UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA FACULDADE DE ENGENHARIA CAMPUS DE GUARATINGUETÁ CARACTERIZAÇÃO DE COMPÓSITOS DE MATRIZES POLIMÉRICAS REFORÇADAS COM FIBRAS DE SISAL E DE VIDRO Guaratinguetá 2008 ANDRESSA CECÍLIA MILANESE CARACTERIZAÇÃO DE COMPÓSITOS DE MATRIZES POLIMÉRICAS REFORÇADAS COM FIBRA DE SISAL E DE VIDRO Dissertação apresentada à Faculdade de Engenharia do Campus de Guaratinguetá, Universidade Estadual Paulista, para a obtenção do título de Mestre em Engenharia Mecânica na área de Projetos e Materiais. Orientador: Profa. Dra. Maria Odila Hilário Cioffi Co-orientador: Prof. Dr. Herman Jacobus Cornelis Voorwald Co-orientador: Prof. Dr. Antonio Wanderley Terni Guaratinguetá 2008 unesp UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA Faculdade de Engenharia do Campus de Guaratinguetá CARACTERIZAÇÃO DE COMPÓSITOS DE MATRIZES POLIMÉRICAS REFORÇADAS COM FIBRA DE SISAL E DE VIDRO ANDRESSA CECÍLIA MILANESE DISSERTAÇÃO PARA A OBTENÇÃO DO TÍTULO DE “MESTRE EM ENGENHARIA MECÂNICA” PROGRAMA: ENGENHARIA MECÂNICA ÁREA: PROJETOS E MATERIAIS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO Prof. Dr. Marcelo dos Santos Pereira Coordenador BANCA EXAMINADORA: Profa. Dra. MARIA ODILA HILÁRIO CIOFFI Orientador / UNESP-FEG Profa. Dra. MIRABEL CERQUEIRA REZENDE CTA Prof. Dr. JOSÉ ARANA VARELA UNESP-IQ Fevereiro de 2008 DADOS CURRICULARES ANDRESSA CECÍLIA MILANESE NASCIMENTO 19.04.1980 – FLORIANÓPOLIS / SC FILIAÇÃO Edio João Milanese Eva Albertina Medeiros Milanese 1998/2002 Curso de Graduação em Engenharia Civil Universidade Federal de Santa Catarina 2005/2007 Curso de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica, nível de Mestrado, na Faculdade de Engenharia do Campus de Guaratinguetá da UNESP DEDICATÓRIA de modo especial, aos meus pais Edio e Eva, e ao meu esposo Marcelo, meus amores e grandes incentivadores... AGRADECIMENTOS A Deus, em quem sempre confio e ilumina meu caminho... Aos meus pais, Edio João Milanese e Eva Albertina Medeiros Milanese pelo incentivo e apoio; Ao meu esposo, Marcelo Bailone Alvares Leite pela compreensão e carinho; A todos que de alguma forma contribuíram à realização desta pesquisa; Especialmente, às professoras, Ma Odila Hilário Cioffi, minha orientadora e amiga por me fazer amar a pesquisa; Rosa Ma Bittencourt, pela motivação e incentivos; Mirabel Cerqueira Rezende, pela colaboração e apoio; Ma Lúcia Caetano Pinto da Silva, pela dedicação; Aos professores, Herman Jacobus Cornelis Voorwald, pelos ensinamentos e incentivos; Carlos Yujiro Shigue, Paulo Atsushi Suzuki e Edson Cocchieri Botelho, pelos esclarecimentos; Às empresas, Indústrias Kehl, representada por Ricardo Vicino, pelo fornecimento da poliuretana à base de óleo de mamona; Owens Corning Fiberglass A. S. Ltda, representada pelo Sr. Angelo, pelo fornecimento da fibra de vidro; Aos técnicos, Manoel Francisco dos Santos Filho, Domingos Hasmann Neto, Maria Lúcia Brison de Mattos, Andreza de Moura, Rodolfo de Queiroz Padilha e Suellen Cristina dos Santos, pelo esforço e dedicação; E aos meus amigos, Midori Yoshikawa Pitanga Costa, Daniella Regina Mulinari, Tessie Gouvêa da Cruz e Paulo Henrique Fernandes Pereira pelo apoio e amizade. APOIO FINANCEIRO Este trabalho contou com o apoio: - CNPq – através dos contratos nº 134015/2005-3 e nº 310215/2006-4 MILANESE, A. C. Caracterização de compósitos de matrizes poliméricas reforçadas com fibras de sisal e de vidro. 2008. 130f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Mecânica) – Faculdade de Engenharia do Campus de Guaratinguetá, Universidade Estadual Paulista, Guaratinguetá, 2008. RESUMO A madeira foi o material mais empregado em estruturas, sendo amplamente encontrada em edificações históricas. Esse material sofre constantemente com a atuação de agentes físicos, químicos e biológicos que comprometem sua durabilidade, por isso muitas vezes, as peças estruturais acabam sendo restauradas e reforçadas com materiais que apresentam alta densidade, baixa resistência às altas temperaturas, no caso de incêndios, e susceptibilidade às intempéries, tornando complexo seu trabalho de recuperação. Diante do exposto, esta pesquisa se propôs a desenvolver compósitos poliméricos reforçados por fibras naturais e vidro para uso como material de reforço nas ligações de estruturas em madeira e a estudar o comportamento destes materiais. São apresentados os estudos e as caracterizações dos materiais empregados nos compósitos, tais como, síntese das resinas, cinética química de cura, análise térmica por meio das técnicas de termogravimetria (TG) e calorimetria exploratória diferencial (DSC), difração dos raios X, resistências à tração e à flexão e análise fractográfica com o auxílio do microscópio eletrônico de varredura (MEV). Em seqüência, o trabalho apresenta o processamento e as caracterizações térmica, física e mecânica de quatro placas laminadas formadas pelas matrizes, poliuretana à base de óleo de mamona e fenólica, reforçadas com fibras de vidro e sisal. Os laminados compostos por uma camada de tecido são ensaiados em tração e flexão, TG e por difração dos raios X. As análises termogravimétricas indicaram que os laminados podem ser utilizados em ambientes, onde a temperatura local não exceda 175ºC. Os dados de tração mostraram baixos valores para as resinas poliuretana e fenólica, 2,5 MPa e 4,9 MPa, respectivamente. Porém, uma vez reforçadas com fibras de sisal e de vidro foi observado aumento significativo nas resistências à tração encontradas para os todos os laminados produzidos, indicando a importância do uso das fibras como reforço. Os valores das resistências à tração foram de 17 MPa, 95 MPa, 25 MPa e 205 MPa para os laminados poliuretana/sisal, poliuretana/vidro, fenólica/sisal e fenólica/vidro, respectivamente. Com relação à resistência à flexão, os valores encontrados foram de 0,45 MPa, 8,6 MPa, 3,7 MPa, 14 MPa, 11 MPa e 22 Mpa, para as resinas poliuretana e fenólica, e para os laminados poliuretana/sisal, poliuretana/vidro, fenólica/sisal e fenólica/vidro, respectivamente. PALAVRAS-CHAVE: Compósito polimérico, Fibras naturais, Fibra de sisal, Fibra de vidro, Resina poliuretana à base de óleo de mamona, Resina fenólica, Reforço em estruturas de madeira. MILANESE, A. C. Composites characterization of polymeric matrix reinforcement sisal and glass fibers. 2008. 130f. Dissertation (Mastership in Mechanical Engineering) – Faculdade de Engenharia do Campus de Guaratinguetá, Universidade Estadual Paulista, Guaratinguetá, 2008. ABSTRACT Wood was the material used in higher amount to structures application and nowadays is noticed in historic buildings. This material is susceptible to the physical, chemical and biological degradations, which influence the usefulness and consequently the structures should be restored using high density material with low temperature resistance characteristic, environmental suitable make complex the restore process. This work proposes processing polymeric composites and studies the behavior of those materials which will be applied as reinforcement connection into wood structures. Characterizations of base materials as cure kinetic studies, thermal analysis by thermogravimetric and differential scanning calorimetric, X-ray diffraction, tensile tests and scanning electron microcopies are conducted. It will also present the thermal, physical and mechanical characterization of four composites laminates: PU resin based on castor oil reinforced by glass and sisal fibers and phenolic reinforced by glass and sisal fibers. Composites laminates produced by one fabric layers are tested in tensile and flexural modes, by thermogravimetric and X-ray diffraction. Thermogravimetric analyses show that the laminates can be used in environments, which the place temperature does not exceed 175ºC. Tensile tests results show low values to polyurethane and phenolic resins, 2.5 MPa and 4.9 MPa, respectively. However, it was observed that the presence of fibers in the laminates show an increase of tensile strength when compared to matrixes. Tensile strength values were 17 MPa, 95 MPa, 25 MPa and 205 MPa for polyurethane/sisal, polyurethane/glass, phenolic/sisal and phenolic/glass fibers laminates, respectively. Flexural strength presents values about 0.45 MPa, 8.6 MPa, 3.7 MPa, 14 MPa, 11 MPa and 21.8 MPa for polyurethane and phenolic resins and polyurethane/sisal, polyurethane/glass, phenolic/sisal and phenolic/glass laminates, respectively. KEYWORDS: Composite, Natural fibers, Woven sisal fabric, Glass fiber, Polyurethane based on castor oil, Phenolic resin, Timber structure reinforcement. LISTA DE FIGURAS FIGURA 1.1 - Ruptura por flexão do corpo-de-prova reforçado na parte inferior pelo laminado epóxi/sisal ................................................ 23 FIGURA 1.2 - Restauração em estrutura de madeira. a) Localização do reforço na emenda entre as peças, b) corte transversal da emenda e c) fotografia da intervenção .......................................................... 24 FIGURA 2.1 - Reação química de uma uretana ................................................... 29 FIGURA 2.2 - Reação química de uma poliuretana ............................................. 29 FIGURA 2.3 - Glicerídeos do óleo de mamona ................................................... 30 FIGURA 2.4 - Sementes da mamoeira ................................................................. 30 FIGURA 2.5 - Diagrama esquemático da síntese e reações de cura de resinas fenólicas ........................................................................................ 33 FIGURA 2.6 - Classificação das fibras ................................................................. 34 FIGURA 2.7 - Linha de produtos com fibra de vidro ........................................... 35 FIGURA 2.8 - Sisal: a) antes do 1º corte, b) após o corte .................................... 36 FIGURA 2.9 - Utilização das fibras de sisal em: a) tapetes, b) paredes traseiras de caminhões, c) artesanato: cesta e d) acessório: arranhador para gatos ...................................................................................... 38 FIGURA 2.10 - Processamento da fibra de sisal: a) corte, b) máquina de desfibramento e c) secagem .......................................................... 39 FIGURA 2.11 - Classificação dos materiais compósitos ........................................ 40 FIGURA 3.1 - 4,4’ Difenilmetano diisocianato .................................................... 46 FIGURA 3.2 - Tecido bi-direcional com fibras de sisal ....................................... 50 FIGURA 4.1 - Modelo do corpo-de-prova do tecido de sisal para ensaio em tração ............................................................................................. 57 FIGURA 4.2 - Dimensões do corpo-de-prova tipo I, em mm, para ensaio de tração em plásticos ........................................................................ 58 FIGURA 4.3 - Molde para confecção dos corpos-de-prova para ensaio de tração na resina ............................................................................. 59 FIGURA 5.1 - Ensaio de tração, segundo ASTM D 3039. Comparação da fratura em laminados com uma camada de tecido de sisal e matriz PU, proporções: a) 2:1 e b) 3:1 .......................................... 65 FIGURA 5.2 - Curva TG e DTG da fibra de sisal ................................................ 66 FIGURA 5.3 - Curva TG e DTG da PU 2:1 ......................................................... 67 FIGURA 5.4 - Curva TG e DTG da resina fenólica ............................................. 68 FIGURA 5.5 - Resina PU e laminado de PU/vidro: a) curvas TG e b) curvas DTG .............................................................................................. 69 FIGURA 5.6 - Resina PU, fibra de sisal e laminado de PU/sisal: a) curvas TG e b) curvas DTG .............................................................................. 69 FIGURA 5.7 - Resina fenólica, fibra de sisal e laminado de fenólica/sisal: a) curvas TG e b) curvas DTG ...................................................... 70 FIGURA 5.8 - Resina fenólica e laminado de fenólica/vidro: a) curvas TG e b) curvas DTG .............................................................................. 71 FIGURA 5.9 - Curva DSC dinâmica da poliuretana 2:1 ...................................... 74 FIGURA 5.10 - Curva DSC dinâmica da resina fenólica ....................................... 74 FIGURA 5.11 - Gráfico do fluxo de calor em função do tempo: Isotermas a 40°C, 60°C e 80°C da PU 2:1 obtidas por DSC ........................... 76 FIGURA 5.12 - Curva DSC da primeira varredura dinâmica da resina fenólica curada a 40ºC ................................................................................ 77 FIGURA 5.13 - Curva DSC da segunda varredura dinâmica da resina fenólica curada a 40ºC ................................................................................ 77 FIGURA 5.14 - Curva DSC da segunda varredura dinâmica da resina PU 2:1 curada a 40ºC ................................................................................ 78 FIGURA 5.15 - Gráfico da taxa de reação em função do tempo: Isotermas a 40ºC, 60ºC e 80°C da PU 2:1 obtidas por DSC ............................ 80 FIGURA 5.16 - Gráfico de ln k em função de 1/T da PU 2:1 ................................ 81 FIGURA 5.17 - Gráfico limite de resistência à tração x alongamento em tração nos tecidos de sisal não-tratados e tratados a 60oC por 1, 3, 48 e 72 h ............................................................................................... 82 FIGURA 5.18 - Efeito do tratamento térmico no limite de resistência à tração e na redução do teor de umidade das fibras de sisal ........................ 84 FIGURA 5.19 - MEV na fibra de sisal não-tratada ................................................ 84 FIGURA 5.20 - Superfície de fratura por tração das fibras de sisal. a) fendas longitudinais entre as microfibrilas das fibras não-tratadas e ruptura das fibras tratadas por: b) 3 h, c) 48 h e d) 72 h ............... 85 FIGURA 5.21 - Delaminação entre as microfibrilas das fibras de sisal. a) amostras não-tratadas e b) amostras tratadas por três horas ..... 86 FIGURA 5.22 - Comportamento do tecido com fibras de vidro no ensaio de tração ............................................................................................. 87 FIGURA 5.23 - MEV da superfície da resina PU 2:1, amostra 6: a) presença de vazios, b) concentrador de tensão ................................................. 88 FIGURA 5.24 - MEV da superfície de fratura da resina PU 2:1: a) amostra 1, b) amostra 5 e c) amostra 3 ........................................................... 88 FIGURA 5.25 - MEV da superfície da fratura da PU 2:1, amostra 6 ..................... 89 FIGURA 5.26 - MEV da superfície da fratura da resina fenólica, amostra 5: a) material não-homogêneo e microfissuras e b) bolhas e microfissuras ................................................................................. 91 FIGURA 5.27 - MEV da superfície de fratura do laminado PU/sisal úmido: a) superfície da fibra sem a presença da matriz, b) presença de pull-out e vazios na resina e c) adesão fibra/matriz ..................... 92 FIGURA 5.28 - MEV das fraturas nas pontas das fibras de sisal do laminado PU/sisal úmido .............................................................................. 93 FIGURA 5.29 - MEV da superfície de fratura do laminado PU/sisal seco: a) presença de matriz entre as fibras, b) adesão fibra/matriz e c) presença de pull-out ................................................................. 94 FIGURA 5.30 - MEV das fraturas nas pontas das fibras de sisal do laminado PU/sisal seco ................................................................................. 94 FIGURA 5.31 - MEV da superfície de fratura do laminado PU/vidro: a) presença de vazios na resina, b) adesão fibra/matriz e presença de pull-out e fratura na fibra ............................................................. 96 FIGURA 5.32 - MEV da superfície da fibra de vidro fraturada do laminado PU/vidro: a) adesão entre as fibras, b) adesão fibra/matriz e c) ponta da fratura ......................................................................... 96 FIGURA 5.33 - MEV da superfície de fratura do laminado fenólica/sisal seco: a) presença de matriz entre as fibras e b) ponta da fibra de sisal .. 98 FIGURA 5.34 - Figura 5.34 – Fractografia da resina fenólica após ensaio de flexão: a) macrografia; b) presença de vazios na matriz; c) presença de impurezas; d) fissura partindo da borda tracionada em direção ao centro da amostra e e) início da trinca pela borda tracionada .................................................................... 102 FIGURA 5.35 - Ensaio de flexão em 3 pontos no laminado fenólica/sisal úmido: a) início do ensaio e b) após 6 min de ensaio ............................... 104 FIGURA 5.36 - Resistências à flexão: a) resina poliuretana e laminados, b) resina fenólica e laminados ...................................................... 109 FIGURA 5.37 - Difratograma da fibra de vidro e das fibras de sisal variando teor de umidade .................................................................................... 109 FIGURA 5.38 - Gráfico do teor de umidade versus índice de cristalinidade das fibras de sisal ................................................................................ 111 FIGURA 5.39 - Difratogramas de raios X das resinas fenólicas e PU à base de óleo de mamona 2:1 (poliol/isocianato) ....................................... 111 FIGURA 5.40 - Difratogramas por raios X da resina PU 2:1, fibra de vidro e laminado de PU/vidro ................................................................... 112 FIGURA 5.41 - Difratogramas por raios X da resina PU 2:1, fibra de sisal e laminado de PU/sisal .................................................................... 113 FIGURA 5.42 - Difratogramas por raios X da resina fenólica, fibra de vidro e laminado de fenólica/vidro ........................................................... 113 FIGURA 5.43 - Difratogramas por raios X da resina fenólica, fibra de sisal e laminado de fenólica/sisal ............................................................. 114 LISTA DE TABELAS TABELA 2.1 - Composição média do óleo de mamona ................................... 31 TABELA 3.1 - Características da resina Cascophen RS 216 M ....................... 48 TABELA 3.2 - Características do tecido com fibras de vidro .......................... 49 TABELA 3.3 - Características do tecido de sisal .................................................. 50 TABELA 5.1 - Temperaturas de degradação e perda de massa dos materiais e dos laminados a partir da termogravimetria em atmosfera de nitrogênio .................................................................................. 72 TABELA 5.2 - Resultados da análise por DSC das resinas .............................. 75 TABELA 5.3 - Resultados da análise isotérmica por DSC da resina fenólica .. 76 TABELA 5.4 - Resultados de entalpia das isotermas (�H) e parâmetros cinéticos (k e n) ........................................................................ 79 TABELA 5.5 - Valores médios dos ensaios em tração nas fibras de sisal ........ 83 TABELA 5.6 - Valores dos ensaios em tração da fibra de vidro ...................... 86 TABELA 5.7 - Valores dos ensaios em tração da resina PU 2:1 ...................... 87 TABELA 5.8 - Valores dos ensaios em tração da resina fenólica .................... 90 TABELA 5.9 - Valores dos ensaios em tração do laminado de resina poliuretana reforçada com fibra úmida de sisal com teor de umidade igual a 17,32% ........................................................... 91 TABELA 5.10 - Valores dos ensaios em tração do laminado de resina poliuretana reforçada com fibra de sisal seca em estufa com teor de umidade igual a 4,08% ................................................. 93 TABELA 5.11 - Valores dos ensaios em tração do laminado de resina poliuretana reforçada com fibra de vidro ................................. 95 TABELA 5.12 - Valores dos ensaios em tração do laminado de resina fenólica reforçada com fibra úmida de sisal com teor de umidade igual a 16,54% ................................................................................... 97 TABELA 5.13 - Valores dos ensaios em tração do laminado de resina fenólica reforçada com fibra de sisal seca em estufa com teor de umidade igual a 6,66% ............................................................. 98 TABELA 5.14 - Valores dos ensaios em tração do laminado de resina fenólica reforçada com fibra de vidro .................................................... 99 TABELA 5.15 - Valores dos ensaios em flexão da resina poliuretana ............... 100 TABELA 5.16 - Valores dos ensaios em flexão da resina fenólica .................... 101 TABELA 5.17 - Valores dos ensaios em flexão do laminado de resina fenólica reforçada com fibra de vidro .................................................... 103 TABELA 5.18 - Valores dos ensaios em flexão do laminado de resina fenólica reforçada com fibra úmida de sisal com teor de umidade igual a 17,1% ..................................................................................... 104 TABELA 5.19 - Valores dos ensaios em flexão do laminado de resina fenólica reforçada com fibra de sisal seca em estufa com teor de umidade igual a 6,00% ............................................................. 105 TABELA 5.20 - Valores dos ensaios em flexão do laminado de resina poliuretana reforçada com fibra de vidro ................................. 106 TABELA 5.21 - Valores dos ensaios em flexão do laminado de resina poliuretana reforçada com fibra úmida de sisal com teor de umidade igual a 17,1% ............................................................. 107 TABELA 5.22 - Valores dos ensaios em flexão do laminado de resina poliuretana reforçada com fibra de sisal seca em estufa com teor de umidade igual a 6,00% ................................................. 107 TABELA 5.23 - Índice de cristalinidade das fibras de sisal em função da umidade .................................................................................... 110 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS AMR - Divisão de Materiais ASTM - American Society for Testing and Materials BA - Estado da Bahia CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico CO2 - Gás carbônico CTA - Comando-Geral de Tecnologia Aeroespacial CTE - Coeficiente de Expansão Térmica DEMAR - Departamento de Materiais DEQUI - Departamento de Química DMA - Análise Mecânica Dinâmica DSC - Calorimetria Exploratória Diferencial DTG - Termogravimetria Derivada EDS - Espectro de Energia Dispersiva EEL - Escola de Engenharia de Lorena ER - Resina Epóxi FEG - Faculdade de Engenharia de Guaratinguetá FISPq - Ficha de Informação de Segurança do Produto Químico GO - Estado de Goiás INPE - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais IPHAN - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional IPDI - Diisocianato de Isoforone Isso - International Organization for Standardization MA - Estado do Maranhão MDI - Diisocianato de Difenilmetano MEV - Microscopia Eletrônica de Varredura MLC - Madeira Laminada Colada MG - Estado de Minas Gerais NaOH - Hidróxido de sódio NFPA - National Fire Protection Association PE - Estado de Pernambuco PU - Poliuretana PVAc - Poli(acetato de vinila) SC - Estado de Santa Catarina SP - Estado de São Paulo TG - Termogravimetria Tg - Temperatura de Transição Vítrea UNESCO - Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura UNESP - Universidade Estadual Paulista USP - Universidade de São Paulo SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS LISTA DE TABELAS LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS PARTE I – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 22 1.1 OBJETIVO GERAL .................................................................................. 26 1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .................................................................... 26 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ....................................................................... 28 2.1 RESINAS ................................................................................................... 28 2.1.1 Poliuretana à base de óleo de mamona ......................................... 28 2.1.2 Fenol-resorcinol-formaldeído ....................................................... 32 2.2 FIBRAS ...................................................................................................... 34 2.2.1 Fibra de vidro .................................................................................. 34 2.2.2 Fibra de sisal .................................................................................. 36 2.3 MATERIAIS COMPÓSITOS .................................................................... 39 2.3.1 Compósitos poliméricos reforçados por fibras ........................... 41 2.3.1.1 Compósitos poliméricos reforçados por fibras de sisal .......... 43 PARTE II – PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS 3 MATERIAIS .................................................................................................... 46 3.1 POLIURETANA À BASE DE ÓLEO DE MAMONA ......................... 46 3.2 FENOL-RESORCINOL-FORMALDEÍDO ............................................. 47 3.3 FIBRA DE VIDRO ................................................................................... 49 3.4 FIBRA DE SISAL ................................................................................... 50 4 MÉTODOS ....................................................................................................... 51 4.1 SÍNTESE DAS RESINAS ..................................................................... 51 4.1.1 Poliuretana à base de óleo de mamona .................................. 51 4.1.2 Fenol-resorcinol-formaldeído ................................................... 51 4.2 ANÁLISE TÉRMICA .............................................................................. 51 4.2.1 Termogravimetria ..................................................................... 52 4.2.2 Calorimetria Exploratória Diferencial .................................... 52 4.3 CINÉTICA QUÍMICA DE CURA .......................................................... 54 4.3.1 Poliuretana à base de óleo de mamona .................................... 55 4.4 PROCESSAMENTO DOS COMPÓSITOS ............................................ 56 4.5 RESISTÊNCIA À TRAÇÃO .................................................................. 56 4.5.1 Fibras ........................................................................................... 56 4.5.2 Resinas ......................................................................................... 58 4.5.3 Laminados ................................................................................... 59 4.6 RESISTÊNCIA À FLEXÃO .................................................................. 60 4.7 DIFRAÇÃO DE RAIOS X ..................................................................... 61 4.7.1 Fibras ........................................................................................... 61 4.7.2 Resinas ......................................................................................... 62 4.7.3 Laminados ................................................................................... 62 4.8 MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA ........................... 63 5 RESULTADOS E DISCUSSÕES .................................................................. 64 5.1 SÍNTESE DAS RESINAS ........................................................................ 64 5.1.1 Poliuretana à base de óleo de mamona .................................... 64 5.1.2 Fenol-resorcinol-formaldeído ..................................................... 65 5.2 ANÁLISE TÉRMICA .............................................................................. 66 5.2.1 Termogravimetria ........................................................................ 66 5.2.1.1 Fibra de sisal ........................................................................ 66 5.2.1.2 Resinas ................................................................................ 67 5.2.1.3 Laminados ........................................................................... 68 5.2.2 Calorimetria Exploratória Diferencial....................................... 73 5.2.2.1 Resinas ................................................................................ 73 5.3 CINÉTICA QUÍMICA DE CURA .......................................................... 79 5.3.1 Poliuretana à base de óleo de mamona .................................... 79 5.4 RESISTÊNCIA À TRAÇÃO .................................................................. 81 5.4.1 Fibras ........................................................................................... 81 5.4.1.1 Fibra de sisal ........................................................................ 81 5.4.1.2 Fibra de vidro ..................................................................... 86 5.4.2 Resinas ......................................................................................... 87 5.4.2.1 Poliuretana à base de óleo de mamona .............................. 87 5.4.2.2 Fenol-resorcinol-formaldeído ............................................ 89 5.4.3 Laminados ................................................................................... 91 5.4.3.1 Resina poliuretana reforçada por fibras de sisal ................ 91 5.4.3.2 Resina poliuretana reforçada por fibras de vidro ................ 95 5.4.3.3 Resina fenólica reforçada por fibras de sisal ...................... 96 5.4.3.4 Resina fenólica reforçada por fibras de vidro ...................... 99 5.5 RESISTÊNCIA À FLEXÃO .................................................................. 100 5.5.1 Resinas ......................................................................................... 100 5.5.1.1 Poliuretana à base de óleo de mamona .............................. 100 5.5.1.2 Fenol-resorcinol-formaldeído ............................................ 101 5.5.2 Laminados ................................................................................... 102 5.5.2.1 Matriz fenólica reforçada por fibras de vidro ...................... 103 5.5.2.2 Matriz fenólica reforçada por fibras úmidas de sisal ........... 103 5.5.2.3 Matriz fenólica reforçada por fibras secas de sisal ............. 104 5.5.2.4 Matriz poliuretana reforçada por fibras de vidro ................ 105 5.5.2.5 Matriz poliuretana reforçada por fibras úmidas de sisal ..... 106 5.5.2.6 Matriz poliuretana reforçada por fibras secas de sisal ........ 107 5.6 DIFRAÇÃO DE RAIOS X ..................................................................... 109 5.6.1 Fibras ........................................................................................... 109 5.6.2 Resinas ......................................................................................... 111 5.6.3 Laminados ................................................................................... 112 6 CONCLUSÕES ........................................................................................... 115 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 117 ANEXOS .................................................................................................................... 129 22 PARTE I - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 1 INTRODUÇÃO A madeira é o recurso natural, renovável, mais antigo que o homem dispõe (PFEIL, 2003). No campo construtivo, durante séculos, a madeira foi o material mais empregado em estruturas sendo amplamente encontrada em Edificações Históricas. Contudo, com as rápidas transformações do meio ambiente e dos grupos sociais, as edificações históricas acabaram sofrendo modificações ao longo da sua existência e problemas relacionados à durabilidade são comumente encontrados nas estruturas dessas edificações (MILANESE e BITTENCOURT, 2006). Segundo o Iphan (2005), o Brasil possui dezenove monumentos culturais e naturais considerados pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura - UNESCO como patrimônio histórico mundial, correspondentes a aproximadamente 20 mil edifícios tombados, 83 centros e conjuntos urbanos e 12 mil sítios arqueológicos cadastrados, dentre os quais estão os Centros Históricos de Diamantina (MG), Goiás (GO), Olinda (PE), Salvador (BA), São Luiz (MA) e o Conjunto Arquitetônico e Urbanístico de Ouro Preto (MG). As histórias das diversas construções consideradas patrimônio arquitetônico apresentam aspectos coincidentes: as estruturas são em madeira, passaram várias décadas sem qualquer manutenção, devido à estagnação econômica da região, as estruturas estiveram submetidas ao ataque de agentes de degradação, e atualmente os projetos de revitalização urbanística dos centros históricos requerem mudanças de uso dos imóveis (CARVALHO, 2005). Atualmente, a reabilitação de peças estruturais de madeira pode ser realizada por meio dos métodos tradicionais – pelos quais a estrutura original é substituída por nova peça nas mesmas dimensões e propriedades semelhantes à original, mecânico – os reparos estruturais são realizados com conectores metálicos e adesivos – sendo utilizados adesivos poliméricos combinados com peças metálicas para a recuperação 23 da estrutura (FIORELLI1, 2002 apud METTEM e ROBINSON, 1991). Considerando que, muitas vezes, a restauração de peças estruturais de madeira ocorre com a utilização de materiais que apresentam alta densidade, baixa resistência às altas temperaturas, no caso de incêndios, e susceptibilidade às intempéries tornando complexo o trabalho de recuperação (CRUZ, 2004), o desenvolvimento de novos materiais e métodos que auxiliem na realização desses serviços em obras especiais é fundamental e pode permitir que ocorram boas condições de resistência às solicitações mecânicas e durabilidade, como ilustra a Figura 1.1. Figura 1.1 – Ruptura por flexão do corpo-de-prova reforçado na parte inferior pelo laminado epóxi/sisal (CARVALHO, 2005) Diante do problema exposto e baseado no projeto realizado na restauração de uma obra tombada na cidade de Salvador (BA), propôs-se desenvolver e estudar o comportamento de compósitos poliméricos reforçados por fibras para uso como material de reforço nas ligações de estruturas em madeira. O projeto de restauração desenvolvido por Cruz, Presa e Oliveira (2004) consiste em uma técnica, não-convencional, com o uso de placas de resina poliéster reforçada por fibras de vidro nas emendas das peças de madeira entre as estruturas nova e antiga (original), como mostra a Figura 1.2 a, c. Para sua fixação, as placas foram coladas com resina poliéster, além da colocação de barras transversais, Figura 1.2 b. ______________________ 1 METTEM, C. J.; ROBINSON, G. C. The repair of structural timber. In: INTERNATIONAL TIMBER ENGINEERING CONFERENCE LONDON, 1991, London. Anais… London. p. 4.56-4.65. 24 Figura 1.2 – Restauração em estrutura de madeira. a) Localização do reforço na emenda entre as peças, b) corte transversal da emenda e c) fotografia da intervenção. (CRUZ et al., 2004) Há, aproximadamente, 60 anos os materiais compósitos foram empregados pela primeira vez em projetos estruturais da indústria aeronáutica. Atualmente, os compósitos são também utilizados nos setores náuticos, automobilísticos, construção civil e área médica. Segundo Kaw (1997), compósito é um material multifásico que combina dois ou mais constituintes, não solúveis entre si. Normalmente, são materiais que contêm um reforço, como fibras e partículas, suportado pela matriz aglutinante. As resinas são materiais poliméricos de alta massa molar, acima de dez mil, cuja estrutura pode ser representada por pequenas unidades repetidas, denominadas mero (ASM INTERNATIONAL, 1993). Classificam-se, segundo sua origem, em naturais, semi-sintéticos e sintéticos (MANO; MENDES, 1999). Este trabalho estuda duas resinas como matriz: uma resina fenólica, composta por fenol, resorcinol e formaldeído e uma resina poliuretana à base de óleo de mamona. Ambas resinas são adesivos capazes de curar à temperatura ambiente e resistentes à ação d’água após cura. O emprego da resina fenólica se justifica neste estudo uma vez que, as ligações formadas durante sua polimerização são inofensivas às fibras da madeira (CARRASCO, 1984). Quanto à resina poliuretana à base de óleo de mamona, os primeiros estudos no Brasil começaram a surgir a partir da década de oitenta. O principal objetivo era o de a) b) c) 25 desenvolver materiais com aplicação na área de telecomunicações. Araújo (1992) estudou a síntese de intermediários para resina poliuretana; e Carrasco et al. (1988) contribuíram com o estudo do adesivo poliuretano aplicado em madeira. A resina poliuretana à base de óleo de mamona tem em sua composição uma matéria-prima natural renovável, pois o óleo de mamona é obtido da semente da mamoeira, sendo assim, é menos agressiva ao meio ambiente (FIORELLI, 2002). Trata-se de uma tecnologia nacional desenvolvida pelo Laboratório de Química Analítica e Tecnologia de Polímeros, que atualmente trabalha em parceria com o Laboratório de Madeiras e de Estruturas, ambos da Escola de Engenharia de São Carlos – USP. Como material de reforço, a pesquisa analisa as fibras de vidro e as fibras de sisal. Salienta-se que, a caracterização da fibra de vidro também apresentada neste trabalho tem como função a comparação com a fibra de sisal, sendo esta natural e ainda pouco utilizada na construção civil. A fibra de vidro é um material sintético muito utilizado como material de reforço em polímeros termoplásticos e termorrígidos, pois produz compósitos com alta resistência específica, além de ser inerte em ambientes corrosivos. Apresenta propriedades tais como alta durabilidade, flexibilidade, transparência, dureza, resistência a ataques químicos, estabilidade dimensional e fácil processabilidade, além de baixo custo quando comparado a outras fibras sintéticas (ASM INTERNATIONAL, 1993). A fibra de sisal é uma fibra vegetal retirada das folhas da planta Agave sisalana. No Brasil, a cultura do sisal é comumente encontrada nas regiões semi-áridas do Nordeste (VORTAL, 2005). Em relação às fibras sintéticas, essa fibra apresenta inúmeras vantagens: renovação rápida, baixo custo, tem baixa densidade, é menos abrasiva aos equipamentos de produção, não é tóxica e é biodegradável (SAHEB e JOG, 1999; CALIL JR. e CARVALHO, 2002; SILVA, 2003; MOTHÉ e ARAUJO, 2004). O principal interesse em estudar a fibra de sisal como matéria-prima na produção de compósitos é pelo fato desse material derivar de recurso renovável e biodegradável, contribuindo assim para a preservação ambiental. Matérias-primas provenientes de 26 recursos naturais são de grande interesse à área de pesquisa, pois podem substituir algumas fibras originadas de derivados petroquímicos. A fibra de sisal apresenta cerca de 38% do valor da resistência da fibra de vidro, mostrando que o desenvolvimento de compósitos com fibras de sisal, destinado ao uso estrutural, justifica-se como um projeto consistente e uma alternativa para aplicações específicas (CALIL JR. E CARVALHO, 2002). Inicialmente, o trabalho apresenta as caracterizações físicas e os comportamentos térmicos e mecânicos das matérias-primas empregadas na confecção dos laminados, tais como: síntese das resinas, cinética química de cura, análise térmica, resistência à tração e à flexão, análise fractográfica por microscopia eletrônica de varredura e difração de raios X. A seguir, são apresentados: o processamento, as caracterizações como difração de raios X, as propriedades térmicas obtidas por meio da Termogravimetria (TG) das placas laminadas em uma única camada de reforço. Finalmente, são apresentadas as propriedades mecânicas em tração e flexão das placas laminadas compostas por uma camada de reforço. 1.1 OBJETIVO GERAL Contribuir para o aumento do uso de compósitos no campo da construção civil, além de propor novas técnicas de restauração utilizando esse material como reforço em estrutura de madeira, principalmente no caso em que a técnica e/ou financeiramente medidas convencionais não são recomendadas. Trata-se de uma pesquisa de caráter aplicativo, apoiada no princípio da engenharia contemporânea, pelos quais as soluções para as patologias construtivas de edificações de interesse sócio-cultural são feitas. 1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS Especificamente, a pesquisa analisa o comportamento de quatro compósitos poliméricos, em forma de placas, formados por: 27 1) Resina fenólica reforçada com fibras de vidro; 2) Resina fenólica reforçada com fibras de sisal; 3) Resina poliuretana à base de óleo de mamona reforçada com fibras de vidro e 4) Resina poliuretana à base de óleo de mamona reforçada com fibras de sisal. 28 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA A revisão bibliográfica foi organizada com o intuito de apresentar o histórico e aplicações dos materiais, as recentes pesquisas correlatas e os fundamentos necessários à compreensão do trabalho por profissionais de diferentes formações. 2.1 RESINAS As resinas são materiais poliméricos de alta massa molar, acima de dez mil, cuja estrutura pode ser representada por pequenas unidades repetidas, denominadas mero (ASM INTERNATIONAL, 1993). Classificam-se, segundo sua origem, em naturais, semi-sintéticas e sintéticas. Para Mano e Mendes (1999), as resinas naturais são obtidas por meio de fontes animais, vegetais e minerais. As semi-sintéticas derivam de produtos naturais que sofreram modificação química, tais como a poliuretana derivada de óleo de mamona e o nitrato de celulose. As resinas sintéticas são formadas através de reações de adição e condensação como, por exemplo, a poliuretana – PU, a resina epóxi – ER e o poli(acetato de vinila) – PVAc. 2.1.1 Poliuretana à base de óleo de mamona As poliuretanas são compostas por macromoléculas lineares contendo a ligação uretana repetidas vezes (CARVALHO, 2005). A uretana é formada pela condensação de isocianatos orgânicos com componentes que contêm grupos hidroxilas, como mostra a Figura 2.1 (ASM INTERNATIONAL, 1993). Uma uretana também é chamada de carbamato porque formalmente é um éster de um álcool –OH e um ácido carbâmico –NHCO2H (SOLOMONS; FRYHLE, 2002). 29 R OH O C N R1 R O C NH R1 O � Alcool Isocianato Uretana (Carbamato) Figura 2.1 – Reação química de uma uretana As poliuretanas são normalmente obtidas pela reação de um diol, caracterizado pela presença do grupo hidroxila –OH com um poliisocianato, que possui o grupo funcional –NCO, conforme Figura 2.2 (KEHL, 2006). A reação é exotérmica e sua velocidade depende tanto da estrutura do isocianato quanto do poliol utilizado (SILVESTRE FILHO, 2001). OCN R NCO OH R1 OH NH C O R1 ORNHC O O � Poliisocianato Poliol Poliuretana Figura 2.2 – Reação química de uma poliuretana Como os compostos contendo grupos isocianatos são altamente reativos, geralmente é feita uma pré-polimerização com um poliol, nas proporções determinadas para que se obtenha um teor desejado de isocianato livre, então, a reação de polimerização da poliuretana ocorre pela mistura do pré-polímero com o poliol final, resultando numa poliuretana de alta massa molar (SILVESTRE FILHO, 2001). O poliol utilizado na sínteze da PU à base de óleo de mamona é um poliéster derivado do ácido ricinoléico, encontrado no óleo de mamona. Possui grupos hidroxilas, sendo freqüentemente utilizado como um poliol na síntese de poliuretanas (TRÂN; VIALLE; PHAN, 1997). O óleo de mamona é um triglicerídeo natural (Figura 2.3), não alimentar, sob a forma de líquido viscoso, geralmente obtido pela prensagem, a frio ou a quente, ou por extração com solvente das sementes da planta Ricinus communis, da família Eurphorbiacae, conforme citam Vilar (2006) e Ogunniyi (2006). 30 C O R1OCH2 CH O C R1 O CH2 O C R1 O C O R1OCH2 CH O C R1 O CH2 O C R2 O + 7 5 R1 R2 outros derivados do ácido graxo= onde: CH2= CHCH CH OH CH2 CH2 CH3 Figura 2.3 – Glicerídeos do óleo de mamona A planta da mamona cresce em países de climas tropicais e subtropicais, com temperaturas médias em torno de 20ºC a 26°C e baixa umidade. Os principais produtores desse óleo são a Índia, a China e o Brasil que participaram, em 2001, com 92% da produção mundial (BIODIESEL, 2006). A produção mundial de sementes da mamona é estimada em 1 milhão de toneladas e de óleo extraído em torno de 500.000 toneladas (OGUNNIYI, 2006; SANTOS e BARROS, 2006). Existem diferentes variedades de sementes de mamona (Figura 2.4), mas cada semente contém, em média, 46% a 55% em peso, de óleo (OGUNNIYI, 2006). Figura 2.4 – Sementes da mamoeira (CAVALCANTE, 2005) Segundo Trân; Vialle; Phan (1997) e Silvestre Filho (2001), esse óleo é uma das poucas fontes naturais que se aproxima de um composto puro, sendo que entre 87% a 90% do ácido graxo presente na sua composição é o ácido ricinoléico. Os restantes, 10% a 13%, são constituídos de ácidos graxos não hidroxilados, principalmente pelos ácidos oléicos e linoléicos. Portanto, a funcionalidade do óleo de mamona é cerca de 2,7 (VILAR, 2006). Uma composição média do óleo de mamona pode ser visualizada na Tabela 2.1. sendo: 31 Tabela 2.1 – Composição média do óleo de mamona Componentes Concentração (%) Ácido ricinoléico 89 Ácido linoléico 4,2 Ácido oléico 3,0 Ácido esteárico 1,0 Ácido palmítico 1,0 Ácido dihidroxiesteárico 0,7 Ácido linolênico 0,3 Ácido eicosanóico 0,3 Fonte: Ogunniyi (2006) O óleo de mamona é um dos óleos vegetais que apresenta vasta aplicação. Serve como matéria-prima para tintas, revestimentos e lubrificantes. Por causa da sua funcionalidade, o óleo é apropriado para uso em reações com isocianatos para produção de poliuretanas elastoméricas, adesivos, tintas e espumas de poliuretano (OGUNNIYI, 2006 e RODRIGES et al., 2004). A poliuretana à base de óleo de mamona também é utilizada como biomaterial, em implantes e em agentes terapêuticos e é aplicada em dispositivos ópticos e eletrônicos. Algumas espumas semi-rígidas, que tem uso potencial em isolamento térmico, são produzidas quando a mistura de óleo de mamona/poliéter reage com tolueno diisocianato (OGUNNIYI, 2006 e RODRIGES et al., 2004). O óleo de mamona age quimicamente como um triól, ou seja, tem três grupamentos –OH secundários (não terminais), sendo pouco reativo em relação aos grupamentos –NCO (ARAUJO, 1992). Conhecido internacionalmente por castor oil, o óleo de mamona utilizado na síntese de poliuretano produz um polímero semi-sintético que cura a frio, menos agressivo ao homem e ao meio ambiente, pois o óleo é um recurso natural e renovável (FIORELLI, 2002). 32 2.1.2 Fenol – Resorcinol – Formaldeído A resina fenol-resorcinol-formaldeído foi introduzida comercialmente a partir de 1943 para atender às necessidades de tempos de guerra, pois consiste em um adesivo líquido capaz de curar à temperatura ambiente, produzindo aderência à prova d’água e de elevada durabilidade (CARRASCO, 1984). Trata-se de um polímero sintético que contém ligações cruzadas entre as cadeias, as quais permitem a formação de uma estrutura tridimensional, formando materiais rígidos, insolúveis e infusíveis (ASM INTERNATIONAL, 1993). As resinas fenólicas curam à temperatura ambiente somente se catalisadas por um ácido forte, mas a mistura fenol-resorcinol elimina esse problema, além de apresentar custos moderados (CARRASCO, 1984). Apesar das suas limitações, como custo elevado e disponibilidade limitada, as resinas com resorcinol formam ligações de durabilidade muito alta, adequadas para madeiras expostas às intempéries, além de serem neutras e inofensivas às fibras da madeira (CARRASCO, 1984). O formaldeído propicia a formação de ligações adicionais entre as cadeias e, então, se forma um produto termorrígido – sofre uma mudança permanente (uma reação química) durante a polimerização, fornecendo um sólido que não pode ser fundido. Assim, o polímero final é uma rede tridimensional rígida e insolúvel (ALLINGER et al., 1976). Como exposto por Carrasco (1984), as principais aplicações dessa resina como adesivo, separados ou misturados são: • Compensado naval: na fabricação de compensado de madeira de fino acabamento para uso exterior, de elevada resistência ao calor e às intempéries; • Ligações de madeira, para obter elementos mais longos e ou de seção composta para as estruturas de madeira como tesouras, vigas e arcos estruturais; • Madeira laminada submetida às solicitações elevadas e severas; • Ligação de certos plásticos entre si e a madeira e, • Ligação de metal à madeira. 33 A Figura 2.5 ilustra a síntese de resinas fenólicas, que se dividem em dois tipos: novolacas e resóis. As resinas novolacas, conhecidas como de dois estágios, são normalmente sintetizadas com menor quantidade de formaldeído, sendo necessária a adição de um produto capaz de fornecer o restante de formaldeído para cura (endurecedor). As resóis, conhecidas como de um estágio, são sintetizadas com catalisadores básicos e com formaldeído na quantidade necessária para permitir reação completa (LEVY NETO e PARDINI, 2006). Figura 2.5 – Diagrama esquemático da síntese e reações de cura de resinas fenólicas (LEVI NETO e PARDINI, 2006) 34 2.2 FIBRAS Em termos gerais, as fibras são filamentos que possuem pequenos diâmetros variando em torno de 1 μm a 25 μm. Podem ser obtidas a partir de materiais naturais ou químicos, com estruturas policristalinas ou amorfas, Figura 2.6 (ASM INTERNATIONAL, 1993). O comprimento da fibra pode ser contínuo ou descontínuo (fibra curta), normalmente não inferior a 3,2 mm. Figura 2.6 – Classificação das fibras (ABRAFAS, 2007; PALMA, 2007; SILVA, 2004 e ROMERO et al, 1995) 2.2.1 Fibra de vidro A fibra de vidro é uma fibra sintética produzida a partir do vidro estirado na forma de fibras. O vidro é utilizado como um material de reforço por meio da Fibras Naturais Químicas Animais Minerais Artificiais Sintéticas Semente: Algodão Palha Paina Caule: Linho Rami Juta Cânhamo Malva Folhas: Sisal Caruá Tucum Frutos: Coco Secreções: Seda Pêlos: Lã Angorá Lhama Coelho Cashemira Raiom Viscose Amianto Wollastonita Poliéster Poliamida Poliacrílico Elastano Metálica Carbono Vidro Vegetais 35 aglutinação de finíssimos filamentos flexíveis, pois é facilmente estirado na forma de fibras de alta resistência (CALLISTER, 2000). É um material amplamente utilizado como reforço na produção de compósitos com alta resistência específica, além de ser inerte em ambientes corrosivos (FIORELLI, 2002). A produção comercial da fibra de vidro em forma de filamentos contínuos começou em 1936 pela Owens Illinois Glass Company. Em 1938 essa companhia se fundiu a Corning Glass Works para formar a Owens Corning Fiberglass Corporation, principal produtora atual (ASM INTERNATIONAL, 1993 e WIKIPEDIA, 2006). A fibra de vidro é formada quando a sílica, totalizando mais de 50% em peso e em forma de areia, é misturada a outros componentes, como calcário, alumina, boratos, entre outros e acondicionados ao forno de fusão, em torno de 1400ºC, formando uma massa fundida. Em seguida, essa massa fundida flui para bandejas de platina altamente resistentes ao calor, as quais possuem milhares de pequenos orifícios tubulares, sendo puxada verticalmente e atenuada em um diâmetro preciso, e resfriada por água e ar para garantir o diâmetro, formando filamentos contínuos (OWENS- CORNING, 2005 e KAW, 1997). Os filamentos são tratados superficialmente, sendo revestidos por uma mistura química à base de água com a finalidade de proteção, além de fornecer uma melhor adesão entre fibra e matriz (OWENS-CORNING, 2005 e KAW, 1997). Os filamentos são, então, agrupados, formando fios com mais de 204 filamentos. Por fim, os fios de vidro podem ser convertidos em diferentes formas, como fios, mantas e tecidos, conforme mostra a Figura 2.7 (KAW, 1997). Figura 2.7 – Linha de produtos com fibra de vidro (OWENS-CORNING, 2005) 36 Segundo Kaw (1997), a fibra de vidro é a mais utilizada como reforço em compósitos poliméricos. Apresenta como características: baixo custo, alta resistência mecânica e boas propriedades isolantes, além de baixo módulo de elasticidade, fraca adesão com polímeros, alta massa específica, sensibilidade à abrasão e baixa resistência à fadiga. 2.2.2 Fibra de sisal A fibra de sisal é uma fibra vegetal de natureza celulósica retirada das folhas da planta Agave sisalana, uma monocotiledônea originária da região da península de Iucatã, no México, desenvolvida pelos Maias antes da chegada dos europeus (SAHEB e JOG, 1999; JACOB et al., 2006a; JACOB et al., 2006b). Sua produção em larga escala começou a partir de 1888 sendo, então, sua plantação propagada para regiões tropicais e subtropicais. Atualmente, existem 57 espécies de sisal catalogadas (SAHEB e JOG, 1999; JACOB et al., 2006a; JACOB et al., 2006b). A planta apresenta folhas estreitas e compridas com ápice pontiagudo, medindo de 10 cm a 15 cm de largura e 120 cm a 160 cm de comprimento, de cor verde lustrosa que crescem em torno de um bulbo central (Figura 2.8). Figura 2.8 – Sisal: a) antes do 1º corte (VORTAL, 2005), b) após o corte (WIKIPÉDIA, 2005) a) b) 37 No Brasil, a cultura sisaleira começou a ser difundida a partir de 1920, no estado da Paraíba (SILVA, 2003). Devido à sua adaptação as regiões muito secas, com solos rasos, pedregosos e com chuvas escassas, atualmente, os principais produtores são os estados da Bahia com 93,5% da produção nacional, Paraíba com 3,5% e Rio Grande do Norte com 3% (EMBRAPA, 2006). Sendo assim, o cultivo do sisal tem grande importância sócio-econômica nos sertões do nordeste brasileiro, região semi-árida. O Brasil é o maior exportador de sisal do mundo, com uma produção anual de cerca de 119.000 toneladas, contribuindo com 56% da safra mundial, o equivalente a 204.000 toneladas, exportando a maior parte da sua produção para a Europa e Estados Unidos da América (APEX, 2006). Segundo Gomes (2005), a partir dos anos 60, com o início da produção das fibras sintéticas e a falta de crédito para a recuperação dos campos de sisal, o mercado entrou em declínio aumentando a pobreza nas regiões produtoras, crescendo a necessidade de estudos para novos usos do sisal. Do sisal utilizam-se principalmente as fibras das folhas que depois de beneficiadas se destinam à indústria de cordoaria na confecção de fios, cordas, cortinas, tapetes (Figura 2.9 a), sacos e vassouras; à indústria automobilística, nos revestimentos das paredes traseiras e laterais dos caminhões leves e médios (Figura 2.9b), em substituição às fibras de vidro, e como material para estofamento; e aos artigos ornamentais como artesanatos e acessórios: rede para pesca, esteira de praia, bolsas, descanso de prato, arranhador para gatos (Figuras 2.9 c, d), etc. As fibras de sisal classificam-se no grupo de fibras chamadas estruturais, cuja função é a de dar sustentação e rigidez às folhas. Cada folha de sisal contém, em média, 4% em peso de fibras. Dos 96% restantes, 87,25% são líquidos (suco) e 8,75% são os resíduos secos de desfibragem (resíduos da mucilagem péctica e da seiva clorofílica) e podem ser utilizados como adubo orgânico e ração animal (SAHEB e JOG, 1999; LI et al., 2000; MATTOSO et al.2, 1996 apud SILVA, 2003). 38 Fonte: a) Fortaleza (2006), b) Daimler (2006), c) Copabe (2004), d) Natural (2006) Figura 2.9 – Utilização das fibras de sisal em: a) tapetes, b) paredes traseiras de caminhões, c) artesanato: cesta e d) acessório: arranhador para gatos. A obtenção da fibra do sisal se processa em quatro etapas: corte das folhas (Figura 2.10 a); desfibramento – esmagamento da folha para eliminação da polpa das fibras (Figura 2.10 b); lavagem e secagem (Figura 2.10 c); e a limpeza das fibras (EMBRAPA, 2006). A microestrutura das fibras naturais é formada pela matriz amorfa de hemicelulose e lignina reforçada pela celulose. Essa celulose consiste em micro- fibrilas distribuídas ao longo do comprimento das fibras de sisal. Geralmente, as fibras de sisal contêm 60-80% de celulose, 5-20% de lignina e de 5-20% de umidade (LI et al., 1999). Segundo Paiva e Frollini (2006), a celulose é um polissacarídeo natural semicristalino formado por unidades de 1,4-β – D-glicopiranosil, a hemicelulose é formada por copolímeros de diferentes monossacarídeos, que raramente existem na forma cristalina e a lignina é constituída por anéis aromáticos fenólicos. ______________________ 2 MATTOSO, L. H. C.; FERREIRA, F. C.; CURVELO, A. A. S. Sisal fiber: morphology and applications in polymer composites. In: INTERNATIONAL SYMPOSIUM ON LIGNOCELLULOSICS-PLASTICS COMPOSITES, 1996, São Paulo. Anais… São Paulo: USP; UNESP. p. 241-266. a) b) c) d) 39 Figura 2.10 – Processamento da fibra de sisal: a) corte, b) máquina de desfibramento e c) secagem. (EMBRAPA, 2006) As propriedades da fibra dependem das propriedades de cada constituinte da microestrutura, além de variar em função da origem e da idade da planta (LI et al., 2000 e MISHRA et al., 2004). A hemicelulose é responsável pela biodegradação e pela absorção de umidade da fibra, além de apresentar menor resistência, enquanto que a lignina é termicamente estável, mas é responsável pela degradação ultravioleta (SAHEB e JOG, 1999). 2.3 MATERIAIS COMPÓSITOS Compósitos são materiais multifásicos que combinam dois ou mais constituintes, não solúveis entre si. Normalmente, são materiais que contêm um reforço, como fibras e partículas, suportado pela matriz aglutinante (KAW, 1997). Material com propriedades resultantes mais atrativas do que a de seus constituintes individuais (NOGUEIRA, 2004). Uma das funções da matriz é envolver o reforço, e em seu papel de matriz permite a transmissão dos esforços atuantes na peça por meio da interface (GAY, HOA, TSAI, 2002). A Figura 2.11 apresenta a classificação dos materiais compósitos, sendo que, para os compósitos reforçados por fibras, a fase dispersa tem a geometria de uma fibra. a) b) c) 40 Os compósitos podem ser formados por meio da combinação entre metais, cerâmicas e polímeros (SILVA, 2003 e NOGUEIRA, 2004). Com um processamento adequado, é possível a obtenção de compósitos com baixa massa específica, inferior à dos metais e cerâmicas, alta tenacidade, estabilidade térmica, resistência à fadiga, resistência mecânica e resistência à corrosão nas condições ambientes e a altas temperaturas (NOGUEIRA, 2004). Segundo Gay; Hoa e Tsai (2002), as características dos materiais compósitos são definidas em função da combinação entre o reforço e a matriz. Essas características dependem das proporções utilizadas entre reforço e matriz, da forma e formato do reforço (fibras unidirecionais, aleatórias, em tecido), do processo de fabricação e da adesão entre ambos. Figura 2.11 - Classificação dos materiais compósitos (CALLISTER JR., 2000) Segundo a ASM International (1993), para que num compósito o reforço atue como tal, a fração volumétrica da fase descontínua (reforço) deve ser de aproximadamente 10% ou mais. Para Silva (2003), os polímeros são os materiais mais utilizados como matriz, devido à sua leveza e facilidade na moldagem, e Kaw (1997) complementa com baixo custo. Em relação ao peso, quando esse é um fator preponderante, os materiais Compósitos Reforçado com fibras Estrutural Reforçado com partículas Partículas grandes Reforçado por dispersão Contínuo (alinhado) Descontínuo (curto) Laminados Painéis em sanduíche Alinhado Orientado aleatoriamente 41 compósitos poliméricos passaram a substituir os metais em aplicações estruturais nas indústrias aeronáuticas e automotivas (NOGUEIRA, 2004). 2.3.1 Compósitos poliméricos reforçados por fibras Resinas reforçadas com fibras são compósitos poliméricos, cuja matriz consiste na resina possuindo as fibras como fase dispersa. Dentre as matrizes termorrígidas mais utilizadas em compósitos são as resinas fenólicas, bismaleimidas, poliésteres, poli(imidas) e éster-cianatos, que apresentam boa resistência química a solventes e a altas temperaturas (PILATO, MICHNO3, 1994 e PAIVA4, 2001 apud NOGUEIRA, 2004). As propriedades dos compósitos são definidas em função das características das fases constituintes (material), das suas quantidades relativas e da geometria da fase dispersa. Nesse contexto, a geometria da fase dispersa engloba a forma, o tamanho, a distribuição e a sua orientação (KAW, 1997). Material: o material das fibras tem influência direta sobre as propriedades do compósito. Normalmente se espera que as fibras tenham alto módulo de elasticidade e resistência. Forma: a forma mais comum das fibras é a circular por ser fácil o processamento. Formas hexagonais e quadradas das fibras são possíveis, mas suas vantagens na resistência e alto fator de empacotamento da microestrutura não compensam a dificuldade na manipulação e no processamento. Tamanho: as fibras podem ser longas ou curtas. Fibras longas contínuas são fáceis para orientar e processar, enquanto que fibras curtas não podem ser inteiramente controladas para a orientação apropriada. As fibras longas fornecem muitas vantagens sobre as fibras curtas, tais como resistência ao impacto, estabilidade dimensional. Entretanto, fibras curtas proporcionam baixo custo, são fáceis de trabalhar e têm rápido procedimento de fabricação, além de apresentarem poucos defeitos. ______________________ 3 PILATO, L. A.; MICHINO, M. J. Advanced Composite Materials. Berlin: Springer Verlag, 1994, p.9-23. 4 PAIVA, J. M. F. Compósitos de matrizes termorrígidas fenólicas e lignofenólicas reforçadas com fibras vegetais. 2001. 266f. Tese (Doutorado em Ciência e Engenharia de Materiais) – Instituto de Química de São Carlos, São Carlos. 42 Orientação: fibras orientadas em uma direção fornecem alta rigidez e resistência nessa direção. Se as fibras estiverem orientadas em mais de uma direção, elas fornecerão alta rigidez e resistência nas direções das orientações das fibras. Para Kaw (1997) e Callister Jr. (2000), as características mecânicas de um compósito reforçado com fibras não dependem somente das propriedades da fibra, mas também do grau segundo o qual uma carga aplicada é transmitida para as fibras pela fase matriz. A magnitude da ligação interfacial entre as fases fibra e matriz é importante para a extensão dessa transmissão de carga. As ligações químicas, mecânicas e de reação entre fibra e matriz são responsáveis pela formação dessa interface (KAW, 1997). A ligação química é formada entre a superfície da fibra e a da matriz. Algumas fibras se aderem naturalmente à matriz, enquanto outras não. O travamento causado pela rugosidade natural ou marcas da superfície da fibra pode formar uma adesão mecânica entre fibra e matriz. A ligação de reação ocorre quando átomos ou moléculas da fibra e da matriz se difundem na interface, onde essa interdifusão freqüentemente cria uma camada interfacial distinta, chamada de interfase, com propriedades diferentes da fibra ou da matriz (CIOFFI, 1996). Embora essa fina camada interfacial ajude a formar uma ligação, ela também forma microfissuras na fibra que reduzem a resistência da fibra e, conseqüentemente, a do compósito (KAW, 1997). Interfaces fracas podem causar fissuras em compósitos, reduzindo suas propriedades influenciadas pela matriz e permitindo que perigos ambientais como gases quentes e a umidade ataquem as fibras (KAW, 1997). Nos compósitos reforçados com fibras, essas fibras podem ser sintéticas ou naturais, dispostas continua ou descontinuamente, podendo ser obtidas em uma variedade de formas como tecidos e mantas de diferentes arquiteturas. Os compósitos reforçados por fibras contínuas normalmente apresentam melhor resistência mecânica do que os compósitos reforçados por fibras descontínuas, esses últimos apresentam comportamento isotrópico em uma escala macroscópica e propriedades mecânicas ortotrópicas que conduzem a mecanismos de falhas específicas. Apresentam alta resistência e rigidez na direção das fibras, porém, baixo 43 desempenho na direção transversal às mesmas, e nesse caso a resistência e a rigidez são controladas pelas propriedades da matriz (HYER5, 1998 apud SILVA, 2003). Para carregamentos biaxiais, geralmente, são utilizados compósitos laminados, formados pela união de várias lâminas com diferentes orientações, nesse caso o desempenho dependerá do tipo de fibra e matriz, volume de fibra e seqüência de empilhamento das lâminas. 2.3.1.1 Compósitos poliméricos reforçados por fibras de sisal A utilização de fibras naturais como material de reforço em compósitos apresenta inúmeras vantagens, tais como: baixa massa específica; baixo desgaste superficial em equipamentos de produção como extrusoras; fácil manuseio; recurso renovável e biodegradável; isolantes térmicos, elétricos e acústicos; não tóxica; aspecto estético; além de baixo custo (SAHEB e JOG, 1999; CALIL JR. e CARVALHO, 2002; SILVA, 2003; MOTHÉ e ARAUJO, 2004). Segundo Li, Mai e Ye (2000), o preço das fibras de sisal é o equivalente a 1/25 da fibra de carbono e a 1/9 da fibra de vidro. O uso das fibras naturais pela indústria automobilística em revestimentos internos de carros, ônibus e caminhões, pela construção civil como reforço em concreto e estruturas caracterizam um mercado em expansão (MOTHÉ e ARAUJO, 2004). Matérias-primas provenientes de recursos naturais são de grande interesse à área de pesquisa, pois contribuem ao controle ambiental uma vez que substituem algumas fibras originadas de derivados petroquímicos. Fibras lignocelulósicas, tais como curauá (MOTHÉ e ARAUJO, 2004), coco (SILVA et al., 2006), sisal, rami, bagaço de cana-de-açúcar (MULINARI et al., 2006), juta e abacaxi (MISHRA et al., 2004) têm sido estudadas como material de reforço em compósitos. ______________________ 5 HYER, M. W. Stress analysis of fiber-reinforced composite materials. New York: WCB/ McGraw-Hill, 1998. 44 Em geral, o teor de umidade das fibras naturais varia em torno de 5% a 20%, pois essas fibras são hidrofílicas e constantemente trocam umidade com o ambiente. Essa característica afeta diretamente as propriedades mecânicas dos compósitos porque a umidade pode conduzir a processamentos desfavoráveis e a produtos porosos (SAHEB e JOG, 1999). Segundo Li, Mai e Ye (2000), para modificar a estrutura superficial da fibra, de modo a melhorar o contato entre fibra e matriz, além de reduzir a absorção d’água, são utilizados os tratamentos químicos e térmicos. Paiva e Frollini (2006) estudaram a aderência das fibras de sisal não-tratadas e tratadas quimicamente por mercerização (tratamento alcalino) usando uma solução com 10% de NaOH, esterificação (anidrido succínico) e ar ionizado em compósitos com matrizes fenólicas e ligno-fenólicas. O estudo mostra o aumento na adesão interfacial fibra/matriz por mercerização e esterificação quando comparado com o tratamento ao ar ionizado. Mwaikambo, Ansell (1999) e Rong et al. (2001), observaram também alterações na topografia da superfície e no índice de cristalinidade das fibras de sisal com o tratamento de mercerização. Porém, dependendo da concentração de NaOH utilizada, ocorrem reduções na resistência . Bismark et al. (2001) relataram que a estabilidade térmica das fibras de sisal não é afetada com o tratamento de desparafinação “dewaxing”, enquanto que os tratamentos por mercerização e grafitização com metil metacrilato aumentam a temperatura de degradação em 10ºC quando comparada com as fibras não tratadas. Jacob, Varuguese e Thomas (2006b) investigaram a influência dos tratamentos de mercerização (NaOH 4%), silano e térmico (150ºC por 8h) na resistência à tração de compósitos de borrachas naturais reforçadas com fibras de sisal. O estudo mostra que os maiores valores de resistência foram para os compósitos tratados termicamente, além de fornecer a melhor adesão entre as interfaces, quando comparados às demais modificações químicas. Silva (2003) pesquisou o comportamento de placas com resina poliuretana à base de mamona reforçadas com fibras de coco e de sisal, dispostas em forma de tecido bidirecional, fibras curtas unidirecionais (10 mm de comprimento) e fibras longas 45 unidirecionais. Os resultados mostram que as fibras de sisal apresentam melhores resultados quando comparada com as fibras de coco, e que o aumento da fração volumétrica das fibras aumenta a resistência à tração, a rigidez e o nível de absorção d’água, porém, diminuiu a resistência à flexão do compósito. As resistências à tração dos compósitos com tecido de sisal e fibras custas de sisal, para ambos os casos, foram de 40 MPa. Laminados poliméricos de resinas epóxi e poliuretana à base de óleo de mamona reforçados por fibras de sisal unidirecionais foram estudados por Carvalho (2005) como reforço em vigas de madeira. Foi observado que o uso desses materiais compósitos são viáveis tecnicamente para essa aplicação. O tratamento de mercerização (NaOH 10%) por uma hora no tecido de sisal diminuiu significativamente a variabilidade dos laminados no comportamento em tração, entretanto, reduziu a sua rigidez e a sua resistência. Fiorelli (2002) estudou a utilização de compósitos poliméricos, resinas epóxi, poliuretana e fenólica, com tecidos unidirecionais de carbono e de vidro para reforçar toda a parte inferior de estruturas de madeira em uso, e concluiu que o aumento da resistência e da rigidez em flexão é proporcional ao número de camadas de tecido, e que o uso de uma camada de carbono equivale a três camadas do tecido com fibras de vidro. 46 PARTE II – PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS 3 MATERIAIS Para os compósitos estudados neste trabalho foram utilizados como reforços os tecidos de sisal e de vidro e para as matrizes as resinas poliuretana à base de óleo de mamona e fenólica. As propriedades, a preparação dos materiais utilizados, assim como, os métodos de ensaios utilizados na avaliação dos materiais e dos compósitos são descritos neste capítulo. 3.1 POLIURETANA À BASE DE ÓLEO DE MAMONA A resina poliuretana à base de óleo de mamona utilizada pode ser curada a frio. Apresenta-se sob a forma bicomponente, constando de um poliol e um pré-polímero, fornecidos pela Indústria Kehl. O pré-polímero IC201 é sintetizado a partir do 4,4’ difenilmetano diisocianato (MDI) (Figura 3.1), é líquido, possui aspecto marrom escuro e massa específica aproximada de 1,24 g/cm³, segundo o fabricante. Esse pré-polímero é insolúvel em água, com o qual reage liberando CO2. Produz resíduo inerte e não-biodegradável. CH C CH CH C CH CH2OCN CH C CH CH C CH NCO Figura 3.1 – 4,4’ Difenilmetano diisocianato O poliol D405 é líquido, apresenta aspecto amarelado, massa específica em torno de 1,0 a 1,2 g/cm³, segundo o fabricante. Solúvel em água e produz resíduo biodegradável. Síntese A poliuretana à base de óleo de mamona foi obtida pela mistura em massa, do 47 poliol com o pré-polímero, conforme sua relação estequiométrica de 2:1, respectivamente. Sua reação de polimerização é exotérmica, ficando em torno de 45°C. Para os corpos-de-prova ensaiados em tração e flexão, os reagentes inicialmente foram resfriados em geladeira para aumento do tempo de gel, sendo em seguida misturados por 3 min a 5 min, conforme recomendação do fabricante, e submetidos ao vácuo (pressão de -600 mm/Hg) por 10 min, à temperatura ambiente, para redução de bolhas. Ensaios e normas Os estudos e ensaios realizados na resina poliuretana à base de óleo de mamona envolveram: o estudo da proporção dos reagentes utilizados para a determinação da quantidade de poliol e isocianato, cinética química de cura, resistência à tração e à flexão, microscopia eletrônica de varredura (MEV), difração de raios X e análise térmica por meio das técnicas de Termogravimetria (TG)/Termogravimetria Derivada (DTG) e Calorimetria exploratória diferencial (DSC). Para a produção dos corpos-de-prova de tração e de flexão, a resina foi vazada em moldes confeccionados em silicone de 3,3 mm de espessura, nas dimensões recomendadas pelas normas ASTM D 638 - Standard Test Method for Tensile Properties of Plastics e ASTM D 790 - Standard Test Method for Flexural Properties of Unreinforced and Reinforced Plastics and Electrical Insulating Materials, respectivamente. A moldagem sob pressão foi realizada em placas de vidro sendo utilizadas folhas plásticas de, aproximadamente, 0,2 mm de espessura como desmoldante. 3.2 FENOL-RESORCINOL-FORMALDEÍDO A resina fenólica utilizada é conhecida comercialmente por Cascophen RS 216 M, fabricada pela Alba Adesivos Ind. e Com. Ltda. Constituída a partir de uma resina fenol-resorcinol, líquida de cor marrom avermelhada e seu endurecedor FM (formaldeído), que se apresenta sob a forma de pó bege. 48 É uma resina sintética, à base de água, que cura a frio. Apresenta grau 1 de risco à saúde e inflamabilidade, segundo a classificação NFPA – National Fire Protection Association. Os dois componentes depois de misturados resultam em um polímero à prova d'água, resistente a fungos e às intempéries (ALBA, 2006). Como consta em seu boletim técnico, esta resina apresenta características que podem ser visualizadas na Tabela 3.1. Tabela 3.1 – Características da resina Cascophen RS 216 M, fabricante Alba Adesivos Propriedades físico-químicas Valores Viscosidade dinâmica (Brookfield, 2 / 30 / 25ºC), em Pa·s 0,53 – 0,65 Teor de sólidos (1g / 3h / 105°C), em % 53 – 58 Tempo de gelificação (21ºC), em horas 3,5 – 6,0 pH (25°C) 6,9 – 7,5 Ponto de ebulição, em °C ~ 102 Voláteis, em % 47 Fonte: FISPq (2004) Síntese A síntese da resina fenólica foi obtida pela mistura em massa, na relação estequiométrica de 5:1, do fenol-resorcinol com o endurecedor, respectivamente. Os componentes inicialmente foram misturados por volta de 5 min, conforme recomendação do fabricante, e então, vazada nos moldes. Ensaios e normas Os ensaios realizados na resina fenólica foram: resistência à tração e à flexão, MEV, difração de raios X e análise térmica por meio das técnicas de TG/DTG e DSC, além do estudo da proporção dos reagentes utilizados. No caso dos corpos-de-prova em tração e flexão, estes foram vazados em moldes confeccionados nas dimensões recomendadas pela norma ASTM D 638 e ASTM D 790, respectivamente. A moldagem sob pressão foi realizada em placas de vidro com molde interno de silicone de 3,3 mm de espessura. Não foi necessária a utilização de desmoldante. 49 3.3 FIBRA DE VIDRO O tecido bi-direcional de fibras de vidro utilizado como reforço foi doado pela Owens Corning. O tecido para laminação manual T366B é obtido por meio da tecelagem com fibras contínuas 111A produzidas com o vidro Advantex. Esse material foi desenvolvido para reforço em resinas poliéster, viniléster e epóxi e algumas características estão indicadas na Tabela 3.2. Segundo o fabricante, o vidro Advantex é livre de boro, o que minimiza os poluentes do ar no processo de manufatura, além de combinar as excelentes propriedades mecânicas e elétricas do vidro E com a resistência à corrosão de ácidos do vidro E-CR, atendendo aos requisitos estabelecidos nas normas ISO 2078 – Textile glass -- Yarns -- Designation e na ASTM D 578 – Standard Specification for Glass Fiber Strands, tanto para o vidro E como para o vidro E-CR. Tabela 3.2 – Características do tecido com fibras de vidro Gramatura, em g/m² 350 ± 60 Umidade, em % 0,040 ± 0,040 Sólidos1, em % 1,10 ± 0,50 Diâmetro interno do rolo, em cm 9 Diâmetro externo do rolo, em cm 25 ± 2 Largura padrão, em cm 130 1 - Incluem o ligante do tecido e o binder do fio Fonte: OWENS-CORNING (2004) Ensaios e normas Os ensaios realizados com as fibras de vidro foram: tração no tecido e difração de raios X. Os corpos-de-prova utilizados para o ensaio de tração no tecido foram confeccionados baseados na norma ASTM D 3039 - Standard Test Method for Tensile Properties of Polymer Matrix Composite Materials. 50 3.4 FIBRA DE SISAL O tecido bi-direcional com fibras de sisal foi adquirido na loja Casa das Cordas, São Paulo-SP. De acordo com ASM INTERNATIONAL (1993), esse tecido possui o arranjo tipo plain weave, sendo entrelaçado um filamento da trama acima e abaixo dos filamentos do urdume (Figura 3.2). O tecido possui aproximadamente dois milímetros de espessura e suas características são apresentadas na Tabela 3.3. Figura 3.2 – Tecido bi-direcional com fibras de sisal Tabela 3.3 – Características do tecido de sisal Distância média entre os filamentos do urdume, em mm 2,00 Distância média entre os filamentos da trama, em mm 3,50 Diâmetro da fibra*, em μm 100 - 200 * valores obtidos por MEV Ensaios e Normas Os ensaios realizados no tecido de sisal foram: tração, MEV, difração de raios X e análise térmica por meio da TG/DTG. Os corpos-de-prova utilizados para tração foram confeccionados baseados na norma ASTM D 3039. 51 4 MÉTODOS Este capítulo apresenta os estudos e ensaios realizados nas matérias-primas empregadas na confecção dos laminados e nos laminados. 4.1 SÍNTESE DAS RESINAS No trabalho foi realizado o estudo das proporções entre os componentes utilizados na síntese das resinas. 4.1.1 Poliuretana à base de óleo de mamona Para a resina poliuretana à base de óleo de mamona foram estudadas as proporções de 5:1, 4:1, 3:1, 2:1 e 1:1 entre os reagentes poliol e isocianato, respectivamente. Os reagentes foram misturados por três minutos e mantidos em recipiente plástico sem o uso de pressão. A polimerização ocorreu à temperatura ambiente, por volta de 25ºC. 4.1.2 Fenol-resorcinol-formaldeído Para a resina fenólica foram estudadas as proporções de 10:1, 5:1 e 2,5:1 entre os reagentes fenol-resorcinol e formaldeído, respectivamente. Os componentes foram misturados por cinco minutos em recipiente plástico e vazado em molde de silicone sobre placa de vidro até a cura sem o uso de pressão. A polimerização foi processada à temperatura ambiente, por volta de 25ºC. 4.2 ANÁLISE TÉRMICA A análise térmica abrange um grupo de técnicas nas quais uma propriedade física da substância ou de seus produtos de reação é medida como função da temperatura ou 52 tempo, enquanto a substância é submetida a um programa controlado de temperatura (IONASHIRO e GIOLITO, 2005). O programa pode consistir em aquecer ou resfriar (dinâmico), ou manter a temperatura constante (isotérmica), ou qualquer seqüência dessas (MOTHÉ e AZEVEDO, 2002). 4.2.1 Termogravimetria A termogravimetria estuda a variação da massa de uma amostra após transformação física (sublimação, evaporação, condensação) ou química (degradação, decomposição, oxidação) em função do tempo ou da temperatura (MOTHÉ e AZEVEDO, 2002). Na termogravimetria dinâmica, técnica mais utilizada, a amostra é aquecida em um ambiente no qual a variação de temperatura está programada em velocidade linear. Pela termogravimetria, os corpos-de-prova das resinas e dos laminados foram obtidos a partir de uma seção retirada do material confeccionado conforme os corpos- de-prova de tração. Para o corpo-de-prova de sisal, este foi obtido a partir de uma seção retirada do tecido. Os ensaios de TG necessários para análise da estabilidade e decomposição da resina foram realizados na Divisão de Materiais (AMR) do Comando-Geral de Tecnologia Aeroespacial (CTA) no equipamento da marca Perkin Elmer, modelo TGA 7, com razão de aquecimento de 10 ºC/min, numa célula de platina em atmosfera inerte de nitrogênio. Para analisar o comportamento térmico dos materiais utilizou-se uma faixa de temperatura, em média, entre 25ºC a 860ºC. 4.2.2 Calorimetria Exploratória Diferencial A Calorimetria Exploratória Diferencial (DSC) é uma técnica na qual se mede a diferença de energia (fluxo de calor) fornecida à substância e a um material de referência inerte de modo térmico, em função da temperatura enquanto ambos são 53 submetidos a uma programação controlada de temperatura (IONASHIRO e GIOLITO, 2005). A caracterização térmica por DSC foi realizada somente nas resinas PU e fenólica. Nas análises térmicas que partiram da mistura, os componentes das resinas foram misturados de 3 a 5 min, e em seguida, uma pequena quantidade foi depositada no porta-amostra. As análises que determinaram o tempo necessário para a cura da resina e a temperatura de transição vítrea (Tg) foram realizadas no Departamento de Materiais (DEMAR) da Escola de Engenharia de Lorena – Universidade de São Paulo (USP- Lorena) no equipamento TA Instruments, modelo DSC Q10, numa célula de alumínio em atmosfera inerte de nitrogênio, com um fluxo de gás de 50 mL/min. A razão de aquecimento utilizada para a análise dinâmica (determinação da Tg) foi de 10 ºC/min. As temperaturas isotérmicas utilizadas para o estudo do tempo de cura das resinas foram 40ºC, 60ºC e 80ºC. As demais análises dinâmicas por meio da técnica de DSC foram realizadas na Divisão de Materiais (AMR) do Comando-Geral de Tecnologia Aeroespacial (CTA) no equipamento da marca Perkin Elmer, modelo Pyris 1, com razão de aquecimento de 10 ºC/min, numa célula de alumínio em atmosfera inerte de nitrogênio, com um fluxo de gás de 20 mL/min, entre as faixas de temperatura de 30ºC a 240ºC. Inicialmente realizaram-se as análises dinâmicas para caracterização das misturas e posterior definição das três temperaturas favoráveis termodinamicamente para polimerização das resinas PU 2:1 e fenólica. A partir das temperaturas inicial e de pico de polimerização foram determinadas as temperaturas utilizadas nas análises de DSC isotérmicas - temperaturas constantes, em seguida, as amostras foram conduzidas à dupla varredura dinâmica para determinação da temperatura de transição vítrea (Tg). 54 4.3 CINÉTICA QUÍMICA DE CURA Um dos métodos mais utilizados para o estudo cinético da reação de cura de termorrígidos é a análise térmica por Calorimetria Exploratória Diferencial (DSC) pelos modos isotérmico e dinâmico. Nesse estudo cinético, supõe-se que a taxa de geração de calor é proporcional à taxa de reação de cura (YOUSEFI; LAFLEUR e GAUVIN, 1997). Por meio de uma análise isotérmica é possível identificar os dois tipos de reação, de ordem n e de ordem autocatalítica. Quando o pico máximo da velocidade da reação ocorrer próximo ao tempo zero (t = 0), a reação obedece a equação de ordem n, podendo ser estudado pelos modos isotérmico ou dinâmico. Nos casos em que, o pico máximo seja formado entre 30% a 40% do tempo total da análise, a reação é autocatalítica e deverá ser estudado exclusivamente pelo modo dinâmico (COSTA; REZENDE; PARDINI, 2000 e 2005). O modelo com velocidade de ordem n é expresso pela Equação 1 (YOUSEFI; LAFLEUR; GAUVIN, 1997 e BROWN et al., 2005): ( )nk dt d α α −= 1 (1) na qual: k = constante da taxa ou velocidade específica da reação na temperatura (1/s); α = grau de conversão após um tempo “t” (adimensional); n = ordem da reação (adimencional); dt dα = taxa de reação (1/s). Sendo que, a constante de velocidade depende da temperatura da Equação 2, de Arrhenius: )/( RTEaeAk −= (2) na qual: A = constante pré-exponencial (1/s); Ea = energia de ativação (kJ/mol); R = constante dos gases (8,314 J/mol.K); T = temperatura absoluta, em Kelvin. 55 A equação de Arrhenius relaciona a freqüência das colisões entre as moléculas e a probabilidade com que estas colisões são orientadas de maneira favorável, sendo que à medida que a energia de ativação aumenta, as velocidades das reações diminuem (BROWN et al., 2005). Precedendo o logaritmo da Equação 2, obtém-se a Equação 3. RT E Ak a−= lnln (3) Plotando ln k versus 1/T obtém-se uma linha reta, onde a energia de ativação e a constante pré-exponencial são obtidas pelos valores do coeficiente angular e pelo coeficiente linear da reta, respectivamente. Mas, para que esses parâmetros sejam obtidos, são necessários no mínimo três experimentos isotérmicos a diferentes temperaturas (COSTA, REZENDE e PARDINI; 2000 e 2005). 4.3.1 Poliuretana à base de óleo de mamona Para este estudo, os reagentes foram misturados conforme sua relação estequiométrica de 2:1, em massa, de poliol e isocianato, respectivamente. Os componentes foram misturados de 3 min a 5 min, e em seguida uma pequena quantidade foi depositada no porta-amostra. Inicialmente, sintetizou-se uma amostra da mistura em corrida dinâmica e foram determinadas as temperaturas isotérmicas desejadas para o estudo cinético da reação. Para as análises com faixa constante de temperatura foram sintetizadas três amostras, uma para cada temperatura de cura. As amostras foram curadas em temperaturas constantes de 40ºC, 60ºC e 80ºC. Para a corrida dinâmica, utilizou-se o aparelho de Calorimetria Exploratória Diferencial (DSC), marca Perkin Elmer, modelo Pyris 1, com razão de aquecimento de 10º C/min e fluxo constante de 20 mL/min de nitrogênio. O porta-amostra utilizado foi de alumínio do tipo selado. Nas análises com faixa constante de temperatura, utilizou-se o aparelho de DSC, marca TA Instruments, modelo DSC Q10, com razão de aquecimento de 10 ºC/min e 56 sob fluxo constante de 50 ml/min de nitrogênio. Foram utilizados porta-amostras de alumínio do tipo selado. 4.4 PROCESSAMENTO DOS COMPÓSITOS Os laminados foram preparados por moldagem sob compressão. Os componentes das resinas poliuretana e fenólica foram misturados manualmente como descrito nos itens 3.1 e 3.2, respectivamente. Na seqüência, as fibras em forma de tecido foram colocadas entre placas planas de vidro que posteriormente foram pressionadas por grampos metálicos após a distribuição da resina com espátula e extração das bolhas com o auxílio de um rolo metálico. A espessura do laminado é a equivalente a uma camada de tecido. Todo o processo foi realizado à temperatura ambiente e a desmoldagem dos laminados com resina poliuretana e fenólica ocorreram, em média, quatro e oito dias após a moldagem, respectivamente. Como desmoldante para os laminados com resina poliuretana foram utilizadas folhas plásticas. Até a realização dos ensaios, os laminados com resina fenólica foram mantidos sob pressão para que não empenassem devido à retração por evaporação de água. 4.5 RESISTÊNCIA À TRAÇÃO 4.5.1 Fibras Os corpos-de-prova das fibras em forma de tecido foram confeccionados baseados na norma ASTM D 3039. As dimensões utilizadas para largura e comprimento são de, no mínimo, 25 mm e 250 mm respectivamente. As espessuras são as correspondentes a uma camada de tecido. As abas foram preparadas no próprio corpo-de-prova por meio da impregnação das abas do tecido com resina epóxi, curada em temperatura ambiente, conforme ilustra a Figura 4.1. 57 Figura 4.1 – Modelo do corpo-de-prova do tecido de sisal para ensaio em tração Os ensaios foram realizados no Departamento de Materiais e Tecnologia da Universidade Estadual Paulista - Campus de Guaratinguetá, na máquina universal de ensaios, marca INSTRON, modelo 8801, à temperatura ambiente e velocidade constante de 5 mm/min para as fibras de sisal e de 10 mm/min para as fibras de vidro, com uma célula de carga de 10 ton. Os corpos-de-prova de sisal foram ensaiados em condições naturais, denominados não-tratados e após o tratamento térmico a 60ºC em estufa por 1, 3, 48 e 72 horas. Foram testados, no mínimo, cinco amostras para cada condição aplicada. O alongamento no limite de resistência à tração (εεεε) foi calculado pela Equação 4: (4) na qual: ε = Alongamento, em porcentagem; L = Comprimento da amostra na carga máxima; L0 = Comprimento inicial da amostra. A redução do teor de água (Δa) foi calculado pela diferença da massa antes e após o tratamento térmico das fibras, sendo calculado de acordo com a Equação 5: (5) na qual: Δa = Variação no teor de água, em porcentagem; m = Massa após o tratamento térmico; m0 = Massa inicial. Um valor negativo na variação indica uma redução, enquanto que valores positivos indicam um aumento no teor de água. 100100(%) 0 0 0 x L LL x L L − = Δ =ε 100100(%) 0 0 0 x m mm x m m a − = Δ =Δ 58 A determinação do teor de umidade (h) das fibras de sisal foi baseada na norma ASTM D 1348, sendo calculada de acordo com a Equação 6: 100(%) 0 x m mm h f f− = (6) na qual: h = Teor de umidade, em porcentagem; mf �= Massa final após secagem em estufa a 105ºC por no mínimo 4 horas; m0 = Massa inicial. Para a caracterização do tecido com fibras de vidro foram ensaiados cinco corpos-de-prova. 4.5.2 Resinas No caso dos corpos-de-prova em tração das resinas, estes foram misturados conforme itens 3.1 e 3.2, e vazados em moldes confeccionados nas dimensões recomendadas pela norma ASTM D 638, conforme Figura 4.2. Figura 4.2 – Dimensões do corpo-de-prova tipo I, em mm, para ensaio de tração em plásticos. A moldagem sob pressão foi realizada em placas de vidro com molde interno de silicone de 3,3 mm de espessura, como mostra a Figura 4.3. Somente para PU à base de óleo de mamona foram utilizadas, como desmoldante, folhas plásticas de aproximadamente 0,2 mm de espessura. A polimerização das resinas foi realizada em temperatura ambiente. A desmoldagem dos corpos-de-prova da resina PU e fenólica foram realizadas, em média, quatro e oito dias após a moldagem, respectivamente. Até a realização dos 59 ensaios, os corpos-de-prova da resina fenólica foram mantidos sob pressão para que não empenassem, devido à retração por evaporação de água. Figura 4.3 – Molde para confecção dos corpos-de-prova para ensaio de tração na resina Os ensaios de tração foram realizados no Departamento de Materiais e Tecnologia da Universidade Estadual Paulista - Campus de Guaratinguetá, na máquina universal de ensaios, marca INSTRON, modelo 8801, em temperatura ambiente. A velocidade constante para a PU à base de óleo de mamona foi de 10 mm/min e para a resina fenólica foi de 0,2 mm/min, com uma célula de carga de 10 ton. Para a caracterização das resinas poliuretana à base de óleo de mamona 2:1 (poliol:isocianato) e fenólica 5:1 (fenol-resorcinol/endurecedor) foram ensaiados seis corpos-de-prova cada. 4.5.3 Laminados Os corpos-de-prova em tração dos laminados foram confeccionados nas dimensões recomendadas pela norma ASTM D 3039, a partir das placas moldadas sob pressão, conforme item 4.4. Os ensaios de tração foram realizados no Departamento de Materiais e Tecnologia da Universidade Estadual Paulista - Campus de Guaratinguetá, na máquina universal de ensaios, marca Instron, modelo 8801, em temperatura ambiente. 60 A velocidade constante para os laminados de resina fenólica reforçados com fibra de sisal foi de 10 mm/min e para os demais laminados foi de 5 mm/min, com uma célula de carga de 10 ton. Para a caracterização dos laminados de resina fenólica reforçada com fibra de vidro e poliuretana com fibra de vidro foram considerados seis e cinco corpos-de- prova, respectivamente. Os laminados que receberam o reforço com fibra de sisal foram caracterizados com a fibra úmida e seca. 4.6 RESISTÊNCIA À FLEXÃO Os corpos-de-prova para o ensaio de flexão das resinas e dos laminados foram confeccionados e realizados conforme a norma ASTM D 790. Os ensaios foram realizados na Divisão de Materiais (AMR) do Comando-Geral de Tecnologia Aeroespacial (CTA), São José dos Campos / SP, na máquina universal de ensaios, marca Instron, modelo 4301, com uma célula de carga de 500 kgf e em temperatura ambiente de aproximadamente 25oC. As velocidades de ensaio foram de 1,5 mm/min para os corpos-de-prova da resina fenólica e para os laminados reforçados com fibra de vidro. Para os corpos-de- prova da resina poliuretana e para os laminados reforçados com fibra de sisal as velocidades foram de 2,0 mm/min. A razão utilizada entre a distância entre os apoios e a espessura dos corpos-de- prova no ensaio de flexão foi 16. Foram ensaiados, no mínimo, seis corpos-de-prova para cada condição analisada. A tensão em flexão para o ensaio de flexão em três pontos é calculada segundo a Equação 7: 2 3 hb LPmáx máx ⋅ ⋅⋅ =σ (7) � � 61 na qual: máxσ = tensão máxima de flexão (MPa); máxP = carga máxima (N); L = distância entre os apoios (mm); b = largura da amostra (mm); h = espessura da amostra (mm). 4.7 DIFRAÇÃO DE RAIOS X Para a caracterização cristalográfica dos materiais por difração de raios X foi utilizado um difratômetro da marca Shimadzu, modelo XRD-6000, configurado com radiação de Cu Kα, corrente de 40 KW e 30 μÅ. As intensidades de difração foram registradas entre os ângulos 10º e 70º (2θ). As análises foram realizadas no Laboratório de Difratometria de Raios X, Departamento de Materiais – DEMAR, Escola de Engenharia de Lorena/USP. 4.7.1 Fibras As análises por difração de raios X foram realizadas nas fibras de sisal, com a intenção de verificar a influência do teor de umidade no índice de cristalinidade do sisal, e nas fibras de vidro. As amostras de sisal para análise por raios X foram confeccionadas com as fibras picadas fixadas com vaselina em suporte de vidro. A amostra contendo a fibra de vidro utilizou o próprio tecido fixado com vaselina no suporte de vidro. O índice de cristalinidade das fibras foi calculado de acordo com o método empírico de Segal et al.6 (1959 apud TSERKI et al., 2005), Equação 8 (MWAIKAMBO e ANSEL, 2002; RONG et al., 2001; ZAFEIROPOULOS, BAILLIE, MATTHEWS, 2001). ______________________ 6 SEGAL, L.; CREELY, J.; MARTIN JR., A. E; CONRAD, C. M. An empirical method for estimating the degree of crystallinity of native cellulose using the X-ray diffractometer. Textile Research Journal, n.29, p.786–794. 62 ( ) ( ) ( ) 100 002 002 x I II I am c − = (8) na qual: Ic = índice de cristalinidade, em porcentagem; I(002) = pico de intensidade da difração que representa o material cristalino perto de 2θ = 22º; I(am) = pico de intensidade da difração que representa o material amorfo perto de 2θ = 18º. O uso dessa técnica para a determinação do índice de cristalinidade de fibras celulósicas nos fornece um método simples e rápido, segundo Mwaikambo e Ansell (2002). 4.7.2 Resinas As amostras com as resinas foram retiradas a partir dos materiais sólidos, moldados conforme os corpos-de-prova em tração, e confeccionadas em forma de retângulo (1,0 x 1,5) cm com espessura em torno de quatro milímetros. Para a análise, as amostras foram fixadas entre um suporte vazado. 4.7.3 Laminados As amostras dos laminados foram extraídas a partir das placas moldadas conforme os corpos-de-prova em tração, e confeccionadas em forma de retângulo (1,0 x 1,5) cm com espessura equivalente a uma camada de tecido. Para a análise, as amostras foram fixadas entre um suporte vazado. O índice de cristalinidade das fibras de sisal contidas nos laminados foi calculado de acordo com o método empírico de Segal (Equação 8). 63 4.8 MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA - MEV Para análise da superfície de fratura dos materiais foi utilizado um microscópio eletrônico de varredura Jeol JSM5310 no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - INPE em São José dos Campos/SP. Foram analisadas as fraturas dos corpos-de-prova de tração das fibras, resinas e laminados. 64 5 RESULTADOS E DISCUSSÕES Este capítulo apresenta os resultados e as discussões referentes às matérias- primas empregadas e aos laminados. 5.1 SÍNTESE DAS RESINAS 5.1.1 Poliuretana