UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRONÔMICAS CAMPUS DE BOTUCATU EFEITO DA PALHA DE CANA-DE-AÇÚCAR NO REGIME TÉRMICO DO SOLO E NO CONTROLE DE PLANTAS DANINHAS DIEGO BELAPART Dissertação apresentada à Faculdade de Ciências Agronômicas da UNESP – Campus de Botucatu, para obtenção do título de Mestre em Agronomia (Agricultura). BOTUCATU - SP Julho - 2016 iii UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRONÔMICAS CAMPUS DE BOTUCATU EFEITO DA PALHA DE CANA-DE-AÇÚCAR NO REGIME TÉRMICO DO SOLO E NO CONTROLE DE PLANTAS DANINHAS DIEGO BELAPART Orientador: Prof. Dr. Edivaldo Domingues Velini Dissertação apresentada à Faculdade de Ciências Agronômicas da UNESP – Campus de Botucatu, para obtenção do título de Mestre em Agronomia (Agricultura). BOTUCATU – SP Julho – 2016 FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA SEÇÃO TÉCNICA DE AQUISIÇÃO E TRATAMENTO DA INFORMAÇÃO – SERVIÇO TÉCNICO DE BIBLIOTECA E DOCUMENTAÇÃO - UNESP – FCA – LAGEADO- BOTUCATU (SP) Belapart, Diego, 1990- B426e Efeito da palha de cana-de-açúcar no regime térmico do solo e no controle de plantas daninhas / Diego Belapart. – Botucatu : [s.n.], 2016 v, 126 f.: fots. color., grafs. color, tabs. Dissertação (Mestrado)- Universidade Estadual Paulista Faculdade de Ciências Agronômicas, Botucatu, 2016 Orientador: Edivaldo Domingues Velini Inclui bibliografia 1. Alelopatia. 2. Cana-de-açúcar. 3. Planta daninha. I. Velini, Edivaldo Domingues. II. Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Campus de Botucatu). Faculdade de Ciências Agronômicas de Botucatu. III. Títu- lo. III DEDICO À Deus e Jesus Cristo, por me abençoar a cada dia. OFEREÇO Aos meus pais Dionízio e Marisa, Aos meus irmãos Luíz Augusto e Danilo. A minha cunhada Joyce e meus sobrinhos Giovana e Gabriel. A minha noiva Vanessa. Aos meus avós maternos (Angelita e José Liberato) e paternos (Chiquinha e Euclides). Pelo amor e carinho que sinto por todas essas pessoas. IV AGRADECIMENTOS Agradeço ao Prof. Dr. Edivaldo Domingues Velini, pela orientação, paciência e a amizade adquirida neste período de pós-graduação. Ao Prof. Dr. Caio Antonio Carbonari, pela ajuda e contribuições feitas durante a execução deste trabalho. A toda a minha família, que estiveram presentes em minha vida e também meus amigos. Aos grandes amigos da república, Edicarlos Castro, Luís Gustavo e Márcio Furriela. Aos Amigos do NUPAM, e em especial , Marcelo Girotto, Rosilaine Araldi, Ronei Ben, Saulo Simões, Gabrielle Macedo, Renan Nascentes, Gilmar Picoli, Ana Karollyna Matos, Giovanna Gomes, Leandro Tropaldi, Ivana Ferraz, Bruna Marchesi, Carolina Pucci, Gilmar Picoli, pela convivência e contribuição nas atividades desenvolvidas. Aos amigos do Laboratório Nupam: Luiz Marcelo Siono, José Guilherme Cordeiro e José Roberto Marques Silva pelas colaborações durante a realização dos experimentos. Aos amigos da Fazenda Experimental de São Manuel. Ao Programa de Pós-Graduação em Agronomia (Agricultura) da Faculdade de Ciências Agronômicas de Botucatu-UNESP, pela oportunidade e formação. Ao CNPQ pela bolsa de estudos concedida. A vitória até aqui conquistada foi fruto da colaboração de cada um de vocês. Meus sinceros agradecimentos V SUMÁRIO Página 1 RESUMO ........................................................................................................................... 1 2 SUMMARY ....................................................................................................................... 3 3 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 5 4 REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................................ 8 4.1 SISTEMA DE PRODUÇÃO DE CANA-DE-AÇÚCAR NO BRASIL ............................................ 8 4.2 FATORES QUE INFLUENCIAM A GERMINAÇÃO DAS PLANTAS DANINHAS ...................... 11 4.3 INTERFERÊNCIA DE PLANTAS DANINHAS NA CULTURA CANA-DE-AÇÚCAR .................. 13 4.4 EFEITOS DA PALHADA NA EMERGÊNCIA DE PLANTAS DANINHAS ................................. 15 5 MATERIAL E MÉTODOS ........................................................................................... 18 5.1 CARACTERIZAÇÕES DA ÁREA E DOS TRATAMENTOS .................................................... 18 5.2 AVALIAÇÕES REALIZADAS .......................................................................................... 20 5.2.1 Emergência de plantas ........................................................................................ 20 5.2.2 Temperatura do solo ........................................................................................... 20 5.3 DADOS CLIMÁTICOS ................................................................................................... 22 5.4 ANÁLISES ESTATÍSTICA ............................................................................................... 24 6 RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................... 26 6.1 TEMPERATURAS DO SOLO ............................................................................................ 26 6.2 EMERGÊNCIA DAS PLANTAS DANINHAS ....................................................................... 31 6.2.1 Emergência de Ipomoea grandifolia ................................................................... 33 6.2.2 Emergência de Ipomoea nill ............................................................................... 42 6.2.3 Emergência de Ipomoea quamoclit ..................................................................... 50 6.2.4 Emergência de Ipomoea hederifolia ................................................................... 58 6.2.5 Emergência de Euphorbia heterophylla ............................................................. 67 6.2.6 Emergência de Merremia aegyptia ..................................................................... 76 6.2.7 Emergência de Brachiaria decumbens ............................................................... 84 6.2.8 Emergência de Bidens pilosa .............................................................................. 93 6.2.7 Emergência de Panicum maximum ................................................................... 102 7 CONCLUSÕES ............................................................................................................. 114 8 REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 115 1 1 RESUMO O atual sistema produtivo de cana-de-açúcar deixa quantidades variáveis de palhada na superfície do solo capaz de provocar supressão de algumas espécies de plantas daninhas, além de modificar as características químicas, físicas e biológicas dos solos. Portanto objetivou-se avaliar o efeito de diferentes quantidades de palha de cana-de-açúcar na emergência de plantas daninhas relevantes para a cultura da cana-de-açúcar, além de produzir informações necessárias para conduzir estudos complementares visando determinar a natureza dos efeitos observados. Para tanto, foram conduzidos três estudos de campo em três épocas distintas do ano avaliando-se os efeitos de diferentes quantidades da palha de cana-de-açúcar (0; 2,5; 5; 10; 15 e 20 t ha -1 ) sobre o regime térmico do solo em diferentes profundidades e sobre a emergência de nove espécies de plantas daninhas (Ipomoea grandifolia, Ipomoea nill, Ipomoea quamoclit, Brachiaria decumbens, Bidens pilosa, Euphorbia heterophylla, Panicum maximum, Ipomoea hederifolia e Merremia aegyptia) aos 7, 14, 21, 28, 35 e 42 dias após a semeadura (DAS). Os experimentos foram conduzidos em blocos casualizados com quatro repetições. A presença da palha sobre o solo alterou o regime térmico, reduzindo a amplitude térmica do solo, principalmente em menores profundidades. A palha reduziu a emergência de plantas daninhas e a intensidade do efeito é dependente da espécie e da quantidade do resíduo sobre o solo. A interferência da palha reduzindo a germinação de plantas daninhas foi pouco dependente da época do 2 ano e das condições climáticas, sendo possível estabelecer modelos gerais relacionando a quantidade de palha com a porcentagem de emergência, quando a variável dependente foi expressa em porcentagem dos valores observados no tratamento sem palha. Houve grande variação nas quantidades de palha necessárias para reduzir em 50% a emergência das plantas daninhas. B. pilosa e P. maximum, espécies de sementes pequenas, foram as mais sensíveis aos efeitos da palha, enquanto que I. nil, I. hederifolia e M. aegyptia, com sementes maiores, foram as menos sensíveis. A palha de cana-de-açúcar sobre a superfície do solo influenciou na emergência das plantas daninhas. Os resultados indicaram que as dimensões e reservas das sementes são determinantes na definição da capacidade das plantas daninhas emergirem quando o solo está coberto por palha. Palavras-Chaves : Alelopatia, emergência, Ipomoea sp, Saccharum officinarum, amplitude térmica. 3 2 SUMMARY EFFECT OF STRAW CANE SUGAR REGIME THERMAL SOIL AND PLANT CONTROL WEEDS Botucatu, 2016. 126 p. Dissertação (Mestrado em Agronomia/Agricultura) – Faculdade de Ciências Agronômicas. Universidade Estadual Paulista (UNESP). Author: DIEGO BELAPART Adviser: Dr. EDIVALDO DOMINGUES VELINI The sugarcane has great economic importance to the country. Even in the face of technological advances in the cultivation of sugarcane, interference from weeds still cause many losses. After the adoption of mechanized harvesting the weed management has become more complex, mainly due to varying amounts of straw left on the soil surface. In addition to the suppression effect by some weed species, the straw of sugarcane can also modify the chemical, physical and biological properties of soils. Therefore the aim of this study was to evaluate the effect of different amounts of straw sugarcane germination of weed relevant to the culture, as well as producing information necessary to conduct further studies in order to determine the nature of the effects observed . For that, we conducted three field studies that evaluated the effects of quantities of straw between 0 and 20 t ha-1 on the soil thermal regime and the emergence of nine species of weeds. Three experiments were conducted to the field at different times of the year. The experimental design was 4 randomized blocks, with six treatments and four replications, totaling 24 installments. The treatments consisted of volumes of dry straw cane sugar (0, 2.5, 5, 10, 15 and 20 t ha-1). Each plot consisted of 4 m long and 3 m wide, totaling 12 m². In each were opened three trenches of 1 m2 and 5 cm deep, for sowing of approximately 100 seeds of nine species of weeds. In each trench was used three kinds, the first being Bidens pilosa, Ipomoea quamoclit and Merremia aegyptia; the second heterifolia Ipomoea, Ipomoea nil and B. decumbens and third, Panicum maximum, Ipomoea grandifolia and Euphorbia heterophylla. After sowing of the plants, the straw of sugarcane was evenly distributed as the volumes defined in the treatments. soil temperature assessments were carried out and the emergence of weeds at 7, 14, 21, 28, 35 and 42 days after sowing. The presence of straw on the soil changes the thermal regime, reducing the temperature range of the soil, especially at shallower depths. The straw reduced the emergence of weeds and the intensity of the effect is dependent on the kind and amount of residue on the ground. Interference of straw reducing the germination of weed was little dependent on the time of year and weather conditions, it is possible to establish general models relating the amount of straw with the emergence percentage, when the dependent variable was expressed as a percentage of the values observed in without straw treatment. There was wide variation in straw quantities required to reduce by 50% the emergence of weeds. Bidens pilosa Panicum maximum, small seed species were more sensitive to the effects of straw, while Ipomoea nil, Ipomoea hederifolia and Merremia aegyptia with larger seeds were less sensitive. The straw of sugarcane on soil surface influenced the emergence of weeds. The results indicated that the dimensions and reserves of seed are crucial in defining the capacity of emerging weeds when the soil is covered with straw. ____________________ Keywords: Allelopathy, emergence, Ipomoea sp., Saccharum officinarum, termal amplitude 5 3 INTRODUÇÃO A cana-de-açúcar no Brasil tem grande importância para o setor econômico pela geração de milhares de empregos diretos e indiretos, e industrial em função da alta qualidade de matéria prima para a indústria, além da co-geração de energia renovável. A cultura desenvolveu diversas mudanças no país e grandes avanços em tecnologia no seu setor. Nos últimos anos, houve o desenvolvimento de novos métodos de cultivo, como a utilização de vinhaça e torta de filtro na adubação, controle de pragas, doenças e plantas daninhas, novos métodos de colheita e utilização da palhada de cana crua, por exemplo. Dentre estes métodos, a colheita mecanizada teve grande importância no cenário da cultura da cana-de-açúcar, pois permitiu aumento das áreas colhidas mecanicamente sem queima prévia da cana (TRIVELIN et al., 1997). Mesmo diante dos avanços em tecnologia no cultivo da cana-de- açúcar, a interferência de plantas daninhas tem causado perdas na produtividade de até 80%, durante o desenvolvimento inicial até o fechamento da cultura (PROCÓPIO et al., 2003). A infestação por plantas daninhas é um dos principais fatores que limitam a produção de cana-de-açúcar, com destaque pela rapidez e eficiência na utilização da água e dos nutrientes do ambiente, o que resulta em decréscimo quantitativo e qualitativo do produto colhido (PROCÓPIO et al., 2003). 6 Existem diferentes formas de manejar as plantas daninhas na cultura da cana de açúcar, tais como mecânicas, culturais e químicas. Entretanto, após a adoção da colheita mecanizada o manejo de plantas daninhas tornou-se complexo, alterando o espaçamento entre linhas e a quantidade de palhada deixada na superfície do solo. Desta forma, a colheita da cultura com máquinas deixa sobre a superfície do solo diferentes quantidades de palhada, que podem superar até 20 t ha -1 de acordo com a variedade de cana-de-açúcar utilizada (VELINI; NEGRISOLI, 2000). Os diferentes volumes de palhada da cultura deixados sobre a superfície do solo podem contribuir para diminuir a germinação e emergência de plantas daninhas. A palhada da cana-de-açúcar pode promover um controle de mais de 50% das espécies de plantas monocotiledôneas e como dicotiledônia. Estima-se que existam cerca de 1.000 espécies de plantas daninhas que habitam o agroecossistema, distribuídas nas distintas regiões produtoras do mundo (CARVALHO et al., 2005). Negrisoli et al. (2005), observaram que espécies mais sensíveis necessitam de quantidades entre 6 e 10 t ha -1 de palha para reduzir significativamente suas densidades populacionais. De acordo com Azania et al. (2002), a palha de cana pode interferir na germinação e emergência das plantas daninhas Ipomoea quamoclit, Ipomoea purpurea, Ipomoea grandifolia, Ipomoea hederifolia, Ipomoea nil e Merremia cissoides, e que a presença de de 20 t ha -1 de palha sobre o solo reduziu em 82, 65, 62, 70, 60 e 88 % a emergência destas espécies, respectivamente, quando comparadas à ausência de palha. Enquanto que a emergência das espécies de plantas daninhas B. decumbens, B. plantaginea, D. horizontalis e P. maximum foi reduzida a partir de 2 t ha -1 de palha de cana-de-açúcar sobre o solo (NEGRISOLI et al., 2002). Dentre outros benefícios atribuídos a colheita mecanizada, pode-se citar as modificações químicas, físicas e biológicas nos solos das áreas de cultivo de cana- de-açúcar, que serve como camada isolante do solo, com diminuição da amplitude térmica. Velini e Negrisoli (2000), obervaram que a presença de palhada proporcionou redução na temperatura do solo nas profundidades de 1 e 5 cm e, também reduziu a evaporação da agua, além de aumentar o teor de matéria orgânica do solo e favorecer o desenvolvimento de microrganismos benéficos. Nesse contexto, a cobertura do solo com a palhada de cana-crua ainda necessita de estudos possam contribuir na elaboração de programas de manejo de plantas daninhas nas áreas de produção. Portanto, o objetivo desse trabalho foi avaliar o 7 efeito de diferentes quantidades de palha de cana-de-açúcar na emergência de plantas daninhas relevantes para a cultura, além de produzir informações necessárias para conduzir estudos complementares com o objetivo de determinar a natureza dos efeitos observados. 8 4 REVISÃO DE LITERATURA 4.1 Sistema de produção de cana-de-açúcar no Brasil O sistema de produção de cana-de-açúcar teve início no Brasil, em 1553 e se estabeleceu de forma definitiva nas regiões Centro Sul e Nordeste (FERREIRA et al., 2010). No decorrer da década de 70, abria-se uma nova faceta no setor industrial sucroalcooleiro, e que se tornou cada vez mais importante para o país à medida que o setor da agroindústria brasileira foi solicitado a contribuir para a solução da emergente crise energética, em face da necessidade de produzir sua própria energia a partir de uma fonte renovável (AZANIA, 2004; BAYER, 2000; KUVA, 1999). Em 1975, houve a criação do Programa Nacional do Álcool (Proálcool), que visava o desenvolvimento das técnicas e aperfeiçoamento dos insumos para a produção de álcool etílico. Desta forma, foram realizados grandes investimentos por parte do governo, e com isso, a produção de etanol de cana-de-açúcar expandiu-se pelo país (ANDRADE et al., 2009). O Estado de São Paulo é o principal produtor da cultura de cana- de-açúcar e, aproximadamente, 60% das usinas brasileiras. Além da produção de etanol, é 9 possível produzir energia por meio da queima da palha da cana-de-açúcar. A atuação da CPFL Energia S/A (Companhia Paulista de Força e Luz) se tornou importante, sendo esta companhia a maior compradora da energia gerada destas usinas. Estudos indicaram que em torno de 50% da palha pode ser retirada do campo e aproveitada como fonte de energia (NOVACANA, 2016). Assim, resulta em significativos ganhos energéticos para o setor. Algumas usinas signatárias do Protocolo Agroambiental do Setor Sucroenergético produziram a partir do bagaço e da palha de cana-de-açúcar, na safra 2015/2016, cerca de 18.100 Gwh de energia elétrica, que corresponde a aproximadamente 26% do consumo residencial paulista. Segundo Santos et al. (2012), a iminente escassez das reservas de petróleo, principal fonte energética mundial, juntamente com as preocupações da sociedade com a preservação ambiental, foram os principais motivos que levaram os governos a buscarem estratégias para maior produção e consumo de combustíveis que sejam renováveis e sustentáveis. Ainda segundo este autor, entre os diferentes tipos de biomassa, a palha da cana de açúcar se destaca como fonte energética, por apresentar grande potencial para geração de calor, eletricidade e produção de etanol celulósico. Segundo Tolmasquim et al. (2002), com a colheita mecanizada e a utilização de palhas e ponteiros das plantas, foi gerado um crescimento de quase 16% a mais de MW do ano de 2001 a 2010 e atingiu 21.309 MW de co-geração de energia pelo setor. Assim, a utilização da palha e bagaço como fonte de energia teve um alto crescimento rápido, após possíveis investimentos também no setor de tecnologia e na implantação da mecanização na colheita de cana. No sistema de colheita mecanizada, utilizam-se implementos que realizam corte basal da cana-de-açúcar, promovem a eliminação ou retirada das folhas secas junto aos ponteiros e folhas verdes, que são cortadas e lançadas na superfície do solo, e se tornam uma camada de cobertura morta. Dessa forma, cria-se um ambiente diferente com relação à queima, apresenta um novo sistema de produção, que gera novos benefícios e inúmeras mudanças, melhora a qualidade industrial da cana, promove proteção do solo, proporciona conservação da umidade do solo, maior atividade microbiana no solo, enriquecimento em matéria orgânica, controle de plantas daninhas, suspensão da operação da queima e, principalmente, menor impacto ambiental (FURLANI NETO, 1994). Contudo, a cana crua também apresenta algumas desvantagens com esse sistema, como menor brotação da soqueira, aumento da incidência de pragas, e excesso de umidade em 10 áreas de menor altitude (COSTA et al., 2002; VICTORIA FILHO; CHRISTOFFOLETI, 2004). Entretanto, no sistema de colheita manual com a utilização da queima, grandes quantidades de nutrientes essenciais para o desenvolvimento da cana de açúcar são perdidas como, por exemplo, o nitrogênio (30-60 kg ha -1 ) e o enxofre (15-25 kg ha -1 ) (URQUIAGA et al., 2002). Ainda segundo este autor, é importante observar que nos 3,5 milhões de hectares que foram realizadas a queima, foram perdidas 150 mil toneladas de nitrogênio anualmente. No Estado de São Paulo, o decreto nº. 47.700 de 11/03/2003 regulamenta a lei nº. 11.241 de 19/09/2002, estabelecendo que em áreas que permitam a realização da colheita de forma mecanizada (igual ou inferior a 12 % de declividade), a queima da palha na pré-colheita da cana deveria ser reduzida gradativamente a partir de 2002 até que a operação de colheita chegue a 100 % de mecanização em 2021 (ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE SÃO PAULO, 2003). Além dos diferentes sistemas de colheita, a cana de açúcar apresenta três épocas distintas de plantio, sendo o plantio de ano-e-meio, sistema de ano e plantio de inverno. O Sistema de ano-e-meio (cana de 18 meses) é composto pelo plantio realizado entre os meses de janeiro e março. O sistema de ano (cana de 12 meses) ocorre quando em algumas regiões, o plantio é feito no período de outubro a novembro. Já o plantio de inverno, se compreende no período de junho ou julho com a utilização de torta de filtro e/ou vinhaça o plantio pode ocorrer praticamente o ano todo (ROSSETO; SANTIAGO, 2006) A cana-de-açúcar é uma planta bem adaptada às características climáticas do país, por isso, o plantio pode ser realizado em épocas distintas. A safra estimada para 2015/16 é de cerca de 8.954,8 mil hectares. O estado de São Paulo é o maior produtor com 51,8% (4.648,2 mil hectares), seguido por Goiás com 10,1% (908 mil hectares), Minas Gerais com 8% (715,3 mil hectares), Mato Grosso do Sul com 8% (713,7 mil hectares) e poderá atingir uma produção total de cana-de-açúcar na safra 2015/16 de 655,16 milhões de toneladas (CONAB, 2016). A produção estimada de açúcar para o país, em todas regiões, deve atingir 37,28 milhões de toneladas, impulsionada pela expectativa de crescimento de 4,8% no aspecto geral, dividindo em algumas regiões como; 71,6% na região centro-sul, 10,8% 11 da região centro-oeste, 9,5% da região nordeste e 8% da região sul. A produção de etanol total na safra 2015/16 está estimada em 28,52 bilhões de litros (CONAB, 2016). A cana-de-açúcar destaca-se no país, como uma das mais importantes na produção de matéria-prima para a indústria sucroalcooleira e co-geração de energia elétrica para o seu próprio consumo, e dela obtém-se o açúcar e suas derivações como o álcool anidro e hidratado, a vinhaça, a levedura de cana, o bagaço, entre outros (FIESP-CIESP 2001). A tendência do setor da indústria sucroalcooleira é de grande crescimento nos próximos anos em função da necessidade mundial do uso de fontes renováveis de energia e matérias primas industriais (TEÓFILO, 2012). 4.2 Fatores que influenciam a germinação das plantas daninhas As condições climáticas de cada região e época de plantio da cultura da cana-de-açúcar são bem distintas e determinantes quanto às espécies de plantas daninhas dominantes na área e o período de interferência com a cultura (VICTORIA FILHO; CHRISTOFFOLETI, 2004). Para que uma semente seja viável e possa germinar, são necessárias algumas condiçoes como suprimento de água em quantidade suficiente, temperatura adequada, bem como de luz para determinadas espécies (CARVALHO; NAKAGAWA, 2000). No entanto, podem ser citadas também algumas condições intrínsecas a semente, tais como o estádio de maturação, a dormência e a longevidade e fatores ambientais, como a disponibilidade de água e oxigênio, a temperatura e luz, e também a profundidade em que se encontra no solo. A profundidade tende a ser um dos principais fatores que interfere na germinação da planta daninha e apresenta variações entre as espécies (GUIMARÃES et al., 2002). Labonia et al. (2009), observaram que as sementes de Ipomoea hederifolia L., I. nil (L.) Roth, I. quamoclit, I. triloba L. e Merremia cissoides (Lam.) Hall.f. destacaram-se com maior emergência quando semeadas na superfície do solo, por apresentar maior disponibilidade de luz nessa condição, além de haver menor impedimento físico para a germinação e maior alternância de temperatura. Em estudo realizado por Tanveer et al. (2013), sementes de Convolvulus arvensis L. foram semeadas na superfície do solo e tiveram maior emergência 12 na parte superficial, com decréscimo conforme o aumento da profundidade da semeadura, apresentando maior taxa de emergência para as sementes maiores. A temperatura influencia a germinação da semente dentro de determinado limite. Em altas temperaturas ocorre a desnaturação de proteínas, ocasionando perda da atividade enzimática; em temperaturas mais baixas, há diminuição ou paralisação do metabolismo da semente, o que afeta a velocidade, porcentagem e uniformidade da germinação, assim em temperaturas máximas e mínimas que demarcam extremos, acima ou abaixo dos quais não ocorre a germinação (HOLT; ORCUTT, 1996). Segundo Albuquerque e Guimarães (2007), a temperatura pode afetar o desenvolvimento da planta daninha na sua emergência, tanto na porcentagem final quanto na velocidade de germinação das sementes, em função das diferentes capacidades que cada espécie possui de germinar dentro de uma determinada faixa de temperatura. Sementes de Panicum repens L. não emergiram abaixo da temperatura de 5ºC, apresentando maior taxa de emergência ocorrendo entre 20 e 35ºC. Entretanto houve uma emergência nula acima de 45ºC (Hossain et al, 2001). Segundo Mondo et al. (2010), as temperaturas adequadas para germinação das espécies Digitaria bicornis (Lam.) Roem. & Schultes e Digitaria ciliares (Retz.) Koeler são 20-35ºC, enquanto que para a Digitaria horizontalis Willd e Digitaria insularis (L.) Fedde são 20- 35ºC e 15-35ºC, respectivamente. Estudos desenvolvidos por Voll et al. (2003), com alternância de temperaturas entre 30-20ºC em plantas daninhas demostraram que a germinação foi de 88% para B. pilosa, 31% para E. heterophylla, 30% para S. rhombifolia, 5% para I. grandifolia, 4% para Acanthospermum. hispidum e 3% para Commelina benghalensis, tendo a mesma faixa de temperatura efeitos diferentes na germinação de cada espécie. De acordo com Velini e Negrisoli (2000), a redução da amplitude térmica do solo proporcionada pelo acúmulo de 7,5 ou 15 t ha -1 de palha de cana na superfície solo, contribuiu satisfatoriamente para a redução da incidência de algumas espécies dos gêneros Brachiaria e Panicum. Outro aspecto importante na germinação da semente é a presença de luz no seu desenvolvimento. Tanto a intensidade, o comprimento de onda, quanto o fotoperíodo são variáveis conhecidas por exercerem efeito sobre a germinação de sementes que possuem dormência (COPELAND; MCDONALD, 2001). Desta forma, as sementes que precisam da luz para germinar, são denominadas fotoblásticas positivas; quando 13 necessitam da ausência de luz, são chamadas de fotoblásticas negativas; e quando a luz não interfere no processo germinativo, fotoblásticas neutras ou não fotoblásticas (MAYER; POLJAKOFF MAYBER, 1989; VÁZQUEZ-YANES; OROZCO-SEGOVIA, 1993). De acordo com Souza et al. (2014), espécies de plantas daninhas, principalmente as que possuem sementes com poucas reservas, germinam quando dispostas sob pequenas camadas de solo, pois essas sementes, em sua maioria, necessitam do estímulo luminoso. Uma vez que a luz é fortemente atenuada à medida que a profundidade no solo aumenta, normalmente essas sementes, quando colocadas em maiores profundidades, não são capazes de emergir. Chapman e Allan (1989) relataram que a profundidade recomendada para semeadura é de 2,5 a 3,0 vezes a maior dimensão da semente, podendo aprofundar-se mais em locais com solos arenosos do que naqueles argilosos. 4.3 Interferência de plantas daninhas na cultura cana-de-açúcar A cultura da cana-de-açúcar vem sofrendo mudanças para sistema de cultivo “cana-crua” que está ocorrendo nos últimos anos, e vem se selecionando espécies de forma específica para cada região e sistema de produção. Relata-se que já são mais de 1000 espécies de plantas daninhas que habitam o agroecossistema da cana-de- açúcar em todo o mundo (AZANIA et al., 2002; CARVALHO et al., 2005) As plantas daninhas são espécies indesejadas e agressivas que competem com a cultura por luz, água e nutrientes, podendo também liberar substâncias com efeitos alelopáticos (FAY; DUKE, 1977). Afetam direta ou indiretamente o crescimento e desenvolvimento das plantas cultivadas, podendo atuar como hospedeiras de pragas e doenças (PITELLI, 1985; VICTORIA FILHO; CHRISTOFFOLETI, 2004). De acordo com Pitelli (1985), a interferência de plantas daninhas na agricultura é influenciada por fatores ligados à própria cultura (variedade, espaçamento e densidade de plantio), à época e extensão do período de convivência e aos fatores característicos das plantas daninhas (composição específica, densidade e distribuição). No caso da cana-de-açúcar, as épocas de plantio apresentam diferentes períodos de convivência, e consequente competição. Nas soqueiras, o Período Crítico de Prevenção à Interferência (PCPI) varia de 30 a 100 dias na soca-seca, e de 30 a 14 60 dias na soca-úmida após a emergência da cultura (Kuva et al.,2003; CHRISTOFFOLETI et al., 2004 ). A cana-de-açúcar apresenta, na maioria das situações, brotação e crescimento inicial lento, e as plantas daninhas maior agressividade e desenvolvimento rápido e, por isso, podem apresentar vantagens competitivas sobre a cultura na absorção e utilização dos recursos disponíveis (FERREIRA et al., 2005). Espécies como Brachiaria decumbens e Ipomea hederifolia causam expressivas perdas na cultura da cana-de-açucar de até 86 % de redução de produção para a primeira e 34 a 44% para a segunda (KUVA, 2001). Segundo Kuva et al. (2003), a interferência proporcionada pelas plantas daninhas acarreta redução significativa no rendimento da cultura, além de proporcionar outros aspectos negativos, como decréscimo da longevidade do canavial, redução da qualidade industrial da matéria-prima e dificuldade nas operações de colheita e transporte. Em casos de alta infestação de plantas daninhas na cana-de-açúcar, as perdas de produtividade podem chegar a 86% na produção de colmos industrializáveis (CHRISTOFFOLETI, 1997). Kuva (1999), relata que a infestação de Panicum maximum em cana-de-açúcar pode acarretar redução superior a 50% na produtividade. Oliveira e Freitas (2008), estudaram algumas das principais espécies de plantas daninhas importantes para a cultura da cana-de-açúcar, e verificaram que estas podem afetar a colheita e a produtividade da cultura. Dentre estas espécies pode- se citar tiririca (Cyperus rotundus), capim-camalote (Rottoboellia exaltata), capim-elefante (Pennisetum atropurpureu), corda-de-viola (Ipomoea grandifolia), capim-fino (Brachiaria mutica), capim-colonião (Panicum maximum); grama-seda (Cynodon dactylon), capim- guiné (Paspalum paniculatum), siratro (Macroptilium atropurpureu), braquiária (Brachiaria decumbens), caruru (Amaranthus hybridus), serralhinha (Emilia coccinea) e capim-colchão (Digitaria spp). Na colheita mecanizada ou sistema de “cana crua” foram selecionadas, principalmente, as espécies do gênero Ipomoea (CORREIA et al., 2010), com destaque para as espécies Ipomea quamoclit, Ipomea hederifolia, Ipomea grandifolia, Ipomea purpurea (KUVA et al., 2007). Por isso, a interferência das plantas daninhas pode causar redução na quantidade e qualidade do produto colhido, e diminuir o número de cortes viáveis, resultando no aumento dos custos de produção. 15 4.4 Efeitos da palhada na emergência de plantas daninhas No Brasil, a adoção de sistemas de produção em que as culturas são implantadas sobre algum tipo de palhada ou cobertura vegetal morta tem aumentado em diversas regiões em função de inúmeros benefícios atribuídos a esse tipo de cobertura (TOFOLI et al., 2009; VELINI; NEGRISOLI, 2000). Os restos vegetais deixados na superfície do solo em sistemas de produção agrícola podem proteger o solo contra a radiação solar, reduzir a evaporação de água, dissipar a energia de impacto das gotas de chuva, reduzindo a erosão hídrica (MANECHINI, 1997) e aumentar a eficiência da ciclagem dos nutrientes (GASSEN; GASSEN, 1996), consistindo ainda em uma alternativa de controle de plantas daninhas (OLIVEIRA et al., 2001; SEVERINO; CHRISTOFFOLETI, 2001). A cobertura vegetal reduz significativamente a intensidade de infestação de áreas por plantas daninhas e modifica a composição da população infestante (ALMEIDA; RODRIGUES, 1985). Para atingir o melhor controle sobre a planta daninha com a cobertura morta, deve-se avaliar três fatores essenciais: a quantidade (t ha -1 ), densidade, e uniformidade de distribuição de palha de cana-de-açúcar no solo. O banco de sementes é alterado e a dinâmica das plantas invasoras pode ser completamente diferente quando comparada à do sistema convencional (GAZZIERO, 1990). Pode ocorrer também a liberação de substâncias alelopáticas pela palhada de cana-de-açúcar, que possibilita maior controle das plantas daninhas (AZANIA et al, 2006). Segundo Velini e Negrisoli (2000), a adoção desse sistema de cana crua, resulta em importantes modificações nas técnicas de cultivo, como aumento do espaçamento nas entrelinhas e deposição de palhada sobre o solo, influenciando diretamente a ocorrência e o manejo de plantas daninhas. Pode-se destacar que na colheita de cana crua, são deixados na superfície do solo de 5 a 20 toneladas de palha ha -1 . Ainda segundo este autor, a quantidade de palha depende de diversas características relacionadas com a variedade da cana-de-açúcar utilizada, a despalha do colmo, hábito de crescimento de touceira, uniformidade de altura e tamanho dos ponteiros, produtividade e desenvolvimento das plantas. Martins et al. (1999), ao avaliarem o efeito de diferentes quantidades de palha sobre solo e a quantidade de emergência de diferentes plantas 16 daninhas dicotiledôneas, verificaram que a emergência de Sida rhombifolia é afetada por volumes de palhada acima de 6 t.ha -1 , mas as espécies Bidens pilosa, Euphorbia heterophylla e Ipomoea grandifolia sofreram pouca influência da cobertura morta. Rodrigues et al. (2000), observaram em monocotiledôneas e dicotiledôneas redução de até 22% na germinação de Panicum maximum, 26% em Brachiaria plantaginea, 49% em Digitaria horizontalis, 83% em Amaranthus hybridus e 90% em B. decumbens em áreas com resíduo de palhada de cana-de-açúcar sobre o solo. Velini et al. (2004), concluíram que as plantas daninhas consideradas importantes na cultura da cana-de-açúcar no Brasil, como Brachiaria decumbens, B. plantaginea, Panicum maximum e Digitaria horizontalis, foram controladas com restos culturais de volume de palhada de 15 t ha -1 deixado na superficial do solo. A cobertura do solo com 0, 5, 10 e 15 t ha -1 de palha sobre as espécies de Brachiaria decumbens, Digitaria horizontalis, Sida spinosa, Ipomoea grandifolia, Ipomoea hederifolia e Ipomoea quamoclit, inibiu apenas a emergência de plântulas das espécies B. decumbens e S. spinosa, sendo o mesmo observado para D. horizontalis submetida a 10 e 15 t ha -1 de palha (CORREIA; DURIGAN, 2004). Silva et al. (2003), estudaram a emergência de plantas de tiririca (Cyperus rotundus) sob diferentes quantidades de palha de cana-de-açúcar e observaram que a testemunha sem palha apresentou maior número de plantas emergidas, seguida pelos volumes de palha de 2, 4, 8 t ha -1 , enquanto que com 16 e 20 t ha -1 , a palha proporcionou o menor número de plantas de tiririca. Novo et al. (2004a, 2004b), avaliaram os efeitos da palha de cana- de-açúcar sobre o desenvolvimento da parte aérea e da parte subterrânea de tiririca (Cyperus rotundus), e observaram que a aplicação de quantidades crescentes de palha sobre o solo resultou em menor número de plantas emergidas, além da redução da área foliar, massa fresca e seca da parte aérea. Para parte subterrânea das plantas de tiririca, Novo et al (2004b), verificaram redução no número de tubérculos e rizomas pela adição da cobertura morta nos volumes próximos a 8,5 t ha -1 . Enquanto que Silva et al. (2003), observaram que o tratamento sem a presença de palha apresentou maior número de plantas emergidas, seguido pelos tratamentos com volumes de palha de 2, 4 e 8 t ha -1 . Ao avaliar a germinação de plantas daninhas em áreas de cana crua, em época seca, a presença da palha inibiu completamente a germinação de Brachiaria plantaginea e Digitaria spp. com 7,5 t ha -1 de palha, e Brachiaria decumbens, Bidens 17 pilosa, Panicum maximum e Commelina benghalensis, com 15 t ha -1 de palha (ROSSI et al., 2006). O efeito físico da cobertura morta também reduz as chances de sobrevivência das plântulas das plantas daninhas com pequena quantidade de reservas nos diásporos, uma vez que essas reservas não são suficientes para garantir a sobrevivência da plântula no espaço percorrido dentro da cobertura morta, até que tenha acesso à luz e inicie o processo fotossintético (PITELLI, 1985). Alguns trabalhos afirmam que o efeito físico altera o aumento de temperatura, e desta forma, atrasam a emergência de algumas plantas daninhas (EGLEY; DUKE, 1985; BEYAERT et al., 2002). A palhada da cana crua na superfície do solo funciona como uma camada isolante, dificultando a penetração dos raios solares reduzindo a temperatura e a amplitude térmica do solo. Os estudos de Egley e Duke (1985), afirmaram que a amplitude térmica interfere de maneira decisiva na germinação de grande número de espécies de plantas daninhas. Velini e Negrisoli (2000), relataram que a exigência de maior ou menor amplitude térmica do solo constitui-se no estímulo mais eficiente para germinação das plantas. 18 5 MATERIAL E MÉTODOS 5.1 Caracterizações da área e dos tratamentos O estudo foi realizado ha área experimental da Fazenda Experimental de São Mnuel, no município de São Manuel-SP (22º43'52" S e 48º34'14"O, e altitude de 709 m), pertencente à Faculdade de Ciências Agronômicas da UNESP, Câmpus de Botucatu. Os experimentos foram realizados em semeadura de plantio na mesma área experimental, só que em blocos diferentes : 1º EPOCA (VERÃO) 2º EPOCA (OUTONO) 3º EPOCA (PRIMAVERA) DEZ 2014- JAN 2015 MARÇO-MAIO 2015 OUTUBRO-DEZ 2015 Nessa área não foi realizada aplicação de herbicidas ou cultivo de qualquer cultura nos dois anos anteriores. Antes da semeadura das plantas daninhas foram coletadas amostras de solo na profundidade de 0-20, para a caracterização físico-química da área experimental. Os resultados das análises químicas e granulométricas estão descritos nas Tabelas 1 e 2, e não apresentando correção do solo. 19 Tabela 1. Análise granulométrica do solo da área experimental. Areia Argila Silte Textura do Solo Grossa Fina Total (g/Kg) 375 462 836 122 42 Arenosa Tabela 2. Análise química do solo na profundidade de 0 a 20 cm da área experimental. pH M.O. Presina Al 3+ H+Al K Ca Mg SB CTC V% CaCl2 g/dm 3 mg/dm 3 _ _ _ _ ---------------------_ _ _ mmolc/dm 3 _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _------ 4,4 10 5 1 22 1,3 9 4 15 37 39 O delineamento experimental utilizado foi em blocos casualizados, com seis tratamentos e quatro repetições, totalizando 24 parcelas. Os tratamentos foram compostos por quantidades de palha seca (0; 2,5; 5; 10; 15 e 20 t ha -1 ). Cada parcela foi composta por 4 m comprimento e 3 m de largura, totalizando 12 m². Em cada uma delas, foram abertas três trincheiras de 0,5 m 2 e 5 cm de profundidade, para a semeadura de aproximadamente 100 sementes de nove espécies consideradas daninhas para a cultura da cana-de-açúcar. Em cada trincheira utilizou-se três espécies, sendo na primeira Bidens pilosa, Ipomoea quamoclit e Merremia aegyptica; na segunda Ipomoea heterifolia, Ipomoea nil e Brachiaria decumbens e na terceira, Panicum maximum, Ipomoea grandifolia e Euphorbia heterophylla, em função da ocorrência do campo, e sendo identificada com o Manual de Identificação de Plantas Daninhas. Após a semeadura das plantas, a palhada de cana-de-açúcar foi distribuída uniformemente conforme os volumes definidos nos tratamentos (Figura 1). 20 Figura 1 A) Abertura da trincheira para a semeadura das plantas daninhas; B) Pesagem da palha; C) área experimental após o fechamento de todas as trincheiras após a semeadura; D) Distribuição da palha de cana nas parcelas experimentais. 5.2 Avaliações realizadas 5.2.1 Emergência de plantas A emergência das plantas daninhas foi verificada por meio de contagem do número de plantas emergidas da palha semanalmente na primeira época e na segunda época aos (7, 14, 21, 35 dias após a semeadura -DAS) e na terceira época aos (7, 14, 21, 35 e 42 dias após a semeadura -DAS) para cada uma das espécies estudadas. No entanto, algumas alterações nas datas de avaliação, precisaram ser promovidas em função principalmente da ocorrência de chuvas, alterando o padrão de emergência ou mesmo impedindo a realização de avaliações no dia programado. 5.2.2 Temperatura do solo Para as avaliações de termomêtro utilizou-se um “Datalogger” modelo HT-500 (Figura 2), que foi programado para analisar a temperatura de 0 a 70 ºC e com ciclo de medição de 1 h. (memória de 16000 leituras). Assim, a temperatura foi 21 analisada em cada época dos experimentos por um período de aproximadamente 400 horas acumuladas, aproximadamente 16 dias para cada experimento, nos meses que o aparelho ficou instalado no experimento foram conforme as épocas: dezembro de 2014 - janeiro de 2015; março de 2015 - maio de 2015 e outubro de 2015 - dezembro de 2015. Nas avaliações o aparelho foi vedado com duas camadas de sacos plásticos, e enterrado em duas profundidades do solo (2 e 10 cm) em uma parcela com 0 t ha -1 (testemunha), com 10 t ha -1 que representa uma quantidade ideal para a queda da redução da emergência das especies de plantas daninhas, e um aparelho foi utilizado para registrar a temperatura do ar Figura 2 A) Termometro a 2 cm sem palha; B) Termometro a 2 cm com toneladas de palha; C) Termometro a 2 cm sem palha após o fechamento da trincheira com o solo; D) Termometro a 2cm com toneladas de palha após o fechamento com a palha. 22 5.3 Dados Climáticos Os valores de temperatura, bem como os índices pluviométricos foram registrados no setor de climatologia da Unesp-Botucatu, durante o período experimental (Figura 1, 2, 3). Figura 5. Dados de temperatura (ºC) e precipitação (mm) do período dos dias acumulado. Obs : Setas azuis correspondem ao momento das avaliações da emergência das plantas, e na linha laranja o periodo do datalogger ficou instalado. 23 Figura 6. Dados de temperatura (ºC) e precipitação (mm) do período dos dias acumulado. Obs : Setas azuis correspondem ao momento das avaliações da emergência das plantas, e na linha laranja o periodo do datalogger ficou instalado. Figura 7 Dados de temperatura (ºC) e precipitação (mm) do período dos dias acumulado. Obs : Setas azuis correspondem ao momento das avaliações da emergência das plantas, e na linha laranja o periodo do datalogger ficou instalado. 24 5.4 Análises estatística Para cada uma das épocas de condução dos ensaios, foi realizada análise estatística considerando a disposição dos dados em esquema fatorial que tem como variáveis a Quantidades de Palha (QP) e Datas de Avaliação (DA). Optou-se pelo desdobramento da interação QP x DA determinando-se os efeitos de DA em cada uma das quantidades de palha. Em uma segunda etapa, ajustou-se o modelo de Mitscherlich aos números de plantas observados nas diferentes épocas de avaliação. Para isso, utilizou-se o modelo simplificado pela fixação dos valores de duas das constantes “a” e “b” do modelo completo, uma vez que “a” representa a quantidade máxima emergência na palha a (100%) e “b” necessariamente passa pela origem inicial da emergência (0 DAS). O valor de “c” do modelo de Mitscherlich foi estimado pela equação de regressão e representa a taxa de concavidade da curva. O Modelo utilizado é representado pela equação: Y = a * (1-10 -c * (b + x) ), onde: Para simplificar a avaliação dos efeitos da palha sobre a emergência das diferentes espécies de plantas daninhas, modelos logísticos foram ajustados aos dados de plantas emergidas em cada uma das épocas, expressos em porcentagem dos números observados nos tratamentos sem palha. Foram analisados apenas os números máximos de plantas, observados na última data de avaliação para cada uma das épocas de condução dos ensaios. Portanto, foi realizada análise conjunta dos experimentos conduzidos nas diferentes épocas. Desse modo, foi possível estabelecer curvas de resposta da emergência das plantas daninhas às quantidades de palha, de modo similar às curvas de dose e resposta de controle de plantas daninhas por herbicidas. Neste caso, o modelo selecionado foi o logístico com três constantes (a, b e X0). Destaca-se que o valor da constante “X0” corresponde à quantidade de palha que permite a emergência de um número de plantas que corresponde a 50% dos números verificados no tratamento sem palha. Ou, de outro modo, corresponde à quantidade de palha capaz de reduzir em 50% a emergência de plântulas da espécie em análise. O valor da constante “a” corresponde à assíntota horizontal e inicial máxima e foi fixado como sendo 100 considerando que todos 25 os dados foram expressos em porcentagem do tratamento em que a quantidade de palha foi 0t/ha -1 . O valor de “b” foi fornecido pelo programa utilizado em cima do modelo.O Modelo utilizado é representado pela equação: F=a/(1+((X/X0)^b)) 26 6 RESULTADOS E DISCUSSÃO 6.1 Temperaturas do solo As Figuras 8, 9 e 10 representam as temperaturas ambientais e do solo sem e com 10 t ha -1 de palha de cana-de-açúcar a 2 cm de profundidade (A) e a 10 cm de profundidade (B) para a primeira (verão), segunda (outono) e terceira época (primavera) de condução do experimento, respectivamente. A primeira época de condução do experimento (verão) foi caracterizada por um período de elevadas temperaturas e alto índice pluviométrico distribuído ao longo dos meses (Figura 8). De modo geral, maiores amplitudes térmicas foram observadas no solo sem palha. Em dias mais quentes em que a temperatura ambiental foi de 40°C foram registrados a 2cm de profundidade picos de temperatura de até 50°C nas parcelas sem palha (testemunha) e 30°C com 10 t ha -1 de palha (Figura 1 A), sendo essa diferença das temperaturas entre tratamento sem palha e com palha equivalente a 60%. O mesmo padrão é observado na profundidade de 10 cm, no entanto, com menores amplitudes. Na maior profundidade foram observadas temperaturas de 38°C nas parcelas sem palha e de 27°C nas parcelas com palha, enquanto a diferença da temperaturas sem e com palha observada nessa profundidade foi da ordem de 71% (Figura 8). 27 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 0 50 100 150 200 250 300 350 400 T em p er a tu ra (C º) Horas acumuladas A - 2 cm Ambiente sem palha com palha 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 0 50 100 150 200 250 300 350 400 T em p er a tu ra ( C º) Horas Acumuladas B - 10 cm Ambiente sem palha com palha Figura 8. Temperatura na primeira época (Verão) ano de 2014 do experimento com palha de cana-de-açúcar em diferentes profundidades e apresentando três tratamentos avaliados : Ambiente (superficial),sem palha e com palha. Na segunda época do experimento verificou-se baixas temperaturas e períodos mais secos sem ocorrência de chuva (Figura 9). Para essa época, nos dias mais quentes, verificou-se picos de até 40ºC no ambiente. Nesse mesmo período a temperatura máxima verificada a 2 cm de profundidade nas parcelas sem palha foi 43°C e com 10 t ha -1 de palha foi de 25ºC, ou seja, uma diferença de temperatura de até 58% entre os tratamentos (sem e com palha). Com destaque para as maiores elevações de temperatura no ambiente a 40ºC, na testemunha a 43ºC e com cobertura de palhada (10 t ha -1 ) a 24ºC. A amplitude térmica verificada no solo sem palha foi de aproximadamente 55% maior do que o solo com a palha (Figura 9). 28 Figura 9. Temperatura na segunda época (Outono) ano de 2015 do experimento com palha de cana-de-açúcar em diferentes profundidades e apresentando três tratamentos avaliados : Ambiente (superficial),sem palha e com palha. Para o experimento conduzido na terceira época foram observadas condições diferentes de temperatura, com maiores temperaturas e alto índice pluviométrico . A Figura 10 apresenta diferenças na temperatura, com maiores temperaturas nas testemunhas. Observa-se altas temperatura na profundidade de 2 cm, quando apresentou temperatura ambiente de 38ºC, enquanto que na palha e testemunha 27ºC e 43ºC, respectivamente. Vale destacar que a diferença de temperatura foi de até 62% maior entre a testemunha e palha (Figura 10). Desta forma, na profundidade de 10 cm, algumas semelhanças foram observadas, mas com menores temperaturas. Assim, a temperatura 29 máxima apresentada no ambiente foi de 38ºC, na palhada 25ºC e testemunha 34ºC, com diferença de até 73% nos tratamentos sem e com palha. Figura 10. Temperatura na terceira época (Primavera) ano de 2015 do experimento com palha de cana-de-açúcar em diferentes profundidades e apresentando três tratamentos avaliados : Ambiente (superficial),sem palha e com palha. As diferenças de temperaturas observadas no solo com a testemunha e a presença de palha nas três épocas realizadas, podem estar relacionadas a cobertura do solo. De acordo com Gasparin et al. (2005), a superfície do solo, com ou sem cobertura vegetal, é a principal trocadora e armazenadora de energia térmica nos ecossistemas terrestres. É a partir da intensidade da radiação solar na superfície do solo que ele se 30 aquece e se resfria, no decorrer do dia e do ano, provocando variações térmicas nas camadas subjacentes. Pelo fato da absorção e da perda de energia ocorrerem na superfície, aliado à baixa velocidade de propagação do calor no interior do solo, as variações térmicas se limitam aos horizontes mais superficiais. Bragagnolo e Mielniczuk (1990), verificaram que solos sem cobertura aqueceram-se mais que solos cobertos. Azania et al. (2002), observaram que a temperatura diminuiu com o aumento das densidades de palha, sendo a máxima redução observada de 13,2 e 6,2%, comparando a ausência e presença de 20 t ha -1 de palha nas profundidades de 5 e 10 cm, respectivamente. De acordo com Furlani et al. (2008), o sistema plantio direto apresentou temperatura do solo inferior à do preparo convencional, das 8 às 17 h, e essa diferença (amplitude térmica) foi aumentando no decorrer do dia de 0,8 °C (8 h) para 4,7 °C (16 h). A amplitude térmica também é influenciada com a cobertura do solo. Os resíduos sobre o solo reduzem a temperatura e a amplitude térmica, devido à reflexão e à absorção de energia solar incidente, diminuindo assim a perda de água por evaporação (WIERENGA et al., 1982). Segundo Gasparin et al. (2005), quanto maior a camada de cobertura morta sobre o solo, menor é a amplitude de variação da temperatura do solo. É na profundidade de 2 cm que ocorrem as maiores variações da temperatura do solo. Ainda segundo estes autores o comportamento da temperatura do solo a 5 cm se assemelha bastante com o comportamento a 2 cm, porém com amplitude visivelmente menor entre as condições. A profundidade influenciou na redução de temperatura do solo, quanto mais profundo menor foi a temperatura observada. Desta forma, reduções na temperatura do solo ocorrem com maior intensidade em camadas inferiores a 4,0 cm de profundidade (SOUZA, 2014). Isso ocorre, pois, a cobertura por palha, tem a capacidade de modificar o regime térmico diário do solo, principalmente pela capacidade de refletir a radiação solar, impedindo que esta chegue diretamente ao solo para aquecê-lo em demasia (STRECK et al., 1994). A cobertura do solo por palha minimiza a evaporação da água, por diminuir a entrada de energia solar no solo, evitando que esse perca desnecessariamente água, armazenando-a em maior quantidade no solo (HANKS et al., 1961). Além de conservar a água próximo à superfície do solo (AMADO et al., 1990). Com a diminuição 31 do teor de água no solo pela evaporação, observou-se incremento na temperatura, e com isso restando mais energia para o aquecimento do solo (BORTOLUZZI; ELTZ, 2000). Assim a sucessão de dias sem precipitação e alta insolação pode proporcionar aumento na temperatura do solo por disponibilizar maior quantidade de energia global na atmosfera e a transferência de energia para camadas mais profundas do solo. Segundo Prevedello (1996), a capacidade de um solo armazenar e transferir calor é determinada pelas suas propriedades térmicas e pelas condições meteorológicas do local, que, por sua vez, influenciam todos os processos químicos, físicos e biológicos do solo. 6.2 Emergência das plantas daninhas O modelo de Mitscherlich foi ajustado aos dados de número de plantas das nove espécies de plantas daninhas estudadas, que emergiram nas unidades experimentais nas três épocas em que a pesquisa foi conduzida. Considerou-se como variável independente o número de dias contados a partir da instalação do ensaio e como variável dependente o número de plantas. Foram programadas contagens semanais das plantas, mas algumas alterações precisaram ser promovidas em função principalmente da ocorrência de chuvas, alterando o padrão de germinação ou mesmo impedindo a realização de avaliações no dia programado. O modelo de Mitscherlich foi selecionado em função da possibilidade de atribuição de significado biológico a todas as suas constantes. A constante “a” corresponde à assíntota horizontal máxima, que por sua vez corresponde ao máximo número de plantas que esperado para a espécie, na condição experimental utilizada. Deve ser destacado que os dados originais das últimas avaliações se aproximam da assíntota horizontal máxima para todas as espécies e épocas de condução do estudo, indicando que as avaliações foram realizadas por períodos longos o suficiente para que as sementes aptas a germinar o fizessem. Considerando que a mesma quantidade de sementes de cada espécie foi utilizada nas três épocas e em todas as quantidades de palha, a simples comparação das estimativas da constante “a” permite avaliar os efeitos dos tratamentos (quantidades de palha) e épocas de avaliação, na emergência para cada uma das espécies. Ainda no modelo de Mitscherlich, a constante “b” indica o deslocamento lateral da curva e corresponde ao valor das abscissas para a ordenada com valor nulo. Em termos biológicos, indica o momento que a emergência foi iniciada. 32 Quando da instalação dos ensaios, ainda não se tinha clareza sobre quais modelos seriam ajustados aos dados e sobre os possíveis significados biológicos e suas constantes. A análise das figuras que serão apresentadas indica que é bastante relevante estimar a constante “b” com precisão, mas para isso, as avaliações iniciais deveriam ser muito mais frequentes, possivelmente diárias. Esta é a principal falha na metodologia utilizada e que deve ser corrigida em estudos futuros. Valores de “b” próximos a zero, podem indicar que a área experimental já possuía banco de sementes relevante para a espécie em discussão e que essas sementes possivelmente já se encontravam em processo de germinação quando da instalação do ensaio. A constante “c” determina a concavidade da curva que representa o modelo de Mitscherlich ajustado. Maiores valores de “c” indicam uma germinação mais concentrada nos períodos iniciais, permitindo que valores próximos à assíntota horizontal máxima fossem observados para períodos de emergência mais curtos. Alterações nos valores da constante “c” indicam diferentes velocidades de emergência. Com amparo nos valores da constante “c”, podem ser feitas comparações entre tratamentos, épocas de experimentação e também entre diferentes espécies. Para cada uma das épocas de condução dos ensaios, foi realizada análise estatística considerando a disposição dos dados em esquema fatorial que tem como variáveis Quantidades de Palha (QP) e Datas de Avaliação (DA). Optou-se pelo desdobramento da interação QP x DA determinando-se os efeitos de DA em cada uma das quantidades de palha. Em uma segunda etapa, ajustou-se o modelo de Mitscherlich aos números de plantas observados nas diferentes épocas de avaliação. Os coeficientes de determinação apresentados correspondem à razão entre as somas de quadrados do modelo e a soma de quadrados das datas de avaliação para cada quantidade de palha. Os valores das estatísticas “F” foram calculados tendo como denominador o erro experimental para os experimentos completos fatorialmente arranjados conforme o descrito. O número de graus de liberdade do erro experimental ou resíduo (GLR) corresponde ao produto: GLR= (Número de Tratamentos - 1) x (Número de Datas de Avaliação - 1) x (Número de Blocos – 1). Para simplificar a avaliação dos efeitos da palha sobre a emergência das diferentes espécies de plantas daninhas, modelos logísticos foram 33 ajustados aos dados de plantas emergidas em cada uma das épocas, expressos em porcentagem dos números observados nos tratamentos sem palha. Foram analisados apenas os números máximos de plantas, observados na última data de avaliação para cada uma das épocas de condução dos ensaios. Foi realizada análise conjunta dos experimentos conduzidos nas diferentes épocas. Desse modo, foi possível estabelecer curvas de resposta da emergência das plantas daninhas às quantidades de palha, de modo similar às curvas de dose e resposta de controle de plantas daninhas por herbicidas. Neste caso, o modelo selecionado foi o logístico com três constantes (a, b e X0). Destaca-se que o valor da constante “X0” corresponde à quantidade de palha que permite a emergência de um número de plantas que corresponde a 50% dos números verificados no tratamento sem palha. Ou, de outro modo, corresponde à quantidade de palha capaz de reduzir em 50% a emergência de plântulas da espécie em análise. O valor da constante “a” corresponde à assíntota horizontal e inicial máxima e foi fixado como sendo 100 considerando que todos os dados foram expressos em porcentagem do tratamento em que a quantidade de palha foi 0t/ha. Conjuntamente com os modelos, são apresentados os dados originais médios para cada época de condução dos experimentos e a média desses três valores. 6.2.1 Emergência de Ipomoea grandifolia Na Tabela 3 são apresentados os valores das constantes dos modelos de Mitscherlich ajustados aos dados de contagem de Ipomoea grandifolia nas diferentes épocas e tratamentos (0; 2,5; 5; 10; 15 e 20 t ha -1 de palha de cana-de-açúcar). Observa-se que o tratamento sem cobertura com palha foi o que apresentou máxima emergência nas épocas 1 e 3. Apenas na época 2 houve pequena inferioridade em relação ao tratamento com 2,5 t ha -1 de palha. Portanto, os efeitos da palha, quando presentes, foram sempre inibitórios à emergência. Ainda considerando o tratamento sem cobertura com palha, na época 2, com menor precipitação, os números máximos estimados de plantas de I. grandifolia foram bastante inferiores aos observados nas duas demais épocas, indicando que a menor precipitação interferiu negativamente na emergência da espécie. 34 Tabela 3 Equações de regressão estimadas obtidas pelo modelo de Mitscherlich para cada quantidade de palhada em função dos períodos de avaliação após a semeadura na primeira época de realização do experimento. (Q). Modelo ajustado Parâmetros Valores das Constantes F R² P a b c Primeira época (Verão) 0 68,630 -7,000 0,269 27,340 0,999 1,8E -09 2,5 71,401 -7,000 0,209 29,198 0,999 6,4E -10 5 61,036 -7,000 0,186 21,177 0,999 6,7E -08 10 33,925 -7,000 0,213 6,681 0,990 0,002 15 2,750 -7,000 0,970 0,044 1,000 0,956 20 1,000 -7,000 0,918 0,005 1,000 0,994 Segunda época (Outono) 0 55,443 -5,028 0,123 15,784 0,998 2,2E -06 2,5 46,302 -6,192 0,251 14,266 0,999 6,5E -06 5 36,818 -5,852 0,177 8,7735 0,999 0,000 10 32,537 -4,646 0,142 3,6402 0,999 0,031 15 13,823 -4,685 0,132 0,7329 0,999 0,484 20 Y=ax+b 0 0 0 - - - Terceira época (Primavera) 0 74,264 -5,168 0,116 30,595 0,997 8,6E -11 2,5 51,500 -3,897 0,073 12,496 0,961 1,6E -05 5 39,658 -5,692 0,116 11,511 0,998 3,6E -05 10 21,863 -7,015 0,084 6,737 0,982 0,001 15 7,035 -7,001 0,120 0,734 0,998 0,482 20 1,802 -9,572 0,008 0,003 0,345 0,996 Obs : (Q) = Quantidade de palha/ha. Parâmetros :”a” = quantidade máxima de emergência. “b” = inicio da emergência. “c” ajustado pelo modelo na concavidade da curva. 35 Nas Figuras 11 a 15 são apresentados os resultados referentes aos números de plantas de I. grandifolia emergidas por m², em função das diferentes quantidades de palha estudadas, nas três épocas de condução dos experimentos e datas de avaliação. Os resultados são apresentados de diferentes maneiras para simplificar a avaliação dos efeitos de épocas, quantidades de palha e datas de avaliação isoladamente ou combinados. As avaliações ocorreram de zero aos 35 dias após a semeadura da planta daninha na primeira e segunda épocas, e de 0 a 42 dias na terceira. Figura 11. Número de plantas de Ipomoea grandifolia emergidas em diferentes datas de avaliação para cada quantidade de palhada na primeira época do experimento. 36 Figura 12 Número de plantas de Ipomoea grandifolia emergidas em diferentes datas de avaliação para cada quantidade de palhada na segunda época do experimento. 37 Figura 13. Número de plantas de Ipomoea grandifolia emergidas em diferentes datas de avaliação para cada quantidade de palhada na terceira época do experimento. 38 Figura 14. Número de plantas de Ipomoea grandifolia emergidas em função dos períodos de avaliação para as diferentes quantidades de palha de cana-de-açúcar em cada época de condução dos experimentos. 39 Figura 15. Número de plantas de Ipomoea grandifolia emergidas em função dos períodos de avaliação para as diferentes quantidades de palha de cana-de-açúcar em cada época de condução dos experimentos. Exceto pelo com 2,5 t ha -1 de palha, na época 1, a presença de palha sempre teve como efeito a redução do número de plantas emergidas de I. grandifolia. Contudo, reduções expressivas do número de plantas emergidas foram observadas apenas para quantidades de palha iguais ou superiores a 10 t ha -1 . Nas três épocas de avaliação a quantidade de palha de 20 t ha -1 inibiu de modo praticamente completo a emergência de I. grandifolia. A presença de cobertura morta sobre o solo modifica a dinâmica de germinação e emergência das plantas daninhas, principalmente, por alterar a umidade, 40 luminosidade e temperatura do solo (PITELLI, 1997; THEISEN; VIDAL, 1999). Além de causarem efeitos negativos sobre as sementes, a cobertura pode afetar também as plantas recém-emergidas em função da diminuição da incidência de luz e realização de fotossíntese por estes indivíduos (AZANIA et al., 2002; FLECK; VIDAL, 1993), sendo comum observar, em condições de presença de grandes quantidades de palha, a presença de plantas estioladas e amarelecidas. Os resultados obtidos denotam a 50% para 10 t/ha -1 capacidade das cordas-de-viola, em geral, de germinarem e emergirem mesmo sob grandes camadas de palhada. Azania et al. (2002), só constataram redução significativa na população de I. grandifolia, I hederifolia e I. nil na presença de 20 t ha -1 de palha de cana-de-açúcar. Os mesmos autores observaram que para as espécies I. quamoclit e Merremia cissoides o efeito negativo ocorreu na presença de quantidades de palha de cana-de-açúcar entre 15 e 20 t ha -1 . Os dados obtidos em todas as épocas corroboram os resultados obtidos por Theisen e Vidal (1999) e Theisen et al. (2000), onde observou-se diminuição significativa da incidência de plantas daninhas com o incremento das quantidades de palha de aveia na superfície do solo. Mateus et al. (2004), relataram que o aporte de 5 t ha -1 de palha de sorgo de guiné gigante reduziu para 66, 54 e 56% a incidência de gramíneas, folhas largas e total de plantas daninhas, enquanto o aporte de 15 t ha -1 resultou em controle de 95% das gramíneas, 90% das folhas largas e 90% das plantas daninhas em geral, quando comparados com a infestação na ausência de palha. Correia e Durigan (2004), por sua vez, observaram aumento de emergência de I. grandifolia aos 32 dias após a semeadura, na presença de 5, 10 e 15 t ha -1 de cobertura morta. Os autores inferem, ainda, que esta espécie tende a permanecer como planta infestante, mesmo em áreas de colheita mecanizada de cana-de-açúcar justamente por sua capacidade de germinação sob grandes quantidades de palha. Na Figura 16 é apresentado o modelo logístico que relaciona a porcentagem de emergência de Ipomoea grandifolia com a quantidade de palha sobre o solo. Nas Tabelas 4 e 5 são apresentadas as principais informações sobre a análise conjunta dos experimentos conduzidos nas três épocas e sobre o ajuste do modelo logístico aos dados de emergência dessa espécie. 41 O valor da estimativa da constante I-50 foi aproximadamente “7,6” indicando que a presença de palha de cana-de-açúcar sobre o solo, na quantidade de 7,6 t ha -1 reduz em 50% a emergência de plântulas de I. grandifolia. Reduções consistentes da germinação próximas ou superiores a 80% foram previstas apenas para quantidades de palha iguais ou superiores a 15 t ha -1 e somente foram alcançadas para as duas maiores quantidades de palha avaliadas nos experimentos (15 e 20 t ha -1 ). Godoy et al. (2007) observaram que a emergência de I. grandifolia foi afetada negativamente pela presença de 8 t ha -1 de palhada de milheto, porém sem resultar em controle eficiente da mesma. Desta forma, foi possível inferir que esta é espécie só bem controlada pela palha se houver, na superfície do solo, quantidade superior a 8 t ha -1 . Portanto, a palha de cana-de-açúcar pode ser bastante eficiente no controle da emergência de I. grandifolia se estiver uniformemente distribuída no campo em quantidades adequadas. São necessárias 7,6 t ha -1 para reduzir em 50% a emergência. Figura 16. Dados ajustados pelo modelo logístico para a dose necessária para reduzir 50% da emergência (I-50) de Ipomoea grandifolia em função da porcentagem de emergência e da quantidade de palha de cana-de-açúcar recobrindo o solo. 42 Nas Tabelas 4 e 5 são apresentadas as informações sobre a análise dos experimentos conduzidos nas três épocas e sobre o ajuste do modelo logístico aos dados de emergência dessa espécie. Tabela 04 Análise de variância dos tratamentos realizados. FV QM F p Palha 17015,065 34,438 0,027 Época 1912,962 3,872 0,000 Palha * Época 569,564 1,153 0,343 Bloco 1240,119 2,510 0,069 CV (%) 41,31 Tabela 05 Informações utilizadas na confecção da curva de resposta da emergência de Ipomoea grandifolia à quantidade de palha de cana-de-açúcar. Fonte de Variação ou Constante Valor Somatório de Quadrados do Erro 169,50 Somatória de Quadrados Total 24449,70 Coeficiente de Regressão - R 0,993 A 100 B 2,0248 I-50 7,6181 6.2.2 Emergência de Ipomoea nill Na Tabela 6 são apresentados os valores das constantes dos modelos de Mitscherlich ajustados aos dados de contagem de Ipomoea nill nas diferentes épocas e tratamentos (0; 2,5; 5; 10; 15 e 20 t de palha de cana-de-açúcar ha -1 ). 43 Tabela 6. Equações de regressão estimadas obtidas pelo modelo de Mitscherlich para cada quantidade de palhada em função dos períodos de avaliação após a semeadura na primeira época de realização do experimento. (Q). Modelo ajustado Parâmetros Valores das Constantes F R² P a b c Primeira época (Verão) 0 45,099 -7,000 0,382 11,450 0,997 5,E -05 2,5 59,855 -6,999 0,197 19,240 0,996 2,E -07 5 23,933 -6,999 0,159 2,927 0,982 0,060 10 37,294 -6,959 0,182 7,283 0,985 0,001 15 3,140 -7,000 1,983 0,046 0,705 0,954 20 10,300 -7,000 1,039 0,588 0,999 0,557 Segunda época (Outono) 0 75,142 -2,631 0,114 6,804 0,997 0,002 2,5 63,801 -1,259 0,087 4,623 0,985 0,013 5 67,000 -6,249 0,995 1,935 1,000 0,152 10 38,001 -3,934 0,226 0,790 0,999 0,457 15 45,502 -5,891 0,243 7,710 0,893 0,000 20 31,800 -5,816 0,964 0,067 0,992 0,934 Terceira época (Primavera) 0 80,363 -5,607 0,161 26,321 0,999 1,E -09 2,5 75,820 -6,093 0,199 29,247 0,999 1,E -10 5 66,102 -5,352 0,140 17,156 0,999 5,E -07 10 32,190 -7,001 0,115 11,524 0,997 3,E -05 15 16,015 -7,000 0,171 2,967 0,999 0,056 20 6,582 -7,008 0,092 0,467 0,990 0,628 Obs : (Q) = Quantidade de palha/ha. Parâmetros :”a” = quantidade máxima de emergência. “b” = inicio da emergência. “c” ajustado pelo modelo na concavidade da curva. Observa-se que o tratamento sem cobertura da superfície do solo com palha foi o que apresentou máxima germinação nas épocas 2 e 3. Apenas na época 1 44 houve pequena inferioridade em relação ao tratamento com 2,5 t ha -1 de palha. Portanto, os efeitos da palha, quando presentes, foram sempre inibitórios à germinação. Nas Figuras a 17 a 21 são apresentados os resultados referentes aos números de plantas de I. nill emergidas por m², em função das diferentes quantidades de palha sobre o solo, nas três épocas de condução dos experimentos e em datas de avaliação. Os resultados são apresentados de diferentes maneiras para simplificar a avaliação dos efeitos de épocas, quantidades de palha e datas de avaliação isoladamente ou combinados. As avaliações ocorreram de 0 aos 35 dias após a semeadura da planta daninha na primeira e segunda épocas e, de 0 a 42 dias na terceira. Figura 17. Número de plantas de Ipomoea nill emergidas em diferentes datas de avaliação para cada quantidade de palhada na primeira época do experimento. 45 Figura 18. Número de plantas de Ipomoea nill emergidas em diferentes datas de avaliação para cada quantidade de palhada na segunda época do experimento. 46 Figura 19. Número de plantas de Ipomoea nill emergidas em diferentes datas de avaliação para cada quantidade de palhada na terceira época do experimento. 47 Figura 20. Número de plantas de Ipomoea nill emergidas em diferentes contagens após a semeadura em função de seu recobrimento por diferentes quantidades de palha de cana-de-açúcar em todas as épocas do experimento. 48 Figura 21. Número de plantas de Ipomoea nill emergidas em diferentes contagens após a semeadura em função de seu recobrimento por diferentes quantidades de palha de cana-de-açúcar em todas as épocas do experimento. Na época 1, o incremento na de palha sempre teve como efeito a redução do número de plantas emergidas de I. nill, porém de maneira desuniforme, onde nos tratamentos com 2,5, 10 e 20 t ha -1 de palha a quantidade de plantas de I. nill emergidas foi superior aos tratamentos com 0, 5 e 15 t ha -1 de palha de cana-de-açúcar, respectivamente. Nas épocas 2 e 3, a redução no número de plantas emergidas foi proporcional a quantidade de palha sobre a superfície do solo. Contudo, reduções expressivas do número de plantas emergidas foram observadas para quantidades de palha iguais ou superiores a 10 t ha -1 , com exceção do tratamento com 5 t ha -1 de palha. Os tratamentos com 15 e 20 t ha -1 de palha inibiram a emergência de I. nill em, aproximadamente, 55, 80 e 90% na segunda, primeira e terceira época, respectivamente. 49 Diversos estudos demonstraram que as espécies do gênero Ipomoea são capazes de germinar com ou sem a presença de luz, sendo consideradas fotoblásticas indiferentes. Felipe e Polo (1983), ao estudarem a germinação de espécies da família Convolvulaceae, na presença e ausência de luz, demonstraram que Ipomoea acuminata é classificada como indiferente. Resultado semelhante foi obtido por Dias Filho (1996) em relação à espécie Ipomoea asarifolia. Tal fator pode explicar o fato de mesmo sob 20 t ha -1 de palha ainda ocorrer emergência de I. nill, como demonstrado nas Figuras 31, 32 e 33. Na Figura 22 é apresentado o modelo logístico que relaciona a porcentagem de emergência de I. nill com a quantidade de palha sobre o solo. O valor da estimativa da constante I-50 indica que a presença de palha de cana-de-açúcar sobre o solo, na quantidade de 10,77 t ha -1 de palha reduz em 50% a emergência de plântulas de I. nill. Reduções consistentes da germinação próximas a 80% são observados apenas para quantidades de palha iguais ou superiores a 20 t ha -1 . De acordo com os resultados obtidos, a palha de cana-de-açúcar e são necessárias 10,77 t ha -1 para reduzir em 50% a emergência. Somente as duas maiores quantidades de palha avaliadas (15 e 20 t ha -1 ), reduziram consistentemente o número de plantas emergidas a valores próximos de 70% dos valores encontrados no tratamento testemunha (sem cobertura com palha). Figura 22. Dados ajustados pelo modelo logístico para a dose necessária para reduzir 50% da emergência (I-50) de Ipomoea nill em função da porcentagem de emergência e da quantidade de palha de cana-de-açúcar recobrindo o solo. 50 Nas Tabelas 7 e 8 são apresentadas as principais informações sobre a análise conjunta dos experimentos conduzidos nas três épocas e sobre o ajuste do modelo logístico aos dados de emergência dessa espécie. Tabela 07. Análise de variância dos tratamentos realizados. FV QM F p Palha 13975,307 18,751 0,190 Época 1275,087 1,711 0,000 Palha * Época 1961,855 2,632 0,011 Bloco 286,741 0,385 0,764 CV (%) 41,75 Tabela 08. Informações utilizadas na confecção da curva de resposta da emergência de Ipomoea nill à quantidade de palha de cana-de-açúcar. Fonte de Variação ou Constante Valor Somatório de Quadrados do Erro 185,3000 Somatória de Quadrados Total 31493,5000 Coeficiente de Regressão – R 0,9940 A 100 B 2,0256 I-50 10,7729 6.2.3 Emergência de Ipomoea quamoclit Na Tabela 9 são apresentados os valores das constantes dos modelos de Mitscherlich ajustados aos dados de contagem de Ipomoea quamoclit nas diferentes épocas e tratamentos (0; 2,5; 5; 10; 15 e 20 t de palha de cana-de-açúcar ha -1 ). 51 Tabela 9. Equações de regressão estimadas obtidas pelo modelo de Mitscherlich para cada quantidade de palhada em função dos períodos de avaliação após a semeadura na primeira época de realização do experimento. (Q). Modelo ajustado Parâmetros Valores das Constantes F R² P a b c Primeira época (Verão) 0 62,873 -6,999 0,173 36,33 0,992 1,E -11 2,5 65,470 -7,000 0,211 40,91 0,999 1,E -12 5 43,688 -6,999 0,179 17,41 0,986 7,E -07 10 26,234 -7,000 0,220 6,566 0,999 0,002 15 10,630 -6,999 0,168 1,012 0,981 0,368 20 9,403 -7,000 0,096 0,748 0,991 0,476 Segunda época (Outono) 0 54,008 -6,551 0,115 0,998 40,841 2,E -12 2,5 48,932 -6,441 0,153 0,998 29,986 4,E -10 5 44,445 -6,435 0,147 0,998 24,865 7,E -09 10 40,013 -6,557 0,071 0,963 21,233 7,E -08 15 29,344 -6,608 0,173 0,999 11,851 4,E- 05 20 7,346 -6,666 0,128 0,998 0,773 0,463 Terceira época (Primavera) 0 89,319 -5,777 0,200 18,61 0,999 1,E -07 2,5 81,850 -3,876 0,102 10,34 0,994 9,E -05 5 68,708 -4,838 0,117 10,12 0,998 0,000 10 24,619 -5,641 0,045 2,010 0,705 0,140 15 28,833 -7,018 0,081 5,393 0,978 0,006 20 10,731 -7,252 0,048 0,583 0,760 0,559 Obs : (Q) = Quantidade de palha/ha. Parametros :”a” = quantidade máxima de emergência. “b” = inicio da emergência. “c” ajustado pelo modelo na concavidade da curva. Nas Figuras 23 a 27 são apresentados os resultados referentes aos números de plantas de I. quamoclit emergidas por m², em função de diferentes quantidades de palha, nas três épocas de condução dos experimentos e datas de avaliação. As avaliações ocorreram de 0 aos 35 dias após a semeadura da planta daninha na primeira e segunda épocas, e de 0 a 42 dias na terceira. 52 Figura 23. Número de plantas de Ipomoea quamoclit emergidas em diferentes datas de avaliação para cada quantidade de palhada na primeira época do experimento. 53 Figura 24. Número de plantas de Ipomoea quamoclit emergidas em diferentes datas de avaliação para cada quantidade de palhada na segunda época do experimento. 54 Figura 25. Número de plantas de Ipomoea quamoclit emergidas em diferentes datas de avaliação para cada quantidade de palhada na terceira época do experimento. 55 Figura 26. Número de plantas de Ipomoea quamoclit emergidas em diferentes contagens após a semeadura em função de seu recobrimento por diferentes quantidades de palha de cana-de-açúcar em todas as épocas do experimento. 56 Figura 27. Número de plantas de Ipomoea quamoclit emergidas em diferentes contagens após a semeadura em função de seu recobrimento por diferentes quantidades de palha de cana-de-açúcar em todas as épocas do experimento. O tratamento sem cobertura com palha apresentou máxima emergência de plântulas apenas nas épocas 2 e 3. Já na época 1, os maiores valores foram obtidos na presença de 2,5 t ha -1 de palha. De forma geral, os efeitos de maiores quantidades de palha sobre o solo, quando presentes, foram de inibição à germinação e/ou emergência. Os valores máximos estimados de emergência ocorreram na terceira época e, a maior redução da emergência de I. quamoclit foi observada na presença de 20 t ha -1 de palha, em todas as épocas de realização do experimento. Reduções expressivas do número de plantas emergidas de I. quamoclit foram observadas apenas para quantidades de palha iguais ou superiores a 15 t 57 ha -1 em todas as épocas avaliadas. Contudo, em nenhum dos períodos avaliados e épocas de condução do experimento houve inibição completa (100%) na emergência de I. quamoclit. Na Figura 28 é apresentado o modelo logístico que relaciona a porcentagem de emergência de I. quamoclit com a quantidade de palha sobre o solo. O I- 50 determinado para esta espécie foi de, aproximadamente, 9,6 t ha -1 . O valor da estimativa da constante I-50 indicou que a presença de palha de cana-de-açúcar sobre o solo, na quantidade de 9,62 t ha -1 reduz em 50% a emergência de plântulas de I. quamoclit. Reduções consistentes da germinação próximas ou superiores a 80% foram previstas apenas para quantidades de palha iguais ou superiores a 20 t ha -1 (Figura 28). Portanto, a palha de cana-de-açúcar pode ser bastante eficiente no controle da emergência de I. quamoclit se estiver uniformemente distribuída no campo em quantidades adequadas. São necessárias 9,62 t ha -1 para reduzir em 50% a emergência. Somente as duas maiores quantidades de palha avaliadas (15 e 20 t ha -1 ), reduziram consistentemente o número de plantas emergidas a valores próximos ou inferiores a 40% dos valores encontrados no tratamento testemunha (sem cobertura com palha). Figura 28 Dados ajustados pelo modelo logístico para a dose necessária para reduzir 50% da emergência (I-50) de Ipomoea quamoclit em função da porcentagem de emergência e da quantidade de palha de cana-de-açúcar recobrindo o solo. 58 Nas Tabelas 10 e 11 são apresentadas as principais informações sobre a análise conjunta dos experimentos conduzidos nas três épocas e sobre o ajuste do modelo logístico aos dados de emergência dessa espécie. Tabela 10 Análise de variância dos tratamentos realizados. FV QM F p Palha 15173,438 34,826 0,078 Época 1164,2161 2,672 0,000 Palha * Época 450,865 1,035 0,428 Bloco 233,153 0,535 0,660 CV (%) 34,22 Tabela 11 Informações utilizadas na confecção da curva de resposta da emergência de Ipomoea quamoclit à quantidade de palha de Cana-de-açúcar. Fonte de Variação ou Constante Valor Somatório de Quadrados do Erro 103,200 Somatória de Quadrados Total 28649,300 Coeficiente de Regressão - R 0,996 A 100,000 B 2,075 I-50 9,625 6.2.4 Emergência de Ipomoea hederifolia Na Tabela 12 são apresentados os valores das constantes dos modelos de Mitscherlich ajustados aos dados de contagem de Ipomoea hederifolia nas diferentes épocas e tratamentos (0; 2,5; 5; 10; 15 e 20 t de palha de cana-de-açúcar ha -1 ). 59 Tabela 12. Equações de regressão estimadas obtidas pelo modelo de Mitscherlich para cada quantidade de palhada em função dos períodos de avaliação após a semeadura na primeira época de realização do experimento. (Q). Modelo ajustados Parâmetros Valores das Constantes F R² P a b c Primeira época (Verão) 0 82,207 -7,000 0,278 38,46 0,999 5,E-12 2,5 69,450 -7,000 0,380 27,74 0,999 1,E-09 5 77,453 -7,000 0,272 34,29 0,999 4,E-11 10 44,680 -7,000 0,258 11,339 0,999 5,E-05 15 27,127 -6,999 0,181 3,961 0,985 0,023 20 2,300 -7,000 0,913 0,028 0,992 0,971 Segunda época (Outono) 0 78,226 -4,385 0,115 6,971 0,997 0,001 2,5 80,881 -2,000 0,111 2,036 0,996 0,138 5 74,311 -2,000 0,109 0,582 0,952 0,561 10 56,399 -2,000 0,070 0,181 0,632 0,834 15 39,678 -2,000 0,065 0,242 0,663 0,785 20 46,413 -2,000 0,057 0,028 0,246 0,972 Terceira época (Primavera) 0 52,826 -3,230 0,090 8,653 0,987 0,000 2,5 46,840 -4,117 0,091 9,790 0,988 0,000 5 42,163 -5,795 0,118 14,338 0,998 4,E-06 10 17,089 -7,001 0,119 4,530 0,998 0,013 15 4,553 -7,007 0,119 0,302 0,959 0,740 20 Y=ax+b 0 0 0 0 - 1,000 Obs : (Q) = Quantidade de palha/ha. Parametros :”a” = quantidade máxima de emergência. “b” = inicio da emergência. “c” ajustado pelo modelo na concavidade da curva. Nas Figuras 29 a 33 são apresentados os resultados referentes aos números de plantas de Ipomoea hederifolia emergidas por m², em função das diferentes 60 quantidades de palha estudadas, nas três épocas de condução dos experimentos e datas de avaliação. Os resultados são apresentados de diferentes maneiras para simplificar a avaliação dos efeitos de épocas, quantidades de palha e datas de avaliação isoladamente ou combinados. As avaliações ocorreram de zero aos 35 dias após a semeadura da planta daninha na primeira e segunda épocas, e de 0 a 42 dias na terceira. Figura 29. Número de plantas de Ipomoea hederifolia emergidas em diferentes datas de avaliação para cada quantidade de palhada na primeira época do experimento. 61 Figura 30. Número de plantas de Ipomoea hederifolia emergidas em diferentes datas de avaliação para cada quantidade de palhada na segunda época do experimento. 62 Figura 31. Número de plantas de Ipomoea hederifolia emergidas em diferentes datas de avaliação para cada quantidade de palhada na terceira época do experimento. 63 Figura 32. Número de plantas de Ipomoea hederifolia emergidas em diferentes contagens após a semeadura em função de seu recobrimento por diferentes quantidades de palha de cana-de-açúcar em todas as épocas do experimento. 64 Figura 33. Número de plantas de Ipomoea hederifolia emergidas em diferentes contagens após a semeadura em função de seu recobrimento por diferentes quantidades de palha de cana-de-açúcar em todas as épocas do experimento. Observa-se que o tratamento com 0; 2,5 e 5 t ha -1 apresentaram maior número de plantas emergidas para a as duas primeiras épocas. Entretanto para os tratamentos a partir de 10 t ha -1 é possível verificar inibição da emergência. Desta forma, fica evidente que os efeitos da palha, em maiores quantidades, foram inibitórios à germinação. Contudo, reduções expressivas do número de plantas emergidas foram observadas apenas para quantidades de palha iguais ou superiores a 15 t ha -1 , principalmente na época 2. A quantidade de palha de 20 t ha -1 inibiu praticamente toda a espécies nas primeiras e terceira época e na segunda época aproximadamente mais de 50% a emergência de I. hederifolia. 65 Espécies dos gêneros Ipomoea e Merremia são conhecidas por causarem grandes danos na cultura da cana-de-açúcar (PARREIRA et al., 2009). Em trabalho realizado por Correia e Durigan (2004), observou-se que 5, 10 e 15 t ha -1 de palha de cana-de-açúcar não foram suficientes para reduzir substancialmente a quantidade de plântulas de I. grandifolia e I. hederifolia emergidas. Já Labonia et al. (2009) concluíram que I. hederifolia e I. nill não tiveram a emergência afetada pela presença de 10 t ha -1 de palha de cana-de-açúcar. Na Figura 34 é apresentado o modelo logístico que relaciona a porcentagem de emergência de I. hederifolia com a quantidade de palha sobre o solo. O valor da estimativa da constante I-50 foi aproximadamente “10,84” indicando que a presença de palha de cana-de-açúcar sobre o solo, na quantidade de 10,84 t ha -1 reduz em 50% a emergência de plântulas de I. hederifolia. Reduções consistentes da germinação próximas ou superiores a 80% foram previstas apenas para quantidades de palha iguais ou superiores a 20 t ha -1 . Portanto, a palha de cana-de-açúcar pode ser bastante eficiente no controle da emergência de I. hederifolia se estiver uniformemente distribuída no campo em quantidades adequadas. São necessárias 10,84 t ha -1 para reduzir em 50% a emergência. Somente as duas maiores quantidades de palha avaliadas (15 e 20 t ha -1 ), reduziram consistentemente o número de plantas emergidas a valores próximos ou inferiores a 30% dos valores encontrados no tratamento testemunha (sem cobertura com palha). 66 Figura 34. Dados ajustados pelo modelo logístico para a dose necessária para reduzir 50% da emergência (I-50) de Ipomoea hederifolia em função da porcentagem de emergência e da quantidade de palha de cana-de-açúcar recobrindo o solo. Nas Tabelas 14 e 15 são apresentadas as principais informações sobre a análise conjunta dos experimentos conduzidos nas três épocas e sobre o ajuste do modelo logístico aos dados de emergência dessa espécie. Tabela 14. Análise de variância dos tratamentos realizados. FV QM F p Palha 13951,884 29,363 0,000 Época 5187,860 10,918 0,000 Palha * Época 713,701 1,502 0,166 Bloco 168,687 0,355 0,785 CV (%) 33,79 67 Tabela 15. Informações utilizadas na confecção da curva de resposta da emergência de Ipomoea hederifolia à quantidade de palha de cana-de-açúcar. Fonte de Variação ou Constante Valor Somatório de Quadrados do Erro 43,46 Somatória de Quadrados Total 30770,10 Coeficiente de Regressão - R 0,999 A 100,000 B 2,346 I-50 10,846 6.2.5 Emergência de Euphorbia heterophylla Na Tabela 16 são apresentados os valores das constantes dos modelos de Mitscherlich ajustados aos dados de contagem de Euphorbia heterophylla nas diferentes épocas e tratamentos (0; 2,5; 5; 10; 15 e 20 t ha -1 de palha de cana-de-açúcar). Em todas as épocas de realização do experimento, observa-se que o tratamento sem cobertura da superfície do solo com palha foi apresentou máxima emergência de plântulas de E. heterophylla por m². Isto denota a redução na quantidade de plântulas emergidas em função da presença de palha. 68 Tabela 16. Equações de regressão estimadas obtidas pelo modelo de Mitscherlich para cada quantidade de palhada em função dos períodos de avaliação após a semeadura na primeira época de realização do experimento. (Q). Modelo ajustado Parâmetros Valores das Constantes F R² P a b c Primeira época (Verão) 0 91,475 -6,998 0,141 67,764 0,9740 5,E -17 2,5 82,891 -6,999 0,144 57,646 0,994 1,E -15 5 83,644 -6,884 0,052 34,333 0,788 4,E -11 10 54,721 -6,996 0,127 23,322 0,957 1,E -08 15 20,151 -6,999 0,205 3,467 0,980 0,036 20 15,059 -6,828 0,045 0,904 0,683 0,409 Segunda época (Outono) 0 70,254 -3,000 0,160 2,123 0,796 0,080 2,5 67,003 -3,000 0,095 5,173 0,745 0,003 5 43,810 -3,000 0,216 - - - 10 37,573 -3,000 0,069 4,029 0,936 0,022 15 32,105 -3,000 0,077 0,845 0,498 0,433 20 23,133 -3,000 0,906 1,089 0,884 0,342 Terceira época (Primavera) 0 82,907 -6,662 0,118 70,635 0,998 5,E -19 2,5 82,509 -6,722 0,138 72,275 0,998 3,E -19 5 65,092 -5,538 0,112 12,869 0,505 1,E -05 10 16,470 -7,046 0,069 3,039 0,948 0,052 15 20,309 -7,484 0,041 2,957 0,591 0,057 20 11,425 -8,339 0,029 0,289 0,153 0,749 Obs : (Q) = Quantidade de palha/ha. Parametros :”a” = quantidade máxima de emergência. “b” = inicio da emergência. “c” ajustado pelo modelo na concavidade da curva. Nota-se, no entanto, que mesmo sob grandes quantidades de palha de cana-de-açúcar (20 t ha -1 ), ainda foi observada emergência de E. heterophylla nas três épocas avaliadas. Contudo, reduções expressivas do número de plantas emergidas foram observadas apenas para quantidades de palha iguais ou superiores a 15 t ha -1 , na primeira época, e acima de 10 t/ha foram apresentadas na terceira época. Nas três épocas de 69 avaliação a quantidade de palha de 20 t ha -1 inibiu de modo não significativo na emergência de E. heterophylla (Tabela 16). Nas Figuras a 35 a 39 são apresentados os resultados referentes aos números de plantas de E. heterophylla emergidas por m², em função das diferentes quantidades de palha estudadas, nas três épocas de condução dos experimentos e períodos de avaliação. As avaliações ocorreram de zero aos 35 dias após a semeadura da planta daninha na primeira e segunda épocas, e de 0 a 42 dias na terceira. Figura 35. Número de plantas de Euphorbia heterophylla emergidas em diferentes datas de avaliação para cada quantidade de palhada na primeira época do experimento. 70 Figura 36. Número de plantas de Euphorbia heterophylla emergidas em diferentes datas de avaliação para cada quantidade de palhada na segunda época do experimento. 71 Figura 37. Número de plantas de Euphorbia heterophylla emergidas em diferentes datas de avaliação para cada quantidade de palhada na terceira época do experimento. 72 Figura 38. Número de plantas de Euphorbia heterophylla emergidas em diferentes contagens após a semeadura em função de seu recobrimento por diferentes quantidades de palha de cana-de-açúcar em todas as épocas do experimento. 73 Figura 39. Número de plantas de Euphorbia heterophylla emergidas em diferentes contagens após a semeadura em função de seu recobrimento por diferentes quantidades de palha de cana-de-açúcar em todas as épocas do experimento. O melhor controle, ou seja, a menor quantidade de plantas emergidas por área foi obtido com os tratamentos que continham 15 e 20 t ha -1 de palha. Tais resultados demonstram que E. heterophylla se caracteriza como uma espécie que só tem a germinação e /ou emergência suprimida quando sob grandes quantidades de palha (acima de 15 t ha -1 ). Este comportamento se repetiu em todas as épocas de realização do experimento e, na terceira época, o tratamento com 10 t ha -1 de palha de cana-de-açúcar suprimiu fortemente a emergência de E. heterophylla, equiparando-se aos tratamentos com 15 e 20 t ha -1 . Na segunda época, a diferença de desempenho entre os tratamentos não foi 74 tão discrepante quanto na primeira época, onde houve redução pela metade de quantidade de plantas emergidas por m² já no tratamento com 5 t ha -1 . Quando comparadas todas as épocas do experimento dentro do mesmo tratamento (Figura 38), observa-se que para os tratamentos com 0, 2,5 e 5 t ha -1 , os melhores resultados foram obtidos na segunda época do experimento. Com a adição de 10 t ha -1 de palha sobre o solo, o menor número de plantas emergidas por m² ocorreu na terceira época de execução do experimento. Nos tratamentos com 15 e 20 t ha -1 , os resultados mais promissores foram observados na primeira e na terceira época do experimento. De acordo com Velini et al. (2000), espécies como Brachiaria decumbens , Brachiaria plantaginea, Digitaria horizontalis e Panicum maximum são controladas de forma eficiente quando o solo está coberto por quantidade igual ou superior a 15 t ha -1 . Já espécies como Ipomoea grandifolia e Euphorbia heterophylla não apresentam o mesmo comportamento, não sendo controladas com eficiência por palha (MARTINS et al., 1999). Resultados semelhantes foram obtidos por Medeiros (2001), que não observou redução de emergência de E. heterophylla na presença de 15 t ha -1 de palha. Na Figura 40 é apresentado o modelo logístico que relaciona a porcentagem de emergência Euphorbia heterophylla com a quantidade de palha sobre o solo. O I-50 determinado para esta espécie foi de, aproximadamente, 9,3 t ha -1 , indicando que esta quantidade de palha de cana-de-açúcar sobre o solo reduz em 50% a emergência de E. heterophylla. Reduções consistentes da germinação próximas ou superiores a 80% foram previstas apenas para a maior quantidade de palha avaliadas nos experimentos (20 t ha -1 ). Diversos autores destacam que quantidades inferiores a 15 t ha -1 de palha não são eficientes no controle de E. heterophylla (MARTINS et al., 1999; MEDEIROS, 2001; VELINI et al., 2000). Conclui-se, portanto, que apenas quantidades de 15 a 20 t ha -1 de palha ou mais reduziram de forma significativa e consiste o número de plantas emergidas a valores próximos ou inferiores a 30% dos valores observados no tratamento testemunha (0 t ha -1 de palha) 75 Figura 40. Dados ajustados pelo modelo logístico para a dose necessária para reduzir 50% da emergência (I-50) de Euphorbia heterophylla em função da porcentagem de emergência e da quantidade de palha de cana-de-açúcar recobrindo o solo. Nas Tabelas 17 e 18 são apresentadas as principais informações sobre a análise conjunta dos experimentos conduzidos nas três épocas e sobre o ajuste do modelo logístico aos dados de emergência dessa espécie. . Tabela 17. Análise de variância dos tratamentos realizados. FV QM F p Palha 14108,646 54,053 0,000 Época 540,590 2,071 0,1365 Palha * Época 670,555 2,569 0,013 Bloco 354,444 1,358 0,266 CV (%) 60,952 76 Tabela 18. Informações utilizadas na confecção da curva de resposta da emergência de Euphorbia heterophylla à quantidade de palha de cana-de-açúcar. Fonte de Variação ou Constante Valor Somatório de Quadrados do Erro 20,530 Somatória de Quadrados Total 28187,700 Coeficiente de Regressão – R 0,999 A 100,000 B 1,912 I-50 9,299 6.2.6 Emergência de Merremia aegyptia Na Tabela 19 são apresentados os valores das constantes dos modelos de Mitscherlich ajustados aos dados de contagem de Merremia aegyptia nas diferentes épocas e tratamentos (0; 2,5; 5; 10; 15 e 20 t de palha de cana-de-açúcar ha -1 ). Nas Figuras a 41 a 45 são apresentados os resultados referentes aos números de plantas de Merremia aegyptia emergidas por m², em função das diferentes quantidades de palha estudadas, nas três épocas de condução dos experimentos e datas de avaliação. Os resultados são apresentados de diferentes maneiras para simplificar a avaliação dos efeitos de épocas, quantidades de palha e datas de avaliação isoladamente ou combinados. As avaliações ocorreram de zero aos 35 dias após a semeadura da planta daninha na primeira e segunda épocas, e de 0 a 42 dias na terceira. 77 Tabela 19. Equações de regressão estimadas obtidas pelo modelo de Mitscherlich para cada quantidade de palhada em função dos períodos de avaliação após a semeadura na primeira época de realização do experimento. (Q). Modelo ajustado Parâmetros Valores das Constantes F R² P a b c Primeira época (Verão) 0 74,748 -7,000 0,211 106,8 0,999 7,E -22 2,5 82,879 -7,000 0,281 135,5 0,994 1,E -24 5 66,462 -7,000 0,228 84,94 0,999 2,E -19 10 38,610 -7,000 0,113 26,22 0,999 3,E -09 15 9,418 -6,999 0,140 1,588 0,992 0,211 20 8,278 -7,000 0,209 1,339 0,923 0,268 Segunda época (outono) 0 7