UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS CÂMPUS DE JABOTICABAL Orientador: Prof. Dr. Aulus Cavalieri Carciofi JABOTICABAL – S.P. 2º semestre/2024 ESTRATÉGIAS NUTRICIONAIS NO MANEJO DA DOENÇA PERIODONTAL EM CÃES E GATOS – REVISÃO DE LITERATURA Caroline Paschoal Caroline Paschoal Relatório do Estágio Curricular em Prática Veterinária apresentado à Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Câmpus de Jaboticabal, Unesp, para graduação em Medicina Veterinária Relatório do Estágio Curricular em Prática Veterinária apresentado à Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Câmpus de Jaboticabal, Unesp, para graduação em Medicina Veterinária UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS CAMPUS DE JABOTICABAL Caroline Paschoal Orientador: Prof. Dr. Aulus Cavalieri Carciofi Supervisora: Geovana Inez Leão Caporusso JABOTICABAL – S.P. 2º SEMESTRE DE 2024 RELATÓRIO FINAL DO ESTÁGIO CURRICULAR OBRIGATÓRIO DO CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA, REALIZADO JUNTO À ADIMAX, EM SALTO DE PIRAPORA - SP E SOROCABA - SP Assunto de interesse: Estratégias nutricionais no manejo da doença periodontal em cães e gatos – revisão de literatura P279e Paschoal, Caroline Estratégias nutricionais no manejo da doença periodontal em cães e gatos - revisão de literatura / Caroline Paschoal. -- Jaboticabal, 2024 36 p. : il., tabs., fotos Trabalho de conclusão de curso (Bacharelado - Medicina Veterinária) - Universidade Estadual Paulista (UNESP), Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Jaboticabal Orientador: Aulus Cavalieri Carciofi 1. Ração animal. 2. Rações aditivos. 3. Doença periodontal. 4. Animais de companhia. I. Título. Sistema de geração automática de fichas catalográficas da Unesp. Dados fornecidos pelo autor(a). https://v3.camscanner.com/user/download Agradecimentos Agradeço primeiramente à minha família, responsável por eu estar onde estou e ser quem eu sou hoje, pelo amor incondicional e por me incentivarem a correr atrás dos meus sonhos. À República Chá na Brasa, minha segunda família e suporte emocional em Jaboticabal. Obrigada por estarem comigo em todos os momentos, seja em festas, nos estudos da madrugada ou mesmo em casa sem fazer nada. Vocês tornaram cada experiência mais especial. Ao meu namorado Vitor, por não medir esforços para me ver feliz, me mimando nos momentos de estresse, me fazendo rir das coisas mais bobas, acreditando em mim quando eu mesma duvidava e me apoiando em toda e qualquer situação. Aos meus amigos da veterinária, Fabricio, Yasmin, Adélia e Maria Carolina, pela amizade, risadas e suporte durante os momentos mais difíceis da graduação. Obrigada por deixarem até as aulas mais chatas mais leves. Ao Grupo de Estudos em Pequenos Animais (GEPA) por me proporcionar desenvolvimento profissional e pessoal. É nítido para mim o quanto evoluí desde que entrei no grupo, e devo isso a todos os membros que fizeram parte dessa trajetória ao meu lado. Ao Laboratório de Pesquisa em Nutrição e Doenças Nutricionais de Cães e Gatos “Prof. Dr. Flávio Prada”, especialmente à Me. Maria Eduarda Tozato e Dra. Stephanie Theodoro, por estarem sempre presentes para nós, estagiários, e darem- nos oportunidades para crescermos e um dia nos tornarmos profissionais excelentes como vocês. Agradeço também à Ticiane Bitencourt, minha co-orientadora de iniciação científica, que me ensinou muito sobre a nutrição e também é uma inspiração para mim. Por fim, agradeço ao meu orientador, Prof. Dr. Aulus Cavalieri Carciofi, pela paciência e orientação ao longo da elaboração deste trabalho e de todo o estágio. Agradeço também pela didática excelente e por todo conhecimento transmitido durante as aulas da graduação, que foram fundamentais para despertar meu interesse na nutrição de cães e gatos, possibilitando a concretização deste trabalho. v Sumário I. Relatório de estágio ................................................................................................ 6 1. Introdução ................................................................................................................. 6 2. Descrição dos locais de estágio ................................................................................ 6 3. Descrição e discussão das atividades ..................................................................... 8 3.1. Treinamentos ................................................................................................. 9 3.2. Instituto Adimax ............................................................................................ 10 3.3. Pesquisa e Desenvolvimento ....................................................................... 11 3.4. Laboratório ................................................................................................... 12 3.5. Produção e Qualidade .................................................................................. 14 3.6. Comunicação ............................................................................................... 15 3.7. Comercial ..................................................................................................... 16 4. Considerações finais .............................................................................................. 18 II. Monografia ............................................................................................................. 19 1. Introdução ............................................................................................................... 19 2. Doença periodontal em cães e gatos ...................................................................... 20 3. Estratégias nutricionais no manejo da doença periodontal em cães e gatos ......... 22 3.1. Tipo de dieta ........................................................................................... 23 3.2. Petiscos dentais ...................................................................................... 24 3.3. Aditivos em alimentos ............................................................................. 25 3.3.1. Polifosfatos ...................................................................................... 25 3.3.2. Alga Ascophyllum nodosum ........................................................... 27 3.3.3. Anticorpos IgY ................................................................................ 28 3.3.4. Extratos vegetais ............................................................................ 28 4. Considerações finais .......................................................................................... 29 5. Referênca ........................................................................................................... 30 6 I. Relatório de Estágio 1. Introdução O presente trabalho de conclusão de curso tem por objetivo descrever as atividades desenvolvidas pela discente Caroline Paschoal durante o período de estágio curricular em prática veterinária, correspondente ao décimo semestre do curso de Medicina Veterinária da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias (FCAV) - Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP), Campus de Jaboticabal, sob orientação do Prof. Dr. Aulus Cavalieri Carciofi. O estágio curricular foi realizado entre os dias 12 de agosto de 2024 e 29 de novembro de 2024, na empresa Adimax, localizada parte em Salto de Pirapora – SP e parte em Sorocaba - SP, sob supervisão da Médica Veterinária Geovana Inez Leao Caporusso, gerente nacional do departamento Acelera Fórmula Natural. O objetivo do estágio curricular foi aprofundar o conhecimento sobre a nutrição de cães e gatos, além de desenvolver as habilidades necessárias para atuar em empresas do setor pet. Isso foi alcançado através do acompanhamento das atividades de diferentes setores na empresa onde o médico veterinário pode atuar, além da participação em treinamentos e acesso a conteúdos gerados pela empresa. Com isso, o estágio teve como finalidade integrar o conhecimento teórico oferecido no curso de graduação com a experiência prática dentro da empresa, visando preparar a aluna para o mercado profissional, além de contribuir para seu crescimento pessoal. 2. Descrição dos locais de estágio A empresa Adimax, uma das maiores fabricantes de alimentos para cães e gatos atualmente no cenário nacional, foi fundada em 2002 na cidade de Salto de Pirapora (SP), a qual abriga sua primeira unidade fabril, sendo as demais localizadas em Feira de Santana (BA), Abreu e Lima (PE), Uberlândia (MG), Goianópolis (GO) e Juatuba (MG). Além da matriz, Salto de Pirapora abriga, ainda, a sede corporativa da empresa, a Trans Adimax, transportadora própria da empresa, e o Instituto Adimax, responsável pelos projetos sociais da empresa. A Adimax possui, ainda, um escritório localizado na cidade de Sorocaba (SP), que abriga parte do seu corporativo, e cinco centros de 7 distribuição em diferentes estados brasileiros. Atualmente, a empresa conta com mais de 2.400 colaboradores em todas as suas unidades. O complexo fabril de Salto de Pirapora é composto por cinco unidades fabris. A primeira delas é responsável pela produção das rações secas das linhas Magnus, Origens, Qualidy, Capitão Dog, Domus e Gatan, possuindo cinco linhas de produção. A segunda é responsável exclusivamente pela produção de rações secas da marca Fórmula Natural, possuindo como um dos diferenciais, a presença de câmaras frias onde são armazenadas e processadas as carnes utilizadas na formulação. A terceira e a quarta fábrica são responsáveis pela produção de alimentos úmidos e biscoitos, respectivamente, de todas as marcas. Por fim, a quinta fábrica é responsável pela produção dos chamados “Premix”, que são preparados contendo vitaminas, minerais, antioxidantes, antifúngicos e outros microingredientes. Além das fábricas, a unidade conta, ainda, com um laboratório onde são realizadas as análises microbiológicas, físico-químicas e bromatológicas de matérias- primas e produto acabado, e um prédio administrativo. Figura 1: vista aérea da unidade fabril de Salto de Pirapora Fonte: adimax.com.br A sede corporativa situa-se em frente à unidade fabril de Salto de Pirapora. No andar térreo, situa-se o setor de recursos humanos (RH). No primeiro andar, situa-se a área comercial, além do Trade Marketing, financeiro e logística. No segundo andar, estão os setores de tecnologia da informação (T.I.), desenvolvimento e inovação de embalagens, saúde, segurança e meio ambiente (SSMA), contabilidade, faturamento, fiscal, suprimentos, facilities e projetos. Por fim, no terceiro andar, estão os setores de 8 qualidade, pesquisa e desenvolvimento (P&D), planejamento e controle de produção (PCP), custos, tributário, jurídico e controladoria. Ainda em Salto de Pirapora, está localizado o Instituto Adimax, o maior centro de treinamento de cães-guia da América Latina, com área aproximada de 15.000 m2. O Instituto apresenta em suas instalações maternidade com estrutura semelhante à uma casa, com quintal, quarto, cozinha e sala com televisão, além de canil com 8 baias com solário, área para soltura e sala para banho e tosa. Além disso, o local também possui consultório médico-veterinário e centro cirúrgico para realização de castração nos animais do Instituto, e hotel com 5 suítes disponíveis para hospedagem dos deficientes visuais durante o período de treinamento com seu cão-guia. Figura 2: vista aérea do Instituto Adimax, em Salto de Pirapora/SP Fonte: adimax.com.br Em Sorocaba, a Adimax possui uma unidade constituída por escritórios situados em um prédio empresarial, onde estão situados os setores de comunicação e serviço de atendimento ao cliente (SAC), no 9º andar, e venda direta, Marketing, financeiro e T.I., no 5º andar. 3. Descrição e discussão das atividades O estágio curricular teve duração total de 604 horas, sendo estas divididas entre diferentes setores dentro da empresa, com atividades desempenhadas em diferentes unidades (Tabela 1). A seguir serão descritas e discutidas as atividades realizadas em cada setor. 9 Tabela 1: distribuição de dias por área e unidade durante o estágio. Área Período Unidade Treinamentos 9 dias Sede corporativa Instituto Adimax 3 dias Instituto Adimax Pesquisa e Desenvolvimento 2 dias Sede Corporativa e Fábrica de Salto de Pirapora Laboratório 4 dias Fábrica de Salto de Pirapora Produção e qualidade 5 dias Fábrica de Salto de Pirapora Comunicação 14 dias Sorocaba Comercial 38 dias Sede Corporativa Fonte: elaboração própria 3.1. Treinamentos Durante o estágio obrigatório, a graduanda iniciou sua experiência com um treinamento de duração de 9 dias, que abrangeu diversas áreas dentro da empresa. Os temas abordados incluíram: mercado pet, compliance, diversidade e inclusão, Marketing, postura profissional, SAC, embalagens e qualidade de vida. Esses treinamentos foram fundamentais para fornecer uma visão holística da organização, permitindo à graduanda não apenas entender as particularidades de cada setor, mas também familiarizar-se com a dinâmica do ambiente corporativo. O conhecimento adquirido sobre o mercado pet, por exemplo, foi crucial para compreender o contexto em que a empresa está inserida, suas estratégias de posicionamento e seus desafios. Já o treinamento sobre compliance ajudou a entender as normativas e regulamentos internos que regem a empresa, enquanto os módulos sobre diversidade e inclusão e qualidade de vida proporcionaram uma perspectiva sobre a cultura organizacional e a responsabilidade social corporativa. Os treinamentos em marketing e SAC também foram essenciais para que a graduanda compreendesse como a empresa interage com o consumidor e gerencia a imagem e a comunicação com o público externo. 10 Além disso, a aluna também pôde realizar um treinamento online, através de vídeos gravados e disponibilizados em uma plataforma utilizada internamente pela Adimax, sobre nutrição básica e todo o portfólio de produtos da empresa, conhecendo os diferenciais de cada produto e comparando-os com os concorrentes. Essa etapa foi essencial no estágio obrigatório, pois forneceu à estudante a base teórica necessária para compreender como os conhecimentos em nutrição animal são aplicados nos produtos da Adimax. Em suma, esse período inicial de treinamento foi decisivo para proporcionar uma integração eficaz da estagiária, preparando-a para contribuir de maneira mais assertiva nas atividades subsequentes e no desenvolvimento de suas competências profissionais dentro da empresa. 3.2. Instituto Adimax O Instituto Adimax é uma organização sem fins lucrativos, onde, além do treinamento de cães-guia e cães de assistência para crianças com transtorno do espectro autista (TEA), também são geridos cerca de mais nove projetos sociais, sendo estes ligados ao propósito da empresa de amparar idosos carentes, pessoas e animais com deficiência. Dentro disso, há o projeto Nutrindo Amor, que promove a doação de fraldas geriátricas para diversas casas de repouso no país; o projeto Semear, que ajuda financeiramente instituições de pessoas com deficiência, o projeto Paradesporto, que apoia times paradesportivos; o projeto Pequenos de Raça, que firma parcerias com escolinhas de futebol; os projetos Magnus Visita e Pet Terapia, que promovem a terapia assistida por animais à hospitais e instituições assistenciais e o projeto Sensorial, que promove a construção de salas multisensoriais voltadas principalmente à crianças com TEA. Dentro da causa animal, estão o projeto Ração Solidária, que promove a arrecadação de rações de diversas marcas para serem doadas à ONGs, e o projeto Fórmula do Bem, que faz a doação de alimentos da marca Fórmula Natural e de cadeiras de roda para pets de famílias carentes. Durante o período no instituto, a aluna pôde conhecer todos os projetos, participando de uma visita à uma causa de repouso com o projeto Magnus Visita, e, dessa forma, vivenciando na prática o propósito da empresa. 11 No centro de treinamento, a aluna participou das atividades com os cães na maternidade, onde os cães permanecem até os três meses de idades, quando então são adotados por uma família socializadora. Essa família é responsável por cuidar do animal durante um ano, ensinando-o obediência básica e apresentando-o à vida em sociedade. Após esse período, os animais retornam ao instituto e iniciam o treinamento específico para cão-guia ou cão de assistência, a depender da sua aptidão, identificada pelos treinadores do instituto. Esse treinamento tem duração aproximada de quatro meses, e, no caso dos cães-guia, após esse período ocorre o treinamento em dupla da pessoa com deficiência visual e seu cão, dentro do instituto. Por fim, a dupla retorna para casa, recebendo acompanhamento contínuo dos instrutores do Instituto Adimax. No caso dos cães de assistência, esse treinamento ocorre diretamente na casa da criança com TEA, onde os pais também são treinados juntos com o cão. A vivência prática no centro de treinamento de cães permitiu à aluna aprender sobre o processo de socialização e formação dos cães-guia e cães de assistência. A aluna pôde acompanhar o dia-a-dia da médica veterinária responsável por realizar os exames de check-up dos cães em treinamento, dando uma visão detalhada da importância da saúde animal durante todo o processo de treinamento. Além disso, a aluna também participou da entrega de um filhote à uma família socializadora, o que contribuiu para que a aluna compreendesse a fase inicial do processo de treinamento e o papel fundamental dessas famílias no desenvolvimento dos cães, além de passar um período com os treinadores dos cães do Instituto, entendendo como cada cão é preparado para suas funções específicas No geral, o estágio no Instituto proporcionou uma visão holística sobre os processos técnicos e humanos envolvidos no trabalho da empresa. A experiência não só ampliou o entendimento da graduanda sobre o treinamento de cães, mas também a sensibilizou para a importância das ações sociais e o impacto positivo que essas iniciativas podem ter na vida de muitas pessoas e animais. 3.3. Pesquisa e Desenvolvimento Na área de Pesquisa e Desenvolvimento, a graduanda teve treinamento teórico à respeito de como são fabricados os alimentos secos, os úmidos e os biscoitos, desde as matérias-primas utilizadas até o produto final. Também fez visita guiada pela 12 fábrica de biscoitos, visualizando cada etapa do seu processo de fabricação. Dessa forma, a graduanda teve a oportunidade de aprofundar seus conhecimentos teóricos e práticos sobre o processo de fabricação de alimentos para cães e gatos. A aluna também teve treinamento prático a respeito da formulação de alimentos secos, através de software da Optimal, criando fórmulas balanceadas e adequadas às necessidades dos animais. Esse treinamento não só reforçou sua compreensão sobre a importância de cada ingrediente no produto final, mas também a familiarizou com as ferramentas utilizadas na indústria para otimizar a produção. Além disso, também assistiu à apresentação sobre a área de assuntos regulatórios, onde adquiriu conhecimento sobre os processos necessários para o registro e aprovação de produtos, requisitos de rotulagem, normas de segurança e qualidade, controle de importações e exportações, entre outras atividades que cabem ao setor. Essa parte do estágio foi fundamental para que a graduanda entendesse as complexidades regulatórias que envolvem a produção e comercialização de alimentos para cães e gatos, destacando a importância de garantir a conformidade com as normas legais e de qualidade para assegurar a segurança dos consumidores e o sucesso comercial dos produtos. 3.4. Laboratório O laboratório é responsável por receber amostras de cada matéria-prima que chega na fábrica, sendo ela descarregada somente após aprovação nas análises específicas para cada tipo de matéria-prima. Esse é um processo essencial para garantir a segurança e a qualidade dos alimentos produzidos. O laboratório é subdividido em laboratório microbiológico e físico-químico. No laboratório físico-químico, as matérias-primas de origem vegetal são analisadas quanto à aflatoxina (milho, soja e arroz), fumonisina (milho) e vomitoxina (trigo). A farinha de mandioca passa ainda pela análise de fibra bruta através do Near Infrared Reflectance (NIR). Já para as matérias-primas de origem animal, são analisados os níveis de acidez e peróxido, além dos níveis de umidade, proteína bruta, matéria mineral e extrato etéreo através do NIR. Em casos de níveis nutricionais alterados, para confirmação desses níveis e para todas as matérias-primas de origem animal que serão utilizadas na linha Vet Care (linha coadjuvante da Fórmula Natural), é realizada a análise por via úmida, que garante resultados mais precisos. Outra 13 análise também realizada pelo laboratório físico-químico é a de atividade de água dos bifinhos, do glúten de milho e de alguns produtos acabados, sendo esta última realizada quando o SAC recebe reclamações a respeito de mofo no produto, utilizando então sua contra-prova, que é uma junção de amostras do mesmo lote que permanecem guardadas por cerca de três meses. Outras análises também são realizadas no produto acabado por solicitação do SAC, variando de acordo com os sinais clínicos apresentados pelo animal e relatados pelo tutor. No laboratório microbiológico, são realizadas as análises de microorganismos mesófilos, enterobacterias, coliformes e Escherichia coli para todos os produtos, através da contagem padrão em Placas 3M Petrifilm. Para alimentos secos, existe um limite aceitável de unidades formadoras de colônia contadas, que varia conforme o tipo de microorganismo, sendo que, quando o limite é ultrapassado, o produto é bloqueado e reprocessado na extrusora, que inativa o microorganismo através da alta termperatura. A exceção é para os microorganismos mesófilos, os quais não bloqueiam o produto quando estão acima do limite, mas podem indicar que os equipamentos não foram higienizados da forma correta. Já para alimentos úmidos, não deve haver crescimento de nenhum microorganismo, já que a última etapa da produção desses alimentos é a passagem na autoclave, que deve ser capaz de inativar todos os microorganismos presentes. Outra análise microbiológica realizada pelo laboratório é a de Salmonella sp., através de Polymerase Chain Reaction (PCR), sendo realizada no recebimento de óleo de aves ou no produto acabado destinado à exportação, a depender das exigências do país de destino. A aluna pôde acompanhar as análises microbiológicas por um dia e as análises físico-químicas por dois dias, além de também acompanhar por um dia a parte administrativa do laboratório. Esta é responsável pelo envio e acompanhamento de amostras para laboratórios externos, comunicação com o SAC, controle das análises periódicas para cada fornecedor, controle das contra-provas e dos produtos analizados quanto ao tempo de prateleira, entre outras funções. Essa visão administrativa foi crucial para compreender a organização e a importância da rastreabilidade e do controle de qualidade em todas as etapas da produção. Em suma, o estágio no laboratório proporcionou à aluna uma compreensão detalhada dos processos analíticos necessários para assegurar que os alimentos produzidos atendam aos altos padrões de qualidade e segurança, evitando riscos à 14 saúde dos animais e garantindo que os ingredientes atendam às especificações nutricionais antes de serem processados. 3.5. Produção e qualidade Durante o período na fábrica de Salto de Pirapora, a aluna aluna teve a oportunidade de acompanhar diversas etapas do processo produtivo, começando pela amostragem das matérias-primas no pátio de recebimento dos caminhões, onde passou um período conhecendo os métodos para coleta de amostra empregados para cada tipo de matéria-prima, um passo essencial para assegurar que os ingredientes atendam aos padrões exigidos para a produção de alimentos de qualidade. A aluna também pôde acompanhar a produção dos alimentos secos e úmidos desde o início, com a pesagem automática dos ingredientes, até o ensaque do produto final. Isso permitiu uma visão detalhada da precisão necessária em cada etapa da produção para garantir a formulação correta e a consistência do produto. A aluna acompanhou os chamados “radares”, que são colaboradores responsáveis por monitorar os processos produtivos dentro da fábrica, de modo a evitar intercorrências durante a produção e garantir que o produto esteja dentro dos parâmetros de qualidade estabelecidos. Para tanto, os radares fazem a checagem da temperatura do canhão de condicionamento, a análise da densidade do kibble na saída da extrusora e após a secagem, a análise da proporção de biscoitos quebrados e inteiros, entre outras análises pertinentes, além de realizarem o controle dos estoques de matérias-primas e ingredientes. Dessa forma, quando há alguma intercorrência, os radares são responsáveis por registrá-la, para que assim os responsáveis pela gestão de qualidade tomem as medidas necessárias para a resolução do problema. Com isso, a aluna pôde observar a importância do monitoramento contínuo, já que os radares são os primeiros a identificar qualquer falha ou desvio nos parâmetros estabelecidos. Esse controle ativo é essencial para evitar problemas durante a produção e garantir que os produtos atendam aos requisitos de qualidade. Essa experiência proporcionou à aluna uma compreensão prática e dinâmica da rotina de produção, permitindo à ela entender de forma aprofundada o ciclo de produção de alimentos para cães e gatos, desde a recepção das matérias-primas até o produto final. A interação com as equipes de monitoramento e gestão de qualidade 15 forneceu uma visão crítica sobre como as práticas de qualidade são implementadas no chão de fábrica, contribuindo para o desenvolvimento de competências essenciais na indústria de alimentos para cães e gatos. 3.6. Comunicação A área de comunicação é responsável por preparar e apresentar treinamentos técnicos e comerciais voltados para diversas equipes dentro da empresa, como as de estagiários ou de representantes comerciais. A abordagem desses treinamentos varia de acordo com o público, sendo em torno dos produtos da Adimax, seus diferenciais e seus principais concorrentes no mercado, ou então sobre uma doença específica, atendida pela linha de produtos Vet Care, destacando seus principais aspectos e como o produto contribui com o tratamento da doença e/ou de seus sinais clínicos, e até sobre merchandising, abordando estratégias para aumentar a venda dos produtos. A aluna teve a oportunidade de participar de alguns desses treinamentos, o que a proporcionou a compreensão da importância da comunicação técnica e comercial no ambiente corporativo. Uma das principais atividades realizadas pela aluna foi a preparação e apresentação de um treinamento interno sobre “O impacto da nutrição no sucesso reprodutivo em gatos”, cujo tema foi escolhido pela aluna, dentre as opções apresentadas pela equipe. Com essa apresentação, a aluna teve a oportunidade de aplicar seus conhecimentos em nutrição de cães e gatos, além de desenvolver habilidades de comunicação e didática, essenciais para a transmissão clara e eficaz de informações. A apresentação também possibilitou à aluna obter retorno valioso sobre sua abordagem e conteúdo, aprimorando sua capacidade de criar materiais didáticos e de capacitação. Além disso, a aluna participou da revisão de lâminas de apresentação dos produtos da Adimax, uma tarefa importante para garantir que as informações transmitidas aos clientes e representantes comerciais sejam precisas, claras e alinhadas com os valores e objetivos da empresa. As lâminas revisadas destacam os principais benefícios dos produtos, suas especificações e quantidade diária recomendada de acordo com o peso do animal, fatores cruciais para a equipe comercial no processo de vendas. 16 Em resumo, o estágio na área de comunicação permitiu à aluna desenvolver suas habilidades em comunicação técnica, elaboração de materiais educativos e apresentação de treinamentos, além de proporcionar uma compreensão mais ampla sobre a importância de uma comunicação clara e estratégica no contexto corporativo. 3.7. Comercial Durante o estágio na área comercial da Adimax, a aluna teve a oportunidade de vivenciar as operações e estratégias de diferentes canais de vendas, cada um com seu papel específico no mercado de alimentos pet, entendendo como a empresa articula esses canais para maximizar as vendas e a visibilidade de suas marcas. O varejo é o maior canal de vendas da empresa, sendo responsável por 80% das vendas totais, e é responsável pela venda de produtos em pequenas e médias quantidades. Já o autosserviço realiza a venda de produtos para supermercados; o Key Account nacional é encarregado pelas grandes redes nacionais de pet shops; o Star Max é responsável pelas redes regionais de pet shops; o Infovet realiza a venda para clínicas veterinárias; e o canal criador vende diretamente para canis e gatis. Além da venda de produtos, o Infovet e o Canal Criador são, ainda, canais estratégicos para a geração de demanda, já que buscam aumentar a visibilidade da principal marca da empresa, a Fórmula Natural, através dos principais formadores de opinião no mercado pet, os veterinários e os criadores, respectivamente. A graduanda passou um total de 38 dias na área comercial. Destes, um dia foi destinado à introdução de cada um dos canais, cinco dias foram destinados ao Star Max, 16 dias ao Infovet e 16 dias ao Canal Criador. No Star Max, a aluna teve uma visão prática da gestão do Key Account Regional, trabalhando diretamente com coordenadores e acompanhando visitas a redes regionais de pet shops. Essa atividade permitiu à aluna compreender a importância do relacionamento com os clientes e como as estratégias de vendas são adaptadas para diferentes mercados e perfis de consumidores. A aluna também participou da criação de uma campanha de vendas entre as lojas clientes, visando o aumento das vendas no setor, o que possibilitou à aluna aplicar as estratégias aprendidas em um cenário real de negócios e desenvolver habilidades de planejamento e execução de campanhas promocionais. 17 No Infovet, a aluna pôde acompanhar a representante de informação veterinária (RIV) de sua região, visitando clínicas veterinárias para a apresentação de produtos da linha Vet Care e participando dos treinamentos técnicos aos lojistas, sendo estes focados em alavancar as vendas dos produtos da Fórmula Natural através da apresentação dos seus diferenciais. A aluna também participou do stand da Fórmula Natural em um evento acadêmico no qual a marca foi patrocinadora, onde realizou a entrega de amostras de ração e apresentou o produto para diversos participantes do evento. Isso proporcionou à aluna uma visão sobre como a empresa investe na visibilidade de sua marca, interagindo diretamente com os profissionais e estudantes do setor. Além disso, a aluna também auxiliou a equipe na busca de novos hospitais veterinários para a formação de parcerias e na elaboração de propostas de parceria com clínicas, adestradores, creches e hotéis pet, entre outros, o que ajudou a aluna a entender a importância de estabelecer e manter parcerias estratégicas para o crescimento da empresa. No canal criador, a aluna auxiliou os analistas comerciais nas demandas internas, principalmente com a efetuação dos pedidos dos clientes através de um aplicativo, o que ajudou a reforçar habilidades como organização, atenção aos detalhes e atendimento ao cliente. Além disso, também teve a oportunidade de visitar canis de clientes e participar de um evento de Agility patrocinado pela Fórmula Natural, que proporcionaram uma visão prática sobre o relacionamento com parceiros e consumidores finais, além de contribuírem para a compreensão da importância de ações promocionais e da fidelização dos clientes. Por fim, a aluna também teve a oportunidade de apresentar para a equipe um treinamento com o tema “Níveis de Cálcio na Gestação e Lactação de Cadelas”, que mostrou-se uma oportunidade significativa de compartilhar conhecimentos técnicos, além de desenvolver habilidades de comunicação e didática. De modo geral, a experiência na área comercial proporcionou à aluna uma visão ampla e prática da atuação de uma empresa no mercado de alimentos pet, permitindo- lhe compreender como cada canal de venda contribui para o sucesso da marca, a geração de demanda e o relacionamento com diferentes públicos. Ao longo do estágio, a aluna não apenas observou, mas também participou ativamente de atividades comerciais e de promoção de produtos, o que a capacitou a aplicar seus conhecimentos e a desenvolver novas habilidades essenciais para a atuação no mercado pet. 18 4. Considerações finais A experiência de estágio curricular na empresa Adimax proporcionou uma oportunidade ímpar para o aprofundamento prático no campo da nutrição de cães e gatos e das dinâmicas corporativas do mercado pet. Durante o estágio, foi possível observar e participar ativamente de diferentes processos, desde o desenvolvimento de produtos, controle de qualidade, comunicação técnica e comercial, até a interação direta com clientes e parceiros. A vivência em setores variados permitiu compreender a complexidade e a sinergia necessária para o funcionamento de uma empresa, fortalecendo habilidades de comunicação, planejamento, trabalho em equipe e resolução de problemas. Além do aprendizado técnico, o estágio reforçou a importância de valores como responsabilidade social, diversidade e inclusão, exemplificados pelos projetos realizados no Instituto Adimax. Essa perspectiva foi enriquecedora, não apenas para o desenvolvimento como médica veterinária, mas também como ser humano. Conclui-se que o estágio cumpriu com êxito os objetivos propostos, contribuindo para a formação de uma profissional qualificada e apta a atuar no mercado de trabalho. 19 II – Monografia Estratégias nutricionais no manejo da doença periodontal em cães e gatos – revisão de literatura 1. Introdução A doença periodontal é a condição oral mais prevalente em cães e gatos, com cerca de 95% dos cães e 50% dos gatos com mais de 12 meses de idade apresentando algum grau da doença (FEIJÓ et al., 2022), sendo uma das doenças mais comuns na rotina clínica de pequenos animais. Ela é caracterizada por um processo inflamatório progressivo que compromete os tecidos de suporte dos dentes, incluindo gengiva, ligamento periodontal, osso alveolar e cemento. A condição é inicialmente desencadeada pela formação de placa bacteriana, que, ao não ser removida, se mineraliza, formando o cálculo dentário. Esse processo resulta em danos locais e pode predispor a complicações sistêmicas, como endocardite, glomerulonefrite e outras desordens inflamatórias sistêmicas (GORREL, 1998; HARVEY, 1998; DOS SANTOS, CARLOS e ALBUQUERQUE, 2012). Embora a higiene oral, incluindo escovação regular e profilaxias veterinárias, seja considerada a medida preventiva mais eficaz, estratégias nutricionais têm emergido como uma ferramenta promissora no manejo da doença periodontal. A escolha entre alimentos secos, úmidos ou dieta caseira, petiscos funcionais e aditivos alimentares específicos podem desempenhar um papel importante na redução da formação de placa bacteriana e cálculo dentário, além de modular processos inflamatórios associados, desempenhando um papel preventivo e terapêutico (LOGAN, 2006; PINTO et al., 2020). Os polifosfatos, aditivos amplamente utilizados na indústria, demonstram resultados benéficos na prevenção da doença periodontal, porém estudos têm mostrado seu potencial risco à saúde renal, óssea e cardiovascular de cães e gatos, levando à reavaliação de sua segurança e à recomendação de um uso mais cauteloso (DOBENECKER et al., 2018; COLTHERD et al., 2019; DOBENECKER et al., 2021). Enquanto isso, outros aditivos como a alga Ascophyllum nodosum, anticorpos IgY e diversos extratos vegetais têm demonstrado eficácia semelhante, destacando-se como alternativas promissoras no manejo da doença. 20 Dada a relevância clínica da doença periodontal e o impacto direto da nutrição no seu manejo, o presente trabalho tem como objetivo explorar as estratégias nutricionais mais eficazes no contexto preventivo e terapêutico dessa condição. A análise busca contribuir para a melhoria da saúde e da qualidade de vida dos animais, além de fornecer subsídios práticos para médicos veterinários e tutores. 2. Doença Periodontal em Cães e Gatos A doença periodontal é definida como uma condição inflamatória crônica e progressiva que afeta os tecidos de suporte dos dentes, incluindo gengiva, ligamento periodontal, osso alveolar e cemento (figura 3). Inicialmente, glicoproteínas salivares aderem à superfície dental, formando uma camada fina. Em seguida, bactérias começam a aderir a essa película, iniciando o desenvolvimento e a maturação da placa bacteriana. Quando não removida, essa placa pode passar por um processo de mineralização, originando o cálculo dentário, que tem uma superfície irregular e favorece a adesão de novas bactérias. Por fim, ocorre a inflamação dos tecidos gengivais, chamada gengivite, e danos aos tecidos periodontais devido a uma resposta imunológica desregulada frente à infecção bacteriana (OBA et al., 2022; HARVEY, 1998). Figura 3 – ilustração de dente molar canino com estruturas afetadas pela doença periodontal destacadas em caixa vermelha. Fonte: Leroy (2020) 21 Certos dentes possuem maior propensão ao acúmulo de placa bacteriana, além de haver diferença entre as arcadas. Nos dentes da maxila (superiores), as deposições de placa e cálculo dentário tendem a ser mais intensas e frequentemente são os primeiros a apresentar sinais de acúmulo quando comparados aos dentes mandibulares. Isso geralmente está associado à proximidade desses dentes com os ductos das glândulas salivares (PAIVA et al., 2007). A ocorrência da doença periodontal está associada a diversos fatores predisponentes. Entre eles, destaca-se a idade, sendo mais comum em animais com mais de três anos; a raça, com maior prevalência em cães de pequeno porte devido à anatomia bucal; e a dieta, com dietas macias favorecendo maior acúmulo de placa (GAWOR et al., 2006). Estudos sugerem que as dietas naturais de canídeos e felídeos selvagens possuem um efeito protetor contra a formação de placas bacterianas, contribuindo para a ausência da forma severa de doença periodontal observada em animais domésticos. Em contraste, a domesticação é frequentemente associada ao aumento da prevalência e gravidade da condição em cães e gatos, destacando a influência das práticas alimentares modernas na saúde oral desses animais (LOGAN, 2006). Além disso, a ausência de cuidados regulares de higiene oral, como escovação e profilaxias periódicas, é um fator determinante no desenvolvimento da condição (DOS SANTOS, CARLOS e ALBUQUERQUE, 2012). Os impactos locais da doença periodontal incluem retração gengival (figura 4), mobilidade dentária, halitose e perda de dentes em casos mais graves. Além disso, a periodontite pode levar a complicações sistêmicas devido à disseminação hematogênica de bactérias e mediadores inflamatórios, contribuindo para doenças como endocardite bacteriana, glomerulonefrite e complicações hepáticas (HARVEY, 1998; LOGAN, 2006). Figura 4 - retração gengival no quarto pré-molar direito do maxilar (108) Fonte: Lobprise e Dodd (2019) 22 O tratamento da doença periodontal envolve a higienização dos dentes, a remoção de depósitos de cálculo acumulados e a extração dos dentes que foram gravemente afetados pela condição (FEIJÓ et al., 2022). Sua prevenção envolve o cuidado diário em casa, podendo ser ativo ou passivo. O cuidado ativo com a escovação diária é considerado padrão-ouro, no entanto, quando realizado de maneira correta e consistente, o cuidado passivo também pode trazer benefícios significativos. Os métodos passivos envolvem a mastigação de petiscos ou dietas especialmente formuladas com aditivos que possuem ação sobre a placa bacteriana ou cálculos dentários. Como a placa bacteriana começa a se formar nas superfícies dentárias dentro de 24 horas após sua remoção, podendo começar a se calcificar em tártaro já no dia seguinte, o cuidado dental em casa deve ser diário para uma maior eficácia (GAWOR e JANK, 2023). A doença periodontal, portanto, não é apenas uma condição local, mas pode ter implicações sistêmicas significativas, destacando a importância do diagnóstico precoce e do manejo integrado que envolva medidas preventivas, como a nutrição adequada. 3. Estratégias nutricionais no manejo da doença periodontal em cães e gatos A relação entre nutrição e saúde oral em cães e gatos é amplamente reconhecida, uma vez que a alimentação desempenha um papel central na formação e remoção de placa bacteriana e cálculo dentário. Nesse sentido, estratégias nutricionais adequadas podem ser grandes aliadas no controle da doença periodontal desses animais (LOGAN, 2006; GORREL et al., 1998). Há uma ampla variedade de produtos para cães e gatos disponíveis no mercado destacando benefícios relacionados à saúde oral. Um método de reconhecer produtos eficazes é através do selo do Conselho de Saúde Oral Veterinário (VOHC, na sigla em inglês). Os produtos recebem o Selo de Aprovação VOHC após a análise detalhada dos dados obtidos em ensaios clínicos. Para atender aos critérios estabelecidos, a redução média de placa bacteriana e cálculo dentário nos dois ensaios obrigatórios deve ser pelo menos 20% maior quando comparada ao grupo controle, indicando eficácia significativa na promoção da saúde bucal em animais (GAWOR e JANK, 2023). Produtos aprovados pela VOHC podem exibir o Selo de 23 Aprovação na embalagem e materiais promocionais. Uma lista de produtos que possuem o selo está disponível no site da VOHC (LOGAN, 2006; VOHC). 3.1. Tipo de dieta Dietas secas são frequentemente consideradas mais eficazes do que as dietas úmidas na prevenção de doenças periodontais em cães e gatos devido à sua ação mecânica durante a mastigação. A textura firme do grânulo promove um efeito abrasivo nos dentes, auxiliando na remoção de placa bacteriana, que é o precursor do cálculo dentário (BUCKLEY et al, 2011; GAWOR et al, 2006; LOGAN, 2006; ELSEDDAWY et al., 2023). Em contraste, dietas úmidas tendem a aderir mais facilmente à superfície dos dentes, criando um ambiente mais favorável para a proliferação bacteriana e a formação de biofilme oral (GAWOR et al., 2006; BUCKLEY et al., 2011). O mesmo padrão é observado em dietas caseiras, nas quais cães que se alimentam desse tipo de dieta apresentam uma maior incidência de doença periodontal em comparação com aqueles que consomem exclusivamente dietas comerciais secas (DOMINGUES et al., 1999; BUCKLEY et al., 2011) Além disso, um aumento de 50% no diâmetro do grânulo da ração foi associado a uma redução de 42% no cálculo em cães, enquanto cães que consumiam rações com grânulo de menor diâmetro geralmente engolem o alimento após pouca ou nenhuma mastigação, diminuindo seu efeito sobre o cálculo dentário (HENNET et al., 2007). No estudo de Oba et al. (2022), os cães que consumiram dieta seca apresentaram maior contagem de bactérias associadas à saúde bucal (Pasteurella, Capnocytophaga, e Corynebacterium) e menor contagem de bactérias associadas a má higiene bucal (Fretibacterium fastidiosum, Filifactor alocis, Treponema medium, Tannerella forsythia, Porphyromonas canoris, e Porphyromonas gingivalis) em relação àqueles que consumiram dietas úmidas, o que pode impactar no risco de desenvolvimento da doença periodontal nesses animais. Dessa forma, o uso de dietas secas como parte de um protocolo de manejo preventivo da doença periodontal pode ser uma estratégia eficiente, especialmente quando combinada com outros cuidados de higiene oral. 24 3.2. Petiscos dentais Além das rações secas, o uso de biscoitos, petiscos, ossos e couro bovino também promovem a abrasão nos dentes, facilitando a remoção mecânica da placa bacteriana, e, dessa forma, reduzindo o acúmulo de cálculo e o mau odor oral (LOGAN, 2006; QUEST, 2013). Apesar da escovação dentária diária ainda ser considerada padrão ouro na prevenção contra a doença periodontal, no estudo de Buckley et al. (2011), a alimentação diária com petiscos dentais alcançou resultados semelhantes à escovação diária em gatos, com uma redução de 12% da probabilidade em desenvolver alterações da saúde oral nos gatos que recebiam escovação diária e de 10% nos gatos que recebiam petiscos diariamente. Os gatos que recebiam uma combinação de ambos algumas vezes por semana tiveram uma redução de 14% da probabilidade de desenvolver alterações orais, enquanto gatos que não recebiam nenhum tipo de cuidado com a saúde oral apresentaram aumento de 44%. Visto que o cumprimento da recomendação de escovação diária é mínimo entre os proprietários de cães e gatos, que consideram essa tarefa difícil, o fornecimento de petiscos proporciona uma alternativa fácil e agradável de manter a higiene bucal de cães e gatos quando incorporados ao cuidado diário, já que também auxiliam no fortalecimento do vínculo entre o tutor e o animal (CALANCEA et al., 2024). No entanto, foi demonstrado que o uso de petiscos dentais para a higienização bucal é mais efetiva nos dentes distais (BJONE et al., 2007), ao passo que a escovação diária é mais efetiva nos dentes rostrais (CAPIK, 2007). Além disso, a efetividade dos petiscos dentais em promover a saúde dentária dependerá em grande parte do interesse do animal pelo petisco (JOHNSON et al., 2023). É importante ressaltar a importância de os tutores considerarem cuidadosamente o tipo e a quantidade de petiscos dentais a serem fornecidos aos seus animais, a fim de evitar potenciais riscos para a saúde, como fraturas dentárias, lesões na cavidade oral e ganho excessivo de peso (CALANCEA et al., 2024). Embora ossos bovinos tenham eficácia comprovada na redução de 90% do cálculo dentário devido ao seu efeito mecânico (Marx et al., 2016), esse tipo de petisco pode causar importantes lesões gengivais nos animais (Pinto et al., 2020). 25 Além da ação mecânica, alguns produtos ainda contêm aditivos que auxiliam na prevenção da formação de placa bacteriana, potencializando sua ação na manutenção da saúde bucal. 3.3. Aditivos em alimentos 3.3.1. Polifosfatos Os polifosfatos são amplamente utilizados na dieta de cães e gatos a fim de reduzir a formação de cálculo, halitose e gengivite. Eles podem ser encontrados na forma de hexametafosfato (HMP), tripolifosfato ou pirofosfato e adicionados em rações secas, úmidas ou petiscos (BARBOSA et al, 2023). Os polifosfatos atuam como sequestrantes do cálcio na saliva, formando complexos solúveis que evitam a calcificação da placa bacteriana (HENNET et al., 2007). Dentre as formas utilizadas, a mais eficiente em prevenir a formação do cálculo dentário nos estudos de Pinto et al. (2008) e Stookey, Warrick e Miller (1995) foi o hexametafosfato de sódio, quando comparado ao tripolifosfato de sódio e ao pirofosfato solúvel, respectivamente. Essa diferença pode ser explicada pela estrutura química dos compostos, sendo a maior eficácia do hexametafosfato atribuída ao maior tamanho do seu complexo iônico, em comparação com os complexos formados pelo tripolifosfato de sódio e pelo pirofosfato de sódio (PINTO et al., 2008). No entanto, Hennet et al. (2007) e Paiva et al. (2007) não encontraram diferença na eficácia do hexametafosfato comparada à do tripolifosfato de sódio e do pirofosfato. Diferenças também foram encontradas na forma de inclusão dos agentes em alguns estudos. Stookey, Warrick e Miller (1995) observaram que o hexametafosfato de sódio e o pirofosfato mostraram efeito significativo apenas quando adicionados como cobertura do grânulo da ração ou biscoito, com pouco efeito quando adicionados na massa, antes do cozimento. Já Pinto et al. (2008) não observou diferença na forma de inclusão do hexametafosfato de sódio na ração seca, sendo ambas as formas eficazes na redução dos depósitos de cálculo. O tripolifosfato de sódio, no entanto, mostrou-se efetivo apenas quando utilizado como cobertura do grânulo da ração. No estudo de Carciofi et al. (2007), que avaliou a redução de cálculos dentários pré-existentes em cães, um biscoito recoberto por pirofosfato de sódio (0,6%) provocou uma redução média de 18,9% no índice de cálculo, enquanto no grupo 26 controle esse índice permaneceu inalterado. Além disso, uma redução de 4,5% no índice de placa bacteriana foi observada, enquanto no grupo controle houve um aumento de 10,8% nesse índice. Com isso, conclui-se que além de um efeito preventivo na formação do cálculo dentário, o pirofosfato também foi capaz de reduzir cálculos já existentes. Apesar da sua eficácia comprovada na prevenção da doença periodontal e ampla utilização em rações e petiscos comerciais, o uso de fosfatos inorgânicos na alimentação de cães e gatos apresenta limitações importantes, especialmente relacionadas à saúde renal desses animais. Estudos indicam que o consumo excessivo de fósforo dietético, particularmente na forma de fosfatos inorgânicos, pode aumentar o risco de doenças renais crônicas (DRC) ou agravar condições já existentes. Em gatos, uma dieta com altos níveis de fósforo inorgânico foi associada a alterações em marcadores de saúde renal, indicando lesões e potencialmente contribuindo para a progressão da DRC (DOBENECKER et al., 2018; COLTHERD et al., 2019). Em cães, fontes de fósforo inorgânico em dietas ricas neste nutriente também mostraram um desequilíbrio na homeostase do cálcio e fósforo desses animais, com potencial impacto negativo na saúde óssea, cardiovascular e renal (DOBENECKER et al., 2021). Adicionalmente, a biodisponibilidade dos fosfatos inorgânicos, como os encontrados em aditivos nutricionais, é mais alta em comparação aos fosfatos orgânicos naturalmente presentes nos alimentos. Isso porque a forma inorgânica não é ligada às proteínas, o que faz com que ela se dissocie mais facilmente e seja, portanto, prontamente absorvida no trato intestinal (NOORI et al, 2010). Essa maior biodisponibilidade pode levar a picos pós-prandiais de fósforo no plasma, que estão relacionados a maior sobrecarga renal e desequilíbrio na homeostase do cálcio e fósforo (COLTHERD et al., 2019). Estudos que avaliam a ingestão de 1 g de fósforo inorgânico (Pi) por 1000 kcal de energia metabolizável (EM) indicam que esse nível pode ser administrado a gatos adultos saudáveis sem efeitos adversos detectáveis na saúde renal. Isso inclui um estudo de 30 semanas com dietas contendo 1 g de tripolifosfato de sódio por 1000 kcal (COLTHERD et al., 2021) e um estudo de cinco anos utilizando dietas com 1 g de Pi/1000 kcal EM, na forma de monofosfato de potássio (50%) e pirofosfato de sódio (50%) (REYNOLDS et al., 2024). 27 Assim, embora os fosfatos inorgânicos possam ser úteis no manejo da saúde oral, é indispensável avaliar o seu teor juntamente com o a dieta, que já contém fósforo por si só, para que seu uso possa ser considerado totalmente seguro. 3.3.2. Alga Ascophyllum nodosum A alga marinha Ascophyllum nodosum tem se destacado no manejo da saúde oral de cães e gatos devido às suas propriedades bioativas que auxiliam na prevenção da formação de cálculo dentário, na redução de placa bacteriana e no controle do mau hálito (GAWOR et al, 2018). Rica em compostos fenólicos, polissacarídeos sulfatados e minerais, essa alga demonstrou possuir propriedades antioxidantes, antibacterianas e anti-inflamatórias (DUTOT et al., 2012; ALLEN et al., 2001; DELL’ANTONIO et al., 2002), porém seu exato mecanismo de ação permanece desconhecido. Um estudo com humanos demonstrou que a ingestão diária de duas cápsulas de 250 mg por dia dessa alga, combinada à escovação diária, reduziu significativamente o sangramento gengival e a formação de placa bacteriana e de cálculo dentário, além de tornar o cálculo menos rígido e aderido aos dentes (VAN DIJKEN et al., 2014). Em cães e gatos, embora a alga tenha apresentado efeitos preventivos significativos na redução do acúmulo de depósitos de cálculos dentários, sua eficácia como tratamento para placa bacteriana e cálculo dentário já formados é limitada, demonstrando que a alga é mais eficiente como medida profilática do que como solução curativa (GAWOR et al, 2023). Outro benefício observado nessa alga é o controle do mau hálito, causado principalmente pela produção de compostos sulfurados voláteis (VSCs) pela microbiota oral. No estudo de Gawor et al. (2018), a suplementação com petiscos contendo Ascophyllum nodosum (25%) após 60 e 90 dias foi responsável por uma redução na produção de VSCs em cães de 35% e 46%, respectivamente. A alga pode ser utilizada de diferentes formas, incluindo pó adicionado às rações ou como ingrediente em petiscos dentais. A maior redução na formação de placas em um estudo de 30 dias foi observada para petiscos dentais (42%) e a menor para alimentos secos (22,4%) (GAWOR et al, 2023). 28 3.3.3. Anticorpos IgY Os anticorpos IgY anti-gingipaína (IgY-GP) são reconhecidos por inibir a atividade enzimática, o crescimento e a aderência da bactéria Porphyromonas gingivalis, uma das principais causadoras da doença periodontal em cães e gatos, ao epitélio gengival (SHOFIQUR et al, 2011). Esses anticorpos são obtidos a partir da gema dos ovos de galinhas imunizadas com gingipaínas, uma protease secretada pela bactéria P. gingivalis capaz de promover a interrupção da adesão celular e diferenciação dos osteoclastos, levando à perda dos ossos alveolares, destruição tecidual e consequente progressão da doença periodontal. Além disso, essa protease também é responsável por causar a degradação de macrófagos e inibir a ativação de leucócitos, favorecendo a multiplicação da bactéria (IMAMURA, 2003). A administração oral de IgY-GP é uma abordagem atrativa, já que o IgY não ativa o sistema complemento de mamíferos, que poderia mediar uma resposta inflamatória no trato gastrointestinal (CARLANDER et al, 2000). No estudo de Shofiqur et al. (2011), cães com doença periodontal alimentados com ração seca suplementada com IgY-GP nas doses de 35 mg/kg de peso corporal e 17,5 mg/kg de peso corporal apresentaram redução significativa da inflamação gengival após oito semanas. Em gatos, o estudo de Oba et al. (2018), observou redução no índice de placa bacteriana e índice de cálculo dentário após 40 dias de alimentação com ração seca contendo os anticorpos na dose de 4 g/kg de ração, o que, por um período mais longo, poderia também reduzir o índice de gengivite nesses animais, aspecto com potencial para estudos futuros. 3.3.4. Extratos vegetais Alguns extratos vegetais têm mostrado potencial no manejo da doença periodontal em cães e gatos devido às suas propriedades antimicrobianas e anti- inflamatórias. Exemplos dessas substâncias são os extratos de casca de romã (Punica granatum) e de chá verde (Camellia sinensis), ricos em polifenóis e taninos, que ajudam a combater os radicais livres e inibir a formação de biofilmes associados à placa bacteriana (SANTOS et al, 2021). O extrato de casca de romã mostrou-se eficaz em inibir a atividade da microbiota oral de cães em estudos in vitro (STEPHEN et al, 2022). Em estudo in vivo, biscoitos 29 contendo extrato de romã (0,9%) proporcionaram 26,8% de redução da área coberta pelos cálculos dentários em cães, similarmente a biscoitos contendo HMP de sódio (0,6%) no mesmo estudo, que proporcionaram 29,04% de redução, resultados maiores que o dos biscoitos sem aditivos (SANTOS et al. 2021). Dessa forma, o extrato de romã se apresenta como uma alternativa mais natural e com menor risco à saúde renal de cães e gatos, comparado ao HMP. Os benefícios do extrato de chá verde sobre a doença periodontal de cães foram observados por Isogai et al. (1995). Nesse estudo, cães alimentados com uma dieta contendo 0,8 mg/g do extrato apresentaram redução significativa da bactéria P. gingivalis na cavidade oral, além de redução da inflamação gengival e da halitose. Com propriedades anti-inflamatórias demonstradas pela redução da expressão de enzimas ciclooxigenase (COX) e lipooxigenase (LOX), outro aditivo que mostrou efeito significativo na prevenção da doença periodontal em cães foi o UP446, uma mistura padronizada de extratos de raiz de escutelária chinesa (Scutellaria baicalensis) e catequinas de acácia (Acacia catechu). A inclusão desse extrato vegetal nas doses de 0,1% e 0,2% na ração seca de cães com periodontite foi eficaz na diminuição da gengivite, da profundidade das bolsas gengivais, da perda de sustentação e do sangramento gengival (YIMAM et al., 2019). Benefícios significativos também foram observados com a adição de celulose em petiscos dentais para cães, com o aumento da elasticidade do produto, o que prolonga o tempo necessário para sua mastigação e desintegração. Esse prolongamento estimula a ação mecânica da mastigação, promovendo uma maior limpeza dos dentes e, como consequência, reduzindo o acúmulo de placa bacteriana, um dos principais fatores no desenvolvimento de doenças periodontais (BEYNEN, 2011). 4. Considerações finais O presente trabalho reforça a relevância da nutrição como uma ferramenta complementar aos métodos convencionais de higiene oral, especialmente considerando as dificuldades práticas enfrentadas pelos tutores em aderir à escovação dentária diária, seja pela rotina ou por dificuldades no manejo do animal. Os avanços na formulação de alimentos e petiscos dentais têm mostrado resultados promissores na redução de complicações orais, contribuindo significativamente para a prevenção de desordens sistêmicas decorrentes da doença periodontal. 30 Entretanto, também foi evidenciado que algumas estratégias, como o uso de fosfatos solúveis, requerem maior cautela devido a potenciais impactos negativos na saúde renal. Assim, a escolha de abordagens nutricionais deve ser cuidadosa, considerando as necessidades específicas de cada animal. Conclui-se que a integração entre cuidados de higiene oral, manejo nutricional e acompanhamento veterinário é fundamental para o controle eficaz da doença periodontal em cães e gatos. A disseminação de informações sobre essas estratégias é essencial para conscientizar tutores e profissionais da área sobre as possibilidades preventivas e terapêuticas, promovendo a saúde e a qualidade de vida dos animais. 5. Referências ALLEN, V. G. et al. Tasco: Influence of a brown seaweed on antioxidants in forages and livestock—A review. Journal of Animal Science, v. 79, n. suppl_E, p. E21-E31, 2001. BARBOSA, E. et al. Strategies to improve the home care of periodontal disease in dogs: A systematic review. Research in Veterinary Science, v. 154, p. 8-14, 2023. BEYNEN, A. C. Incorporation of cellulose into a chew treat for dogs increases elasticity and chewing time. 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