNA in blood and spleen samples from Xenarthra suggests
that these mammals may not act as possible hosts for this agent in the locations
studied. When performed conventional PCR assays for the endogenous (gapdh)
mammalian gene, 386 samples were positive. When screened by molecular
assays based on the 16S rRNA gene of hemoplasmas, 81 samples were positive,
of which 15.54% (60/386) were positive by conventional PCR and 5.44% (21/386)
were positive by real-time PCR; three samples were positive in both assays. Of
these, 39.74% (31/78) were also positive for the 23S rRNA gene and 7.69% (6/78)
for the hemoplasma RNAse P gene. Among the samples positive for
hemoplasmas, 25.64% (20/78) were obtained from anteaters, 39.74% (31/78) from
sloths, and 34.61% (27/78) from armadillos. Based on the low identity and
phylogenetic positioning of 16S rRNA and 23S rRNA sequences of hemoplasmas
detected in anteaters, armadillos and sloths, the present study showed, for the first
time, the occurrence of putative new Candidatus hemotropic Mycoplasma spp.
('Candidatus Mycoplasma haematotetradactyla', 'Candidatus Mycoplasma
haematomaximus', and 'Candidatus Mycoplasma haematotridactylus').
Keywords: hemoplasmas; Q-fever; sloths; anteaters; armadillos
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Oligonucleotídeos iniciadores utilizados na PCR em tempo real para
detecção molecular de Coxiella burnetii e hemoplasmas em mamíferos da
superordem Xenarthra ........................................................................................ 62
Tabela 2. Oligonucleotídeos iniciadores utilizados nos ensaios de PCR
convencional e semi-nested para detecção e caracterização molecular de
hemoplasmas ..................................................................................................... 65
Tabela 3. Temperatura de melting (T m) de fragmentos do gene 16S rRNA de
hemoplasmas detectados nas amostras de sangue de Xenarthra nos ensaios de
SYBR® Green PCR ............................................................................................ 68
Tabela 4. Resultados obtidos em ensaios de cPCR para hemoplasmas baseados
em dois fragmentos com overlaping do gene 16S rRNA em amostras de baço e
sangue de mamíferos Xenarthra amostrados no Brasil ...................................... 70
Tabela 5. Resultados obtidos em ensaios de PCR seminested e convencional
para hemoplasmas baseados nos genes 16S rRNA, 23S rRNA e RNAseP em
amostras biológicas de mamíferos Xenarthra previamente positivos na cPCR de
screening baseada no gene 16S rRNA .............................................................. 72
Tabela 6. Resultados do BLASTn das sequências de Mycoplasma spp.
hemotrópicos obtidas nos ensaios de PCR seminested e convencional baseados
nos genes 16S rRNA e 23S rRNA, respectivamente .......................................... 74
Tabela S1. Matriz de distância genética mostrando a diversidade genética entre
as sequências de hemoplasma 16S rRNA detectadas no presente estudo e
aquelas recuperadas do Genbank (~990 pb).........................................................75
Tabela S2. Matriz de distância genética pareada mostrando a diversidade
genética entre as sequências de hemoplasma 23S rRNA detectadas no presente
estudo e aquelas recuperadas do Genbank (~ 810bp)..........................................77
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Mapa do Brasil com a quantidade e origem de espécies de mamíferos
Xenarthra amostrados em cinco estados brasileiros. ......................................... 59
Figura 2. Fluxograma com a quantidade de animais positivos e negativos obtidos
nos ensaios de PCR para triagem e caracterização molecular de Coxiella burnetii
e micoplasmas hemotrópicos ............................................................................. 72
Figura 3. Análise filogenética de sequências 16S rRNA de Mycoplasma spp.
(alinhamento de 990 pb) gerada pelo método de Máxima Verossimilhança.
Mycoplasma pneumoniae foi utilizada como grupo externo ............................... 76
Figura 4. Análise filogenética de sequências 23S rRNA de Mycoplasma spp.
(alinhamento de 810 pb) gerada pelo método de Máxima Verossimilhança.
Mycoplasma pneumoniae foi utilizada como grupo externo ............................... 78
Figura 5. Análise de distância pelo software SplitsTree4 com os parâmetros
“Neighbor – Net” e “Uncorrected p-distance” para o gene 16S rRNA ................. 79
Figura 6. Análise de distância pelo software SplitsTree4 com os parâmetros
“Neighbor –Net” e “Uncorrected p-distance” para o gene 23S rRNA .................. 79
16
CAPÍTULO 1 – CONSIDERAÇÕES GERAIS
1. INTRODUÇÃO
As bactérias do gênero Mycoplasma, pertencentes à classe Mollicutes e
família Mycoplasmataceae, possuem como característica a ausência de parede
celular e alta plasticidade na membrana externa (EDWARD E FREUNDT, 1967;
RAZIN et al., 1998; TRATCHENBERG, 2005). Estudos filogenéticos baseados no
gene 16S rRNA posicionaram as espécies classificadas anteriormente como
pertencentes aos gêneros Eperythrozoon e Haemobartonella dentro do gênero
Mycoplasma (RIKIHISA et al., 1997; NEIMARK et al., 2001). Tais estudos
também permitiram a subdivisão de algumas espécies deste gênero no grupo
dos micoplasmas hemotrópicos (hemoplasmas), que possuem como
característica a capacidade de se aderir à superfície dos eritrócitos de diferentes
espécies de mamíferos (MESSICK et al., 2004). Tais agentes emergem como
importantes patógenos na medicina humana e veterinária (DOS SANTOS et al.,
2008; YUAN et al., 2009; SYKES, 2010; STEER et al., 2011; HORNOK et al.,
2011; MAGGI et al., 2013a,b).
No Brasil é crescente o número de pesquisas relacionadas à detecção
de hemoplasmas em animais, o que vem permitindo a descoberta de novos
Candidatus a espécies em diferentes hospedeiros (PONTAROLO et al., 2020;
VIEIRA et al., 2021). Infecção por hemoplasmas estão sendo descritas em
animais selvagens do Brasil em cativeiro, tais como felídeos (GUIMARÃES et al.,
2007; ANDRÉ et al., 2011) e canídeos selvagens (ANDRÉ et al., 2011),
cervídeos (GRAZZIOTIN et al., 2011), primatas não-humanos (RAMALHO et al.,
2017; MELO et al., 2019), e de vida livre, tais como primatas não-humanos
(BONATO et al., 2015), roedores (GONÇALVES et al., 2015; 2020), capivaras
(VIEIRA et al., 2021), procionídeos, felídeos e canídeos selvagens (DE SOUSA
et al., 2017), javalis (DIAS et al. 2019), morcegos (IKEDA et al., 2017), cervídeos
(ANDRÉ et al., 2020), e marsupiais (GONÇALVES et al., 2020; PONTAROLO et
al., 2020).
Coxiella burnetii é uma ɣ-proteobactéria, Gram-negativa, intracelular
obrigatória, pertencente à ordem Legionellales e família Coxiellaceae. É
responsável por ocasionar a enfermidade zoonótica conhecida como Febre-Q
17
(ELDIN et al., 2017). Tal agente parasita diversos tipos celulares, porém
apresenta maior tropismo para fagócitos (VAN SCHAIK et al., 2013), sendo
classificado como potencial agente para bioterrorismo pelo CDC (Centers for
Diseases Control and Prevention). O referido agente possui distribuição
cosmopolita, sendo relatado em todo o mundo, com exceção da Nova Zelândia
(ELDIN et al., 2017). A transmissão desta bactéria se dá via inalação de
aerossóis, ingestão de leite e produtos lácteos contaminados e entre individuos
por contato (BOUVERY et al., 2003). Ectoparasitas hematófagos também
apresentam grande importância na transmissão do agente em questão (ELDIN et
al., 2017).
No que diz respeito à detecção de C. burnetii em animais selvagens no
Brasil, o agente foi detectado molecularmente em morcegos (FERREIRA et al.,
2018). Em mamíferos Xenarthra, o agente foi detectado em uma preguiça-de-
três-dedos (Bradypus tridactylus) em Caiena, Guiana Francesa, o animal
encontrava-se morto próximo à residência de um paciente com febre Q.
Amostras de fezes e baço do animal mostraram-se positivas em ensaios de
qPCR baseados nos genes IS1111 e IS30a para o referido agente.
Adicionalmente, 88% dos carrapatos (Amblyomma geayi) coletados da preguiça
também se mostraram positivos para C. burnetii. Apesar dos carrapatos terem se
mostrado positivos, acredita-se que as infecções em humanos nesta região
ocorreram por meio de aerossóis contaminados oriundos das fezes das
preguiças (DAVOUST et al., 2014).
Os mamíferos da Superordem Xenarthra são considerados
reservatórios de diversos agentes zoonóticos, tais como Trypanosoma cruzi e
Toxoplasma gondii, os quais foram detectados em tatus de vida livre no estado
do Mato-Grosso-do-Sul, centro-oeste do Brasil (KLUYBER, 2020). No entanto,
são poucos os estudos que investigaram a ocorrência de agentes bacterianos
transmitidos por vetores artrópodes nesse grupo de animais. Na Argentina, DNA
de Anaplasma marginale foi detectado em um tamanduá-bandeira
(Myrmecophaga tridactyla) (GUILLEMI et al., 2016). Um genótipo de Ehrlichia sp.
relacionado à E. ruminantium foi detectado em uma preguiça-de-três-dedos
(Bradypus tridactylus) no estado do Pará, no Brasil (SOARES et al., 2017). Mais
recentemente, foram descritos novo Candidatus de Bartonella (‘Candidatus
Bartonella washoensis subespécie brasiliensis’), dois novos Candidatus a
18
Anaplasma (‘Candidatus Anaplasma brasiliensis’ e ‘Candidatus Anaplasma
amazonensis’) e duas espécies de Ehrlichia (Ehrlichia canis e Ehrlichia
minasensis) em mamíferos Xenarthra de vida livre do Brasil (CALCHI et al., 2020
a,b). Até o presente momento não há relatos na literatura a respeito da infecção
por hemoplasmas neste grupo de mamíferos.
Desta forma, estudos que tenham como objetivo avaliar o status
sanitário desse grupo de animais são importantes, uma vez que contribuem com
informações para futuros projetos de conservação animal, como também para
vigilância ambiental e tomada de decisões quanto as medidas de prevenção e
controle de agentes transmitidos por vetores. Adicionalmente, dado o potencial
zoonótico de C. burnetii (VAN SCHAIK et al, 2013; ABDEL-MOEIN & HAMZA,
2017) e de algumas espécies de hemoplasmas (DOS SANTOS et al., 2008;
MAGGI et al., 2013a,b), a detecção e caracterização molecular destes agentes
na fauna selvagem contribui para aumentar o conhecimento da diversidade
genética destes grupos de bactérias.
2. OBJETIVOS
2.1 Objetivos gerais
O presente estudo objetivou investigar a ocorrência e caracterizar
molecularmente hemoplasmas e C. burnetii em amostras biológicas de
mamíferos Xenarthra de vida livre amostrados em cinco diferentes estados no
Brasil.
2.2 Objetivos específicos
Investigar, por meio de métodos moleculares, a ocorrência de
hemoplasmas e C. burnetii em amostras de baço e sangue de mamíferos
Xenarthra amostrados em cinco estados brasileiros;
Traçar inferências filogenéticas acerca do DNA de Mycoplasma spp.
hemotrópico e C. burnetii detectado em amostras de baço e sangue de
Xenarthra, comparativamente aos previamente detectados em outros
animais no mundo;
19
3. REVISÃO DE LITERATURA
3.1 Mamíferos da Superordem Xenarthra
O nome xenos, do grego, significa “estranho” e arthros “articulação”. A
superordem Xenarthra é formada por mamíferos placentários caracterizados
pela presença de articulações adicionais entre as vértebras lombares, o que
normalmente resulta em maior rigidez do esqueleto axial, e dentes reduzidos,
quando existentes (SIMPSON, 1980; SARICH, 1985; EISENBERG e REDFORD,
1999; MCDONALD, 2005; SUPERINA & LOUGHRY, 2012; GIBB et al., 2016;
DELSUC et al., 2016; UPHAM et al., 2019). Além de suas particularidades
anatômicas, este grupo apresenta singularidades fisiológicas, como o
metabolismo basal relativamente lento e temperatura corpórea variável (média:
34,1ºC, amplitude: 32,7ºC a 35,5ºC) que é considerada baixa quando
comparada com a de outros mamíferos. Tais características estão relacionadas
ao consumo de alimentos com baixo teor energético, como plantas, formigas,
cupins e pela capacidade de armazenar energia (FELDHAMER et al., 1999;
MCNAB, 1984; VALDES & SOTO, 2012).
Sua origem é incerta, mas acredita-se que possa ter ocorrido em torno de
100 milhões de anos atrás no Hemisfério Sul (Gondwana) (SIMPSON, 1980;
MURPHY et al., 2007; MORAES-BARROS & ARTEAGA, 2015). Sua presença
na América do Norte se deu por dispersão após a formação do Istmo do
Panamá, um corredor terrestre que uniu a América do Norte com a do Sul por
volta de 3 m.a., durante o Terciário (ENGELMANN, 1985). Esse período é
conhecido como “Grande Intercâmbio Biótico Americano (GABI)”, no qual houve
a migração de mamíferos Xenarthra e Marsupialia para a América do Norte,
assim como de animais de outras famílias para a América do Sul (WEBB, 1985;
TONNI et al., 1992; CARLINI et al., 2008). Nessa nova configuração geológica,
os mamíferos Xenarthra ampliaram sua distribuição geográfica. A maioria das
espécies ocorre principalmente na América do Sul e habitam regiões
neotropicais (MARTINS et al., 2015). Juntamente aos marsupiais, estão entre os
mamíferos mais antigos da história da América do Sul (VIZCAÍNO & LOUGHRY,
2008).
Entre o Pleistoceno e o Holoceno, um processo de extinção reduziu
drasticamente a diversidade de espécies, sendo extintas principalmente as
20
linhagens de grande porte (SIMPSON, 1980; KOCH & BARNOSKY, 2006;
BARNOSKY & LINDSEY, 2010). Existem atualmente 38 espécies de Xenarthra
reconhecidas, sendo seis de preguiças, dez de tamanduás e 22 de tatus. Esse
número de espécies existentes vem crescendo ao longo dos anos, devido à
utilização de novas técnicas morfométricas e, em particular, moleculares, que
tem resultando em mudanças taxonômicas importantes (IUCN, 2021).
Atualmente, os xenartros estão divididos em duas ordens: Cingulata e
Pilosa; esta última é subdividida em Vermilingua (tamanduás) e Folivora (bichos-
preguiça), as quais englobam espécies com densa cobertura capilar ao longo do
corpo (MEDRI et al., 2011a,b; MARTINS et al., 2015; GIBB et al., 2016).
Ao longo dos anos as ações antrópicas sobre o meio ambiente, como o
avanço da agricultura, queimadas, expansão da malha rodoviária,
atropelamentos e a caça predatória têm ocasionado um declínio populacional
deste grupo de mamíferos (MIRANDA et al., 2014; CHIARELLO & MORAES-
BARROS, 2014).
3.2 Ordem Cingulata
Engloba todas as espécies atuais de tatus (famílias Dasypodidae e
Chlamyphoridae). Tais animais podem ser facilmente identificadas por escudos
ou placas dérmicas dispostas regularmente em forma de armadura (carapaça)
na região da cabeça, corpo e cauda (exceto em tatus do gênero Cabassous, que
têm uma cauda nua), que têm como função protegê-los de predadores
(EMMONS &FEER,1990; MCDONOUGH & LOUGRY, 2001).
A maioria dos tatus habita a América do Sul. Poucas espécies podem ser
encontradas na América Central e somente uma espécie, o tatu-galinha
(Dasypus novemcinctus), ocorre desde o sul dos Estados Unidos até o Uruguai
(MCBEE & BAKER, 1982). São animais solitários e apresentam comportamento
diurno ou noturno, dotados de bom olfato, porém com visão e audição não muito
aguçadas. Embora ocasionalmente possam morder ou utilizar as unhas como
defesa, preferem correr ou esconder-se em buracos quando se sentem
ameaçados. Em casos nos quais não seja possível fugir, algumas espécies
encostam as margens do casco no chão, enquanto outros rolam em formato de
bola protegidas por sua cobertura córnea (CUBAS, et al., 2007).
21
Os cingulatas possuem molares primitivos e pouco adaptados à
mastigação; por conseguinte, a base alimentar da maioria deles é caracterizado
pelo consumo de insetos. Algumas espécies também possuem hábito onívoro,
alimentando-se de matéria vegetal, invertebrados e pequenos vertebrados,
normalmente em decomposição. De fato, cupins e formigas são os itens mais
importantes na dieta alimentar (DRUMOND et al., 2010).
3.3 Ordem Pilosa
3.3.1 Subordem Folivora
Habitantes das regiões de clima tropical e subtropical das Américas
Central e do Sul, a subordem Folivora é representada pelas preguiças das
famílias Bradypodidae e Megalonichidae. São animais que possuem hábitos
solitários, exceto nos períodos de acasalamento e cuidados com os filhotes
(QUEIROZ, 1995). Os animais da família Bradypodidae são essencialmente
folívoros e considerados seletivos, pois consomem uma pequena porcentagem
de espécies vegetais (MONTGOMERY & SUNQUIST, 1977). Já os da família
Megalonychidae possuem hábito alimentar onívoro, podendo ingerir uma
variedade maior de alimentos, tais como folhas, brotos, frutos e cocos de
palmeiras. Por esta razão são considerados mais adaptados (CUBAS et al.,
2014).
Em geral, são animais que possuem comportamento arborícola, passando
a maior parte do tempo em repouso na copa das árvores, onde se deslocam
com movimentos lentos, utilizando a extremidade dos galhos na sua travessia
entre as árvores (MONTGOMERY & SUNQUIST, 1975; CASSANO, 2006;
CUBAS et al., 2007). Descem ao solo em poucas ocasiões, quando estão em
áreas abertas com ausência de conexão entre as árvores ou em casos onde
sintam a necessidade de defecar e urinar, o que em geral pode ocorrer a cada 2
ou 4 dias (CASSANO, 2006; SUPERINA et al.,2008).
A possibilidade de termorregulação é extremamente importante para as
preguiças, particularmente para as do gênero Bradypus. Acredita-se que seu
comportamento natural tem como base as alterações climáticas, o que explicaria
o porquê de ficarem praticamente imóveis nas primeiras horas da manhã, quase
que em estado de hibernação. Com a elevação da temperatura passam
22
gradativamente a se movimentar e buscar a parte mais alta das árvores para se
aquecer (CUBAS, 2007).
3.3.2 Subordem Vermiligua
É representada pelos tamanduás das famílias Cyclopedidae e
Myrmecophagidae. Suas principais características são ausência total de dentes
e a presença de um focinho longo e cônico que acomoda uma língua
vermiforme, responsável pela captura dos alimentos, uma vez que a dieta
alimentar é baseda no consumo de formigas e cupins, tanto de chão como de
árvores (SHAW & CARTER, 1980; CUBAS, 2014).
As orelhas são diminutas, os olhos pequenos e negros, membros
torácicos fortes e garras, que os auxiliam na defesa e na procura por alimento
(MIRANDA, 2008). O tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla) ocorre por
todo o território nacional, mais predominantemente no Cerrado (MIRANDA,
2014). É o maior de todos os tamanduás e pode chegar a um peso de
aproximadamente 40 kg, com hábitos exclusivamente terrestres (MIRANDA,
2004; RODRIGUES et al., 2008). Possuem pelagem densa que atua como
isolante térmico, impedindo o ganho e a perda excessiva de calor. A longa
cauda é utilizada para camuflagem, tanto que ao dormir a colocam sobre o corpo
(FERNANDES & YOUNG, 2008).
Os tamanduás-mirins (Tamandua tetradactyla) são encontrados ao leste
dos Andes, no norte do Uruguai e Argentina e também no Brasil (SUPERINA et
al., 2010; MEDRI et al., 2011a). Seu habitat natural abrange savanas, florestas
tropicais e espinheiras (MEDRI et al., 2011a). São mamíferos de
aproximadamente 77 cm (NOWAK, 1999) e possuem peso corporal de
aproximadamente 7 kg (WETZEL, 1985). Essa espécie de tamanduá possui
hábitos preferencialmente arborícolas e descem ao solo somente para se
alimentar, defecar e urinar (RODRIGUES et al., 2008). O tamanduá-do-norte
(Tamandua mexicana), por sua vez, assemelha-se ao tamanduá-mirim e sua
distribuição vai desde o norte da região sul do México até a América Central,
podendo também ser encontrado na Venezuela, em sua região noroeste, e no
Peru, na região sul e noroeste do país (IUCN, 2014).
Já o tamanduaí (Cyclopes didactylus), espécie peculiar de tamanduá, é o
menor de todos, é exclusivamente arborícola e noturno (ASASG, 2020). O peso
23
médio dessa espécie pode chegar a 300 gramas e atingir até 55 cm de
comprimento (IUCN, 2014). Sua ocorrência geográfica vai desde a parte sul do
México, em sua porção tropical, passando pela América Central e estendendo-
se até a América do Sul (MIRANDA & SUPERINA, 2010).
3.4 Micoplasmas hemotrópicos (hemoplasmas)
3.4.1 Agentes etiológicos
Os hemoplasmas são bactérias do gênero Mycoplasma pertencentes à
família Mycoplasmataceae, ordem Mycoplasmatales e classe Mollicutes (TULLY
et al., 1993). São bactérias fastidiosas, de formato cocóide, com ausência de
parede celular e alta plasticidade na membrana externa, encontradas aderidas à
superfície dos eritrócitos ou livres no plasma (EDWARD & FREUNDT, 1967;
NEIMARK et al., 2001). Quando ligadas aos eritrócitos, essas bactérias podem
causar deformações na superfície celular (NEIMARK et al., 2001).
Anteriormente pertenciam aos gêneros já extintos Haemobartonella spp. e
Eperythrozoon spp. (MESSICK, 2004). Análises de sequências obtidas a partir
do gene 16S rRNA permitiram a alocação das espécies Haemobartonella felis,
Haemobartonella muris, Eperythrozoon suis e Eperythrozoon wenyonii no gênero
Mycoplasma (NEIMARK et al., 2001).
A maioria das espécies de hemoplasmas possui como status taxonômico
o termo “Candidatus’’ por não terem sido cultivadas in vitro (VOLOKHOV et al.,
2012; OREN et al., 2020). A dificuldade pode estar associada a dependência
dessas bactérias pelos glóbulos vermelhos e fatores de crescimento do
hospedeiro, a maioria desconhecidos. Portanto, as definições de espécies ainda
não estão totalmente estabelecidas (CITTI & BLANCHARD, 2013; GUIMARÃES
et al., 2014).
Recentemente, Descloux et al. (2020) iniciaram o cultivo de ‘Candidatus
Mycoplasma haemohominis’ a partir de amostras de sangue de 23 pacientes
positivos na Nova Caledônia. O meio utilizado para o crescimento das culturas
foi o OM3 especificamente projetado no estudo. Das amostras coletadas para
cultivo, apenas uma obteve crescimento e que foi considerado lento. A cultura
deste isolado de hemoplasma, chamada “neocaledonica”, está em andamento.
24
A distribuição dos micoplasmas hemotrópicos é de caráter mundial, com
exceção da Antártica (MILLÁN et al., 2020). Devido a grande capacidade de
aderência à superfície dos eritrócitos, estes agentes vêm sendo identificados em
várias espécies de vertebrados, inclusive em seres humanos (MESSICK, 2004;
DOS SANTOS et al., 2008).
3.4.2 Transmissão de hemoplasmas
A transmissão dos hemoplasmas ainda não está completamente
elucidada. Estudos sugerem que a transmissão ocorra principalmente por
vetores artrópodes hematófagos, tais como pulgas, carrapatos e piolhos (WILLI
et al., 2007). Porém, poucos são os estudos experimentais objetivando investigar
a competência vetorial de tais artrópodes.
Nesse sentido, o carrapato Rhipicephalus sanguineus sensu lato é o
principal vetor suspeito a reservatório de Mycoplasma haemocanis, porém, tal
fato ainda não está bem esclarecido na literatura (NOVACCO et al., 2010).
Adicionalmente, acredita-se que as pulgas Ctenocephalides felis teriam
participação na transmissão de Mycoplasma haemofelis e ‘Candidatus
Mycoplasma haemominutum’ (WOODS et al., 2005). Enquanto piolhos Polyplax
serrata e P. spinulosa são incriminados na transmissão de Mycoplasma
coccoides (BERKENKAMP & WESCOTT, 1988), moscas Stomoxys calcitrans e
o mosquito Aedes aegypti (PRULLAGE et al., 1993) e o piolho Haematopinus
suis (HEINRITZI, 1990; MESSICK, 2004) são possíveis vetores de Mycoplasma
suis.
Recentemente, Hornok et al. (2019) identificaram a presença de DNA de
hemoplasmas em carrapatos (Ixodes simplex) coletados de morcegos na
Hungria. Posteriormente, Gonçalves et al. (2020) detectaram DNA de
hemoplasmas em carrapatos (Amblyomma sp.) e piolhos (Polyplax spinulosa) de
roedores no Brasil. Descloux et al. (2020) detectaram molecularmente tais
agentes em moscas Hippoboscoidea (Cyclopodia horsfieldi) coletadas de
morcegos na Nova Caledônia. No entanto, nenhum desses estudos pôde
determinar se o DNA encontrado nos vetores artrópodes era originário do
repasto sanguíneo e, portanto, pertencente ao hospedeiro infectado (MILLAN et
al., 2020). Vieira et al. 2021, identificaram ‘Candidatus Mycoplasma
haematohydrochoerus’ na glândula salivar de Amblyomma dubitatum. Este
25
achado reforça a ideia de que os carrapatos possam estar envolvidos na
transmissão de hemoplasmas. Outras rotas de transmissão descritas são as
interações agressivas entre os animais (NEIMARK et al., 2001), a transmissão
direta, vertical e transfusões sanguíneas, já demonstradas para algumas
espécies (COHEN et al., 2018; MUSEUX et al., 2009).
3.4.3 Quadro Clínico
Os sinais clínicos causados por estas bactérias são variáveis e a maior
parte do que se sabe a respeito do curso da doença é descrito em estudos com
animais domésticos (MILLAN et al., 2020). Tais agentes podem causar anemia
aguda ou crônica e anemia hemolítica severa, especialmente em indivíduos
imunocomprometidos. No entanto, a maioria dos animais desenvolvem infecções
assintomáticas. Acredita-se que a severidade da doença dependerá da espécie
de Mycoplasma envolvido e da presença de doenças ou infecções
concomitantes (MESSICK, 2004; MILLAN et al., 2020).
3.4.4 Diagnóstico
Existem diferentes ferramentas para a realização do diagnóstico de
infecções por hemoplasmas, tais como esfregaços sanguíneos corados, testes
moleculares como PCR convencional (cPCR) e em tempo real (qPCR)
(BRINSON & MESSICK, 2001; BARKER et al., 2010), testes de Western
immunoblot e imunofluorescência indireta (WILLI et al., 2007; NOVACCO et al.,
2010).
A análise de esfregaços sanguíneos, método de diagnóstico tradicional
para detecção de hemoparasitas, é barato e de fácil execução, porém apresenta
baixas especificidade e sensibilidade na identificação dos hemoplasmas
(TASKER, 2010; MASCARELLI et al., 2016), o que pode ser atribuído a
presença de artefatos refráteis, precipitados de corantes e corpúsculos de
Howell-Jolly nas lâminas (TASKER et al., 2003; WILLI et al., 2007).
Atualmente, as ferramentas moleculares tem se apresentado como o
método diagnóstico de escolha para detecção de hemoplasmas (WILLI et al.,
2007; SYKES, 2010). A maioria dos protocolos de PCR convencional e em
tempo real (qPCR) realizados são baseados no gene 16S rRNA (MESSICK,
2004). Outros diferentes fragmentos gênicos (23S rRNA, RNase P
26
[Ribonuclease P]) foram desenvolvidos para a diferenciação das espécies
(BIRKENHEUER et al., 2002; MAGGI et al., 2013a; MONGRUEL et al., 2020).
São realizados também ensaios quantitativos de PCR em tempo real, um
método específico que permite a quantificação do DNA dos hemoplasmas e
apresenta um menor risco de contaminação (BARKER et al., 2010).
3.4.5 Hemoplasmas em animais selvagens
Ainda que animais selvagens apresentem uma prevalência de infecção
por hemoplasmas significativamente maior do que animais em cativeiro, pouco
se sabe a respeito da ocorrência, diversidade genética, rotas de transmissão e
impacto causado por hemoplasmas na saúde desses animais (FOLEY et al.,
1998; WILLI et al., 2007). Todavia, o interesse em pesquisas relacionadas à
detecção de hemoplasmas em animais selvagens vem se tornando crescente,
tanto que os hemoplasmas já foram identificados em várias partes do mundo, e
em mais de 130 hospedeiros de diferentes ordens: Artiodactyla, Carnivora,
Primates, Rodentia, Marsupialia e Chiroptera (MILLAN et al., 2020). Entretanto,
inexistentes são os estudos acerca da ocorrência e diversidade genética destes
agentes em mamíferos da Superordem Xenarthra.
Adicionalmente, micoplasmas hemotrópicos já foram detectados no Brasil
em primatas não-humanos (BONATO et al., 2015), roedores (GONÇALVES et
al., 2015; 2020), procionídeos, felídeos e canídeos selvagens (DE SOUSA et al.,
2017), javalis (DIAS et al. 2019), morcegos (IKEDA et al., 2017), cervídeos
(ANDRÉ et al., 2020) e marsupiais (GONÇALVES et al., 2021). Recentemente,
novos Candidatus a Mycoplasma, foram descritos em gambás de orelha-branca
(‘Candidatus Mycoplasma haemoalbiventris’) (PONTAROLLO et al., 2021),
capivaras (‘Candidatus Mycoplasma haematohydrochoerus’) (VIEIRA et al.,
2021), ouriços-caicheiro (‘Candidatus Mycoplasma haemophiggurus’)
(VALENTE et al., 2020), e quatis (‘Candidatus Mycoplasma haematonasua’)
(COLLERE et al., 2021), com base em análises filogenéticas baseadas nos
genes 16S rRNA e 23S rRNA.
3.4.6 Potencial zoonótico
Embora relatos de infecções por Mycoplasma spp. hemotrópicos sejam
de maior ocorrência em humanos imunocomprometidos ou indivíduos com
27
extenso contato com animais e vetores artrópodes, casos em indivíduos
saudáveis também vêm sendo observados (MESSICK, 2004; YANG et al., 2000;
MAGGI et al., 2013a,b).
Estes patógenos podem emergir como um possível problema de Saúde
Pública (MAGGI et al., 2013a,b), haja visto que hemoplasmas já foram
identificados em humanos na China (M. suis) (YANG et al., 2000; YUAN et al.,
2009), Brasil (M. haemofelis) (DOS SANTOS et al., 2008), Inglaterra (‘Ca. M.
haematohominis’) (STEER et al., 2011), Estados Unidos (M. ovis e Mycoplasma
sp. com 93% de homologia com um Mycoplasma sp. detectado em uma capivara
do Brasil e 92,2% com M. coccoides), África do Sul (‘Ca. M.haematoparvum’)
(MAGGI et al., 2013b), Japão (‘Ca. M. haematohominis’) (HATTORI et al., 2020)
e Nova Caledônia (‘Ca. M. haematohominis’) (DESLCLOUX et al., 2020).
No Brasil, dos SANTOS et al., (2008) identificaram em Porto Alegre,
estado do Rio Grande do Sul, um paciente HIV positivo apresentando sintomas
de sudorese noturna, perda de apetite, tosse produtiva, dores musculares, e
linfadenomegalia cervicais, axilares e inguinais. Nos exames diagnósticos
baseados em métodos moleculares, o paciente mostrou-se positivo na PCR para
M. haemofelis e Bartonella henselae. Este indivíduo possuía cinco gatos e tinha
vários arranhões e mordidas. Todos os cinco gatos foram PCR positivos
para Bartonella spp. e dois foram positivos para M. haemofelis, sugerindo a
possibilidade de transmissão zoonótica.
Maggi et al. (2013b) relataram um caso de infecção por hemoplasma em
uma veterinária, que esteve envolvida no trabalho hospitalar de tratamento de
animais domésticos, em Granada e Irlanda, e em pesquisas anatômicas que
exigiam a dissecção de animais selvagens, na África. A paciente apresentou
sintomas neurológicos, tais como dores de cabeça, desmaios, fotofobia,
fasciculações musculares e convulsões tônico-clônicas. Nos exames
diagnósticos mostrou-se soropositiva para B. vinsonii subsp. berkhoffii e B.
henselae, porém negativa aos testes moleculares e à cultura. À PCR, foi
detectada positividade para Anaplasma platys e Mycoplasma spp. As
sequências obtidas de hemoplasmas a partir dos genes 16SrRNA e RNaseP
mostraram 99,8% e 100% de identidade, respectivamente, à 'Candidatus M.
haematoparvum'. Após o tratamento completo, não foram mais detectados
28
molecularmente Anaplasma nem hemoplasmas na paciente. Porém, a mesma
permanecera soropositiva para Bartonella spp.
Mais recentemente, Hattori et al. (2020) relataram um caso de infecção
por ‘Ca. M. haematohominis’ em um médico de Tokyo, no Japão. O paciente foi
internado apresentando pirexia, anemia, linfadenopatia e hepatoesplenomegalia
um mês após um ferimento acidental com agulha enquanto trabalhava. Foram
realizados ensaios moleculares de PCR convencional para hemoplasmas
baseado nos genes 16S e 23S rRNA, além de PCR em tempo real baseada no
gene 16S rRNA de ‘Ca. M. haematohominis’.
3.5 Coxiella burnetti
3.5.1 Agente etiológico
Coxiella burnetii é uma bactéria intracelulare obrigatória e agente
etiológico da Febre Q (Query Fever), uma zoonose de distribuição mundial. A
infecção em geral apresenta-se leve, com manifestações febris, mas em alguns
casos pode evoluir com manifestações clínicas graves (SANTOS et al., 2007;
LEMOS et al., 2011). Anteriormente, o referido agente fora classificado como
Rickettsia burnetii por apresentar semelhanças com agentes da ordem
Rickettsiales. No entanto, análises moleculares baseadas no gene 16S rRNA
monstraram que essas bactérias na verdade estavam estreitamente
relacionadas com a família Coxiellaceae e, portanto, pertenciam à classe das
Gama-proteobactérias (DRANCOURT & RAOULT, 1994).
Atualmente, é classificada como pertencente ao gênero Coxiella, ordem
Legionellales e família Coxiellaceae, (SESHADRI et al., 2003). Apresenta-se na
forma de cocobacilo pleomórfico com parede celular similar à de outras bactérias
Gram-negativas. No entanto, apresenta características únicas como a de se
proliferar dentro do fagolisossoma, alta capacidade de sobrevivência extracelular
e resistência à ruptura física e química relacionada ao seu processo de
esporulação (HOWE & MALLAVIA, 2000). Esse processo é caracterizado por
duas variações morfológicas distintas de C. burnetti, a saber: variante de
pequenas células (Small Cell Variant – SCV) e variante de grandes células
(Large Cell Variant – LCV). Tal diferenciação é baseada no tamanho, morfologia
e pelos peptidoglicanos constituintes da parede celular (OYSTON & DAVIES,
29
2011). As SCV são consideradas formas vegetativas de resistência (esporos) no
meio extracelular que podem manter-se viáveis por longos períodos fora do
hospedeiro, uma vez que apresentam alta resistência à radiação ultravioleta,
dessecação, calor, pressão, estresse osmótico e oxidativo e à maioria dos
desinfetantes. Já a LCV é a forma metabolicamente ativa e sensível ao estresse
ambiental (MCCAUL & WILLIAMS, 1981; ARRICAU-BOUVERY & RODOLAKIS,
2005).
Este agente possui duas fases antigênicas estreitamente relacionadas ao
lipopolissacarídeo (LPS), responsável por expressar virulência e infecção de C.
burnetii. As variações do LPS de membrana são denominadas de LPS da fase I
virulenta (LPS I) e de fase II não-virulenta (LPS II) (TOMAN et al., 2012). A fase I
é parcialmente internalizada por monócitos e macrófagos, podendo sobreviver
no interior dessas células. Enquanto que a fase II é internalizada e rapidamente
eliminada. O receptor utilizado por cada fase de C. burnetii para entrada em
monócitos e macrófagos é provavelmente crucial para a sua sobrevivência
dentro das células do sistema monocítico fagocitário (MAURIN & RAOULT,
1999). Essa definição tem sido utilizada para distinguir infecções agudas de
crônicas em pessoas, uma vez que anticorpos de fase I têm sido associados a
infecções crônicas e anticorpos de fase II a infecções agudas (PEACOCK et al.,
1983; DUPUIS et al., 1988).
Devido à sua grande resistência à inativação, permanência viável por
meses no ambiente, capacidade de dispersão de até 30 km pelo vento, além de
seu caráter ocupacional, por meio do qual médicos veterinários e funcionários
de abatedouros e fazendas estão mais expostos aos riscos de infecção,
mesmo um único microrganismo pode causar infecção. Este agente é
considerado agente de notificação obrigatória e até mesmo um potencial agente
de guerra biológica, em razão do risco que representa à Saúde Pública
(SANTOS et al., 2007; ELDIN et al., 2017).
3.5.2 Transmissão e quadro clínico
A transmissão desta bactéria em geral ocorre pela inalação de aerossóis,
ingestão de leite e produtos lácteos contaminados, contato interpessoal (mais
raramente) (BOUVERY et al., 2003), e por meio de vetores artrópodes
hematófagos (ELDIN et al., 2017). Amplamente distribuída, pode infectar uma
30
vasta diversidade de vertebrados e invertebrados. Em áreas rurais, os animais
infectados, geralmente são representados por bovinos e caprinos, que
funcionam como reservatórios desta bactéria e principais fontes de infecção para
seres humanos (ELDIN et al., 2017; OYSTON & DAVIES, 2011).
Os principais sinais clínicos associados à doença crônica em bovinos e
caprinos são abortamento no final da gestação e transtornos reprodutivos
(TISSOT-DUPONT & RAOULT, 2008; ROZENTAL et al., 2012; ZANATTO et al.,
2019a). Este agente apresenta tropismo pelo útero e glândulas mamárias. Desta
forma, o consumo de leite cru e seus derivados, ou mesmo a exposição
ocupacional durante a cadeia produtiva (ordenha, beneficiamento e transporte),
bem como o contato com os restos placentários dos animais nascidos, ou
produtos de abortamento, constituem formas de transmissão relevantes por
conta da alta carga bacteriana que é excretada (SANTOS et al., 2007; OYSTON
& DAVIES, 2011;ROZENTAL et al., 2012; RODOLAKIS, 2009).
Em humanos, a infecção está mais associada à inalação de aerossóis
transmitidos pelo ar de ambientes contaminados (CDC, 2018). Os pacientes em
geral apresentam pneumonia, uma síndrome semelhante à gripe e hepatite; em
alguns casos, é observada a presença de prurido, pericardite, miocardite,
encefalite e osteomielite (MAURIN & RAOULT, TISSOT-DUPONT & RAOULT
1999 e 2008).
3.5.3 Diagnóstico
Para diagnóstico de C. burnetii podem ser empregados métodos
sorológicos e moleculares (ELDIN et al., 2017). No que diz respeito à sorologia,
a detecção de anticorpos por meio da Reação de Imunofluorescência Indireta
(RIFI) é largamente utilizada, devido à sua alta sensibilidade (HARTZELL et al.,
2008). Deve-se realizar este método tanto na fase aguda, quando é possível a
detecção de títulos de IgG anti-fase II maior do que os títulos de IgG anti-
antígeno fase I, quanto na fase de convalescência, quando os títulos de IgG
anti-fase I é maior do aqueles anti-fase II (MAURIN & RAOULT, 1999;
ANDERSON et al., 2013). Alguns relatos de reações sorológicas cruzadas são
descritos na literatura entre C. burnetii e Legionella spp., além de Bartonella
spp., o que dificulta a interpretação de alguns resultados sorológicos. Sendo
assim, o diagnóstico diferencial deve ser estabelecido quando forem
31
determinados, quantitativamente, títulos de anticorpos contra os antígenos de C.
burnetii das fases I e II (MAURIN & RAOULT, 1999). Já os protocolos de PCR
convencional (cPCR) vêm sendo realizados utilizando oligonucleotídeos
iniciadores baseados em diferentes regiões gênicas, tais como regiões gênicas
plasmídiais (MALLAVIA et al., 1990), região intergênica 16S-23S rRNA, genes
da superóxido dismutase (SOD), da proteína externa de membrana 1 (com1) e
da sequência repetitiva IS1111 (IBRAHIM et al., 1997; STEIN et al., 1997;
VAIDYA et al., 2008; FENOLLAR et al., 2004; BODEN et al., 2012; ABDEL-MEIN
et al., 2017). A PCR em tempo real (qPCR) com região alvo na região IS1111
vem mostrando alta sensibilidade (ELDIN et al., 2017).
3.5.4 Coxiella burnetti em animais e humanos no Brasil
A infecção por C. burnetii ocorre em uma grande variedade de animais
domésticos e selvagens (MAURIN e RAOULT, 1999; CDC 2018). No Brasil,
estudos realizados já identificaram evidência sorológica de exposição à C.
burnetii em bovinos (ZANATO et al., 2019a; DE SOUZA RAMOS et al., 2020) e
cervídeos (ZANATTO et al., 2019b). Por outro lado, DNA do agente já foi
detectado em amostras de placenta de caprinos (OLIVEIRA et al., 2018), em
baço em roedores selvagens (ROZENTAL et al., 2017), e baço de morcegos
(FERREIRA et al., 2018). Recentemente, Ikeda et al. (2021) verificaram que
morcegos não-hematófagos amostrados em áreas periurbanas do centro-oeste
brasileiro mostraram-se negativos para o agente com base na qPCR direcionada
ao gene IS1111.
DNA de C. burnetii vem sendo também detectado em produtos de origem
animal. Neste sentido Mioni et al. (2019) detectaram molecularmente C. burnetti
em leite não-pasteurizado no Estado de Goiás e, mais recentemente,
Nascimento et. al (2021) detectaram DNA do agente em queijos minas de
produção artesanal no Estado de Minas Gerais.
Evidência sorológica de exposição à C. burnetii já foi relatada em seres
humanos nos estados de São Paulo (BRANDÃO et al., 1953; VALLE et al.,
1955), Rio de Janeiro (LAMAS et al., 2009, 2013; LEMOS et al., 2018), Minas
Gerais (RIEMANN, et al., 1974; COSTA et al., 2005; COSTA et al., 2006;
MEURER et al., 2021) e Bahia (SICILIANO et al., 2008).
32
Siciliano et al. (2015), ao investigarem a ocorrência de bactérias
fastidiosas em 221 pacientes com endocardite adquirida internados no Instituto
do Coração da Faculdade de Medicina na Universidade de São Paulo,
detectaram anticorpos IgG anti-C. burnetii pela RIFI e DNA do referido agente
em tecido valvar pela PCR em tempo real baseada no gene IS1111 em 4
pacientes.
No Rio de Janeiro, Lemos et al. (2011) detectaram DNA de C. burnetii em
amostra de soro de um paciente que apresentava febre associada à
trombocitose. A esposa e 2 dos 13 cães do paciente mostraram sorreatividade
na RIFI frente ao antígeno de C. burnetii. Rozental et al. (2012) confirmaram o
diagnóstico de Febre Q em um homem de 33 anos que apresentava febre,
mialgia e tosse seca. O diagnóstico para C. burnetii foi realizada com base em
ensaio de PCR convencional baseado no gene “heat shock protein” (htpAB) em
amostras de soro e lavado brônquio-alveolar. Adicionalmente, aumento
significativo no título de anticorpos anti-C. burnetii foi detectado pela RIFI em
amostras de soro coletadas nos dias 7 e 27 do curso clínico da doença.
4. REFERÊNCIAS
Abdel-Moein KA., Hamza DA. (2017). The burden of Coxiella burnetii among
aborted dairy animals in Egypt and its public health implications. Acta Tropica,
166, 92-95. https://doi.org/10.1016/j.actatropica.2016.11.011
Anderson, A., Bijlmer, H., Fournier, P. E., Graves, S., Hartzell, J., Kersh, G. J.,
Limonard, G., Marrie, T. J., Massung R. F., McQuiston J. H., Nicholson, W. L.
(2013). Diagnosis and management of Q fever—United States, 2013:
recommendations from CDC and the Q Fever Working Group. MMWR
Recommendations and Reports, 62(3), 1-29.
André, MR., Duarte, JMB., Gonçalves, LR., Sacchi, AB., Jusi, MMG., Machado,
RZ. (2020). New records and genetic diversity of Mycoplasma ovis in free-
ranging deer in Brazil. Epidemilogy and Infection, 148(6). https://doi:
10.1017/S0950268819002218
33
André, MR., Adania, CH., Allegretti, SM., Machado, RZ. (2011). Hemoplasmas in
Wild Canids and Felids in Brazil. Journal of Zoo and Wildlife, 42(2), 342–347.
https://doi.org/10.1638/2010-0198.1
Arricau-Bouvery, N., Rodolakis, A. (2005). Is Q fever an emerging or re-
emerging zoonosis?. Veterinary Research, 36(3), 327–349.
https://doi.org/10.1051/vetres:2005010
ASASG.(2020). Os xenartros. Disponível em:
Acesso em:10 Out. 2020.
Barker, E., Helps, C., Heesom, K., Arthur, C., Peters, I., Hoffmann-Lehmann, R.,
Tasker, S. (2010). Detection of humoral response using a recombinant heat
shock protein 70, DnaK, of Mycoplasma haemofelis in experimentally and
naturally hemoplasma-infected cats. Clinical and Vaccine Immunology, 17(12),
1926–1932. https://doi.org/10.1128/CVI.00320-10
Barnosky, AD., Lindsey, EL. (2010). Timing of Quaternary megafaunal extinction
in South America in relation to human arrival and climate change. Quaternary
International, 217, 10-29. DOI:10.1016/J.QUAINT.2009.11.017.
Berkenkamp, SD., Wescott, RB. (1988). Arthropod transmission of
Eperythrozoon coccoides in mice. Laboratoty animal science, 38(4), p. 398-401,
Biondo, AW., Dos Santos, AP., Guimarães, AM., Vieira, RF., Vidotto, O.,
Macieira, DDEB., Almosny, NR., Molento, MB. Timenetsky, J., De Morais, HA.,
González, FH., MESSICK, JB. (2009). A review of the occurrence of
hemoplasmas (hemotrophic mycoplasmas) in Brazil. Revista Brasileira de
Parasitologia Veterinária, 18(3), 1-7. http://dx.doi.org/10.4322/rbpv.01803001.
Birkenheuer, A., Breitschwerdt, E., Alleman, A., Pitulle, C. (2002). Differentiation
of Haemobartonella canis and Mycoplasma haemofelis on the basis of
comparative analysis of gene sequences. American Journal of Veterinary
Research, 63, 1385–1388. https://doi.org/10.2460/ajvr.2002.63.1385
Brandão, H., Vale, LAR., Christovão, DA. (1953). Investigações sobre a febre Q
em São Paulo – I – Estudo sorológico em operários de um frigorífico. Arquivo da
34
Faculdade de Higiene e Saúde Pública da Universidade de São Paulo, 7(1), 127-
131. https://doi.org/10.11606/issn.2358-792X.v7i1p127-131
Brinson, JJ., Messick, JB. (2001). Use of a polymerase chain reaction assay for
detection of Haemobartonella canis in a dog. Journal of the American Veterinary
Medical Association, 218(12), 1943–1945.
https://doi.org/10.2460/javma.2001.218.1943
Boden, K., Brueckmann, A., Wagner-Wiening, C., Hermann, B., Henning, K.,
Junghanss, T., Seidel, T., Baier, M., Straube, E., Theegarten D. (2012).
Maternofetal consequences of Coxiella burnetii infection in pregnancy: a case
series of two outbreaks. BMC Infectious Diseases, London, 12(1), 359.
https://doi.org/10.1186/1471-2334-12-359
Bonato, L., Figueiredo, MAP., Goncalves, LR., Machado, RZ., André, MR.
(2015).Occurrence and molecular characterization of Bartonella sp. and
hemoplasmas in neotropical primates from Brazilian Amazon. Comparative
Immunology, Microbiology and Infectious Diseases, 42, 15–20.
https://doi.org/10.1016/j.cimid.2015.09.001
Bouvery, NA., Souriau, A., Lechopier, P., Rodolakis, A., (2003). Experimental
Coxiella burnetii infection in pregnant goats: excretion routes. Veterinary
Research, 34(4), 423-433. https://doi.org/10.1051/vetres:2003017
Calchi, AC., Vultão, JG., Alves, MH., Yogui, DR., Desbiez, ALJ., Amaral, RB.;
Santi, M., Teixeira, MMG., Werther, K., Machado, RZ, André, MR. (2020a). Multi-
locus sequencing reveals a novel Bartonella in mammals from the Superorder
Xenarthra. Transboundary and Emerging Diseases, 67(5), 2020-2033.
https://doi.org/10.1111/tbed.13545
Calchi, AC., Vultão, JG., Alves, MH., Yogui, DR., Desbiez, ALJ., Santi, M.,
Santana, MS., da Silva, TMV., Werther, K., Teixeira, MMG., Machado, RZ.,
André, MR. (2020b). Ehrlichia spp and Anaplasma spp. in Xenarthra mammals
from Brazil, with evidence of novel ‘Candidatus Anaplasma spp.’. Scientific
Reports, 10, 12615. https://doi.org/10.1038/s41598-020-69263-w
35
Carlini, AA., Zurita, AE., Aguilera, OA. (2008). North American Glyptodontines
(Xenarthra, Mammalia) in the Upper Pleistocene of northern South America.
Paläontologische Zeitschrift, 82(2), 125-138. https://doi.org/10.1007/BF02988404
Cassano CR. (2006). Ecologia e conservação da preguiça-de-coleira (Bradypus
torquatus Illiger, 1811) no sul da Bahia. Dissertação (Mestrado em Zoologia) -
Universidade Federal de Santa Cruz, Ilhéus.
Centers for Disease Control and Prevention. Bioterrorism agents/ diseases.
2018. Available from: https://emergency.cdc.gov/agent/agentlist.asp.
Chiarello, A., Moraes-Barros, N. (2014). Bradypus torquatus. The IUCN Red List
of Threatened Species Disponível em: http://dx.doi.org/10.2305/IUCN.UK.2014-
1.RLTS.T3036A47436575.en
Citti, C., Blanchard, A. (2013). Mycoplasmas and their host: Emerging and re-
emerging minimal pathogens. Trends in Microbiology, 21(4), 196–203.
https://doi.org/10.1016/j.tim.2013.01.003
Cohen, C., Shemesh, M., Garrido, M., Messika, I., Einav, M., Khokhlova, I.,
Tasker, S., Hawlena, H. (2018). Haemoplasmas in wild rodents: Routes of
transmission and infection dynamics. Molecular Ecology, 27(18), 3714–3726.
https://doi.org/10.1111/mec.14826
Collere, FCM., Delai, RM., Ferrari, LDR., da Silva, LH., Fogaça, PLC., Rodrigues,
AN., Gonçalves, DD., Baggio, RA., Moraes, MFD., Hoppe, EGL., André, MR.,
Vieira, TSWJ., Vieira, RFC. (2021). ‘Candidatus Mycoplasma haematonasua’
and tick-borne pathogens in ring-tailed coatis (Nasua nasua Linnaeus, 1976)
from the Iguaçu National Park, Paraná State, southern Brazil. Transboundary
and Emerging Diseases, 68(6), 3222–3229. https://doi.org/10.1111/tbed.14311
Costa, PSG., Brigatte, ME., Greco, DB. (2005). Antibodies to Rickettsia rickettsii,
Rickettsia typhi, Coxiella burnetii, Bartonella henselae, Bartonella quintana, and
Ehrlichia chaffeensis among healthy population in Minas Gerais, Brazil.
Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, 100(8), 853-859.
http://dx.doi.org/10.1590/S0074-02762005000800006
36
Costa, PSG., Brigatte, ME., Greco, DB. (2006). Questing one Brazilian query:
reporting 16 cases of Q fever from Minas Gerais, Brazil. Revista do Instituto de
Medicina Tropical de São Paulo, 48(1), 5-9. http://dx.doi.org/10.1590/S0036-
46652006000100002
Cubas, ZS., Silva, JCR., Catão-Dias, JL. (2014). Tratado de animais selvagens:
Medicina Veterinária. 2ed. Rio de Janeiro: Roca.
Cubas, ZS., Silva, JCR., Catão-Dias, J. L. (2007). Tratado de animais selvagens:
Medicina Veterinária. São Paulo: Roca.
Davoust, B., Marié, JL., de Santi, VP., Berenger, JM., Edouard, S., Raoult, D.
(2014). Three-toed sloth as putative reservoir of Coxiella burnetii, Cayenne,
French Guiana. Emerging Infectious Diseases, 20(10), 1760-1761.
https://doi.org/10.3201/eid2010.140694
De Sousa, KCM., Herrera, HM.; Secato, CT.; Oliveira, AV.; Santos, FM., Rocha,
FL., Barreto, WTG., Macedo, GC.; Pinto, PCEA., Machado, RZ., Costa, MT.,
Andre, MR. (2017). Occurrence and molecular characterization of hemoplasmas
in domestic dogs and wild animals in a Brazilian wetland. Acta Tropica, 171, 172-
181. https://doi.org/10.1016/j.actatropica.2017.03.030.
Delsuc, F., Gibb, G.C., Kuch, M., Billet, G., Hautier, L., Southon, J., Rouillard, J.-
M., Fernicola, J.C., Vizcaı´no, S.F., MacPhee, R.D., and Poinar, H.N. (2016). The
phylogenetic affinities of the extinct glyptodonts. Current Biology, 26(4), 155–156.
https://doi.org/10.1016/j.cub.2016.01.039
De Sousa Ramos, IA., Mello, VVC., Mendes, NS., Zanatto, DCS., Campos, JBV.,
Alves, JVA., et al. (2020). Serological occurrence for tick-borne agents in beef
cattle in the Brazilian Pantanal. Revista Brasileira de Parasitologia Veterinária.
29(1). http://doi.org/10.1590/S1984-29612020007.
Descloux, E., Mediannikov, O., Gourinat, AC., Colot, J., Chauvet, M., Mermoud,
I., Levasseur, A. (2020). Flying fox haemolytic fever, description of a new
zoonosis caused by “Candidatus Mycoplasma haemohominis”. Clinical Infectious
Diseases, 26(1), 11-19. https://doi.org/10.1093/cid/ciaa1648.
37
Dias, GB., do Amaral, RB., Gatto, IRH., Lapera, IM., de Oliveira, LG., Lux Hoppe,
EG., Machado, RZ., André, M. (2019). Molecular detection of Mycoplasma suis in
captive white-lipped peccaries (Tayassu pecari) and wild boars (Sus scrofa) in
Brazil. Comparative Immunology, Microbiology and Infectious Diseases, 63, 94–
96. https://doi.org/10.1016/j.cimid.2019.01.013.
Dos Santos, AP., dos Santos, RP., Biondo, AW., Dora, J.M., Goldani, LZ., de
Oliveira, ST., Guimarães, AMS., Timenetsky, J., de Morais, HA., González,
FHD., Messick, JB. (2008). Hemoplasma infection in HIV-positive patient, Brazil.
Emerging Infectious Diseases, 14(12), 1922-
1924.https://doi.org/10.3201/eid1412.080964
Drumond, GM., Machado, ABM., Paglia, AP. (2010). Livro Vermelho da Fauna
Brasileira Ameaçada de Extinção.Volume II. Brasília. CIP Brasil, 908p.
Dupuis, G., Peter, O., Lüthy, R., Nicolet, J., Peacock, M., Burgdorfer, W. (1986).
Serological diagnosis of Q fever endocarditis. European heart journal, 7(12),
1062-1066. https://doi.org/10.1093/oxfordjournals.eurheartj.a062016
Edward DG., Freundt, EA. (1967). Proposal for Mollicutes as name of the class
established for the order Mycoplasmatales. International Journal of Systematic
and Evolutionary Microbiology, 17(3), 267-268.
https://doi.org/10.1099/00207713-17-3-267
Eisenberg, JF., Redford, KH. (1999). Mammals of de Neotropics: The Central
Neotropics: Ecuador, Peru, Bolívia, Brazil. Volume 3 . The University of Chicago
Press, Chicago.
Eldin, C., Melenotte, C., Mediannikov, O., Ghigo, E., Million, M., Edouard, S.,
Mege, J. L., Maurin, M., Raoult, D. (2017). From Q fever to Coxiella burnetii
infection: a paradigm change. Clinical Microbiology Reviews, 30(1), 115-190.
https://doi.org/10.1128/CMR.00045-16
Emmons, L., Feer, F. (1997). Neotropical rainforest mammals: a field guide.
Chicago: The University the Chicago Press.
38
Engelmann, GF. (1985). The phylogeny of the Xenarthra. In: Montgomery GG
(Ed.) The Evolution and Ecology of Armadillos, Sloths and Vermilinguas
Washington and London: Smithsonian Institution Press.
Feldhamer, GA., Drickhamer, LC., Vessey, SH., Merritt, JF. (1999). Mammalogy:
Adaptation, Diversity and Ecology. WCB MCGraw-Hill, New York.
Fenollar, F., Fournier, PE., Raoult, D., 2004. Molecular detection of Coxiella
burnetii in the sera of patients with Q fever endocarditis or vascular infection.
Journal Clinical Microbiology, 42(11), 4919-4924.
https://doi.org/10.1128/JCM.42.11.4919-4924.2004
Fernandes, TN., Young, RJ. (2008). Fluctuations in the tympanic membrane
temperatures of non-restrained cautive giant anteaters and southern tamanduas.
Journal of Zoology, 274(1), 94-98, https://doi.org/10.1111/j.1469-
7998.2007.00362.x
Ferreira, MS., Guterres, A., Rozental, T., Novaes, RLM., Vilar, EM., De Oliveira,
RC., Fernandes, J., Forneas, D., Junior, AA., Brandão, ML. et al. (2018).Coxiella
and Bartonella spp. In bats (Chiroptera) captured in the Brazilian Atlantic Forest
biome. BMC Veterinary Research, 14, 279. https://doi.org/10.1186/s12917-018-
1603-0
Foley, JE., Harrus, S., Poland, A., Chomel, B., Pedersen, N.C. (1998). Molecular,
clinical, and pathologic comparison of two distinct strains of Haemobartonella
felis in domestic cats. American Journal of Veterinary Research, Chicago, 59(12),
1581-1588.
Gibb, GC., Condamine, FL., Kuch, M., Enk, J., Moraes-Barros, N., Superina, M.,
Poinar, HN., Delsuc, F. (2016). Shotgun mitogenomics provides a reference
phylogenetic framework and timescale for living xenarthrans. Molecular Biology
and evolution, 33(3), 621-642. https://doi.org/10.1093/molbev/msv250
Gonçalves, LR., Paludo, G., Bisol, TB., Perles, L., Oliveira, LB., Oliveira, CM.,
Silva, TMV., Nantes, WAG., Duarte, MA., Santos, FM., Porfírio, GEO., Hirano,
LQL., Herrera, HM., Barros-Battesti, DM., Machado, RZ., André, MR. (2021).
Molecular detection of piroplasmids in synanthropic rodents, marsupials, and
39
associated ticks from Brazil, with phylogenetic inference of a putative novel
Babesia sp. from white-eared opossum (Didelphis albiventris). Parasitology
Research, 120, 3537–3546. https://doi.org/10.1007/s00436-021-07284-8
Gonçalves, LR., Herrera, H., Nantes, W., Santos, F., de Oliveira Porfírio, G.,
Barreto, W., Carvalho de Macedo, G., de Oliveira Assis, W., Campos, JV., da
Silva, TV., Mariano, LC., Barros-Battesti, D., Machado, RZ., & André, MR.
(2020). Genetic diversity and lack of molecular evidence for hemoplasma cross-
species transmission between wild and synanthropic mammals from Central-
Western Brazil. Acta tropica, 203, 105303.
https://doi.org/10.1016/j.actatropica.2019.105303
Gonçalves, LR., Roque, AL., Matos, CA., Fernandes, SJ., Olmos, IDF.,
Machado, RZ., Andre, MR. (2015). Diversity and molecular characterization of
novel hemoplasmas infecting wild rodents from diferente Brazilian biomes.
Comparative Immunology, Microbiology and Infectious Diseases, 43, 50–56.
https://doi.org/10.1016/j.cimid.2015.10.006
Grazziotin, AL., Duarte, JM., Szabó, MP., Santos, AP., Guimarães, AM.,
Mohamed, A., Vieira, RF., de Barros Filho, IR., Biondo, AW., & Messick, JB.
(2011). Prevalence and molecular characterization of Mycoplasma ovis in
selected free-ranging Brazilian deer populations. Journal of wildlife diseases,
47(4), 1005–1011. https://doi.org/10.7589/0090-3558-47.4.1005
Guimaraes, AM., Santos, AP., do Nascimento, NC., Timenetsky, J., Messick, JB.
(2014). Comparative genomics and phylogenomics of hemotrophic
mycoplasmas. PLoS One, 9(3), 91445.
https://doi.org/10.1371/journal.pone.0091445
Guimarães, AMS., Javorouski, ML., Bonat, M., Lacerda, O., Balbinotti, B.,
Queiroz, LGPB., Timenetsky, J., Biondo, AW., Messick, JB. (2007). Molecular
detection of ‘Candidatus Mycoplasma haemominutum’ in a lion (Panthera leo)
from a Brazilian zoological garden. Revista do Instituto de Medicina Tropical de
São Paulo, 49(3), 195–196. https://doi.org/10.1590/s0036-46652007000300011
Guillemi, EC., de la Fourniere, S., Orozco, M. et al. (2016). Molecular
identification of Anaplasma marginale in two autochthonous South American wild
40
species revealed an identical new genotype and its phylogenetic relationship with
those of bovines. Parasites & Vectors, 9, 305. https://doi.org/10.1186/s13071-
016-1555-9.
Hartzell, JD., Wood-Morris, RN., Martinez, LJ., Trotta, RF. (2008). Q fever:
epidemiology, diagnosis, and treatment. Mayo Clinic Proceedings, 83(5), 574-9.
https://doi.org/10.4065/83.5.574
Hattori, N., Kuroda, M., Katano, H., Takuma, T., Ito, T., Arai, N., Yanai,
R.,Sekizuka, T., Ishii, S., Miura, Y., Tokunaga, T., Watanabe, H., Nomura,N.,
Eguchi, J., Hasegawa, H., Nakamaki, T., Wakita, T., Niki, Y. (2020). ‘Candidatus
Mycoplasma haemohominis’ in human, Japan. Emerging Infectious Diseases,
26(1), 11–19. https://doi.org/10.3201/eid2601.190983
Heinritzi, K., Plank G., Peteranderl, W., Sandner, N. (1990). Acid-base balance
and carbohydrate metabolism in Eperythrozoon suis infected pigs. Journal of
Veterinary Medicine, 37,412-417.
Hornok, S., Szőke, K., Meli, ML., Sándor, AD., Görföl, T., Estók, P., Wang, Y.,
Tu, VT., Kováts, D., Boldogh, SA., Corduneanu, A. (2019). Molecular detection of
vector-borne bacteria in bat ticks (Acari: Ixodidae, Argasidae) from eight
countries of the Old and New Worlds. Parasites & Vectors, 12, 1–7.
https://doi.org/10.1186/s13071-019-3303-4
Hornok, S., Micsutka, A., Meli, ML., Lutz, H., Hofmann-Lehmann, R. (2011).
Molecular investigation of transplacental and vector-borne transmission of bovine
haemoplasmas. Veterinary Microbiology, 152, 411-414.
https://doi.org/10.1016/j.vetmic.2011.04.031
Howe, D., Mallavia, LP. (2000). Coxiella burnetii exhibits morphological change
and delays phagolysosomal fusion after internalization by J774A.1 cells. Infection
and Immunity, 68(7), 3815-21. https://doi.org/10.1128/IAI.68.7.3815-3821.2000
Ikeda, P., Torres, JM., Placa, AJV., Mello, VVCd., Lourenço, EC., Herrera, H.M.,
Oliveira, CEd., Hemsley, C., Titball, RW., Machado, RZ., André, MR. (2021).
Molecular Survey of Anaplasmataceae Agents and Coxiellaceae in Non-
41
Hematophagous Bats and Associated Ectoparasites from Brazil. Parasitologia,
1(4), 197–209. https://doi.org/10.3390/parasitologia1040021
Ikeda, P., Seiki, M., Carrasco, A., Rudiak, L., Miranda, J., Gonçalves, S., Hoppe,
EGL., Werther, K., Machado, RZ., André, MR. (2017). Evidence and molecular
characterization of Bartonella spp. and hemoplasmas in neotropical bats in
Brazil. Epidemiology and infection, 145(10), 2038–2052.
https://doi.org/10.1017/S0950268817000966.
Ibrahim, A., Norlander, L., Macellaro, A., Sjöstedt, A. (1997). Specific detection of
Coxiella burnetii through partial amplification of 23S rDNA. European Journal of
Epidemiology, 13(3), 329-334. https://doi.org/10.1023/A:1007385104687
IUCN (2021). International Union for the Conservation of Nature and Natural
Resources – The red list. Disponível
em:. Acesso em: 18 out.
2021.
IUCN (2014). International Union for the Conservation of Nature and Natural
Resources – The Red List of Threatened Species.www.iucnredlist.org.
Kluyber, D., Desbiez, A., Attias, N., Massocato, G., Gennari, S., Soares, H.,
Baglagli, E., Bosco, S., Garces, H., Ferreira, J., Fontes, A., Suffys, P., Meireles,
L., Luna, E., Jansen, A., Roque, A. (2020). Zoonotic parasites infecting free-living
armadillos from Brazil. Transboundary and Emerging Diseases, 68(3), 1639-
1651. https://doi.org/10.1111/tbed.13839
Koch, PL., & Barnosky, AD. (2006). Late quaternary extinctions: State of
thedebate. Annual Review of Ecology, Evolution and Systematics, 37(1), 215–50.
https://doi.org/10.1146/annurev.ecolsys.34.011802.132415
Lamas, CDC., Rozental, T., Bóia, MN., Favacho, ARM., Kirsten, AH., Da Silva,
APM., De Lemos, ERS. (2009). Seroprevalence of Coxiella burnetii antibodies in
human immunodeficiency virus‐positive patients in Jacarepaguá, Rio de Janeiro,
Brazil. Clinical Microbiology and Infection, 15, 140-141.
https://doi.org/10.1111/j.1469-0691.2008.02144.x
42
Lemos, ERS., Rozental, T., Siqueira, BN., Júnior, AAP., Joaquim, TE, Silva, RG.,
et al.(2018). Q Fever in Military Firefighters during Cadet Training in Brazil. The
American Journal of Tropical Medicine and Hygiene, 99(2), 303-305.
https://doi.org/10.4269/ajtmh.17-0979
Lemos, ERS., Rozental, T., Mares-Guia, MAM., Almeida, DNP., Moreira, N.,
Silva, RG., Barreira, JD., Lamas, CC., Favacho, AR., Damasco, PV. (2011). Q
fever as a cause of fever of unknown origin and thrombocytosis: first molecular
evidence of Coxiella burnetii in Brazil. Vector borne and zoonotic diseases, 11(1),
85–87.
Maggi, RG., Compton, SM., Trull, CL., Mascarelli, PE., Mozayeni, BR.,
Breitschwerdt, EB. (2013a). Infection with hemotropic Mycoplasma species in
patients with or without extensive arthropod or animals contact. Journal of
Clinical Microbiology, 51(10), 3237–3241. https://doi.org/10.1128/JCM.01125 13.
Maggi, RG., Mascarelli, PE., Havenga, LN., Naidoo, V., Breitschwerdt, EB.
(2013b). Coinfection with Anaplasma platys, Bartonella henselae and
‘Candidatus Mycoplasma haematoparvum’ in a veterinarian. Parasites & Vectors,
6, 103. https://doi.org/10.1186/1756-3305-6-103.
Mallavia, LP., Whiting, LL., Minnick, MF., Heinzen, R., Reschke, D., Foreman,
M., Baca, OG., Frazier, ME. (1990). Strategy for Detection and Differentiation of
Coxiella burmetii Strains Using the Polymerase Chain Reaction. Annals of the
New York Academy of Sciences, 590 (1), 572-581.
Martins, TF., Teixeira, RHF., Labruna, MB. (2015). Ocorrência de carrapatos em
animais silvestres recebidos e atendidos pelo Parque Zoológico Municipal
Quinzinho de Barros, Sorocaba, São Paulo, Brasil. Brazilian Journal of
Veterinary Research and Animal Science, 52, 319-324.
Mascarelli, PE., Tartara, GP., Pereyra, NB. Maggi, RG. (2016). Detection of
Mycoplasma haemocanis, Mycoplasma haematoparvum, Mycoplasma suis and
other vector-borne pathogens in dogs from Córdoba and Santa Fé, Argentina.
Parasites & Vectors, 9, 642. https://doi.org/10.1186/s13071-016-1920-8.
43
Maurin, M., Raoult, D. (1999). Q Fever. Clinical Microbiology Reviews, 12(4),
518-553.
Mcbee, K., Baker, RJ. (1982). Dasypus novemcinctus. Mammalian Species,
9(162), 1–9.
McDonald, HG. (2005). Paleoecology of extinct xenarthrans and the Great
American Biotic Interchange. Bulletin of the Florida Museum of Natural History,
45, 313-333.
Mcnab, BK. (1985). Energetics, population biology, and distribution of
Xenarthrans, living and extinct. In: Montgomery G.G. (Ed.). The Evolution and
Ecology of, Armadillos, Sloths, and Vermilinguas. Washington, Smithsonian
Institution Pres. 219-232.
Mcdonough, CM., Loughry, WJ. (2001). Armadillos. In: Macdonald, D, editor. The
new encyclopedia of mammals. Oxford: Oxford University Press. 796-799.
Medri, IM., Mourão, GM., Rodrigues, FHG. (2011a). Ordem Pilosa. In: Reis, N.R.,
Paracchi, A.L., Pedro, W.A., Lima, I.P. (Eds) Mamíferos do Brasil, 2ª ed.
Londrina, Brasil. 91-106.
Medri, IM., Mourão, GM., Rodrigues, FHG. (2011b). Ordem Cingulata. In: Reis,
N.R.; Paracchi, AL.; Pedro, WA.; Lima, I.P. (Eds) Mamíferos do Brasil, 2a ed.
Londrina, Brasil, 75-90.
Melo, CMF., Daneze, ER., Mendes, NS., Souza ramos, IA., Moralesdonoso, JA.,
Fernandes, SJ., Machado, RZ., Andre, MR., Rosa sobreira, MF. (2019). Genetic
diversity and hematological and biochemical alterations in Alouatta primates
naturally infected with hemoplasmas in Brazil. Comparative Immunology,
Microbiology and Infectious Diseases. 63, 104-111.
https://doi.org/10.1016/j.cimid.2019.01.011
Messick, JB. (2004). Hemotrophic mycoplasmas (hemoplasmas): a review and
new insights into pathogenic potential. Veterinary clinical pathology, 33(1), 2–13.
https://doi.org/10.1111/j.1939-165x.2004.tb00342
44
Messick, JB. (2003). New perspectives about hemotrophic mycoplasma
(formerly, Haemobartonella and Eperythrozoon species) infections in dogs and
cats. Veterinary Clinics: Small Animal Practice, 33(6), 1453-1465.
https://doi.org/10.1016/j.cvsm.2003.08.002
Meurer, IR., Silva, MR., Silva, MVF., Duré, AIL., Adelino, TER., Costa, AVB.,
Vanelli, CP., Guimarães, RJPS., Rozental, T., Lemos, ERS., Corrêa, JOA.
(2021). Seroprevalence estimate and risk factors for Coxiella burnetii infections
among humans in a highly urbanised Brazilian state. Transactions of The Royal
Society of Tropical Medicine and Hygiene, 113,
https://doi.org/10.1093/trstmh/trab113
Millán, J., Di Cataldo, S., Volokhov, DV., Becker, DJ. (2020). Worldwide
occurrence of haemoplasmas in wildlife: Insights into the patterns of infection,
transmission, pathology and zoonotic potential. Transboundary and emerging
diseases, 68 (6), 3236-3256. https://doi.org/10.1111/tbed.13932
Mioni, MRS., Ribeiro, BLD., Peres, MG., Teixeira, WSR., Pelícia, VC., Motta,
RG., Labruna, MB., Ribeiro, MG., Sidi-Boumedine, K., Megid, J., (2019). Real-
time quantitative PCR- based detection of Coxiella burnetii in unpasteurized
cow’s milk sold for human consumption. Zoonoses Public Health, 66(6), 1–6.
https://doi.org/10.1111/zph.12609
Miranda F., Bertassoni A, Abba AM. (2014). Myrmecophaga tridactyla. The IUCN
The Red List of Threatened Species. Disponível em:<:
//dx.doi.org/10.2305/IUCN.UK.2014-1.RLTS.T14224A47441961.en. >
Miranda, FR., Superina, M. (2010). New distribution records of the silky anteater
Cyclopes didactylus (Mammalia, Pilosa, Cyclopedidae) in coastal northeastern
Brazil. Mastozoologia Neotropical, 17(2), 381-384.
Miranda, F. (2008). Pesquisa de anticorpos contra bactérias do gênero Brucella
spp, Leptospira spp, Chlamydophila spp. em tamanduás bandeira
(Myrmecophaga tridactyla, Linnaeus, 1758), da RPPN SESC Pantanal, Parque
Nacional da Serra da Canastra e Parque Nacional das Emas. Tese (Mestrado)
Universidade de São Paulo, Piracicaba.
45
Miranda, FR., Correa, SR. e Dias, CJL. (2004). Retrospective study of causes of
death in giant anteaters (Myrmecophaga tridactyla) at Fundação Parque
Zoológico de São Paulo (FPZSP) – from 1964 to 2003. In: 2004 Proceedings
AAZV Conference, 601. San Diego, CA.
Mongruel, AC., Spanhol, B., Valente, VC., Porto, JDM., Ogawa, PP. Otomura, L.,
Vieira, RFC. (2020). Survey of vector‐borne and nematode parasites involved in
the etiology of anemic syndrome in sheep from Southern Brazil. Brazilian
Journal of Veterinary Parasitology, 29(3).https://doi.org/10.1590/S1984-
29612020062.
Montgomery, GG., Sunquist, ME. (1975). Impact of sloths on Neotropical forest
energy flow and nutrient cycling. In: Golley FB, Medina E. Tropical Ecology
Systems: Trends in Terrestrial and Aquatic Research. Berlin: Springer-Verlog,
p.69-98.
Moraes-Barros, N., Arteaga, MC. (2015). Genetic diversity in Xenarthra and its
relevance to patterns of neotropical biodiversity. Journal of Mammalogy, 96(4),
690-702. https://doi.org/10.1093/jmammal/gyv077
Murphy WJ., Pringle TH., Crider TA., Springr MS., Miller W. (2007). Using
genomic data to unravel the root of the placental mammal phylogeny. Genome
Research, 17(4), 413–421. https://doi: 10.1101/gr.5918807
Museux, K., Boretti, FS., Willi, B., Riond, B., Hoelzle, K., Hoelzle, LE.,
Wittenbrink, MM., Tasker, S., Wengi, N., Reusch, CE., Lutz, H., Hofmann-
Lehmann, R. (2009). In vivo transmission studies of ‘Candidatus Mycoplasma
turicensis’ in the domestic cat. Veterinary Research, 40, 40–45.
https://doi.org/10.1051/vetre s/2009028
Nascimento, CF., de Mello, VVC., Machado, RZ., André, MR., Bürger, KP.
(2021). Molecular Detection of Coxiella burnetii in Unstandardized Minas
Artisanal Cheese Marketed in Southeastern Brazil. Acta Tropica, 220, 105942.
doi:10.1016/j.actatropica.2021.105942
Neimark, H., Johansson, K-E., Rikihisa, Y., Tully JG. (2001). Proposal to transfer
some members of the genera Haemobartonella and Eperythrozoon to the genus
46
Mycoplasma with descriptions of ‘Candidatus Mycoplasma haemofelis’,
‘Candidatus Mycoplasma haemomuris’, ‘Candidatus Mycoplasma haemosuis’
and ‘Candidatus Mycoplasma wenyonii’. International Journal of Systematic and
Evolutionary Microbiology, 51(3), 891–899. https://doi.org/10.1099/00207713-51-
3-891
Novacco, M., MELI, ML., Gentilini, F., Marsilio, F., Ceci, C., Pennisi, M.G.,
Lombardo, G., Lloret, A., Santos, L., Carrapiço, T., Willi. B., Wolf, G., Lutz, H.,
Hofmann-Lehmann, R. (2010). Prevalence and geographical distribution of
canine hemotropic mycoplasma infections in Mediterranean countries and
analysis of risk factors for infection. Veterinary Microbiology, 142, 276–284.
http://dx.doi.org/10.1016/j.vetmic.2009.09.069.
Nowak, RM. (1999). Walker’s mammals of the word. 6 ed. Baltimore: John’s
Hopkins University Press. 836.
Oliveira, JMB., Rozental, T., Lemos, ERS., Forneas, D., Ortega-Mora, LM.,
Porto, WJN., et al. (2018). Coxiella burnetii in dairy goats with a history of
reproductive disorders in Brazil. Acta Tropica, 183, 19-22.
https://doi.org/10.1016/j.actatropica.2018.04.010.
Oren, A., Garrity, G., Parker, C., Chuvochina, M., Trujillo, M. (2020). Lists of
names of prokaryotic Candidatus taxa. International Journal of Systematic and
Evolutionary Microbiology, 70(7), 3956–4042.
https://doi.org/10.1099/ijsem.0.003789
Oyston, PCF., Davies, C. (2011). Q fever: the neglected biothreat agent. Journal
of Medical Microbiology, 60(1), 9-21. https://doi.org/10.1099/jmm.0.024778-0
Peacock, MG., Philip, RN., Williams, JC., Faulkner, RS. (1983). Serological
evaluation of Q fever in humans: enhanced phase I titers of immunoglobulins G
and A are diagnostic for Q fever endocarditis. Infection and immunity, 41(3),
1089-1098.
Pontarolo, GH., Kühl, LF., Pedrassani, D., Campos, M., Figueiredo, FB., Valente,
JD., de Barros, R., & Filho, I. (2020). ‘Candidatus Mycoplasma haemoalbiventris’,
a novel hemoplasma species in white-eared opossums (Didelphis albiventris)
47
from Brazil. Transbound Emergency Disease, 68(2), 565-572.
https://doi.org/10.1111/tbed.13716
Prullage JB., Williams, RE., Gaafar, SM. 1993. On the transmissibility of
Eperythrozoon suis by Stomoxys calcitrans and Aedes aegypti. Veterinary
Parasitology, 50, 125-135.
Queiroz, HL. (1995). Preguiças e guaribas: os mamíferos arborícolas de
Mamirauá. Manaus: MCT, CNPq, Sociedade Civil de Mamirauá.
Ramalho, AC., Guerra, RR., Mongruel, ACB., Vidotto, O., Lucena, RB., Guerra,
MVSF., Vieira, TSWJ., Vieira, RFC.(2017). Mycoplasma sp. infection in captive
Marcgrave’s capuchin monkeys (Sapajus flavius). Comparative Immunology,
Microbiology and Infectious Diseases, 51, 34–36.
https://doi.org/10.1016/j.cimid.2017.03.003
Razin, S., Yogev, D., Naot, Y. (1998). Molecular Biology and Pathogenicity of
Mycoplasmas. Microbiology and Molecular Biology, 62 (4), 1094-1156.
Riemann, HP., Brant, PC., Franti, CE., Reis, R., Buchanan, AM., Stormont, C., et
al.(1974). Antibodies to Toxoplasma gondii and Coxiella burnetii among students
and other personnel in veterinary colleges in California and Brazil. American
Journal of Epidemiology, 100(3), 197-208.
https://doi.org/10.1093/oxfordjournals.aje.a112028
Rikihisa, Y., Kawahara, M., Wen, B., Kociba, G., Fuerst P., Kawamori, F., Suto,
C., Shibata, S., Futohashi, M. (1997). Western immunoblot analysis of
Haemobartonella muris and comparison of 16S rRNA gene sequences of H.
muris, H. felis, and Eperythrozoon suis. Journal of Clinical Microbiology, 35,
823–829. https://doi: 10.1128/JCM.35.4.823-829
Rodolakis, A. (2009). Q Fever in dairy animals. Annals of the New York Academy
of Sciences, 1166(1), 90-93.
Rodrigues, FHG., IM. Medri, GHB., de Miranda, C. Camilo-Alves & Mourão, G.
(2008). Anteater behavior and ecology. 257–268 in The biology of the Xenarthra
(S.F. Vizcaíno & W.J. Loughry, eds.). University Press of Florida, Gainesville.
48
Rozental, T., Ferreira, MS., Guterres, A., Mares-Guia, MA., Teixeira, BR.,
Gonçalves, J., Bonvicino, CR., D’Andrea, PS., Lemos, ERS. (2017). Zoonotic
pathogens in Atlantic Forest wild rodents in Brazil: Bartonella and Coxiella
infections. Acta Tropica, 168, 64–73. https://
doi:10.1016/j.actatropica.2017.01.003
Rozental, T., Mascarenhas, LF., Rozenbaum, R., et al., (2012). Coxiella burnetii,
the agent of Q fever in Brazil: its hidden role in seronegative arthritis and the
importance of molecular diagnosis based on the repetitive element IS1111
associated with the transposase gene. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz,
107(5), 695-697.
Santos AS., Bacellar F., França A.( 2007) Febre Q: revisão de conceitos.
Medicina Interna, 14(2), 90-99.
Sarich, V. M. (1985).Xenarthran systematics: albumin immunological evidence.
In: G. G. Montgomery (Ed.). The Evolution and Ecology of Armadillo, Sloths, and
Vermilinguas. Washington and London: Smithsonian Institution Press.77-81.
Seshadri, R., Paulsen, IT., Eisen JA, Read, TD., Nelson, KE., Nelson, WC.,
Ward, NL., Tettelin, H., Davidsen, TM., Beanan, MJ., Deboy, RT., Daugherty,
SC., Brinkac, LM., Madupu, R., Dodson, RJ., Khouri, HM., Lee, KH., Carty, HA.,
Scanlan, D., Heinzen, RA., Thompson, HA., Samuel, JE., Fraser, CM.,
Heidelberg, J. F. (2003). Complete genome sequence of the Q fever pathogen
Coxiella burnetii. Proceedings of the National Academy of Science USA, 100(9),
5455-5560,
Shaw, JH., Carter, TS. (1980). Giant anteaters – Getting too close to this
toothless creature could result in a fatal embrace. Natural History, 89, 6267.
Siciliano, RF., Castelli, JB., Mansur, AJ., Santos, FP., Colombo, S., Nascimento,
EM., et al. (2015). Bartonella spp. and Coxiella burnetii associated with
community-acquired, culture-negative endocarditis, Brazil. Emerging Infectious
Diseases, 21(8), 1429-1432. https://doi.org/10.3201/eid2108.140343
Siciliano, RF., Ribeiro, HB., Furtado, RHM., Castelli, JB., Sampaio, RO., Santos,
FCP., et al. (2008) Endocardite por Coxiella burnetii (febre Q): doença rara ou
49
pouco diagnosticada? Relato de caso. Revista da Sociedade Brasileira de
Medicina Tropical, 41(4), 409-412. http://dx.doi.org/10.1590/S0037-
86822008000400017
Simpson, GG. (1980). Splendid Isolation: The Curious History of South American
Mammals. New Haven: Yale University Press. 275.
Soares, HS., Marcili A., Barbieri, ARM., Minervino, AHH., Malheiros, AF.,
Gennari, SM., Labruna, MB. (2017). Novel Anaplasma and Ehrlichia organisms
infecting the wildlife of two regions of the Brazilian Amazon. Acta Tropica, 174,
82-87. https://doi: 10.1016/j.actatropica.2017.07.006
Steer, JA., Tasker, S., Barker, EN., Jensen, J., Mitchell, J., Stocki, T., Chalker,
VJ., Hamon, M. (2011). A novel hemotropic Mycoplasma (hemoplasma) in a
patient with hemolytic anemia and pyrexia. Clinical infectious diseases: an official
publication of the Infectious Diseases Society of America, 53(11), 147–151.
https://doi.org/10.1093/cid/cir666
Stein, A., Kruszewska, D., Gouvernet, J., Raoult, D. (1997). Study of the 16S–
23S ribosomal DNA internal spacer of Coxiella burnetii. European journal of
epidemiology, 13(4), 471-475.
Superina, M., Loughry, W. J. (2012). Life on the half-shell: consequences of a
carapace in the evolution of armadillos (Xenarthra: Cingulata). Journal of
Mammalian Evolution, 19(3), 217-224.
Superina, M., Miranda, FR., Aba, A. (2010). The 2010 Anteater Red List
Assessment. Edentata, 11(2), 96.
Superina, M., Miranda, F., Plese, T., Vizcaino, SF., Loughry, WJ. (2008).
Maintenance of Xenarthra in captivity. 232-243 in: The Biology of the Xenarthra
(S. Loughr, eds.) University Press of Florida,Gainesville.
Sykes, JE. (2010). Feline hemotropic mycoplasmas. Journal of Veterinary
Emergency and Critical Care, 20, 62-69.https://doi.org/10.1111/j.1476-
4431.2009.00491
50
Tasker, S. (2010). Clinical Review: Haemotropic Mycoplasmas What’s their real
significance in cats? Journal of Feline Medicine and Surgery, 12, 369-381,
http://dx.doi.org/10.1016/j.jfms.2010.03.011
Tasker, S., Binns SH., Day MJ., Gruffydd-Jones TJ., Harbour DA., Helps CR., et
al. (2003). Use of a PCR assay to assess the prevalence and risk factors for
Mycoplasma haemofelis and ‘Candidatus Mycoplasma haemominutum’ in cats in
the United Kingdom. Veterinary Records, 152(7), 193-198.
https://doi.org/10.1136/vr.152.7.193
Tissot-Dupont, H., Raoult, D. (2008). Q fever. Infectious Diseases Clinics of
North American, 22(3), 505-514. https://doi.org/10.1016/j.idc.2008.03.002
Tratchenberg, S. (2005). Quick Guide: Mollicutes. Current Biology, 15(13), 483-
484. https://doi.org/10.1016/j.cub.2005.06.049
Toman, R., Heinzen, RA., Samuel, JE., Mege, J-L. (2012). Coxiella burnetii:
Recent Advances and New Perspectives in Research of the Q Fever Bacterium
[Internet]. 1st ed. Toman, R., Heinzen, RA., Samuel, JE., Mege, J-L., editors.
Advances in Experimental Medicine and Biology. https://doi:10.1007/978-94-007-
4315-1
Tonni EP., Alberdi MT., Prado JL., Bargo S., Cione LA. (1992). Changes of
mammal assemblage in the pampean region (Argentina) and their relation with
the Plio-Pleistocene boundary. Palaeocology, Palaeogeography,
Palaeoclimatology, 95, 179-194. https://doi:10.1016/0031-0182(92)90140-Z
Tully JG., Bové, J.M., Laigret, F., Whitcomb, RF. (1993). Revised Taxonomy of
the Class Mollicutes: Proposed elevation of a monophyletic cluster of arthropod-
associated Mollicutes to ordinal rank (Entomoplasmatales ord. nov.), with
provision for familial rank to separate species with nonhelical morphology
(Entomoplasmataceae fam. nov.) from helical species (Spiroplasmataceae), and
emended descriptions of the Order Mycoplasmatales, Family
Mycoplasmataceae. International Journal of Systematic Bacteriology, 43(2), 378-
385.
51
Upham, NS., Esselstyn, JA., Jetz, W. (2019). Inferring the mammal tree:
Species-level sets of phylogenies for questions in ecology, evolution, and
conservation. PLoS Biology. https://doi.org/10.1371/journal.pbio.3000494
Vaidya, VM., Malik, SVS., Kaur, S., Kumar, S., Barbuddhe, SB. (2008).
Comparison of PCR, immunofluorescence assay, and pathogen isolation for
diagnosis of Q fever in humans with spontaneous abortions. Journal of Clinical
Microbiology, 46(6), 2038-2044.
Valdes, E., Soto, AB. (2012). Feeding and Nutrition of Antears. In: Miller RE,
Fowler ME, editors. Fowlwer’s zoo and wild animal medicine. St. Louis; Elsevier
Saunders.378-83.
Valente, JD., Saldanha, A., Martini, R., Lange, RR., Baggio, RA., Martins, TF.,
Vieira, RF. (2020). ‘Candidatus Mycoplasma haemosphiggurus’ a novel
haemoplasma species in orange-spined hairy dwarf porcupines (Sphiggurus
villosus) from Southern Brazil. Transboundary and Emerging Diseases, 68(3),
1054-1061. https://doi.org/10.1111/tbed.13801
Valle, LAR., Brandão, H., de Almeida Christovão D'Apice, M. (1995).
Investigações sobre a Febre Q em São Paulo. Arquivos Da Faculdade De
Higiene e Saúde Pública Da Universidade De São Paulo, 9(1-2), 167-180.
https://doi.org/10.11606/issn.2358-792X.v9i1-2p167-180
Van Schaik, EJ., Chen, C., Mertens, K., Weber, MM., Samuel, JE. (2013).
Molecular pathogenesis of the obligate intracellular bacterium Coxiella burnetii.
Nature Reviews Microbiology, 11(8), 561-573.
Vieira, RFC., Santos, NJR., Valente, JDM., Santos, LP., Lange, RR., Duque,
JCM., Ferrari, MV., Barros Filho, IR., Collere, FCM., Ferrrari, LDR., Gonçalves,
LR., Sanches, GS., André, MR., Vieira, TSWJ. (2021). ’Candidatus Mycoplasma
haematohydrochoerus’, a novel hemoplasma species in capybaras
(Hydrochoerus hydrochaeris) from Brazil. Infection, Genetics and Evolution, 93,
104988. https://doi.org/10.1016/j.meegid.2021
Vieira, RFC., Vidotto, O., Vieira, TSWJ., Guimaraes, AMS., Santos AP.,
Nascimento, NC., Santos N.J., Martins TF., Labruna MB., Marcondes, M.,
52
Biondo, AW., Messick, JB.(2015). Molecular Investigation of Hemotropic
Mycoplasmas in Human Beings, Dogs and Horses in a Rural Settlement in
Southern Brazil. Revista do Instituto de Medicina Tropical de Sao Paulo, 57(4),
353–357. http://dx.doi.org/10.1590/S0036-46652015000400014
Vizcaino, SF., and WJ. Loughry. (2008). Xenarthran biology: Past, present, and
future. Pages1-7 in S. F. Vizcaino and W. J. Loughry, editors. The Biology of the
Xenarthra. First edition. University Press of Florida, Gainesville, Florida.
Volokhov, D., Simonyan, V., Davidson, M., Chizhikov, V. (2012). RNA
polymerase beta subunit (rpoB) gene and the 16S–23S rRNA intergenic
transcribed spacer region (ITS) as complementary molecular markers in addition
to the 16S rRNA gene for phylogenetic analysis and identification of the species
of the family Mycoplasm. Molecular Phylogenetics and Evolution, 62, 515–528.
Webb, SD. (1985). Late Cenozoic mammal dispersals between the Americas. In.:
Stehli FG e Webb SD (Eds.) The Great American Biotic Interchange. New
York:Plenum Press.
Wetzel, RM. (1985). The identification and distribution of recent Xenarthra (=
Edentata). In: Montgomery, GG. (ed.) The evolution and ecology of armadillos,
sloths and vermilinguas. Washington, London: Smithsonian Institution Press.
Willi, B., Boretti, FS., Tasker, S., Meli, ML., Wengi, N., Reusch, CE., Lutz, H.,
Hofmann-Lehmann, R. (2007). From Haemobartonella to hemoplasma:
Molecular methods provide new insights. Veterinary Microbiology, 125, 197–209.
Woods, JE., Brewer, MM., Hawley, JR., Wisnewski, N.; Lappin, MR. (2005).
Evaluation of experimental transmission of Candidatus Mycoplasma
haemominutum and Mycoplasma haemofelis by Ctenocephalides felis to cats.
American Journal of Veterinary Research, 66(3), 1008–1012.
Yang, D., Tai, X., Qiu, Y., & Yun, S. (2000). Prevalence of Eperythrozoon spp.
infection and congenital eperythrozoonosis in humans in Inner Mongolia, China.
Epidemiology and Infection, 125(2), 421-426. doi:10.1017/S0950268899004392
Yuan, CL., Liang, AB., Yao, CB., Yang, ZB., Zhu, JG., Cui, L., Yu, F., Zhu, NY.,
Yang, XW., Hua, XG. (2009). Prevalence of Mycoplasma suis (Eperythrozoon
53
suis) infection in swine and swine-farm workers in Shanghai, China. American
Journal of Veterinary Research, 70(7), 890–894.
https://doi.org/10.2460/ajvr.70.7.890
Zanatto, DCS., Gatto, IRH., Labruna, MB., Jusi, MMG., Samara, SI., Machado,
RZ., André, MR., (2019a). Coxiella burnetii associated with BVDV (Bovine Viral
Diarrhea Virus), BoHV (Bovine Herpesvirus), Leptospira spp., Neospora
caninum, Toxoplasma gondii and Trypanosoma vivax in reproductive disorders in
cattle. Brazilian Journal of Veterinary Parasitology, 28(2), 245–257.
https://doi.org/10.1590/S1984-29612019032
Zanatto, DCS., Duarte, JMB., Labruna, MB., Tasso, JB., Calchi, AC., Machado,
RZ., Andre, MR. (2019b). Evidence of exposure to Coxiella burnetii in neotropical
free-living cervids in South America. Acta Tropica, 197.
https://doi.org/10.1016/j.actatropica.2019.05.028
54
CAPÍTULO 2 – Investigação molecular de micoplasmas hemotrópicos e
Coxiella burnetii em Xenarthra de vida livre no Brasil, com evidência de
novos Candidatus de hemoplasmas
Laryssa Borges de Oliveira1, Ana Cláudia Calchi1, Juliana Gaboardi Vultão2,
Débora Regina Yogui3, Danilo Kluyber3, 4, Mário Henrique Alves3, Arnaud
Leonard Jean Desbiez3, Mariele de Santi1, Aline Girotto Soares5, João Fabio
Soares5, Karin Werther1, Marta Maria Geraldes Teixeira2
, Rosangela Zacarias
Machado1, Marcos Rogério André1*
1Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias/Universidade Estadual Paulista,
UNESP, Jaboticabal, SP, Brasil
2Instituto de Ciências