Larissa Siqueira Chaves EVOLUÇÃO E SAZONALIDADE CLIMÁTICA DAS DOENÇAS CARDIOVASCULARES E RESPIRTÓRIAS EM PASSA QUATRO–MG. Rio Claro 2011 Ecologia LARISSA SIQUEIRA CHAVES EVOLUÇÃO E SAZONALIDADE CLIMÁTICA DAS DOENÇAS CARDIOVASCULARES E RESPIRTÓRIAS EM PASSA QUATRO–MG. Orientadora: Sandra Elisa Contri Pitton Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Instituto de Biociências da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” - Campus de Rio Claro, para obtenção do grau de Ecólogo. Rio Claro 2011 Chaves, Larissa Siqueira Evolução e sazonalidade climática das doenças cardiovasculares e respiratórias em Passa Quatro-MG / Larissa Siqueira Chaves. - Rio Claro : [s.n.], 2011 61 f. : il., figs., gráfs., tabs., mapas Trabalho de conclusão de curso (Ecologia) - Universidade Estadual Paulista, Instituto de Biociências de Rio Claro Orientador: Sandra Elisa Contri Pitton 1. Geografia médica. 2. Enfermidades. 3. Morbi-mortalidade. I. Título. 910h.71 C512e Ficha Catalográfica elaborada pela STATI - Biblioteca da UNESP Campus de Rio Claro/SP RESUMO Este trabalho tem o objetivo de analisar a morbi-mortalidade por doenças do aparelho respiratório e circulatório na população de Passa Quatro - MG, descrevendo o comportamento das internações e dos óbitos segundo os tipos de agravos, o sexo e a faixa etária. As informações, que serviram de base para o estudo, foram obtidas através das Autorizações de Internações Hospitalares do SUS – Ministério da Saúde (DATASUS). Observou-se que as doenças cardiovasculares, no geral, levaram a mais internações e óbitos, sendo a população feminina a mais afetada. Houve um decréscimo no número de internações por pneumonia, e aumento nos casos de DPOC em mulheres. As internações por doenças respiratórias apresentaram um padrão sazonal mais marcante, principalmente pneumonia e asma. Palavras-chave : Doenças Respiratórias. Doenças Cardiovasculares. Sazonalidade Climática. Morbi-mortalidade. SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................4 2. OBJETIVO...............................................................................................................7 3. METODOLOGIA......................................................................................................8 4. O ESTADO DA ARTE ...........................................................................................10 4.1. A Geografia Médica ........................................................................................10 4.2 As Doenças Respiratórias ...............................................................................16 4.3. As Doenças Circulatórias................................................................................21 5. ÁREA DE ESTUDO...............................................................................................27 6. RESULTADOS E DISCUSSÃO.............................................................................31 6.1. Morbidade Hospitalar......................................................................................31 6.2. Mortalidade ................................................................................................................ 40 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................50 REFERÊNCIAS.........................................................................................................51 4 1. INTRODUÇÃO Atualmente as doenças do aparelho respiratório e circulatório são as principais causas de óbitos no mundo, segundo OMS, Organização Mundial da Saúde (2008). As que provocaram maior número de mortes, no ano de 2004, foram as doenças isquêmicas do coração (12,2%), doenças cerebrovasculares (9,9%), infecções do trato respiratório inferior (7%) e doenças pulmonares obstrutivas crônicas (5,1%). Prevêem-se para o ano de 2030 que essas mesmas enfermidades serão as principais responsáveis pelos óbitos do mundo (Tabela 1). Tabela 1 – Ranking das principais causas de morte p revista para o ano de 2030 Fonte: OMS, 2008 No Brasil as doenças circulatórias são as maiores causas de morte, 27,88% da população brasileira morreu no ano de 2004 em decorrência de doenças do aparelho circulatório, segundo o DATASUS (2010). Já as doenças do aparelho 5 respiratório ocupam a quinta posição no ranking de causas de mortes no país, contabilizando 9,98% de óbitos ocorridos no ano de 2004. Os índices de mortalidade por doenças respiratórias e cardiovasculares têm se mostrado, muitas vezes vinculados a variações climáticas. A maior parte das mortes ocasionadas pelo frio está mais relacionada aos efeitos diretos da exposição do corpo a temperaturas mais baixas do que ao aumento do estresse no sistema circulatório. Da mesma forma, em ambientes com calor moderadamente alto, as mortes parecem estar mais relacionadas a efeitos diretos da exposição do corpo ao calor, sendo que o aumento do estresse cardiovascular não tem grande relevância (KUNST, LOOMAN e MACKENBCH, 1993). Outros autores também mostraram que há relação entre o aumento da incidência de doenças cardiovasculares com baixas temperaturas e umidade, que se verifica nos meses de inverno, principalmente julho e agosto. Sendo assim, podemos citar os trabalhos de Pitton e Domingos (2004), Castilho (2006), Pascoalino (2008) e Mitchell, Blane e Bartley (2002) que mostram justamente isso. No que concerne às doenças respiratórias, os baixos índices de umidade relativa do ar fazem com que as concentrações de partículas em suspensão e vírus aumentem, o que favorece o surgimento de casos de diversas doenças respiratórias. A alta amplitude térmica e a poluição atmosférica também são fatores positivos para o aumento do número de pacientes com essas doenças. Por esse motivo, os meses de inverno são aqueles que apresentam a maior incidência de doenças do aparelho respiratório (CASTILHO, 2006). Além da mortalidade, outro aspecto extremamente importante, é a morbidade, ou seja, as internações hospitalares que são realizadas em decorrência de um estado de saúde agravado por certa doença. Segundo Toyoshima, Ito e Gouveia (2004) as doenças respiratórias têm também um papel de destaque na morbidade da população, sendo freqüente causa de absenteísmo na escola e no trabalho, além de exercer enorme pressão sobre os serviços de saúde. Porém, informações mais precisas sobre morbidade foram disponibilizadas somente a partir do ano de 1997 pelo Ministério da Saúde, através do Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde (SIH-SUS). As informações referentes à morbidade, adquiridas através do SIH, proporcionam reconhecer: o tempo de permanecia hospitalar, evolução do quadro 6 clínico, custo da hospitalização, aspectos da epidemiologia, além de subsidiar informações para promover medidas que evocam o planejamento e a tomada de decisão, visando à organização dos serviços de saúde e o controle de doenças. Por esse motivo constituem uma rica fonte de informações sobre as internações e suas causas (LESSA et al., 2000; GAWRYSZEWSKI, KOIZUMI e MELLO-JORGE, 2004). Todas as análises são referentes a uma cidade, Passa Quatro-MG, uma vez que a metodologia inicial prevista de comparar os dados entre essa cidade e a de Cruzeiro-SP não foi possível, pois a comparação entre duas cidades tão desiguais seria praticamente impossível. Por esse motivo a cidade de Passa Quatro foi escolhida para a elaboração e análise dos dados, foi uma escolha meramente pessoal. 7 2. OBJETIVO O objetivo geral do presente trabalho consistia em analisar a incidência e a evolução das patologias cardiovasculares e respiratórias ao longo do período de 1999 a 2008 em duas cidades vizinhas, Passa Quatro-MG e Cruzeiro-SP. Porém, devido a dificuldades de ordem comparativa entre essas cidades, não foi possível a comparação, principalmente porque a diferença populacional entre elas é mais do que o dobro. Assim, o estudo será focado somente em um município, Passa Quatro- MG. Os objetivos específicos são, portanto, realizar um breve levantamento histórico do município de Passa Quatro, analisar as características climáticas da cidade e obter um levantamento da ocorrência de doenças do aparelho respiratório e circulatório. 8 3. METODOLOGIA A primeira etapa de elaboração deste estudo foi o levantamento bibliográfico referente à Geografia Médica e às doenças respiratórias e circulatórias. Posteriormente, os dados que serviram de base para o desenvolvimento do trabalho foram aqueles disponibilizados pelo DATASUS, na página da Internet referente a “Informações de Saúde”, na qual inclui os dados de Morbidade e Mortalidade analisados. A base de dados do DATASUS é proveniente das informações hospitalares do SUS, do Sistema de Informação Hospitalar (SIH), elas são oriundas dos hospitais públicos e particulares conveniados que emitem AIH (Autorização de Internação Hospitalar), que por sua vez são processadas e disponibilizadas na Internet (Figura 3). A classificação das doenças é de acordo com a Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde (CID -10), utilizada pelo Sistema Único de Saúde (SUS) a partir do ano de 1998. Para tanto, foi selecionado o período de 1999 a 2008, como forma de contabilizar dez anos de dados. Esse intervalo foi escolhido a partir do ano de 2008, que é o último ano com dados completos disponibilizados pelo DATASUS. Figura 3: Esquema da obtenção de dados pelo DATASUS (LESSA et al., 2000) Assim sendo, após análise preliminar do período de 10 anos, através da elaboração de um gráfico, os anos de maior e de menor incidência de internações 9 por doenças respiratórias e circulatórias foram selecionados para as análises mais detalhadas realizadas a posteriori, que incluem: a representação de quatro enfermidades, dispostas mensalmente, que acometem mais frequentemente a população; a representação por faixa etária para cada ano (de maior e de menor ocorrência), grupo de doença (cardiovascular e respiratória) e as quatro enfermidades mais frequentes; a representação por sexo para cada ano, grupo de doença (cardiovascular e respiratória) e as quatro enfermidades mais frequentes. A mesma metodologia foi aplicada para os dados de mortalidade. Todos os dados mencionados foram dispostos em gráficos, perfazendo um total de 35 gráficos. 10 4. O ESTADO DA ARTE 4.1. A Geografia Médica A humanidade e o clima são mutuamente influenciados. O homem interfere no clima através de muitas ações, como urbanização, industrialização, desflorestamento, atividades estas que podem alterar o clima local e regional (AYOADE, 1996). Da mesma forma, o clima influencia em muitas atividades realizadas pelo homem como a agricultura, o vestuário e a moradia, além disso, variações climáticas atingem diretamente a saúde e bem-estar humanos, havendo íntima relação entre o tipo climático vigente e a incidência de determinadas doenças, principalmente às que se referem ao sistema respiratório, seja por meio da alteração da resistência do corpo humano, seja propiciando a propagação e dispersão de microorganismos patogênicos (AYOADE, 1996). Porém, o clima por si só não é capaz de gerar a doença, juntamente com ele atuam diversos fatores tanto ambientais, socioeconômicos, quanto do próprio indivíduo sujeito a ela (CASTILHO, 2006). Tomemos como exemplo o continente africano, no qual, podem-se citar dois fatores que conjuntamente agravam não só as patologias, mas o estado geral da saúde coletiva. São eles a alta incidência de AIDS na população africana e a pobreza que a assola. As consequências da ação conjunta desses fatores são maiores nesse continente do que em qualquer outra parte do mundo, eles são capazes de gerar grande impacto na ocorrência de doenças respiratórias, assim como a maior incidência em mulheres que em homens (DESALU; OLUWAFEMI; OJO, 2009). A saúde pública, principalmente em regiões urbano-industriais é um assunto de grande repercussão, mas, foi somente com o advir da Revolução Industrial que se iniciaram os estudos referentes à qualidade de vida em áreas urbanas. A partir do século XX, esse tipo de abordagem passou a ser mais frequente, mas foi nas décadas de 1960 e 1970, com o surgimento dos geógrafos-climatólogos que várias abordagens sobre o assunto surgiram (ZEN, 2004). Esses estudos, relacionados ao ambiente e à saúde, na área da geografia são abordados pela Geografia Médica. Para Lacaz (1972) a Geografia Médica mostra o quão importante o “meio geográfico” é no surgimento e disposição das doenças no meio. 11 O surgimento da Geografia Médica se deu juntamente com o surgimento da própria medicina com Hipócrates aproximadamente 480 a.C, quando este publicou a obra intitulada “Dos ares, das águas e dos lugares”. É aí que pela primeira vez associam-se os fatores externos aos malefícios que atingem os seres humanos; fazendo uso dos princípios geográficos, Hipócrates, avaliou os fatores geoclimáticos que podem influenciar nas endemias e epidemias numa população. É a primeira vez que se concede a fatores externos a responsabilidade das patologias humanas (PARAGUASSU-CHAVES, 2001). Nos séculos XVI e XVII, a Geografia Médica ganha impulso, após um período obscuro da Idade Medieval, com o advento do Mercantilismo e a descoberta de novas terras, além das indo-européias. Os colonizadores se vêem obrigados a conhecer as doenças dessas novas colônias, seja em prol do comércio, seja somente para a própria proteção física (PARAGUASSU-CHAVES, 2001). Durante o século XIX, como resultado dos estudos realizados por Louis Pasteur, que os trabalhos referentes à medicina geográfica ficaram delegados novamente à obscuridade científica (CASTILHO, 2006). A visão e os descobrimentos de Pasteur tiveram, portanto, um significado negativo para o desenvolvimento da Geografia Médica, uma vez que delegavam maior importância ao agente etiológico em si do que ao meio ambiente inserido nesse contexto (PARAGUASSU-CHAVES, 2001). Segundo Barros (2006), até meados do século XX, considerado a fase inicial do progresso da Geografia Médica, os trabalhos desenvolvidos se baseavam na epidemiologia geográfica com grande influência das áreas médica e biológicas. Uma vez que anteriormente a esse período os trabalhos encontravam-se sob a óptica da medicina, sendo a geografia somente o meio, uma ciência auxiliar. No Brasil, os poucos pesquisadores que existiam na área eram predominantemente da área médica, como médicos sanitaristas e epidemiologistas. Um dos grandes nomes da geografia mundial foi Sorre, que contribuiu e muito para a Geografia como ciência, introduzindo conceitos que mudaram a visão da climatologia até então (SPERANDIO, 2006). Max Sorre (apud Sperandio, 2006, p. 55-56): [...] ao conceituar o clima como “o ambiente climático constituído pela sucessão habitual dos tipos de tempo em um dado lugar”, fez com que os geógrafos físicos deixassem de observar e estudar o clima como “o estado médio da atmosfera”, nascendo uma nova forma de abordagem em climatologia: a climatologia dinâmica. 12 A climatologia dinâmica é compreendida como sendo o estudo da circulação atmosférica, o que compreende a análise das massas atmosféricas, assim como os fenômenos resultantes de seus encontros tais como frentes, ciclones, entre outros (NIMER, 1979). Nimer (1979) faz uma distinção de forma clara e simples entre climatologia dinâmica e a meteorologia: Enquanto o meteorologista se interessa por massas de ar e frentes como problemas individuais que ele tem que enfrentar em seu trabalho diário, o climatologista dinâmico, conforme define Bergeron, usa-os como instrumentos para explicar os fenômenos climáticos persistentes. Ele não está, como o meteorologista, interessado em nenhum ciclone individualizado, mas sim na persistência de certos tipos de ciclone ou de frentes, em suas tendências a seguir certas trajetórias e em suas diferenciações ou analogias de uma região para outra. Em suma, está interessado em outra feição da circulação atmosférica: compreender o porquê de certos anos serem mais úmidos ou mais frios que outros. Grande parte da obra sorreana enfoca a relação existente entre os aspectos climáticos e as doenças (BARROS, 2006). Foi na obra intitulada “Les Fondements de la Géographie Humaine“ (1951) que Sorre (apud Barros, 2006, p. 3-4) aborda as relações entre os tipos de tempo e a fisiologia dos organismos, assim como a importância da Geográfica Médica. Ainda, segundo o mesmo autor, muitos médicos tentaram medir a correlação entre os aspectos geográficos e climatológicos à fisiologia humana. Segundo Lemos e Lima (2002) Sorre criou, ainda, o termo complexo patogênico que “se constitui a partir dos agentes causais, seus vetores, o meio ambiente e o próprio ser humano”. Para Sorre apud Paraguaçu-Chaves (2001) esse termo se refere à probabilidade de a saúde do homem ser afetada pelo ambiente no qual ele está inserido, principalmente no que se refere às doenças infecto- parasitárias, sendo que os complexos patogênicos são infinitos em número e em variedade e o seu conhecimento constitui a base para toda a Geografia Médica. Dessa forma, o conceito de complexo patogênico viria a tornar mais vasta à capacidade de análise e elucidação que tinha a geografia, até então restrita à caracterização do meio físico, na medida em que abordava as relações entre o meio e o homem no contexto da ecologia. Este conceito permitiu que se abordasse, sob sua própria ótica, uma ampla diversidade de doenças infecciosas e parasitárias, diferentemente de outras abordagens (FERREIRA, 1991). 13 Anteriormente a Sorre e seu conceito de complexo patogênico, Henry Sigerist, George Rosen, Erwin Ackerknecht e Fielding H. Garrison, nas décadas de 1930 e 1940, no “Bulletin of the History of Medicine”, já tentavam associar os elementos da natureza com o surgimento de determinados agravos em uma população, ou seja, como o clima, a vegetação, a umidade, a poluição urbana, afetariam a saúde da população. Foi a partir daí que começou a surgir a Topografia Médica, que utiliza mapeamento como ferramenta principal para relacionar saúde e ambiente num determinado local, dando uma nova perspectiva aos estudos que consideravam os aspectos ambientais como agentes formadores de determinadas doenças em um local especifico (VALENCIUS, 2000; EDLER, 2001). Dentro do âmbito da Topografia Médica pode-se citar o trabalho de Santos et al. (2001), no qual, os autores utilizam Sistema de Informação Geográfica (SIG) para espacializar as residências de vítimas de acidentes de transportes, homicídios e suicídio na cidade de Porto Alegre - RS, com o intuito de identificar pontualmente esses eventos. Estudos que utilizam como ferramenta o SIG, na Geografia Médica, são primordiais para o planejamento de medidas que concernem à saúde coletiva, auxiliando na prevenção de óbitos, na medida em que pontuam os grupos vulneráveis aos fatores correlacionados à origem dos mesmos (ARAÚJO, J. R.; FERREIRA, E. F.; ABREL, M. H. N. G, 2008; EDLER, 2001). No Brasil, os estudos de Afrânio Peixoto foram os precursores em correlacionar algumas enfermidades com os estados climáticos brasileiros, iniciando, pois, a Climatologia Médica no Brasil, e consequentemente, desmitificando o que se denominavam de doenças tropicais (SOUZA, C. G.; SANTA’ANA NETO, J. L., 2008). Um dos grandes nomes da Geografia Médica no Brasil foi Carlos da Silva Lacaz (1915 – 2002) que juntamente com colaboradores elaborou a obra intitulada “Introdução à Geografia Médica do Brasil”, trabalho este que possui características mais descritivas que conceitual, ou seja, a obra está mais vinculada a traçar padrões de distribuição regional, que a buscar pela interdisciplinarização do assunto (FERREIRA, 1991). Para Lacaz (1972) “na Geografia Médica, o estudo do enfermo é inseparável do seu ambiente, do biótopo onde se desenvolvem os fenômenos de ecologia associada com a comunidade a que ele pertence.” Assim, 14 os parâmetros climáticos temperatura do ar, umidade, precipitação, pressão atmosférica e ventos afetam a saúde humana de forma direta (sensação de conforto, mortalidade e morbidade por doenças sistêmicas) e indireta (doenças infecciosas transportadas por vetores-ar, água, solo e alimentos), pois o corpo humano está em permanente contato com seu meio ambiente atmosférico pelo intermédio de trocas térmicas, hídricas e gasosas. [...] Por outro lado, muitas doenças têm ocorrência sazonal, o que está provavelmente relacionado às condições climáticas, como escarlatina, difteria e icterícia, que na Suíça ocorrem principalmente no inverno, enquanto o sarampo, gripe e catapora são mais comuns na primavera. Enfermidades respiratórias e do coração têm o máximo no fim do inverno e início da primavera, na Inglaterra e Austrália (PITTON, S. E. e DOMINGOS, A. E.,2004). Outro trabalho de grande impacto foi a obra “Geografia da Fome” de Josué de Castro, de 1965, na qual o autor apresenta um estudo amplo sobre a insegurança alimentar no Brasil, em cada região do país, associando a carência alimentar com fatores sociais, econômicos, políticos e da saúde. A fome, no Brasil, que perdura, apesar dos enormes progressos alcançados em vários setores de nossas atividades, é conseqüência, antes de tudo, do seu passado histórico, com os seus grupos humanos sempre em luta e quase nunca em harmonia com os quadros naturais. Luta, em certos casos, provocada e por culpa, portanto, da agressividade do meio, que iniciou abertamente as hostilidades, mas quase sempre por inabilidade do elemento colonizador, indiferente a tudo que não significasse vantagem direta e imediata para os seus planos de aventura mercantil. Aventura desdobrada em ciclos sucessivos de economia destrutiva, ou pelo menos desequilibraste da saúde econômica da nação: a do pau-brasil, a da cana- de-açúcar, a da caça ao índio, a da mineração, a da lavoura nômade, a do café, a da extração da borracha, e finalmente a da industrialização artificial baseada no ficcionismo das barreiras alfandegárias e no regime da inflação. [...] Em última análise, esta situação de desajustamento econômico e social foi conseqüência da inaptidão do estado político para servir de poder equilibrante entre os interesses privados e o interesse coletivo (CASTRO, 1965). Audy (1954) ao descrever os padrões de doenças na Somalilândia, república democrática localizada no Chifre da África, associou as infecções respiratórias às moradias da população que ali reside, conjunto de casebres amontoados, que facilitam a propagação de doenças, ao clima seco e frequentes tempestades de areia. Também observou que os efeitos de algumas enfermidades são agravados pela desnutrição da população. Em 1958, May cunhou o termo ecologia da doença, que segundo Mayer (1999) é baseado no conceito de que para que uma doença ocorra são necessários agentes e hospedeiros que entrem em contato mútuo, num mesmo lugar, num mesmo intervalo de tempo, ilustrando o potencial da Geografia para unir os mundos 15 físico e social. Dessa forma, a ecologia da doença aborda como a humanidade, incluindo a sua cultura, organização social e comportamento; o mundo físico, que inclui a topografia, vegetação e clima; a biologia, que alberga a ecologia do vetor e do patógeno, interagem conjuntamente na produção de focos de doenças. Embora o termo ecologia da doença tenha sido desenvolvido para doenças infecciosas e doenças decorrentes da desnutrição, também pode ser aplicado às doenças crônicas como doenças cardiovasculares, câncer, doenças neurológicas, sendo que todas essas enfermidades, de alguma forma estão correlacionadas com fatores políticos, sociais, econômicos e culturais (MAYER, 1996). Para May a relação homem e ambiente é indissociável, da mesma forma que o meio lhe provém alimento, também consiste num reservatório de doenças. [...] from the Waters the people get their food, also their cholera, their dysenteries, their typhoid fever, their malaria; from the earth they get their hookworm; from the crowded villages they get their tuberculosis, and their yaws; from the type of housing they have been forced to adopt they get their plague and typhus; and from the food which earth, temperature, and rain produce, their protein deficiencies, their beri beri (May apud Mayer, 1996). Sendo assim, os trabalhos de May e de Josué de Castro nos permitem inferir que a Geografia Médica está muito além da distribuição espacial das patologias; as questões sociais, o modo como elas interagem e influenciam na saúde e bem estar do homem, também possuem grande relevância. Devido à grande variabilidade climática do Brasil e também por se constituir num tema de grande relevância para a qualidade de vida da população, os estudos sob a ótica da Geografia Médica aqui se deram com maior frequência relacionando o clima e o surgimento de determinadas doenças. Embora não houvesse muitos profissionais que se dedicaram a estudos relacionados à Geografia Médica, aqueles que se propuseram a isso eram principalmente médicos, epidemiologistas, sanitaristas, entre outros (CASTILHO, 2006; BARROS, 2006). Com relação aos trabalhos recentes, no Brasil, dentro do âmbito da Geografia Médica podemos citar o trabalho de Sobral (1988) no qual se delimita uma conexão direta entre a incidência de agravos respiratórios em crianças na Grande São Paulo em função do aumento da poluição atmosférica. Castro (2000), em seu trabalho, mostra a influência do clima urbano na incidência de doenças do aparelho respiratório no município de Rio Claro, SP. Da 16 mesma forma, Castilho (2006) analisa a incidência e distribuição de doenças cardiovasculares e respiratórias na população de São José do Rio Preto, SP, associando-as a fatores sociais e econômicos da população. Paraguaçu-Chaves (2001); Ferreira (2003); Pitton e Domingos (2007) e Mazetto (1996 e 2001) também contribuíram com trabalhos significantes para a Geografia Médica brasileira. As pesquisas na área da Geografia Médica, no Brasil, estão em crescimento contínuo. A organização do 1º Simpósio Nacional de Geografia da Saúde em Presidente Prudente-SP, no ano de 2003, é um exemplo disso, sendo que subsequentemente ocorreu a segunda edição do evento, em 2005, no Rio de Janeiro. 4.2. As Doenças Respiratórias São denominadas doenças respiratórias aquelas que de alguma forma atingem o trato e os órgãos que compõe o aparelho respiratório. De acordo com a Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID-10) baseada na Nomenclatura Internacional de Doenças, estabelecida pela Organização Mundial de Saúde (OMS), as doenças do aparelho respiratório estão compiladas no Capitulo X do CID-10. Neste capítulo há treze agrupamentos, nos quais as enfermidades respiratórias se subdividem, são eles: Infecções agudas das vias aéreas superiores; Influenza (gripe) e pneumonia; Outras infecções agudas das vias aéreas inferiores; Outras doenças das vias aéreas superiores; Doenças crônicas das vias aéreas inferiores; Doenças pulmonares devidas a agentes externos; Outras doenças respiratórias que afetam principalmente o interstício; Afecções necróticas e supurativas das vias aéreas inferiores; Outras doenças da pleura; Outras doenças do aparelho respiratório; Pneumonia em doenças classificadas em outra parte; Derrame pleural em afecções classificadas em outra parte; Transtornos respiratórios em doenças classificadas em outra parte. Sendo que em cada agrupamento há diversas doenças correlacionadas (OMS, 2011). Grande parte dos estudos atuais sobre doenças respiratórias se baseia na associação entre a incidência dessas doenças e a poluição atmosférica. Num estudo realizado em Londres, Inglaterra, observou-se que o ozônio, dentre todos os outros elementos poluentes analisados foi o que apresentou a maior correlação com as 17 internações por doenças respiratórias. A conclusão a que chegou o estudo é que o índice fixado pelo Expert Panel on Air Quality Standards de 50 ppb de O3 possui uma margem de segurança baixa ou quase nula, e que para tanto precisa ser revisado (PONCE DE LEON et al., 1996). Num outro estudo dos mesmos autores, porém focando a mortalidade em Londres, encontrou-se que mortalidade diária estava sim correlacionada com diversos indicadores de poluição, principalmente ozônio, e fumaça preta. Também se observou associações com nitrogênio, dióxido de carbono e dióxido de enxofre, mas isto ocorreu devido ao fato desses poluentes estarem associados ao ozônio e à fumaça preta. Assim, a principal implicação para a saúde pública reside no fato de que os índices de poluição medidos afetam negativamente o pulmão e geram mortalidade, seja em longo ou em curto prazo, e que, para tanto, as autoridades competentes devem estar cientes disso para criar políticas de redução da emissão de poluentes (ANDERSON et al., 1996). Um estudo realizado pela Swiss Study on Air Pollution and Lung Diseases in Adults (SAPALDIA) verificou que exposições em longo prazo à poluição atmosférica, mesmo que sob baixos índices, estão relacionadas à alta prevalência de sintomas respiratórios, como falta de ar e bronquite crônica, assim como, concluiu-se que fumo passivo e poluição atmosférica são desfavoráveis a saúde do sistema respiratório e que exposições em longo prazo a estes elementos são responsáveis pelo aparecimento de doenças respiratórias em adultos (ZEMP, et al., 1999). Há diversos outros estudos que mostram a estreita relação entre doenças respiratórias e poluição atmosférica. Tais como os trabalhos que mostram: associação positiva entre taxa de mortalidade e nível de poluição atmosférica em longo prazo, principalmente no que diz respeito a partículas inaláveis e partículas de sulfato (DOCKERY, et al., 1993); material particulado de indústria siderúrgica esteve fortemente correlacionado com índice de morbidade, as admissões hospitalares foram mais ocorrentes em infantes que adultos e principalmente devido a bronquites e asmas, os casos tanto de internações quanto de mortalidade decaíram quando a mesma fábrica ficou fechada por 14 meses (POPE, 1989); concentrações de monóxido de carbono, durante os meses de inverno, estão relacionadas com aumento nos casos de bronquites e doenças do trato respiratório superior, o que não se procede com os casos de asma (GIORDIAN et al., 1996); inflamações das vias aéreas, em pacientes com asma, estão correlacionadas com material particulado 18 derivado de combustão de madeira, por outro lado, fuligem e material particulado não têm correlação significativa com pressão arterial, alteração da espirometria ou da frequência cardíaca (JANSEN et al., 2005). Numa revisão sobre o assunto Pope (2000) sumarizou a epidemiologia da poluição por material particulado mostrando os mecanismos biológicos e indicando os grupos suscetíveis (Tabela 2). Tabela 2 – Grupos suscetíveis a efeitos na saúde em decorrência da exposição ao material particulado Fonte: Pope, 2010 As classes sociais mais baixas, as pessoas que no início da infância tiveram uma ou mais doenças respiratórias, os que estão sujeitos a altas concentrações de poluentes, são os grupos que estariam mais predispostos à incapacidade respiratória. Na infância, exposição a poluentes atmosféricos e as circunstâncias sociais são mais determinantes, enquanto que o hábito de fumar é o fator preponderante na faixa dos 20 anos para doenças respiratórias (COLLEY, DOUGLAS e REID, 1973). No Brasil, uma problemática frequente é a questão das queimadas e os efeitos adversos que causam na saúde humana. Num levantamento realizado em Presidente Prudente e Teodoro Sampaio, no Estado de São Paulo, nos meses em que ocorrem as queimadas sazonais da cana-de-açúcar presumiu-se que o grande número de internações era devido à emissão de material particulado oriundo da queima da palha da cana (SILVA e SANT’ANA NETO, 2007). 19 No estado de São Paulo, grande produtor de cana-de-açúcar, um mapeamento mostrou que as áreas onde se concentram as queimadas são aquelas que apresentam os maiores índices de internações por doenças respiratórias, o trabalho mostra como é importante a utilização do Sistema de Informação Geográfica (SIG) em estudos exploratórios e de correlação na área da saúde (LOPES e RIBEIRO, 2006). Num estudo realizado por Fernandez (2008), enfocando o efeito das queimadas de cana-de-açúcar, em Ribeirão Preto, sobre o bem estar das pessoas, ficou evidente que os episódios de queima das plantações de cana interferem na morbidade por doenças respiratórias e que os custos envolvidos são grandes, tanto os custos referentes à perda do bem-estar devido à queda na qualidade de saúde, quanto ao custo da hospitalização por doenças respiratórias. O aumento das internações por doenças respiratórias em Ribeirão Preto, principalmente de crianças e idosos pôde ser explicado pela poluição atmosférica. Esse quadro epidemiológico está vinculado ao nível de desenvolvimento econômico e social da cidade, uma vez que, os indicadores socioeconômicos mostraram o alto e crescente nível de desenvolvimento local (ROSEIRO e TAKAYANAGUI, 2006). Na região amazônica, as queimadas também são problemas constantes, principalmente nos meses de seca. Em Rio Branco, no Acre, em setembro de 2005, ano em que ocorreu a maior seca na região em 60 anos, foi notificado que durante o mês analisado, 23 dias do mesmo apresentaram valor excessivo de material particulado, ou seja, além dos limites de qualidade de ar estabelecido pela OMS. A maior incidência de doenças respiratórias se deu em crianças, seguidas de idosos, mostrando que esses episódios estavam fortemente correlacionados com as queimadas. Também foi concluído que havia uma correlação positiva entre concentração de PM e a incidência de asma na população (MASCARENHAS et al., 2008). Um fato a ser considerado é que a combustão de biomassa gera muitos poluentes com capacidade cancerígena tais como furanos, dioxinas e hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPA) encontrados tanto na fumaça quanto nas partículas liberadas. Esses compostos, quando em contato em longo prazo com o homem, podem induzir ao câncer no trato e órgãos do sistema respiratório, principalmente nos pulmões, sendo este último o tipo de câncer que mais mata no 20 mundo tanto homens quanto mulheres, estimado para o ano de 2010 (Figura 1) (JEMAL et al., 2010; RIBEIRO e ASSUNÇÃO, 2002). Figura 1: Dez neoplasias que mais matam por sexo para o ano de 2010. (JEMAL et al., 2010) A atividade humana gera grandes impactos ambientais e para a saúde, podendo ter efeitos drásticos futuramente quanto à saúde coletiva. Dos estudos que foram realizados sobre a extensão da problemática das queimadas na saúde do homem poucos realmente avaliaram com exatidão os efeitos da combustão de biomassa na saúde humana (ARBEX et al., 2004). As doenças pulmonares obstrutivas crônicas (DPOC), que segundo projeção da OMS (2009) será a terceira maior causa de morte no ano de 2030, merecem destaque dentre as doenças respiratórias. A projeção para aumento no tabagismo seria responsável pelo aumento de 5,1% das mortes em 2004 para 8,6% de mortes em 2030. De qualquer forma, o hábito de fumar estaria relacionado com seis das oito maiores causas de óbito no mundo todo, sejam em grande ou pequena proporção, sendo que as DPOCs têm a maior proporção de mortes atribuídas ao tabagismo (Figura 2). 21 Figura 2: Oito causas de óbitos que mais matam no mundo e os óbitos atribuídos ao tabagismo em 2005 (OMS, 2008). As DPOCs incluem asma, doença pulmonar obstrutiva crônica, rinite alérgica, doenças ocupacionais dos pulmões e hipertensão pulmonar. As pessoas com alguma dessas doenças crônicas encontram dificuldade em respirar, o que consequentemente pode afetar várias de suas atividades diárias. No Brasil, as DPOCs atingem duas em cada dez pessoas. Além do tabagismo, a poluição ambiental também é um fator de risco para as DPOCs (CONGRESSO BRASILEIRO DE PEDIATRIA, 2006). A compreensão da epidemiologia das doenças respiratórias é de extrema importância para tentar controlar ou mesmo diminuir o número de casos crescentes desse grupo de doença. O tratamento e a cura de muitas delas são custosos para a saúde pública. Por esse motivo estudos que abordem as doenças respiratórias e a saúde coletiva são sempre importantes, pois constituem importantes instrumentos que propiciam tomadas de decisões. 4.3. As Doenças Circulatórias As doenças do aparelho circulatório são aquelas que atingem o coração, artérias e veias sanguíneas, de acordo com o CID-10, possuem 17 agrupamentos sendo eles: Febre reumática aguda; Doenças reumáticas crônicas do coração; Doenças hipertensivas; Doenças isquêmicas do coração; Doenças cardíaca 22 pulmonar e da circulação pulmonar; Outras formas de doença do coração; Doenças cerebrovasculares; Doenças das artérias, das arteríolas e dos capilares; Doenças das veias, dos vasos linfáticos e dos gânglios linfáticos, não classificadas em outra parte; Outros transtornos, e os não especificados do aparelho circulatório; Pericardite em doenças classificadas em outra parte; Endocardite e transtornos valvulares cardíacos em doenças classificadas em outra parte; Miocardite em doenças classificadas em outra parte; Cardiomiopatia em doenças classificadas em outra parte; Outras afecções cardíacas em doenças classificadas em outra parte; Transtornos cerebrovasculares em doenças classificadas em outra parte; Transtornos das artérias, das arteríolas e dos capilares em doenças classificadas em outra parte. Cada agrupamento consiste em várias categorias e subcategorias, nas quais as doenças cardiovasculares se subdividem (OMS, 2011). As doenças cardiovasculares são as maiores causas de óbitos no mundo, sendo que as doenças isquêmicas do coração foram responsáveis por 12,2% das mortes mundiais, já no Brasil, as doenças cerebrovasculares são as que provocaram o maior número de óbitos no ano de 2008, segundo o DATASUS (excetuando as neoplasias malignas), um total de 9,19% das mortes registradas. Vários estudos apontaram para os fatores de risco das doenças cardiovasculares. Há dois tipos de risco, aqueles que comprovadamente são causais e aqueles que estão associados à patologia, mas que não há comprovação, denominados de indicadores de risco. Os indicadores de risco são também de dois tipos os de predisposição e os que afetam diretamente, obesidade e tabaco, respectivamente, exemplificam os indicadores de ricos. Assim, num estudo realizado em cinco núcleos urbanos de Cotia-SP, a obesidade estava presente em 38% dos indivíduos que apresentavam algum tipo de doença cardiovascular, associando a isso a falta de exercício físico e dieta inadequada, o risco de ter alguma doença cardiovascular aumenta consideravelmente (YUSUF et al.,1997). Assim sendo, a tabela 3 dispõe esses dois tipos de fatores de risco. 23 Tabela 3 – Indicadores de risco para as doenças car diovasculares FATORES DE RISCO CAUSAIS INDICADORES DE RISCO Tabagismo Baixo nível socioeconômico Nível de LDL elevado Fatores pró-trombóticos elevados Nível de HDL baixo Indício de infecção ou inflamação Pressão arterial elevada Níveis elevados de homocisteína Nível de glicose elevado Níveis elevados de lipoproteína Sedentarismo Fatores psicológicos (depressão, propensão à raiva, hostilidade, estresse, momentos de dificuldade na vida) e colapso nas estruturas sociais (perda do suporte e coesão social) Obesidade Alimentação Modificado de Yusuf et al. (2001) Além dos fatores de risco, há que se considerar os fatores genéticos relacionados ao surgimento dessas doenças, dessa forma, pessoas que têm no histórico familiar a ocorrência de doenças relacionadas ao sistema circulatório estão mais propensas a adquiri-las em algum momento do que aqueles indivíduos que não possuem qualquer indício das mesmas na família. Porém as doenças do aparelho circulatório constituem um grupo de doenças polimórficas, ou seja, a ocorrência é determinada pela combinação de vários genes, que associados aos fatores ambientais e qualidade de vida da pessoa podem ser expressos ou não, dessa forma, só a genética não é suficiente para gerar a doença (TAVARES, 2000). As condições socioeconômicas e as doenças cardiovasculares são inversamente correlacionadas, ou seja, essas doenças acometem mais os indivíduos das classes baixas da sociedade, aqueles que geralmente possuem acesso escasso a tratamentos e outros serviços de saúde, por outro lado, as pessoas das classes mais favorecida possuem acesso a bens e serviços, e muitas vezes de melhor qualidade. Além de tudo, os fatores de risco são mais frequentes nos indivíduos de baixa renda que são os que possuem menos conhecimento sobre a extensão e prevenção de doenças. Num estudo realizado em Porto Alegre, quase 24 metade dos óbitos por doenças cardiovasculares antes dos 65 anos pôde ser relacionada à pobreza. Em São José do Rio Preto, a população menos favorecida apresentou os maiores coeficientes de mortalidade por doenças cardiovasculares, num estudo realizado em 2003, mostrando que os fatores socioeconômicos são preponderantes na incidência dessas doenças. (ISHITANI et al., 2006; BASSANESI, AZAMBUJA e ACHUTTI, 2008; GODOY et al., 2007). Os fatores de risco também podem estar relacionados aos hábitos familiares, ou seja, pais e mães que são fumantes, sedentários, com dieta rica em gorduras total e saturada, com excesso de peso ou obesidade, acabam influenciando e promovendo a maior frequência de fatores de risco nos filhos. Para isso, seriam necessárias intervenções no sentido de diminuir os fatores de risco com o intuito de reduzir a probabilidade do surgimento de doenças crônicas na vida adulta, uma vez que muitas das doenças do aparelho circulatório têm inicio na infância e adolescência (MENDES et al., 2006; GUEDES e GUEDES, 2001). As características climáticas também possuem certa relação com a incidência das doenças cardiovasculares. Estudos mostram que há sazonalidade na distribuição das patologias e que elas se concentram nos meses de inverno, com tempo seco e estável, temperaturas baixas, baixa umidade relativa, grandes amplitudes térmicas. Há estudos, entretanto, que não encontraram uma relação clara entre a temperatura e a incidência de internações por doenças cardiovasculares, principalmente devido ao fato de se tratarem de doenças de natureza crônica (DOMINGOS, 2001; PITTON e DOMINGOS, 2004; MURARA e AMORIM, 2007; HAJAT e HAINES, 2002). Por outro lado, altas temperaturas são consideradas fatores de risco para infarto agudo do miocárdio e acidente vascular cerebral. Num estudo realizado no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de São Paulo, mostrou que 2,8% das internações anuais por AVC e 4,9% das internações por infarto agudo do miocárdio são em decorrência de temperaturas elevadas (RUMEL et al., 1993). McMichael et al. (2008) mostrou que o calor está relacionado com mortes por doenças cardiovasculares na maioria das cidades de países de baixa-média renda analisados (Déli, Monterrey, Cidade do México, Chiang Mai, Bangkok, Salvador, São Paulo, Santiago, Cidade do Cabo, Ljubljana, Bucareste e Sofia), e, quanto ao frio, as cidades européias, Cidade do México, Bangkok, São Paulo, Santiago e Cidade do Cabo, apresentaram mortes relacionados a baixas temperaturas. Os padrões que 25 foram observados estão não só relacionados a fatores do clima, mas também a fatores não climáticos, como poluição do ar, tipo de moradia, condições sanitárias e socioeconômicas, assim como o desenvolvimento econômico dos países já mencionados. Modificação na coagulação sanguínea, disfunção cardíaca, indução de arteriosclerose, aumento da probabilidade de ocorrência de morte súbita, aumento na pressão arterial, são efeitos da exposição à poluição atmosférica (COLOMBINI, 2008; CANÇADO, 2003). Dos poluentes atmosféricos, SO2 está positivamente relacionado à morbidade de idosos com 65 anos ou mais e crianças, enquanto que CO e NO2 provocam internações em quase todas as faixas etárias, outros poluentes também afetam a saúde das pessoas como material particulado, ozônio e monóxido de nitrogênio. Mesmo quando os níveis desses poluentes estão abaixo daqueles estabelecidos pelos padrões de qualidade eles são capazes de promover efeitos negativos na saúde cardiorrespiratória (FUNG et al., 2010; ALVES, SCOTTO e FREITAS, 2010). O efeito do dióxido de enxofre na morbidade é rápido. O aumento diário na concentração desse composto na atmosfera reflete simultaneamente no maior número de internações por doenças cardiovasculares, principalmente doenças isquêmicas do coração. Por outro lado, o dióxido de nitrogênio também é um poluente significante para doenças isquêmicas do coração (SUNYER et al., 2003; WONG et al., 2001). Kan et al. (2008), em um estudo realizado em Xangai, constatou que o sexo, a idade, a estação do ano e a educação podem modificar o efeito da poluição atmosférica. Nesse estudo, os efeitos da poluição foram mais evidentes, em mulheres, idosos, no inverno e em pessoas com baixos índices de escolaridade. Informações como essa são importantes para a implantação de políticas ambientais e sociais que visem mitigar esses efeitos e diminuir a incidência de doenças do aparelho circulatório. Muitos outros trabalhos enfocaram a poluição e as doenças do aparelho circulatório. Estudos como os de Morris e Naumova (1998); Dominici et al. (2006), Negrete et al. (2010) mostram a relação positiva entre poluição atmosférica e aumento de internações por doenças cardiovasculares, já os trabalhos de Burnett, Cakmak e Brook (1998); Pope et al. (2004) mostram a relação entre a poluição atmosférica e o aumento na mortalidade por doenças cardiovasculares. 26 Atualmente estamos vivenciando um boom de doenças cardiovasculares, seja devido ao aumento da expectativa de vida, ao estilo de vida sedentário, à má alimentação, ao tabagismo, à poluição atmosférica, ao estresse. Medidas, no entanto, precisam ser tomadas com o intuito de combater o franco crescimento no número de mortes e de casos de doenças cardiovasculares crônicas. Para Bassanesi, Azambuja e Achutti (2008) essas medidas devem priorizar políticas de saúde que, além de resultarem em ganhos diretos na saúde, estimulem o crescimento econômico nacional e a melhoria das condições sociais. E promover políticas inter-setoriais de desenvolvimento econômico que valorizem a promoção da saúde e a redução da morbidade e mortalidade por doenças crônicas na população. No Brasil, um estudo em andamento organizado pelos Ministérios da Saúde e da Ciência e Tecnologia, o ELSA Brasil (Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto), tem o objetivo de investigar a incidência e os fatores de risco, principalmente, para as doenças cardiovasculares e o diabetes. Dessa forma, este estudo poderá fornecer subsídios para futuras políticas públicas brasileiras com o intuito de diminuir a incidência de doenças cardiovasculares, sendo fundamental para a gestão da saúde pública no Brasil. 27 5. ÁREA DE ESTUDO A área de estudo está localizada na região sul de Minas Gerais, mais precisamente na microrregião de São Lourenço, na qual o município de Passa Quatro-MG (22° 23' 24" S 44° 58' 01" W) está inseri do (Figura 4). Figura 4: Localização da área de estudo, Passa Quatro-MG. 28 O povoado de Passa Quatro começou por volta do ano de 1673, quando os bandeirantes Jaques Felix e Fernão Dias Paes Leme ao atravessarem a garganta do Embaú encontraram o primeiro pouso no Sertão das “Geraes”. Com o decorrer dos anos muitos outros desbravadores chegaram e se instalaram atraídos pelo lugar privilegiado e tão promissor. Dessa forma, as habitações iam aumentando, juntamente com a criação de gado e as plantações (ALMEIDA, 2008). No ano de 1733 Passa Quatro passou a ser sesmaria, em 1854 torna-se distrito, em 1869 à freguesia de Capivary, somente em 1888, quatro anos depois da construção da ferrovia Minas and Rio Railway Company, interligando Cruzeiro (SP) a Três Corações (MG), foi que se deu a emancipação da cidade, tornando-se Município de Passa Quatro a partir de então (ALMEIDA, 2008; MOSSRI, 1990). Dessa forma, observa-se que a evolução de povoado a município foi bastante lenta, e até hoje o crescimento populacional é ainda brando. As atividades que impulsionam o crescimento do município, no início, foram principalmente a agricultura, especialmente o cultivo de batata, e a pecuária. Atualmente há algumas indústrias de destaque, como, fábricas de embalagens, parafusos, mineração, principalmente de água mineral, confecções, sacolas plásticas e papel (MOSSRI, 1990). Porém, atualmente, o setor terciário é o responsável pela maior parte das divisas de Passa Quatro, estas, estão principalmente relacionadas ao setor de turismo que vem ganhando destaque no município. Passa Quatro-MG possui uma área territorial total de 277 km², sendo que 90% desse território é montanhoso, 8% é ondulado e somente 2% é plano. A população residente é de 15 584 pessoas, das quais 11 985 moram na área urbana e 3 599 na zona rural. A densidade populacional municipal é de aproximadamente 56 habitantes/km². A evolução da população da cidade indica que está ocorrendo uma estabilização no crescimento populacional, ou seja, com a diminuição da taxa de aumento populacional a população tende a se equilibrar, tornando-se constante (figura 5) (IBGE, 2011). 29 1558415285 14855 14168 11365 12045 13408 6000 8000 10000 12000 14000 16000 18000 1970 1980 1991 1996 2000 2007 2010 Habitantes Figura 5: Série histórica da população de Passa Quatro-MG No que tange a formação vegetal da região, Morssi (1990) esclarece bem o que ocorre em quase toda a extensão da Serra da Mantiqueira, assim, as diferentes formações vegetais primárias, quase em sua totalidade estão substituídas por pastagens, existindo apenas testemunhos de vegetação arbórea primária. A presença desses testemunhos e as condições climáticas fazem considerar que as formações vegetais primárias, que influíram no desenvolvimento do solo, deveriam corresponder as formações florestais subtropicais de altitude, que fazem parte de Serra da Mantiqueira, destacando-se as florestas de araucárias que ocorrem em altitudes acima de 1200m de clima mesotérmico com verões frescos. Ocorrem também florestas latifoliadas e outras espécies de pinheiros. O desmatamento ainda é um fator preocupante na região, uma vez que não tendo mais possibilidade de expansão das atividades nas poucas áreas de planícies que existem, as áreas de encostas sofrem com a especulação imobiliária, a implantação de pastagens e as vastas plantações de eucaliptos, principalmente incentivada pela indústria de papel existente no município. Na região sul de Minas Gerais, segundo a classificação de Köppen, o clima encontrado é o Cwa, que se caracteriza por clima subtropical de inverno seco e verão quente, sendo que a ocorrência de temperaturas inferiores a 18°C é constante no inverno e no verão as temperaturas ultrapassam os 22°C (ANTUNES, 1986). Segundo o Instituto de Geociências Aplicadas – IGA (2011) a temperatura média anual é de 18,8°C, sendo que a temperatura média má xima anual é de 25,7°C e a média mínima anual é de 13°C. O índice de pluviosid ade, segundo o mesmo instituto gira em torno de 1398,4 mm anuais. 30 O Município conta com apenas um Hospital, que é a Santa Casa de Caridade de Passa Quatro, fundada em 1907, portanto, uma instituição filantrópica. Possui um total de 62 leitos. Há também seis equipes de PSF (Programa Saúde da Família), um em cada bairro principal, responsáveis pelo atendimento primário e acompanhamento familiar dos pacientes. Há ainda o Pronto Atendimento municipal, encarregado dos atendimentos emergenciais. Em termos gerais, ocorrem 6,3 internações por 100 habitantes (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2003). 31 6. RESULTADOS E DISCUSSÃO 6.1 Morbidade Hospitalar Foram contabilizadas 2210 internações por doenças do aparelho circulatório e 1807 internações por doenças respiratórias no município de Passa Quatro-MG no período de 10 anos (1999 a 2008). Sendo que, em todos os anos, as doenças cardíacas superaram, em número, as doenças respiratórias, com exceção dos anos 2000 e 2002 (Figura 6). Percebe-se, ainda, que a partir do ano de 2005 as doenças respiratórias estão em ascensão, enquanto que as cardiovasculares apresentaram queda com aumento somente no último intervalo (do ano de 2007 para o ano de 2008). É interessante ressaltar o espelhamento em certos pontos da curva, principalmente em relação ao ano de 2005, que é o ano de maior ocorrência de internações por doenças do aparelho circulatório e o ano em que há a menor morbidade para as doenças do aparelho respiratório. 0 50 100 150 200 250 300 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 Número de Internações Doenças do aparelho circulatório Doenças do aparelho respiratório Figura 6: Internações totais por doenças circulatórias e respiratórias, por ano, de 1999 a 2008. Analisados os anos de maior e menor incidência de cada grupo de doença, com o intuito de melhor exemplificar o que ocorreu nesses 10 anos, notou-se que para o grupo das doenças do aparelho circulatório as enfermidades mais ocorrentes são insuficiência cardíaca, acidente vascular cerebral e veias varicosas das extremidades inferiores, já para o grupo das doenças do aparelho respiratório foram pneumonia, doenças pulmonares obstrutivas crônicas (DPOC) e asma. Assim, os anos de maior e menor incidência de internações por doenças circulatórias foram, 32 respectivamente, 2002 e 2005 e, enquanto que para as doenças respiratórias os anos foram 2005 e 2007, respectivamente os de maior e menor incidência. A insuficiência cardíaca ocorreu durante todos os meses dos anos de 2005 e 2007, não apresentando uma sazonalidade aparente, enquanto que veias varicosas das extremidades inferiores foram relativamente constantes durante o ano de 2005 e por outro lado apresentaram maior incidência nos meses de inverno, no ano de 2007. Acidente vascular cerebral (AVC) ocorreu com maior frequência nos meses mais quentes, em ambos os anos, enquanto que outras doenças do coração oscilaram durante o ano (Figuras 7 e 8). 0 2 4 6 8 10 12 14 16 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Número de Internações Insuficiência cardíaca Veias varicosas das extremidades inferiores Acidente vascular cerebral não especifico: hemorrágico ou isquêmico Outras doenças do coração Figura 7: Distribuição anual das quatro enfermidades cardiovasculares mais frequentes no ano de 2005 (maior ocorrência). Foi registrado em torno de 29,3% de queda no número de internações totais por doenças do aparelho circulatório do ano de maior ocorrência, 2005 com relação ao ano de 2007, ano de menor ocorrência de internações pela doença. Em comparação com as doenças respiratórias essa queda foi pouco menor, já que do ano de 2002 para o ano de 2005 o número de internações decaiu em 33,2%. 33 0 2 4 6 8 10 12 14 16 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Número de Internações Insuficiência cardíaca Acidente vascular cerebral não específico: hemorrágico ou isquêmico Outras doenças isquêmicas do coração Veias varicosas das extremidades inferiores Figura 8: Distribuição anual das quatro enfermidades cardiovasculares mais frequentes no ano de 2007 (menor ocorrência). No ano de 2002, a pneumonia foi a grande responsável pelas internações por doenças respiratórias, da mesma forma, manteve um padrão sazonal, ou seja, a frequência foi maior nos meses mais frios e secos. De um modo geral, tanto a asma quanto outras doenças do aparelho respiratório possuem certa sazonalidade, enquanto que as DPOC oscilam pouco e mantém a constância (Figura 9). 0 5 10 15 20 25 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Número de Internações Pneumonia Outras doenças do aparelho respiratório Asma Bronquite enfisema e outras doenças pulmares obstrutivas crônicas Figura 9: Distribuição anual das quatro enfermidades respiratórias mais frequentes no ano de 2002 (maior ocorrência). O ano de 2005 (Figura 10), de menor ocorrência para doenças respiratórias não apresentou a sazonalidade tão evidente e característica no ano de 2002, porém, pneumonia e asma foram motivos de internação em todos os meses daquele ano e 34 as DPOC oscilaram em torno de uma a duas internações por mês, como ocorreu no ano de 2002. 0 5 10 15 20 25 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Número de Internações Pneumonia Asma Outras doenças do aparelho respiratório Bronquite enfisema e outras doenças pulmonares obstrutivas crônicas Figura 10: Distribuição anual das quatro enfermidades respiratórias mais frequentes no ano de 2005 (menor ocorrência). Ocorreu diferença no número de internações entre os sexos, em mulheres foi superior que em homens. No ano em que houve a maior incidência essa diferença foi maior do que no ano de menor incidência, para doenças cardiovasculares (Figura 11). 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 2005 2007 Número de Internações Masculino Feminino Figura 11: Internações por doenças cardiovasculares de acordo com sexo nos anos de 2005 e 2007, anos de maior e menor ocorrência, respectivamente. Tanto no ano de 2005 quanto no de 2007, a insuficiência cárdica foi predominante tanto em homens quanto em mulheres. Veias varicosas das extremidades inferiores, no ano de 2005, alcançaram níveis tão alto quanto insuficiência cardíaca, isso pode ser explicado pelo fato de que grande parte das 35 internações por varicosas inferiores é devido a internações pré-operatórias, e que isso se dá principalmente no sexo feminino (Figuras 12 e 13). 0 10 20 30 40 50 Masculino Feminino Número de Internações Insuficiência cardíaca Veias varicosas das extremidades inferiores Acidente vascular cerebral não específico hemorrágico ou isquêmico Outras doenças do coração Figura 12: Internações pelas quatro enfermidades cardíacas de acordo com sexo no ano de 2005 (ano de maior ocorrência). Acidente vascular cerebral também merece destaque entre as internações por doenças cardiovasculares, uma vez que ocorreram mais nas mulheres que nos homens, em ambos os anos. A importância do AVC está relacionada ao fato de que aqueles que sobrevivem têm grandes chances de apresentarem alguma incapacidade física devido ao agravo. 0 10 20 30 40 50 Masculino Feminino Número de Internações Insuficiência cardíaca Acidente vascular cerebral não específico hemorrágico ou isquêmico Outras doenças isquêmicas do coração Veias varicosas das extremidades inferiores Figura 13: Internações pelas quatro enfermidades cardíacas de acordo com sexo no ano de 2007 (ano de menor ocorrência). Por outro lado, as doenças do aparelho respiratório causaram mais internações no sexo masculino que no feminino, no ano de 2002, embora, a 36 diferença fosse mínima. Já no ano de 2005 as internações foram mais ocorrentes nas mulheres (Figura 14). 0 20 40 60 80 100 120 2002 2005 Número de Internações Masculino Feminino Figura 14: Internações por doenças respiratórias de acordo com sexo nos anos de 2002 e 2005, anos de maior e menor ocorrência, respectivamente. A pneumonia prevaleceu em ambos os sexos, todavia, asma e DPOC atingiram mais o sexo feminino, no ano 2002, enquanto que em 2005, a asma predominou levemente nos homens (Figuras 15 e 16). 0 10 20 30 40 50 60 70 80 Masculino Feminino Número de Internações Pneumonia Outras doenças do aparelho respiratório Asma Bronquite enfisema e outras doenças pulmonares obstrutivas crônicas Figura 15: Internações pelas quatro enfermidades respiratórias de acordo com sexo no ano de 2002 (ano de maior ocorrência) Outras doenças do aparelho respiratório foram relevantes no ano de 2002, nos homens, uma vez que foi a segunda causa de internação, ocorrendo mais no sexo masculino que no feminino. Já no ano de 2005 ela atingiu mais as mulheres. 37 0 10 20 30 40 50 60 70 80 Masculino Feminino Número de Internações Pneumonia Asma Outras doenças do aparelho respiratório Bronquite enfisema e outras doenças pulmonares obstrutivas crônicas Figura 16: Internações pelas quatro enfermidades respiratórias de acordo com sexo no ano de 2005 (ano de menor ocorrência). Analisando as internações de acordo com as faixas etárias, observou-se que o maior número de internações ocorreu na faixa dos 70 anos aos 79 anos, para doenças cardiovasculares, tanto no ano de 2005 quanto no ano de 2007 (Figura 17). 0 10 20 30 40 50 60 2005 2007 Número de Internações < 1 1├─┤4 5├─┤9 10├─┤14 15├─┤19 20├─┤29 30├─┤39 40├─┤49 50├─┤59 60├─┤69 70├─┤79 80 ≥ Figura 17: Internações por doenças circulatórias de acordo com faixa etária nos anos de 2005 e 2007, anos de maior e menor ocorrência, respectivamente. Notou-se, ainda, que insuficiência cárdica, AVC e outras doenças do coração levaram a um maior número de internações em idosos no ano de 2007. Vale ressaltar que os casos de AVC na faixa dos 50 a 59 anos só não foram superiores as de internações na faixa dos 70 a 79 anos (Figura 18). 38 0 5 10 15 20 25 30 Insuficiência cardíaca Outras doenças do coração Acidente vascular cerebral não específico: hemorrágico ou isquêmico Veias varicosas das extremidades inferiores Número de Internações < 1 1├─┤4 5├─┤9 10├─┤14 15├─┤19 20├─┤29 30├─┤39 40├─┤49 50├─┤59 60├─┤69 70├─┤79 80 ≥ Figura 18: Internações pelas quatro enfermidades cardiovasculares de acordo com faixa etária no ano de 2005 (ano de maior incidência). Varicosas das extremidades inferiores apresentaram um padrão diferenciado com maior número de internações na população adulta, a partir da faixa etária dos 20 anos, pois como já foi mencionado, muitas dessas internações são pré-cirúrgicas (Figuras 18 e 19). No ano de 2007, AVC e insuficiência cardíaca prevaleceu na população idosa (Figura 19). 0 5 10 15 20 25 30 Outras doenças isquêmicas do coração Insuficiência cardíaca Acidente vascular cerebral não especifico hemorrágico ou isquêmico Veias varicosas das extremidades inferiores Número de Internações < 1 1├─┤4 5├─┤9 10├─┤14 15├─┤19 20├─┤29 30├─┤39 40├─┤49 50├─┤59 60├─┤69 70├─┤79 80 ≥ Figura 19: Internações pelas quatro enfermidades cardiovasculares mais frequentes de acordo com faixa etária no ano de 2007 (ano de menor incidência). O padrão de distribuição etária das internações por doenças respiratórias foi diferente daquele apresentado pelas cardiovasculares, nesta última, o número de internações aumentou com a faixa etária, enquanto que na primeira, ele foi alto aos dois extremos etários, tanto em crianças quanto em idosos, apresentando uma depressão nas faixas intermediárias (Figura 20). 39 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 2002 2005 Número de Internações < 1 1├─┤4 5├─┤9 10├─┤14 15├─┤19 20├─┤29 30├─┤39 40├─┤49 50├─┤59 60├─┤69 70├─┤79 80 ≥ Figura 20: Internações por doenças respiratórias de acordo com faixa etária nos anos de 2002 e 2005, anos de maior e menor ocorrência, respectivamente. A pneumonia foi motivo de internação em todas as faixas etárias principalmente em idosos e crianças. Enquanto DPOC ocorreu mais em adultos e idosos. A asma atingiu, sobretudo, os infantes, no ano de 2002 (Figura 21). 0 5 10 15 20 25 30 Pneumonia Bronquite enfisema e outras doenças pulmonares obstrutivas crônicas Asma Outras doenças do aparelho respiratório Número de Internações < 1 1├─┤4 5├─┤9 10├─┤14 15├─┤19 20├─┤29 30├─┤39 40├─┤49 50├─┤59 60├─┤69 70├─┤79 80 ≥ Figura 21: Internações pelas quatro enfermidades respiratórias de acordo com faixa etária no ano de 2002 (ano de maior ocorrência). A pneumonia e asma, no ano de 2005, levaram tanto crianças, adultos e idosos a internações enquanto que DPOC ocorreu mais em adultos e idosos, o mesmo foi observado no ano de 2002, com as DPOCs (Figura 22). 40 0 5 10 15 20 25 30 Pneumonia Bronquite enfisema e outras doenças pulmonares obstrutivas crônicas Asma Outras doenças do aparelho respiratório Número de Internações < 1 1├─┤4 5├─┤9 10├─┤14 15├─┤19 20├─┤29 30├─┤39 40├─┤49 50├─┤59 60├─┤69 70├─┤79 80 ≥ Figura 22: Internações pelas quatro enfermidades respiratórias de acordo com faixa etária no ano de 2005 (ano de menor ocorrência). 6.2. Mortalidade Foram contabilizados 404 óbitos por doenças do aparelho circulatório e 65 em decorrência de doenças do aparelho respiratório, nos 10 anos analisados, de um total de 1044 óbitos. No intervalo de tempo considerado, as doenças cardiovasculares foram responsáveis por 38,7% das mortes totais registradas enquanto que as doenças respiratórias totalizaram 6,2% dos óbitos totais, juntas, esses dois grupos somam 44,9% de todos os óbitos ocorridos nos 10 anos, um percentual relevante. A causa primordial de morte foram as doenças cardiovasculares seguido das neoplasias, doenças endócrinas nutricionais e metabólicas e doenças respiratórias (Figura 23). 0 10 20 30 40 50 60 70 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 Óbitos Doenças do aparelho circulatório Neoplasias (tumores) Doenças endócrinas nutricionais e metabólicas Doenças do aparelho respiratório Figura 23: Distribuição ao longo de 10 anos das quatro principais causas de óbitos em Passa Quatro, MG. 41 Sem exceções, em todos os anos, as doenças do aparelho circulatório superaram aquelas do aparelho respiratório em número de mortes totais. Da mesma forma observou-se que o ano de 2005 correspondeu ao ano de maior ocorrência de óbitos por doenças cardiovasculares, sendo o ano de 2008 o ano de menor ocorrência, já para as doenças respiratórias, 2004 e 2003 foram os anos de maior e menor incidência de mortes, respectivamente (Figura 24). 0 10 20 30 40 50 60 70 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 Óbitos Doenças do Aparelho Circulatório Doenças do Aparelho Respiratório Figura 24: Internações totais por doenças circulatórias e respiratórias, por ano, de 1999 a 2008. As doenças cerebrovasculares foram responsáveis pela maior causa de morte tanto no ano de 2005 quanto no ano de 2008, seguido pelas doenças cardíacas. Aterosclerose e doenças isquêmicas também tiveram relevante número de mortes associadas (Figura 25). 0 5 10 15 20 25 2005 2008 Óbitos Doenças isquêmicas do coração Outras doenças cardíacas Doenças cerebrovasculares Aterosclerose Figura 25: Óbitos por enfermidades cardíacas nos anos de 2005 e 2008, anos de maior e menor ocorrência, respectivamente. 42 No ano de 2005, ocorreram mais mortes em homens que em mulheres, enquanto que no ano de 2008 o oposto foi observado, embora a diferença tenha sido pequena (Figura 26). Tanto no sexo masculino quanto no feminino as doenças cerebrovasculares predominaram como causa mortis. Há uma diferença visível quanto à quantidade de óbitos por arteriosclerose, no homem ela foi mais frequente no ano de 2005, enquanto que nas mulheres ocorreu mais no ano de 2008 (Figuras 27 e 28). 0 5 10 15 20 25 30 35 2005 2008 Óbitos Masculino Feminino Figura 26: Óbitos por doenças circulatórias de acordo com sexo nos anos de 2005 e 2008, anos de maior e menor ocorrência. 0 2 4 6 8 10 12 14 Masculino Feminino Óbitos Doenças isquêmicas do coração Outras doenças cardíacas Doenças cerebrovasculares Aterosclerose Figura 27: Óbitos por enfermidades cardiovasculares de acordo com sexo no ano de maior ocorrência, 2005. 43 0 2 4 6 8 10 12 14 Masculino Feminino Óbitos Doenças isquêmicas do coração Outras doenças cardíacas Doenças cerebrovasculares Aterosclerose Figura 28: Óbitos por enfermidades cardiovasculares de acordo com sexo no ano de menor ocorrência, 2008. Dentre as doenças do aparelho respiratório, a pneumonia foi responsável pelo maior número de mortes, seguido por restantes doenças do aparelho respiratório e doenças crônicas das vias áreas inferiores (Figura 29). No ano de 2004, a mortalidade foi bem maior em homens que em mulheres, enquanto que em 2003 ocorreram apenas dois óbitos, um do sexo feminino e outro do sexo masculino (Figura 30). 0 1 2 3 4 5 6 2003 2004 Óbitos Pneumonia Doenças crônicas das vias aéreas inferiores Restantes doenças do aparelho respiratório Figura 29: Óbitos por enfermidades respiratórias nos anos de 2003 e 2004, anos de menor e maior ocorrência, respectivamente. 44 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 2003 2004 Óbitos Masculino Feminino Figura 30: Óbitos por doenças respiratórias de acordo com sexo nos anos de 2003 e 2004, anos de menor e maior ocorrência. No ano de maior ocorrência dos óbitos por doenças respiratórias, a pneumonia e restantes doenças do aparelho respiratório foram responsáveis pelo maior número de mortes nos homens, enquanto que nas mulheres a pneumonia prevaleceu. Já no ano de menor ocorrência, houve somente dois óbitos, sendo que por motivos diferentes para cada sexo (Figura 31 e 32). 0 1 2 3 4 Masculino Feminino Óbitos Pneumonia Doenças crônicas das vias aéreas inferiores Restante doenças do aparelho respiratório Figura 31: Óbitos por enfermidades respiratórias de acordo com sexo no ano de maior ocorrência, 2004. 45 0 1 2 3 4 Masc Fem Óbitos Pneumonia Restantes doenças do aparelho respiratório Figura 32: Óbitos por enfermidades respiratórias de acordo com sexo, no ano de menor ocorrência, 2003. As doenças cardiovasculares foram causas de mortes principalmente entre idosos, acima de 60 anos. Por outro lado, no ano de 2005, ocorreu uma quantidade considerável de óbitos em adultos acima dos 30 anos (Figura 33). Observou-se que as doenças cerebrovasculares causaram mais mortes em idosos em ambos os anos (Figuras 34 e 35). 0 5 10 15 20 25 2005 2008 Óbitos < 1 1├─┤4 5├─┤9 10├─┤14 15├─┤19 20├─┤29 30├─┤39 40├─┤49 50├─┤59 60├─┤69 70├─┤79 80 ≥ Figura 33: Óbitos por doenças circulatórias de acordo com faixa etária nos anos de 2005 e 2008, anos de maior e menor ocorrência, respectivamente. 46 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Febre reumática aguda e doenças reumáticas crônicas coração Doenças hipertensivas Doenças isquêmicas do coração Infarto agudo do miocárdio Outras doenças cardíacas Doenças cerebrovasculares Aterosclerose Restantes doenças do aparelho circulatório Óbitos 30├─┤39 40├─┤49 50├─┤59 60├─┤69 70├─┤79 80 ≥ Figura 34: Óbitos por enfermidades cardiovasculares de acordo com faixa etária no ano de 2008 (ano de menor incidência). 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Doenças hipertensivas Doenças isquêmicas do coração Infarto agudo do miocárdio Outras doenças cardíacas Doenças cerebrovasculares Aterosclerose Restantes doenças do aparelho circulatório Óbitos 15├─┤19 20├─┤29 30├─┤39 40├─┤49 50├─┤59 60├─┤69 70├─┤79 80 ≥ Figura 35: Óbitos por enfermidades cardiovasculares de acordo com faixa etária no ano de 2005 (ano de maior incidência). Com relação às doenças respiratórias, ocorreram mais óbitos em idosos, sendo que no ano de menor incidência só houve óbitos em pessoas com 80 anos ou mais. Fica evidente que, apesar da considerável quantidade de internações de infantes por doenças respiratórias, o índice de mortalidade é baixo, uma vez que só uma morte foi registrada, o que não se verificou com a população idosa, com um índice de mortalidade maior, e, portanto mais suscetível. E com exceção do infante que faleceu, em ambos os anos analisados, os óbitos só ocorreram em pessoas com 50 anos ou mais (Figuras 36, 37 e 38), o que não se procedeu com as doenças cardiovasculares. 47 0 1 2 3 4 5 6 2003 2004 Óbitos < 1 50├─┤59 60├─┤69 70├─┤79 80 ≥ Figura 36: Óbitos por doenças respiratórias de acordo com faixa etária nos anos de 2003 e 2004, anos de menor e maior incidência, respectivamente. 0 1 2 3 4 Pneumonia Restante doenças do aparelho respiratório Óbitos 50├─┤59 60├─┤69 70├─┤79 80 ≥ Figura 37: Óbitos por enfermidades respiratórias de acordo com faixa etária no ano de 2003 (ano de menor ocorrência). 0 1 2 3 4 Pneumonia Doenças crônicas das vias aéreas inferiores Restantes doenças do aparelho respiratório Óbitos < 1 50├─┤59 60├─┤69 70├─┤79 80 ≥ Figura 38: Óbitos por enfermidades respiratórias de acordo com faixa etária no ano de 2004 (ano de maior ocorrência). 48 Este trabalho procurou analisar a morbi-mortalidade por doenças do aparelho respiratório e circulatório no município de Passa Quatro-MG, além de buscar correlacionar a morbidade com a sazonalidade climática, através das Autorizações de Internação Hospitalar emitidas pelo SUS, organizadas e publicadas pelo DATASUS. Vale ressaltar que hospitais particulares que não possuem convênio com o SUS não emitem AIH e, portanto, não são incluídos nos dados disponibilizados. Por outro lado, esse não foi um fator relevante para o estudo em questão, uma vez que o único hospital da cidade possui convênio com o SUS. Assim sendo, o estudo conseguiu atingir toda população residente. Observou-se que houve uma diminuição no número de internação por pneumonia, do ano de 2002 para o ano de 2005, isto deve estar relacionado ao tratamento ambulatorial da doença, cada vez mais comum, além da melhora na atenção primária (TOYOSHIMA, ITO e GOUVEIA, 2005). O ano de 2002, ano de maior ocorrência de doenças respiratórias, muito provavelmente foi caracterizado por meses secos e frios, já que ocorreu o maior número de internações nos meses em que a umidade relativa está ainda bem baixa, o que poderia favorecer fatores de risco e favoráveis a pneumonia tais como a aglomeração domiciliar, o tabagismo e a poluição ambiental (GRAHAM, 1990), principalmente oriundas das queimadas frequentes a partir de junho. A prevalência de DPOC nas mulheres foi maior que nos homens nos dois anos analisados. Sendo o hábito de fumar o principal fator de risco ligado a DPOC (PATTWELS et al., 2001), o tabagismo crescente na população feminina poderia explicar esse padrão, padrão este, também encontrado em outros trabalhos como os de Lomas e Silverman (2001) e Toyoshima, Ito e Gouveia (2005). A asma ocorreu principalmente em crianças, porém medidas preventivas poderiam ser tomadas para diminuir a morbidade por asma, já que, vacinação e educação ambiental e sanitária são capazes de prevenir contra fatores desencadeadores de crises asmáticas, como por exemplo, o tabagismo, os ácaros e o contato com animais domésticos (BURNEY, 1991). A população idosa foi mais afetada pela pneumonia e DPOC, o que também foi encontrado no trabalho realizado por Loyola Filho et al. (2004). As DPOC se manifestam mais nos idosos devido ao fato deles estarem expostos há mais tempo 49 ao tabagismo, associando a isso os próprios efeitos do envelhecimento (TOYOSHIMA, ITO e GOUVEIA, 2005). No que se refere à mortalidade por doenças respiratórias, ela ocorreu mais em homens, idosos e por pneumonia. O mesmo foi verificado num estudo realizado por Francisco, Donalisio e Lattorre (2003), os idosos são mais suscetíveis a infecções e complicações dela decorrentes, o que explicaria a maior quantidade de mortes nessas faixas etárias (Hanson et al., 1992). Da mesma forma, há mais mortes de homens porque provavelmente, eles não têm o hábito de cuidar da saúde como as mulheres, daí, o Ministério da Saúde criar a Política Nacional de Saúde do Homem com o intuito de ampliar o acesso do homem aos serviços de saúde, já que neles os agravos de saúde foram considerados problema de saúde pública. A insuficiência cardíaca foi a maior responsável pelas internações por doenças do aparelho cardiovascular, sendo que, diferentemente da epidemiologia comumente descrita (LESSA, 2001), as internações prevaleceram nas mulheres, não só em relação à insuficiência cardíaca, mas também com relação ao AVC, o que contraria dados apresentados pela literatura (GILES e ROTHWELL, 2008; MELCON e MELCON, 2006; MUNTNER et al., 2002; PEREIRA, 2009). Por outro lado, os AVCs foram mais frequentes durante os meses de verão o que corrobora os resultados publicados (RUMEL et al, 1993), ou seja, de que acidente vascular cerebral está relacionado a temperaturas mais elevadas. As internações por doenças cardiovasculares, no geral, foram mais frequentes em idosos, o mesmo foi encontrado no trabalho de Cabral et al. (1997). No que tange à mortalidade por doenças do aparelho circulatório, a principal causa de morte em Passa Quatro-MG e no mundo, as doenças cerebrovasculares foram e são as que mais óbitos causam, principalmente na população idosa e adulta (LOTUFO, 2000). As doenças dos aparelhos respiratórios e circulatórios são relevantes causas tanto de internações quanto de óbitos, na população de Passa Quatro-MG. Por esse motivo, medidas preventivas devem ser aplicadas, uma vez que muitos dos agravos apresentados podem ser evitados, de alguma forma. 50 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS A melhora nos índices, tanto no que se refere à morbidade quanto à mortalidade por doenças cardiovasculares, ocorreria se houvesse um maior acompanhamento médico por meio dos órgãos de saúde responsáveis, assim como, a realização de campanhas mais eficazes que alertassem quanto aos fatores de risco para essas doenças. Essas atitudes poderiam melhorar e muito a saúde da população, assim como, diminuiria o gasto público com doenças que podem ser, de certa forma, prevenidas, principalmente nos jovens e adultos. As doenças do aparelho respiratório, por sua vez, estão estritamente relacionadas às variações e condições do ambiente, assim, as medidas a serem tomadas não devem se restringir a modificações comportamentais e do modo de vida da pessoa, ou seja, além da questão individual, deve-se focar em questões que afetam o coletivo, visando modificações sócio-ambientais. A obtenção das informações foi rápida e fácil, já que o acesso é aberto, apesar disso, o DATASUS possui suas dificuldades, uma vez que é baseado em informações com finalidades administrativas (Autorizações de Internação Hospitalar), o que poderia prejudicar a qualidade dos dados a serem analisados. Porém, os dados oriundos das AIHs são considerados confiáveis para estudos epidemiológicos, segundo Veras e Martins (1994). Portanto, esse trabalho, traz informações importantes para o planejamento de ações e políticas de saúde pública para a cidade de Passa Quatro – MG, no que tange às doenças do aparelho respiratório e circulatório. Por outro lado, uma análise mais aprofundada seria fundamental para a total compreensão da realidade do município no que se refere ao perfil epidemiológico dessas doenças. 51 REFERÊNCIAS ALMEIDA, A. G. Passa Quatro do Meu Tempo: Reminiscências – 1934/1954. Perola da Mantiqueira, Passa Quatro, 2008. ALVES, C. A.; SCOTTO, M. G. e FREITAS, M. C. Air pollution and emergency admissions for cardiorespiratory diseases in Lisbon (Portugal). Quím. Nova, São Paulo, v. 33, n. 2, 2010. ANDERSON, H. R. et al. Air pollution and daily mortality in London, 1987- 92. Br Med J, 312:665-669, 1996. ANTUNES, F. Z. Caracterização climática do Estado de Minas Gerais: climatologia agrícola. Informe Agropecuário. Belo Horizonte, v.12, n.138, jun. 1986. ARAÚJO, J. R.; FERREIRA, E. F.; ABREL, M. H. N. 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